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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Fonte: www.seuconcurso.com.br/interpretsss/inter01.htm Texto 1 COMO O REI DE UM PAÍS CHUVOSO Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio. Ele se manifesta de diversas maneiras. Algumas de suas vítimas invadem o “shopping center” e, empunhando um cartão de crédito, comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos. A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a “reality shows”, os quais, por razões que me escapam, tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica. O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio. Crianças sempre foram capazes de se divertir umas com as outras ou até sozinhas. Dotadas de cérebros que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente, qualquer um, no qual tudo é novo, tudo é infinito, nunca lhes faltam informação e dados a processar. Elas não precisam ser entretidas pelos adultos, pois o que quer que estes façam ou deixem de fazer lhes desperta, por definição, a curiosidade natural e aguça seus instintos analíticos. E, todavia, os pais se veem cada vez mais compelidos a inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, um conceito que, na minha infância, não existia. É a idéia de que, se a família os ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida. Sendo assim, os pais, simplesmente, não deixam os filhos pararem. Se o mal em si nada tem de original e, ao que tudo indica, surgiu, assim como o medo, o nojo e a raiva, junto com nossa espécie ou, quem sabe, antes, também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias para sofrer dele. Falamos do homem cujas refeições da semana dependiam do que conseguiria+ caçar na segunda-feira, antes de, na terça, estar fraco o bastante para se converter em caça e de uma mulher que, de sol a sol, trabalhava com a enxada ou o pilão. Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e sistemático para se manifestar em grande escala. Ninguém lhe oferecia facilidades. Por isso é que, até onde a

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INTERPRETAO DE TEXTOS

Fonte: www.seuconcurso.com.br/interpretsss/inter01.htm

Texto 1

COMO O REI DE UM PAS CHUVOSO

Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tdio. Ele se manifesta de diversas maneiras. Algumas de suas vtimas invadem o shopping center e, empunhando um carto de crdito, comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos. A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a reality shows, os quais, por razes que me escapam, tornam interessante para seu pblico a vida comum de estranhos, ou seja, algo idntico prpria rotina considerada vazia, claustrofbica.

O mal ataca hoje em dia faixas etrias que, uma ou duas geraes atrs, julgvamos naturalmente imunizadas a seu contgio. Crianas sempre foram capazes de se divertir umas com as outras ou at sozinhas. Dotadas de crebros que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente, qualquer um, no qual tudo novo, tudo infinito, nunca lhes faltam informao e dados a processar. Elas no precisam ser entretidas pelos adultos, pois o que quer que estes faam ou deixem de fazer lhes desperta, por definio, a curiosidade natural e agua seus instintos analticos. E, todavia, os pais se veem cada vez mais compelidos a inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, um conceito que, na minha infncia, no existia. a idia de que, se a famlia os ocupar com atividades, os filhos tero mais facilidades na vida.

Sendo assim, os pais, simplesmente, no deixam os filhos pararem. Se o mal em si nada tem de original e, ao que tudo indica, surgiu, assim como o medo, o nojo e a raiva, junto com nossa espcie ou, quem sabe, antes, tambm verdade que, por milnios, somente uma minoria dispunha das precondies necessrias para sofrer dele. Falamos do homem cujas refeies da semana dependiam do que conseguiria+ caar na segunda-feira, antes de, na tera, estar fraco o bastante para se converter em caa e de uma mulher que, de sol a sol, trabalhava com a enxada ou o pilo. Nenhum deles tinha tempo de sentir o tdio, que pressupe cio abundante e sistemtico para se manifestar em grande escala. Ningum lhe oferecia facilidades. Por isso que, at onde a memria coletiva alcana, o problema quase sempre se restringia ao topo da pirmide social, a reis, nobres, magnatas, aos membros privilegiados de sociedades que, organizadas e avanadas, transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de pouqussimos eleitos.

O tdio, portanto, foi um produto de luxo, e isso at to recentemente que Baudelaire, para, h sculo e meio, descrev-lo, comparou-se ao rei de um pas chuvoso, como se experimentar delicadeza to refinada elevasse socialmente quem no passava de aristocrata de esprito.

Coube Revoluo Industrial a produo em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mnima. E, se houve um produto que se difundiu com sucesso notvel pelos mais inesperados andares e cantos do edifcio social, esse produto foi o tdio. Nem se requer uma fartura de Primeiro Mundo para se chegar sua massificao. Basta, a rigor, que satisfao do biologicamente bsico se associe o cerceamento de outras possibilidades (como, inclusive, a da fuga ou da emigrao), para que o tempo ocioso ou intil se encarregue do resto. Foi assim que, aps as emoes fornecidas por Stalin e Hitler, os pases socialistas se revelaram exmios fabricantes de tdio, nico bem em cuja produo competiram altura com seus rivais capitalistas. O tdio no piada, nem um problema menor. Ele central. Se no existisse o tdio, no haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas. Seja como for, nem esta nem solues tradicionais (a alta cultura, a religio organizada) resolvero seus impasses. Que fazer com essa novidade histrica, as massas de crianas e jovens perpetuamente desempregados, funcionrios, gente aposentada e cidados em geral ameaados no pela fome, guerra ou epidemias, mas pelo tdio, algo que ainda ontem afetava apenas alguns monarcas?

ASCHER, Nlson, Folha de S. Paulo, 9 abr. 2007, Ilustrada. (Texto adaptado)

Questo 01

O ttulo do texto Como o rei de um pas chuvoso contm, sobretudo,

A) uma aluso anttese entre a facilidade de provimento das necessidades materiais e o vazio decorrente do cio e da monotonia pela ausncia de motivos por que lutar.

B) uma comparao que trata da dificuldade de convivncia entre a opulncia do poder e a manipulao decorrente do consumismo exacerbado.

C) uma metfora relacionada coabitao da angstia existencial contempornea com a busca de sentidos para a vida, especialmente entre os membros da aristocracia.

D) uma referncia ao conflito advindo da solido do poder, especialmente no que se refere ao desnimo oriundo da ausncia de perspectivas para a vida em sociedade.

Questo 02

O texto NO menciona como causa para a presena do tdio na sociedade moderna

A) a ausncia de atividades fsicas compulsrias relacionadas com a sobrevivncia.

B) a facilidade de acesso aos bens que provem as necessidades fsicas primrias.

C) a limitao da mobilidade fsica e privao de certas liberdades.

D) a proliferao de empresas e de espaos de lazer e de consumo.

Questo 03

A alternativa em que o termo destacado NO est corretamente explicado entre parnteses :

A) [...] aos membros privilegiados de sociedades que [...] transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de pouqussimos eleitos. (linhas 30-32) (A CARNCIA,A MISRIA)

B) Basta [...] que satisfao do biologicamente bsico se associe o cerceamento de outras possibilidades [...] (linhas 41-43) (A RESTRIO, A SUPRESSO)

C) [...] os pases socialistas se revelaram exmios fabricantes do tdio[...] (linhas 45- 46) (EMINENTES, PERFEITOS)

D) Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tdio. (linha 1) (UM FANTASMA, UMA AMEAA)

Questo 04

O mal ataca hoje em dia faixas etrias que, uma ou duas geraes atrs, julgvamos naturalmente imunizadas a seu contgio. (linhas 8-9)A expresso destacada pode ser substituda sem alterao significativa do sentido por:

A) a uma ou duas geraes.

B) acerca de duas geraes.

C) h uma ou duas geraes.

D) por uma ou duas geraes.

Questo 05

Se no existisse o tdio, no haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas. (linhas 47-49)

Alterando-se os tempos verbais, haver erro de coeso em:

A) No existindo o tdio, no haveria, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.

B) Se no existe o tdio, no ter havido, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.

C) Se no existir o tdio, no vai haver, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.

D) Se no tivesse existido o tdio, no teria havido, por exemplo, tantas empresas de entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas.

Questo 06

A supresso da vrgula implica alterao do sentido em:

A) Coube Revoluo Industrial a produo em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mnima. (linhas 37-38)

Coube Revoluo Industrial a produo em massa daquilo que previamente eram

raridades reservadas a uma elite mnima.

B) Nenhum deles tinha tempo de sentir o tdio, que pressupe cio abundante e sistemtico [...] (linhas 26-27)

Nenhum deles tinha tempo de sentir o tdio que pressupe cio abundante e sistemtico []

C) O tdio no piada, nem um problema menor. (linha 47)

O tdio no piada nem um problema menor.

D) [...] tambm verdade que, por milnios, somente uma minoria dispunha das

precondies necessrias [...] (linhas 21-23)

[...] tambm verdade que por milnios somente uma minoria dispunha das

precondies necessrias []

Gabarito

Questo 01: B

Questo 02: D

Questo 03: A

Questo 04: C

Questo 05: C Questo 06: A

Texto 2

INFRAERO NO EXPLICA O FRACASSO DA LICITAO

Dezoito dias aps o fracasso da licitao para escolha de projetos para ampliao do Aeroporto Internacional Herclio Luz, de Florianpolis, a Infraero no tem previso para publicao de um novo edital. A estatal informou que est revisando o documento a fim de realizar uma nova concorrncia, mas no indica quando dever anunci-la e no esclarece as razes que levaram ao esvaziamento da licitao.

A Infraero pronunciou-se, ontem, em nota imprensa, aps a repercusso sobre a licitao ocorrida em 28 de abril, na qual nenhuma empresa apresentou proposta para a concorrncia. Na avaliao do trade de turismo do Estado, o possvel atraso na ampliao do aeroporto da Capital ir comprometer o crescimento do turismo na regio. A Infraero no quis comentar as informaes apresentadas na nota. Sem os esclarecimentos, uma srie de aspectos ficam sem definio. Um deles se o fracasso da licitao atrasar as obras, que prev a concluso da ampliao para 2010. Tambm permanecem desconhecidos os motivos para o esvaziamento da licitao.

Sabe-se apenas que a estatal apurou as razes com consulta direta s empresas que havia se credenciado concorrncia. Florianpolis, Dirio Catarinense, 17/maio/2008, p.16.

Questo 01

Aps ler com ateno o texto, assinale a alternativa que NO corresponde ao pensamento nele expresso:

A) A reportagem faz graves acusaes Infraero, por manipular indevidamente a realizao da licitao.

B) Nota da Infraero esclarece que no houve propostas para concorrer licitao para a ampliao do Aeroporto Herclio Luz e, por isso, realizar nova concorrncia.

C) O crescimento do turismo na regio depende, em parte, da ampliao do aeroporto.

D) Possivelmente o esvaziamento da licitao decorreu do fato de a Infraero ter realizado consulta direta s empresas.

Questo 02

Assinale, tambm com base no texto, a alternativa correta:

A) Aps o fracasso da licitao, a Infraero apresentou nota imprensa, prestando amplos esclarecimentos sobre o esvaziamento ocorrido.

B) O fato de nenhuma empresa ter apresentado proposta para a ampliao do Aeroporto Herclio Luz provocou repercusso na sociedade.

C) A Infraero garante que publicar novo edital de licitao e que o prazo para concluir a ampliao permanece o mesmo.

D) Na frase uma srie de aspectos ficam sem definio, o redator fez indevida concordncia do sujeito singular com o verbo no plural.

Questo 03

Assinale a alternativa em que todas as palavras so oxtonas:

A) anunci-la, j, m, dever

B) aps, novel, est, tambm, sutil

C) prev, pde, conheci, ss

D) instalaram, atrasar, sutil, ps

Questo 04

Assinale a alternativa que NO corresponde idia do texto:

A) A atitude da me parece cruel, mas demonstra amor.

B) Medo da Senhora pode significar medo da patroa.

C) Para no ver a filhinha sofrer como ela, a me preferiu v-la morta.

D) No h justificativa para o ato de a me matar a filhinha.

Gabarito

Questo 01: A

Questo 02: B

Questo 03: B

Questo 04: D

Texto 3

BOLSA-FLORESTA

Quando os dados do desmatamento de maio saram esta semana da gaveta da Casa Civil, onde ficaram trancados por vrios dias, ficou-se sabendo que maio foi igual ao abril que passou: perdemos de floresta mais uma rea equivalente cidade do Rio de Janeiro. Ao ritmo de um Rio por ms, o Brasil vai pondo abaixo a maior floresta tropical. No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruio.

O Estado do Amazonas o que tem a floresta mais preservada. O nmero repetido por todos que l 98% da floresta esto preservados, 157 milhes de hectares, 1/3 da Amaznia brasileira. A Zona Franca garante que uma parte do mrito lhe cabe, porque criou alternativa de emprego e renda para a populao do estado. H quem acredite que a presso acabar chegando ao Amazonas depois de desmatados os estados mais acessveis.

Joo Batista Tezza, diretor tcnico-cientfico da Fundao Amazonas Sustentvel, acha que preciso trabalhar duro na preveno do desmatamento. Esse o projeto da Fundao que foi criada pelo governo, mas no governamental, e que tem a funo de implementar o Bolsa-Floresta, uma transferncia de renda para pessoas que vivem perto das reas de preservao estadual. A idia que elas sejam envolvidas no projeto de preservao e que recebam R$ 50 por ms, por famlia, como uma forma de compensao pelos servios que prestam. []

Tezza economista e acha que a economia que trar a soluo: _ A destruio ocorre porque existem incentivos econmicos; precisamos criar os incentivos da proteo.[...] Nas reas prximas s reservas estaduais, esto instaladas 4.000 famlias e, alm de ganharem o Bolsa- Floresta, vo receber recursos para a organizao da comunidade. Trabalhamos com o conceito dos servios ambientais prestados pela prpria floresta em p e as emisses evitadas pela proteo contra o desmatamento. Isso um ativo negociado no mercado voluntrio de reduo das emisses diz Tezza. Atualmente a equipe da Fundao est dedicada a um trabalho exaustivo: ir a cada uma das comunidades, viajando dias e dias pelos rios, para cadastrar todas as famlias. A Fundao trabalha mirando dois mapas. Um mostra o desmatamento atual, que pequeno. Outro projeta o que acontecer em 2050 se nada for feito. Mesmo no Amazonas, onde a floresta mais preservada, os riscos so visveis. Viajei por uma rodovia estadual que liga Manaus a Novo Airo. beira da estrada, vi reas recentemente desmatadas, onde a fumaa ainda sai de troncos queimados. []

LEITO, Miriam. In: Jornal O Globo. 19 jul. 2008. (adaptado)

Questo 01

Bolsa-Floresta, ttulo do texto, o nome dado a um(a)

(A) recurso adotado por empresas privadas para que a populao d suporte aos projetos de desmatamento.

(B) mensalidade destinada aos moradores das cercanias de reas de preservao por sua ajuda.

(C) medida social para apoio s populaes da floresta, que no tm de onde obter sobrevivncia.

(D) doao governamental regular feita s pessoas que moram na floresta, como se fosse uma bolsa de estudos.

(E) ajuda realizada por organizaes no governamentais para que a populao de baixa renda possa se manter melhor.

Questo 02

A expresso em destaque no trecho Quando os dados do desmatamento de maio saram esta semana da gaveta ... (ls.1-2) pode ser adequadamente substituda, sem alterao do sentido, por

(A) foram finalmente examinados.

(B) foram apresentados s autoridades.

(C) foram tirados da situao de abandono.

(D) encaminharam-se ao setor tcnico.

(E) chegaram ao conhecimento pblico.

Questo 03

No 2 pargrafo, o mrito da Zona Franca na preservao florestal do estado do Amazonas deve-se ao fato de ter

(A) oferecido oportunidades de ganho para a populao, afastando-a do desmatamento.

(B) atrado compradores de todas as partes do Brasil com o seu comrcio florescente.

(C) criado uma rea de comrcio de bens livres de impostos, o que favoreceu novas aquisies para a populao.

(D) feito a promoo do desenvolvimento econmico da regio, melhorando sua contribuio para o PIB brasileiro.

(E) aberto o mercado interno nacional para a entrada de produtos estrangeiros de alta tecnologia.

Questo 04

No Amazonas, visitei uma das iniciativas para tentar deter a destruio. (ls. 7-8). Tal iniciativa a(o)

(A) manuteno da Zona Franca.

(B) criao do Bolsa-Floresta.

(C) expanso de 1/3 da Amaznia.

(D) preservao da floresta.

(E) comprometimento do governo estadual.

Questo 05

Com a leitura do pargrafo que contm a orao porque criou alternativa de emprego e renda para a populao do estado. (ls. 13-14) pode-se inferir que, no texto, a outra alternativa seria

(A) buscar outra fonte de renda.

(B) desmatar a floresta.

(C) emigrar para outro estado.

(D) trabalhar na Zona Franca.

Gabarito

Questo 01: B

Questo 02: E

Questo 03: A

Questo 04: B

Questo 05: B

Texto 4

NUM ENCONTRO PELA LIBERDADE DE OPINIO

Vimos aqui hoje para defender a liberdade de opinio assegurada pela Constituio dos Estados Unidos e tambm em defesa da liberdade de ensino. Por isso mesmo, queremos chamar a ateno dos trabalhadores intelectuais para o grande perigo que ameaa essa liberdade. Como possvel uma coisa dessas? Por que o perigo mais ameaador que em anos passados? A centralizao da produo acarretou uma concentrao do capital produtivo nas mos de um nmero relativamente pequeno de cidados do pas.

Esse pequeno grupo exerce um domnio esmagador sobre as instituies dedicadas educao de nossa juventude, bem como sobre os grandes jornais dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, goza de enorme influncia sobre o governo. Por si s, isso j suficiente para constituir uma sria ameaa liberdade intelectual da nao. Mas ainda h o fato de que esse processo de concentrao econmica deu origem a um problema anteriormente desconhecido o desemprego de parte dos que esto aptos a trabalhar.

O governo federal est empenhado em resolver esse problema, mediante o controle sistemtico dos processos econmicos isto , por uma limitao da chamada livre interao das foras econmicas fundamentais da oferta e da procura. Mas as circunstncias so mais fortes que o homem. A minoria econmica dominante, at hoje autnoma e desobrigada de prestar contas a quem quer que seja, colocou-se em oposio a essa limitao de sua liberdade de agir, exigida para o bem de todo o povo. Para se defender, essa minoria est recorrendo a todos os mtodos legais conhecidos a seu dispor. No deve nos surpreender, pois, que ela esteja usando sua influncia preponderante nas escolas e na imprensa para impedir que a juventude seja esclarecida sobre esse problema, to vital para o desenvolvimento da vida neste pas.

No preciso insistir no argumento de que a liberdade de ensino e de opinio, nos livros ou na imprensa, a base do desenvolvimento estvel e natural de qualquer povo. Possamos todos ns, portanto, somar as nossas foras. Vamos manternos intelectualmente em guarda, para que um dia no se diga da elite intelectual deste pas: timidamente e sem nenhuma resistncia, eles abriram mo da herana que lhes fora transmitida por seus antepassados uma herana de que no foram merecedores.

(Albert Einstein, Escritos da maturidade. Conferncia pronunciada em 1936)

Questo 01

Albert Einstein, alm de ser o notabilssimo fsico, preocupava-se tambm, como fica evidente no texto, com a:

(A) ameaa que representa a interveno do poder estatal, seja para o sistema econmico, seja para o sistema de ensino.

(B) concentrao do poder econmico, quando este passa a ter influncia sobre o debate e a livre circulao de idias.

(C) situao de alto ndice de desemprego, que desequilibra no apenas as regras do mercado como tambm o sistema educacional.

(D) centralizao da produo, quando ela passa a subordinar-se a circunstncias que fomentam debates pela imprensa.

(E) influncia do poder econmico sobre o governo, quando este deseja fazer valer as leis do livre comrcio.

Questo 02

Para se defender, essa minoria est recorrendo a todos os mtodos legais conhecidos a seu dispor. (3 pargrafo)

Contextualizada a frase acima, Einstein est:

(A) alertando para a fragilidade de um sistema econmico merc de debates e crticas permanentes.

(B) admitindo que a concentrao do poder econmico pe em risco os parmetros constitucionais.

(C) reconhecendo o poder institucional de que se vale a minoria econmica dominante para impor seus interesses.

(D) recusando a legitimidade dos mtodos legais de que as minorias se valem para se oporem s leis do mercado.

(E) considerando o direito que tm as minorias de se defenderem dos abusos do poder econmico.

Questo 03

Considere as seguintes afirmaes:

I. A frase do texto que resume o fato problematizado por Einstein : O governo federal est empenhado em resolver esse problema, mediante o controle sistemtico dos processos econmicos (...).

II. Na frase as circunstncias so mais fortes que o homem, o termo sublinhado refere-se ao movimento de reao em que se esto empenhando os intelectuais.

III. No contexto do ltimo pargrafo, a afirmao de que eles abriram mo da herana denota a quebra de uma tradio histrica de defesa dos ideais de liberdade.

Em relao ao texto, est correto o que se afirma em:

(A) I, II e III.

(B) I e II, somente.

(C) II e III, somente.

(D) I, somente.

(E) III, somente.

Questo 04

A expresso limitao de sua liberdade de agir, no terceiro pargrafo, refere-se aos limites em que se deve circunscrever:

(A) a interveno do poder estatal sobre a economia.

(B) a ao da imprensa e da elite intelectual.

(C) o sistema jurdico em processo de institucionalizao.

(D) o funcionamento bsico das leis do mercado.

(E) a reao dos trabalhadores intelectuais.

Questo 05

Representa-se um encadeamento progressivo de fatos na seqncia:

(A) centralizao da produo - concentrao do capital - influncia preponderante nas escolas e na imprensa.

(B) centralizao da produo - domnio esmagador - concentrao do capital.

(C) defesa da liberdade de ensino - interao das foras econmicas - influncia preponderante nas escolas.

(D) grande perigo que ameaa a liberdade controle sistemtico das foras econmicas - processo de concentrao econmica.

(E) defesa da liberdade de ensino - desemprego de parte dos que esto aptos a trabalhar desenvolvimento da vida no pas.

Questo 06

A centralizao da produo acarretou uma concentrao do capital produtivo nas mos de um nmero relativamente pequeno de cidados do pas.

As expresses sublinhadas podem ser substitudas, respectivamente, sem prejuzo para a correo e o sentido da frase acima, por:

(A) estribou-se numa comparavelmente

(B) incluiu-se em uma - um tanto quanto

(C) implicou-se numa - mais ou menos

(D) deveu-se a uma moderadamente

(E) originou uma - em certa medida

Gabarito

Questo 01: B

Questo 02: C

Questo 03: E

Questo 04: D

Questo 05: A Questo 06: E

Texto 5

OS SONHOS DOS ADOLESCENTES

Se tivesse que comparar os jovens de hoje com os de dez ou vinte anos atrs, resumiria assim: eles sonham pequeno. curioso, pois, pelo exemplo de pais, parentes e vizinhos,nossos jovens sabem que sua origem no fecha seu destino:sua vida no tem que acontecer necessariamente no lugar onde nasceram, sua profisso no tem que ser a continuao da de seus pais. Pelo acesso a uma proliferao extraordinria de fices e informaes, eles conhecem uma pluralidade indita de vidas possveis.

Apesar disso, em regra, os adolescentes e os pr adolescentes de hoje tm devaneios sobre seu futuro muito parecidos com a vida da gente: eles sonham com um dia-a-dia que, para ns, adultos, no sonho algum, mas o resultado (mais ou menos resignado) de compromissos e frustraes. Eles so "razoveis": seu sonho um ajuste entre suas aspiraes herico-ecolgicas e as "necessidades" concretas (segurana do emprego, plano de sade e aposentadoria). Algum dir: melhor lidar com adolescentes tranqilos do que com rebeldes sem causa, no ? Pode ser, mas, seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro: estudem para ter uma vida mais prxima de seus sonhos. bom que a escola no responda apenas "dura realidade" do mercado de trabalho, mas tambm (talvez, sobretudo) aos devaneios de seus estudantes; sem isso, qual seria sua promessa? "Estude para se conformar"? Conseqncia: a escola sempre desinteressante para quem pra de sonhar.

possvel que, por sua prpria presena macia em nossas telas, as fices tenham perdido sua funo essencial e sejam contempladas no como um repertrio arrebatador de vidas possveis, mas como um caleidoscpio para alegrar os olhos, um simples entretenimento. Os heris percorrem o mundo matando drages, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles no nos inspiram: eles nos divertem, enquanto, comportadamente, aspiramos a um churrasco no domingo e a uma cerveja com os amigos. tambm possvel (sem contradizer a hiptese anterior) que os adultos no saibam mais sonhar muito alm de seu nariz. Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais ns renunciamos. Pode ser que, quando eles procuram, nas entrelinhas de nossas falas, as aspiraes das quais desistimos, eles se deparem apenas com verses melhoradas da mesma vida acomodada que, mal ou bem, conseguimos arrumar. Cada poca tem os adolescentes que merece.

Adaptado de Contardo Calligaris. Folha de S. Paulo, 11/01/07

Questo 01

O autor considera que falta aos jovens de hoje:

(A) um mnimo de discernimento entre o que real e o que puro devaneio.

(B) uma confiana maior nas promessas de futuro acenadas pelo mercado de trabalho.

(C) a inspirao para viver que lhes oferecem os que descartaram as idealizaes.

(D) a aspirao de perseguir a realizao dos sonhos pessoais mais arrojados.

(E) a disposio de se tornarem capazes de usufruir a estabilidade profissional.

Questo 02

Atente para as seguintes afirmaes:

I. As mltiplas fices e informaes que circulam no mundo de hoje impedem que os jovens formulem seus projetos levando em conta um parmetro mais realista.

II. As escolas deveriam ser mais conseqentes diante da dura realidade do mercado de trabalho e estimular os jovens a serem mais razoveis em seus sonhos.

III. As fices que proliferam em nossas telas so assimiladas como divertimento inconseqente, e no como sinalizao inspiradora de uma pluralidade de vidas possveis.

Em relao ao texto, est correto o que se afirma em:

(A) I, II e III.

(B) I e II, apenas.

(C) III, apenas.

(D) II, apenas.

(E) I, apenas.

Questo 03

No segundo pargrafo, ao estabelecer uma relao entre os jovens e os adultos de hoje, o autor faz ver que:

(A) os sonhos continuam sendo os mesmos, para uns e para outros.

(B) os adultos, quando jovens, eram mais conservadores que os jovens de hoje.

(C) os jovens esperam muito mais do que os adultos j obtiveram.

(D) o patamar de realizao de vida atingido pelos adultos tornou-se uma meta para os jovens.

(E) a resignao dos adultos constitui a razo de frustrao dos jovens.

Questo 04

A expresso hiptese anterior, que surge entre parnteses, faz referncia seguinte passagem do texto:

(A) possvel que (...) as fices tenham perdido sua funo essencial.

(B) Conseqncia: a escola sempre desinteressante para quem pra de sonhar.

(C) Pode ser que (...) eles se deparem apenas com verses melhoradas da mesma vida ()

(D) Ora, a capacidade de os adolescentes inventarem seu futuro depende dos sonhos aos quais ns renunciamos.

(E) (...) seja qual for a qualidade dos professores, a escola desperta interesse quando carrega consigo uma promessa de futuro (...).

Questo 05

Certa impropriedade que se verifica no uso da expresso nas entrelinhas das nossas falas (3 pargrafo) poderia ser evitada, sem prejuzo para o sentido pretendido, caso o autor a tivesse substitudo por:

(A) entre os parnteses das nossas conversas.

(B) no que no se explicita em nossas palavras.

(C) nas assumidas reticncias do nosso estilo.

(D) na falta de nfase de nossas declaraes.

(E) no que no se sublinha em nossos discursos.

Gabarito

Questo 01: D

Questo 02: C

Questo 03: D

Questo 04: A

Questo 05: B

Texto 6

As condies em que vivem os presos, em nossos crceres superlotados, deveriam assustar todos os que planejam se tornar delinqentes. Mas a criminalidade s vem aumentando, causando medo e perplexidade na populao. Muitas vozes tm se levantado em favor do endurecimento das penas, da manuteno ou ampliao da Lei dos Crimes Hediondos, da defesa da sociedade contra o crime, enfim, do que se convencionou chamar "doutrina da lei e da ordem", apostando em tais caminhos como forma de dissuadir novas prticas criminosas. Geralmente valem-se de argumentos retricos e emocionais, raramente escorados em dados de realidade ou em estudos que apontem ser esse o melhor caminho a seguir. Embora sedutora e aparentemente sintonizada com o sentimento geral de indignao, tal corrente aponta para o caminho errado, para o retorno ao direito penal vingativo e irracional, to combatido pelo iluminismo jurdico. O coro dessas vozes aumenta exatamente quando o governo acaba de encaminhar ao Congresso o anteprojeto do Cdigo Penal, elaborado por renomados juristas, com participao da sociedade organizada, com o objetivo de racionalizar as penas, reservando a privao da liberdade somente aos que cometerem crimes mais graves e, mesmo para esses, tendo sempre em vista mecanismos de reintegrao social. Destaca-se o emprego das penas alternativas, como a prestao de servios comunidade, a compensao por danos causados, a restrio de direitos etc. Contra a idia de que o bandido um facnora que optou por atacar a sociedade, prevalece a noo de que so as vergonhosas condies sociais e econmicas do Brasil que geram a criminalidade; enquanto essas no mudarem, no h mgica: os crimes vo continuar aumentando, a despeito do maior rigor nas penas ou da multiplicao de presdios.

(Adaptado de Carlos Weis. "Dos delitos e das penas". Folha de So Paulo, Tendncias e debates, 11/11/2000)

Questo 01

O autor do texto mostra-se

(A) identificado com o coro das vozes que se levantam em favor da aplicao de penas mais rigorosas.

(B) identificado com doutrina que se convencionou chamar "da lei e da ordem".

(C) contrrio queles que encontram nas causas sociais e econmicas a razo maior das prticas criminosas.

(D) contrrio corrente dos que defendem, entre outras medidas, a ampliao da Lei dos Crimes Hediondos.

(E) contrrio queles que defendem o emprego das penas alternativas em substituio privao da liberdade.

Questo 02

Considere as seguintes afirmaes:

I. No mais do que uma simples coincidncia o fato de que a intensificao das vozes favorveis ao endurecimento das penas ocorre simultaneamente ao envio ao Congresso do anteprojeto do Cdigo Penal.

II. A afirmao de que h vozes em favor da manuteno da Lei dos Crimes Hediondos deixa implcito que a vigncia futura dessa lei est ameaada.

III. Estabelece-se uma franca oposio entre os que defendem a "doutrina da lei e da ordem" e os que julgam ser o bandido um facnora que age por opo.

Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em:

(A) I.

(B) II.

(C) III.

(D) I e II.

(E) II e III.

Questo 03

Est corretamente traduzido o sentido de uma expresso do texto, considerando-se o contexto, em:

(A) Embora sedutora e aparentemente sintonizada - Malgrado atrativa e parcialmente sincronizada

(B) forma de dissuadir - modo de ratificar

(C) to combatido pelo iluminismo jurdico - de tal modo restringido pelo irracionalismo jurdico

(D) a despeito do maior rigor nas penas em conformidade com o agravamento das punies

(E) mecanismos de reintegrao social - meios para reinsero na sociedade

Questo 04

Por "iluminismo jurdico" deve-se entender a:

(A) doutrina jurdica que defende o carter vindicativo da legislao.

(B) corrente dos juristas que representam a "doutrina da lei e da ordem".

(C) tradio jurdica assentada em fundamentos criteriosos e racionalistas.

(D) doutrina jurdica que se vale de uma argumentao retrica.

(E) corrente dos juristas que se identificam com o sentimento geral de indignao.

Gabarito

Questo 01: D

Questo 02: B

Questo 03: E

Questo 04: C

Texto 7

UM SONHO DE SIMPLICIDADE

Ento, de repente, no meio dessa desarrumao feroz da vida urbana, d na gente um sonho de simplicidade. Ser um sonho vo? Detenho-me um instante, entre duas providncias a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles no me do prazer algum; apenas me fazem falta. So uma necessidade que inventei. Por que beber usque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas vs, brilhar um pouco, saber intrigas?

Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoo. Mas, para instaurar uma vida mais simples e sbia, seria preciso ganhar a vida de outro jeito, no assim, nesse comrcio de pequenas pilhas de palavras, esse ofcio absurdo e vo de dizer coisas, dizer coisas... Seria preciso fazer algo de slido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de til e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa.

Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lpis do bolso para tomar nota de um nome, de um nmero... Para que tomar nota? No precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver sem nome, nem nmero, fortes, doces, distrados, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeiro.

(Rubem Braga, 200 crnicas escolhidas)

Questo 01

Em seu sonho de simplicidade, o cronista Rubem Braga idealiza sobretudo:

(A) uma depurao maior no seu estilo de escrever, marcado por excessivo refinamento.

(B) as pequenas necessidades da rotina, que cada um de ns cria inconscientemente.

(C) uma relao mais direta e vital do homem com os demais elementos da natureza.

D) o aperfeioamento do esprito, por meio de reflexes constantes e disciplinadas.

(E) a paixo ingnua que pode nascer com a voz de uma mulher na penumbra.

Questo 02

Considere as seguintes afirmaes:

I. O cronista condiciona a conquista de uma vida mais simples possibilidade de viver sem precisar produzir nada, sem executar qualquer tipo de trabalho, afora o da pura imaginao.

II. Alimentar um tal um sonho de simplicidade , na perspectiva do cronista, uma caracterstica exclusiva dos escritores que no mantm relaes mais concretas com o mundo.

III. Cigarros, gravatas e telefones so elementos utilizados pelo cronista para melhor concretizar o mundo que representa uma anttese ao seu sonho de simplicidade.

Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em:

(A) I.

(B) II.

(C) III.

(D) I e II.

(E) II e III.

Questo 03

3. Na frase:

Mas, para instaurar uma vida mais simples e sbia, seria preciso ganhar a vida de outro jeito, no assim, nesse comrcio de pequenas pilhas de palavras, esse ofcio absurdo e vo de dizer coisas, dizer coisas...

o cronista

(A) ressalta, com a repetio de dizer coisas, a importncia de seu trabalho de escritor, pelo qual revela aos outros as verdades mais profundas.

(B) justifica com a expresso comrcio de pequenas pilhas de palavras a viso depreciativa que tem de seu prprio ofcio.

(C) apresenta como conseqncia de instaurar uma vida mais simples e sbia o fato de ganhar a vida de outro jeito.

(D) utiliza a expresso no assim para apontar uma restrio vida que seria preciso ganhar de outro jeito.

(E) se vale da expresso ofcio absurdo e vo para menosprezar o trabalho dos escritores que se recusam a profissionalizar-se.

Gabarito

Questo 01: C

Questo 02: C

Questo 03: B

Texto 8

O pas o mesmo. O dia, ms e ano tambm. Brasil, 28 de abril de 2009. No Rio Grande do Sul, o ndice de chuvas est 96% abaixo do que seria normal neste perodo. A taxa de umidade despencou para menos de 20%, enquanto o saudvel praticamente o dobro. Tudo seca e insolao. Brasil, 28 de abril de 2009. No Piau os moradores enfrentam as piores cheias dos ltimos 25 anos. Chove sem parar. Cidades esto ilhadas. Cerca de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas.

"O tempo anda louco", eis a frase leiga e padro que mais se fala e mais se ouve nas queixas em relao s radicais discrepncias climticas. Vale para o Norte e Nordeste do pas, vale para a regio Sul tambm. A mais nova e polmica explicao para tais fenmenos uma revolucionria teoria sobre as chuvas, chamada "bomba bitica", e pode mudar os conceitos da meteorologia tradicional. Olhemos, agora, por exemplo, no para a loucura do tempo em um nico pas, mas sim para a "loucura a dois". Por que chove tanto em algumas regies distantes da costa, como no interior da Amaznia, enquanto pases como a Austrlia se transformam em deserto? Dois cientistas russos sustentam, embasados na metodologia da bomba bitica, que as florestas so responsveis pela criao dos ventos e a distribuio da chuva ao redor do planeta como uma espcie de corao que bombeia a umidade. Esse modelo questiona a meteorologia convencional, que explica a movimentao do ar sobretudo pela diferena de temperatura entre os oceanos e a terra. Ao falarem de chuva aqui e de seca acol, eles acabam falando de um dos mais atuais e globalizados temas: a devastao das matas.

Para o biogeoqumico Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia e principal proponente da linha da bomba bitica no Brasil, somente ela que explica com clareza a contradio entre a seca e a aridez que esto minguando as lavouras na regio Sul e as chuvas intensas que transbordam o Norte e o Nordeste. De acordo, porm, com o professor americano David Adams, da Universidade do Estado do Amazonas, os fsicos russos esto supervalorizando a fora da bomba bitica.

(Adaptado de Mara Magro. Isto , 6/5/2009, p. 98-99)

Questo 01

Em relao ao 1 pargrafo do texto, est correto o que se afirma em:

(A) Considerando-se o assunto central do texto, no se justificam as informaes referentes ao clima que aparecem nesse pargrafo.

(B) As informaes nele constantes tentam comprovar a afirmativa dos cientistas russos de que as florestas so determinantes para o clima.

(C) As referncias ao clima nas regies brasileiras servem para demonstrar que pode haver um certo equvoco na teoria dos cientistas russos.

(D) A descrio das catstrofes que ocorrem no Brasil vai justificar a imagem da bomba, criada pela nova teoria cientfica.

(E) Desenha-se nele um quadro de contrastes causados pelas condies climticas, para justificar todo o desenvolvimento posterior.

Questo 02

A frase que sintetiza corretamente o assunto do texto :

(A) Nova teoria cientfica busca explicaes para os contrastes do clima em diferentes regies do planeta.

(B) Meteorologia tradicional explica as recentes discrepncias climticas que ocorrem no Brasil.

(C) Diferenas regionais acentuadas nas regies brasileiras podem explicar alternncia entre aridez e inundaes.

(D) Cientistas se perdem em meio s novas teorias que tentam explicar fenmenos climticos extremos.

(E) A direo dos ventos na Amaznia justifica todos os excessos dos fenmenos climticos no Brasil.

Questo 03

A expresso "loucura a dois" refere-se, no 3 pargrafo,

(A) situao climtica tanto nas regies Norte e Nordeste quanto na regio Sul do pas.

(B) a pases em situao geogrfica e climtica bem diversificada.

(C) s chuvas torrenciais e s secas destruidoras das lavouras.

(D) a cientistas que divergem em suas explicaes sobre as variaes climticas.

(E) divergncia entre metodologias de anlise das condies climticas.

Gabarito

Questo 01: E

Questo 02: A

Questo 03: B

Texto 9

Os Jogos Olmpicos so um desafio ao bom senso. Tome-se o arremesso do martelo. Terem inventado que tal coisa uma atividade digna de ser praticada, digna de ser chamada de esporte e, para culminar, digna de figurar entre as modalidades olmpicas mostra como so instigantes os caminhos que a mente humana capaz de percorrer. Tome-se o salto com vara. Por que saltar com vara? outra inveno que s pode ser atribuda tendncia da mente humana em fugir do que natural e razovel. E a corrida com barreiras? E o salto triplo? A rigor seria at dispensvel o trabalho de selecionar uma ou outra modalidade. O esporte como um todo, e em especial a mania de superao que contamina seus praticantes, j repousaria sobre a premissa absurda de contrariar o prazer do sossego e do repouso. Todo o universo atltico ganha um sentido, no entanto, quando nos damos conta de que ali se reencena a luta humana pela sobrevivncia. A corrida tem sua origem na fuga das feras ou dos grupos rivais; a corrida com obstculos, na dificuldade de superar os charcos, os barrancos e os espinheiros; o salto em distncia, na ultrapassagem dos riachos; o salto em altura, na tentativa de alcanar os frutos no alto das rvores. At o salto com vara ganha uma lgica: o momento em que o homem primitivo se torna capaz de inventar ferramentas para superar os obstculos impostos pela natureza. E o arremesso do martelo, assim como o do disco e o do dardo, visita a quadra em que o homem criou as armas para substituir os prprios punhos na caa e no enfrentamento dos inimigos. Os Jogos Olmpicos miram na Grcia e acertam na pr-histria. So uma releitura da Idade da Pedra. Ou melhor: uma parte dos Jogos. Os esportes com bola pertencem a outro captulo da histria da humanidade. Se nossos ancestrais demoraram tanto para inventar a roda, demoraram ainda mais para chegar bola. A bola tem como principal caracterstica uma esplendorosa inutilidade. um brinquedo. As modalidades do atletismo lembram as sofridas necessidades da subsistncia, na era em que a espcie procurava se consolidar sobre o planeta fugir, comer, enfrentar o inimigo, contornar os obstculos, conquistar a fmea. J a bola se notabiliza pela ausncia de funo nas lides pela sobrevivncia. Por isso mesmo representa a conquista de um novo patamar, de inestimvel valor, na escala da evoluo: o patamar da diverso. Consolidada e confiante em si mesma, a espcie permite-se o luxo de brincar. O arremesso do martelo, mesmo no sendo mais com martelo, continua assustador. Haja msculo, para atirar aquela bola de ferro. Haja peso, para dar os rodopios que precedem seu lanamento. uma atividade que pode causar admirao pela fora, nunca pela astcia. J os passes no futebol ou as levantadas do vlei mostram que, nos esportes com bola, a fora temperada, e s vezes at substituda, pela habilidade. O martelo pode at causar assombro, mas nunca provocar um sorriso. J o drible, no futebol e no basquete, ou a largada no vlei, manobras cujo objetivo enganar o adversrio, representam a intromisso do humor na competio. Do martelo bola, desenha-se um percurso em cujo ponto de chegada a nfase est menos nos msculos do que no uso da massa cinzenta alojada no cocuruto do animal humano.

(Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 27 de agosto de 2008, p.170, com adaptaes)

Questo 01

Segundo o autor,

(A) a qualificao de esporte atribuda a certas modalidades disputadas nos Jogos Olmpicos no se justifica mais nas condies da vida moderna.

(B) a interferncia do humor nas competies esportivas gera desrespeito aos competidores mais fracos, desestimulando o esprito olmpico.

(C) algumas explicaes para a presena de determinadas modalidades esportivas nos Jogos Olmpicos se encontram na prpria histria da humanidade.

(D) a seriedade que sempre envolveu a realizao dos Jogos Olmpicos pode ser comprometida por atitudes anti-esportivas em certas modalidades.

(E) as modalidades em que sobressai a fora fsica dos atletas, embora possam causar estranheza, so preferveis aos esportes com bola, que estimulam a brincadeira.

Questo 02

Considere as afirmativas abaixo:

I. A prtica de certas modalidades esportivas, que se

mantm tradicionalmente, apenas vem confirmar

que nem sempre h explicaes lgicas para as

atitudes humanas.

II. As diversas modalidades esportivas tradicionalmente

agrupadas nos Jogos Olmpicos apontam para

as necessidades bsicas da histria da humanidade.

III. A associao do uso da inteligncia ao preparo

fsico dos atletas denota um degrau superior na

linha evolutiva do homem.

Est correto o que se afirma em

(A) I, apenas.

(B) III, apenas.

(C) I e II, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

Questo 03

Os Jogos Olmpicos so um desafio ao bom senso. correto afirmar, a partir da observao acima:

(A) A ressalva Todo o universo atltico ganha um sentido, no entanto garante a coerncia entre a frase que inicia o texto e o desenvolvimento, at a concluso final.

(B) O desenvolvimento do texto lhe acrescenta uma concluso de certa forma incoerente, ao afirmar que h um percurso em cujo ponto de chegada a nfase est menos nos msculos do que no uso da massa cinzenta.

(C) A opinio inicial, desfavorvel manuteno de certas modalidades esportivas que mostram como so instigantes os caminhos que a mente humana capaz de percorrer, garante a unidade de todo o desenvolvimento textual.

(D) A afirmativa faz sentido at o ltimo pargrafo, em que o autor se vale do mesmo tipo de linguagem crtica quando se refere s manobras cujo objetivo enganar o adversrio e que representam a intromisso do humor na competio.

(E) Para o autor, a realizao dos Jogos Olmpicos na poca contempornea perdeu sentido, tanto por terem se transformado em um espetculo grandioso de fora e poder, quanto por serem uma releitura da Idade da Pedra.

Questo 04

O texto se desenvolve como

(A) condenao generalizada a algumas modalidades dos Jogos Olmpicos, por exigirem esforo fsico alm das possibilidades do ser humano.

(B) censura indireta aos responsveis pela realizao dos Jogos Olmpicos por manterem neles certas modalidades que nada tm de esportivas.

(C) elogio maneira moderna de realizao dos Jogos Olmpicos, em que se incluram modalidades mais recentes, com bola, em meio s mais antigas.

(D) apresentao, do incio at hoje, de informaes baseadas em dados histricos a respeito da origem e desenvolvimento dos Jogos Olmpicos.

(E) consideraes a respeito das modalidades em disputa nos Jogos Olmpicos, correlacionando-os linha evolutiva da humanidade.

Questo 05

Como inferncia, o ditado popular que pode ser aplicado ao contedo do 3 e do 4 pargrafos :

(A) Nem s de po vive o homem.

(B) Quem ama o feio, bonito lhe parece.

(C) Nem tudo que reluz ouro.

(D) Deus d o frio conforme o cobertor.

(E) Quem espera sempre alcana.

Questo 06

Considerando-se o contexto, o segmento cujo sentido est corretamente transcrito em outras palavras :

(A) como so instigantes os caminhos = caso sejam possveis os meios.

(B) fugir do que natural e razovel = desconsiderar problemas mais graves.

(C) mania de superao = insistncia na obteno de melhores resultados.

(D) nas lides pela sobrevivncia = nos rumos de uma vida melhor.

(E) a conquista de um novo patamar = uma premiao alm do esforo empregado.

Gabarito

Questo 01: C

Questo 02: D

Questo 03: A

Questo 04: E

Questo 05: A

Questo 05: C