tgdc - 1º semestre

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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 1ª Semestre Estes, bem como muitos dos apontamentos disponibilizados no blog Direito Lusófono, são de autoria desconhecida, ou foram feitos sem grandes preciosismos, ou, ainda, podem representar temáticas estudadas em anos diferentes dos actuais e que por isso poderão incorrer em imprecisões normativas ou doutrinais. http://direitolusofono.blogspot.com 1 Fontes do Direito Civil português (com base nas sedes onde ele se localiza): - Diplomas fundamentais do sistema de Direito Civil português; Princípios Básicos que formam o actual sistema de Direito Civil: - Características salientes do nosso Direito Civil: a) Conteúdo Material: i) Familiaridade do Direito Civil no seu conjunto e com o teor substancial das actuais respostas que ele nos dá a importantes problemas da vida social, conformando, mediante as respostas, a sociedade. Teoria geral da relação jurídico-civil: - Conceito e a estrutura ou conteúdo da relação jurídica: a) Critério das grandes divisões da teoria geral da relação jurídica: i) Os Elementos (não estão no núcleo ou no cerne da relação, mas são necessários para a sua existência e dela fazem parte); 1. Os Sujeitos (Artº 66º); 2. O Objecto (Artº 202º); 3. O Facto jurídico (Artº 217º); 4. A Garantia (Artº 334º); Teorias Gerais: 1. Do Sujeito; 2. Do Objecto; 3. Do facto Jurídico; 4. A Garantia da relação jurídica; Divisão da Teoria Geral do Direito Civil: a) Teoria Geral do Ordenamento Jurídico: traduz a teoria geral do direito objectivo; b) Teoria Geral da Relação Júridica Civil: traduz a teoria geral do direito subjectivo; O Direito, A Norma Júridica e a Sanção O Direito O Direito em sentido geral: O Direito são normas, princípios, valores, e costumes, que regem uma determinada sociedade e que ajuda o homem a relacionar-se nela, assistidas por uma protecção coactiva como meio de obrigar, se necessário, a fazer cumprir. O Direito em sentido objectivo: Normas consagradas nos Códigos que se encontram em vigor, resultantes da vivência em sociedade num determinado momento histórico, num dado lugar, é este em nós somos os destinatários. O Direito em sentido subjectivo: É o Direito que tutelamos de forma a poder exigir de outrem um determinado comportamento sem que ele se possa opor. O Direito em sentido subjectivo, Potestativo: É mais forte na medida em que impõe um comportamento, colocando o outro numa posição de sujeição. Ex.: O divórcio decretado mesmo sem a anuência do outro cônjuge (com a sua oposição). A Norma Júridica É sempre composta por:

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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL

1ª Semestre

Estes, bem como muitos dos apontamentos disponibilizados no blog Direito Lusófono, são de autoria desconhecida, ou foram

feitos sem grandes preciosismos, ou, ainda, podem representar temáticas estudadas em anos diferentes dos actuais e que por isso

poderão incorrer em imprecisões normativas ou doutrinais.

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Fontes do Direito Civil português (com base nas sedes onde ele se localiza): - Diplomas fundamentais do sistema de Direito Civil português;

Princípios Básicos que formam o actual sistema de Direito Civil: - Características salientes do nosso Direito Civil: a) Conteúdo Material: i) Familiaridade do Direito Civil no seu conjunto e com o teor substancial das actuais respostas que ele nos dá a importantes problemas da vida social, conformando, mediante as respostas, a sociedade.

Teoria geral da relação jurídico-civil: - Conceito e a estrutura ou conteúdo da relação jurídica: a) Critério das grandes divisões da teoria geral da relação jurídica: i) Os Elementos (não estão no núcleo ou no cerne da relação, mas são necessários para a sua existência e dela fazem parte); 1. Os Sujeitos (Artº 66º); 2. O Objecto (Artº 202º); 3. O Facto jurídico (Artº 217º); 4. A Garantia (Artº 334º);

Teorias Gerais: 1. Do Sujeito; 2. Do Objecto; 3. Do facto Jurídico; 4. A Garantia da relação jurídica;

Divisão da Teoria Geral do Direito Civil: a) Teoria Geral do Ordenamento Jurídico: traduz a teoria geral do direito

objectivo; b) Teoria Geral da Relação Júridica Civil: traduz a teoria geral do direito

subjectivo;

O Direito, A Norma Júridica e a Sanção O Direito

O Direito em sentido geral: O Direito são normas, princípios, valores, e costumes, que regem uma determinada sociedade e que ajuda o homem a relacionar-se nela, assistidas por uma protecção coactiva como meio de obrigar, se necessário, a fazer cumprir.

O Direito em sentido objectivo: Normas consagradas nos Códigos que se encontram em vigor, resultantes da vivência em sociedade num determinado momento histórico, num dado lugar, é este em nós somos os destinatários.

O Direito em sentido subjectivo: É o Direito que tutelamos de forma a poder exigir de outrem um determinado comportamento sem que ele se possa opor.

O Direito em sentido subjectivo, Potestativo: É mais forte na medida em que impõe um comportamento, colocando o outro numa posição de sujeição. Ex.: O divórcio decretado mesmo sem a anuência do outro cônjuge (com a sua oposição). A Norma Júridica

É sempre composta por:

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- Uma previsão, pois ela formula a hipótese de que algo aconteça (situação ou evento), Ex.: “Quem encontrar coisa móvel alheia, deve entregá-la a seu dono…”. - Uma estatuição, a consequência (sanção), o que ela pede. Ex.: “…sob pena de pagamento de multa”

Sanção

Não é elemento da norma jurídica. Não deixamos de ter norma só por não ter nela incluída uma sanção, será uma norma incompleta, mas é uma norma.

A Sanção faz parte do Sistema Jurídico, em termos Materiais e em termos Jurídicos.

Sanção Material: Desenrola-se no plano dos factos, onde a Lei obriga a reconstituir objecto danificado conforme este se encontrava antes do facto danoso. Quando não é possível, e só neste caso, aceita-se uma indemnização.

Sanção Júridica: Obviamente que se desenrola no plano jurídico. A compra e venda de imóveis, por exemplo, sem escritura pública implicam a nulidade do acto negocial. Isto é uma consequência jurídica.

O Direito e a Moral A Sanção na Moral não existe, senão em consciência. O Direito diz respeito ao exterior humano, enquanto que a Moral tem a ver com o interior. Pode haver relação entre ambos (Direito e Moral), mas de coincidência.

As Sanções Jurídicas Por ordem de gravidade, temos:

1. Irregularidade; 2. Anulabilidade (Artº 287º); 3. Nulidade (Artº 286º); 4. Inexistência Jurídica;

O decurso do tempo faz sanar as irregularidades jurídicas.

Anulabilidade – Anula um negócio que visa defender interesses particulares. Ex.: A compra e venda de um imóvel sem escritura.

Nulidade – Torna nulo o negócio que visa defender os interesses públicos. Ex.: Venda de um imóvel por um menor, que não tem capacidade jurídica para o fazer.

As partes podem requerer a nulidade, excepto nos casos de violação de normas de natureza imperativa, em que o tribunal pode declarar a nulidade oficiosamente.

Nos casos de anulabilidade ou de nulidade, qualquer consequência jurídica tem que estar escrita no texto da Lei.

Inexistência jurídica: Não há (não existe) sequer aparência da existência de um negócio jurídico.

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Nota: No nosso Ordenamento Jurídico também se declara inexistente o negócio jurídico realizado através da coacção física ou pela não expressa vontade de uma das partes. As normas relacionadas com a nulidade são de natureza imperativa, já que visam a defesa de um interesse público.

Classificação das Normas (algumas): - Facultativas: Normas permissivas; - Proibitivas; - Imperativas; - Supletivas: As que podem ser afastadas pela vontade das partes;

O Direito Civil como parte do Direito Privado: O Direito enquanto conjunto de normas portadoras de um sentido de justiça, divide-se em dois grandes sectores:

- Direito Público - Direito Privado

O direito civil integra o Direito Privado (classicamente chamado por Direito Privado Geral).

Distinção Entre Direito Público E Direito Privado: 1) Critério – Teoria dos interesses; Seria Direito Público quando visasse a tutela de um interesse público, de um interesse da colectividade, seria Direito Privado quando visasse um mero interesse particular, dos indivíduos considerados particularmente. No entanto os interesses Públicos e Privados surgem-nos interligados na maior parte das normas jurídicas. 2) Critério – Carácter predominante ou fundamental de uns interesses face a outros; Haveria uma norma de Direito Público quando o interesse fosse predominantemente de natureza Pública e uma norma de Direito Privado quando visasse um fundamentalmente a protecção de Direito Privado. Este critério conduz a incertezas classificativas pela dificuldade de determinar qual o interesse predominante tutelado nas diversas normas. 3) Critério – Posição relativa dos sujeitos da relação jurídica: O Direito Público regularia relações entre sujeitos colocados, uns, numa posição de supra-ordenação e, outros, em posição de infra-ordenação (subordinação). O Direito Privado disciplinaria relações entre sujeitos ligados por posições relativas de igualdade ou de coordenação. 4) Critério – Teoria dos sujeitos: O critério distintivo estaria tão só na identidade dos sujeitos da relação jurídica. Seriam normas de Direito Público aquelas em que interviesse, como sujeito activo ou passivo da respectiva relação, o Estado ou qualquer outro ente público. Ao invés, integrariam o Direito Privado as normas em que interviessem apenas particulares. Este critério também não serve porque podem intervir entes públicos como particulares em muitos negócios jurídicos. 5) Critério da qualidade dos sujeitos: É o critério predominante: Interessa saber se na relação jurídica um dos sujeitos, pelo menos, nos surge investido de um poder de autoridade pública, de soberania ou de império. Assim, são normas de Direito Privado

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as que regulam relações jurídicas entre particulares ou entre pessoas colectivas públicas que ajam em veste de particulares, isto é, despidas de poder de autoridade pública ou fora do exercício de funções soberanas. E serão normas de Direito Público as que disciplinam as relações jurídicas do Estado e dos demais entes públicos entre si e com os particulares, quando aqueles intervêm na qualidade de entes soberanos, munidos de poder de autoridade pública. Também este critério não é isento de criticas porque não oferece uma indiscutível base de sustentação para a integração no Direito Público das normas que regulam a organização e o funcionamento das pessoas colectivas públicas e também deixa em aberto o que se deve entender por poder de autoridade pública, de soberania ou de império. O ordenamento jurídico português não estabelece um critério geral para determinação de quais são as normas de Direito Público ou Privado, trabalho deixado para a Doutrina e para a Jurisprudência a partir das soluções legais. A distinção interessa porque as zonas normativas de Direito Público são acompanhadas de regimes próprios e de efeitos legais distintos do Direito Privado e, assume especial relevo a determinação das vias ou processos judiciais competentes para dirimir diferentes interesses (conflitos). No caso do Direito Privado são competentes os Tribunais Judiciais, e dentro destes os Tribunais Comuns em matéria cível. Quanto às acções que tenham por objecto dirimir os litígios emergentes das relações jurídicas administrativas e fiscais que constituem o grosso do Direito Público, são competentes os Tribunais Administrativos e Fiscais (n.º 3 do Artº 212 da CRP).

Características Do Direito Público E Do Direito Privado: A característica principal do Direito Privado é o princípio da liberdade: “é lícito, tudo o que não é proibido por lei”. Enquanto que, no Direito Público vigora o principio da competência ou da legalidade: “só é licito o que for permitido pela lei”. Outra característica é de no Direito Privado haver uma predominância de normas supletivas (regras jurídicas que podem ser afastadas pela vontade das partes em sentido contrário). Ao passo que no Direito Público que reveste um carácter imperativo (não podem ser afastadas pela vontade das partes em sentido contrário). Por outro lado, o Direito Privado é, de um certo modo, um Direito Geral face ao Direito Público, porque regula a generalidade das relações jurídicas. Finalmente, o Direito Privado é direito integrante do Direito Público, oferecendo normas aplicáveis a casos análogos ou principias fundamentais para a regulação de situações não previstas neste ramo de direito, e, nalgumas áreas até mesmo de direito comum, de aplicação subsidiária ao Direito Público.

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O Direito Civil Como Direito Privado Geral Modernamente, face a autonomização de certos ramos de direito dentro do Direito Privado, o Direito Civil permanece como base do Direito Privado, regulando o essencial do quotidiano das pessoas – direito da personalidade, contratos e outras obrigações, a propriedade, a família e as relações sucessórias.

Direito Especial – É um conjunto unitário e sistematizado de normas jurídicas, aplicado a determinadas e delimitados sectores da actividade humana, prevendo um regime jurídico em parte diverso do regime-regra, mas tendo como direito subsidiário o Direito Geral ou Comum. No Direito Privado é Direito Geral ou Comum (Direito-mãe) o Direito Civil.

- Direito Comercial Ramos do Direito Privado

- Direito do trabalho Direito Comercial – é o Direito relativo ao comércio. Resultou do costume. Já constava das Ordenações Afonsinas, na Lei da Boa Razão (ano de 1769) e nos Estatutos da universidade de Coimbra (ano de 1772). O Código Comercial actual (é de 1888 - Veiga Beirão) regula os actos de comércio das pessoas que sejam ou não comerciantes. O Código Civil é direito subsidiário do Código Comercial.

Direito do trabalho – Regula as relações de trabalho. Contrato de trabalho – (Artº 1152) “É aquele pelo qual uma pessoa obriga, mediante retribuição a prestar a sua actividade, intelectual ou manual, a outra pessoa, sob a autoridade e direcção desta”. Fontes De Direito Civil (Artºs 1° a 4° e n.º 3 do Artº 10°)

- Leis: toda a disposição imperativa e geral de criação estadual; - Normas Corporativas: disposições gerais e imperativas emanadas das entidades reconhecidas na constituição (hoje em dia não são fontes de direito por os organismos corporativos deixaram de existir);

São as que operam sem intermediários - Usos conforme aos princípios de boa fé – os usos só valem como lei quando a lei o determinar e não exigem a consciência de obrigatoriedade (218º,1122º) - Equidade (Artº 4º)

- Princípios fundamentais do Direito O artigo 4º permite aos tribunais a solução ex aequo et bono dos casos que lhe são presentes, mas tem que haver disposição legal que a permita ou convenção das partes.

- Imediatas

- Mediatas

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Não são fontes de direito O costume, nem sequer como meio de integração de lacunas; Jurisprudência – não é fonte de direito porque a decisão só tem força vinculativa para o caso concreto, outro juiz, numa outra comarca, pode não aplicar aquela sentença.

Mas, o nosso sistema jurídico é um sistema aberto: O carácter constitutivo é importante no que se refere à aplicação aos casos da vida, de conceitos indeterminados e cláusulas gerais, que permite o controle dos resultados da aplicação das normas. É o caso do princípio do abuso do direito (Artº 334º), do controlo da aplicação do direito estrangeiro pela ordem pública internacional do Estado português (Artº 22º). Nestes casos o juiz afasta uma norma e define o seu exercício ou determina um certo regime (vai assumir uma atitude valorativa e constitutiva).

Diplomas Fundamentais Do Direito Civil - CRP

-A Lei - Leis - Decretos-Leis

- Código Civil

O Código Civil é o repositório fundamental do nosso Direito Civil.

Princípios Fundamentais Do Direito Civil: Podemos considerar sete ideias fundamentais, princípios ou instituições que fundamentam o nosso actual direito civil: 1 - Reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de personalidade; 2 - A Autonomia Privada; 3 - A Boa Fé; 4 - A responsabilidade civil; 5 - A concessão de personalidade jurídica às pessoas colectivas; 6 - A propriedade privada; 7 - A relevância jurídica da família; 8 - O fenómeno sucessório ou sucessão por morte; Cada um destes princípios apresenta (exprime) uma realidade jurídica específica. Duas ideais porém resultam de tudo isto: a autonomia e a igualdade.

1. O reconhecimento da pessoa e dos direitos de personalidade O reconhecimento pelo direito civil da ideia de pessoa ou de personalidade jurídica começa por ser, além de um princípio normativo, a aceitação de uma estrutura lógica sem a qual a ideia de direito não é possível – o direito só pode ser concebido tendo como destinatários os seres humanos em convivência. As pessoas em sentido jurídico, não são necessariamente seres humanos (as associações, as organizações, fundações, etc. têm personalidade jurídica – por outro lado, os sistemas que aceitam a escravatura e que não consideram as pessoas em sentido jurídico). O conceito técnico-jurídico de pessoa não coincide necessariamente com o de homem ou de ser humano, mas se o direito tem me vista o ser humano, é forçoso e lógico que,

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pelo menos alguns homens, sejam dotados de personalidade jurídica – o que é um pressuposto lógico do direito. Ao decidir, quais os homens que têm, ou não, personalidade jurídica, estão a emitir opções valorativas e culturais que exigem um reconhecimento pelo direito subjectivo. Reconhece-se a personalidade jurídica a todo o ser humano a partir do nascimento completo e com vida (Artº 66º nº 1 – que já estava estatuído no código Seabra).

1.1 O reconhecimento de um círculo de direitos de personalidade Reconhece-se personalidade jurídica a todo o ser humano a partir do nascimento completo e com vida – Artº 66º nº 1 -, pelo que no nosso tempo não haja discussão sobre o reconhecimento dessa qualidade jurídica a todos os seres humanos. Ser pessoa significa ser sujeito de direito e ser sujeito de direitos.

Toda a pessoa pode ser titular de relações jurídicas e nisto consiste a personalidade ou qualidade de sujeito de direito. Toda a pessoa jurídica é titular de alguns direitos e obrigações (mesmo que no domínio patrimonial não lhe pertençam quaisquer direitos, sempre se é titular de um certo número de direitos absolutos, que são os chamados direitos de personalidade – Artº 70º e segs do CC). Estes direitos de personalidade – a sua saúde física, a sua integridade, a sua honra, a sua liberdade física e psicológica, o seu nome, a sua imagem, a sua reserva de intimidade, etc. são direitos necessários e imprescindíveis na esfera jurídica de cada pessoa e o direito protege-as – a violação de alguns destes aspectos constitui um facto ilícito criminal. Naquelas em que o facto não assumir especial relevo para a colectividade, a violação não constitui um ilícito criminal mas um ilícito civil. Esse facto traduzido na violação de um direito de personalidade desencadeia – nº 2 do Artº 70º - a responsabilidade civil do infractor (obrigação de indemnizar os prejuízos causados). Os direitos de personalidade que incidem sobre a vida da pessoa são irrenunciáveis mas podem contudo ser objecto de limitações voluntárias desde que não sejam contrárias à ordem pública – Artº 81º (consentimento livre e informado para intervenção cirúrgica – acto que sem o consentimento do doente ou da sua família é um facto ilícito – salva a impossibilidade de o pedir em tempo útil).

2. A Autonomia Privada

Autonomia Privada e a Liberdade Contratual, aplicação daquela no domínio dos contratos. Ideia fundamental: focar o sentido do direito civil, no princípio da autonomia privada, que tem a sua dimensão mais visível na liberdade contratual (art. 405°). Fundamentos constitucionais, mais explícitos: n.º 1 do Artº 26°, e Artº 61° da CRP. A produção de efeitos jurídicos (constituição, modificação ou extinção de relações jurídicas) resulta principalmente, no tocante à actuação humana juridicamente relevante, de actos de vontade – declarações de vontade –, dirigidos à produção dos referidos efeitos. Actos jurídicos produzidos por força da manifestação de uma intenção e em coincidência com o teor declarado dessa intenção, designam-se por negócios jurídicos.

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O negócio jurídico é uma manifestação do princípio da autonomia privada ou da autonomia da vontade, subjacente a todo o direito privado, consiste no poder reconhe-cido aos particulares de auto-regulamentação dos seus interesses, de autogoverno da sua esfera jurídica. Os particulares podem, na sua convivência com os outros sujeitos jurídico-privados, estabelecer a ordenação das respectivas relações jurídicas. Esta ordenação manifesta-se na realização de negócios jurídicos. Actos pelos quais, os particulares, ditam a regulamentação das suas relações, constituindo-as, modificando-as, extinguindo-as e determinando o seu conteúdo. Não é só através do negócio jurídico que a autonomia da vontade ou autonomia privada se revela e actua, embora seja o negócio jurídico o seu meio principal de actuação. Também se manifesta no poder de livre exercício dos seus direitos ou de livre gozo dos seus bens pelos particulares – a autonomia privada que se manifesta na «soberania do querer» – no império da vontade – que caracteriza essencialmente o direito subjectivo. Concretizando – atenta a circunstância de o estudo do Direito só ter justificação em termos de um empenhamento com a vida real –, que tanto é exercício da autonomia privada a conclusão de uma compra e venda em certas condições de preço e de entrega da coisa vendida, um negócio jurídico, como o consumo ou a destruição de um bem de que se é proprietário, a exigência ou não de um crédito de que se é credor, o cultivo de um prédio rústico com esta ou aquela cultura ou a sua manutenção em pousio, o exercício de um direito subjectivo. A autonomia privada encontra os veículos da sua realização nos direitos subjectivos e na possibilidade de celebração de negócios jurídicos. A autonomia privada é um princípio fundamental do direito civil. Ela corresponde à ordenação espontânea (não autoritária) dos interesses das pessoas, consideradas como iguais, na sua convivência – zona reservada do direito privado. Em medida maior ou menor, está presente em todos os domínios em que o direito civil se propõe uma função de modelação da vida social; mais no plano das relações patrimoniais e da troca dos bens e serviços. Com menor extensão no domínio das relações pessoais e das relações familiares, onde o carácter imperativo de grande parte das normas jurídicas proíbe a disposição ou limitação de certos direitos (certos direitos de personalidade) ou reduz a liberdade de Contratação a uma mera liberdade de concluir ou não o acto jurídico, mas fixando-lhe, uma vez celebrado, os efeitos (casa-mento, adopção). A autonomia privada está onde o direito civil visa uma função de modelação e disciplina positiva da vida social. Delimitação – o direito civil tem uma função modeladora da vida de relação – para excluirmos o domínio (a responsabilidade civil ou a garantia da relação de direito civil), cabe ao direito civil uma função de protecção ou defesa dos direitos constituídos ao abrigo da sua função modeladora. Obviamente não depende da vontade do infractor de um direito a sua sujeição à obrigação de indemnizar ou de restaurar a situação lesada – o surgimento desses deveres com carácter sancionatório é uma implicação do carácter jurídico da relação violada.

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O dever de indemnizar traduz a responsabilidade civil. Não se constitui por força de uma declaração de vontade do autor do dano. Uma vez constituída a obrigação de indemnizar, surge de novo a autonomia da vontade: credor e devedor da indemnização podem celebrar, relativamente à obrigação em que se manifesta a responsabilidade civil, as convenções modificativas ou extintivas que entenderem.

Os negócios jurídicos agrupam-se em 2 classes (unilaterais e bilaterais): - Negócios jurídicos unilaterais são os que resultam de uma declaração de vontade

em que é desnecessária a anuência da outra parte onde vigora o princípio da tipicidade (Artº 457º ao 473º) e geram obrigações apenas para uma das partes, como a doação. Podem ser negócios unilaterais receptícios em que a declaração só é eficaz se for e quando for dirigida e levada ao conhecimento da pessoa certa e não receptícios em que basta a emissão da declaração sem que seja necessário comunicar a alguém. Como exemplo temos o testamento (nº2 do Artº 940º), instituição de uma fundação (Artº 185º e 186º) e denúncia de arrendamento (Artº 1055º e 1096º).

- Negócios jurídicos bilaterais são constituído por 2 ou mais declarações de vontade convergentes e tendentes à produção de um resultado jurídico unitário e geram obrigações para as partes. Como exemplo temos a compra e venda, sociedade, arrendamento, aluguer, empreitada, etc. Para haver negócio jurídico bilateral ou contrato tem de haver vontade das duas partes, em que uma formula e comunica uma declaração de vontade (proposta) e a outra manifesta a sua anuência (aceitação). Há ainda os contratos bilaterais imperfeitos em que há de princípio obrigações para uma das partes mas surgindo mais tarde a obrigação para a outra parte, como o mandato, depósito, etc.

É, bastante, clara a impossibilidade de modificar ou extinguir unilateralmente as relações emergentes de um contrato como define o Artº 230º (o mesmo não acontecendo com os unilaterais em que as partes podem incluir as cláusulas que lhes aprouver – a parte vinculativa tem liberdade de fixar o conteúdo da promessa).

2.1 Direito de liberdade contratual O princípio da liberdade contratual (refere-se sempre aos contratos) é um direito civil fundamental (Artº 405º CC e Artº 61º da CRP) e resulta de um acto de vontade – designa-se por negócio jurídico. Negócio jurídico é uma manifestação da autonomia privada e da vontade subjacente a todo o direito privado. Consiste no poder reconhecido aos particulares de auto-regulamentação dos seus interesses (tanto pode ser exercício de autonomia privada a conclusão de um negócio jurídico de compra e venda como o consumo e destruição de um bem de que se é proprietário). Os negócios jurídicos agrupam-se em 2 classes: negócios jurídicos unilaterais (que resultam de uma declaração de vontade como o testamento, instituição de uma fundação, denúncia de arrendamento) e ou negócios jurídicos bilaterais ou contratos (constituído por 2 ou mais declarações de vontade convergentes tendentes à produção de um resultado jurídico unitário como a compra e venda, doação, sociedade, arrendamento, aluguer, empreitada, etc.). Para haver negócio jurídico bilateral ou contrato tem de haver vontade das duas partes, em que uma formula e comunica uma declaração de vontade (proposta) e a outra manifesta a sua anuência (aceitação).

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É bastante clara a impossibilidade de modificar ou extinguir unilateralmente as relações emergentes de um contrato (o mesmo não acontecendo com os unilaterais em que as partes podem incluir as cláusulas que lhes aprouver – a parte vinculativa tem liberdade de fixar o conteúdo da promessa). O contrato é vinculativo para as partes (cada uma das declarações contratuais livremente emitidas) e daí resulta como regra fundamental de justiça o princípio segundo o qual os contratos devem ser cumpridos ponto por ponto, pelo que só por mútuo consentimento dos contratantes se podem modificar ou extinguir as relações contratuais. A liberdade de celebração de contratos consiste na faculdade de livremente realizar contratos ou recusar a sua celebração.

2.2 Excepções a esta liberdade a) Na consagração de um dever jurídico de contratar pelo que a recusa de uma das partes não impede a formação do contrato (dever de prestação de serviço que impendem sobre os médicos); b) Na proibição de celebrar contratos com determinadas pessoas (Artºs 877º e Artº 953º); c) Na sujeição do contrato a autorização de outrem (alíneas a) e b) do nº 1 do Artº 1682º).

A liberdade de modelação do conteúdo contratual consiste na liberdade de as partes fixarem livremente o conteúdo dos contratos, pelo que podem as partes: a) Realizar contratos com as características dos contratos previstos e regulados na lei (típicos ou nominados); b) Celebrar contratos típicos ou nominados aos quais acrescentem as cláusulas que lhes aprouver; c) Concluir contratos diferentes dos contratos expressamente disciplinados na lei (contratos atípicos ou inominados).

O Código Civil está sistematizado segundo o plano de Savigni (ou sistematização germânica), que assenta na classificação das relações jurídicas de direito privado: a) Obrigações (são vínculos jurídicos por virtude dos quais uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação – Artº 397º - o comprador fica adstrito de pagar o preço e o vendedor de entregar a coisa vendida – o sujeito activo da obrigação chama-se credor e o passivo chama-se devedor); b) Direitos reais (são relações de um sujeito jurídico com todas as outras partes por força das quais aquele sujeito adquire o poder directo e imediato sobre a coisa direito de propriedade, do usufruto, da servidão predial e da hipoteca); c) Direitos de família (são relações emergentes do casamento, do parentesco, da afinidade ou da adopção - Artº 1576º - caso do poder paternal e dos deveres do cônjuge); d) Direitos sucessórios (são relações dirigidas a actuar a transmissão dos bens por morte do seu titular – Artº 2024º - e tem como exemplo os poderes e deveres dos herdeiros e dos legatários).

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3. Princípio da boa fé Corresponde a uma abertura a princípios e valores extralegais e pela dimensão concreto-social e material do jurídico que perfilha. Verifica-se no Princípio da boa fé um diálogo com o princípio da autonomia privada. Duas vertentes Sentido subjectivo – julga actuar em conformidade com o direito. Ex.: n.º3, do Artº 291 – desconhecia sem culpa, o vício do negócio; n.º1, do art. 1260 – o possuidor ignorava. Cf. Artº 612.º;e n.º 1 do Artº 1260º. Sentido objectivo – regra jurídica. Princípio transpositivo e extralegal para que o julgador é remetido a partir das cláusulas gerais. É um critério que carece de mediação por parte do juiz

Nos contratos a boa fé em sentido objectivo é uma regra de conduta, pelo qual os contraentes devem agir de modo honesto, correcto e leal (227º; 239º;334º; 437º; nº.2 do Artº 762º). Verifica-se no início do contrato, mantêm-se e permanece após o contrato se ter extinguido (nº1 do Artº 227º; 236º; 239º; 334º; n.º2 do Artº 762º). A boa fé é um critério que se recorre para determinar o âmbito da vinculação negocial no negócio fazem parte não só as obrigações, mas também todos os deveres que resultam do princípio da boa fé).

A violação da boa fé pode geral responsabilidade pré-contratual, responsabilidade contratual ou responsabilidade pré-contratual. Verifica-se uma relação entre a boa fé e o princípio da confiança que pode criar uma obrigação de indemnização.

4. A Responsabilidade Civil Os comportamentos das pessoas podem por vezes causar prejuízos a outrem. O devedor não executa ou executa defeituosamente a prestação a que está adstrito. Quando a lei impõe ao autor de certos factos a obrigação de reparar os danos causados a outrem, deparamo-nos com a figura de responsabilidade civil. A responsabilidade civil actua através do surgimento da obrigação de indemnização (visa colocar a vitima na situação em que estaria antes de ter ocorrido o facto) A responsabilidade civil consiste na necessidade imposta pela lei a quem cause prejuízo a outrem, de colocar o ofendido na situação em que estaria sem a lesão (483º; 562º) Esta restituição tem lugar mediante uma reconstituição natural (restauração, restituição ou execução especifica). Quando a reconstituição natural for impossível, terá lugar uma indemnização em dinheiro (restituição ou execução por equivalência). A indemnização em dinheiro é a mais utilizada porque raramente o lesado ficará completamente satisfeito com a reconstituição natural, mesmo quando é possível. A indemnização em dinheiro cobre os danos patrimoniais sofridos pelo lesado (prejuízos susceptíveis de avaliação em dinheiro).

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Os danos dividem-se em: Patrimoniais compreendem: - Dano emergente (prejuízo imediato sofrido pelo lesado, cf. 1ª parte do n.º1 do Artº 564º); - Lucro cessante (vantagens que deixaram de entrar no património do lesado, cf. 2ª parte do n.º1 do Artº 564º) Não patrimoniais (n.º1 do Artº 496º) – resultam da lesão de bens estranhos ao património do lesado (honra, saúde, liberdade). A sua verificação tem lugar quando são causados sofrimentos físicos ou morais, não sendo avaliáveis em dinheiro, em que a atribuição de uma soma pecuniária não corresponde à ideia de indemnização ou restituição mas uma compensação. Não se trata de atribuir ao lesado um preço pela dor, mas proporcionar uma satisfação para a realização de uma ampla gama de interesses.

Além da existência de um dano e de uma ligação causal, entre o facto gerador da responsabilidade e o prejuízo, devem verificar-se outros pressupostos para o surgimento da responsabilidade civil: Pressupostos - É necessário que o facto seja ilícito (violem direitos ou interesses) e culposo (passível de uma censura). - A culpa pode resultar da intenção de causar um dano (dolo - em que é necessário reparar todos os danos causados), ou da omissão dos deveres de cuidado (negligência ou mera culpa), em que a lei admite uma limitação equitativa de indemnização. No direito civil a responsabilidade civil visa a restauração específica dos interesses lesados. A responsabilidade criminal visa satisfazer interesses da comunidade e manifesta-se na aplicação de uma pena ao autor do facto criminoso, que se traduz na produção de um mal a sofrer pelo agente criminoso, com a finalidade de restituir o mal causado a sociedade com a infracção (retribuição) de mostrar como a sociedade reage ao crime (prevenção geral) e impedir o infractor de cometer novas infracções (prevenção especial). Estas duas formas de responsabilidade (civil e criminal) podem ser desencadeadas pelo mesmo facto (fruto, injuria) em que se verifica a aplicação de uma pena ao agente e a obrigação de indemnizar dos anos. Mas existem também apenas factos ilícitos civis (não cumprimento de uma dívida) ou ilícitos criminais (excesso de velocidade). A responsabilidade objectiva ou responsabilidade pelo risco – responsabilidade sem culpa - (o causador do dano era sempre responsável mesmo que tivesse tomado todo o cuidado) 499.º, 510.º -, que aparece a titulo de excepção, pois a regras é a responsabilidade subjectiva.

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A responsabilidade subjectiva (483º) – responsabilidade com culpa excepto nos casos previstos na lei. Isto é: Uma questão de segurança, pois isenta de responsabilidade no caso de ter procedido com todo o cuidado, diligência e competência. Substituir ao lesado. O autor não culposo do prejuízo é como escolher a vítima ao acaso. Exigir a reparação dos danos em caso de culpa é estimular o zelo e cuidado em impedi-los. Responsabilidade pela prática de actos: - Lícitos (excepção) - n.º1 do Artº 339º (estado de necessidade); 1349º (passagem forçada momentânea); 1367º (apanha de fruta); 1348º (escavações); - Ilícitos (regra);

Mas o nosso direito reconhece alguns casos de responsabilidade sem culpa, é o caso da responsabilidade pelo risco – alguém criando para si a possibilidade de lucro, cria para outros riscos acrescentados (acidentes causados por veículos em circulação terrestre [503º], da responsabilidade da entidade patronal por acidente de trabalho.

Hoje, assiste-se a um aumento da responsabilidade civil (linha da defesa do consumidor). A criação de seguros obrigatórios e de fundos de garantia concorre para uma maior protecção da vítima. Verifica-se ainda uma tendência para a responsabilidade civil ser feita através de esquemas de segurança social.

O nosso sistema jurídico admite ainda alguns casos de responsabilidade por actos lícitos ou intervenções lícita, é o caso da passagem forçada ou momentânea (n.º3, Artº1349º), estado de necessidade (n.º 2, Artº 339º) que consiste em dar à pessoa sacrificada uma reparação.

Pressupostos dos actos lícitos - Que seja para assegurar um direito próprio; - Que haja impossibilidade de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais; - Que não exceda o necessário para evitar prejuízos (proporcionalidade); - Que não sacrifique interesses superiores ao que visa defender;

Pressupostos da responsabilidade civil (cumulativamente) - Prática de um facto voluntário; - Ilicitude do facto – violação de um direito relativo a uma norma; - Culpa – imputação do facto a um determinado agente; - Dano – toda a ofensa de bens ou interesses alheios protegidos pela ordem jurídica; - Nexo de causalidade – o facto tem que estar em condições de proporcionar o dano – teoria da causalidade adequada (593º);

Nota – teoria da causalidade virtual – morreu na ambulância por causa de um acidente de viação

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4.1 Dicotomia entre responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual

Responsabilidade contratual – responsabilidade do devedor para com o credor pelo não cumprimento da obrigação; Responsabilidade extracontratual – violação de um dever geral de abstenção contraposto a um direito absoluto (direito de personalidade);

- Legitima defesa (337.º) - Estado de necessidade (339.º)

5. Concessão De Personalidade Jurídica Às Pessoas Colectivas O direito civil não só atribui só personalidade civil ás pessoa singulares como também atribui personalidade jurídica às pessoas colectivas. As pessoas colectivas são colectividades de pessoas ou complexos patrimoniais organizados com vista um fim comum ou colectivo a que o ordenamento jurídico atribui a qualidade de sujeito de direito. Possuem património próprio, titulares de direito e destinatários de deveres jurídicos, adquirem direitos e assumem obrigações através da prática de actos jurídicos realizados em seu nome pelos seus órgãos. Na expressão pessoas colectivas podemos distinguir 3 modalidades fundamentais:

� Associações (colectividades de pessoas que têm por escopo o lucro económico dos associados)

� As fundações – complexos patrimoniais afectos à finalidade estabelecida pelo fundador

� Sociedades – conjunto de pessoas que contribuem com bens ou serviços para o exercício de uma actividade económica dirigida à obtenção de lucros e à sua distribuição pelos sócios.

A ideia de personalidade colectiva está ligada à ideia de uma mais fácil, maior comunidade e eficiência de organizar e realizar os interesses colectivos e duradouras de um grupo de pessoas.

Para Salina, as pessoas colectivas seriam uma ficção, pois, ao atribuir personalidade jurídica às pessoas colectivas, estava a considerá-las como pessoas singulares, pois só as pessoas singulares são titulares de direitos e deveres.

Para Otto Von Gierke as pessoas colectivas seriam uma realidade idêntica às pessoas singulares. Considera que, a personalidade jurídica é imposta pela natureza das coisas – é a chamada Teoria organicista ou realista -, que não pode ser aceite por impor a existência de um organismo antropomórfico, com vontade, espírito, para justificar a personalidade jurídica.

Em oposição a esta teoria o direito civil considera uma teoria da realidade, pois ambas são uma realidade situada no mundo jurídico. É uma criação do espírito humano no campo do direito em ordem à realização de fins jurídicos.

É uma criação do espírito humano no campo do direito em ordem à realização de fins jurídicos.

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Mas temos que considerar uma diferença importante numa perspectiva valorativa. A personalidade jurídica dos indivíduos é imposta como uma exigência forçosa da dignidade da pessoa humana e do direito ao respeito por todo o ser humano. A personalidade jurídica das pessoas colectivas é um mecanismo ligado à realidade de certos fins colectivos.

Personalidade jurídica das pessoas singulares ���� Realidade jurídica; ���� Antropomórficos, com consciência e vontade própria ;

Personalidade jurídica colectiva ���� Realidade extra-jurídica; ���� A personalidade jurídica é formada por organizações de homens, dirigidas à

realização de interesses comuns ou colectivos, com um carácter de permanência; ���� Não são antropomórficos, mas uma espécie de super organismos volantes onde

se desenvolve e manifestam vontades e acções individuais ao serviço dos interesses comuns;

���� Pode não estar pronta e acabada, quando é investida de personalidade; ���� O seu essencial reside no elemento jurídico (obra da lei) e não no elemento

factual;

6. A Propriedade Privada Missão do direito – organizar segundo os valores jurídicos, os poderes dos homens a sobre as coisas e o conteúdo das relações entre os homens a respeito das coisas.

A propriedade privada surge após 1789, em que é considerada como direito absoluto, inviolável e sagrado. Em Portugal verifica-se em 1820, depois da revolução liberal e de uma forma definitiva a partir de 1834 e é o princípio da plena propriedade privada que se mantêm até hoje, sendo o sistema tipo socialista um modelo de rejeição a este princípio. Nas sociedades socialistas apresentam-se 3 categorias de propriedade:

���� Uma propriedade estatual – abrange o solo, subsolo, minas, transportes, empresas agrícolas, industrias, comerciais e credito

���� A propriedade cooperativa – manifesta-se sobretudo no sector agrícola, cuja maior ou menor importância vai de país para país

���� Propriedade pessoal – pertence aos particulares. Não geram lucros sem trabalho (caso aconteça perde a protecção jurídica) destinada a satisfazer as necessidades materiais ou culturais das pessoas (electrodomésticos, objectos de uso e comodidade domestica)

���� Em alguns Estados socialistas existe uma propriedade privada tipo capitalista, mas que é transitório e residual que se pode manter por razões de oportunidade.

Nos países capitalistas ���� Nº.1, do artigo 62.º da Constituição da República Portuguesa; ���� Que pode ser expropriada para utilização pública (n.º2, art. 87, da Constituição

da República Portuguesa) mediante o pagamento de uma indemnização ou sem indemnização no caso de abandono injustificado;

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���� O Artº 89.º, da Constituição da República Portuguesa refere a existência de 3 sectores de propriedade dos meios de produção dos solos e dos recursos. A apropriação dos principais meios de produção dá origem a um sector público, a um sector privado e a um sector cooperativo;

���� Na propriedade colectiva o art. 90.º, da Constituição da República Portuguesa, designa a propriedade social;

���� O CC não define o direito de propriedade, mas o seu artigo 1305.º caracteriza-o; ���� O proprietário tem poderes indeterminados, excepto em algumas determinações

impostas por lei (proibição do abuso do direito, cláusula geral, art. 334.º), mas é diferente das restrições do usufrutuário;

���� O direito de propriedade é elástico (pode ceder a propriedade e depois recupera-lo);

���� Direito perpétuo, não se extingue com o não uso. Neste caso (não uso) no artigo 87.º, da Constituição da República Portuguesa refere o problema da iniciativa de bens de produção:

o Compropriedade (1403.º); o Propriedade horizontal (1414.º);

O direito de propriedade não se confunde com os chamados direitos reais.

Direitos reais limitados A propriedade é o direito real máximo. Em confronto temos os direitos reais limitados que não conferem a plenitude dos poderes sobre as coisas em que a propriedade pertence a outrem Nos direitos reais limitados distinguem-se:

���� Os direitos reais de gozo – confere um poder de utilização total ou parcial de uma coisa, por vezes apropriação dos frutos que a coisa produza (usufruto, uso e habitação, direito de superfície, conjunto imobiliário destinado a fins turísticos):

o Usufruto o Uso e habitação o Direito de superfície o Servidões prediais o Direito de habitação periódica

���� Os direitos reais de garantia – direitos que confere o poder de um credor obter o pagamento da dívida de que é titular activo (penhor, hipoteca, direito de retenção). Verifica-se aqui uma conexão entre os direitos reais de garantia e os direitos de crédito. Os direitos reais de garantia estão ao serviço de pagamentos ou da satisfação do interesse do credor, são por isso acessórios dos direitos de crédito, pois extinguindo-se o direito de crédito, extingue-se o direito real, mas apresentam uma natureza jurídica própria

o Hipoteca o Privilégios creditórios especiais o Direito de retenção o Consignação de rendimentos

���� Os direitos reais de aquisição – confere a um determinado indivíduo a possibilidade de se apropriar de uma coisa (direitos reais de preferência [1409.º; 1555.º])

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7. A relevância Jurídica da Família Conjunto de pessoas unidas por vínculo emergente do casamento, do parentesco, da afinidade e da adopção: - Família Nuclear – cônjuge e filhos; - Grande Família – (todos os familiares); - O casamento (civil ou católico) dissolve-se por morte ou divórcio; - O divórcio pode ser por mútuo consentimento (1775.º; 1778.º) ou litigioso (1779.º a 1787.º); A ordenação da família e o seu reconhecimento é um dos princípios básicos do direito civil português. O direito da família é um direito institucional porque o legislador reconhece essa ordenação espontânea que se manifesta da família

Mas é necessário que essa ordenação seja disciplinada, porque: ���� A ordenação concreta e institucional da família não é completa e acabada ���� A legislação permite em situações de crise disciplinar com justiça ���� Pode o estado disciplinar uma matéria que é prática de outra forma na realidade

social

O direito da família é caracterizado por um predomínio de normas imperativas (não se podem afastar), permeável às modificações das estruturas políticas, económicas e sociais. Normas constantes na Constituição da República Portuguesa referentes à família Princípios:

���� Direito de celebração de casamento ���� Admissão do divórcio ���� Igualdade dos cônjuges ���� Não descriminação entre os filhos nascidos do casamento e fora dele ���� Artº 67.º - Dever de educação dos filhos ���� Artº 68.º - Protecção da maternidade ���� Artº 69.º - Protecção da família

Pode existir sem dissolução do vínculo conjugal, uma separação dos cônjuges e dos bens:

���� Separação judicial de bens (1767.º), por qualquer cônjuge quando estiver em perigo de perder o que é seu, por má administração do outro cônjuge

���� Separação judicial de pessoas e bens (1794.º), requerido por qualquer dos cônjuges, por comum acordo, ou por um dos cônjuges contra outro, com algum fundamento (1779º e 1781º)

Parentesco – vínculo entre duas pessoas, resultante de uma delas descender da outra (linha directa) ou ambas terem um progenitor comum (linha colateral)

Não existe diferença entre parentesco legítimo e ilegítimo. O estabelecimento da maternidade pode revestir de 3 formas:

���� Declaração de maternidade (1803.º) ���� Averiguação oficiosa (1808.º)

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���� Reconhecimento judicial (1814.º)

No matrimónio pressupõe-se que o pai é o marido da mulher (1826.º). No caso de filhos nascidos fora do casamento, o reconhecimento da paternidade pode fazer-se por:

���� Perfilhação (1849.º) – pode ser feito por intermédio de procurador com poderes especiais.

���� Averiguação oficiosa (1849.º) – quando no registo de nascimento não consta o nome do pai

���� Reconhecimento judicial – quando se duvida da paternidade, mas existe no registo pai e mãe. Quando é requerida pela mãe ou filho (1869.º e 1870.º) ou pelas pessoas mencionadas no art. 1818.º.

Afinidade – vínculo que liga um dos cônjuges aos parentes do outro (1584.º) Pode ser designado para designar tutor ou membro do conselho de família.

Adopção – vínculo que estabelece entre duas pessoas, um parentesco legal, por oposição ao parentesco natural. É constituído por sentença judicial. Pode existir adopção plena e adopção restrita.

8. Fenómeno Sucessório ou Sucessão por morte Chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução de bens que a esta pertenciam. Excluídas estão:

���� Relações pessoais (pensão de alimentos); ���� Outras constantes na lei (usufruto – 1476º);

Na Constituição da República Portuguesa – n.º 1, do artigo 62.º (direito de propriedade)

Direito sucessório – faz-se segundo determinado na lei em: ���� Testamento; ���� Contrato (2026º);

Sucessão ���� Legal

o Legitima (vontade da pessoa falecida) ���� Impõe a devolução de parte dos bens a certas pessoas mesmo

contra a vontade do falecido. ���� Através de normas supletivas

o Legitimária (não por vontade da pessoa falecida) ���� Devolução dos bens das pessoas integradas em certas categorias

designadas na lei, sem a vontade do falecido ���� Através de normas imperativas

���� Voluntária o Contrato (em casos excepcionais, em que é proibido os factos

sucessórios (n.º2, do 2028.º);

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o Testamento (devolução de bens segundo a vontade do falecido expressa num testamento válido e eficaz);

A sucessão legítima – chamamento dos herdeiros legítimos à sucessão por o autor da sucessão não ter disposto válida e eficazmente, no todo ou em parte, dos seus bens. Artº 2133 (sem prejuízo no titulo da adopção):

���� Cônjuge e descendentes; ���� Cônjuge e ascendentes; ���� Irmãos e seus descendentes; ���� Outros colaterais até ao 4.º grau; ���� Estado;

Nota – o cônjuge sobrevivo integra a 1ª. Classe, não podendo a sua quota ser inferior a ¼ da herança (n.º1, do art. 2139.º), salvo se o autor da sucessão não deixar descendentes e deixar ascendentes, neste caso passa a integrar a 2ª. Classe, a sua quota é de 2/3 (n.º1, do artigo 2142.º). Na falta de ascendente e descendentes recebe a totalidade da herança.

Sucessão Legitimária Chamamento dos herdeiros legitimários à sucessão de uma porção de bens de que o testador não pode dispor por ser destinada por lei aos herdeiros.

Os herdeiros são: ���� Cônjuges; ���� Descendentes; ���� Ascendentes (2157º);

O cônjuge se não houver ascendentes nem descendentes recebe metade da herança (2158º), se houver recebe 2/3 da herança (nº.1 do art. 2159º). Se não houver cônjuge, os filhos recebem metade ou 2/3 da herança, conforme exista dois ou mais herdeiros (n.º2, do art.2159º). Os descendentes de 2º. Grau (netos) e seguintes têm direito à parte que caberia aos ascendentes, sendo a parte fixada no artigo 2160º. A parte do cônjuge e dos ascendentes é de 2/3 da herança (n.º1, do 2161.º). Se não houver descendentes, nem cônjuge sobrevivo, os ascendentes recebem metade ou 2/3 da herança (n.º2, do 2161.º). É possível a deserdação devidamente fundamentada (2166.º)

Sucessão testamentária Chamamento à sucessão dos herdeiros designados em testamento. O testamento pode ser:

���� Formas comuns o Testamento público (2205.º) o Testamento cerrado (2206.º)

���� Formas especiais o Testamento militar o Testamento a bordo de nada ou aeronaves o Testamento em caso de calamidade pública

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Os sucessores podem ser: ���� Herdeiros (recebem a totalidade ou quota do património do falecido); ���� Legatários recebem bens ou valores determinados;

Relação jurídica

���� Sentido amplo – toda a relação da vida social relevante para o direito ���� Sentido restrito ou técnico – relação da vida social disciplinada pelo direito

mediante atribuição a uma pessoa de um direito subjectivo e a imposição a outra pessoa de um dever jurídico ou de uma sujeição

Em qualquer relação temos 2 sujeitos. Em que o sujeito A é o sujeito activo e que é atribuído o direito subjectivo ou poder jurídico e o sujeito B que é o sujeito passivo, com o dever jurídico ou estado de sujeição

Relação jurídica ���� Abstracta – relação pelo qual o inquilino deve a renda ao senhoria ���� Concreta – relação pelo qual o senhorio exige ao inquilino a quantia de €

300.00, para o pagamento da renda.

Instituto jurídico – conjunto de normas legais que estabelecem a disciplina de uma série de relações jurídicas em sentido abstracto, ligadas por uma afinidade.

A relação jurídica é a matéria sobre a que incide a regulamentação. O instituto jurídico é o conjunto de normas que regulamentam.

Estrutura da relação jurídica � Externa (relação jurídica que existe entre sujeitos que incide normalmente sobre

um objecto, que provém de um facto jurídico e que está dotado de uma garantia): o Sujeito o Objecto o Facto jurídico o Garantia

� Interna o Direito subjectivo o Direito jurídico

Direito subjectivo – poder jurídico de livremente exigir ou pretender de outrem um comportamento positivo (acção) ou negativo (omissão) ou de um acto livre de vontade, produzir determinados efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõe a outra pessoa.

Os poderes funcionais (poder paternal) que não pode ser exercido pelo titular conforme entender, mas como determina o direito e se não o fizer tem uma sanção.

Os poderes jurídicos (faculdade de contratar), não são autênticos direitos subjectivos. Consideram o direito subjectivo como uma ordem estrutural e não funcional (funcional – doutrina de Ihering) porque:

���� O interesse que é a finalidade do direito subjectivo caracteriza a função do direito, mas não define a sua estrutura.

���� Todo o direito subjectivo corresponde um interesse humano, mas o inverso não é verdade, pois há interesses titulados pelo direito objectivo (lei que estabelece a vacinação obrigatória, está a proteger o indivíduo) e existe também leis que protegem

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interesses não mediante a concessão de interesses, mas através de restrições à capacidade dos particulares (protecção de menores)

���� O interesse pode não se pautar rigorosamente pelo conteúdo do direito, por vezes verifica-se “o abuso do direito” (334.º)

No direito subjectivo verifica-se duas modalidades: � Direito subjectivo propriamente dito ou “stricto sensu”; � Direitos potestativos;

Direitos subjectivos propriamente ditos – Poder de exigir ou pretender de outrem um determinado comportamento positivo ou negativo, que se contrapõem ao dever de fazer ou não fazer. São os direitos de crédito, os direitos reais, direitos de personalidade, direitos de família (quando não são poderes/deveres). É o poder de exigir porque se o obrigado não cumprir, o titular de direito pode recorrer à autoridade pública e exigir o seu comprimento. Mas, por vezes, o obrigado cumpre com a obrigação tardiamente e posteriormente vem a saber que se não tivesse cumprido não era punido. Ele pode pretender a devolução, mas aqui a sua pretensão não é cumprida (obrigação natural – 402.º)

Direitos subjectivos potestativos Poderes jurídicos de, por um acto de livre vontade, só por si ou integrado por uma decisão judicial, produzir efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõem à contraparte

Os direitos potestativos podem ser: ���� Constitutivos – produzem a constituição de uma relação jurídica, por um acto

unilateral do seu titular. Ex.: direitos de preferência ou preempção (1117.º; 1380.º; 1409.º) constituição de servidão de passagem em benefício de prédio escavado (1550.º)

���� Modificativos – produzem uma modificação simples numa relação jurídica já existente e que continua a existir, mas com a modificação (separação judicial de pessoas e bens – 1794.º)

���� Extintos – produzem a extinção de uma relação jurídica existente (revogação do mandato [1170.º], direito de obter divórcio [1773.º]

O lado passivo da relação jurídica traduz-se num dever jurídico ou numa sujeição. Se o dever jurídico recai sobre uma ou mais pessoas (direitos reais), fala-se de direitos relativos, caso se imponha a todas as pessoas, fala-se em direitos absolutos ou relações jurídicas absolutas. No contrapolo dos direitos potestativos surgem as sujeições correspondentes em que o sujeitado tem que suportar as consequências, caso não o faça não está a infringir um direito potestativo mas um direito subjectivo propriamente dito. Por ex.: Se não produzir uma servidão em benefício de um prédio escavado (1550.º), está a infringir o dever jurídico contraposto ao direito de servidão e não à sujeição contraposta ao direito potestativo de construir a servidão.

Elementos da Relação Jurídica: Sujeitos, Objecto, Facto Jurídico e Garantia Sujeitos – As pessoas entre quem se estabelece o enlace, o vinculo respectivo, sendo estas titulares do Direito Subjectivo e das posições passivas correspondentes: dever jurídico ou sujeição. A personalidade jurídica é a susceptibilidade de ser titular de

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direitos e de obrigações, a susceptibilidade de ser titular de relações jurídicas. Pode tratar-se de pessoas singulares ou de pessoas colectivas.

Objecto – Aquilo sobre que incidem os poderes do titular activo da relação. Não é o próprio direito subjectivo e o correspondente dever jurídico: estes formam o conteúdo da relação jurídica. Não se trata dos poderes que integram o direito subjectivo: estes são o conteúdo do referido direito. Objecto da relação jurídica é o objecto do direito subjectivo que constitui a face activa da sua estrutura. Podem ser objecto de relações jurídicas outras pessoas, coisas corpóreas ou incorpóreas, modos de ser da própria pessoa e outros direitos. Os direitos potestativos não têm objecto no sentido aqui dado a este termo, mas têm apenas conteúdo.

Facto Jurídico – Todo o facto (acto humano ou evento natural) produtivo de efeitos jurídicos. Pode tratar-se de uma eficácia constitutiva, modificativa ou extintiva de relações jurídicas. Elemento da relação jurídica é o facto jurídico constitutivo. Tem um papel condicionante do surgimento da relação; é uma condição ou pressuposto da sua existência. Algumas vezes para além de condicionante, vai modelar o conteúdo da relação jurídica. Por exemplo, no domínio do principio da liberdade contratual. É o contrato que vai fixar o objecto dos direitos das partes e até o conteúdo dos mesmos. Sem o Facto Jurídico a relação não pode passar do plano dos arquétipos ou modelos para o plano das realidades concretas. A Garantia – Conjunto de providências coercivas, postas à disposição do titular activo de uma relação jurídica, em ordem a obter satisfação do seu direito, lesado por um obrigado que o infringiu ou ameaça infringir. Possibilidade, própria das relações jurídicas, de o seu titular activo pôr em movimento o aparelho sancionatório estadual para reintegrar a situação correspondente ao seu direito, em caso de infracção, ou para impedir uma violação receada. A Garantia só entra em movimento sob impulso do titular do direito subjectivo violado ou ameaçado. A sua forma mais frequente é a indemnização dos danos patrimoniais ou não patrimoniais, causados ao titular do direito.

Teoria Geral Dos Sujeitos Da Relação Jurídica Sujeito de direito São os entre susceptíveis de serem titulares de direitos e obrigações (singulares e colectivos), de serem titulares de relações jurídicas. São sujeitos, as pessoas singulares, com personalidade jurídica (66.º e 68.º), e com capacidade jurídica (67.º). A capacidade jurídica é diferente da capacidade de agir. A capacidade de agir relaciona-se com os casos de incapacidade [menoridade, interdição, inabilitação] (secção V) Capacidade

���� Jurídica ou de gozo – é uma medida que pode ser maior ou menor. São medidas dos direitos ou obrigações que uma pessoa pode ser titular

���� Agir ou de exercício – pressupõe que tenha a capacidade jurídica, plena capacidade de exercício (122.º; 123.º [o menor não tem a plena capacidade jurídica]; 127.º (excepções)

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Personalidade jurídica – aptidão para ser titular autónomo de relações jurídicas, que nas pessoas singulares é uma exigência de direito ao respeito e à dignidade que se deve reconhecer a todos os seres humanos. Nas pessoas colectivas é um processo técnico de organização das relações jurídicas. Quer isto dizer que a personalidade jurídica consiste na aptidão para ser sujeito de relações jurídicas (a personalidade jurídica é inerente á capacidade jurídica – 67). Fala-se em personalidade jurídica para exprimir a condição jurídica e fala-se em capacidade jurídica para exprimir a aptidão para ser titular de relações jurídicas.

Capacidade de exercício – idoneidade para actuar juridicamente exercendo direitos ou cumprindo obrigações, por acto próprio e exclusivo ou mediante representante voluntário ou procurador. Faltando aptidão estamos perante uma incapacidade de exercício de direitos que pode ser genérica (actos jurídicos gerais) ou especifica (alguns actos jurídicos em especial) As incapacidades podem ser:

���� Incapacidade de interditos (123; 139) ���� Incapacidade de inabilitados (152)

Esta incapacidade pode ser ultrapassada pela representação legal ou assistência. Nas pessoas colectivas a capacidade resulta da relação da pessoa colectiva com aqueles que hajam em nome dela. Toda a relação jurídica pressupõe um lado activo (um poder) e um lado passivo (uma vinculação), que tem que estar ligado por um sujeito (suporte). Por vezes verifica-se a falta do sujeito passivo (na herança, no período compreendido entre a morte do de cujos e a aceitação da herança). Alguns autores integram esta período numa categoria de direitos sem sujeitos, outros alegam que seria um estado de vinculação reservado a um direito futuro, alegando ainda outros que é apenas uma situação provisória em que a situação se mantém.

Retroacção da personalidade – é apenas uma questão dogmática. Para haver relação jurídica tem que haver sujeito passivo e activo o que conduz à tese dos Estados de Vinculação dos Bens.

A personalidade jurídica é atribuída a: ���� Pessoas singulares; ���� Pessoas colectivas;

o Sentido amplo – todas as organizações de bens e agrupamentos de homens personificados pelo direito

o Sentido restrito – todas as organizações e agrupamentos com excepções das sociedades

Pessoas singulares Noção – exigência de direito à dignidade e ao respeito que se tem de reconhecer a todos os seres humanos e não a uma mera técnica organizatória.

A personalidade jurídica adquire-se no momento do nascimento completo (separação do filho do corpo materno) e com vida (66, n.º1).

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A lei permite a doação aos nascituros concedidos ou não concedidos (952). Aos concedidos pode ser doações sem restrições, aos não concedidos só testamentária e contratualmente (2033). Os direitos dos nascituros dependem do seu nascimento, quer dizer que apesar de não terem personalidade jurídica, se reconhecem direitos embora dependentes de nascerem com vida e depois da sua separação materna (66, n.º2). Se por acaso a mãe estiver a tomar um medicamento que faça mal ao filho, o filho pode pedir indemnização após o seu nascimento. A personalidade jurídica cessa com a morte (68). Perde os direitos e os deveres, mas os patrimoniais são transmitidos para os sucessores. É admitida a reparação das lesões do direito à vida (70), pois a ofensa à vida é a ofensa máxima de personalidade e no artigo 496, n.º3 refere-se aos danos não patrimoniais sofridos pela vítima. Ao admitir a reparação do dano da vida, não se está a violar o artigo 68, n.º1, pois o que está em causa é o direito a uma compensação e não à transmissão do direito à vida. Qualquer falecimento é registado no registo civil da área onde ocorreu ou se encontrar o cadáver. Quando uma pessoa depende de outra para efeitos jurídicos e morrerem na mesma altura presume-se que morreram ao mesmo tempo, excepto se prova em contrário – Presunção de comoriência (n.º2, Artº 68º).

O desaparecimento de uma pessoa em que não haja dúvidas da sua morte implica a abertura do “processo de justificação judicial do óbito” a cargo do MP. Em caso de engano requer-se a invalidação do assento do óbito e aplica-se as regras de morte presumida, n.º3, Artº 68.

Direitos de personalidade São direitos gerais extra patrimoniais e absolutos. Protege vários modos do ser físico ou morais de personalidade e a sua violação é um facto ilícito criminal. Quando não é um facto ilícito criminal, existe um facto ilícito civil (n.º2, Artº 70) que desencadeia a responsabilidade civil do infractor, bem como certas providências adequadas às circunstâncias do facto (apreensão, publicação de sentença). Este desencadear de situações mantêm-se após a morte do lesado, pois em caso de lesão que provenha a morte, o direito à indemnização é deferida às pessoas constantes no artigo 495º e 496º. Direito à reserva sobre a intimidade da vida privada – Artº 80º. Direito ao nome – Artº 72º.

Os direitos de personalidade são inalienáveis e irrenunciáveis, caso há em que é possível como o consentimento do lesado a Irrenunciabilidade dos direitos de personalidade, mas tem que ser conforme os princípios da ordem pública (81º e 28º).

Podem existir limitações voluntárias ao direito:

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���� Integridade física – consentimento para intervenções jurídicas (participar em desportos violentos);

���� Liberdade – residir em determinado local, desenvolvimento de actividades profissionais, desde que conforme à ordem pública se temporal ou espacial;

���� Direito à honra – à reserva sobre a intimidade, á imagem;

Se não houver consentimento o lesado pode requerer uma indemnização, mas será importante invocar o artigo 570º, para efeito de redução, mas não exclui a responsabilidade criminal.

Capacidade jurídica – as pessoas podem ser sujeitos a quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em contrário.

Personalidade jurídica – condição jurídica. Capacidade jurídica – aptidão para ser titular de relações jurídicas.

Modalidades da incapacidade negocial ���� Incapacidade negocial de gozo – provoca a nulidade dos negócios jurídicos, os

negócios jurídicos a que se refere não podem ser concluídos por outra pessoa em nome do incapaz, nem com autorização de outra entidade

���� Incapacidade negocial de exercício – provoca a anulabilidade dos negócios jurídicos. Os negócios jurídicos a que se refere não podem ser concluídos pelo incapaz nem por seu representante, mas podem ser através dos meios destinados ao suprimento da incapacidade.

o Instituto de Representação Legal – a incapacidade do menor pode ser suprimida pelo poder paternal (124, 125);

o Instituto de Assistência (153); o Consentimento conjugal (1682 A, B, C; 1683; 1684);

A representação legal é a forma de suprimento da incapacidade. É designado pela lei ou em conformidade com ela, não é um representante voluntário. A assistência autoriza o incapaz a agir, pertencendo a iniciativa ao incapaz. A assistência pode intervir ao lado do incapaz.

Capacidade negocial de gozo Restrições

� Incapacidade nupcial (1601) � Incapacidade de testar os menores não emancipados e dos interditos por

anomalia psíquica (2180) � Incapacidade para perfilhar dos menores de 16 anos, dos interditos por

anomalia psíquica e dos notoriamente dementes no momento da perfilhação (1850)

As decisões são nulas, bem como as disposições testamentárias por força dos artigos 953.º, 2192.º; 2198.º. Mas não se trata de absoluta incapacidade, é uma indisponibilidade relativa (face ao objecto do negócio).

Verifica-se também proibições do domínio da compra e venda (876; 579; 877). Proíbe a doação entre casados (1765). Princípio da imutabilidade (1714, n.º1)

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Estamos perante uma indisponibilidade jurídica relativa, pois as pessoas abrangidas nas disposições dos artigos 876.º; 877.º; 261.º e 1714.º têm plena capacidade dos seus actos, sendo-lhe proibida pela relação com o objecto do negócio e com a outra parte.

As pessoas colectivas possuem plena capacidade negocial de exercício e só sofrem restrições quando estiverem privadas dos seus órgãos (mortes dos administradores) agindo outra entidade em seu nome e no seu interesse (representação) ou quando seja necessário autorização de certas entidades alheias à pessoa colectiva (assistência)

As pessoas singulares têm capacidade de exercício de direito face aos artigos 130.º e 133º e não pelo artigo 67.º

As incapacidades de exercício são: � Da menoridade (Artº 123º) � Da interdição (Artº 138º) � Da inabilitação (Artº 152º) � Do casamento (incapacidades conjugais) � Da incapacidade natural acidental – consistindo no não entendimento por

qualquer causa, do sentido da declaração negocial ou na falta de livre exercício da vontade (257º). Anulação testamentária 2199º, Inabilitações 156º e 139º, Interditos 139º e noção e regime 257º.

Podem ser requeridas pelas pessoas constantes nos artigos 125.º e 141.º, aplicáveis por força do artigo 139.º e 156.º

Incapacidade dos menores ���� Incapacidade geral (123º) – a norma pretende proteger o menor por considerar

que ainda não está em condições de compreender determinados negócios. Estes actos são excepções. São válidos porque se integram dentro da aptidão do menor.

o Abrange negócios de natureza pessoal ou patrimonial o Excepções à incapacidade

���� Artigo 127.º ���� Casar com mais de 16 anos (1601 – não tem capacidade jurídica

matrimonial, mas pode ser proprietário de um imóvel). Os pais podem não concordar o que é um impedimento e dá lugar a sanções especiais, mas não a sua anulação (1604 al.a); 1627; 1649) – o casamento é válido mas irregular

���� Fazer testamentos se emancipados (2189) ���� Perfilhar com mais de 16 anos

o A incapacidade termina aos 18 anos (se não tiver pendente uma acção de interdição ou inabilidade (131) ou for emancipado

o Os negócios jurídicos praticados pelo menor são nulos (125). A anulabilidade pode ser requerida pelo:

���� Representante do menor no prazo de um ano a contar da data

que teve conhecimento do acto ���� Menor no prazo de um ano, a contar da data de cessação da

incapacidade ���� Qualquer herdeiro, no prazo de um ano a contar da data da sua

morte, caos o menor tenha morrido antes da data que ele podia requerer a sua anulação

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Se o negócio não estiver cumprido não se invoca a anulabilidade, mas a invocação pela via da excepção. Se o menor usou o dolo ou a má fé (dizendo que é maior ou usando manobras fraudulentas) ninguém pode invocar a anulabilidade.

o A incapacidade do menor é superada pelo Instituto da representação e da assistência. No que se refere ao Instituto de Representação pode suprimir a incapacidade do menor através de:

���� Poder paternal (1878, n.º1) – compete aos pais no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover o seu sustento, dirigir a sua educação, representa-los ainda que nascituros e administrar os seus bens. Não há divisão entre os poderes especiais do pai e da mãe (princípio da igualdade – 1901), mas há uma divisão do poder paternal relativa à pessoa dos filhos (1885 – 1887) (ver art. 36.º, n.º5 e art. 67.º, al. c) da CRP) e poder paternal relativamente aos bens dos filhos (1888 – 1900) (ver 1878.º, n.º1; 1874). São excluídos da administração dos pais certos bens mencionados no artigo 1888.º, cuja autorização depende dos tribunais /1889) outra limitação resulta do artigo 1892.º, mera concretização da proibição genérica do negócio consigo mesmo (261). É um poder/dever ou um poder funcional. Existe uma dissociação entre o titular do poder e a titularidade do interesse prosseguido, razão porque também se demarca do direito subjectivo como regra.

•••• Âmbito e conteúdo do poder paternal – na realidade todos os aspectos da vida do menor, quer no plano patrimonial, quer no plano pessoal significa que:

o Dever de segurança e saúde (1878.º) o Poder de dirigir a educação (1878.º; 1885.º) o Poder de decidir a formação (1886.º) o Direito de escolher o nome do filho o Direito de exigir obediência (1878.º, n.º2) o Direito de exigir que tenha como residência a

residência escolhida pelos pais (1887.º)

���� Tutela – sempre que não se verifique o poder paternal (1921). Estão integrados o tutor, o protutor, o conselho de família e como órgão de controlo e de vigilância o Tribunal de Menores. Têm mais limitações que o poder paternal (1937; 1938). Nos casos em que seja exigida uma autorização do tribunal, exige-se um conselho prévio do conselho de família. As suas sanções (1939; 1940) e os seus actos são considerados inválidos do tipo misto e não puras nulidades ou anulabilidades

���� Administração de bens – coexiste com a tutela e com o poder paternal (1922). Tem lugar quando os pais mantendo a regência do filho, foram excluídos ou suspensos da administração de alguns ou de todos os bens, ou quando a entidade competente para designar o tutor confia em outra a administração dos bens, no todo ou em parte (1967; 1968; 1971)

Em regra o poder paternal cessa com a maioridade. Mas há caso em que não é assim, relaciona-se com o processo de interdição e inabilitação.

Anulabilidade dos actos do menor (125.º) – quem tem legitimidade para pedir a anulabilidade.

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���� Os pais do menor ou o menor logo que este atinja a maioridade. Emancipação – a única forma de emancipação é o casamento, mas tem que ser maior de 16 anos e ter autorização dos pais (1649.º) 1878.º - Conteúdo do poder paternal. 1889.º - Actos que dependem de autorização do tribunal.

Incapacidade dos interditos o Maiores, mas pode ser decretada a interditos dentro do ano anterior à

maioridade (138, n.º2) o Anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, quando a gravidade

tornem o interdito incapaz de reger a sua pessoa e bens e quando a anomalia psíquica ou física não o tornem inapto para a prática de gerir os seus interesses o incapaz será inabilitado. As deficiências devem ser habituais ou duradouras e actuais. Não basta ser incapacitado é necessário uma sentença judicial que declare esse incapacidade.

o O regime de incapacidade dos interditos é igual à dos incapacitados por maioridade

o A incapacidade é suprida mediante o instituto de representação legal. Se a tutela recai sobre os pais é como se fosse menor, aqui a competência do Tribunal de Menores recai sobre o Tribunal Comum. A sentença de interdição deve ser registada sob pena de não poder ser invocada contra terceiros em boa fé (1601, al.b)) não há lugar para o instituto de assistência

o No valor dos actos praticados pelo interdito tem que se ter em consideração três pontos

���� Depois do registo da sentença de interdição definitiva – os negócios jurídicos são anuláveis (148): no prazo de um ano para o próprio interdito a contar do levantamento da interdição e qualquer herdeiro deste no prazo de um ano a partir da morte do incapaz (aplica-se o art. 139.º, com as adaptações do art. 125.º). A anulação não pode ser requerida alegando intervalos de lucidez

���� Na pendência do processo de interdição – se o acto for praticado depois da publicação dos anúncios da proposição de acção e a interdição vem a ser decretada, haverá lugar à anulabilidade, desde que se mostre que o negócio causou prejuízo ao interdito, numa apreciação reportada ao momento da prática do acto (149). As doações também devem ser consideradas anuláveis porque qualquer doação causa empobrecimento imediato ao doador.

���� Anteriores à publicação da acção – são anuláveis os actos que: •••• No momento do acto haja uma incapacidade de entender

o sentido da declaração negocial ou falte o livre exercício de vontade •••• A incapacidade natural existente seja notória ou

conhecida do declaratário o É necessário prova da incapacidade no momento em que a declaração

de vontade foi emitida o Os portadores de anomalia psíquica estão ainda interditos da

capacidade de casamento, perfilhação e testamento. ���� Existindo uma anomalia psíquica não estando interdito é

anulável o casamento desde que haja demência notória, mas para a perfilhação não. ���� Se não houver interdição o testamento só não será anulado caso

se verifique os pressupostos da incapacidade acidental (2199), caso contrario será nulo.

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���� A interdição só termina com o levantamento da interdição requerido pelo próprio ou por qualquer pessoa com legitimidade para a requerer

Incapacidade dos inabilitados o Resulta de uma decisão judicial (152) o Indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora

de carácter permanente, não seja tão grave que justifique a interdição, indivíduos que revelem incapacidade de reger o seu património por habitual prodigalidade (despesas desproporcionais) ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou estupefacientes

o Abrange actos de disposição de bens entre vivos (exclui o testamento) e todos os que forem especificados na sentença, podendo esses bens ser entregues ao curador.

o A incapacidade é suprida pelo curador, que pode autorizar o instituto de assistência

o Aos actos praticados pelo inabilitado aplicam-se por força do art. 156.º os artigos 148.º; 149.º; 150.º. As características da anulabilidade aplicam-se com as necessárias adaptações os artigos 125.º; 139.º; 156.º

o A incapacidade só deixa de existir (155) se em caso de prodigalidade ou de abuso de bebidas alcoólicas ou estupefacientes

���� Prova de cessação daquela causa de inabilitação ���� Passados cinco anos sobre o transito em julgado da sentença de

inabilitação ou da sentença que desatendeu um pedido anterior de levantamento. Isto para evitar fingimentos.

Incapacidade conjugal o Restrições à livre actuação jurídica o Pretende proteger os interesses do outro cônjuge e da família o Artigo 1678.º o A incapacidade conjugal supera-se pelo consentimento do outro

cônjuge (1682º) que deve ser especial para cada acto e está sujeito à fórmula exigida para a procuração e pode ser judicialmente suprida, havendo injusta recusa ou impossibilidade de o prestar (1684º)

o Os actos são anuláveis (1687º) a requerimento do cônjuge que não deu o consentimento ou dos seus herdeiros nos seis meses subsequentes a que teve conhecimento, mas nunca depois de ter recorrido três anos sobre a sua celebração. A alienação ou oneração de bens sem o consentimento é aplicado o artigo 892.º e seguintes, mas temos que ter em atenção ao artigo 1687.º, n.º3, quando o adquirente age de boa fé em relação a móveis não sujeitos a registo.

Incapacidade acidental o Todos os actos em que a declaração negocial é feita por quem, devido a

qualquer causa (embriaguez, ira, delírio), estiver transitoriamente incapacitado de se representar ou não tenha o livre exercício da sua vontade

o Equiparado ao erro, dolo, coacção o O acto é anulável desde que seja notório ou conhecido pelo declaratário

e está sujeito ao regime geral de anulidade (287 e seguintes)

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o Tratando-se de uma incapacidade jurídica (ou gozo de direitos) os negócios são nulos (distinção entre anulidade e nulidade corresponde à distinção entre nulidade absoluta e nulidade relativa). A lei não diz de que forma jurídica são nulos, para alguns casos diz expressamente, quando não o diz podemos encontrar o seu fundamento no artigo 294.º, no qual resulta ser a anulabilidade uma forma de invalidade excepcional.

Tratando-se de incapacidade de exercício – tem lugar a anulabilidade dos actos praticados pelos incapazes. Na incapacidade dos menores, interditos ou inabilitados, a anulabilidade consta no artigo 125.º, aplicado por força do artigo 139.º e 156.º. só pode ser requerido pelas pessoas referidas e dentro dos prazos. A incapacidade conjugal consta no artigo 1687.º, mas os prazos só funcionam se o negócio tiver sido cumprido, caso contrário não existe prazo (287.º, n.º2)

Falido e insolvente civil ���� Só se verifica após uma declaração judicial de falência ou de insolvência ���� Falência – impossibilidade do comerciante cumprir as suas obrigações (1135 do

CPP). A falência pode ser a pedido do comerciante mediante apresentação ao tribunal competente com o pedido de convocação de credores, originando uma concordata com os credores para liquidar o passivo ou para a constituição de uma sociedade por quotas. Caso não se chegue a um acordo é declarado a falência do devedor. Quando o comerciante não apresentar o pedido, o mesmo pode ser requerido pelos credores ou MP quando haja indícios ou manifestações (fuga do comerciante, extraio de bens) que devem constar na declaração de falência (1174º. Do CPP). Nas sociedades de responsabilidade limitada o efeito é desencadeado quando o activo não cobre o passivo.

o Temos que ter em conta se o comerciante vai cumprindo as suas obrigações (mesmo recorrendo ao crédito), pois a declaração de falência pode prejudicar o seu negócio (desde que cumpra com as obrigações a pontualidade). Caso não pague origina um não pagamento em cascata.

���� Insolvência civil – situação privativa dos não comerciantes e consiste na insuficiência do activo patrimonial para cobrir o passivo

Em ambos os casos (falência e insolvência) implica a apreensão judicial dos bens (excepto os que a lei declara impenhoráveis), sendo eles entregues a um administrador. Se por acaso o falido vender um bem aprendido (massa), o acto é por força do artigo 1190.º ou 1315.º ineficaz em relação à massa falida independentemente da declaração judicial. Mas é uma ineficácia relativa, pois os negócios conservam-se válidos, podendo produzir os seus efeitos, desde que não prejudiquem a massa falida. Caso a massa negociada pelo falido não for liquidada no processo de falência, por não ter sido necessário, pode o seu comprador exigir a sua entrega, pois o negócio é válido. Se a massa for liquidada no processo de falência, resta ao comprador uma acção de indemnização contra o vendedor por não cumprimento, mas essa indemnização só será paga depois de liquidada as dívidas anteriores à declaração de falência ou de insolvência. A situação do falido e do insolvente não pode ser qualificada de incapacidade pois os seus actos são válidos e a incapacidade deve implicar a anulabilidade.

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O falido não pode negociar a massa para proteger os interesses dos credores (não tem legitimidade para praticar actos em relação à massa falida ou insolvente). As proibições dos incapacitados assentam na protecção do incapacitado No período anterior à declaração de falência os credores podem impugnar determinados actos do falido (instituto falimentar). Os actos que podem ser impugnados são: (1200 CPP):

���� Actos de diminuição do património do devedor a título gratuito nos dois anos anteriores à sentença incluem o repúdio da herança ou legado;

���� As partilhas amigáveis em que o falido recebe valores de sonegação, quando celebrados no ano anterior à declaração de falência;

���� 1201º e 1202º e 610º; o Acto oneroso efectuado nos dois anos anteriores á sentença a favor do

cônjuge, concubina, subordinados e parentes até ao 6º. Grau; o Pagamento (que habitualmente não sejam destinados) de dividas que

tiveram lugar no ano anterior à data da sentença; o Garantias reais constituídas por títulos posteriores aos das obrigações que

asseguraram no ano anterior à data da sentença e as constituídas simultaneamente com as obrigações respectivas dentro de noventa dias;

o Alienação onerosa dos familiares e quando realizadas dentro de noventa dias anteriores a data da sentença

Isto acontece para, por um lado proteger os interesses da colectividade dos credores não protegidos suficientemente pela impugnação Pauliana e por outro para proteger o interesse geral do crédito ou da segurança de terceiros, que não têm conhecimento da situação do falido. Verifica-se também que o período (2 anos) para os negócios gratuitos é maior. Isto porque não faz sentido efectuar negócios gratuitos quando se prevê uma situação de falência e sendo gratuito não resulta grande inconveniente para o comércio jurídico. Por outro lado a titulo oneroso era injusto para terceiros, pois ninguém efectua um negócio jurídico com um falido

Capacidade e legitimidade Capacidade – modo de ser ou qualidade do sujeito em si. Legitimidade – um modo de ser para com os outros. Ilegitimidade – a incapacidade origina anulabilidade, a ilegitimidade origina uma sanção diversa. Ex. A venda de coisa alheia corresponde à nulidade, ao negócio consigo mesmo anulabilidade.

Domicílio ���� Artigo 82.º

o Voluntário o Simples acto jurídico

���� Pode ter mais que um domicílio, se tiver mais que uma residência habitual

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poderão incorrer em imprecisões normativas ou doutrinais.

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���� Existe ainda: o O domicílio profissional (83), localiza-se no lugar onde a profissão é

exercida e é um simples acto jurídico o Domicílio electivo (84) – é o domicílio particular estipulado por escrito

para determinados negócios. É um acto negocial – negócio jurídico. Ex. Domicílio legal dos menores e dos interditos.

Ausência � Artº 89.º a 121.º � Não presença de alguém, acompanhado da falta de notícias do seu paradeiro � É importante para tomar medida a fim de evitar prejuízos de falta de

administração dos bens. � Faz-se um requerimento ao tribunal para a instauração da curadoria provisória

ou definitiva ou da declaração de morte presumível.

Medidas legais Curadoria provisória

o Quando desaparece alguém e é necessário administrar os seus bens e não existe representante legal ou procurador que queira administrar os seus bens.

o Pressupõe-se o regresso do ausente o Pode ser requerido pelo MP ou por qualquer interessado (91.º e 92.º) o O curador é um mero administrador e presta caução ou contas ao

tribunal anualmente ou quando o tribunal o entender (93) o A curadoria provisória termina:

���� Pelo regresso do ausente; ���� Se o ausente providenciar a administração dos bens; ���� Pela entrega dos bens a um curador definitivo ou cabeça-de-casal

(1030.º); ���� Pela certeza da morte;

Curadoria definitiva o A probabilidade de regressar é menor o Decorridos dois anos sem se saber do ausente ou cinco anos se tiver

deixado representante legal ou procurador bastante (99.º) o Requerida pelo MP ou interessados o Após a justificação de ausência abre-se o testamento e é efectuada a

partilha (103.º), os quais são considerados curadores definitivos (104.º) não são proprietários, mas recebem os lucros (111.º)

o Na curadoria provisória é necessário uma caução, na definitiva pode ou não ser necessário

o A curadoria definitiva termina: ���� Pelo regresso do ausente ���� Notícia da sua existência e local onde reside ���� Certeza da morte ���� Declaração de morte presumida

Morte presumida o Decorrido 10 anos sobre a data das últimas notícias ou 5 anos se

entretanto tiver completado os 80 anos

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o Se for menor, 5 anos sobre a sua falta em que ele completaria a maioridade, se fosse vivo.

o O casamento não cessa (115.º), mas o cônjuge pode casar de novo (116.º). Caso regresse o ausente considera-se o divórcio desde o dia em que se deu a morte presumível

o Em caso de regresso verifica-se o fenómeno de sub-rogação real, isto é, tem direito a:

���� Aos bens directamente adquiridos por troca com os bens do seu património (sub-rogação directa)

���� Aos bens adquiridos com o preço dos alienados, se no documento da aquisição fizer menção da proveniência do dinheiro (sub-rogação indirecta)

���� Ao preço dos bens alienados (sub-rogação directa) ���� Se por acaso houve má fé dos sucessores tem direito a uma

indemnização.

Pessoa colectiva Organizações constituídas por uma colectividade de pessoas ou por uma massa de

bens dirigidos à realização de determinados fins comuns ou colectivos, aos quais a ordem jurídica atribui personalidade jurídica

Pertencem à categoria de pessoas colectivas: ���� Estado, freguesias, associações recreativas ou culturais, fundações, etc.

Espécies fundamentais de pessoas colectivas: ���� Corporações – Organização de pessoas que visa a realização de fins comum ou

colectivos que a ordem jurídica atribui personalidade jurídica. O factor essencial são as pessoas

���� Fundações – conjunto de bens adstritos pelo fundador a um escopo (finalidade) ou interesse social. O elemento essencial é o património, a massa de bens. O fundador pode fixar as normas de funcionamento e destino. Criada a fundação, o fundador fica fora dela. A fundação é governada de fora, pela vontade do fundador. A administração deve obediência a lei do fundador.

A função económico-social do instituto da personalidade colectiva liga-se à realização de interesses comuns ou colectivas (respeitante a uma pluralidade de pessoas) de carácter duradouro /excede a vida dos homens. Elementos constitutivos das pessoas colectivas

���� Substrato (elemento material) o Elemento pessoal o Elemento teleológico o Elemento intencional o Elemento organizatório

���� Reconhecimento (elemento de direito que a lei reconhece expressamente)

Substrato – conjunto de elementos da realidade extra jurídica (factos exterior ou psicológicos) elevada à qualidade de sujeito jurídico pelo reconhecimento. Subdivide-se em:

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���� Elemento pessoal ou patrimonial – o elemento pessoal verifica-se nas corporações. É um conjunto de associados que actua através de actividades pessoais e materiais para a realização de um finalidade (escopo) comum. O elemento patrimonial verifica-se nas fundações, são os bens que o fundador afectou à fundação (designa-se dotação). Existe um elemento pessoal nas corporações e um elemento patrimonial nas fundações porque o elemento pessoal nas corporações é essencial, já que pode não ter património (fins de assistência moral) e mesmo quando existe (património) é os associados que estão em primeiro lugar. Nas fundações é o elemento patrimonial que é relevante, pois a actividade pessoal é subordinada ao elemento patrimonial. Os beneficiários podem ser um grupo sem contornos definidos e até o fundador pode estar fora da fundação.

���� Elemento teleológico – A pessoa colectiva deve prosseguir uma certa finalidade (fim comum colectivo)

Requisitos da pessoa colectiva o Deve revestir os requisitos gerais do objecto de qualquer negócio

jurídico (280.º), deve ser determinável, fico ou legalmente possível, não contrario à lei ou à ordem pública, nem ofensivo aos bons costumes

o Deve ser comum ou colectivo – as fundações não podem estar dirigidas a um fim privativo do fundador ou das suas famílias. As associações como não têm em vista o lucro, não há preceito expresso.

o Podemos ainda considerar que o escopo das pessoas colectivas deve ser duradouro ou permanente. Mas neste caso não pode ter-se como exigência legal, mas como um aspecto a considerar perante um caso concreto pela entidade pública

���� Elemento intencional – a intenção de constituir uma nova pessoa jurídica distinta dos associados, do fundador ou dos beneficiários. A exigência deste elemento radica na circunstância de que a constituição de uma pessoa colectiva tem origem num negócio jurídico – O acto de constituição nas associações (167.º), o contrato de sociedade para as sociedades (980.º) e o acto de instituição nas fundações (186.º). por falta deste elemento carecem de personalidade jurídica as comissões especiais para realizar qualquer plano de assistência, pois estabelecem princípios de responsabilidade pessoal e regras de aplicação dos fundos. Aplica-se também, por analogia, ao património de oblação (fundos obtidos por uma pessoa para fins de beneficência), bem como as fundações de facto (indivíduo cria obras de utilidade pública financiando-a com uma certa parte, mas sem criar vínculo jurídico) e as fundações fundiárias (indivíduo dispõe de uma parte do património a favor de uma pessoa colectiva, de utilidade publica já existente)

���� Elemento organizatório – a pessoa colectiva integra uma pluralidade de

pessoas e bens de uma forma unificadora. Traduz um conjunto de preceitos que disciplina o funcionamento da pessoa colectiva.

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Reconhecimento (157º. CC) Elemento de direito, redutor da dispersão e pluralidade do substrato do sujeito de direito.

Verificado o reconhecimento surge a pessoa colectiva. Existem várias modalidades de

reconhecimento.

Fundamentação legal � Reconhecimento normativo (158.º, n.º 1, CC) – derivado

automaticamente da lei. o Incondicionado – a ordem jurídica atribui personalidade jurídica de

plano sem exigência à pessoa colectiva o Condicionado – o reconhecimento é de caracter global (a norma jurídica

é dirigida a uma generalidade de casos). A lei exige determinados requisitos ou pressupostos, que depois de verificados constitui automaticamente a pessoa colectiva, sem apreciação de oportunidade e conveniência por parte do Estado.

� Reconhecimento especial (158.º, n.º2, CC) – a autoridade pública, perante um caso concreto concede ou não o substrato.

Razões justificativas do reconhecimento: ���� Estado pretende disciplinar a constituição e características das pessoas

colectivas a fim de evitar poderes superiores ao Estado ou com actividades contrárias ao interesse público

���� Evitar pessoas colectivas incapazes de sobreviver ���� Publicidade da pessoa colectiva que permite segurança e facilidade do

comércio jurídico de terceiros

Classificação das pessoas colectivas � Classificação doutrinal – não estão consagradas e definidas abertamente na lei � Classificação legal – classificação aberta e explicita na lei

A pessoa colectiva não surge se o substrato não for elevado à categoria de ente de direito, é elevado à categoria de ente de direito quando lhe for reconhecida (158.º). O substrato tem de estar de acordo com o Artº 280.º CC)

Classificação doutrinal Corporações

���� Colectividade de pessoas; ���� Constituídas e governadas por um agrupamento de pessoas que aceita os

estatutos, podendo altera-los e dominam o destino das corporações; ���� Visão o fim próprio dos associados;

Fundações

� Massa de bens; � Acto unilateral do fundador, que afecta a massa a um escopo de interesse social,

estabelecendo as normas (para sempre) da fundação. � Visa um interesse social, estranho às pessoas quem entram na organização. São

regidos por vontades transcendentes.

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� O fundador pode fazer parte da administração. Mas ultrapassada a fase constitutiva da fundação, deixa de ter poder de alterar a lei.

4 Critérios para efeito se estamos perante pessoas colectivas públicas ou privadas 1. Critério do fim 2. Critério da titularidade do poder da autoridade 3. Critério da criação 4. Critério da integração

Critério do fim Pessoas colectivas públicas defendem ou prosseguem fins da colectividade ou fim geral. Defendida pelo Prof. Cabral Moncada. Este critério sofre a mesma critica que a distinção entre direito público e direito privado. Nos termos do n.º1, do art. 188, as fundações tem que prosseguir fins de interesse geral e no entanto são Pessoas colectivas privadas. Segundo o Prof. Freitas de Amaral as Pessoas colectivas públicas prosseguem sempre fins públicos e as Pessoas colectivas privadas apenas os asseguram.

Critério da titularidade do poder da autoridade Segundo este critério as Pessoas colectivas públicas participam do poder de autoridade (ius imperium) sendo as outras privadas. Freitas de Amaral; Mota Pinto. O problema que se levanta é saber se o poder advêm de uma outra Pessoas colectivas públicas ou não.

Critério da criação É certo que os ente públicos podem criar Pessoas colectivas privadas e não é possível o contrario. Critério da integração Segundo o Prof. Castro Mendes são Pessoas colectivas públicas todas aquelas que se integram na organização política estadual e as outras são privadas. O problema reside em saber o que se entende por integração

Critérios ecléticos Para o Prof. Paulo Cunha, Pessoas colectivas públicas são aquelas que prosseguem interesses de ordem geral ou ordem pública, mediante o exercício em nome próprio de poderes de autoridade. Para o Prof. Castro Mendes, Pessoas colectivas públicas prosseguem permanentemente fins de interesse público, reflectindo-se esta finalidade relevantemente na sua constituição e no seu regime Para o Prof. Marcelo Caetano e Freitas de Amaral, são Pessoas colectivas públicas as criadas por acto de poder público e existem para prossecução de interesses necessariamente públicos e exercem em nome próprio poderes de autoridade.

Pessoas colectivas do direito privado e pessoas colectivas do direito público ���� São de direito público as pessoas colectivo que por via normativa ou através de

determinações concretas executam comando vinculativos executáveis, pela força se necessário, mesmo contra os destinatários.

���� São de direito privado todas as outras.

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A primeira pessoa colectiva é o Estado, que compete a totalidade do poder público, pendo ser concedido pelo Estado a outras pessoas. Os subordinados ao Estado chamam-se “entre públicos menores”.

Categorias de pessoas colectivas de direito público ���� Pessoas colectivas de população e território (Estado e autarquias locais) ���� Serviços públicos ou institutos públicos (Universidade, INATEL)

Diferença entre pessoa colectiva de utilidade pública e de utilidade particular no direito privado

���� Pessoas colectivas de utilidade pública o Pessoas colectivas de direito privado e de utilidade pública – tem

como escopo o interesse público que concorre com a satisfação dum interesse dos associados ou do fundador. Divide-se em:

���� Pessoas colectivas de fim desinteressado ou altruístico – o interesse é promover certos interesses de outras pessoas. Os associados ou fundador defendem determinados interesses alheios. São de interesse público porque à comunidade importa que tais interesses sejam satisfeitos.

���� Pessoas colectivas de fim interessado ou egoístico – (corporações) o escopo visado interessa de modo egoístico aos associados, mas ao mesmo tempo tem interesse para a comunidade. Pode dividir-se:

•••• Pessoas colectivas de fim ideal – o objectivo egoístico consiste num interesse de natureza ideal (não económico), é o caso dos clubes recreativos

•••• Pessoas colectivas de fins económicos não lucrativos – consiste em obter certas vantagens patrimoniais para os associados, mas não é lucrativa, pois não pretende obter lucros para repartir com os associados (corporativas de consumo, sindicatos)

���� Pessoas colectivas de direito privado de utilidade particular o Mero interesse particular. O interesse público não assume relevo

especial o Integram as sociedades, os agrupamentos complementares de

empresas (ACE), que são agrupamentos de pessoas singulares ou colectivas com o objectivo de melhorar o resultado das actividades económicas, mediante a realização de estudos entre outros. Não visam realizar e partilhar lucros.

o As corporativas não estão aqui integradas, pois não visam maximizar os lucros, mas proporcionar vantagens para eles e para os consumidores. Classificação legal das pessoas colectivas (157º).

���� Associações – pessoas colectivas de substrato pessoal, que não pretende obter lucros para distribuir pelos sócios. São as corporações de fins desinteressados ou interessado, ideal ou económico não lucrativo.

���� Fundações – só podem obter personalidade jurídica em que o fim for de interesse social.

���� Sociedades – só são pessoas jurídicas as sociedades comerciais e civis em forma comercial (104.º e segs; 904.º e segs.). Duas ou mais pessoas que se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de uma certa actividade económica a fim de repartir os lucros dessa actividade.

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As associações e as sociedades são modalidades de pessoas colectivas ou tipo corporativo Tipo de sociedades

� Sociedades civis � Sociedades comerciais

o 980.º o Praticar um ou mais actos de comércio o Personalidade Jurídica (108.º)

Sociedades civis Dividem-se em:

� Sociedades civis sob forma comercial – Podem praticar actos de comércio. Ficam sujeitos ao Código Comercial, excepto quanto à falência. Aplica-se o Instituto de insolvência.

� Sociedades civis sob forma civil – não praticam actos de comércio Responsabilidade dos sócios perante os credores nas sociedades comerciais e sociedades civis sob a forma comercial. TIPOS

� Sociedade em nome colectivo – responsabilidade pessoal, solidária e ilimitada � Sociedades anónimas – sócios isentos de responsabilidade pessoal, cada sócio

responde com a fracção do capital que subscreveu. � Sociedade em comandita – combinação dos anteriores. Existe sócios cuja

responsabilidade é ilimitada (sócios comanditados) e sócios que só arriscam o valor das suas entradas como accionistas (sócios comanditários)

� Sociedade por quotas – cada sócio responde pela sua quota (tal como nas sociedades anónimas), mas também responde solidariamente pelas quotas dos outros associados, caso estes não tenham a respectiva quantia.

Face á proliferação de novas empresas, presentemente podem ainda ser qualificadas (705.º alínea b)):

���� Empresas públicas e nacionalizadas o Empresas públicas nacionalizadas – são declaradas pelo legislador como

pessoas colectivas públicas (é a lei que o diz, caso dos CTT) o Empresas públicas submetidas ao regime geral definido pelo DL

260/76. – Consideram-se empresas públicas para uma melhor gestão da unidade produtiva. São pessoas colectivas privadas que estão sujeitas à jurisdição dos tribunais, não beneficiam de isenções. São sujeitas ao registo comercial.

o Empresas públicas de regime especial – exploram serviços públicos. São consideradas pessoas colectivas públicas porque a jurisdição pertence aos tribunais administrativos, têm prerrogativas de autoridade

���� Pessoas colectivas de utilidade pública – os seus fins são de interesse geral da comunidade. Gozam de benefícios fiscais e de outras regalias. São pessoas colectivas privadas.

���� Instituições de previdência – pessoas colectivas públicas ���� Instituições privadas de solidariedade social – são pessoas colectivas privadas e

se não forem legalmente registadas adquirem a categoria de pessoa colectivas de direito privado e utilidade pública (misericórdias, associações de socorros mútuos, fundações de solidariedade social).

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���� Unidade de exploração colectiva de trabalhadores (UCP) – associações de trabalhadores. Quando forem jurídicas são consideradas pessoas colectivas privadas

���� Associações e partidos políticos – pessoas colectivas privadas (47.º CRP) ���� Associações de classes – associações patronais ou sindicais.

Formação do substrato das associações

���� 167.º; 168.º ���� O acto de constituição e os estatutos estão sujeitos à exigência da forma e

publicação, sob pena de ineficácia em relação a terceiros. ���� A falta da escritura pública provoca a sua nulidade (158.º, 195.º e segs.) ���� Tem que existir um contrato de sociedade

Instituição por testamento A instituição visa a criação de um novo entre jurídico. É livremente revogável até à morte do testador, tornando-se depois irrevogável. Se forem todos os bens do testador aplicam-se certas normas privativas da instituição de herdeiro (2301.º, 2068.º). Se forem apenas alguns aplicam-se normas privativas do legado. No caso dos estatutos terem sido formulados pelo testador devem os herdeiros ou executores do testamento requerer o reconhecimento. Se os estatutos não forem formulados pelo testador, deve o executor do testamento elabora-lo ou completa-lo. Caso não o faça deve ser a própria entidade competente para o reconhecimento a elaborar (187.º)

Instituição por acto entre vivos ���� Só em casos previsto na lei (457.º) ���� Está prevista na lei (185.º) ���� À que considere que o acto de instituição é dividido em dois

o Uma acto ou negócio de fundação que visa a constituição de um novo entre jurídico

o Acto ou negócio de dotação, liberalidade a favor do sujeito de direito criado pelo primeiro

Mas não pode ser assim, porque: o A vontade do instituidor não basta para criar um novo sujeito de

direito, sendo necessário a intervenção do reconhecimento o O artigo 188º estabelece que será negado o reconhecimento se não for

afectos à fundação bens suficientes, o que quer dizer se um acto não pode subsistir sem o segundo.

���� Se o instituidor se arrepender do acto de instituição e quiser revogar a dotação, pode faze-lo, pois só se torna irrevogável quando for requerido o reconhecimento ou principiar o processo oficioso. Mesmo que o fundador morra não pode ser revogado pelos herdeiros, excepto por força de normas sobre a sucessão Legitimária.

Reconhecimento das pessoas colectivas Na nossa lei manifestam-se 2 modalidades

���� Reconhecimento normativo condicionado ���� Reconhecimento por concessão

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O código civil de 1966, reconhecia o reconhecimento por concessão para as fundações e para as instituições com o objectivo de efectuar um maior controlo o que provocou um desenvolvimento das sociedades comerciais que adquiriram personalidade jurídica, mediante o reconhecimento normativo condicionado. Com a CRP de 1976, que veio consagrar “o direito livre e sem qualquer autorização de construir associações, desde...”, o reconhecimento foi-se alterando com diversos diplomas. Hoje, mas associação verifica-se um reconhecimento normativo condicionado. É necessária uma escritura pública (158.º, n.º 1 e 168.º, n.º 1), que é realizada perante o notário (1º. Controlo da legalidade). Na falta dos requisitos previsto no 167.º e a violação do art. 280.º podem gerar a nulidade. A vantagem do notário é evitar a posterior extinção judicial por falta de requisitos ou objectivos contrários à ordem pública. Em caso de recusa de escritura por parte do notário é possível recurso para o tribunal da comarca a que pertence a sede da repartição, bem como reclamação hierárquica. Após a escritura pública o notário comunica a constituição, os estatutos e suas alterações à autoridade administrativa e ao MP e remete ao jornal oficioso um extracto para publicação (168.º). O MP pode promover a declaração judicial de nulidade, quando haja violação do art. 280.º, do mesmo modo que qualquer pessoa pode pedir a sua extinção (183.º, nº.2) A escritura pública confere uma maior solenidade do acto da constituição, segurança jurídica (acto celebrado e confirmado pelo notário) e um controlo prévio de legalidade. As alterações aos estatutos são feitas mediante escritura pública (168.º). A extinção das associações é feita através de decisões judiciais (182.º, n.º 2) O reconhecimento das sociedades comerciais ou civis em forma comercial é um reconhecimento normativo condicionado. Não é por ser necessário um notário que é um reconhecimento por concessão porque o notário não faz uma apreciação, apenas verifica se existe nulidade. As associações que não são reconhecidas são consideradas associações sem personalidade jurídica (195.º) É da competência da autoridade administrativa o reconhecimento da personalidade jurídica das fundações (158.º). Essa competência é vinculativa no que se refere aos conceitos de possibilidade física e legal e de não contrariedade á lei (280.º), bem como não contrário à ordem pública, nem ofensivo aos bons costumes (elemento objectivo de conteúdo indeterminado). É discricionário (autoritário) os poderes de apreciação que põe fim á fundação por não ser considerada de interesse social (188.º)

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Tem um regime especial as eclesiásticas (pessoas colectivas eclesiásticas da igreja católica e as pertencentes a confissões diferentes da igreja). As pessoas eclesiásticas da igreja católica adquirem personalidade jurídica mediante a participação escrita feita pelo bispo da diocese onde tiver a sua sede ou pelo seu legítimo representante ao governador civil e podem ou não participar no culto. As pertencentes a confissões diferentes da igreja adquirem personalidade jurídica pelo acto de registo da participação escrita da sua constituição. As pessoas jurídicas tem capacidade para o exercício de direito porque as pessoas físicas agem em seu nome e no seu interesse e são considerados verdadeiros órgãos (162.º; 163.º; 165.º), só tem limitações quando é necessário a autorização de certas entidades alheias à pessoa colectiva (165.º). Quanto ao instituto de representação legal ou voluntária, não tem responsabilidade os representados pelos actos ilícitos extracontratuais dos seus representantes, nem a obrigação de indemnizar, porque resulta de um comportamento dos próprios (os representantes são os únicos responsáveis) (438.º) excepto no caso do artigo 500.º, em que o procurador é considerado um comissário e são formuladores da vontade da pessoa colectiva. A capacidade jurídica das pessoas colectivas é específicas enquanto das pessoas singulares é geral. Limitações

���� Relações jurídicas vedadas por lei (direito de uso e habitação (1484.º); capacidade testamentária activa (2182.º)

���� Relações jurídicas que sejam inseparáveis da pessoa singular (casamento, filiação), mas podem ser titulares de direitos de personalidade (direito de nome – 70.º)

���� Contrário ao artigo 160.º, n.º1 – estão fora da capacidade jurídica os direitos e obrigações que não são necessários ou convenientes (princípio da especialidade do fim). M. de Andrade considera que é possível desviar o princípio da especialidade para fazer doações [nas doações pode ser requerida a nulidade por qualquer sócio] e receber liberalidades (quer por doação, quer por testamento [testamento – capacidade testamentária passiva 2033.º]) Responsabilidade civil

���� Responsabilidade contratual – culpa para os órgãos ou agentes da pessoa colectiva pelo inadimplemento da obrigação e resultar danos. O contrato tem que ser celebrado por pessoa competente para o fazer (conjugar o artigo 800.º com o 165.º)

���� Responsabilidade extracontratual – responsabilidade de risco (responsabilidade aquiliana). O artigo 165.º remete para o artigo 500.º, em que a responsabilidade é do comitente por actos dos seus cometidos. A pessoa colectiva só é responsável se:

o Recai-a sobre o órgão (pessoa física) a obrigação de indemnizar (500.º, n.º 1), que tinha havido culpa da pessoa física (483.º) ou sem culpa, é o caso d acidente de viação (503.º), mas tem que causar danos e que se verifique uma relação de causalidade

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o Que o acto seja praticado pelo órgão, agente ou mandatário no exercício da função que lhe é confiada (quando conduzia a viatura de serviço da sociedade, mas já não é considerado quando faz um desvio para tratar de assuntos particulares ou quando provoca um dano intencional)

o Se não for possível determinar o órgão ou agentes culpado do acto, responde só a sociedade. A pessoa colectiva ficava conjuntamente com o órgão, agente ou mandatário obrigado a indemnizar (500.º, n.º 1), rata-se de uma obrigação solidária (497.º, n.º1, por força do 499.º)

o A pessoa colectiva que indemnizou tem direito a ser indemnizada pelo órgão, agente ou mandatário, desde que haja culpa deste no plano das relações internas.

o O órgão, agente ou mandatário depois de ter indemnizado a vítima pode exercer a “acção de regresso ou recursória” contra a pessoa colectiva, se não houver culpa da sua parte no plano interno.

A tradição da aquisição ou alienação remonta o liberalismo económico quando a igreja começou a pagar impostos das terras adquiridas (gratuitamente ou onerosamente) numa tentativa de combater a imobilização fundiária. O artigo 161.º permitiu livremente a aquisição a título gratuito, mas estabelece uma incapacidade para o exercício de direitos no que se refere à aquisição onerosa de bens imóveis a à alienação ou oneração dos mesmos a qualquer título. Esta incapacidade é suprível por uma autorização do governo. Esta autorização (que não se aplica às sociedades) tem como objectivo controlar a gestão das associações e fundações, bem como tutelar a realização dos fins de utilidade pública que pretendia. A sanção à falta de autorização é uma invalidade mista (principalmente nulidade mas com características de anulabilidade). Nulidade – invocada a todo o tempo, por qualquer interessado, mas tem que ser confirmada Anulabilidade – a pedido de certas pessoas, dentro de um ano, a contar da cessação que lhe serve de fundamento e é sanável por confirmação. A falta de confirmação é uma ineficácia porque pode ser solicitado por qualquer interessado a todo o tempo, mas só é sanável por autorização posterior do governo.