Apresentao de Texto

THOMPSON, Paul. A Voz do Passado: histria oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. pp. 20-

44.

Para Paul Thompson toda histria depende de sua finalidade social, ainda que poucos

historiadores se preocupem em discutir os problemas sociais do passado a fim de alterar um

sistema social e/ou poltico. Mais grave que isso a funo social da histria se atrelar as

justificativas de guerras, dominaes de uma classe ou uma raa sobre a outra, dentre outras ou

ainda ser utilizada de alegoria para promoo poltica de alguns. Thompson aponta que a histria

criada pode apresentar lacunas de acordo com suas finalidades poltica e social, como o

silenciamento na Rssia sobre o Trotsky ou na Frana sobre a Guerra da Arglia. O autor credita

essa permissividade da histria ao fato do enfoque essencialmente poltico da disciplina,

principalmente a partir do sculo XIX, tirando o foco das pessoas comuns, da economia ou da

religio, exceto em momentos de crises, como a Revoluo Francesa, por exemplo. Mesmo

porque, os historiadores nesse perodo pertenciam a as classes que administravam e governavam,

ainda que houvesse a impossibilidade do relato de uma pessoa comum dar conta de um todo, ou

seja, eram as estruturas de poder que modelavam a histria a ser contada, de modo que essa fosse

feita imagem e semelhana do que era necessrio para a manuteno dessas estruturas.

Segundo Thompson, a histria oral uma fonte rica justamente por dar vazo

experincia de diversas pessoas, levando a histria a uma nova dimenso. Os historiadores orais

podem escolher exatamente quem entrevistar e o que perguntar, podendo inclusive descobrir se

documentos escritos e/ou fotografias esto desaparecidas, ou seja, se tornam os prprios editores.

A histria oral permite que se construa uma viso multifacetada da histria, chegando mais

prxima de uma reconstruo realista do passado e abrindo novas reas importantes de

investigao, como os historiadores do movimento operrio.

A abordagem oral permite que a finalidade social da histria v alm de uma histria

poltico-administrativa porque as experincias pessoais passam a fazer parte dessa construo.

tambm uma abordagem mais inclusiva por no ser to exigente e restritiva quanto escrita.

Thompson aponta tambm alguns problemas com a histria oral: como o entrevistador

que escolhe o que vai ser contado alm da entrevista ele pode desaparecer com uma fita que

contava a vida de algum sem publicar ou dar satisfao alguma sobre o que nela estava narrado

e; o fato das entrevistas estarem focadas na classe mdia e na classe baixa, excluindo assim os

muito ricos ou os muito pobres. Ainda assim, Thompson enxerga que incluindo a participao

desses grupos, ser possvel criar uma histria mais verdadeira e mais valiosa socialmente, que

revele a variedade da experincia social da comunidade, quem tem o melhor ou o pior dela,

levando a uma reflexo do que fazer com a para solucionar essas desigualdades.

Concluindo, Thompson aponta que a histria oral desafia os mitos consagrados da

histria oferecendo meios para uma transformao radical do sentido social da histria.

Ariana Mara da Silva

Acadmica do curso de Histria