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2018 Juiz Substituto Com base no Edital n º 1 - TJBA, de 26.09.2018 – Anexo I • Revisão ponto a ponto • TJ – BA Revisão Final

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2018

Juiz Substituto

Com base no Edital nº 1 - TJBA, de 26.09.2018 – Anexo I

• Revisão ponto a ponto •

TJ – BARevisão Final

Direito ADministrAtivoLeandro Bortoleto

Nota do autor: os pontos do edital possuem correspondência, em quase sua totalidade, ao sumário do livro da Professora Odete Me-dauar, Direito Administrativo Moderno, revelando uma possível predileção do(a) examinador(a) pela autora e, dessa maneira, quando houver alguma peculiaridade, alguma posição doutrinária específica ou alguma passagem relevante constante da mencionada obra, que seja considerada, na minha opinião, passível de cobrança pela banca, haverá a indicação “Conforme Odete Medauar”.

Direito Administrativo

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (EDITAL):

DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 Princípios do direito administrativo: noção; relevância; tipologia; princípios constitucionais e infraconstitucionais que regem a atividade administrativa; legalidade; impessoalidade; moralidade; publicidade; eficiência; preponderância e indisponibilidade do interesse público; propor-cionalidade; razoabilidade; motivação; continuidade; presunção de veracidade e de legalidade; autoe-xecutoriedade; autotutela; segurança jurídica; proteção à confiança; boa-fé. 2 Administração Pública: noção; relação com legislação e jurisdição; governo; constituição; federação; personalidade jurídica; es-trutura fundamental no Brasil; desconcentração; descentralização; órgãos públicos; hierarquia; delega-ção; avocação. 3 Administração direta e indireta: noções; características; autarquias; fundações públicas; empresas públicas; sociedades de economia mista; entes com situação peculiar (ordens e conselhos pro-fissionais, fundações de apoio, empresas controladas pelo poder público, serviços sociais autônomos, or-ganizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse público). 4 Atividades da Administração Pública: tipologia; poder e função; poder normativo; poder disciplinar; poder decorrente de hierarquia; poder vinculado; poder discricionário (evolução conceitual, mérito, justificativa, campos de exercício, pa-râmetros, conceitos jurídicos indeterminados); poder regulamentar; poder normativo; poder hierárquico; poder disciplinar. 5 Poder de polícia: noções gerais; síntese evolutiva; fundamentos e finalidades; polícia administrativa; regime jurídico geral; campo de atuação; meios de atuação; limites; possibilidade de de-legação; características (discricionariedade/ vinculação, autoexecutoriedade e coercibilidade); requisitos de validade; proporcionalidade; sanções; prescrição. 6 Ato administrativo; estado de direito; noção; ele-mentos (agente competente, objeto, forma, motivo, finalidade); atributos (presunção de legitimidade/veracidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade); perfeição, vigência e eficácia; retroativi-dade e irretroatividade; tipologia; legalidade; mérito; ato de governo; “não ato”; vícios e defeitos; desfazi-mento; nulidades; anulação e revogação; cassação; preservação (convalidação, ratificação e conversão). 7 Processo Administrativo: tratamento constitucional e infraconstitucional; finalidades; devido processo legal no âmbito administrativo; princípios específicos (contraditório, ampla defesa, duração razoável, for-malismo moderado, verdade material, oficialidade, gratuidade, pluralidade de instâncias, participação popular); tipologia; fases; Lei nº 9.784/1999 e suas alterações; reformatio in pejus; processo administrativo disciplinar; processo sumário; sindicância; verdade sabida. 8 Licitação: noções gerais; tratamento norma-tivo; legislação básica; princípios; modalidades (concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão); registro cadastral; registro de preços; comissão de licitação; fases do processo licitatório; ins-tauração; habilitação; classificação; julgamento; homologação; adjudicação; inversão de fases; dispensa e inexigibilidade; anulação e revogação; controle; aspectos penais. 9 Contratos da administração: tipologia; contratos clássicos (obras, serviços, compras, concessões e permissões); regime jurídico; mutabilidade; prerrogativas da Administração; cláusulas exorbitantes; alteração unilateral; equilíbrio econômico-finan-ceiro; fiscalização; não invocação da exceção do contrato não cumprido; imposição de sanções; resci-são unilateral; ocupação provisória de bens e serviços; duração; prorrogação; garantias; formalização; alteração; imprevisão; fato do príncipe; recebimento do objeto; rescisão (por ato unilateral e escrito da Administração, amigável e judicial); pagamento; contratos parcialmente regidos pelo direito privado; no-vas figuras contratuais; terceirização. 10 Servidores públicos: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado da Bahia; Regime Próprio de Previdência do Estado da Bahia; terminologia; vínculos de trabalho (funções, cargos e empregos); noção; acessibilidade; cargos públicos; regime jurídico; vencimento, re-muneração e subsídio; estabilidade; vitaliciedade; acumulação de cargos; exercício de mandato eletivo; férias, décimo terceiro salário, licenças e direito de greve; sindicalização; aposentadoria e pensão; limites de despesas com pessoal. Responsabilidade dos servidores; poder disciplinar; regime disciplinar; pro-cesso administrativo disciplinar; comunicabilidade de instâncias. 11 Bens públicos: terminologia; síntese evolutiva; noção; tipologia; classificação; domínio do Estado; domínio privado; uso de bem público por

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particular (normal, anormal, comum e privativo); alienação; afetação e desafetação; formação do patri-mônio público; regime jurídico geral; aquisição; terras devolutas; terrenos de marinha; terrenos marginais ou reservados; terras indígenas; ilhas; águas públicas; minas e jazidas. 12 Serviços públicos: caracteriza-ção; princípios específicos; tipologia; modos de prestação; concessão de serviço público; conceito; carac-terísticas; concessão de serviço precedida de obra pública; Lei nº 8.987/1995 e suas alterações; serviço adequado; direitos e deveres dos usuários; política tarifária; licitação; contrato; encargos do concedente e da concessionária; intervenção; extinção; permissão e autorização de serviço público; arrendamento; franquia; parcerias público-privadas. 13 Intervenção na propriedade: noções gerais; tipologia; função so-cial da propriedade; restrições e limitações administrativas em geral; tombamento; ocupação temporá-ria; requisição; servidão administrativa; desapropriação; tratamento constitucional e infraconstitucional; fundamentos e requisitos; bens expropriáveis; competência; fases e procedimentos; indenização; imissão na posse; desistência da desapropriação; destinação dos bens expropriados; retrocessão; desapropriação indireta ou apossamento administrativo; expropriação. 14 Intervenção do Estado no domínio econômico: ordem econômica; fundamentos; valorização do trabalho humano e liberdade de iniciativa; compatibi-lização; princípios; soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre concor-rência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; redução das desigualdades regionais e sociais; tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte; formas de atuação; Estado regulador; Esta-do executor; monopólio estatal; defesa da concorrência; fundamentos; sistema brasileiro; atos de con-centração; condutas anti-concorrenciais; sanções. 15 Responsabilidade civil extracontratual do Estado: evolução do tema; tratamento constitucional e infraconstitucional; responsabilidade objetiva; responsa-bilidade subjetiva; responsabilidade por ação; responsabilidade por omissão; responsabilidade decorren-te de comportamento ilícito; responsabilidade decorrente de comportamento lícito; reparação do dano; regresso; causas de exclusão ou de atenuação da responsabilidade; atos jurisdicionais e legislativos. 16 Controle da Administração Pública: tipologia; controles internos; controle parlamentar; controle pelos tribunais de contas; Ombudsman; controle jurisdicional; sistemas; inafastabilidade; inexigência de esgo-tamento da via administrativa; alcance; consequências; Administração em juízo; habeas corpus; habeas data; mandado de injunção; mandado de segurança individual e coletivo; ação popular; ação civil públi-ca. 17 Improbidade administrativa: regime jurídico; concomitância de instâncias; elementos constitutivos do tipo; sujeição ativa; sujeição passiva; ato danoso; dolo e culpa; sanções; procedimentos; ação judicial.

1 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÃO; RELEVÂNCIA; TIPOLO-GIA; PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS QUE REGEM A ATIVIDADE ADMINISTRATIVA; LEGALIDADE; IMPESSOALIDADE; MORALIDA-DE; PUBLICIDADE; EFICIÊNCIA; PREPONDERÂNCIA E INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO; PROPORCIONALIDADE; RAZOABILIDADE; MOTIVAÇÃO; CONTINUIDADE; PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E DE LEGALIDADE; AUTOEXE-CUTORIEDADE; AUTOTUTELA; SEGURANÇA JURÍDICA; PROTEÇÃO À CONFIAN-ÇA; BOA-FÉ

Sobre presunção de veracidade e legalidade e autoexecutoriedade, ver item 6.

O regime jurídico administrativo é o conjunto de princípios que confere prerroga-tivas e impõe sujeições à Administração Pública. É a interação de dois polos opostos. Por isso, o uso das expressões bipolaridade do direito administrativo1 ou binômio2 do direito administrativo.

A Administração Pública só pode exercer a autoridade que possui na busca do interesse público e nada mais. Isto é, só pode usar suas prerrogativas em prol do interesse público e

1. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.

2. Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito administrativo. 27.  ed. SãoPaulo: Malheiros, 2010. p. 56).

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somente para isso, o que significa, também, que nunca é permitido se afastar de tal tarefa. Em razão dessa submissão ao interesse público, surgem as chamadas pedras angulares ou pedras de toque3 do direito administrativo, quais sejam, o princípio da supremacia do interesse público – pelo qual, em caso de conflito, o interesse público deve se sobrepor ao interesse privado – e o princípio da indisponibilidade do interesse público – em razão dele, a atividade administrativa nunca deve se afastar do interesse público. Desses dois princípios decorrem todos os demais que integram o regime jurídico administrativo. São também chamados de supraprincípios ou superprincípios do direito administrativo4.

Relevância dos princípios (conforme Odete Medauar):

a) pode ser “comprovada na atualidade no chamado “direito administrativo comuni-tário” europeu: a Corte de Justiça da União Européia vem se valendo dos princípiosdo direito administrativo na solução de muitas questões, em especial na tutela dosdireitos dos cidadãos ante medidas da Administração de Estados integrantes”5.

b) possuem função positiva e função negativa. Função positiva: exercem “influênciana elaboração de normas e decisões sucessivas, na atividade de interpretação e in-tegração do direito; atuam assim, na tarefa de criação, desenvolvimento e execuçãodo direito e de medidas para que se realize a justiça e a paz social; sua função nega-tiva significa a rejeição de valores e normas que os contrariam (Karl Larenz, DerechoJusto, p. 33)”6.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os princípios são a “norma das normas”, a “fonte das fontes” e o “penhor da consti-tucionalidade das regras de uma Constituição”7.

Os princípios constitucionais vinculam a atuação administrativa. STF (RE 579.951): a vedação do “nepotismo não depende de lei formal para coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal”.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Supremacia do interesse público

• prerrogativa

• interesse público prevalece sobre privado

• interesse público primário

Indisponibilidade do interesse público

• sujeição

• interesse público é indisponível

Legalidade• atuação de acordo com a lei e o direito

• esfera pública: não vigora autonomia da vontade

3. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 27.  ed. São Paulo: Malheiros, 2010.p. 55 e 57.

4. MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 71.

5 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 126.

6 Ibidem.

7. BONAVIDES. Paulo. Curso de direito constitucional. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 294.

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PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Impessoalidade

• busca da finalidade pública

• atos imputados à Administração: imputação

• proibição de promoção pessoal

Moralidade • honestidade, boa-fé, lealdade, padrões morais e éticos

Publicidade • transparência; publicação dos atos administrativos

Eficiência • rendimento; atuação eficiente; organização eficiente

Continuidade do serviço público

• serviço público não pode parar

Autotutela • administração anula e revoga seus próprios atos

Tutela ou controle • administração direta controla finalidade da administração indireta

Especialidade • criação de pessoa específica para atuação específica

Presunção de legitimidade• regra: ato administrativo é legal

• produz efeitos até ser extinto

Controle judicial dos atos administrativos

• sistema de jurisdição única

Segurança jurídica

• aspecto objetivo: princípio da segurança jurídica. Tentativa de preserva-ção do ato. Nova interpretação não retroage

• aspecto subjetivo: princípio da proteção à confiança. Expectativa do ad-ministrado de que Administração respeitará os atos por ela praticados.

Motivação ou fundamentação

• indicação dos pressupostos de fato e direito

Razoabilidade• meios devem ser adequados aos fins do ato

• utilidade, necessidade, proporcionalidade

Hierarquia • coordenação, organização, delegação, avocação

Relação entre os princípios da impessoalidade, moralidade e publicidade (confor- me Odete Medauar): “apresentam-se intrincados de maneira profunda, havendo, mesmo, instrumentalização recíproca; assim, a impessoalidade configura-se meio para atuações dentro da moralidade; a publicidade, por sua vez, dificulta medidas contrárias à morali-dade e impessoalidade; a moralidade administrativa, de seu lado, implica observância da impessoalidade e da publicidade.”8

2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: NOÇÃO; RELAÇÃO COM LEGISLAÇÃO E JURISDI-ÇÃO; GOVERNO; CONSTITUIÇÃO; FEDERAÇÃO; PERSONALIDADE JURÍDICA; ESTRUTURA FUNDAMENTAL NO BRASIL; DESCONCENTRAÇÃO; DESCENTRALI-ZAÇÃO; ÓRGÃOS PÚBLICOS; HIERARQUIA; DELEGAÇÃO; AVOCAÇÃO

Sobre, hierarquia, delegação e avocação, ver item 4.

8 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 129.

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O Estado exerce o poder de maneira tripartida. Na verdade, não há poderes, mas sim funções, que são atribuídas a órgãos diferentes, os quais são independentes e harmônicos entre si, nos termos do art. 2º da Constituição Federal.

Ao Poder Legislativo cabe a função legislativa. Assim, tem como missão legislar, bem como fiscalizar os demais poderes. Ao Poder Executivo, compete a função executiva ou ad-ministrativa, que é a concretização do determinado na norma produzida pelo Legislativo. E ao Poder Judiciário, é entregue a função jurisdicional, pela qual lhe cabe aplicar o direito ao caso concreto.

Essa separação de funções ou de “poderes” não é, entretanto, rígida, já que existe a preponderância e não a exclusividade em relação a cada uma das três funções. Cada Poder possui uma função preponderante, mas essa função não é exclusiva. Cada Poder possui uma função típica – que é a função para a qual a entidade foi especificamente constituída – e funções atípicas.

Função administrativa é exercida de forma preponderante pelo Poder Executivo, mas não lhe é exclusiva. O Poder Legislativo e o Poder Judiciário, de maneira atípica, também exercem atividade administrativa e, nessa situação, seus atos são regidos pelo regime jurí-dico administrativo.

Legislar e fiscalizar são as funções típicas do Legislativo, administrar é a função tí-pica do Executivo e julgar é a função típica do Judiciário. Entretanto, a Constituição Fe-deral estabelece hipóteses em que um Poder pode exercer uma função atribuída ao outro, sem violar o princípio da separação dos poderes (art. 2º). Nesse sentido, o Poder Executivo exerce a função legislativa quando o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória (art. 62).

O “Estado é uma associação humana (povo), radicada em base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra (soberana)”9.

Governo é a atividade política, é a condução política dos negócios públicos, é a fixação de objetivos para o Estado10. É o Governo que estabelece quais os objetivos a serem perseguidos pelo Estado, obviamente, limitado ao estabelecido na Constituição Fe-deral e, em seguida, a Administração Pública concretiza o que fora estabelecido.

A “Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo”11.

Administração e governo (conforme Odete Medauar): é difícil a fixação de rígidas fronteiras entre governo e Administração, pois a atividade administrativa ganhou mais des-taque, no mundo contemporâneo, na dinâmica do Estado, principalmente com a presença de servidores em atividades consideradas típicas de governo (ex: fixação do conteúdo de projetos de lei, de decretos...) e, também, porque no topo do Poder Executivo coexistem funções governamentais e funções administrativas. “Na prática da atuação do Executivo

9. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 22.  ed. São Paulo: Saraiva, 1995.p. 39.

10. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65.

11. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 64.

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ocorre, em geral, um emaranhado de governo e Administração, o que, segundo alguns, permite evitar um governo puramente político e uma Administração puramente burocrá-tica”12.

Administração Pública: conjunto de pessoas jurídicas, órgãos públicos e agentes pú-blicos que realizam a atividade administrativa, consistente em serviços públicos, fomento, polícia administrativa e intervenção.

Administração Pública em sentido amplo e em sentido estrito

Administração Pública em sentido amplo: engloba a atividade política e a atividade administrativa, incluindo tanto os órgãos governamentais quanto os órgãos administra-tivos.

Administração Pública em sentido estrito: corresponde, exclusivamente, à função ad-ministrativa exercida pelos órgãos administrativos.

Administração Pública em sentido objetivo e em sentido subjetivo

Administração Pública em sentido estrito subdivide-se em:

a) sentido subjetivo, formal ou orgânico: conjunto de pessoas jurídicas, órgãos pú-blicos e agentes públicos que realizam a atividade administrativa; quem faz a ativi-dade administrativa;

b) sentido objetivo, material ou funcional: é a atividade administrativa, que com-preende o serviço público, a polícia administrativa, o fomento e a intervenção; o que é realizado.

DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Há várias formas de desempenho da atividade administrativa13:

FORMAS DE DESEMPENHO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA

Concentrada (concentração)• atividade é realizada por um único órgão

• pessoa jurídica sem divisão interna

Desconcentrada (desconcentração)

• atividade é realizada por vários órgãos

• pessoa jurídica com divisão interna

• distribuição interna de competência

Centralizada (centralização)• atividade é realizada diretamente pela pessoa política, por meio de seus

órgãos

Descentralizada (descentralização)

• atividade é realizada por outra pessoa jurídica

• distribuição externa de competência

No que tange à descentralização, não há unanimidade na classificação das suas espé-cies, mas a mais usual é a descrita por Maria Sylvia Zanella Di Pietro14:

12 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 51.

13. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salvador: JusPodivm, 2012. p. 69.

14. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 56.

Direito Administrativo 1127

a) descentralização política: realizada diretamente pela Constituição Federal e cadaente federado possui capacidade política, com fonte direta no texto constitucional. Também é chamada de descentralização vertical.

b) descentralização administrativa: as atribuições da pessoa jurídica não surgemdiretamente da Constituição, mas são distribuídas pelo ente federado, quer dizer, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com base na competênciapolítica que receberam, distribuem competências para outras pessoas jurídicas. Adescentralização administrativa pode ser subdividida em:

• territorial ou geográfica: é criada uma pessoa jurídica de direito público,com área geográfica delimitada e com capacidade administrativa genérica;são exemplos, no Brasil, os territórios federais15;

• por serviços, funcional ou técnica: a pessoa política cria outra pessoa jurí-dica, de direito público ou de direito privado, para exercer determinadaatividade. São exemplos as autarquias, as fundações públicas, as empresas pú-blicas, as sociedades de economia mista e os consórcios públicos. É essa descen-tralização que dá origem à administração indireta;

• por colaboração: a pessoa política transfere a execução de um serviço pú-blico para uma pessoa jurídica de direito privado já existente, que, em ra-zão disso, torna-se concessionária de serviço público ou permissionária de serviço público. Elas não passam a integrar a Administração Pública indire-ta do ente político titular do serviço público.

ÓRGÃOS PÚBLICOS

Conceito de órgãos públicos: São “centros de competência instituídos para o de-sempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem”16.

Teorias sobre as relações do Estado com os agentes públicos:

a) Teoria do órgão público (adotada no Brasil): O órgão é o elemento de conexão entre o agente público e a pessoa jurídica. A atuação do agente é imputada, é atribuída,à pessoa jurídica.O agente público está lotado no órgão, que, por sua vez, faz partede uma pessoa jurídica. Assim, quando o agente pratica o ato é a própria pessoajurídica quem está atuando.

b) Teoria do mandato: agente público recebe mandato do Estado.

c) Teoria da representação: agente público é o representante legal do Estado.

Classificação dos órgãos públicos:

a) Quanto à posição estatal ou hierarquia:

- independentes (representam as funções principais do Estado; não estão subor-dinados a nenhum outro);

15. Atualmente, não há territórios federais no país, mas podem ser criados, conforme o art. 18 da Constituição Federal. No passado, eram territórios: Fernando de Noronha, Amapá, Rondônia e Roraima.

16. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 68.

Leandro Bortoleto1128

- autônomos (estão situados abaixo dos órgãos independentes; possuem au-tonomia administrativa, financeira e técnica.);

- superiores (subordinados aos autônomos e independentes; possuem poder dedireção, mas não têm autonomia administrativa nem financeira);

- subalternos (possuem pequeno poder de decisão; atividades de execução).

b) Quanto à estrutura:

- simples (não se subdividem em outros);

- compostos: (subdividem-se em outros órgãos)

c) Quanto à atuação funcional ou composição:

- singulares ou unipessoais (a atuação do órgão é realizada de acordo com adecisão de um único agente);

- coletivos ou pluripessoais (a atuação do órgão é decidida por vários agentes).

d) Quanto à esfera de atuação:

- centrais (atuam em toda a área territorial da pessoa);

- locais (atuam apenas em parte do território da pessoa que integram)

São características dos órgãos públicos:

a) criação e extinção por lei;

b) resultado da desconcentração;

c) despersonalizados;

d) não possuem patrimônio próprio;

e) não possuem capacidade processual;

f) alguns órgãos podem ser parte em processo para defesa de prerrogativa;

g) podem celebrar contrato de gestão;

h) órgãos gestores de orçamento devem ser inscritos no CNPJ.

3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA: NOÇÕES; CARACTERÍSTICAS; AUTAR-QUIAS; FUNDAÇÕES PÚBLICAS; EMPRESAS PÚBLICAS; SOCIEDADES DE ECO-NOMIA MISTA; ENTES COM SITUAÇÃO PECULIAR (ORDENS E CONSELHOS PROFISSIONAIS, FUNDAÇÕES DE APOIO, EMPRESAS CONTROLADAS PELO PO-DER PÚBLICO, SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS, ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, OR-GANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO)

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Conjunto de órgãos públicos que compõem a pessoa política.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Administração indireta: conjunto das pessoas administrativas, com personalidade de direito público ou de direito privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa, vin-culadas à administração direta, criadas para o desempenho de determinada atividade ad-ministrativa. Essas pessoas jurídicas nascem da descentralização por serviços ou funcional.

Direito Administrativo 1129

Características comuns às pessoas da administração indireta:

a) possuem personalidade jurídica;

b) possuem patrimônio próprio;

c) possuem autonomia administrativa;

d) submetem-se a controle da administração direta;

e) dependem de lei para serem criadas;

f) desempenham atividade administrativa específica

Regime de direito público: aplicável à pessoa da administração direta, às autarquias e às fundações públicas de direito público. Características:

a) em regra, deve haver realização de concurso público (art. 37, II, da Constituição Fe-deral);

b) em regra, é vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públi-cas;

c) em regra, deve realizar licitação;

d) celebração de contratos administrativos;

e) prática de atos administrativos;

f) bens públicos: impenhoráveis, imprescritíveis e relativamente inalienáveis;

g) existe imunidade tributária recíproca;

h) prescrição quinquenal das dívidas, em conformidade com o art.  1º do Decreto 20.910/32;

i) cobrança dos débitos por meio de execução fiscal, nos termos da Lei nº 6.830/80;

j) responsabilidade objetiva pelos danos causados; direito de regresso contra o servi-dor que causou o prejuízo, se houve dolo ou culpa;

k) privilégios processuais (ex: prazo em dobro; art. 183 Novo CPC);

l) controle pelo Tribunal de Contas;

m) obediência às normas orçamentárias.

Regime de direito privado: aplicável às empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado. Na verdade, trata-se de regime híbrido, pois não são aplicadas as normas do direito privado na íntegra, em razão da aplicação obrigató-ria de algumas normas de direito público. Por exemplo, o pessoal é celetista, mas o ingres-so, em regra, é por concurso público e, salvo as exceções constitucionais, não pode haver a acumulação remunerada de cargo, emprego ou função pública.

AUTARQUIA: pessoa jurídica de direito público, integrante da administração indireta, criada diretamente pela lei para o desempenho de atividade típica da Administração Pú-blica.

- Definição do Decreto-Lei 200/67 (art. 5º, I): autarquia é o “serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ati-vidades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funciona-mento, gestão administrativa e financeira descentralizada”.

Leandro Bortoleto1130

- Autarquia em regime especial: autarquia com autonomia maior do que a normal-mente existente. Em regra, há uma redução do controle político por parte da admi-nistração direta, resultando no aumento da autonomia administrativa, por exemplo, quando houver previsão legal de impossibilidade de livre exoneração do dirigenteda autarquia por parte do chefe do Executivo (em regra, nas agências reguladoras).

Agências reguladoras

Agência reguladora é uma entidade administrativa da Administração Pública indireta, com personalidade de direito público, criada para exercer a regulação, o controle adminis-trativo, a fiscalização, a disciplina sobre a prestação de um determinado serviço público ou a realização de alguma atividade econômica.

As agências reguladoras estão sendo criadas como autarquias em regime especial e não são consideradas, pela maioria da doutrina, como espécie autônoma de entidade adminis-trativa. Não deixam de ser autarquias.

FUNDAÇÃO PÚBLICA: é a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, com autonomia administrativa e que tem como substrato o patrimônio – próprio –, que é criada por lei específica ou cuja criação é por ela autorizada, com área de atuação de interesse público, não exclusiva da Administração Pública, definida em lei complemen-tar..

Agência executiva: é uma qualificação, um título, que é dado a uma autarquia ou a uma fundação pública. São requisitos (art. 51 da Lei nº 9.649/98) a existência de plano es-tratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento e a cele-bração de contrato de gestão com o ministério supervisor. A qualificação se dá por ato do Presidente da República.

EMPRESAS ESTATAIS: SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E EMPRESA PÚBLICA

Lei 13.303/16 (estatuto das estatais) “estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-de de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-ção de serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços públicos” (art. 1º, caput).

Exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa pú-blica, de sociedade de economia mista e de suas subsidiárias. Lei precisa indicar de forma clara a presença de relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional, nos termos do caput do art. 173 da Constituição Federal.

Depende de autorização legal: criação de empresa pública ou de sociedade de econo-mia mista; criação de suas subsidiárias; participação de qualquer delas em empresa priva-da, cujo objeto social deve estar relacionado ao da investidora

Empresa pública (art. 3º): entidade dotada de personalidade jurídica de direito pri-vado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é in-tegralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Podem participar no capital social outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como as entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito

Direito Administrativo 1131

Federal e dos Municípios, desde que pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Sociedade de economia mista (art. 4º): entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Fede-ral, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

Diferenças entre empresa pública e sociedade de economia mista:

- Capital: empresa pública possui capital integralmente público; sociedade deeconomia mista tem capital misto: público e privado.

- Forma de organização: sociedade de economia mista adotará, sempre, a forma desociedade anônima e empresa pública pode adotar qualquer forma empresarial.

- Foro competente: somente há diferença na esfera federal. As ações em que a em-presa federal for autora, ré, assistente ou oponente serão julgadas na justiça federal, o que não ocorre com a sociedade de economia mista federal, que tem como foro ajustiça estadual.

CONSÓRCIO PÚBLICO

Está regulado pela Lei nº 11.107/05. Tratase de uma nova pessoa administrativa que surge da união entre pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

Criação do consórcio público:

1. Em um primeiro momento, há o protocolo de intenções, que é uma espécie deajuste preliminar entre as pessoas políticas, no qual há a definição do objeto do con-sórcio, quais são seus participantes, qual sua duração, qual a forma de eleição dorepresentante legal.

2. Depois, o protocolo de intenções deve ser publicado na imprensa oficial e, nasequência, ele deve ser ratificado por lei em cada um dos entes consorciados.

3Após a celebração do contrato de consórcio.

4. Apenas na hipótese de ser pessoa jurídica de direito privado, deverá haver oregistro no órgão competente.

Personalidade jurídica: consórcio público poderá ter personalidade de direito pú-blico (associação pública; conhecido como autarquia interfederativa ou autarquia multifederada) ou de direito privado.

Contrato de consórcio: formaliza a constituição do consórcio.

Contrato de rateio: formaliza a entrega de recursos dos entes consorciados para o consórcio.

Contrato de programa: definição legal constante do art. 2º, XVI, do Decreto 6.017/07: é o “instrumento pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações que um ente da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha para com outro ente da Federação,ou para com consórcio público, no âmbito da prestação de serviços públicos por meio decooperação federativa”.

Leandro Bortoleto1132

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Conjunto das pessoas administrativas, com perso-nalidade de direito público ou de direito privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa, vin-culadas à administração direta, criadas para o desem-penho de determinada atividade administrativa

Conjunto dos órgãos públicos que integram as pessoas jurídicas políticas

Pessoas jurídicas de direito público

União, Estados, Distrito Federal e Municípios

Autarquia: direito público

Agência reguladora: autarquia em regime especial

Agência Executiva: autarquia que recebeu a qualifica-ção (contrato de gestão)

Fundação Pública: direito público ou direito privado

Agência Executiva: fundação pública que recebeu a qualificação (contrato de gestão)

Empresa Pública: direito privado; prestadora de ser-viço público ou exploradora de atividade econômica

Sociedade de Economia Mista: direito privado; pres-tadora de serviço público ou exploradora de ativida-de econômica

Consórcio Público: direito público (associação públi-ca) ou direito privado

Conselhos Profissionais: são considerados autarquias federais, exceto a OAB. Con-forme decisão proferida no STF, na ADI 3026/DF, a OAB não é entidade da administração indireta federal; é uma entidade sui generis, um serviço público independente. O STF fixou a seguinte tese de repercussão geral (RE 938877): “Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização não se submetem ao regime de precatórios”.

JURISPRUDÊNCIA

RE 599628: “Sociedades de economia mista que desenvolvem atividade econômica em regime concorrencial não se beneficiam do regime de precatórios, previsto no art. 100 da Constituição da República.”

RE 852302:”As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial submetem-se ao regime de precatório”.

Súmulas:

STF 556: “É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista”.

STF 517: “As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente”

STJ 525: “A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas persona-lidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos ins-titucionais”.

Direito Administrativo 1133

STJ 324: “Compete à Justiça Federal processar e julgar ações de que participa a Fun-dação Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército.”

STJ 150: “Compete a justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas”.

TERCEIRO SETOR

• Marco regulatório: Lei 13.019/14. Disposições da nova lei não se aplicam às organiza-ções sociais, reguladas pela Lei nº 9.637/98, nos termos do art. 3º, III. Quanto às organiza-ções da sociedade civil, objeto da Lei nº 9.790/99, as disposições aplicam-se, no que couber.

Parcerias são formalizadas:

a) quando houver transferência de recursos:

- por termo de colaboração (para a realização de atividades de interesse público propostas pela Administração Pública, nos termos do art. 16) e;

- por termo de fomento (para a realização de atividades de interesse público pro-postas pela organização da sociedade civil, conforme o art. 17); em ambos os ca-sos: exigência de escolha da entidade do Terceiro Setor por meio de um processo seletivo denominado Chamamento Público, salvo as exceções previstas em lei;

b) quando não houver transferência de recursos: acordo de cooperação.

Serviços sociais autônomos: são pessoas jurídicas de direito privado, sem finalida-de de lucro, que atuam na realização de atividade de interesse público, de atividade não exclusiva do Estado. Prestam assistência, ensino a determinadas categorias profissio-nais. Não fazem parte da administração indireta, mas, para serem criados, dependem de lei.

Entidades de apoio: são pessoas jurídicas do setor privado, sem finalidade lucrativa, que desenvolvem serviços sociais e, normalmente, se relacionam com a Administração Pú-blica, por convênio, para atuarem junto a universidades públicas e hospitais públicos.

Organização social (OS) e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Os-cip): são entidades civis sem fins lucrativos, integrantes do setor privado, que recebem a qualificação do Poder Público. Oscip: deve estar em funcionamento regular há, no mínimo, 3 anos.

Não podem ser qualificadas como Oscip (art. 2º):

a) sociedades comerciais;

b) sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional;

c) instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas evisões devocionais e confessionais;

d) organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

e) entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um cír-culo restrito de associados ou sócios;

f) entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;