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TEXTO 04

TEXTO 4

OS DESAFIOS POSTOS E AS ESTRATÉGIAS NA PERSPECTIVA DE FORTALECER O

CONTROLE E A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO ÂMBITO DA POLÍTICA NACIONAL1.

No texto anterior apresentamos alguns desafios que necessitam ser enfrentados e superados para o fortalecimento

do Controle Social e a participação. Neste elenco de desafios faço o destaque para a participação por parte dos usuários da

assistência social, por que:

Os gestores estão cada vez mais articulados e mobilizados e conscientes do seu papel neste contexto. Além de

participarem, com voz e voto, nos Conselhos e Conferências, por meio das comissões e colegiados dos secretários estão atuando

de forma efetiva na avaliação e eleição das prioridades para a gestão da política por meio dos espaços de pactuações – Comissão

Intergestora Tripartite (CIT)2 e a Comissão Intergestora Bipartite (CIB)3 -, nos colegiados dos secretários a saber: Colegiado

1 Texto organizado por Laurisabel Guimarães Pinheiro, Assistente Social pós-graduada em Políticas Públicas pela UFPE.

2 A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) é um espaço de articulação e expressão das demandas dos gestores federais, estaduais e

municipais. Ela é formada pelas três instâncias do Suas: a União, representada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS); os estados, representados pelo Fórum Nacional de Secretários de Estado de Assistência Social (Fonseas); e os municípios,

representados pelo Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas). Entre suas principais funções estão

pactuar estratégias para implantação e operacionalização; estabelecer acordos sobre questões operacionais da implantação dos serviços,

programas, projetos e benefícios; atuar como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de implementação e

regulamentação; pactuar os critérios e procedimentos de transferência de recursos para cofinanciamentos; entre muitas outras. Fonte:

MDS.

3A Comissão Intergestores Bipartite (CIB) é uma instância colegiada de negociação e pactuação de gestores municipais e estaduais, como

forma de viabilizar a implementação da Política Nacional de Assistência Social, quanto aos aspectos operacionais da gestão do Sistema

Único de Assistência Social - SUAS no âmbito do Estado. A CIB tem o objetivo viabilizar a implementação da Política de Assistência

Social/PNAS, quanto aos aspectos operacionais da gestão do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, a fim de qualificá-la para que

possa ofertar ou referenciar serviços de qualidade ao usuário no âmbito do Estado. A CIB possui particularidades diferenciadas dos

conselhos e não substitui o papel do gestor. Dentre uma das competências da CIB está: pactuar a organização do Sistema Estadual de

Assistência Social proposto pelo órgão gestor estadual, definindo estratégias para implementar e operacionalizar a oferta da proteção

social básica e especial no âmbito do SUAS na sua esfera de governo. Fonte: http://www.inclusao.se.gov.br/controle-social/comissao-

bipartite, visitado em 17/01/15.

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Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS)4 e o Colegiado Estadual de Gestores Municipais de

Assistência Social (COEGEMAS)5, entre outros espaços..

Os trabalhadores têm suas representações nos Conselhos e participam, quando eleitos delegados, com voz e voto nas

Conferências. Além de uma situação privilegiada no que se refere ao conhecimento dos marcos legais e o investimento cada vez

maior na qualificação destes conhecimentos, por meio das diversas modalidades de educação permanente a disposição hoje no

âmbito do SUAS e o contato direto com os usuários da Assistência.

Mas e os usuários? Não têm a mobilização e articulação dos gestores, não têm o conhecimento e acesso as

informações dos trabalhadores, não possuem acesso às modalidades da Educação Permanente. Porém são os mais beneficiados

ou não com as decisões tomadas que iram interferir, diretamente, nas suas vidas e nos seus direitos. Os usuários devem ser

compreendidos pelos trabalhadores como o principal aliado para assegurar um SUAS de qualidade, e o que estamos fazendo

para que isto aconteça? Aqui muitos devem estar pensando: mas eles não têm interesse em participar só querem receber!!

Para Xavier, “o controle da sociedade civil sobre o Estado no âmbito da política de assistência social, pode ser

exercido sob duas perspectivas diferentes. Uma de natureza técnica, em relação à fiscalização administrativa; e a outra, de

natureza sociopolítica, onde há um verdadeiro envolvimento da sociedade civil nos assuntos que preenchem a agenda do

governo”. E é justamente nesta natureza sociopolítica que podemos investir. A autora ainda expõe:

“Gerir sistemas públicos como o da assistência social com a participação da sociedade, apresenta-se como um desafio para a cultura política brasileira, que na área da assistência social tem como fundamento o assistencialismo e a benemerência e não o direito e a participação democrática. A nova cultura de participação da sociedade na gestão das políticas sociais, e aqui mais especificamente a da assistência social, ainda não foi compreendida pelos usuários desta política. A concepção equivocada de ajuda e favor que a grande maioria dos usuários têm da assistência social dificulta o entendimento da importância de sua efetiva participação na discussão, elaboração, acompanhamento e avaliação dos serviços á eles dirigidos”. (Xavier)

4 O Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (CONGEMAS) é uma Associação Civil, sem fins lucrativos, com

autonomia administrativa, financeira e patrimonial, de duração indeterminada, com sede e foro em Brasília - DF desde abril de 2001,

regendo-se por estatuto e normas próprias, representando os municípios brasileiros junto ao Governo Federal, especialmente junto ao

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e aos governos estaduais, para fortalecer a representação municipal nos

Conselhos, Comissões e Colegiados, em todo o território nacional. O Congemas tem por finalidades: Defender a Assistência Social como

Política de Seguridade, conforme os princípios constitucionais e as diretrizes da LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social); Assegurar a

perspectiva municipalista da Assistência Social, buscando o atendimento e a efetivação de uma rede de serviços adequada às

características regionais e locais através de um processo que garanta recursos financeiros das três esferas de governo aos municípios;

Participar da formulação da Política Nacional de Assistência Social, acompanhando a sua concretização nos Planos, Programas e Projetos;

Coletar, produzir e divulgar informações relativas à área de Assistência Social; Promover e incentivar a formação do gestor municipal a

fim de que ele passe a contribuir decisivamente na consolidação da Assistência Social enquanto Política Pública. Fonte:

http://www.congemas.org.br/institucional/quem-somos.html, visitado em 17/01/2015.

5 O Colegiado Estadual dos Gestores Municipais de Assistência Social, criado em 1998, constitui-se um órgão permanente de intercâmbio

de experiências e informações junto aos gestores municipais da Assistência Social. Com a missão de fortalecer, nos municípios, a política

de Assistência Social recomendada pela lei orgânica do setor, consolidando um sistema de atuação descentralizado e participativo. Tem

como objetivos: Promover encontros, seminários e outros eventos que possibilitem discussões e troca de experiências. Lutar pela

descentralização da Assistência Social, através de um processo que garanta recursos financeiros para a execução efetiva de ações que

beneficiem toda a população. Participar da formulação das políticas de Assistência Social – em níveis estadual e nacional, com

representações em instâncias decisórias -, acompanhando sua concretização em planos, programas e projetos. Representar os municípios

e defender seus interesses na Comissão Intergestora Bipartite, no Conselho Estadual de Assistência Social e em outras instâncias

colegiadas que discutam e decidam sobre a política do setor no Estado. Lutar em defesa dos princípios e diretrizes da Lei Orgânica de

Assistência Social-LOAS.

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Pois é, os usuários não participam porque não querem, eles não participam porque historicamente foram educados a

receber como favor aquilo que lhe é de direito durante longos anos, e; romper com este paradigma não irá acontecer de uma

hora para outra. É necessário investimento neste novo processo de (re)educação na participação social e cabe a nós

trabalhadores sermos um dos mestres deste processo de transformação de concepção inadequada das políticas públicas, não

podemos esquecer que temos contato diário com estes usuários, além da construção de laços afetivos e de confiança. Conforme

Xavier:

“(…) é necessário trabalhar a visão errônea de que os usuários não podem participar por não terem competência. É preciso garantir a participação destes enquanto sujeitos de direitos e não mais sub-representados pelas Secretarias e Entidades da área de assistência social, rompendo com a lógica da tutela tão presente na área. Assim, há que se produzir uma metodologia que se constitua ao mesmo tempo em resgate de participação de indivíduos dispersos e desorganizados, e habilitação para que a política de assistência social seja assumida na perspectiva de direitos publicizados e controlados pelos seus usuários. (PNAS 2004, pg. 46). Para fomentar a participação destes nas instancias deliberativas, é imprescindível a criação de espaços onde eles possam discutir suas necessidades sem medos, um local onde eles possam ter acesso a informações sobre os seus direitos. Nesse sentido a plena divulgação pelos órgãos dos direitos de seus usuários configura-se como instrumento fundamental de promoção do protagonismo desses atores”.

É possível observar, que a participação dos usuários neste processo de efetivação da PNAS, entra na pauta de discussão

nos anos de Conferência visto que sua participação é compreendida de suma importância para garantir maior legitimidade deste

contexto de deliberações. Ora, se como vimos até agora, que os usuários não foram preparados, ao longo da história, e que

educação deve ser compreendida como processo permanente porque pensar em estratégias de participação apenas em anos

de Conferência?

Mas vamos lá, estamos em ano de Conferência e precisamos nos preparar para este momento junto com os nossos

usuários. Como sugestões de estratégias de preparação para estes momentos, antes mesmo do período das pré – conferências,

podemos utilizar os grupos sócio-educativos dos CRAS para informar que estamos no ano da realização das Conferências

Municipais e da X Conferência Nacional de Assistência Social6 e o que isto significa para a efetivação do SUAS e os rebatimentos

nas conquistas dos direitos a eles garantidos.

Em outro momento, revisitar as deliberações, municipais e nacional, da última conferência para avaliação no que

avançamos e quais os gargalos ainda presentes neste processo e o rebatimento na vida dos usuários. E discutir estratégias de

participação deles nas Conferências.

6 Retrospectiva das Conferências de 2003 a 2013. IV Conferência de 2003 – Avaliação dos Dez Anos de Implementação da

LOAS. V Conferência de 2005 – SUAS Plano 10 elaboração de metas a curto, médio e longo prazo (2005 a 2015). VI

Conferência de 2007 – Avaliação das deliberações da conferência anterior – metas a curto e médio prazo e verificação do

que já foi cumprido e apontar as correções para a etapa final – longo prazo. VII Conferência de 2009 – Participação e Controle

Social no SUAS. VIII Conferência de 2011 - Consolidar o SUAS e valorizar seus trabalhadores. IX Conferência de 2013 - A

Gestão e o Financiamento na efetivação do SUAS.

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É importante socializar que na Reunião Descentralizada e Ampliada do CNAS, realizada no período de 17 a 19 de

novembro de 2014 em Salvador, foi constituído o Fórum Nacional dos Usuários do Sistema Único da Assistência Social - SUAS

tornando este evento um momento de grande relevância para usuários e representantes de usuários7. O Fórum apresentou três

prioridades até 2015: 1. Instalar os Fóruns Municipais e Estaduais, no processo de realização das conferências em 2015;

2. Aprovar a Carta de Princípios em plenária na X Conferência Nacional de Assistência Social; 3. Eleger a Coordenação Nacional

do Fórum Nacional dos Usuários da Assistência Social na X Conferência Nacional de Assistência Social.

A instituição do Fórum apresenta uma boa alternativa para participação social dos usuários, para além das

conferências, sendo necessário sensibilizá-los para ocuparem este importante espaço de participação.

Outra discussão importante é a participação nos Conselhos é preciso que exista a compreensão que todos podem

participar com voz neste espaço, independente de ser Conselheiros que têm o poder do voto também. Para tanto, faz-se

necessário apresentar o calendário das reuniões e divulgar junto aos usuários dentro dos grupos realizados no âmbito da

assistência. O controle social pode, e deve, ser objeto de trabalho dentro das atividades dos diversos serviços e programas, do

serviço de convivência, nas salas de recepção para atendimento do Bolsa Família, nas reuniões de rede, nas articulações

intersetorias, etc.

Enfim, todos os espaços e momentos onde existam usuários ou seus representantes devem ser oportunidades para

ampliar o debate sobre a questão do controle social, buscando identificar estratégias que possam criar novos mecanismos e

instrumentos de intervenção nos espaços públicos. Para concluirmos nosso estudo indico o texto de Martins intitulado: “O

exercício da participação popular e o controle social: um estudo a partir das pré-conferências municipais de assistência social

de Londrina”. Obrigada pela participação de vocês neste estudo, e a luta continua!!!

7 O Fórum Nacional foi instalado elegendo uma coordenação nacional composta por oito membros, a saber: Alceu Kuhn - Organização

Nacional de Cegos do Brasil, ONCB (SC); Aldenora Gonzalez - Instituto Ecovida (AP); Anderson Miranda - Movimento Nacional de

População de Rua (SP); Carlos Ajur - União de Cegos Dom Pedro II (ES); Maria José Carvalho - Usuária do CRAS (SE); Maria Lopes -

Associação Cultural e Beneficente Ilê Mulher (RS); Pedro Gonçalves - União de Negros pela Igualdade Racial (BA); Samuel Rodrigues -

Fórum Nacional de População de Rua (MG).

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal; 1988. DIEGUES, Geraldo César. O controle social e participação nas políticas públicas: o caso dos conselhos gestores municipais. Revista NAU Social - v.4, n.6, p. 82-93 Maio/Out 2013. FAQUIN, Evelyn Secco. Sistema Único de Assistência Social e o Controle Social: perspectivas de coordenadoras dos centros de referência da assistência social do município de Londrina/PR. In: V Jornada Internacional de Políticas Públicas. GOMES, Eduardo Granha Magalhães. Conselhos Gestores de Políticas Públicas: Democracia, Controle Social e Instituições. Fundação Getúlio Vargas. São Paulo. 2003. MARTINS, Maria Lucimar Pereira. et al. “O exercício da participação popular e o controle social: um estudo a partir das pré-conferências municipais de assistência social de Londrina”. Paraná. 2003. RIBEIRO, Valéria Reis. Gestão dos Serviços, Programas e Projetos – Eixo 4. In: IX Conferencia Nacional de Assistência Social: SUAS 8 anos de conquistas. Brasília 2013. TABAJÓS, Luziele. In: I Encontro Nacional de Gestão Estadual do SUAS – João Pessoa 2012. SERAFIM, Lizandra. Controle social: que caminhos? In: Observatório dos Direitos do Cidadão/Equipe de Participação Cidadã. Instituto Pólis. Julho de 2008.

SILVA, Vini Rabassa da. et al. Controle social no Sistema Único de Assistência Social: propostas, concepções e desafios. Revista Textos & Contextos Porto Alegre v. 7 n. 2 p. 250-265. jul./dez. 2008.

XAVIER, Helen Cristina Osório. et al. SUAS: Desafios para a sua Efetivação. In:

http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1358/1297. Visitado em 07/01/2015.

SITES:

https://www.youtube.com/watch?v=Bc5YLcue_EA.

https://www.youtube.com/watch?v=j05aqCgSios

http://pt.slideshare.net/alavieira/o-que-controle-social-no-suas

http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/cc/2/participacao.htm

http://www.transparencia.rs.gov.br/webpart/system/PaginaConteudo.aspx?x=ZYXjQ2BCmenSKCZe1QmT0X1yDexAuBsFqk1MVYBt

oi%2BBT3cYlY5GrK26qpEcaUUv

http://www.mds.gov.br/acesso-a-informacao/orgaoscolegiados/orgaos-em-destaque/cit

http://www.inclusao.se.gov.br/controle-social/comissao-bipartite

http://www.congemas.org.br/institucional/quem-somos.html

http://aprece.org.br/vinculados/coegemas/