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Texto Base da Direção Nacional da CUT

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

10º CONCUT José Olívio

TEXTO BASEDIREÇÃO NACIONAL DA CUT

Desenvolvimento com Trabalho,Renda e Direitos

março de 2009

março de 2009

TEXTO BASEDIREÇÃO NACIONAL DA CUT

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DIREÇÃO EXECUTIVA NACIONAL DA CUT – 2006/2009

Presidente: Artur Henrique da Silva SantosSINERGIA – Sind. Trab. Ind. de Energia Elétrica do Estado de SPVice-Presidente: Carmen Helena Ferreira ForoSind. Trab. Rurais de Igarapé-Miri – PASecretário Geral: Quintino Marques SeveroSind. Trab. Ind. Metalúrgicas de São Leopoldo – RSPrimeiro Secretário: Adeilson Ribeiro TellesSEPE -Sind. Est. dos Profissionais da Educação do Estado do RJ(Oposição)Tesoureiro: Jacy Afonso de MeloSind. dos Bancários de Brasília – DFPrimeiro Tesoureiro: Antonio Carlos SpisSind. Unificado dos Petroleiros do Estado de SPSecretário de Relações Internacionais: João AntônioFelícioAPEOESP – Sind. dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SPSecretário de Política Sindical: Vagner Freitas de MoraesSind. dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região - SPSecretário de Formação: José Celestino Lourenço (Tino)SIND-UTE – Sind. Único dos Trab. em Educação do Estado de MGSecretária de Comunicação: Rosane BertottiSind. Trab. Agricultura Familiar de Xanxerê – SCSecretário de Políticas Sociais: Expedito Solaney P. MagalhãesSind. dos Bancários do Estado de PESecretária de Organização: Denise Motta DauSindSaúde - Sind. dos Serv. Pub. em Saúde do Estado de SP

Secretária sobre a Mulher Trabalhadora: Rosane da SilvaSind. dos Sapateiros de Ivoti – RSDiretor Executivo: Anízio Santos de MeloAPEOC - Sind. Serv. Pub. Lot. Sec. de Educação e de Cultura doEstado do CEDiretor Executivo: Antonio Soares Guimarães (Bandeira)Sind. Trab. Rurais de Pentecostes - CEDiretor Executivo: Carlos Henrique de OliveiraSind. Serv. Pub. Municipais de São José do Rio Preto - SPDiretor Executivo: Dary Beck FilhoSind. Trab. Ind. Dest. Refinação de Petróleo do Estado do RSDiretora Executiva: Elisângela dos Santos AraújoSind. Trab. Rurais de São Domingos - BADiretor Executivo: José Lopez FeijóoSind. Trab. Ind. Metalúrgicas do ABC – SPDiretor Executivo: Júlio Turra FilhoSINPRO - Sind. dos Professores do ABC – SPDiretora Executiva: Lúcia Regina dos Santos ReisSINTUFRJ - Sind. Trab. em Educação da UFRJDiretor Executivo: Manoel Messias Nascimento MeloSINDPD – Sind. dos Trab. em Informática do Estado de PEDiretor Executivo: Milton Canuto de AlmeidaSINTEAL - Sind. Trab. em Educação do Estado de ALDiretor Executivo: Rogério Batista PantojaSind. Trab. Ind. Urbanas - APDiretor Executivo: Temístocles Marcelos NetoSind. Serv.Púb. em Saúde do Estado de MG

Conselho Fiscal – Efetivos1. Maria Júlia Reis NogueiraSind. Trab. Púb. Fed. Saúde e Previdência do Estado do MA

2. Valdemir Medeiros da SilvaSind. dos Previdenciários do Estado da Bahia

3. Alci Matos AraújoSind. Empreg. no Comércio do Estado do ES

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

Sumário

Introdução........................................................................................................07

Texto Base da Direção Nacional da CUT:.......................................................09

- I. A CUT e a conjuntura atual.......................................................................10

- II. Balanço Político Organizativo...................................................................15

- III. Estratégia e Plano de Ação......................................................................23

- IV Estatuto..................................................................................................42

Contribuições ao debate:...............................................................................45

- Texto de O Trabalho (OT)...............................................................................46

- Texto da Articulação de Esquerda (AE)............................................................51

- Texto da CUT Socialista e Democrática (CSD)..............................................57

- Texto da Tendência Marxista (TM) ................................................................64

- Texto da Esquerda Marxista .....................................................................68

Conferência Nacional de Comunicação...........................................................74

Anexo - Estatuto da CUT.................................................................................79

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Introdução

Este texto foi aprovado na reunião da Direção Nacional da CUT, realizada nos dias17 e 18 de março de 2009, como o TEXTO BASE DA DIREÇÃO NACIONAL DACUT, a ser apreciado nos congressos estaduais, dos ramos e nas assembléias debase.

A Coordenação do 10º CONCUT e a Executiva Nacional recomendam que o temada Estratégia seja a prioridade nos debates e formulação de Emendas, que deverãoter caráter de Resolução, proporcionando aos delegados e delegadas dos congres-sos estaduais bem como do congresso nacional o aprofundamento da reflexão e dodebate, criando as bases para que esse 10° congresso defina, de forma precisa, astarefas imprescindíveis para o próximo período.

Os temas Balanço da Gestão 2006-2009 e Conjuntura Internacional e Nacional,conforme deliberação da Executiva Nacional da CUT, não serão objeto de votação.

Bom trabalho a todos/as!

Coordenação do 10° CONCUT José Olívio

Coordenador-Geral – Quintino SeveroDary Beck Filho

Denise Motta DauJacy Afonso de MeloJosé Lopez Feijóo

Júlio TurraRosane Bertotti

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TEXTO BASEDIREÇÃO NACIONAL DA CUT

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1. A economia capitalista passa, nopresente momento, pela mais gravecrise desde 1929. É uma crise estrutu-ral do sistema que explora os/as tra-balhadores/as, que concentra renda eque condena milhões à fome e à misé-ria. Este sistema, desde as últimas dé-cadas do século XX, tem se guiado porpolíticas de liberalização financeira e co-mercial. O resultado desta liberdadesem controles resultou em um proces-so de financeirização sem limites, cujaexpressão é a existência de um fossoentre a riqueza produzida na forma depapéis (títulos públicos, ações e deri-vativos) e a riqueza real alcançada pelaprodução e pelo trabalho.

2. Os responsáveis por essa crise in-ternacional são aqueles queimplementaram em vários países domundo, inclusive no Brasil, com FHC/PSDB/DEM, as políticas neoliberais doConsenso de Washington. Esse mo-delo de Estado mínimo com poucaou nenhuma regulamentação,privatizações, absolutos privilégios aocapital especulativo e financeiro, ata-ques aos direitos trabalhistas edesregulamentação das relações detrabalho, da lógica de que o merca-do resolveria tudo, desmoronou.Está em disputa um novo modelo dedesenvolvimento para o mundo epara o Brasil.

3. Embora o impacto sobre cada paísseja diferete, a crise atinge todo o pla-neta. Tudo indica ser uma crise profun-da e de longa duração, que possui di-versas dimensões: financeira, econô-mica, social, alimentar, energética,ambiental, política, ideológica. Na pers-pectiva da evolução da espécie huma-na com a biosfera, na falta de uma mu-dança drástica do nosso paradigmaenergético baseado no uso desenfrea-do de energias fósseis, corremos o ris-co de precipitar ainda neste século mu-danças climáticas irreversíveis comconsequências dramáticas para as nos-sas condições de vida.

4. Por isso, entendemos que essa criseexpressa, também, uma crise do mo-delo global de produção e consumo dealimentos que coloca em questão a se-gurança alimentar e nutricional dos po-vos, e compromete as iniciativas de in-clusão social de parcelas significativasdas populações carentes. Assim, seránecessário que a matriz energética mun-dial contemple fontes renováveis e nãopoluentes de energia, que não venhama agravar a fome no mundo e o aqueci-mento global do planeta, solucionandoaspectos equivocados dos modelos dedesenvolvimento, altamente poluidores,hoje adotados por uma parcela razoá-vel de países desenvolvidos ou em de-senvolvimento e até mesmo mudançasde paradigmas.

I. A CUT e a conjuntura atual

Crise do capitalismo: a disputade projetos se intensifica

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5. A crise econômica, provocada pelocassino financeiro dirigido pelos capi-tais voadores, com o pleno consenti-mento dos organismos financeirosmultilaterais e os governos das maio-res economias do mundo atual,globalizou-se, nos atingiu e ameaçadestruir os avanços que obtivemos nosúltimos cinco anos, principalmente noque toca à produção e ao emprego.

6. Na América Latina, a existência deum bloco de governos de esquerda eprogressista pode contribuir para queas saídas para a crise sejam determi-nadas pela correlação de forças inter-na e não pela intervenção estrangei-ra; e saudamos mais um processoeleitoral vitorioso que foi a eleição pre-sidencial de Maurício Funes, da FMLN,em El Salvador.

7. Graças às escolhas políticas nacio-nais – que têm se voltado para a recu-peração dos mercados internos - edefinição do processo de integraçãosub-regional e regional, como base parauma política externa mais independen-

te, os países do Mercosul podem apre-sentar hoje uma posição de mais es-tabilidade e, até o momento, enfren-tam a crise de forma menos dramáti-ca do que a Europa, Estados Unidos,Japão e China. Situação semelhante severifica em outros países da AméricaLatina que mantiveram uma políticaforte de intervenção estatal na econo-mia, priorizando a manutenção do de-senvolvimento e políticas de inclusãosocial. O reforço e ampliação destaspolíticas, juntamente com ampliação domercado interno e regional, avançan-do na construção de um bloco econô-mico, social e político, são frentes nasquais os sindicatos podem e devem de-sempenhar um importante papel.

8. Nesse sentido, a crise constitui umaextraordinária oportunidade, tanto paraimpor limites ao capitalismo quantopara iniciar um novo ciclo de tentativasde construção do socialismo. A CUT,então, posiciona-se no sentido de en-frentar a crise ampliando a luta de clas-se e organizando a transição para umnovo modelo de desenvolvimento.

9. O impacto dessa crise internacio-nal no Brasil atinge de forma diferenteos setores econômicos e, mesmo nes-ses setores, diferenciadamente as em-presas. Estamos em um contexto maisfavorável para enfrentá-la. Temos umgoverno que afirma que não vai acei-tar uma agenda conservadora deenfrentamento da crise. De outro lado,a direita brasileira está encontrando di-ficuldades para questionar as conquis-tas recentes da classe trabalhadora, aexemplo da política de valorização dosalário mínimo.

Conjuntura Nacional: A crisee a disputa de projetos no Brasil

10. Políticas econômicas que amplia-ram o investimento das empresas es-tatais, o crédito, o orçamento das po-líticas públicas e a política de saláriomínimo, bem como os investimentosem infra-estrutura, através do PAC, de-monstram que o Estado brasileiro pos-sui melhores condições de enfrentar acrise atual. São medidas importantespara retomar o crescimento econô-mico e a geração de empregos. Po-rém, não são suficientes. A luta pelascontrapartidas sociais continua.

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11. Contudo, dois efeitos macroeconômicosque resultaram da elevação dos jurosmerecem especial atenção: a desor-ganização das contas externas e o au-mento da dívida pública. No primeirocaso, porque o aumento da taxa dejuros interna atrai um volume aindamaior de capitais especulativos para opaís, agravando a sobrevalorização damoeda nacional, tendo como conseqü-ência a redução da balança comercial eo aumento do déficit em transações cor-

rentes. O segundo efeito - o crescimen-to da dívida pública – é tão desastrosoquanto o primeiro: um ponto percentualde crescimento nas taxas de juros é su-ficiente para que o Estado Brasileiro de-sembolse, com os juros da dívida, pró-ximo ao que se gasta com o orçamen-to do Programa Bolsa-Família no perío-do de um ano. A somatória destes efei-tos produz a redução do nível de em-prego, que nos últimos anos vem apre-sentando recuperação.

12. A CUT, desde o início dessa crise,vem se colocando de forma muito con-tundente contra as medidas que sóaprofundam a situação. Nossa atuaçãoalia mobilização e negociação. De umlado, pressionamos o governo federale os governos estaduais por amplia-ção de crédito, redução de juros e dosspreads bancários e desonerações tri-butárias momentâneas e específicaspara os setores mais atingidos pela cri-se, condicionadas a contrapartidas deemprego e manutenção da renda dostrabalhadores.

13. A CUT assumiu a postura de rejei-tar qualquer acordo amplo que, utili-zando-se do pretexto da crise, busqueretirar direitos para ampliar os lucros.É isso que tem acontecido com os em-presários que, aproveitando-se dessemomento oportunisticamente, efetuamajustes em suas empresas ou apres-sam-se em discutir propostas que im-plicam em redução de salários, ou desuspensão do contrato de trabalhocomo a primeira e única medida paraenfrentar a crise.

14. Assim, vem denunciando e comba-tendo empresas que se aproveitam do

momento para fazer ajustes de cus-tos (com demissões, redução de sa-lários, diminuição de direitos), a exem-plo dos grandes atos públicos em todoo país para afirmar que os trabalhado-res não vão pagar pela crise. AEmbraer, assim como a Vale do RioDoce, que foi entregue a preço irrisó-rio durante o processo de privatizaçãopromovido pelo PSDB/DEM no perío-do FHC, aproveitando-se da crise in-ternacional, demitiu 20% de seu qua-dro de funcionários – mais de 4 miltrabalhadores – sem qualquer negoci-ação ou informação aos sindicatos ouao governo, mesmo tendo, como nocaso da Vale, empréstimos junto aoBNDES. São casos emblemáticos. AVale e a Embraer são os exemplosmais claros de como os empresáriostem conseguido lucrar com a crise. Sãoexemplos igualmente claros de comoé preciso reverter o processo deprivatização para avançarmos rumo aum novo modelo de desenvolvimen-to. Portanto, cabe à CUT, junto comos demais movimentos sociais, refor-çar a luta pela reestatização dessessetores estratégicos.

A CUT e a crise

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15. O impacto da crise sobre a vida daspessoas pode não ser percebido deimediato em toda sua extensão. Maspode ser potencializado para elevar ograu de consciência da classe traba-lhadora sobre a importância do Esta-do de maneira geral, e das políticaspúblicas em particular. Temos espaçopara influenciar sobre um determina-do eixo de enfrentamento da crise quenão se limite à retomada do cresci-mento econômico. É necessário quesejam construídas iniciativas que re-sultem em criação de um modelo dedesenvolvimento alternativo aohegemônico. Cobrar uma agenda desuperação da crise, mas também doatual modelo, é o desafio central daCUT na disputa atual, que influenciaráa disputa de 2010.

16. Mesmo porque a crise já vem sen-do tratada, principalmente pela mídia,dentro do debate político nacional queantecipa a disputa de 2010. Portanto,a influência que a CUT deve exercernessa disputa de projetos é no senti-do da formulação de políticas públicasdentro de um modelo de desenvolvi-mento defendido por nós. A política devalorização do salário mínimo e aabrangência tomada pela proposta decontrapartidas de manutenção de em-prego são exemplos de alguns doscasos mais emblemáticos.

17. A construção de agendas comunspara garantir respostas contundentesdo povo brasileiro em defesa da redu-ção dos juros e da jornada de traba-lho sem redução de salário, de inves-

O enfrentamento da crise e a conjuntura de 2010

timentos na reforma agrária, na gera-ção de empregos, valorização dos sa-lários e garantia de direitos torna-seimperioso. Assim, as centrais sindicaise movimentos sociais passaram a di-alogar sobre a necessidade de respon-der à crise com unidade e mobilização.As linhas gerais de atuação já vinhamsendo debatidas desde o Encontro Sin-dical dos Trabalhadores das Américas,realizado em Salvador em 2008, masa convocação ganhou peso após oFórum Social Mundial de Belém em2009, com o chamamento da Confe-deração Sindical Internacional (CSI),Confederação dos Trabalhadores eTrabalhadoras das Américas (CSA),Federação Sindical Mundial (FSM) e aCoordenadora das Centrais Sindicaisdo Cone Sul (CCSCS).

18. Não há dúvida de que a relação domovimento sindical cutista com o Go-verno LULA avançou bastante em re-lação ao Governo FHC. Os exemplossão muitos e basta citar alguns: nogoverno anterior a linha política ado-tada era a da criminalização dos mo-vimentos sociais, o desrespeito aomovimento sindical cutista, a não cri-ação de espaços de negociação, o ata-que aos direitos dos trabalhadores e aorganização sindical. Por outro lado,no Governo LULA, temos inúmerosexemplos do respeito aos movimen-tos sociais, a criação de espaços denegociação como no acordo do Salá-rio Mínimo, no reconhecimento dasCentrais Sindicais, etc.

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Desenvolvimento com Trabalho, Renda e Direitos

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19. Mas essa boa relação não significaque todas as nossas reivindicações sãoaceitas, por isso a importância do for-talecimento das nossas organizaçõessindicais, da mobilização e da pressãosobre o Governo para o atendimentodas nossas reivindicações. Afinal, te-mos que aplicar na pratica os princípi-os da liberdade e autonomia sindical.

20. Os exemplos mais significativos danecessidade de avançar nessa relaçãoé que várias bandeiras da CUT apesarde terem sido encaminhadas pelo Go-verno, não foram acompanhadas deuma ação política mais concreta prin-cipalmente quando envolvia a chama-da base aliada do Governo no Con-gresso Nacional. Foi assim quando oGoverno atendendo nossa reivindica-ção de encaminhar a Convenção 158da OIT ou na discussão da Reduçãoda Jornada de Trabalho sem reduçãode salário, mas se limitou a enviar parao Congresso e não construir as condi-ções para sua aprovação. Outro

exemplo recorrente das dificuldades narelação com o Governo diz respeito aforma como são encaminhadas asnegociações com os empresários, semparticipação dos trabalhadores. Temsido assim, durante a crise onde ape-sar das nossas solicitações de se criarespaços tripartites de diálogo, o Go-verno montou um gabinete da crisesó com os empresários e ainda quan-do vai anunciar alguma proposta deinteresse dos trabalhadores raramen-te nos comunica para construir juntosa divulgação dessas negociações.

21. Por isso, reafirmamos que a me-lhor resposta para a complexidade domomento é a defesa do desenvolvi-mento com emprego, geração de ren-da e a defesa dos direitos da classetrabalhadora, com a participação dasociedade no controle das diversasesferas econômicas e sociais. A inclu-são social, a participação popular e avalorização do trabalho são pilarespara que o Brasil se consolide comoum país justo e igualitário.

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II. Balanço Político Organizativo

22. Mais do que um mote do 9ºCONCUT, trabalho e democracia comemprego, renda e direitos para todosos trabalhadores e trabalhadoras foiuma diretriz política que se desdobrouem dois eixos estratégicos do plane-jamento da gestão 2006-2009 queforam o fortalecimento do projeto sin-dical da CUT no Brasil e no mundo e adisputa da hegemonia na sociedade.

23. Neste marco estratégico situaram-se as principais lutas e ações da Cen-tral pela democratização das relaçõessociais e de trabalho; pela manuten-ção e ampliação de direitos da classetrabalhadora; por garantias de traba-lho decente para homens e mulheres;pela democratização do Estado e dosmecanismos de controle social e pelainclusão social da população tendocomo premissas a cidadania, auniversalização de direitos e o fortale-cimento das políticas públicas.

24. Fruto de um intenso debate, o 9ºCONCUT apostou, com acerto, noapoio à continuidade do projeto de-mocrático-popular representado pelogoverno Lula como imperativo à con-tinuidade de um cenário mais favorá-vel em termos do crescimento doemprego formal e da renda geral dapopulação, da defesa do fortalecimen-to da democracia e valorização do tra-balho, bem como para a disputa deproposições em torno de um projetode desenvolvimento sustentável nosseus aspectos social, econômico,ambiental e humano, elementos es-

senciais para promover justiça sociale reverter os problemas herdados dequase duas décadas de neoliberalismono país.

25. Compreendendo que a construçãode um Brasil soberano, justo e desen-volvido, passa necessariamente pelofortalecimento da democracia e dosmovimentos sociais, a CUT apresen-tou ao então candidato Lula uma pla-taforma expressando as necessidadesda classe trabalhadora do nosso paíse apontando elementos essenciaispara a construção de um novo Brasil.Os eixos desta plataforma de promo-ção da justiça e da soberania nacio-nal; pelo desenvolvimento com distri-buição de renda; por mais democra-cia e organização do Estado brasileiroe mais direitos para o povo orienta-ram a construção do conjunto de pro-postas apresentadas, bem como emgrande medida balizaram a interven-ção de representantes da Central emfóruns e instâncias governamentais emdefesa dos interesses da classe tra-balhadora.

26. Cabe destacar que em relação aotema do desenvolvimento a CUT cum-priu um importante papel, retoman-do-o e colocando-o no centro do de-bate da agenda sindical e nacional. Pen-sado para além do crescimento eco-nômico, na perspectiva de uma efeti-va valorização do trabalho e da distri-buição de renda, a Central aprofundoua sua proposta de projeto intituladaJornada Pelo Desenvolvimento com

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Distribuição de Renda e Valorização doTrabalho, resultando, dentre outroselementos, em debates e diagnósti-cos das necessidades econômicas esociais das diversas regiões do paíscomo base para a elaboração de pla-nos para a superação das desigualda-des a partir da ação sindical. Tem sidoembasada numa concepção de desen-volvimento no qual o Estado tem umpapel central na organização da eco-nomia e na construção de políticas dedistribuição de renda e valorização dotrabalho e; sobretudo, no compromis-so intransigente da Central de defen-der os interesses da classe trabalha-dora, que a intervenção da CUT frenteà crise da economia capitalista que seestabeleceu em 2008 tem sido pau-tada: a proteção dos direitos dos tra-balhadores e trabalhadoras.

27. A exigência de contrapartidas soci-ais que estabeleçam metas de manu-tenção e geração de emprego em to-dos os investimentos públicos em em-presas, setores ou projetos; a redu-ção do superávit fiscal e primário, am-pliação dos investimentos em proje-tos de infra-estrutura e em políticasde saúde, educação, segurança e va-lorização dos funcionários públicos; aredução da jornada de trabalho, semredução de salários; o estabelecimentode um plano de renegociação das dí-vidas de pequenas empresas, assala-riados e outros trabalhadores (as) fo-ram algumas das propostas apresen-tadas pela Central para oenfrentamento da crise.

28. A mobilização do conjunto das ins-tâncias da Central para lutar contra as

demissões por meio da organizaçãodos trabalhadores; dos processos denegociação e campanhas, da exigên-cia de cláusulas de manutenção doemprego e de alternativas dignas paraa manutenção das vagas, juntamentecom a pressão dos governos nos âm-bitos federal, estaduais e municipais pelamanutenção dos investimentos progra-mados para projetos que gerem em-prego e renda, dentre outras propos-tas, têm orientado a ação das Estadu-ais e dos ramos de atividade represen-tados pela CUT frente à crise.

29. Foi imbuída deste compromisso quea CUT se negou a participar de nego-ciações com outras centrais e segmen-tos patronais que tinham como metaa redução de direitos dos trabalhado-res; assim, desenvolveu diversasações de pressão, mobilização e ne-gociação visando a garantia de em-prego e renda.

30. Contabilizamos grandes desafiossintetizados nas resoluções da 12ª Ple-nária Nacional, realizada em 2008,quando numa grande assembléia rea-firmamos os princípios e compromis-sos originais da nossa Central, de umsindicalismo classista, democrático epluralista, comprometido com a ratifi-cação da convenção 87 da OIT, coma plena liberdade e autonomia sindicale comprometido com a luta pelaemancipação dos trabalhadores e tra-balhadoras da exploração capitalistanão só no Brasil como no mundo,patrimônio histórico que nos fortalecee nos diferencia de outros projetos sin-dicais.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

31. A conquista de uma política de Es-tado de Valorização do Salário Míni-mo, com perspectiva de recuperaçãode seu valor em médio prazo, rever-tendo a lógica de concessão de rea-juste ao sabor das conveniências go-vernamentais e assegurando aumentoreal no último período; a atualizaçãoda tabela do imposto de renda; a re-dução das taxas de juros nos emprés-timos com consignação em folha; apressão por mais investimentos empolíticas sociais como educação esaúde e por recursos adicionais à agri-cultura familiar são alguns resultadosdas propostas e mobilizações em quea CUT teve um papel de vanguarda,contribuindo de forma decisiva paraampliação dos direitos e para um ce-nário considerado positivo no contex-to de crise que se desenhou a partirde 2008.

32. Assegurada a política de valoriza-ção do salário mínimo, a Marcha àBrasília, transformou-se em Marcha daClasse Trabalhadora, com umamobilização crescente a cada ano emtorno de pautas mais amplas negoci-adas nos âmbitos do Congresso Naci-onal, do Poder Judiciário e do PoderExecutivo. A redução da jornada detrabalho, com mais e melhores em-pregos; o fortalecimento daseguridade social e das políticas públi-cas; a ratificação da Convenção 151que estabelece o direito de organiza-ção e de negociação no setor públicoe da Convenção 158 da OIT que barraas demissões imotivadas; o combateás terceirizações e à precarização das

relações de trabalho compuseram apauta da IV Marcha em 2007.

33. Sob o lema “Os trabalhadores e astrabalhadoras não vão pagar pela crise”,a V Marcha, realizada em 2008, tevecomo principal objetivo a defesa de me-didas emergenciais de proteção da clas-se trabalhadora frente à crise. A defesados empregos, da renda e o aumentodos investimentos produtivos para fa-zer frente à crise financeira internacionalestiveram entre os principais pontos, jun-tamente com a defesa da promoção daigualdade de oportunidades entre ho-mens e mulheres no âmbito do trabalhoe a transversalidade de gênero no con-junto das políticas públicas. A regulamen-tação da Convenção 100 da OIT, járatificada pelo Brasil e que trata da igual-dade de remuneração entre homens emulheres que exercem a mesma fun-ção, foram alguns instrumentos concre-tos defendidos durante a V Marcha.

34. Um ato político realizado ao finalda V Marcha com a participação maci-ça da militância cutista em frente aoMinistério do Trabalho e Emprego obri-gou o ministro a receber uma delega-ção para discutir cumprimento doacordo de enviar à Casa Civil o proje-to de lei sobre a contribuição negociale extinção do imposto sindical e pelasuspensão da instrução normativa queestabelece o imposto sindical no se-tor público, medida que fere o históri-co de organização sindical dos traba-lhadores e trabalhadoras do serviçopúblico, em especial das entidadesfiliadas à CUT.

Ampliação dos Direitos:Principais Lutas e Conquistas

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35. O movimento nacional contra aEmenda 3, liderado desde o início pelaCUT e fortalecido pelas entidades daCMS Coordenação dos MovimentosSociais, em defesa do papel fiscalizadordo Estado e contra a precarização dotrabalho pela via dos contratos de pes-soa jurídica; as pressões pela retiradado PLP 01/2007 que limitava o aumen-to dos investimentos do governo coma folha de pagamento do setor públi-co; a defesa do direito irrestrito de gre-ve e contra o interdito proibitório; pelagarantia da negociação coletiva no ser-viço público e respeito à organizaçãodos trabalhadores e as lutas por umaprevidência pública para todos; pela re-forma agrária e incentivos à agricultu-ra familiar, foram temas da nossa pau-ta que ganharam visibilidade, dentreoutros momentos, no Dia Nacional deLutas que organizamos em agosto de2007.

36. O tema da terceirização teve des-taque na agenda e nas mobilizações.Dentre outros aspectos, superamosdivergências internas e, de modo con-junto, com a participação das Confe-derações que participam do Grupo deTrabalho sobre Terceirização, formu-lamos um Projeto de Lei assinado pelodeputado Vicentinho (PL 1621/2007)visando coibir o maléfico efeito daterceirização nas relações de trabalho.As colunas básicas deste projeto setornaram diretrizes de consenso dasCentrais Sindicais, bem comonortearam a nossa intervenção noCongresso Nacional e em fóruns go-vernamentais para impedir o avançode iniciativas voltadas parainstitucionalização da precarização dotrabalho, tais como os projetos de leide número 4302/1998, de autoria deFHC, e 4330/2004, do empresárioSandro Mabel.

37. Lançada no contexto das lutas emdefesa da manutenção e ampliação

dos direitos dos trabalhadores e tra-balhadoras durante a 12ª Plenária, aCampanha de Combate à Terceirização,Precarizar não! tem possibilitadoaprofundar o debate sobre os três ei-xos da nossa estratégia – Organiza-ção e Representação dos Trabalhado-res; Negociação e Contratação Cole-tiva e Intervenção no âmbitolegislativo, estimulando e favorecen-do o desenvolvimento de ações porparte dos ramos de atividade e dossindicatos de base no enfrentamentoda precarização das relações de tra-balho. A cartilha Subsídios para o De-bate e Ação Sindical é um dos instru-mentos da campanha. Visa fortaleceros três eixos da nossa estratégia e,sobretudo, contribuir para reverter osgraves problemas imputados pelaterceirização a milhares de trabalha-dores e trabalhadoras.

38. Marco importante da luta contra aprecarização das relações de trabalhotem sido a campanha em defesa daratificação da Convenção 158. Em quepese o desafio de construir um cam-po mais favorável à sua aprovação noCongresso Nacional, trata-se de umareivindicação histórica do movimentosindical brasileiro, em especial da CUTe suas entidades, para por fim à altarotatividade e ao arrocho salarial de-correntes da política de demissãoimotivada seguida de contratação porsalários menores. Essas e outras mo-bilizações, juntamente com as Cam-panhas Salariais Unificadas, organiza-das com a participação dos ramos, ti-veram um papel importante na lutapela manutenção e ampliação de di-reitos, um dos eixos estratégicos de-finidos para o mandato.

39. A conquista do Piso Nacional daEducação, fruto de uma luta de déca-das do movimento sindical, pela valo-rização dos trabalhadores do setor edas políticas públicas; as ações de re-

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sistência à proposta do governo fede-ral de implantação das Fundações Es-tatais de Direito Privado; a atuaçãopropositiva da Central no Fórum Naci-onal da Previdência e no Conselho Na-cional de Previdência, dandocentralidade a temas fundamentaispara os trabalhadores como a extinçãodo Fator Previdenciário para o côm-puto das aposentadorias; a efetiva im-plantação do Nexo TécnicoPrevidenciário para o reconhecimentodas doenças do trabalho entre outros,foram pautas de destaque na ação daCentral e ramos de atividade no últi-mo período.

40. Colocando novamente em pauta oquestionamento às privatizações dosgovernos tucanos, a CUT teve umaparticipação importante no Plebiscitode Anulação do leilão da Cia. Vale doRio Doce, processo que mobilizou vá-rios movimentos sociais, com quase4 milhões de votos coletados em todoo país, possibilitando esclarecer a po-pulação sobre a criminosa privatizaçãoe colocar em pauta a defesa da sobe-rania nacional. Também fundamentalfoi a atuação, com atos e mobiliza-ções, além de ações judiciais, contraas privatizações do governo paulistatucano, em especial a área de gera-ção e transmissão de energia (CESP eCETEEP).

41. Também no campo da defesa dasoberania teve destaque na agenda aparticipação da CUT e a articulação daslutas no âmbito da CMS-Coordenaçãodos Movimentos Sociais, contra os lei-lões do petróleo e os desmandos docapital especulativo; no desenvolvi-mento da campanha de Defesa doPetróleo e da Soberania Nacional; naslutas pela democratização dos meiosde comunicação. A convocação da IConferência Nacional de Comunicação,no moldes das já realizadas em ou-tras áreas como Saúde, Educação e

Meio Ambiente, é uma das importan-tes conquistas das mobilizações reali-zadas, favorecendo a mobilização dasociedade civil na busca de maior de-mocracia e transparência dos meiosde comunicação no país.

42. A segunda Plenária Nacional dasMulheres Cutistas, trouxe avançospara a política de gênero no interiorda Central e de suas instâncias, com aconstrução de uma plataforma dasmulheres e o relançamento da cam-panha de Igualdade de Oportunidades:na vida, no trabalho e no movimentosindical, e o fortalecimento da políticade gênero com a retomada do debatesobre a cota mínima, o que culminoucom mudanças estatutárias sobre otema.

43. Organizada desde o ano 2000, pelaContag, CUT e movimentos de mu-lheres de várias regiões do país, a Mar-cha das Margaridas tem mobilizadocada vez mais as trabalhadoras ruraisem torno da luta por direitos sociais epor igualdade de gênero. Com o lemaContra a Fome, a Pobreza e a Violên-cia Sexista, no ano de 2007 cerca de50 mil mulheres realizaram a 3ª Mar-cha ocupando a Esplanada dos Minis-térios. Em 2008, ano em que com-pletou 25 anos do assassinato daguerreira sindicalista Margarida MariaAlves, a homenageada, foi realizada aJornada das Margaridas, uma açãoanual que tem como objetivo omonitoramento e cobrança da pautade reivindicações da Marcha, que ago-ra, conforme resolução do 10º Con-gresso da Contag, passa a acontecera cada 4 anos. A próxima, portanto,em 2011. Dentre as muitas ativida-des da Jornada foi reafirmada a im-portante campanha Mulher, Participa-ção, Poder e Democracia.

44 A III Jornada Nacional da Agricultu-ra Familiar, que colocou na “ordem do

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dia” a pauta de reivindicações dos agri-cultores, por mudanças no PRONAF;políticas de comercialização; seguran-ça e soberania alimentar e outros te-mas relevantes foi um dos marcos naslutas dos trabalhadores rurais.

45. O Grito da Terra, importantemobilização que reúne trabalhadorese trabalhadoras do campo e da cidadeem defesa da reforma agrária e ou-tros temas em direção à ruptura datradição secular no nosso país da lógi-ca de concentração de terras e privi-légios aos latifundiários; a defesa dolimite da propriedade rural, o combatedo trabalho escravo e do trabalho in-fantil foram outros pontos que tive-ram uma importante atuação da Cen-tral no último período. Cabe destacar,ainda, as mobilizações pela demarca-ção das terras indígenas e retirada dosinvasores da Raposa Serra do Sol que,esperada desde 2005, foi finalmenteconquistada em 2009.

46. Mesmo envidando esforços pelaunidade, não conseguimos evitar a sa-ída de segmentos que estiveram pre-sentes na CUT desde a fundação eoutros que se filiaram posteriormen-te. Se, por um lado, lamentamos odivisionismo e a partidarização dascentrais que se instituiu no movimen-to sindical, por outro lado não só con-tinuamos crescendo como liderandoimportantes mobilizações nacionaispela ampliação de direitos e na dispu-ta pela hegemonia de um outro pro-jeto de sociedade, sem romper com

os nossos princípios históricos de li-berdade e autonomia sindical.

47. No caso da Contag, mesmo com amaioria de sindicatos cutistas, foi apro-vada a desfiliação à CUT. Apesar doresultado, não podemos considerá-locomo uma vitória da CTB, já que adecisão final não foi de filiação àquelacentral, proposta que nem chegou aser apresentada, porque sabiam deantemão que seria derrotada. Lamen-tamos a desfiliação, mas reafirmamos,junto com o ramo dos rurais, a histó-ria construída coletivamente e o com-promisso e disposição de luta para or-ganizar os trabalhadores rurais assa-lariados e da agricultura familiar e, as-sim, disputar os rumos do desenvol-vimento no Brasil, numa perspectivasustentável e solidária.

48. O envio da Convenção 151 ao Con-gresso Nacional pelo reconhecimentodo direito de negociação coletiva nosetor público e a regulamentação dodireito de greve foram ações da Cen-tral no último período que demanda-ram um intenso processo de lutas daCUT e entidades sindicais do setor pú-blico que combinou ações demobilização e instalação de mesas denegociação, proposições no Congres-so Nacional e fóruns de interlocuçãocom o governo; possibilitou dar visibi-lidade às contradições da estrutura sin-dical oficial no que tange à organiza-ção sindical no setor público e priva-do, e revigora desafios organizativosno âmbito da CUT.

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49. A CUT teve uma participação ativanas negociações que culminaram noProjeto de Lei de reconhecimentoinstitucional das Centrais Sindicais, re-sultado de um acordo entre trabalha-dores e governo que recuperou parteimportante dos debates e propostasfeitas no Fórum Nacional do Trabalho.Com o reconhecimento, a CUT pas-sou a representar legalmente os tra-balhadores nos fóruns e instâncias noaquais existem debates de interessesda classe trabalhadora.

50. O reconhecimento das centrais acir-rou o debate acerca da sustentação fi-nanceira das entidades sindicais e danossa luta contra o Imposto Sindical,reafirmada por meio da apresentaçãode um projeto de lei que visa estabele-cer a Contribuição Negocial aprovadaem assembléia pelos trabalhadores.

51. A maior complexidade da realidadedo mundo do trabalho atualmente e orearranjo do campo de forças no mo-vimento sindical, com a fusão e cria-ção de novas centrais sindicais, inclu-sive por setores dissidentes da CUT,tem propiciado o debate acerca doaprimoramento da gestão cutista à luzdas nossas estratégias político-organizativas no âmbito das Estadu-ais e ramos de atividade, temas de-batidos, dentre outros espaços, naConferência de Finanças realizada em2008.

52. O intenso debate sobre o reconhe-cimento do ramo dos municipais e parao estabelecimento de mecanismospara o cumprimento das cotas de mu-

Fortalecimento do nosso projetosindical no Brasil e no Mundo

lheres nas direções e nas atividades; acriação das secretarias da Juventude ede Raça; o debate sobre a centralidadeda formação sindical na construção doprojeto sindical da CUT e a elaboraçãodo Plano Nacional de Formação; a cri-ação do Jornal da CUT e mobilizaçãopara garantir a realização da Conferên-cia de Comunicação, e a reafirmaçãoda unidade dos trabalhadores rurais daCUT foram iniciativas importantes parao fortalecimento do nosso projeto po-lítico-organizativo.

53. Do ponto de vista internacional aCUT teve uma participação decisiva noprocesso de unificação do sindicalismomundial, concretizada em dezembrode 2006 com a criação da CSI Confe-deração Mundial Internacional que,dentre outros aspectos, possibilita aampliação do poder de pressão dostrabalhadores junto a organismos bi-laterais e multilaterais, além de re-forçar os laços de solidariedade entreos trabalhadores de todo o mundo.Na América Latina nossa atuação nosposiciona mais favoravelmente, forta-lecendo a atuação na CSA e amplian-do relações com demais entidades re-presentativas. A participação ativa daCUT na Cumbre Sindical e Social comotambém no FSM, por meio da tendado mundo do trabalho, colocaram aCUT como referência na formulaçãode políticas sobre desenvolvimento,ampliação de direitos e combate àprecarização do trabalho.

54. A Jornada Mundial pelo Trabalho De-cente, convocada pela ConfederaçãoSindical Internacional (CSI) e pela Con-

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federação Sindical dos Trabalhadorese Trabalhadoras das Américas (CSA)em 2008, realizada em nível nacionalno Brasil com a participação das cen-trais brasileiras possibilitou resgatar adiretriz fundamental da OIT de Traba-lho Decente, dando visibilidade à defe-sa da redução da jornada de trabalhosem redução de salário; à defesa daampliação da oferta do primeiro em-prego e de qualificação ao jovem, ga-rantia de emprego digno com carteiraassinada, respeito à organização sin-dical - com liberdade e autonomia,combate ao trabalho infantil e escra-vo, defesa da Previdência Pública eUniversal; igualdade de direitos para

as mulheres e contra todo e qualquertipo de discriminação.

55. Em que pese o nosso poder de in-tervenção na realidade ser delimitadopor um pesado processo de disputacom outros atores e projetos, chega-mos ao final de mais um mandato comimportantes lutas travadas no contex-to nacional e internacional, no âmbitoinstitucional e sindical, contabilizandoavanços importantes em termos deconquistas sociais e sindicais; e con-solidando a CUT como a maior e maisimportante central sindical do Brasil eda América Latina, legitimada em umatrajetória de 25 anos de lutas come-morada em 2008.

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III. Estratégia e Plano de Ação

“Enfrentar a crise ampliando a luta declasse e organizando a transição paraum novo modelo de desenvolvimento”

56. A crise atual permite que questione-mos com mais intensidade os pilares dadominação capitalista. Sua superaçãodeve resultar da construção de um mo-delo alternativo, democrático e popularcom horizontes transitórios para a so-ciedade socialista. É nesse sentido quese localizam os projetos de Estado ede desenvolvimento defendidos por nós,que são antagônicos aos atuais,hegemonizados pelo capital.

57. Também é de fundamental importân-cia a política latino-americana nesse es-forço de construção de outro modelode desenvolvimento. Precisamos ressal-tar o internacionalismo sindical com asexperiências de transição pós-neoliberalque ocorrem no subcontinente. Maisintegração, mais solidariedade e mais or-ganização contribuirão decisivamentepara organizar nossa agenda. A CSA –Confederação Sindical das Américas –e sua plataforma laboral são instrumen-tos que podem assumir influência realsobre os rumos a serem tomados pe-los estados nacionais na região.

58. Esse 10° Concut atualiza a estraté-gia da CUT a partir de uma perspectivasocialista. Essa atualização permite or-ganizar nossa ação sindical para com-bater os efeitos da crise atual anuncian-do a transição do atual modelo paraoutro, fora dos pilares capitalistas. Essaatualização da estratégia da CUT, queaponta para o fortalecimento da nossa

organização e ação sindical desde os lo-cais de trabalho, deve permitir de formaimediata um bom combate aos efeitosatuais da crise e, por outro lado, contri-buir na construção das bases de transi-ção para outro modelo de desenvolvi-mento ambientalmente sustentável, so-cialmente equitativo e geopoliticamenteequilibrado. Ela deve ocorrer a partir dedois aspectos centrais: a construção deuma agenda pró-ativa que contribua de-cisivamente na proposição do projetoalternativo que almejamos, enquantoclasse trabalhadora, como futuro para ahumanidade e pela consolidação da con-cepção e prática sindicais que balizam aestratégia organizativa e as ações daCUT em todos os âmbitos.

59. A ação da CUT no período será orien-tada pelos seguintes eixos estratégicos:

a. Enfrentamento da crise, organi-zando a transição para um modelode desenvolvimento, com dois focoscentrais: o primeiro, de combate maisimediato da crise e, o segundo, de cons-trução de um modelo de desenvolvimen-to que tenha como elemento decisivo aparticipação popular nas decisões políti-cas e como a sustentabilidade econô-mica, social e ambiental, da distribuiçãode renda e da valorização do trabalho.

b. Atualização e fortalecimento doprojeto sindical cutista, com amplia-ção da base de representação da CUTpara disputa de hegemonia.

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60. Defender o emprego, a renda eos direitos. O enfrentamento da cri-se pelo movimento sindical exigemobilização e negociação. A luta noslocais de trabalho e nas ruas pela de-fesa do emprego, dos salários e dosdireitos, soma-se a pressão junto aogoverno federal e aos governos esta-duais por ampliação de crédito, redu-ção substancial dos juros e dosspreads bancários e desonerações tri-butárias momentâneas e específicaspara os setores mais atingidos pelacrise, condicionadas a contrapartidasde emprego e manutenção da rendados trabalhadores. A CUT reitera queo fim do superávit primário, da lei deresponsabilidade fiscal e a diminuiçãodos juros são medidas essenciais paraenfrentar a crise.

61. Também reiteramos a responsabili-dade do poder público nas 3 esferas depoder – federal, estadual e municipal –em propor ações de combate à crise.É necessário garantir os recursos re-servados aos investimentos em infra-estrutura e em políticas sociais, man-ter os acordos firmados com osindicalismo do setor público, já que o

fortalecimento do serviço público só épossível com a valorização dos servi-dores e servidoras; a liberdade de or-ganização sindical e a negociação co-letiva.

62. A CUT assumiu um papel funda-mental no combate e denúncia deempresas que se aproveitam do mo-mento para fazer ajustes com demis-sões, redução de salários, diminuiçãode direitos. Nesse sentido, intensifica-remos as mobilizações nacionais paraafirmar que os trabalhadores não vãopagar pela crise. Como também asações, em conjunto com ramos e es-tados, no âmbito das negociações, ori-entando para o longo caminho quedeve permear essas negociações, ve-rificando quais as medidas que podemser adotadas para minimizar os efei-tos da crise, sempre com a perspecti-va de manter o emprego, a renda eos direitos.

63. Consolidar o Estado democráti-co. Temos uma concepção de Estadoque está vinculada a um projeto alter-nativo de sociedade. Reafirmamos aatualidade de tal projeto. O Estado, o

EIXO 1:Enfrentamento da crise, organizando a transição

para um modelo de desenvolvimento com:

• A defesa imediata dos empregos, da renda e dos direitos. Nãopermitiremos nenhum retrocesso para a classe trabalhadora.

• A consolidação de um Estado democrático. Disputar um modelo dedesenvolvimento que tenha como elemento decisivo a participação popularnas decisões políticas e como a sustentabilidade econômica, social e ambiental,a distribuição de renda e a valorização do trabalho.

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desenvolvimento e a organização so-cial que defendemos fazem parte doprojeto democrático e popular comhorizontes transitórios para a socie-dade socialista.

64. Defendemos uma proposta de re-organização do Estado brasileiro se-gundo princípios democráticos; assen-tada na garantia e na ampliação de di-reitos - especialmente os do trabalho-, na crítica ao predomínio dos princí-pios mercantis, para reverter a lógicaprivatista neoliberal de sucateamentoe desmonte do Estado, e na constitui-ção de uma esfera pública cada vezmais estruturada por processos de de-mocracia direta e participativa. O queimplica a compreensão de que luta-mos por um Estado forte, com capa-cidade de investimentos em políticaspúblicas voltadas para o atendimentodos interesses e demandas da maio-ria população nos campos da educa-ção, da saúde e da proteção social, eno estímulo à produção fomentandoa geração de trabalho decente e a am-pliação dos direitos dos trabalhadorese trabalhadoras. Um Estado Democrá-tico, com caráter público, cuja gestãoesteja sustentada na participação ati-va da sociedade civil. Implica a com-preensão de uma concepção de soci-edade cuja cidadania se expresse atra-vés de instrumentos que coadunemaspectos da democracia direta e indi-reta, já que a construção de um novomarco ético-político na gestão do Es-tado em nosso país, passa necessari-amente pela construção de um proje-to que lhe confira um caráter demo-crático e popular.

65. Se a ampliação da intervenção doEstado for combinada com o controlesocial de suas atividades, os cidadãose cidadãs ganharão mais poder de de-cisão sobre as próprias condições de

vida. Ou seja, a classe trabalhadorasó será politicamente hegemônica re-volucionando a estrutura do Estado.Portanto, fortalecer o Estado e ampli-ar os espaços de participação socialnas diversas instâncias decisórias éfundamental para que sejaimplementado um projeto legítimo dedesenvolvimento para o país.

66. Isto depende de uma organizaçãoe de uma mobilização social crescen-te, e de uma disputa ideológica de fun-do na sociedade. Devemos reforçarneste período a disputa por uma re-forma política democrática queaprofunde os mecanismos de partici-pação popular, como os plebiscitos,referendos, orçamento participativo,incentivar as leis de iniciativa popular,além do fortalecimento dos conselhos,assembléias e conferências.

67. O controle social é fundamentalpara redefinir o papel do sistema fi-nanceiro, de forma a ampliar e bara-tear o crédito visando o desenvolvi-mento econômico e a geração deempregos. A participação dos traba-lhadores nos conselhos de administra-ção dos bancos, a regulamentação doartigo 192 da Constituição Federal e ademocratização e ampliação do Con-selho Monetário Nacional – como tam-bém a participação nos espaços de de-cisão das empresas públicas - sãomedidas de combate à crise eredefinição do papel do Estado.

68. Elemento essencial dessa constru-ção é o orçamento federal, pois en-volve o conjunto das políticas sociais.Por isso, é preciso que a população seaproprie de uma visão da totalidadepara tomar decisões. É preciso abrirtodo o orçamento, os gastos de pes-soal, dívida pública, serviços essenci-ais, investimentos e atividades fins,

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projetos de desenvolvimento, bemcomo os recursos extra-orçamentá-rios disponíveis para financiamentoatravés do sistema financeiro estatal.

69. Para garantir uma vitória democrá-tica nessa disputa por um Estado denovo tipo, a CUT atuará para a cria-ção do Orçamento Participativo Naci-onal (OP-BR), proporcionando umaesfera pública com maior possibilida-de de protagonismo da classe traba-lhadora e do povo organizado.

70. É preciso, também, que os espa-ços de participação social sejaminstitucionalizados e aperfeiçoados emseus instrumentos decisórios. As de-zenas de conferências nacionais inau-guraram uma nova relação entre Es-tado e movimentos sociais. Essas ex-periências devem ser incrementadascom mais mecanismos decisórios e deplanejamento participativo.

71. A CUT deve organizar um amplomovimento em torno da disputa dosrumos do governo Lula, orientada peloobjetivo estratégico da construção doprojeto democrático e popular. Paratanto devemos derrotar a direita nãoapenas eleitoralmente, mas tambémna interrupção dos aspectos centraisdo seu projeto de país. A nossa agen-da deve requerer a construção de umaplataforma pós-neoliberal, que consi-dere as possibilidades abertas pela criseeconômica e o projeto com o qual dis-putaremos um novo governo para opaís em 2010.

72. Será necessário um amplo investi-mento no processo de preparação damilitância sindical cutista para esteenfrentamento, já que os setores con-servadores, retrógrados doneoliberalismo, revestidos de demo-cratas, tentarão desqualificar as ações

em curso que privilegiam investimen-tos na produção e na valorização domercado nacional, chamando para sia responsabilidade pelo atual estágiodo Brasil frente a crise, decorrente dobalanço da “eficiência” administrativados 8 anos de FHC. Para eles, o em-bate com o campo democrático e po-pular deve dar-se no campo da ges-tão. Por isso, tentam qualificar o go-verno do presidente Lula como incom-petente no enfrentamento da crise.

73. É evidente que a estratégia do“choque de gestão” do PSDB e do DEMdeve pautar o debate sobre o carátere o papel do Estado na disputa de2010. É inerente à concepção de Es-tado desses setores a ausência daparticipação popular, a elitização dapolítica, a privatização dos espaçospúblicos e a criminalização dos movi-mentos sociais.

74. Potencializar a Jornada pelo De-senvolvimento. O novo modelo quedefendemos deve ser capaz deredirecionar a economia para o cres-cimento de modo a possibilitar o au-mento da produtividade ao mesmotempo em que incorpore parcela cres-cente da população ativa,redistribuindo melhor o tempo de tra-balho; isto é, reduzindo a intensidadedo trabalho e ampliando a participa-ção da força de trabalho na produção.Nesse campo, situam-se as políticaspara a ampliação da reforma agrária,do fortalecimento da agricultura fami-liar, da potencialização da campanhacontra a privatização do petróleo egás, dentre outras, assim como acampanha pela redução da jornada detrabalho sem redução de salário e li-mitação do uso das horas extras, nes-se momento, ganha um novo senti-do. Para isso, realizaremos no próxi-mo período, no âmbito da Jornada pelo

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Desenvolvimento, um Ciclo de Deba-tes sobre temas que correspondem àsquestões essenciais para a conforma-ção de um projeto de desenvolvimen-to para o Brasil sob a ótica da classetrabalhadora, a exemplo: política in-ternacional, política agrícola e agrária,sistema financeiro e tributário, políticaindustrial, democracia e participaçãopopular, comunicação, educação, saú-de, energia e meio ambiente, políticaurbana, e mercado de trabalho eregulação, culminando na Plataformada Classe Trabalhadora para 2010.

75. Esse projeto, portanto, deve conti-nuar destacando a garantia de políti-cas sociais universais; investimentomassivo em infra-estrutura urbana; re-forma agrária; políticas de proteçãosocial para estruturação do mercadode trabalho, das relações de trabalhoe para a distribuição de renda; abioenergia, o petróleo e as questõesambientais e a garantia de que osempregos gerados com o crescimen-to econômico sejam adequados aoTrabalho Decente, com contrapartidassociais, entre outros.

76. As conquistas em termo de políti-cas sociais do governo Lula devem serdefendidas e precisamos pressionarpela ampliação e pelo seu fortaleci-mento. Ao considerarmos que há de-ficiências estruturais nessa área defen-demos a ampliação dos investimen-tos sociais em infra-estrutura urbana(habitação popular, saneamento bási-co e transporte público) a partir do Pro-grama de Aceleração do Crescimento(PAC). Seu enfrentamento combinageração de empregos e justiça social.

77. Não podemos prescindir de progra-mas emergenciais focados naquelesque estão à margem do trabalho esubmetidos à miséria extrema, como

o Programa Bolsa Família. Mas estesprogramas devem ser combinadoscom instrumentos de inclusão social.

78. Valorizar a Educação como direi-to de todos e todas na construçãode outro projeto de desenvolvimen-to econômico e social. Sem um forteinvestimento nas políticas públicas deeducação dificilmente o país conseguirásuperar os déficits educacionais persis-tentes entre os diversos segmentos dapopulação, notadamente junto aquelesque encontram- se em situação demaior vulnerabilidade social.

79. Um dos pilares na superação des-ta grave situação que ainda persiste éa valorização dos profissionais da edu-cação, além da premente necessida-de de maiores investimentos namelhoria das condições de infra-estru-tura das redes públicas de ensino e deser colocar em prática o que prevê aConstituição Federal no que tange ànoção de um regime de cooperaçãoentre os entes da Federação: União,Estados e Municípios; portanto, par-tes constituintes da estratégia da CUT.Assim, a CUT deve, juntamente comas entidades representativas dos pro-fissionais da educação:

• Participar ativamente do Fórum In-ternacional da Sociedade Civil – FISC,espaço de articulação das entidadesmais representativas dos movimentossociais, para a intervenção durante aIV CONFITEA em Belém. O FISC serealizará nos dias 16 a 18 de maio emBelém, às vésperas da VI CONFITEA.Tal participação deve preparar aindamais a CUT para o debate nos espa-ços institucionais no campo das políti-cas públicas de educação em todas asesferas de governos.

• Intensificar as mobilizações em to-dos estados em defesa do previsto

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na lei. nº 11.738, pela garantia do cum-primento do direito ao piso salarial aosprofissionais do magistério, somando-se a outros segmentos políticos e so-ciais que lutam pelo fim da incidênciada DRU sobre as receitas da educa-ção;

• Ampliar a pressão junto à área eco-nômica do governo federal para quese cumpra o acordo, feito durante oprocesso de tramitação do Orçamen-to da União, de devolver à educação7,5% dos 20% que são retirados emfunção da DRU, e a extinção desta até2011, conforme indicativo da Confe-rência Nacional da Educação Básica.

80. Comunicação e luta de classes.Ao reafirmar a concepção de que odesenvolvimento do país se dá comemprego, renda e democracia, e queo enfrentamento aos efeitos causa-dos pela crise internacional sustenta-se neste tripé, a CUT entende queações efetivas em defesa da demo-cratização dos meios de comunicaçãoque façam frente ao latifúndio midiáticoque impera em nosso país é priorida-de na disputa pela hegemonia na soci-edade. Em tempo de convergênciatecnológica, de TV digital, de internetcom suas infinitas possibilidades, evi-dencia-se a urgência de construção depolíticas públicas de comunicação parao país e, concomitante a isso, deenfrentamento ao oligopólio privadoque, em nosso país, é o principalreprodutor da ideologia neoliberal.

81. Nesta caminhada, temos duas im-portantes atividades para este ano: arealização da Conferência Nacional deComunicação, anunciada pelo presi-dente Lula para dezembro de 2008,cujo processo para realização é resul-tado direto da luta da CUT e dos mo-vimentos sociais; e o V Encontro Na-

cional de Comunicação da Central Úni-ca dos Trabalhadores (ENACOM),evento que se efetiva no calendárioda Central.

82. Para que a CUT obtenha êxito emambas é preciso assegurar que o con-junto das CUTs Estaduais e Ramoscontemplem este debate em suasagendas e garantam espaço para otema dentro dos CECUTs, para que ascontribuições desenvolvidas nos esta-dos e nos ramos sejam socializadas esirvam para a intensificação da políti-ca de comunicação da CUT,potencializando a utilização dos mei-os de que dispomos – como Jornal daCUT e Portal do Mundo do Trabalho –,aprimorando-os e investindo em no-vos instrumentos, visando eficácia nadivulgação de nossas ações ereafirmação de nossos princípios, fun-damentais para a disputa. E para aconstrução da proposta da CUT a serlevada à Conferência, considerando oacúmulo resultante do amplo debateque temos realizado por meio de nos-sa secretaria nacional de Comunicaçãoem conjunto com parceiros dos movi-mentos sociais de democratização dacomunicação. Exemplos disso são: aparticipação da CUT no Fórum Nacio-nal pela Democratização da Comuni-cação (FNDC) e na Campanha Nacio-nal por Democracia e Transparência nasConcessões Públicas de Rádio e Televi-são, ações que somamos com os mo-vimentos sociais e que proporcionaramo aprofundamento da reflexão sobre areestruturação das leis que regem a co-municação no Brasil, há muito não apli-cadas e obsoletas.

83. Assim, compreendendo a comuni-cação como instrumento estratégico,objetivando o estreitamento da comu-nicação com o dia a dia dos Sindica-tos, a ampliação do diálogo com a so-

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ciedade e o estímulo à formação deuma rede de informação que acom-panhe os recursos proporcionadospelas novas tecnologias, a CUT temem suas prioridades:

• Ampliação e melhoria do Portal doMundo do Trabalho, com a otimizaçãoe implantação da rádio e TV web;

• Fortalecimento do Jornal da CUT,que deve ter circulação massiva, ser-vindo de instrumento organizador co-letivo da classe trabalhadora;

• Implementação de uma política per-manente de formação para a comuni-cação no Plano Nacional de Formaçãoda CUT;

• Realização do Encontro Nacional deComunicação da CUT, articulando eenvolvendo o conjunto dos dirigentes,os profissionais do segmento, de CUTsestaduais e Ramos, e que o ENACOMse efetive como prioridade no calen-dário cutista;

• Realização de uma Campanha dePublicidade e Marketing que tenhacomo primeira etapa a realização deuma pesquisa sobre a CUT, realizadapor instituto especializado, que possasubsidiar a realização da campanha dePublicidade e Marketing – a ser feitapor agência especializada que apresen-tar proposta que melhor responda àsnecessidades da Central, articulada auma campanha de sindicalização.

• Elaborar uma Revista Sindical quereflita a prática e debata as concep-ções da CUT;

• Disputar e construir meios alternati-vos de comunicação, principalmenterádios e televisões comunitárias.

84. Além desses aspectos, relacionadosà democratização da comunicação, aCUT defenderá o conceito mais amplodo direito a informação, que compre-ende:

a) garantia de acesso às tecnologiasde informação e comunicação, emespecial a internet, através de umapolítica pública nacional de inclusão di-gital;

b) transparência das informações pú-blicas e pleno acesso a serviços públi-cos de qualidade, utilizando o potenci-al democratizante das tecnologias deinformação e comunicação;

c) direito à privacidade, com umaregulação eficaz do habeas data;

d) recusa ao modelo de regulamenta-ção proposto na Convenção sobre oCibercrime do Conselho da Europa,que impõe controle e censura ao usoda internet.

85. Defesa de Sistemas Universaisde Seguridade Social. Nesse mo-mento em que o mundo discute a cri-se estrutural do neoliberalismo e aconstrução de alternativas para rever-ter, de forma sustentável, a enormedívida social por ele deixada, a defesade Sistemas Universais de SeguridadeSocial assume uma importância estra-tégica ainda maior em nossa pauta.Aprofundar o debate e a integração depropostas de intervenção no âmbitodas três áreas que compõem aSeguridade Social brasileira – Saúde,Previdência Social e Assistência Soci-al, em direção à sua efetiva consolida-ção como um sistema pressupõe, den-tre outros elementos, avançarmos naproposição de alternativas concretaspara compatibilizar princípios, diretrizese objetivos das três áreas, bem como

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para aprimorar os mecanismos de ges-tão, financiamento e controle social.

86. O processo preparatório da I Con-ferência Mundial sobre Sistemas Uni-versais de Proteção Social, atividaderesultante do Fórum Social Mundial deSaúde, com realização prevista parao mês de novembro de 2009, seráum momento chave para pautar eenvolver o conjunto dos ramos de ati-vidades representados pela CUT nes-te debate, com vistas à formulaçãode diretrizes e estratégias de interven-ção nos espaços de controle social,fóruns e instâncias governamentais nastrês esferas de governo.

87. Cabe destacar nesta agenda as di-retrizes do Conselho Nacional de Saú-de para campanha de mobilização na-cional pela implementação do Pactoem Defesa do SUS, com vistas ao seureconhecimento como Patrimônio So-cial e Cultural da Humanidade pelaUnesco. Conquistado em 1988, nacontramão do avanço neoliberal nopaís, o SUS é, sem dúvida, a maiorconquista do povo brasileiro e referên-cia internacional de política pública deinclusão social e de democratização doEstado.

88. Apesar de sua importância o SUSainda enfrenta enormes desafios parase consolidar ante a lógica demercantilização da saúde, fortementeinstituída por meio da medicina priva-da e das seguradoras de saúde. A su-peração da visão hospitalocêntrica emedicalizante; a garantia de condiçõesadequadas de atendimento e de tra-

balho; a valorização dos profissionaisde saúde; a garantia de financiamen-to estável e para as ações típicas desaúde; o combate às fundações esta-tais de direito privado, OSCIPS, orga-nizações sociais e outras formas deprivatização estão entre os pontos aserem considerados nas estratégias dedefesa das políticas públicas de saúde.

89. Saúde do Trabalhador. É impor-tante considerar que num cenário decrise as empresas tendem a promo-ver mudanças na base técnica eorganizacional do trabalho, com reper-cussões importantes nos níveis deemprego, nos perfis da força de tra-balho, nas condições objetivas e sub-jetivas em que o trabalho se realiza,instaurando novos padrões de desgas-te e de adoecimento dos trabalhado-res e trabalhadoras, reforçandoassimetrias de poder que favorecema redução de direitos, odescumprimento das medidas de pro-teção à saúde, a intensificação dos rit-mos e das jornadas de trabalho e aspráticas de assédio moral.

90. Assim, juntamente com as estra-tégias de defesa do emprego, a CUTdeve avançar na formulação uma po-lítica de saúde do trabalhador capazde reforçar, reciprocamente e de for-ma efetiva, a ação sindical nos locaisde trabalho e ramos de atividade e nosespaços institucionais que regulam aprevenção e a reparação dos danoscausados pelo trabalho, ou seja, asáreas da saúde, trabalho e previdên-cia social.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

91. A regulação pública do traba-lho. A qualidade do emprego está di-retamente ligada à capacidade daregulação pública do trabalho que ga-ranta um padrão de proteção socialadequado e os direitos dos trabalha-dores e das trabalhadoras. Desenvol-vimento com distribuição de renda emelhoria do bem-estar geral da popu-lação envolve a ampliação dos servi-ços públicos de uso coletivo taiscomo: saúde, educação, transportede massa, saneamento e outras po-líticas urbanas e rurais. Estas, alémde garantir o acesso a serviços fun-damentais, sobretudo para a popula-ção de baixa renda, geram intensademanda de trabalho.

92. As vitórias e retrocessos em tornoda agenda de valorização do trabalhosão termômetros dos passos dadospor nossa ação sindical. Mobilizaçõescomo a busca por igualdade nas rela-ções de trabalho entre homens e mu-lheres e entre as populações branca enegra representam o interesse da mai-oria da classe trabalhadora brasileira. Éesta maioria a principal vítima das con-tradições imanentes do sistema capi-talista e de suas crises e necessidadesde ajustes para acumulação do capital.

93. Políticas para mulheres. O siste-ma capitalista separa a esfera da vidapública da doméstica, e responsabilizaas mulheres pelos trabalhos na esferadoméstica. O Estado tem que ter res-

EIXO 2:Atualização e fortalecimento do projeto sindical cutista, com ampliação

da base de representação da CUT para disputa de hegemonia

Somos fortes, somos CUT!

ponsabilidade em criar e ampliar políti-cas públicas orientadas pelo objetivode compartilhamento entre homens,mulheres e Estado do trabalho domés-tico e de cuidado com a vida humana.

94. A diferença salarial entre homens emulheres é outro fator concreto dediscriminação das mulheres que preci-sa ser enfrentado. Elas recebem salá-rios menores do que os homens, mes-mo quando desempenham as mes-mas funções. Para reverter esse qua-dro são necessárias políticas de ele-vação da renda, a exemplo da políticade valorização do salário mínimo, epolíticas de combate à diferenciaçãodo trabalho por sexo, que confina asmulheres em guetos. É preciso a am-pliação e criação de bens e serviçospúblicos como creches, lavanderias erefeitórios coletivos, dentre outros.

95. Organizar a juventude trabalha-dora. A ação da CUT junto à juventu-de brasileira deve inaugurar uma novaagenda em relação às políticas públi-cas para este segmento da população.De imediato, é preciso incluir a juven-tude trabalhadora no sistema públicoe universal de proteção social. Por ou-tro lado, para alterar estruturalmentea sua condição social, ela necessita ur-gentemente do direito de não traba-lhar. A idade mínima defendida univer-salmente como prazo para a entradano mercado de trabalho – aquela ida-de que combina com a conclusão do

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tempo formal de educação básica – écompletamente desconsiderada pelaganância do capital, que introduz cadavez mais cedo jovens, adolescentes ecrianças no mercado de trabalho, emsua absoluta maioria submetida à au-sência de proteção social de qualquertipo. A agenda sindical deve incorpo-rar a reivindicação por políticas públi-cas universais que garantam a perma-nência da juventude no sistema edu-cacional, não apenas na educação fun-damental – hoje a única que é obriga-tória. Políticas de transferência de ren-da direta e aquelas voltadas para a ele-vação da renda das famílias – como avalorização do salário mínimo – con-tribuem para alterar o padrão de in-serção ocupacional do/a jovem tra-balhador/a.

96. Avançar na economia solidária. Den-tre as iniciativas que precisam seraprofundadas, a economia solidária éuma importante estratégia para a in-clusão social e a promoção de ummodelo de desenvolvimento susten-tável. A CUT tem desenvolvido im-portantes iniciativas através da ADS,UNISOL e ECOSOL, construindo umconjunto de ações estratégicas volta-das para o fortalecimentoorganizacional e institucional dos em-preendimentos solidários.

97. Trabalhadores e trabalhadoras queestão fora do mercado formal encon-tram no trabalho autogestionário a pos-sibilidade mais concreta de se tornaremsujeitos na luta pela equidade social. Eum dos grandes desafios da economiasolidária, o escoamento da produção,encontrará agora com a concretizaçãoda parceria ADS/UNISOL/ECOSOL e aPetrobras um caminho para a constitui-ção de uma rede de comercialização vi-sando auto-sustentabilidade econômi-ca, financeira e social dos empreendi-

mentos solidários e da própria rede.

98. Política Internacional. A atuaçãointernacionalista da CUT deve se ori-entar pelos seguintes pressupostos:

99. O Sindicalismo internacionaldeve pressionar pela criação defóruns e organismos que tenhamcomo objetivo a cooperação eco-nômica para o desenvolvimentosocial, com sustentabilidadeambiental e soberania popular. Es-ses novos organismos devem ser de-mocráticos, não impondo receitas pré-definidas, mas estabelecendo critériosbásicos de controle social, de modoque contemple os interesses do tra-balho, da ecologia e da igualdade so-cial. Joga importante papel a relaçãoentre as economias centrais e os paí-ses em desenvolvimento e mais po-bres.

100. Fortalecer a unificação dosindicalismo mundial em defesa dosempregos com salários dignos erespeito aos direitos sociais e tra-balhistas. Nos países mais afetadospela crise os sindicatos tratam de de-fender os postos de trabalho e de im-pedir que esses sejam moeda de tro-ca para reduzir os direitos trabalhis-tas. A CUT, ao lado de outras entida-des filiadas, deve contribuir para aconstrução de um plano de lutas glo-bal pela manutenção e ampliação dosdireitos laborais e pela participação ati-va da classe trabalhadora organizadanos processos de decisão. A CUT deveintensificar sua integração com osindicalismo do MERCOSUL e latino-americano, envolvendo mais as basesdas entidades filiadas nesse processo.É preciso aumentar nossa participaçãoe presença na Coordenadora de Cen-trais Sindicais do Cone Sul – CCSCS,Confederação Sindical das Américas -

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CSA, na Confederação Sindical Inter-nacional – CSI e nas Federações Sin-dicais Setoriais, que cada vez mais setransformam em ferramentas impor-tantes no enfrentamento das políticasanti-sindicais das empresastransnacionais.

101. Aprofundamento e fortaleci-mento das relações Sul/Sul. Deve-mos reivindicar do governo nossa par-ticipação nos esforços de fortalecer asrelações econômicas, comerciais epolíticas com outros países do Hemis-fério Sul e juntamente com as organi-zações sindicais desses países, pres-sionarmos para que os BRICs assu-mam uma agenda não só econômica,mas fundamentalmente voltada paraa implementação de um modelo de de-senvolvimento sustentável a favor daclasse trabalhadora. A CUT devepriorizar a retomada de debates e ati-vidades conjuntas, principalmente comas centrais sindicais do Hemisfério Sul.A aliança triangular CUT/COSATU/KCTU também deve ser reforçada.

102. É importante mencionar que o pró-ximo congresso do SIGTUR - rede glo-bal “Iniciativa do Sul sobre Globalizaçãoe Direitos Sindicais” - será realizadono Brasil em 2010 e a CUT terá papelfundamental como sede e tambémpara que outras centrais da AméricaLatina participem no SIGTUR.

103. Além disso, as relações com o con-tinente africano tomam dimensõescada vez maiores, não só através daparticipação da CUT na Comissão Sin-dical dos Países de Língua Portuguesa– CSPLP, que inclui Portugal e TimorLeste - mas também através de con-tatos diretos com as centrais que fa-zem parte do grupo dos Países Africa-nos de Língua Oficial Portuguesa –PALOP.

104. Aprofundar e consolidar oMercosul produtivo, econômico esocial. Conjuntamente com as cen-trais sindicais que integram a Coorde-nadora de Centrais Sindicais do ConeSul (CSCS) devemos aprofundar oprocesso de articulação da ação sindi-cal, fortalecendo nossa atuação nosfóruns que devem conduzir o proces-so de integração, garantindo que omesmo tenha como prioridade acomplementação e cooperação pro-dutiva, a geração de empregos dequalidade, a distribuição de renda, ofortalecimento da democracia e plenorespeito aos direitos trabalhistas. A CUTdeve defender que a CCSCS exija dosgovernos do Mercosul a garantia dascondições de funcionamento dos or-ganismos de tratamento dos temassociais e trabalhistas e que proponha acriação do Instituto do Trabalho doMercosul, que articule os órgãos só-cio-laborais hoje existentes – como aComissão Sócio Laboral e o Observa-tório do Mercado de Trabalho –, colo-cando o tema do mundo do trabalhocomo uma das prioridades de suaagenda. Além disso, é necessária arevisão da Declaração Sócio-Laboral,para que a mesma seja mais efetivana defesa dos direitos dos trabalha-dores/as.

105. Conjuntamente com os movi-mentos sociais, a CCSCS deve reivin-dicar que o Fórum Consultivo Econô-mico Social – FCES, seja parte do or-çamento do bloco e disponha de con-dições materiais para exercer seu pa-pel de organismo de representação dasociedade civil do Mercosul. Da mes-ma forma, devemos reivindicar condi-ções de participação das organizaçõessindicais e sociais nos âmbitos de tra-tamento de temas sociais e produti-vos, como, por exemplo, as ReuniõesEspecializadas da Mulher, da Juventu-

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de, Agricultura Familiar, Subgrupos deMeio Ambiente e Grupo de IntegraçãoProdutiva.

106. Integração continental: avançoda UNASUL e fortalecimento daCSA e ações junto à Aliança SocialContinental. A unificação das lutas sin-dicais no continente mostrou sua im-portância ao derrotar a ALCA e no for-talecimento de fóruns importantescomo os que debateram a OMC e orelacionamento com a União Européia.Foi graças a essas articulações que aConfederação Sindical das Américas –(CSA) pode se fortalecer e estar maispresente nas lutas sindicais e sociaisda região, bem como liderar os deba-tes sobre os temas da conjuntura in-ternacional que tanto nos afetam.Uma das áreas importantes de atua-ção da CSA e do movimento sindicallatino-americano tem sido a UNASUL,ainda um incipiente processo deintegração para o qual devemos de-fender os mesmos princípios e propos-tas que temos defendido no Mercosul.Da mesma forma, tem sido importanteo papel da CSA na organização defóruns sindicais para apresentação depropostas e reivindicações como aCúpula das Américas, além do papelda Aliança Social Continental na orga-nização das Cúpulas dos Povos(ambas últimas cúpulas realizadas emTrinidad e Tobago). Por isso, a CUTdeve reforçar sua participação na CSA,a presença em seus organismos e gru-pos de trabalho, e colaborar para aconstrução de sua política, além de re-forçar também suas ações junto à Ali-ança Social Continental.

107. A luta contra a hegemonia daglobalização neoliberal. Em todosesses processos e lutas regionais, con-tinentais e globais, como, por exem-plo, a luta contra a ALCA e tambémcontra a Rodada Doha, a CUT tem se

articulado também com os movimen-tos sociais, redes de açõesantiglobalização e ONGs, garantindoassim uma ação política de maior en-vergadura e uma participação mais de-mocrática nesses processos. São des-sas alianças como a Rede Brasileirapela Integração dos Povos (REBRIP) ea Aliança Social Continental (ASC),além de espaços como o Fórum Soci-al Mundial que surgem grandes deba-tes e mobilizações contra a hegemoniado neoliberalismo e suas políticas pre-datórias e a favor de um outro mun-do. A CUT deve continuar participan-do e fortalecendo esses espaços, le-vando propostas que permitam açõespolíticas regionais, continentais e glo-bais mais concretas e efetivas e quefortaleçam o mundo do trabalho. Emespecial, no processo do Fórum Soci-al Mundial, é visível a presença atuan-te dos movimentos sociais e é comeles que a CUT lutará por uma agendamais completa e objetiva com um ca-lendário global de lutas em comum.

108. Redes e luta contramultinacionais: relacionamentocom as Federações Sindicais In-ternacionais. A conjuntura indica queos poucos avanços obtidos com a ne-gociação de acordos marco internaci-onais e códigos de conduta, etc, seretraiam, assim como que se intensi-fique uma política anti-sindical por par-te das empresas transnacionais. Emambos os casos somente com umaforte articulação global do movimen-to sindical, assim como a construçãode redes de trabalhadores de mesmosgrupos empresariais, poderá ser umaarma mais eficaz. Neste sentido, têmsido importantes iniciativas como oprojeto CUT Multi, programa que visaparticipar e/ou articular redes sindicaismundiais de trabalhadores e trabalha-doras de mesmos grupos empresari-

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ais, e o trabalho desenvolvido pelo Ins-tituto Observatório Social, organismoque desenvolve pesquisas sobre o graude respeito ou descumprimento dosdireitos fundamentais trabalhistas esociais por parte das empresastransnacionais que atuam no Brasil.Além disso, a CUT deve reforçar asredes sindicais no Mercosul e nasmultinacionais brasileiras.

109. Universidade Global. A CUT devefortalecer sua intervenção nos espa-ços internacionais formativos e de ela-boração de pesquisas e diagnósticosvisando construir uma atuação sindi-cal mais articulada no âmbito interna-cional, como exemplo da nossa atua-ção no programa da Universidade Glo-bal do Trabalho – GLU. A CUT partici-pa desde 2003 quando a rede foi cri-ada e desde então tem inserido os te-mas de interesse da classe trabalha-dora brasileira na agenda da GLU, for-talecendo também a participação lati-no-americana na rede e utilizando aGLU como instrumento de formaçãopara a base CUTista face à globalizaçãoneoliberal.

110. Defesa dos direitos humanos eos/as trabalhadores/as migrantes.A defesa dos direitos humanos, princi-palmente sindicais, também faz parteda agenda cotidiana da CUT. Precisa-mos reforçar nossas alianças e estra-tégias na defesa dos direitos huma-nos. A ação da CUT nessa área temse concretizado na Comissão de Apli-cação de Normas da Organização In-ternacional do Trabalho (OIT) e tam-bém nas relações com outras organi-zações. A CUT deve reforçar sua polí-tica de solidariedade e desenvolverprogramas específicos voltados à de-fesa dos direitos humanos em todo omundo. Além disso, a CUT tem joga-do papel fundamental na defesa dosdireitos dos trabalhadores/as

migrantes. O fim da xenofobia e dadiscriminação aos/as migrantes fazparte da agenda CUTista e precisa serreforçado ainda mais num cenário decrise onde possivelmente o fluxo demigrações aumente ainda mais. Aindaconstitui como ação estratégica daCUT para o próximo período o apoioas pressões populares ao Senado Fe-deral para que se aprove o mais bre-ve possível, o Projeto de Lei nº 1.664-A de 2007, que dispõe sobre a resi-dência provisória para o/a estrangei-ro/a em situação irregular no territó-rio nacional brasileiro entre outras pro-vidências.

111. Reforçar a aliança com os Mo-vimentos Sociais. Em todos os pro-cessos e lutas continentais e globais aCUT tem se articulado com os movi-mentos sociais e redes de açãoantiglobalização, garantindo assimuma ação política de maior enverga-dura e uma participação mais demo-crática nesses processos. É dessa ali-ança e de outros espaços como oFórum Social Mundial que surgemgrandes debates e mobilizações con-tra a hegemonia do neoliberalismo esuas políticas predatórias e a favor deum mundo que defenda o direito à ter-ra e ao trabalho, a defesa e preserva-ção do meio ambiente, que respeite eimplemente os direitos humanos e so-ciais fundamentais, a igualdade de opor-tunidades sem distinção de gênero, raçae etnia, entre outros aspectos que fa-zem parte da Agenda Global.

112. Concepção Sindical - afirmar osprincípios de liberdade e autonomiae fortalecer o projeto sindicalcutista. Principal traço constitutivo daidentidade do sindicalismo cutista, adefesa da liberdade e da autonomiasindical e seus desdobramentos em ini-ciativas concretas para consolidar sin-dicatos livres, independentes, autôno-

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mos e democráticos, organizadosdesde o local de trabalho até os níveisnacionais, é o principal desafio da CUTno próximo período frente à legaliza-ção das Centrais Sindicais e ao qua-dro de acirramento da disputa comoutros projetos sindicais.

113. A identificação das conquistas, dosavanços e recuos, dos limites e con-tradições derivadas da coexistência doprojeto político-organizativo da Cen-tral com a estrutura oficial são pontosque vêm sendo pautados nas instân-cias decisórias da CUT, suas instânciase sindicatos, ao longo dos anos e quehoje, para além da reafirmação de prin-cípios, demandam a atualização decompromissos em torno de uma es-tratégia que assegure maiororganicidade das ações e da estruturaorganizativa.

114. O sindicato é um dos instrumentosfundamentais para a construção deuma outra hegemonia baseada e am-parada na luta dos trabalhadores e tra-balhadoras. Para tanto, requerengajamento na disputa social porampliação de direitos da classe, mastambém na disputa ideológica, nocombate aos pilares do sistema, ele-vando a consciência e identidade declasse.

115. Temos um cenário sindical bastantediferente daquele vivido na fundaçãoda CUT, em um contexto social, eco-nômico e político mais favorável paraavançarmos. Reafirmamos e atualiza-mos os princípios do sindicalismocombativo inaugurado por nós: a de-mocracia interna, a organização des-de a base, a independência de classee adicionamos outros igualmente fun-damentais: a tarefa de organizar oconjunto da classe em suaheterogeneidade e não apenas aque-les incluídos no sistema de direitos, com

base da formalização do trabalho; olugar da luta das mulheres para a cons-trução de um mundo de igualdade; nocombate à todas as formas de discri-minação; o objetivo estratégico do sin-dicato de, a partir do seu cotidiano,construir a consciência participativa esoberana da classe trabalhadora.

116. Retomar a disputa ideológica. Senão rompermos com a lógica do capi-talismo, não apenas não poderemosresolver os problemas básicos senti-dos pelos trabalhadores/trabalhado-ras, como não evitaremos que seaprofundem. A argumentação em fa-vor da atualidade do socialismo não éapenas teórica: a lição mais decisivaque devemos retirar das nossas ex-periências mais importantes é que elastêm, também, um conteúdo socialis-ta. Tem um caráter socialista a práticados trabalhadores quando, através daluta, constróem formas de organiza-ção superiores, avançam em sua uni-dade e conquistam independência polí-tica frente à burguesia. Os sindicatossão ferramentas-chave para essa dis-puta e, portanto, devem ser capazesde representar, organizar e mobilizaros amplos setores da classe trabalha-dora, construindo seu protagonismosocial, político e cultural.

117. Em que pese ainda não ter sido pos-sível viabilizar uma reforma sindical nopaís em direção a uma maior demo-cratização das relações de trabalho, aconstrução de sindicatos fortes, repre-sentativos e por ramo de atividade;um sindicalismo de massas que mobi-lize e organize numa perspectiva declasse homens e mulheres e que sebaseie em discussões e decisões de-mocráticas envolvendo efetivamenteos trabalhadores por meio de assem-bléias e outras instâncias decisóriasdesde os locais de trabalho; a auto-sustentação financeira e outros prin-

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cípios e diretrizes da Central são op-ções políticas que não dependem ne-cessariamente de novos marcos le-gais.

118. Potencializar a formação sindi-cal no processo de disputa ideoló-gica no movimento sindical e na so-ciedade. A formação sindical cutistadeve reforçar seu papel de educaçãopolítica da militância sindical. Algunsprincípios fundantes do sindicalismoCUTista devem ser reforçados parapotencializar a capacidade da nossaCentral no enfrentamento dos desafi-os impostos pelo contexto atual. Elesdevem ser atualizados em seu senti-do estratégico e devem compor umacultura política sindical renovada.

119. Assim, a estratégia da formação sin-dical para os próximos períodos deveprivilegiar a capacitação dos dirigen-tes, militantes e lideranças de basepara uma ação cada vez mais qualifi-cada tanto nos espaços das relaçõesda capital e trabalho quanto das rela-ções Estado e Sociedade. Caberá à Po-lítica Nacional de Formação da CUTfomentar, através das açõesformativas dos Programas Nacionaisprevistos no Plano Nacional de Forma-ção de Dirigentes e Formadores, o res-gate de valores caros à identidade declasse dos trabalhadores e trabalha-doras, tais como unidade, solidarieda-de, cooperatividade, coletividade, emcontraposição aos valores neoliberaisda individualidade e da competitividadearraigados no interior da sociedade, osquais têm marcas profundas no nos-so cotidiano e que dificultam aproxi-mações no sentido de superação doindividualismo, pernicioso para a lutade classes.

120. A formação e a organização sindi-cal da CUT devem reforçar a orienta-ção segundo a qual o sindicato tem a

tarefa de organizar o conjunto da clas-se trabalhadora, incluindo aqueles eaquelas que estão excluídos do siste-ma de proteção social. O processo deflexibilização das relações de empre-go no Brasil foi muito profundo. Hojetemos metade da classe trabalhadorano mercado informal; ou seja, sem di-reitos e sem acesso à proteção soci-al. O processo de exclusão social quedaí decorre atinge centralmente asmulheres e a juventude. Excluídos dosistema de proteção social, tambémestão impedidos de exercer o direitode organização sindical, de acordo comestrutura sindical oficial brasileira.

121. Consolidar a Estrutura Organizativa.Um olhar sobre as Resoluções da Cen-tral nestes 25 anos nos dá base paraavançar na construção de uma estru-tura organizativa capaz de responderà altura aos desafios impostos pelaexploração do trabalho. Devemosavançar, sobretudo, na discussão dediretrizes e metas para efetivar a OLT– Organização no Local de Trabalho epara a auto-sustentação financeira.

122. Com vistas à atualização das nos-sas estratégias, no período recente,fizemos um profundo diagnóstico comampla participação das Estaduais daCUT e dos Ramos de Atividade – Cons-truindo o Futuro – Atualização da Es-tratégia Organizativa da CUT queapontou a insuficiência da nossa es-trutura organizativa, tanto verticalquanto horizontal, frente à complexi-dade das formas atuais de exploraçãodo trabalho e da nova configuração domercado de trabalho, mas apontoutambém e principalmente a necessi-dade de revigorar e instituir um novocampo de práticas que efetivamentepermitam romper com a acomodaçãoà estrutura oficial corporativa ecentralizadora, cujo núcleo de poderé o sindicato, que formalmente detém

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a prerrogativa exclusiva de negocia-ção e de representação dos trabalha-dores.

123. Embora a atualização da estruturaorganizativa, especialmente da estru-tura vertical, seja um debate urgentee necessário em termos da sua com-posição à luz da configuração atual domercado de trabalho, das relações for-mais e informais de trabalho; dos li-mites e potencialidades para a disputacom outros projetos sindicais, inclusi-ve no tocante a oposições sindicais econquista de sindicatos que hoje nãosão filiados a nenhuma central, a defi-nição de estratégias para a consolida-ção da organicidade do projeto sindi-cal cutista a partir dos locais de traba-lho deve perpassar o conjunto dasações da Central no próximo período.Ou seja, a materialização dos princípi-os e das decisões da Central é o ele-mento-chave que vai permitir diferen-ciar o nosso projeto dos demais pro-jetos sindicais.

124. Assim, concomitantemente ao de-senvolvimento de um processomassivo de formação sindical político-ideológico sobre a concepção e práticasindical cutista e do desenvolvimentode ferramentas para ação e organiza-ção sindical, com destaque aos proces-sos de negociação coletiva e gestãosindical, a estratégia de fortalecimentoe de crescimento da Central no próxi-mo período terá como foco a atualiza-ção e construção da organicidade daestrutura vertical da CUT a partir doslocais de trabalho, tarefa em que asEstaduais da Central cumprem um im-portante papel, especialmente no sen-tido de unificar as lutas.

125. O combate às práticas anti-sindi-cais; a elevação das taxas desindicalização; a democratização dosestatutos e incorporação de trabalha-

dores terceirizados e segmentos detrabalhadores não assalariados; a uni-ficação de sindicatos estruturalmentee nas lutas; o aproveitamento de es-paços institucionais como as CIPAS erepresentantes sindicais para organi-zar os locais de trabalho são algumasdas questões que estão na ordem dodia e que deverão fazer parte das es-tratégias no próximo período.

126. Para que a tarefa de consolidar ademocratização das relações trabalhis-tas nos locais de trabalho avance efe-tivamente, nossos sindicatos não po-dem temer a liberdade sindical, preci-sam fomentar uma “cultura democrá-tica” e criar amplos mecanismos departicipação para os trabalhadores/as.A liberdade de organização deve sermais que uma aliada do sindicato, naverdade deve ser uma instância sindi-cal que compõe os fórunsdeliberativos.

127. A CUT no próximo período deverávoltar seu olhar no campo da organi-zação sindical para um balanço políti-co das experiências exitosas, assimcomo para a detecção das fragilida-des de nossa ação organizativa a par-tir dos locais de trabalho, visandoencampar ações para superar essasdificuldades.

128. Nossa ação deverá selecionar ra-mos de atividade que necessitem deapoio para deslanchar nossa organi-zação por meio do enraizamento dossindicatos dentro dos locais de traba-lho. Obviamente que a experiência deuma categoria pode não adequar-seà realidade de outra, porém as expe-riências positivas deverão balizar nos-sa atuação e deverão ser divulgadase valorizadas como parâmetros.

129. O acúmulo produzido deverá/pode-rá ser utilizado como base para a

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formatação de cláusulas de negocia-ção que visem contemplar a organi-zação sindical, o direito de informa-ção e de expressão, assim como anegociação a partir – e dentro – dolocal de trabalho. Nesse contexto pro-postas e negociações diretas entre oempregador e o sindicato que conquis-tem o direito à OLT deverão ser bus-cadas. O objetivo maior é a inserçãodestes itens nos acordos coletivos,com o mesmo valor que as deman-das econômicas.

130. Precisamos definir prazos para quenossos sindicatos se sustentem a partirda contribuição voluntária da catego-ria, deixando de utilizar o imposto sin-dical. Tivemos um importante papelnos debates que levaram ao reconhe-cimento das centrais sindicais. Defen-demos e fizemos constar no projetode lei aprovado que o repasse do Im-posto Sindical somente aconteceria atéa implantação da contribuiçãonegocial. A sustentação financeira vo-luntária, a construção de um sistemade representação e organização debase é fundamental para avançar efortalecer o nosso projeto.

131. A nossa atuação no parlamento nãopoderá esmorecer. Repensar nossaestratégia para uma regulamentaçãodo direito à organização sindical noslocais de trabalho no campoinstitucional não pode e não deve sairde nosso horizonte. A elaboração deum projeto que vise garantir o diálo-go, buscar soluções aos conflitos lo-cais, garantir o direito de assembléia,estabilidade aos representantes e pu-nição aos atos anti-sindicais, por maisdifícil que pareça - diante do perfil doCongresso - não pode serdesconsiderada.Nesse contexto a re-gulamentação do artigo 11 da Consti-tuição Federal que trata da eleição derepresentantes dos trabalhadores no

local de trabalho, também poderá serplanejada.

132. A articulação internacional por meioda Central Sindical das Américas e daCentral Sindical Internacional, as quais aCUT é filiada assim como com as de-mais parceiras internacionais visando ocumprimento da Convenção 135 e daRecomendação 143 da OrganizaçãoInternacional do Trabalho que regram aProteção e facilidades a serem dispen-sadas a representantes de trabalhado-res na empresa,também deve ser umameta da nossa articulação e mobilizaçãono próximo período.

133. Avançar a luta pela liberdade e au-tonomia e implementação dasOLT´s - A CUT deve construir um ou-sado programa de combate ao impos-to sindical e de implementação da or-ganização por local de trabalho. Trata-se de uma ampla campanha para quetodas as entidades filiadas a nossa Cen-tral se sustentem a partir da contribui-ção voluntária da categoria, deixandode utilizar o imposto sindical. A luta pelofim do Imposto Sindical e a criação daTaxa Negocial, democraticamente apro-vada em assembléia, com direito à opo-sição exercida apenas na própria assem-bléia, é a ação central rumo a esse ob-jetivo. A sustentação financeira volun-tária ao lado da construção de um sis-tema de representação e organizaçãode base é fundamental para avançar noprojeto e impedir, nesse cenário de dis-putas, divisões em nossas bases.

134. Ampliação da Base de Represen-tação. O crescimento darepresentatividade da Central está vin-culado não somente ao seu crescimen-to numérico, mas no enraizamento daconcepção democrática de sindicalismo,que, se bem estruturado, será capazde responder às demandas do atual de-safio a ser encarado: nos diferenciar,

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tendo uma rede sindical articulada donível local até o nacional que nos pro-porcione fortalecer a disputa classistano campo macro – tal como o proje-to de desenvolvimento do país - elocal, do direito à informação, negoci-ação e proteção diante do emprega-dor.

135. Nossa estratégia deve contemplarações de ampliação da base de repre-sentação, com metas estipuladas,tendo como base um mapa do ramoou região, identificando setores estra-tégicos, por sua atividade e/ou locali-zação. A ampliação da base social daCUT dar-se-á pela busca da represen-tação e organização do conjunto daclasse trabalhadora, em suaheterogeneidade. O combate à frag-mentação das organizações sindicaisdeve orientar a política sindical cutista.Nesse sentido, é necessário criar pla-nos de fusão de entidades de base ede fortalecimento dos ramos, demo-cráticos e construídos desde a base.

136. Ampliação da Base de Repre-sentação e Disputa de eleições sin-dicais. Os últimos dados e pesquisasmostram que cerca de 47% das enti-dades sindicais não possuem nenhumtipo de vinculo com centrais sindicais.Nossa estratégia deve contemplarações de ampliação da base de repre-sentação, com metas estipuladas,tendo como base um mapa do ramoou região, identificando setores estra-tégicos por sua atividade e/ou locali-zação.

137. O novo cenário sindical, com o acir-ramento das disputas de base das cen-trais, desde o seu reconhecimento ofi-cial, anuncia as necessidades estraté-gicas da CUT para seu fortalecimento.Neste novo momento devemos privi-legiar a organização no local de traba-lho, o trabalho nas nossas bases sin-

dicais, o fortalecimento de nossos sin-dicatos, a organização e o fortaleci-mento de oposições sindicais em sin-dicatos estratégicos, o fortalecimentode nossas estaduais e ramos para quetenham plenas condições de atuaçãojunto aos sindicatos filiados e oposi-ções.

138. Também é preciso identificar os pro-blemas existentes nos ramos e esta-do, para estarmos devidamente pre-parados, superando os problemas deordem organizativa e financeira. De-vemos fazer imediatamente uma am-pla análise das possibilidades de cres-cimento e ampliação da base sindicalpara ampliar e fortalecer a nossa dis-puta, sempre nos regendo pelos prin-cípios e concepção da CUT.

139. É preciso construir estratégias dedisputa sindical, levando em conside-ração, inclusive, a recomposição doquadro sindical brasileiro após o reco-nhecimento das centrais. Precisamosampliar o sindicalismo combativo e,para além do fortalecimento eenraizamento de nossos sindicatos,devemos incentivar a organização deoposições sindicais em sindicatos nãofiliados, privilegiando a identificaçãocom os princípios cutistas, arepresentatividade na base.

140. Consolidar a organização dos ru-rais cutistas. A manutenção e ampli-ação da unidade dos cutistas romperáobstáculos e consolidará a organiza-ção dos rurais na CUT, fortalecendonosso projeto sindical e construindo ahegemonia cutista no campo. Para tal,a CUT deve constituir uma instânciainterna que responda pela articulaçãodos rurais cutistas, que organize astarefas de construção da CUT no cam-po e das lutas dos agricultores famili-ares e assalariados rurais numa pers-pectiva autônoma, classista e demo-

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crática – a Coordenação Nacional dosCutistas no Campo, que terá comoresponsabilidade e tarefa, no próximoperíodo, acompanhar, avaliar e pro-por diretrizes e ações para atingir osobjetivos contidos no “Projeto doscutistas para o Campo”.

141. A CUT e a Responsabilidade So-cial Empresarial – normalizaçãopela ISO 26000. A norma ISO 26000pretende organizar de modo coeren-te todos os aspectos que abrangem aResponsabilidade Social para ser apli-cada em qualquer tipo de organização,e é predominantemente útil para asempresas que estão implementandotais ações de forma aleatória dirigidassomente aos seus interesses imedia-tos. É no capítulo 6 – Orientações so-bre temas centrais da RS - que estãoincluídos todos os direitos dos traba-lhadores garantidos nas Convenções daOIT e aqueles inseridos da Declaraçãodos Direitos Humanos da ONU. Estagarantia foi conquistada por meio degrandes debates, disputas e discussõesdurante todo o processo de constru-ção da norma até o momento.

142. Desde 2005, a Organização Inter-nacional para a Normalização (ISO)vem elaborando a norma internacio-nal e, caso não haja alterações no an-damento dos trabalhos, deverá estarpronta em 2010. Estão envolvidos naelaboração desta norma, especialistasde 84 países representando seis seg-mentos sociais: indústria, governo,ONG´s, trabalhadores, consumidorese outros (academia, consultorias, ór-gãos normalizadores). As centrais sin-dicais brasileiras estão neste proces-so representadas pelo Dieese, com aparticipação do Observatório Social.Em nível mundial, a bancada do seg-

mento trabalhadores é coordenadapela CSI.

143. O 10° CONCUT orienta as Confe-derações, Federações e Sindicatoscutistas que se apropriem deste tema,discutindo a íntegra da atual versão ese incorporando nos debates futuros,o que possibilitará que os dirigentessindicais da CUT estejam aptos eatualizados para discutir sobre o temajunto ao setor patronal, governo edemais atores sociais.Como também,atuar nas negociações coletivas, rei-vindicando compromissos das empre-sas com a responsabilidade social eexigindo o exercício efetivo dos direi-tos sindicais, especialmente, da orga-nização por local de trabalho.

144. Relação com Movimentos So-ciais. A Coordenação dos Movimen-tos Sociais (CMS) tem sido um fórumfundamental de articulação com ou-tros movimentos sociais e, neste sen-tido, deve ser reforçada pelo conjun-to das entidades cutistas como espa-ço de debates e de construção deagendas de mobilização em torno detemas de interesse da classe traba-lhadora, a exemplo do ato unificadoentre o movimento sindical, movi-mento estudantil e outros movimen-to sociais, contra a crise e as demis-sões, convocado para o dia 30 demarço de 2009. É fundamental a bus-ca da unidade de ação com as demaiscentrais sindicais, especialmente nasquestões de interesse geral da classetrabalhadora, e projetar a identidadeda CUT nas ações conjuntas, bemcomo viabilizar as condições para adisputa da representação dos setoresque estão na base dessas forças, poisas demais centrais e forças certamenteinvestirão em nossas bases.

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IV. Estatuto

O 9º CONCUT aprovou encaminharpara a 12º Plenária Nacional o debatesobre as alterações estatutárias neces-sárias.

A 12º Plenária deliberou pelas altera-ções estatutárias quanto à política degênero, e pela criação da Secretaria Na-cional de Juventude e da Secretaria Na-cional de Combate ao Racismo. Tambémdeliberou pela autorização para que a Di-reção Nacional da CUT continuasse o

debate sobre o conjunto das alteraçõesnecessárias, inclusive sobre a criação dasecretaria de saúde e meio ambiente.

A reunião da Direção Nacional da CUT,realizada nos dias 17 e 18 de março de2009, aprovou a proposta que segue,para ser debatida nas assembléias dasentidades filiadas para escolha de seusdelegados/as, nas reuniões dos conse-lhos dos ramos, nos CECUT’s e no 10ºCONCUT.

01. Instâncias Deliberativas e Conselhos

a) CONCUT: ser realizado de três emtrês anos.

b) Plenária Nacional: ser realizadauma Plenária entre os Congressos.

c) Direção Nacional: reuniõesquadrimestrais. Composta por 115 diri-gentes, sendo 25 pela Executiva Nacio-nal, 45 pelas Estaduais da CUT e 45 pe-los Ramos. Os/as dirigentes terão man-dato de três anos, e serão eleitos/as daseguinte maneira:

I. As Estaduais elegerão os/as dirigen-tes que comporão a Direção Nacional naprimeira reunião da sua direção após oCECUT, respeitando a proporcionalidadee a cota de gênero.

II. Os Ramos elegerão em reunião doconselho do Ramo, sendo que aquelesque fizerem Congressos após o Concutpoderão alterar seus representantes, res-peitando a proporcionalidade e a cota degênero

III. Vacância e substituição – a Dire-ção Nacional será recomposta pelo mes-mo estado ou ramo, nos casos de va-cância

d) Executiva Nacional: ter reuniõesbimestrais e ser composta por 25 dire-tores/as, sendo: 15 Secretários/as e 10Diretores/as. Será eleita no CongressoNacional

e) Secretariado: reuniões a cada duassemanas, ter decisões por consenso eser composto por 15 secretários/as, comconvite para os/as diretores.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

I. Presidência NacionalII. Vice-Presidência NacionalIII. Secretaria-Geral NacionalIV. Secretaria Nacional de Administração e FinançasV. Secretaria Nacional de ComunicaçõesVI. Secretaria Nacional de FormaçãoVII. Secretaria Nacional de Organização e Política SindicalVIII. Secretaria de Relações InternacionaisIX. Secretaria Nacional sobre a Mulher TrabalhadoraX. Secretaria Nacional de Relações de TrabalhoXI. Secretaria Nacional de Políticas SociaisXII. Secretaria Nacional de JuventudeXIII. Secretaria Nacional pela Igualdade RacialXIV. Secretaria Nacional de Saúde do TrabalhadorXV. Secretaria Nacional de Meio Ambiente

As ações propostas são as seguintes:

• Extinção da 1ª Secretaria e 1ª Tesouraria• Criação da Secretaria de Saúde do Trabalhador e da Secretaria do Meio Ambiente• Conforme decisão da 12ª Plenária Nacional, criação da Secretaria de Juventude eda Secretaria de Promoção da Igualdade Racial• Transformar a Secretaria de Organização em Secretaria de Relações de Trabalho• Transformar a Secretaria de Política Sindical em Secretaria de Organização e Políti-ca Sindical

a) Quanto a composição das Direçõesdas Estaduais da CUT:

I. Executiva – composta pelo/a Pre-sidente, Vice e 12 Secretários/as, con-forme a configuração da Executiva Naci-onal, excetuando a Secretaria de Rela-ções Internacionais

II. Direção – deve ser composta por

02. Proposta para nova configuração doconjunto das Secretarias Nacionais

até 36 dirigentes, incluindo os 14 dirigen-tes da Executiva. A decisão sobre o nú-mero final de dirigentes da Direção cabe-rá ao plenário do respectivo CECUT.

III. Conselho Fiscal – 06 dirigentes,sendo 03 titulares e 03 suplentes.

Esta composição já se aplica para osCECUT’S de 2009.

03. Estaduais da CUT

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

CONTRIBUIÇÕESAO DEBATE

De responsabilidade das tendências políticas representadas na DireçãoNacional da CUT, os textos de “Contribuição ao Debate” não fazemparte do texto base e não devem receber propostas de emendas ou

resoluções

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Em defesa da CUT Independente e de Luta

Júlio Turra – Diretor Executivo

Texto de O Trabalho

Em agosto de 2008, por ocasião da 12ª Plenária Nacional da CUT, sindicalistas de todo opaís lançaram o manifesto “Em defesa da CUT Independente e de Luta”, cujo eixo é resgatar,na ação prática de nossa central, os princípios que estiveram na base de sua fundação:independência diante dos patrões e governos, autonomia diante dos partidos políticos, lutapela liberdade sindical e pela construção de uma sociedade sem explorados e sem explorado-res. Esta contribuição ao debate do 10º CONCUT nele se inspira.

a) Conjuntura Internacional e Nacional:

Defender os trabalhadores e suasorganizações da crise do

capitalismoO mundo vive hoje a mais profunda crise

do capitalismo desde 1929. Ela traduz o es-gotamento do sistema baseado na proprieda-de privada dos meios de produção para trazerqualquer futuro, que não seja a destruição ea barbárie, para a humanidade. Não se trata,portanto, de um “desajuste” ou de “exces-sos” da especulação.

A origem da crise é a enorme acumulaçãode capitais (com uma massa crescente decapitais fictícios, papéis), muito além do limi-te do que possa ser absorvido pelo “merca-do”. Ela é o resultado das tentativas do capi-tal financeiro (fusão do capital industrial e docapital bancário) de encontrar substitutosparasitários para sua incapacidade de valori-zar-se na produção de mercadorias.

A atual crise foi alimentada por crises an-teriores, mas alcança tais proporções que sópode ser “resolvida”, do ponto de vista doscapitalistas, com uma destruição maciça deforças produtivas (a começar pela força detrabalho).

A resposta dada pelas instituições do im-perialismo (FMI, Banco Mundial) e governos

das principais potências (EUA, União Européia)é aprofundar sua política de guerra e explora-ção de maneira brutal.

Vimos como no início de 2009 as bombas einvasão de Israel (apoiado pelos EUA) na Fai-xa de Gaza, para negar o direito do povo pa-lestino de constituir um Estado laico e demo-crático em toda Palestina, se combinaram comdemissões em massa de trabalhadores e oquestionamento de seus direitos em todo omundo.

Nos EUA, Europa ou Brasil, cada bilhão dadopara bancos ou empresas capitalistas, vai sertirado do serviço público e ser “retribuído” comdemissões e ataques aos direitos trabalhistase aos salários. Esta é a lógica do sistema ca-pitalista em crise e dentro dela não há saídaque não seja salvar os próprios capitalistasem prejuízo do conjunto do povo e da classetrabalhadora.

“Governança” ou luta de classe?Os trabalhadores buscam nas organizações

sindicais um ponto de apoio para defender-sedos efeitos da crise. Greves e manifestaçõesexplodem em vários países, como as grevesgerais na França, com exigências de devolu-ção para os cofres públicos dos bilhões queforam para o saco sem fundo das empresasprivadas e a readmissão dos demitidos.

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Mas, para neutralizar essa resistência existea armadilha da “parceria capital-trabalho” comobase para “acordos tripartites” incluindo go-vernos. Estes, a começar pelo de BarackObama nos EUA, pregam a “união de todoscontra a crise” como cobertura para medidasde socorro aos capitalistas e seu sistema.

As “estatizações” anunciadas de bancosnos EUA ou Europa, longe de ser uma nacio-nalização sem indenização que seria bem-vin-da, são na verdade mais injeção de dinheiropúblico (para assumir títulos “podres” ou “tó-xicos”), “socializando” os prejuízos dos ban-cos.

O grave é que há dirigentes sindicais, emparticular na cúpula da CSI, que defendem a“parceria” com os responsáveis pela crise, naforma de uma “governança econômica mun-dial eficaz e responsável”.

No documento da CSI enviado à reuniãodo G20 de abril, se propõe trabalhar “conjun-tamente com governos, ONU e outras insti-tuições, visando reorientar a governança daeconomia mundial” e que “os sindicatos de-vem participar plenamente das novas estru-turas de governança e assessoramento dasorganizações internacionais”.

Assim, de instrumentos de defesa do tra-balho contra a exploração do capital, os sin-dicatos deveriam tornar-se “assessores” doFMI e Banco Mundial? Não, mais do que nun-ca a independência de classe dos sindicatosdeve ser preservada para defender os traba-lhadores da crise e assegurar um futuro paraa humanidade!

Nenhuma “união de todos” no plano nacio-nal ou “reforma” das instituições que no planointernacional empurraram o mundo à atual cri-se, pode ser uma saída para os explorados eoprimidos.

O papel das organizações sindicais é de-fender com unhas e dentes os empregos, sa-lários e direitos dos trabalhadores no atualcenário de crise mundial, condição para aconstrução da força capaz de acabar comeste sistema apodrecido rumo a uma socie-dade sem explorados e sem exploradores.

Tampouco podem os sindicatos defender o“livre-comércio” contra o “protecionismo”.

Os Tratados de Livre Comércio (e o Mercosulé um deles), abriram portas para as

multinacionais, incentivaram privatizações eflexibilização de direitos.

Proteger a nação dos efeitos da crise, am-pliando o mercado interno, reestatizando oque foi privatizado, garantindo salário, em-prego, terra e controle dos recursos naturais,é o dever de todo governo, em particular naAmérica Latina, que tenha compromisso coma construção de uma nação soberana.

A crise chega ao BrasilNo Brasil, a crise já atinge os empregos de

forma dramática. Os mais de 350 bilhões dereais que o governo Lula deu em socorro àsempresas privadas (com isenções de impos-tos, linhas de crédito, etc), tiveram como res-posta dos patrões mais de 800 mil demissõesaté março.

Empresas como a Vale e a Embraer,privatizadas por FHC e beneficiárias de recur-sos públicos, demitiram em massa, o que atu-aliza a exigência de sua reestatização.

A CUT, em novembro de 2008, adotou umaplataforma com pontos fundamentais para que“a classe trabalhadora não pague a conta dacrise”: Nenhuma Demissão, Estabilidade noEmprego; Ratificação Imediata da Convenção158 da OIT; Fim do Superávit Primário; Revo-gação da LRF; Reforma Agrária; 40 horas semRedução de Salário; Fim dos Leilões do Petró-leo e “o Pré-Sal é nosso”; Respeito aos Acor-dos Firmados com os Servidores Federais; PisoNacional do Magistério . Com ela a CUT parti-cipou da Marcha de dezembro a Brasília.

A CUT acertou, no início do ano, ao recu-sar participar da armação FIESP-Força Sindi-cal de “redução de salários” como saída parapreservar empregos, mas erra quando, em fe-vereiro, assina um protocolo de intenções coma ABIMAQ (setor patronal de máquinas) pe-dindo ao governo federal uma MP paradesonerar os patrões de impostos (PIS,COFINS, ICMS e ISS) com a “contrapartida”de “manutenção do nível de emprego”.

Além de não garantir estabilidade para osque estão trabalhando, pois “nível de empre-go” não descarta rotatividade de mão de obra,tal política faz da CUT parceira dos empresá-rios para pedir redução de impostos, e issonum momento de queda de arrecadação daUnião, Estados e Municípios.

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Assim, em março, o repasse do Fundo deParticipação dos Municípios, constituído emboa parte com recursos vindos do IPI, caiu12,5%. O setor automotivo foi beneficiado porisenção do IPI pelo governo federal, dinheiroque não entrou nos cofres públicos e hoje háprefeitos estrangulados com falta de recur-sos que ameaçam cortar serviços públicos,empregos e salários do funcionalismo.

A CUT sempre defendeu aumentar os re-cursos públicos para investimentos em políti-cas sociais, infra-estrutura e geração de em-pregos. A desoneração tributária, antiga exi-gência dos patrões, diminui recursos para oEstado investir em obras públicas, na melhoriados serviços públicos e salários dos servido-res, na reforma agrária etc.

Portanto, nossa central deve abandonar taltipo de “protocolo” e centrar sua ação namobilização da classe trabalhadora em defesado emprego, salário e direitos ameaçados peladinâmica da crise.

Ao invés de pedir MP para desonerar deimpostos os capitalistas, a CUT deve sim rei-vindicar uma MP de Lula que garanta a es-tabilidade no emprego diante da onda dedemissões!

Vários sindicatos e instâncias de nossacentral enviaram moções à CUT nacional comesta proposta de MP que impeça as demis-sões. Mas até agora ela não foi abraçada peladireção.

Daqui até agosto a crise vai continuar gol-peando a classe trabalhadora, o que exigeque a CUT cobre do governo, eleito pelos tra-balhadores, que defenda os empregos. Afinal,não foi o próprio Lula que disse que os empre-sários, que ganharam muito antes da crise,não têm razões para demitir?

A situação exige que a CUT tome a cabeçade mobilizações unitárias – como fez para oDia Nacional de Luta de 30 de março contraas demissões – colocando no centro as rei-vindicações da classe trabalhadora.

A gestão 2006-2009 avançou em recolocara CUT no terreno das mobilizações de massacom reivindicações concretas dos trabalha-dores dirigidas aos patrões e ao governo Lula(já em 2º mandato).

A luta pela valorização do Salário Mínimo,com as marchas a Brasília com as centrais,possibilitou um aumento – ainda não o neces-sário – real do seu poder de compra. Desta-camos como ponto alto a marcha da CUT deagosto de 2007, na luta contra a Emenda 3 eo PL 1 (servidores), contra as fundações pri-vadas, em defesa do direito irrestrito de gre-ve, pelo fim do Fator Previdenciário e pelaReforma Agrária, que reuniu 20 mil manifes-tantes na capital federal, ainda que ela nãotenha tido continuidade na cobrança do go-verno da pauta então levantada, que tempontos ainda de atualidade.

Também foi positiva a participação da CUTno Plebiscito Popular pela Anulação do Leilãoda Vale (2007) e em ações de solidariedadeinternacional (Haiti, Palestina, Bolívia) no pe-ríodo.

Entretanto essa retomada do papelmobilizador e unificador de nossa central, nãose deu sem problemas.

b) Elementos de balançoDepois do 9º CONCUT (2006), a CSC

(PCdoB) rompeu com a CUT para formar a CTB,além da Intersindical ter assumido uma aber-ta postura anti-CUT, promovendo tambémdesfiliação de sindicatos (o que a Conlutas jáfazia).

É certo que a CUT continua sendo a maiorcentral sindical brasileira, mas houve muitahesitação em combater a política divisionista.Em eleições sindicais importantes vimos seto-res cutistas formarem chapas com inimigosda CUT (seja a CTB, a Força Sindical ou aConlutas), relegando a unidade dos cutistasa segundo plano. .

Mas, em relação aos princípios de Liberda-de e Autonomia Sindical que deram origem anossa central, houve uma capitulação da mai-oria da direção da CUT à chantagem das ou-tras centrais no processo de seu reconheci-mento legal pelo governo.

O fato é que, pela 1ª vez em sua história,a CUT endossou uma lei que mantém aunicidade sindical e distribui 10% do impostosindical entre as centrais reconhecidas!

Nada obrigava a CUT a assinar tal acordocom as outras centrais (aliás, se não assi-

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

ração sempre defendeu a unicidade e o im-posto sindical e que não há proporcionalidadena sua direção).

É preciso reorientar a construção da CUTno campo, unificando a intervenção doscutistas que militam na base da CONTAG e daFETRAF, superando as disputas fratricidas.

No plano internacional, por decisão pormaioria de sua Executiva nacional, a CUT filiou-se à CSI e depois ao seu ramo continentalCSA. Vimos acima que a orientação da CSI éa “governança mundial responsável”, isto é,fazer pressão para participar como conselheirado FMI, Banco Mundial, União Européia, deorganismos vinculados a Tratados de Livre Co-mércio (o que inclui o Mercosul), sem questi-onar a existência e as bases do capitalismonuma linha de parceria com as multinacionaise instituições multilaterais onde estão repre-sentados os governos.

Se há algum sentido na participação daCUT na CSI, assegurando é claro sua autono-mia no plano nacional, seria o de combater talorientação e não para adaptar-se a ela. Aomesmo tempo, a CUT deve manter pluralidadenas suas relações internacionais, pois, emparticular na América Latina, há muitas cen-trais de tradição de luta que não se filiaram àCSI/CSA.

A estratégia da CUT, no sentido exato dotermo, está definida em seus Estatutos: “ocompromisso com a defesa dos interessesimediatos e históricos da classe trabalhado-ra, a luta por melhores condições de vida etrabalho e o engajamento no processo detransformação da sociedade brasileira em di-reção à democracia e ao socialismo”.

Estratégia que se desdobra em táticas paraenfrentar situações concretas, como a quetemos hoje de crise mundial do capitalismo eseus impactos no Brasil.

Qual a questão central hoje para a CUT? Adefesa dos empregos, dos salários e dos di-reitos trabalhistas ameaçados pela lógica ca-pitalista de jogar o custo da crise nas costasdos trabalhadores e dos setores oprimidos danação.

Para impedir retrocessos nas condições devida já precárias do nosso povo é preciso não

c) Estratégia e Plano de Lutas

só barrar os golpes do inimigo de classe, mascombater por mudanças estruturais que con-tinuam não resolvidas depois de dois manda-tos sucessivos de Lula, que encabeça um go-verno de ampla coalizão, integrando inclusiverepresentantes dos capitalistas cujos interes-ses são opostos aos nossos.

Assim, só a mobilização de massas podefazer o governo avançar em políticas que aten-dam às reivindicações da maioria oprimida danação, agudizadas pela situação de crise eco-nômica mundial.

O reforço de um mercado interno de mas-sa, numa situação de recessão da economiamundial com queda das exportações, exigeaumentar o poder aquisitivo do salário e apreservação dos empregos privados e públi-cos.

Para avançar nessa direção não é de “Or-çamento Participativo nacional” – na verdade

nasse ele não sairia). Perdeu-se uma oportu-nidade histórica de colocar em pauta a ratifi-cação da Convenção 87 da OIT (que proíbe ainterferência dos patrões e governos na or-ganização sindical) pelo governo Lula.

Como subproduto da legitimação daunicidade/imposto pelas centrais, o ministroLupi quer estendê-los para o setor publico,onde a CUT ajudou a construir um sindicalismolivre ao longo dos anos.

As entidades cutistas de servidores devemrecusar o imposto sindical combatendo-o portodos os meios, é certo, mas sua luta ficaráisolada se a CUT não fizer uma verdadeiracampanha pela ratificação da Convenção 87junto a todos os trabalhadores na base (poissão seus salários que sofrem desconto com-pulsório para financiar a estrutura atrelada quesempre combatemos).

Não há como não considerar negativa arecente desfiliação da CONTAG, ainda que te-nhamos muitos sindicatos cutistas na suabase. No congresso, os cutistas mantiveram-se na chapa única com a CTB e a direita, osmesmos que se uniram para desfiliar a CONTAGda CUT! Como explicar isso? No fundo estáuma adaptação do setor cutista da CONTAGà sua estrutura que nunca se democratizouefetivamente (basta lembrar que a confede-

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um filtro que seleciona reivindicações, opon-do um setor popular a outro – que o Brasilprecisa, mas sim de medidas de emergênciaque a CUT deve levantar e lutar para o atualgoverno implementar:

- Medida Provisória de Lula que garanta aestabilidade no emprego, impedindo os patrõesde demitir trabalhadores

- Nenhum tostão do dinheiro público paraos especuladores, multinacionais e grandesempresas capitalistas

- Fim do superávit primário e revogação daLRF, com ampliação dos investimentos em obrasde infra-estrutura e políticas sociais.

.- Investimentos públicos maciços em Saú-de, Educação (o que inclui a luta pelaimplementação da Lei do Piso Salarial Nacio-nal do Magistério), no conjunto dos ServiçosPúblicos, honrando as tabelas acordadas comos servidores federais.

- Previdência Pública e Solidária, com o fimdo Fator Previdenciário

- Recuperar para a nação o que foiprivatizado, com a reestatização da Vale, daEmbraer. Readmissão dos demitidos!

- Anular os leilões do petróleo e garantirque a riqueza do Pré-Sal não seja entregueàs multinacionais, como propõe a campanhada FUP por uma Petrobras 100% Estatal.

- Avançar na Reforma Agrária, com umaintervenção ativa dos rurais da CUT, em uni-dade com o MST e outros movimentos, nacobrança de assentamentos e de crédito paraa pequena agricultura familiar, atualização doíndice de produtividade e limite de proprieda-de de terras.

- Controle da remessa de lucros dasmultinacionais e da fuga de capitais

- Auditoria da Dívida Pública (externa e in-terna), como fazem Equador, Bolívia, Venezuelae Paraguai.

- Defesa da soberania dos povos. Reti-rada das tropas brasileiras do Haiti!

Esses são pontos indispensáveis para umplano de ação e de lutas para o próximo perí-odo. O que está em jogo é a defesa da naçãoe daqueles que a constroem, a classe traba-lhadora, da crise.

A CUT se reforçará à medida em que jogueum papel ativo na luta dos trabalhadores, oque é incompatível com a parceria com oscapitalistas que são responsáveis pela crise eainda querem lucrar com ela.

Ao assumir sua responsabilidade como maiorcentral sindical brasileira e a quinta do mundode liderar a unidade de todas as forças quese reivindicam da defesa dos interesses dostrabalhadores e da soberania nacional dianteda crise mundial, a CUT ganhará novos sindi-catos, reverterá desfiliações, avançará no tra-balho com a juventude e com a mulher traba-lhadora, se apresentará unida nas disputassindicais sobre a base dos princípios e com-promissos que lhe deram vida.

A plataforma dos trabalhadores que cons-truiremos desde as assembléias de base napreparação deste 10º CONCUT, é inclusive amelhor forma de incidir, com toda indepen-dência como central sindical, no cenário elei-toral de 2010, confrontando os projetos emdisputa com as nossas reivindicações e pro-postas.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

A crise econômica e a conjunturainternacional

A crise estrutural do capitalismo está nocentro da conjuntura mundial, em 2009. Tra-ta-se de uma crise profunda e de longa dura-ção, que possui diversas dimensões: finan-ceira, econômica, social, alimentar, energética,ambiental, política, ideológica. Embora seuimpacto sobre cada país seja diferenciado, acrise atinge todo o planeta.

A crise desmascara e desmoraliza a ideolo-gia neoliberal. O que antes era feito, mas nãoera assumido, agora é praticado descarada-mente, mostrando que o modo de produçãocapitalista gera crises periódicas e possui fra-turas estruturais, dependendo para sobrevi-ver da ação do Estado.

O desenlace da crise internacional será pro-duto de dois movimentos combinados: a lutaentre as classes sociais no interior de cadapaís e o conflito entre os diferentes Estados eblocos de países. Das diferentes combinaçõesdestes dois movimentos poderão resultar, si-multaneamente, experimentos conservadores,progressistas e socialistas, cujo peso relativodefinirá o desenho do mundo pós-crise.

Hoje, os Estados e classes sociais que sebeneficiaram da ordem neoliberal buscam de-finir, eles mesmos, qual será a nova ordemmundial. Este é o sentido da frase proferidapor Barack Obama em seu discurso de posse:“Os Estados Unidos estão prontos para voltara liderar”.

A disputa entre as distintas alternativasainda está no seu início, mas deve se tornarmuito mais aguda. Um dos sinais disto é oprotecionismo, decorrente da progressiva na-cionalização do crédito e das finanças, dos

Texto da Articulação de Esquerda

déficits nas balanças comerciais e das crisescambiais, bem como do crescente desempre-go e da busca por proteger as respectivaseconomias nacionais da crise.

A profundidade da crise, por um lado, e oagravamento das contradições políticas, poroutro lado, está empurrando determinadospaíses e regiões para situações de crise aindamais agudas, que podem evoluir no sentidode uma ruptura com o capitalismo e de novastentativas de construção do socialismo.

Quanto mais massiva, intensa e radical fora reação da classe trabalhadora em particulare do povo em geral, mais avançado será odesenho do mundo pós-crise. Um desfechosocialista, por exemplo, depende da mobilizaçãoda classe trabalhadora, no sentido de enfren-tar não apenas os efeitos da crise, mas tam-bém suas causas; não apenas o neoliberalismo,mas também o capitalismo. O que não se con-funde, naturalmente, com os delírios esquer-distas que enxergam em cada mobilização so-cial uma ante-sala da revolução.

Cabe aos partidos de esquerda, aos movi-mentos sociais e aos governos vinculados aostrabalhadores estimular um amplo e qualificadodebate sobre a crise e sobre as alternativas;mobilizando a classe trabalhadora em defesada manutenção e ampliação de suas conquis-tas; pressionar o governo para adotar medidaspráticas no sentido de superar a crise.

No debate sobre a crise precisamos ir alémdas explicações parciais, segundo as quais acrise internacional decorre da “ganância”, da“falta de controles”, das políticas neoliberaise do esgotamento das instituições de BrettonWoods.

A crise atual será de longa duração, entre

Expedito Solaney P. Magalhães

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Desenvolvimento com Trabalho, Renda e Direitos

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outros motivos porque não existe, nem surgi-rá no curto prazo, um poder político capaz deadministrar a situação e construir soluções:pelo contrário, assistimos simultaneamente aodeclínio da hegemonia dos Estados Unidos, adesmoralização do neoliberalismo e a paralisiadas instituições de Bretton Woods.

Esta é uma crise clássica do capitalismo,uma crise de realização, decorrente no fun-damental da contradição entre a capacidadecada vez maior de produção social e a redu-ção da capacidade de consumo da socieda-de, decorrente da tendência do próprio capi-talismo de aumentar a exploração e reduzir oemprego da força de trabalho.

Por isso, não nos surpreendemos com acrise, que por sinal, constitui uma constantena trajetória do capitalismo. Não comemora-mos a crise, pois ela traz sofrimentos paradezenas de milhões de trabalhadores em todoo mundo. Mas tampouco nos acovardamos: acrise constitui uma extraordinária oportuni-dade, tanto para impor limites ao capitalismo,quanto para iniciar um novo ciclo de tentati-vas de construção do socialismo.

No caso da América Latina e Caribe, espe-cialmente na América do Sul, há uma peculia-ridade: a existência de um bloco de governosde esquerda e progressistas, limitando a açãodo imperialismo na região, permitindo até agoraque cada processo nacional siga, no funda-mental, o curso determinado pela correlaçãode forças interna, sem o desequilíbrio causa-do pela intervenção estrangeira.

A conjuntura nacional e osenfrentamentos da crise

A existência, no Brasil, de um governo in-tegrado por forças progressistas e de esquer-da, é peça fundamental da atual correlaçãode forças na América Latina. E a resistênciacontinental à crise dependerá, igualmente, dacapacidade de combinar crescimento internocom integração econômica e social da região.

O governo Lula reagiu à crise com maisinvestimento público, mais investimento so-cial, mais mercado interno, mais Estado, maisintegração continental. O rumo geral destasmedidas é correto, mas é preciso ir além, es-pecialmente se queremos, sobre os escom-bros do neoliberalismo, construir outra ordem.

Se até o momento anterior à crise o go-verno Lula conseguiu manter uma política que

proporciona ganhos sociais para as camadaspopulares, mas sem tocar nos imensos lucrosda burguesia, neste momento de crise essacapacidade se reduz.

Neste novo quadro, a CUT deve reforçar odebate estratégico e exigir do governo medi-das em defesa da classe trabalhadora, ado-tando imediatamente:

a) Medidas de proteção do emprego comedição de uma MP ou outra ferramenta quegaranta o emprego da massa que vive do tra-balho no Brasil;

b) Redução substancial nas metas de su-perávit primário, para liberar o conjunto dosrecursos hoje destinados ao pagamento dadívida pública para os investimentos em infra-estrutura e sociais;

c) Redução acelerada nas taxas de juros,combinada com a demissão do presidente doBanco Central e recomposição da diretoria;

d) Alteração nas instituições de políticaeconômica, democratizando a composição doConselho Monetário Nacional, do Conselho dePolítica Monetária e do Banco Central, quedevem conquistar autonomia frente aos inte-resses do grande capital financeiro privado;

e) Controle de capitais. A oscilação nocâmbio, o impacto da instabilidade econômi-ca internacional e o risco de uma nova fugade capitais em direção à “qualidade” ofereci-da noutras praças financeiras precisam serevitados ou moderados por meio da institui-ção de mecanismos de controle da entrada esaída de capitais;

f) Plano emergencial de obras públicas nasgrandes cidades. As metrópoles brasileirasconcentram pobreza, problemas urbanos, ca-rência de transportes coletivos, déficithabitacional, imensos problemas ambientais ede saneamento;

g) Extinção da Desvinculação dos Recur-sos da União (DRU), tornando possível a am-pliação dos investimentos nas áreas sociais;

h) Garantir a aplicação dos recursos orça-mentários previstos na Constituição Federalpara Saúde e Educação e elevar o financia-mento desta dos atuais 4% para 7% do PIB,retirando o veto de FHC a esta meta, confor-me determinado no Programa de Governo deLula Eleições 2006;

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

i) Ampliação do valor real do salário míni-mo e das aposentadorias, medidas de com-provado impacto social, capazes de estimulara produção e o consumo internos;

j) Defesa da poupança popular, preservan-do os rendimentos dos pequenos investidoresem cadernetas de poupança e a rentabilida-de do FGTS, ameaçados pelas recentes mu-danças introduzidas no cálculo da TR pelo BC,medida que implica remuneração inferior à in-flação para estas aplicações, em benefíciode outras que seguem a lógica do sistemafinanceiro;

k) Ampliar o controle do Estado sobre aeconomia privada capitalista, recuperandopara o Estado a Companhia Vale do Rio Docee a Embraer, ampliando a presença da Uniãona Petrobrás e viabilizando a exploração sobcontrole público do Pré-Sal;

l) Barrar a reforma tributária em curso noCongresso Nacional, que propõe adesvinculação de percentual de investimen-tos na seguridade social, propondo uma re-forma tributária que grave pesadamente asgrandes riquezas, acoplada ao aumento derecursos para seguridade social e educação;

m)Reforma urbana e Reforma agrária dedimensões superiores aos atuais. O que, nocaso do campo, exigirá alterar o modelo dereforma agrária, baseada exclusivamente nadesapropriação onerosa, por outro modelo,baseado na expropriação por interesse soci-al. Mais recursos para agricultura familiar emudança no índice de produtividade para finsde reforma agrária;

n) Desmontar os pilares políticos que sus-tentam a hegemonia das classes dominantes,entre os quais o monopólio da comunicação eo financiamento privado das campanhas elei-torais.

A CUT e as eleições de 2010Uma vitória da candidatura do campo de-

mocrático e popular em 2010 permitirá darcontinuidade ao projeto de Estado indutor dodesenvolvimento e provedor de políticas so-ciais para as camadas populares, numa con-juntura internacional totalmente distinta de2006;

Já uma derrota da candidatura desse campoem 2010 significará um retrocesso em largaescala, no Brasil e no continente.

Para além dos efeitos danosos sobre a vidado povo, uma derrota em 2010 teria efeitosdesastrosos para o conjunto da esquerda bra-sileira.

A direita brasileira, revanchista e rancoro-sa, dá sinais explícitos do que faria em casode vitória: uma perseguição à esquerda polí-tica e social.

Por outro lado, teríamos uma exacerbaçãodos conflitos no interior da esquerda, como étípico em momentos similares.

Por tudo que dissemos antes, uma das prin-cipais tarefas da esquerda brasileira é cons-truir as condições para a vitória nas eleiçõesgerais de 2010, mantendo a Presidência daRepública, ampliando a presença nos gover-nos estaduais, Senado e Câmara dos Depu-tados, criando as condições institucionais, po-líticas e ideológicas para mudanças mais pro-fundas em nosso país. A CUT e o conjuntodos movimentos sociais deverão ser partedesse processo, contribuindo para radicalizaras mudanças em curso.

BalançoOptamos por restringir o balanço político

dessa gestão pelas atuais posturas da CUTdiante da crise, que, a nosso ver, sintetizamas oscilações que percorreram os últimosanos. Por exemplo, no primeiro mandato dogoverno Lula, a nossa Central se caracteri-zou por posturas mais governistas, com pou-ca autonomia crítica diante de ações gover-namentais que atingiam os trabalhadores,como foi, por exemplo, a reforma da Previ-dência. Enquanto que, no segundo mandato,a CUT se mostrou muito mais autônoma ecombativa, o que contribui para reconstituirsua combatividade e fazermos um balançomais positivo.

No início desse ano a CUT, acertadamen-te, rejeitou a armadilha montada pela ForçaSindical e FIESP de redução de jornada comredução de salários, mas errou ao assinaracordo com o patronato na defesa dadesoneração tributária de empresas, como foio protocolo de entendimento com a Abimaq eAssimp.

Achamos que o caminho deve ser exata-mente o inverso: exigir medidas que aumen-tem os recursos públicos para investimentosem políticas sociais, infra-estrutura e geraçãode empregos; mudança na política econômi-

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ca, com a saída imediata do presidente do Ban-co Central, o neoliberal Henrique Meirelles. Essasempre foi a pauta da CUT. A desoneraçãotributária é uma antiga reivindicação patronale dos neoliberais, vide pacote apresentado pelogoverno Serra para enfretamento da crise noEstado de São Paulo.

Além disso, temos visto acordos e estímu-los discretos para redução de jornada comredução de salários em vários sindicatoscutistas. Sabemos que a crise exerce umabrutal pressão sobre o movimento sindical. Énesse momento que a coerência de nossasposições é colocada em prova.

Portanto, nosso caminho não é o do pactosocial, deve ser o da mobilização. A CUT devereafirmar suas bandeiras históricas eclassistas! Os capitalistas devem pagar a con-ta e não os trabalhadores. É papel da CUTdefender os interesses da classe trabalhado-ra, pressionando o governo para que os re-cursos sejam direcionados para a populaçãoque só tem nos serviços públicos a única for-ma de atendimento de suas necessidades.

Qualquer vacilo na defesa dos interessesda classe trabalhadora colocará em risco opapel da CUT no movimento sindical brasilei-ro. Parte expressiva da classe trabalhadoraenxerga em nossa Central sua principal ferra-menta na defesa dos direitos, dos salários edo emprego.

As mobilizações convocadas pela CUT in-dicaram o caminho correto para oenfrentamento à crise. Os sindicatos cutistasestão atendendo às chamadas de mobilização,como as que ocorreram dia 19 de janeiro e 11de fevereiro. Isso confirma nossa real capaci-dade de ações de massa e do enfrentamentoà crise. Essa capacidade não pode estar aserviço de desoneração tributária e de pac-tos sociais.

No dia 30 de março um grande ato unifica-do dos movimentos sociais indicou o melhorexemplo da solidariedade de classe e unidadena ação para o enfrentamento da crise.

A CUT deve aproveitar esse momento parafortalecer ainda mais as mobilizações de mas-sa, a solidariedade entre os trabalhadores, apressão para não pagarmos a conta da crisee transformarmos esse momento de crise numquestionamento da ordem capitalista. Frenteàs demissões devemos responder com mobili-

zações e, se necessário, a convocação deuma greve geral.

Outro balanço necessário é o processo dedesfiliação da CONTAG, ocorrido em seu últi-mo congresso.

A Contag, uma antiga estrutura oficial, fun-dada com perspectivas mais à esquerda, foi,durante a ditadura militar, tomada pela direi-ta. No processo de fundação e consolidaçãoda CUT houve um intenso debate sobre a or-ganização dos rurais, se fariam a disputa pordentro ou por fora da Contag, prevalecendo àprimeira, tendo inclusive a Contag se filiada àCUT, contra a vontade dos setores de direita.Havia (e ainda há) também uma questão fun-damental: na estrutura oficial da Contag agri-cultores familiares e assalariados rurais estãona mesma estrutura sindical. A CUT formula-va uma crítica que agricultores contratam tra-balhadores assalariados, como poderiam pa-trão e empregados, estarem num mesmo sin-dicato? Essa é uma crítica que a Fetraf aindamantém fortemente.

Desde que a CUT resolveu fazer a disputapor dentro, vale lembrar que os principais ob-jetivos eram democratizar a entidade(proporcionalidade - que não existe na Contag,democracia nas federações), dar um giro àesquerda e consolidar a hegemonia da Cen-tral na Contag. Acontece que esses objetivosnão foram alcançados.

Em vários estados as Fetag’s estão sobcontrole da direita e os cutistas foram impe-didos de participarem das disputas. Uma par-te dos cutistas, já presentes com mais tempona estrutura da Contag, priorizou nos últimosanos acordo com o PCdoB e a direita, contra-riando outros setores cutistas que enfrenta-vam a direita em vários estados. Como resul-tado disso, outros setores combativos da CUTfundaram novas estruturas sindicais: osSintraf’s e as Fetraf’s, como, por exemplo, aFetraf Sul (RS, SC, PR). Em outros estados,as condições de disputa foram mais favorá-veis, tendo cutistas na direção das Fetag’s.Acontece que nesses estados a Fetraf tam-bém se organizou e disputa com a Contag aconstrução e hegemonia na mesma base.

Os cutistas, defensores da Contag reivin-dicam a exclusividade de representação dostrabalhadores rurais, seja da agricultura fami-liar, seja entre os trabalhadores assalariados,

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

exigindo da CUT que não reconheça asFetraf’s, que possuem legitimidade e base emtodas as regiões do Brasil.

A realização do encontro dos trabalhado-res (as) rurais da CUT, deliberado pelo 9ºCONCUT, representou um momento histórico,debatendo a organização sindical do setor porrepresentantes da Contag e da Fetraf. Natu-ralmente, por conta do histórico de conflito,de concepção e pratica sindical não houveacordo. O debate continua e as decisões fo-ram remetidas para o 10º Concut. Mas, umimportante passo foi dado, o do encontro pro-priamente dito, e o reconhecimento por parteda CUT do projeto Fetraf.

Em meio à toda agenda de debate vai ocor-rer entre os dias 10 a 14 de Março/09 o Con-gresso da Contag. Os informes dão conta quede um acordo, onde o próximo presidente daContag vai ser da CTB, contrariando forte-mente setores cutistas que são dirigentes daContag. Além disso, o congresso vai debatera desfiliação da confederação à CUT.

De nossa parte, construiremos todos osesforços para que a Contag continue filiada àCUT. No 10º Concut defenderemos que a nossaCentral volte e ter uma estrutura e políticaprópria para o setor rural, que abrigue os se-tores existentes e fortaleça a organização sin-dical no campo seja através dos STR’s, dosSintraf’s e, sobretudo apoiando o projetoFetraf.

Estratégia e plano de açãoA CUT pauta sua estratégia quando afir-

ma, através de seu estatuto: “A CUT é umaorganização sindical de massas (...) de cará-ter classista (...) cujos fundamentos são ocompromisso com a defesa dos interesses ime-diatos e históricos da classe trabalhadora, aluta por melhores condições de vida e traba-lho e o engajamento no processo de transfor-mação da sociedade brasileira em direção àdemocracia e ao socialismo”.

Nesse sentido, as organizações sindicaisdevem ser instrumentos de lutas imediatas,pela melhoria de salário e condições no tra-balho, e históricos em direção à superação darelação capital x trabalho.

Ao dirigir entidades sindicais, devemos sercapazes de organizar a luta de uma categoriaespecífica, por melhores condições de vida etrabalho respeitando as questões ambientais.

Mas buscarmos, além disso, que os trabalha-dores compreendam e participem ativamenteda vida política e social de sua cidade, de seuEstado, de seu país e do mundo, percebendo,inclusive, o grau de discriminação e precon-ceito imposto aos afro-descendentes, às mu-lheres, aos povos originários e outras minori-as, às pessoas com deficiências; e o mesmono que diz respeito à orientação sexual daspessoas.

Só a participação política é capaz de fazera classe trabalhadora adquirir uma consciên-cia socialista. Para isso, é preciso superar —— continuamente —— os limites da ação sin-dical, combatendo o sindicalismo tradicional,que tem como único horizonte os interessesde curto prazo da categoria; o sindicalismo“revolucionário”, que dá ao sindicato tarefasde partido político e pensa que o caminho parao socialismo está no conflito “direto” entrecapital e trabalho (a luta por salários); e osindicalismo social-democrata, que atribui aossindicatos a exclusiva tarefa de lutar por sa-lários e aos partidos a exclusividade das tare-fas “políticas”.

Todas estas concepções sindicais —— atradicional, a economicista, a social-democratae a socialista —— estão presentes na Cen-tral Única dos Trabalhadores. No dia a dia daprática sindical, estas concepções muitas ve-zes se misturam e se confundem. Mas é pre-ciso compreender claramente as diferenças,pois elas conduzem a resultados muito distin-tos.

É preciso entender que tanto o sindicatoquanto o partido político são formas distintasde organização de uma mesma classe social.O papel que estas formas assumem na luta declasses depende, portanto, da atitude da clas-se trabalhadora na própria luta de classes.

Atualmente, estamos num momento impor-tante para a elevarmos o grau de consciênciada classe trabalhadora, demonstrando que asconseqüências dessa conjuntura estão dire-tamente relacionadas com o modo de produ-ção capitalista, que o desemprego e a pres-são patronal sobre os direitos dos trabalha-dores são formas deles saírem dessa situa-ção, jogando sobre os trabalhadores a contada crise.

Por esse motivo, é importante politizar adisputa das entidades sindicais. Politizar é di-ferente, entretanto, de partidarizar. Os sindi-

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calistas podem e devem pertencer a partidospolíticos, podem e devem defender aberta-mente as posições de seus partidos. Mas de-vem avaliar, a cada situação concreta, se cabetransformar uma posição estritamente parti-dária em posição sindical. Foi com base nestaavaliação que, em 1988, o Congresso da CUTrejeitou indicar o voto nas candidaturas doPT nas eleições daquele ano; foi também combase nesta avaliação que a CUT decidiu apoi-ar a candidatura do Lula, em 2002 e 2006, eque defenderemos novamente o apoio a can-didatura do campo democrático e popular em2010.

Tendo em vista a pluralidade de correntesque atuam no movimento sindical, todas elasexpressando diferentes segmentos e opiniõespresentes na classe trabalhadora, defende-mos a mais ampla democracia no movimentosindical, particularmente no interior da CUT eem seus sindicatos filiados.

A grande maioria dos sindicalistas que abra-çaram o movimento sindical combativo,classista e pela base, assim como todas astendências socialistas que atuam na CUT, de-fendem a democracia operária como princípiointocável. Essa defesa precisa se materiali-zar: em organizações por local de trabalho;em conselhos de representantes nos sindica-tos; em democracia nos processos eleitorais;em convenções no campo da CUT.

Hoje a CUT já adota o princípio daproporcionalidade direta na composição de suadireção, mas mantém uma cláusula de barrei-ra que dificulta a participação plena de todasas forças, por via que não seja a formação dechapa ampla, criando assim obstáculos parasua democratização. É necessário que se aca-be com essa cláusula, que as forças políticassejam representadas pelo exato tamanho quepossuam.

Neste sentido, estamos propondo altera-

ção nos estatutos da entidade nos seguintespontos:

• Propomos que a CUT adote aProporcionalidade Qualificada como forma decomposição da direção e o fim dos percentuaismínimos para as chapas inscritas comporem adireção.

• Em relação à sustentação financeira pro-pomos:

• Redução dos atuais 10% para 7% de con-tribuição estatutária até a 13ª plenária naci-onal e, a partir da 13ª plenária, 5% de tetode contribuição estatutária.

Devemos, ainda, no próximo período, nortearnossas lutas reafirmando as bandeiras da clas-se trabalhadora, como:

• Redução da jornada de trabalho sem re-dução de salário;

• MP ou outro mecanismo que garanta es-tabilidade no emprego;

• Reestatização da Companhia Vale do RioDoce e da Embraer;

• Nenhuma reforma que retire direitos;

• Campanha nacional pela demissão do Pre-sidente do Banco Central e ampliação do con-selho monetário nacional;

• Direito irrestrito de greve;

• Ratificação das convenções 135, 151 e158 da OIT;

• Fim das práticas anti-sindicais pelos pa-trões;

• Fim do imposto sindical, com implantaçãoimediata da taxa negocial;

• Reforma agrária e urbana;

• Redução acelerada de juros;

• Anistia aos trabalhadores perseguidos nogoverno FHC;

• Defesa do Piso Nacional da Educação;

• Mais e melhores empregos.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

I - A crise da globalizaçãoneoliberal

O contexto internacional está marcado pelacrise da globalização neoliberal. O atual con-texto permite que a classe trabalhadora,por meio de pressão social de um amplomovimento, possa questionar os pilares dadominação do capital e implementar umaplataforma pós-neoliberal. Por outro lado,a ausência de reação da classe trabalhadoraem escala internacional pode permitir que serecupere a legitimidade de um novo ciclo daglobalização capitalista. O resultado dependedo desenvolvimento da luta de classes.

Os primeiros sinais de recuperação da re-sistência crítica ao imperialismo e àglobalização neoliberal apareceram no final doséculo passado. Os fins dos anos 1990 pre-senciaram o surgimento de constantes mobi-lizações em várias cidades do mundo contra aação dos organismos multilaterais de investi-mento (FMI, OMC, Banco Mundial) e contra oimperialismo. O Fórum Social Mundial foi a prin-cipal expressão da resistência global, reunin-do as diversas convergências dos movimen-tos sociais que, por meio da palavra de ordemUm outro mundo é possível, anunciavam suadiscordância com a ordem capitalista global.

Os resultados negativos desse sistema fo-ram fortemente sentidos na América Latina.Como conseqüência, reacendeu a capacida-de de mobilização popular e de crítica aosefeitos sociais do projeto neoliberal. Lideran-ças e partidos políticos que se contrapunham

Texto da CUT Socialistae Democrática (CSD)

Rosane Silva, Dary Beck Filhoe Milton Canuto de Almeida

a esse projeto ascenderam ao poder no Con-tinente, indicando o desejo e as condiçõesconcretas para superação do neoliberalismo.As eleições destas forças políticas anti-neoliberais em diversos países foi a respostamais contundente à globalização neoliberal eao imperialismo.

Sem considerar uma visão sobre a criseque inclui a desvalorização do trabalho comouma das causas centrais, haverá supremaciade saídas absolutamente técnicas emonetaristas, alinhadas à busca de recupe-ração da racionalidade econômica. Com efei-to, o centro da luta imediata girará em tornodas demissões, da intensificação das jorna-das de trabalho e dos bloqueios sobre os sa-lários. Como fizeram no período do ajusteneoliberal, as empresas buscarão diminuir cus-tos do trabalho, aproveitando o argumentoda crise e as contribuições dos governos na-cionais - seja em forma de financiamento pú-blico direto sem qualquer condicionante, sejapela omissão em termos de regulação públicado trabalho.

II – Brasil: Programa anti-neoliberal deve completar aimplantação do programa

democrático e popularAinda que o Brasil, pelas ações do nosso

governo, esteja menos vulnerável e dependamenos do mercado mundial do que outros pa-íses (por ex. Venezuela), o impacto da crisetem repercussões importantes na dinâmicaeconômica.

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O governo tem tomado posições importan-tes para manter o emprego e o crescimentoeconômico. De modo muito positivo, o gover-no brasileiro tem reafirmado que não preten-de diminuir os gastos com as políticas sociaise que pretende manter os importantes rea-justes do salário mínimo.

Como resposta imediata e com capacidadede mobilização social a agenda anti-neoliberal vem se impondo: necessidadeinquestionável de geração de empregos, demecanismos de elevação da renda do traba-lho, de investimento maciço em infra-estru-tura social, de ampliação das políticas sociaisemergenciais. E permanece em constante dis-puta a ampliação do orçamento público empolíticas sociais universais.

Por outro lado, ainda não demos passossignificativos para a superação do conjuntodas medidas flexibilizadoras implementadas pelogoverno de FHC.

É fato que o emprego formal tem crescidoe a taxa de desemprego diminuído, mas aquantidade de desempregados continua gran-de, especialmente entre a população negra,mulheres e jovens. A política de valorizaçãodo salário mínimo teve um impacto bastantepositivo: houve elevação dos salários e a con-seqüente elevação da renda média. Entretan-to, ocorreu principalmente para a parcela dos/as trabalhadores/as que recebem bem próxi-mo de um salário mínimo.

Há sinais evidentes de melhoria das condi-ções de vida de boa parte da classe traba-lhadora, que são resultado da ação do Estadoe do fortalecimento sindical nas negociaçõescoletivas. Em 2007, mais de 90% das negoci-ações coletivas resultaram em aumentos re-ais nos salários, revertendo a lógica inversado período neoliberal, quando houve o enfra-quecimento do sindicalismo.

A direita brasileira mantém sua capacidadede articulação política, conquistando vitóriasno Parlamento, e de mobilização da opiniãopública a partir de sua principal ferramenta: agrande mídia. Também dirige estados impor-tantes da federação (a exemplo de São Pau-lo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grandedo Sul), a partir dos quais continuaimplementando o projeto neoliberal:criminalização dos movimentos sociais,privatizações, desestruturação e focalização

das políticas sociais. Mas a ofensividade domovimento sindical tem demonstrado forçatambém nesse caso, como podemosexemplificar com a campanha Fora Yeda, im-pulsionada por sindicatos CUTistas contra agovernadora neoliberal do Rio Grande do Sul.

A força política, econômica e cultural depredominância conservadora permanece vivae tem várias expressões. Mantém sua influ-ência sobre a política monetária (juros altos,superávit primário); garante intocado o mo-nopólio sobre os meios de comunicação demassa; nenhuma alteração constitucional im-portante foi encaminhada no sentido de me-xer na concentração fundiária; o poder arbi-trário dos empresários nas relações de traba-lho sequer assumiu centralidade no debatesobre a democratização do país.

Os conflitos do governo Lula com suaprincipal base social organizada - o movi-mento sindical - produziram símbolos ne-gativos. No primeiro mandato (2003-2006),sofremos a aprovação da reforma da Previ-dência e da Lei de Falências. Neste segundomandato – iniciado em 2007 –, sofremos coma ausência de esforços para encaminhar a re-dução da jornada de trabalho e o fim do FatorPrevidenciário. Por iniciativa do Executivo, eem choque frontal com a CUT, tem sido enca-minhado o Projeto de Lei que institui as fun-dações estatais de direito privado. No campodos direitos sindicais, fomos derrotados emnossa plataforma por uma reforma sindical ori-entada pelos históricos princípios CUTistas.Além disso, a partir da entrega do Ministériodo Trabalho e Emprego nas mãos do PDT e,consequentemente, da Força Sindical, fica-mos estarrecidos com os retrocessos na es-trutura sindical conservadora. O exemplo maisclaro é a extensão do imposto sindical aos(às) trabalhadores(as) do serviço público. Emtodos os casos, houve conflitos com a basesocial da CUT. E continua a ocorrer.

III – Localização da CUT nocontexto de acirramento das

disputas sociaisA CUT deve disputar os rumos do go-

verno Lula orientada pelo objetivo estratégi-co da construção do projeto democrático epopular. Para a CSD, a transformação socialdeve ter participação ativa da classe traba-lhadora. Em outras palavras, desejamos cons-truir uma sociedade socialista e profundamente

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

democrática. O movimento sindical é um ins-trumento imprescindível para alcançarmos esseobjetivo estratégico, sendo a CUT a principalferramenta desse movimento. O centro daagenda atual requer a construção de umaplataforma da classe trabalhadora – por-tanto, pós-neoliberal -, que considere aspossibilidades abertas pela crise econô-mica e o projeto com o qual disputaremosum novo governo para o país em 2010.

Para avançarmos em nossa estratégia é pre-ciso atualizar nossa concepção sindical, consi-derando o contexto de aumento da fragmenta-ção sindical, limitações estruturais para a cons-trução de identidade de classe e as dificulda-des em organizar mobilizações de massa.

Somos oriundos de um movimento decontraposição à estrutura sindical oficial, deafirmação da liberdade sindical e da defesada democracia de base. Foi com esses pres-supostos que construímos a Central Única dosTrabalhadores, defendendo a liberdade de or-ganização e negociação coletiva, a organiza-ção a partir da base e construindo as lutassalariais ao lado das lutas populares.

IV – Redimensionar a agenda decombate

Ao reconhecer avanços sociais e tra-balhistas no período recente a CUT podetranscender sua ação para a: 1) reto-mada de uma luta mais ampla pelas rei-vindicações da classe trabalhadora e: 2)uma estratégia de superação dos entra-ves que, na política e na economia, blo-queiam a construção do projeto demo-crático e popular.

Devemos inserir no centro da agenda sin-dical a luta pela democratização do Estado,da sociedade e do local de trabalho. Atravésda participação popular direta, a maioria dapopulação, a classe trabalhadora, terá maiorpotencial para pressionar por avanço nas mu-danças. A criação das condições para avan-çar em uma democracia participativa, comprotagonismo da classe trabalhadora, é a ta-refa política estratégica.

Nesse sentido, deve ocupar a agendacentral de mobilizações e de construçãode alianças sociais a busca pela democra-tização do orçamento da União. O orça-

mento público pode ser considerado comouma arena privilegiada da luta de classes.A força política de cada classe social é de-monstrada a partir da definição anual dos des-tinos dos recursos públicos e do sentido daintervenção do Estado. O OrçamentoParticipativo constitui um padrão de gestãopública mais favorável para a luta popular.

As vitórias e retrocessos em torno da agen-da de valorização do trabalho são termôme-tros dos passos dados por nossa ação sindi-cal. Mobilizações como a busca por igualdadenas relações de trabalho entre homens e mu-lheres e entre as populações branca e negrarepresentam o interesse da imensa maioria daclasse trabalhadora brasileira. É esta maioriaa principal vítima das contradições imanentesdo sistema capitalista e de suas crises e ne-cessidades de ajustes para acumulação docapital.

Com o fortalecimento da juventude den-tro da CUT torna-se de extrema importân-cia o diálogo e unificação das lutas juve-nis. Os/as jovens dos diversos movimentossociais possuem muitas lutas em comum a se-rem travadas. É preciso unificar a juventudepor meio do movimento sindical, estudantil,de mulheres, do movimento negro, dos movi-mentos da luta pela terra, dos trabalhadoresdesempregados e diversas manifestações ju-venis. A juventude trabalhadora deve reivin-dicar os espaços de discussão das políticaspúblicas de juventude, principalmente as deâmbito federal.

É preciso estimular a participação da ju-ventude que hoje se encontra no âmbito daCentral, filiada ou não aos nossos sindicatos.O primeiro passo será dado com a criação dassecretárias estaduais e nacional da juventu-de da CUT. Entretanto, isto só não basta. ASecretaria de Juventude deve funcionar deforma horizontal tendo como objetivo se apro-ximar da linguagem e do mundo jovem e assimfortalecer a juventude CUTista, com a manu-tenção do coletivo nacional e os coletivos es-taduais. Propomos a criação de secretariasde Juventude nos sindicatos, estabelecendodiálogo permanente com os coletivos estadu-ais e nacional.

Os desafios colocados para a organiza-ção e luta dos/as agricultores/as famili-ares diferem bastante daquele período em que

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estruturamos a CUT, na década de 80. A lutapor política agrícola foi consolidada na Cons-tituição Federal e nas leis agrícolas estaduaise nacional. Conquistamos, através de luta, oPRONAF (Programa Nacional de Fortalecimen-to da Agricultura Familiar), crédito com con-dições diferenciadas para os agricultores fa-miliares.

Atravessamos um período no qual a políti-ca macroeconômica desenvolvida durante osgovernos Collor e FHC aprofundou a exclusãosocial e a espoliação econômica a que estãosubmetidos os agricultores familiares. A ex-periência construída no governo Lula, atravésdo Ministério de Desenvolvimento Agrário(MDA), tem trazido avanços na política públi-ca para a agricultura familiar, que precisamser preservados e ampliados: PRONAF, PRONAFMulher, Minha Primeira Terra, crédito fundiário,são alguns exemplos.

O cenário sindical, com acirramento da dis-puta entre diferentes concepções sindicais,conforma um quadro no qual a Contag,principal organização da classe trabalha-dora rural, torna-se alvo central para oataque à CUT. Trata-se da principal disputacontra a ação unificada de concepções atra-sadas do sindicalismo brasileiro.

Se é necessária uma ação articulada eunificada das organizações do campo demo-crático-popular, o período recente mostra umapulverização desta organização, com osurgimento das FETRAF´s (Federações dosTrabalhadores na Agricultura Familiar). A pos-terior desarticulação do Departamento dosTrabalhadores Rurais da CUT acabou com oespaço que a Central possuía como referên-cia para a construção da unidade entre osSindicatos de Trabalhadores Rurais (STR) àela filiados, tornando mais distante a possibi-lidade de ação articulada e unificada dos/asagricultores/as familiares.

Portanto, é absolutamente necessário quea Central Única dos Trabalhadores tenha umainstância interna que responda pela articula-ção dos/as trabalhadores/as rurais Cutistas,para organizar as tarefas de construção daCUT no campo e das lutas dos/as agriculto-res/as familiares numa perspectiva autôno-ma, classista e democrática.

Neste sentido, propomos que seja resga-tada experiência do Departamento dos(as)

Trabalhadores(as) Rurais da CUT. Devemosconstituir um núcleo de dirigentes dos(as)Trabalhadores(as) Rurais, que assuma aresponsabilidade de organização da CUTno campo, inclusive com a tarefa deacompanhar e mediar os conflitos nos sin-dicatos de base, como uma coordenaçãodos rurais CUTistas, seguindo a experiênciados/as servidores/as públicas.

Importância de uma central única para co-ordenar a luta. O desafio central é colocaressa diversidade de representação em movi-mento e de forma unitária, orientada pelosseguintes objetivos estratégicos: disputar aconsciência do povo trabalhador do campo elutar de forma unitária em torno de uma agendacomum.

Para disputar a Contag desde a base,é imprescindível a organização de oposi-ções sindicais e de chapas unitárias daCUT, inclusive utilizando o recurso demo-crático das convenções cutistas. A forma-ção sindical deve alcançar os STRs com forteconteúdo ideológico que integre-os à concep-ção sindical defendida pela CUT. A agenda daContag deve ser a agenda da CUT.

A atual gestão da CUT cumpriu papelimportante no cenário nacional, principal-mente no atual momento de crise econô-mica e de reação do empresariado. A CUTse recusou a participar de negociações queimplicariam em redução de direitos. Por outrolado, intensificou as mobilizações contra asdemissões, contra os socorros públicos a em-presas privadas que não respeitam direitostrabalhistas, e vem construindo um inédito pro-cesso de unificação das lutas com movimen-tos sociais e centrais sindicais do país.

Porém, existem muitos limites a seremsuperados. Destacamos a relação da CUTcom as entidades de base frente à nova con-juntura sindical. Precisamos de maior presen-ça da CUT no cotidiano dos sindicatos. Issosignifica fortalecer as CUTs estaduais, quefazem o diálogo permanente com os sindica-tos de base. As agendas de luta que tem sidointensificadas em âmbito nacional necessitamde enraizamento. Necessitam que todos ossindicatos CUTistas se incorporem a elas. As-sim será possível potencializar grandes mobi-lizações.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

A vitória indígena e popular pela demarca-ção contínua da Raposa Serra do Sol teveimprescindível participação da CUT, principal-mente pelas mobilizações construídas via CUTRoraima. É um exemplo de mobilização sindi-cal unificada à agenda popular.

Uma limitação importante é a capacidadede engajamento em torno de bandeiras estra-tégicas como a ratificação da Convenção 158da OIT, que cria regras impeditivas para a de-missão em massa. Limitamos nossa interven-ção no acompanhamento do trâmite no Con-gresso Nacional. Não conseguimos envolver oconjunto dos ramos da CUT ou organizar mobi-lizações para pressionar os parlamentares porsua aprovação ou pressionar o Governo paraincidir sobre a sua base parlamentar.

V – Recuperar a prática político-sindical CUTista

A transformação socialista somente é pos-sível se as propostas da esquerda conquista-rem a hegemonia na classe trabalhadora e namaioria da população. Requer participação efe-tiva da classe contra a exploração capitalis-ta. Isso não é espontâneo, deve ser organi-zado. O sindicato e a central sindical são fer-ramentas-chave para essa disputa e, portan-to, devem ser capazes de representar, orga-nizar e mobilizar os amplos setores da classetrabalhadora, construindo seu protagonismosocial, político e cultural independente.

A CSD – CUT Socialista e Democrática -corrente política interna à CUT, compreendeo sindicato como parte de um amplo movi-mento de transformação da sociedade, maiorque o próprio movimento sindical. No seunome estampamos três compromissos: o daconstrução da CUT, como ferramenta sindi-cal da classe trabalhadora brasileira; o soci-alismo como projeto histórico e elemento queorienta estrategicamente a ação política daCentral; a democracia como central na cons-trução das organizações dos trabalhadores etrabalhadoras.

O sindicato necessário para a estratégiasocialista deve ser um órgão de frente úni-ca dos(as) trabalhadores(as), uma organiza-ção para todos(as) os(as) trabalhadores(as)e não somente para os que já apóiam as pro-postas da esquerda. Nosso desafio é dialogarcom aqueles(as) que ainda estão sobhegemonia das idéias burguesas.

O sindicato deve partir das reivindicaçõesimediatas e mostrar como elas levam a outrasesferas de disputa. Por exemplo, a luta porsalário deve se articular com a luta política,com o questionamento da forma como se exer-ce o poder político e como se faz a distribui-ção da riqueza e da renda na nossa socieda-de. Nesse sentido o sindicato deve ser umaescola de socialismo.

Afirmamos, abaixo, alguns princípiosfundantes do sindicalismo CUTista, estratégi-cos para compor uma cultura política sindicalrenovada.O SINDICATO DEVE SER UMA OR-GANIZAÇÃO DEMOCRÁTICA. Deve garantirque posições políticas existentes na catego-ria tenham canais para disputar a adesãodos(as) trabalhadores(as). Deve ser no de-bate político e através da adesão ativa dos(as)trabalhadores(as) que a esquerda deve exer-cer sua maioria na categoria e não através doaparelhamento da entidade. Deve-se dese-nhar uma cultura política nova, que questioneas relações de poder predominantes e cons-trua um poder novo. Defendemos aproporcionalidade qualificada na compo-sição da direção da CUT.

O SINDICATO DEVE SE ORGANIZAR PELABASE. A categoria organizada a partir doslocais de trabalho é um antídoto contra aburocratização das entidades. A história daburocratização dos sindicatos associa-se àconcentração de poder nas cúpulas (nas exe-cutivas e, em especial, nos cargos de presi-dente e tesoureiro). Nesse sentido, a sobera-nia das assembléias de base é um princípiofundante do sindicalismo combativo.

O SINDICATO DEVE TER INDEPENDÊNCIADE CLASSE. Deve ser organização da classetrabalhadora, sem atrelamento ao Estado eaos patrões. Sua sustentação financeira devese basear na contribuição voluntária dos(as)trabalhadores(as). Na luta de classes nãopode haver parceria alguma com patrões, poispossuímos projetos antagônicos (socialismoversus capitalismo).

O SINDICATO DEVE ORGANIZAR O CON-JUNTO DA CLASSE TRABALHADORA, inclu-indo aqueles e aquelas que estão excluí-dos do sistema de proteção social. O pro-cesso de flexibilização das relações de em-prego no Brasil foi muito profundo. Hoje te-mos metade da classe trabalhadora no mer-cado informal: ou seja, sem direitos e sem

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acesso à proteção social. O processo de ex-clusão social que daí decorre atinge central-mente as mulheres e a juventude. Excluídosdo sistema de proteção social, também estãoimpedidos de exercer o direito de organizaçãosindical, de acordo com estrutura sindical ofi-cial brasileira.

O FEMINISMO É ELEMENTO ESSENCIALNA LUTA PELA CONSTRUÇÃO DO SOCIALIS-MO e deve ser, por isso, incorporado àagenda central do sindicato. A compreen-são dos aspectos econômicos relacionados àopressão sobre as mulheres e dos mecanis-mos de reprodução dessa opressão atravésda relação entre a dominação de classe e opatriarcado (a ideologia e a prática da domi-nação masculina) é tarefa fundamental.

A opressão sobre as mulheres, embora nãotenha surgido com o capitalismo, foi assimila-da por ele como um dos pilares de sua domi-nação. Manter as mulheres oprimidas e su-bordinadas permite diminuir os custos com areprodução da força de trabalho; aumentar aexploração, rebaixando os salários da classetrabalhadora como um todo; manter uma di-visão e competição de interesses e privilégiosdentro da própria classe trabalhadora. Se nãoé tão difícil compreender que a opressão so-bre as mulheres favorece a dominação capi-talista, já não é tão fácil aceitar que existeuma contradição entre os interesses dos tra-balhadores enquanto classe e os privilégiosque todos os homens de todas as classes des-frutam devido à posição subordinada das mu-lheres na sociedade. A divisão sexual do tra-balho no capitalismo, embora favoreça a bur-guesia enquanto classe, favorece os homensenquanto um setor da sociedade.

Se a opressão de gênero constitui um fa-tor estruturante do capital, o aumento dasmulheres no seio da classe trabalhadora deveser acompanhado por forte capacidade de or-ganização feminista dos sindicatos. Desta re-alidade são colocados dois desafios fun-damentais: primeiro, a necessidade da or-ganização das próprias mulheres traba-lhadoras; em segundo lugar, a necessida-de de incorporar na luta da classe traba-lhadora a busca pela igualdade entre ho-mens e mulheres.O SINDICATO É UM DOSINSTRUMENTOS DOS SOCIALISTAS PARA ACONSTRUÇÃO DO PODER POPULAR. Os(as)socialistas têm como tarefas, a partir dos sin-

dicatos, estimular a classe trabalhadora aquestionar o poder do capital sobre o proces-so de produção e de trabalho e organizá-lapara a construção do poder popular. Para alémdo espaço da produção, a ação dos(as) sin-dicalistas deve desenvolver-se pela luta porparticipação popular, pela democratização doEstado e da sociedade. A democraciaparticipativa é elemento central para a con-quista do poder popular e, portanto, da rup-tura revolucionária. Desenvolver e participarde mecanismos como o orçamento participativoe os conselhos populares constituem a espi-nha dorsal da construção desse novo poder.

A LUTA UNITÁRIA DO MOVIMENTO SIN-DICAL COM OS DEMAIS MOVIMENTOS SO-CIAIS DO CAMPO E DA CIDADE, caracte-rística da fundação da CUT. Hoje essa uni-dade constrói-se a partir da pressão pelasmudanças. A Coordenação dos Movimen-tos Sociais (CMS) é espaço estratégico des-sa unidade. Nela, estão os movimentos sindi-cal, estudantil, feminista, de trabalhadores ru-rais sem-terra, de combate ao racismo e àhomofobia, organizações comunitárias, den-tre outros. A agenda prioritária é aquela queimpulsiona o projeto democrático e popular.Nesse sentido, as maiores e mais representa-tivas organizações populares do país organi-zam-se na CMS na luta contra a retomadados neoliberais ao poder e por avanços namelhoria das condições de vida do povo tra-balhador.

O contexto atual favorece, aos movimen-tos sociais, a ampliação de bandeiras políti-cas que elevem a consciência democráticae anti-capitalista.

A reversão do processo de mercantilizaçãodas relações sociais é o eixo que pode orga-nizar a ação anti-capitalista neste momentode crise internacional e que pode apontar, paraos movimentos sociais populares, odirecionamento rumo à alternativa socialista.

VI – Respostas imediatas quepodem ser vinculadas às saídas

estratégicas.Republicanização da gestão do Banco

Central, superando a situação de autonomiapolítica e fundando em novas bases de res-ponsabilidade democrática as suas funçõestécnicas de gestão da moeda, do câmbio edo crédito. Isto seria fundamental para com-

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

pletar o trabalho de desfinanceirização daeconomia brasileira, reduzindo qualitativamentea taxa Selic, o spread bancário e introduzindoa regulação dos capitais especulativos. Umanova estrutura de financiamento de longo pra-zo da economia brasileira deve se consolidar,incorporando um papel mais ativo dos fundosde pensão e assentando de modo mais defini-tivo a função decisiva dos bancos públicos.Nesse sentido, é preciso estabelecercontrapartidas de garantia de emprego nosempréstimos e operações de financiamento;

Recuperar a campanha pela anulaçãodo leilão que privatizou a Vale, incluindooutra empresa pública privatizada, aEmbraer. Após o governo federal ter aprova-do, no Congresso Nacional, medida possibili-tando os bancos públicos comprarem bancosem dificuldade financeira, podemos recolocaro debate sobre a reversão da privataria pro-movida pelos governos FHC;

Realizar uma reforma agrária quepotencialize e eleve o espaço histórico daagricultura familiar e cooperativa, inte-grando-a aos circuitos da economia soli-dária e de planos de desenvolvimento lo-cal. Mais do que efetivar um compromisso his-tórico, trata-se de conceber uma reformaagrária adaptada ao século XXI que incorporenovos paradigmas ecológicos, tecno-científi-cos e novas formas jurídicas de propriedade,contribuindo de modo decisivo para estabili-zar o emprego e a produção de alimentos.

Unificar a classe trabalhadora e as princi-pais organizações populares do país em tornoda Plataforma da Classe Trabalhadora para2010. A resolução da Executiva da CUT defevereiro de 2009 afirmava a estratégia danossa Central para esse período:

“Queremos que a superação da crise re-sulte na construção de um modelo alternati-vo, democrático e popular com horizontestransitórios para a sociedade socialista. Aação da CUT, nesse período, deve se orientarpara que a disputa em torno do projeto quedesejamos seja vitorioso, inclusive em 2010,e para o fortalecimento da unidade do campodemocrático e popular, objetivos indissociáveise que têm na nossa Central uma ferramentaimprescindível.”

Para tanto, a CUT deve ser impulsionadorada construção de uma plataforma da classetrabalhadora para a disputa que travaremosem 2010. Trata-se de uma disputa que não éapenas eleitoral, no sentido de derrotar a di-reita nas urnas. Mas é fundamentalmente umadisputa de projeto de país e de sociedade.Precisamos comprometer a candidatura docampo democrático e popular com um projetoautêntico dos interesses da classe trabalha-dora. Por isso, essa plataforma deve serconstruída com o conjunto dos movimentossociais populares que são os aliados históri-cos da CUT.

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Conjuntura InternacionalFalar da crise internacional, de sua gravi-

dade e compará-la com as demais, incluindoa de 1929 tornou-se lugar comum nos discur-sos dos mais variados matizes ideológicos. Oque diferencia a crítica de raiz, do mundo dotrabalho, são as constatações de que esta éa enésima crise de algo historicamente agoni-zante, e que a mesma deslegitima a agendaneoliberal.

Mesmo gastando dezenas de trilhões dedólares, estatizando prejuízos de bancos eindústrias, não há garantia de sustentabilidadedas ações de contensão da crise. Desde me-ados da década de 1970 o que temos é oesforço para controlar o incontrolável e cor-rigir o incorrigível. Suas dimensões se interli-gam: ambiental, energética, alimentar, polí-tica e ideológica, cultural e militar. Cresce aviolência e a criminalidade, à base dedeslegitimação dos valores e normas da “ci-vilização” do lucro, da opulência e do des-perdício.

Podem até minorar seus estragos. No en-tanto, outras crises virão e serão desastro-sas. Não há “curto prazo” para essa e outrasque a sucederão. A eles só restam vãs ex-pectativas: como exemplo, a eleição deObama, nos EUA, vista como uma saída docaos.

Eis porque a onda democrática e popular(no Brasil, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Equa-dor, Uruguai, Nicarágua e El Salvador), mes-mo que sem expressão programática sólida éo caminho.

Portanto, este é o momento da ousadia domundo trabalho, para ocupar um espaço pró-prio e retomar a propaganda do socialismo.

Da luta contra o desemprego e outros efei-tos da crise, passando pela solidariedade ati-va aos povos do Oriente Médio, que enfren-

tam suas oligarquias e contra o governo deIsrael, chegando ao 1 bilhão de moradores devilas e favelas no hemisfério sul, o que sedemanda é a determinação das forças do mun-do do trabalho, no projeto de unificação des-sas e outras lutas, num todo único, para aconstrução de uma saída popular.

O Brasil no epicentro das turbulências in-ternacionais

O país, sob a liderança de Lula, tem pre-sença forte internacionalmente. Ao contrárioda era FHC.

O mundo do trabalho pode se orgulhar: osburgueses queriam a desqualificação da ges-tão Lula, para nos acusar de incapazes degovernar o país, levando a nação ao caos.Falharam. O tal risco-país, referência para aagiotagem financeira classificar o Brasil, nacrise, não passa de 500 pontos. Com FHC, emcrises menores, chegou a mais de 2000!

Melhoram os índices de desenvolvimentohumano. Saúde, educação, saneamento, mo-radia, meio ambiente etc., recebem recursosinéditos e fiscalizados pelo povo. Extratos declasses sociais mais pobres experimentam as-censão. Cresce o emprego e o consumo dosexplorados, melhorando sua vida.

As políticas sociais exitosas, que unem crí-ticos à direita e à “esquerda”, são diques decontensão à miséria absoluta.

Realizam-se dezenas de conferências na-cionais que mobilizam milhões e milhões delutadores do povo. Ultrapassar os limites darepresentação estatal formal é o principal gan-ho desses fóruns.

Enfim, comparar o Brasil de Lula presiden-te, com o de FHC, é algo que devemos fazersempre. Porém, se reconhecer avanços é umdever, também o é indicar as limitações, fa-lhas e possibilidades inexploradas.

Texto da Tendência Marxista (TM)

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

O governo Lula realizou, potencializou e in-vestiu em centenas de fóruns participativos.Trata-se de um avanço inestimável. No en-tanto, são – e deveriam sê-lo – fórunspluriclassistas. O grande capital deles partici-pa de forma ousada, desafiando e impondoseus pontos de vista, para garantir privilégiose ganhos exorbitantes.

A CUT deve liderar um movimento, comcentrais sindicais e movimentos do mundo dotrabalho, que construa, junto ao governo, ocompromisso de realização de uma Conferên-

PELA REALIZAÇÃO DA I CONFERÊNCIA NACIONALDO MUNDO DO TRABALHO

Governo Lula: avanços sim, masaquém do possível e muito aquém

do necessárioPressionados pela exigência da

governabilidade, que o aprisiona a um setorde base política conservadora, fisiológica ealiada aos pleitos do grande capital, deixamosescapar oportunidades cruciais:

- O lucro dos bancos e sua “liberdade” deagir, extorquindo a maioria dos correntistas,já está – há muito - a exigir um basta.

- A propriedade fundiária urbana e ruraldeve ser alvo de medidas concretas para sualimitação. Mesmo sob um ângulo capitalista,falta aqui restrições à concentração de ter-ras. O mundo ficou “pequeno”, inclusive aqui.Nada justifica essa injusta estrutura fundiária.

- Não cabe só ao governo resolver o pro-blema fundiário no país. Mas sim, expor o ner-vo das contradições, estimulando a mobilizaçãosocial. Qual economia desenvolvida no mundomanteve o latifúndio?

- As políticas de segurança e soberaniaalimentar só terão eficácia se isso for resolvi-do. A grande propriedade fundiária é inimigada segurança e soberania alimentar efetivas.A produção de commodities deve se subordi-nar à geração de ocupação e renda em esca-la, que só se efetiva na agricultura familiar.Mesmo um programa habitacional ousado es-barrará neste desafio.

- O financiamento público e desembolsosdos bancos estatais de fomento (BNDES, CEF,

BB, BNB etc) deveriam exigir a presença dostrabalhadores nos conselhos de gestão dasempresas.

- A democratização das comunicações,base para a produção de novos sujeitos, ain-da engatinha. Informar a sociedade sobre asconcessões de rádios e tv´s e submeter àapreciação popular a renovação de tais con-cessões deve ser a exigência. Ao lado disso,colocar um fim às perseguições à radiodifusãolivre e comunitária.

- Qual estado que serve a um país sobera-no, democrático e popular? Em que pese avan-ços (concursos públicos, valorização de car-reiras, qualificação dos servidores, renovaçãode equipamentos), ainda carecemos de umprojeto de estado para esse novo momentohistórico. O fracasso da agenda neoliberal abreessa oportunidade.

- E para indicar um ponto central registra-mos: a principal pauta da agenda civilizatóriapara a humanidade precisa de uma aborda-gem concreta no Brasil: a redução da jorna-da de trabalho. Eis o paradoxo: a humanida-de já detem ganhos de produtividade que ga-rantiriam a adoção da redução drástica dajornada de trabalho. E pouco tem sido feitonesse sentido.

Mesmo sabendo que não cabe a nenhumgoverno realizar aquilo que só as classes tra-balhadoras podem fazer com suas própriasmãos, exige-se dos governos democráticos epopulares abrir a “caixa-preta” do grande ca-pital no Brasil. Feito isso, o “restante encami-nharemos oportunamente”.

cia Nacional do Mundo do Trabalho; que, paraalém das legítimas demandas sindicais, tratedos temas da soberania nacional, de nossamatriz energética, de nossa política de infra-estrutura, do meio-ambiente, da saúde, daeducação, do controle social sobre o estadoe sobre a economia etc, sob a ótica plural ediversificada do mundo do trabalho.

Tratar-se-ia de um evento, no qual estariaem disputa também, o debate sobre a suces-são de Lula e sobre a necessária sustentaçãoextra-parlamentar de governos democráticos

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e populares. Ou seja, garantiria uma novagovernabilidade aos avanços exigidos no Brasil.

Não se trata apenas de um fórum de rei-vindicações. Mas de um lugar para que seforje uma inédita unidade do mundo do traba-lho. Essa proposta foi aprovada, por unanimi-dade no III Congresso do Partido dos Traba-lhadores. Infelizmente, ela jaz nas gavetasdo Partido.

A Agenda ambiental da CUTDesde o seu nascimento até os dias de

hoje a CUT tem tido um papel fundamentalnos temas relacionados ao meio ambiente.Mesmo quando isso não era moda. A luta con-tra a insalubridade, contra a periculosidade econtra a penosidade estão na base da lutasócio-ambiental. Junte-se a isso a luta pelamoradia digna, pelo transporte e pelo lazer.Esta é uma agenda de mais de 150 anos daação moderna do mundo do trabalho e a CUTnasce incorporando-a.

Propomos resgatar essa base histórica earticulá-las com as demais mobilizações exis-tentes.

SUPERAR UMA TRAJETÓRIA“ ‘Olhai os lírios no campo’. Claro, olhai

os lírios no campo, olhai como eles sãocomidos pelas cabras, como são trans-plantados para a lapela pelo ‘Homem’ ,como se dobram sob as carícias impudi-cas da lavradeira e do burriqueiro!” - Marx

A CUT deve avançar em sua intervençãona temática ambiental. Em que pese a neces-sidade de alianças e mediações políticas, aCUT deve partir dos seguintes pressupostospara avançar:

a) A onda de preocupações ambientais queemerge na década de 1970, sobretudo a par-tir dos pronunciamentos do Clube de Roma edo Relatório Brundtland, expressaram pontosde vista pluriclassistas, hegemonizados pelosinteresses do capital.

b) O mundo do trabalho tem integrado osfóruns e articulações mundiais em torno dasquestões ambientais, ainda sem uma forteidentidade própria, não se diferenciando coma devida profundidade, nem do “ecologismo”burguês, nem do pequeno burguês.

c) Tal identidade tem de articular as preo-cupações gerais com as mudanças climáti-cas, a defesa genérica dos biomas, a denún-

cia da transgenia, como mecanismo deotimização de lucros na produção de alimen-tos etc, com a histórica resistência do mundodo trabalho, na defesa das reivindicações decondições de moradia e do ambiente de pro-dução fabril. Não há contradição entre ambasas visões. Quem as separou? O próprio capi-tal que necessitava dessa disjunção (ser hu-mano-natureza) para prosperar.

d) Os registros textuais dessa resistênciasão inúmeros. Relembremos apenas aqui, oestudo denominado A situação da classe tra-balhadora na Inglaterra, de Friederich Engels,no qual o debate sobre a moradia e os locaisde trabalho – verdadeiros infernos ambientais– foi levado às suas raízes mais profundas. Amais radical unidade entre os seres humanose a natureza também está registrada n’O Ca-pital de Karl Marx.

e) O “olhar” ecológico sobre o mundo dotrabalho parte da crítica, de raiz, à proprie-dade privada dos meios de produção. À apro-priação privada daquilo que é criado social-mente. Trata-se de princípios inegociáveis.Ainda que precisemos fazer mediações políti-cas, em face dos níveis de consciência dasclasses trabalhadoras e de seu nível de dis-persão, frente a necessidade de superaçãoplena do regime de propriedade privada.

f) Urge problematizar questões mais amplas:o uso de equipamentos obsoletos, “empurra-dos” pelas matrizes internacionais às filiais nopaís; o caráter ambíguo das medidas compen-satórias à predação ambiental; a indenizaçãopor dano ambiental e seus limites; a ausênciade controle social na pesquisa científica, princi-palmente nos campos de medicamentos e ali-mentos; a exploração social X privada, nos ter-renos das riquezas minerais, da coleta e do tra-tamento dos resíduos sólidos, do uso da água,do uso sustentável das florestas etc.

g) Considerando que 1 bilhão de pessoasvivem em favelas, só no hemisfério sul, é pre-ciso que tratemos – por exemplo – da políticahabitacional como uma política ambiental. Aíé necessária uma demarcação: o governo Lulaapresenta um “pacote habitacional” importan-te. E onde reside o maior obstáculo à suaconsecução? Na ausência de terrenos e deinfra-estrutura. Ora, não há como apoiar ainiciativa de Lula sem questionar a prolifera-ção de condomínios de luxo no entorno dascidades.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

h) Por último, o debate crucial que o mun-do do trabalho deve propor à sociedade: tan-to se fala em meio-ambiente, mas pouco seproduz em termos do “Estado Ambiental” quese faz necessário. Em oposição ao estado mí-nimo, exige-se o estado ambiental. Ou seja,não há discurso ambiental que se sustente,sem o fortalecimento das estruturas públicase estatais que dêem conta da normatização,da execução de políticas ambientais, do con-

trole social da produção econômica e da dis-tribuição das riquezas. O estado ambiental éaquele que articula as áreas de saúde, deeducação, de assistência, de planejamentoeconômico (incluindo aí turismo e lazer), deobras, num todo único. É um estado dotadode um forte aparato de servidores bem remu-nerados, qualificados e estáveis, inclusive parao exercício da função ampla de políciaambiental.

A crise financeira mundial, o despertar daconsciência ecológica de massas e o reco-nhecimento da finitude de vários de nossosrecursos naturais impõem ao mundo do tra-balho uma abordagem totalizante, estratégi-ca e que parta da crítica de raiz aos dramasambientais contemporâneos.

Já se disse que “não se faz omeletes, semquebrar os ovos”. A insustentabilidade do pa-drão de produção e consumo atuais coloca apossibilidade histórica de superação desse es-tado de coisas.

Mesmo que isso não signifique que o capi-talismo esteja “caindo de podre” e que sejamnecessárias muitas mediações políticas, urgea construção de um consenso no mundo dotrabalho, que afirme claramente: o modo deprodução de riquezas, de sua distribuição res-trita, de seu desperdício e de seu consumodiscriminatório, está a ameaçar a existência

da vida humana. Tal constatação não é umanovidade para as classes trabalhadoras. Hácerca de 150 anos isso foi escrito e descritonas seguintes palavras:

“Mesmo que a nação fosse proprietária, podea geração de hoje destituir a de amanhã? Aspessoas são possuidoras somente a título deusufruto; o governo governa, superintende,protege as pessoas e aprova decretos de jus-tiça distributiva. Se a nação também faz con-cessões de terras, ela se limita a concederseu uso; de modo nenhum tem o direito devendê-la ou de aliená-la. Não sendo proprie-tária, como pode alienar propriedades?... Des-trua a terra (o que dá no mesmo) venda aterra; e você não só aliena uma ou duas oumais colheitas, como aniquila todos os produ-tos que você pode extrair delas – você e seusfilhos e os filhos de seus filhos.” Marx, em OCapital

Conclusão

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A crise e os trabalhadoresEm todo o mundo os trabalhadores se ma-

nifestam exigindo, declarando, gritando que“não vamos pagar por esta crise”. Infelizmen-te, em todo o mundo, o que está acontecen-do é que os trabalhadores são justamente osque mais pagam pela crise.

Claro, alguns capitalistas perderam bilhõesna crise, bancos e empresas perderam trilhõesde dólares, no mundo inteiro mais de 30 trilhõesem riqueza acumulada foi consumido na fo-gueira da crise. Mas é preciso entender comoisto os atinge: alguém que tem 30 bilhões eperde 20 bilhões perdeu muito, muito mesmo.Mas ele continua com 10 bilhões. E o traba-lhador que perdeu o seu emprego, como elefará para comer quando acabar o seguro de-semprego?

Esta é a realidade: os que ajudaram osbancos a falirem, os que ajudaram o mundo aquebrar, ganham polpudas comissões, de mi-lhões de dólares, quando são demitidos. Aostrabalhadores é oferecida uma indenização,como no caso da Embraer, que não ultrapasseos 8.000 reais. Uma “pequena” diferença, daordem de mil vezes, que faz com que o ope-rário se encaminhe para a miséria e que oburguês ou o seu preposto, o gerente de plan-tão, continue sobrevivendo e muito bem.

Nos EUA, o pais mais rico do mundo (pro-duz algo em torno de 25% a 30% do que omundo produz) milhares de pessoas são ex-pulsas de suas casas e as favelas de barra-cos de lona, de hotéis baratos, de traleirs, decarros, crescem em todo o pais. Lá, estãodemitindo a uma media superior a 600 mil tra-balhadores por mês. O mesmo numero da Eu-ropa. Na China, aonde as estatísticas não sãoconfiáveis (quando divulgadas) é possível queas demissões tenham chegado a casa de mi-lhões e milhões. Os que terminam a universi-dade neste ano estão sem perspectiva deemprego. E frente a crise, o que propõe os

governos, os partidos, os analistas de plan-tão, os economistas? Todos estão de acordono central: “regulamentar o mercado finan-ceiro”, salvar os bancos ou estatiza-los, re-tomar o crédito.

O grande problema é que a crise tem outraorigem: o sistema capitalista produz mais queo mercado capitalista pode absorver, podecomprar. A crise já se arrasta há algum tem-po. A destruição da URSS e a destruição demilhões de empregos, a destruição de todoum sistema, as privatizações e a queda daexpectativa de vida em mais de 20 anos noinicio dos anos 90 conseguiu um fôlego. Ocrescimento do crédito e junto com ele (comoconseqüência necessária dele) dos derivati-vos que atingem um valor 10 a 12 vezes mai-or que a produção mundial (um verdadeirocapital fictício, não existente, mascontabilizado) permitiu que a crise fosse adi-ada mais uma vez no inicio do século XXI (ano2000). Mas agora ela chegou para ficar e ostrabalhadores sofrem no mundo inteiro. As pre-visões de perdas de emprego oscilam entre30 milhões e 50 milhões este ano. Sim, nósnão queremos pagar pela crise, mas já estamospagando e caro por ela.

Os governos frente a criseQuando a Embraer demitiu trabalhadores,

Lula lamentou. Recebeu o sindicato, recebeua CUT, mas nada fez que impedisse a manu-tenção das demissões. O governo Lula diz queé inconstitucional proibir uma empresa de de-mitir. O governo tem maioria no Congresso.Esta maioria já foi usada para, por exemplo,destruir a aposentadoria dos servidores, atra-vés de uma emenda constitucional. Então,porque ela não pode ser usada para garantiros direitos dos trabalhadores, a começar peloseu emprego?

Lembremos que a cada minuto o patronatousa para quebrar os contratos e não respei-tar o que foi acordado, como agora no 1º de

Texto da Esquerda Marxista

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

abril (parece, mas não é mentira) a Peugeotdemite trabalhadores um dia depois que foianunciada a continuidade da redução do IPIpara os automóveis com garantia de empregopara os trabalhadores.

E, no dia 1º de abril, o Ministro das Rela-ções Institucionais declara:

“Nós lamentamos. Essa questão de acharque demissão gera economia é uma coisasuperada. Isso volta, deixa de ter consumo,cai a arrecadação. Aí o efeito vai além daconta. Lamentamos e estamos trabalhandoem outras frentes para que esses postos detrabalho sejam compensados”, afirmou JoséMúcio.

Só que lamentos, tanto no caso da Embraercomo no caso da Peugeot não vão devolve osempregos. É necessário compreender o queestá acontecendo e agir para mudar.

O editorial do Jornal Luta de Classes (jor-nal da Esquerda Marxista) nº 05, de Setem-bro de 2007, sob o título Lula, Mantega e ocapitalismo num só país, explicava:

“Como previmos na Resolução Política daConferência da Esquerda Marxista, em Abril,a crise norte-americana começou com a ex-plosão da bolha imobiliária e já atinge todo omundo. Que ninguém se engane.

As declarações de Lula e Mantega garan-tindo a “blindagem” do Brasil por causa daenorme disponibilidade de dólares em caixa sãoapenas bobagens e discurso para tentar acal-mar o mercado. Não há “capitalismo em um sópaís”. O capitalismo é um sistema mundial únicoe os EUA, ao mesmo tempo em que concen-tram em si toda a força, integram também emsi mesmo todas as contradições e perigos dabancarrota deste sistema social miserável.”

Foi a época da incrível frase “A crise é doBush”. O que além de demonstrar uma totalincompreensão do que estava ocorrendo, mos-trava um interessante - mas não muito digno- método de trabalho. Lula deveria dizer “com-panheiro Bush”, como falou diversas vezesdurante seus encontros amigáveis enquantoo dinheiro internacional entrava em cascatano Brasil. E no mínimo ser solidário com o com-panheiro. Mas, já se sabe que solidariedadenão é forte de Lula. Que o digam Zé Dirceu,Genoíno, Delúbio e outros.

Na Assembléia Geral da ONU, segundo todaa imprensa, “Depois de ter acusado os paísesricos de praticarem ‘populismo nacionalista’e de ter dito que o sistema financeiro mundi-al investiu em uma ‘jogatina’ que resultou naatual turbulência econômica, Lula se despe-diu de Nova York e de sua temporada na As-sembléia Geral da ONU, ‘decretando’ o fim daera neoliberal.” (BBC Brasil, 25/09/2008). Acrítica ao dito “populismo nacionalista” (pro-teção de mercados nacionais) é de direita ede um adepto fanático do “livre marcado”, quenada mais é que latifúndio planetário sem por-teiras para as multinacionais.

Para os especuladores Lula éNota 10!

Mas, se tem razão sobre a “jogatina” dosistema financeiro mundial o espantoso é queaqui ele fez exatamente a mesma coisa o tem-po todo. E sustenta esta jogatina com os ju-ros mais altos do mundo. No jornal Luta deClasses nº 9, abril/08, explicamos: “ ‘Foi apos-tando que o dólar ficaria barato contra o realque o maior investidor do mundo ficou aindamais rico. O americano Warren Buffett pas-sou os últimos seis anos comprando a moedabrasileira e anunciou, nesta sexta-feira (29),um lucro de R$ 4 bilhões.’ (O Globo, 1/03/08). Seis anos de governo Lula em coalizãocom os partidos capitalistas. ‘Os bancos es-trangeiros lucraram R$ 13,56 bilhões no Bra-sil em 2007 —uma alta de 160% sobre o anoanterior — em um momento que as matrizesvivem em estado de alerta por causa da re-cente crise financeira nos Estados Unidos’,informa a Folha de SP, em 22/03/08. Ou seja,o comandante do cassino tupiniquim é o pró-prio governo.”

Quando a violência da crise começou a seespalhar pelo mundo, Lula já não podia de-fender sua estranha concepção de economia.Então, em outubro de 2008, Lula e seus bri-lhantes assessores descobriram que o tsunamique varria o planeta ia chegar ao Brasil sócomo uma “marolinha”. Mas como o seguromorreu de velho, anuncia uma injeção de maisde R$160 bilhões nos bancos e nasmultinacionais. O dobro do Orçamento Fede-ral para Saúde e Educação.

Depois Lula decretou o fim da crise decla-rando que “no Brasil, ao contrário dos outrospaíses, não haverá recessão”. Então o IBGE

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divulgou que “A indústria brasileira registrouqueda de 18,2% na produção no período dequatro meses, a partir dos resultados de ou-tubro de 2008 a janeiro deste ano”. (AgênciaEstado, 06/03/2009).

Milhões de demitidoscom o apoio do governo

Só em dezembro foram perdidos 654 milempregos. E as demissões continuaram semque qualquer patrão desse a menor bola paraas “análises” fantasiosas do governo Lula oupara seus patéticos apelos a que o povo “con-tinue comprando para não parar a economia”.Os capitalistas são bem realistas.

A Embraer demitiu sumariamente 4.200operários e Lula declarou estar indignado. De-pois recebeu a diretoria da empresa e disse“compreender” a atitude. E o mais escanda-loso é que a Embraer privatizada está sobcontrole de vários Fundos de Pensão que ogoverno controla, entre eles a PREVI (Bancodo Brasil).

Lula também “compreendeu” que a Valefeche minas e demita 1.300 trabalhadores. Agestão da Vale está entregue ao Bradesco,mas o controle acionário da empresa está nasmãos dos fundos de pensão estatais, entreeles a Previ. Só a Previ detém 15% do capitaltotal e 30% do capital votante da Vale. NaEmbraer ela tem 13% do capital total. A Previlucrou com a Vale R$873 milhões em 2008.Com a Embraer lucrou R$61 milhões no mesmoperíodo.

A Dança do PIB Então, Mantega e Lula começaram a espa-

lhar que o PIB brasileiro ia crescer 4% em2009. Agora em Março o IBGE divulga umaqueda de 3,6% do PIB brasileiro em Dezembrode 2008. Começam todos a falar em PIB zero.Mas, o incrível Lula volta à carga e declaraque não haverá recessão e que teremos PIBpositivo em 2009. Seu conselheiro Delfin Neto(ex-ministro da Agricultura e depois do Plane-jamento durante a ditadura militar) sai a campodizendo que “O Brasil vai crescer 1,5 ou 2%”.Mas a verdade é que uma pesquisa da Confe-deração Nacional da Indústria mostra que 54%das empresas já demitiram e 36% vão cortarmais. Ou seja, 90% das empresas do país!

O banco Morgan Stanley previu, em 15/03/2009, que o PIB brasileiro em 2009 seránegativo em 4,5%. Lula ironizou: “Esses ban-

cos não acertam nem a situação deles”. ELula, acerta?

Estatização entra no cardápio? Lula disse, em 2003, aos trabalhadores da

Cipla que não podia salvar os empregos por-que “estatização não está no cardápio”. Ago-ra, vamos ver o que diz Lula em discurso naabertura de um Seminário Internacional sobreDesenvolvimento realizado dia 05/03/2009 emBrasília:

“Será que os países ricos vão continuarapenas colocando dinheiro com o intuito desalvar os bancos ou será que algum país terácoragem de, sem medo da palavra, estatizaros bancos, recuperá-los e fazer voltar o cré-dito?”

Esta declaração mostra que Lula está co-meçando a preparar a situação para uma even-tual correção de rumo. Mas, quando fala emestatizar é para depois devolver os bancossaneados aos capitalistas assim que a ressa-ca passar. Para Lula não se trata de uma rup-tura com o capital, mas apenas de impedirque o edifício desmonte. É o que surge muitoclaramente de suas declarações sobre o quefazer na atual situação mundial. Este foi ocentro de suas discussões com Obama em14/03/2009, na Casa Branca.

Lula estava feliz porque EUA e Brasil acor-daram de criar um grupo para apresentar umaproposta conjunta à reunião do G-20, em 2de abril.

Tentando curar um monstro Mas, é incrível que alguém possa pensar a

sério que vai realmente elaborar em conjuntocom o governo dos Estados Unidos uma pro-posta para a crise. Estas propostas serão ape-nas as atuais propostas do governo imperia-lista de Obama, de uma pretensa “regulaçãointernacional do mercado financeiro” e “maistransparência”. Ora, isto é só outra tentativade semear ilusões e vender fantasias. O mer-cado financeiro capitalista é uma fonte inatae crônica de crimes e de trapaças. É só assimque criminosos e agiotas podem sobreviver,pouco importa se eles são legalizados ou mar-ginais. É impossível este mercado ser “trans-parente” por definição, pois os ganhos fabu-losos deste mercado estão embutidos no con-trole de informações, na feitura de leis ade-quadas, na apropriação de recursos públicos,etc. Hoje no mundo este mercado de papéis

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

que não correspondem à riqueza real monta a600 trilhões de dólares, enquanto o PIB mun-dial não passa de 60 trilhões. Como regularsem desmontar esta montanha de ficção?

O que Lula deveria compreender se qui-sesse continuar fiel à sua própria classe éque não há saída no capitalismo. Para avan-çar socialmente é preciso libertar a sociedadedo regime da propriedade privada dos meiosde produção. É preciso romper a colaboraçãode classe com a burguesia, expulsar os capi-talistas do governo, apoiar-se na mobilizaçãopopular e atender as mais sentidas reivindi-cações populares. É preciso barrar as demis-sões, fazer a reforma Agrária, estatizar osbancos, as multinacionais e grandes empre-sas, garantir Saúde e Educação pública paratodos, revogar a Reforma da Previdência, re-estatizar todas as empresas e serviçosprivatizados. E só a organização socialista daluta de classes do proletariado pode fazer isto.

É hora de explicar aos trabalhadores que ocapitalismo traz a guerra e o sofrimento comoa nuvem traz a tempestade. Contra a anar-quia e caos, contra as crises permanentes doregime da propriedade privada dos grandesmeios de produção, contra as conseqüênciasde uma economia baseada na busca do lucro,a saída é a conquista de um regime baseadona propriedade coletiva e socialista. Um regi-me socialista com uma economia planificadasegundo as necessidades e o interesse dopovo trabalhador e controlada democratica-mente pelos trabalhadores.

A marcha em direção a barbárieA juventude e a classe trabalhadora esta-

rão confrontadas com a direção das suas or-ganizações, que têm a obrigação e o deverde apresentar um caminho positivo de saídapara a perigosa conjuntura atual. Na encruzi-lhada em que o planeta foi jogado pelo capitale suas crises cíclicas, mais do que nunca épreciso relembrar a célebre expressão de RosaLuxemburgo de 1916: ‘socialismo ou barbárie’.

Propor à classe trabalhadora brasileira,como fazem em nossos dias os mais destaca-dos dirigentes patronais em nível nacional, queela deve aceitar que seus salários sejam re-duzidos em nome da crise, não é um indícioveemente da barbárie?

A conferencia sindical da Esquerda Marxis-ta, realizada no final de março/2009, explica-va esta marcha rumo a barbárie:

Constatamos que por toda a parte os ata-ques aos trabalhadores através da reduçãode direitos, das demissões, do fechamentode fábricas e mais do que isso pela própriacriminalização da luta de classe, que se ma-terializa nas ameaças à vida aos companhei-ros Charles e Douglas promovidas pelo Coro-nel da Policia Militar de Santa Catarina, e nosrepõem a retomada da campanha pela apu-ração e punição dos assassinos de Andersonpresidente do SINDIFRIOS/RJ. É central queassumamos a defesa dos camaradas e dasorganizações dos trabalhadores, pois sabe-mos que as agressões aos sindicalistas sãocada vez mais instrumentos de ataque a lutados trabalhadores. Isto fica claro nas deci-sões do TST de impor aos sindicatos a acei-tação da estabilidade a apenas 7 diretoressindicais, o que é menos do que a prórpriaCLT garante. Outra tarefa importante é aretomada e impulsionamento da luta dos com-panheiros do sindicato dos metalúrgicos deGaruva e Itapoá cujos patrões se recusam areconhecer o sindicato e atacam o sindicato,demitindo todos seus diretores, e a CUT atra-vés do Interdito Proibitório. Isto se vê na lutados ferroviários que tem cinco diretores doSindicato de Bauru demitidos e em dezenasde outras perseguições.

No meio de toda esta confusão da convul-são capitalista, em agosto de 2009 reúne-seo melhor da classe trabalhadora brasileira no10º Congresso Nacional da CUT. Este é o pal-co em que as direções da Central Única de-vem eleger o socialismo como opção para aclasse, afirmando categoricamente que o ca-pitalismo foi incapaz de resolver os problemasda humanidade, e muito menos dos operários,das mulheres e dos jovens.

Lembremos: No mundo inteiro, as guerrase a fome tendem a se acirrar exatamente porcausa da crise. Mas a crise também é a opor-tunidade para que a classe operária, defen-dendo-se dos ataques, passe a ofensiva emdefesa dos seus direitos, de suas reivindica-ções, do socialismo.

A defesa da CUT socialista,democrática e combativa

A CUT luta pela “transformação da socie-dade brasileira em direção à democracia e aosocialismo” (Art. 2°. do Estatuto).

A manifestação de 30 de março, quando oconjunto das centrais foi obrigado a se unifi-

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car em defesa do emprego, do direito maiselementar que tem o trabalhador, mostra quea unidade pode levar milhões a rua e permitiráque façamos uma defesa real do emprego.

Mobilizações como esta são sempre bem-vindas para os trabalhadores, mas é neces-sário que a direção nacional da CUT tome emsuas mãos a sua organização, para que defato coloquemos milhões nas ruas em oposi-ção aos planos patronais de mais exploração.

Colocando à frente os emblemas da esta-bilidade no emprego, contra a redução dossalários, pela redução da jornada de trabalho,ocupação das fábricas que demitam e refor-ma agrária, será possível juntar milhões, ir àsportas de fábrica explicar aos nossos compa-nheiros e companheiras que o socialismo seráa saída da classe trabalhadora, ao contráriode continuar admitindo que bilhões de dólaressejam destinados no mundo inteiro para sal-var o cassino da ciranda financeira.

De 21 de maio a 21 de junho de 2009 acon-tecem em todo o país os congressos estadu-ais, e de 10 a 15 de agosto o Congresso Na-cional da CUT.

Os congressos serão momentos privilegia-dos para que os sindicatos cutistas possamrefletir, com a base dos trabalhadores que estánas fábricas, nas escolas e no campo, quaisas origens da crise que assola o mundo capi-talista e a saída para os trabalhadores.

Um dos nós a ser resolvido nessas jorna-das diz respeito à independência política daCUT, que a nosso encontra-se comprometida.Lula como chefe do governo federal, com ori-gem no sindicalismo do ABC, fundador da CUTem agosto de 1983, não pode substituir o le-gítimo movimento sindical brasileiro e todasas reivindicações que encerra.

Governo é governo. CUT é CUT: uma con-quista que a classe trabalhadora não abrirá mão,pois os governos passam e os trabalhadoresficam, sempre precisando de emprego, salário,férias e décimo terceiro, até o dia em que to-marão posse das fábricas e das máquinas, dosmeios de produção, para por si mesmos cons-truírem um novo destino, o socialismo.

Um programa para a luta dostrabalhadores

As demissões continuam a ocorrer, parti-cularmente nas fábricas. E são feitas fechan-do fabricas ou demitindo centenas de uma

vez, como foi feito na Embraer e na Peugeot.Isto realça a exigência da regulamentação daconvenção 158 da OIT, que proíbe a demis-são imotivada, pelo governo brasileiro e colo-ca no centro o exemplo da luta dos trabalha-dores das fábricas ocupadas, em particularna defesa da fábrica ocupada Flaskô, que re-siste duramente há seis anos. Toda a situa-ção reforça nossa palavra de ordem “fábricaquebrada é fábrica ocupada e fábrica ocupa-da deve ser estatizada”. Por toda a parte sa-bemos que a defesa dos empregos e dos di-reitos é tarefa central na luta dos trabalha-dores pelo socialismo.

O Encontro Sindical da Esquerda Marxistaaprovou o seguinte:

· Reestatização da Embraer, da Vale doRio Doce e todas as empresas privatizadas;

· Estatização das Fábricas Ocupadas;

· Nenhum dinheiro público para empresasprivadas;

· Contra as demissões, estatização dasfábricas que ameaçarem demitir;

Campanhas:· Exigência de ratificação da convenção

158 da OIT, contra a demissão imotivada

· Campanha em defesa da vida dos sindi-calistas Charles e Douglas ameaçados de mortepela cúpula da Policia Militar de Santa Catarina.Defesa do SINTRASEM. Audiência com Gover-nador de SC, reunião com CEN da CUT e comMinistro da Justiça. Campanha de moções.

· Campanha em defesa do Sindicato dosMetalúrgicos de Garuva e Itapoá de SantaCatarina. Na linha da luta contra os interditosproibitórios e pelo reconhecimento pelo Minis-tério do Trabalho.

· Contra a privatização da Amazônia etambém em defesa do meio-ambiente.

· A luta contra os pedágios deve ser as-sumida em cada estado onde já exista e im-pulsionada onde não existe.

· Retomar a campanha nacional e inter-nacional pelo esclarecimento e punição dosresponsáveis pelo assassinato do presidentedo SINTRAFRIOS, companheiro Anderson, doRio de Janeiro.

· Apoiar e impulsionar a campanha lançadapelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Josédos Campos pela reestatização da Embraer. E

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também a campanha pela reestatização daVale do Rio Doce.

· Empresas privadas não devem receberdinheiro público e que as que receberam de-vem ser estatizadas.

· Luta contra as MP das Fundações queataca os serviços públicos.

· Apoiar a luta dos trabalhadores da fá-brica ocupada Flaskô. Nossa palavra de or-dem é “Fábrica quebrada é fábrica ocupada,e fábrica ocupada deve ser estatizada”.

· Apoiamos a campanha em defesa daPetrobras estatal, contra os leilões e pela voltado monopólio do petróleo pela Petrobras. To-dos devem dar apoio à greve dos petroleirosque inicia dia 23/03/09.

· Defesa do Piso nacional dos Professorese da hora atividade para os professores.

· Campanha contra o racismo e as leisraciais. Luta contra a implementação do falso“Estatuto da Igualdade Racial”.

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No dia 30 de janeiro, durante o FórumSocial Mundial em Belém, o presidenteLuíz Inácio Lula da Silva anunciou que ogoverno federal convocará a 1ª Confe-rência Nacional de Comunicação aindapara este ano. A realização da Confe-rência é resultado de uma mobilizaçãohistórica dos movimentos sociais e deentidades da sociedade civil que lutampela democratização da Comunicação emnosso país. A previsão é que os eventospreparatórios ocorram até junho, as eta-pas estaduais entre julho e setembro e aetapa nacional nos dias 1, 2 e 3 de de-zembro de 2009.

A exemplo de outras conferências cha-madas pelo governo e já realizadas, aConferência Nacional de Comunicaçãotem por objetivo discutir diretrizes e pro-postas para as políticas públicas para osetor. A CUT, como uma das principaisinterlocutoras dos movimentos sociaisneste debate, tem o desafio de garantirsua participação efetiva ao lado de ou-tras entidades que participam da Comis-são Pró-Conferência, com intervençõesqualificadas em todo o processo da Con-ferência e em todas as suas etapas: pre-paratórias, estaduais e nacional.

Portanto, é fundamental que a CUT, apartir dos acúmulos desenvolvidos so-bre o tema, aprofunde as discussões nosestados, incorporando o debate aosCongressos Estaduais (CECUTs). Temos

Conferência Nacional deComunicação

que nos apropriar deste debate estraté-gico de forma a garantir uma Conferên-cia ampla, democrática e com participa-ção popular em toda a sua diversidade epluralidade.

A Conferência é o primeiro grande pas-so e uma oportunidade para areformulação das leis que regem o siste-ma de comunicação em nosso país, hádécadas obsoletas e cheias de brechas.

Legislação

No Brasil, o sistema de Rádio e TV épúblico, pertence à sociedade brasileira.Porém são os interesses privados queimperam como numa terra sem lei, ondeempresários reinam sozinhos e não cum-prem o que determina a Constituição,inclusive no que se refere à legislação tra-balhista.

O conteúdo transmitido pelo rádio epela TV trafega pelo ar no chamado es-pectro eletromagnético – que é um bempúblico e finito. Para que as emissorastransmitam seus conteúdos, elas preci-sam de uma concessão – que nada maisé do que uma autorização do Estado paraa utilização do espectro. Desde osurgimento dos meios de comunicaçãoeletrônicos no país, a promiscuidade en-tre radiodifusores e políticos determinoua prevalência de interesses privados norádio e na TV. O Código Brasileiro de Te-lecomunicações (CTB) é de 1962 e faci-

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litou ao máximo a ocupação das freqüên-cias previstas, abrindo espaço para umenorme crescimento do setor privado.Em 1963, dois decretos regulamentaramo CTB e estabeleceram, entre outrasquestões, o tempo de duração das con-cessões: 10 anos para rádio e 15 anospara TV.

Com a falta de critérios democráticose transparentes nas concessões, multi-plicam-se irregularidades como o exces-so de publicidade, outorgas vencidas econtroladas por parlamentares e mem-bros do Executivo, o que acaba impedin-do a chegada da democracia neste setorestratégico, tornando a sociedade refémdos donos dos meios de comunicação.Com a informação transformada emmercadoria pela mídia, temos o critériodo lucro a qualquer preço, ditando cons-truções degeneradas e tristementeexemplificadas pelo abuso de cenas deviolência, exacerbação da sexualidade ecriminalização dos movimentos sociais,a reprodução de uma cultura de exclu-são e preconceitos de raça, etnia, sexoe geração.

Apesar de a Constituição reconhecera natureza pública do setor e a sua im-portância vital para a nação, passadasduas décadas de sua promulgação osprincipais artigos sobre a comunicaçãoainda não foram regulamentados. Assim,o capítulo V da Comunicação Social afir-ma em seu artigo 220 que a manifesta-ção do pensamento, a criação, a expres-são e a informação, sob qualquer forma,processo ou veículo, não sofrerão qual-quer restrição, sendo vedado em seuparágrafo “toda e qualquer censura denatureza política, ideológica e artística” eem seu parágrafo quinto estabelece que“os meios de comunicação social nãopodem, direta ou indiretamente, ser ob-jeto de monopólio ou oligopólio”. O arti-go 221 determina que entre os princípi-

os que a produção e a programação dasemissoras de rádio e televisão deverãoatender está:

“I - preferência a finalidades educativas,artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional eregional e estímulo à produção indepen-dente que objetive sua divulgação;

III - regionalização da produção cultu-ral, artística e jornalística, conformepercentuais estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e so-ciais da pessoa e da família”.

E o artigo 223 é claro: “Compete aoPoder Executivo outorgar e renovar con-cessão, permissão e autorização para oserviço de radiodifusão sonora e de sonse imagens, observado o princípio dacomplementaridade dos sistemas priva-do, público e estatal”, fixando prazos paraa concessão e seu cancelamento, e me-canismos de apreciação pelo CongressoNacional.

Além disso, a reformulação das leis queregem a comunicação em nosso paísdeve dialogar com as novas tecnologiase com a convergência tecnológica, acele-rada pela internet e pela era digital. A TVPública, a TV Digital, a TV a cabo e outrasformas possíveis de difusão de conteúdodevem estar incluídos neste debate.

Não há controle público sobre acomunicação em nosso país

O melhor exemplo disso é a TV Digi-tal. Você foi consultado sobre essa novatecnologia? Sabe as razões da sua es-colha? Foi informado da existência deoutros padrões da mesma tecnologia quepoderiam ser úteis à população? Ficousabendo que a digitalização permite amultiplicação de canais e que esses no-vos canais poderiam ser repassados, por

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exemplo, para entidades comunitárias eescolas, mas ficarão sob o controle dosatuais empresários?

O controle público é um dos principaispontos a serem levados à Conferência,pois significa dar à sociedade civil condi-ções de escolher, opinar, acompanhar,monitorar um bem que é público: a co-municação. Para isso, são necessárioscritérios que atendam aos interesses dapopulação, afinal, controle público nãotem nada a ver com “censura” como pre-gam os donos da mídia, mas sim com apossibilidade de o povo brasileiro sabero que ocorre na comunicação brasileirae poder opinar sobre ela.

Conselho de Comunicação Social(CCS)

O Conselho de Comunicação Social éum órgão consultivo com participação derepresentantes da sociedade e é um es-paço importante para contribuições naformulação de políticas públicas de co-municação. Foi criado pela Constituiçãode 1988 e implantado em 2003, masatualmente está desativado!

Conferência é democracia

Há políticas públicas para todas as áre-as da sociedade, menos para a Comuni-cação. Essas políticas públicas, muitasvezes, são definidas com a participaçãode representantes da sociedade civil emfóruns tripartites (governo, sociedade civile empresários), caso das conferênciasnacionais.

A Conferência Nacional de Comunica-ção já é uma realidade, portanto, preci-samos trabalhar para garantir a efetivaparticipação da sociedade e movimen-

tos sociais em todo o processo de cons-trução e implantação de políticas públi-cas de comunicação que levem em con-ta a pluralidade e a diversidade da nossasociedade.

Existem três eixos comuns apontadospelos movimentos de democratização dacomunicação como essenciais para oêxito da Conferência:

Meios de comunicação – Nesse eixoestão a telefonia fixa e móvel, rádios eTVs comunitárias e abertas, internet, te-lecomunicações por assinatura, produçãoaudiovisual, mídia impressa, mercadoeditorial e outras formas de produção ecirculação de conteúdo e informação pormeio de outros veículos (outdoor,busdoor, etc);

Cadeia produtiva – Abrange os pro-cessos de produção, financiamento, dis-tribuição e recepção;

Sistemas de Comunicação – Abran-gem os sistemas público, estatal e pri-vado.

Eles devem servir para afirmar princí-pios como o controle social sobre osmeios e a democratização da comuni-cação, a formulação e implementação depolíticas públicas que promovam valoresinovadores e diferenciados que dialoguemcom nosso projeto de sociedade.

Assim, compreendendo a comunica-ção como instrumento estratégico paraa disputa de projetos na sociedade, de-fendemos:

1 – Mobilizar o movimento sindical esocial para garantir que a realização daConferência Nacional de Comunicaçãoseja nos mesmos moldes democráticosdas demais, a fim de construir um novomarco regulatório e assegurar a maisampla participação e debate, garantindo,

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efetivamente, o direito à informação e àcomunicação. Neste sentido, é funda-mental a estruturação dos Comitês Es-taduais e Municipais, a fim de proporcio-nar o envolvimento das bases, e pressi-onar as três esferas de governo para queassumam compromissos com a Confe-rência.

2 – Defender critérios para adestinação de verbas publicitárias, a fimde não aprofundar as atuais distorções,canalizando mais recursos para os mei-os alternativos e comunitários, investin-do na conformação de uma vigorosarede pública, levando em conta a diver-sidade social, as especificidades regionais,assegurando a tão necessária pluralidade.

3 – Pela adoção de critérios democrá-ticos e transparentes para a concessãoe renovação das outorgas públicas derádio e televisão, conforme estabelece aConstituição, impedindo que sejam utili-zadas como moeda de troca e uso polí-tico.

4 – Lutar pela recomposição do Con-selho de Comunicação Social, e ampliaros espaços de participação popular naconstrução de políticas de comunicação,exigindo a participação da representaçãodos trabalhadores e trabalhadoras pelaCUT.

5- Fortalecer os meios de comunica-ção comunitários, possibilitando sua atu-ação em condições de igualdade com osmeios comerciais.

6 – Criar/regular meios de comunica-ção comprometidos com a produção deum conhecimento humanizador, que tra-ga uma nova ética e estética que con-temple a diversidade.

Além desses aspectos, relacionados àdemocratização da comunicação, a CUTdefenderá o conceito mais amplo do di-reito à informação que compreende:

1 - A garantia de acesso às tecnologiasde informação e comunicação, em es-pecial a internet, através de uma políticapública nacional de inclusão digital;

2 - Transparência das informaçõespúblicas, e pleno acesso a serviços públi-cos de qualidade, utilizando o potencialdemocratizante das tecnologias de infor-mação e comunicação;

3 - Direito à privacidade, com umaregulação eficaz do habeas data;

4 - Recusa ao modelo de regulamen-tação proposto na Convenção sobre oCibercrime do Conselho da Europa, queimpõe controle e censura ao uso dainternet.

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AnexoEstatuto da CUT

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ESTATUTO

APRESENTAÇÃO

A expressão da vontade, da determinação e da organização da imensa parcela daclasse trabalhadora se traduz em dois momentos: nas lutas que desenvolve pelaconsolidação de uma sociedade mais justa, democrática e socialista, e no conjuntode normas de conduta, de princípios e objetivos que regem sua concepção e prática.

Elaborado, debatido e aprovado durante o 3° CONCUT, em 1988, sofreu modifi-cações em função do crescimento da nossa Central, mas, principalmente em funçãodo aperfeiçoamento das relações democráticas. Contribuições vieram de todas asregiões do país e em vários momentos: no 4° CONCUT, em 1991, na 5ª PlenáriaNacional, em 1992, na 6ª Plenária, em 1993, no 5° CONCUT, em 1994 e na 9ªPlenária Nacional, em 1999.

O exercício da democracia, a unidade classista dos trabalhadores, o respeito àsdecisões soberanas dos fóruns dos trabalhadores e dos estatutos democraticamen-te constituídos pelas entidades são absolutamente necessários para o avanço daorganização dos trabalhadores e da sua luta histórica de combate à exploração.

Assim, em nome da unidade dos trabalhadores da cidade e do campo, dos setorespúblico e privado, para defender as necessárias transformações na sociedade brasi-leira e para o enfrentamento de todos os desafios que nos apresentam, devemosobservar o conjunto de regras e regulamentos expostos nas páginas que seguem.

Brasil, agosto de 1999

Executiva Nacional da CUT

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TÍTULO I - DA CONSTITUIÇÃO

Art. 1°. A Central Única dos Trabalhadores, fundada no I Congresso Nacional da ClasseTrabalhadora - Conclat, realizado em São Bernardo do Campo, SP, no dia 28 de agosto de 1983,é uma entidade civil, com sede e foro na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, à RuaCaetano Pinto, n° 575, Brás, com as seguintes características:

I - É uma entidade de grau máximo de representação sindical que se propõe a promover aorganização e níveis de representação dos trabalhadores, em âmbito nacional, segundo princí-pios e instâncias definidos por este Estatuto;

II - As instâncias organizativas da CUT figurarão, para fins administrativos e legais, com ocaráter de filiais;

III - Para fins administrativos e legais, a CUT adotará sistema contábil descentralizado,constituindo, para o conjunto de suas instâncias organizativas, uma única pessoa jurídica;

IV - A denominação Central Única dos Trabalhadores e/ou CUT, acompanhada de qualquerdesignação, é privativa dos organismos constituídos nas formas deste Estatuto;

V - O número de entidades sindicais que poderão filiar-se à CUT é ilimitado e é indeterminadoseu tempo de duração;

VI - A CUT não tem finalidade lucrativa, inexistindo, portanto, distribuição de lucros oudividendos aos filiados e participantes;

VII - A CUT tem personalidade jurídica própria, distinta de seus filiados, que não respondemsolidária ou subsidiariamente pelos atos praticados pela entidade.

TÍTULO II - DA FUNDAMENTAÇÃO

CAPÍTULO I - Dos Objetivos Fundamentais

Art. 2°. A Central Única dos Trabalhadores é uma organização sindical de massas em nívelmáximo, de caráter classista, autônomo e democrático, cujos fundamentos são: o compromissocom a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, a luta por melhorescondições de vida e trabalho e o engajamento no processo de transformação da sociedadebrasileira em direção à democracia e ao socialismo.

Art. 3°. A CUT tem como objetivo fundamental organizar, representar sindicalmente e dirigir,numa perspectiva classista, a luta dos trabalhadores brasileiros da cidade e do campo, do setorpúblico e privado, ativos e inativos, na defesa dos seus interesses imediatos e históricos.

CAPÍTULO II - Dos Compromissos Fundamentais

Art. 4°. Para cumprir seus objetivos, a Central Única dos Trabalhadores se rege pelos se-guintes princípios e compromissos fundamentais:

I. Princípios

a) defende que os trabalhadores se organizem com total independência frente ao Estado eautonomia em relação aos partidos políticos, e que devam decidir livremente suas formas deorganização, filiação e sustentação material. Neste sentido, a CUT lutará pelos pressupostosconsagrados nas convenções 87 e 151 da OIT, no sentido de assegurar a definitiva liberdadesindical para os trabalhadores brasileiros;

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b) de acordo com sua condição de central sindical unitária e classista, garantirá o exercícioda mais ampla democracia em todos os seus organismos e instâncias, assegurando completaliberdade de expressão aos seus filiados, desde que não firam as decisões majoritárias e sobe-ranas tomadas pelas instâncias superiores e seja garantida a plena unidade de ação;

c) desenvolve sua atuação e organização de forma independente do Estado, do governo edo patronato, e de forma autônoma em relação aos partidos e agrupamentos políticos, aoscredos e às instituições religiosas e a quaisquer organismos de caráter programático ouinstitucional;

d) considera que a classe trabalhadora tem na unidade um dos pilares básicos que sustenta-rão suas lutas e suas conquistas. Defende que esta unidade seja fruto da vontade e daconsciência política dos trabalhadores e combata qualquer forma de unicidade imposta porparte do Estado, do governo ou de agrupamento de caráter programático ou institucional;

e) solidariza-se com todos os movimentos da classe trabalhadora, em qualquer parte domundo, desde que os objetivos e os princípios desses movimentos não firam os princípiosestabelecidos neste Estatuto. A CUT defenderá a unidade de ação e manterá relações com omovimento sindical internacional, desde que seja assegurada a liberdade e autonomia de cadaorganização.

II. Compromissos

a) lutar pela igualdade de oportunidade e de tratamento entre homens e mulheres, sempreconceito de cor/raça/etnia, idade, orientação sexual e deficiência, nos diversos espaçosdo mundo do trabalho e na sociedade em geral;

b) desenvolver, organizar e apoiar todas as ações que visem a conquista de melhorescondições de vida e trabalho para o conjunto da classe trabalhadora;

c) lutar para a superação da estrutura sindical corporativa vigente, desenvolvendo todos osesforços para a implantação da sua organização sindical baseada na liberdade e autonomiasindical;

d) lutar pelo estabelecimento do Contrato Coletivo de Trabalho, nos níveis geral da classetrabalhadora e específico, por ramo de atividade econômica, por setores etc.;

e) apoiar as lutas concretas do movimento popular da cidade e do campo, desenvolvendouma relação de unidade e autonomia, de acordo com os princípios básicos da Central;

f) defender e lutar pela ampliação das liberdades democráticas, como garantia dos direitos econquistas dos trabalhadores e de suas organizações;

g) construir a unidade da classe trabalhadora baseada na vontade, na consciência e naação concreta;

h) promover a solidariedade entre os trabalhadores, desenvolvendo e fortalecendo a consci-ência de classe, em nível nacional e internacional;

i) defender o direito de organização nos locais de trabalho, independentemente das organi-zações sindicais, através de comissões unitárias, com o objetivo de representar o conjunto dostrabalhadores e dos seus interesses;

j) lutar pela emancipação dos trabalhadores como obra dos próprios trabalhadores, tendocomo perspectiva a construção da sociedade socialista;

l) representar perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses individuais,coletivos e difusos dos trabalhadores.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

TÍTULO III - DO QUADRO ASSOCIATIVO

CAPÍTULO I - Da Constituição

Art. 5°. O quadro associativo da CUT é constituído por organizações sindicais e associaçõesprofissionais por ramo de atividade.

Parágrafo único. As organizações sindicais de base (comissão sindical de base, delegaciasindical etc.) são definidas pelos estatutos dos sindicatos a que se subordinam.

Art. 6°. A filiação ao quadro associativo da CUT se dá por intermédio de decisão democráti-ca e soberana dos trabalhadores, emanada de suas instâncias máximas de deliberação, eimplica reconhecimento automático e aceitação imediata dos princípios, objetivos e normasestabelecidas por este Estatuto.

Parágrafo 1º. A desfiliação de organizações sindicais só terá efeito por intermédio de deci-são democrática e soberana dos trabalhadores, emanada de suas instâncias máximas.

Parágrafo 2º. Pelo ato de filiação, realizado em conformidade com este Estatuto, as enti-dades sindicais integram-se à estrutura da CUT.

I – As alterações deste Estatuto deverão ser aprovadas em congresso e estarem de acordocom as resoluções congressuais.

Art. 7°. A adesão ao Estatuto da CUT implica subordinação à proposta política da Central eàs suas instâncias organizativas e decisórias.

Art. 8°. A entidade filiada deve remeter para a Estadual da CUT a ata da reunião quedeliberou a filiação.

Art. 9°. Cabe às entidades filiadas a elaboração de seus estatutos sociais, de acordo comos princípios e objetivos estabelecidos pela CUT e desde que não se contraponham ao presenteEstatuto.

CAPÍTULO II - Dos Direitos e Deveres

SEÇÃO I - Dos Direitos

Art. 10. Constituem direitos dos associados em dia com suas obrigações sociais estatutárias:

I - Participar das atividades e das instâncias organizativas e deliberativas, nos termos dopresente Estatuto;

II - Receber, regularmente, informações das decisões tomadas pela CUT e das atividadesprogramadas e/ou desenvolvidas em todas as instâncias da Central;

III - Receber, antecipadamente, as previsões orçamentárias, assim como os balanços deprestação de contas de todas as instâncias às quais estejam vinculadas;

IV - Formular críticas às deliberações emanadas das diversas instâncias da CUT, sempre esomente dentro de sua estrutura orgânica;

V - Ter assegurado amplo direito de defesa e de recurso às instâncias superiores da Central,sobre qualquer instância da CUT.

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SEÇÃO II - Dos Deveres

Art. 11. Constituem deveres dos associados:

I - Defender e aplicar os princípios e objetivos definidos pela CUT;

II - Cumprir e fazer cumprir o presente Estatuto;

III - Acatar a decisão da maioria;

IV - Cumprir e fazer cumprir as deliberações democraticamente tomadas;

V - Comunicar e manter informadas as instâncias da CUT às quais se vinculam sobre asatividades que desenvolve, sobre deliberações pertinentes a essas instâncias, sobre eventuaisalterações estatutárias, sobre resultado de eleições e sobre o que mais for de importância paraa Central;

VI - Manter-se rigorosamente em dia com as obrigações financeiras definidas neste Estatu-to, especialmente a contribuição prevista em seu artigo 70°;

VII - Enviar para as tesourarias das direções estaduais da CUT as atas e os relatóriosfinanceiros das assembléias de previsão orçamentária e de prestação de contas da entidade,no prazo máximo de sete dias após sua realização.

§ 1°. O cumprimento dos deveres expressos no inciso VII deste artigo constitui condiçãoindispensável para que a entidade seja considerada em dia com suas obrigações financeirascom a CUT.

§ 2°. O cumprimento dos deveres definidos neste artigo constitui condição indispensávelpara que a entidade possa ser credenciada a participar de congressos e de outras atividadesda CUT.

SEÇÃO III - Das Sanções

Art. 12. Todas as entidades filiadas à CUT, assim como todos os dirigentes de todas asinstâncias da Central Única dos Trabalhadores que deixarem de cumprir com o presente Estatu-to, assim como as deliberações dos diversos órgãos de decisão (congresso, plenária, direção eexecutiva de direção), poderão sofrer as seguintes sanções:

I - Suspensão, pela direção da respectiva instância da CUT, deixando de representar a CUTjunto à sua base, assim como perda da representação de sua base junto à Central Única dosTrabalhadores;

II - Se a suspensão da entidade sindical não for revogada até o congresso de sua respectivaesfera de abrangência, este congresso poderá deliberar sobre o desligamento dessa entidadedo quadro de filiados da CUT;

III - Se a suspensão do dirigente não for revogada até a plenária da instância da CUT daqual participa, esta plenária poderá decidir sobre a destituição do respectivo dirigente;

IV - Todo o dirigente de todas as instâncias da CUT que faltar três vezes consecutiva oucinco vezes alternadas, sem justificativa, será suspenso pela respectiva direção e poderá serdestituído pela respectiva plenária.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

TÍTULO IV - DA ESTRUTURA ORGANIZATIVA

CAPÍTULO I - Dos Níveis Organizativos

Art. 13. A Central Única dos Trabalhadores se organiza em dois níveis: organização verticale organização horizontal.

I. Organização Vertical

Art. 14. A organização vertical da CUT parte dos locais de trabalho, por ramo de atividadeeconômica, buscando aglutinar as atividades afins em suas formas organizativas, a saber:

I - Organizações sindicais de base;

II - Sindicatos por ramo de atividade econômica;

III - Confederações e Federações Nacionais por ramo de atividade econômica.

§ 1°. As organizações sindicais de base e as entidades sindicais filiadas constituem o quadroassociativo da Central.

§ 2°. As Confederações e as Federações Nacionais por ramo de atividade constituem instân-cias organizativas da estrutura da CUT.

§ 3°. As estruturas verticais têm o poder de representação e negociação do ramo deatividade econômica.

II. Organização Horizontal

Art. 15. A organização horizontal da CUT tem por objetivo construir a unidadedos trabalhadores, promovendo sua organização intercategoria profissional enquan-to classe em nível regional, estadual e nacional.

CAPÍTULO II - Organização Vertical das Confederações e dasFederações

SEÇÃO I - Da Configuração

Art. 16. As confederações e as federações nacionais são instâncias organizativas da CUT,das quais fazem parte os sindicatos filiados e oposições sindicais reconhecidas e acompanha-das pela Estadual da CUT. Têm representação por ramo de atividade econômica e em âmbitoestadual, interestadual e nacional, integrando-se à estrutura horizontal da Central em seusrespectivos níveis.

Art. 17. A fundação das Confederações e das Federações, em níveis estadual, interestaduale nacional se dará em congressos estaduais, interestaduais e nacionais, respectivamente,realizados nos termos deste Estatuto.

Art. 18. A constituição das Confederações e das Federações, em níveis estadual, interesta-dual e nacional, em caráter de filial, se fará por via do ato homologatório constitutivo, emanadoda Executiva da Direção Nacional, a quem compete igualmente encaminhar o respectivo regis-tro ao órgão competente.

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§ 1°. Para os fins previstos neste artigo, a Direção Executiva das Confederações e Federa-ções Nacionais eleitas no congresso de fundação encaminhará à Executiva da Direção Nacionalda CUT ata do respectivo congresso onde conste, entre outros, a deliberação sobre a funda-ção e seu Estatuto específico, a eleição da primeira diretoria e os nomes que a integram.

§ 2°. A Direção Executiva das Confederações e Federações Nacionais estão obrigadas aencaminhar à Executiva da Direção Nacional as atas de deliberações que alteram a composiçãode sua direção.

§ 3°. Os estatutos sociais das Confederações e das Federações Nacionais observarão asnormas gerais e específicas constantes neste Estatuto, podendo regulamentar matéria especí-fica de seu interesse, desde que não se contraponha ao presente Estatuto e seja referendadapela Executiva da Direção Nacional da CUT.

SEÇÃO II - Das Atribuições das Confederações e das Federações

Art. 19. São atribuições das Confederações e das Federações Nacionais:

I - Encaminhar e implementar a política e o plano de lutas da Central;

II - Definir um plano de lutas específico para seu ramo de atividade;

III - Celebrar acordos e contratos coletivos nacionais, interestaduais ou estaduais, especí-ficos para seu ramo de atividade, com base nos acordos e contratos coletivos da Central;

IV - Incentivar, desenvolver, acompanhar e coordenar as oposições sindicais e outras formasorganizativas da CUT, no interior das bases sindicais do seu ramo, onde o sindicato não sejafiliado à Central;

V - Desenvolver táticas de atuação política para enfrentar a estrutura sindical oficial, deacordo com a realidade de cada região e de cada ramo de atividade, objetivando o fortaleci-mento da CUT e o desmantelamento da estrutura oficial corporativa;

VI - Estabelecer relações de intercâmbio e cooperação com entidades congêneres, em seuâmbito, sob coordenação da Secretaria de Relações Internacionais.

SEÇÃO III - Das Instâncias Deliberativas

Art. 20. São instâncias deliberativas das Confederações e das Federações estaduais, inte-restaduais e nacionais:

I - Congresso;

II - Conselho Diretivo;

III - Direção Executiva.

SUBSEÇÃO I - Dos Congressos das Confederações e das FederaçõesEstaduais, Interestaduais e Nacionais.

Art. 21. Os congressos das Confederações e das Federações estaduais, interestaduais enacionais são convocados por seus respectivos congressos ou conselhos diretivos.

Art. 22. Os congressos das Confederações e das Federações Nacionais são realizados,ordinariamente, após o Congresso Nacional da CUT, para garantir o encaminhamento das suasresoluções, podendo também ser convocado em caráter extraordinário.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

Art. 23. Os congressos das Federações estaduais ou interestaduais são realizados, ordina-riamente, após o Congresso Nacional da CUT e do congresso da Confederação ou da FederaçãoNacional, podendo também ser convocado em caráter extraordinário.

Art. 24. Participam dos congressos das Confederações e Federações estaduais, interesta-duais e nacionais delegados das entidades filiadas em dia com suas obrigações definidas nesteEstatuto, as oposições sindicais reconhecidas pela CUT Estadual e acompanhadas pela respec-tiva Confederação ou da Federação Nacional e os delegados natos, de acordo com os critériosdefinidos no próximo artigo, incisos IV e V.

Art. 25. O processo de definição e escolha dos delegados obedecerá aos seguintes critérios:

I - A instância que convocar o congresso da Confederação e Federação estadual, interesta-dual e nacional definirá o número básico de delegados ao seu respectivo congresso, conside-rando as especificidades de cada ramo de atividade;

II - Todos os sindicatos filiados à CUT da respectiva Confederação e Federação e em diacom as obrigações previstas neste Estatuto têm o direito de estar representados da seguinteforma:

a) seus delegados serão eleitos em assembléia geral ou congresso da entidade com apresença de um representante da Confederação e Federação estadual ou interestadual, obe-decendo aos critérios de proporcionalidade estabelecidos neste Estatuto;

b) quando a eleição dos delegados ocorrer nos congressos da categoria, este deve seramplamente convocado, com até dez dias de antecedência de sua realização, especificando napauta, a eleição de delegados para o congresso, contendo o dia, local e hora em que a eleiçãoserá realizada e, aberta para a participação de toda a categoria, não restringindo-se apenasaos delegados do congresso da categoria;

c) a convocação da instância que elegerá os delegados deverá ser ampla, pública e ocorrerno prazo máximo de até dez dias que antecedem a sua realização;

d) as entidades de base estadual poderão eleger delegados aos congressos da CUT eminstâncias de representação de base, eleitas por sindicalizados, desde que sejam compostas depelo menos o quorum exigido para eleição dos delegados aos congressos, ou ainda, descentra-lizar o processo de eleição proporcionalmente ao número de sindicalizados em cada região oumunicípio do Estado, onde a entidade possua instância formal de representação, sendo que aassembléia regional deve cumprir o quorum mínimo exigido proporcionalmente, e que a somatóriados participantes das assembléias cumpra o quorum exigido para o conjunto da delegação; e) onúmero de delegados por entidade sindical filiada à CUT deverá obedecer à proporcionalidadeentre o número de sindicalizados em gozo de seus direitos sociais estatutários e o númerobásico de delegados para o respectivo congresso;

f) cada entidade, independentente do número de delegados estabelecidos pelaproporcionalidade definida no item “c” do inciso II deste artigo, terá sempre garantida a suarepresentação nos congressos das Confederações e Federações estaduais, interestaduais enacionais através de um delegado;

g) o quorum mínimo exigido para a instância eleger delegados será de três vezes o númerototal de delegados ao qual a entidade e as oposições têm direito.

III - Todas as oposições sindicais reconhecidas pela CUT Estadual e acompanhadas pelarespectiva Confederação e Federação têm o direito de participar. Seus delegados serão eleitosem assembléias amplas e democraticamente convocadas, com a presença de um representanteda Federação estadual e interestadual. O número de delegados será de acordo com os seguin-tes critérios:

a) para as oposições que concorreram à última eleição do sindicato, o número de delegadosserá proporcional ao número de votos obtidos no último escrutínio;

b) para as oposições que não concorreram à última eleição do sindicato, o número de

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Desenvolvimento com Trabalho, Renda e Direitos

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delegados nunca poderá ser superior à delegação do menor sindicato da Confederação ouFederação Nacional;

c) as oposições sindicais que participaram de eleições, cujo processo eleitoral seja julgadonão-democrático pela Confederação e/ou Federação, escolherão seus delegados de acordocom critérios específicos estabelecidos pela respectiva Confederação ou Federação, buscandogarantir o nível de representação junto à categoria;

d) as oposições vencedoras de eleições sindicais cuja eleição realizou-se dentro do períodode até três meses anteriores ao prazo de inscrição do congresso e que ainda não estejamfiliadas à CUT elegerão um número de delegados proporcional ao número de votos obtidos. Apósesse prazo, a oposição e a entidade perderão o direito de eleger delegados aos congressos daCUT;

IV - São delegados natos nos congressos nacionais das Confederações e Federações Naci-onais:

a) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Direção Nacional da CUT do respectivoramo de atividade;

b) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Confederação ou da Federação Nacio-nal do respectivo ramo de atividade.

V - São delegados natos nos congressos das Federações interestaduais e estaduais:

a) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Direção Nacional da CUT do respectivoramo de atividade e pertencentes à base territorial da Federação que realiza o congresso;

b) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Confederação Nacional e FederaçãoNacional pertencentes à base territorial da Federação que realiza o congresso;

c) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Direção Estadual da CUT do respectivoramo de atividade na base territorial da federação que realiza o congresso;

d) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Federação estadual ou interestadualque realiza o congresso.

VI - As delegações participantes deverão requerer sua inscrição à secretaria do respectivocongresso no prazo máximo de dez dias que antecedem a sua realização, apresentando no atoda inscrição os seguintes documentos:

a) ficha de inscrição com o nome completo dos delegados eleitos;

b) apresentação de lista de associados da entidade;

c) atas das últimas assembléias de prestação de contas e de aprovação da previsão orça-mentária;

d) ata e lista de presença da instância que elegeu os delegados, assinadas pelo represen-tante da Federação Estadual presente à assembléia;

Art. 26. São atribuições dos congressos estaduais, interestaduais e nacionais das Confede-rações e Federações:

I - Discutir e aprovar resoluções para o seu ramo de atividade econômica, de acordo com asdiretrizes da CUT, e encaminhar as resoluções da Central Única dos Trabalhadores;

II - Discutir e aprovar resoluções para desenvolver a política geral da CUT em seu ramo deatividade, em seu âmbito;

III - Eleger a Direção Executiva da Confederação e Federação estadual, interestadual enacional e o respectivo Conselho Fiscal.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

SUBSEÇÃO II - Do Conselho Diretivo

Art. 27. O Conselho Diretivo das Federações estaduais e interestaduais é composto pormembros da Direção Executiva da Federação e membros indicados pelas entidades sindicais domesmo, de acordo com a proporção entre o número de membros e número de sindicalizados decada entidade, eleitos em instância de representação de base amplamente convocada. Qual-quer membro deste Conselho perderá sua atribuição quando desligado de sua base de repre-sentação, sendo, neste caso, substituído pelo sindicato.

Art. 28. O Conselho Diretivo das Confederações e Federações Nacionais é composto pelaDireção Executiva da Confederação e Federação Nacional, os membros da Executiva da DireçãoNacional pertencentes ao ramo de atividade econômica e os membros indicados pelos conse-lhos diretivos das Federações estaduais e interestaduais de acordo com a proporção entre onúmero de representantes de cada Federação estadual e interestadual e o número de sindica-lizados em sua respectiva base territorial.

§ 1°. O número de membros do Conselho Diretivo da Federação estadual, interestadual enacional é definido pelo respectivo congresso.

§ 2°. Para os estados onde não há Federação:

a) as entidades filiadas elegem seus representantes;

b) as entidades filiadas estaduais elegem seus representantes usando os mesmos critérios,como se houvesse Federação.

Art. 29. Constituem funções dos conselhos diretivos das Confederações e Federações esta-duais, interestaduais e nacional:

I - Garantir a aplicação da linha política e das resoluções dos seus respectivos congressos,em seus níveis de abrangência;

II - Aprovar políticas específicas para o período compreendido entre um congresso e outro.

SUBSEÇÃO III - Das Direções Executivas e suas Atribuições

Art. 30. A Direção Executiva das Confederações e Federações é eleita no congresso dasConfederações e Federações, obedecendo aos critérios de proporcionalidade estabelecidosneste Estatuto.

Art. 31. São atribuições dos membros efetivos das Executivas das Confederações e Federa-ções nacionais, interestaduais e estaduais:

I - Compete ao presidente:

a) assinar a convocatória dos respectivos congressos das Confederações e Federações;

b) presidir as reuniões de seus respectivos conselhos diretivos e de suas executivas;

c) garantir o cumprimento dos objetivos e das decisões aprovadas pelas instânciasdeliberativas da CUT;

d) representar a respectiva Confederação e Federação em seu âmbito;

e) delegar poderes aos demais membros da Executiva da Confederação e Federação pararepresentar e manifestar a posição da respectiva Confederação ou Federação.

II - Compete ao vice-presidente assumir, na ausência do presidente, as funções deste.

III - Compete ao secretário-geral:

a) organizar as reuniões da Executiva, do Conselho Diretivo e o congresso da respectivaConfederação e Federação;

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b) encaminhar as resoluções das instâncias nacionais, acompanhar sua aplicação e organi-zar as atividades deliberadas, em seu âmbito;

c) elaborar planos gerais integrados e coordenar as atividades do conjunto das secretariasdas respectivas Confederações e Federações;

d) organizar e administrar o arquivo, as atas, os documentos legais e as agendas dasrespectivas Confederações e Federações.

Parágrafo único. Compete ao secretário-geral da Confederação e Federação acompanhar eintegrar as entidades filiadas, as Federações estaduais e interestaduais do respectivo ramo deatividade.

IV - Compete ao secretário sobre a mulher trabalhadora:

a) elaborar, coordenar e desenvolver políticas no interior da CUT para a promoção dasmulheres trabalhadoras, na perspectiva das relações sociais de gênero, raça e classe, subsidi-ando as entidades filiadas;

b) organizar as mulheres trabalhadoras para intervir no mundo do trabalho e sindical sobre asquestões que interferem na vida destas mulheres enquanto trabalhadoras.

V - Compete ao tesoureiro:

a) garantir, em seu âmbito, a aplicação da política de finanças e sustentação material, deacordo com as normas deste Estatuto e com as resoluções das instâncias deliberativas da CUT;

b) organizar e administrar as finanças e o plano orçamentário da respectiva Confederação eFederação;

c) administrar o patrimônio, a sede e a política de pessoal das respectivas Confederações eFederações;

d) elaborar balancetes mensais e um balanço anual com o parecer do Conselho Fiscal, paraprestar contas aos seus respectivos conselhos diretivos, ou a qualquer momento em que forempor estes solicitados.

Parágrafo único. Compete ao tesoureiro da Confederação e Federação coordenar e admi-nistrar financeiramente os convênios e projetos de cooperação estabelecidos através da Se-cretaria de Relações Internacionais em seu âmbito com entidades sindicais congêneres deoutros países.

VI - Compete ao 1° tesoureiro assumir, na ausência do tesoureiro, a funções deste;

VII - Compete ao secretário de política sindical:

a) elaborar e contribuir com estudos e projetos em relação às questões de política sindicalem seu âmbito.

Parágrafo único. Compete ao secretário de política sindical da Confederação e Federaçãopromover relações e intercâmbio de experiências e estabelecer convênios de cooperação comentidades sindicais do mesmo ramo de atividade de outros países, através da Secretaria Naci-onal de Relações Internacionais.

VIII - Compete ao secretário de formação:

a) elaborar e desenvolver a política de formação da respectiva Confederação ou Federação,de acordo com a linha definida pela Secretaria Nacional de Formação do nível horizontal e osobjetivos expressos neste Estatuto;

b) coordenar e sistematizar as experiências e atividades de formação das entidades filiadasem seu ramo de atividade, garantindo a linha de formação definida pela Secretaria Nacional deFormação do nível horizontal.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

IX - Compete ao secretário de comunicação:

a) elaborar a linha de comunicação da respectiva Confederação ou Federação, de acordocom a Secretaria Nacional de Comunicação do nível horizontal e os objetivos expressos nesteEstatuto, e coordenar sua implementação em seu âmbito;

b) organizar os veículos de comunicação e imprensa da respectiva Confederação e Federação.

X - Compete ao secretário de políticas sociais:

a) coordenar a execução das políticas sociais da CUT em seu âmbito;

b) contribuir para a elaboração de políticas sociais que abarquem especificamente o seurespectivo ramo de atividade, sob coordenação da Secretaria Nacional de Políticas Sociais donível horizontal.

XI - Compete ao secretário de organização:

a) coordenar a aplicação da política de organização sindical em seu âmbito, dentro dosprincípios e propostas da CUT, de acordo com a Secretaria Nacional de Organização do nívelhorizontal e os objetivos expressos neste Estatuto;

b) acompanhar e assessorar a atividade e a organização dos sindicatos, oposições sindicaise outras organizações sindicais de base em seu respectivo ramo de atividade.

Parágrafo único. Compete ao secretário de organização da Confederação ou FederaçãoNacional promover relações e intercâmbio de experiências e estabelecer convênios de coopera-ção com entidades sindicais do mesmo ramo de atividade de outros países, através da Secre-taria Nacional de Relações Internacionais.

Art. 32. O Conselho Diretivo da Confederação e Federação estadual, interestadual e nacio-nal se reunirá, ordinariamente, de quatro em quatro meses, podendo ser convocado extraordi-nariamente. A Executiva da Confederação e Federação estadual, interestadual e nacional sereunirá, ordinariamente, mensalmente, podendo ser convocada extraordinariamente.

CAPÍTULO III - Organização do Nível Horizontal nos Planos Estaduaise Nacional

SEÇÃO I - Da Configuração e Constituição

Art. 33. A organização horizontal da CUT tem por objetivo construir a unidade dos trabalha-dores enquanto classe na seguinte estrutura básica:

I - CUT Estadual;

II - CUT Nacional.

Art. 34. A estrutura prevista no artigo anterior tem, em todos os níveis, as seguintesinstâncias deliberativas:

I - Congresso;

II - Plenária;

III - Direção;

IV - Executiva da direção.

§ 1°. É competência das Estaduais da CUT, nos seus respectivos congressos e demaisinstâncias deliberar sobre constituição, política e estratégia de regionalização da CUT no seurespectivo Estado, incluindo as condições financeiras, materiais e humanas para sua implanta-ção e funcionamento.

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§ 2°. A regionalização da CUT em cada Estado deve assegurar a presença dos sindicatosfiliados e de uma coordenação ou direção regional, nos termos deste Estatuto.

§ 3°. A CUT Regional é uma instância de representação da CUT no âmbito de sua região,subordinada às políticas e orientações da Estadual da CUT.

§ 4°. Os membros da Direção Estadual na região poderão ser membros natos nesta coorde-nação ou direção.

§ 5°. Quando o congresso estadual definir a constituição de regionais através de congres-sos, este deve realizar-se nos termos deste Estatuto.

Art. 35. A fundação das instâncias organizativas da CUT ao nível estadual se dará emcongresso estadual, realizado nos termos deste Estatuto.

Art. 36. A constituição da instância organizativa, em caráter de filial, se fará por via do atohomologatório constitutivo, emanado da Executiva da Direção Nacional, a quem compete,igualmente, encaminhar o respectivo registro ao órgão competente.

§ 1°. Para os fins previstos neste artigo, a direção eleita no congresso de fundação encami-nhará à Executiva da Direção Nacional ata do respectivo congresso onde conste, entre outros,a deliberação sobre a fundação e sobre a adesão ao Estatuto da Central Única dos Trabalhado-res, a eleição da primeira diretoria e os nomes e cargos que a integram.

§ 2°. A direção das instâncias organizativas mencionadas neste artigo está obrigada aencaminhar à Executiva da Direção Nacional, atas dos congressos que alteram a composiçãode sua direção.

SEÇÃO II - Das Instâncias Deliberativas

SUBSEÇÃO I - Dos Congressos Estaduais

Art. 37. O congresso, a plenária ou as direções estaduais convocam seu respectivo con-gresso de acordo com as necessidades e especificidades de cada Estado. Exceto no períodoantecedente à realização do congresso nacional da CUT, quando a convocação deverá estarde acordo com a pauta e o calendário estabelecido pela Direção Nacional da CUT.

Art. 38. Participam dos congressos estaduais os delegados das entidades sindicais filiadas eem dia com as suas obrigações definidas neste Estatuto, das oposições sindicais reconhecidaspela Estadual da CUT e acompanhadas pela respectiva Confederação e das Federações esta-duais e interestaduais.

Art. 39. A eleição dos delegados obedecerá aos seguintes critérios:

I - Instância que convocar o congresso estadual define o número básico de delegadosparticipantes, considerando as necessidades e especificidades em suas respectivas áreas deabrangência;

II - Todos os sindicatos filiados à CUT, em dia com as suas obrigações previstas nesteEstatuto, têm o direito de estar representados da seguinte forma:

a) seus delegados serão eleitos em assembléia geral ou congresso da entidade, obedecendoao critério de proporcionalidade estabelecido neste Estatuto, e com a presença de represen-tante da CUT Estadual;

b) a convocação da instância que elegerá os delegados deverá ser ampla, pública e ocorrerdentro do prazo de até dez dias que antecedem a sua realização;

c) quando a eleição dos delegados ocorrer nos congressos da categoria, este deve seramplamente convocado, obedecendo aos mesmos prazos do item “b” (acima), especificando na

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pauta, a eleição de delegados para o congresso, contendo o dia, local e hora em que a eleiçãoserá realizada e, aberta para a participação de toda a categoria, não restringindo-se aosdelegados do congresso da categoria;

d) as entidades de base estadual poderão eleger delegados para os congressos da CUT eminstâncias de representação de base, eleitas por sindicalizados, desde que sejam compostaspor pelo menos o quorum exigido para eleição dos delegados aos congressos, ou ainda, descen-tralizar o processo de eleição proporcionalmente ao número de sindicalizados em cada região oumunicípio do Estado, onde a entidade possua instância formal de representação, sendo que aassembléia regional deve cumprir o quorum mínimo exigido proporcionalmente, e que a somatóriados participantes das assembléias cumpra o quorum exigido para o conjunto da delegação;

e) o número de delegados por entidade sindical filiada à CUT deverá obedecer aproporcionalidade entre o número de sindicalizados em gozo de seus direitos sociais estatutáriose o número básico de delegados para o respectivo congresso;

f) cada entidade, independentemente do número de delegados estabelecidos pelaproporcionalidade definida no item “c” deste artigo, terá sempre garantida a sua representaçãonos congressos regionais e estaduais através de um delegado;

g) o quorum mínimo exigido para eleger delegados será de três vezes o número total dedelegados ao qual a entidade e as oposições têm direito.

III - As oposições sindicais reconhecidas e acompanhadas pela CUT e pela respectivaFederação deverão eleger seus delegados em assembléias, na forma definida no inciso II,alíneas “b” e “e” deste artigo e de acordo com os seguintes critérios:

a) oposições que concorreram à última eleição do sindicato poderão eleger um número dedelegados proporcional ao número de votos obtidos no último escrutínio;

b) oposições que não concorreram à última eleição do sindicato elegem delegados em núme-ro nunca superior à delegação do menor sindicato da base territorial do congresso;

c) oposições que participaram de eleições sindicais cujo processo eleitoral for julgado não-democrático pela CUT Estadual escolherão seus delegados de acordo com os critérios estabe-lecidos pela CUT Estadual, buscando garantir o nível de representação junto à categoria;

d) as oposições vencedoras de eleições sindicais cuja eleição realizou-se dentro do períodode até três meses anteriores ao prazo de inscrição do congresso e que ainda não estejamfiliadas à CUT, elegerão um número de delegados proporcional ao número de votos obtidos.Após esse prazo, a oposição e a entidade perderão o direito de eleger delegados aos congres-sos da CUT.

IV - As Federações estaduais ou interestaduais participarão no congresso estadual com trêsdelegados, escolhidos em suas respectivas instâncias, não podendo ocorrer dupla representa-ção do ramo de atividade.

Parágrafo único. Quando houver, na mesma base territorial do ramo de atividade, federa-ção da estrutura da CUT e federações filiadas à CUT, conforme artigo deste Estatuto, estes,em comum acordo, escolherão os representantesdo respectivo ramo de atividade a que têmdireito.

V - São delegados natos no congresso estadual:

a) os membros efetivos e suplentes da Executiva da Direção Estadual;

b) os membros efetivos e suplentes da Executiva Nacional no Estado.

VI - Todas as delegações participantes deverão requerer sua inscrição junto à secretaria dorespectivo congresso no prazo máximo de até dez dias que antecedem a sua realização,apresentando no ato da inscrição os seguintes documentos:

a) ficha de inscrição;

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b) lista de associados da entidade;

c) ata da última assembléia de prestação de contas da entidade;

d) ata e lista de presença da instância que elegeu os delegados, assinada pelo representan-te da CUT Estadual presente à assembléia.

Art. 40. As eleições da Direção Estadual e do Conselho Fiscal serão realizadas em seusrespectivos congressos, de acordo com os critérios estabelecidos neste Estatuto.

Parágrafo único. Para a Direção Estadual, poderão ser eleitos até 21 membros efetivos equinze suplentes.

SUBSEÇÃO II - Das Direções Executivas e suas Atribuições

Art. 41. A Executiva da Direção Estadual será composta por onze membros efetivos e trêssuplentes, escolhidos entre os 21 membros da Direção Estadual, para os seguintes cargos:presidente, vice-presidente, secretário-geral, secretário sobre a mulher trabalhadora, tesou-reiro, 1° tesoureiro, secretário de formação sindical, secretário de política sindical, secretáriode comunicação, secretário de políticas sociais, secretário de organização.

Art. 42. São atribuições dos membros efetivos da Executiva da Direção Estadual:

I - Compete ao presidente:

a) assinar a convocatória do congresso estadual;

b) presidir as reuniões da plenária, direção e Executiva da Direção Estadual;

c) garantir em seu âmbito o cumprimento dos objetivos e das decisões aprovadas pelosfóruns e instâncias superiores;

d) assegurar que a atuação e organização das instâncias e dos filiados da CUT, em seuâmbito, se desenvolvam de acordo com os fundamentos e princípios deste Estatuto;

e) representar a CUT em seus respectivos âmbitos ou por indicação das instâncias superiores;

f) delegar poderes aos demais membros da Direção Estadual para representar e manifestar aposição da CUT.

II - Compete ao vice-presidente assumir, na ausência do presidente, as funçõesdeste.

III - Compete ao secretário-geral:

a) garantir a aplicação dos direitos, deveres e sanções aos filiados, em seu âmbito;

b) organizar as reuniões da Executiva, da Direção, da plenária e do congresso estadual;

c) encaminhar as resoluções das instâncias nacionais e estaduais, acompanhar sua aplica-ção e organizar as atividades deliberadas;

d) elaborar planos gerais integrados e coordenar as atividades do conjunto das secretariasnos seus respectivos âmbitos;

e) organizar e administrar o arquivo geral, as atas e documentos legais e a agenda dasatividades estaduais.

IV - Compete ao secretário sobre a mulher trabalhadora:

a) elaborar, coordenar e desenvolver políticas no interior da CUT para a promoção dasmulheres trabalhadoras, na perspectiva das relações sociais de gênero, raça e classe, subsidi-ando as entidades filiadas;

b) organizar as mulheres trabalhadoras para intervir no mundo do trabalho e sindical sobre as

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

questões que interferem na vida destas mulheres enquanto trabalhadoras.

V - Compete ao tesoureiro:

a) garantir a aplicação da política de finanças e sustentação material de acordo com asnormas deste Estatuto e com as deliberações das instâncias nacionais, nos seus respectivosâmbitos;

b) organizar e administrar as finanças e o plano orçamentário, nos seus respectivos âmbitos;

c) administrar o patrimônio da CUT, nos seus respectivos âmbitos, sua sede e a política depessoal a seu serviço;

d) organizar balancetes mensais e um balanço anual com o parecer do Conselho Fiscal paraprestar contas à Direção Estadual e à Direção Nacional, ou a qualquer momento em que forempor estes solicitados.

VI - Compete ao 1° tesoureiro assumir, na ausência do tesoureiro, as funções deste.

VII - Compete ao secretário de comunicação:

a) coordenar o conjunto das atividades de comunicação da CUT, em seu âmbito, garantindosua uniformidade;

b) coordenar os órgãos de divulgação e editar as publicações e o material de propaganda daCUT estadual;

c) preservar a imagem pública da CUT e a padronização dos símbolos que a identificam;

d) estabelecer e organizar a comunicação com os órgãos de imprensa na região e/ou Esta-do, respectivamente;

e) desempenhar as suas funções em consonância com a Secretaria Nacional de Comunicação.

VIII - Compete ao secretário de política sindical:

a) elaborar e contribuir com estudos e projetos em relação às questões de política sindical eencaminhá-los às instâncias da CUT;

IX - Compete ao secretário de formação:

a) desenvolver as atividades de formação de acordo com a linha definida pela SecretariaNacional de Formação e os objetivos expressos neste Estatuto;

b) coordenar e sistematizar as experiências e atividades de formação das entidades filiadase instâncias da CUT, garantindo a linha política de formação definida pela Secretaria Nacionalde Formação;

c) documentar e analisar os fatos relacionados a CUT Estadual, buscando a construçãopermanente de sua memória histórica;

d) estabelecer convênios com entidades sindicais e centros especializados, em seu âmbito,que possam contribuir com as atividades de formação da CUT e que estejam credenciados pelaSecretaria Nacional de Formação;

X - Compete ao secretário de políticas sociais estadual:

a) contribuir para a elaboração das políticas sociais da CUT, abarcando os setores deeducação, saúde e previdência, habitação e solo urbano, alimentação, meio ambiente e ecolo-gia, comunicação, transportes, direitos da criança e do adolescente, direitos humanos e movi-mentos sociais, em consonância com a Secretaria Nacional de Políticas Sociais;

b) coordenar a execução das políticas sociais da CUT, em seu âmbito;

c) estabelecer e coordenar a relação da CUT Estadual com as organizações e entidades domovimento popular e da sociedade civil, em seu âmbito, de acordo com a linha geral determina-da por este Estatuto e pelas instâncias nacionais;

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Desenvolvimento com Trabalho, Renda e Direitos

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d) promover intercâmbio e atividades conjuntas com entidades e organizações que tratemdas questões sociais, em seu âmbito, e em consonância com a Secretaria Nacional de PolíticasSociais.

XI - Compete ao secretário de organização:

a) elaborar e contribuir com estudos sobre a organização sindical dentro dos princípios epropostas da CUT e encaminhá-los às instâncias da CUT.

Parágrafo único. Compete ao secretário de organização sindical acompanhar e assessorara criação e organização das Federações no âmbito estadual e interestadual, de acordo com asdiretrizes da Secretaria de Organização Nacional.

Art. 43. A Direção Estadual da CUT se reunirá, ordinariamente, de três em três meses, nomínimo. A Executiva da Direção Estadual se reunirá, ordinariamente, a cada quinze dias, poden-do ser convocada extraordinariamente.

SUBSEÇÃO III - Dos Congressos Nacionais

Art. 44. São o congresso e a plenária nacional ou a Direção Nacional que convocam ocongresso nacional e definem sua pauta e o cronograma de preparação.

Parágrafo único. A plenária nacional, que antecede a realização do congresso nacional,deliberará sobre os critérios de eleição dos delegados.

Art. 45. O congresso nacional será realizado a cada três anos, podendo ser convocadoextraordinariamente.

Art. 46. Participam do congresso nacional os delegados das entidades sindicais de basefiliadas, as entidades nacionais orgânicas ou ramos de atividade econômica e as oposiçõessindicais reconhecidas pela CUT, de acordo com os critérios definidos pela plenária nacionalanterior à realização do congresso.

§ 1°. São delegados natos no congresso nacional os membros efetivos e suplentes daExecutiva da Direção Nacional.

§ 2°. Os departamentos nacionais e as confederações nacionais orgânicas participam docongresso nacional da CUT com três delegados, escolhidos em suas respectivas instâncias,direção ou conselho, não podendo haver dupla representação do ramo.

§ 3°. Quando houver, no mesmo ramo de atividade, entidade nacional orgânica e filiada àCUT, a delegação do ramo de atividade poderá ser eleita por acordo homologado pela ExecutivaNacional da CUT.

Art. 47. As delegações participantes deverão requerer sua inscrição à secretaria do con-gresso no prazo máximo de até trinta dias que antecedem a sua realização.

SUBSEÇÃO IV - Da Executiva da Direção Nacional e suas Atribuições

Art. 48. A eleição da Executiva da Direção Nacional e o respectivo Conselho Fiscal serárealizada no congresso nacional, de acordo com os critérios estabelecidos neste Estatuto,tendo um mandato previsto de 3 (três) anos.

§ 1°. A Direção Nacional será composta pela Executiva Nacional e mais 83 membros efeti-vos, representantes das Estaduais da CUT e da estrutura vertical nacional da CUT, cuja repre-sentação dar-se-á de acordo com o número de sindicalizados, garantindo-se às Estaduais daCUT o dobro da representação da estrutura vertical. Cada instância terá, no mínimo, umrepresentante.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

§ 2°. A representação das instâncias horizontais e verticais na direção nacional não épermanente, podendo ser renovada a cada reunião.

Art. 49. Constituem atribuições da Direção Nacional:

I - Garantir a aplicação da linha política e das resoluções da plenária e do congressonacional;

II - Aprovar políticas específicas para o período compreendido entre uma plenária nacional eoutra.

III – Aprovar calendários de reuniões da Direção Nacional e da Executiva da Direção.

IV – Apreciar e deliberar sobre o balanço anual apresentado pela Tesouraria e o parecerapresentado pelo Conselho Fiscal.

Art. 50. Constituem atribuições da Executiva da Direção Nacional:

I - Implementar a execução das políticas e resoluções aprovadas pela direção nacional,plenária e congresso nacional;

II - Aprovar políticas específicas para o período compreendido entre uma reunião e outra daDireção Nacional, ad-referendum desta última;

III - Dirigir e administrar os institutos e órgãos técnicos constituídos para assessorar esubsidiar a CUT, através dos dirigentes eleitos conforme os estatutos sociais dos referidosórgãos.

Art. 51. A Executiva Nacional da CUT será composta por 25 membros efetivos e setesuplentes, eleitos no seu congresso nacional, para os seguintes cargos: presidente, vice-presidente, secretário-geral, 1° secretário, tesoureiro, 1° tesoureiro, secretário de relaçõesinternacionais, secretário de política sindical, secretário de formação, secretário de comunica-ção, secretário de políticas sociais, secretário de organização, secretária sobre a mulhertrabalhadora e 12 diretores executivos.

Art. 52. São atribuições dos membros efetivos da Executiva da Direção Nacional da CUT:

I - Compete ao presidente:

a) assinar a convocatória do congresso nacional;

b) presidir as reuniões da plenária, direção e executiva nacional;

c) garantir o cumprimento dos objetivos e das decisões aprovadas pelos fóruns e instânciassuperiores da CUT;

d) assegurar que a atuação e a organização das instâncias e dos filiados da CUT se desen-volvam de acordo com os fundamentos e princípios deste Estatuto;

e) representar legalmente a CUT em nível judicial ou administrativo;

f) representar a CUT nacional e internacionalmente;

g) delegar poderes aos demais membros da Direção Nacional para representar e manifestar aposição da CUT.

II - Compete ao vice-presidente assumir, na ausência do presidente, as funções deste.

III - Compete ao secretário-geral:

a) garantir a aplicação dos direitos, deveres e sanções aos filiados e o cumprimento doEstatuto da CUT;

b) organizar as reuniões da Executiva Nacional, da Direção Nacional, da plenária nacional edo congresso nacional;

c) encaminhar as resoluções das instâncias nacionais, acompanhar sua aplicação e organi-zar as atividades deliberadas;

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Desenvolvimento com Trabalho, Renda e Direitos

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d) elaborar planos gerais integrados e coordenar as atividades do conjunto das secretariasnacionais;

e) organizar e administrar o arquivo geral, as atas, documentos legais e agenda nacional daCUT;

f) acompanhar e integrar as Estaduais da CUT, Confederações e Federações;

g) coordenar e orientar as secretarias-gerais da CUT nos Estados e nas Confederações eFederações nacionais.

IV - Compete ao 1° secretário assumir, na ausência do secretário-geral, as funções deste.

V - Compete ao tesoureiro:

a) garantir a aplicação da política de finanças e sustentação material de acordo com asnormas deste Estatuto e as deliberações das instâncias nacionais;

b) organizar e administrar as finanças e o plano orçamentário da CUT Nacional;

c) administrar o patrimônio da CUT, sua sede nacional e a política de pessoal;

d) elaborar balancetes mensais e um balanço anual com o parecer do Conselho Fiscal paraaprovação da Direção Nacional, ou a qualquer momento em que forem por estes solicitados;

e) coordenar e administrar financeiramente os convênios e projetos de cooperação estabe-lecidos através da Secretaria de Relações Internacionais nos âmbitos nacional e internacional;

f) coordenar e orientar as tesourarias da CUT nos estados e nas Confederações e Federa-ções nacionais.

VI - Compete ao 1° tesoureiro assumir, na ausência do tesoureiro, as funções deste.

VII - Compete ao secretário de relações internacionais:

a) representar a CUT nas atividades e fóruns internacionais;

b) garantir a execução da política internacional da CUT, assegurando que suas relações como movimento sindical internacional sejam regidas pelos princípios deste Estatuto e pelas defini-ções das instâncias nacionais;

c) contribuir nas definições de políticas internacionais da CUT;

d) estabelecer e coordenar o desenvolvimento das relações com todas as entidades sindi-cais e organizações congêneres, em âmbito mundial, como interlocutor da Central;

e) coordenar e acompanhar o desenvolvimento de relações sindicais entre as Confederaçõese Federações nacionais da CUT com entidades congêneres e do mesmo ramo de atividadeeconômica de outros países;

f) coordenar o conjunto de ações comuns de solidariedade e intercâmbio com os trabalha-dores de outros países;

g) garantir a troca de informações e divulgação dos fatos relativos à condição e à luta dostrabalhadores entre movimento sindical internacional e brasileiro, reciprocamente;

h) organizar e acompanhar os convênios estabelecidos entre as instâncias da CUT e ascentrais sindicais e instituições de outros países.

VIII - Compete ao secretário de política sindical:

a) elaborar e contribuir com estudos e projetos em relação às questões de política sindical eencaminhá-los às instâncias da CUT;

b) coordenar e orientar as secretarias de Política Sindical nos Estados e das Confederaçõese Federações nacionais;

c) promover o intercâmbio de experiências e estabelecer convênios de cooperação para o

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

desenvolvimento das políticas sindicais da CUT com entidades sindicais e institutos especializadosno âmbito nacional e no âmbito internacional, através da Secretaria de Relações Internacio-nais.

IX - Compete ao secretário de formação:

a) elaborar e desenvolver a política geral de formação, de acordo com os objetivos expres-sos neste Estatuto;

b) coordenar e sistematizar o conjunto das experiências e atividades de formação dasentidades filiadas e instâncias da CUT, garantindo a linha de formação comum, de acordo comos princípios deste Estatuto;

c) documentar e analisar as experiências de luta e organização dos trabalhadores no país eos fatos relacionados à CUT, buscando a construção permanente de sua memória histórica;

d) estabelecer convênios com entidades sindicais, instituições acadêmicas e centrosespecializados para desenvolver a política de formação no âmbito nacional e, no âmbito inter-nacional, através da Secretaria de Relações Internacionais;

e) coordenar e orientar as secretarias de Formação Sindical da CUT nos estados e dasConfederações e Federações nacionais.

X - Compete ao secretário de comunicação:

a) elaborar a linha de comunicação da CUT, de acordo com os objetivos expressos nesteEstatuto, e coordenar sua implementação em âmbito nacional;

b) coordenar os órgãos de divulgação e editar as publicações e o material de imprensa daCUT Nacional;

c) preservar a imagem pública da CUT e a padronização dos símbolos que a identificam;

d) organizar a divulgação das posições e informações da CUT para os trabalhadores e oconjunto da sociedade;

e) estabelecer e organizar a comunicação com os órgãos de imprensa nacionais e estrangei-ros;

f) coordenar e orientar as secretarias de Comunicação da CUT nos estados e das Confede-rações e Federações nacionais;

XI - Compete ao secretário de políticas sociais:

a) elaborar e coordenar a implantação de políticas sociais da CUT, abarcando os setores deeducação, saúde e previdência, habitação e solo urbano, alimentação, meio ambiente e ecolo-gia, comunicação, transportes, direitos da criança e do adolescente, direitos humanos e movi-mentos sociais;

b) coordenar a execução das políticas sociais da CUT;

c) estabelecer e coordenar a relação da CUT com as organizações e entidades da sociedadecivil, dentro dos princípios definidos neste Estatuto;

d) promover intercâmbio e estabelecer convênios com entidades sindicais e institutosespecializados, para desenvolvimento das políticas sociais da CUT, no âmbito nacional e, noâmbito internacional, através da Secretaria de Relações Internacionais;

e) coordenar e orientar as secretarias de Políticas Sociais da CUT e das Confederações eFederações nacionais;

XII - Compete ao secretário de organização:

a) coordenar a elaboração da política geral de organização sindical dentro dos princípios epropostas da CUT e encaminhá-las às suas instâncias;

b) elaborar e contribuir com estudos e projetos em relação às questões de política de

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organização sindical e encaminhá-los às instâncias da CUT;

c) acompanhar e assessorar a criação e organização das Confederações e Federaçõesnacionais;

d) coordenar e orientar as secretarias de organização da CUT nos estados e das Confedera-ções e Federações nacionais;

e) acompanhar e assessorar a atividade e a organização dos sindicatos, oposições e elei-ções sindicais e outras organizações sindicais de base nacional;

f) promover o intercâmbio de experiências e estabelecer convênios de cooperação para odesenvolvimento das políticas de organização sindical da CUT com entidades sindicais e institu-tos especializados no âmbito nacional e no âmbito internacional, através da Secretaria deRelações Internacionais.

XIII - Compete à Secretária Sobre a Mulher Trabalhadora:

a) elaborar, coordenar e desenvolver políticas no interior da CUT para a promoção dasmulheres trabalhadoras, na perspectiva das relações sociais de gênero, raça e classe, subsidi-ando as instâncias horizontais e verticais e as entidades filiadas nos seus respectivos âmbitos;

b) organizar as mulheres trabalhadoras para intervir no mundo do trabalho e sindical sobre asquestões que interferem na vida destas mulheres enquanto trabalhadoras.

XIV - Além das funções inerentes à Executiva da Direção Nacional, compete aosdiretores executivos desempenhar atribuições integradas aos diversos organismos daCUT, deliberadas nos planos gerais de ação e/ou em reuniões da Direção ou de suaExecutiva.

Parágrafo único. Para efeito de cumprimento do artigo anterior, a Direção e sua Executivada Direção deverão definir as tarefas e atribuições dos diretores executivos concomitantemente,com aprovação dos planos de ação e de atividades.

Art. 53. A Direção Nacional da CUT se reunirá ordinariamente de quatro em quatro meses,podendo ser convocada extraordinariamente. A Executiva da Direção Nacional se reunirá ordi-nariamente mensalmente, podendo ser convocada extraordinariamente.

Parágrafo único: O quorum para instalação destas reuniões será de 50% (cinqüenta porcento) mais 01 (um) de seus membros.

SUBSEÇÃO V - Das Plenárias

Art. 54. As plenárias nacionais e estaduais são órgãos de decisão da Central Única dosTrabalhadores que reúnem representantes de suas instâncias, desde as entidades sindicaisfiliadas até sua Direção Nacional.

§ 1°. Compete às plenárias estadual e nacional:

a) garantir a aplicação da linha política e do plano de lutas aprovado pelos congressosregional, estadual e nacional, respectivamente, bem como aprovar políticas específicas noperíodo compreendido entre um congresso e outro;

b) proceder a recomposição das direções das instâncias da CUT, horizontais e verticais, noscasos de vacância.

§ 2°. As plenárias serão convocadas em cada âmbito pela direção das respectivas instânciashorizontais da CUT.

§ 3°. As plenárias serão convocadas anualmente em caráter ordinário, e extraordinariamentesempre que a Direção julgar necessário.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

I - Plenária Nacional

Art. 55. A Plenária Nacional é composta por:

I - Membros da Direção Nacional;

II - Delegados eleitos pelas plenárias estaduais e pelos conselhos dos ramos nacionais,obedecendo ao critério de proporcionalidade estabelecido neste Estatuto, garantindo-se àsCUT estaduais o dobro de representação da estrutura vertical. Cada instância terá no mínimoum representante.

Parágrafo Único – Para a eleição de delegados e delegadas é obrigatório obedecer aocritério da cota de gênero em no mínimo 30%, sendo vedada a substituição de um sexo pelooutro.

III - Compete à Direção Nacional, ao convocar a Plenária Nacional, definir o número dedelegados, procurando garantir a relação entre o número de sindicalizados quites das entidadesfiliadas nos estados e nos ramos.

II - Plenária Estadual

Art. 56. A Plenária Estadual é composta por:

I - Delegados de cada sindicato filiado no Estado, com base no número de sócios quites daentidade, cujo critério, estabelecido pela Direção Estadual, deve garantir a relação entre onúmero de sindicalizados quites das entidades filiadas do Estado. Cada entidade filiada terá omínimo de um delegado;

II - Delegados dos sindicatos nacionais e interestaduais filiados a CUT, com base no númerode sócios quites da entidade no Estado e respectivo coeficiente determinado pela DireçãoEstadual;

III - Um a cinco membros efetivos da direção eleita de cada CUT regional. A proporção paraefeito de cálculo dos delegados de cada regional dar-se-á dividindo o número de sindicalizadosquites da maior CUT regional de cada Estado por cinco;

IV - Um a cinco membros da Direção Executiva das Federações Estaduais da estruturavertical da CUT, eleitos pelo mesmo critério do item anterior;

V - Todos os membros efetivos da Direção Estadual;

VI - Todos os membros da Direção Executiva das Confederações e Federações nacionais einterestaduais da estrutura vertical no estado-sede;

VII - Todos os membros da Executiva Nacional da CUT do Estado;

VIII - As oposições sindicais reconhecidas e acompanhadas pela Estadual da CUT poderãoparticipar de acordo com os critérios estabelecidos neste Estatuto;

IX - As Federações estaduais e interestaduais filiadas poderão participar das plenáriasestaduais com até três delegados das suas diretorias, eleitos nos respectivos conselhos. Nocaso das Federações interestaduais, o conselho da federação decidirá sobre a divisão da suadelegação e em quais plenárias participará, nunca ultrapassando o máximo de três delegados. Acópia da ata de reunião da eleição global da delegação deve ser obrigatória no ato da inscriçãoda respectiva plenária estadual;

X - A participação das entidades nacionais se dá através de delegados das entidades debase, respeitando os critérios anteriores.

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CAPÍTULO IV - Das Disposições Comuns àsInstâncias Organizativas e Deliberativas

SEÇÃO I - Das Eleições

Art. 57. As eleições de todos os dirigentes de todas as Confederações, Federações estadu-ais, interestaduais e nacional, das Estaduais e da CUT Nacional cumprirão, rigorosamente, osseguintes critérios:

I - Cada chapa apresentará à mesa, por escrito, os nomes dos componentes da respectivachapa, contendo o número total de membros exigidos para compor a direção das diversasinstâncias;

II - Só serão aceitos os nomes de delegados inscritos para o respectivo congresso;

III - Não poderá ocorrer repetição de nomes nas diversas chapas apresentadas;

IV - Quando houver repetição de nome, cabe ao indicado, e só a ele, optar pela inscrição emuma única chapa;

V - Quando houver duas chapas concorrentes e o número de votos de cada uma forrigorosamente igual ao da outra, configurando um empate, proceder-se-á, imediatamente, ànova votação e, caso persista o empate, a decisão será feita por sorteio. Havendo mais deduas chapas em disputa e ocorrendo o empate, proceder-se-á, imediatamente, à decisão porsorteio;

VI - Todas as chapas inscritas para as eleições da Direção nas estruturas vertical e horizon-tal da CUT, devem ter obrigatoriamente no mínimo 30% de um dos gêneros. As chapas que nãopreencherem este requisito não poderão ser inscritas e concorrer à eleição.

a) no cálculo do número mínimo de gênero, todo arredondamento percentual deverá ser paracima, sempre que o decimal após a vírgula for cinco ou maior que cinco;

b) o cálculo da cota de gênero deve compreender todas as instâncias de decisão da Dire-ção, a saber: Executiva, Direção e Conselho Fiscal, respectivamente, efetivos e suplência;

c) a composição da Direção eleita deverá atender a cota mínima de gênero, estabelecida noinciso VI, em todas as instâncias, a saber: Executiva, Direção e Conselho Fiscal, respectiva-mente, efetivos e suplência.

Parágrafo Único – em caso do não cumprimento da cota mínima de gênero a direção eleitanão poderá tomar posse até que o Inciso VI seja cumprido.

Art. 58. A Direção, sua Executiva e o Conselho Fiscal da CUT Estadual e Nacional, assimcomo a Executiva, o Conselho Diretivo e o Conselho Fiscal da Confederação e Federaçãoestadual, interestadual e nacional serão constituídos proporcionalmente ao número de votosobtidos pela chapa no respectivo congresso, seguindo rigorosamente os seguintes critérios:

I - Quando houver duas chapas, só participará dessa proporcionalidade a chapa que obtiverpelo menos 20% dos votos no seu respectivo congresso;

II - Quando houver mais de duas chapas, só participarão dessa proporcionalidade as chapasque obtiverem pelo menos 10% dos votos no respectivo congresso;

III – Ainda, quando houver mais de duas chapas, a soma dos votos das chapas minoritáriasdeverá atingir no mínimo 20% do total dos votos computados no referido congresso, para queessas chapas possam participar da composição da Executiva da Direção, da Direção, assimcomo do Conselho Fiscal;

IV - Para efeito da proporcionalidade, serão computados somente os votos obtidos portodas as chapas que obtiveram as cotas mínimas estabelecidas nesse Estatuto, com aproxima-

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

ção de três decimais e não se computando os votos nulos e brancos;

V - Os cargos serão distribuídos proporcionalmente ao número de votos obtidos, sendo que:

a) a parte inteira estará garantida às chapas mais votadas;

b) os cargos restantes serão distribuídos pelo critério do decimal maior, na ordem decres-cente e enquanto houver cargos para serem preenchidos;

c) uma chapa que obtiver um número igual ou superior a 50% dos votos não poderá ficarcom menos da metade dos cargos;

d) quando a diferença entre o número de cargos relativos às duas chapas mais próximas doempate for de apenas uma unidade inteira do número, e a chapa mais votada entre elas estiverameaçada de perder sua maioria (empate no número de cargos) pelo critério do decimal maior,esta deverá ficar com o cargo em disputa, desde que a diferença entre as porcentagens dasduas seja igual ou superior a 30%;

e) esse critério será aplicado também para a distribuição dos cargos suplentes;

f) todas as chapas têm responsabilidade pelo cumprimento da cota de gênero.

VI - A chapa mais votada poderá escolher e preencher, de uma só vez, todos os cargos aque tem direito na Executiva da Direção, na ordem da suplência, assim como no ConselhoFiscal. A segunda mais votada poderá, igualmente, escolher e preencher os cargos disponíveis,e assim sucessivamente;

VII - As chapas poderão preencher os cargos, conforme inciso anterior deste artigo, com osnomes indicados pela chapa, independentente da ordem de inscrição.

SEÇÃO II - Dos Conselhos Fiscais

SUBSEÇÃO I - Da Constituição

Art. 59. Os órgãos diretivos de todas as instâncias organizativas da CUT terão suas ativida-des financeiras acompanhadas e fiscalizadas por conselhos fiscais instituídos nos termos desteEstatuto.

Art. 60. Os conselhos fiscais de cada instância da CUT serão constituídos por três membrosefetivos e três suplentes.

Parágrafo único. O cargo de conselheiro fiscal é incompatível com o de dirigente de qual-quer das instâncias organizativas da CUT.

SUBSEÇÃO II - Das Atribuições

Art. 61. Constituem atribuições, direitos e deveres dos conselheiros fiscais, dentre outrosinerentes ao exercício de sua atividade:

I - Ter acesso a todas as informações contábeis;

II - Zelar pela correta aplicação e investimento do patrimônio móvel, imóvel e financeiro daentidade, no âmbito de competências de sua respectiva instância, exercendo atividade perma-nentemente fiscalizadora e orientadora, sem, contudo, imiscuir-se na esfera de competênciaadministrativa da respectiva Direção;

III - Ter, a seu dispor, todas as informações possíveis de que necessite para o desempenhode suas funções;

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IV - Ter garantido o direito e a obrigação de reunir-se com os dirigentes responsáveis porassuntos financeiros e patrimoniais e seus respectivos assessores;

V - Formular pareceres sempre que houver obrigação estatutária ou deliberativa de presta-ção de contas ou previsões orçamentárias da respectiva instância organizativa.

SEÇÃO III - Da Estabilidade no Emprego dos Dirigentes e Conselheiros

Art. 62. Nos exatos termos do disposto no artigo 8°, inciso VIII da Constituição Federal, évedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo deDireção ou de representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o finaldo mandato, salvo se cometer falta grave no termos da lei.

Parágrafo único. As ausências no trabalho, motivadas pelo exercício da atividade sindical,serão consideradas justificadas e computadas como efetivamente trabalhadas para todos osfins e efeitos legais.

SEÇÃO IV - Da Vacância e da Suplência

Art. 63. Na ausência temporária de membros efetivos das direções e executivas das instân-cias da CUT, horizontais e verticais, serão convocados os suplentes, mantendo sempre quearitmeticamente possível, a cota de gênero.

Parágrafo único. A composição proporcional emanada do respectivo congresso deve serrespeitada, desde que atendido o requisito de gênero.

Art. 64. Na ausência definitiva de um ou mais membros das direções e executivas dasinstâncias da CUT, horizontais e verticais, caraterizando-se a vacância, o cargo será ocupadopor um dos suplentes, mantendo, sempre que aritmeticamente possível, a cota de gênero.

§ 1°. A composição proporcional emanada do respectivo congresso deve ser respeitadadesde que atendido o requisito de gênero.

§ 2°. Procede-se à eleição do cargo em substituição, podendo-se efetuar todos osremanejamentos necessários.

§ 3°. Caracterizando-se vacância nas direções das instâncias da CUT, horizontais e verti-cais, proceder-se-á nas plenárias estatutariamente previstas, à recomposição dessas instânci-as, respeitando-se a composição proporcional emanada do respectivo congresso e atendendoao requisito de gênero. O mesmo se aplica aos Conselhos Fiscais.

SEÇÃO V - Da Representação

Art. 65. O dirigente que for membro de mais de uma instância de direção da CUT terá direitoa um único voto sempre que houver coincidência de representação em qualquer instânciadeliberativa da CUT, e esse dirigente não poderá indicar nenhum substituto para qualquer doscargos acumulados no período em que seu voto for solicitado.

Art. 66. É vedada a participação nos congressos da CUT de toda delegação em que fiqueconfigurada dupla representação.

Art. 67. Não será credenciada para seminários, plenárias, cursos, oficinas e direção nacio-nal a delegação da instância orgânica à CUT (Estaduais da CUT, Confederações, FederaçõesNacionais, Federações Interestaduais e Estaduais), enquanto ficar configurado odescumprimento da cota de gênero.

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Texto Base da Direção Nacional da CUT

Art. 68. A representação e o estabelecimento de relações internacionais da CUT são atribui-ções exclusivas da Executiva da Direção Nacional, através da Secretaria de Relações Interna-cionais.

Parágrafo único. As instâncias verticais poderão representar e estabelecer relações sindi-cais no seu âmbito, junto a entidades congêneres e do mesmo ramo de atividade de outrospaíses, bem como filiar-se a organismos sindicais de âmbito internacional, respeitada a orienta-ção aprovada no Congresso Nacional.

TÍTULO V - DO PATRIMÔNIO

Art. 69. Constituem patrimônio da CUT:

I - A receita resultante das contribuições das entidades filiadas;

II - Os bens móveis e imóveis;

III - Os títulos de crédito que a ela pertençam ou venham a pertencer;

IV - Os legados, doações e concessões feitas em caráter permanente;

V - Juros sobre aplicações financeiras;

VI - Venda de publicações de própria autoria;

VII – Taxas e inscrições de seminários, congressos, plenárias e Direção Nacional;

VIII. Contribuições e resultados de contratações ou patrocínios financeiros, em bens deserviços ou materiais, de pessoas jurídicas e físicas, públicas, nacionais ou estrangeiras;

IX – Subvenções, contratações, parcerias ou convênios que lhe sejam destinados pelosPoderes Públicos Municipal, Estadual ou Federal, assim como entidades nacionais e estrangeiras;

X – Rendas originárias de seus bens.

Art. 70. Em caso de dissolução, aprovada em congresso, o patrimônio da CUT será revertidopara entidade congênere, conforme deliberação congressual, que não tenha vínculo ou depen-dência com o Estado e que atue em defesa dos interesses dos trabalhadores.

Art. 71. Todas as entidades sindicais filiadas à CUT contribuirão com 10% de sua receitabruta anual para a sustentação financeira da Central Única dos Trabalhadores.

Art. 72. Cabe à CUT Nacional recolher a contribuição de cada entidade sindical filiada edistribuí-la na seguinte forma:

I - 3,6% para as Estaduais da CUT;

II - 3,8% para as Confederações Orgânicas e entidades nacionais filiadas;

III - 2,2% para a CUT Nacional;

IV - 0,2% para o Fundo de Fortalecimento das Estaduais;

V - 0,2% para o Fundo de Solidariedade.

§ 1°. O repasse de recursos às Regionais é de responsabilidade das Estaduais da CUT.

Art. 73. Cabe à Direção Nacional da CUT regulamentar todos os mecanismos que garantam aadministração patrimonial, financeira e de pessoal, bem como arrecadação e distribuição derecursos através das diversas instâncias da Central Única dos Trabalhadores.

Art. 74. As direções das diversas instâncias da CUT poderão promover campanhas financei-ras em suas respectivas áreas de abrangência.

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TÍTULO VI - VIGÊNCIA E DISPOSIÇÕESTRANSITÓRIAS

Art. 75. Na vigência da atual legislação sindical podem ainda filiar-se à CUT as Confedera-ções e Federações oficiais estaduais, interestaduais e nacionais, desde que cumpridas asexigências deste Estatuto.

Parágrafo único. É permitida a filiação de sindicatos não-filiados a CUT, diretamente àsConfederações e Federações Nacionais, em caráter transitório, sem representação nas estru-turas horizontais.

São Paulo, 09 de junho de 2006.

Artur Henrique da Silva SantosPresidente

Mário de Souza FilhoOAB/SP nº 65.315

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