texto de pesquisa de fabrícia matos de jesus puc go

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As repúblicas de Ouro Preto e suas histórias 1- IDENTIFICAÇÃO Título do Plano de trabalho: A cidade Patrimonial: Memórias, Identidades e Tecidos Sociais em Ouro Preto (MG) Nome do Bolsista: Fabrícia Matos de Jesus Nome do Orientador: Manuel Ferreira Lima Filho Local de execução: Goiânia - Go / Ouro Preto - MG Vigência do plano de trabalho: Julho de 2007 a Julho de 2009 Apoio: BIC/UCG 2- INTRODUÇÃO O plano inicial de minha pesquisa inserida no projeto "A cidade Patrimonial: Memórias, Identidades e Tecidos Sociais em Ouro Preto (MG)", sob a orientação do Professor e Dr. Manuel Ferreira Lima Filho, criador e orientador do projeto, era trabalhar com crianças de sete a doze anos e analisar o olhar dessas com relação a Ouro Preto patrimonial. Como elas percebiam a cidade patrimônio em que elas moram, como esse conhecimento lhes era transmitidos, se por meio da escola, se pelos pais, e se por meios desses, de que forma era abordado a história de sua

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  • 1. As repblicas de Ouro Preto e suas histrias1- IDENTIFICAOTtulo do Plano de trabalho: A cidade Patrimonial: Memrias, Identidades eTecidos Sociais em Ouro Preto (MG)Nome do Bolsista: Fabrcia Matos de JesusNome do Orientador: Manuel Ferreira Lima FilhoLocal de execuo: Goinia - Go / Ouro Preto - MGVigncia do plano de trabalho: Julho de 2007 a Julho de 2009Apoio: BIC/UCG2- INTRODUOO plano inicial de minha pesquisa inserida no projeto "A cidade Patrimonial:Memrias, Identidades e Tecidos Sociais em Ouro Preto (MG)", sob a orientao doProfessor e Dr. Manuel Ferreira Lima Filho, criador e orientador do projeto, eratrabalhar com crianas de sete a doze anos e analisar o olhar dessas com relao aOuro Preto patrimonial. Como elas percebiam a cidade patrimnio em que elasmoram, como esse conhecimento lhes era transmitidos, se por meio da escola, sepelos pais, e se por meios desses, de que forma era abordado a histria de sua
  • 2. cidade, e principalmente qual a relao direta que tinham com o patrimniohistrico e cultural, e qual a contribuio que essas crianas ofereciam para aconservao desse patrimnio.No entanto em viagem para a cidade de Ouro Preto, para que fossem realizadas aspesquisas de campo, percebi alguns empecilhos que dificultaram a execuo dotrabalho em relao ao tema por mim escolhido. Primeiro, no perodo em quefomos para cidade, as crianas se encontravam de frias e, por esse motivo, notive contato com elas, o que impossibilitou e muito a minha investigao, sem queeu pudesse prosseguir com o tema da pesquisa.Segundo, deparei-me com as questes burocrticas, no que diz respeito autorizao dos pais das crianas, para coleta de entrevistas, o uso de suasimagens, e at mesmo a compreenso que elas teriam do assunto, de sua cidadecomo patrimnio cultural em sua essncia, pois o tema exigia um tempo maior paraque essas compreendessem bem o assunto. Trabalhar com crianas exige dopesquisador habilidade e qualificao para que possa obter xito em sua pesquisa,elas exigem um tempo maior, para que possam compreender, entender e captar ocerne da mensagem de um trabalho de pesquisa. E o tempo que eu tinha na cidadepara trabalhar o assunto escolhido no era o suficiente para trabalhar com elas,pois era de apenas sete dias nessa primeira visita de campo. E com toda certezaprecisaria de mais tempo para isso, uma vez que esse tipo abordagem requer maistempo, preciso e pacincia. Crianas precisam ser respeitadas em seu limite, seutempo, espao e compreenso, eis a razo da mudana do meu tema de pesquisa.As escolas nesse perodo estavam fechadas e no consegui contato com nenhumprofessor, a maioria se encontrava de frias, como a maior parte de seus alunos. Aparticipao desses profissionais na minha pesquisa era algo primordial, uma vezque estes possuam a qualificao e habilidade para lidar com eles, primeiro porconhecer cada um de seus alunos e o ritmo, segundo pela qualificao profissional,possuem a habilidade para lidar com eles em sua relao diria. E sem ajudadesses professores no tinha como prosseguir com o trabalho de pesquisa.Na cidade de Ouro Preto realizvamos reunies todas as noites para discutimos ostrabalhos que tnhamos feito durante o dia e para planejarmos o roteiro do diaseguinte. Em um dos nossos primeiros encontros, apresentei a minha dificuldade aomeu orientador, professor Manuel Ferreira e, tambm aos colegas que l seencontravam e, pedi que me ajudassem na escolha de um novo tema, que pudesseser tratado dentro da proposta do projeto de pesquisa.
  • 3. O professor Manuel me orientou a trabalhar com as repblicas, uma vez quepercebeu que o assunto era bom, e por ser polmico na cidade, seria um bom temapara eu abordar, e tambm pelo fato de ter material suficiente para a pesquisa,mesmo que o assunto fosse muito abrangente e complexo. Alguns dos estudantesse encontravam na cidade mesmo sendo perodo de recesso da universidade, porcausa da greve havia acontecido no ano de 2007, por essa razo eles teriam aulasnos meses de janeiro e fevereiro, por esse motivo tive facilidade em encontr-los eassim, prosseguir com a investigao da pesquisa.O fato de ter ficado hospedada em uma repblica, me permitiu um maior contato econvivncia com eles e, dessa forma, perceber o modo de vida desses estudantes esua relao com a cidade patrimnio cultural.Alguns estudiosos e pesquisadores haviam tratado o tema sobre as repblicas, cadaum de seu prisma, mas procurei abordar o tema das repblicas de um ngulodiferente das diversas temticas do assunto por eles analisado.O meu ponto de partida foi tratar a questo, como os atuais e ex-moradores dasrepblicas se relacionam com a cidade de Ouro Preto e, qual a influncia que osegressos tm sobre as repblicas e tambm sobre a cidade que os acolheu duranteos seus estudos de graduao. Esses ex-alunos no esto presentes na cidade nemnas repblicas constantemente, mas o respeito e admirao por esses ex-moradores algo inegvel e ao mesmo tempo admirvel. A representatividadedesses ex-moradores nas repblicas ntido, eles podem ser lembrados o tempotodo pelas fotos penduradas em lugares de destaque nas paredes da sala da casa,por suas histrias, seus apelidos e memrias. A relao de cumplicidade,companheirismo, amizade algo admirvel entre eles, o respeito e autenticidadepor eles vivida, muito parecido como a administrao de um governo, onde hdeveres, direitos regras e que devem ser respeitados e, onde tem at a presenade um presidente, que geralmente o estudante que est h mais tempo na casa,que o "decano".O vnculo que existe entre os ex e os atuais estudantes to forte, que no dia 12de outubro de todo ano, realizada uma homenagem aos ex-republicanos e suasfamlias, a festa "Dos 12", como chamada pelos seus adeptos e amantes, paraque ex-moradores das repblicas, possam retornar ao passado e reviver o seutempo de acadmicos, rever os amigos, a casa onde moraram por tanto tempo,uma forma de passear novamente pelo seu tempo de estudantes. A festa "Dos 12"
  • 4. pra a cidade, e quase todos participam desse momento nostlgico para essacomunidade republicana.O respeito pelos ex-moradores republicanos algo inquestionvel, eles tmcontrole sobre os atuais residentes da casa, mesmo que eles no se faampresentes diariamente, mas a autonomia que foi conquistada pelos anos de cuidadocom a repblica que os acolheram por tanto tempo, por isso o amor incondicionalque sentem pela mesma, e tambm por sua preservao. Por isso tamanho aadmirao com que so devotados, pelo o cuidado que esses expressaram eexpressam pela sua repblica. como se esse elo entre eles jamais deixasse deexistir, o cordo umbilical nunca fosse cortado, mesmo que estes estejam distantesda sua madre republicana.A forma como abordei o assunto, foi s repblicas como tecidos sociais e suaidentidade no mundo universitrio dessa cidade. Os estudantes dessas repblicasso todos discentes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFPO), e estestransitam pela cidade como componentes participativos da sociedade ouro-pretana,ao mesmo tempo, que de certa forma no se comprometem com ela, masconseqentemente, hoje seria impossvel imaginar essa cidade sem esse mundouniversitrio.H de se lembrar que Ouro Preto no uma cidade comum como s demais, masuma cidade que tem vida prpria e por si mesma conta a sua histria de quase 200anos de vida. A cidade foi tombada como patrimnio histrico no ano1933, noprimeiro governo de Getlio Vargas, quando ele declara Ouro Preto CidadeMonumento Nacional, e em 1980, "Patrimnio Cultural da Humanidade" declaradopela Unesco, portanto, carrega em si sua essncia de uma cidade patrimonial, seja,pelas igrejas com seu estilo Barroco, seja pela histria de seus inconfidentes oumesmo por si prpria.No projeto de pesquisa busco contribuiu na construo do saber de uma"instituio" paralela prpria Universidade Federal de Ouro Preto e, que ainda notinha sido objeto de preocupao no tocante aos seus aspectos histricos e arelao que esses estudantes mantm com o patrimnio cultural, o respeito delespara com esse monumento histrico.As repblicas estudantis que esto em sua maioria localizadas nos casares dacidade. O trabalho visa dissecar a histria das repblicas e sua correlao com acidade e, principalmente a sua contribuio para a mesma ao longo do tempo.
  • 5. A ausncia de trabalhos histricos de relevncia sobre a vida estudantil e asrepblicas j justificam a realizao de uma pesquisa com esta temtica, noprocesso de relao dessa cidade universitria e a cidade patrimnio.Irei trabalhar com os ex-alunos das repblicas que tm muita influncia no s nasnas suas antigas casas estudantis, mas tambm na cidade, pois mesmo distanteseles mantm um forte contato com seus atuais moradores republicanos e com aprpria Ouro Preto. A contribuio financeira para ajudar os atuais estudantes umdos traos mais visveis e marcantes desse de vnculo que existe entre a repblica eseus ex- moradores. Vnculo esse que no se desfaz nem pelo tempo e nem mesmocom a distncia, pois o carinho e zelo que os egressos tm por sua ex-repblica somuito fortes e contribuir seja de que forma for, uma maneira de preservar essecordo umbilical. Percebe-se que esse carinho pode ser comparado com um vinculofamiliar, uma vez, que esses passam de quatro a seis anos nesse mundorepublicano e longe de suas famlias. O processo de investigao o nico quecapacita a participar desse mundo de estudantes com caractersticas to diferentesde outras instituies de ensino no pas, por isso em meu projeto, o esforo inicialfoi o de coletar dados que pudesse me auxiliar ao mximo na pesquisa dessasrepblicas e sua relao com a cidade de Ouro Preto.Nossa estadia em Ouro Preto e nas repblicas foi fundamental para levar o trabalhoadiante. A aceitao da proposta por parte dos republicanos no foi difcil, uma vezque estes esto abertos para tratar de vrios assuntos, mesmo aqueles que elesconsideram desconfortveis de se falar. Tratei com eles assuntos que vo desdedrogas, sexo, bebidas, religio e principalmente, como vem a cidade de OuroPreto, mas no a cidade comum, como as demais, mas a Ouro Preto patrimniocultural e de que forma conseguem conciliar suas atividades dirias com esse fatoreal e constante.H uma conjugao de fatores histricos e geogrficos que tornaram o ambienteuniversitrio de Ouro Preto reconhecidamente peculiar entre as instituies deensino superior do Brasil.Em primeiro lugar importante lembrar, em retrospectiva histrica, que a idia deuma universidade em Vila Rica (renomeada Ouro Preto em 1808), apareceu notempo da Colnia com o iderio da rebelio conhecida como Inconfidncia Mineira,de 1789. Nesta poca, a ento Vila Rica era capital da Provncia de Minas Gerais.No Sculo XVIII a Vila Rica chegou a concentrar o apogeu do Ciclo do Ouro e poresta razo se tornara, economicamente, a mais importante cidade brasileira.
  • 6. Depois da Independncia, ao tempo do Imprio, que surgiram as primeirasescolas profissionais: a Escola de Farmcia em 1839, a Escola de Minas em 1876, ea Escola Livre de Direito, em 1892. A Escola de Farmcia e a de Minas forampioneiras no Brasil nas suas respectivas reas cientficas. Tal pioneirismo reforou aimagem de cidade culturalmente significativa.Em 1897, a capital de Minas Gerais foi transferida para a cidade planejada de BeloHorizonte, construda exclusivamente com o propsito de abrigar a sedeadministrativa dadas as limitaes do stio geogrfico de Ouro Preto, notadamentea acidentalidade do terreno. A Escola Livre de Direito foi transferida para BeloHorizonte, mas as Escolas de Minas e de Farmcia permaneceram em Ouro Preto.Sofreram forte esvaziamento de professores e recursos financeiros, massobreviveram. As atas das respectivas congregaes chegaram a discutir a hiptesede fechamento e de transferncia; discusses sempre proteladas e hipteses noconcretizadas. Entre 1930 e 1961 a Escola de Minas permaneceu vinculada Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Escola deFarmcia, estadual, foi federalizada em 1950. Mesmo distantes dos novos centroseconmicos e de poder, todavia, estas duas instituies sobreviveram, contandocom o peso do significado de Ouro Preto, como cidade palco de passagenshistricas importantes, smbolo representativo da nacionalidade.Em 1933, Getlio Vargas, que fora estudante em Ouro Preto nos ltimos anos doSculo XIX, declarou-a primeira Cidade Monumento Nacional.A partir da dcada de 60 passou a haver uma febril criao de universidadespblicas no Brasil. A burguesia transnacional delegou ao Estado nacional a tarefa depreparar mo de obra para emprego no processo de acumulao de capital,estratgia plenamente exeqvel em regime de ditadura militar. Assim, em 21 deagosto de 1969, o General Presidente Costa e Silva assinou o Decreto-Lei decriao da Universidade Federal de Ouro Preto, a qual passava a ser integrada pelaEscola de Farmcia, de Minas e o Instituto de Cincias Humanas de Mariana, esteat ento pertencente Universidade Catlica de Minas Gerais enfim.Segundo estudo realizado atravs de depoimentos de pessoas que participaram dafundao da UFOP, levado a cabo pelo seu professor Romerio Rmulo, a integraoem Universidade foi pensada como estratgia de sobrevivncia, de salvaomesmo, para as instituies. Mas, segundo aquele pesquisador, o fato de OuroPreto ser, desde 1933, "Monumento Nacional", exerceu contribuio decisiva noconvencimento do Ministrio da Educao, atravs de ex-alunos junto ao Ministro
  • 7. Tarso Dutra, no sentido de manter vivas as instituies, instalando-as numa nicauniversidade.Em qualquer hiptese, efetivamente, no se pode considerar a trajetria do ensinosuperior em Ouro Preto de uma forma desvinculada da condio de insero emcidade "Patrimnio Cultural Nacional" (a partir de 1933), e, "Patrimnio Cultural daHumanidade", por declarao da UNESCO (a partir de 1980). Este status que lhe foiconferido econmica e culturalmente importante para Ouro Preto na medida emque contribui para atrair turistas, fazer pulular eventos culturais, ser visitada porintelectuais renomados, afluir excurses de alunos do Brasil e exterior, chamarateno de autoridades que a convertem em cenrio de espetculos polticos, etc...Esta atmosfera cosmopolita, aliada presena de milhares de estudantes, ligados aUFOP, gera um ritmo frentico ao cotidiano e cria uma efervescncia cultural maisou menos permanenteA institucionalizao das repblicas ocorre no perodo em que a ideologiadesenvolvimentista a predominante. A Escola de Minas de Ouro Preto reconhecidamente um foco nacionalista e seus ex-alunos eram absorvidosprincipalmente pelo servio pblico, que "tendiam a considerar-se servidorespblicos responsveis pela conduo do pas pela rota do progresso"(Schwartzman, 2001).Por isso, a compra de repblicas, oficialmente estabelecida em 1953, seguidaparalelamente por entidades privadas de assistncia ao estudante, como a Casa doEstudante da Escola de Minas, ou do apoio da Fundao Gorceix, a partir de 1960,so investimentos dos estudantes e uma forma encontrada pelas elites acadmicasde possibilitar a vinda e a permanncia de um maior nmero de estudantes emOuro Preto, e tambm, para aproveitar o dinamismo dos estudantes vindo destesincentivos ou investimentos.Como em nenhum outro lugar no Brasil, as "repblicas" de moradia estudantil deOuro Preto so permanentes, no sentido de que no se dissolvem quando um grupode alunos conclui os estudos. Os ex-alunos, por tradio, visitam-nas, em retorno,regularmente, mesmo depois de dcadas de formados. H esforos organizativoscom o propsito de manter proximidade entre formados e no formados,desenvolvendo compromissos de entrosamento na vida profissional.
  • 8. Com uma trajetria de mais de um Sculo, as "repblicas estudantis" adquiriram,no Brasil, visibilidade em razo dos seus fortes traos caractersticos, tipificados emmodus vivendi especfico, e citados frequentemente na imprensa nacional:"A histria das repblicas de Ouro Preto nica no Brasil, e s em Coimbra,Portugal, se tem notcia de algo parecido. Geridas pelos estudantes, estoinstaladas em casares comprados pela Universidade, e tem at presidente. Alifunciona uma rgida hierarquia comandada pelo decano, o morador mais antigo".(Revista Semanal Isto de 21/10/98: pp. 70-71).A direo da UFOP reconhece as "repblicas" como territrio estudantil autnomo.Em boletim oficial divulgado em 1999, por ocasio dos 30 anos de UFOP, assim seexpressa:"As repblicas estudantis so autogovernadas (res publica = coisa pblica). Em1897, quando a capital do Estado de Minas Gerais transferiu-se para BeloHorizonte, muitas casas do centro histrico de Ouro Preto foram abandonadas pelosseus moradores em conseqncia do esvaziamento econmico, e, ento, osestudantes das Escolas de Minas e de Farmcia ocuparam-nas e conservaram-nas.A partir dos anos 50, integraram-se ao patrimnio das instituies e hoje 72 delaspertencem Universidade. ( UFOP:1999).Lembramos que a UFOP e este mundo das "repblicas" formam uma unidadecontextual indissocivel, tantas so as interpenetraes de influncias entre si.Modificaes em quaisquer elementos de uma ou de outra trazem implicaes sobreo contexto do sistema educacional.Pode-se aventar a hiptese de que a "REPBLICA", res pblica, coisa pblica -fenmeno tpico de Ouro Preto - um espao onde podem acontecer processosvariados de aprendizagem, que vo desde aquisio de sociabilidade, passando porsolidariedade, capacidade de subordinao s regras de grupo, capacidade derenncia a certos interesses individuais para lograr adequar-se a ordenamentoshierrquicos coletivos. Embora no tenham sido criados com propsitospedaggicos, elas existem em funo de uma instituio pedaggica.Atitudes e valores como a direo das vontades, exerccio repetido de esforosvolitivos, conhecimento de si, autodeterminao, autorregulao, no soensinados diretamente nas salas de aula da UFOP, mas podem ser aprendidas nomundo das "repblicas". (Sardi, 2001).
  • 9. Segundo o historiador Otvio Luiz Machado Silva, coordenador de pesquisa de"Reconstruo Histrica das Repblicas de Ouro Preto", em 2000, acredita que a"repblica" "um lugar de grande aprendizagem, um dos poucos na vidauniversitria que permitem o debate e uma vivncia cultural, e onde oindividualismo reduzido e os projetos coletivos estimulados". E acredita ainda quea "repblica" constituda de estudantes que carregam uma histria de rebeldia, deluta, de sonhos, aprendizagens, ousadias, e, acima de tudo, cidadania, pois ali seaprende o sentido da democracia, com todos os conceitos e atitudes que comporta:participao, dilogo, reivindicao, busca de um consenso, respeito pelo outro epela diferena". (O TEMPO; 2000).Segundo as palavras do prefeito da cidade de Ouro Preto impossvel imaginar acidade sem esse mundo universitrio, uma vez que os estudantes e as repblicascompem de forma peculiar a cidade ouro-pretana e fazem parte do patrimniohistrico.O atual prefeito de Ouro Preto, ngelo Oswaldo, fez importantedeclarao em 2002:"Entre o excesso de som e a falta de tom no12 deOutubro, -as repblicas-.precisam firmar um novo pacto com a comunidade que asacolhe. inimaginvelque Ouro Preto possa perd-las, recolhidos os estudantesa prdios novos noCampus do Morro do Cruzeiro. Os estudantes fazem partedo patrimnio vivo deOuro Preto. Seria inconcebvel a paisagem sem que eles aatravessassem, com
  • 10. as fantasias do trote, o batuque do carnaval, asbrincadeiras jocosas, aalegria da vida que comea a ganhar o mundo".(OSWALDO, 2002).3- MATERIAIS E MTODOSO projeto comeou o seu trabalho de pesquisa no incio com do ms de Agosto de2007. Tivemos uma reunio inicial com o orientador da pesquisa, professor ManuelFerreira, para acertarmos todos os detalhes do projeto e iniciarmos as pesquisas equal seria o nosso referencial para a investigao de nosso tema.O professor Manuel Ferreira Filho, orientador do Projeto "A Cidade Patrimonial:Memria, Identidades e Tecidos Sociais em Ouro Preto (MG)", viajou para osEstados Unidos, para a cidade de Virgnia, Eua, no segundo semestre do ano de2007,e l trabalhou por um perodo de trs meses, para a investigao de um outroprojeto de pesquisa, semelhante ao tema de Ouro Preto. Retornou no final do anopassando, quando fomos convocados para reunio no Ateneu Dom Bosco paradecidirmos a viagem para Ouro Preto e para darmos incio a pesquisa de campo efundamentar o nosso trabalho a respeito do tema de cada um dos integrantes doprojeto de pesquisa.
  • 11. Por isso, ficamos sob a orientao da professora Las, que tambm faz parte doprojeto e, que ficou responsvel por nos auxiliar durante o perodo que o professorManuel estivesse ausente. A professora Las nos orientou com relao delimitaode nossos temas, a melhor forma de abordarmos o assunto, composio,bibliografias, mtodos de pesquisas e etc.Em nossos encontros, estudamos a associao de tcnicas e como elas soimportante para os estudos antropolgicos na busca de uma viso mais efetiva darealidade, do estranhamento diante das novas realidades, pois na pesquisa serealiza um movimento dialtico no entendimento entre pesquisador/ pesquisado,que precisa ser conhecido e levado em conta na anlise das informaestransmitidas. Dessa forma, a associao de diversas fontes de dados s poderiaenriquecer o trabalho e permitir ao pesquisador apreender da forma mais objetivapossvel a realidade.Os mtodos utilizados nesta investigao foram a pesquisa-ao e a histria oral. Oprimeiro passo foi criar um campo de dilogo e envolvimento com os atoresenvolvidos, ou seja, com os moradores de repblicas da universidade. Fiz leituras arespeito do assunto em questo e busquei auxlio de alguns pesquisadores quehaviam trabalhado com tema a respeito de repblicas, como o professor JaimeAntnio Sardi, que fez uma tese de doutorado, que trabalhou a questo"Estratgias de Auto-Regulao Desenvolvidas por Estudantes Universitrios emAmbiente de Exacerbao do Prazer" (SARDI, 2001), praticado nas repblicas. Etambm com o historiador e pesquisador Luiz Otvio Machado, autor do livro, quefoi aluno da UFOP e morador de repblica, que trabalhou com o tema sobremoradias dos alunos da UFOP. Eles me auxiliaram com os seus materiais a respeitodo tema abordado.A metodologia de pesquisa-ao foi uma das formas de demonstrar que aimportncia desses atores, nesse caso os estudantes para a cidade de Ouro Preto,pois com eles pude privilegiar todas as vises existentes sobre as repblicas, gerarum debate sobre elas o seu contexto cultural e histrico com a cidade patrimnio.O professor Manuel retornou no final do ms de Dezembro, tivemos reunies comele para apresentar a ele os relatrios do que tnhamos feito durante o perodo emque ele estava fora e o que a professora Las nos havia passado. Nesses encontrosmarcamos nossa viagem de pesquisa de campo, que aconteceu logo aps o seuretorno.
  • 12. O nosso tempo de estadia na cidade durou sete dias. Nesse perodo visitamos asigrejas da cidade, museus, fizemos entrevistas, realizamos nossas investigao,cada qual com o seu tema.Ns tambm nos reunamos todas as noites para discutirmos as aes do dia, asdificuldades, as investigaes, material coletado, estratgias, resultados e fazernossos planejamentos para dar solidificao para nossas pesquisas. Fazamostambm o nosso dirio de campo com as anotaes do dia, como tinha sido, osresultados, as entrevistas, tudo que pudesse nos auxiliar posteriormente aps onosso retorno para Goinia.Busquei durante minha estadia na cidade de Ouro Preto trabalhar com umametodologia mais participativa, na qual pudesse obter as respostas para o tema pormim escolhido. Por meio de entrevistas, de desenhos, nos quais os atores por meiode desenho descreviam como via a cidade de Ouro Preto, Patrimnio.O objetivo foi, enfim, buscar uma melhor relao entre o conhecimento dopesquisador e a realidade circundante desses alunos, e dessa forma permitir, queesses no fossem vistos apenas como meros receptores, e sim, como atores dentrode um processo, onde h a necessidade da participao de todos, e assimconseguir atingir o alvo da pesquisa, que anlise da relao desses estudantes edos ex- alunos com a cidade de Ouro Preto patrimnio. Dessa maneira, utilizeiprocedimentos detalhados, para que eu pudesse reproduzir na integra, todomaterial de investigao por mim utilizado, bem como tambm os mtodos eequipamentos.As fitas de udio que foram utilizadas durante algumas das entrevistas que foramrealizadas, as mesmas esto no processo de transcrio e sero arquivadas, tantona forma original, como tambm em arquivos digitados, e tambm na formadigitalizadas.Desta forma, a metodologia da pesquisa-ao (que permite tornar os fenmenosobjetivos inteligveis, mesmo diante da complexidade, capaz de incidir luz sobre arealidade estudada) me permitiu construir um conhecimento com uma forteinterao com os estudantes dessas repblicas, em um esforo nico parareconstituir esta histria dessa relao, entre estudantes e moradores da cidade deOuro Preto. Como o planejamento do trabalho cientfico, em qualquer rea, impeao pesquisador que descobre algo e faa uma reflexo contnua sobre o seu objeto,neste sentido a metodologia utilizada auxiliou a intensidade da ponderao.
  • 13. Com esse procedimento visei aproximar-me da relao sujeito (pesquisador) eobjeto (pesquisado). uma relao intersubjetiva, que dialoga, que relativizapontos de vista existentes, que nesse caso, vejo como algo imprescindvel e desuma importncia. A troca de "olhares" e saberes que completa esta forma depesquisa forneceu a mim, pesquisadora e aos grupos participantes, meios que setornaram capazes de responder com maior eficincia aos problemas de todos osenvolvidos nessa delicada relao, em que convivem diariamente, moradores dasrepblicas e a sociedade ouro-pretana com seus cidados no entendimento dacidade de Ouro Preto como patrimnio cultural.A pesquisa tinhs como objetivo analisar as relaes de memrias, identidades etecidos sociais dessas repblicas com a cidade de Ouro Preto, patrimnio e, analisarde que forma essa relao contribui para a cidade mineira e de que maneira ela sed. A minha inteno ao pesquisar o tema era somar com os demais pesquisadoresque j trabalharam com esse assunto, e dessa forma agregar mais valor a cidadeouro-pretana, no que diz respeito, ao patrimnio cultural e histrico, eprincipalmente na sua conservao patrimonial.Ao chegar na cidade para a pesquisa de campo, percebi que a vida universitria deOuro Preto tem um forte elo com toda sociedade local, mesmo que nessa relao seperceba fortes conflitos entre ambos, existe uma relao de amor e dio por eles,percebi, porm que os mesmos compem tambm esse universo cosmopolitanochamado Ouro Preto.Comeo a integrar mais em relao ao novo tema que irei tratar. O tema sobre asrepblicas um timo, uma vez que o assunto abrange vrios aspectos dosproblemas da cidade e sua comunidade. A investigao comea com os estudantesda republica onde estou hospedada, com entrevistas e desenhos para que possammostrar o que de fato acham cidade de Ouro Preto, patrimnio. Como eles a veme o que eles podem fazer por ela. Aproveito o momento que no estamos emoutros lugares, para fica mais prxima dos estudantes e ver como funciona o seudia-a-dia., o cotidiano de cada um dos moradores da repblica.O estudo sobre as repblicas muito interessante e ao mesmo tempo intrigante,haja vista, que a favor delas tudo conspira, a universidade, as festas, os casares,os seus moradores, seus trotes, suas rebeldias. As repblicas exalam no ar, o
  • 14. tempo todo o seu perfume de irreverncia e rebeldia, uma vez que so a marcaregistrada desses estudantes, assim como eles tambm o so da cidade. OuroPreto tambm muito conhecida como a cidade dos estudantes, alm, claro desuas famosas igrejas, ladeiras e obras artsticas de Aleijadinho e outros artistas quecompem esse cenrio artstico e histrico.O mundo dos estudantes uma cidade parte, que se cruza com Ouro Preto e aomesmo tempo no, so como se eles no se envolvessem com ela, com sua histriae sociedade e tambm com os seus moradores e comunidade, como se fizessemparte dela apenas fisicamente, ocupando somente o seu espao fsico, uma vez queeles no se envolvem nos problemas sociais dela, e ali apenas estivessem paradesfrutar do que a cidade lhes pode oferecer, sem contudo lhes retribuir o favor dosmoradores locais, quando estes os acolhem durante seu perodo de universidade,sem quase nada receber em troca.Eles que vagam por suas ruas e ladeiras, mas ao mesmo tempo como se noandassem por elas, como se l no estivessem, no tocante ao esprito latente dacapital dos estudantes, como assim pode ser definida tambm, Ouro Preto.O aluno que estuda na UFOP, no se identifica como um integrante da cidade, quefaa parte da identidade do Patrimnio Cultural Mundial, mas sim,um passageirocom uma rpida estadia pela cidade, de aproximadamente de cinco a seis anos,que passa muito rpido e, que l querem levar apenas as boas lembranas dasfestas que fizeram durante os seus anos de estudos e farras.O professor Adlson Pereira dos Santos Pr-reitor adjunto de graduao da Pr-reitoria de Graduao Pro - grade da UFOP, me orientou um pouco a respeito dasrepblicas e de seus estudantes. Como a universidade se inteira dos fatos e atonde ela vai com suas responsabilidades para com elas, uma vez que so rgosquase que autnomos, criadas em funo da comunidade universitria. Quais soas obrigaes para com as repblicas e quais so os direitos e deveres dasmesmas. Ele me informou ainda que o modelo das repblicas ouro-pretana, sooriginrias das de Coimbra, em Portugal, que foi estudado por um dos ex- alunosda UFOP e tambm ex-morador de uma das repblicas da cidade, Luiz OtvioMachado, que hoje mora no Estado do Pernambuco e faz parte do corpo depesquisadores da UFPE ( Universidade Federal do Pernambuco), e que s em OuroPreto que encontra este tipo de modelo de repblicas no Brasil. Existe umuniverso diferente neste mundo que circunda a cidade de Ouro Preto. Elas sodetestadas de certa forma, pelos moradores da cidade, por causa de suas festas e
  • 15. rebeldia, e ao mesmo tempo amadas e admiradas por aqueles que desfrutam delasou partilham algo em comum.Encontrei algumas teses de mestrado e doutorado de pesquisadores que j tinhamabordado a respeito das repblicas, com isso me foram e o sero de suporte para otema que eu escolhi para trabalhar. Uma seria a tese de doutorado do professorJaime Antnio Sardi, que trabalhou com o tema na cidade de Ouro Preto, naseguinte temtica: "Estratgias de Auto-Regulao Desenvolvidas por EstudantesUniversitrios em Ambiente de Exacerbao do Prazer".O seu trabalho objetivou levantar estratgias atravs das quais estudantesuniversitrios logram conciliar o estudo com a prtica pessoal dos prazeres. Trata-se de um estudo de caso dentro do contexto da Universidade Federal de OuroPreto, o qual conhecido como espao de amplas possibilidades de exacerbao doprazer. Na sua tese pude encontrar informaes a sobre a origem das repblicas eo modelo adotado pelos os estudantes da cidade.A outra tese foi do pesquisador chamado Otvio Luiz Machado, que por ser ex-aluno da UFOP e morador de uma das repblicas de Ouro Preto e organizador deum livro que trata sobre o tema, agregou muita ajuda minha pesquisa.A Universidade Federal de Ouro Preto tem hoje aproximadamente 8.377, dos quais4.466 so alunos que estudam na cidade de Ouro Preto, 720 em Mariana, 259, emJoo Monlevade, que d num total de 5.445 s nessa regio, sem contar com osalunos que fazem o Cead, que o ensino distncia, que contam com mais 2.932.(Dados da UFOP).Hoje a universidade disponibiliza de um alojamento na prpria Ufop. Que usacritrios scio-econmicos para avaliarem a entrada dos estudantes nosalojamentos da universidade, neles os estudantes no tm despesa alguma, comoenergia, telefone, por exemplo. A Ufop tambm tm 280 repblicas federais, nasquais os alunos no pagam aluguel, apenas energia, internet, tv a cabo ou outrascomodidades que eles colocarem na casa para usufruto prprio, e as quais eles soresponsveis por seus pagamentos.O processo de procura pelas repblicas da cidade comea mesmo antes dovestibular, quando os alunos comeam a procurar suas futuras moradias. No dia damatrcula, os moradores das repblicas particulares costumam ficar nas filasentregando panfletos das suas repblicas, para os futuros estudantes e tambmmoradores, uma vez que as repblicas particulares, precisam dividir as despesas
  • 16. para conseguir se manterem. Mas, a maioria dos estudantes costumam batalharprimeiro, uma vaga nas republicas federais, e quando no conseguem vo para asparticulares, pelo fato do critrio de seleo dessas serem menos rgidas do que asdas federais.As despesas que esses alunos-moradores tm na casa so muitas, mas isso vaidepender dos servios e produtos que eles utilizam na casa, como por exemplo, tva cabo, internet, a "cumadre", como eles chamam a secretria que arruma acasa, isso tudo so servios, que pesam no oramento desses estudantes, que sodivididos em partes iguais entre eles.Mas em ambas elas tm que passar pelo o processo de aceitao, todos oscalouros, ou melhor bixos como eles so chamados, so submetidos aos trotes etambm passam pelo o processo de aceitao na repblica, na qual eles sosubmetidos aos mais diversos tipos de atividades, durante um determinado perodopara serem aceitos por estas e seus moradores.Estudar as repblicas e estudantes da cidade de Ouro Preto algo muito intrigantee, que exige um ouvir e olhar crticos, ateno e muita observao para no se tirarconcluses precipitadas, por causa da muitas circunstncias, com as quais nosdeparamos todo instante. O mundo dos universitrios oferece vrios prismas paraser tratados, no se deve deixar passar nenhum detalhe que possa construir oparalelo desses estudantes com a cidade de Ouro Preto.Por isso, creio que o caminho que tenho a trilhar ainda muito longo, para que eupossa conseguir as respostas de minhas indagaes pessoais e da pesquisa.Alguns dos mtodos utilizados no campo:Entrevistas com os atores envolvidos em nossa investigao, no meu caso, com osestudantes- moradores das repblicas; cidados que nasceram e vivem na cidade,mas que tm uma viso diferente da dos estudantes, e por isso a vem com umolhar diferente e de outro ngulo. Todas as entrevistas foram todas gravadas. Pediautorizao dos entrevistados para fazer a entrevista. Esses materiais no momentoesto sendo transcritos para o arquivo do projeto de pesquisa, para que a prximavez, que for cidade, possa apresentar a eles o material transcrito e ter o aval
  • 17. desses atores para inserir e divulgar esses documentos, de suma importncia parao projeto e para mim.Utilizei tambm o mtodo dos desenhos, eu fazia uma pergunta aos estudantescomo eles viam a cidade de Ouro Preto, que a seguinte pergunta:"Como voc vera cidade de Ouro Preto, patrimnio"? E pedia ao estudante que a desenhassemnuma folha de papel em branco o que lhes viesse cabea, que eu fornecia a eles,utilizando as canetinhas de desenho, sem em momento algum, interferir comsugestes ou indues.Pesquisa-ao e a histria oral, que foram mtodos que utilizei na pesquisa decampo. Por ter um maior contato com esse mundo universitrio, eu pude levantarindagaes de como eles se relacionavam com a cidade patrimnio e qual acontribuio que eles oferecem para essa cidade que os acolhe. Esse tipo demtodo permite uma melhor aproximao e abordagem dos questionamentos quesurgiram no processo da pesquisa de campo.Aplicao de questionrios qualitativos e quantitativos; com o objetivo de conhecerde fato quem eram os nossos atores, isso no caso dos questionrios qualitativos. Enos quantitativos, queria ter a noo de quantos eram os nossos estudantes. Esseprocesso ir continuar, nesse segundo semestre, quando eu e os demaisintegrantes do projeto, pretendemos ir novamente cidade de Ouro Preto paradarmos continuidade pesquisa, uma vez que o tempo que tivemos na cidade, nofoi suficiente para nenhum de ns.A leitura do material foi de suma importncia para a compreenso dessa realidadetotalmente diferente da que eu vivo aqui, at mesmo tambm como universitria.Pois o estranhamento foi relevante para entender de que forma ele se dar, e comorespeitar as diferenas circundantes. Tive acesso a sites, blogs, teses dedoutorados, de mestrado, livros que foram escritos a respeito do tema, entrevistascedidas por outros pesquisadores que j haviam investigado questes semelhantessobre o mesmo tema, ou seja, as repblicas. Tudo isso contribuiu de formaexpressiva na investigao da minha pesquisa.4- RESULTADOS
  • 18. Tive um resultado relevante diante do tempo disponvel que tinha, que foi apenasde uma semana, perodo que no suficiente para responder todas as indagaesque foram levantadas por mim durante minha estadia na cidade. A pesquisa decampo requer um perodo maior, para se analisar e investigar as questes darelao desses estudantes com a cidade de Ouro Preto, ainda mais quando setrabalha um assunto to complexo, que preciso uma anlise mais crtica epaciente diante situaes e processos apresentados.A relao dos moradores de Ouro Preto com os estudantes no muito confortvel,uma vez que os ouro-pretanos se sentem afrontados pelas atitudes rebeldes dessesalunos, que muitas vezes extrapolam os limites dessa sociedade que to bem osacolhe.Para se ter o resultado desejado para responder todas as minhas indagaes etambm as do projeto de pesquisa, faz-se necessrio, pelo menos mais uma ouduas visitas de campo. Pelo fato do assunto ser muito complexo e para no cair naquesto das respostas induzidas pelas circunstncias e aparncias. Pois a princpio,o que eu pude perceber que a relao dos estudantes com os moradores dacidade muito delicada, para no usar o termo conflitante, antes de uma melhoranlise da questo, em que eu possa afirmar tal.Alguns dos resultados que tive na pesquisa foi o acesso aos estudantes, e suaabertura que me ajudou em muitos dos meus questionamentos:Fazer contatos com pesquisadores que trabalharam o tema e, que esto meajudando at o presente momento na pesquisa e, com previses de mais ajuda nofuturo.Entendimento de como funciona o processo de moradias das repblicas e suahierarquia.Acesso s repblicas para dar continuidade pesquisa.Conhecimento e experincia ao trabalhar com esse tema.
  • 19. 6- DISCUSSO E CONCLUSOAs respostas que tive para minhas indagaes foram poucas, porm, profundas, oque mostra que esse tema merece uma ateno toda especial ao trat-lo, uma vezque preciso saber como conduzir bem, a relao que terei com os estudantes,moradores das repblicas, e os moradores da cidade.A relao dos atores dessa cidade que patrimnio, uma relao desuperficialidade, esses estudantes no se envolvem nas questes sociais da cidade,o que incomoda os moradores de Ouro Preto. Que se sentem afrontados pelodescaso como esses estudantes tm pela cidade que os acolhem, no mnimo seisanos de suas vidas, enquanto l esto para os seus estudos de graduao.O que percebi que a relao entre esses estudantes e moradores da cidade muito delicada. Os moradores de Ouro Preto, muita vezes se sentem maisestranhos em sua prpria terra, principalmente em relao aos universitrios eturistas. como se Ouro Preto ao se tornar patrimnio cultural, tivesse sim os seusbenefcios, mas tambm as suas desvantagens. como se o lugar do morador ouro-pretano, fosse desrespeitado, ignorado, e como se eles que no pertencessem cidade de Ouro Preto. As festas, os trotes,o carnaval, o 12 de Outubro, as suas rebeldias, tudo isso como se fosse umaafronta para os ouro-pretanos, tamanho a fora motora desses estudantes.Mas como afirmei anteriormente, essa uma questo que no posso afirmar, comtoda nfase e convico, uma vez que preciso de mais argumentos para confirmarminha argumentao. O que pude concluir, que uma anlise mais precisa eobservadora para se afirmar todas as impresses que percebi na cidade. Issoporque, se trata de relaes humanas, e no apenas de simples objetos comum,que so facilmente definidos. H de respeitar o lugar do outro, de onde ele fala,para que se possa, determinar as falas de cada um desses autores.Por isso considero de suma importncia uma investigao mais profunda.E isso s ser possvel com mais uma ida cidade de Ouro Preto, tenho a intenode voltar cidade para mais investigaes, que me possibilitem afirmar tal e ficarpelo menos quinze dias para continuar as minhas avaliaes a respeito do tema,dos estudantes das repblicas.
  • 20. A nica coisa que posso afirmar que um precisa do outro, os moradores precisamdesses moradores e vice-versa. Ambos so importantes nesse cenrio chamadoOuro Preto, para a sua preservao e conservao.7- BibliografiaOSWALDO, ngelo. "Reproclamao das Repblicas". In: texto para aExposio Ouro Preto, Juventude, Tradies e Movimentos Sociais, Museu CasaGuignard, 2002. (Exposio organizada por Otvio Luiz Machado que ficou.aberta visitao pblica de 09 a 30 de setembro de 2002).FILHO, Michel Zaidan, e MACHADO, Otvio Luiz- organizadores Movimentoestudantil brasileiro e a educao superior/ organizadores Michel Zaidan Filho,Otvio Luiz Machado. Recife: Ed. Universitria da UFPE, 2007.MACHADO, Otvio Luiz. As repblicas de Ouro Preto. O Tempo, Belo Horizonte,abril, 2000.SARDI, Jaime Antnio Sheffler- Estratgias de Auto-Regulao Desenvolvidas porEstudantes Universitrios em Ambiente de Exacerbao do Prazer, 2001. Tese deDoutorado8- Perspectivas de continuidade oudesdobramento do trabalhado
  • 21. As perspectivas de continuidade em relao ao projeto so grandes. Eu meencantei com o projeto, principalmente quando fui para o campo, e l percebialguns fatores semelhantes com as disciplinas estudadas no meu curso deJornalismo.No curso temos uma matria que se chama jornalismo investigativo e livro-reportagem, que tm caractersticas fortes e expressivas de um trabalho de campo.E veio reforar ainda mais o desejo, de engajar mais ainda no projeto de pesquisa.Tais semelhanas despertaram em mim, um desejo de investigao ainda maior,haja vista, que o tema das repblica, ser o meu projeto experimental de conclusode curso, que fazer um livro-reportagem tratando sobre esse tema, ou seja, Asrepblicas. As caractersticas tm tudo a ver para dar continuidade no meutrabalho e tambm no meu projeto de concluso de curso na faculdade deJornalismo.Esse fator s refora, que a universidade e seus pesquisadores apresentampropostas e projetos de pesquisas, que abrem horizontes para os seus alunos,permitindo a estes alunos ir bem mais alm das salas de aula, e de uma simplesprofisso no trmino do curso. Com isso podemos alar vos muito mais altos.O tema realmente me agradou e muito, pelo estranhamento da realidade existentena cidade de Ouro Preto, que no meu ponto de vista muito interessante eintrigante e o encantamento que tive pela cidade e seus moradores. Outro fatorseria tambm a inteno, que tenho em futuramente tratar de temassemelhantes a esses em outras partes do pas, que tenham tambm repblicas ecasas estudantis e tambm no exterior, na elaborao de uma tese de mestrado eat mesmo doutorado.E o fator mais importante, que preciso de mais tempo para conseguir responder atodas as indagaes, que levantei nas minhas investigaes sobre as repblicas esua relao com Ouro Preto, patrimnio. As respostas que obtive durante aspesquisas realizadas na cidade no trabalho de campo e por meio de material, noforam suficientes para responder minhas indagaes e questionamentos. E isso,principalmente pelo tempo que tive na cidade que foi extremamente curto parauma investigao de tamanha relevncia para a pesquisa. Esse tipo de estudorequer mais tempo, principalmente para que eu possa afirmar com toda exatido as
  • 22. respostas encontradas e, dessa forma pode afirma e reafirm-las no contextoanalisado.Como j mencionei no texto, tive minhas impresses pessoais e tambm comopesquisadora sobre a cidade de Ouro Preto, seus moradores, os estudantes e asrepblicas, mas pelo fato de o tema ser polmico e de um nvel alto decomplexidade, no poderia nesse exato momento, afirmar com exatido asimpresses que tive nas investigaes de campo.Faz-se necessrio a continuidade da pesquisa, at mesmo, porque tive que alteraro meu tema, que inicialmente era trabalhar com as crianas. E pelo fato tambmque o meu material de estudo era voltado para essa temtica direcionada paracrianas, com leitura infantil, sobre como trabalhar com elas e etc, tendo dessamaneira, depois da mudana do tema, comear uma bibliografia nova e com umanova argumentao e olhar.Eu quero muito continuar no projeto, pois sei da importncia dele no meu currculoacadmico, mas principalmente pelo o aprendizado que esse me oferece, que degrande relevncia. E tambm, por gostar do projeto de pesquisa, e do tema queestou trabalhando na pesquisa.9- AgradecimentosGostaria em primeiro lugar de agradecer a Deus, que em todos os momentos foi omeu sustentador e brao forte, pois sem Ele, muitas coisas no me seriam possvel. minha famlia, amigos que acreditaram no meu trabalho e me deram apoio nesseprojeto.E um agradecimento todo especial ao Professor Manuel Ferreira Lima Filho pelapessoa que ,principalmente pelo educar que existe nele. Pela sua garra edeterminao em acreditar, que por meio da educao possvel mudar essanao. E tambm por acreditar em ns, seus alunos pesquisadores, que sempreesteve presente, nos incentivando, seja por meio de cobranas, de broncas,
  • 23. correes, que nos ajudaram no s como alunos, mas tambm como pessoas,aonos ensinar que cada dia podemos ser seres humanos melhores.O meu muito obrigado de corao, ao professor e amigo Manuel Ferreira, que Papaido cu cuida sempre de ti e sua famlia.A agradecer tambm a Universidade Catlica de Gois, que sempre acreditou emseus alunos, e sempre nos deu oportunidades de conquistar novos horizontes. Fabrcia Matos de Jesus