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TEXTO: “A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO, A ORIGEM DOS ESTADOS NACIONAIS E OS PAÍSES ATUAIS.”
1. TERRITÓRIO E MOBILIDADE DE FRONTEIRAS
Todo grupo social precisa apropriar-se de uma porção do espaço, para nele viver. Em termos biológicos, o território é a área na qual as espécies animais e vegetais vivem e se desenvolvem. Em Geografia, o território representa o espaço concreto dominado e apropriado por uma sociedade ou por um Estado. Nele podemos encontrar um conjunto de paisagens. Por ser uma forma de apropriação do espaço, o território é resultado de uma criação humana, um produto do trabalho social. Isso significa que o espaço se transforma em território por meio da ação coletiva e política e pelo exercício do poder. A formação econômica das sociedades sempre esteve relacionada à constituição e à expansão dos territórios.
Nas antigas sociedades nômades, que se moviam por um vasto espaço, a apropriação do território era coletiva. Nesse caso, havia uma delimitação flexível de fronteiras, entendidas como áreas que separam ou delimitam dois territórios, definindo sua extensão, e que são muitas vezes marcadas por uma linha, o limite. Fronteiras mais fixas passaram a existir com o surgimento da propriedade privada e com a formação de grandes impérios (romano, chinês, inca), que acarretaram forte centralização do poder e grande expansão territorial.
Observe, na figura 1, o exemplo da China. (slides)
As fronteiras hoje existentes formaram-se ao longo da história, com o processo de povoamento, e modificaram-se de acordo com as conquistas, a exploração de novos recursos, a expansão e a demarcação de novos territórios. Não é à toa que muitas vezes associamos fronteiras com guerras. As forças militares têm sido constantemente utilizadas para redefini-las.
As guerras impuseram uma mobilidade constante das fronteiras e dos territórios do mundo. Observe na figura 2 as fronteiras imperiais no século XVIII. (slide)
2. ETNIA, RAÇA, NAÇÃO E POVO: CONCEITOS
Todos os povos criam laços afetivos e atitudes socioculturais em relação ao território e à sua paisagem. Em um determinado território pode conviver uma diversidade de crenças, valores, idéias, sistemas de pensamento e tradições de diferentes povos e etnias.
O que define a etnia é a identidade cultural do grupo, indicada por elementos como a tradição e a língua. O conceito de raça baseia-se em fatores biológicos, como a cor da pele, o formato da cabeça, o tipo de cabelo. Esse conceito tem sido questionado porque, apesar das diferenças de traços físicos e de cor entre os seres humanos, pesquisas científicas indicam que todos descendemos de um mesmo grupo ancestral. (Leia o texto do boxe abaixo).
A idéia de nação está geralmente associada ao sentimento e à consciência coletiva de valores e de tradições históricas e culturais (língua, religião, costumes), bem como a um destino comum que confere a um grupo de pessoas um sentimento de identidade nacional, tendo, nesse caso, o mesmo significado da palavra povo.
No entanto, o conceito de nação é muito discutido. O historiador Eric Hobsbawm, em seu livro Nações e nacionalismo desde 1780, afirma que “nenhum critério satisfatório pode ser achado para decidir quais das muitas coletividades humanas deveriam ser rotuladas desse modo”.
A palavra nação muitas vezes foi associada a um grupo de pessoas que se diferenciava dos outros ou a um grupo étnico específico. Era também comumente associada aos habitantes de um território que possuíam interesses comuns e estavam subordinados a um poder central, confundindo-se, nesse sentido, com o Estado.
Genes comuns
“Ao se compararem diferentes povos, os únicos fatores a serem considerados devem ser os que eles transmitem por intermédio da geração, seus patrimônios genéticos, e não as aparências, que não passam da manifestação desse patrimônio. A primeira providência consiste em buscar genes ‘marcadores’, cuja presença determinaria a filiação a uma raça. Se todos os membros de um povo específico possuíssem um determinado gene não encontrado nos demais, tudo seria simples. Mas tais genes nunca foram encontrados. A maioria dos genes está presente em quase todos os seres humanos.”
O Correio da Unesco. Rio de Janeiro, FGV/Unesco, maio 1996. p.23.