texto para exame final

Upload: albio-fabian-melchioretto

Post on 02-Mar-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    1/7

    Prof. Albio Fabian Melchiorettotica, Cidadania e Meio Ambiente

    TEXTOSCOMPLEMENTARES

    Artigos para exame final

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    2/7

    VIDA VIRTUAL APS A MORTE

    Qualquer que seja a forma de imortalidadeque o futuro nos reserve, j existe uma daqual dispomos hoje mesmo: a permanncianas redes sociais, uma forma de vidavirtual pstuma que a bem da verdade

    deixa o defunto to gelado quanto j estava, mas de certa forma depositauma cpia dele na nuvem, para consolo dos seus seres queridos, ou pelo

    menos dos amigos de Facebook. Gostemos ou no, essa a maneira demorrer nesta aurora do terceiro milnio, e faltar com ela comea a parecertanta desconsiderao quanto usar gravata vermelha em velrio.

    Por mentira que parea, o Facebook no tem nem dez anos, mas 30 milhesde usurios seus j morreram, seguindo esse fatdico costume de todas ascoisas biolgicas neste vale de lgrimas. Esse , portanto, o nmero dealmas que andam penando pelo lado escuro da rede social de Mark

    Zuckerberg1. como se uma Xangai2e meia de espectros digitais pairassepelo hiperespao, e os efeitos disso esto aparecendo por toda parte.

    No raro, por exemplo, que lhe chegue um pedido de amizade de um morto,o que pode lev-lo a certa, digamos, inquietao filosfica. O Facebook,alis, oferece a possibilidade de criar uma conta em homenagem a usuriosque j nos deixaram, e h sites como o espanhol Duelia.org que se dedicam

    exclusivamente a esse tipo de coisa. Outras empresas, como o GrupoMmora, permitem compilar o legado digital do finado, o que pode acabarsendo pavoroso, ao menos em certos casos. Felizmente, h outras firmas,como a Postumer.com, que se empenham em fazer justamente o contrrio:eliminar as contas do morto e apagar sua passagem por este mundo, para

    1Criador do Facebook.2Maior cidade, em populao, da China.

    Texto publicado em 30-out-2015

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    3/7

    comear do zero em outro. As pessoas morrem, e para a maioria parececorriqueiro o que vai acontecer com todas as suas curtidas e tutes. Mas o

    legado digital cresce sem medida: quase 55 milhes de fotos so publicadasmensalmente no Flickr, o Youtube aloja centenas de milhares de vdeosdiariamente, e um em cada cinco habitantes do planeta tem uma conta no

    Facebook.

    Apesar de tudo isso, os enterros, cremaes e funerais continuam sendo toreais como antes da inveno do transstor3, embora nem por isso

    permaneam imunes aos avanos tecnolgicos. Um tero dos participantes

    de enterros, por exemplo, tira selfies no cemitrio, e muitos deles postam afoto no Instagram sem nem esperar o caixo baixar, segundo um estudo com2.700 pessoas encomendado pela funerria britnica Perfect Choice

    Funerals. No se sabe ao certo por que a empresa quis fazer a pesquisa;talvez cogite alugar paus de selfie na hora em que o cortejo fnebre aparece.

    Nessas horas difceis, afinal, sempre h quem esquea o seu [em] casa.

    Sim, pode parecer escandaloso, irritante, de mau gosto, mas recordemosesses funerais de Nova Orleans4que todos secretamente invejamos, em que,depois que a carne mortal est enterrada, a orquestra de metais volta a

    3 Componente eletrnico que comeou a popularizar-se na dcada de 1950,tendo sido o principal responsvel pela revoluo da eletrnica na dcada de1960. So utilizados principalmente como amplificadores e interruptores de sinais

    eltricos, alm de retificadores eltricos em um circuito, podendo ter variadasfunes.4Nova Orleans, a cidade mais populosa do estado americano da Luisiana. Foifundada originalmente por exploradores franceses, mas h forte influncia dacolonizao espanhola e mais tarde, inglesa. A cidade conhecida pelo seulegado multicultural - especialmente influncias culturais francesas, espanholas eafro-americanas, e pela sua msica e pela sua culinria. Nova Orleans umdestino turstico internacional mundialmente famoso graas aos seus vriosfestivais musicais e pela tradio festiva.

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    4/7

    brilhar, tocando alegres ritmos sincopados. Que diferena faz um selfie aolado disso tudo?

    Ou, ampliando o foco da pergunta: o que h de realmente novo no luto domundo contemporneo? Ser que a cincia e a tecnologia nos oferecemalguma forma nova, ainda que metafrica, de imortalidade? E, se no,oferecero algum dia?

    Com relao primeira pergunta, sobre a situao atual, o Facebook, osblogs e demais sites dedicados ao luto e memria esto estendendo

    populao geral o que at agora era privilgio de grandes escritores,memorialistas e outras celebridades: a imortalidade conferida pela obra.

    Mas esse assunto j foi resolvido h muito tempo por Woody Allen5, que noqueria ser imortal por sua obra, e sim por no morrer. Exato. E a est o

    problema.

    O problema que, a despeito do que digam padres, metafsicos e livros de

    autoajuda, a morte no um assunto religioso, metafsico

    6

    ou psicanaltico,

    5Allen trabalhou como um escritor de comdia na dcada de 1950, escrevendopiadas e roteiros para televiso e publicao de vrios livros de peas curtas dehumor. No incio de 1960, Allen comeou a atuar como comediante de stand-up,enfatizando monlogos ao invs de piadas tradicionais. Em seus filmes, eledesenvolveu a personalidade de um intelectual, neurtico, nebbish, inquieto e

    inseguro, que ele insiste que bem diferente de sua personalidade na vida real.Em 2004, o Comedy Centralclassificou Allen em quarto lugar em uma lista de 100maiores comediantes de stand-up. Recebeu 23 indicaes para o Osacar.6 A metafsica clssica ocupa-se das "questes ltimas" da filosofia, tais como: hum sentido ltimo para a existncia do mundo? A organizao do mundo necessariamente essa com que deparamos, ou seriam possveis outros mundos?Existe um Deus? Se existe, como podemos conhec-lo? Existe algo como um"esprito"? H uma diferena fundamental entre mente e matria? Os sereshumanos so dotados de almas imortais? So dotados de livre-arbtrio? Tudo est

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    5/7

    e sim algo to concreto quanto a prpria vida, que feita de coisas que sedeterioram, se degeneram e se desintegram. Existem poucos princpios to

    gerais como esse. Todos entendemos perfeitamente a morte, desde que sejaa morte dos outros. Nossa incapacidade de aceitar a nossa, e de vivertranquilamente at que ela chegue, no seno uma consequncia de como difcil entender a ideia de no ser. Mas tambm difcil entender o bsonde Higgs7, e a o fotografaram em Genebra.

    Referncia: El Pais, opinio. Disponvel em:

    http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.html

    Acessado em 05 de novembro de 2015.Notas explicativas de prof. Albio Fabian Melchioretto

    O CAPITALISMO D SINAIS DE FALNCIA

    At que ponto ocapitalismo verde uma lorota? Ou seja,

    possvel obteraumentos expressivose contnuos na

    produo e, simultaneamente, resguardar o meio ambiente? Dito de outra

    forma: a quantidade (para garantir a escala na indstria, para fomentar o

    em permanente mudana, ou h coisas e relaes que, a despeito de todas asmudanas aparentes, permanecem sempre idnticas?7 uma partcula elementar bosnica prevista pelo Modelo Padro de partculas,teoricamente surgida logo aps ao Big Bang de escala macia hipottica preditapara validar o modelo padro atual de partculas[2] e provisoriamenteconfirmada em 14 de maro de 2013.

    Texto publicado em 08-nov-2013

    http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.htmlhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.htmlhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.htmlhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.htmlhttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.html
  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    6/7

    desenvolvimento dos pases, para alimentar o mundo) compatvel com amanuteno da qualidade de vida sobre a Terra? Um sonoro no tem sido

    a resposta mais frequente a essa pergunta. Kenneth Ewart Boulding, um dospapas da economia a servio do equilbrio ecolgico, cunhou uma fraselapidar para expor o seu ponto de vista em relao a esse tema. Disse ele:Quem acredita que um desenvolvimento exponencial pode continuarindefinidamente em um mundo finito, ou louco ou economista.

    Essa discusso est repercutindo com mais intensidade nos ltimos anos.Mesmo porque, desde 2008, o curto prazo se imps em um mundo em crise.

    Assistimos a um enfraquecimento notrio da vontade poltica para enfrentaras questes ambientais. bem verdade que o meio ambiente sempre viveuabaixo da linha da pobreza no que diz respeito a investimentos pblicos e

    privados. Mas essa situao piora velozmentej beira a indigncia.

    O volume de recursos aplicados em energia limpa ilustra esse ponto. Noterceiro trimestre deste ano, eles somaram US$ 45,9 bilhes em todo o

    mundo. O valor representa uma reduo de 20% ante o mesmo perodo de2012. Esse tombo levou a Bloomberg New Energy Finance a fazer umaestimativa pouco alentadora. A continuar nesse ritmo, o total de aportes de2013 dificilmente ultrapassar o registrado no ano passado, que totalizouUS$ 281 bilhes (e j havia sido 11% inferior ao de 2011).

    A fonte, portanto, secou na maioria das grandes economias do planeta. NosEstados Unidos, embevecidos com as maravilhas (e o preo baixssimo) do

    shale gas, o gs de xisto, os investimentos em energias alternativaspassaram de US$ 9,4 bilhes no segundo trimestre, para US$ 5,5 bilhes noterceiro. Caram quase pela metade.

    Os crditos de carbono surgem como outra vtima no atual cenrio global,cuja tonalidade crescentemente menos verde. Eles foram idealizados como

    ferramentas que ajudariam os pases a alcanar metas mais animadoras naemisso de gases do efeito estufa. Na prtica, salvariam florestas. Esto,

  • 7/26/2019 Texto para Exame Final

    7/7

    porm, em estado falimentar, segundo recente relatrio da ConservaoInternacional. A entidade indica que um total de 22 milhes de crditos pode

    ser gerado anualmente. A demanda atual, no entanto, no passa de 6,8milhes. Desde 2010, a procura por esse tipo de instrumento caiu 65%. Acotao dos crditos baixou de US$ 12 em 2011 para US$ 6 no ano passado.

    Anda, portanto, difcil apostar na viabilidade do capitalismo verde aomenos, em um horizonte curto de tempo. Na verdade, o meio ambientetornou-se um desses temas aos quais o otimismo no se aplica. Casocontrrio, corremos o risco de protagonizar a anedota do sujeito que, ao

    sair de casa, encontra um monte de estrume na porta. Feliz, sai alardeando:Oba, ganheium cavalo!. Lamentamos informar, mas no existem cavalos solta por a.

    RefernciaRevisa poca NegciosDisponvel em http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/

    Acessado em 12 de novembro de 2015.

    http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/empresaverde/2013/11/08/o-capitalismo-verde-da-sinais-de-falencia/