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Page 1: TÍTULO: DITADURA MILITAR E JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: O …conic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000018038.pdf · A ditadura militar se iniciou em 1964 e perdurou até o ano

TÍTULO: DITADURA MILITAR E JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: O DIREITO A MEMÓRIA E A VERDADE NOMUNICÍPIO DE CATANDUVA, ESTADO DE SÃO PAULOTÍTULO:

CATEGORIA: EM ANDAMENTOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAISÁREA:

SUBÁREA: DIREITOSUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: FACULDADES INTEGRADAS PADRE ALBINOINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): BRENDA CREDENDIO DE OLIVEIRA SILVA, AMANDA DOS SANTOS MAFEI, DIEGOHENRIQUE DA SILVA, ISABELLA VERCESI, JULIA GOMES LAVRADOR, LAILA GABRIELE SABINOFAVATO, LUISI AGUIAR

AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ANA PAULA POLACCHINI DE OLIVEIRAORIENTADOR(ES):

Page 2: TÍTULO: DITADURA MILITAR E JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: O …conic-semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho-1000018038.pdf · A ditadura militar se iniciou em 1964 e perdurou até o ano

1. RESUMO

Este trabalho discute o direito fundamental à memória e à verdade no município de

Catanduva, estado de São Paulo. Promovida no contexto dos efeitos da ditadura

militar no Brasil (1964-1985), tem por referência o conceito de justiça de transição

utilizado pelo Conselho de Segurança da ONU (2006) para denominar o processo

conduzido por muitos países para implementar democracias e ultrapassar ditaduras.

O direito à memória e a verdade, que integra a justiça de transição, foi tanto

reforçado pela terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (BRASIL,

2010), como pela lei de acesso à informação (12.527/11), pela criação de comissões

da verdade, em especial a nacional (lei 12.528/11), e a do Estado de São Paulo

“Rubens Paiva” (res. 879/12). A disponibilização de documentos sobre a ditadura em

acervos físicos e digitais e a criação de espaços e documentos de respeito à

memória e à verdade intensificam o processo. Esta pesquisa analisa esse processo

e aborda o direito a memória e à verdade em Catanduva-SP.

2. INTRODUÇÃO

A história, sofrimento e contribuição política e cultural de Geraldo Vandré são

conhecidos por muitos brasileiros. Ocorre que dos eventos da ditadura, muitas

outros permanecem velados. O artista esteve em Catanduva em 1966 para um

show. Fatos que hoje integram a memória coletiva ainda não tinham sido

anunciados. A ditadura formalmente se encerrou. Passaram-se mais de 45 anos do

golpe e questões envolvendo tanto pessoas, fatos ocorridos e os encaminhamentos

do Estado continuam sendo discutidos. Não há consenso a respeito dos

encaminhamentos. Dentre eles está o resgate da memória e da verdade, um direito

fundamental.

3. OBJETIVOS

a) Analisar, diante do direito fundamental a memória e à verdade, a legislação

aplicável, em especial as leis 6.683/79, a lei de acesso à informação (lei n

12.527/11) e as Comissões da Verdade (lei 12.528/11 e Res. Est. 879/12), a ADPF

153 e a notificação de 27/10/08, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos

(CIDH) da OEA; b) Debater o direito à memória e à verdade em Catanduva, a partir

dos desdobramentos da justiça de transição e do relato das Comissões da Verdade

apontando acontecimentos, pessoas e espaços.

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4. METODOLOGIA

Ao abordar a legislação aplicável parte da dedução. Em seguida, realiza o estudo da

justiça de transição e do direito à memória e à verdade a partir da doutrina aplicável

e de documentos institucionais e compara analiticamente os conceitos debatidos

com os dados levantados junto à Comissão Estadual da Verdade e recolhidos em

jornais locais e demais documentos constantes do museu de Catanduva. Em

seguida, em atenção à metodologia da história oral, realiza entrevistas com

munícipes e familiares de envolvidos e desaparecidos políticos. Por fim, levanta e

analisa em Catanduva os meios criados para manter a memória e a verdade.

5. DESENVOLVIMENTO

A ditadura militar se iniciou em 1964 e perdurou até o ano de 1985. Enquanto Atos

Institucionais garantiam e legitimavam o poder do Presidente, a população foi

submetida a propaganda ideológica e a repressão. O AI-1 promoveu a cassação dos

mandatos e de direitos (BASTOS, 2009, p. 183). Com o AI-5, uma “política de

Estado” (NETTO, 2014, p. 259), dezenas de pessoas foram mortas, torturadas e

reprimidas. Em 1979, iniciava-se a transição (BASTOS, 2009, p. 183), beneficiava

opositores e agentes da ditadura, sem processos ou condenações (DIMOULIS,

2010, p. 95), entendimento reforçado pela ADPF 153 que reconheceu a validade da

lei. A esta difícil operação inclui-se o acesso a memória e a verdade.

6. RESULTADOS PRELIMINARES

O conceito de justiça de transição instituído pela ONU compreende e avalia regimes

de exceção e a sua superação. No Brasil, inclui a edição da lei de anistia, a

gradativa criação de um sistema de indenizações, projetos de divulgação a a criação

de espaços de acesso à história. Com a atribuição de examinar e esclarecer as

graves violações de direitos humanos praticadas no período 1946 e 1988, a

Comissão Nacional da Verdade tem por fim efetivar o direito à memória e à verdade

histórica e promover a reconciliação nacional. O direito à memória e à verdade

debate episódios da história do Brasil, sobre resgate ao passado e a necessidade de

esclarecê-lo. O projeto memórias reveladas e o acesso aos arquivos da ditadura, a

construção de monumentos e espaços dedicados aos eventos, são indicativos desse

direito. O acervo do Arquivo Nacional passou a ser interligado a outros arquivos

nacionais e estaduais que envolviam documentos sobre a repressão. O acesso à

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informação ainda está em implantação, formando consciência social diante da

exposição de atrocidades (LEAL, 2012, p. 200). O município de Catanduva não

instituiu a sua comissão, mas os trabalhos da Comissão “Rubens Paiva” investigam

o desaparecimento de Aylton Adalberto Mortati, de Catanduva. O projeto de lei

estadual 980/11, em tramitação, denomina "Edie Frey" a FATEC, de Catanduva.

Dentre mais de cinquenta mil pessoas que habitavam Catanduva estavam Edie José

Frey, Ico Ceneviva, Luiz Carlos Rocha, Luiz Roberto Benatti, Tácito Ribeiro, do

Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no município. Outros nomes indicam

histórias tomadas pela ditadura, dentre os quais Antônio Mastrocola, José Alberto,

Ivan Ângulo, José Murilo Farinazzo, José Eduardo, entre outros (FREY, 2010, p. 10).

7. FONTES CONSULTADAS

ASSEMBLEIA Legislativa do Estado de São Paulo. Projeto de lei 980 de 6 de

outubro de 2011. Dá a denominação de "Edie Frey" a Faculdade de Tecnologia -

FATEC, de Catanduva. Disponível em <

http://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1040596> Acesso em: 10 jul. 2014.

______. Resolução 879 de 10 de fevereiro de 2012. Cria, no âmbito da ALESP, a

Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. Diário Oficial. São Paulo, SP, 12 fev

2012.Disponível em <> Acesso em: 10 jul. 2014.

BASTOS, Lucia Elena Arantes Ferreira. Anistia: as leis internacionais e o caso

brasileiro. Curitiba: Juruá, 2009.

CONSELHO de Segurança da ONU. The rule of law and transitional justice in conflict

and post-conflict societies. Secretary-General, S/2004/616.

DIMOULIS, D.; MARTINS, A.; SWENSSON JR, L. J. (Orgs.). Justiça de transição

no Brasil: direito, responsabilização e verdade. São Paulo: Saraiva, 2010.

FREY, Edie José. Tempos de ditadura: memórias. Campinas: Komedi, 2010.

LEAL, Rogério Gesta. Verdade, Memória e Justiça no Brasil: responsabilidades

compartidas: morte, tortura, sequestro e desaparecimento de pessoas no

regime militar. Curitiba: Livraria do Advogado, 2012.

NETTO, José Paulo. Pequena História da Ditadura Brasileira (1964-1985). São

Paulo: Cortez, 2014.

Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)/Secretaria de Direitos

Humanos da Presidência da república Brasília: SDH/Pr, 2010. Disponível em

<http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf> Acesso em 10 jun. 2014.