tÍtulo: comportamento de broca do cafeeiro...

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TÍTULO: COMPORTAMENTO DE BROCA DO CAFEEIRO (HIPOTHENEMUSHAMPEI) EM QUATROCONDIÇÕES DE MANEJOTÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRAÁREA:

SUBÁREA: CIÊNCIAS AGRÁRIASSUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁINSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): WATUS CLEIGSON ALVES DA COSTAAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): RAFAEL TADEU DE ASSISORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): TIAGO DE OLIVEIRA TAVARESCOLABORADOR(ES):

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1. RESUMO

A broca permanece na lavoura, de uma safra para outra, nos frutos

remanescentes da colheita. Assim, todas as práticas que permitem a permanência

desses frutos nas plantas ou até mesmo no solo, favorecem o aumento do ataque

nos frutos na próxima safra, dentre estes fatores destacam-se colheita mal feita, na

qual ficam frutos em maior quantidade, no pé ou no chão. Um ambiente sombrio,

onde os frutos e as brocas permanecem abrigadas em um período úmido na

entressafra, é a melhor condição para a sobrevivência e reprodução da praga. A

broca se alimenta das sementes e causa grande impacto negativo na produção.

Entender o comportamento deste inseto na planta, ou melhor, na migração entre os

frutos, pode auxiliar no melhor controle e reduzindo prejuízos na safra.

2. INTRODUÇÃO

Segundo MAPA (2015) o território nacional produziu 45,34 milhões de sacas,

e exportou aproximadamente 34,6 milhões de sacas de 60 kg em 2014, sendo que

os principais compradores do café foram UE-28, Estados Unidos, Japão, Canadá,

México, Turquia, Rússia, Argentina, Coréia do Sul, Líbano.

Um dos fatores mais limitantes da produção do cafeeiro são as pragas. O café

é atacado por várias, sendo as principais: Broca do café (Hipothenemus hampei),

Bicho Mineiro (Perileucoptera coffeella), cochonilhas e nematóides. Atualmente, a

broca do café continua sendo o principal problema, mas não tanto como

antigamente devido ao manejo correto da cultura.

A broca é um besouro pequeno com 1,65 mm de comprimento por 0,78 mm

de largura de cor escura e brilhante com formato cilíndrico. O inseto sofre

metamorfose completa. O macho não voa e cúpula até 10 fêmeas dentro do fruto. A

fêmea perfura o fruto, quase sempre na coroa, faz uma galeria na polpa e vai até o

interior de uma das sementes onde constrói uma câmara para postura. Ela coloca de

31 a 119 ovos, que duram aproximadamente de 80 a 280 dias. Colocando em média

de dois ovos por dia e no máximo 20 por câmara; de 4 a 16 dias após dão origem as

larvas que tem um ciclo de 9 a 20 dias, passando para pulpa após 4 a 10 dias. A

praga tem cerca de 7 gerações anualmente, sendo 4 a 5 de novembro a agosto com

ciclo médio de 27 dias. A única que consegue voar é a fêmea, o macho tem as asas

atrofiadas (SANTINATO & FERNANDES, 2012).

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O controle pode ser feito através de medidas culturais, como exemplo uma

colheita onde se retira todos os frutos da planta e o repasse; controle químico e o

controle biológico realizado através de vespas ou fungos antagônicos. (REVISTA

BRASILEIRA DE CAFEICULTURA, 2005)

As condições favoráveis para o aparecimento e proliferação da praga são as

chuvas precoces, colheitas mal feitas, lavouras abandonadas ou ainda sem controle

(SANTINATO & FERNANDES, 2012).

Prejuízos causados no fruto por Hipothenemus hampei são a perda de peso e

qualidade dos frutos. A consequência final é a depreciação do valor do café

produzido (REVISTA ATTALEA AGRONEGÓCIOS, 2013).

O inseto ataca o fruto do cafeeiro em diversos estádios de desenvolvimento,

podendo prolongar o ataque ao café armazenado em coco ou beneficiado.

(BENASSI et al., 2001).

Existem produtos para o controle químico da praga do cafeeiro porém com

baixa eficiência. O Endossulfan era o produto mais utilizado para o controle da

broca, porém, seu uso foi proibido em 2013. O produto foi proibido pela Anvisa

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por ser considerado extremamente tóxico,

classificado na classe toxicológica I, sendo então retirando do mercado

(EMBRAPA, 2013).

3. OBJETIVO

Objetivou-se neste trabalho conhecer melhor o comportamento da broca em

quatro condições de manejo dos frutos colhidos (frutos remanescentes no solo,

frutos remanescentes na planta, e colheita total planta e chão), assim como sua

infestação na safra seguinte.

4. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

O ensaio foi instalado no Campo Experimental da CAPAL (Cooperativa

Agropecuária de Araxá Ltda.) em solo LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico

(EMBRAPA, 2006), declive de 3%, e altitude 980m, espaçamento 4 x 0,5m (5.000

plantas ha-1) com o cultivar Catuai Vermelho IAC 144.

A adubação química foi realizada conforme a análise química do solo e o

histórico da área, obedecendo recomendações do MAPA/Procafé para a região. Os

tratos fitossanitários foram realizados normalmente, com exceção do controle da

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broca, não foi realizado o controle em virtude de observar melhor o comportamento

da praga.

Adotou-se os tratamentos na colheita de 2014 e as avaliações foram

realizadas na colheita de 2015, sendo possível verificar o comportamento da praga

na safra seguinte.

Utilizou-se quatro tratamentos, sendo eles: Tratamento 1 = Colher todos os

frutos da planta e do chão, Tratamento 2 = 0,5L de café remanescente planta-1 e

recolher tudo do chão, Tratamento 3 = Colher todos os frutos da planta e não

recolher no chão (média de 1L m-1) e, Tratamento 4 = 0,5L de café remanescente

planta-1 e café no chão (média de 1L m-1). As quantidades de café no chão foram

ajustadas manualmente em todas as parcelas. O experimento foi delineado em

blocos casualizados com três repetições. A área total da parcela compreende de 30

plantas, sendo as 10 centrais consideradas úteis.

As avaliações ocorreram nos meados de julho de 2015, no auge da colheita.

Coletou-se 500 frutos por parcela para as requeridas avaliações. Avaliou-se

números de frutos broqueados (perfurados), número de frutos com a broca presente

(viva), número de larvas vivas, e número de sementes totalmente danificadas (grãos

escuros).

Para número de frutos broqueados contou-se todos os frutos com sinais de

ataque, ou seja, perfurados na região da coroa do fruto. Destes frutos com sinais de

ataque, analisou-se com auxílio de canivete, todos os frutos com que haviam a

broca viva em estádio adulto. Analisou-se também nestes mesmos frutos o número

de larvas vivas.

Os dados foram analisados utilizando o software computacional Sisvar

(FERREIRA, 2011), adotando-se significância de 5% de probabilidade, para o teste

F. A partir da detecção de diferenças significativas entre tratamentos as médias de

todas as características avaliadas serão comparadas entre si pelo teste de Tukey.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a variável porcentagem de frutos perfurados ou com sintomas de ataque

externo (Tabela 1), nota-se que houve um alto índice de ataque, sendo que, para o

tratamento que se teve colheita total dos frutos da planta e do chão teve-se em torno

de 3 vezes menos incidência da praga, isto demonstra a importância de uma

colheita bem feita. Nota-se também que a prática de se deixar café remanescente

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tanto na planta como no chão é propícia para garantir o ciclo da praga, aumentando

o ataque na safra seguinte, apresentando assim um potencial prejuízo muito maior a

produção e qualidade dos frutos de café.

Vale ressaltar que o nível de frutos perfurados em todos os tratamentos foi

maior que o aceitável, que é de 5% segundo (MATIELLO et al., 2010). Porém, este

nível ocorreu devido a não utilização do controle químico, demonstrando a

importância de se ter um conjunto de cuidados, iniciando na colheita com o máximo

de eficiência possível na planta e no chão, reduzindo potencialmente o inoculo.

Posteriormente, ao longo do desenvolvimento dos frutos da próxima safra, a partir

da fase de expansão dos frutos, que ocorrem em dezembro e janeiro (CAMARGO &

CAMARGO, 2001)

, verificando a porcentagem de frutos com sinais externos de ataque, e ao

atingir os 5% (BENASSI, 2000), realizar imediatamente o controle químico com

produtos registrados e permitidos pela ANVISA, tendo assim uma boa convivência

com a praga sem que ela traga prejuízos significativos à safra.

Tabela 1. Resultados comportamento de broca em quatro manejo dos frutos na

colheita.

Trat.

%Frutos

Perfurados

% Fruto c/ Brocas

Vivas

% Frutos com Grãos

Escuros

N° de Larvas

Vivas

T1 21 b 12 c 8,4 a 99 a

T2 59 a 49 a 21 a 277a

T3 52 a 30 b 24 a 358a

T4 56 a 30 b 19 a 180 a

CV 21,50 16,21 35,69 57,61

Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (0,05). Trat. = tratamentos; T1= Sem frutos remanescente na planta e no solo; T2= Café remanescente na planta; T3= Café remanescente no chão e, T4= Café remanescente na planta e no chão.

Para a variável porcentagem de frutos com a broca viva em seu interior, nota-

se que a praga se comporta de forma aleatória, perfurando frutos e buscando

condições ideias de ovipositar (SOUZA et al., 2013), tanto que não se encontra a

praga em todos os frutos perfurados. Apesar da aleatoriedade comportamental da

praga, o tratamento que se teve colheita total dos frutos (T1), atingiu um nível menor

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de porcentagem de frutos com a broca em seu interior, reduzindo o risco de

danificação de sementes.

Souza et al. (2013) explicam que a aleatoriedade da praga ocorre devido ao

teor de água interior do fruto, em frutos com teor maior que 86% a broca apenas

perfura a “coroa” do fruto e não oviposita, sendo menos prejudicial em comparação a

quando o fruto apresenta teor de água menor que 86%. Nesta situação a praga

perfura e oviposita, ao eclodir as larvas se alimenta das sementes dos frutos.

Na fase larval, a praga pode se alimentar parcialmente ou totalmente da

semente, podendo deixar a semente danificada ou totalmente preta (totalmente

inviável).

Pode-se observar ainda na Tabela 1, que o número de semente preta (grão

escuro) não se diferenciou entre os tratamentos, logicamente devido ao alto

coeficiente de variação obtido na variável (PIMENTEL-GOMES & GARCIA, 2002),

porém, vale ressaltar que estas sementes danificadas devem ser evitadas

totalmente do ponto de vista econômico, uma vez que reduz o rendimento do café e

reduz preço pago pelo produto final (grãos defeituosos) (SOUZA et al., 2013).

Para a variável número larvas vivas em 500 frutos, nota-se que mesmo com

valores distantes não se teve significância entre os tratamentos, novamente

justificado pelo alto coeficiente de variação (PIMENTEL-GOMES & GARCIA, 2002),

uma vez que esta variável realmente apresenta uma elevada variabilidade em

campo. Novamente, por estes resultados, é importante enfatizar a importância de se

ter um controle químico no momento correto, caso o controle ocorra ainda momento

de “trânsito” da praga (novembro a janeiro), o nível de larvas será controlado de

forma significativo reduzindo ou evitando os danos aos frutos de café (SOUZA et al.,

2013).

6. CONCLUSÃO

1- O café remanescente na planta ou no chão aumenta três vezes a incidência

natura da broca do café.

2- A colheita total dos frutos na planta e no solo não eliminam a necessidade de

controle químico complementar.

7. FONTES CONSULTADAS

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BENASSI, V. L. R. M. Aspectos Biológicos da Broca-do-café,

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Coffeacanephora. SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL 1. Poços

de Caldas-MG, v. 1 e 2. Set. 2000.

BENASSI, V. L. R. M. et al. Aspectos Biológicos da Cephalanomiasp

(HYMENOPTERA: BETHYLIDAE), Novo parasitoide da broca do

café,Hypothenemushampei (F., 1867) (Coleoptera: Scolytidae) no Espírito

Santo. SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL 2. Vitória-ES, Set. 2001

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http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=3552 acesso em

27/08/2015 às 09:48.

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FERREIRA, D. F. 2011. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciênc

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410 out./dez. 2013

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em

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MATIELLO, J. B. et al. Cultura de café no Brasil: Manual de Recomendações. Rio

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