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The Portuguese Tribune, October 15th 2011

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Year XXXII, Number 1119, Oct 15th, 2011

2 15 de Outubro de 2011SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Vivemos numa crise constante de valores. Não é de agora, já vem de há muitos anos. Só que fomos fechando os olhos a tantas coisas. Fomos a cegonha que não queria ver.O caso da Madeira é típico do "chico espertalhão" que assusta os outros, porque tem alguns deputados prontos a venderem o seu voto a quem der mais. Todos os Presidentes de Portugal, todos os Primeirs Ministros portugueses "baixaram a bola" com o nosso homem da Madeira, fi-cando reféns dele e engolindo elefantes vivos para poderem sobreviver sem muitos sobressaltos. Foi pena isto ter acontecido, até porque o povo madeirense sempre mereceu o melhor. O melhor, como todos os outros que vivem em Portugal Continental e nos Açores.E agora, como é que os madeirenses (260 mil almas) vão pagar uma dívida de 6,3 biliões de euros, não sendo eles os causadores de tal desvario?

Há muitos anos, escrevi neste mesmo local, que Carlos César era um "animal" político por exce-lência. E assim o demonstrou durante dezasseis anos na oposição e dezasseis no governo.Carlos César levou os Açores a um patamar de desenvolvimento inigualável, mesmo quando se critica muitos "elefantes brancos" que também proliferam nas nossas Ilhas. Carlos César fez o que nem todos os político seriam capazes de fazer com o mesmo dinheiro.Saindo em Outubro de 2012 e passando a tocha a uma geração mais nova, Carlos César é ainda muito novo para se reformar, ficando ao serviço das Ilhas para outras também importantes funções.Vasco Cordeiro que tem uma experiência governativa extensa, tem a oportunidade de continuar a obra feita, aperfeiçoando-a conforme as necessidades do povo açoriano.O PSD de Berta Cabral tem um ano para se preparar e lutar contra a hegemonia que o PS teve durante tanto tempo, oferecendo ao povo açoriano um novo modelo de liderança e de governa-ção. Será que são capazes?

Por cá, por esta terrinha de 300 milhões de almas, as coisas vão pretas, como diria a canção.Ter um Presidente e um Congresso divididos, e diga-se de passagem, muito mal dividido, quer humanamente quer ideológicamente, não nos augura um futuro brilhante. E o que mais inco-moda é ver que muitos políticos se esquecem dos seus constituintes mal apanham o avião para Washington. O País merecia melhores homens e mulheres do que aqueles que actualmente temos a gerir a "cousa pública". jose avila

... com a cabeça na areia

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3PATROCINADORES

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4 15 de Outubro de 2011TAUROMAQUIA

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5COLABORAÇÃO

Imagens da Segunda Guerrana minha Terra (5)

PHPC announces the release of its latest publication, the luxury edition of the book IV International Conference on The Holy Spirit Festas, a hard cover, full color, 100-page, photojournalist’s report of the June 2010 conference in San José, California, by Miguel Valle Ávila, Assistant Editor of The Portuguese Tribune. All author proceeds revert in benefit of the San José State University Portuguese Studies Program.

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IV International Conference on the Holy Spirit FestasMiguel Valle Ávila

Ruy-Guilherme de Morais, amigo de longa data, no seu precioso livrinho “As Terras da Santa & Outros Causos” agrupou uma

apreciável coletânea de contos, inclusiva-mente uma autêntica “Estória de Guerra” que agora, com a devida vénia, tenciono enquadrar nesta série de imagens da Se-gunda Guerra na minha terra.Curioso que, enquanto o Ruy-Guilherme ia-se apercebendo das ocorrências desse conflito mundial (1939-45) através da lei-tura do “Correio dos Açores” e das revis-tas ilustradas distribuídas pelo consulado inglês em Ponta Delgada, eu ia-me en-tretendo a ler o noticiário do “Diário dos Açores” e as reportagens ilustradas das revistas de propaganda distribuídas pelo consulado americano, também em Ponta Delgada.Tal qual como o Ruy-Guilherme, lembro-me dos trabalhos que tivemos lá em casa a colar tiras de papel pelo lado de dentro dos vidros das janelas. Tratava-se duma medida de prevenção contra os submarinos inimigos, impedin-do-lhes de avistar qualquer luzinha duran-te a noite e que porventura servisse de alvo p’ra inevitável bombardeamento. No caso de ataque, estávamos oficialmente assegu-rados que as tiras de papel aparariam os estilhaços.Como bem recordou o Ruy-Guilherme, aonde havia iluminação pública enfiaram, nas já amortecidas lâmpadas da rua, umas camisas negras com uma ranhura em cruz por debaixo. E os faróis, dos poucos auto-móveis circulando na ilha, foram pintados

com tinta azul, deixando-lhes apenas uma fresta, por onde se coava um feixe lumino-so inferior à tosca lanterna duma carroça.Ruy-Guilherme recordou, igualmente, que à noite havia a hora do recolher obrigatório sob a vigilância de patrulhas constituídas por legionários e cadetes da Mocidade Portuguesa. E era por detrás das vidraças, com as luzes apagadas, que o Ruy-Gui-lherme via passar as patrulhas, rua abaixo rua acima, olhando p’ràs à procura deste ou daquele irreverente fio de luz, teimando escapulir-se por frincha mal calafetada.Ruy-Guilherme também mencionou a si-rene instalada na torre da Igreja Matriz de Ponta Delgada. Sempre que ela tocava, toda a gente era obrigada a enfiar-se pela primeira porta que encontrasse aberta, e ali permanecer até que a sirene voltasse a mugir, advertindo que o perigo havia de-saparecido.

Dava-se-lhe o pomposo nome de “exercício de alerta”, e assim ninguém (militar ou civil) es-capava à guerra.

Ora aconteceu que num desses exercícios, por acaso no fim duma manhã de domin-go, quando era costume fazerem-se as compras semanais no mercado agrícola (praça), a Maria dos Ovos da freguesia da Covoada (nas imediações de Ponta Delga-da) veio de pé à praça, como habitualmen-te fazia, vender os ovos das suas galinhas e “mailos os que ia mercando” às suas vi-zinhas e comadres.De xaile traçado, a Maria dos Ovos ca-minhava armada duma canastra grande à

cabeça e de outra mais pequena enfiada no braço. Era uma mulher de contas lisas e muito prestável. Geralmente, no regresso a casa, levava de volta qualquer coisa de precisão que, lá na Covoada, lhe pediam p’ra comprar. E naquele dia, como des-creveu Ruy-Guilherme, a encomenda era mesmo de precisão, ou seja, um típico ba-cio de louça vidrada da Lagoa.Estava, precisamente, a Maria dos Ovos a subir a rua do Pedro Homem quando a sirene da Matriz tocou o alarme. Visto en-contrar-se já no caminho direito p’rà Covo-ada, a Maria dos Ovos entendeu continuar a subir a rua, uma vez que, nessa manhã de domingo, não tinha porta ou portal por onde se enfiasse.Porém, ao chegar ao canto de cima da rua, apareceram os legionários a mandá-la p’ra trás, mas ao chegar ao canto de baixo surgiu um polícia a mandá-la p’ra cima. Com maior agravo e transtorno, a Maria dos Ovos apercebeu-se que o polícia ca-minhava atrás dela, enquanto a patrulha da Legião a vigiava ao cimo da rua. En-tretanto, por detrás dos vidros da janela, o Ruy-Guilherme observava curiosamente todo esse cenário, aguardando a passagem das patrulhas.E foi assim, com as canastras e o emble-mático bacio (suspenso na mão) que a Maria dos Ovos se viu encurralada entre a

Polícia e a Legião, quando seguidamente a patrulha da Mocidade desembocou da azi-nhaga Rua d’Água fechando o cerco por completo.Aterrorizada, sem saber o que fazer, a Ma-ria dos Ovos avistou, então, o Ruy-Gui-lherme a espreitar por detrás da vidraça. E, sem mais cerimónias, ela ajoelhou-se no meio da rua e gritou: “Salve-me, menino. Abra-me a porta, senão estes excomunga-dos ainda me vão quebrar o peniquinho”.E foi aquele brado lancinante, escreveu Riuy-Guilherme, “a minha mais vivida re-cordação da guerra”.

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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7COLABORAÇÃO

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Há quem queira dizer que faz parte da nos-sa lusa natureza. Cra-mar, à portuguesa,

tem mesmo um sabor especial. Felizmente, não parece ser assim tão amargo como o pintam. Ou destemperam.Todos os anos, mais ou menos por esta altura, é costume ouvir-se cramar da Sata.Cá como lá, findos os vôos dire-tos da saudade no Verão, venti-lam-se lamentos, choramingam-se queixumes e a insatisfação, vociferada por isto ou por aquilo, às vezes, transborda cá para fora de forma pouco simpática. Mes-mo quando há razão válida de queixa, certos e determinados motivos nem sempre justificam tamanho alarido.Estou convencido que, só mesmo daqui a algum tempo, quando nos for retirada a conveniência desta oportuna ligação “charter”, da-remos verdadeiramente pela sua falta. Se eu quizesse, também podia vir manifestar aqui o meu ligeiro desagrado pelo facto do avião se ter atrasado quase uma hora em levantar vôo das Lages, na minha viagem de regresso a Oakland. Não vou fazê-lo. Prefiro antes virar a fita pela banda do avesso e abordá-lo de forma bem mais aliciante.Com a habitual amabilidade que caracteriza o seu primoroso ser-viço de bordo, uma vez mais, levou-me a Sata a saborear Se-tembro, lá no torrão que me viu nascer. Podem soar repetitivas as palavras mas a sensação não se repete. Para mim, melhora. Sin-to-o e apraz-me transcrevê-lo.O problema, como todos sabe-mos, é que o tempo também voa enquanto por lá andamos. Sem re-lógio no pulso nem calendário na mente, a gente aterra e abraça-se. Os beijos sabem bem. A comida cai-nos melhor. Da pinga nem se fala. As horas passam-se. Os dias somem-se. A melancolia morde-nos e suplica-nos que fiquemos mais tempo. Custa a acreditar mas, quase sem se dar por isso, quando a gente mal s’apocata,

chega-se a hora do embarque. Custa mas tem que ser. Este ano, por acaso, até nem custou tanto. Mesmo antevendo aquela sempre aborrecida escala em Hamilton para o indispensá-vel reabastecimento de combustí-vel, o vôo de retorno foi precedi-do dum pormenor delicioso. Esta nossa deliciante maneira de sermos ilhéus na diáspora, sedu-zidos ano após ano a sobrevoar-mos o Atlântico, tem muito que se lhe diga. E quando dizer não chega, a gente escreve. Ou rabis-ca, conforme calha.Calhou-me estar bem disposto e não ver ninguém mal encarado. Já passava da hora. A sala man-tinha-se à cunha. O pessoal con-tinuava à espera. Era sabido que se tratava duma falha técnica. Pelo sistema sonoro do aeropor-to, já fora anunciado que estava a ser corrigida. Só que, como todos sabemos, nestas precisas circunstâncias, se a coisa demora demais, quem espera desespera.

Até nem foi o meu caso. Fui ao saco e tirei o livro sobre o Adeli-no Toledo, que me

tinham oferecido para a viagem. Entreti-me a folheá-lo. É precio-so. Como igualmente preciosa, naquele momento, foi a rica ideia do artista que, em boa hora, de-cidiu ir ao seu saco deitar mão à sua guitarra. Não levou muito tempo para que os acordes ani-massem o ambiente com sorrisos prenhes de boa disposição. Com a música já bem afinada, a moda nem precisava de ensaio. Quem é que não aprecia uma chamarrita bailhada de improviso?Dentre os presentes, salta um pu-xador nato com garganta já trei-nada e os pares vão deslizando num bem apetecido pé de dan-ça. A roda gira, a voz entôa, os sorrisos alargam-se e, em tempo nenhum, o arrraial está formado. Bailham-se duas ou três modas a preceito e, momentâneamente, toda a gente se esquece de que o avião está no conserto. As pal-mas não se fazem esperar. Cai

sempre bem aplaudirmo-nos a nós próprios quando o aplauso é merecido. Um mês depois – independente-mente das múltiplas queixas que, nisto da travessia aérea para as nossas ilhas de bruma, sugerem merecermos mais e melhor – o meu firme aplauso estende-se ao dedicado e competente pessoal da Sata. Quer em terra, quer no

ar, profissionais e simpaticíssi-mos, contribuiram imenso para que a minha experiência pelos ares, atreita a ser aborrecida, se tornasse bastante agradável. Sem ignorar uma crítica ou outra que nos mereça oportuno reparo, acreditem que me agrada bem melhor escrever nestes termos cordiais e bem dispostos.Quer queiramos quer não, à pri-

meira vista, até podemos parecer uns grandes refilões mas, por na-tureza, tendemos a ser ainda uns maiores fanfarrões.Valha-nos isso. Com esse espí-rito divertido, nunca será facil baterem-nos em genuínos termos de boa disposição.

Gente bem dispostaRasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Falecimento

Matthew John AlvernasResidente in San JoséAngel of GodApri 10, 1990 - Sept 14, 2011

Leaving his parents Debbie and Lewis, bro-thers Joshua and Jeremiah, grandparents Dio-nisia & John (deceased) Alvernas and Faye & Stan Arnbrister, uncles, aunts, cousins and many friends to carry his spirit. Matthew left our world in his sleep earky Wednesday mor-ning to his place in heaven. Matthew was a Special Boy that made all those in his presence better, stronger and wiser. He graduated from Westmont High School in 2008 and attended vocational classes at Campbell Community Center. His passion in life was horses and he rode weekly at One Step Closer, an equestrian facility for special horsemen. He loved puzz-les, Zambonis, dogs, the beach, Barney videos, cheeseburgers, and most of all, the gathering of his family. He was a Special Olympian, ear-ned the Arrow od Light in Scouting, played

Challenger Little League and he participated in many equestrian events, where he earned an assortment of ribbons. This world will never be the same.Matthew was laid to rest on September 23, 2011.He is now in heaven with the others Angels praying for all of us.

Courtesy of Mercury News.

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8 15 de Outubro de 2011COLABORAÇÃO

Tenho uns quantos artigos come-çados para enviar para o jornal e não gostei de nenhum. Dei voltas e mais voltas à cabeça para ver

qual o que deveria terminar e fui pondo de parte até que por fim, fiquei com o écran do computador em branco. As ideias vinham com a mesma velocidade que os ventos outonais removiam as folhas se-cas das árvores. Olhei através da vidraça, como Augusto Gil na sua balada de neve, mas, neve não via. O quintal coberto de folhas e bolotas dos carvalhos parecia mais um tapete matizado em que pouco ou nenhum cimento se via. Minha mulher diz que eu deveria varrer as folhas mas, eu disse que esperaria para que mais caíssem e assim faria tudo de uma vez. Chegou a hora do Dancing withthe stars. Ela, liga a televisão e eu fui ao computador ver se tinha algum email. Conectei para o face book. Havia uns quantos amigos de per-to e outros de longe. O Zé Ávila diz para eu ver a reportagem do Pico dos Padres. Vi e realmente ele fez um belo trabalho. Um ou outro manda uma mensagem, mais uma foto adicionada, mais uma prima que já não via há anos e um amigo dos tempos

de escola. Alguns mais novos do que eu lembram-se das brincadeiras e das parti-das que eu pregava aos meus vizinhos. Por isso andava sempre metido em sarilhos. Trocam-se mais ideias, discute-se algum assunto. Há uma zanga, manda-se um ou outro à fava enquanto a ervilha não enche. Desligo o programa do chat, abro o word e começo a escrever mais um poema que ficará para aqui arquivado até que um dia faça parte de outro livro. Dou uma olha-dela para a televisão a ver se me agrada algum par que esteja dançando. Aprecio a beleza dessas mulheres que mais parecem feitas de borracha ou outro material qual-quer elástico do que de carne e osso. E, ao vê-las dobrarem-se e desdobrarem-se, até fico com os ossos a doer. Cheio de inveja mas no bom sentido da pa-lavra volto ao computador e chamo a mi-nha amiga Elen no Brasil. Vamos falando sobre vários assuntos entre os quais a poe-sia e a esperança de eu ir ao Brasil ao lan-çamento do seu livro. Ela crama da mesma maneira e diz que a eletrônica toma até certo ponto uma parte da nossa vida. Isso é bom e também pode ser um tanto ou quan-to pernicioso. No entanto torna-se numa

necessidade o falar com as pessoas. Lá nas ilhas no tempo em que não havia televisão, as pessoas, juntavam-se à volta do rádio a escutar os romances tais como: a gata, a filha do Polaco, a Túnica, la peau de chagrin e muitos mais que eu não me lembro. Havia camaradagem, havia como o meu saudoso amigo Daniel Arruda dizia, calor humano.

Hoje, embora seja muito mais fácil comunicar com alguém a muitas milhas de distância, seja por palavras escritas ou

por microfone e com imagem, nunca tem o mesmo efeito do que estar à volta de um rádio com o silêncio sepulcral. Até ver uma partida de futebol parece que sabia muito melhor escutar o famoso Artur Agostinho do que ver hoje uma na televisão. As pessoas escutavam e imaginavam o que se estava a passar chegando alguns ao ponto de fazerem gestos com a cabeça ou com os pés como se fossem eles em poder da bola. Hoje, é tudo muito mais fácil e por isso muitos de nós não damos o valor ao que

temos. Em muitas casas, há televisões em quase todos os quartos. O marido vê um progra-ma, a mulher vê outro e os filhos veiem um terceiro. Até, até se há um filho e uma filha, cada um tem a sua própria televisão e veiem programas diferentes. Se bem que isto tudo tem as suas vantagens muitos hão que recordam com saudades os tem-pos idos e embora não queiram de forma alguma viver com as necessidades que viviam, ao pensar no pouco que tinham e na alegria familiar que existia, dentro de si ecoa a canção do Antônio Mourão. Ó tem-po volta pra trás.

Ó Tempo volta para trásAo Sabor do Vento

José [email protected]

Memorial: Laureano Silveira RodriguesLaureano Silveira RodriguesApril 8, 1940-August 11, 2011

Quando o pai meu faltouA minha mãe prantiavaAinda eu tinha meu avô

Grandes conselhos me dava

Meu Avô seu nome JoséMeu Pai seu nome MateusAté mesmo quando cantoCanto por Alma dos meus

A morte é tão tiranaA tristeza à terra veioViuva mãe, Mariana

Laureano com um ano e meio

Minha Mãe com 9 filhosIsto era uma tristeza

Envolvida em sarilhosÀ volta da sua mesa

A primeira foi MariaE a seguir ManuelA seguir veio José

Depois Delfina, Miguel

A seguir nasceu JoãoSe a memória não me enganaNascia Menina, nascia irmão

A seguir a João, nasceu Mariana

Mateus e Laureano falecidosVirginia está no meioLaureano foi visitá-la

Terminou o seu passeio

José também faleceuJá são 3 nesta altura

E muita coisa aconteceuTodos 3 na sepultura

Quando parte o emigranteFica atrás um amigo

Vem para uma terra distanteEm qualquer lugar o perigo

Emigrando para o CanadáDepois Estados Unidos

Depois casou por caAonde nasceu três filhos

Laureano que já partisteNa vida há sempre um balanço

Cada vez fico mais tristeDeus te dê o eterno descanso

Nascemos para morrerTemos que morrer um diaSó Deus nos pode valerE a Virgem Santa Maria

Chegando a primaveraUma andorinha voando

Quantos braços a esperaE quantos olhos chorando

Laureano quando nasceuNas Lajes foi registadoNas Lajes ali morreu

Nas Lajes foi sepultado

Nasceu na Silveira do PicoIsto assim aconteceu

Mesmo ali foi batizadoIgreja de São Bartolomeu

Nossa Mãezinha queridaJá não a temos por cá

Aonde terminou sua vidaEm London Ontario Canada

Uma familia enlutadaMuita gente calça as luvasEu tenho uma irmã casada

E três são viuvas

Eu digo a todo a povoTudo na vida tem seu fim

Eu o mais velho ele mais novoMas foi um pai para mim

O dia que tu partisteAdeus Adeus irmãozinhoCada vez fiquei mais triste

Foi um Adeus pelo caminho

Laureano na sua ausênciaFoi morrer a PortugalAgora é ter paciência

Remédio para todo o mal

Versos feitos pelo irmão mais velhoManuel Silveira Rodrigues

D.Diniz - 750 anosO Instituto de Estudos Açor-Americanos, com a colaboração da escola Vitorino Nemésio do Centro Português de Evangelização e Cultura, apresen-tam, na quinta-feira, 27 de Outubro de 2011, uma sessão dedicada aos 750 anos do Rei D. Dinis. Ha-verá uma breve palestra, com ilustrações sobre D. Diniz, o rei poeta, e um dos fundadores da língua portuguesa, o qual nasceu no ano de 1261. A ses-são, intitulada: D. Diniz: um génio na idade mé-dia, terá lugar pelas 19h30, sete e meia da noite, no salão paroquial de St. Aloysius em Tulare, seguin-do-se um café e um porto de honra para todos os presentes. A entrada é grátis e toda a comunidade portuguesa está cordialmente convidada a parti-cipar. Para mais informações podem ligar para a presidente do CPEC, e directora da escola Vitorino Nemésio, Rosa Silveira pelo telefone: 559-688-1930 ou pelo e-mail: [email protected]

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9 COLABORAÇÃO

Dos historiadores locais“Se queres ser universal, começa por

pintar a tua aldeia”.

Tolstói

Em tempo de globalização e massi-ficação, e numa era marcada pela mistificação e pela desidentifica-ção, há, nos Açores, um punhado

de estudiosos atentos à realidade local e dispostos a contribuir para a valorização histórica destas ilhas. Refiro-me aos historiadores locais que aí estão a mostrar e a demonstrar que é a par-tir da História local que se chega à História universal. De resto, e num outro contex-to, já no-lo havia lembrado Miguel Torga: “O local é o universal sem paredes; (…) quanto mais local, mais universal”.Há grandeza em ser-se historiador local. Gaspar Frutuoso, Padre António Cordei-ro, Frei Agostinho de Monte Alverne, Frei Diogo das Chagas entre tantos outros que lhes sucederam foram historiadores locais e hoje não podemos passar sem eles.Nos seus trabalhos de investigação, os historiadores locais falam do passado, reflectem o presente e perspectivam o fu-turo das suas freguesias, vilas, cidades e ilhas. E gostam de documentar os seus li-vros com abundantes gravuras e registos fotográficos, demonstrando uma especial apetência para tudo o que seja efeméride. São também vagamente sociólogos. Numa escrita directa e comunicativa, e em livros que trazem a chancela autárquica, evocam as festas religiosas e profanas, os usos e os costumes da sua terra. Falam, com fé e amor, da sua ilha e do seu povo, cuja His-tória analisam de forma apaixonada. Quase sempre bem documentados e in-formados, os historiadores locais dão, ao que escrevem, tratamento criterioso e me-ticuloso, eles que possuem a capacidade

de informar, esclarecer, decifrar e avaliar, incorporando nos seus estudos os métodos e as preocupações dos mais diversos ra-mos da investigação. Lendo algumas das suas obras, fico a pensar na imperiosa ne-cessidade de se reconstituir uma História das Artes dos Açores. Porque foi através das artes que os açorianos deram resposta às eternas perguntas da vida. Temos que preservar o património arquitectónico dos Açores, desenvolver os nossos recursos espirituais e salvaguardar as obras de arte que os nossos antepassados nos legaram.Por exemplo: o que se tem feito pela salva-guarda de todo o recheio das nossas igre-jas? Os espólios nelas existentes estarão todos inventariados e devidamente acau-telados?Sabemos que, em tempos de pirataria, houve muito espólio roubado, queimado e arruinado para sempre. E não desconhe-cemos o resultado das malfadadas causas naturais: convulsões vulcânicas, sismos, enchentes, tempestades marítimas, os al-tos índices de humidade, etc. Além disso, os templos eram sujeitos a incêndios e, à incúria do homem, juntou-se sempre a constante falta de verbas para reconstru-ção e requalificação. Mas convirá não es-quecer que, nos confortáveis tempos que correm, continua a haver por aí muitas outras formas de pirataria. Há que estar vigilante e atento ao nosso património.Defendo o princípio de que não há cultu-ra nacional se não houver uma verdadeira cultura regional. Por isso saúdo os histo-riadores locais que, partindo à descoberta das suas raízes, buscam a nossa identida-de cultural.

O outono é sem dúvida a minha estação pre-ferida, e é também o tempo que me pôe

mais em contato com a minha interioridade, que me faz pensar no percurso da vida, nos por-quês da nossa existência, nas consequências das nossas ava-liações e até intenções. Enquan-to se vive à superfície das ma-rés, indo com as vagas, vendo e julgando caminhadas e com-portamentos, correndo o perigo das tempestades, mas sempre atentos aos naufágios alheios, os dias passam e desaparecem, mas ficam os vestígios perdidos na imensidão do nada. Talvez é a linguagem da idade outonal, que como as árvores quer atirar fora as folhas que deixaram de ter uso. Olhando para a nossa Co-munidade, vejo coisas tão lindas em movimento, iniciativas ma-ravilhosas, tanto nas coisas de cultura, como no campo social, mas entre estas manifestações positivas, ainda, como sempre, se vislumbra uma pontinha de má vontade e de falta de união para um bem comum. Tem sido sempre o nosso mal, a falta de solidariedade dos grupos entre si, em vez de se unirem para se fazer mais e melhor. Acreditem

meus amigos, tem sido sempre assim. Quando aqui cheguei, era a guerra dos programas da rádio, as pessoas armavam logo um partido para defender o preferido e ...ofender o outrem, mas nesse tempo éramos mui-tos e todos podiam contar com o seu clube e sobreviver. Depois foram-se diversificando as ac-tividades, mas sempre na base da competição, partidários e contrários e mais e mais grupos, mais e mais clubes, mas mesmo assim sobrevivendo, porque a nossa gente é mesmo generosa e impulsionadora, mas com o an-dar do tempo as possibilidades diminuem e corre-se o perigo de muitas coisas boas desaparece-rem. Será que a resposta está em pensarmos mais no todo e me-nos nas preferências pessoais?

Será possível fazerem-se coisas mais abrangentes, onde se unem capacida-des e se evite o duplicar

de esforços e vontades?Ao mes-mo tempo que olho as palavras que vou projetando no papel, pergunto a mim própria: Quem sou eu para pensar e muito me-nos sugerir que se pode fazer mais e melhor?...A resposta salta à vista...sou uma grande admi-

radora da nossa gente, dos seus talentos, da sua criatividade, da sua generosidade e do seu em-preendorismo e, é baseada nes-tes sentimentos que me atrevo a partilhar estes meus anseios de querer sempre mais e melhor para aqueles que são a minha ilha de carne e osso, o meu país feito povo. E, já que falei em ilha e país, que seja a comunidade, rica em todas capacidades, que resolva o que quer e precisa, e não os que vem de fora, cheios de boas intenções não duvido, mas que não sabem ao certo quem somos e para onde quere-mos ir.Não sei ao certo se este primeiro dia de outono me está a inspirar com justiça, mas sei que lá fora as flores estão cheias de vida rodeadas de folhas caidas e vi nelas o desafio da sobrevivência do belo e do sublime. Será que estou certa? Deposito nos vos-sos colos estas pobres ideias em forma das flores mais humildes do meu jardim.

Até à volta.

Ao Cabo e ao RestoVictor Rui Dores

Coisas da Vida

Maria das Dores Beirã[email protected]

COMUNICADOO Consulado-Geral de Portugal em San Francisco informa que o Instituto Camões, na sua plataforma de aprendizagem à distância, publicou na página cvc.instituto-camoes.pt, que decorre, até 9 de Outubro, o período de candidaturas para os cursos (1º Semestre 2011/2012):

Cursos de especialização (creditados com ECTS)Cultura- 102 10 Curso de especialização pós-graduação em Cultura Portu-guesa Contemporânea- 103 10 Estudos Pós-Coloniais: Atlântico Sul- 105 10 Patrimónios de Influência PortuguesaCursos de Português para estrangeiros-302 11 Portuguese for foreigners, level 1-303 11 Portuguese for foreigners, level 2-304 11 Português para estrangeiros, nível 3-307 11 Português para NegóciosCursos de Português para fins específicos-305 11 Laboratório de Escrita Jornalística-208 11 Laboratório de Escrita Criativa – Nível AvançadoCursos de formação continua de professores(creditados pelo CCPFC)-202 11 MIPL 2.0 –Materiais Interativos para Português Língua Se-gunda na Web 2.0-203 11 Laboratório de Escrita Criativa – Nível Introdutório-206 11 Meio Século de Literatura Portuguesa (1880-1930)-204 10 Literaturas Africanas de Língua Portuguesa-207 10 A Novíssima Poesia Portuguesa-211 11 Formação de professores na e para a intercompreensão atra-vés de práticasColaborativas on-linePara mais informações, sobre estes e outros cursos, os interessa-dos podem contactar o Consulado-Geral de Portugal, da Segunda à Sexta-feira, das 9 da manhã às 4 da tarde pelo telefone (415) 346-3400, extensão 201 ou fax (415) 346-1440, ou aceder à página acima indicada.

San Francisco, 3 de Outubro de 2011. O Cônsul-GeralAntónio Costa Moura

Estátua de Gaspar Frutuoso, na Ribeira Grande, São Miguel

Outono

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10 15 de Outubro de 2011COLABORAÇÃO

1 – vamos abraçar o Presente com “sauda-des do Futuro”

Imagino que estamos de acordo: o legítimo entusiasmo de elevar uma vila ao estatuto de cidade (ou promover uma próspera fre-guesia ao escalão administrativo de vila) nem sempre é um expediente politico-par-tidário para manipular a autonomia cívica dum determinado agredado populacional. Lembrei-me de abrir esta conversa como despretensiosa contribuição para sugerir aos residentes da (minha) freguesia de São Roque a vantagem em declinar a hipótese duma eventual promoção ao estatuto de Vila. Na minha pensada opinião, São Roque já pode ser olhada como a “Riviera” mi-caelense, situada na fronteira oriental de Ponta Delgada. Desde há cinco séculos, o litoral de “Rosto de Cão” sobrevive com o dote que lhe foi arbitrariamente atribu-ído pela natureza vulcânica: o sentimento de “proximidade-na-distância” para com Ponta Delgada (uma comunidade que per-siste ensimesmada no seu narcisismo mer-cantil, após ter sido elevada à categia de cidade cerca de um quatro de século após o drama que destruiu o futuro da primeira capital micaelense - Vila Franca do Campo (1522).Não esqueço o parentesco com a geração

que fazia o percurso São Roque/Ponta Delgada (e vice-versa) na morosa “camio-neta” das próprias pernas. Quando come-cei a frequentar as aulas da saudosa Escola Industrial e Comercial, era imperioso não descurar o ritmo da “passada” para não falhar presença às aulas matinais. Na al-vorada da década de 50 (século XX), na freguesia de São Roque, havia uma deze-na de adolescentes a frequentar o ensino secundário. Na época éramos apelidados ‘menines de pasta’ – desabafo verbal re-sultante da inocente tensão ciumenta da parte de quem era forçado a trabalhar por conta d’outrém, logo após o exame final da quarta classe... Enfim, tudo isso era resultado do “atrevi-mento” saudável daqueles que, na época, lograram integrar o corpo discente duma ‘secundária’ Escola Técnica, cuja frequên-cia escolar conseguiu mais tarde (Outubro, 1964) ultrapassar o montante global dos alunos então matriculados no ‘ilustre’ Li-ceu local.Há certas ocasiões em que ainda julgo ou-vir o eco de eventos já com meio século de idade: a partir das seis e meia da ma-nhã, magotes de criaturas (ainda meio en-sonadas) caminhavam de “pé ligeiro” em direcção aos campos de batalha do “pão-nosso” de cada-dia; dezenas de raparigas caminhavam ombro-a-ombro com a va-

lentia silenciosa dos adultos, a caminho da Moaçor, da fábrica da borracha Primos, lacticínios Loreto. Na época de inverno, era habitual caminharmos sacudidos pela ventania matinal de sudoeste, fingindo in-diferença face ao violento rosquilhar das ondas que varriam a beira-mar do cais da Corretora, o ‘quebra-mar’ do Terreiro, e os calhaus da Pranchinha. Pelos vistos, na-quele tempo, havia gente que ainda acredi-tava no cumprimento da tradição judaico-cristã: “viverás com o suor do teu rosto”... Não pretendemos esquecer que até finais da década de 80, a freguesia de são Roque era local de residência de alguns “herdei-ros” endinheirados, quase todos caridosa-mente indiferentes à rotina do dormitório colectivo da pobreza. Hoje em dia, a situ-ação social apresenta-se mais complexa. A pobreza mudou de nome, e não existe apenas nas algibeiras dos deserdados; ago-ra, a pobreza chama-se miséria! O antigo slogan político-romântico “o povo é quem mais ordena” está a ser substituído pelo desespero psicológico da estatística: “ca-ramba! caramba! a ditadura da necessida-de é quem mais manda”...Tive a ventura de nascer no seio de uma família campponesa que não considerava o trabalho como castigo dos deuses. Aos cinco anos de idade comecei a aprender a desenhar as principais letras do alfabeto

(nada sei do paradeiro da minha “pedri-nha” mágica, préviamente preparada pela dona Infrozinha, saudosa Regente escolar que nos ensinava a desvendar os segredos da escrita...).Mais tarde, aos sete anos de idade, veio o sagrado momento para ingressar na pri-meira classe do ensino primário oficial. Nessa altura, já era considerado “doutor-caneta”: podia segurar o lápis sem tre-melicar, porque concentrado na inocente odisseia de desenhar as iniciais do próprio nome... 2 – ... os temporais servem para refrescar o “Rosto de Cão” Embora há várias décadas ausente do ritual de vida do ‘meu’ são Roque, não esqueço os lugarejos do berço natal: Manguinha, Brotas, Murtas, sobretudo o Poço Velho e a Madalena – referências geo-emocionais que trago ainda marcadas no amarrotado passaporte da memória. Recordo que por alturas do nosso “25 de Abril”, a freguesia de São Roque tinha uma população muito próxima dos 5.000 habitantes. Curiosa-mente, em finais do século XVI, o famoso Dom António ‘Prior do Crato’, neto do rei D.Manuel I,

(conclui na página 24)

São Roque a "Riviera" micaelense

Memorandum

João-Luís de [email protected]

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

Os Jovens que ocupam o Wall Street

Quem tem visto tele-visão, ou seguido as notícias do mundo americano, através de

qualquer meio de comunicação, sabe o que se passa na ruas de Nova Iorque, mais concretamen-te, junto da Wall Street. São mi-lhares de jovens presentes nestas manifestações. Protestam contra as injustiças, que oscilam diaria-mente, entre quem tem muito e quem pouco ou nada tem. É que as riquezas da Wall Street, são mesmo super riquezas. É um gru-po, muito reduzido, de homens e mulheres (muitos mais homens do que mulheres) que ganham milhões de dólares num mercado minimamente regularizado, que por contra partida investe imen-so em Washington. Tal como afirmava um dos manifestantes: existe uma ligação directa entre os lucros e os negócios obscuros da Wall Street e o mundo da po-lítica na capital estadunidense. E são essas injustiças, numa econo-mia cada vez mais débil, que os jovens americanos, em Nova Ior-que, e agora em outras cidades, desde Chicago a Los Angeles, estão a protestar. Há quem queira depreciar este movimento popular. Há quem o queira minimizar ou até rotulá-lo de uns novos "hippies". Há quem diga que é um movimento com os dias contados. E talvez seja. Até porque os movimentos para terem peso transformam-se e passam das ruas para os edifícios das de-cisões. Porém, o que não se deve subestimar é o poder destes mo-vimentos. Algumas das grandes

modificações que têm acontecido no mundo começaram com movi-mentos semelhantes. Bastou uma mulher dizer que não se mudava do seu lugar num autocarro para encetar as grandes manifestações que deram lugar ao movimento dos direitos civis dos afro-ame-ricanos. Apesar das elites da direita ame-ricana estarem a apregoar que são apenas alunos insatisfeitos a desrespeitarem o país, nem que o direito de manifestar, um dos pilares da constituição fosse um desrespeito, não acredito que se-jam apenas alunos insatisfeitos, e se são, ainda bem. Há muito que a América não protestava, não ia para a rua e alertava o cidadão comum para as múltiplas injusti-ças que se cometem em nome do lucro, desde os preços exorbitan-tes da gasolina, às injustiças no mercado de trabalho. O movimento que ocupa a Wall Street, alunos universitários, jo-vens recentemente formados sem qualquer oportunidade de empre-go, homens e mulheres que vivem em situações económicas extre-mamente precárias, gente ligada a movimentos de solidariedade e de justiça social, não têm, como é óbvio, o poder político que o dinheiro da Wall Street possui, daí que a direita americana, há muito granjeada pela capital dos senhores da banca, das segurado-ras, e de um mercado que serve, desproporcionalmente, quem tem muito à custa de quem tem pou-co, tem vindo à ribalta com todo o tipo de obscenidade. Porém, e apesar dos termos depreciativos

de lideres republicanos como Eric Cantor, Paul Ryan e outros, a verdade é que estes jovens, este milhares para não dizer milhões, em várias cidades deste país, re-presentam, vivamente, o descon-tentamento que existe nos Esta-dos Unidos. Há muito que previa que mais cedo ou mais tarde os america-nos veriam que a ganância de um mercado financeiro, aliado à política, destruiria o sonho ame-ricano. O dinheiro, utilizado pelo grande capital para comprar decisões de Washington, tem feito com que a actual recessão se alastre por tempo quase in-definido. É que três anos depois do erário publico americano ter pago pela salvação da banca e do grande capital, a classe média continua a perder poder de com-pra, a classe pobre aumenta e os barões da Wall Street arrecadam os maiores bónus de sempre. Podemos dar as voltas que der-mos, podemos utilizar toda a retórica e demagogia política que queiramos, porém, enquanto não se reestruturar os mercados financeiros, com regras e a ne-cessária fiscalização, a economia americana sofrerá e as principais vitimas serão sempre os mais marginalizados. É que nos últimos três anos, o grande capital americano deci-diu abandonar o país. Fecharam fábricas e industrias das mais varias, destruindo mais de 3 mi-lhões de postos de trabalho e, si-multaneamente, criaram mais de dois milhões de postos de traba-lho em países subdesenvolvidos,

principalmente na China. Caso para perguntar: onde está o pa-triotismo destas multinacionais? Ainda bem que há jovens corajo-sos para ocuparem Wall Street. Tenho a certeza que a sua audá-cia, a sua determinação, até mes-mo a sua utopia ajudará a mudar a América. E aqueles que falam depreciativamente destes jovens, deste movimento popular, peço-lhes que peguem num livro de história (um credível já agora) e que leiam um pouco sobre os mo-vimentos populares na América e as suas repercussões no mundo norte-americano. Aliás, é chistoso ouvir-se alguns comentadores a alguns políticos americanos a condenarem este movimento e estas manifesta-ções, porque são as mesmas vo-zes que o ano passado andavam a enaltecer as manifestações pagas pelo grande capital para protesta-rem contra o plano de saúde do Presidente Barack Obama. Então quando gente da terceira idade, já mais do que reformada, é paga para andar com cartazes denun-ciando as políticas do Presidente Obama, tudo bem. Esses des-graçados que foram comprados, ou são vitimas da sua própria ignorância, (escrevo isto porque diziam que não queriam seguro nacional de saúde mas estavam todos no medicare) é que são "verdadeiros patriotas." Porém, quando são jovens, com o seu futuro todo pela frente, os ho-mens e as mulheres do amanhã, os nossos futuros engenheiros, professores, médicos, enfermei-ros, sociólogos, artistas, investi-

gadores, etc., a protestarem, vêm, imediatamente, as vozes conde-natórias e apocalípticas da direita americana. Mais, o Partido Democrático que tem estado um bocado silencio-so durante estas manifestações, precisa ouvir estas vozes disso-nantes e este descontentamento. Nestas vozes, nestes jovens, está o futuro do Partido Democrático, que também tem pecado tremen-damente ao deitar-se, embora na beira, mas na mesma cama com o dinheiro duma Wall Street sem regras. Este é também o momen-to para o próprio presidente Ba-rack Obama erguer a sua voz (e já o fez, mas receosamente para o meu gosto) em defesa de uma nova geração que se desponta e sem esperança no futuro. Enten-do, muito bem, que o presidente tem que ponderar todos os ângu-los, mas também sei que é abso-lutamente necessário que a um ano das eleições presidenciais, apesar de ter sido constantemente atropelado pela direita, por repu-blicanos que cada vez têm menos escrúpulos, é essencial ressusci-tar a esperança dos mais jovens, particularmente destes novos ta-lentos que apesar de terem a for-mação adequada não encontram as oportunidades que este país ainda pode dar. Os Democratas não têm que ter receio de se aliarem a este movi-mento popular e de dizerem bem alto, que o sonho americano está, com o passar de cada dia, a ser sequestrado pela elite da Wall Street.

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11COLABORAÇÃO

Manuel Mendes, Robert Benevides, Filomena Rocha e Frank Baptista

Esq: Vários aspectos da festa realizada na Raymond Burr Winery em Healdsburg

Embaixo/esquerda: Banda de Newark, sob a direcção de João Pereira Armando e Carolina Antunes

Ler Água Viva na página 19

Um dia bem passado em Healdsburg

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Participe nesta bonita Festa do Calendário Religioso da nossa Comunidade

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14 15 de Outubro de 2011

A associação estudantil SOPAS—Society of Portuguese-American Students—das escolas secundárias de Tulare celebra uma semana dedicada à cultura açoriana. O evento será nas escolas secundárias de Tu-lare e em outros locais da nossa comunida-de. E destinado a toda a população estu-dantil, corpo docente de ambas as escolas e para a comunidade em geral. A semana cultural será de 1 a 7de Outubro e terá o seguinte programa:No sábado, 1 de Outubro, no parque recre-ativo Del Lago em Tulare haverá um pique-nique do meio-dia às 4 da tarde, durante o qual focaremos alguns aspectos da cultura popular açoriana. Todos os alunos, seus

pais e famílias estão convidados.De segunda a sexta (3-7 de Outubro) ha-verá uma série de anúncios no boletim diário das escolas secundárias de Tulare com informações sobre os Açores e sobre açor-americanos que se têm distinguido nesta sociedade. Nas aulas de português estarão em destaque vários aspectos da cultura açoriana, incluindo a música, a gastronomia, as tradições e a história do arquipélago . Ao longo desta semana cul-tural, cada dia será dedicado a uma ilha

diferente e em foco este ano estará a ilha de São Jorge. Na quarta-feira, 5 de Outubro haverá uma sessão de poesia e modas do folclore aço-riano, a apresentação de uma colectânea de vídeos e uma exposição feita pelos alu-nos dedicada à ilha de São Jorge. A noite cultural começa às 7 da tarde no auditório da escola secundária de Tulare, seguin-do-se uma prova de doces tradicionais incluindo as famosas "espécies" de São Jorge. Esta noite tem o patrocínio da Fun-dação das cidades irmãs Tulare-Angra e do Centro Português de Evangelização e Cultura de Tulare. Na quinta-feira, 6 de Outubro, haverá du-

rante a hora do almoço dos alunos, uma série de actividades culturais e a venda de comidas da culinária açoriana.Na sexta-feira, 7 de Outubro celebrar-se-á o XIX festival cultural açoriano para a juventude, com uma amalgama de apre-sentações e actividades lúdicas no salão português TDES em Tulare. Mais de 300 alunos das escolas secundárias de Tulare participarão neste evento. O festival re-aliza-se das 9 da manhã até às 3 da tarde e tem o patrocínio do Clube Cabrilho do

Condado de Tulare, da Direcção regional das Comunidades, do TDES, da Luso-American Education Foundation e de ou-

tras organizações e entidades, como o pro-grama do governo federal GATE.Este é o nono ano consecutivo em que se dedica uma semana à cultura açoriana nas escolas secundárias de Tulare. Este evento tem por objectivo celebrar a cultura açoria-na e os contributos que os açor-americanos têm feito para esta cidade e este estado. A semana de cultura açoriana termina com uma noite de festa organizada pelo Tulare-Angrense e com a presença dos Severinos vindos expressamente da ilha de São Jor-ge, com a colaboração da Câmara Munici-pal da Calheta

e da Direcção Regional das Comunidades da Presidência do Governo dos Açores.

Um dos objectivos da associação SOPAS em colaboração comas aulas de língua e cultura portuguesas, para este ano escolar 2010-11, é aproximar cada vez mais a esco-la à comunidade, com eventos que sejam para os alunos e para a comunidade em geral. Esta aproximação, segundo o corpo directivo da associação, passa por eventos culturais como este e por forjar alianças e protocolos de trabalho entre esta associa-ção e as nossas organizações portuguesas.

Directoras do SOPAS, preparando a refeição para os jovens no dia do Festival: Chelsea Yeager, Sabrina Sylvester, Paula Freitas e Heather Martin.

Aspecto parcial da sala do TDES com os 290 alunos

Alunos aprendendo a arte do azulejo

Severinos em Tulare

COMUNIDADE

Semana de Cultura Açoriana em Tulare

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15 COLABORAÇÃO

Sempre sonhei de um dia poder visitar Roma. Já andei por mui-tos países europeus mas nunca tive a oportunidade de passar pela Itália. Acontece que tínha-mos o casamento do meu sobri-nho Filipe em Berlim e como era relativamente perto da Itália então decidimos passar primeiro por Roma, concretizando assim o meu sonho juntamente com a minha esposa que é sem duvida a melhor companheira de viagem que se pode ter.Todas as vezes que se falava de Roma eu sempre a associava às belezas do Vaticano, com a sua enorme Praça e Basílica de São Pedro, aonde todas as Quartas-Feiras o Papa dá uma benção geral a todos os presentes assim como as grandes e importantíssi-mas pinturas de um dos museus mais belos do mundo. Roma é tudo isto, mas ainda muito mais. Para mim Roma é como uma ci-dade museu. Todas as suas belas “Piazzas” e as suas fantásticas “Fontanas”, edifícios e ruínas são como um livro de história. As ru-ínas marcam bem o antigo impé-rio Romano, que nos faz lembrar

o que se estudou e se leu desse império impressionante mas com muita podridão e falta de moral, mas que foi no meio dele que a religião Cristã se multiplicou de-vido ao grande testemunho de fé e amor a Deus dos milhares de cristãos que foram martirizados no grande Coliseu que continua grande e imponente, mesmo es-tando em grande parte em ruí-nas.Em todas as Igrejas que entrá-mos, e foram muitas, todas elas eram de grande beleza, cheias de pinturas lindas que qualquer mu-seu do mundo de arte antiga gos-taria de as possuir. Em todas as “Piazzas” e por todos os cantos

existem Cafés / Restaurantes na rua, aonde se pode comer as deli-ciosas pizzas com uma (ou duas) refrescantes cervejas.A visita ao Vaticano na Quarta-Feira foi sem dúvida o que mais me marcou deste fantástico pas-seio. Tivemos a sorte da minha sobrinha Sofia ter participa-do numa digressão de estudo a Roma, da Universidade de San-ta Clara por seis semanas, onde acabou por conhecer bem Roma e o Vaticano. Ela aconselhou-nos a requesitar bilhetes grátis na In-ternet com três semanas de ante-cedência para podermos entrar na praça de São Pedro do Vaticano. Assim o fizemos e na Terça-Feira fomos à Igreja de Santa Susanna em Roma levantar os bilhetes, Igreja esta Americana para o meu espanto (santasusanna.org/pope-Vatican/tickets.html). Os bilhetes são grátis e dá-nos o privilégio de sermos os primeiros a entrar e de nos poder sentar na grande Praça de São Pedro. Chegámos perto das oito horas da manhã e não levou muito tempo para as linhas ficarem longas. Como tínhamos os bilhetes e chegámos cedo ti-

vemos a grande sorte de nos sen-tar mesmo na primeira fila. Ao nosso lado esquerdo estava uma excurção da Argentina e do lado direito outra da Polónia. Não le-vou muito tempo e já nos conhe-cíamos todos uns aos outros. O dia estava muito quente e húmi-do mas parecia que ninguém se importava com isso porque o am-biente era festivo, cheio de músi-ca e cânticos, porque todos nós tinhamos algo em comum, que era a fé em Deus e a expectativa de ver pessoalmente e de receber uma benção do nosso Papa Bento XVI. Foram duas horas e meia de espera mas valeu a pena, porque quando o Papa passou bem per-

to de nós no seu “Papamobile” a sorrir, foi para mim um mo-mento muito especial que nunca me irei esquecer. Foi realmente um momento que me encheu o coração de alegria e de esperan-ça para dias melhores para este mundo onde vivemos cheio de avidez pelo dinheiro e poder, ódio, guerras e muita, muita fal-ta de moral. Naquele momento consegui ver tudo do que é bom que temos nas nossas vidas e dei graças a Deus por nos ter dado esta tão grande satisfeição.Depois da benção geral do Papa em várias linguas, incluíndo a portuguesa, visitámos o Museu do Vaticano que por ventura é o segundo museu maior do mun-do, a seguir ao do Louvre de Paris. Tivemos a grande sorte de termos um guia americano, residente em Roma e cursado em Teologia para nos guiar no grande museu. Penso que já ti-nha visto quase todas as estátu-as e pinturas em livros e filmes, mas ao ver estas belas obras de arte ao vivo é realmente algo de fantástico, especialmente a Ca-pela Sistina onde todas as pintu-

ras nos falamde passagens impor-tantíssimas do nosso cristianismo.A Basílica de São Pe-dro é simplesmente mágnifica. Tivemos o prazer de assistir-mos a uma missa na Basílica e de vermos a verdadeira “Pietá”, assim como o túmu-lo do nosso saudoso Papa João Paulo II. Foi sem dúvida uma das Quartas-Feiras mais importantes da minha vida e tive o grande prazer de a compartilhar com a minha Alice. Fo-

mos sózinhos, mas estavamos bem informados e tornou-se um passeio belíssimo que nunca nos esqueceremos e só damos graças a Deus por nos ter dado esta graça.Depois de Roma lá seguimos para Berlim, cidade cheia de vestígios históricos, mas sendo os da segunda guerra mundial com maior evidência.

Joaquim Ávila

Roma Cidade Museu

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16 15 de Outubro de 2011TURLOCK

Festa de Nossa Senhora de Fátima em Turlock

Era uma festa com grande participação popular. Um dia, decidiram não misturar as Rainhas do Espírito Santo com a Festa de Nossa Senhora de Fátima, e a maioria do povo deixou de aparecer. Mesmo assim continua a ser uma festa simples, bonita e com algumas centenas de pessoas a participarem na missa e na procissão. Na sexta-feira da festa, 30 de Setembro, houve Noite de Fados.

Connie e Marcelino Gonçalves, Presidente da Festa deste ano

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O ano de 2011 está quase a acabar, mas sabemos que para a vossa Direcção foi um ano de muitas acções. Faça-nos uma descrição e os resultados já obtidos ou esperados.

Foi um ano muito agitado com grandes re-alizações. Foram tantas as coisas .... que até as perco de vista. Ultimamente tivemos a Metropolis; a Ce-lebração dos 500 anos de Presença Aço-riana na América do Norte, comemorada em Dighton Rock Park; o Simpósio Inter-nacional sobre Qualidade de Vida e Di-reitos Humanos das Comunidades Falan-tes do Português nos EUA e Canadá que vai acontecer no dia 9 e 10 de Novembro em Cambridge, Massachusetts; Cabaz de Natal Açoriano 2011; Grande Festa de Thanksgiving em Ponta Delgada, etc.

Fale-nos mais detalhadamente sobre a ideia do Lar das Américas.

O Lar das Américas é uma infraestrutura a construir nos Açores para receber pessoas com mais de 65 anos da nossa diáspora que pretendam passar temporadas nas ilhas. São muitos os indivíduos que querem vi-sitar os Açores por períodos prolongados e não existe um espaço para os acolher com a qualidade e a atenção que a idade avan-çada exige. Em todo este processo, a DRC é apenas um interlocutor para facilitar a criação desta infraestrutura que se deseja

seja um espaço dos emigrantes e suas fa-mílias e para os emigrantes.

Descreva-nos o vosso envolvimento para 2012 e os resultados pretendidos.

Continuaremos a dar ênfase à vertente social, tentando colmatar dificuldades e levando alegria às nossas comunidades es-palhadas pelo mundo. Neste sentido, pro-jectos como Cabaz de Natal Açoriano para pessoas em dificuldades das nossas comu-nidades; Saudades dos Açores para idosos; Ao encontro de famílias para familiares de deportados; De Mãos dadas com os Açores para deficientes das nossas comunidades; Avós, netos e netas para juntar em viagens aos Açores gerações diferentes; Ao Colo da Língua Portuguesa para promover a leitura em Português; Bolsa de Estudos Dias de Melo para alunos universitários, etc. serão a nossa grande aposta. Existe outro tipo de intervenção que se prende com os encontros, congressos, concursos, etc. No próximo ano, será organizado um

congresso mundial sobre o ensino da lín-gua portuguesa, nos EUA, um Encontro Internacional sobre Órgãos de Comuni-cação Social de língua Portuguesa, ligada às comunidades açorianas, no Canadá; Congresso Internacional do Espírito Santo na Terceira; Conselho Mundial das Casas dos Açores em S. Miguel, etc. Temos pre-vistas actividades para cada grande espa-ço da nossa diáspora: na California, por exemplo, está a decorrer a organização de grandes festejos para 2012, dirigidos à co-munidade açoriana e americana em geral. No Brasil estamos a organizar o projecto Açores no Brasil e Brasil nos Açores 2012 com actividades lindíssimas como a co-memoração dos 260 anos de povoamento açoriano no Rio Grande do Sul; carna-val de Santa Catarina com uma escola de samba a dançar sob o enredo dos Açores; 60 anos de Casa dos Açores do Rio de Ja-neiro; e exposição sobre os Açores num dos maiores shoppings de Sao Paulo. No Canadá é o Congresso dos Media; na Ber-muda vamos ter um grande espectáculo de música e um festival gastronómico. Neste momento, na DRC, encontramo-nos em busca de novas comunidades açorianas e vamos implementar projectos que toquem fundo no coração das pessoas e que fiquem na história das nossas comunidades. Tudo isto sem esquecer que as nossas grandes prioridades para 2012 são as pessoas ido-sas, a questão da deportação e os jovens da diáspora que, cada vez mais, devem ser

chamados a visitar os Açores, a viver nas ilhas com a qualidade que nos caracteri-za. Se os Açores são espaço de residência para indivíduos de 86 nacionalidades di-ferentes, por que motivo não devem ser o espaço escolhido para viver dos nossos jovens açordescendentes? Temos de trabalhar e muito nesta ver-tente.

Mesmo que depois das pró-ximas eleições possa não fazer parte da Direcção Regional das Comunida-des, acha que a mesma vai continuar com o empenho que tem tido até agora e a continuar os projectos que iniciou?

Claro que sim. A Direcção Regional das Comunidades conta com um grupo de fun-cionários muito profissional,

com grande sensibilidade para estas ques-tões, sempre disponível para apoiar com fi-delidade e convição quem quer que ocupe a cadeira da Direção. Por outro lado, quem vier a desempenhar as funções de dirigen-te tem de ter um discurso e uma prática coesos, no sentido de corresponder às ne-cessidades, anseios e expectativas das nos-sas comunidades. Há verdades universais hoje que não podem ser descuradas. Nos Açores vivem à roda de 250 mil pessoas, mas na nossa diáspora existe um milhão

e quinhentos mil açorianos e açordescen-dentes. Isto obriga qualquer dirigente a ter um olhar muito atento aqueles que parti-ram das ilhas e seus descendentes. Temos

uma dívida histórica para com os nossos emigrantes e todos os dias são momentos únicos para lhes prestarmos homenagem e para lhes agradecermos o papel fulcral que têm desempenhado na promoção dos Açores no estrangeiro.

Que projectos tem para o futuro não só para a Direcção Regional como para si pessoalmente?

Em termos pessoais e profissionais, preci-so de terminar o meu 2º pós-doutoramento que estou a fazer nos EUA sobre a manu-tenção da língua portuguesa junto dos ju-deus sefarditas que chegaram aos EUA no século XVII e que mantiveram o idioma luso, nas suas funções religiosas, durante quase dois séculos. É importante referir que os primeiros judeus que chegaram aos EUA foram portugueses e espanhóis. A estes se deve a criação das primeiras co-munidades judaicas, de sempre, nos EUA. Quanto ao futuro da DRC, não tenho dúvi-das de que o mesmo está garantido através de um pacote de projectos cada vez mais ambicioso e completo. Tal acontecerá pela via da criatividade dos responsáveis da DRC bem como devido às exigências cada vez maiores das nossas comunidades que querem aproximar-se cada vez mais dos Açores.

Graça Castanho, Directora Regional das Comunidades

O Lar das Américas é uma infraestrutura a construir nos AçoresGraça Castanho, Directora Regional das Co-munidades visitou a Casa dos Açores de Hil-mar e falou sobre vários projectos, entre eles, a Casa das Americas. Por causa disso e de ou-tros projectos aqui temos o resultado da con-versa com a Directora Regional:

ENTREVISTA

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18 15 de Outubro de 2011PATROCINADORES

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19 COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena [email protected]

Memorial:

A Letter to Larry Rodrigues

Dear Larry

Thank you for the 25 plus years. I couldn't believe it when I heard what happened to you. All the memories we had started co-ming to mind. We first met at the Holly Spirity Queen Dance in Monterey. It was love at first sight during our first dance. I felt like Conderella. Within two and a half months we were married.We were showered with blessing with averything we did. Although it was di-fficult to join two families together, we accomplished it. We bought our home in Carmel Valley. We both worked so hard on making it just waht we wanted, and it was a labor of love. I remember our wonderful times there...swimming, dinners and hou-se parties with family and friends.We traveled all over the world and to the Azores many times, while at the same time keeping up with everything. I don't regret for one minute our full life together.I did love you with all my heart. Next to God you were my guy - my everything.I know deep down in my heart you were a very good person; you truly believed on the Holly Spirit and devotion and honor in the Lady of Fatima.God calls us all home in His timing and this time was your time. I pray to God that you are with our Heavenly Father, all An-gles ans Saints, our loved ones, familiy and friends.

You are always going to be in my heart, prayers and Masses.Thanks for the Life we had!

Valentina Rodrigues

Note: Larry Rodrigues passed away in a swimming accident in Lajes, Pico on Aug, 11, 2011.They married on April 4, 1981 and renew their wedding vow's on Catholic Church in Carmel Mission on May 30, 1991.

Traços do Quotidiano

Margarida da [email protected]

A manhã de sábado dia 8, estava linda e amenamente convida-tiva para o passeio planeado! Um auto-carro todo “chic” le-

vou o grupo Folclórico Tempos de Outro-ra até Healdsburg, para viver um dia em festa com o São Martinho.Depois de todos os passageiros bem aco-modados nos lugares e de estômago acon-chegado pelas apetitosas sandes prepara-das para pequeno almoço dos convivas, a ensaiadora do Grupo, Susana Faria, começou os jogos de entretenimento para passar melhor o caminho, de duas horas e meia de viagem, numa condução suave e atenta. Até chegar ao destino, os nossos olhos quase ficaram verdes, cor da paisa-gem, das extensas plantações de vinhas, ora em planaltos, ora em encostas que terminavam junto às moradias de verão e adegas dos muitos proprietários. É lindo de se admirar, quase mágico de ver como são plantadas as vinhas e dispostos os atalhos que dividem as castas vinhateiras, como rendilhado em relevo perfeito de uvas ainda por apanhar. À saída, pudemos constactar que eram doces e apetitosas as “jacquet”. Não admira portanto que na-quela área, Santa Rosa, Sonoma e Napa, os produtores façam bom vinho. Que pena, que em vez da estrada de alcatrão, não tivéssemos um rio como o Douro a dividir as margens frescas e abundantes... Abundante foi a alegria com que fomos todos recebidos na Quinta de Raymond Burr, nosso destino. Mr. Frank Baptista, rosto rosado e bem disposto, com outros empregados, veio ao nosso encontro, para colina acima nos conduzir e apresentar ao dono da casa, Mr. Robert Benevides. Já muita gente aí se encontrava provan-

do das iguarías especialmente preparadas para os visitantes convidados: Caldo ver-de, linguíça na brasa, favas escoadas, pão de milho, queijo, salada de vegetais, arroz doce e vinho da casa.Após o reconfortante repasto, os elemen-tos do Grupo Folclórico prepararam-se para a sua actuação que foi deslumbrante e fez muita gente sair dos seus cómodos lugares para dar um pé de dança. Cada moda do bailho arrancou bastos aplausos e as chamarritas chamaram ao “terreiro” os mais quietos.Quase no fim da actuação, eu quis que este dia ficasse entre as melhores memó-rias do excelente actor Raymond Burr ou Perry Mason, como ficou conhecido na Meca do Cinema, e ofereci em nome de Tempos de Outrora, a estatueta do São Martin de Tours, o missionário soldado romano que se tornou patrono dos pobres, da caridade e da alegria. Foi um momento especial que comoveu os anfitriões, assim como empregados, voluntários da Quinta e visitantes. Terminámos, como é cos-tume com a “Doce Esperança”, a de ver todos de novo, naquele ou noutro lugar com amizade e alegria e partimos ao som da Banda Filarmónica de Newark, que devidamente fardada também participou e tocou os Hinos Nacionais Americano e Português e a marcha Washington Post, do nosso querido John Philip Sousa. Neste tempo que é de vinho novo, ergo porém o Porto da colheita de há 71 anos, que me foi oferecido em exclusivo, para saudar os anfitriões Robert Benevides e Frank Baptista pela excelente recepção que nos ofereceu. Todos ficámos muito gratos por tão maravilhoso dia!

Racismo

Um dia destes, ao falar com uma vizinha ela me dizia que, recentemente, ao visitar ami-gos no sul da Califórnia, tinha

ficado bastante aborrecida com alguns comentários feitos por: “a bunch of right-wingers”, (conservadores da extrema di-reita). Porém, como ela é racional, pediu aos amigos que não discutissem política e eles concordaram. Compreendi a situa-ção dela e talvez tivesse feito o mesmo. Temos uns amigos americanos, protes-tantes e conservadores, mas nunca houve problemas entre nós. Respeitamos mu-tuamente as nossas ideologias e, sempre que nos juntamos, a política e a religião ficam à porta. Embora Novato seja a uma cidade poli-ticamente conservadora, gosto imenso de aqui viver, e o facto da proximidade do Marin Country Club, onde está localiza-do o precinto eleitoral mais conservador do Marin County, não afecta os meus afa-zeres do quotidiano.Admito que cada um tem o direito de escolher qualquer partido político, mas, não posso, de forma alguma, aceitar o ra-cismo prevalecente contra a raça negra e, especialmente, contra o Presidente Barak Obama que continua ser injuriado e a ser questionado, estupidamente, perante fac-tos confirmados. No entanto, não me cau-sa surpresa de onde partem esses ultrajes. Afirmo, com convicção que, se ele fosse um homem branco, jamais seria atacado com tanto rancor. Achei piada ao que alguém me disse um dia: “I can smell a racist a mile away!” (Consigo cheirar um racista a uma mi-lha de distância!) Infelizmente, ainda

há tanta gente que anda por aí a exalar o asco do racismo porque jamais se con-formará com a ideia de que um homem negro pode ser presidente destes Estados Unidos, a chamada terra da igualdade. E, não me venham com cantigas dizer que a cor da sua pele não tem nada a ver com isso. Essas afirmações são, simplesmente: “Desculpas de mau pagador!”Também tive conhecimento de que algu-mas pessoas ficaram “upset” (perturba-das,) de ver a notícia e a foto da amiga Conceição Silveira, no Tribuna, com o quadro do Presidente Obama que ela bor-dou a ponto de cruz e que enviou para a Casa Branca. Ainda por cima, o jornal teve a “ousadia” de transcrever a simpá-tica carta de agradecimento que o presi-dente e a esposa assinaram e enviaram à Conceição e que muito a sensibilizou. Já agora, desejo apresentar sinceros para-béns à Conceição pelo seu magnífico tra-balho e por tantos outros, no género, que ela continua a fazer.Este episódio fez-me lembrar o que ocor-reu quando Bill Clinton era presidente. Numa altura que ele visitou Portugal, li num jornal que ele gostava do Fado, e resolvi enviar-lhe um CD, “História do Fado”, com números dos nossos mais po-pulares fadistas. Nunca cheguei a saber se as suas vozes ecoaram na Casa Branca, no entanto, recebi um “Thank You Card” com a assinatura do Presidente Clinton que guardei como recordação. Oxalá que esta revelação não perturbe ninguém , pois não foi essa a minha intenção. Mas, como isto aconteceu já há muito tempo: “Who cares, right?”Peace!

São Martinho, em Healdsburg

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20 15 de Outubro de 2011COMUNIDADE

Homenagem a Manuel Antão PereiraManuel Antão nasceu a 20 de Novembro de 1925, numa pequena freguesia da Ilha de São Miguel, a qual tem o toponímico de Faial da Terra, sendo esta uma freguesia que compõe o Concelho de Povoação.Manuel Antão desde muito novo teve jei-to para a poesia popular. Entre os seus 8 e 10 anos de idade escrevia lindos poemas e histórias de acontecimentos locais em quadras. Um pouco mais tarde entre os 10 e 11 anos começou a cantar ao desafio. Se-gundo o próprio, a primeira vez que cantou foi com um ‘tal Virgílio de Agua Retorta’ (freguesia vizinha), numa brincadeira en-tre amigos na rua, a pedido dos populares que ouviam o tal Virgílio. Caíu no agrado dos presentes que começaram a espalhar a notícia que o Antão do Faial da Terra can-tava ao desafio. Desta feita Antão começou a ser chamado para cantar aqui e ali e para além de cantar ao desafio também cantava fado. Ainda de tenra idade era chamado para cantar nos quartéis militares. Seu Pai, bom chefe de família e homem respeitado no local, tinha também grande afecto pe-los seus filhos não querendo que seu filho Manuel fosse cantar alegrando os serões nos quartéis, para ele não andar no escu-ro da noite sozinho. Mas os comandantes sempre arranjavam uma solução, para des-

cansar o pai de Manuel Antão. Mandavam uma patrulha para o ir buscar e levar de regresso a casa. Este relato só vem pro-var que já naquela época, Manuel Antão era procurado e tinha fama na terra. Por motivos de responsabilidade financeira em 19 de Junho de 1957, com 31 anos de idade, emigra para o Canada, ficando ra-dicado em Winnipeg por cerca de um ano, mudando-se depois para a zona da cidade de Toronto (cidade onde hoje reside), sen-do nesta zona, em uma festa de amigos que Antão soltou umas quadras cantando, estando presente um amigo que também soltava cantigas e admirador de cantigas ao desafio, convida Antão a acompanhá-lo a ir ouvir cantoria a uma festa que iria ha-ver. Antão aceitou e no local da festa ficou sentado na mesa dos cantadores, à direita do conhecido Oliveira de Candelária, em frente de outro cantador que não recorda o nome e ao lado do seu colega. Começou a cantoria entre os dois cantadores, em se-guida sobe o seu colega para cantar com o Oliveira. Passado algum tempo de can-toria o colega desceu e convidou o Antão a subir para cantar com o Oliveira. Antão aceitou e a cantoria até correu bem, ficou conhecido e começou logo a ser chamado para outras cantorias, chamamentos que

cont inuaram até aos dias de hoje! Cantou em São Mi-guel, Terceira, Canada, Es-tados Unidos da América e Bermudas, apanhou can-tadores de todo o tipo e feitio, como: Charrua, Oli-veira de Can-delária, Turlu, Ol ive i r i n h a da Relva, João Plácido, Cane-ta, Abel, Fer-reirinha, Car-valho de Stª Maria, João

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A venda começou na primeira semana de Setembro

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Carvalho, Galanta, Vasco Aguiar, José Fernandes, António de Sousa, João Luís Mariano, Jorge Rita, José Eliseu, Gil Rita, Chalana e tantos outros mais, sendo que no dia 2 de Setembro de 2011 cantou com a jovem Maria Clara Costa, na Vila da Po-voação, cantoria onde esteve o cantador mais antigo, com a mais jovem cantadeira dos Açores e comunidades. Por nunca ter sido homenageado por nenhuma entidade governamental ou amigos, Carlos Sou-sa “Maurício”, outro jovem cantador da Ilha de São Miguel tomou a iniciativa de preparar uma Homenagem a Manuel An-tão, apresentando o projecto ao Sr. Paulo Nazaré, presidente da Junta de Freguesia de Faial da Terra, que logo se abraçou ao projecto, dando o apoio necessário para o efeito, por sua vez, à iniciativa de Carlos Sousa “Maurício”, associaram-se a Câma-ra Municipal da Povoação e a Associação de Cantadores e Tocadores ao Desafio dos Açores, para todos em conjunto fazerem a homenagem a Manuel Antão. Este último foi convidado a viajar do Canada para São Miguel com o intuito de ser homenageado, ficando em São Miguel entre o dia 29 de Agosto e 17 de Setembro. A data escolhi-da para a sua homenagem foi de maneira a coincidir com as festas da padroeira da sua terra natal, sendo o dia 9 de Setembro, sexta-feira, a data escolhida para o evento, sexta-feira da festa da Senhora da Graça, que nos concedeu a graça de ele estar de saúde para estar no meio de nós. Pelas 19 horas teve inicio um jantar com fami-liares, amigos, cantadores, tocadores e simpatizantes. Por volta das 21 horas e 30 minutos teve inicio a sessão de Homena-gem no coreto da freguesia, que após uma breve apresentação, subiu ao palco Gra-ça Prata para cantar fado, surpresa muito apreciada por Manuel Antão (lembranças de um passado de Manuel), seguindo-se a Homenagem pública pela Junta de Fre-guesia com entrega de uma placa alusi-va ao evento e o lançamento de um Selo Postal emitido pelos correios de Portugal com a cara do Sr. Manuel Antão Perei-ra marcando assim a justa Homenagem a um filho da terra, que faz BODAS DE DIAMANTE, 75 anos a cantar ao desafio, com cantigas do povo para o povo, sendo

o mesmo entregue pela Dr.ª Fátima Alber-garia, Directora Regional dos CTT, rece-bendo também uma placa de Homenagem da Associação de Cantadores e Tocadores ao Desafio dos Açores, seguindo-se a Câ-mara Municipal da Povoação que também entregou uma lembrança de Homenagem ao Sr. Manuel. Vindo dos Estados Unidos também foi entregue uma lembrança em nome do Sr. Arnaldo, da NorthStereo, e por último José António Franco, amigo de Manuel, também subiu ao palco para en-tregar uma lembrança de Homenagem ao seu amigo, Manuel Antão que agradeceu publicamente por se terem lembrado dele.Sendo esta Homenagem em prol da cul-tura Açoriana, seguiu-se as tradicionais cantigas ao desafio, sendo a primeira can-toria da noite com o promotor do evento e o Homenageado, Carlos Sousa “Maurício & Manuel Antão, acompanhados por Re-nato Cordeiro na viola da terra e Humber-to Sousa no violão. Segunda cantoria com Jorge Rita e José António Pimentel (Sousa Filho), acompanhados por Pedro Braga na viola da terra e Carlos Sousa “Maurício” no violão. Terceira cantoria com João Luís Mariano e Manuel Antão, acompanhados por Manuel Paiva na guitarra Portuguesa e Ricardo Maia no violão. Desgarrada com todos os cantadores que se encontravam presentes no recinto onde decorria o even-to, sendo eles: Manuel Rego “Macalada”, José Festa, Rui Santos “Tirano”, Tiago Clara, Luís Aguiar, Carlos Sousa “Maurí-cio”, João Ramiro, Filomeno Antão (irmão do Sr. Manuel), João Fernandes, Albino Silva, José António Pimentel e João Luís Mariano.Manuel Antão não cantou na desgarrada por não se sentir bem fisicamente e emo-cionalmente, acto que todos compreende-ram, porque cantar ao desafio com os 86 anos a bater à porta não é fácil para nin-guém, muito menos à desgarrada!Parabéns Manuel Antão Pereira por come-morares as Bodas de Diamante de Canti-gas ao Desafio, 75 anos a cantar e por seres o cantador mais antigo no activo!Parabéns!

Carlos Sousa

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21 PATROCINADORES

Celebração em Honra de Nossa Senhora de Fátima na Paróquia de S. Bernardo da Cidade de Tracy.

De 25 – 27 de Outubro, pelas 7:00 horas da noite, recitação do terço seguindo-se Mis-sa, em Português pelo Reverendo Padre Luis Garcia Dutra, Pároco da Igreja de Santa Catarina em Castelo Branco e Santíssima Trindade do Capelo, Faial, Açores.

SEXTA FEIRA – 28 DE OUTUBRO

6:00 pm - Hora social7:00 pm - Jantar de gala9:00 pm - Espectáculo de Fados com as vozes de Zélia Freitas, Mário Simas, Ilda Maria e David Garcia acompanhados por Hélder Carvalheira, Manuel Escobar e João Cardadeiro. …$50.00 dólares por pessoa… SÁBADO – 29 DE OUTUBRO

6:00 pm - Missa em Português seguindo-se a Procissão de Velas com recitação do terço e abrilhantada pela filarmónica Nova Artista Açoriana de Tracy.9:00 pm - Abertura da Quermesse… Serão oferecidos aperitivos, refrescos e sobremesas… Exibição do grupo folclórico Tempos d’Outrora de San Jose.

DOMINGO – 30 DE OUTUBRO

10:30 am - Missa solene , em Português, na Igreja de S. Bernardo seguindo-se a procissão com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, abrilhantada pelas filarmónicas: Azores Band de Escalon e Nova Artista Açoriana de Tracy.12:30 pm - Almoço oferecido pela comissão da festa e concerto pelas filarmónicas convidadas. Após o almoço haverá arrematações, quermesse, e a actuação dos grupos folclóricos “ Luso American” -de Gustine/Los Banos, Grupo Etnográfico do Espírito Santo do Vale de San Joaquim e ainda o “Luso American” de Tracy.7:00 pm - Jantar de peixe frito será oferecido aos presentes. Encerramento das festividades com o Adeus a Nossa Senhora, na Igreja.

A Presidente Maria Correia e sua comissão convidam a comunidade em geral.

Par ticipe nas nossas festas t radicionais

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22 15 de Outubro de 2011TAUROMAQUIA

To celebrate the 25th anniversary of Dennis Borba’s alternativa taken in Mazatlan, Mexico, he organized a bullfight on October 8th with an international group of bullfighters from the US, Portugal, Mexico, and France and an interesting mix of toi-ros bravos from different California ganadarias. The Forcados Amadores de Merced were also there, making successful grabs on all six animals.

The crowd that filled about three fourths of the stands included many Mexicans who had come to see their countrymen perform. They were no doubt pleased and proud of Omar Villaseñor from Morelia, whose work with the largest bull of the evening was the highlight of the corrida.

After the opening parade, Jimee Pe-trich, President of Los Aficionado de Los Angeles and Rose Perbil, Presi-dent of the San Francisco club, Sol y Sombra, presented plaques to Dennis Borba honoring his 25 years as a ma-tador and in appreciation of Borba’s

involvement with both clubs.João Serra Coelho, cavaleiro from Portugal who lives in California, fought the first and last bulls of the evening. Neither of his bulls had the bravery that allows a horseman to produce art. The first, from Joe Souza, had little interest in the hor-se, and when it did charge, it attacked erratically and with inconsistent inte-rest. Serra Coelho had to use all his skills to place the ferros with good style. His second bull was from Den-nis Borba’s ranch, While it started out a little better than the first bull, it quickly went down hill, sometimes running after the horse but without really charging, and at other times it waited until the horse was almost on top of it before it would cut into the path of the horse. The forcados, John Azevedo and Joey Mancebo, made excellent grabs and, along with João Serra Coelho, took their well deser-ved tour of the ring to applause after each bull.Dennis Borba faced the second ani-mal, a small novillo from Joe Ro-

cha. The bull tended to run off after passes with the cape so the capote work was limited. After banderille-ro Mario Teixeira, placed one pair of sticks, Borba dedicated to the crowd and began his faena with high passes. He was unable to fix the animal for linked and quality work. Borba did manage one good series with the ri-ght hand, but the rest of the muleta work was disjointed. The forcado, Dennis Espinola, was bowled over on his first try, but successful on his second. Matador and forcado took a tour of the ring to applause.

The third animal, a small novillo from Joe Rocha, was excellent. It charged with all the style and vigor that a toreiro hopes for, and Michelle Lagravere, the matador from France who now lives in Mexico, gave it a long and varied fight with both capo-te and muleta. After Mario Teixei-ra placed banderillas with excellent style, Lagravere dedicated to the cro-wd and then to Borba. Opening the faena on his knees next to the fence, the French matador continued with a mix of derechazos, molinetes, and desplantes. While the crowd enjoyed the excitement of his fast moving performance, this outstanding bull deserved a more classical fight. After Tony Oliveira’s good pega, Lagravere invited the ganadero, Joe Rocha, to join him and the forcado for the tour of the ring.

While all the bullfighters heard ap-plause throughout the evening, it was the Mexican, Omar Villaseñor, who made an outstanding performance with the fourth bull of the evening, a large animal from Manuel Carmo. The bull had a good charge but weak legs, and fell numerous times. In spite of this, Villaseñor did excellent work with the capote, doing classical ve-ronicas and gaoneras that passed the horns close to his body. After Tei-xeira placed banderillas, Villaseñor dedicated to the crowd and then to Borba. With the muleta, Villaseñor showed skill in leading the bull in many series of derechazos and natu-rals, linked smoothly and ended with classical chest passes as well as exci-ting pendulos. Antonio Melo made a good grab and joined Villaseñor in the tour of the ring to the cheers and applause of the audience.Michelle Lagravere Jr., “Michelito”, from Merida, Yucatan, Mexico took on a small novillo from Joe Rocha that allowed this 13 year old to show his bullfighting skill. Full of enthu-siasm, he made veronicas, chicueli-nas, and chicuelinas antiguas with the cape. Like the others, he dedica-ted to the crowd and to Borba. With the muleta, he made a variety of pas-

Pela Primeira Vez Nesta Praça Jim Verner [email protected]

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Omar Villaseñor Triumphs in Stevinson Corrida Pensava eu que já tinha visto tudo no respeitante a toiros, nesta nossa terra da California, quando à minha frente vejo um cabo de forcados pedir ao director da corrida para pegar num novilho toure-ado por um matador. Fechei os olhos por uns segundos, porque pensei que estava a sonhar. Afi-nal, era verdade verdadinha. O cabo de Forcados do Grupo de Merced pediu mesmo licença ao director. E este, sem saber o seu lugar e as suas responsabilidades, disse que sim. O meu chapéu voou para longe. Enfim, o mundo está assim, e quem sou eu para pensar o contrário.Mas, que ficou muito mal ao Grupo de Merced, isso não tenho duvidas.

Também vi o Grupo de Merced andar com um jovem toureiro aos ombros, sem razão alguma que o justifi-casse. Desde quando é que os forcados andam com tou-reiros aos ombros? Estou sempre a aprender. E pensava eu que já tinha visto tudo.

Estou a atingir uma idade em que há coisas, que podem ser normais, mas que eu não compreendo. Por exemplo: como é possível não haver prémio para a melhor lide a cavalo na Feira da Thornton, se vai haver prémios para o melhor toiro e melhor pega? O meu chapéu muda de cor quando coisas destas acontecem.

Esta fotografia vale ouro. Dois ganaderos, amigos, co-responsáveis pela construção da bonita Praça de Stevinson, andaram de candeias avessas durante mui-tos anos, e que recentemente acabou para bem deles e da festa brava.

ses in a long faena. For the pega, Andre Melo went far out ahead of the team to make a successful grab. Then, the whole team of forcados entered the ring to hoist Michelito on their shoulders and carry him around the ring to the applause of the crowd. In summary, it was an interesting evening that kept the crowd cheering and applauding throughout all the performances, but it was Omar Villaseñor who showed the audience quality bullfighting.

Michelito estreou-se na California. Tem 13 anos

Esquerda: Omar Villaseñor e acima: Michel Lagravere

Dennis Borba homenageado pela Pena Taurina de San Francisco e Aficionados de Los Angeles e num bonito derechazo a um novilho de Joe Rocha

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23COMUNIDADE

Comunidade em Fotos

Festa Campestre no Pico dos Padres

No principio de Outubro realiza-se todos os anos no Pico dos Padres uma Festa Campestre, que engloba, além de uma visita ao rancho (a cavalo ou de pick-up), que tem uma área de 6 mil acres, mais ou menos 24 mil alqueires portugueses, uma brincadeira taurina, onde se joga mais na imaginação do que na realidade taurina. É um dia bem passado, entre amigos, com bons petiscos, bom vinho e melhor cerveja. Também se podem admirar ao longe o gado bravo que pasta nesta tão linda propriedade. Vejam mais fotos no facebook do Tribuna.

Realizou-se em Setembro uma Noite de Fados no Restaurante Elegant Bull, em Delhi, de Frank Machado. Acturam os fadistas Zélia Freiras e David Garcia

The picture is in Springfield, Massachusetts at the Big E Contest. This was after the awards banquet of Modesto Junior College winning first high team. Pictured left to right is: Monica Soares, Rocco Cunningham, Emilie Strand and Natalie Sanders. Emilie Strand was first high individual and first in oral reasons and Natalie Sanders was third high individual.

This second picture was taken at the Awards Banquet in Madison, Wisconsin. Modesto Ju-nior College team, Monica Soares, Rocco Cunningham, Emilie Strand and Natalie Sanders with coach Bill Hobby. Rocco leading the contest with first high individual and first in oral reasons, Emilie with fourth high, Monica with sixth high and Natalie with fourteenth high.

Modesto Junior College wins Dairy Judging Contest

Direita: Jantar em Scotts Valley para entrega das taças aos vencedores do Torneio de Golfe organizado pela Luso-American Education Foundation

Treinar para TriunfarChegaram Quarta-feira à noite de Portugal, pas-saram a Quinta em cima do cavalo e na Sexta acontecerá o mesmo. João Moura, José Prates e Miguel Moura. As-sim se pode triunfar em Thornton, treinando...

Page 24: The Portuguese Tribune, October 15th 2011

24 15 de Outubro de 2011PATROCINADORES

(conclusão da página 10)

escolheu a nossa freguesia (na época ape-nas com 500 residentes) para se proteger dos mercenários ao serviço da coroa es-panhola. Ficou instalado no solar perten-ça de Jorge Nuno Botelho, ali mesmo no lado norte do Poço Velho. Não vamos hoje inventariar os “crimes culturais”, distraídamente praticados na freguesia de São Roque: a demolição da casa de Jorge Nuno Botelho, e a destrui-ção da ermida de Santa Madalena; nem vamos gritar raivas aos que consentiram nos maus-tratos sofridos pelas vetustas muralhas quinhentistas existentes no Beco do Castelo, cujas cicatrizes servem agora de saldo ao espanto fotográfico do turista apressado... Lembramos apenas que em Outubro de 1948, o ministro Cancela de Abreu vi-

sitou São Roque para patrocinar a obra do “quebra-mar” que ainda hoje protege a ver-tente sul da igreja paroquial. Naquela altura, não consta que aquele ministro tivesse sido alertado para o “crime” que estava em vias de ser consumado, ou seja, a demolição do tal edifício onde, em 1582, o Prior do Crato usara como refúgio de recurso... Desde 2009, a pobreza da beira-mar perma-nece emoldurada pela recente bainha duma simpática avenida litoral. A propósito, creio não ser deselegante recordar o óbvio: como veterano estudante da vida, nado e criado em São Roque (até hoje o único democrata oriundo da freguesia, eleito Vereador e mem-bro dos parlamentos Regional e Nacional) atrevo-me a recordar o pedido formuldado à Junta de Freguesia de São Roque no sentido de apresentar à competente comissão muni-cipal de toponímia, a seguinte proposta: que a graciosa avenida litoral, recentemente

construída sobre a anarquia dos calhaus onde a minha geração aprendera a saltar para além do medo, fosse baptizada com a designação “Avenida Prior do Crato”. Agora sei que o sentimento me-morial da minha proposta não logrou vencimento. Seria leviandade apressa-da duvidar da metodologia democrática aplicada à decisão municipal. Mas... até mais ver, a nossa freguesia está de por-ta-aberta à trivialidade consentida, re-centemente alcunhada de “Avenida do

Mar”. ... não é surpresa lembrar que na ‘minha’ Riviera micaelense – zona outrora protegida pelas pirâmides negras do litoral de Rosto de Cão – o mar galga a terra, e nao receia ir até à panela-das-couves da pobreza. Pois bem: sabemos que a estimada memória do Prior de Crato não pertence ao património vingativo do centralismo lusíada, mas a li-berdade marítima não costuma fazer vénias à insensibilidade histórica, nem se amedron-ta perante a altivez dos decretos municipais.

João Luís Medeiros

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Page 26: The Portuguese Tribune, October 15th 2011

26 15 de Outubro de 2011ARTES & LETRAS

Nós, Os Portugueses

As pessoas começaram a puxar no mesmo sentido, como os forcados que lutam com

o touro… À medida que a crise económica se aprofundou e um número crescente de

pessoas sentiu o seu impacto.Barry Hatton,

Os Portugueses

Os Portugueses, de Barry Hat-ton, uma interpretação da his-tória portuguesa acabada de sair no nosso país tem ainda

muito mais a dizer sobre a nossa sorte neste preciso momento em que lutamos pela própria sobrevivência. A metáfora da tourada antes do passo citado aqui em epígrafe já tinha sido utilizada pelo autor noutras linhas da sua narrativa, dizendo que um povo que põe em cena esse espec-táculo único de bailado e força não será facilmente derrotado. Na última página, Hatton reafirma a sua crença num even-tual triunfo luso ante as dificuldades que criámos para nós próprios -- e que o mun-do, por sua vez, nos criou. “Eu não duvido, -- escreve o autor -- nem por um momen-to, de que os portugueses perseverarão, apesar dos tempos difíceis”. São palavras que deveriam ser, para nós todos, um sau-dável contraponto à autoflagelação em curso, quando muitos outros estão ainda em situação pior, e pelas mesmas razões: imprudência na governação, mas também vítimas do mais descarado banditismo fi-nanceiro internacional, cujas capitais ou sedes todos conhecem mas ninguém diz por medo e/ou submissão aos dogmas da especulação e roubo organizado que nas últimas décadas tomou o pódio no Oci-dente e controlou todo o discurso suposta-mente “político” e “económico”, subjugou pequenas mas velhas e veneráveis nações. Foi tudo nesta idade de outra suposição que impingiram aos incautos, e que alguns académicos mais honestos denunciaram a partir mesmo de certas universidades: a também suposta hiper “especialização” que retirava ao cidadão bem informado qualquer autoridade de se pronunciar so-bre as finanças do seu país, como se tudo fosse “ciência” e não também um outro campo das Humanidades, do bom senso e da tradição. Quem ler um pouco da nossa

história verá claramente que o financia-mento da nossa e de outras economias na mesma esfera em pouco difere da era dos Descobrimentos: risco e lucro. Narrativas como esta têm uma virtude inigualável entre outras abordagens de história e do melhor jornalismo: resultam de investi-gação, naturalmente, mas avançam opi-niões, reinterpretam o que antes nos pa-recia óbvio, formam narrativas de fôlego em leitura estimulante. São precisamente livros como este que contribuem muito mais para a formação identitária de um povo, dando-lhe perspectivas de si pró-prio, retirando a outras e frequentemente cansadas vozes o poder de um discurso caduco e já sem relevância. Hatton recorre aqui, como fazem os bons jornalistas, aos que se dedicam à investigação minuciosa (António Barreto, por exemplo, no campo da sociologia) das questões, mas também cita constantemente inúmeros dos nossos melhores pensadores, escritores e poetas assim como observadores estrangeiros de todos os tempos, inclusive sobre os Aço-res. Felizmente que este género começa a ser escrito e dirigido ao grande público em língua portuguesa, com Laurentino Gomes no Brasil dominando também (em qualidade e interesse) com os seus 1808 e 1822, duas datas e épocas determinantes na história do seu e do nosso país. Barry Hatton, formado no King’s Colle-ge da Universidade de Londres, está de facto muito bem situado no lugar e tempo para ter escrito Os Portugueses. Jornalis-ta britânico e correspondente de grandes jornais e agências noticiosas anglo-saxó-nicas (Associated Press) nos dois lados do Atlântico, reside entre nós há largos anos e o seu duplo ponto de vista está ainda bem mais firmado: casado com uma portu-guesa e com filhos nascidos em Portugal, mantém a visão simultaneamente distan-ciada e próxima, devido a essa biografia familiar e íntima. Toda a escrita tem uma origem bem pessoalizada e subjectiva, vindo desse facto a sua força e relevância. A sua narrativa, leve mas recheada de fac-tos e observações, como já se disse, de vá-rios e contraditórios quadrantes da acção e do pensamento, vai desde a fundação da pátria aos nossos incertos e atribulados dias.

Não se julgue que serão apenas os últimos capítulos (“Uma Sensação de Afundamento” e “Novos Horizontes: En-

frentando o Século XXI”) que mais nos assediam. Toda a narrativa vai dissecan-do e aventurando ideias sobre como aqui chegámos, sobre como temos sido nós próprios a situarmo-nos no mundo, desde Guimarães à assinatura da nossa adesão à então Comunidade Europeia no Mos-teiro dos Jerónimos em 1985, num acto consciente e necessitado de regresso à Europa que nos havia permanecido (como “ideia” e não como realidade geográfica) um continente “distante”, fora do nosso destino marítimo após a viagem de Vas-co da Gama, um destino primeiro oriental e logo depois atlanticista. Para além dos factos históricos e as suas consequências imediatas e a longo prazo, Hatton vai in-terligando política e pensamento para ex-plicar o longo declínio e queda do império

até chegarmos tardiamente aos tempos modernos, com um passado esquecido e só parcialmente exaltado no consulado de certos regimes para fins justificativos da nossa letargia, descrença e desespero total nas capacidades de sucessivas gerações, particularmente a partir do destroçado sé-culo XIX até ao “orgulhosamente sós” das décadas salazaristas.

“Numa noite de sábado, -- escreve Hatton -- na Primavera de 1871, o ilustre poeta e polemista Antero de Quental ergueu-se para se dirigir a uma reunião pública, numa sala de altas janelas num primeiro piso do boémio bairro do Chiado, em Lis-boa. Iniciou uma brilhante digressão que permaneceria como um dos mais famo-sos discursos da história portuguesa. Ele e outros intelectuais tinham organizado a conferência para debater a miserável pro-fundidade em que o seu país, em sua opi-nião, mergulhara. Quatro séculos antes, Portugal reconfigurara o mundo. Agora, era decididamente uma nação de segunda categoria, que via o mundo passar”.Veio esta longa citação apenas com o pro-pósito de relembrar que ainda hoje esse diagnóstico de Antero feito nas Conferên-cias do Casino permanece desgraçadamen-te actualizado para os males que de novo afligem a nação. Só que, hoje, quem entre os intelectuais portugueses tem o prestígio e a credibilidade para, num único discur-so, despertar toda uma nação, para além do ruído televisivo e quase sempre parti-dariamente interesseiro dos talking heads que preenchem o nosso tempo, quando não a nossa paciência? Os Portugueses vai de catástrofe em catástrofe numa longa e dramática história nacional, mas sem nun-ca menosprezar ou subestimar a inteligên-cia e força anímica do nosso povo. Se há um tema aglutinador de toda a informação e especulação intelectual desta narrativa será, precisamente, a de que o nosso país, em cada etapa da sua vida em que tudo pa-recia sem mais solução alguma a não ser

Vamberto Freitas

Aqui estamos com mais um ensaio de Vamberto Freitas, desta feita sobre um livro, escrito em inglês e que como es-creveu o Publisher's Weekly, deveria ser lido pelo luso-americanos interessados no país dos seus antepassados. O livro, originalmente escrito em ingl6es, foi, como nos escreve Vamberto Freitas, re-centemente traduzido para português. Logo que o Vamberto teve a amabilida-de e a generosidade de nos mandar este ensaio fui à NET e encomendei este livro, que li, recentemente em inglês. Na realidade é um livro que vale a pena ler e oferecer aos mais novos para que aprendam algo mais sobre a histório do seu povo, a história dos seus antepas-sados.

abraçosdiniz

O que disse o Publisher's WeeklyClamped into a corner [of southwestern Eu-rope] by Spain," Portugal is perhaps Europe's most isolated country. This brief history be-gins with Portugal's glory in the Age of Dis-covery, when it was a world power. Hatton, a longtime foreign correspondent in Lisbon, then focuses largely on the country's decline. He cites a famous 1871 analysis attributing this decline to religious conservatism, politi-cal centralization under an absolute ruler, and the economic boom "spawned by the Age of Discovery" that discouraged "prudent financial management." Hatton devotes almost as much space to the April 1974 Carnation Revolution that overthrew reactionary dictator António Salazar as to the entire 19th century. Still, he reveals a myriad of fascinating facts, including that in 1761 the Portuguese were the first to ou-tlaw slavery in their own country but among the last to outlaw it in their colonies (1869), and that in 2008, only 27% of people ages 25 to 64

had completed secondary school. The author has many interesting observations about the character of the Portuguese, whom he praises for their "adaptability, resilience and resourcefulness." Hatton clearly loves Portugal and has written an engaging, often delightful history that should interest "Europeanists," Portuguese-Americans, and all those who have visited the country or want to.

in Publisher's Weekly

a emigração para todo o lado, resiste com dignidade e caminha independente para o seu destino -- ou destinos -- num acto de re-generação repetitiva. Aliás, Hatton enfatiza ainda a importância de toda a nossa arte na representação e sobretudo no diagnóstico da nossa condição, relembrando a beleza, verdade e justeza do Fado quase como fi-losofia de vida e narrativa-outra da nossa sorte. Só que Barry Hatton mantém o seu optimismo ante o nosso futuro.

Barry Hatton, Os Portugueses (tradu-ção de Pedro Vidal), Lisboa, Clube do

Autor, SA, 2011.

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

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27 DESPORTO

Calendário de eventos UEFA EURO 2012Data Evento

13/10/2011 Sorteio do "play-off"11, 12/11/2011 "Play-off" de apuramento15/11/2011 "Play-off" de apuramento02/12/2011 Sorteio da fase final em Kiev29/02/2012 100 dias para o início do torneio08/06/2012 Início do EURO em Varsóvia01/07/2012 Final do EURO em Kiev

VENCEDORESCampeonato Europeu da UEFA2008 Espanha2004 Grécia2000 França1996 Alemanha1992 Dinamarca1988 Holanda1984 França1980 República Federal da Alemanha1976 Checoslováquia1972 República Federal da Alemanha1968 Itália1964 Espanha1960 URSS

A fase final do 14º Campeonato da Europa vai ter lugar na Polónia e na Ucrânia, de 8 de Junho a 1 de Julho de 2012. Será a terceira vez que a fase final de um torneio é orga-nizada em conjunto por dois países (depois de Bélgica/Holanda, em 2000, e Áustria/Suíça, em 2008).Dezasseis selecções vão competir, num total de 31 jogos, pelo título de campeões da Europa. O formato da com-petição, de quatro grupos de outras tantas equipas, vai ser utilizado pela última vez neste torneio, já que será alterado na edição seguinte, em 2016, com o número de participantes na fase final a ser alargado para 24.Os jogos do UEFA EURO 2012 vão decorrer em oito estádios, quatro na Polónia - Gdansk, Poznan, Varsóvia, Wroclaw - e quatro na Ucrânia - Donetsk, Lviv, Kharkiv e Kiev. O jogo inaugural vai ser realizado em Varsóvia, no dia 8 de Junho, e a final em Kiev, no dia 1 de Julho. São esperados cerca de um milhão e 400 mil adeptos nos está-dios, sendo que os jogos vão ser transmitidos em directo em mais de 200 países em todo o Mundo.

Existem três tipos de bilhetes disponíveis:• Bilhetes para jogos individuais – bilhetes para um jogo específico • Seguir a minha equipa grupo/torneio – permitem que os adeptos acompanhem a respectiva selecção durante a fase de grupos/todo o torneio • Fase de grupos num estádio/eliminatórias – permitem que os adeptos acompanhem todos os jogos em determi-nado estádio durante a fase de grupos/eliminatórias.

UEFA EURO 2012 Uma noite para esquecer

Dinamarca 2 Portugal 1Um empate era suficiente para Por-tugal apurar-se para o UEFA EURO 2012, enquanto a Dinamarca preci-sava de ganhar. E foram os anfitri-ões, com base numa exibição sólida e fulgurante no ataque, que conse-guiram o objectivo, graças a golos de Michael Krohn-Dehli e Nicklas Bendtner, contra um de Cristiano Ronaldo.

A Dinamarca assumiu a iniciativa e, logo aos três minutos, criou pe-rigo. Livre de Eriksen para a área, onde Rui Patrício, com uma defesa instintiva, impediu o golo. Na recar-ga, Michael Silberbauer introduziu a bola na baliza, mas o lance foi anulado por falta do defesa sobre o guarda-redes.Mas nove minutos depois, e na se-quência do domínio madrugador, a Dinamarca chegou ao golo. Bola co-locada em Krohn-Dehli, na esquer-da, que, depois de tirar João Pereira do caminho, rematou forte, com a bola a sofrer um desvio em Rolando antes de bater no poste e entrar.Seguiu-se uma fase em que a Dina-

marca continuou a atacar, benefi-ciando da rapidez e mobilidade dos seus avançados, mas sem efeitos práticos, já que Bendtner não con-

seguia importunar Rui Patrício. Por seu lado, Portugal não mostrava ar-gumentos para se libertar e falhava bastante no último passe.

O melhor período de Portugal surgiu perto do intervalo. Aos 37 minutos, Carlos Martins serviu Cristiano Ro-naldo na área, que rematou de pronto e rasteiro, obrigando Thomas Søren-

sen a estirar-se no relvado para se-gurar a bola. Aos 43, num livre mar-cado rapidamente, Sørensen desviou o cruzamento de João Pereira para a frente e Nani, pressionado por um adversário, rematou por cima, per-dendo uma ocasião soberana.No reinício, voltou a ser a Dinamar-ca a ameaçar. Um corte defeituoso de João Pereira deixou a bola em Krohn-Dehli, e foi preciso um corte em carrinho de Rolando para evitar o pior. Aos 55, boa jogada individu-al de Nani na direita, ultrapassando vários adversários antes de assistir Carlos Martins à entrada da área, que rematou com o pé esquerdo para defesa apertada de Sørensen.

E numa altura em que o jogo estava repartido, foi novamente a Dinamar-ca a marcar, aos 62 minutos. Joga-da rápida de contra-ataque, Dennis

Rommedahl ganhou o flanco e cru-zou para Bendtner, que só teve que encostar, batendo o desamparado Rui Patrício. Paulo Bento refrescou a equipa, fazendo entrar Miguel Ve-loso e Ricardo Quaresma, e derivou Cristiano Ronaldo para o eixo do ataque, ao lado de Hélder Postiga.

A Dinamarca quase fez o terceiro,

novamente numa jogada rápida, com Eriksen a combinar com Kro-hn-Dehli, antes de trocar as voltas a Rolando à entrada da área e rematar em jeito, com a bola a rasar o poste.A última cartada ofensiva de Portu-gal foi Nuno Gomes, mas foi a Di-namarca que esteve mais perto de marcar, em três ocasiões. Primeiro Bendtner cabeceou para excelente defesa de Rui Patrício, que quase de seguida evitou com os pés o golo a Rommedahl. Aos 88 minutos, jo-gada individual de Simon Poulsen, mas cujo remate forte foi defendido pelo guarda-redes. Em tempo de compensação, Cristiano Ronaldo, de livre, ainda reduziu a diferença, mas

de nada serviu.

in UEFA.com

Estádio Metalist

O Estádio Municipal de Wroclaw acende-se na noite de inau-guração

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28 15 de Outubro de 2011COMUNIDADE

Festival Cabrillo 2011Nos dias 1 e 2 de Outubro teve

lugar o Festival Cabrillo 2011 em San Diego, comemorando a chegada de João Rodrigues Ca-

brillo, Português ao serviço de Espanha, primeiro europeu a pisar as terras do oeste do que hoje é o México e Estados Unidos.Cheio de nostalgia e saudade, o Festival Cabrillo foi dedicado à memória de Mary Rosa Giglitto, a força e entusiasmo do mesmo desde o seu início.As atividades no primeiro dia iniciaram-se com a Cerimonia Comemorativa, realiza-da na área onde o Museu Marítimo de San Diego está a construir a réplica da nau San Salvador, barco de Cabrillo.Para iniciar as cerimónias, um quinteto da marinha Americana, tocou os hinos de Espanha, México, Portugal e Estados Uni-dos.As cerimónias foram orientadas pelo Su-perintendente do Cabrillo National Mo-

nument, Tom Workman, que aludiu à memória de Mary Rosa Giglitto e os seus contributos para com o Festival Cabrillo.Presentes estavam entidades representan-do Portugal. Cônsul Geral de Portugal em San Francisco, Dr. António Costa Moura, Capitão Paulo Sousa Costa, representando o Chefe de Estado-maior da Armada, de Espanha, Cônsul Geral em Los Angeles, Enrique Ruiz Molero, que foi o orador

principal, Nico Saad, Presidente Emérito do Festival Cabrillo, Ensenada, Xavier Ri-val, em representação do Presidente Mu-nicipal, Enrique Ruiz Torres de Ensenada, México, assim como Zé Duarte Garcia, Presidente do Festival Cabrillo, Miss Ca-brillo, Juliette Simões, Donald Valadão, personificando Cabrillo, e numerosa assis-tência.Foi orador principal o Cônsul Geral de Es-panha, que no seu discurso, teceu a histo-ria de Cabrillo, assim como as excelente relações entre Portugal e Espanha.Logo em seguida seguiu o depor de duas coroas de flores em honra de João Rodri-gues Cabrillo, por parte dos representan-tes do Cabrillo National Monument e pelos representantes do Cabrillo Civic Club #16 e pelo Portuguese American Social and Civic Club em San Diego.Antes de terminar as cerimonias, os ofi-ciais, diretores e amigos de Mary Rosa

Giglitto foram convidados a por uma rosa vermelha na coroa de flores oferecida pelo Cabrillo National Monument.Para fechar as cerimónias, foi colocado na mesma coroa, quatro ramos de poejo pelo representante dos indígenas Kumeyaay, que viviam nas áreas onde chegou Cabrillo como sinal de amizade entres os povos re-presentados pelas várias nações.A bênção foi oferecida na língua, Ku-

meyaay, por Jane Dumas, anciã no na Na-ção Kumeyaay.Apos a cerimonia, as duas coroas de flores foram levadas para o Cabrillo Monument, para estarem patentes ao público em frente à estátua de João Rodrigues Cabrillo.Seguiu-se o jantar e serão, Cabrillo Ban-quet, organizado pelo Cabrillo Civic Club #16 e Portuguese American Social and Ci-vic Club, que serviria para a ocasião so-lene do desvelar do busto em bronze em memória de Mary Rosa Giglitto.Terminado o jantar, seguiram as apresen-tações pela mestre-de-cerimónias, Dinisa Valadão que pediu a palavra aos vários re-presentantes dos países que fazem parte da história de Cabrillo.Nico Saad lembrou com muita emoção, os seus quarenta anos de trabalhar com a Mary Rosa Giglitto, desde a fundação do Festival Cabrillo em Ensenada, à sua visita a Portugal com a Mary, para pedir um busto de Cabrillo que hoje se encontra numa praça em Ensenada, à sua contínua promoção da história de Cabrillo.Falaram também, Xavier Rivas, repre-sentante do Presidente Municipal de En-senada que falou das boas relações entre Ensenada e a comunidade portuguesa em San Diego.O Cônsul Geral de Espanha reiterou as boas relações entre Espanha e Portugal, especialmente nesta altura em que ambos os países enfrentam tempos difíceis.Tom Workman, descendentes de madei-renses que imigraram para o Havai e Su-perintendente do Cabrillo National Mo-nument, ofereceu à Família Giglitto, uma placa alusiva ao contributo da Mary para com o monumento.Zé Duarte Garcia, Presidente do Festival Cabrillo de igual modo, ofereceu à Família Giglitto, em prol do Festival Cabrillo, uma placa que citava o trabalho de Mary Rosa Giglitto para que o Festival Cabrillo, ficara reconhecido como o primário festival in-ternacional nos Estados Unidos.Em representação do Chefe de Estado-maior da Armada Portuguesa, o Capitão Paulo Sousa Costa, aludiu à ligação da Marinha com o Festival Cabrillo e impor-tância que esta amizade tem para a Ma-rinha, interlaçando a os feitos de Cabrillo com os da comunidade.Finalizando, pediu ao Cônsul Geral, Dr. António Costa Moura que o acompanhas-se no pódio, para atribuir à Miss Cabrillo Festival, Juliette Simões, a oferta de uma bolsa de estudo no valor de $3,000 em nome da Marinha Portuguesa.A seguir o Cônsul Geral discursou sobre as boas relações entre os países, a impor-

tância do Festival Cabrillo, e salientou a importância da comunidade participar ati-vamente na vida política, não só na Cali-fórnia, como em Portugal. Adicionalmente aludiu à importância de reconhecer os tem-pos difíceis que Portugal está a atravessar e o quanto tão importante é o contributo da comunidade.Adicionalmente salientou o trabalho feito por vários indivíduos em prol da comuni-dade, tendo dado especial enfase à obra desenvolvida por Mary Rosa Giglitto.Para encerrar a noite, a mestre-de-ceri-mónias, chamou ao palco José Alves, que com os Comendadores Capitão Cristiano DaRosa e José Vitorino Silva, tinha coor-denado o projeto da escultura do busto em bronze de Mary Rosa Giglitto.Este projeto que foi custeado por ofertas de amigos de Mary Rosa Giglitto teve um contributo muito especial por parte do Go-verno Regional dos Açores.A sua conceção teve início logo após o fa-lecimento da homenageada e foi elaborado pela artista local Kitty Cantrell de Ramo-na e fundido na Bronze Artworks em Es-condido.Para o desvelar do busto, foram convida-do ao palco, os familiares de Mary, Frank Giglitto, viúvo, filhos Ângela e Frankie, irmãs gémeas, Antoinette e Bernadette, Miss Cabrillo, Presidente do Festival Ca-brillo e os Comendadores Capitão Cristia-no DaRosa e José Vitorino Silva.A meio do palco encontrava-se o busto, coberto pelas bandeiras, americana e por-tuguesa,Depois de feitas as apresentações, José Alves, agradeceu aos clubes Cabrillo Ci-vic Club #16 e Portuguese American So-cial and Civic Club a autorização para que decorresse a cerimónia durante o Cabrillo Banquet, assim como ao Portuguese His-torical Center por ser a entidade que rece-beu e dispersou os fundos para o projeto.Seguidamente historiou o projeto, e pediu a comparência no palco do Cônsul Geral em San Francisco, Dr. António Costa Moura e do Cônsul Honorário em Los Angeles, Edmundo Macedo (na foto da esquerda), amigo íntimo da Mary e grande impul-sionador do projeto que dirigiu a seguinte mensagem aos presentes:

"Good evening,My unforgettable friend Mary Rosa Giglit-to built an outstanding pyramid consisting of laborious activity, amazing imagina-tion, indomitable courage, sense of humi-lity and unmatched class.I do not expect the value of Mary's con-tribution to society to dissipate like smoke

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29 COMUNIDADE

into the clouds, but to live among us and future generations as a precious example of what people can do when people are guided by a clear conscience, by tolerance and fairness.In her quest for greatness, Mary succeeded.Plain and simple, "Our Mary" was bigger than life!Thank you."

A pedido de José Alves, os Cônsules, convidaram a família Giglitto e Rosa a desvelar o busto em homenagem a Mary Rosa Giglitto.Com muita emoção Frank, Ângela e Frankie Giglitto, destaparam o busto dei-xando cair para diante as bandeiras que exemplificavam o amor de Mary por Por-tugal e pelos Estados Unidos.No Busto a simples legenda:

Mary Rosa Giglitto "Our Mary”

1938 – 2011

Noite extremamente comovente para to-dos presentes, a assistência, de pé, acom-panhou com uma grande salva de palmas um momento que se pode dizer único na comunidade portuguesa de San Diego.Ficaria assim memorializada Mary Rosa Giglitto, mulher de grandes dons, que deixou um vacum na comunidade portu-guesa, podia dizer-se mesmo na Califór-nia, que jamais poderá ser preenchido.

Frank Giglitto agradeceu em nome das famílias a homenagem prestada à sua companheira vitalícia.

Em seguida, o Cônsul Geral ofereceu à

família Giglitto, uma réplica em resina do busto.José Alves agradeceu a participação de todos devolveram o serão à mestre-de-cerimónias, que encerrou o serão com um convite ao baile que seguia.

No dia 2, e na Base de Submarinos em Point Loma, pelas 11 Horas da manhã, o local abriu ao público. Patentes estavam várias barracas com manjares das nações representadas, assim como artesãos e barracas de organizações comunitárias assim como uma área para crianças.

Para abrir as atividades do dia, a Filar-mónica União Portuguesa de San Diego tocou uma variedade de números.

No coreto em frente ao palco principal, local onde se sentaram as entidades e convidados de honra, incluindo o Coman-dante da Base de Submari-nos, estava patente para apreciação pelo público, o busto de Mary Rosa Giglitto.

O entretenimento da tar-de principiou com danças por parte de Abel Silvas, membro dos Kumyeaay com o programa Running Grunion, que reconta a história dos indígenas destas paragens., seguido com o grupo Soaring Ea-gles, membros do Nação Lakota, índios de North Dakota.

Seguia-se a atração prin-cipal da tarde, a encenação do desem-barque de João Rodrigues Cabrillo, na Baía de San Diego a 28 de Setembro de 1542.

Acompanhado por uma narração da via-gem de Cabrillo por José Alves, que ser-viu de mestre-de-cerimónias durante o dia, via-se ao longe a nau San Salvador, que depois da entrada no “bom e calmo porto de San Miguel (San Diego) prosse-guiu até à área hoje denominada por Ba-last Point, onde Cabrillo, o Frei Francis-cano e dois soldados, remaram até chegar a terra no pequeno barco denominado por “chalupa”, onde depois de desembarcar, declaravam a sua descoberta para o Rei Carlos I de Espanha.Uma assistência de uns milhares de pes-soas assistiu ao desembarque, com emo-ção e que depois tiveram ocasião de fa-lar e ser fotografados com Cabrillo e sua

companha.A seguir houve a apresentação das ban-deiras em que foram portadores membros da marinha americana acompanhada pe-los hinos do Espanha, Portugal, México e Estados Unidos.

O Presidente do Festival Cabrillo 2011, Zé Duarte Garcia apresentou as entidades presentes que de perto e de longe vieram para participar no festival e agradeceu à assistência pela sua presença, com votos de que estivessem a gozar a linda tarde e a experiencia da história da viagem de Cabrillo.De novo, no palco voltaram as atuações, principiando com o grupo folclórico, Por-tuguese American Dancers de San Diego, fundado em 1955 pela madeirense, Mary Moniz, e hoje sob a direção de antigos participantes no grupo. Sempre uma apresentação muito emocio-nante, este ano teve especial significado,

pois pela primeira vez atuou no grupo uma sobrinha-neta de Mary Rosa Giglitto.Após esta apresentação seguiu o grupo Hispanic Mexican Ballet Folklórico, que agraciou a assistência com vários bailes coloridos.

Para terminar as atuações da tarde, exi-biu-se o grupo espanhol Olé Flamenco muito apreciado pelos presentes.O Festival Cabrillo 2011 foi o quadragé-simo oitavo. Celebrado em memória de Mary Rosa Giglitto, apesar de ter decor-rido com o brilhantismo a que o público está acostumado, não foi difícil sentir a ausência da sua maior impulsionadora e alma, a Presidente Emérita, Mary Rosa Giglitto.

José Maurício Lomelino Alves

Vista, Califórnia

Presidente do Festival Zé Duarte, Cônsul António Costa Moura e Comandante Paulo Sousa Costa

Há palavras e vocábu-los, e termos, e qua-dras e sextilhas, e haveres e dizeres que

muitas vezes parecem não fazer sentido ”como deve ser”. Este costumeiro dizer, foi le-vantado há tempos pelo escritor António Lobo Antunes, contra o qual escrevi um dia uma crónica, dizendo que não podia encaixar com o seu estilo, a sua maneira de dizer. Mas depois, vim a des-cobrir o Lobo Antunes nas cró-nicas. E hoje admiro imenso o estilo do escritor nesse género de literatura.E há dias, vendo a nossa televi-

são “colonial”-- como se dizia antigamente por estas bandas, e com muita honra, em ressonância com o então orgulhoso “Império Colonial Português”-- vi e ouvi um anúncio comercial, em que o vendedor de automóveis, depois de um comprador ter “mercado” um carro, lhe diz na despedida, “E agora, senhor fulano, o senhor tem “um carro como deve ser”.E este “deve ser”, despoletou-me a memória de um “deve ser” idêntico” em significado, men-cionado por Lobo Antunes numa das suas crónicas.Contou ele, no seu estilo cheio de simplicidade humana,que fora visitar a mâe, senhora com mais

de noventa primaveras, mas pos-suidora de uma memória fresca, que se lembra de todos os aconte-cimentos desenrolados no seio da numerosa familia, e que, ao des-pedir-se, fizera a vénia do costu-me, pousando-lhe ao de leve os lábios nos cabelos.Mas a mâe não gostou dessa vé-nia sem calor humano e reagiu, perguntando-lhe, “quando é que me vais dar um beijo como deve ser ?” Um beijo como deve ser !” E, intimado pela progenitora a dar-lhe um beijo como deve ser, o escritor reagiu, e pespegou-lhe na bochecha, um autêntico beijo como deve ser.Quanto ao “carro como deve ser”, o vendedor disse ao comprador, que não se importasse com os pa-gamentos, pois que ele era o dono da companhia de financiamento, e o seu crédito estava garantido.Em face desta franqueza, eu co-mentei para comigo e os meus botões, “Ora aqui está um vende-dor como deve ser”!É pena que o mundo, às vezes, não seja ainda um mundo como deve ser. A falta de humanidade e de compreensão, é uma coisa que

me choca. Eu sei que a política, é o cano de escape das sociedades. Sem liberdade de apregoar em publico a nossa falta de humanis-mo, e o entrelaçar de política com relegião, será talvez pior, e mais explosiva, devido à tentação de considerar a nossa fé superior a todas as outras. E com esta atitu-de dogmática, este complexo de superioridade, não se faz farinha, nem se constroi a paz. E não há distinção entre as maneiras de estar no mundo. O mundo é, foi e continua a ser, um mundo de pan-cadaria. De “porrada”. Tudo está na maneira fechada, hermética, mitológica, anti-científica, como as sociedades foram formadas. As cidades-nações, as pátrias e até os impérios, as cruzadas e as conquistas, desempenharam o seu papel. Mas a evolução é um bichinho que não pára de medrar, e nos anos da minha vivência, ou menos de um século, assisti a mudanças fantásticas.No principio do século passado nenhum ser pensante, ou doente mental teria a ousadia de dizer que o homem iria à lua, ou te-ria capacidade para ver e ouvir

no momento o que se passa na China ou na Patagónia. Ou de pôr 500 canções no espaço de uma moeda, com som, cor e ação. Ou de trazer até mim, o conteudo de todas as bibliotecas do mundo. Lembro-me de ter conversado muito sobre estas coisas, com António Cacela, que então era o editor do “Diário de Noticias de New Bedford”, e possuia um verdadeiro fascinio pelas coisas do universo e da ciência. Foi em casa dele, e através de um peque-no telescópio que possuia, que eu vi, pela primeira vez a superficie da Lua, toda esburacada de cra-teras. Nessa altura, estávamos já fascinados pelo que o homem havia descoberto no campo da ci-ência, mas não conheciamos nem metade daquilo que se descobriu até hoje, e que Cacela não chegou a ver. Mas, infelizmente, e apesar de tudo isso, este não é ainda “um mundo como deve ser”.

Do Tempo e dos Homens

Manuel Calado

[email protected]

"Como deve ser"

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Par ticipe nas nossas festas t radicionais

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