títulos de crédito, direito comercial, professor doutor rui teixeira santos (inp/iscad/iseit 2013)

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  • 1. Ttulos de crdito Lies de Direito Comercial Prof. Doutor Rui Teixeira Santos (ISEIT/ISCAD/INP)2013/2014

2. Crdito O crdito a troca de uma prestao presente por uma prestao futura, ou seja, o diferimento no tempo de uma contraprestao. Dois elementos: 1. Confiana do credor na honestidade e solvabilidade do devedor 2. Decurso do tempo 3. Ttulo de crdito So documentos C. Civ. Art 362: Diz documentos qualquer objeto elaborado pelo homem, com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto. 1. so documentos escritos2. so probatrios, comprovam determinados factos3. So constitutivos pois so indispensveis prpria constituio, exerccio e transmisso de direitos que neles so mencionados4. so dispositivos pois o seu titular com ele pode dispor do direito circulao rpida e segura5. So uma forma indireta de circulao a riquezaPor isso se chamam tambm ttulos circulveis ou negociveis : um documento necessrio para exercitar o direito literal e autnomo nele mencionado. 4. Ttulos de crdito Ttulo de crdito o documento necessrio para o exerccio do direito , literal e autnomo , nele mencionado. So os papis representativos de uma obrigao e emitidos de conformidade com a legislao especfica de cada tipo ou espcie. A definio mais corrente para ttulo de crdito, elaborada por Vivante, "documento necessrio para o exerccio do direito, literal e autnomo, nele mencionado". Todos os elementos fundamentais para se configurar o crdito decorrem da noo de confiana e tempo. A confiana necessria, pois o crdito se assegura numa promessa de pagamento, e o tempo tambm, pois o sentido do crdito , justamente, o pagamento futuro combinado, pois se fosse vista, perderia a idia de utilizao para devoluo posterior. 5. Tipologia: ttulos de crdito Ttulos causais ou abstratos Critrio do contedo do direito cartular : os ttulos de crdito incorporam o direito de crdito em sentido estrito e por isso se designam ttulos de crdito propriamente ditos. o que sucede com as letras e livranas (LULL), cheques (LUC) estratos de fatura (DL n 19.490, 24.3.31), obrigaes (art. 348 CSC), Obrigaes de juro varivel (DL n 353-M/77, de 29.8); Obrigaes com juro suplementar ((DL n 353-M/77) Obrigaes hipotecrias ((DL 59/2006, de 20.3); Obrig. De Caixa (DL 408/91 de 17.10); papel comercial (DL 69/2004 de 25.3) e os ttulos de participao (DL 321/85 de 5.8). Os ttulos de crdito so ttulos executivos 6. Critrio da causa-funo, ou do nexo com a relao subjacente Consideram-se duas espcies de ttulos: So causais os ttulos que se destinam a realizar uma tpica e nica causa-funo jurdico-econmica, inerente a um determinado tipo de negcio jurdico subjacente, do qual resultam direitos cuja transmisso e exerccio o ttulo de crdito se destina a viabilizar ou facilitar. Os ttulos abstractos so aqueles que no tm uma causafuno tpica, pois so aptos a representar direitos emergentes de uma pluralidade indefinidamente vasta de causas-funes. Alm disso, estes ttulos so independentes da respectiva causa: em princpio, o devedor no pode invocar contra o portador do ttulo, excepes fundadas na relao subjacente, que a causa (mediata) da sua obrigao e do correlativo direito do portador. 7. Ttulos representativos Conhecimento de depsito Cautelas de penhor ou warrants Guia de transporte Conhecimento de carga ou de embarque Guia de transporte areo 8. Critrio do contedo do direito cartolare ttulos de participao social A maior parte dos ttulos de crdito hoje em uso incorporam direitos de crdito em sentido estrito, geralmente direitos a uma prestao pecuniria, e por isso se designam como ttulos de crdito propriamente ditos. Outros ttulos, entretanto, denominam-se ttulos representativos, porque incorporam direitos sobre determinadas coisas, em geral mercadorias. Em terceiro lugar existem os ttulos de participao social, assim designados por incorporarem uma situao jurdica de participao social, ou seja, o complexo de direitos e obrigaes que integra a qualidade de scio de uma sociedade. o que sucede com as aces das sociedades annimas e em comandita por aces (arts. 298 segs. e 478 CSC). 9. Critrio do modo de circulao Segundo este critrio os ttulos podem ser ao portador, ordem e nominativos. a) Ttulos ao portador: no identificam o seu titular e transmitem-se por mera tradio manual, por entrega real do documento (art. 483 CCom): o titular quem for o detentor do documento. Tem como caracterstica a facilidade de circulao, pois se processa com a simples tradio. b) Ttulos ordem: mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir o ttulo e, com ele, o direito cartular , apenas de nele exarar o endosso (art. 483 CCom): uma declarao escrita, no verso do ttulo, ordenando ao devedor que cumpra a obrigao para com o transmissrio e/ou manifestando a vontade de transmitir para este o direito incorporado. c) Ttulos nominativos: mencionam o nome do seu titular e a sua circulao exige um formalismo complexo, do qual exemplo modelar o regime da circulao das aces nominativas (art. 326 CSC): para que a sua transmisso seja vlida, deve ser exarada no prprio ttulo, pelo transmitente, uma declarao de transmisso, bem como nele seja lavrado o pertence, isto , que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; alm disso, ainda necessrio o averbamento do acto no livro de registo de aces da sociedade emitente. 10. Tipologia dos ttulos ordem: 1. O ttulo ordem pode ser subscrito por mais de um devedor. 2. Os vrios devedores respondem, na falta de clusula em contrrio constante do ttulo, solidariamente para com o credor, que os pode demandar individual ou colectivamente, sem estar adstrito a observar a ordem por que se obrigaram. 3. O facto de o credor fazer valer o seu direito contra um dos co-obrigados no impede que faa valer o seu direito contra os outros, mesmo que posteriores quele. 11. Critrio da natureza da entidade emitente So ttulos pblicos aqueles que so emitidos pelo Estado e por outros entes pblicos legalmente habilitados para tanto, aos quais se refere o art. 463 CCom, como ttulos pblicos negociveis. So principalmente, os ttulos da dvida pblica. Todos os demais ttulos de crdito so ttulos privados, por as pessoas ou entidades que os emitem no terem a natureza de entes pblicos, ou porque, quando tenham essa natureza, actuam de forma indiferenciada em relao aos entes privados, colocando-se no mesmo plano de actuao destes. o que se passa por exemplo, quando um qualquer organismo ou servio pblico emite cheques para efectuar os seus pagamentos. 12. Princpios e caratersticas dos Ttulos de Crdito Literalidade: " literal no sentido de que, quanto ao contedo, extenso e s modalidades desse direito, decisivo exclusivamente o teor do ttulo". (Messineo) Cartularidade: "o credor do ttulo de crdito deve provar que se encontra na posse do documento para exercer o direito nele mencionado". (Fbio Ulhoa Coelho) Documento necessrio ao exerccio do direito. Vem da palavra crtula, anlogo cartela (houaiss) . 13. Caratersticas Gerais Autonomia: "os vcios que comprometem a validade de uma relao jurdica, documentada em ttulo de crdito, no se estendem s demais relaes abrangidas no mesmo documento". Abstrao: "ocorre em alguns ttulos de crdito (cite-se a nota promissria e a letra de cmbio) podem ser emitidos independente da causa que lhes deu origem". Independncia: "alguns ttulos de crdito valem por si s, independe de qualquer outro documento" 14. Caractersticas gerais dos ttulos de crdito A confiana constitui a base do desempenho dos ttulos de crdito. Para que essa confiana exista, essencial que o regime para eles traado proteja ao mximo os interesses do titular do direito, do devedor e daqueles que venham a adquiri-los de boa f. Todos eles se disporo a aceitar a emisso e transmisso dos ttulos se puderem ter absoluta confiana em que:a) O titular quem tem o ttulo em seu poder e por isso est habilitado para exercer o direito nele referido; b) Cada titular poder com toda a facilidade transmitir esse ttulo, para realizar o valor dele, sem necessitar de esperar pelo cumprimento da obrigao correspondente ao direito nele mencionado. c) O teor literal do ttulo correspondente ao direito que ele representa; e d) A posio jurdica do actual detentor do ttulo no poder ser posta em causa pela invocao de excepes oponveis aos anteriores detentores do ttulo. 15. Princpio da incorporao ou legitimao A deteno do ttulo indispensvel para o exerccio e a transmisso do direito nele mencionado (quem for titular de um ttulo titular de um direito). Tal caracterstica consiste em que a posse do ttulo legtima o portador para exercer ou transmitir o direito. Podemos designar esta caracterstica por legitimao activa visto que ela se refere posio jurdica do sujeito activo do crdito, sua aptido para exerc-lo ou transmiti-lo. A posse, ou melhor a deteno material do ttulo segundo as regras de circulao que para ele esto defendidas, que confere ao seu possuidor a legitimao formal para exercer ou transmitir o direito que o ttulo refere. O regime jurdico dos ttulos de crdito assenta numa presuno de boa f dos sucessivos detentores do ttulo, atravs da qual se cimenta e robustece a formao e manuteno da confiana que constitui a base da aceitao destes documentos. H igualmente que considerar uma legitimao passiva, relativa posio e interesse do devedor: este pode desonerar validamente da sua obrigao, correspondente ao direito cartolar, se a cumprir perante o detentor do ttulo segundo a respectiva lei de circulao. 16. Princpio da circulabilidade Os ttulos de crdito destinam-se a circular, o que significa que, a sua prpria destinao jurdicoeconmica implica a potencialidade de serem transmitidos da titularidade de uma pessoa para a outra sucessivamente, acarretando cada transmisso do direito sobre o ttulo a transmisso do direito por ele representado, do direito cartolar. Porque assim , os documentos que no comportem a possibilidade de circulao no podem ser considerados como ttulos de crdito. 17. Princpio da literalidade O direito que est incorporado no ttulo, um direito literal, porque o documento vale nos precisos termos que constam no prprio documento. O direito cartolar aquele que est no documento independentemente da forma como foi constitudo, da relao subjacente do mesmo. 18. Princpio da autonomia O tal direito cartolar (incorporado no documento), em si um direito autnomo, porque a relao cambiria tem vida prpria, no est dependente de qualquer relao subjacente a essa letra de cmbio. Importa distinguir dois sentidos: a)Autonomia face ao direito subjacente O direito cartolar tem a sua origem numa relao jurdica logicamente anterior ao surgimento do ttulo de crdito a relao subjacente ou fundamental e que ele novo e diferente do direito subjacente ou fundamental, tendo um regime prprio. Assim, o direito cartolar autnomo do direito subjacente, e por isso no podem ser opostos ao portador do ttulo, em princpio, meios de defesa (excepes) emergentes da relao fundamental (art. 17 in fine LULL).b)Autonomia face aos portadores anteriores O direito cartolar autnomo, segundo este sentido, porque cada possuidor do ttulo ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulao adquire o direito nele referido de um modo originrio, isto , independentemente da titularidade do seu antecessor e dos possveis vcios dessa titularidade como se o direito tivesse nascido ex-novo nas suas mos (art. 16 LULL) 19. Princpio da abstraco O negcio cambirio abstracto porque, esse negcio permite preencher um conjunto de funes econmicojurdicas (ex. compra e venda). A obrigao cambiria pressupe sempre a existncia de uma relao jurdica subjacente, a relao pode preencher uma diversidade de funes econmico-jurdicas, a obrigao cambiria s tem um fim pagamento ou garantia de pagamento. No por esse fim que determina o negcio cambirio. O negcio cambirio determinado por outro negcio celebrado entre as partes a conveno executiva a causa prxima do negcio cambirio, as partes determinam (atravs de conveno executiva) a funo desse negcio (art. 17 LULL). 20. Ttulos imprprios Habitualmente no so considerados como ttulos de crdito certos documentos que, muito embora tenham, em geral, as mesmas caractersticas daquelas todavia se afastam deles no tocante sua funo jurdico-econmica e, por isso, quanto caracterstica da circulabilidade, sendo designados como ttulos imprprios.Dentro destes documentos, usual distinguir ainda duas categorias: a) Ttulos de legitimao, tm por funo conferir ao seu possuidor a legitimao (activa) para o exerccio de certos direitos e, consequentemente, tambm conferem outra parte a correspectiva legitimao passiva. b) Comprovantes de legitimao, conferem igualmente a legitimao activa e passiva relativamente ao exerccio de certos direitos, mas nem sequer tm a possibilidade de circular por serem intransmissveis. 21. Principais ttulos de crdito A) a letra B) a Livrana C) o Cheque 22. A letra um ttulo de crdito, atravs do qual o emitente do ttulo sacador d uma ordem de pagamento saque de uma dada quantia, em dadas circunstncias de tempo e lugar, a um devedor sacado ordem essa a favor de uma terceira pessoa o tomador. Como ttulo de crdito rigorosamente formal, a letra destinada circulao, a qual se efectua atravs de endosso, sendo portanto, um ttulo ordem. O tomador poder, portanto, assumir a qualidade de endossante, transmitindo a letra a um endossado, o qual, por sua vez, poder praticar acto idntico a favor de um outro acto endossado e assim por diante. O principal obrigado em virtude da letra o aceitante, que assume a obrigao de pagar a quantia nela mencionada ao portador legitimado por uma srie ininterrupta e formalmente correcta de endossos, ao tempo do vencimento e no local devido. 23. A livrana Menciona uma promessa de pagamento, de uma certa quantia, em dadas condies de tempo e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de um posterior endossado que for seu portador legtimo no vencimento. A livrana , tambm um, ttulo ordem, transmissvel por endosso e, rigorosamente formal, como se constata pelos requisitos mencionados no art. 75 LULL. 24. O cheque Exprime uma ordem de pagamento de determinada quantia, dada por um sacador a um sacado, que tem a peculiaridade de ser necessariamente um banqueiro (art. 3 LUC), uma instituio de crdito habilitada a receber depsitos de dinheiro mobilizveis por esta forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, portanto um meio de pagamento ao prprio depositante ou a terceiro, a realizar pelas foras do depsito existente na instituio de crdito. 25. A destruio e extravio do documento: a reforma dos ttulos de crdito O ttulo de crdito um objecto material, um documento escrito geralmente em papel, o que o torna muito facilmente perecvel ou degradvel, assim como sujeito a numerosas causas de perda ou extravio, voluntrias ou involuntrias. Ora, a caracterstica da incorporao ou legitimao implica que s pode ser exercido ou transmitido o direito cartolar mediante a posse material do ttulo. E, por isso, a destruio do documento implica a destruio do ttulo de crdito, pois impossibilita o exerccio ou transmisso do respectivo direito. A reforma consiste na reconstituio do ttulo, atravs da emisso de um novo documento, equivalente ao que foi destrudo ou extraviado, possibilitando assim a incorporao do direito no novo ttulo, ou seja, que o titular fique de novo legitimado para o seu exerccio ou para fazer circular o direito. E isto porque o ttulo reformado equivale juridicamente ao que desapareceu, como se fosse o mesmo documento (art. 484 CCom). 26. Extino do direito cartolar O ttulo de crdito tambm se extingue quando ocorre a extino do direito nele incorporado, a qual pode ficar a deverse generalidade das causas de extino das obrigaes. O cumprimento constitui a forma natural e mais frequente de extino do direito cartular. Deve porm notar-se que s assim acontece com o cumprimento efectuado pelo obrigado principal, quando existam outros co-obrigados garantes: se forem estes a pagar ao portador, ficam investidos no direito cartolar em via de regresso. Alm disso, o cumprimento deve ser acompanhado da cessao da circulao do ttulo, pela sua entrega ao obrigado a efectuar o pagamento, para que no suceda que, apesar de cumprida a obrigao, o ttulo continue a circular, correndo o obrigado o risco de ter de pagar duas vezes (art. 39 I LULL). 27. Letra 28. A letra de cmbio Requisitos formais da letra 1 A palavra letra: Tem que constar no prprio texto do ttulo e tem de ser expressa na lngua que utilizada para a reclamao do ttulo, este requisito adverte logo as pessoas, para a natureza do ttulo e para o seu regime jurdico. 2 Mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada: Tem de conter uma ordem de pagamento que deve ser pura e simples e respeitar uma quantia determinada, essa ordem de pagamento emite a letra e confere letra, ao ttulo uma identidade prpria com o ttulo de crdito, que tem o regime da letra. O sistema jurdico exige que a ordem de pagamento puro e simples, no pode ter clusulas acessrias que condicionem ou restrinjam o sentido e o alcance da letra (do ttulo). O saque um acto jurdico que incondicionvel, tanto assim , que o art. 2 LULL, vem dizer que a condio que seja posta no saque no produzir efeito como a letra. 29. 3 sacadodedaqueleda qualquerpagar (sacado): aaconcretacerto certo ordemformapagamento:dirigida,quer ,quepocaser(art. aosacado identificandoletra tem 4 completo,certoseja,saque;fixado, na dizer,a aceite para 35 qual a poca dapagamento deve Data34 LULLouexpresso,supletivamentedeoutros meiosentender o (art. seja sacada: umnoou termodesemquepor falta apresentao esseestar - dede vencimento oudedeforma33 LULL), pode nomede pelo efeito. (art.2nomede letra tem pagvel noabreviada essea pessoa prova. A prazo talLULL);do sacadoindicarmeno dadedecorrido um de nome Como a data do no Se identificao houver letra vista, acto possvel do pagvelLULL); na vista,aceite que protesto isto prprialetra sepagamento, letra pagvel art.O sobre o determinaopara recurso a vence-se decorrido um II pagvel I vista. quando dia data,expressamente pessoa 30. 5 Identificao do lugar a efectuar o pagamento:Se esta referncia no constar do ttulo suprida, nos termos do art. 2 III LULL, valendo para este efeito, o lugar indicado ao lado do nome do sacado, como seu domiclio. Relaciona-se com este requisito a regra do art. 4 LULL, que permite a chamada letra domiciliada, isto , pagvel no domiclio de um terceiro. O uso mais corrente desta faculdade consiste na identificao como local de pagamento de uma dependncia de um banco. 6 O nome da pessoa a quem ou ordem de quem deve ser paga (tomador): Tambm a indicao do nome do tomador deve ser feita de modo a possibilitar a sua identificao, em termos semelhantes aos referidos quanto ao nome do sacado. O art. 3 LULL, permite que o sacador se identifique a si prprio como tomador. 31. 7 Indicao da data e lugar em que a letra passada: Se verificar a falta da data do saque, ter como consequncia a no produo de efeitos daquele ttulo como letra (art. 2 I LULL), se faltar o lugar, vale como lugar aquele que foi indiciado ao lado do nome do sacador (art. 2 IV LULL). 8 Assinatura de quem passa a letra (sacador) O saque o acto gerador da letra, que implica o nascimento da obrigao cambiria do sacador, por essa razo que o sacador tem de assinar a letra. O sacado s assume a obrigao mencionada nesse ttulo (obrigao cambiria) se e quando aceitar a ordem dada pelo sacador, assinando de forma transversal no rosto do ttulo da letra, e esse acto de assinar do sacado que se denomina por aceite que converte o sacado em aceitante da letra (art. 28 LULL). 32. A letra em branco ou incompleta A partir de todos os elementos essenciais enumerados no art. 1 LULL, sobre o suporte mecnico da letra, o ttulo fica completado nos elementos essenciais constitutivos do ttulo letra de cmbio, portanto, esse instrumento, esse ttulo fica a desempenhar a funo para que esse ttulo foi emitido por lei. muito frequente na prtica a emisso de letras que falta um ou mais dos requisitos do art. 1 LULL, conquanto delas conste pelo menos uma assinatura feita com a inteno de contrair uma obrigao cambiria. 33. o que se denomina geralmente de letra em branco (art. 10 LULL) para haver uma letra em branco necessrio que preencha determinados requisitos: 1) Necessrio que o instrumento, contenha j a assinatura de um dos obrigados cambirios; 2) Que haja o acordo prvio de preenchimento dos elementos restantes. A letra em branco em certo sentido uma letra incompleta, porque no contm no momento da sua emisso, de todos os elementos que se deve revestir (art. 1 LULL). A LULL, ao contemplar a letra em branco, denominavaa de letra incompleta (art. 10 LULL). Ou numa acepo mais restrita, as duas designaes, designam realidades distintas: letra em branco, aquela que tem atrs de si um acordo para o preenchimento ulterior da letra de formao sucessiva. Enquanto que na letra incompleta, ttulo incompleto, ttulo nulo, que no poder valer como letra por falta dos elementos essenciais. 34. Os negcios jurdicos cambirios - o saque Negcio jurdico cambirio que cria o ttulo de crdito unilateral, abstracto que prescinde da causa. Esse acto jurdico tem por objecto uma ordem que resulta da letra, ordem que dirigida ao sacado para que esse pague ao tomador ou pague ordem do tomador uma certa quantia. O contedo desse negcio envolve sempre uma promessa que feita pelo sacador de que o sacado obedecer sempre a essa ordem, que o sacado pagar se isso no se verificar, o prprio sacador que assume essa responsabilidade 35. A emisso da letra sempre consubstanciada no saque (ordem de pagamento incondicional). Tem como modalidades (art. 3 LULL): ordem do prprio sacador; Contra o prprio sacador; Por ordem e conta de terceiro. Ao subscrever o saque, o sacador assume todas as obrigaes cambirias referidas no art. 9 LULL, a se estabelece que o sacador o garante tanto na aceitao como do pagamento da letra. O portador que tenha um direito de aco pode pagar-se atravs do saque de uma letra vista, sacada necessariamente sobre um dos co-obrigados, pagvel no domiclio desse co-obrigado o ressaque (art. 52 LULL), habilitar o credor cambirio a realizar imediatamente o seu direito se tiver meio de obter Pode tambm incumbir juros e encargos resultantes do no pagamento da letra. 36. O aceite (arts. 21 a 29 LULL) a declarao de vontade pela qual o destinatrio do saque sacado assume a obrigao cambiria principal, ou seja, a de pagar, data do vencimento, a quantia mencionada na letra a quem for o portador legtimo desta (art. 28 LULL), passando a designar-se como aceitante. O aceite necessariamente escrito e assinado pelo sacado na letra. Exprime-se pela palavra aceite ou outra equivalente, mas considera-se bastante a assinatura do sacado no rosto ou anverso da letra (art. 25 LULL). Usualmente, o aceite feito por assinatura transversal do sacado no lado esquerdo do rosto da letra. O aceite tem de ser puro e simples (art. 26 LULL), no podendo, ser sujeito a qualquer condio ou aditado de qualquer modificao ao contedo da letra, sob pena de se ter como recusado, o que faculta de imediato ao portador exercer o direito de regresso contra os de mais co-obrigados cambirios. Mas da no advm a nulidade do aceite, tendo-se o aceitante por obrigado nos termos da sua declarao. A lei permite, no entanto, que o aceite seja parcial, isto , restrito a uma parte da quantia do saque. Se no for feito o aceite pelo sacado, poder s-lo por outra pessoa: o chamado aceite por interveno, que pode ocorrer devido a uma incumbncia expressa na prpria letra pelo sacador, um endossante ou um avalista (art. 55 LULL), ou espontaneamente, sem incumbncia (art. 56 LULL). 37. Endosso O endosso realiza o que alguns chamam a dinmica da letra. Constitui este acto uma nova ordem de pagamento, dada pelo endossante[ ao sacador para que pague a letra, no vencimento, ao portador, atravs de uma declarao no verso da letra seguida da assinatura. (art. 11 LULL) O endosso deve ser puro e simples (art. 12 LULL). Por vezes, limita-se assinatura do endossante, constituindo ento o chamado endosso em branco (art. 13 LULL). Trs modalidades legtimas de endosso em branco: a) O endosso que contm a ordem de pagamento, a assinatura do endossante, mas omite o nome do endossante;b) O endosso constitudo unicamente pela assinatura do endossante no verso da letra ou folha anexa; c)Endosso ao portador, frmula: pague-se ao portador.A LULL prev que qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e dos endossantes subsequentes (art. 50 LULL). 38. a) Endosso por procurao Quando o endosso contm a meno valor a cobrar ou para cobrana ou por procurao ou quando o endosso contm qualquer meno que implique um simples mandato, o art. 18 LULL, diz que o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas s pode endossar na qualidade de procurador. O mandato no se extingue por morte ou por incapacidade legal que sobrevenha ao mandatrio.b) Endosso em garantia Valor em garantia, valor em penhor, ou quando o endosso contenha qualquer outra expresso que implique uma cauo. O art. 19 LULL, diz que o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso que seja feito por ele, s vale como endosso a ttulo de procurao. Todos os co-obrigados no podem invocar contra o portador, as excepes fundadas sobre as relaes pessoais deles com o endossante, a menos que o portador ao receber a letra tenha procedido conscientemente em deterimento. 39. O aval Constitui um negcio cambirio unilateral, pelo qual um terceiro ou mesmo um signatrio se obriga ao seu pagamento, como garante de um dos co-obrigados cambirios (art. 30, 31 LULL). Na falta de indicao expressa do avalizado, a lei indica supletivamente que o aval valer a favor do sacador (art. 31 LULL). O aval pode respeitar totalidade ou apenas a parte do montante da obrigao do avalizado (art. 30 LULL). O aval uma garantia pessoal, que tem como caracterstica prpria, por no conceder ao avalista o benefcio da excluso prvia, o avalista solidariamente responsvel (art. 32 e 47 LULL) com os outros subscritores posteriores da letra. 40. Pagamento por interveno Pode realizar-se em todos os casos em que o portador de uma letra, aceitvel, tem o direito de aco antes do vencimento (art. 55 LULL). Nas hipteses de recusa total ou parcial do aceite ou nos casos de falncia do sacado (art. 43 LULL).Quando for indicada uma pessoa como aceitante por interveno, o portador da letra, nunca pode exercer o seu direito de aco antes do vencimento contra aquele que indicou essa pessoa e contra os signatrios subsequentes, a no ser que tenha apresentado a letra pessoa designada e que caso esta tenha recusado o aceite, se tenha feito protesto.A LULL, admite expressamente, sobre certas condies a figura da letra no aceitvel, isto , a letra que fica proibida de ser apresentada ao aceite. O art. 22 LULL, estatui que o sacador pode proibir na prpria letra a sua apresentao ao aceite excepto se tratar de uma letra pagvel em domiclio de terceiro, ou de uma letra pagvel em localidade diferente do domiclio do sacado ou de uma letra sacada a termo de vista. 41. Caractersticas da obrigao cambiria a) Incorporao ou legitimao: s o possuidor legtimo da letra pode exercer o direito cartolar ou transmiti-lo, isto , s ele tem legitimao activa; b) Literalidade: o contedo do direito cartolar e da obrigao a ele correspectiva so literais, e consequentemente, no podem ser invocados contra o portador de boa f quaisquer factos ou circunstancias que extingam, modifiquem ou impeam o seu direito, a no ser que transpaream do prprio texto do ttulo. c) Circulabilidade: a letra manifestamente vocacionada para a circulao, como ttulo ordem que , demonstra-o o regime do endosso. 42. d)Autonomia: comporta dois sentidos distintos: Autonomia do direito cartolar (art. 17 LULL): so inoponveis ao portador, as excepes decorrentes das relaes pessoais do obrigado cambirio com os portadores anteriores ou com o sacador. Autonomia do direito sobre o prprio ttulo: significa, que o adquirente do ttulo um adquirente originrio, cujo direito sobre a letra no est sujeito arguio de ser ilegtima a sua posse, em virtude da ilegitimidade de qualquer dos ante possuidores (art. 216 LULL).e) Abstraco: a caracterstica da abstraco da obrigao cambiria diz respeito em face da relao subjacente ou fundamental preexistente. Dois sentidos: 1) Porque no tem causa-funo tpica, antes pode prosseguir uma multiplicidade de causas-funes, inerentes a diversos negcios jurdicos que podem estar na origem da relao subjacente: compra e venda, mtuo, etc. 2) Porque a obrigao cambiria independente da causa, e por consequncia, no sofre as consequncias dos vcios da sua causa, isto , so inoponveis a portador mediato e de boa f as chamadas excepes causais, ou sejam as resultantes de possveis vcios da relao subjacente ou fundamental (art. 17 LULL). f) Independncia recproca: a nulidade de uma das obrigaes que a letra incorpora no se comunica s demais (art. 7 LULL). 43. Vencimento e pagamento da letra A ordem de pagamento que est inscrita numa letra de cmbio surge desde a sua origem histrica dessa letra, marcada por uma dilao de vencimento sobre a data da sua emisso. A lei no art. 33 LULL, diz expressamente que as letras com vencimentos diferentes ou com vencimentos sucessivos, so nulas. As letras so pagveis vista, vencem-se mediante a simples apresentao ao sacado, o que dever ser feito no prazo de um ano a contar da sua data, podendo o sacador aumentar ou reduzir esse prazo e os endossantes encurt-lo (art. 34 LULL). Tambm pode o sacador estabelecer que a letra no seja apresentada antes de certa data, contando-se ento o prazo a partir desta (art. 34 LULL). Na letra a certo termo de vista, o prazo de vencimento conta-se do aceite ou do protesto por falta dele, entendendo-se o aceite no datado como feito no ltimo dia do prazo (art. 35 LULL). Quanto s letras com vencimento em data certa ou a certo termo de data, devero ser apresentadas a pagamento na data do vencimento ou num dos dois dias teis seguintes (art. 38 LULL). 44. Protesto A falta de aceite ou a falta de pagamento devem ser certificadas atravs do protesto: trata-se de um acto jurdico declarativo, no negocial, praticado perante um notrio, destinado a comprovar e a dar conhecimento aos intervenientes na cadeia cambiria da falta do aceite ou do pagamento, bem como a salvaguardar a integridade do direito do portador. H dois protestos diferentes: a) O protesto por falta de aceite: certifica que o sacado se recusou a aceitar a letra que para tal lhe foi apresentada, ou que apenas a aceitou parcialmente; b) O protesto por falta de pagamento: comprova que foi recusado o pagamento da letra para tal apresentada ao sacado e feito contra este, j que, ao aceitar, se obrigou a pag-la no vencimento (art. 44 LULL). 45. Prescrio O direito cartolar est sujeito a prazos de prescrio extintiva, diferentes consoante as posies dos sujeitos cambirios (art. 70 LULL): a) Contra o aceitante, trs anos a contar do vencimento; b) Do portador contra o sacador e os endossantes, de um ano a contar da data do protesto, ou do vencimento quando exista uma clusula sem protesto. c) Dos endossantes contra os outros e contra o sacado, de seis meses a contar da data em que o endossante pagou ou foi accionado. 46. Aces de regresso Todos os subscritores de uma letra so solidariamente responsveis pelo pagamento dela perante o portador, o qual poder accionar todos ou alguns deles, por qualquer ordem, sem prejuzo de poder vir a accionar os restantes. Tem o mesmo direito o subscritor da letra que a tenha pago, quanto aco de regresso (art. 7 LULL). 47. Lei uniforme relativa a Letras e Livranas Estabelecida pela Conveno internacional assinada em Genebra em 7 de Junho de 1930, aprovada em Portugal pelo Decreto-Lei n 23 721, de 29 de Maro de 1934, e ratificada pela Carta de Confirmao e Ratificao, no suplemento do "Dirio do Governo", n 144, de 21 de Junho de 1934. 48. DA EMISSO E FORMA DA LETRA Art. 1.o Requisitos da letra A letra contm: 1.o A palavra letra inserta no prprio texto do ttulo e expressa na lngua empregada para a redao desse ttulo; 2.o O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 3.o O nome daquele que deve pagar (sacado); 4.o A poca do pagamento; 5.o A indicao do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 6.o O nome da pessoa a quem ou ordem de quem deve ser paga; 7.o A indicao da data em que, e do lugar onde a letra passada; 8.o A assinatura de quem passa a letra sacador. 49. Falta de algum requisito Art.. 2.o O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior no produzir efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alneas seguintes: A letra em que se no indique a poca do pagamento entende-se pagvel vista. Na falta de indicao especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domiclio do sacado. As letras sem indicao do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. 50. Modalidades de emisso Art. 3.o A letra pode ser ordem do prprio sacador. Pode ser sacada sobre o prprio sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro. 51. Local de pagamento Art. 4.o A letra pode ser pagvel no domiclio de terceiro, quer na localidade onde o sacado tem o seu domiclio, quer noutra localidade. 52. Contagem de juros Art. 5.o Numa letra pagvel vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular que a sua importncia vencer juros. Em qualquer outra espcie de letra a estipulao de juros ser considerada como no escrita. A taxa de juro deve ser indicada na letra; na falta de indicao, a clusula de juros considerada como no escrita. Os juros contam-se da data da letra, se outra data no for indicada. 53. Divergncia na indicao do valor Art. 6.o Se na letra a indicao da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos e houver divergncia entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso. Se na letra a indicao da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergncias entre as diversas indicaes, prevalecer a que se achar feita pela quantia inferior. 54. Independncia de assinaturas Art. 7.o Se a letra contm assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictcias, ou assinaturas que por qualquer outra razo no poderiam obrigar as pessoas a assinarem a letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigaes dos outros signatrios nem por isso deixam de ser vlidas. 55. Responsabilidade do sacador Art. 9.o O sacador garante tanto da aceitao como do pagamento da letra. O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitao; toda e qualquer clusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento considera-se como no escrita. 56. Violao do acordo na emisso da letra Art. 10.o Se uma letra incompleta no momento de ser passada tiver sido completada contrariamente aos acordos realizados, no pode a inobservncia desses acordos ser motivo de oposio ao portador, salvo se este tiver adquirido a letra de m f ou, adquirindo-a, tenha cometido uma falta grave. 57. DO ENDOSSO Art. 11.o Transmisso da letra Toda a letra de cmbio, mesmo que no envolva expressamente a clusula ordem, transmissvel por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido nas letras palavras no ordem, ou uma expresso equivalente, a letra s transmissvel pela forma e com os efeitos de uma cesso ordinria de crditos. O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitante ou no, do sacador, ou de qualquer outro co-obrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. 58. Modalidades do endosso Art. 12.o O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condio a que ele seja subordinado considera-se como no escrita. O endosso parcial nulo. O endosso ao portador vale como endosso em branco. 59. Forma do endosso Art. 13.o O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve ser assinado pelo endossante. O endosso no pode designar o beneficirio, ou consistir simplesmente na assinatura do endossante (endosso em branco). Neste ltimo caso, o endosso para ser vlido deve ser escrito no verso da letra ou na folha anexa. 60. Efeitos do endosso Art. 14.o O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. Se o endosso for em branco, o portador pode: 1.o Preencher o espao em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa; 2.o Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 3.o Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espao em branco e sem a endossar. 61. Responsabilidade do endossante Art. 15.o O endossante, salvo clusula em contrrio, garante tanto da aceitao como do pagamento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, no garante o pagamento s pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. 62. Legitimidade do portador Art. 16.o O detentor de uma letra considerado portador legtimo se justifica o seu direito por uma srie ininterrupta de endossos, mesmo se o ltimo for em branco. Os endossos riscados consideram-se, para este efeito, como no escritos. Quando um endosso em branco seguido de um outro endosso, presume-se que o signatrio deste adquiriu a letra pelo endosso em branco. Se uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde que justifique o seu direito pela maneira indicada na alnea precedente, no obrigado a restitui-la, salvo se a adquiriu de m f ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave. 63. Endosso por procurao Art. 18.o Quando o endosso contm a meno valor a cobrar (valeur en recouvrement), para cobrana (pour encaissement), por procurao (par procuration), ou qualquer outra meno que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas s pode endoss-la na qualidade de procurador. Os co-obrigados, neste caso, s podem invocar contra o procurador as excepes que eram oponveis ao endossante. O mandato que resulta de um endosso por procurao no se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatrio. 64. Endosso em garantia ou em penhor Art. 19.o Quando o endosso contm a meno valor em garantia, valor em penhor ou qualquer outra meno que implique uma cauo, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele s vale como endosso a ttulo de procurao. Os co-obrigados no podem invocar contra o portador as excepes fundadas sobre as relaes pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. 65. Endosso posterior ao vencimento ou ao protesto Art. 20.o O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cesso ordinria de crditos. Salvo prova em contrrio, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. 66. DO ACEITE Art. 21.o Apresentao a aceite A letra pode ser apresentada, at ao vencimento, ao aceite do sacado, no seu domiclio, pelo portador ou at por um simples detentor. 67. Estipulao de prazo para aceite Art. 22.o O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela ser apresentada ao aceite, com ou sem fixao de prazo. Pode proibir na prpria letra a sua apresentao ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagvel em domiclio de terceiro, ou de uma letra pagvel em localidade diferente da do domiclio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. O sacador pode tambm estipular que a apresentao ao aceite no poder efetuar-se antes de determinada data. Todo o endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixao de prazo, salvo se ela tiver sido declarada no aceitvel pelo sacador. 68. Art. 23.o Apresentao a aceite de letras a termos de vista As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano das suas datas. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes. Art. 24.o Segunda apresentao a aceite O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentao. Os interessados somente podem ser admitidos a pretender que no foi dada satisfao a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador no obrigado a deixar nas mos do aceitante a letra apresentada ao aceite. 69. Forma do aceite Art. 25.o O aceite escrito na prpria letra. Exprime-se pela palavra aceite ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. Quando se trate de uma letra pagvel a certo termo de vista, ou que deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulao social, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que seja a da apresentao. falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve fazer constatar essa omisso por um protesto, feito em tempo til. 70. Modalidades do aceite Art. 26.o O aceite puro e simples, mas o sacado pode limit-lo a uma parte da importncia sacada. Qualquer outra modificao introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. 71. Local de pagamento diverso do domiclio do sacado Art. 27.o Quando o sacador tiver indicado na letra um lugar de pagamento diverso do domiclio do sacado, sem designar um terceiro em cujo domiclio o pagamento se deva efectuar, o sacado pode designar no acto do aceite a pessoa que deve pagar a letra. Na falta desta indicao, considera-se que o aceitante se obriga ele prprio, a efectuar o pagamento no lugar indicado na letra. Se a letra pagvel no domiclio do sacado, este pode, no acto do aceite, indicar, para ser efectuado o pagamento, um outro domiclio no mesmo lugar. 72. Responsabilidade do aceitante Art. 28.o O sacado obriga-se pelo aceite a pagar a letra data do vencimento. Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o sacador, tem contra o aceitante um direito de aco resultante da letra, em relao a tudo que pode ser exigido nos termos dos artigos 48.o e 49.o. da LULL 73. DO AVAL Art. 30.o Garantia do pagamento pelo aval O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia dada por um terceiro ou mesmo por um signatrio da letra. 74. Forma do aval Art. 31.o O aval escrito na prpria letra ou numa folha anexa. Exprime-se pelas palavras bom para aval ou por qualquer frmula equivalente; assinado pelo dador do aval. O aval considera-se como resultado da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador. O aval deve indicar a pessoa por quem se d. Na falta de indicao, entender-se- ser pelo sacador . 75. Responsabilidade do avalista Art. 32.o O dador de aval responsvel da mesma maneira que a pessoa por ele afianada. A sua obrigao mantm-se, mesmo no caso de a obrigao que ele garantiu ser nula por qualquer razo que no seja um vcio de forma. Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra. 76. DO VENCIMENTO Art. 33.o Modalidades de vencimento Uma letra pode ser sacada: vista; A um certo termo de vista; A um certo termo de data; Pagvel num dia fixadoAs letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, so nulas. 77. Vencimento vista Art. 34.o A letra vista pagvel apresentao. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser encurtados pelos endossantes. O sacador pode estipular que uma letra pagvel vista no dever ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentao conta-se dessa data. 78. Vencimento a termo de vista Art. 35.o O vencimento de uma letra a certo termo de vista determina-se, quer pela data do aceite, quer pela do protesto. Na falta de protesto, o aceite no datado entende-se, no que respeita ao aceitante, como tendo sido dado ao ltimo dia do prazo para a apresentao ao aceite. 79. Vencimento a prazo de vista Art. 36.o O vencimento de uma letra sacada a um ou mais meses de data ou de vista ser na data correspondente do ms em que o pagamento se deve efectuar. Na falta de data correspondente, o vencimento ser no ltimo dia desse ms. Quando a letra sacada a um ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se primeiro os meses inteiros. Se o vencimento for fixado para o princpio, meado ou fim do ms, entende-se que a letra ser vencvel no primeiro, no dia quinze, ou no ltimo dia desse ms. As expresses oito dias ou quinze dias entendem-se no como uma ou duas semanas, mas como um prazo de oito ou quinze dias efectivos. A expresso meio ms indica um prazo de quinze dias. 80. Vencimento em dia fixo Art. 37.o Quando uma letra pagvel num dia fixo num lugar em que o calendrio diferente do lugar de emisso, a data do vencimento considerada como fixada segundo o calendrio do lugar de pagamento. Quando uma letra sacada entre duas praas que tm calendrios diferentes pagvel a certo termo de vista, o dia da emisso referido ao dia correspondente do calendrio do lugar de pagamento, para o efeito da determinao da data do vencimento. Os prazos de apresentao das letras so calculados segundo as regras da alnea precedente. Estas regras no se aplicam se uma clusula da letra, ou at o simples enunciado do ttulo, indicar que houve inteno de adoptar regras diferentes. 81. DO PAGAMENTO Art. 38.o Apresentao a pagamento O portador de uma letra pagvel em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve apresent-la a pagamento no dia em que ela pagvel ou num dos dois dias teis seguintes. A apresentao da letra a uma cmara de compensao equivale a apresentao a pagamento. 82. Quitao do pagamento Art. 39.o O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe seja entregue com a respectiva quitao. O portador no pode recusar qualquer pagamento parcial. No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faa meno na letra e que dele lhe seja dada quitao. 83. Pagamento antes do vencimento e no vencimento Art. 40.o O portador de uma letra no pode ser obrigado a receber o pagamento dela antes do vencimento. O sacado que paga uma letra antes do vencimento flo sob sua responsabilidade. Aquele que paga uma letra no vencimento fica validamente desobrigado, salvo se da sua parte tiver havido fraude ou falta grave. obrigado a verificar a regularidade da sucesso dos endossos, mas no a assinatura dos endossantes. 84. Moeda estipulada para o pagamento Art. 41.o Se numa letra se estipular o pagamento em moeda que no tenha curso legal no lugar do pagamento, pode a sua importncia ser paga na moeda do pas, segundo o seu valor no dia do vencimento. Se o devedor est em atraso, o portador pode, sua escolha, pedir que o pagamento da importncia da letra seja feito na moeda do pas ao cmbio do dia do vencimento ou ao cmbio do dia do pagamento. 85. Falta de apresentao a pagamento Art. 42.o Se a letra no for apresentada a pagamento dentro do prazo fixado no artigo 38.o, qualquer devedor tem a faculdade de depositar a sua importncia junto da autoridade competente, custa do portador e sob a responsabilidade deste. 86. Responsabilidade solidria dos intervenientes na letra Art.. 47.o Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra so todos solidariamente responsveis para com o portador. O portador tem o direito de acionar todas estas pessoas, individualmente ou colectivamente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram. O mesmo direito possui qualquer dos signatrios de uma letra quando a tenha pago. A ao intentada contra um dos coobrigados no impede de acionar os outros, mesmo os posteriores quele que foi acionado em primeiro lugar. 87. Direitos do portador Art. 48.o O portador pode reclamar daquele contra quem exerce o seu direito de aco: 1.o O pagamento da letra no aceite ou no paga, com juros se assim foi estipulado; 2.o Os juros taxa de 6 por cento desde a data do vencimento; (Em 2013 em Portugal para as empresas comerciais de 7,75%) 3.o As despesas do protesto, as dos avisos dados e as outras despesas. Se a aco for interposta antes do vencimento da letra, a sua importncia ser reduzida de um desconta. Esse desconto ser calculado de acordo com a taxa oficial de desconto (taxa do Banco) em vigor no lugar do domiclio do portador data da aco. 88. Direitos de quem pagou a letra Art. 49.oA pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus garantes: 1.o A soma integral que pagou; 2.o Os juros da dita soma, calculados taxa de 6 por cento, desde a data em que a pagou; 3.o As despesas que tiver feito. Art. 50.o Entrega da letra e eliminao do endosso Qualquer dos coobrigados, contra o qual se intentou ou pode ser intentada uma aco, pode exigir, desde que pague a letra, que ela lhe seja entregue com o protesto e um recibo. Qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e os endossantes subsequentes. 89. Direito de ressaque Art. 52.o Qualquer pessoa que goze do direito de ao pode, salvo estipulao em contrrio, embolsar-se por meio de uma nova letra (ressaque) vista, sacada sobre um dos coobrigados e pagvel no domiclio deste. O ressaque inclui, alm das importncias indicadas nos artigos 48.o e 49.o, um direito de corretagem e a importncia do selo do ressaque. Se o ressaque sacado pelo portador, a sua importncia fixada segundo a taxa para uma letra vista, sacada do lugar onde a primitiva letra era pagvel sobre o lugar do domiclio do coobrigado. Se o ressaque sacado por um endossante, a sua importncia fixada segundo a taxa para uma letra vista, sacada do lugar onde o sacador do ressaque tem o seu domiclio sobre o lugar do domiclio do coobrigado.