the portuguese tribune - december 1st 2010 edition

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1ª Convenção da PFSA Fundação Portuguesa de Educação premeia entidades www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected] Morreu Nathan Oliveira Nathan Oliveira nasceu em Oakland, Califor- nia a 19 de Dezembro de 1928 e faleceu a 14 de Novembro de 2010. Foi um pintor e escultor extraordinário de origem portuguesa. Desenvolveu actividades regulares desde os anos 50, expondo tanto individualmente como em grupo. Manteve até 1996 docência univer- sitária na Universidade de Stanford, Califor- nia. Recebeu várias condecorações nacionais e em 1999 o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique das mãos do Presiden- te da República Portuguesa. Vejam a ultima entrevista deste grande artista dada a João de Brito e transmitida no Califor- nia Contacto em http://www.youtube.com/watch?v=3wE- Nz-6qq8 PREMIADOS - em pé: Luís Borba em representação de seus pais Luís e Maria Borba; Michael Borba, em representação de seus pais João e Maria Idalina Borba; Carlos Vieira e Ricardo Vieira. Sentados: Egídio Almeida; Anthony Borba, em representação de seus pais José (já falecido) e Clementina Borba; Dana Trevethan e Alisha Pratt Pág. 30,31 Supreme Council Officers of PFSA 2010-2012 - Angela Pereira, Marshal; Duarte Tei- xeira, Vice-Presidente; Richard Castro, Presidente; Katie Ann Woods, Mestre de Cerimónias e Matthew Lund, Guarda (foto de josé enes) Pág. 16 a 19 700,000 abandonaram Portugal QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 1 a Quinzena de Dezembro de 2010 Ano XXXI - No. 1099 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual Na última década saíram do País 697,962 portugueses para trabalhar, quase o dobro dos 454 191 estrangeiros que aqui residem. É uma nova onda de emigrantes e com números que se aproximam das décadas de 60 e 70 Só em 2007 e 2008, emigraram mais de 200 mil. É a terceira vaga da emigração e com ní- veis próximos dos anos 60 e 70, diz o econo- mista Álvaro Santos Pereira. Mas esta "pode ser mais prejudicial porque inclui uma fuga de cérebros e porque, combinada com a bai- xa natalidade, é uma bomba- -relógio para a sustentabilidade da Segurança Social", subli- nha. Depois de dois grandes fluxos migratórios, um no início do século XX e outro nos anos 60 e 70 que bateu todos os recordes, assisti- mos à terceira vaga da emigração portugue- sa, como lhe chama Álvaro Santos Pereira, professor e investigador da Simon Fraser University, de Vancôver, no Canadá. Céu Neves Leia notícia completa na nossa webpage.

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the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

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Page 1: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

1ª Convenção da PFSA

Fundação Portuguesa de Educação premeia entidades

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

MorreuNathan Oliveira

Nathan Oliveira nasceu em Oakland, Califor-nia a 19 de Dezembro de 1928 e faleceu a 14 de Novembro de 2010. Foi um pintor e escultor extraordinário de origem portuguesa.Desenvolveu actividades regulares desde os anos 50, expondo tanto individualmente como em grupo. Manteve até 1996 docência univer-sitária na Universidade de Stanford, Califor-nia. Recebeu várias condecorações nacionais e em 1999 o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique das mãos do Presiden-te da República Portuguesa.Vejam a ultima entrevista deste grande artista dada a João de Brito e transmitida no Califor-nia Contacto emhttp://www.youtube.com/watch?v=3wE-Nz-6qq8

PREMIADOS - em pé: Luís Borba em representação de seus pais Luís e Maria Borba; Michael Borba, em representação de seus pais João e Maria Idalina Borba; Carlos Vieira e Ricardo Vieira.Sentados: Egídio Almeida; Anthony Borba, em representação de seus pais José (já falecido) e Clementina Borba; Dana Trevethan e Alisha Pratt Pág. 30,31

Supreme Council Officers of PFSA 2010-2012 - Angela Pereira, Marshal; Duarte Tei-xeira, Vice-Presidente; Richard Castro, Presidente; Katie Ann Woods, Mestre de Cerimónias e Matthew Lund, Guarda (foto de josé enes) Pág. 16 a 19

700,000abandonaram Portugal

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1a Quinzena de Dezembro de 2010Ano XXXI - No. 1099 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

Na última década saíram do País 697,962 portugueses para trabalhar, quase o dobro dos 454 191 estrangeiros que aqui residem. É uma nova onda de emigrantes e com números que se aproximam das décadas de 60 e 70Só em 2007 e 2008, emigraram mais de 200 mil. É a terceira vaga da emigração e com ní-veis próximos dos anos 60 e 70, diz o econo-mista Álvaro Santos Pereira. Mas esta "pode ser mais prejudicial porque inclui uma fuga de cérebros e porque, combinada com a bai-xa natalidade, é uma bomba- -relógio para a sustentabilidade da Segurança Social", subli-nha.Depois de dois grandes fluxos migratórios, um no início do século XX e outro nos anos 60 e 70 que bateu todos os recordes, assisti-mos à terceira vaga da emigração portugue-sa, como lhe chama Álvaro Santos Pereira, professor e investigador da Simon Fraser University, de Vancôver, no Canadá.

Céu NevesLeia notícia completa na nossa webpage.

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Year XXXI, Number 1099, Dec 1st, 2010

EDITORIAL

Os portugueses são mesmo uns patuscos...

Os Portugueses (em Portugal) são mesmo uns pândegos, uns patuscos. Numa altura em que o País está na bancarrota, tiveram a excelsa ideia de acreditarem nas Centrais Sindicais e fazer

uma greve geral. E a pergunta é simples. Quem é que fez a greve? Aqueles que vão perder o seu emprego devido à economia, aqueles empregados a recibos verdes, aqueles que o subsídio de desemprego está a acabar?Não, meus caros amigos. Os portugueses que fizeram greve foram aqueles que têm emprego. Aqueles que tra-balham para o Estado e que tem por lei, segurança de em-prego até à morte. Se esta lei não é fantasiosa, vou ali e já volto.As centrais sindicais, como sempre, mentem mais que o Pinochio. Dizem que mais de três milhões não traba-lharam. Pudera, poderiam ter dito 10 milhões e ninguém acreditaria, anyway.

Meus caros grevistas - fazer greve é fácil. Ficar em casa mais fácil é. Até me admira que a greve não tivesse sido convocada numa sexta-feira para fazer a ponte de três dias de férias.O que é difícil, é mudar o paradigma habitual, é vocês oferecerem-se para trabalhar mais duas horas diárias (gratuitamente) para que a vossa produtividade aumente, para que a vossa repartição, a vossa empresa, responda melhor às necessidades daqueles que vos pagam o vosso ordenado - os contribuintes portugueses. Até houve Juí-zes que entraram em greve porque o Estado lhes cortou o subsidio de renda de casa. Inacreditável.

Segundo o economista Daniel Amaral e baseado nos da-

dos da Eurostat, "a produtividade do trabalho em Portugal é igual a 56 % da média da Zona euro e a 47% da dos Estados Unidos: as diferenças são abissais e sem indícios de melhoria. Quando se passa aos rendimentos ‘per capi-ta', e uma vez que o nosso nível de preços é mais baixo, o confronto melhora um pouco, mas ainda assim ficamos a 73 % e 54 % dos outros, respectivamente. Em matéria de desempenho somos um país de medíocres."

Mas nem tudo é negro em Portugal. Há muitas empresas e muitos trabalhadores que sabem o que fazem e sabem o que querem. No blogue do economista Antonio Costa pode-se ler o se-guinte:

"A lista das dez empresas que mais investem em inovação revela, para os mais distraídos, que nem tudo está perdido e que a crise económica e financeira não é uma fatalidade. Para variar, e a poucas horas do que vai ser provavelmente a maior greve geral da história recente do País, vale a pena dar uma boa notícia.No conjunto, as empresas portuguesas - ou estrangeiras a operar em Portugal - aumentaram o investimento em I&D em cerca de 10% entre 2008 e 2009 e já vale cerca de 1,7% da riqueza criada em cada ano, leia-se o Produto Interno Bruto (PIB). Os números são animadores por vá-rias razões: não há exportação sustentável sem inovação, não há crescimento económico sem exportação, não há economia sem crescimento económico. Este é um dos casos em que vale a pena citar, uma a uma e em 'caixa alta', as empresas que mais investem em inves-tigação e desenvolvimento, até porque, reconheço a nossa

responsabilidade, a dos jornais e dos meios de comunica-ção social em geral, este tema é, muitas vezes, mal-tra-tado e menorizado: PT, BCP, EDP, BIAL, ISBAN, SAN-TANDER TOTTA, UNICER, SONAE E AUTOEUROPA lideram um ranking, cada vez maior, que também explica a surpreendente capacidade exportadora da economia na-cional. Há dias, Zeinal Bava, dizia numa conferência de imprensa, que o futuro de uma empresa assenta em três pilares, a inovação, a execução operacional e a interna-cionalização. Sem o primeiro pilar, o da investigação e desenvolvimento, dificilmente os outros dois poderão sus-tentar o crescimento."

Perguntaram-me outro dia na Festa de Hilmar, porque razão se iria construir uma nova Igreja. Como não vivemos em Hilmar, não pudemos res-ponder, mas quero crer que as pessoas envolvidas

na ideia da construção, tenham pesado os prós e contras de tal acto.

Pessoalmente sinto pena que esses esforços de construção de Igrejas, não tenham a mesma força e aceitação quando dizem respeito á construção de casas de repouso para pes-soas idosas, que tanto precisamos.Já escrevemos há muito tempo que as nossas festas (todas) poderiam dedicar 10% dos seus lucros líquidos na criação de um Fundo para o efeito de construção e manutenção dessas casas de repouso. Olhe-se para a nossa comunida-de que está a envelhecer a olhos vistos e pense-se quais deveriam ser as nossas prioridades no futuro próximo.Dá para pensar. Aceitam-se mais ideias.

jose avila

2 1 de Dezembro de 2010SEGUNDA PÁGINA

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fotos de Diliana Pereira

3PATROCINADORES

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Rei da Simpatia

Todas as vezes que vejo o Sr. Manuel Eduardo Vieira, mais conhecido como “rei da batata doce”, lembro-me de uma his-

tória que se passou comigo e que lhe dis-se que um dia a colocaria no jornal. Há tempos, quando nos encontrámos em San Jose, ele congratulou-me pelos meus arti-gos e convidou-me para ir à sua função do Espírito Santo. Estava de passagem pelo vale nesse fim de semana e como não tinha comigo o seu endereço, procurei na lista dos telefones e fui ter à sua residência anterior, porém ninguem soube me informar sua actual moradia. O que fiz então? Fui à polícia, e uma menina muito simpática disse que não me podia dar o endereço. Liguei para o Sr. Vieira e deixei uma mensagem a di-zer que estava a caminho, mas, não fazia ideia onde ele morava. Dei voltas e mais voltas e quando já me preparava para lhe telefonar, novamente, vejo uma terreno enorme onde se podia ver batatas doces por cima da terra. Disse para comigo: - Devo estar perto. Andei mais umas milhas e nada, até encontrar um le-treiro: - A. Thomas Vieira Produce – sweet potatos. Poucas milhas depois vi a fábrica das batatas. Lá me informaram onde mo-rava o Sr. Vieira e cheguei à sua residência ainda a tempo de ouvir a missa.

Depois houve uma pequena procissão, almoço de sopas do Espírito Santo. Para dizer a verdade, eu que não gosto muito de sopas, tenho que afirmar que essas fo-ram umas das sopas mais saborosas que eu comi. Talvez por as mesmas terem carne de galinha e sei lá se as galinhas e as vacas foram alimentadas com batata doce em vez de ração e alfafa. Havia massa sova-da com abundância, queijo de São Jorge, arroz doce e vinho em garrafas que não tinham rótulo, mas, nem por isso deixava de ser menos saboroso do que algum que se compra em adegas famosas.Depois do almoço estive mais um pouco por lá e quando me despedi de alguns ami-gos, do Sr. Vieira e da esposa, garanti-lhe que desta vez colocaria a história no jor-nal. Portanto, aí vai. Há tempos numa daquelas noites que de-pois de jantar eu continuava com fome, revirei a cozinha toda a procurar algo que pudesse comer e que não me alterasse muito o açúcar. Abria armários, revirava gavetas, batia com portas das dispensas, acendia a televisão, mudava de um canal para o outro como um homem insatisfeito. Vinha ao escritório ligava o computador, tentava encontrar algum amigo no internet com que que eu pudesse falar e sei lá até talvez esquecer a minha frustação. Com tanto bater de portas e gavetas, acordei mi-

nha mulher. Ela pregunta que diabo estava eu a fazer. Eu disse:- Ando à procura de algo para comer e que não me faça mal. Resposta imediata dela:- Vem para a cama que já comeste bastan-te. Mas eu na minha maneira de ver não havia comido e quanto mais eu procurava mais fome tinha. Estava mesmo raivoso. Se bem que era noite, peguei num foco e fui ao quintal ver a bicharada. Não tinha sono. Voltei a casa, entrei na cozinha e estava com mais fome. Abri o frigorífico, e dei-me logo o cheiro do guizado que havia restado da ceia. Bebi um copo de leite, comi umas amêndoas e tomei os meus comprimidos. Fui para a cama a excomungar o gafanhoto e a recla-mar a puta da vida. Com tanta fartura em casa e não posso comer o que eu quero. Dava voltas e reviravoltas. A mulher cha-teada com tanto remexer diz:- Ó homem, levanta-te e vai comer. Levantei-me e lá comecei a mesma rotina. Apetecia-me malhar com a cabeça contra as paredes, porém pensei que poderia ser maior o prejuizo, pois que cabeça dura como eu sou, ainda iria rebentar com o “sheet rock” .Resolvi abrir o congelador mais uma vez e vejo algo embrulhado em papel de alumí-nio. Não fazia ideia o que era. Tirei para fora, retirei o papel de alumíno e vi que era

uma batata doce congelada. Nem pensei em colocá-la no micro ondas dei-lhe uma dentada pensando que iria encontrar uma batata dura como uma pedra de gelo. Fiquei admirado pois que a batata doce não havia congelado completamente e es-tava num estado pastoso. Parecia um ice-cream e estava mesmo soborosa. Como a batata doce não é tão má para as pessoas diabéticas como a batata branca, comi a batata toda, bebi outro copo de leite, mas, a vontade de comer mais continuava. Re-virei de novo o congelador e não encontrei mais nenhuma. Volto de novo para a cama e pergunto à mulher se não havia mais ba-tatas doces no congelador. Ela diz:Comeste a que estava lá? Comi disse eu. Ora bolas, diz ela. Essa era para o meu almoço amanhã. Era, mas já não é disse eu. As batatas tinham sido oferta da A.V. Tho-mas Produce, cujo proprietário é o Sr. Ma-nuel Eduardo Vieira e eu havia arrematado numa festa portuguesa. Comecei a pensar que deveriam acrescentar ao título de rei da batata doce, rei do icecream, mas, de-pois de ter estado em casa do Sr. Vieria e ter visto a amabiliade com que ele, sua esposa e família receberam aqueles con-vidados todos, acho que lhe ficaria muito melhor o título de REI DA SIMPATIA.

Ao Sabor do Vento

José [email protected]

Vigilante, passara o dia admirando-o de longe. Suspeitava que não fosse lá muito inteligente e não duvidava da sua vaida-de, sempre muito seguro de sí, mas podia ver que era popular com as mulheres. Ah sim! E muito, muito giro! Lindo mesmo! Passara o dia estudando os seus olhares, conversas, palavras, e galenteios. O dia concentrada num só objectivo.Anos mais tarde, sentada no patio, admi-rando o seu quintal de couves, tomates e alfaces enquanto apreciava a figueira carregada de figos, e ouvia os brados do marido chamando para o jantar, meditava naquela altura da sua vida. Era como se tivesse tido muitas identidades e vivido um igual número de existencias. Criara memórias que agora eram companheiras leais da sua presente realidade. Tinha passado uma grande parte do dia dialogando interiormente, Olha lá, se ele pensa que o queres, já não conta. Ele não é o tipo que queira ser conquistado—e, pelo amor de Deus, já conheceste bas-tantes—que só andam à procura duma mulherzinha para casar. A única razão será para te conquistar ele, porque se crê irresistível. Anos mais tarde, nesta noite quente de verão, sentada numa cadeira na rua, vol-tava atrás, e pensava se teria alguma vez pensado que existia a possibilidade de ser ela a conquistada e não a conquistadora. Antes, numa das outras vidas, escolhera os namorados conforme o que ela pen-sava seriam uma vez que ela os salvasse. Escusado será dizer que as suas relações naqueles tempos eram uma luta constan-te. O sapo não tinha nenhuma intenção de se transformar no príncipe dos seus sonhos. Ia de relação em relação, insistin-do sempre que os sapos que encontrasse fossem príncipes de verdade.Passaram a noite em convívio com ou-tras pessoas que também faziam parte

do colóquio. Ela conti-nuou agindo conforme o plano e notou que ele também a olhava sor-rateiramente. Falou-lhe de Deusas e ela respon-deu-lhe que fugia de pedestais como o diabo da cruz.. Despediram-

se amigavelmente e ela seguiu para o seu quarto um pouco desiludia. Mal chegara ao seu quarto, ouviu umas pancadinhas suaves na porta. Correu encantada, pen-sando que era ele que afinal não resisti-ra. Desiludida viu um amigo dele, sorri-dente perguntando se podia entrar. Não, absolutamente não. Tinha muito respeito pela mulher dele pala recebê-lo só no seu quarto. Empurrou-o suavemente e disse-lhe que fosse ter com a mulher dele que decerto o esperava. Despiu-se, tomou um duche e vestiu o seu pijama de seda cor-de-rosa. Anos mais tarde, decerto que a memória às vezes brinca com as recordações de tempos distantes, mas ela lembra-se bem que, já deitada e dormitando mas seguran-do o livro que escolhera para companhei-ro essa noite, ouviu o toque do telefone do seu quarto. Esta jogada pela parte dele, apanhou-a de surpresa. Perguntou-lhe se poderia passar pelo seu quarto para uma bebida antes de dormir. Sim, porque não? Olhou o espelho. Que pensaria dela em pijama e sem maquilhagem? Que me im-porta? Pensou. Afinal é ele que insiste em se encontrar no meu quarto.Esperou, espreitando pela vigia. Primei-ro, pressentiu um movimento. Depois, de repente, ali estava ele, em frente da por-ta, de smoking, segurando um copo de wiskey e fazendo o possível para parecer descontraído e casual. Dentro do quarto, com o coração a bater fortemente como o caçador no momento de soltar o gatilho, abriu a porta, confiante e com um olhar desafiador. Ele entrou e cegamente foi ao encontro do tiroteiro, da luta armada que o esperava enquanto a sua mente—mas-culina e insensata mas mesmo assim fas-cinante—prolongava em tempos distantes quando era tão fácil distinguir a vítima do predador.

4 1 de Dezembro de 2010COLABORAÇÃO

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COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

No condado (concelho) californiano de Contra Costa, assim chamado pelos exploradores es-

panhóis a fim de designar a costa oposta a San Francisco, situa-se a cidade de Brentwood, que tomou o nome da sua congénere no conda-do de Essex, Inglaterra, donde era natural John Marsh, proprietário do Rancho Los Medanos, adentro do qual se ergueu a presente comu-nidade de Brentwood.Curiosamente, o termo Los Me-danos, ou Los Meganos (dunas de areias, em espanhol), foi afixado pelo Capitão Luis Arguello duran-te uma expedição efectuada em Maio de 1817. Brentwood tornou-se notável em 1890 como o maisimportante centro p'rà exportação de trigo e cevada entre San Fran-cisco e New Orleans. No entanto, a maior notoriedade associada com Brentwood deveu-se à extra-ordinária proliferação de "fruit or-chards" e "farms" (pomares e quin-tas). Em 1930 já existiam milhares de alqueires de terra produzindo abundantes colheitas de damascos, pêssegos e cerejas.Trabalhadores locais cuidavam dos terrenos, mas no tempo das co-lheitas havia sempre a necessidade urgente em dispor de extenso nú-mero de apanhadores e empacota-dores de fruta. Infortunadamente, em 1934, registou-se um excessofenomenal de indivíduos à procu-

ra de trabalho, provocado pela desastrosa migração de famílias inteiras, mas destituídas de "te-res e haveres", provenientes de Oklahoma e Texas, obliterando drasticamente as facilidades de emprego e causando, conse-quentemente, fome e miséria, desespero e conflito, nos acam-pamentos dessas vítimas da mi-gração.A propósito, convém apontar que John Steinbeck (1902-68), na sua novela "The Grapes of Wrath" (As Uvas da Ira), publi-cada em 1939, e que lhe valeu oPulitzer Prize em 1940, nar-rou flagrantes episódios dos "Oakies" na Califórnia. Ainda em 1940, a novela (com o mes-mo título) foi convertida numfilme de longa metragem e con-siderável sucesso, recebendo múltiplas nomeações e dois pré-mios Óscar.Presentemente, Brentwood per-deu muitos dos seus pomares de-vido à construção de áreas resi-denciais. No entanto, ainda hoje é possível visitar várias quin-tas exibindo produtos à venda (frutas e vegetais). Porém, p'ra maior regalo e aprazível aventu-ra é preferível pegar num cabaz ou balde, e percorrer o "farm" de ponta a ponta, recolhendo desa-fogadamente um pouco ou mui-to do que nos apetece. Depois é só pagar pela "colheita" à saída

Pomares, Banhos e Cristãos

do vasto pomar.Byron, uma outra cidade do con-dado Contra Costa, aparentemen-te foi o nome escolhido em 1878 pela Southern Pacific Railroad (rede ferroviária), quando ali es-tabeleceu uma paragem (station), contígua a um sítio de "hot sprin-gs" (estância de águas termais). Embora os agricultores concor-ressem em larga escala p'rá pros-peridade de Byron, cultivando cereais, foram as termas ou ba-nhos que, no entretanto, acarreta-ram desusada popularidade a esta incipiente comunidade rural.Em 1882 Byron Hot Springs con-tava já com cinco casas de campo e um hotel com acomodações p'ra quarenta hóspedes. Um incêndio destruiu o hotel em 1912, mas foi imediatamente reconstruído e a estância de banhos manteve-se activa até à eclosão da Segunda Guerra Mundial. Foi então que o Departamento de Guerra dos Es-tados Unidos adquiriu Byron Hot Springs em 1942, dando-lhe o nome de Camp Tracy, e des-pendendo dez mil dólares p'rà adequa-da transfor-mação num centro de detenção e

interrogatório de prisioneiros de guerra.O Exército remodelou o hotel e edifícios adjacentes. Durante 1944 cerca de novecentos prisio-neiros japoneses e seiscentos pri-sioneiros alemães, na sua maioria oficiais de alta patente, foram interrogados. Digno de registo o facto de que o ajuntamento de de-tidos, em cada ocasião, limitava-se apenas a um total de cinquen-ta. O encerramento do Camp Tracy ocorreu a 1 de Setembro de 1945, e a estância foi votada ao desleixo, encontrando-se presen-temente revertida numa herdade particular sem acesso público.Ainda no Condado de Contra Costa merece ligeira referência a cidade de Antioch, quer pela curiosidade do próprio nome (em português Antióquia, antiga ca-pital da Síria), quer pela origina-lidade que determinou a sua fun-dação, que ora passo a descrever:Revelam testemunhos históricos

que dois irmãos gêmeos, Joseph e William Smith, naturais da Nova Inglaterra, ambos carpinteiros e ministros da Igreja Cristã, chega-ram à actual área de Antioch com as respectivas famílias em 1849, juntando-se-lhes no ano seguinte muitas famílias da Costa Leste, aquem os irmãos Smith oferece-ram parcelas de terreno p'rà cons-trução de moradias.Aos 4 de Julho de 1851, num convívio campestre (picnic), foi sugerido dar à nova e futura co-munidade o nome bíblico de An-tioch, visto ter sido essa localida-de onde os discípulos de Cristo receberam, pela primeira vez, o nome de Cristãos, como está evi-denciado nos Actos dos Apósto-los, capítulo 11, versículo 26.

PHPC announces the release of its latest publication, the luxury edition of the book IV International Conference on The Holy Spirit Festas, a hard cover, full color, 100-page, photojournalist’s report of the June 2010 conference in San José, California, by Miguel Valle Ávila, Assistant Editor of The Portuguese Tribune. All author proceeds revert in benefit of the San José State University Portuguese Studies Program.

Book Orders: www.PortugueseBooks.org or www.Amazon.comOnly $35.00

IV International Conference on the Holy Spirit FestasMiguel Valle Ávila

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Page 6: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

A Foto/carta da QuinzenaCarta publicada na Revista Time

de 22 de Novembro de 2010

Lufada de Ar Fresco

Paul [email protected]

VENDE-SETerra de Semeadura e Arvoredo, com mais de 776,000 m2, locali-zado nas Travessas, Freguesia da Ribeira Seca, melhor conhecida pela “Ferreira da Marceneira”, “O Coração da Ribeira Seca”, Concelho da Calheta, Ilha de São Jorge, Açores. Tem uma frente junto ao Caminho, a estrada central da ilha. Tem uma excepcional vista para a Ilha do Pico. Os interessados devemchamar para (408) 258-1347

Época de Gratidão ou de Materialismo

Os artigos que escrevi por esta altura do ano em anos anteriores, tiveram sempre como

objetivo apelar à união familiar e à gratidão. Este ano, não vou fu-gir à regra e tenciono voltar a car-regar na mesma tecla pois é uma tecla que precisa de ser carregada para prevenir que se percam va-lores fundamentais estabelecidos pelos nosssos antepassados. O ser humano, e sobretudo aque-le que vive num país desenvol-vido como os Estados Unidos, perde muito tempo na vida a queixar-se e a fazer lamentações, que muitas das vezes, são ridícu-las. Um artigo publicado recente-mente no Wall Street Journal faz referência a isso mesmo. O arti-go entitulado “Thank You. No, Thank You” revela resultados de um estudo ciêntifico onde espe-cialistas concluiram que as pes-soas mais gratas, são mais felizes e também são mais saudáveis, em comparação com aqueles que tendem a passar a vida a reclamar e a fazer lamentações. E muitas destas lamentações nem são por motivos de doença ou de dificuldades em sustentar uma família. O que é de lamen-tar é o facto da maioria destas reclamações serem feitas por motivos materiais, algo que co-meça a ser cada vez mais visível nos mais jovens. Aliás, o mesmo

estudo publicado naquele artigo, também demonstrou que aqueles jovens que são mais gratos são geralmente menos materialistas e estão mais satisfeitos com as suas vidas.O materialismo está a assumir um papel tão importante nas vidas das pessoas que o espaço e tempo para a família começa a ser cada vez mais reduzido. Pessoas trabalham “overtime”, alguns trabalham fe-riados por opção, mui-tos dos quais não por necessitarem, mas por-que é a única maneira de poderem ter o tal carro de luxo, barco, motor-home, entre ou-tros luxos que muitas vezes estão ao alcance de poucos, mas que todos querem ter. E para com-pensar pela ausência em redor da família muitos pais acabam por oferecer aos filhos prendas que são maravilhosas,caríssimas, e de fazer inveja às outras crian-ças da vizinhança mas que nunca compensarão pela sua ausência como pais.

As crianças, por seu turno, começam a crescer habituadas a tal comportamen-

to e acabam por perder a noção do verdadeiro significado desta época. Eu tendo associar esta

altura do ano com uma necessi-dade de mostrar gratidão e de fa-zer boas ações. Também associo esta época com uma imagem da minha família reunida, num dia bem passado sem stresses, pondo a conversa em dia e falando de tempos de outrora relembrando

aqueles que connosco já não es-tão, ou jogando uma suéca onde apanhávamos o meu tio José Al-berto a fazer renúncia atrás de re-núncia...enfim, momentos em fa-mília que nenhum bem material poderá algum dia vir a substituir. Mas para muitos jovens hoje, o Thanksgiving corresponde a uma quinta-feira onde se come muito e a uma sexta-feira (a famosa “Black Friday”) onde se vai às compras. O Natal por seu turno é visto como o dia de troca de bens

materiais. E são estes os concei-tos que muitas crianças acabam por criar e levar consigo para o resto das suas vidas. Sabe Deus quais serão os futuros conceitos de Thanksgiving e Natal formu-lados pelos filhos dos jovens de hoje?

Antigamente, por esta altura do ano, pessoas alegravam-se ao saber que iriam ter a oportu-nidade de passar algum tempo com as suas famílias. E quando digo antigamente, não estou a falar de há muito tempo atrás. Aliás, muitas pessoas da minha geração tiveram e estão a ter a oportunidade de assistir aos dois espectros e acredito que muitos estejam já a sentir saudades das épocas festivas de outros tem-pos. Ainda ontem presenciei uma

conversa entre duas raparigas da nossa comunidade onde ambas revelavam saudades de outros tempos. Melissa Correia, a jovem Presidente das Festas do Espírito Santo de Newark dizia “Mas o que é que aconteceu aos feriados em família?”. A sua amiga Nicole Freitas também carregou na mes-ma tecla dizendo que “...as coisas já não são o que eram...as pesso-as já não são tão próximas como eram...existe muita isolação....e os ‘bons tempos’ já lá vão”. A Melissa, como mãe também se mostra precoupada com o andar da carruagem e disse “espero que as minhas filhas queiram sempre passar os feriados comigo quan-do eu envelhecer...”. Esta é uma conversa entre duas pessoas , que tal como eu, ainda tiveram oportunidade de viver outros tempos e se mostram pre-coupados com o evoluir de certas tendências. Estamos a correr o risco de ver os conceitos de famí-lia e de gratidão evaporados no nevoeiro criado por uma mentali-dade materialista e já faltou mais para esta mentalidade apagar por completo o verdadeiro significa-do desta época festiva.

6 1 de Dezembro de 2010COMUNIDADE

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Rasgos d’Alma

Luciano [email protected]

“Love is in the air.”Entrámos já naquela melodiosa fase do ano ou, melhor talvez, na-quele mavioso mês do calendário em que a palavra ainda mais nos inspira e o sentimento melhor nos abraça. O amor anda à solta.À medida que o tempo arrefece, cai bem sentir o calor humano a expandir-se e os lares a engalena-rem-se para a grande festa que se avizinha. Nada se lhe compara. É única na sua excelsa e benfazeja dimensão universal.Boas festas podem haver mas como esta de certeza não há. O universo rende-se. A humani-dade empolga-se. E a magia do amor, a sobrepor-se nestes dias triunfante ao pestilento negrume das desgracas, faz-nos sorrir.Por isso, prefiro cingir-me ao per-fume suavizado pelo solto aroma das graças. Não necessàriamen-te das que demos em Novembro, porque o Thanksgiving já lá vai. Em Setembro, porém, quando levantei voo das Lages, trouxe

comigo na bagagem um precioso livro de trezentas páginas ilustra-das com dezenas de fotografias a preto e branco, que nos transpor-tam em saudosa romaria à Praia de há meio século. Foi-me ofe-recido pela minha querida ami-ga Gabriela Silva, uma joia de mulher com um coração de oiro. Sempre que me vê lá na ilha, as-sume a gentileza de me presen-tear com uma obra escrita, pre-ferencialmente sobre a realidade local. Oriunda do Algarve, desde há muito que criou raízes e as-sentou arraiais no Ramo Grande onde lecionou e agora goza tran-quilamente os dias serenos ainda a sorrirem-lhe na bonita Idade, tal como a ilha, também catalo-gada de Terceira. É uma dama de fino trato e delicado porte esta se-nhora professora reformada mas sempre atenciosa para com os nu-merosos amigos com que a vida a tem prendado ao longo dos anos.Já lá vão cinquenta e tantos des-de que a mimosa Ilha Liláz aco-

Mensageiros do Amor

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Madeline Moniz GuerreroConselheira Portuguesa

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lheu e acarinhou um arrojado projeto de formação missionária que marcou algumas centenas de açorianos de forma extremamen-te edificante e passou à história como assinalável experiência pedagógica. Quando os padres holandeses desembarcaram na ilha em fins de 1956, a missão era simples e o objetivo muito claro: fundar um seminário para a for-mação integral de missionários afiliados à prestimosa Congre-gação a que pertenciam: a dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, encarregada de várias missões em Moçambique.Não foi obra fácil nem de cons-trução repentina o Seminário Padre Damião, inaugurado em 1963 com atividade prolongada até 1971, ano em que encerrou as portas. Cotou-se, no entanto, como digna instituição de mar-cante relevo na vida social e reli-giosa do Ramo Grande nos anos sessenta. Para além de professo-res responsáveis e pedagogos intervenientes nos tempos livres

da rapaziada, os dedicados sacer-dotes holandeses envolveram-se de igual modo na pastoral das pa-róquias vizinhas, onde deixaram excelentes recordações. Pelo Seminário da Praia, como era mais correntemente conheci-do ao redor da ilha, passaram cer-ca de quatrocentos alunos vindos dos diversos recantos dos Açores. As vívidas memórias, que ainda hoje guardam desse tempo que lá passaram, ficar-lhes-ão gravadas para sempre. Conheci alguns que o atestam com viva emoção e es-pecial afeto. Outros, que não te-nho prazer de conhecer pessoal-mente, testemunham-no também com terna saudade.Graças à comunicabilidade do Facebook, acabo de contactar um deles, o João Eduardo Avila, natural das Fontinhas, imigrado para a Artesia e assinante do Tri-buna, mas a residir atualmente no Estado de Washington.Da nossa esporádica troca de con-versas cibernéticas, apercebi-me a dada altura que ele ainda não

estava a par da recente publicação desta catita obra, que se debruça com muito carinho sobre os pre-ciosos anos no trajeto educativo da sua longínqua adolescência. Tudo tratado a tempo e horas, a embalagem já saiu dos correios da Praia e encontra-se a caminho do noroeste americano, onde o Inverno não manda recados por ninguém. Eu tambem não. Em todo o caso, se tivesse que enviar algum para o meu caro conter-râneo, seria curto mas caloroso: - este requintado livrinho vai-te aquecer o Natal aí para cima, João. Disso tenho a certeza.“The book is in the air.” Chega às trezentas e três páginas elaboradas com gosto e isenção sob autoria mestra do José Olivio Mendes Rocha. O título – uma direta homenagem à explêndida Congregação e aos devotos mis-sionários que marcaram válida presença no início do teu percurso estudantil no ensino secundário – não podia ser mais sugestivo: “Os Mensageiros do Amor”.

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Page 8: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

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China contra nós... Deus por nós!

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Ejra o que á diziam os meus bisavós, mas com respeito à Rússia, consi-derada o papão do mun-

do, durante anos infindos.E nós ouvíamos contar tanta his-tória daquele velho país, que nas artes era um exemplo para todo o mundo que se prezasse de ter grandes compositores, grandes músicos, pintores, escritores, tudo em grande, e sobretudo grandes bailarinos... Ver um bailado em pontas, é sempre lindo. Cor-pos voando, suspensos do nada, fazendo acrobacias sem rede, prendiam-nos o lhar, faziam-nos suster a respiração, de tão bela coreografia. Claro que só através da Televisão. No tempo em que tudo era censurado, pesado e me-

dido para ser contado. Portugal, dos meus verdes anos, era uma República insegura, com uma polícia política diabólica, que metia medo a um susto, tal como a da Rússia, com a diferença de esta ser Comunista e Portugal ter um regime fascista. Existirá re-almente diferença? Ambos eram totalitários, cada um a seu modo. Sem diálogo, sem o parecer do Povo, ainda que tivessem nascido na base da igualdade... Mas onde estava a igualdade? Todos deve-riam ter direito a casa, trabalho, pão, educação. Mas foi só dema-gogia, conversa fiada, promessas de campanha eleitoral. Depois foi como em todas as situações de governança, até começar o Di-vidir para Reinar. Afinal, quem

tinha direito à palavra certa na hora certa? Ainda me lembro de ter um visinho que trabalha-va como condutor de veículos para a Legião Portuguesa, com aquela farda verde escuro meio acastanhado, de bivaque na ca-beça às vezes e algumas na mão, para poder beber o seu cálice de água-ardente, ou vinho de cheiro. Ninguém sabia se tinha caderne-ta de apontar os nomes dos que não estavam de acordo com a po-lítica vigente, mas o meu visinho era considerado boa pessoa e não creio que alguma vez tivesse sido traidor aos amigos que com ele bebiam um trago, para esquecer algumas obrigações de profissão. Ainda me lembro de escutar al-guns pequenos comentários so-

bre os quais o meu visinho faria orelhas moucas. Talvez por isso, no seu lugar passou a fazer a ron-da pelas mercearias e tabernas da freguesia um outro sugeito mal encarado, moreno,baixo e de bi-gode, que parecia mais mexicano que português. Quando se deu o 25 de Abril, tanto ele como outros do seu calibre espalhados pelas 9 ilhas dos Açores, ainda tentaram amedrontar os pobres e ignoran-tes da Revolução, mas logo fugi-ram como ratos para as Améri-cas, do Norte, Sul e de todos os quadrantes, menos para os países comunas... Estavam tolos!!!Neste tempo de cetenário da Re-pública que vivemos, se olhar-mos aos Retratos de então e aos acontecimentos que emsobraram

o País, como o Regicídio, não creio que fossem tão ilustres os momentos que nos fizeram che-gar até onde estamos. Ainda bem que a Carbonária não funcionou na minha Ilha. Teria sido uma ne-gra e triste mancha numa terra de Alegria. Nem os doces conventu-ais eas “donas Amélias” teriam feito sentido na invenção de ho-menagear a Raínha Dona Amélia na sua visita à Terceira.E se a Rússia, hoje repartida, desmantelada, já não é o papão do mundo... Cuidado com a Chi-na que aos poucos vai ganhando terreno, poder de compra e nos devora a economia, incluíndo o doce das nossas memórias...

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. Cantoria da Senhora da Luz, 2010

. Cantoria da Filarmónica de S. João, 2010

. Cantoria p. o Pequeno Jonathan, 2009

. IV Encontro de Veteranos, 2010Cantorias editadas anteriormente:. Guerra de Cantigas ao Desafio, 2005. Grande Tarde do Improviso, 2005. Cantigas ao Desafio no S. Maria, 2006. Nova Guerra de Cantigas, 2007. Só Desgarradas, 2008. Cantadores de Guerra Cantam Paz, 2009

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CA N T IGA S AO DESAFIOAdelino Toledo (1)Por: José Brites www.portuguese-books.com [email protected] À altura desta resenha biográfica ainda não conheço pessoalmente o cantador Adelino Toledo, mas há muito que ve-nho ouvindo falar dele através de José Plácido. Os dois são colegas e amigos, e na Califórnia aonde o cantador da Lom-binha se desloca uma média de 26 vezes por ano, os dois cantadores cantaram inúmeras vezes um com o outro.Através da sua entrevista ficamos a sa-ber que seu “padrinho de baptizmo” no mundo das cantigas foi o cantador tam-bém terceirense José Fernandes, este re-sidente no Canadá. O evento teve lugar em Livingston, Califórnia, no ano de 1975, quando Toledo tinha precisamente 20 anos de idade, pelo que é oportuno lembrar que já canta há trinta e cinco anos.

Diz-nos ele que é “Cantador, porque acredito que nasci com o dom de can-tar! E canto porque é uma paixão, por-que acho que temos a obrigação de pôr a render os talentos que Deus nos dá”.Para si o desafio “é uma conversa rima-da. Mais do que desafiar como o nome indica, é a capacidade de contar uma história na cantiga improvisada”. Diz-nos que canta “mais por amor à arte do que propriamente pelo dinheiro; mas também não seria honesto se não disses-se que o dinheiro também dá um jeito”.Admira alguns cantadores vivos e fale-cidos, e entre estes a Turlu, “não só pela sua coragem de subir aos palcos e deba-ter-se em poesia com os homens sendo ela mulher, mas sobretudo pelo dom que possuía. Depois em 1987, já tinha tudo pronto para ir cantar com ela ao Canadá, quando tive a notícia de que a cantadeira havia falecido”.Adelino Toledo acha que as cantigas e cantorias de hoje são diferentes das de antigamente “no sentido de que hoje se canta a uma assistência muito mais exi-gente, muito mais culta; e então o canta-dor tem que dar mais de si mesmo”.Sobre o futuro das cantoria acha que “chegarão com vida ao final deste século;

a cantoria a meu ver, não está com cara de morrer”. Ora quem melhor do que os cantadores sabe da sua arte? Agrada-nos saber que vamos ter cantigas ao desafio por muitos mais anos. Na nossa opinião tal poderá acontecer se os cantadores já com nome forem dando as suas mãos, as duas, aos novos.É que como tudo e em todas as artes, o artista faz-se aos poucos desde que te-nha o mínimo de talento. Os sinais de continuidade das cantigas ao desafio até vão surgindo, tanto nos Açores como nas comunidades emigradas. Acarinhe-mos, pois, os cantadores e cantadeiras que vão aparecendo como promissores improvisadores, e esta arte certamente chegará ao próximo século. Oxalá.Nota à margem. Agrada-me anotar que espero ter o prazer de apresentar este cantador numa cantoria a ter lugar em Fall River, MA, em Março de 2011, no salão da Igreja de S. Miguel. (1) In “As Cantigas ao Desafio Vistas pe-los Cantadores”, José Brites e José Pláci-do, Peregrinação Publications USA Inc. livro no prelo a sair em 2011. Os dados biográficos encontram-se na referida obra.

Page 9: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Carlos Avalon deu show em Pleasanton

Realizou-se no Castlewood Country Club em Pleasanton o show de Carlos Avalon, com a presença de muitos portugueses, mas muitos americanos pertencentes

àquele clube, onde Carlos actua regular-mente durante o Inverno. Foi uma noite muito bem passada, onde Carlos acom-panhado por dez musicos deu asas ao seu

talento e à sua natural comunicabilidade. Ouvimos êxitos portugueses e america-nos, depois de um bom jantar, com sala cheia, entusiastas de boa música. É preciso

que outros artistas portugueses residentes na California façam o mesmo que o Carlos faz. Mostrarem-se a outras sociedades e a outros públicos. ( fotos de Matt Gilbuena)

Carlos Avalon com a família de Bill Goulart

Carlos com ami-gos portugueses - familia de An-tonio Furtado e Dino Pereira

9 COMUNIDADE

Page 10: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

Memorandum

João-Luís de [email protected]

...foi em Novembro, "se bem me lembro"

O Presidente Barack Obama esteve em Portugal. Foi um momento alto para as

comunidades portuguesas no Es-tados Unidos da América. É que este presidente norte-americano, mostrou, mais uma vez, que é um homem inteligente, conhecedor do seu país e dos vários grupos étnicos que constituem o mosaico americano. Daí que ao agrade-cer a hospitalidade do Presiden-te e do povo de Portugal, Bara-ck Obama, falou do contributo que os emigrantes portugueses, e os seus descendentes, deram, e continuam a dar, à socieda-de estadunidense. Falou do seu primeiro contacto com os luso-descendentes quando ainda era criança no arquipélago do Havai. Há muito que não víamos um chefe de estado norte-americano a mencionar, positivamente, os nossos contributos para o mundo norte-americano. É que o seu an-tecessor, quando falou de nós, ou não sabia pronunciar os nossos nomes, como quando esteve nas Lajes, nos Açores, para declarar guerra e não sabia dizer o nome do primeiro ministro português, ou então quando se pronunciou sobre o orçamento geral do es-tado, numa disputa política com o Congresso, e teve a infelicida-de de dizer que uns miseráveis 250 mil dólares para uma série de cursos de língua e cultura portuguesas para uma universi-dade eram um desperdício total.

Quem é que quereria aprender a língua portuguesa? Foi refrescante ver a presença deste chefe de estado norte-ame-ricano em Portugal. Um homem que não envergonha ninguém, e que em cada encontro com os seus homólogos portugueses fa-lou da nossa comunidade luso-americana, sempre com uma palavra carinhosa e elogiosa. A comunidade portuguesa nos EUA deve sentir-se orgulhosa deste presidente. Houve quem despreza-se as suas afirmações. Mas sabe-se que o fizeram porque o seu nefasto, e vergonhoso racismo, não os dei-xa pensar como cidadãos livres. Quero acreditar que pertencem a um tempo, e um lugar, que já não é o nosso. É que esta viagem do Presidente Barack Obama veio-nos demonstrar que este es-tadista é um ser humano excep-cional. Um homem lúcido e um profundo conhecedor dos vários mundos que compõem o universo americano. Foi, indubitavelmen-te, um ocasião faustosa para as nossas comunidades. Que quase ninguém tenha falado disso, não me surpreende!

O ensino da língua portuguesa nos Estados Unidos, o tal ensi-no que para George W. Bush era uma aberração e um desperdício, esteve, recentemente, em foco na capital dos Estados Unidos da América. O fórum intitulado: Desafios e Prospectivas para o século XXI, foi promovido pela APPEUC/NAPTA, a Associação

Pela minha parte, sigo os meus des(a)tinos da es-crita missionária a imi-tar a ‘genica’ étnica da

nossa diaspora lusófona. Mas re-conheço que o delírio que aposta no comando do quotidiano nem sempre entende o fervor poético do bem-comum. Nada de sustos! Felizmente, lidar com madre Re-pública lusíada não oferece perigo na próxima esquina; ela conhece de cor as nossas debilidades; em condições normais, ela está ao nosso lado para ajudar a sumir distâncias e a evaporar saudades “entre as brumas da memória”...Imagino que a geração mais jovem não se recorda do chamado“portuguese thanksgi-ving” revolucionário, de 25 de Novembro de 1975. A meu ver, trata-se de um episódio ímpar do pseudo-anarquismo pós-25 de Abril: naquela data, como é sabido, o radicalismo frentista da Esquerda foi “posto” na ordem, graças aos valorosos militares e civis que tiveram a coragem pa-triótica e a determinação cívica de consolidar o pluralismo demo-crático.Naquela já longínqua semana de Novembro de 1975, aconteceu es-

tar ausente do país, por que fora convidado pelo Partido Demo-crata Sueco para conversar publi-camente da revolução portugue-sa, num país considerado modelo da social-democracia, onde em cada dez expressões pronuncia-das, uma delas era a palavra má-gica ‘organisation’(organização). Na época referida, segui inte-grado num quarteto de jovens dirigentes socialistas, entre eles o engenheiro Martins Goulart (actualmente no desempenho de funcões politico-culturais junto da Embaixada de Portugal, em Washington, D.C.). Para mim, como aprendiz da vida (que sempre me acenou através da muralha-furada da ilha) foi deveras uma jornada muito gra-tificante, apesar das notícias en-viesadas que Lisboa ia pingando a propósito do borbulhar do 25 de Novembro. Hoje, sabemos que valeu a pena esperar... pela carta-de-amor da revolução – a Consti-tuição da III República. Naquele tempo, passou ser moda “brincar aos 25”: primeiro, fora o 25 de Outubro de 1925, a data do colapso do sistema capitalis-ta norte-americano (por sinal, a data em que Karl Marx faria anos, caso estivesse vivo); de-

pois, veio o glorioso 25 de Abril lusitano, mais tarde admoestado pelo 25 de Novembro de 1975 – a evolução na revolução!Ora cerca de dez anos antes da queda do muro de Berlim, foi-me dada a oportunidade de visitar a antiga RDA (República Demo-crática Alemã). Estávamos no Outono de1979. Embora ciente de que Berlim Oriental era a vi-trina de recurso para a propa-ganda ideológica, na época não podia supor que dez anos mais tarde (Novembro 4, 1989) cerca de 700,000 pessoas haviam de abreviar a queda do chamado “comunismo em passo de ganso prussiano” (aliás, cinco dias mais tarde, o muro era, finalmente, es-cangalhado...). Ainda recordo a visita de estudo feita ao tristemente famoso cam-po de concentração em Ravens-bruck, especialmente desenhado para albergar mulheres, pois foi ali que aconteceram as cruéis ex-periências ditas médico-científi-cas que os relatórios confirmam. Por ali passaram centenas de mi-lhares de mulheres (judias, cris-tãs, agnósticas, etc.) entre elas Olga Benário Prestes, esposa do líder comunista brasileiro Carlos Prestes (uma breve nota de roda-

pé para recordar que o casal Pres-tes foi muito mal tratado pelo di-tator brasileiro Getúlio Vargas). Recordo ainda que o peque-no grupo de visitantes (no meu caso, observador tímido, mas tacticamente curioso do estilo da administração municipal de Berlim Oriental) antes de reco-lher ao Hotel Warnow (Rostock) foi obsequiado com um convívio agradável a bordo dum barco de recreio. No selecto passeio fluvial pelo “Spree Forest” já se falava do estilo populista do novo papa João Paulo II, e da plausível hi-pótese reaganiana como sheriff americano...Na altura, porventura confiado no meu modesto “home-work”, ainda ousei gaguejar alguns co-mentários àcerca de escritores alemães da moda, como Christa Wolf ou mesmo Heiner Muller, mas tive de aceitar depressa o prudente aviso da nossa guia-in-térprete brasileira que (na sua lin-guagem amorenada) me segredou que Muller era tido como agente cultural da Stasi (sinistra organi-zação policial que, na época, dis-ponha de 274.000 indivíduos nas suas fileiras). Relativamente ao agora defunto muro de Berlim, que na altura

me foi descrito por um funcioná-rio da municipalidade berlinense como “uma das sete maravilhas ideológicas do mundo”, lamento referir que há ainda muita von-tade de erguer novas muralhas neste nosso (cada vez mais globa-lizado) planeta. Estou agora mesmo a recitar men-talmente o famoso poema “Men-ding Wall”, do enorme Robert Frost. Alegra-me imaginar que os muros de castidade ideológica estão a perder a sua eficácia. Mas há ainda muita vontade reprimi-da para imitar as novas “Mura-lhas da China” do capitalismo selvagem. É urgente reeducar, civicamente, os trompetistas do sensacionalismo, que se rebolam por aí a ecoar a voz dos donos...Como ainda estamos em Novem-bro, se bem me lembro, temos de ser prudentes na ousadia, sem in-chaços de pregações catedráticas, sobretudo inteligentes na supera-ção das ofensas de percurso... que são meras escaramuças folheti-neiras dos noveleiros do ciúme – gente fidelíssima ao culto tribal da incompetência, gente conhe-cedora de que “os bolos não se comem uns aos outros”...

Vale mais um americano...de Professores de Português dos EUA e Canadá, associação que tenho o privilégio de servir como presidente da mesa di-rectiva. Daí que deveria ser o

último a falar deste evento. Po-rém, quem já serviu comigo em associações culturais sabe, mui-to bem, que não tenho qualquer problema em contemplar, com olhos críticos, uma associação há qual pertença ao corpo direc-tivo. Aliás, para o bem e para o mal, sempre estive em qualquer associação com um forte espírito de auto-critica, porque acredito, veementemente, que só assim se pode crescer. Embora tal pers-pectiva tenha transmitido alguns dissabores junto dos colegas de algumas direcções por onde passei. É que, infelizmente, na maioria do nosso movimento as-sociativo, vive-se a idiossincrasia que enquanto somos directores a “nossa”associação é a melhor. Vive sem mancha. É pura e ima-culada. Felizmente, que na mesa directiva da APPEUC/NAPTA não se acredita nisso. Somos os nossos maiores críticos. Daí que me sinta, completamente à vonta-de, para comentar o dito fórum. Não foi um acontecimento que vai mudar o ensino do português nos Estados Unidos da América e do Canadá, mas também nunca haverá um fórum, um encontro, um congresso ou um simpósio que o fará. O ensino da língua portuguesa no Canadá, e nos Es-tados Unidos da América, está, como há muito se disse, nas mãos de cada comunidade e sujeito a uma política de expansão da lín-gua portuguesa, coerente e con-sistente, que porventura venha de

Portugal. Creio mais na primeira do que na segunda. Para que isso aconteça as comu-nidades terão que organizar-se. Terão que ser proactivas. E nin-guém pense que um luso-ameri-cano numa comissão escolar vai resolver o problema. É que há anos, quando trabalhava para que a língua portuguesa fizesse parte do currículo do College of the Se-quoias (que faz há quase dez anos) escrevi uma carta ao único luso-descendente na comissão escolar, o qual nem se dignou responder, muito menos ser patrono da cau-sa. Foi o interesse duma colega minha, professora de espanhol, que me conhecia dos cursos do Califórnia Foreign Language Project do meu amigo Duarte Silva, que fez com que hoje te-nhamos duas cadeiras de língua e cultura portuguesas nesta uni-dade do ensino superior. Sem-pre acreditei que mais vale um americano (independentemente da sua etnicidade) interessado na causa de línguas e culturas, do que um luso-americano apático, sem interesse e que acredite que para uma comunidade sobreviver basta ter as suas romarias e os seus bailaricos. Infelizmente, há muitos desses por aí.Dir-se-á, sem qualquer exagero, que o fórum foi mais um espa-ço essencial para a reflexão da língua e cultura portuguesas no continente norte-americano. De-liberou-se, ainda mais uma vez, a importância da comunidade se consciencializar que sem o envol-vimento directo de cada comuni-dade, e em cada comunidade das suas forças vivas, jamais teremos a presença da nossa língua nos currículos do ensino oficial ame-ricano.

Consciencializamo-nos, mais uma vez, que embora as esco-las comunitárias (que apesar da sua resistência terão que adop-tar, quanto mais cedo melhor, a nomenclatura corrente: Herita-ge Schools) sejam espaços com algumas limitações, ainda são, em muitas comunidades, a úni-ca forma de se ensinar a língua e a cultura portuguesas. Daí que devem ser apoiadas, e é urgente que os seus professores recebam formação. E dentro das Portu-guese Heritage Schools há que reconhecer-se quem está a sério e quem está alimentando vícios do passado ou sustentando egoísmos associativos ou pessoais. Porém, o nosso desafio, cada vez maior, é de implementar em cada comunidade um curso de língua e cultura portuguesas nas escolas do ensino secundário americano e canadiano. Claro que não cabe à Associação esse papel. Aliás, nenhuma associação de profis-sionais poderá ter essa aspira-ção. Porém, a APPEUC/NAPTA mostrou-se, ainda mais uma vez, aberta a trabalhar com todos os parceiros necessários para que nos movimentemos nesse senti-do. Com membros em todos os estados e províncias onde exis-tem escolas e comunidades, a APPEUC/NAPTA não cruzará os braços.Reiteramos, que para além das comunidades, há que pensar-se na globalidade da língua portu-guesa e a sua expansão nos Es-tados Unidos e no Canadá não pode ficar circunscrita aos nossos pequenos acampamentos. Temos que arejá-la e ir além do nosso ho-rizonte comunitário. Há mesmo muito que fazer. Já algum tempo que arregacei as mangas!

10 1 de Dezembro de 2010COLABORAÇÃO

Page 11: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida

[email protected]

Os preços do milho voam...

Anuncie no Tribuna e sinta-se feliz

11COLABORAÇÃO

Os preços do milho voam alto depois do relatório do “USDA”

O mercado do milho em grão su-biu precipitadamente, quase fora de vista no Espaço, durante as primeiras duas semanas de Outu-bro, com as últimas ondas de re-acção nos mercados iniciadas pe-las estimativas do Departamento da Agricultura de que a colheita deste ano terá mais baixos níveis de produção, no relatório do mês anterior, Setembro, o USDA re-duziu a média das espectativas em cerca de 7 “bushels” por acre. Esta mudança adicionou mais de 60 cêntimos por “bushel” apenas em duas sessões de comércio no “CME”.Esta vigorosa mudança nos

mercados do milho e produtos acessórios do mesmo, usados na alimentação dos animais, veio causar um impacto significativo, em todos os produtos usados na alimentação de animais que po-duzem leite e carne. Nesta altura a médio e curto prazo, os merca-dos inclinam-se para a subida, mas as grandes oscilações podem contribuir para adicionar volatili-dade nos preços e beneficiar os compradores que tirarem vanta-gens das descidas.Nesta mesma teoria estão pro-postos grandes crescimentos nos horizontes dos “biofuels” que po-dem ter um enorme impacto nas criações de animais. É possível que na ocasião em que for pu-blicado este artigo, a EPA já terá subido a proporção na mistura de

etanol, produzido do milho em grão, de 10 para 15%, ao mesmo tempo que 45 cêntimos por galão mistura tax crédito, e 54 cênti-mos tarifa em etanol importado vão expirar no fim deste ano. Se não houver acção governamental, com medidas que venham prote-ger a produção de leite e carne, nós podemos estar no meio de um ciclone, que levara os preços do milho para mais de $5.00 por “bushel”.Não obstante alguns contratem-pos, aqui no Oeste dos Estados Unidos, a indústria está mostran-do alguns sinais de optimismo. Recentemente um conhecido grupo de peritos da indústria em Wisconsin, visitou produtores em Texas, New Mexico, Arizona, Washington e California, entre-

vistando também produtores em outros Estados, e ainda que nin-guem esteja cantando vitória, há uma atitude positiva e um velado optimismo na atitude dos pro-dutores, de que num futuro pró-ximo a indústria vai recuperar, como tantas vezes no passado e melhores dias virão num futuro próximo.

“Lame Duck Congress Back in Town”.

Este cabeçalho, numa crescente percentagem da imprensa ame-ricana, chamou a minha atenção, como uma pessoa que sempre trabalhei árduamente nesta in-dústria de lacticínios, não me lembro de muitos dias, ou neste-caso meses, em que pudéssemos

ir para o trabalho das vacas, ou outro qualquer, andando como uma “Pata Coxa”. Os nossos Re-presentantes podem dar-se a esse luxo, talvez não recebam salário durante essa experiência, não sei, ou podem ser como os cons-trutores que levaram um mês a construir um andaime “scaffold” para sentar duas pedras no fim de uma parede, o que levou apenas 10 minutos.

Page 12: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

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A primeira Mulher Presidente e as novas cores do Brasil...

Dilma Vana Rousseff, 62 anos, do Partido dos Trabalhadores, foi eleita a primeira mulher Presidente do Brasil. Devido à

grande popularidade e aceitação de Luis Inácio Lula da Silva, Presidente em exer-cício, e por ser sua candidata, as pesquisas indicavam uma vitória avassaladora logo no primeiro turno. Chegaram a afirmar que seria a mulher mais votada para dirigir um País, depois da Indira Ghandi. O que não aconteceu e levou os dois candidatos para novo pleito.

O segundo turno ocorreu em véspera de um longo feriado e mais de 29 milhões de brasileiros deixaram de votar, ou seja, 21,5% dos eleitores e bateu recorde, segun-do o Tribunal Superior Eleitoral. Dos votos válidos, a vitória foi de Dilma, sim, mas, com 56.05% contra 43,95% do candidato da oposição, José Serra. Uma curiosidade: Dilma teve mais votos dos homens do que das mulheres.O que deu errado? Ou, se preferem, o que deu certo? As opiniões se divergem depen-dendo de que lado ou por quais Partidos estão sendo focadas. Entretanto, uma coi-sa é certa: o País se dividiu! Para alguns, entre regiões/Estados e para outros, entre as classes sociais. E o Brasil ficou mais co-lorido: além do verde e amarelo, ganhou mais duas cores bem fortes com esta últi-ma eleição: o vermelho e o azul.Claudio Couto, cientista político da Fun-dação Getúlio Vargas, esclareceu numa entrevista - ao lhe apresentarem um mapa, mostrando-o dividido em azul (onde a opo-sição venceu) e vermelho (onde a candida-

ta Dilma ganhou) - que o Brasil se dividiu, sim, e o mapa não engana não, mas, que temos que saber interpretar os números. Citou um dito “que a estatística é a ciên-cia pela qual os números bem torturados confessam qualquer coisa”. Diz que temos que considerar que as diferenças, sobretu-do no nordeste, são muito maiores do que

no centro-sul do país. Então, onde Dilma ganha, ganha com uma distancia maior do que onde ela perde. São seguimentos da sociedade que foram fortemente beneficiá-rios das políticas sociais do governo Lula, com aumento do salário mínimo, oferta de mais empregos, etc., surgindo, com isso, uma nova classe média e a economia me-lhorou tanto para esse setor, nos últimos oito anos, que eles premiaram o governo

com seu voto. Explicou, ainda, que mesmo onde Dilma perdeu, ganhou na periferia onde estão as classes menos favorecidas e que é um erro e preconceito dizer que pobre não sabe votar! Nesta eleição as pes-soas votaram de acordo com o seu bolso. Acrescentou que os setores médios, me-nos dependentes do Estado e que tiveram

progresso, em termos materiais, muito menos sensível de melho-ria neste Governo, tornaram-se mais receptivos a outras ques-tões, como a corrupção, a efici-ência da máquina pública, etc., temas que foram discutidos na campanha.Dizem alguns analistas (e os governistas igualmente), que a responsável por tal reviravolta foi a campanha feita na inter-net, pelos eleitores oposicio-nistas, com o envio de e-mails sobre os roubos e escândalos acontecidos nestes últimos oito anos; sobre a candidata querer legalizar o aborto e o casamen-to entre homossexuais; sobre a sua vida na época da ditadura militar, como militante; sobre a

volta da CPMF; sobre propinas cobradas pelo filho da Ministra Erenice, que ocupou o lugar de Dilma, amiga e seu braço direi-to na Casa Civil por muitos anos, etc. A enxurrada de e-mails e spams, verdadei-ros ou falsos, não sei, muitos desmentidos e outros não, acirraram os ânimos e cul-minou com ofensas e clara xenofobia con-tra nordestinos e paulistas, resultando na hipótese de processos criminais.

Nunca presenciei uma campanha eleitoral com tantos altos e baixos e tantas trocas de ofensas! Amigos que puseram fim à amiza-de e contatos virtuais que se deletaram por não suportarem ou não concordarem com os agravos recebidos. Foi a 1ª vez, também, que vi católicos brasileiros não acatarem os conselhos dos Padres e até do Papa, a respeito do voto. Não que isso seja mal, porque o Estado não deve mesmo viver atrelado a nenhuma instituição religiosa, devendo, porém, respeitá-las, defende-las e dar-lhes total liberdade, mas, que causou surpresa, causou, por ser o Brasil um país de maioria católica. Vi, também, católicos e evangélicos (alguns segmentos) comun-garem do mesmo sentimento religioso contra o aborto, polêmica convertida em tema central da campanha durante o se-gundo turno, ocupando espaço em debates e na propaganda dos candidatos. A campa-nha petista acusou os adversários de pro-moverem campanha de difamação contra Dilma. O mesmo aconteceu ao candidato José Serra que chegou a ser agredido na rua, quando participava de uma passeata, por dois homens que tiveram seus nomes ligados ao Presidente Lula.

Agora o tempo é de trégua, de respirar fun-do, arquivar as mágoas, erguer a cabeça e continuar trabalhando por um Brasil me-lhor. Esperar pela posse da Presidente e o anúncio das medidas econômicas e sociais que ou darão continuidade à desunião en-tre as classes ou promoverão a reconcilia-rão entre os brasileiros de boa vontade. Só depende dos nossos governantes.

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

12 1 de Dezembro de 2010COLABORAÇÃO

Page 13: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

13PATROCINADORES

Page 14: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Espirito Santo em Livingston

Monsenhor Ivo Machado, Laurinda e Manuel Eduardo Vieira

Monsenhor Ivo Rocha tem estado muito ocupado recentemente em diversas festas populares e sempre que pode mostra o seu bom humor, mesmo durante uma homília. Assim também se faz religião.

Direita: Royce Vieira, Rick Vieira e Elaina Vieira sendo coroados por Monsenhor Ivo Rocha.

14 1 de Dezembro de 2010 COMUNIDADE

Page 15: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Começou o ano passado com a oferta de duas vacas. Manuel Eduardo Vieira não sabia o que fazer com elas, até que Manuel Morais lhe deu a ideia de fazer uma festa em Louvor ao Divino Espírito Santo.E assim, pelo segundo ano consecutivo realizou-se esta bonita festa em Atwater na residência do casal Laurinda e Manuel Eduardo Vieira. A missa foi presidida por Monsenhor Ivo Rocha.Depois da missa realizou-se o almoço de sopas e carne à moda do Pico.Durante a tarde houve música, cantares regionais, chamarrita do Pico, e até se cantou os Parabéns a Miguel Canto e Castro que nesse dia fazia 79 primaveras.

Família Vieira - Carlos, Márcia, Manuel Eduardo, Laurinda e Ricardo (foto de joão freitas)

Amigos da família Vieira vieram de todos os cantos da California para se juntarem a eles neste dia de festa.No dia em que se realizava o Festival das Bandas em San Diego, ainda se conseguiu arranjar um grupo de musicos "reformados" para encheram de bom som o Vale Central.

foto de armando martins

15 COMUNIDADE

Page 16: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Fotos de José Enes1ª Convenção da PFSA

Supreme Youth Officers: Roger Da Rosa, Youth Marshal; Susie Lourenco, Youth Mistress of Ceremonies; Monica Martinho, Youth Guard; Ashley Da Silva, Youth President; Dominic Almeida, Youth Vice-President; Alyxia Rosa; Youth Trustee; Hannah Rosa Diniz, Youth Trustee; Christian Almeida, Youth Treasurer. Not pictured: Angela Seamas, Youth Secretary and Christopher Da Silva, Youth Trustee

Richard Castro e Tim Borges: Embaixo: Richard Castro e Ashley DaSilva

16 1 de Dezembro de 2010FRATERNAL

Page 17: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

CONVENÇÃO

Em pé (esq/dir): Eddie Pena; Desarae Teixeira; Deolinda Pedreiro; Barbara L. Fraga; Jackie Montero Flynn; Donald Costa, Richard Castro; Mary Me-deiros; John "Jack" Perry; Monique e David Vallance; Ashley Da Silva. Sentados: Anthony e Gloria Mendes; Duarte e Fatima Teixeira; Marie B. Kelly e Jonine Barreiro, Jacqueline R. Hood

See you in 2012!Richard Castro e Desarae Teixeira

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Page 18: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Marie B. Kelly-Barreiro; Anthony Mendes; Monique Vallance; Desarae Teixeira; Richard Castro, Mary K. Pedrozo; Ashley Da Silva

Aspecto do Salão do Hotel DoubleTree em Modesto onde se realizou o banquete da I Convenção do PFSA

Aspectos do Banquete

Os padroeiros do PFSA - Santo António, Divino Espirito Santo, Nossa Senhora da Imaculada Conceição

18 1 de Dezembro de 2010CONVENÇÃO

Page 19: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

CONVENÇÃO

Realizou-se no Hotel DoubleTree em Modesto, e nos dias 12 a 14 de Novembro de 2010, a Primeira Convenção da PFSA - Portuguese Fraternal So-ciety of America, com a presença de 600 delega-dos. A PFSA é composta pelas antigas fraternais - I.D.E.S.; S.E.S.; U.P.E.C. e U.P.P.E.C.Foram eleitos os seguintes elementos para o biénio 2010-2012.

P.F.S.A. Supreme Council OfficersTerm 2010-2012

Richard J. CastroSupreme President

Duarte T. TeixeiraSupreme Vice-President

Katie Ann WoodsSupreme Master of Ceremonies

Angela G. PereiraSupreme Marshal

Matthew LundSupreme Guard

Margaret MartinhoSupreme Pianist

P.F.S.A. Supreme 20-30 Adults Officers

Mary K. PedrozoSupreme 20-30 Adults President Matthew W. MendesSupreme 20-30 Adults Vice-President Alicia BeckmireSupreme 20-30 Adults Secretary Amanda SargentSupreme 20-30 Adults Treasurer Denee M. PerezSupreme 20-30 Adults Master of Ceremonies David VallanceDirector of Activities

P.F.S.A. Supreme Youth OfficersTerm 2010-2012 Ashley Da SilvaSupreme Youth President Dominic AlmeidaSupreme Youth Vice-President Angela SeamasSupreme Youth Secretary Christian AlmeidaSupreme YouthTreasurer

Susie LourencoSupreme Youth Master of Ceremonies Roger Da RosaSupreme Youth Marshal Monica MartinhoSupreme Youth Guard Christopher Da SilvaSupreme Youth Trustee

Alyxia RosaSupreme Youth Trustee Hannah Rosa-DinizSupreme Youth Trustee

Em direcção à tomada de posse

O novo guião da PFSA.

Oficiais e convidados dirigindo-se à mesa de honra

Nova regalia do Presidente Supremo da PFSA

19

Page 20: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

COLABORAÇÃO

FériasEste título de "Férias",

em anos anteriores tem sido "Férias em Portu-gal". Este ano, contudo,

as nossas férias com toda a fami-lia, tiveram início em Boston e terminaram em Washington, DC. Os primeiros aborrecimentos ti-veram lugar na partida em Los Angeles, quando nos fazem ati-rar tudo para dentro de uma cai-xa, incluindo os sapatos. Quando fizeram o check-in ao quarto Du-tra, o senhor disse: Ainda há mais Dutras? Ao que eu respondi que ainda ia a meio, pois faltavam mais quatro! Eramos oito, toda a familia Dutra a viajar junta, o que não é do meu agrado, se pensar-mos na ocorrência de uma fatali-dade. A chegada a Boston no dia 31 de Julho e enfiadas as malas em dois carros, préviamente alu-gados, seguimos para Cape Cod onde chegámos a casa dos sobri-nhos Rui e Maria Dutra. Estes aguardavam-nos com uma re-cepção inesquecível, juntamente com Jim e Fátima Dutra, outros sobrinhos, Carlos Dutra e Sandra e ainda alguns amigos. Como es-tava combinada a celebração do 19 aniversário da nossa neta mais nova, a Megan Dutra, após a re-cepção dirigimos-nos para uma mesa de 18 pessoas, em cima da qual se encontravam à nossa espera 28 lagostas, uma grande travessa com caranguejos e ou-tra de camarão, além de carnes grelhadas e todos os acompanha-mentos possíveis e imaginários. Após a chegada de mais alguns amigos, o serão foi prolongado. Domingo foi dia de descanso e segunda-feira fomos à pesca no maravilhoso barco do Rui Dutra. En duas horas e meia pescamos 49 peixes. No mesmo dia comeu-se uma deliciosa caldeirada con-feccionada pela Marta Candeias e pela Sandra, especialistas no assunto e incansáveis na culina-ria. Na terçaa-feira dirigimo-nos para Boston, parte da familia para casa da Fátima e a outra parte para casa de Carlos Dutra. Novamente outro grande jantar, com toda a familia e mais alguns amigos.Depois passámos dois dias em Somerville, com a renúncia a mais alguns convívios por falta de tempo. Os netos aproveitaram para fazer algumas visitas em Boston, incluindo a futura Uni-versidade de Direito para Megan. Quinta-feira fomos novamente a Cape Cod, desta vez para mais um aniversário natalício do Jim, marido da Fátima e conhecido ad-vogado na área de Boston. Desta vez o festejo foi na casa da Fáti-ma e do Jim e novamente uma ex-celente noite com o agradável ar fresco vindo do mar, a pouco me-tros de distância. A península do Cap Cod dista cerca de 80 milhas de Boston, mas é um local que vale a pena visitar. É considerado a Hollywood de Massachusetts. Depos partimos para New York. À noite assistimos a um espectá-culo na Broadway e demos uma volta pela Times Square, um in-ferno em vida, e bom para gente nova. Posteriormente seguimos

para Atlantic City, é só visto. Para atravessar o Estado de New Jer-sey tivemos que pagar portagens por seis vezes. Incrível, ridículo. Atlantic City é consierada Las Vegas da Costa Leste. É linda, sem comparação com Las Vegas, mas é de admirar. Pernoitámos no Hotel-Casino Harrahs. Todos os casinos tem a sua beleza, mas no que respeita ao jogo são todos iguais e são poucas as pessoas que saem deles com algum lucro. A partida de Atlantic City para Washington DC, foi sem sobres-saltos e a viagem foi agradável. Depois de mais de trezentas e tal milhas, chegámos à "terra do Obama". Mais outros tantos pa-gamentos e portagem através do Estado de New Jersey, através de todos os Estados, foi o único onde pagámos portagens. Se co-brassem todos de uma vez faria outro sentido. Washington DC é uma cidade de 600 mil habitan-tes, mas quase todos os dias tem

dois milhões e meio de pessoas - entre turistas e funcionários. Los Angeles tem dez mil polícias, Washington DC tem 30 mil. Em Los Angeles existem quatro mil táxis e Washington DC tem cinco mil. O Pentágono, a maior agên-cia do mundo, emprega 29 mil funcionários, oito mil civis e 21 mil militares. Quatro dias e cinco noites para nós foi demais, mas para ver tudo não chega. Tivemos sorte, porque através da congres-sista Linda Sanchez conseguimos assistir a uma sessão na Câmara dos Representantes. Visitámos tudo o que havia para ver, in-cluindo a Casa Branca, mas não vimos por lá ninguém conhecido, nem o cão de água português do Obama. À volta da Casa Branca há mais polícia do que em cer-tas ilhas dos Açores e por toda a cidade é polícia por todos os cantos. Gostamos muito de visi-tar Mount Vernon e o rancho de George Washington, a Igreja que sempre frequentou, em Alexan-

dria, o cemitério nacional de Arlington, onde tam-bém se encontra a família Kennedy - John, esposa, filhos e irmãos e outras altas individualidades e presidentes. Presenciámos também o render da guar-da, um acto excepcional de autêntica dignidade. A vida em Washington DC é excitante, sempre em acção. Os restaurantes e hoteis são a preço de ouro. Tivemos sorte em ficar a dois quarteirões da Casa Branca. O gerente do nos-so hotel era da Etiópia e os empregados da India e do Paquistão. Todos admira-vam os portugueses e ao segundo dia parecia uma família. Um serviço e am-biente magníficos. Reco-mendamos a todos os que tencionem visitar a capital americana que se prepa-

rem fisicamente e que recheiem a carteira. Nunca dar parte de fra-co em Washington DC. As per-nas e as costas acusaram a idade. Depois dos 70 anos cuidado com as milhas, pois é sempre a andar. Umas férias muito bem planea-das pelo nosso filho e nora,

Fernado Jr. e Mary Dutra e netos Sara, Megan e Eric. Todos encan-tados com tudo quanto observa-ram. Pela nossa parte estamos muito agradecidos a familiares e amigos por tudo o que nos pro-porcionaram. Foram umas férias inesquecíveis. Muito cansativas,

mas como diz o ditado: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Depois de uma mag-

nífica viagem de regresso na Je-tBlue de Washington DC para Long Beach, agora é recuperar as forças perdidas e relembrar o passado através de filmes e foto-grafias.

Comunidades do Sul

Fernando Dutra

Família Dutra em frente à Casa Branca.

20 1 de Dezembro de 2010

Page 21: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

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Portuguese Fraternal Society of America21 COLABORAÇÃO

Page 22: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

On Friday, December 17, 2010, at 7:30 PM, there will be a book presentation at the Portuguese Athletic Club, of San Jose.

The title of the book is: “So Ends this Day”: The Portuguese in American Whaling, 1765 – 1927 by Prof. Donald Warrin.

Dr. Warrin took over seven years to meticulously research this well-written study, which depicts not only the importance of the whaling industry of the young Ame-rican nation, but also, it memorializes the contribution of the Portuguese seamen, from the Azores and Cape Verde Islands. These men traveled the world on Ameri-can whalers, jumped ship in distant places forming new colonies, which would ul-timately determine the principal settlement patterns in the United States, like New Bedford, Massachusetts, San Francisco, California, and Hawaii.

Besides Prof. Warrin, Prof. Frank Sousa, Director of the Center for Portuguese Studies and Culture at UMass Dartmouth will be present to talk about some of the books published by his University.

Following the presentation, cheeses and wines will be served. Everyone is cor-dially invited. Admission is free.

Donald Warrin apresenta livro no PAC22 1 de Dezembro de 2010PATROCINADORES / COMUNIDADE

Page 23: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

LIGA ZON SAGRES O Campeonato está a aquecer um pouco

Sporting empatou com o Porto

in açorianooriental

Liga Zon Sagres 2010/2011 J V E D P

FC Porto 12 10 2 0 32Benfica 12 8 0 4 24Guimarães 12 6 3 3 21Sporting 12 5 4 3 19Académica 12 5 3 4 18Sp. Braga 12 5 2 5 17Nacional 12 5 2 5 17Olhanense 12 3 6 3 15Beira-Mar 12 3 6 3 15U. Leiria 11 4 3 4 15Paços Ferreira 12 3 5 4 14Rio Ave 12 3 4 5 13Setúbal 12 3 4 5 13Marítimo 12 2 6 4 12Portimonense 11 2 2 7 8Naval 12 1 2 9 5

Liga Orangina 2010/2011 J V E D P

Arouca 9 4 4 1 16Trofense 9 4 4 1 16Gil Vicente 9 4 4 1 16Penafiel 9 4 2 3 14Leixões 9 3 4 2 13Oliveirense 9 3 4 2 13Sp. Covilhã 9 4 1 4 13Estoril 9 3 3 3 12Feirense 9 3 3 3 12Santa Clara 9 3 2 4 11Varzim 9 2 5 2 11Moreirense 9 3 2 4 11Desp. Aves 9 2 3 4 9Freamunde 9 1 5 3 8Fátima 9 2 2 5 8Belenenses 9 1 4 4 7

II Divisão Zona Sul 2010/2011 J V E D P

Atlético CP 9 6 3 0 21Juventude 9 5 3 1 18Operário 9 4 4 1 16Mafra 9 4 4 1 16Torreense 9 4 3 2 15Carregado 9 4 1 4 13Pinhalnovense 9 3 4 2 13Madalena 9 4 0 5 12Atlético SC 9 4 0 5 12Louletano 9 2 5 2 11Casa Pia 9 3 2 4 11Oriental 9 2 4 3 10Farense 9 1 5 3 8Real 9 2 2 5 8Lagoa 9 2 1 6 7Praiense 9 0 3 6 3

III Divisão - Série Açores 2010/2011 J V E D P

Angrense 9 5 3 1 18Lusitânia 9 4 4 1 16Santiago 9 4 4 1 16Boavista 9 3 4 2 13U. Micaelense 9 3 3 3 12Prainha 9 3 3 3 12Capelense 9 3 3 3 12Sp. Ideal 9 2 3 4 9Vilanovense 9 2 2 5 8Vitória 9 0 3 6 3

O FC Porto continua sem perder esta época ao fim de 21 jogos em todas as competições e aumentou para 11 pontos a vantagem no topo da Liga portuguesa após o empate 1-1 no terreno do Sporting.As duas equipas entraram no Está-dio José Alvalade separadas por 13 pontos e assim se mantiveram de-pois de Radamel Falcao ter anulado aos 57 minutos, após assistência de Hulk, o golo inicial dos "leões" as-sinado por Jaime Valdes a sete do intervalo, altura em que a defesa do FC Porto não interceptou um lan-çamento longo do guarda-redes Rui Patrício que deixou o médio chile-no isolado perante Helton.No entanto, antes disso, aos 24 mi-nutos, Pedro Mendes fez estreme-cer a trave da baliza portista num remate de fora da área. O FC Porto actuou reduzido a dez elementos a partir do minuto 68, devido à ex-pulsão de Maicon por vermelho directo, ao agarrar Liedson quando o ponta-de-lança luso-brasileiro se encaminhava isolado para a baliza de Helton.O segundo empate no campeonato em 12 jogos deixou a equipa de An-dré Villas-Boas, também expulso na partida de Lisboa durante a se-gunda parte, com 32 pontos, mais 11 do que o Benfica e o Vitória de Guimarães, enquanto o Sporting falhou a aproximação ao topo.

A formação do Minho perdeu a oportunidade de se isolar no segun-do lugar ao permitir a segunda vitó-ria do Marítimo no campeonato, na Madeira. O triunfo dos anfitriões por 2-0 foi construído na primeira parte graças aos golos de Kléber (12, penalty) e de Baba (33), ape-sar de terem actuado reduzidos a dez jogadores desde meio da etapa complementar, devido à expulsão de Danilo Dias apenas seis minutos depois de ter entrado a substituir um companheiro de equipa. Os in-sulares somam 12 pontos e ficaram mais longe dos lugares de despro-moção, enquanto a formação de

Manuel Machado continua com os mesmos do Benfica.

O Paços de Ferreira derrotou o Olhanense por 1-0, mercê de um tento de André Leão aos 22 minu-tos e ultrapassou o Vitória de Setú-bal no 11º lugar, depois do desaire caseiro deste ante a Académica por 1-0 na sexta-feira, no encontro que abriu a ronda.

Com dois golos e uma assistência, Óscar Cardozo ajudou o Benfica a derrotar o Beira-Mar por 3-1 em Aveiro e encurtar para oito pontos a distância relativamente ao FC Por-to na liderança da Liga portuguesa. A fechar a 12ª jornada, o Braga ba-teu o Nacional por 2-0 após regis-tar três derrotas seguidas e subiu ao sexto lugar.

Depois do empate 1-1 dos “dra-gões” frente ao Sporting, no sába-do, a equipa de Jorge Jesus podia reduzir a diferença em caso de vi-tória e procurou-a desde cedo. Ja-vier Saviola acertou na barra aos 14 minutos e, quando a partida se en-caminhava para o intervalo, o Ben-fica adiantou-se, num penalty con-vertido por Cardozo – de regresso à titularidade após ausência de dois meses por lesão – nos descontos, a castigar falta de Kanu sobre o pon-ta-de-lança do Paraguai.

O Beira-Mar esteve perto de em-patar dez minutos depois do rea-tamento, num remate cruzado de Ronny ao poste. Mas na resposta, aos 59 e em contra-ataque, o cam-peão voltou a festejar. Carlos Mar-tins desmarcou Cardozo e o diantei-ro, descaído para a direita, desferiu um excelente pontapé em arco com o pé esquerdo sem hipóteses para o guarda-redes Rui Rego e fez o seu quinto golo na prova.

Cardozo voltou a estar em destaque pouco depois, aos 66, ao oferecer a Saviola o terceiro da equipa, num lance em que deixou para trás o de-

fesa Hugo antes de assistir o avança-do argentino para a conclusão fácil no limite da pequena área. Rui Va-rela aproveitou um corte deficiente de Luisão para reduzir o resultado a cinco minutos do fim, de cabeça, mas o triunfo não fugiu ao Benfi-ca, agora com 24 pontos e isolado no segundo lugar, após o desaire do Vitória de Guimarães frente ao Marítimo, no sábado. Quanto aos aveirenses, que ainda não tinham perdido em casa na presente cam-panha, seguem na oitava posição.

Em Braga, após o nulo ao intervalo, Moisés acertou na barra, de cabeça, pouco depois do início da segunda parte, mas chamado à conversão de um penalty, aos 66 minutos, permitiu a defesa ao guarda-redes Rafael Bracalli, no entanto insufi-ciente para deter a recarga de Lima. O triunfo da equipa de Domingos Paciência ficou confirmado nos descontos, quando Paulo César concluiu uma exemplar jogada de contra-ataque a passe de Márcio Mossoró. Ambas as formações têm 17 pontos, mas o Nacional caiu para a sétima posição.

Na Figueira da Foz, Bruno Gama marcou aos 37 minutos o único golo do encontro na vitória do Rio Ave frente à Naval, numa partida em que a equipa anfitriã, cada vez mais na cauda do pelotão, terminou com nove jogadores devido às ex-pulsões de Alexandre Hauw e Ni-colas Godeméche nos últimos seis minutos.

O jogo entre o Portimonense e a União de Leiria, no Algarve, foi interrompido pouco depois do iní-cio da segunda parte devido a uma falha de electricidade no estádio e será retomado esta segunda-feira, às 15h00. Na altura, os homens da casa venciam por 1-0 graças ao ten-to de Lito logo aos dois minutos.

in uefa.com

Barcelona esmagou Real MadridA invencibilidade do Real Madrid CF no arranque da Liga espanho-la teve um final abrupto em Camp Nou, com o FC Barcelona a golear a equipa de José Mourinho por 5-0 no primeiro "clássico" da época e a assumir a liderança da prova por troca com o seu adversário desta noite.A equipa de Josep Guardiola teve um início de jogo avassalador e aos 18 minutos já vencia por 2-0, com golos de Xavi Hernández e Pedro Rodríguez, e nunca mais perdeu o controlo do encontro. David Villa bisou num período de apenas quatro minutos durante o segundo tempo, restando ainda tempo para Jeffren estabelecer o resultado final.O Barcelona remeteu os visitantes à defesa desde o apito inicial e Lionel Messi esteve perto de inaugurar o marcador aos cinco minutos, mas o espectacular remate em arco foi de-volvido pelo poste. Os adeptos ca-talães não tiveram de esperar muito pelo primeiro golo, aos dez minu-

tos, quando Andrés Iniesta subiu no terreno e fez um passe perfeito para Xavi, que bateu Iker Casillas com um remate à queima-roupa.O Real Madrid tentou reagir, com Ángel Di María a testar as qualida-des de Víctor Valdês, mas os visi-tantes foram surpreendidos quando o Barça aumentou a vantagem. Xavi fez um passe de um lado ao outro do campo e desmarcou Villa, que passou em velocidade por Sergio Ramos e fez um cruzamento rastei-ro, que evitou Casillas e permitiu a Pedro uma concretização fácil.Mourinho fez alterações ao inter-valo, com Lassana Diarra a entrar para o lugar de Mesut Özil, mas os "blaugrana" continuaram a domi-nar e, logo nos primeiros minutos, Casillas negou o golo a Villa e Xavi rematou às malhas laterais, quando o guarda-redes tentava recuperar a posição.

Assim, não causou surpresa quan-do os anfitriões marcaram o tercei-

ro golo aos dez minutos do segundo tempo, com Villa a controlar bem um passe de Messi e a surgir frente a Casillas, para bater o seu compa-nheiro da selecção espanhola com tranquilidade. Os "merengues" es-tavam atordoados, enquanto Messi e Villa continuavam implacáveis, com mais uma assistência do ar-gentino a permitir ao avançado bisar aos 58 minutos e a dar início a comemorações antecipadas nas bancadas de Camp Nou.Uma jogada entre dois suplentes deu origem a mais uma grande ova-ção já em período de compensação. Bojan Krkić acelerou pelo flanco direito e serviu Jeffren, que fez o 5-0 com um "chapéu" ao incrédulo Casillas. A noite para esquecer do Real Madrid, num jogo onde não faltou emoção, teve um último ca-pítulo quando Sergio Ramos viu o cartão vermelho.

in uefa.com

23DESPORTO

Page 24: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Atiro-me para o chão de contente, dou d

Tiro o meu cha-péu à Tertulia Tauromáqu ica Terceirense por ser a responsável pela Feira Tauri-na das Sanjoani-nas 2011.Só espero que os 150 mil euros dados pela Câmara Municipal de Angra sejam devolvidos, porque uma feira tem de bastar-se a si própria. Uma Feira taurina não pode viver de subsídios, das taxas dos contribuintes concelhios.

Tenta no Pico dos Padres The “victorinos” of California

Raising brave fighting bulls is never an easy task. The complex genetic makeup of an animal that displays the aggressiveness needed in the praca de toiros is an elusive mix. Too much bravery and bulls are impossible to fight artistically; but, with too little, bulls sleep-walk through their charges and the emotion of danger is lacking. “Bra-vura” is also a difficult term to define and means different things to different people. For some, it means the bull wants to literally “eat-up” the toreiro. For others, it me-ans the bull should follow the cape with smooth, almost docile, charges. Bravery is a slippery slope and it is a fine line between the extremes. When you consider how each ganadeiro has his personal and very individual ideas of what bravery is and where that balance should be, it is no surprise that bulls from different ranches display different characteristics. Manuel Sousa, following in the steps of his father, has sought the balance and consistency of their ideas of a bra-ve bull – one that has the aggressiveness to charge from start to finish, lowering its head as it charges and follo-wing the lure of the capes providing the toreiro handles the cloth correctly. This type of bravery gives the neces-sary sense of danger in every pass, yet it is unforgiving when the bullfighter makes a mistake or hesitates to stand his ground. And the tenta of 26 heifers held November 10 and 11 sho-wed that the ganadaria Pico dos Padres is on the desired track. Not a single animal was manso. At least half were truly excellent, showing the balance of bravery that allo-ws bullfighters to perform artistically while still making exciting bullfighting. The others displayed their aggressi-veness with a more difficult temperament when they char-ged, the kind of charges that the best of the bullfighters handle successfully.

Watching these heifers over the two day tenta, I was cons-tantly reminded of the bulls of famous Spanish bull ranch owned by Victorino Martin. His bulls, known as “Victo-rinos,” stand in sharp contrast to many of the nish bulls with weak legs and that meekly follow the cape. Victori-nos are preferred by aficionados and are fought by mata-dors who want to prove their worth. It will be interesting to see if the brothers of these tested heifers from Pico dos Padres come to the bullring in a year or two with the style of their sisters. Two Mexican matadors, Cesar Castaneda

and Domingo Sanchez, and I participated in the tenta. We enjoyed ourselves completely, not only for the fine hospi-tality of Manuel Sousa but also for the chance to cape and watch heifer after heifer display their style.

Jim VernerCesar Castaneda, Jim Verner, Manuel Sousa Junior, Domingo Sanchez

24 1 de Dezembro de 2010TAUROMAQUIA

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RTPi - a televisão dos portugas de 2° classe ?Sim, sem qualquer dúvida !!! É triste ver dia após dia que os directo-res de programação deste canal televisivo não têm vergonha de abastecer diáriamen-te cerca de 5 milhões de portugueses es-palhados pelo mundo com um verdadeiro lixo televiso que, de modo algum não inte-ressa áqueles que estâo longe de Portugal. Será que temos que ver na RTPi, duas ou mais vezes por dia um documentário sobre o futuro turismo no Afeganistão? … ou será que temos que ver diáriamente durante semanas um programa de culiná-ria a ensinar como se faz uma maionese de ovo? Que nos vale ver um programa como o Preço Certo se não sabemos os preços dos artigos em Portugal? Depois de já tanta crítica ter sido feita e de nada ter sido alterado, classifique-se isto então como uma forma de gozo com os emigrantes. Dão-nos assim a sensação que estamos fora de Portugal e por isso não temos direito a um programa normal de televisão passando assim a consumi -

dor do lixo televiso. Devem pensar estes senhores directores da RTPi que os coitadinhos dos emigran-tes têm compreensão lenta e por isso é necessário bombardeá-los diáriamen-te com repetições deste lixo televisivo. Não acredito que gerentes e directores com tâo pouco interesse e capacidades se encontrem em funções em empresas particulares, mas a RTP sendo uma em-presa do Estado admire toda a gente que não serve ao sector privado, gratifican-do a incompetência com altos cargos consoante a sua tendência partidária. Este canal televiso poderia ser certamente uma forma de mostrar aos nossos filhos aquele Portugal que eles não conhecem, despertando-lhes assim o interesse de me-lhor conhecerem a nossa Pátria, e quem sabe até, se não os poderia cativar para no futuro poderem regressar a Portugal, para aí poderem aplicar os seus conhecimentos profissionais adquiridos no estrangeiro.

Luís RodriguesNewark, NJ 07103

Tribuna dos Leitores

Atiro-me para o chão de contente, dou d

Faleceu no dia 24 de Novembro de 2010 em Mo-desto, California e aos 89 anos de idade, Belmiro R. Goulart.Nasceu no Capelo, Faial, Açores. Durante vinte anos trabalhou na industria de lacticinios e du-rante dez anos em serviços de limpesas.Viveu em Hilmar e Turlock durante 40 anos e actualmente vivia com o seu filho Bill Goulart em Riverbank.Ficaram de luto seus filhos Belmiro Goulart e esposa Debbie, sua filha Bernardete Fernandes e marido Horácio, de Turlock; cinco netos, 5 bis-netos, sobrinha e afilhados de Rhode Island.Era membro da Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Turlock.Belmiro Goulart pertencia ao Conselho nº 26 da PFSA.O Rosário foi no dia 29 de Novembro e foi sepultado no Cemitério do Turlock Memorial Park.

A Familia Goulart agradece reconhecidamente a todos aqueles que participaram no Rosário e na Missa de Corpo presente.Também agradecem o extraordinário serviço prestado pela Whitehurst Norton & Dias Funeral Service

Tribuna Portuguesa envia sentidas condolências a toda a família Goulart.

FalecimentoBelmiro R. Goulart

14 de Junho de 1921 - 24 de Novembro de 2010

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Page 26: the Portuguese Tribune - December 1st 2010 Edition

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

26 1 de Dezembro de 2010ARTES & LETRAS

O mundo das artes está mais pobre. No espaço de dez dias falecerem três pesso-as ligadas às artes açorianas eluso-ame-ricanas: Fernando Aires, Mário Fraião e Nathan Oliveira. Dos três, conheci apenas um, Fernando Aires. Há muito que era leitor assíduo de Fernando Ai-res, quando em 2002, no lançamento do meu livro América: O Outro Rosto, feita pelo meu amigo o poeta Ivo Ma-chado em Ponta Delgada, lá estava, na audiência, para espanto meu, Fernando Aires. É que ele sempre foi extrema-mente selectivo nas suas saídas e nunca me pensou pela cabeça que lá estivesse. Conversei com ele durante alguns ins-tantes. Manifestei-lhe a minha gratidão pela sua presença e a minha admiração pela sua obra, de uma forma especial, os seus diários que considero (como lhe dis-se), dos melhores em língua portuguesa. Ele teve a amabilidade e a generosida-de de falar bem das minhas análises ao mundo norte-americano. Passaram-se vários anos, e em 2009, numa iniciati-va da Direcção Regional das Comuni-dades em S. Miguel, cumprimentei-o, e falámos por alguns minutos. Tal como no contacto anterior foi extremamente amável e generoso.Esta Maré Cheia é dedicada a Fernando Aires com dois magníficos textos. Um, de Daniel de Sá e o outro de Onésimo Almeida. Aos dois agradeço a distinta colaboração.Nas próximas edições falaremos de Má-rio Fraião, cuja poesia já tive a honra de traduzir para inglês, e Nathan Oliveira, o pintor luso-descendente que nos foi dado a conhecer pelo amigo e distinto pintor João de Brito.

abraçosdiniz

Carta aberta ao Fernando Aires

Onésimo Almeida

Meu mui querido Amigo:

Fui sempre frontal contigo, tu bem sabes. E tu comigo. Nunca nos poupámos nada. Eu a chegar ao aeroporto de Ponta Delga-da, estremunhado de uma curtíssima noite em voo e tu ali à espera, logo de madruga-da, teimoso (grande marca tua, e teimáva-mos entre nós qual seria o mais teimoso), tu a levantares-te cedo a fim de me levares para o pequeno-almoço em tua casa, com a Linda, e a saudares-me mal eu atravessa-va o portão da alfândega: Ó diabo, estás a deixar-te engordar!Pois é. Hoje já consigo falar assim. Ontem, com a tua filha Maria João, tive de passar o telefone à Leonor porque a voz se me em-bargou. O mesmo aconteceu quando liguei para um florista em Ponta Delgada a en-comendar um vaso de flores simples, mas elegante – avisei bem -, como tu gostavas. De novo passei o telefone à Leonor. Mas ela também não aguentou e devolveu-mo. Tivemos que desligar e tentar mais tarde.Agora decidi experimentar escrever-te. Escrevo para te repreender. Adivinhas porquê? Não se faz isso que nos fizeste! Foste-te assim num instante, como sempre preferiste. Mas sem avisares ninguém. Eu sei. Eu entendo-te. Detestavas passar pe-las humilhações de um corpo a definhar, dependente da Linda e dos teus filhos, dos e das enfermeiros/as. Pregaste-nos uma valente, conseguindo aquilo que todos nós gostaríamos de ter a sorte de nos aconte-cer: abalar sem prolongado sofrimento, sem teres de presenciar a desfiguração da tua imagem e incomodando o menos pos-sível.Ontem acordei muito cedo, talvez por cau-sa do jet leg. Eram quatro da manhã. Uma espertina que me fez levantar da cama. Desci para a sala e fui (claro!) ao compu-tador portátil porque a essa hora já deve-ria haver notícias de Portugal. E havia. Um amigo informava, numa linha apenas, despachada com urgência, que te tinhas ido embora para sempre. Assim sem mais. A mensagem chegara precisamente nove minutos antes. Quer dizer, entrou no meu computador e despertou-me mesmo.A meio do dia daqui, já o Daniel de Sá me enviava um Post-Scriptum ao teu diário a imitar-te o estilo, um mimo de texto que tu assinarias de cruz como sendo teu. Coisa linda de se ler. O Eugénio Lisboa mandou logo para o Jornal de Letras um belíssimo escrito, desassombrado de alto a baixo afirmando aquilo que todos gostaríamos de declarar se tivésssemos a autoridade dessa figura grada das nossas letras e da nossa cultura. A Teresa Martins Marques alinhavou de imediato um texto, tecido de frases tuas e dela, que te põe nos cornos da lua. O Sérgio Nazar, do Brasil, o Miguel

Moniz, o João de Melo, toda a gente veio, num repente, bater à porta da comunica-ção social e dizer: Ó gentes! Sabeis quem se foi embora e deixou as nossas letras bas-tante mais pobres e tristes?Apanhaste-nos realmente de surpresa. Sa-bias que estávamos (e vamos continuar) a preparar uma presença tua na Ponta da (tua) Galera. Num belo recanto de onde se disfruta uma gostosa vista sobre o mar com Ponta Delgada ao fundo, onde algu-mas tardes se tornam um espanto de jogos de luz filtrada entre nuvens, com o sol a jogar às escondidas e a brincar às cores. Em mancha de vegetação à solta, como tu gostavas, vai emergir uma pedra tosca segurando um mosaico com um pequeno excerto do teu diário. Vai ficar ali frente ao mar, à mercê dos olhos de curiosos de letras.Depois - também sabias – será um album fotográfico sobre a Caloura, essa mina de memórias que remontam a séculos e com muita família tua de permeio. Haverá

imagens de antanho e outras de hoje, es-praiando-se por páginas salpicadas de textos de Gaspar Fr u t u o s o , M a n u e l A u g u s t o de Amaral (poeta e teu tio, de

quem tanto te orgulhavas), Armando Côrtes-Rodrigues, Tomás Vieira e, claro, teus – afinal a maioria, já que ninguém escreveu tanto e tão bem sobre a Caloura e a Galera. Lembras-te de como eu goza-va contigo que, no teu diário, dos Açores só entravam Ponta Delgada e a Caloura? Nunca nem uma palavrinha sobre o inter-valo entre ambas, como se te metesses por um túnel sempre que saías da tua amada cidade para ires desembarcar directamente no refúgio da tua Caloura/Galera. Estava tudo agendado para Junho próximo e o To-más Vieira já tinha disponibilizado o seu magnífico Centro Cultural para a grande festa. Não sabias, porém, de uma surpresa: a reedição do teu diário completo, integra-do numa colecção açoriana a ser lançada em editora do Continente. Agora chamo-me parvo por não to ter revelado a tempo. Ia lá alguém adivinhar que nos pregarias essa partida de partir assim só porque não querias andar aí com ar debilitado, a so-frer de fraquezas de memória, de excesso de rugas, de maleitas que acometem qual-quer ser humanao quando chega a idade. Tiveste sempre esse sonho faustiano, acre-ditaste que a Fonte de Juventus existia e, quando te apercebeste de que ela era um mito, bateste com a porta. Não estavas para te arrastar por este mundo pelas mãos caridosas dos outros. Sempre gostaste de uma certa postura aristocrática. Tiveste-a. Fizeste aquilo que todos nós no fundo gostaríamos acontecesse connosco: gozar uma vida cheia, amar em pleno, saborear os prazeres e a beleza que o mundo nos proporciona e, quando tudo começa a de-sandar, simplesmente desaparecer.

Temos provas de que andavas a plane-ar esta saída de ilusionista. Ela está aí na fotografia captada por um amigo meu, o João Carlos Tavares, luso-americano vera-neante habitual no Pisão, logo ali ao lado da tua Caloura. Flagrou-te em Ponta Del-gada há um mês e tantos. Caminhavas só, na Avenida Marginal. Estás de semblante acabrunhado, ar mesmo de quem matuta em algo muito sério. De facto, não pare-cem ser muito boas as ideias que te polvi-lhavam o cérebro nessa caminhada. Sabias que ia ser duro para ti e para nós deixares a tua querida família (o teu clã) e os teus amigos. No entanto, magicavas a sério um processo de te escapares sem ninguém dar por isso e, nesse passeio, já estavas a en-saiar o acto final.O teu tempo acabou. Era uma vez ele. Mas deixaste-o todinho em letra de forma, numa escrita bela, cinzelada em toques de esteta que conversava com os deuses da arte nesse teu diário que ficará como regis-to singular nas letras nacionais.Deixaste mais, mas isso pode ficar só para nós. Nas tuas casas de Ponta Delgada e da Caloura, que partilhaste tantas vezes co-migo e com os meus, onde em prolonga-díssimos serões conversámos, rimos em coro a ecoar pela noite dentro - a Leonor e os nossos mais os teus – a Linda, a Ma-ria João, a Isabelinha, o Fernando e as res-pectivas proles - continuarás a respirar e a confundir-te com a aragem que perpassa de leve por entre aqueles teus incensos, os teus ibiscos, os teus metrosídoros desse teu templo de verde e de silêncio. O D. Fuas, o teu amigo milhafre, continuará a apare-cer como se lá estivesses porque ele sabe que continuarás por ali por muito tempo. Aquelas árvores, aquelas plantas, aquelas flores vão continuar-te. Elas estão lá pela tua mão como as páginas do teu diário.Deixa-me acrescentar um PS – Eu no ínti-mo reconheço que estou a querer enganar-me. A verdade é simples e dura: perdemos a tua companhia. Ponto final. Eu tinha este sentimento a esgaravatar-me por entre as linhas que teclo no computador, todavia o empurrão para vir confessá-lo chegou em e-mail do teu amigo e companheiro de geração, o Eduíno de Jesus. Arribou há pouco, direitinho de Lisboa, numa só linha, como poema saído do silo do seu si-lêncio: Queria que o Fernando Aires ainda estivesse vivo... Por isso eu acabo abruptamente, acrescen-tando apenas: E eu também.É isso. Só. Nota de Daniel de Sá

Hoje a cidade amanheceu cinzenta. É seu velho hábito vestir esse hábito de quase penumbra. Que incomoda. Que amolece o gosto pela vida. Que nos tira a vontade de nos levantar-mos. Hoje, a cidade voltou a vestir os seus andrajos mais frequentes, como viúva pobre em permanente aliviar luto. E não me apeteceu levantar. Na minha "Ilha de Nunca Mais" não voltarei a erguer-me. O tempo... o tempo, para mim, agora já "era uma vez".A notícia de que não me apeteceu levantar acinzentou de quase trevas pedacinhos de

mundo aqui e acolá. Escureceu a clarida-de na Ponta da Galera. Arrefeceu o vento nordeste na Maia. Gelou corações em Pro-vidence ou em New Bedford, em Toronto ou Santa Catarina. Estranha sensação, esta, a de saber que eu, "uma unidade de senti-mentos/ sensações", fazia parte dos senti-mentos bons de tantos amigos.Se for possível farei o possível para estar com ela, mas a Linda ouvirá sozinha a nossa música. Como eu amei esta Mulher! Como ela conseguiu ser o braço que me le-vantou tantas vezes em manhãs em que não me apeteceu levantar! Mas, hoje, não. Hoje tornou-se no nunca mais. Talvez tentem aliviar este insidioso luto cinzento com um cheiro a flores.Hoje não me levantei. Não volto a levantar-me, já disse. Não me cansei da vida, nem da família, nem dos amigos. Nem sequer me cansei de mim. Mas tinha de haver este dia. O dia de nunca mais.Até qualquer dia, companheiros.Maia, 9 de Novembro de 2010

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28 1 de Dezembro de 2010ENGLISH SECTION

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ENGLISH SECTION

CITABRIA, Progressive Rock Made in San JoséInterview by Dina Ponta-Garça

A Irmandade de Nossa Senhora de Fátima de Santa Clara celebrou a sua festa nos passados dias 9 e 10 de Outubro de 2010. A 56ª festa anual foi presidida por Elizabeth Gaspar e vice-presidente Henrietta e Manuel Silveira. A rainha foi Sydney Esco-bar acompanhada por Vanessa and Brianna Laranjo. A procissão encer-rou a Lafayette Street em direção à Igreja de St. Clare onde foi celebrada a missa cantada. O almoço de sopas e carne foi servido no salão da SES.

Citabria is a progressive rock band from San José, CA, formed in 2008, composed by drummer Kevin Azevedo (21), bassist Edgar Fernandez (24), guitarist Nate Dias (27) and guitarist/vocalist Leopoldo Larsen (27). They recently played live at Casa do Benfica, The Avalon and The Blank Club. In 2010 they finished their debut EP called “The Stereo Guillotine” that was produced and mixed by the same professionals that mixed and produced bands like Red Hot Chilli Peppers, Weezer, The Mars Volta, Nirvana, Muse, among others.This very talented band, that recently won “The Your Music Magazine South Bay Band Olympicks,” is com-posed by gifted musicians, powerful music, full of en-ergy and inspiration that live and breathe music. Two of the elements are Portuguese descendents and they would like to visit Portugal soon for some concerts. Here is a brief interview with the elements of the band about their dreams and future.

What inspired you to make music together? We all share the same vision and have similar musical styles/tastes that work well with each other.How long have you all known each other? How did you meet and started the band? Kevin and Edgar started jamming about 8 years ago. Nate met Kevin and Edgar about 4 years ago. Leo has been singing with Citabria for about 2 years.Why did you named the band after a small American two seater plane? What’s the origin of this name? We used to practice at a small airport in San José. The only thing flying in and out of this airport are small passenger planes. I (Nate) came to practice one day and Kevin and Edgar were standing next to a sign that had “Citabria Only” on it. Long story short we needed a name because we had a show that weekend. It was one word and short which we liked and it just stuck.

What genre of music do you consider your work to be? Who are your major influences? We consider our-selves to be Progressive rock. Muse, Mars Volta, Rush, Dredg, Mute Math, Circa survive....just to name a few.Do you have a record label? No.Where have you performed? Do you have any upcom-ing shows? All over California. Our up coming shows are December 4th at the Britannia Arms in Cupertino as well as Dec. 30 at the Hotel Utah in San Francisco.

Which songs do you perform most frequently? Do you ever play any covers? We perform original songs from our first album “The Stereo Guillotine.” No covers.Who writes your songs? We all write pretty equally split between the four of us.Could you briefly describe the music making process? Usually we start with one person idea and we all gener-ally just feed off that idea if we are feeling it. Sometimes it works, sometimes it doesn’t.What are your rehearsals generally like? Do you have

a set time each week or the rehearsals are more spon-taneous? Our rehearsals are pretty professional in the since that we aren’t drinking or messing around. We stay focused on whatever it is we are trying to accomplish that day. Generally we practice 2 to 4 times a week.How has your music evolved since you first began playing music together? We have all grown together as writers. We have written a lot of songs that we don’t even play anymore, so we have learned what works and what doesn’t.What has become your biggest challenge as a band? Getting the right shows as to getting us a lot of exposure to music lovers who will eventually propel us to success.What’s your ultimate direction for your band? Are you seeking fame and fortune? Do you just want to have fun for a while? We all love making music and most definitely want to have fun while we do so, but at the same time we would love to make a living making music.Would you like to go to Portugal to perform? Do you have any Portuguese music references? We would love to perform in Portugal and the Azores. (Kevin): When I was younger I got to experience Semana Cultural das Velas, in São Jorge. I got to see Toranja and whole four-day experience was very inspirational. I also really like Xutos e Pontapés and Da Weasel. I have been told by many people that Maré de Agosto and Semana do Mar are the two biggest festas and we would love to perform there.Are you preparing new songs for a new work? Yes! We have already started writing music for our next album.Where can people/fans buy your CD? Do you have a website? We are currently on iTunes, Amazon, CD baby. http://www.myspace.com/citabriamusichttp://www.facebook.com/citabriamusichttp://www.youtube.com/user/thecitabriachannel

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Entrega de Bolsas de Estudo em Turlock

Padre Manuel Sousa abençoando o jantar da Fundação Cônsul-Geral de Portugal em San Francisco António Costa Moura dirigindo-se à comunidade

Realizou-se no Salão da Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Turlock, com a presença de centenas de pessoas, o Jantar Anual da Fundação Portuguesa de Educação do Vale Central, para entrega de Bolsas de Estudo e reconhecimento a diversas entidades. O Cônsul-Geral de Portugal em San Francisco António Costa Moura e a Vice-Cônsul Manuela Silveira esti-veram presentes. Foram entregues 48 bolsas de estu-do pelo Presidente da Fundação Sérgio Pereira.A Fundação aproveitou a ocasião para também reco-nhecer as seguintes individualidades:Homens de Negócio do Ano - Ricardo Vieira e Car-los Vieira, Vice-Presidentes da A.V.Thomas Produce, de LivingstonEmpresários do Ano no Ramo da Agropecuária - José e Clementina Borba; João e Maria Idalina Bor-ba; Luís e Maria BorbaCidadão do Ano - Egídio Almeida, de HilmarAluno/a do Ano - Alishia Pratts, recém formada em MedicinaEducador/a do Ano - Dana Trevethan, Principal do Liceu de GustineNota - seria recomendável que as apresentações fos-sem mais curtas. Pena que a sequência de reconheci-mentos seja contrária à essência da Fundação.

Os 48 Bolseiros da Fundação Portuguesa

30 1 de Dezembro de 2010COMUNIDADE

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COMUNIDADE

Educadora do Ano - Dana Trevethan Cidadão do Ano - Egídio Almeida. Uma bela homenagem a um Homem com H grande

Homens de Negócio do Ano - Ricardo Vieira e Carlos Vieira, Vice-Presidentes da A.V. Thomas Produce, de Livingston

Empresários do Ano no Ramo da Agropecuária - José e Clementina Borba; João e Maria Idalina Borba; Luís e Maria Borba, representados pelos seus filhos.

Aluna do Ano - Alisha Pratt

Mestre de Cerimónias - Maria Hortênsia Silveira

Aspecto do Salão de Nossa Senhora da Assunção em Turlock, onde se realizou o Jantar Anual da Fundação Portuguesa de Educação do Vale Central

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32 1 de Dezembro de 2010ULTIMA PAGINA