tita, gosto de ti - contosehistorias.com gosto de ti... · passeio comigo e vais perceber logo o...

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Naquela noite, Tita esteve à janela com a Avozinha, a pensar em tudo o que tinha visto. – Foi um dia muito agradável – disse Tita baixinho. – Gosto muito de ti, Avozinha, e do Avô também. – E eu gosto muito de ti, Tita – disse a Avozinha. E assim, Tita deu um beijo de boa-noite à Avozinha e foi pé-ante- -pé para a caminha. Dugald Steer Tita, gosto de ti Porto, Ambar, 2004 Tita, gosto de ti Era uma vez uma ratinha chamada Tita que estava sempre a fazer perguntas. Felizmente, tinha uma Avozinha que estava sempre a dar respostas e por isso entendiam-se lindamente. – Avozinha – perguntou Tita um dia – o que é o amor? – O amor? – riu-se a Avozinha. – Oh, isso é fácil, Tita! Vem dar um passeio comigo e vais perceber logo o que é! A Avozinha e a Tita foram pela horta fora onde o Avô estava a tratar da terra. – Chiu! – murmurou o Avô, e apontou em direcção a uma mãe- -carriça que estava a ensinar os filhotes a voar. – Tal como tu e a Avozinha me ensinam a fazer coisas! –

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4

Tita

,

gost

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a Ti

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ue e

stav

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mpr

e a

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r pe

rgun

tas.

Fe

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ente

, ti

nha

uma

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zinh

a qu

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tava

se

mpr

e a

dar

resp

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s e

por

isso

ent

endi

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e lin

dam

ente

. –

Avo

zinh

a –

perg

unto

u Ti

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m d

ia –

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? –

O a

mor

? –

riu-

se a

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zinh

a. –

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isso

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m

pass

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com

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A

vozi

nha

e a

Tita

for

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ela

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vô e

stav

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trat

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a te

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mãe

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es a

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Tal

com

o t

u e

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vozi

nha

me

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inam

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ma

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bolo

tas

que

tinh

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cond

ido

num

bu

raco

du

rant

e o

Out

ono.

Tal

com

o a

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zinh

a pa

rtilh

a os

seu

s co

zinh

ados

com

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Tit

a.

Dep

ois

de t

erem

pas

sado

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o bo

sque

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gara

m a

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ado.

A T

ita

gost

ava

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á ir

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pod

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s fo

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dos

atar

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os,

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m l

ado

para

o o

utro

. M

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oelh

inho

qu

e ti

nha

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num

a pe

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ia a

té e

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elho

rar.

Tal

com

o te

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ceir

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inha

ca

ma,

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eu

es

tive

r do

ente

– d

isse

Tit

a.

Hav

ia u

m c

ampo

per

to d

o pr

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e Ti

ta v

iu u

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cord

eiri

nho

que

anda

va a

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rer

de u

m la

do p

ara

o ou

tro,

che

io

de m

edo

de u

m c

ão-p

asto

r. M

as, n

esse

mom

ento

, um

a m

ãe-o

velh

a sa

iu

do r

eban

ho m

uito

apr

essa

da e

apr

oxim

ou-s

e do

cor

deir

inho

, qu

e,

quan

do s

e pô

s en

cost

adin

ho a

ela

, fic

ou m

uito

mai

s so

sseg

ado.

Vês

– so

rriu

a A

vozi

nha

– aq

uela

mãe

ove

lha

esta

va a

diz

er a

o co

rdei

rinh

o pa

ra n

ão t

er m

edo

do c

ão-p

asto

r. E

le e

stá

lá p

ara

tom

ar

cont

a de

les.

Tal c

omo

tu m

e di

zes

para

não

ter

med

o, q

uand

o es

tou

assu

stad

a –

diss

e Ti

ta.

Dep

ois

de a

trav

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rem

o c

ampo

, a A

vozi

nha

e a

Tita

che

gara

m a

o la

go d

os p

atos

, ond

e um

a ni

nhad

a de

pat

inho

s fa

zia

“quá

, quá

” e “

ploc

, pl

oc”,

num

a co

rrer

ia a

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da

mãe

.

– A

quel

es p

atin

hos,

um

dia

, vã

o cr

esce

r, n

ão v

ão?

– pe

rgun

tou

Tita

. – A

chas

que

a m

amã

dele

s os

vai

esq

uece

r, q

uand

o ti

ver

de t

omar

co

nta

de o

utro

s fi

lhot

es?

– N

ão! –

dis

se a

Avo

zinh

a. –

El

a nu

nca

esqu

ecer

á ne

nhum

de

les.

– Ta

l co

mo

tu

nunc

a m

e es

quec

erás

! – d

isse

Tit

a.

Ago

ra,

esta

va

a fi

car

escu

ro

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do

Tita

e

a A

vozi

nha

dera

m m

eia-

volt

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ra

regr

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r a

casa

, pas

sara

m p

or u

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elei

ro. O

uvir

am a

lgué

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pia

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de

ntro

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Tit

a fo

i à p

orta

, dar

um

a es

prei

tade

la. E

ntão

, ela

viu

a m

ãe

coru

ja a

dar

mui

tos

beiji

nhos

rep

enic

ados

aos

seu

s pe

quen

otes

, ant

es

de s

air,

dur

ante

a n

oite

. –

Tal

com

o tu

me

dás

um b

eijin

ho d

e bo

a no

ite

– di

sse

baix

inho

Ti

ta. –

Sim

conc

ordo

u a

Avo

zinh

a. –

Em

bora

par

a as

cor

ujas

sej

a um

bei

jo

de b

om-d

ia!

E as

du

as

desa

tara

m

a ri

r.

Com

o es

tava

no

ite,

Ti

ta

e a

Avo

zinh

a ap

ress

aram

-se

a ch

egar

a

casa

e

vira

m

o A

a ac

enar

ao

pé d

o po

rtão

. –

Avo

zinh

a! –

dis

se T

ita.

– A

s co

isas

tod

as q

ue v

i ho

je,

se a

s pu

serm

os t

odas

junt

as, f

icam

os c

om a

mor

? –

Sabe

s qu

e m

ais

– di

sse

a A

vozi

nha

– ac

ho q

ue t

ens

toda

a r

azão

.