tÍtulo: riscos ambientais: uma anÁlise do adicional...
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Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904
TÍTULO: RISCOS AMBIENTAIS: UMA ANÁLISE DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE ASSOCIADO ASAÚDE OCUPACIONAL E AOS ACIDENTES DE TRABALHOTÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: ENGENHARIAS E TECNOLOGIASÁREA:
SUBÁREA: ENGENHARIASSUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASEINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): WILSON DA SILVA ALVESAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ROBERTA MAGALHÃES MARIANOORIENTADOR(ES):
RISCOS AMBIENTAIS: UMA ANÁLISE DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
ASSOCIADO A SAÚDE OCUPACIONAL E AOS ACIDENTES DE TRABALHO
1. RESUMO
Este estudo visa analisar locais de trabalho e os impactos da exposição aos riscos
ambientais, ou seja, agentes físicos, químicos e biológicos no corpo do trabalhador,
no qual um conjunto de fatores de risco será considerado, como análise clínica e
indicadores ambientais de exposição e efeito, demonstrando que as medidas que
deveriam assegurar a saúde do trabalhador, em seu sentido mais amplo, acabam
por fazer justamente o contrário, degradando a sua integridade física e restringindo
as intervenções do risco diretamente na fonte.
2. INTRODUÇÃO
No Brasil, devido à falta de engajamento das empresas privadas, públicas e órgãos
públicos de fiscalização, ocorrem cerca 9.000 (nove mil) mortes por ano e outras
40.000 (quarenta mil) pessoas tornam-se permanentemente incapazes para o
trabalho devido à ocorrência de aproximadamente 990.000 (novecentos e noventa
mil) acidentes ou doenças de trabalho por ano (PIGNATI,2005), o que causa um
grande impacto sobre a produção e consequentemente na economia do país, já que
os acidentes e doenças resultam em afastamentos e concessões de benefícios
previdenciários a trabalhadores jovens em plena fase produtiva e ainda no caso de
trabalhadores expostos a ambientes de trabalhos insalubres pode resultar em
aposentadoria especial com tempo de contribuição reduzido, gerando ainda mais
custos para o país. Apesar das pesquisas estarem se multiplicando, no Brasil ainda
existem poucos estudos sobre os custos gerados pelos acidentes de trabalho, em
sua maioria, as pesquisas se mostram muitas vezes muito limitadas quando
mencionamos os impactos emocionais e familiares imensuráveis (MACHADO, 1994)
Sendo ainda mais degradante ainda saber que na maioria dos casos a culpa pelos
acidentes e doenças ocupacionais recaem sobre o trabalhador, considerados
concebidos como decorrentes da ignorância e da negligência destes, caracterizando
uma dupla penalização (AREOSA, 2011)
3. Objetivos
3.1. Objetivo geral
Desenvolver um estudo descritivo e exploratório do adicional de insalubridade e
outras técnicas de prevenção garantidas na legislação federal, estadual e municipal,
provando que as medidas que deveriam garantir a saúde do trabalhador, acabam
por fazer justamente o contrário tendo como base o tempo de exposição a
identificação, avaliação e reconhecimento dos riscos ambientais de tipo físico,
químico, biológico e mecânico aos quais os trabalhadores ficam expostos durante
suas atividades laborais. Tendo assim como meta principal aumentar a contribuição
de elementos técnicos utilizados no aprofundamento de investigações e
desenvolvimento de estratégias de controle e prevenção de doenças ocupacionais e
acidentes de trabalho de forma a criar condições para o desenvolvimento das
atividades de forma segura e saudável.
3.2. Objetivos específicos
- Desenvolvimento de estudo descritivo com avaliação de situações dos riscos.
- Instruir os colaboradores das empresas visitadas sobre os riscos existentes.
- Demonstrado aos empregadores e empregados dos locais visitados que o
investimento em medidas de ordem geral, administrativas, de proteção coletiva e de
organização do trabalho para eliminar os riscos ambientais tem custo menor do que
o pagamento de adicional insalubridade e da compra de equipamentos de proteção
individual sem ter antes um estudo das formas acima citadas que eliminariam o risco
sem a utilização de tais equipamentos.
5. Justificativa
Demonstrar a necessidade dos empregadores em oferecer condições
salubres e seguras de trabalho para seus respectivos funcionários. É necessário
sensibilizar a sociedade na busca de melhores condições de segurança do trabalho
em máquinas, além de desenvolver atitudes dos acadêmicos frente aos fatores
humanos na Engenharia.
A necessidade do aumento do cuidado da prevenção de acidentes assim
como a falta da preocupação das fábricas pela saúde ocupacional, adotando de
imediato medidas garantidas pela legislação sem um estudo e implementação
adequados, que na verdade acabam por deteriorar a saúde dos trabalhadores e em
muitos casos ignorando normas tais e a falta da conscientização dos trabalhadores
pela segurança nas atividades laborais tem gerado um grande número de acidentes
nos âmbitos de trabalho no Brasil segundo pesquisas de alguns autores (PIGNATI &
MACHADO, 2005; FREITAS et. al., 2001).
Desta forma é necessário a conscientização exaustiva nas indústrias e
instituições com atividades laborais, com campanhas de incentivo a segurança do
trabalho demonstrando a importância das normas de segurança.
6. Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido através das análises do processo produtivo, do
ambiente e da rotina laboral em diversos e distintos locais de trabalho como
comércio e lixões, seguido de uma coleta de dados enfocando o processo de
produção e sua relação com a saúde dos trabalhadores. Nestes locais são
desenvolvidas atividades com o uso de máquinas e equipamentos que oferecem alto
índice de periculosidade. O locais que na maioria não apresentam suporte do
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT) que inspecionem o ambiente. Foi realizado um estudo do tipo transversal
descritivo de prevalência com levantamento de situações de riscos à saúde. Através
de técnicas da medicina e da engenharia aliadas às das ciências sociais, é possível
avaliar as situações de riscos e inferir os determinantes sócio-técnicos do processo
de saúde (PIGNATI & MACHADO, 2005). Serão elaborados roteiros a fim de uma
checagem das situações dos ambientes laborais visitados.
Foi desenvolvido um mapa de riscos do ambiente de trabalho inspecionado
segundo a portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994 de forma a divulgar e mapear
os riscos existentes. Cada mapa com os respectivos riscos foram fixados na entrada
dos setores, para que cada colaborador ao entrar no ambiente tenha conhecimento
dos riscos existentes.
Para maior detalhamento dos riscos foi elaborado um PPRA (Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais) e PCMSO (Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional) para obter um histórico laboral, facilitando o estudo dos riscos
existentes no ambiente de trabalho de forma qualitativa e quantitativa. As avaliações
de riscos físicos como níveis de ruídos (medida com o uso do decibelímetro), nível
de ruído de impacto, radiações ionizantes, exposição ao calor (Índice de Bulbo
Úmido Termômetro de Globo – IBUTG), umidade e iluminação (utilizando o
luxímetro) serão realizadas segundo as normas NR-15-anexo 01 (Brasil, 2004b). O
agente químico do ambiente de trabalho será quantificado e controlado avaliando o
risco para a saúde com o uso da NR-15 e NR-9 como referência, que determinará os
limites de substâncias aceitáveis. Foram realizados a determinação da
concentração tóxica no ambiente de trabalho utilizando valor limite de exposição
(VLE) (UVA & FARIA, 2000; BERNARD & LAUWERIS, 1989).
Aplicado com uso de questionários aos funcionários, e utilizado mediante
problemas apresentados no âmbito laboral. Adaptado do modelo de história clínico-
ocupacional de Rigotto (1994). Serão avaliados de 30 a 40% do total de
funcionários de cada grupo dos postos de trabalhos.
7. DESENVOLVIMENTO
Verifica-se que as medidas que deveriam assegurar a saúde do trabalhador, em
seu sentido mais amplo, acabam por fazer justamente o contrário, degradando a sua
integridade física e restringindo as intervenções do risco diretamente na fonte.
Parecendo ser contraditório, pode-se citar como exemplo o adicional de
insalubridade e até mesmo a utilização de equipamentos de proteção individual
(EPIs) como primeira opção para a neutralização de um risco ao invés da utilização
de sistemas de proteção coletiva e assim se criando apenas uma prevenção
simbólica (MELO, 2006)
Considera-se adicional de insalubridade uma parcela salarial paga pelas empresas
aos funcionários devido a prestação de um serviço em condições que agravem a
sua saúde, integridade física e psíquica, resumindo, o adicional de insalubridade
significa que o trabalhador irá receber uma porcentagem salarial definida de acordo
com o grau de risco a que está exposto, sendo a percepção do adicional
respectivamente 10%, 20% e 40% incidente sobre o salário mínimo da região,
segundo se classifiquem nos graus mínimo, médio e máximo. Em suma o
pagamento deste adicional serve para que o trabalhador brasileiro perca seu bem
maior que é a saúde. O adicional de insalubridade é cessado com a eliminação do
agente causador dos danos a saúde do trabalhador, toda via, em muitos casos é
mais barato para o empregador manter o funcionário em condições insalubres
deixando-o deteriorar saúde do que investir em sistemas de proteção coletiva.
Assim o trabalho que deveria ter uma função social importante com base na
promoção, e proteção dos cidadãos acaba se tornando um meio de tornar a
sociedade doente, mutilada pelos acidentes e doenças. (OLIVEIRA, 2001)
O adicional de insalubridade é previsto como um “direito” nos termos do artigo 7ª da
constituição da república de 1988:
Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbano e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas na forma da lei;
Segundo Moraes (2005) os riscos ambientais podem ser classificados, de
acordo com a sua natureza, em físicos, químicos, biológicos. O risco químico é
entendido como as substâncias que podem ser nocivas a saúde do trabalhador
como névoas, fumos, solventes, gases ou vapores, que podem causar acidentes ou
doenças durante o transporte, armazenamento ou produção industrial (MORAES,
2004).
São considerados riscos físicos, as diversas formas de energia a que ficam
expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, temperaturas extremas,
radiações ionizantes e radiações não ionizantes (8,9)
Os diversos tipos de microrganismos como vírus, bactérias, protozoários e fungos,
a que ficam expostos os trabalhadores em áreas que envolvem atividades como
cuidado com a saúde, limpeza e tratamentos de efluentes, estão classificados como
riscos biológicos. (MORAES, 2004)
Segundo Oliveira e Murofuse (2001) a saúde ocupacional foi imposta como
uma obrigatoriedade pelo Ministério do Trabalho para todas as empresas. Visa
observar e resguardar a qualidade de vida dos trabalhadores. Entretanto, muitos são
os casos que apontam para falhas dentro das empresas, com a falta da segurança
do trabalho nas atividades de seus respectivos funcionários ou até mesmo a
utilização de equipamentos de proteção individual, sem antes se preocupar com os
equipamentos e sistemas de proteção coletiva. Verifica-se também em muitos casos
o adicional de insalubridade sem a real preocupação anterior de eliminação dos
riscos ambientais
Vários são os casos abordados exaustivamente pela literatura explorando
estes assuntos. Em um trabalho de Freitas e colaboradores (2001) foi abordado os
acidentes de trabalho em plataformas de petróleo da Bacia de Campos, Rio de
Janeiro. Foi observado inúmeras situações de trabalho perigosas resultando em
acidentes de trabalho e, por vezes, em verdadeiras catástrofes.
8. RESULTADOS
Dos resultados apresentados na pesquisa, foi identificado que muitos
trabalhadores desconhecem a periculosidade oferecida no seu respectivo setor de
trabalho ou até mesmo ignoram este fato., e mesmo os que tem conhecimento dos
riscos e problemas a longo prazo, aceitam trabalhar em um ambiente insalubre,
para receber o adicional de insalubridade, devido ao acréscimo no salário ou
simplesmente por medo de ser desligado da empresa.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se ainda que os problemas de condições de segurança tendem a se
agravar e que há a necessidade imediata de os órgãos públicos envolvidos na
vigilância em saúde do trabalhador mudem suas técnicas de investigação de
acidentes e de análise dos ambientes laborais e as legislações que permitem o
pagamento deste adicional, de modo a permitir estratégias de controle e prevenção
mais amplas no seu escopo e impacto. O Brasil ainda em muito que evoluir, quando
se refere a segurança do trabalho. Isso ocorre devido ao uso políticas ineficazes e
inexistentes em países desenvolvidos e que prejudicam cada vez mais a saúde do
trabalhador brasileiro.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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