the portuguese tribune, july 15th 2012

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Raul Marta 40 Anos ao Serviço da Igreja Pág. 30, 31 Monterey FDES Festa do Espírito Santo Pág. 16, 17 Assistiu ao lançamento do livro de poemas do seu amigo picoense José Pereira Mancebo (José Cavalheiro), "Os Meus Versos", editado pela Tu- riscon Editora; foi condecorado com a Medalha de Mérito Municipal de Grau Ouro e assistiu ao lançamento da sua biografia "O Rei da Batada Doce" da autoria de Liduino Borba, na sua ter- ra da Silveira. Duas semanas movimentadas, mesmo para um homem do Pico. Pág.14 QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 2ª Quinzena de Julho de 2012 Ano XXXII - No. 1136 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected] Manuel Eduardo Vieira Manuel Eduardo Vieira "O Rei da Batata Doce" de Liduino Borba, a ser apre- sentado a 17 de Agosto durante a Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock. "Em Cada Canto Um Divino Espírito Santo" de Maria Fernanda Simões. Para ordens contactar: mariasimõ[email protected] Simple Wonders & a memorable year, de John C. de Melo. À venda no amazon.com 3 novos livros

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The Portuguese Tribune, July 15th 2012

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Page 1: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

Raul Marta40 Anos ao Serviço da Igreja Pág. 30, 31

Monterey FDESFesta do Espírito Santo Pág. 16, 17

Assistiu ao lançamento do livro de poemas do seu amigo picoense José Pereira Mancebo (José Cavalheiro), "Os Meus Versos", editado pela Tu-riscon Editora; foi condecorado com a Medalha de Mérito Municipal de Grau Ouro e assistiu ao lançamento da sua biografia "O Rei da Batada Doce" da autoria de Liduino Borba, na sua ter-ra da Silveira.Duas semanas movimentadas, mesmo para um homem do Pico. Pág.14

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2ª Quinzena de Julho de 2012Ano XXXII - No. 1136 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

Manuel Eduardo Vieira

Manuel Eduardo Vieira "O Rei da Batata Doce" de Liduino Borba, a ser apre-sentado a 17 de Agosto durante a Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock.

"Em Cada Canto Um Divino Espírito Santo" de Maria Fernanda Simões.Para ordens contactar:mariasimõ[email protected]

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3 novos livros

Page 2: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

Year XXXII, Number 1136, July 15th, 2012

2 15 de Julho de 2012SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Uma semana de todos as aflições.Um jovem sem se aperceber e acidentalmente põe fim à vida da noiva. Uma criança de três anos brinca com a arma do pai-po-licia e mata-se. Um cantor da nossa comunidade morre distante dos seus. Um jovem de 37 anos, pai de uma aia das nossas festas, desfila no Salão e ao chegar a casa, morre com um ataque de co-ração. A nossa vida está mesmo presa por um fusível apenas...E andamos nós preocupados com as parvoíces de um ministro que quer ser alguém na vida, à custa de esquemas malabaristas, de um primeiro-ministro que vende a alma ao diabo para agra-dar a uma mulher que lhe empresta dinheiro; de um candidato que quer alterar o que o Supremo deliberou, em favor de Compa-nhias de Seguros; desse mesmo candidato, que em vez de inves-tir o seu dinheiro em casa, manda-o para paraísos fiscais.Vale a pena sequer pensarmos nisto?

Neste fim de semana apreciámos um fenómeno que já vem sen-do hábito há cerca de um a dois anos. Enquanto festas pagas de qualquer espécie têm menos gente, outras gratuitas têm mais as-sistência. É o equilibrio natural das coisas. Em tempos de vacas magras aperta-se o cinto e gasta-se menos.

Neste fim de semana vamos ter entre nós uma grande fadista - Mafalda Arnauth. Esta fadista não canta fados tradicionais como estamos acostumados a ouvir. Tem um reportório muito proprio e é por isso que deixamos aqui esta nota de aviso. O Fado tem muitas expressões naturais e a Mafalda Arnauth mostra-nos uma delas e com muita classe. Evitem comparações.

jose avila

Quando cavalheiros lite-ratos como João-Luis de Medeiros, Álamo de Oliveira, a simpática e

boa amiga, Maria das Dores Bei-rao, escrevem sobre o livro "Cem anos sem ti" do nosso amigo Lu-ciano Cardoso, eu penso que é quasi um atrevimento da minha parte tentar escrever algo sobre o mesmo! Bem sei que "literária-mente" não sou a pessoa indicada para o fazer, e se o faço é pura e simplesmente apoiado nos meus 65 anos de vivência na California. Alem disso, se a minha querida e saudosa Josefina "Da minha Jane-la" estivesse cá, o livro de Luciano Cardoso já teria sido debruçado na sua sempre desempoeirada ja-nela! Espero que estas duas sim-ples razões sejam suficientes para desculparem as minhas humildes palavras sobre o óptimo e primei-ro livro de Luciano Cardoso. Para mim que estive envolvido em mais de três décadas como intérprete oficial do Tribunal "Merced Coun-ty Superior Court" vejo e sinto que práticamente tudo quanto li do magnifico romance com perso-nagens ficticias, Luciano Cardoso teve o condão de autenticar deze-

nas de estórias vividas por tantos dos nossos irmãos no seio duma comunidade que nem sempre é compreendida, e, valha-nos Deus, ás vezes também pouco apreciada. A ideia de publicar o livro bilin-gue de certeza poderá ajudar a que mais dos nossos filhos, netos e bisnetos...possam compreender

o verdadeiro drama da emigração dos seus progenitores e apreciar melhor os muitos sacrificios que fizeram para lhes dar a oportuni-dade duma melhor vida. Este li-

vro afinal é o nosso livro, o livro do emigrante, o livro que todos nós deveriamos ler, saborear, mas também ponderar! Ao terminar faço minhas as palavras da boa amiga, Maria das Dores Beirao: "Pressinto que este livro vai co-nhecer muitas mãos e enriquecer multiplas vidas".

Oxalá que sim! Muitos parabéns, Luciano !!

Um fusível apenas. . .

Cantinho do Miguel

Miguel Canto e [email protected]

Page 3: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

3COMUNIDADE

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4 15 de Julho de 2012COLABORAÇÃO

Coisas da Vida

Maria das Dores Beirã[email protected]

Não sei ainda muito bem, onde estas mi-nhas palavras

vão chegar, nem se dirão alguma coisa aos caros leitores deste jornal, mas creio que há muitos seres, no seio da nossa gente a fazerem o mesmo regresso que o meu irmão está fa-zendo, que é caminhar para as raizes mais básicas da existência, isto é voltarem ao berço. Quando falo nes-te caminhar ao contrário, refiro-me ao estado mental doentio, que vai apagando dia a dia, a história duma pessoa, que vai do inteletu-al, do humano, do ludico ao emocional.Não tenho autoridade para falar em doenças da mente, só o que sei é o efeito que estão tendo no irmão que conheci nas suas facetas mais importantes, como o irmão compreensivo,

amigo e protetor. O filho obediente e respeitador. O trabalhador honesto e exemplar, o amigo serviçal e leal, o marido amigo e amoroso, o pai presente de-dicado e condescendente, a avô carinhoso, preocupa-do e orgulhoso. Com estes princípios fortes e simples, a vida corria bem, embora de entremeio com as peri-pécias próprias do dia a dia. Veio a reforma, tempo para relaxar, tratar do seu quin-tal, passear com a esposa, e passar os dias na paz e no sossego do seu lar. A pou-co e pouco invadiu-lhe a confusão. Da pacatez, veio a vontade de sair à procura do que fora outrora. Pare-cia que estava novamente na idade da aventura, ( ele que nunca fora aventu-reiro), passou a encontrar meio de escapadelas, de revoltas contra as rotinas e, até parecia que estava vi-

vendo a adolescencia aos 70 e tal anos, como nunca o fizera na idade própria. Foram anos de sofrimento e angústia, sobretudo para os que estão à sua volta. A saude fisica começou a deteriorar e por fim, o hos-

pital e os cuidados inten-sivos. O restabelecimento foi mínimo e moroso. Na impossibilidade de regres-sar a casa, foi para um Lar de Idosos, para doentes que não podem coabitar com a família. Embora com limi-

tados poderes de comuni-cação, quando me aproxi-mo e chamo o seu nome, ele olha-me com intensi-dade e murmura...olha a Maria!...Ele sorri, eu choro e ficamos assim, olhos nos olhos, mãos nas mãos, até

que ele adormeça. Numa destas minhas vi-sitas, pensei que agora estava conhecendo o José que nunca conheci, o meu irmão agora bebe, a ser tra-tado como criança que ain-da não aprendeu a comer e que adormece depois da sua refeição de menino que nem sempre sabe mastigar o alimento feito papa.O contraste está na emba-lagem fisica, um cérebro de criança num corpo gas-to com o peso dos setenta e nove anos de existência. Afinal ele regressou ao berço, só que este não é o seu berço “ madeira” e as “fraldas” não são feitas de trapos.

Até à volta

Regresso ao berço

Fresno, California

Page 5: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

5COLABORAÇÃO

Recordando o

O saudoso Padre Evaris-to Carreiro Gouveia, mais conhecido por Senhor Prior, nas-

ceu aos 23 de outubro de 1887 na antiga Vila da Lagoa, ilha de S. Miguel. Em menino viveu na Ribeira Grande, onde o pai exer-cia as funções de Secretário de Finanças. O jovem Evaristo, nos seus primeiros anos de semina-rista, favoreceu igualmente a Ri-beira Grande p’ra passar férias. No dizer da Ventura Rodrigues Pereira (A Ribeira Grande 1984), daí teria derivado a sua devoção a Nossa Senhora da Estrela, padro-eira da Matriz.Tanto assim que, após a sua orde-nação sacerdotal aos 26 de julho de 1908, escolheu a ermida exis-tente na Lagoa com a invocação Nossa Senhora da Estrela, p’ra celebração da sua Primeira Mis-sa, que ocorreu aos 6 d’agosto desse ano. A ermida, acima refe-rida, fora originalmente fundada em 1674 pelo padre João Alves da Cruz, com a designação Nossa Senhora do Cabo, a que se aliava a promoção duma festa anual (sermão e missa cantada) no dia da Purificação de Nossa Senhora (2 de fevereiro). A este respeito o padre João José Tavares escreveu: “Nossa Senhora do Cabo é tam-bém invocada nesta Vila debaixo do título de Nossa Senhora da Es-

trela, por ser o dia 2 de fevereiro escolhido pelo fundador da er-mida p’ra se fazer a sua festa.”(A Vila da Lagoa & Concelho).Recordo-me que a data 6 d’agosto era comemorada como “Dia do Sacerdócio”, com missa e sermão na Igreja Matriz e almoço conví-vio oferecido pelo Senhor Prior, na sua residência, aos sacerdotes e seminaristas ribeiragranden-ses. Guardo ainda comigo uma foto-grafia, já amarelecida pelos anos, onde ressalta o Senhor Prior ro-deado pelos padres Artur Bote-lho Paiva, Cristóvão Melo Gar-cia, Manuel Moreira Candelária e Artur Agostinho, juntamente com os seminaristas Edmundo Oliveira, Hermínio Pontes, José Ferreira, Fernando Frade e Alba-no Oliveira.Eram admiráveis as cerimónias organizadas pelo Senhor Prior p’rà Missa da Primeira Comu-nhão. Primeiro, em procissão dentro da igreja, as criancinhas agrupavam-se junto do batistério, onde se cumpria a renovação das promessas do batismo. A seguir á Elevação da Hóstia e do Cálice, um grupo de “anjos” surgia por detrás do altar e pos-tava-se em adoração nos degraus do santuário. Eram essas figuras angélicas que, no momento prório, vinham à

grade a convidar as crianças p’ra mesa da comunhão. Todo esse ceremonial era acompanhado com o entoar de cânticos mara-vilhosos.

Evidentemente que estou evo-cando memórias registadas nas décadas de 40 e 50 do século pas-sado, pois vim p’rà Califórnia em agosto de 1955 e o Senhor Prior faleceu em novembro de 1957. Não exagero acentuar agora que foi através do Senhor Prior que eu aprendi a Bíblia por inteiro, antes de ir p’ró Seminário. Todas as quintas-feira à noitinha, a ra-paziada reunia-se na igreja p’ra

ouvir o Senhor Prior narrar his-tórias bíblicas ao jeito fantasioso dum conto.Já seminarista, recordo-me de acompanhar os meus colegas nas

visitas ao Santís-simo Sacramen-to e leitura espi-ritual durante as férias, após o que entrávamos no escritório do Se-nhor Prior, onde ele nos acolhia cordialmente e mantinha o nos-so interesse com a distribuição de livros, revistas e jornais. Uma vez po outra, ele fe-chava o escritó-rio e guiava-nos num passeio pela então vila-cidade.

Agigantou-se a minha admiração pelo Senhor Prior quando descobri que fora ele quem havia transformado o histórico Passal, onde residira o Rev. Dr. Gaspar Frutuoso, p’ró aprazível Salão da Juventude, equipado com rádio e sala de leitura, sala p’ra jogos de mesa, palco p’ra récitas e conferências e recinto p’ró famoso presépio mo-vimentado.Recordo-me da Tre-zena de Santo António na Matriz

e distribuição de pão aos pobres e famílias necessitadas; da recitação mensal do Terço e cortejo p’rá Missa na Ermida do Rosário; dos divertimentos des-tinados aos rapazes no Recrea-tório da Matriz antes da Benção do Santíssimo aos domingos; das procissões do Sagrado Coração de Jesus, dos bazares festivos e animadas arrematações no Adro da Igreja.O rol de iniciativas, quer paro-quiais quer sociais, realizadas pelo Senhor Prior, foi incomensu-rável, bem como foi inolvidável o seu ministério de evangelização, espiritualidade e apostolicidade. No entanto, não pretendi alinha-var um panegírico enaltecendo o Senhor Prior, mas tão somente procurei reavivar memórias acri-soladas com a evolução dos anos e associadas aos meus tempos de menino e moço.A fechar, resta-me informar que o Senhor Prior começou a paro-quiar em 1908 na freguesia de Santo Espírito, ilha de Santa Ma-ria, transitando em 1911 p’ra S. Miguel como coadjutor da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Es-trela, Ribeira Grande, recebendo a nomeação de pároco e título de Prior em 1915, falecendo em extrema pobreza e incontestável santidade em 1957.

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno senhor prior

Page 6: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

6 15 de Julho de 2012COLABORAÇÃO

Santos-Robinson Mortuary

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Há trinta e tantos anos, quando cá cheguei, a laboriosa comu-nidade portuguesa da Califor-nia respirava saúde e vibrava

de entusiasmo juvenil. Jovens, em número abundante, emigrados recentemente dos mais variados cantos de Portugal, mo-vimentavam e enriqueciam as festas co-munitárias com o sabor inconfundível da língua de todos nós. Falava-se, cantava-se e namorava-se ainda em português. O am-biente caía bem. A malta não faltava aos bailhes, onde a maioria dos conjuntos mu-sicais se orgulhava do seu talento “cem por cento” lusitano.Não faltava engenho nem arte no brio da mocidade pelas nossas raízes culturais.

As iniciativas multiplicavam-se a torto e a direito. As experiências marcaram-nos pela positiva. As recordações, gratifican-tes, perduram e desconfio que se apaguem tão cedo. Os registos fotográficos e video-gráficos, felizmente, não deixam que isso aconteça.O que acontece, infelizmente, é que os anos passam mais depressa do que deseja-ríamos. A idade não perdoa. Nem sempre a saúde se alia ao melhor que a vida tem para nos dar. As surpresas desagradáveis apanham-nos desprevenidos. Quando me-nos se espera, somos obrigados a parar e a refletir porque outro amigo se foi, sem mais nem menos. E lá vamos escapando, até chegar a nossa vez. Quando ouvi recentemente da morte do Luís Sousa, como todos os que o conhece-ram, fui vitimado por um súbito ataque de nostalgia melancólica. As memórias cole-tivas fazem-me recuar à força da juventu-

de. Foi boa, sã e premiada com momentos genuínos de consolo para a alma. Estava cá há meia dúzia de anos, casado de fresco e ainda bastante envolvido na dina-mização cultural da comunidade, mormen-te através do teatro ensaiado e apresentado em forma de drama, comédia e variedades artísticas por essa California adentro. O Helder Carvalheira e o Luís Sousa traba-lhavam a fundo com o Aires Medeiros Jr. num projeto videográfico para promove-rem “Vida Portuguesa”, a bonita melodia que o Helder compôs e o Luís cantava como só ele sabia. Versa a canção linda-mente sobre a lusa sina do Manel e da Ma-ria, compatriotas imigrados aos milhares em busca dum futuro mais risonho para

os seus filhos. Precisavam dum Manel qualquer que contrace-nasse com a Maria, então re-presentada pela saudosa Linda Rosa, que também partiu cedo demais para desgosto de todos nós. Não hesitei e contribuí com regozijo para esse magnífico ví-deo que já conta com quase três décadas de idade mas continua sempre a agradar a quem tem a oportunidade de o ver.A partir daí, passei a conhecer melhor o Luís por dentro. Por fora, o aspeto comovente da sua deficiência física e óbvias limi-tações motoras pouco dizia do músico talentoso, o cantor con-

fiante, munido duma voz potente que conquistava corações e dum caráter possante que marcou fortemente as emo-ções dos que com ele privaram.Há toda uma geração de músicos, colegas, amigos e bandas sonoras cá no nosso meio que compartilham a dor porque ficaram marcados pela presença ímpar deste orgu-lhoso filho de Santa Maria, formosa ilha que o viu alegremente nascer nos longín-quos anos cinquenta e se entristeceu imen-samente ao acolhê-lo ainda há pouco para a despedida final.É muito fácil, chegado o termo do percurso terreno, julgar-se uma pessoa pelas tontas cabeçadas que dá ou decisões menos cor-retas que toma ao longo da vida. Julgo, no entanto, porque ninguém é santo, não ser assim tão difícil ir-se um pouco mais além e contribuir-se para que um indivíduo saia pela porta grande.Luís Sousa não teve um fim feliz mas, pelo meio, contribuiu inequivocamente para

o anímico bem-estar de muita boa gente espalhada pelos “towns” e “halls” des-ta imensa “Califorlândia”. Tocou, cantou e encantou nos mais diversos cantinhos onde se aglomeram portugueses, cá neste acolhedor estado do oeste americano. A sua voz, o seu acórdeão, o seu sorriso, a sua boa disposição e o seu inconsolável ro-mantismo marcaram uma multidão imen-sa de admiradores e admiradoras que não o deixam partir, à tôa, pela porta detrás.Tal como muitos milhares dos nosssos conterrâneos e amigos, confesso que gos-tava de ouvir o Luís cantar. Algumas das suas típicas interpretações de canções uni-

versalmente aplaudidas ficaram célebres entre nós. Soam bem e explicam muito sobre o homem, o cantor e o seu destino encruzilhado no atroz manquejar da vida, que não perdoa indiscrições impensadas. “I did it MY WAY”, tema imortalizado por Elvis Presley e Frank Sinatra, quando sentidamente interpretado pelo Luís, ilus-tra bem o teor introspetivo do seu dolente pensar transcrito na sua página do Face-book em vésperas de se ausentar para sem-pre: “…dói menos a morte de deixarmos de existir fisicamente do que a de deixar-mos de viver plenamente.”Thanks, Luís, for the memories.

Adeus prematuroRasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Page 7: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

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Page 8: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

8 15 de Julho de 2012COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena [email protected]

Parece-me que ouvi, de algum modo, as três pancadas de Molière. O pano vai

subir! Está uma peça para ser representada... E eu, meu Deus! Eu ainda não pus o ba-ton!!! – Eu preciso tanto des-se insignificante adorno que todavia não dispenso, antes que a boca seque... Eu tenho tanto para dizer! O meu papel aqui é de respon-sabilidade!Falar de um autor, não é ta-refa fácil! Interpretar o que ficou nas entrelinhas, muito menos. E por que hei-de eu fazê-lo? Não creio ser neces-sário. Não sei mesmo se em cem anos o conseguiria... Mas, meu amigo Luciano Cardoso, também não estou aqui para analizar as entreli-nhas do teu romance. Já me é suficiente ter o privilégio de ler as histórias de vidas contadas pela tua imagina-ção, que bem podem ser as muitas histórias de cada um imigrante, não só na Améri-ca do Norte, mas em muitos lugares do mundo. Só falta mesmo levar à cena em mais uma bem represen-tada comédia das que vive-mos todos os dias.Para quando a adaptação encenada e vivida por perso-nagens bem ao geito das que imaginamos quando lemos o teu romance? - Gente viva! Gente de idade avançada, de meia idade e muito jóvem, mas gente pulsante com alma e coração.Como tu sabes, o nosso povo não foi muito habituado a ler, mas adora ouvir contar his-tórias de todos os tempos, desde a mais remota época em que os nossos Portugue-ses resolveram saír do seu torrão-natal à procura de novas terras ou uma de vida melhor.Por que pensas que quando não há danças ou bailinhos de carnaval, o nosso povo fica triste? Por que pensas que o Povo delira com os enredos, mais do que com o vestuário super vistoso, em-bora no momento encham os nossos olhos? Esse, ao fim

de um tempo será esquecido, mas as palavras mordazes, uma resposta a tempo e hora num papel mais atrevido dis-põe o espectador e fá-lo rir a bandeiras despregadas... E passará o tempo, as qua-dras e sextilhas hão-de ser ser lembradas por muitos. Que eu saiba, ainda ninguém mais antigo e da nossa idade, se esqueceu desses cantado-res, poetas do improviso, de enorme talento que nos pal-cos cantaram a nossa histó-ria, a vida dos Santos e pa-droeiros das nossas Igrejas e de pessoas importantes que contribuíram para o bem da humanidade.

A minha preocupa-ção é como a que tiveste nesta tua primeira obra:

Se daqui a uns quantos anos haverá um Alex, interessado em saber mais dos seus an-tepassados e de falar a nossa bonita língua de Camões, ao ponto de ouvir uma Cantoria e entender o que dizem os cantadores.Louvo a tua preocupação e que o teu romance tenha sido escrito nos dois idiomas para despertar gerações futuras.Que o teu livro seja lido por muitos Portugueses-Açoria-nos, com o sentir de Ilhéus, e seja repensado e representa-do com o encanto que a nos-sa gente sempre encontra em cada personagem.Amigo Luciano, obrigada e parabéns! Por favor, não demores tanto, porque Cem Anos Sem Ti, é de facto tem-po demais!

Assine o

Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa na nossa

Comunidade

"Cem Anos Sem Ti" Após a segunda guerra mundial ocorreu, em quase todo o mundo, um grande crescimento

econômico e uma das causas foi a expansão da atividade industrial, impulsionada por motivos diver-sos, entre os quais o extraordiná-rio aumento da população e, con-sequentemente, o aquecimento do consumo.Quando o meio ambiente passou a sofrer os efeitos desse crescimento irrefreável, sem conseguir absorver a excessiva poluição, quando os graves problemas causados pela ação do ho-mem degradando a natureza e crian-do sérios riscos para a terra e para o bem estar e sobrevivência humana, tornou-se inevitável e urgente discutir uma forma de salvar o planeta e criar fundos para corrigir e recuperar os danos provocados. Aconteceu, então, a primeira confe-rência da ONU (Organização das Na-ções Unidas) sobre o meio ambiente, para debater tais questões. Esse pri-meiro encontro se deu em Estocol-mo-1972, e foi marcado pelo confron-to de pontos de vistas entre os países ricos e os países pobres. Os países desenvolvidos se preocupavam com a devastação que os países em desen-volvimento faziam e propunham medi-das rigorosas para a conservação dos recursos naturais da terra. As pro-postas não agrada-ram aos países em desenvolvimento que argumentavam estar assolados pela pobreza extrema, com problemas de moradia, alimen-tação e saneamento básico, atacados por doenças infecciosas, enfim, que precisavam, urgentemente, desenvol-verem-se economicamente e acusa-vam os países ricos de ter devastado seus recursos naturais (durante seu crescimento), querendo impor, agora, severas exigências aos países pobres. Entretanto, a conferência de Estocol-mo foi importante porque serviu para chamar a atenção do mundo para os problemas de degradação que o pla-neta já vinha enfrentando e a urgên-cia de se encontrar soluções.

A segunda Conferência da ONU so-bre o Meio Ambiente e Desenvolvi-

mento, aconteceu no Rio de Janeiro e ficou conhecida como Rio-92. Serviu para avaliar como os países promo-viam a proteção ambiental desde Es-tocolmo. A “Cúpula da terra”, como foi chamada a conferência, propiciou discussão e defesa de ações da co-munidade internacional em torno da necessidade de medidas urgentes para preservação da vida no planeta e percebeu-se que o Desenvolvimento Sustentável só poderia ser alcançado e com bons resultados, se contasse com a participação de todos os segmentos da sociedade. Convenções, acordos e protocolos foram firmados e as na-ções signatárias se comprometeram a adotar métodos de proteção ao meio ambiente, bem como criar um fundo que desse suporte financeiro às metas acordadas. A ONU tem realizado encontros para discutir e achar soluções para os im-pactos ambientais. Os principais fo-ram: Estocolmo 1972; Rio de Janeiro – 1992; Kyoto – 1997; Olinda – 1999; Haia – 2000; Bonn – 2001; Johannes-burgo – 2002.

A última conferência da ONU foi sobre Desenvolvimento Sustentável

e aconteceu entre 13 e 22 de junho último, no Rio de Janeiro, a Rio+20, que assim foi chamada por ter acon-tecido vinte anos depois da Rio-92. Renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável e ava-liar o que ficou faltando executar das decisões que foram adotadas, em ou-tras conferências, foi o seu objetivo. O encontro teve dois temas principais: a economia verde no contexto do de-senvolvimento sustentável e da erra-dicação da pobreza; a estrutura para o desenvolvimento sustentável.Mas, afinal, o que é desenvolvimento sustentável? Quem se referiu a esse termo, pela primeira vez, foi Gro Brundtland, ex-primeira Ministra da

Noruega, quando presidente de uma Comissão de Organização da ONU: -"Desenvolvimento sustentável signi-fica suprir as necessidades do presen-te sem afetar a habilidade das gera-ções futuras de suprirem as próprias necessidades. Nem de longe se está pedindo a interrupção do crescimento econômico. O que se reconhece é que os problemas de pobreza e subdesen-volvimento só poderão ser resolvidos se tivermos uma nova era de cresci-mento sustentável, na qual os países do sul global desempenhem um papel significativo e sejam recompensados por isso com os benefícios equivalen-tes”.

Luiz Carlos Cabrera, Professor da Eaesp-FGV, ensina: -“Vale lembrar que a sustentabilidade se aplica a qualquer empreendimento humano, de um país a uma família. Toda ativi-dade que envolve e aglutina pessoas tem uma regra clara: para ser susten-tável, precisa ser economicamente vi-ável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta”.

A RIO+20 foi sucesso para alguns e decepção para a maioria que recla-

mou da ausência dos Chefes de Esta-do das maiores potências do mundo. Não se pode negar a boa intenção das Nações Unidas em prol de um planeta melhor, com água potável abundante para ricos e pobres, ecossistema pre-servado, desenvolvimento sustentá-vel e a humanidade vivendo em paz com a natureza, preservando-a para as futuras gerações. Fácil é assinar um tratado de boas intenções. Difícil realizar, politicamente, o que se pro-mete.

(Pesquisa: jornais e Planeta sustentá-vel- abri)

Rio+20D e s e n v o l v i m e n t o

Sustentável

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Page 9: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

9 COMUNIDADE

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Page 10: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

10 15 de Julho de 2012COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

Para criar inimigos, não é necessário declarar guerra, basta dizer o que se pensa.

Martin Luther King

A epígrafe apareceu no facebook, como mui-tas coisas aparecem, algumas uteis e ou-

tras perfeitamente supérfluas e muitas completamente patéticas. É assim o facebook, e em geral, as novas formas de se comuni-car. Porém, na sua totalidade são meios importantes e extrema-mente benéficos para a criação de um mundo e de comunidades em progresso. Criei alguma em-patia com a frase de Martin Lu-ther King, um dos meus heróis do século vinte, porque através dos anos tenho, com as minhas humildes crónicas, e as minhas opiniões a favor do progresso hu-mano e de uma comunidade de origem portuguesa mais integra-da e mais aberta, criado, como é óbvio, alguns inimigos. Mas diga-se que também tenho feito muitos amigos. Porém, a verdade é que com uns e com outros ainda acredito na nossa comunidade. Não tenho uma visão apocalípti-ca da mesma, nem tão pouco me comove a saudadesinha de um tempo já passado, que não foi as-sim tão bom. Nem vejo a comu-nidade a morrer como apregoam vozes, quase sempre pertencentes

a quem não se consegue ajustar às novas comunidades que des-pontam à nossa beira. A minha história é análoga à de muita gente vinda dos Açores e que na Califórnia plantou raízes. Vim dos Açores com 10 anos. Meu pai sonhava com as "Califórnias perdi-das de abundância" como nos diz Pedro da Silveira no seu emble-mático poema. Via o caso do meu avô materno (o meu grande amigo que me contava histórias do far west americano) que em 18 anos de América havia feito um bom pé de meia. Numa era em que uma casa e alguns terrenos não dava para vi-ver, meu pai, olhava para a Améri-ca como um lugar onde se vinha, durante alguns anos, para se voltar com os trocos necessários para, como ele (meu pai) dizia: "endirei-tar a vida." Daí que, quando um tio meu, de visita aos Açores depois de meia dúzia de anos de América, numa viagem de saudade e de ex-travagancia, explica que a América é tudo o que dizem, e mais. Que prefere estar na América a orde-nhar vacas do que na Terceira a ver uma tourada (é verdade, disse-o, na minha frente), meu pai ficou pronto para dar o salto. E o proje-to de meia dúzia de anos tornou-se, tal como aconteceu com a maioria dos nossos emigrantes, numa vida em terras americanas. Não só vi-veu na América desde os 38 anos, como foi a sepultar nesta terra com a idade de 72 anos. Aqui está, para sempre. Desde os 10 anos que a minha vida tem sido a América, e na América as comunidades de origem portu-

guesa. Nas escolas, o meu mundo foi sempre um mundo rodeado da nossa comunidade. As várias es-colas primárias e secundárias que frequentei eram o mundo ameri-cano salpicado com tonalidades açorianas. É que, como meu pai trabalhava na agropecuária, uma industria cujos funcionários nas dé-cadas de 1960 e 1970 eram maiori-tariamente emigrantes dos Açores, as escolas que frequentava estavam repletas de filhos de emigrantes ou de recém chegados como eu. De-pois veio o trabalho na ordenha das vacas, durante quase três anos, a passagem pelo comércio, o gosto pela rádio em língua portuguesa e daí o envolvimento direto na co-munidade com a idade de 17 anos. E tem sido na zona de Tulare, no centro-sul do vale de São Joaquim que tenho trabalhado, estudado, festejado, chorado, enfim, vivido a minha vida de ativista cultural dentro da comunidade e de humil-de observador da mesma. Mas vi-ver na, e com a comunidade, não impede de estarmos presentes no mundo americano, de sermos ple-nos membros da sociedade onde vivemos, onde plantámos raízes e as regamos com o nosso trabalho, a nossa participação cívica e as nossas vivências culturais. É o que fazem as nova gerações. Em quatro décadas de América, rodeada de Açores por todos os la-dos, tenho visto as mudanças que as nossas comunidades de origem portuguesa têm vivido. Tenho es-crito sobre as mesmas. É sabido que as comunidades de hoje não são as comunidades de ontem. Não o

podem ser. Não o devem ser. Mas não acredito que as comunidades estão envelhecidas, as pessoas sim, e demasiados dos nosso pseudo lí-deres é que estão velhos. As co-munidades têm a capacidade de se renovarem e vemos isso um pouco por toda a Califórnia. Não serão as mesmas comunidades do fim do século XX e ainda bem, porque o mundo não é o mesmo, nem tão pouco a sociedade americana é a mesma. Não se pode, nem se deve pensar as comunidades portugue-sas da Califórnia, com os olhos postos no passado. As comunida-des fazem-se de formas múltiplas. O mal de muitos dos nossos líderes é que ainda olham ao conceito de comunidades dentro de um círculo muito fechado, de um paradigma completamente ultrapassado. Faz-se comunidade, e vive-se Portugal e os Açores na Califórnia, todos os dias, e nas mais variadas formas e nos mais variados lugares. Basta abrir-se os olhos e querer ver que há outras formas de se ser e de se viver a comunidade muito além dos moldes tradicionais, e alguns, sobrepujados. Daí, eu pecador, acreditar, vee-mentemente, que as comunidades, apesar da falta de liderança, e de alguns (sejamos honestos) maus lí-deres que tivemos, e ainda temos, sobreviverão durante muitas déca-das. A metamorfose está aí. Em alguns casos estamos a aproveitá-la para a mudança, em outros isso não acontece, mas todas resistirão. Acredito ainda que alguns dos dilemas que tivemos, e temos, fo-ram provocados por esses líderes

e pseudo-líderes. Foi (ainda o é, infelizmente) mais do que comum que alguns líderes mantiveram li-deranças autoritárias. Diziam-se democratas mas não praticavam os princípios da democracia. Houve lideres que fizeram obra interes-sante, mas ao saírem da chefia, da posição de presidente ou diretor, preferiram, ou abandonar por com-pleto o projeto, ou escolher e apoiar substitutos sem qualificações e sem visão, porque essa foi (talvez ain-da seja) uma forma de perpetuar a falsa aura com que se habituaram a viver nas comunidades e para al-guns, mais importante, a imagem apócrifa que cultivaram em outras comunidades e até mesmo (muito mais importante para muitos) nos Açores e Portugal Continental. Tivemos fundadores que depois afundaram (ou tentaram fazê-lo) as organizações que ajudaram a criar. E diga-se, a bem da verdade, que tivemos excessivos líderes (será que ainda temos?) muito mais pre-ocupados com o próximo jantar, a próxima visita efémera de um po-lítico, a próxima oportunidade de aparecerem no pódio com discur-sos circunstanciais e sem qualquer inquietude sobre a construção de uma comunidade dinâmica e mul-tifacetada. E houve também (tal-vez ainda haja) quem teve medo de homens e mulheres com outras vi-sões, outra abertura, outra dinâmi-ca, outra liberdade e até os tentasse punir com insinuações falsificadas e táticas perversas . Conheço, per-feitamente, essas nojências, por-que, como outras pessoas, vivi-as na pele. (cont. na pág. seguinte).

Eu, pecador, confesso que acredito nas Comunidades Portuguesas

da California

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11COLABORAÇÃO

Tabaco - a soluçãoTabaco pode ser a solução para os altos custos do fuel

Mencionando biofuels, muitos de nós auto-máticamente pensa-mos “corn ethanol”.

Na ultima década a demanda de milho/grão para a produção deste produto tem sido motivo de in-quietação para os produtores de leite e carne, nos Estados Unidos. No Brasil é já produzido de ou-tros produtos da terra, tais como “switsgrasses” etc. mas tabaco??? Nunca pareceu provável, mas isso pode mudar rápidamnte. Um grupo de cientistas liderados por um famoso investigador dos Es-tados Unidos, Departamento da Energia, de Lawrence –Berkeley National Laboratory, no Berke-ley Lab, estão explorando a for-ma de produzir gasolina diesel e jet fuel desta “iconic” planta do Sul. O seu alvo é genéticamente transformar as plantas do tabaco, que usam energia da luz do Sol para produzir partículas de fuel diretamente nas suas folhas. As folhas serão depois moídas e o fuel extraído e separado. Estes cientistas calculam que 1.000 acres de terreno de tabaco pode produzir mais de 1 milhão de ga-lões de fuel por cada colheita, e em algumas zonas atmosféricas mais de uma colheita por ano.Porquê tabaco? Este é produzido em grandes quantidades nos Es-tados Unidos e em mais de 100 Países, gera diversas colheitas anuais, e as suas folhas largas podem armazenar grandes quan-tidades de fuel, e é uma planta que responde favorávelmente à “genetic engineering”.O custo do programa esta ava-liado em $4.9 milhões e é patro-cinado por Advanced Research Projects Agency-Energy, do De-partamento de Energia dos Esta-dos Unidos.

O projecto é liderado por Chris-ter Jansson, “Biochemist” em “Berkeley Lab’s Earth Sciences Division”. É um projecto ambi-cioso, mas Jansson e outros cien-tistas deste Laboratório esperam criar uma nova (receita) para “biofuels”, para poder responder às contínuas exigências ambien-tais e minimizar a crescente de-pendência no petróleo.

Nevada entra a sério na competição produtora

Dairy Farmers of America, uma cooperativa nacional, iniciou a construção de uma nova fábrica para produção de produtos do leite em Fallon, Nevada. O or-çamento é de $85 milhões e em princípio com capacidade para transformar 2.0 milhões de libras de leite por dia, mais de que a cor-rente produção de todo o Estado de Nevada. Espera-se que esteja pronta no Verão de 2013.Fallon está localizado a cerca de uma hora de viagem para o Leste do Reno e é local escolhido para 22 das 28 produções de leite de Nevada. Presentemente a maioria da sua produção de leite é trans-portada para a California para processar. O total de vacas leitei-ras em 2011 era de 29.000 cabe-ças e a produção diária foi de 1.82 milhões de libras. Presentemente há três fábricas de transformação em Nevada.Com esta nova fábrica e o atrati-vo clima, ambiental e financeiro para negócios e empreendorismo no Estado de Nevada, mais explo-rações e vacas produtoras serão esperadas neste vale pouco po-pulado e dominado pela agricul-tura. Muitas das explorações da California estão presentemente importando a famosa alfafa-hay, desta e outras regiões produtoras de Nevada.

Temas de Agropecuária

Egídio [email protected]

Mas a comunidade é muito mais do que os nossos pseudo líderes querem ou gostariam que ela fos-se. Por cada pessoa que ainda diz Amem aos sotainas de ontem há outras que escolhem, vivem e tra-balham consistentemente para a passagem, nas mais variadas ver-tentes, do nosso legado cultural no seio da modernidade do mundo es-tadunidense. Peço desculpa a mui-tos dos nossos dirigentes que ainda estão no século XX, mas a comu-nidade de amanhã, que já está a

construir-se hoje, mesmo que a queiram acorrentar com ideias do passado não se deixará controlar e fará comunidade, à sua maneira (e ainda bem), dentro do multicultu-ralismo americano. Eu, pecador, acredito, que as no-vas comunidades, para desgosto de alguma gente, (assumida e auto-erguida nos seus altares com pés de barro), continuarão a viver a sua herança cultural com o seu passa-do histórico mas sem os apertos do pretérito.

Page 12: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

12 15 de Julho de 2012COMUNIDADE

Gaspar Teófilo faleceu no Sábado, 30 de Junho de 2012 na sua residên-cia em Santa Clara, CA com 81 anos de idade.O Teófilo era natural da Calheta, São Jorge, Açores, onde nasceu a 31 de Julho de 1930. Emigrou para Taun-ton, MA em 1968.Deixa a chorar a sua morte, a sua adorada esposa de 24 anos Maria Fe-licidade Fonseca, natural da Calheta, São Jorge.Deixa também seus filhos; Amelia Soito e esposo Raymond Soito; Zita Cambra e esposo Eric Cambra em Tanton, MA.; Alvarina Adams e esposo Allen Adams, em Cape Cod,

MA., e Sérgio Fonseca em Long Beach, CA. Também 5 netos, 3 bis-netos em MA.Era filho de Gaspar Fonseca e Maria Auro-ra Fonseca já falecidos. Deixa 8 irmãos: Laura Meadows, e Albertina Belo, em MA.; Antó-nio Fonseca, Alvaro Fonseca, Odete Sil-va, Odovaldo Fonseca, Hermenegildo Fonseca, e Rosa Adão residentes no Canada. E também cunhados, sobrinhos, e mais fami-lia em Massachusetts, Canada, e California.O Teófilo foi sapateiro na Ribeira Seca até emi-grar. Foi também musi-co de várias filarmóni-cas por muitos anos.Depois de se reformar,

passava o seu tempo na companhia da sua esposa a tratar da grande quantidade de canarios que tinha, e a viajar.Era membro de dez organizações Portuguesas na área de Santa Clara. Rosario e Missa realizaram-se no dia 5 de Julho na Igreja de St Clare's em Santa Clara. Ficou sepultado no Ce-mitério de Santa Clara Mission.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família enlu-tada.

Falecimentos

Gaspar Teófilo Fonseca

Sept. 3, 1928 – May 9, 2012 Manuel Carmino Rosa was born in Santa Ana, Pico, Azores, to Jose Se-rafim da Rosa and Ana Leonor Vieira. He had three sisters, Maria, Esmeria, and Carmina, and two brothers, Jose Victor and Ramiro (who died as a toddler). He learned carpentry from his dad, who taught him how to build many things, including boats, wine barrels, and furniture. He joined the army at the age of 20. After serving, he became a police officer and mar-ried Ilda Garcia, in October of 1953. They moved to Faial, where they li-ved until 1959. While Ilda was preg-nant with their first child, Carmino, there was a volcanic eruption on the island. As an officer of the law, Ma-nuel risked his life helping to evacua-te people from the eruption zone. In October 1959, they moved to Liver-more, California, to take care of an elderly uncle. Manuel first worked at Wente Vineyards, then at Kaiser Sand and Gravel. He also started re-

modeling and building houses. He and Ilda had a daughter, Maria, born in 1962, and a son, Joe, born in 1965. He spon-sored many relatives and helped them get establi-shed in this country. In 1986, he was one of the founding members of the Irmandade do Divi-no Espirito Santo of Li-vermore and Pleasanton (I.D.E.S.-L.P), a small, non-profit organization that promotes devotion to the Divine Holy Spi-rit in the Portuguese Azorean way. Manuel and Ilda also gave many Portuguese language Marriage Encounters (a marriage strengthening

weekend retreat) for the Diocese of Oakland, and the other bay area Dio-ceses. Manuel was active member of St. Michael’s church and of various Portuguese organizations. Manuel touched the lives of a great many pe-ople, and he will be dearly missed. Manuel was a loving and dedicated family man.He is survived by his beloved wife of 58 years, Ilda, daughter Maria (Ro-bert) Federle, sons Joe (Rebekah) and Carmino (Leticia), six grandchildren and many nieces and nephews. He is also survived by his sisters, Maria Serpa, Esmeria Simonelli, Carmina Serpa and brother Joe Victor Rosa.Friends and family were invited to a rosary/vigil service at Saint Micha-el Church on Thursday May 17th at 7p.m.. Funeral Mass followed on Fri-day May 18th at 11 a.m.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família enlu-tada.

Faleceu no dia 27 de Maio em Manteca, Ana A. Garcia, com a idade de 82 anos. Foi prece-dida na morte pelo seu marido Manuel da Rosa Garcia e filho José Manuel Garcia. Ficam a chorar a sua morte, sua irmã Amelia Furtado, cunhada Lucilia B. Avila e vários sobrinhos e sobrinhas.Ana Garcia nasceu a 9 de Março de 1930 nos Açores. Ela além de adorar a comida portugue-sa, gostava muito de massa sovada, cornbread e chocolates. Era uma apaixonada por animais

e muito em especial pelo seu cão "Doc".Ficou sepultada no Holy Sepulchre Cemetery em Hayward, California.Paz á sua alma.

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolên-cias a toda a família e muito em especial a Car-los Avalon, seu sobrinho.

Manuel Carmino Rosa

Ana A. Garcia

Nesta edição irei falar sobre o Di-reito das Suces-sões. Trata-se de

um tema sempre actual e que considero revestir grande im-portância, sobretudo para os Portugueses residentes no es-trangeiro que ainda possuem bens ou interesses em Portu-gal. O falecimento de um familiar, cidadão português, provoca imensos procedimentos bu-rocráticos e implica uma série de deveres legais obrigatórios para os seus herdeiros.Em primeiro lugar, os herdei-ros deverão participar o óbito ao Estado Português para que a Conservatória do Registo Civil efectue os necessários averbamentos no assento de nascimento do falecido e, caso fosse casado, no assento de casamento.O óbito do familiar também deve ser participado no Ser-viço de Finanças da área da última residência do falecido em Portugal até ao final do 3.º mês seguinte àquele em que ocorreu. Nestes casos, entre outros elementos, deverá ser fornecida uma relação dos bens deixados pelo falecido e a identificação dos herdeiros. Após cumpridos estes proce-dimentos, deverá ser realiza-da a Habilitação de Herdeiros. Neste acto, o cabeça de casal ou três testemunhas declaram quem são os herdeiros do fa-lecido.

Após cumprido este procedi-

mento, os herdeiros poderão então fazer os registos dos prédios e veículos automóveis deixados pelo falecido, levan-tar dinheiro ou outros valores existente em contas bancá-rias, entre outros actos que só com a Habilitação de Herdei-ros se tornam possíveis reali-zar, como é o caso da partilha extrajudicial dos bens de que irei falar. Para a partilha dos bens deixados pelo falecido é necessário apurar quem irá herdar e identificar os bens a partilhar. Torna-se importan-te, antes de mais, averiguar se existe algum testamento, caso contrário irão ser chamados a suceder ao falecido os herdei-ros pela ordem determinada pelo Código Civil português diploma que define igualmen-te quais são os bens que com-põem a herança e a forma da sua distribuição.Caso não exista acordo de to-dos os herdeiros na partilha dos bens deixados, qualquer um dos interessados pode pe-dir ao Tribunal a abertura de processo de inventário que se pode tornar mais complexo e demorado sobretudo se os herdeiros residirem no estran-geiro.

Nunca será de mais alertar que em certas situações existe o sério ris-

co de perda dos bens a favor do Estado, assunto que irei desenvolver noutra edição. É o caso, por exemplo, em que o bem se encontra inscrito nas

matrizes prediais em nome da pessoa já falecida e os seus herdeiros não são conhecidos ou, pura e simplesmente, não são identificáveis, porque não há qualquer ligação destes com o prédio. Assim, é alta-mente recomendável cumprir com os procedimentos acaba-dos de identificar, evitando-se desta forma que os bens pas-sem para o Estado ou sejam apropriados por alguém que invoque a usucapião.O distanciamento de Portugal e a inserção noutros países com leis diferentes causam alguns problemas aos Portu-gueses residentes no estran-geiro que muitas vezes, seja por desconhecimento ou por falta de cumprimento de obri-gações, se traduzem na perda de bens, o que se poderá evi-tar. De Portugal, despeço-me, até à próxima edição, com as maiores saudações,

Juridicamente falando

António [email protected]

Heranças e Partilhas em Portugal

Page 13: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

13 PATROCINADORES

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14 15 de Julho de 2012 COMUNIDADE

"O Rei da Batata Doce" em livroDesloquei-me à vizinha ilha do Pico, entre 28 de junho e 1 de julho, na companhia de minha mulher, para participar na entrega de medalhas a cidadãos e instituições do concelho das Lajes do Pico, por parte da Câmara Municipal, e para o lançamento do meu livro “O Rei da Batata Doce”.A entrega de distinções, a munícipes e instituições do concelho, decorreu no dia 29 de junho, pelas 22 horas, no Auditório Municipal com a presença do Dr. Vítor Santos, em representação do Presidente do Governo Regional dos Açores, do Presi-dente da Câmara, Eng.º Roberto Silva, do Presidente da Assembleia Municipal, Eng.º Cláudio Lopes, e uma sala a rebentar “pe-las costuras” cheia de amigos e familiares dos “medalhados”. A minha presença na sessão teve a ver com o fato do meu bio-grafado – Manuel Eduardo Vieira, “O Rei da Batata Doce” – ser um dos que rece-beram tão ilustre distinção. Manuel Vieira foi distinguido, com a Medalha de Mérito Municipal de Grau de Ouro, pelos seus feitos e empreendimentos no concelho, como são o Salão da Silveira e o hipermer-cado Lajeshopping, para além do grande negócio que possui na Califórnia, honran-do o bom nome do seu concelho. Foi uma sessão muito viva onde foram lembrados e descritos os grandes feitos de cada ho-menageado. Benditos sejam aqueles que se lembram dos filhos da sua terra.O lançamento do livro “O Rei da Batata Doce” estava previsto para o dia 30 de ju-nho, pelas 21 horas, no Salão da Silveira, e incluía a atuação do Coro da Madalena, a cerimónia do lançamento, a atuação duma filarmónica, o grupo de chamarritas, e “comes e bebes” para toda a gente.A cerimónia começou com as palavras oportunas de Tomás Orlando, que deu as boas vindas aos presentes e enalteceu o grande evento associado ao seu amigo de peito, Manuel Eduardo Vieira, filho da lo-calidade da Silveira.Seguiu-se a atuação “divinal” do Coro da Madalena, que começou por cantar o Hino da Silveira, continuando com dois temas de Zeca Afonso, outra música portuguesa e um bonito fado.Seguiram-se os habituais discursos apro-priados à cerimónia. A Mesa era composta por: Tomás Orlando Cardoso, Presidente da Comissão Organizadora, e em repre-sentada do Dr. António Costa de Moura, convidado para apresentar o livro, mas que, por motivos de saúde, não pode estar presente; Eng.º Roberto Silva, Presidente da Câmara Municipal das Lajes; Eng.º Rui Pereira, Presidente da Direção do Salão da Silveira (Centro Social, Cultural e Re-creativo da Silveira); Comendador Manuel Eduardo Vieira, biografado; eu, na quali-dade de autor do livro; e Osvaldo Palhi-nha, membro da RTP, do Programa “Cali-fórnia Contacto”.Iniciou os discursos Tomás Orlando, que após breves palavras leu o texto de apre-sentação do livro, enviado pelo Dr. Costa Moura, onde são feitas elogiosas referên-cias ao amigo biografado e ao autor do livro.Coube-me seguir, nas palavras, o amigo Tomás Orlando e para além dos agradeci-mentos habituais e de algumas referências à história do livro, destaquei a vontade e opinião de José Cavalheiro, amigo do bio-grafado contemplado recentemente com a edição do livro “Os Meus Versos”, de ser erigido um busto de Manuel Eduardo Viei-ra, frente ao Salão da Silveira.As palavras que se seguiram foram do Eng.º Roberto Silva, que para além de to-dos os comentários acertados à ocasião, aproveitou, e muito bem, a minha deixa e anunciou a feitura do busto de homenagem a Manuel Eduardo no local referido, a cus-tas do Município Lajense. Foi uma inicia-tiva muito bem recebida e muito aplaudida pelos presentes.Por fim, seguiu-se as palavras emocio-nadas do Comendador Manuel Eduardo Vieira, que referiu o fato de, em 1962, quando dali emigrou para o Brasil e de lá,

em 1972, para a Califórnia, estar longe de pensar que um dia teria tantas alegrias ao receber todos os reconhecimentos públi-cos que tem recebido. Agradeceu sentida-mente a todos os familiares e amigos pelo seu percurso de vida. Foi um momento de comoção forte.O serão prosseguiu com a atuação da Fi-larmónica Liberdade Lajense, no balcão do Salão.A surpresa para Manuel Eduardo estava reservada para o exterior do Salão, onde estava programa a atuação do Grupo de Chamarritas vindo do Faial. A Sociedade Filarmónica União e Progresso Madalen-se, querendo associar-se aos festejos, veio propositadamente saudar Manuel Eduardo, como forma de reconhecimento e agrade-cimento pela receção e contributo aquando da deslocação à Califórnia em 2001.Seguiram-se as Chamarritas pela noite dentro, com muitos passos de dança, tam-bém de Manuel Eduardo, até às tantas da madrugada. Muitos só chegaram à cama pelas 4 horas.Após as cerimónias no salão, foi oferecido a todos um abundante beberete com uma variada de comidas e bebidas para todos os gostos.As receitas das centenas de livros vendi-dos foram doadas por Manuel Eduardo, em partes iguais, ao Salão e Igreja da Sil-veira.

Liduino Borba

Cláudio Lopes, Presidente da Assembleia Municipal das Lajes do Pico, Manuel Eduardo Vieira e Roberto Silva, Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico

Liduino Borba falando na apresentação do Livro "O Rei da Batata Doce", biografia de Ma-nuel Eduardo Vieira, no dia 30 de Junho na Silveira, Ilha do Pico

Casa dos Açores em Lisboa, na noite de apresentação do Livro de Poesia de José Cavalheiro "Os Meus Versos"

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15 FESTAS

Festa de Nossa Senhora de Fátima em Riverbank

Nossa Senhora de Fátima em Procissão nas ruas de Riverbank

Até um oficial americano, pai de uma rainha se apercebeu que deveria ir bem vestido na festa da filha

A Banda Açoriana de Escalon sempre presente nas Festas. Luis Cordeiro foi o padre convi-dado para celebrar a Missa da Festa

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16 15 de Julho de 2012FESTAS

Festa do Espírito Santo de Monterey

No Sábado houve a tradicional troca de Coroas. Este ano a Festa de Monterey só teve uma Rainha Grande.

John Paim, Presidente da F.D.E.S. de Monterey oferece uma lembrança ás Rainhas de 2011

A habitual fotografia antes da troca das Coroas. Embaixo: John Paim e a MC da noite, Dolores Silveira

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17 FESTAS

Festa do Espírito Santo de Monterey

Já no final da Festa, a ultima fotografia para ser recordada no futuro - rainhas e aias de 2011 e 2012No Sábado houve a tradicional troca de Coroas. Este ano a Festa de Monterey só teve uma Rainha Grande.

John Paim, Presidente da F.D.E.S. de Monterey oferece uma lembrança ás Rainhas de 2011

Coroação da Rainha Santa Isabel e da Rainha Grande Eileen Machado, acompanhadas pelas suas aias Logan Jackson e Moranda Teixeira

Realizou-se no fim de Semana de 7 e 8 de Julho as tradicionais Festas em Lou-vor ao Divino Espirito Santo na F.D.E.S. de Monterey. No Sábado teve lugar o célebre almoço de caranguejo, cama-rão, lulas, polvo, peixe frito, filet mig-

non. Uma autêntica festa culinária numa terra ao pé do mar. À noite houve Baile pelo Conjunto "Os Bandeirantes" vindos de Connecticut. Houve a troca de coroas como se pode ver nas fotografias, conti-nuada com baile. No Domingo, dia sem

Sol, a Coroação partiu da baixa da Cida-de de Monterey, debaixo de um "mist", figura metereológica, que quer dizer, uma chuvinha irritante, que depois pa-rou. A Missa foi celebrada por Eduino Silveira, já habitual nestas missas em

Monterey. Sopas, carne, arrematações seguiram-se como é normal em todas as nossas festas. Os oficiais da festa foram: John Paim, Presidente; Noel Teixeira, Secretária; Valerie Fantil. Tesoureira; Eliseu Bettencourt, Marshal.

Page 18: The Portuguese Tribune, July 15th 2012

18 15 de Julho de 2012FESTAS

Copperopolis em festa

Bernardete Ferreira todos os anos faz a festa ao Divino em Copperopolis

Aproveito as palavras do nosso amigo Diniz Borges na Maré Cheia: "Embora com mudanças significativas, as Festas do Espírito Santo, continuam a fazer justiça ao que há séculos acontece nos Açores, ou seja: O Espírito Santo é do Povo. E é esse Povo, que hoje, já na segun-da, terceira e sucessivas gerações, continua com as mudanças que são necessárias (e perfeitamente entendidas por quem conhece por dentro os festejos do Espírito Santo nos Açores,) a realizar as festas na Cali-fórnia com os americanismos e os modernismos que souberam adaptar, e ainda bem. As Festas, com todo o seu folclorismo, são expressões genuínas do nosso povo açoriano, lá e cá." Eu não diria melhor.

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19 COMUNIDADE

Nos passados dias 14, 15 e 16 de Junho de 2012, rea-lizou-se um curso sobre a Cultura dos Açores na Uni-versidade Estatal de Boise (BSU), que contou com o apoio, em forma de recursos materiais, da Direção de Turismo dos Açores, da Associação de Turismo dos Açores e do Município das Velas, São Jorge. As professoras Kristine Nunes e Fátima Quadros-Cornwall, filhas de açorianos, compartilharam reta-lhos da vida açoriana com os mais de 30 participantes. Alguns do temas incluídos foram: o descobrimento e povoação dos Açores, as diferentes características geográficas de cada ilha, a música e os bailes regio-nais, a comida açoriana, a Língua Portuguesa, entre outros. No último dia do curso, o Grupo Folclórico de Idaho Filhos de Portugal, atuou para todos os presentes, e a sua diretora Graça Silva explicou os diferentes bailes regionais aos estudantes, desde A Casaca, do Faial, ao Ladrão, de São Jorge. Esta secção do curso acabou com todos os estudantes bailando modas regionais açorianas à petição da diretora, o que foi muito apre-ciado pelos estudantes que agradeceram, em Portu-guês, aos jovens membros do grupo folclórico.Para terminar este convívio académico, sete convida-dos da comunidade açoriana em Idaho prestaram-se para ser entrevistados pelos estudantes. As perguntas maiormente eram sobre a infância, a situação labo-ral, e a experiência emigratória dos açorianos. Para demonstrar o espírito dos Açores, os convidados che-garam com generosas quantidades de comida açoria-na (feijoada, massa sovada, queijo de São Jorge, e ar-roz doce) para que os estudantes provassem e assim realçar não só os sabores da comida açoriana, mas também a hospitalidade do povo deste arquipélago.

Fátima Maria Cornwall (texto e fotos)

Aprender Açores na Universidade de Boise, Idaho

Acima: Directora Grace Silva e elementos do Grupo Folclórico Filhos de PortugalEsquerda: Kristine Nunes (esq.), Fatima Quadros-Cornwall (dir.)Embaixo: grupo completo.

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21 COMUNIDADE

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Watsonville - terra de tourada à corda

Para um terceirense, qualquer dia é bom para haver uma tourada à corda. Por sor-te, Joseph Moules, acertou no dia - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. E era verdade, havia portugueses, havia poetas, havia comunidade e também havia toiros. Toda esta mistura explosiva, num

lugar próprio para a brincadeira, criou um ambiente extraordinário para se recordar a Ilha Terceira, quer nos toiros quer na culinária.Para o ano não perca uma visita a Watson-ville e à tourada de corda.

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22 15 de Julho de 2012COLABORAÇÃO

Embora a concordân-cia não seja absoluta, a grande maioria dos historiadores considera

SUSHRUTA o pioneiro da cirur-gia na história do mundo. SUSHRUTA nasceu no norte da Índia, oitocentos anos antes do início da Era Cristã; praticava ci-rurgia, e foi o autor de uma famo-sa e muito interessante colecção de livros intitulada SUSHRUTA SANHITA. Nesta colectânea, ele descreveu minuciosamente mais de 300 operações cirúrgicas e ainda 120 instrumentos cirúrgi-cos, além de classificações de ci-rurgia humana por ele ordenadas em 8 categorias. Entre as muitas e diversificadas operações cirúrgicas feitas por este espantoso médico há a real-çar rinoplastias, labgioplastias e cesarianas. Devido a estes numerosos e fun-damentais contributos para as importantíssimas e imprescindí-veis ciências e artes cirúrgicas, SUSHRUTA é também conhe-cido como o “PAI DA CIRUR-GIA”. A História aponta que ele vivia ensinando e exercendo a sua pro-fissão de cirurgia nas margens do rio GANFES.

CIRURGIA EM TEMPOS PRÉ-HISTÓRICOS ?

Baseados em diversas descober-tas arqueológicas, historiadores opinam terem ocorrido algumas operações de cunho cirúrgico, pelo menos em dois muito antigos agrupamentos societários. A des-coberta arqueológica mais antiga indica, na opinião dos cientistas, ter sido feita uma “trepanação”, isto é, uma operação para remo-ver uma parte óssea da caixa cra-niana, aparentemente para aliviar a pressão craniana do paciente. Existem também as evidências encontradas em vários restos mortais humanos do “período Neolítico” (de 5.000 a 2,500 a.C.). A prática da cirurgia é corrobo-rada em pinturas encontradas, e ainda existentes, em paredes de cavernas deste remoto período pré-histórico da Humanidade. É importante salientar que pos-teriores análises feitas a diversas partes dos crânios submetidos a trepanação sugerem que muitos desses doentes sobreviveram à cirurgia empreendida. Adicio-nalmente, restos mortais de seres humanos do período da antiga Civilização Indus Valley (c. 3.300 a.C.) demonstraram que vários dentes haviam sido submetidos a cirurgia dentária mediante perfu-ração mecânica feita 9.000 anos

antes. Outra espantosa descoberta, comprovativa da existência de técnicas cirúrgicas em eras pré-históricas, foi encontrada no an-tigo Egipto, onde arqueólogos acharam uma mandíbula, datada de 2.650 anos anteriores à Era Cristã, com duas perfurações lo-calizadas próximo da raiz de um dente molar, indicativas de dre-nagem de um abcesso,

PROGRESSÃO HISTÓRI-CA DAS CIÊNCIAS

CIRÚRGICAS

Anais históricos, documentados em papiros, atestam pormeno-rizadamente que as primeiras operações cirúrgicas efectuadas em eras históricas ocorreram np Egipto há mais de 3.500 anos, e que elas foram empreendidas por sacerdotes especializadas em tra-tamentos médicos semelhantes aos actuais. Alguns desses documentos, tais como o Papyrus Edwin Smith, arquivado na New York Acade-my of Medicine, focalizam as cirurgias baseadas em anatomia e fisiologia; a colectânea intitu-lada Ebers Papyrus descreve os tratamentos fundamentadas em “magia”. Já muito anteriormente, o famoso historiador grego HERODOTUS,

(quinto século antes da Era Cris-tã), no seu estudo A PRÁTICA DA MEDICINA fez detalhado comentário sobre essas cirurgias. O historiador referiu existirem então no Egipto muitos médicos e cirurgiões especializados na diagnose e no tratamento de uma doença específica. Nos templos da antiga Grécia daqueles tempos, os sacerdotes, invocando a inspiração e orien-tação de ASCLEPIUS, o deus da boa saúde e das “curas e curati-vos”, dedicavam-se ao estudo e ao tratamento e à cura das doen-ças que afligiam o povo das suas respectivas sociedades.É muito importante realçar que os doentes, sobretudo os candi-datos à cirurgia, eram induzidos a entrar numa espécie de sono, ENKOIMESIS, de efeitos anes-tésicos; durante este processo os doentes recebiam orientação di-vina e, simultaneamente, o trata-mento apropriado. As pormenorizadas descrições contidas nos antigos anais elimi-nam dúvidas sobre a efectuação de referidas operações cirúrgicas, mas supõe-se hoje que operações mais complexas, tais como as abdominais, tenham sido efectu-adas num estado de ENKOIME-SIS com a ajuda de uma substân-cia estupefaciente ou soporífica, como o ópio.

ENORME PROGRESSO CIRÚRGICO NA IDADE

MÉDIA Ainda antes da denominada Ida-de Média, as ciências cirúrgicas começaram a progredir veloz-mente por todo o mundo. Continuando a predominância da ciência grega, vemos na aurora da Era Cristã, o enciclopédico e famoso cientista e cirurgião grego (CLAUDIUS) GALEN (c.129-c.200). Ele percorreu grande parte da Europa efectu-ando, satisfatoriamente, muitas. e por vezes arriscadas, cirurgias, tais como operações cerebrais e oftálmicas que haviam sido ex-perimentadas sem bom êxito em prévios séculos. Tal era o seu prestígio que vários imperadores romanos o apontaram seu médi-co pessoal, Em outra parte do mundo, na China, o celebrado médico e ci-rurgião HUA TUO (140-208 da Era Cristã) conseguiu formular uma mistura anestética, algo es-tranha mas eficaz, para as suas operações e actividades cirúr-gicas: combinação de vinho e plantas herbáceas “msfeisan” ou “canábis”. Esta mistura, fervida,

resultava em potente substância anestética, a primeira a ser usada na Ásia. Este cirurgião era também muito respeitado pela sua grande habili-dade em acupunctura e medicina herbática. Na Itália, um dos mais proemi-nentes cirurgiões medievais foi GUY DE CHAULIAC, O seu compêndio CHIRURGIA MAG-NA (1363) foi usado por toda a Europa como manual de instru-ção e orientação até ao findar do século XVII. Subsequentemente, ainda na Era Medieval, as artes e ciências ci-rúrgicas atingiram um alto nível de desenvolvimento e eficácia sobretudo no mundo islâmico. O cientista árabe e médico-cirur-gião ABUL AL-QASIM, tam-bém conhecido como ABULCA-SIS (936-1013 E.C.), que vivia e exercia a sua profissão na região de Córdoba,na actual Espanha, escreveu vastos e minuciosos tra-tados sobre diversas cirurgias, os quais muito influenciaram a prá-tica da medicina na Europa até ao período da Renascença.O estudo da cirurgia na Europa, sobretudo no findar do século XIII e durante o século XIV, foi incentivado e propagou-se em proporção à maior demanda ve-rificada em muitos países. As universidades de Montpellier, na França, e as de Pádua e Bologna, na Itália, distinguiram-se no en-sino das novas tecnologias médi-cas e cirúrgicas.. Historiadores e estudiosos, em uníssono com WIKIPEDIA, apontam o italiano ROGERIUS SALERNITANUS (c.1140- c.1195), autor da afamada obra intitulada CHIRURGIA, como um dos basilares e nais influentes fundadores da cirurgia moderna no Mundo Ocidental. Muito deve a Humanidade a to-dos estes ilustres e abnegados homens e aos outros muitos mi-lhares de indivíduos que consa-graram ou têm dedicado as suas próprias vidas ao tratamento e ao melhoramento das dores e dos so-frimentos humanos. .

Perspectivas

Fernando M. Soares [email protected]

Quem foi o primeiro cirurgião?

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23 TAUROMAQUIA

Reflexões Taurinas

Joaquim [email protected]

As Corridas de Tracy e Patterson

Quarto Tério

José Á[email protected]

Quando o meu amigo José Ávi-la, director e dono deste jornal, me convenceu a escrever sobre touros para o seu jornal, eu

disse-lhe que aceitaria só no caso de po-der compartilhar algumas reflexões sobre a matéria, mas a não me compremeter a descrever todas as corridas da época como crítico tauromáquico. Por isso mesmo es-colhi o titulo “Reflexões Taurinas”. Gosto muito mais de assistir às corridas e reflec-tir sobre o que se passou e depois compar-tilhar os acontecimentos. Até poderei des-crever em detalhes alguma corrida que me marcou, se assim o decidir, mas não será nunca a minha intenção de a descrever como crítico tauromáquico. A definição da palavra crítico no dicionário Português é de “Fazer comentários desfavoráveis a res-peito de pessoas ou coisas”, o que vem ao contrário da minha maneira de ser. O que é importante para mim é de apenas apontar os acontecimentos tal como decorreram, o que me torna neste caso apenas um cronis-ta taurino amador, mas nunca um crítico tauromáquico no verdadeiro sentido da pa-lavra. Normalmente os “críticos” actuam como só a sua maneira de pensar e de ver é que estão certas, atacando fervorosamente tudo e todos que não pensam como eles. Só poderá haver melhoramentos na nossa festa se nos concentrarmos mais nos acon-tecimentos positivos do que os negativos.

É claro que se um cronista ou repórter vir um touro mau ou uma lide má, então terá que assim o descrever obrigatóriamente, mas não deverá nunca despender o tempo nesse assunto negativo e muito menos de repetir sempre a mesma coisa. Se assim o fizer a sua crónica deixa de ser construtiva e torna-se totalmente destrutiva.Também será importantíssimo para um repórter não se deixar pender para uma ganaderia, toureiro ou grupo de forcados, porque assim as pessoas deixam de acre-ditar nessa pessoa. Agora, pode acontecer que um repórter goste mais de um estilo de tourear e descrever a lide ou faena com adjectivos mais bonitos de que um outro toureiro que também esteja a tourear bem mas com estilo diferente. Isto acontece na-turalmente e sem favoritismos.São com estes pensamentos ou reflexões com que farei os meus trabalhos para este jornal ou para outro orgão de informação para quem colaboro. Poderei até descrever algo que alguém possa discordar comigo, o que com certeza vai acontecer vária ve-zes, mas ficarei sempre descansado porque sei que o fiz honestamente e sem partidos.Tudo isto é muito fácil de se dizer, mas

como tudo na vida, fazê-lo é mais dificil porque ao pensar nas corridas de Tracy e Patterson, sinto grandes dificuldades em me concentrar nos acontecimentos posi-tivos, porque na realidade houve muitos mais acontecimentos negativos do que po-sitivos. Foi realmente uma decepção gran-de depois do grande sucesso da corrida à antiga portuguesa da festa de Turlock.Começando pela Corrida de Tracy gosta-ria de comentar e dar os meus parabéns à comissão por ter aumentado a arena con-siderávelmente. Foi na realidade uma obra de muita necessidade. Infelizmente faltou um pormenor importantissimo que é o piso da arena. Notava-se as grandes dificulda-des em que os peões de brega e os forcados tinham com o piso, o que se pode tornar perigosíssimo em frente a um touro.No cartel estava anunciado Alberto Con-de que sempre nos tem proporcionado boas lides com os cavalos da coudelaria Agual-va. Infelizmente assim não aconteceu nes-ta noite em Tracy, devido à má qualidade dos seus adversários que lhe saíu em sorte da ganaderia de Joe Parreira.Também no cartel estava anunciado o ca-valeiro mexicano Jorge Hernandez Ga-rate (na foto), que penso que, deixou bom agrado só aos jovens menos entendidos com os seus violinos e desplantes que não têm nada a ver com o bom tourear.Quanto à forcadagem, do grupo de forca-

dos Aposento de Turlock e dos Amadores de Merced pouco de positivo temos que apontar. Houve uma pega muito boa ao ultimo touro da noite pelo grupo de Merced, mas foi este mesmo grupo que teve momentos de muita confusão, falta de calma e de sabedoria técnicamente falando. Tiveram que enfrentar touros com idade e com toda a sua força inicial e com muito sentido, além do piso também não ajudar nada. Foi realmen-te uma tarde de muito poucos triunfos para esta rapaziada que normalmente salva as corridas com as suas pegas.A Corrida de Patterson numa maneira geral foi mais positiva do que a de Tracy, mas mesmo assim deixou muito a desejar, especialmente com os touros do Pico dos Padres, além de se apontar um novilho muito bo-nito e nobre para o matador de touros mexicano Enrique Gar-za que o bandarilhou e toureou

muito bem com a muleta. Os dois touros da primeira parte para cavalo também serviram bem, mas em comparação com os touros desta ganaderia lidados na festa de Turlock, ficaram muito além.A segunda parte foi mes-mo muito mais fraca. Os cavalos da coudelaria Lusa Canadiana montados pelo cavaleiro Rui Santos mos-traram mais uma vez que estão muito poucos toure-ados, dificultando muito tudo o que o Rui tentava fazer para enganar os seus adversários. O cavalei-ro praticante João Sollar Garcia também não se encontrou muito bem com os cavalos da coudelaria Agualva. Andou sempre com muita velocidade, fa-zendo com que falhasse vá-rias vezes na colocação dos ferros. Quanto à cravação puderá-se dizer que ele crava sempre de alto a baixo e com muita von-tade.Quanto aos forcados, houve tanto de bom como houve de mau. Infelizmente o que foi de mau, foi realmente mau ao ver-se o grupo de Forcados Aposento de Turlock a repetir as cenas tristes vistas na-quela mesma praça de Bella Vista Prack de Gustine pelo grupo de Forcados Amado-res de Vila Franca de Xira. Eu penso que será muito importante para todos os cabos de forcados saberem ver quando um touro não tem qualidades nenhumas para serem pegados. Neste caso quando o director da corrida der o toque para recolher o touro, será muito melhor deixar o touro ser reco-lhido, aliás até porque o grupo de forcados não têm autoridade nenhuma para impedi-rem o recolher do touro. Visto que o astado não tinha condições para ser pegado, não tinha ficado nada mal para os forcados se o touro voltasse vivo para os currais, mas in-felizmente acabaram por ficar mal, porque nunca conseguiram pegar o touro. Eu sei muito bem que estes rapazes sofrem imenso, ao não poderem pegar um touro, sabendo de antemão que não o devem fa-zer. Digo isto por ser amigo de muitos de-

les e por ter um sobrinho nestas andanças na ilha Terceira. Assisti a uma pega nas Sanjoaninas do meu sobrinho a um tou-ro, com as mesmas pobres qualidades, na qual ele ficou bem pisado, ao ponto de ter que ir para o hospital e lá ficar internado por mais de uma semana. Isto para mim não tem nada a ver com a arte de pegar touros.Contudo isto, foi também deste mesmo grupo dos Aposento de Turlock que assisti-mos a uma grande pega pela primeira vez, e à primeira tentativa, do jovem Juan Car-los. É sempre bonito de se ver um jovem forcado a pegar pela primeira vez, perante o publico, especialmente quando há triun-fo. Os nossos parabéns a Juan Carlos. O grupo de forcados Amadores de Merced esteve bem melhor que na corrida anterior, consumindo as duas pegas à primeira ten-tativa.A bem da festa brava

Neste fim de semana passado houve duas Corridas de Toiros com cartéis muito in-tressantes, longe da nossa terra da Cali-fornia.A primeira decorreu em São Jorge, na bo-nita pracita, cuja Ter-túlia tem a vista mais bonita do mundo. Fica por cima das Velas e com a extraordinária vista do Pico e do Faial. Tourearam Tiago Pamplona, Sário Cabral e João Pam-plona, Forcados de Évora e do Ramo Grande, com toi-ros de sangue Amarante e de Oliveira & Irmãos.Em Dundalk, Canadá, Elio Leal levou a efeito mais uma corrida de toiros com um cartel de luxo: Rui Salvador, Rui Santos e Gilberto Filipe, Grupo de Forcados da Tertulia Terceirense e Grupo de Forcados Canadiano. Toiros de diversas origens.Duas corridas para satisfazer aficionados e para criar mais aficion. Interessante verificar que São Jorge tem uma aficion às Corridas de Toiros muito pequena. En-chem ruas para as touradas à corda, mas penso que nun-ca conseguiram encher a sua praça, mesmo com a ajuda de centenas de terceirenses. E é pena.

Tiro o meu chapéu aos organizadores.

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26 15 de Julho de 2012

Aproveito a oportu-nidade para agra-decer em nome da comunidade Portu-

guesa da California, à Direc-ção Regional das Comunida-des do Governo Regional dos Açores, na pessoa da Doutora Maria da Graça Borges Casta-nho, o convite para representar a diáspora Californiana neste congresso.Nesta breve apresentação, não nos vamos debruçar sobre a história da imigração Açorea-na para a California; ou sobre a contribuição cultural, econó-mica e social dos imigrantes Açoreanos na sociedade Esta-do Unidense. Nem iremos ne-cessáriamente realçar aspectos históricos das Festividades do Divino Espirito Santo na diás-pora Californiana. Estes são temas já largamente tratados em Congressos ante-riores e também vastamente documentados tanto na diás-pora como em terras Açorea-nas. Antes, escolhemos parti-lhar convosco hoje, uma série de curiosidades àcerca das ce-lebrações do Divino Espirito Santo na California, e o con-texto social que as influencía. Muito embora as celebrações do Espírito Santo na Cali-fornia tenham as suas raízes nas tradições e celebrações Açoreanas, o meio ambien-te Americano e as condições sócio-económicas dos nossos imigrantes, introduziram atra-vés do tempo certas nuanças e peculiaridades distintas, dig-nas de realce. Não se trata necessáriamente dum contraste entre as celebra-ções do Espírito Santo Açorea-nas e Californianas, mas mais pópriamente duma evolução natural, frequentemente in-fluenciada por razões econó-micas e sociais específicas. Esperamos que estas peque-nas achegas sejam um modes-to contributo para um melhor entendimento do fenómeno migratório, dentro do contexto das celebrações do Divino Es-pírito Santo.Por exemplo, as festas do Es-pírito Santo nos Açores são típicamente motivadas por promessas de vária índole; são como que um contrato, um acordo com o Divino: “pro-meto que se a minha filha ficar curada da doença que a aflige; mato um bezerro e distribuo esmolas pelos pobres da fre-guesia”. Neste caso, a festa está mais ou menos associada ao cumprimento duma pro-

messa; um género de quid pro quo com o DivinoPor seu turno, a família imi-grante Açoreana ao chegar à California tem preocupações básicas, como sejam segurar emprego o mais rápidamente possível, comprar casa, amea-lhar uns trocos, enfim conse-guir um certo nível de estabili-zação económica que permita à família viver com dignidade e independência.Ora, esse processo de adapta-ção à nova sociedade, não se consegue dum dia para o outro. Normalmente são necessários vários anos de esforço e abne-gação. Garanto-vos que duran-te estes anos iníciais, a família geralmente não tem tempo, devido às responsabilidades de emprego, ou não dispõe ainda das possibilidades económicas que lhe permitam participar em festejos e celebrações, por dá cá aquelha palha.Durante esse laborioso perío-do de adaptação, os imigrantes recém-chegados dedicam a sua atenção e energia ao esforço requerido para conseguirem a sobrevivência pessoal e atingi-rem a tão almejada estabilida-de económica. Mais tarde, quando é conse-guida essa estabilidade, a par-ticipação da família imigrante nas festividades do Divino Es-pírito Santo, toma um cariz de celebração, de acção de graças pelo sucesso alcançado, o que é um pouco diferente da moti-vação nos Açores; mais basea-da na promessa. Porquanto as motivações não sejam exacta-mente as mesmas, o modo de expressão e a tradição básica são comuns, salvo algumas di-ferenças folclóricas de adapta-ção local.As festas são frequentemente o meio pelo qual a comuni-dade imigrante Portuguesa, é introduzida e reconhecida pela sociedade Californiana em geral. As necessidades de in-tegração, de pertencer, de ser aceite, foram e são motivação prioritária.Os primeiros imigrantes Aço-reanos chegaram à Califor-nia cerca de 1850. A primeira Festa do Espirito Santo, que se saiba ocorreu em 1871. As primeiras festas foram rea-lizadas expontâneamente mo-tivadas pela vontade e necessi-dade que as pessoas tinham de socializar, e de manter as suas tradições culturais e religiosas, em contraste com as elabora-das celebrações adicionadas através do tempo.

Como exemplo, cito a locali-dade de Half Moon Bay, uma comunidade costeira relati-vamente perto das cidades de San José e San Francisco, onde vários vizinhos se juntaram e organizaram uma “festinha” do Espirito Santo. Serviram galinha grelhada, para as fes-tividades e esmolas, pois era o género de carne que as possi-bilidades económicas permi-tiam…Vou partilhar convosco uma história veridica e, a meu ver representativa da imigração Açoreana para a California no limiar do século XX…Três irmãos Terceirenses; o José, o João e o Francisco, com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos, decidiram dar o salto para a California.Durante cerca de cinco anos trabalharam na lavoura por conta de outrém, a ordenhar vacas num rancho a Norte de San Francisco, mais própria-mente na localidade de Rio Vista. Durante todo este tem-po, não tiraram um único dia de férias -- não saíram do ran-cho durante cinco anos!Através duma poupança co-lectiva, quase fanática, os três irmãos conseguiram amealhar o suficiente que lhes permitia, com um pequeno empréstimo bancário, adquirir o seu pró-prio rancho.Se assim pensaram, melhor fi-zeram! Compraram terreno e vacas em Modesto, e iníciaram o seu negócio. Dois anos mais tarde os irmãos decidiram que já era tempo de tirarem um dia de descanso. Então decidiram estabelecer uma escala de ser-viço rotativa, que permitisse cada irmão participar anual-mente na festa local do Divino Espirito Santo. Por conseguin-te, de três em três anos um dos irmãos ficaria com dois dias de folga para assitir aos festejos do Espírito Santo!

Foi com muito entusiasmo que o João se deslocou à cidade de Modesto, afim de adquirir um fato novo para a festa. Como era o mais alto dos três irmãos, nos anos seguintes o Francis-co e o José tinham que virar a beira das calças, para que o mesmo fato podesse servir aos três!Entretanto, atingia-se o auge da primeira guerra mundial, os irmãos adquiriram um se-gundo rancho em Los Banos. Essa expansão permitiu que tirassem vantagem de várias oportunidades que o mercado

de lacticínios então lhes pro-porcionava. Devido à volumosa procura de produtos lácteos para forneci-mento militar, o preço do leite e da manteiga subiu exurbi-tantemente; os irmãos fizeram uma pequena fortuna!Alguns anos mais tarde o João e o Francisco regressaram à Terceira, enquanto o José se manteve em Modesto, com a esposa. A moral desta história, é que as festas do Espirito Santo pro-porcionaram aos três irmãos a única oportunidade de sociali-zarem com os seus conterrâne-os e dar graças ao Divino pelas benesses alcançadas, muito embora tal ocurrência apenas se verificasse de três-em-três anos!Esta história não é única; é típi-ca da imigração Açoreana para a California, até à década de 1920: característicamente in-divídual (com predominância masculina), de proveniência maioritáriamente rural e com um baixo indíce de alfabetiza-ção. O objectivo do emigrante de então, era trabalhar duro, amealhar uns trocos e voltar à sua ilha. Um dos protogonistas desta história, o João; foi meu avô materno.Duas gerações mais tarde, a família do João continuou este ciclo migratório voltando a emigrar para a California onde actualmente reside. Com este vai-e-vém, cá e lá, não me surprende portanto que eu seja frequentemente assola-do por crises de identidade: Vacilo entre a minha Açorea-nidade vascular e o meu “Cali-fornianismo” intellectual (pas-se o termo). Invariávelmente chego à conclusão de que sou cidadão do mundo, e carrego a minha ilha às costas! Desculpem o devaneio…A motivação para as festas do Espírito Santo na Califor-nia, advém frequentemente da necessidade do emigrante se identificar com a comunidade de que faz parte, e ser aceite por ela. As festas são também uma oportunidade para a mor-domia ostentar o seu sucesso individual, receber reconheci-mento social e a validação dos seus conterrâneos.A tradição associada às fes-tas do Espírito Santo tem sido uma componente importante na preservação de valores co-munitários e apoio às famílias imigrantes.

(cont. na pág, seguinte)

ARTES & LETRAS

Celebrações do Espírito Santo na California...

Estamos em plena época festiva no es-tado da Califórnia. As páginas do Tri-buna Portuguesa são testemunho desses festejos com reportagens fotográficas de toda a pompa e circunstância que rege es-tas festas. Lá estão, em cada edição, as rainhas e aias, engalanadas com os seus vestidos e as suas capas e as direções das mesmas festas. E lá estava o povo. É que em muitas cidades da Califórnia, algumas das festas ou já são, ou estarão à beira de ser centenárias. O culto ao Espirito Santo, é quase indissociável da cultura popular portuguesa neste estado. Embora com mudanças significativas, as Festas do Espírito Santo, continuam a fa-zer justiça ao que há séculos acontece nos Açores, ou seja: O Espírito Santo é do Povo. E é esse Povo, que hoje, já na segunda, ter-ceira e sucessivas gerações, continua com as mudanças que são necessárias (e perfei-tamente entendidas por quem conhece por dentro os festejos do Espírito Santo nos Açores,) a realizar as festas na Califórnia com os americanismos e os modernismos que souberam adaptar, e ainda bem. As Festas, com todo o seu folclorismo, são expressões genuínas do nosso povo açoriano, lá e cá. Até porque, como se sabe, existem tradições californianas que já fazem parte dos festejos açorianos. São uma expressão religiosa, mas, simultanea-mente, uma expressão cultural, raramente entendida pelos continentais, que não as viveram ou vivem (e entende-se) até mes-mo pelos padres da metrópole, ou sobre-tudo pelos padres continentais. Daí que, como qualquer outra expressão de cultura popular, as nossas Festas só continuarão genuínas e iguais a si próprias, se estive-rem livres de qualquer interferência, par-ticularmente eclesiástica. Recorde-se o caso dos Açores em 1963, e outros aqui na Califórnia. É que tal como escreveu o poeta Álamo Oliveira, numa comunicação brilhante fei-ta num dos simpósios literários que Tulare organizou durante 12 anos, precisamente um dedicado à presença do culto do Es-pírito Santo na cultura açoriana, em que o poeta terceirense dizia que a célebre frase: o Espírito Santo não é de igrejas, "não é apenas uma expressão de retórica, denunciadora de uma independência mais ou menos orgulhosa, ou mais ou menos irresponsável. Ela, é, sobretudo, o refle-xo de um compromisso histórico de quem encontrou resposta concreta para as suas aflições espirituais e outras, sem ter de re-correr a intermediários que, apoiados na sua legalidade, gostam de repuxar, publi-camente, pelos seus pergaminhos." E falámos das Festas do Espírito Santo, que davam muitas Marés Cheias, porque nesta edição temos a comunicação que Henriques Diniz apresentou, como repre-sentante da Califórnia, no Congresso do Espírito Santo promovido pelo Governo dos Açores na ilha Terceira. Fico grato ao Henrique Diniz, presidente da Portu-guese Heritage Publications of California por partilhar o seu trabalho com os nossos leitores.Como se diz na minha terra: que o Senhor Espirito Santo nos ilumine. abraços diniz

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

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27 MARÉ CHEIA

Estas festas têm sido um dos meios através do qual valores humanos básicos são transmiti-dos à comunidade em geral, de geração para geração.A California com os seus 1,240 kilómetros de extensão repre-senta um desafio para a comuni-dade Portuguesa, em termos do esforço necessário para manter uma comunicação assídua, que permita atingir a tão desejada massa crítica necessária à ma-nutenção de valores culturais, e

a uma eficaz e visível representa-ção política dentro da governação dos Estados Unidos. Neste contexto, os Festejos do Espírito Santo e a infra-estrutura a eles associada, são a ponte que liga as várias comunidades Por-tuguesas na California, separadas por longas distâncias. São como que o trampolim de que a comu-nidade se serve para se abalançar a outras iníciativas comunitárias, como sejam as filarmónicas, os grupos folclóricos, as danças de

Carnaval, o teatro, congressos culturais, campanhas políticas, e outros.Na California as Festas do Divino Espírito Santo, são uma ocasião festiva, uma verdadeira celebra-ção popular, uma oportunidade para dar graças pela prosperidade alcançada. Inegávelmente essa prosperida-de é por vezes a causa de alguns excessos celebratórios, os quais devem ser vistos dentro do con-texto social dum povo humilde,

em adaptação a um novo nível de prosperidade ao qual não es-tava habituado. Por conseguinte, quanto mais espectacular a cele-bração; maior a honra e a vene-ração supostamente expressas ao Divino.Sem dúvida, o formato das cele-brações ao Divino Espírito San-to na California, é popularmente reconhecido pela elegância e os-tentação dos seus cortejos e ou-tras actividades, as quais só mui-to remotamente se relacionam com a original e característica manifestação religiosa.A lógica e as circunstâncias comunitárias que propelam os Festejos do Espírito Santo na California, bem como os ritos a elas associados, não são hoje os mesmos de outrora. Os tempos mudam, as necessidades comu-nitárias evolvem, a integração na sociedade Americana prossegue o seu ritmo inevitável.Esta série de circunstâncias ac-tuais, obrigam a que tenhamos hoje na diáspora a mesma cora-gem demonstrada pelos nossos pioneiros imigrantes. É necessá-rio repensar a existência e a na-tureza de certos ritos e celebra-ções, bem como os recursos por estes consumidos. É importante que se faça uma analise crítica do investimento social, emocio-nal e monetário actualmente as-sociado com as Festas do Divino Espirito Santo na California e as contrapartidas daí advindas para benefício comunitário.Sem dúvida que se podem apon-tar necessidades estratégicas e prioritárias nas vertentes cul-tural, educacional, espiritual e linguística, no contexto duma comunidade em vias de integra-ção total no melting pot social dos Estados Unidos. Por isso mesmo, e em face das limitações financeiras dos Governos Regio-nal e Nacional, a comunidade da California terá forçosamente que assumir um maior controle do seu próprio destino cultural.A actual emigração Açoreana para a California é práticamen-te inexistente, graças à melhoria das condições de vida no arqui-pélago Açoreano nos últimos anos, salvo claro, a actual crise económica mundial. Sem a re-vitalização proporcionada por um contínuo fluxo imigratório, urge à comunidade Portuguesa na California uma adaptação às

circunstancias comunitárias actuais, que passam por um repensar o pa-pel destes festejos e das Sociedades do Espirito Santo por eles responsá-veis. Frente a estes desafios comunitários, foi criada por um grupo de volun-tários na California, a Portuguese Heritage Publications of California, Inc. Uma editora sem fins lucrativos, à qual presentemente presido, com o fim de documentar a presença Portu-guesa na California.The PHPC, como é afectivamen-te referida por aqueles que seguem mais de perto o trabalho desta orga-nização, tem como missão: “pesqui-sar, preservar e dessiminar, para fins educacionais, memórias em vias de extinção, bem como acontecimentos actuais relevantes para a documen-tação da presença Portuguesa na Ca-lifornia”.A missão desta editora adquiríu um carácter estratégico inversamente proporcional ao decréscimo imigra-tório Açoreano para a California, nos últimos quinze a vinte anos. Há uma necessidade urgente de captar para as gerações vindouras de Luso-Americanos, toda a rique-za histórica e cultural que tem sido esta aventura Portuguesa e particu-larmente Açoreana na California, antes que esta se perca no espaço e no tempo.Para esse efeito, a Portuguese He-ritage Publications publicou o seu primeiro livro em Inglês, em 2002: “As Festas do Divino Espirito San-to – Uma Perspectiva Histórica dos Portugueses na California”. Desde então, tem a seu crédito vinte e uma publicações em Português, Inglês e bilingue, incluíndo trabalhos de in-vestigação, ficção, história e poesia. Para mais informações àcerca desta editora, podem visitar o site da In-ternet: www.PortugueseBooks.Org Em conclusão: Quer tenham sido um grupo de mineiros, rancheiros ou baleeiros Açoreanos, talvez nunca se saberá quando e por quem foi ce-lebrada a primeira Festa do Espirito Santo na California. O que estamos certos é que esses imigrantes foram os pioneiros que nos mostraram o caminho, e construíram a ponte que para sempre une os Açor-California-nos às suas ilhas.Este breve trecho é o nosso humilde tributo ao espírito e coragem desses pioneiros Açoreanos na California. Que o Divino Espírito Santo guarde as suas almas!Muito obrigado!

Henrique Diniz

... Tradição e Peculariedades

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28 15 de Julho de 2012 ENGLISH SECTION

portuguese s e r v i n g t h e p o r t u g u e s e – a m e r i c a n c o m m u n i t i e s s i n c e 1 9 7 9 • e n g L i s h s e c t i o n

Ideiafix

Miguel Valle Á[email protected]

Discovered by Arabs in the Middle Ages, found by the Portuguese in 1507, abandoned by the Dutch in 1710, colonized by the French between 1715 and 1810, ruled by the British between 1810 and 1968 and independent from the British Crown in 1968, the island nation of Mauritius, is located on the Indian Ocean, 540 miles east of Mada-gascar and 1600 miles east of Mozambique. The island measures 38 by 21 miles, about 5 times the size of Terceira Island in the Azores.It is part of the Mascarene Islands or Mascarenhas Archipelago, named after Portuguese navigator Pedro Mascarenhas (1470-1555) who navigated through those islands in 1512, was captain-major of Malacca between 1525-1526 and viceroy of Goa between 1554 and 1555. Prior to Mascarenhas’ landing on the islands, Portuguese expeditions under the command of Diogo Dias and Afonso de Al-buquerque had previously been to these islands. The island of Mau-ritius was named Dina Arobi by the Arabs and Cime by the Por-tuguese. Portuguese navigator Diogo Rodrigues named the islands of Réunion, Mauritius, and Rodrigues as the Mascarene Islands, after Pedro Mascarenhas. The islands were not inhabited when the Portuguese discovered them. While the British had possession of the islands from 1810 -- after taking over from France after the Napoleonic Wars -- until their independence in 1968, the common languages are French and French-based Mauritian Creole with Eng-lish being the official language. It is a parliamentary republic with an acting President, Monique Ohsan Bellepeau, who took office in March 2012 when the President resigned. Mauritius is the only full democratic country in Africa with its economy relying on sugar and other diverse industries as financial services, tourism, and Informa-tion Technology. The population of 1.3 million inhabitants is vastly composed of Indian, African, Chinese, and French ethnicities.

500 years later...Not a straight shot from the US, a trip to Mauritius requires at least two legs -- from the US through Europe (London Gatwick or Paris Charles de Gaulle Airports), South Africa, or Dubai. It is an 11,400-mile trip taking almost two days to get there -- if you leave on a Friday afternoon from California, you arrive there on Sunday after-noon. On the return trip, if you leave Mauritius on a Friday evening, you arrive in California on Saturday afternoon after enjoying one dinner, two breakfasts, and two lunches aboard the two flights. All in all, about 23 hours of flight time in each direction with layovers between 4 and 7 hours. After 500 years later, I was yet another Por-tuguese landing in Mauritius. About two years ago, I barely knew where Mauritius was located. Now I was becoming familiar with its friendly people and the local medical device industry, the purpose for my one-week visit. Being located in the tropical southern hemi-sphere, the winter months are dry and mild with both air and ocean temperatures in the mid-70 degrees F. With the summer refusing to arrive in Europe this year, many Europeans booked their sun and sand vacations in Mauritius... in the winter. While many hotels are world-class resorts, the way of life is still very slow and quiet. There is only one two-lane highway between the airport in the south and the capital, Port Louis, in the north, fields are full of sugar cane and onions, and Britain’s main influence was making Mauritians drive on the wrong (left) side of the narrow and curvy roads.

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The Portuguese in the Southern Indian Ocean

Above: Belle Mare Plage on the east coast of Mauritius is protected by a barrier reef

Above and below: The sunrise on the beach in Belle Mare, Mauritius, overlooking the Indian Ocean

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29 ENGLISH SECTION

California Chronicles

Ferreira Moreno Shore whaler & Mission caretaker (2)

When writing about Cristiano Machado, the former sho-re whaler hired as resident caretaker of Carmel Mis-

sion, Dorothy Vera stated that "though he worked long, hard hours with his crops, he spent a great deal of time around the church. Dirt filled its entryway, but so con-vinced was Machado that Father Serra was buried somewhere near the altar, he and his Native American friends kept on digging, with pick and shovel, hauling away the dirt on a horse sled." (Salinas Californian, Fe-bruary 21, 1970).The geologist William H. Brewer (1828~1910), who visited the Carmel Mis-sion in 1861, made the fo11owing remarks: "The doors lay nearby on the ground, about half of the roof had fallen in, the painting and inscriptions on the walls were mostly obliterated, and the sanctuary was strewn with rubbish and broken columns. Cattle had access everywhere, as well as a great number of birds, and the amount of squir-rels was simply incredible." (Up & Down California, 1930 Edition}.Thanks to Cristiano Machado and his loyal helpers, that scenario changed two deca-des later. On January 24, 1882, the graves of the Mission padres were discovered and duly identified. However, Father Angelo Casanova chose to cover up the site until such time as the building could be comple-tely cleared of debris in preparation for a public viewing ceremony. That event took place on July 3 of that same year, with se-veral hundred people, including reporters, in attendance. A large photograph was pu-blished, which recognized Cristiano Ma-chado as the Mission caretaker, sitting on

the edge of Serra's vault.With Cristiano's support, Casano-va began a fundraising campaign to restore Carmel Mission.The historian James M. Guinn recalled that, "by arousing the interest of the settlers in its res-toration, Mr. Machado accumu-lated the funds necessary for the repairing and rebuilding of the Mission, and to him is due credit for prolonging the life of one of the landmarks of the old Mission days." (Historical & Biographical Record of Monterey & San Beni-to Counties, 1910 Edition).After the restoration of the Mis-sion, as Guinn also recalled, Mr. Machado became interested in the establishment of a school at Carmel, and with the assistance of another equally public-spirited citizen the Bay School became a real ity, the first institution of the kind in this part of Monterey county.The original schoolhouse was demolished years ago and an exact repli-ca stands now on the same site, sheltered by trees, near sand dunes and facing a be-autiful bay. According to David Bertao, Cristiano's wife was so homesick for the Azores that she would have returned if the voyage to California had not been so long and difficult. In 1912 the Machados left Carmel and moved to Monterey. Cris-tiano died on June 28, 1924, afflicted with poor eye sight, before reaching his 86th birthday. (The Portuguese Shore Whalers of California, 2006 Edition).

After Casanova's death in 1893, Fa-ther Ramon Mestres (1865-1930) was appointed pastor at Monterey's San Carlos Church. He continued the Mission restoration project, but did not seem to get along satisfacto-rily with the dedicated Mission ca-retaker. Apparently, Mestres hinted that Cristiano might be selling relics from the Mission. "It is said that the old Portuguese caretaker had made a few cents from re1ic hunters by allowing them to carry off the few fragments of bone which had remai-ned after the opening of the famous tombs." (Academy Scrapbook, Janu-ary 1953, Volume II I, Number 5).Actually, at some point, Cristiano had confided that he was somewhat troubled by Mestres' taking old pic-tures, as well as relics, away from Carmel Mission. Personally, I con-sider the fo11owing episode of the stole as a perfect illustration of the alleged controversy.In 1882 Casanova had presented Cristiano with Serra's stole, the 1iturgica1 vestmentin the form of a long narrow strip of cloth worn by c1erics. Perhaps afraid of losingsuch highly treasured and holy keep-sake, Cristiano entrusted it to Msgr. Henrique Ribeiro (1866-1935), pas-tor of the Portuguese National Church of the Five Wounds in San Jose. Fortunately, the stole was returned to Carmel Mission in 1938 by the late Frank Bettencourt, Ribeiro's countryman and long-time gar-

dener at Santa Clara Mission.In closing, I wou1d 1ike to add that, in his capacity of caretaker, Cristiano Machadomet many wealthy and notable people from all over the world, who flocked to Carmel to visit his beloved Mission.

Sabores da VidaQuinzenalmente (nem sempre) convidaremos uma pes-soa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.

Hoje temos uma receita chamada GAMELADA MAGALHÃES, do nosso amigo João Magalhães, natural de Arcos de Valdevez e residente em Ottawa, Canadá, desde 1977.

Para 4 pessoas:

1 cebola2 dentes de alho esmagados1 folha de louroSal e pimenta a gosto4 tomates4 pimentos às tiras6 costeletas de porco fini-nhas, cortadas aos bocados (pork chops)6 costelas de porco (spare ribs)4 peitos ou pernas de galinha6 batatas cortadas em peda-ços médios1 lata de feijão verde

1/2 chavena de café de azeite1/2 garrafa de vinho branco, não doce

Põe-se tudo numa panela ao mesmo tempo. Deixa-se ferver e de-pois de cozido serve-se com um bom vinho tinto. Não se esqueçam - UM BOM Vinho.Uma autêntica maravilha.

Experimentem e depois digam-nos.

Royal Presidio Chapel of San Carlos Borromeo in Monterey (Church Street)

Do not miss CAVALIA - July 18th in San José

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30 15 de Julho de 2012COMUNIDADE

Raul Marta - 40 anos de sacerdócio

Isaque Meneses fez uma bela homilia, com graça, com amizade e num ter-ra-a terra que deveria ser mais usado. Direita: O Homem e a sua sombra

Philippe Marques

Trent Barry

Vitoria Pereira Melo

A Filarmónica de Tulare apresentou cumprimentos ao homenageado tocando a mesma música que tinha tocado há 27 anos aquando da chegada de Raul Marta a esta cidade.

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31 COMUNIDADE

Lucia Noia falou sobre Raul Marta, o homem, o cidadão, aquele que dedicou 27 anos à comunidade de Tulare

O Coro da Igreja de St. Aloysius de Tulare durante a actuação no Con-certo comemorativo dos 40 Anos de vida sacerdotal de Raul Martana realizado no Sábado, dia 30 de Junho de 2012

Manuel Aguiar da Rádio Televisão Artesia entrevistando o homenage-ado Raul Marta.

As celebrações dos 40 anos de vida sacerdotal de Raul Mar-ta começaram no Sábado, dia 30 de Junho pelas 7 horas com um Concerto na Igreja de St. Aloysius em Tulare, onde parti-ciparam seu sobrinho, Philippe Marques, Vitoria Pereira Melo e Trent Barry, e o Coro da mesma Igreja. Seguiu-se um beberete. No Domingo, Missa de festa às 4 horas, seguindo-se um jantar no Heritage Complex Banquet Hall

em Tulare com a participação de um pouco mais de 500 pessoas.Durante o jantar falaram diver-sas pessoas, tais como os irmãos Manuel e João Sousa, o Cônsul-Geral de Portugal, e também houve entregas de "Commenda-tions" do Estado e do Congresso. Esteve presente o Deputado Es-tadual David Valadão, além de um representante do Congressis-ta Jim Costa.

Angel Gonzalez, Manuel Sousa, Manuel Pascoal, Monsenhor Minhoto. Em pé: Lastin e Daniel Avila.Irmã Graça Pereira Marta e Philippe Marques (irmã e sobrinho de Raul Marta)

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32 15 de Julho de 2012ULTIMA PÁGINA

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