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1 Título do projeto: 08 de março: Olhar de Gênero através da mídia. Discente: Luciana Ferreira dos Santos Curso de Ciencias Sociais- 2ª Ano- Noturno Docente: Drº Rodrigo Czajka Disciplina: Metodos e Tecnicas Sem orientador.

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Título do projeto:

08 de março: Olhar de Gênero através da mídia.

Discente: Luciana Ferreira dos Santos

Curso de Ciencias Sociais- 2ª Ano- Noturno

Docente: Drº Rodrigo Czajka

Disciplina: Metodos e Tecnicas

Sem orientador.

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Sumário

Titulo: 08 de março: Um olhar de gênero através da mídia.

Resumo........................................................03

Introdução .................................................04

Justificativa...............................................06

Objetivo.....................................................06

Material e Métodos....................................06

Plano de Trabalho......................................07

Forma de analises de Resultados...............08

Resultados e Discussão................................14

Referências bibliográficas...........................15

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Resumo

Este trabalho irá analisar recortes de jornal do município de Marilia-SP, na data do 08

de março Dia Internacional da Mulher do ano de 2014, a questão é de se problematizar

sobre a concepção de pensamento da sociedade sobre esta data, considerada importante

pelas lutas de classes entre as mulheres trabalhadoras do Sec. XIX e XX.

A data foi proposta em 1910 por Clara Zetkin, uma feminista alemã, membro do partido

comunista que propôs a comemoração ao dia internacional da mulher no II Encontro

Internacional de Mulheres Socialistas, que só veio a ser consolidar em 1975 através da

ONU que institucionalizo a data do 08 de março como sendo o Dia Internacional da

Mulher.

Segundo Eva Blay, que faz a crítica a forma como o capitalismo se aproprio desta data,

distorcendo a história de lutas pela igualdade de homens e mulheres operários na

metade do sec. XIX e XX, sendo que hoje é de uso meramente comercial e de consumo,

sendo assim é através da mídia, que se criam e reafirmam as ideias conservadoras e

moralistas do pensamento dominante com relação a mulher, construindo estereótipos

de beleza e estética da mulher, tratando com discriminação e inferiorização do gênero

feminino, reafirmando o preconceito racial a submissão e a relação de poder através da

opressão patriarcal.

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Introdução

O 08 de março é uma data de comemoração ao dia Internacional da Mulher, mas

atualmente é representado com cunho comercial e de consumo pelo capitalismo, com

olhar das representações românticas e valorização dos papéis sociais da mulher como

“ser uma boa” mãe e uma “boa esposa” reprodução feita através do pensamento

patriarcal.

Segundo Eva Blay a data deveria ser relembrada pelas reivindicações políticas entre a

lutas das mulheres, trabalhadoras que resultaram em greves e passeatas no século XIX e

no início do século XX. Nos países que se industrializavam, o trabalho fabril era

realizado por homens, mulheres e crianças, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de

seis dias inteiros e frequentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram

de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os proprietários tratavam as

reivindicações dos trabalhadores como uma afronta, operárias e operários considerados

como as “classes perigosas”

O incêndio relacionado ao Dia Internacional da Mulher que ocorreu no dia 25 de março

de 1911, nos EUA, na fábrica têxtil “Triangle Shirtwaist Company” (Companhia de

Blusas Triângulo), empregava 600 trabalhadores, a maioria mulheres imigrantes judias e

italianas, com idade entre 13 e 23 anos. Mas a fumaça e o fogo se expandiram, e muitos

trabalhadores pularam das janelas para a morte. Algumas mulheres morreram nas

próprias máquinas. Houve 146 vítimas fatais, sendo 125 mulheres e 21 homens. No

funeral coletivo ocorrido dia 5 de abril compareceram cerca de 100 mil pessoas.

No local do incêndio está construída uma parte da Universidade de Nova York, onde

consta a inscrição: "Neste lugar, em 25 de março de 1911, 146 trabalhadores perderam

suas vidas no incêndio da Companhia de Blusas Triangle.(Blay)

Segundo Eva Blay, é muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle

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tenha se incorporado ao imaginário coletivo da comemoração do Dia Internacional da

Mulher pela luta por elas travada. Mas o processo de instituição de uma data

comemorativa já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e européias há

alguns tempo, e foi confirmado com a proposta de Clara Zetkin em 1910.

Clara Zetkin (1857-1933), alemã, membro do Partido Comunista Alemão, deputada em

1920, militava junto ao movimento operário e se dedicava à conscientização feminina

ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagem,

em 1910, Clara Zetkin propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher sem definir

uma data precisa. (Blay)

É uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que

as diferenças biológicas sejam respeitadas mas não sirvam de pretexto para subordinar e

inferiorizar a mulher. (Blay)

A ONU instituiu, em 1975, o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher, mas

segundo Eva Blay os velhos preconceitos permaneceram nas entrelinhas. Um deles

talvez seja a confusa história propalada do 8 de Março, em que um anti-americanismo

apagava a luta de tantas mulheres, obscurecendo até mesmo suas origens étnicas.

Para este trabalho iremos analisar as propagandas em jornais impressos sobre o Dia 08

de Março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, observando a

importância histórica desta data e as contradições que se reproduzem através desses

veículos de comunicação destorcendo o papel da mulher na sociedade.

Segundo Cruz, pesquisadora da UFBA, esta aponta que a mídia tem despertado um

crescente interesse de estudo, análises e reflexões no meio acadêmico onde se vive em

um mundo visual, em uma sociedade de imagens, em uma cultura da mídia. Portanto é

relevante para quem vive imerso em uma sociedade da mídia e consumo, aprender a

conviver neste ambiente midiático, aprendendo como entender, interpretar e criticar os

seus significados e imagens, resistindo a sua manipulação.

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Para a pesquisadora as propagandas são formas simbólicas produzidas pela mídia,

nessas propagandas existem representações que são construídas e transmitidas que

legitimam a ideologia dominante.

Justificativa:

Desnaturalizar esta concepção comercial e consumidora do Dia Internacional da Mulher

que através dos jornais locais se reafirmam o papel da mulher dentro do pensamento

dominante onde se prevalece a “moral e os bons costumes”, as mulheres ainda são

representações dentro desta sociedade como cuidadoras, responsáveis pela família,

tendo papel social de ser mãe e esposa, o “sexo frágil” e possuir o dom da delicadeza,

que além destas características de submissão patriarcal, se reproduz a discriminação do

gênero e o racismo, através das propagandas do 08 de março.

Objetivos: Analisar as propagandas de jornais sobre o tema do dia 08 de março, discutir

as ideias e representações sobre a imagem da mulher, debater sobre as concepções da

classe dominante e do pensamento patriarcal sobre as mensagens ou frases dessas

propagandas relacionadas ao Dia Internacional da Mulher.

Material e Métodos

Referencial bibliográfico está baseado em leituras de textos marxistas, que buscam uma

reflexão mais aprofundada sobre as relações de gênero dentro das contradições do

capitalismo.

O material a ser analisado são recortes de jornais, em especifico o “Jornal da Manhã”,

(jornal impresso) do município de Marilia, na data do dia 08 de março do ano de 2014,

data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

O acesso a este material para ser analisado, foi através da Câmara Municipal de

Marilia/ Biblioteca de Registros Históricos do Município.

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Plano de trabalho

Trata-se do cronograma de pesquisa. Como estamos falando em TCC ou IC,

convém pensar um cronograma de pesquisa de 12 meses, podendo prorrogar por

mais 12 meses. Se fosse mestrado, o cronograma seria de 24 meses e se fosse

doutorado, um cronograma de 48 meses. Exemplo de cronograma (outros

detalhamentos podem também constar):

s

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s

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s

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Revisão

bibliográfi

ca

x X x X

Análise de

fontes x X x X X

Entrevista

s x X X

Redação X X x x x x x

Reuniões

com

orientador

x X x X x X X x x x x x

Relatório

final de

pesquisa

x x

8

Forma de análise de resultados:

Dividi-se por três seguimentos: 1ª (P) Pessoa física ou Pessoa Publica 2ª Sindical (S),

3ª Empresarial (E)

1ª- Pessoa Física ou Publica (P)

Figura 01- Srº João Carlos Polegato e Esposa Elma- Diretor do DAEM-

(Departamento de Agua e Esgoto de Marilia)

Fonte: Jornal da Manhã, 2014.

Figura 02: Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Marilia. Eng.ª

Eduardo Nardi e

esposa Isabel.

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Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014.

Figura 03: Antônio Augusto Ambrósio “Tato” e Laíde

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014

Figura 04: Dr Hiroshi Nakano e Sônia

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Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014.

2ª- Sindical (S)

Figura 01- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marilia

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014

Figura 02: Sindicato dos Aposentados-Presidenta Maria Emilia Padovani F.

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Fonte: Jornal da

Manhã de

Marilia,

2014

Figura 03: Sindicato dos Trabalhadores da Industria Alimentação de Marilia

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia

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Empresarial: (E)

Figura 01: Empresa Eduardo Jóias

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia

Figura 02: Rayes Arquitetura

Figura 03: Zevel Ford

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia,2014

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Figura 04: MERCOSISTEM

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia, 2014

Figura 05: Contabil Gélamo

Fonte: Jornal da Manhã de Marilia

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Resultados e Discussão:

Observou-se que o material de um modo geral com relação ao gênero feminino,

percebe-se que mesmo as representações de classe (empresarial e trabalhadores)

ou representantes de órgãos de gestão pública e legislativo reproduzem uma

concepção de “Ser Mulher” (Simone Beavour) que está presente na sociedade

desde formação da origem origem da Familia, da Propriedade Privada e do

Estado (Engles), que é essa condição da mulher em exercer os papéis de mãe,

esposa além de características que formam que moralmente o seu

comportamento e reforçam que o gênero feminino deve ser doce, belo e frágil

como uma “flor delicada” também a simbologia das flores e das cores rosa e

lilás determinante para definição do sexo onde se determina a orientação do sexo

como sendo feminino e masculino, por exemplo: mulheres ganham flores, a cor

rosa é feminino o azul é masculino.

Há também de se observar que a representação da esposa na imagem sempre ao

lado dos seus maridos, de modo que ficam inferiores, ou diminuídas,

configurando a ideia de subordinação e submissão, ao mesmo tempo que o

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homem enquanto marido mantém o seu sobrenome enquanto a sua esposa na

imagem se utiliza apenas o apelido ou primeiro nome, percebe-se na fotografia

que a imagem da mulher está menor que a do homem ou seja dando a ideia que

“Por traz de um grande homem existe uma grande mulher”.

Com relação a representação da mulher negra, observa-se que em nenhuma

imagem se explora a cor da pele negra nas propagandas, e sim as imagens de

mulheres bens vestidas, sucedidas, e de cor branca.

As mensagens trouxeram à tona a relação de opressão e submissão ao gênero

feminino, o seu lugar e papel na sociedade, através de ideias machistas e

principalmente o pensamento cristão, como se a mulher fosse algo “divino” e

justo as entidades ligadas ao movimento sindical são as que mais reforçam esta

ideia, ao invés de propor a emancipação das mulheres embora teve algumas

inciativas.

Outra questão que deixa claro, é que em se tratamento de uma data de

comemoração ao Dia Internacional da Mulher no 08 de março, se observa que

foram mais representações masculinas que homenageiam as mulheres, sempre

como as Deusas, rainhas do lar e mães responsáveis por educar seus filhos ao

invés de ser o contrário, esta questão estaria também envolvida com uma

submissão social da mulher em não ser protagonista da sua própria história.

Isto demonstra o quanto o pensamento patriarcal está presente em pleno século

XXI, e o papel da mídia em disseminar essas ideologias do pensamento

dominante que nega as origens sociais e históricas da luta das mulheres, assim

como nega os negros e os índios, cujo interesse é de dominação e poder.

Para isso é necessário mais pesquisas e estudos para um aprofundamento teórico

e embasar cientificamente tais conclusões pela qual afirmou-se acima, ainda

mais nos argumentos com relação as opressões de gênero, ao uso comercial e de

consumo que a mídia (jornal) explora nesta data, e das discriminações de gênero

e dos aspectos de preconceito racial como a não utilização da imagem da mulher

negra.

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Artigo consultados:

A representação da mulher na mídia: um olhar feminista

Sobre as propagandas de cerveja. Sabrina Uzêda da Cruz, Mestranda PPGNeim/UFBA.

8 DE MARÇO: CONQUISTAS E CONTROVÉRSIAS-EVA ALTERMAN BLAY

Referências Bibliográficas: (Leituras Posteriores)

Gênero Patriarcado, Violência- Heleieth I. B.Saffioti, 2004.

Uma mulher na Tragetoria Épica, Zuleika Alambert, SP, 1997

A origem da Familia da Propriedade privada e do Estado-Engles e Marx.

Simone de Beauvoir-Obra “Segundo Sexo”