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A interdisciplinaridade na formação acadêmica de profissionais de saúde: relato de experiência em uma clínica-escola de reabilitação The interdisciplinarity in the health professionals’ academic training: an experience report of a rehabilitation school clinic TÍTULO RESUMIDO: A interdisciplinaridade na formação de profissionais de saúde AUTORES: César Augusto Paro*; Laís Cezarino Moreira**; Marissa Romano da Silva**; Lúcia Figueiredo Mourão**; Rita de Cássia Ietto Montilha** * Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro ** Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

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A interdisciplinaridade na formação acadêmica de profissionais de saúde: relato de

experiência em uma clínica-escola de reabilitação

The interdisciplinarity in the health professionals’ academic training: an experience report of

a rehabilitation school clinic

TÍTULO RESUMIDO: A interdisciplinaridade na formação de profissionais de saúde

AUTORES: César Augusto Paro*; Laís Cezarino Moreira**; Marissa Romano da Silva**;

Lúcia Figueiredo Mourão**; Rita de Cássia Ietto Montilha**

* Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto

de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

** Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

RESUMO: Apesar da discussão acadêmico-científica sobre interdisciplinaridade ter tido

grandes avanços nas últimas décadas, este conceito ainda traz grandes desafios no campo das

práticas dos serviços de saúde. Na Saúde Coletiva e, mais especificamente, na Gestão em

Saúde, o debate sobre a formação de recursos humanos na saúde e a sua intercessão com a

práxis do trabalho tem sido uma problemática emergente. O presente trabalho pretende relatar

e discutir o processo de trabalho/formação em uma clínica de reabilitação vinculada a uma

instituição de ensino superior de São Paulo, buscando trazer contribuições para a reflexão

sobre a formação de profissionais de saúde aptos para atuarem em equipes interdisciplinares.

Para tanto, será realizada descrição e reflexão do processo terapêutico de um sujeito que foi

atendido em um estágio pelos graduandos em Fonoaudiologia durante o ano de 2012, mas

que, devido à complexidade do caso, necessitou ser encaminhado para profissional da Terapia

Ocupacional que atuava como aprimoranda na mesma instituição. A escolha do processo

terapêutico deste sujeito (S.) foi devido a ser um caso emblemático, que fez com que os

profissionais envolvidos neste processo tivessem que adotar uma postura de equipe

interdisciplinar para lidar com a sua complexidade. Mais do que abordar os aspectos

terapêuticos de S., o interesse do presente trabalho é focar no processo formativo dos alunos

de graduação e aprimoramento que estiveram envolvidos nos cuidados prestados a ele. O

processo terapêutico de S. proporcionou aos profissionais envolvidos a adoção de novas

posturas ético-estéticas, posturas estas que fossem condizentes com as reais demandas do

usuário, já que estes profissionais foram induzidos à reflexão sobre a prática em saúde

interdisciplinar, humanizada e comprometida com o cuidado integral à saúde. Esta

experiência aqui descrita demonstra que a aposta numa formação interdisciplinar conflui na

formação de profissionais mais capacitados a trabalharem efetivamente em equipe e a

desenvolver projetos que lidem com a dimensão da pluralidade da vida, sendo que, por

conseguinte, a interdisciplinaridade deve ser estimulada em todos os momentos de formação,

desde a graduação até a pós-graduação.

PALAVRAS-CHAVE: Formação de Recursos Humanos; Equipe de Assistência ao Paciente;

Gestão Clínica.

INTRODUÇÃO

A concretização do ideário de luta da Reforma Sanitária através da implementação do

Sistema Único de Saúde (SUS), legitimado legalmente na Constituição Federal (BRASIL,

1988) e nas Leis Orgânicas da Saúde (BRASIL, 1990a, 1990b), tem colocado para o campo

da formação profissional novos e complexos desafios, além também de ter induzido a

mudanças no que se refere ao ensino de graduação, levando, nos últimos anos, a importantes

processos de capacitação dos profissionais que prestam serviços de saúde.

Buscando qualificar a formação discente e contribuir para a melhoria da assistência

prestada aos usuários do SUS, tem sido elaborada uma nova legislação e implementados

programas específicos que buscam responder às necessidades do setor saúde, tais como o

AprenderSUS (BRASIL, 2004), o Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares das

Escolas Médicas – PROMED (BRASIL, 2002b), o Programa Nacional de Reorientação da

Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde (BRASIL, 2005), o Programa de Educação pelo

Trabalho para a Saúde – PET-Saúde (BRASIL, 2008), entre outros. Além do arcabouço legal

do SUS, esta tem como fonte de inspiração a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(BRASIL, 1996).

Neste processo de mudança, houve a substituição do “currículo mínimo” – em que são

estabelecidos conteúdos mínimos a partir dos quais são construídos os currículos dos cursos

de cada Instituição Formadora – pelas “diretrizes curriculares”, as quais, ao aterem-se no

estabelecimento de competências e habilidades, abriram um leque de possibilidades para

iniciativas que, respeitando a singularidade dos distintos contextos vivenciados pelo SUS,

buscam responder aos complexos desafios postos pelo cotidiano dos serviços de saúde.

A resolução que institui as diretrizes curriculares nacionais dos cursos de graduação na

área da saúde define, por exemplo, princípios, fundamentos, condições e procedimentos para

a formação. Preconiza, entre outros aspectos, que cada profissional deva “assegurar que sua

prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de

saúde”, e que seja capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de

procurar soluções para os mesmos (BRASIL, 2001). Nas Diretrizes Curriculares dos cursos de

Graduação em Fonoaudiologia, por exemplo, o artigo 5° recomenda que os cursos tenham

como objetivo dotar o profissional dos conhecimentos para que este possa “desenvolver,

participar e/ou analisar projetos de atuação profissional disciplinares, multidisciplinares,

interdisciplinares e transdisciplinares” (grifo dos autores) (BRASIL, 2002a).

JUSTIFICATIVA

Apesar da discussão acadêmico-científica sobre interdisciplinaridade ter tido grandes

avanços nas últimas décadas, este conceito ainda traz grandes desafios no campo das práticas

dos serviços de saúde (FURTADO, 2009; MATOS, PIRES, CAMPOS, 2009). Na Saúde

Coletiva e, mais especificamente, na Gestão em Saúde, o debate sobre a formação de recursos

humanos na saúde e a sua intercessão com a práxis do trabalho tem sido uma problemática

emergente. A interdisciplinaridade é vista como uma atual necessidade no cotidiano do setor

saúde, devido às complexas transformações e exigências do trabalho contemporâneo

(BRASIL, 2007). Porém, para que logremos alcançar bons resultados no desenvolvimento de

uma atuação interdisciplinar, faz-se necessário repensar a formação dos profissionais de saúde

(VILELA, MENDES, 2003). Este trabalho, portanto, se justifica na medida em que auxilia na

reflexão sobre as práticas de formação de profissionais da saúde, dando subsídios para

transformações no processo de formação de profissionais mais condizentes com o nosso atual

contexto social, histórico e sanitário.

OBJETIVO

Este presente trabalho pretende relatar e discutir o processo de trabalho/formação em

uma clínica de reabilitação vinculada a uma instituição de ensino superior do interior de São

Paulo, buscando trazer contribuições para a reflexão sobre a formação de profissionais de

saúde aptos para atuarem em equipes interdisciplinares.

REFERENCIAL TEÓRICO

As disciplinas científicas, com o processo de desenvolvimento da especialização,

foram se desenvolvendo de certo modo que, cada vez mais, o saber vem sendo fracionado, ao

ponto do especialista se reduzir àquele que termina por saber cada vez mais sobre cada vez

menos. Neste sentido, o conhecimento interdisciplinar se apresenta como uma forma de

superar o caráter de fragmentação do saber que é, muitas vezes, insuficiente para lidar com a

complexidade do mundo atual e seus desafios (JAPIASSU, 1976).

Na literatura acadêmica, ainda há uma falta de consenso conceitual sobre o termo

interdisciplinaridade (FURTADO, 2007; NUNES, 2002). Minayo (1994) aponta que a

interdisciplinaridade pode ser pensada tanto por meio da racionalidade científica quanto da

articulação, em campos operativos, entre ciência, técnica e política. Esta autora ainda sugere,

a partir de uma perspectiva habermasiana, que a possibilidade de abordagem interdisciplinar

assenta-se num conhecimento como processo racional construído entre a ciência, o mundo

vivido e a prática.

Outros autores defendem que a interdisciplinaridade não se restringe uma mera

justaposição ou adição de diferentes ângulos sobre determinados objetos de análise: trata-se

do encontro de disciplinas que se comunicam umas com as outras, confrontam e discutem as

suas perspectivas, estabelecendo entre si uma interação mais forte, o que exige, na sua

construção, trocas e articulações profundas entre os diferentes elementos participantes

(MENDES, LEWGOY, SILVEIRA, 2008).

Dentro do contexto do setor saúde, Furtado (2009) aponta que o trabalho

interdisciplinar trata-se de um fazer com e entre muitos, ou seja, ação em equipe. Esta forma

de atuação exige a instauração de um ambiente democrático e de estruturas e mecanismos

institucionais que garantam o surgimento, desenvolvimento e manutenção de espaços que

permitam o florescimento de práticas fundadas na cooperação entre saberes e ações.

Apesar da atuação interdisciplinar trazer um aumento da colaboração interprofissional,

o que expande a troca na tomada de decisões clínicas e a integralidade do cuidado, esta

também traz no seu bojo algumas consequências, já que à medida que se aumenta o grau de

colaboração profissional há um decréscimo na autonomia individual, pois a condução de

planos terapêuticos passa a ser negociada entre os seus integrantes – e este processo pode ser

particularmente difícil para alguns sujeitos (FURTADO, 2009).

Campos (2006) propõe pensarmos a questão do trabalho em equipe a partir do

conceito de campo e núcleo. O núcleo seria constituído pelo conjunto de conhecimentos e

atribuições específicas e características de cada profissão/especialidade que ajudam a

construir sua identidade e especificidade. Em contrapartida, o campo teria uma conceituação

situacional e indica aquele conjunto eventual de conhecimentos e tarefas que uma

profissão/especialidade deverá se apropriar para lograr eficácia e eficiência. Deriva-se desta

conceituação que, enquanto o núcleo compõe-se de um conjunto estruturado de conhecimento

e papéis (constituindo as disciplinas), o campo representa uma abertura dessa identidade

cristalizada ao mundo da interdisciplinaridade e da interprofissionalidade.

Partindo destas definições, Campos e Domitti (2007) apostam no apoio matricial e na

equipe de referência como arranjos organizacionais que objetivam ampliar as possibilidades

de realização da clínica ampliada e de uma integração dialógica entre distintas especialidades

e profissões. Estas composições buscam criar possibilidades para operar-se com uma

ampliação do trabalho clínico e sanitário, partindo do pressuposto de que nenhum especialista

de modo isolado poderia assegurar uma abordagem integral. Neste sentido, o apoio matricial e

a equipe de referência são metodologias de trabalho, modos para se realizar a gestão da

atenção em saúde, que “buscam diminuir a fragmentação imposta ao processo de trabalho

decorrente da especialização crescente em quase todas as áreas de conhecimento” (CAMPOS,

DOMITTI, 2007, p. 402). Porém, para que a interdisciplinaridade ocorra de fato e contribua

para aumentar a eficácia das intervenções, estes autores defendem a importância de se

aprimorar a comunicação entre distintos especialistas e profissionais, assim como também

montar um sistema que produza um compartilhamento sincrônico e diacrônico de

responsabilidades pelos casos e pela ação prática e sistemática em conformidade com os

projetos desenvolvidos pelos profissionais da equipe de saúde.

A aposta na perspectiva interdisciplinar se dá pelo fato desta poder possibilitar o

exercício de um trabalho mais integrador e articulado, tanto no que diz respeito à

compreensão dos trabalhadores sobre o seu próprio trabalho, como no que diz respeito à

qualidade do resultado do trabalho (MATOS, PIRES, CAMPOS, 2009).

Investigações sobre a atuação interdisciplinar em equipes de saúde vêm cada vez mais

crescendo na literatura. Buscando propor uma tipologia de trabalho em equipe na saúde,

Peduzzi (2001) identifica que a ideia de equipe pode recobrir tanto a noção de equipe como

agrupamento de agentes, quanto a noção de equipe como integração de trabalhos. Estas

noções resultariam, respectivamente, no que a autora classificou como equipe agrupamento e

equipe integração. Ambos os tipos de equipes teriam em comum a existência de diferenças

técnicas dos trabalhos especializados e a desigualdade de valor atribuído a esses distintos

trabalhos. No entanto, enquanto a equipe agrupamento estaria marcada pela fragmentação,

comunicação externa ao trabalho ou estritamente pessoal e autonomia técnica plena ou

ausência desta, a equipe integração apresentaria articulação consoante à proposta da

integralidade das ações de saúde, uma comunicação intrínseca ao trabalho, existência de um

projeto assistencial comum, flexibilização da divisão do trabalho e autonomia técnica de

caráter interdependente.

Borges, Sampaio e Gurgel (2012), em estudo sobre o trabalho em equipe e

interdisciplinaridade em assistência ambulatorial para pessoas portadoras do vírus da

imunodeficiência humana ou da síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV/AIDS),

analisaram a integralidade da atenção à saúde em três Serviços de Assistência Especializada

em HIV/AIDS (SAE-HIV) na cidade de Recife/PE. Para isso, realizaram análise documental,

observação de campo e entrevista com gerentes dos SAE-HIV, técnicos representantes de

cada categoria profissional, os coordenadores estadual e municipal do programa de Doenças

Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS e usuários vinculados às unidades pesquisadas.

Como resultado, os pesquisadores encontraram alguns problemas em relação à equipe

interdisciplinar, como a estrutura física, pois, apesar desta estar geralmente de acordo com o

que é preconizado em documentos oficiais, não existiam espaços designados às atividades

coletivas, incluindo reuniões de equipe, o que favorece um modelo de atenção que prioriza

atendimentos individualizados e não à interação em equipe. Outro problema encontrado foi

que nenhum dos serviços apresentava uma equipe mínima satisfatória, comprometendo o

processo de trabalho com sobrecarga de atendimentos e dificuldade de participação em

atividades coletivas. Os sujeitos entrevistados ressaltaram a importância da assistência

integral, que leva a visão do usuário como um todo e a articulação da equipe. Desse modo,

concluiu-se que mesmo com o atendimento por equipes com distintos profissionais, os

trabalhos desenvolvidos nos SAE estudados são fragmentados, não direcionando o trabalho

em equipe no sentido da integralidade.

Já a pesquisa de Loch-Neckel et al. (2009) teve como objetivo apontar as principais

dificuldades encontradas pelas equipes dos Programas de Saúde da Família (PSF) para a ação

interdisciplinar na Atenção Básica. Para tanto, foram entrevistados médicos, enfermeiras e

odontólogos, que são alguns dos profissionais legalmente incluídos na equipe mínima do PSF.

Os profissionais inseridos em unidades com equipe ampliada relataram que quando há outros

profissionais para quem possam encaminhar os pacientes, a necessidade de atendimento da

população é suprida. Já os profissionais das unidades com apenas a equipe mínima do PSF

apontaram sobrecarga e a não realização do acolhimento por falta de profissionais. Os autores

concluíram que nas unidades que continham somente a equipe mínima do PSF os usuários

não são atendidos em todas suas necessidades, pois estas abrangem todas as áreas da saúde, o

que mostra a necessidade do profissional ultrapassar sua formação e detectar outras áreas com

as quais possa estabelecer conexões.

MÉTODO

Este trabalho trata-se de um relato de experiência que pretende descrever e refletir

sobre a vivência dos pesquisadores (estagiários, pós-graduando e supervisoras de um centro

de reabilitação) com o processo de trabalho/formação em equipe interdisciplinar.

O Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto

(CEPRE) é uma unidade vinculada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP) que tem por finalidade o ensino, pesquisa e

assistência, atuando na habilitação e reabilitação nas áreas das deficiências sensoriais (visual e

auditiva), além de habilitação/reabilitação de sujeitos com demandas fonoaudiológicas.

Partindo do pressuposto da indissociabilidade existente entre ensino-pesquisa-extensão

(MARTINS, 2008), o CEPRE congrega atividades teóricas e práticas na Graduação (como no

Curso de Fonoaudiologia) e na Pós-Graduação (como, no nível Stricto Sensu, no Curso de

Mestrado em “Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação”, e, no nível Lato Sensu, em doze

Programas de Aprimoramento Profissional e Residência Multiprofissional em Saúde). Esta

unidade está vinculada a rede do Sistema Único de Saúde de Campinas/SP realizando ações

no nível secundário de atenção à saúde. O corpo docente-assistencial deste Centro congrega

profissionais de diversificadas áreas, como fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia,

serviço social, arte-educação, linguística, fisioterapia, pedagogia, nutrição e enfermagem, que,

por sua vez, possuem formação em distintas especialidades dentro destas áreas.

Nas atividades do curso de Fonoaudiologia realizadas no CEPRE, há o “Estágio em

Avaliação e Terapia Fonoaudiológica”, que visa oferecer aos graduandos o cuidado ao sujeito

portador de algum(ns) distúrbio(s) fonoaudiológico(s), como alteração de fala/linguagem,

motricidade orofacial e/ou voz.

Neste trabalho, será realizada a descrição/análise do processo terapêutico de um

sujeito que foi atendido no interior deste estágio pelos graduandos em Fonoaudiologia durante

o ano de 2012 (de fevereiro a dezembro), mas que, devido à complexidade do caso, necessitou

ser encaminhado para profissional da Terapia Ocupacional que atuava como aprimoranda da

referida instituição.

A escolha do processo terapêutico deste sujeito (será utilizado a sigla “S.” para referir-

se a ele) foi escolhida por ser um caso emblemático, que fez com que os profissionais

envolvidos neste processo tivessem que adotar uma postura de equipe interdisciplinar para

lidar com a sua complexidade. Mais do que abordar os aspectos terapêuticos de S., o interesse

deste presente trabalho é focar no processo formativo dos alunos de graduação/aprimoramento

que estiveram envolvidos nos cuidados prestados a S..

O nome e dados pessoais deste sujeito serão preservados na descrição, garantindo

anonimato e confidencialidade de suas informações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

S., 32 anos, sexo feminino, solteira, morava com a mãe e duas irmãs em uma cidade

do interior de São Paulo. Em 2006, sofreu um acidente automobilístico, que teve como

consequência um traumatismo crânio-encefálico no lado direito com provável lesão coronal

difusa. Devido a isso, S. entrou em coma e necessitou ser submetida à traqueostomia. No

início de 2009, passou por cirurgia de laringotraqueoplastia por apresentar estenose subglótica

completa. Antes do acidente, S. trabalhava como técnica de enfermagem em um hospital de

sua cidade e fazia uso de substâncias psicoativas, como álcool, cigarro e maconha.

S. iniciou os atendimentos fonoaudiológicos no CEPRE no final de 2009, com queixa

de voz grave, rouca e cansaço ao falar. Na avaliação otorrinolaringológica, consta a hipótese

diagnóstica de “paresia paramediana de prega vocal esquerda e coaptação completa” (sic

avaliação otorrinolaringológica). A avaliação fonoaudiológica de sua voz sugeriu como

hipótese diagnóstica disartrofonia atáxica, que se trata de um comprometimento de origem

neurológica que causa desvio na fonação e articulação dos sons da fala, podendo coexistir

alterações da respiração, ressonância e prosódia. Por se tratar de um comprometimento

causado por lesão cerebelar, pode ainda também apresentar ritmo de fala irregular, velocidade

lenta, extensão vocal e força excessiva e tensão muscular reduzida (BEHLAU, 2005).

Inicialmente, S. era atendida em dupla, porém, observou-se que ambas pacientes demandavam

um trabalho individual, adotando-se o atendimento individual desde agosto de 2012.

No primeiro semestre de 2010, observou-se “grande ansiedade e comprometimento de

aspectos motores” (sic relatório interno CEPRE), sendo encaminhada ao atendimento de

terapia ocupacional do Centro. Nos atendimentos individuais em terapia ocupacional, foram

observados déficits motores globais (como marcha e equilíbrio dinâmico) e de coordenação

motora fina, o que compromete a realização de atividades de vida diária (básicas e

instrumentais), trabalho e lazer, empobrecendo seu repertório de atividades, além disto, por

meio de seus relatos era possível identificar baixo interesse em realizar atividades sociais,

uma rede de suporte fragilizada, atitudes e falas referentes à baixa autoestima.

S. apresentava-se como uma pessoa muito alegre e esperançosa, sempre demonstrando

sua adesão ao tratamento. Apesar de, constantemente, procurar expor suas dificuldades e

aflições, os episódios de abatimento pessoal e de ansiedade diminuíram durante os anos de

atendimento.

A partir da observação clínica em relação a um déficit cognitivo flutuante, com

episódios de dificuldade no reconhecimento de pessoas e ambientes, em relacionar lugares,

nomes e situações vivenciadas, S. relatou que, devido a todas as dificuldades e problemas que

vinha enfrentando em seu ambiente familiar, havia voltado a fazer uso de substâncias

psicoativas e solicitou o apoio da equipe. Clinicamente, isso fez com que o sujeito

apresentasse estagnação e até piora do quadro nos aspectos fonoaudiológicos. Com seu

consentimento e desejo, foi encaminhada ao Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA)

do Hospital das Clínicas da UNICAMP. Buscando dar maior apoio para S. neste momento,

um dos estagiários se disponibilizou a acompanha-la no primeiro atendimento no ASPA, indo

por diversas vezes ao ambulatório nos horários que foram agendados. Entretanto, ela nunca

compareceu alegando motivos pessoais e operacionais. Sempre que necessário, era orientada

quanto à importância de tal acompanhamento para sua saúde e esclarecida sobre a relação

entre uso de drogas e déficit cognitivo. Sua família era, constantemente, acionada para

participar de atendimentos e diálogos próximos à equipe com o objetivo, dentre outros, de

fortalecer a rede de suporte de S. e corresponsabiliza-lo no tratamento de seu familiar.

O encaminhamento para profissionais que estivessem capacitados a trabalhar com a

questão de substâncias psicoativas fez-se necessário, uma vez que o uso destas substâncias

estava tendo impactos negativos à saúde de S. e somente a atuação dos profissionais que lhe

estavam atendendo no CEPRE (fonoaudiologia e terapia ocupacional) era insuficiente para

trabalhar com estas novas demandas. Os profissionais do centro de reabilitação tiveram o

cuidado em acolher esta nova demanda trazida pelo sujeito e compreender a situação de

vulnerabilidade de S., além de esclarecer os impactos da retomada destes hábitos à sua saúde,

mas isso por si só não era suficiente. Era importante, portanto, o envolvimento de novos

saberes disciplinares, ou seja, o incremento de outros núcleos profissionais (como o do

psiquiatra e psicólogo) para que esta necessidade de saúde fosse contemplada e o manejo

clínico mais adequado fosse tomado. Talvez se estes profissionais habilitados no tratamento

de substâncias psicoativas estivessem contemplados na equipe do CEPRE a adesão da

paciente poderia ter sido facilitada, visto que o ASPA só funcionava em um horário específico

durante a semana, o que demandava a paciente se deslocar para Campinas mais um dia da

semana. Este pode ter sido um fator coadjuvante na não-adesão dado que a paciente morava

em outra cidade e demorava de uma hora e meia a duas horas de viagem para chegar aos

serviços de saúde da UNICAMP.

Após avaliação e discussão do caso, realizada pelos profissionais envolvidos,

concluiu-se que os atendimentos não estavam promovendo evolução, sendo possível observar,

até mesmo, a regressão dos aspectos trabalhados. Sendo assim, optou-se por interromper os

atendimentos no CEPRE. S. foi encaminhada, com seu consentimento e vontade em continuar

atendimentos, à profissionais de sua cidade.

Para tanto, os profissionais envolvidos com S. acionaram a assistente social do CEPRE

para auxiliar no processo de encaminhamento de S. para os serviços de saúde de sua cidade de

origem, levando em conta a necessidade de continuidade do acompanhamento nas áreas que

ela já realizava ali (fonoaudiologia e terapia ocupacional), além também de auxílio de

profissionais de saúde mental que pudessem atuar nas questões relativas ao uso de substâncias

psicoativas.

Em todo o percurso de construção e ampliação da terapêutica de S. encontra-se a

comunicação entre os profissionais envolvidos. Sem a aproximação e a discussão das

proposições, o trabalho interdisciplinar não teria alcançado seu objetivo principal: o cuidado à

saúde de forma integral. Segundo Minayo (1994), o diálogo leva os profissionais à busca do

aprofundamento de suas disciplinas e a uma complementaridade de conceitos, construindo e

ampliando um saber que supera o original.

No caso deste processo aqui discutido, os espaços de diálogos eram constantes: havia

desde o momento da supervisão de estágio dos graduandos de fonoaudiologia para a

discussão do caso com as supervisoras (sendo que, por diversas vezes, a terapeuta

ocupacional que atendia a paciente era convidada a participar deste momento), até momentos

em que os estagiários e a aprimoranda se encontravam para conversar sobre o paciente,

buscando construir um projeto terapêutico para S., a partir das trocas de impressões e

informações. Estes espaços de diálogo entre os profissionais são essenciais para a busca de

um horizonte clínico comum e uma abordagem mais integradora. Muitas vezes, em diversas

instituições de saúde, esta troca de informações entre os profissionais ainda se restringe pelo

prontuário, que apesar de se tratar de um recurso importante, não promove uma prática

comunicativa eficiente entre os distintos profissionais.

É importante ressaltar que a atuação interdisciplinar, porém, não se restringia somente

às discussões com mera troca de informações entre os membros da equipe: as definições dos

objetivos terapêuticos de cada um dos profissionais envolvidos foram realizadas de modo

integrado entre eles. Isto demonstra que é possível que cada profissional atue sobre a sua

especificidade/núcleo profissional com ações integradas e objetivos comuns com os outros

membros da equipe, levando sempre em conta os benefícios ao sujeito que está sendo alvo

desta prática. Houve, inclusive, determinadas situações em que os terapeutas desenvolveram

atendimento em conjunto (paciente e seus terapeutas), dado que foi avaliada a importância

desta ação naquele momento.

No processo de formação de profissionais com habilidades de trabalho capazes de

atuar em equipe interdisciplinar, torna-se fundamental saber respeitar os núcleos de saberes

distintos e saber dividir campos de conhecimento, respeitar limitações, estar aberto a

sugestões, críticas, saber ouvir, buscar a reflexão, ser humilde e ético (SAUPE et al., 2005).

O trabalho interdisciplinar desconstrói formas de agir e pensar, configurados na clínica

multidisciplinar, levando ao estabelecimento de novas formas de relacionamento e

desfavorecendo uma hierarquia postulada entre superior/inferior, profissionais/pacientes. Esta

nova organização do trabalho, própria da interdisciplinaridade, distancia ações isoladas,

fragmentadas e, por vezes, desconexas, fortalecendo o conceito de equipe em uma busca

constante por consenso e diversidade de ações (COSTA NETO, 2000; FURTADO, 2007;

MATOS, PIRES, CAMPOS, 2009). A identificação da equipe enquanto unidade, e sua

construção como tal, se dá a partir de acertos e erros, identificando suas dificuldades nas

ações coletivas (SAUPE et al., 2005).

O espaço interdisciplinar, assim como vivenciado nesta experiência, deve possibilitar a

expressão das subjetividades disciplinares e suas articulações, englobando em seu diálogo o

sujeito alvo das ações. Seus saberes e suas ações - tão complexos, mas tão fragmentados -

devem unir-se aos saberes e ações das disciplinas envolvidas para que haja a construção de

um objetivo comum (MATOS, PIRES, CAMPOS, 2009).

A prática interdisciplinar, da maneira como deve ser, leva à humanização do

atendimento, à integralidade do olhar e equidade nas ações, favorecendo grandes objetivos,

princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde preconizado pela Reforma Sanitária

Brasileira. A interdisciplinaridade olha para o sujeito em sua multidimensionalidade,

enquanto um ser cultural, histórico, social e individual, sendo assim, sua atuação parte do

acolhimento até a referência, ou contra referência, do sujeito na rede de saúde disponível,

passando pelo trabalho em equipe efetivo, pela escuta das necessidades e definição dos

objetivos terapêuticos. A participação do sujeito nas decisões e no planejamento da

terapêutica faz com que se coloquem como agentes de sua vida, devolvendo-lhes seu

protagonismo, empoderando-os de um saber subjetivo – o qual também compõe o saber da

equipe interdisciplinar. Não menos importante, a família deve participar ativamente e ser

corresponsabilizada pelas ações, uma vez que constitui a rede de suporte permanente daquele

sujeito em processo de adoecimento (MATOS, PIRES, CAMPOS, 2009).

Identifica-se que o enfoque dado nesta vivência clínica também teve resultados

positivos na conquista da integralidade, visto que a atuação da equipe com base num caráter

interdisciplinar possibilitou a detecção das necessidades, assim como o provimento de

cuidados de maneira mais efetiva, completa e ampliada a S. (PINHEIRO, MATTOS, 2006).

A possibilidade desta atuação com enfoque interdisciplinar relatada anteriormente é

resultante de uma formação que previamente sensibilizou estes profissionais para

desenvolverem esta perspectiva de atuação.

Levando em conta que a saúde é uma área eminentemente interdisciplinar,

concordamos com a proposição de Vilela e Mendes (2003) que apostam na integração de

disciplinas no âmbito dos cursos que preparam recursos humanos para atuar no campo como

forma de se formar profissionais mais comprometidos com a realidade de saúde e com a sua

transformação. Porém, a criação de disciplinas que congregam dois ou mais cursos por si só

não são suficientes: a interdisciplinaridade deve ser proposta como um eixo transversal que

perpassa toda a matriz curricular destes futuros profissionais.

Na realidade do curso de Fonoaudiologia da UNICAMP, a interdisciplinaridade é um

princípio básico de todo o currículo, havendo desde disciplinas que são focadas nas questões

teóricas sobre a interdisciplinaridade (como a disciplina “A Interdisciplinaridade na

Reabilitação das Deficiências Sensoriais”), disciplinas teórico-práticas realizadas em conjunto

com outros cursos (como a disciplina “Atenção à Saúde no Brasil” e “Promoção e Prática em

Saúde Comunitária”, ambas realizadas com os graduandos da Medicina), até disciplinas

práticas que congregam docentes de distintas áreas (como os “Estágios em Avaliação e

Terapia Fonoaudiológica”, que tem profissionais da Fonoaudiologia, Linguística, Pedagogia,

Psicologia e Terapia Ocupacional como supervisores). Além disso, os graduandos têm a

possibilidade de atuar em equipe interdisciplinar no interior das atividades de estágio, dado o

estímulo ao contato com os outros profissionais/estagiários que fazem parte da equipe

profissional da clínica-escola.

Compondo as possibilidades de formação em saúde, a UNICAMP oferece cursos de

Pós-Graduação em diversos núcleos de saberes, como o programa de treinamento em serviço

para profissionais da saúde, não médicos, à nível de Pós-Graduação Lato Sensu, dentre eles o

Aprimoramento Profissional em Terapia Ocupacional. As práticas deste programa de Terapia

Ocupacional acontecem, principalmente, no CEPRE/FCM, dividindo o espaço físico com a

Graduação de Fonoaudiologia e outros programas de aprimoramento. A proximidade física

não garantiria sozinha a ação interdisciplinar entre os profissionais e estagiários envolvidos

não fosse o incentivo político-pedagógico (tanto da Graduação quanto da Pós-Graduação

desta instituição) e a sensibilização da equipe frente às problemáticas vivenciadas pelos

sujeitos que procuram o serviço.

As ações interdisciplinares do caso apresentado aconteceram, naturalmente, inseridas

na rotina da clínica. A formação (em constante processo de aprimoramento) dos profissionais

envolvidos foi fundamental para o engajamento de todas as partes em benefício de um bem

comum: a qualidade de vida de S..

Por fim, acredita-se que a integração entre distintos profissionais durante a prática da

graduação e pós-graduação, a diversificação do corpo docente e a existência de disciplinas

que figurem o processo interdisciplinar são importantes recursos para lograr uma formação

interdisciplinar.

A complexidade de S. e de suas demandas fizeram com que os estagiários e a

aprimoranda que a estavam atendendo tivessem de criar novas dinâmicas que buscavam

superar a fragilização da vida no seu cotidiano, quebrar “especialismos” e explorar novas

possibilidades no processo de fazer/produzir saúde. Esta vivência foi bastante desafiadora,

complexa e construtiva, auxiliando no entendimento das possibilidades, potencialidades e

limites da inserção em equipe interdisciplinar.

O processo terapêutico de S. proporcionou aos profissionais envolvidos a adoção de

novas posturas ético-estéticas, posturas estas que fossem condizentes com as reais demandas

do usuário, já que estes profissionais foram induzidos à reflexão sobre a prática em saúde

interdisciplinar, humanizada e comprometida com o cuidado integral à saúde.

A experiência aqui descrita demonstra que a aposta numa formação interdisciplinar

conflui na formação de profissionais mais capacitados a trabalharem efetivamente em equipe

e a desenvolver projetos que lidam com a dimensão da pluralidade da vida, sendo que, por

conseguinte, a interdisciplinaridade deve ser estimulada em todos os momentos de formação,

desde a graduação (incluindo as disciplinas básicas/teórico-práticas, para além das disciplinas

práticas) até a pós-graduação. Ademais, ressalta-se a importância de existirem espaços de

diálogos (institucionalizados ou não) entre os profissionais da equipe para que seja possível o

estabelecimento de uma prática comunicativa e buscar uma abordagem clínica mais

integradora.

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