testemunho é chave para comunicação eficaz
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Confira reportagem sobre o Seminário Nacional Jovens Comunicadores. Edição 5594 - 27 de maio de 2012. Saiba mais em http://bit.ly/js_jovenscomunicadoresTRANSCRIPT
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Leonardo [email protected]
Muitos questionamentos, desafios e provocações. Poucas respostas. Essa foi a linha mestra do Seminário Nacional Jovens Comunicadores – Comunicação que transforma vidas. Mas muito se engana quem pensa que a falta de indicações claras e explícitas seja um problema. Quando o assunto é a comunicação em rede e a quebra de paradigmas que as mídias digitais provocam frente ao saber tradicional, a Igreja no Brasil é celeiro de milhares de jovens que estão dispostos a dar sua contribuição no processo de construir algumas linhas de ação.
O encontro que aconteceu em Brasí-lia (DF), no auditório do Centro Educa-cional Maria Auxiliadora (Cema), de 18 a 20 de maio, é prova viva dessa dispo-sição. O seminário foi promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio das comissões para a comunicação e para a juventude. Cerca de 200 jovens vindos de todas as regiões do país refletiram sobre temá-ticas instigantes com a participação de palestrantes de renome, como Elisabeth Saad, padre Gildásio Mendes e o jesuíta Antonio Spadaro. Geração Y, a mística do comunicador, comunicação e evangelização: esses foram apenas alguns dos assun-tos em destaque. O seminário contou também com apresentações culturais e leitura orante da Bíblia.
O presidente do Pontifício Conse-lho para as Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, participou por meio de videoconferência na manhã do sába-
ENCONTRO | CARIDADE E VERDADE TAMBÉM FORAM APONTADAS COMO FUNDAMENTAIS
Testemunho é chave para comunicação eficazdo, 19. “Comunicação significa viver plenamente a presença de Jesus entre nós. Comunico o que tenho em meu coração este Jesus que é a razão e o sentido da minha vida. Posso comuni-car somente se estiver enamorado por Ele. A raiz de nossa comunicação é esta amizade, amor, entrega a Jesus”, disse, enfático.
O secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, destacou que a comunicação não são dados, mas vida. “Comunicamos aquilo que somos, a verdade da nossa vida. Então, comu-nhão e participação. Se pudermos comunicar, criaremos espaços sagrados da nossa humanidade na divindade de Deus, ajudando para que todos possam participar da comunicação da vida.”
Um dos objetivos da CNBB é o de provocar os jovens a se questionarem sobre sua atuação na realidade onde vivem. Aí surge uma via de mão dupla: a Igreja não quer apenas falar, mas, por meio dos comunicadores, também saber o que é vida, anseio, projetos, vontade, a partir da ótica dos jovens. “Na mão da juventu-de comunicadora, está essa ponte entre épocas e gerações diferentes. A expectati-va é a de que a Igreja cresça na consciência de que só avança se acreditar na comuni-cação e no jovem comunicador, inserido nesse processo de mudança de época”, acredita o presidente da Comissão para a Juventude, Dom Eduardo Pinheiro.
O seminário também se insere no contexto do chamamento feito pela Conferência de Aparecida sobre a necessi-dade de conversão pastoral, de se abando-nar estruturas pastorais ultrapassadas, que
não contribuem para a transmissão da fé. “Este seminário é uma provocação muito séria. Se alguém carrega ‘geneticamente’ a comunicação, esse alguém é o jovem. Então, aqui temos uma mistura explo-siva, revolucionária, quando centenas de jovens de todo o país se reúnem, dispostos a ser comunicadores da Boa-Nova de Jesus”, ressalta o presidente da Comissão para a Comunicação, Dom Dimas Lara.
Internet como lugarO sacerdote Antonio Spadaro desta-
cou que é preciso olhar para a internet e as redes sociais não como meios, mas lugares de evangelização. Essa visão implica compreender que a lógica da rede provoca uma série de mudanças profundas na vida humana. Ele cita seis principais, que são as capacidades de: procura de Deus; escutar; doar; teste-munhar; pensar juntos; estar juntos.
“A internet é um ambiente, um espa-ço de experiência, que se torna cada vez mais parte integrante da vida cotidiana. É um novo contexto existencial. Não é um lugar específico onde entro em rede e depois saio da rede. A nossa vida entra na rede, e a rede na nossa vida. A rede incide sobre a nossa capacidade de viver, pensar, e também na percepção sobre nós mesmos, sobre o outro, sobre o mundo e sobre a fé”, ressalta.
Os participantes do seminário dividiram-se em grupos de intera-tividade, formados por profissionais das diferentes áreas da comunicação. Eles deram respostas à pergunta Como comunicar a vida cristã no exercício de sua profissão? Uma indicação unânime foi a
lho para as Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, participou por meio de videoconferência na manhã do sába-
Conferência de Aparecida sobre a necessi-dade de conversão pastoral, de se abando-nar estruturas pastorais ultrapassadas, que
Eles deram respostas à pergunta comunicar a vida cristã no exercício de sua profissão? Uma indicação unânime foi a profissão? Uma indicação unânime foi a profissão?
necessidade de testemunho, caridade e verdade.
Ou seja, evangelizar na rede não significa simplesmente postar frases bíblicas, imagens de santos e afins. As redes sociais interrogam profundamen-te o modo de fazer comunicação. Mais do que nunca, é preciso haver coerên-cia entre o que se faz e o que se diz.
E dá para perceber claramente que o seminário foi apenas um pontapé inicial para uma movimentação mais ampla, em cada realidade, que busque no testemunho a chave de uma evange-lização que não seja mais instrumental, mas vivência profunda do que se crê.
O padre jesuíta italiano Antonio Spadaro foi um dos principais palestrantes do seminário
6 JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA • 27 DE MAIO DE 2012
Clayton TeixeiraBarbacena (MG)
Juliano GuimarãesCachoeiro do Itapemirim (ES)
1
Jefferson SilvaIndaiatuba (SP)
5
Sophia KathPorto Alegre (RS)
4
José Barbosa JúniorGuarulhos (SP)
6
Bruna CordeiroNiterói (RJ)
7 Confira estes e outros depoimentos e saiba mais
sobre o seminário.
Acessehttp://bit.ly/js_
jovenscomunicadores
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2“Trabalho como design gráfico e web na
Comunidade Vida Nova há dez anos. Nossa postura deve ser sempre a de anunciar a verdade. Percebo a importância de escutar, fazer silêncio e, assim, levar algo que transforme a vida das pessoas. Quando alguém tem realmente a experiência de Deus em sua vida, quer dar continuidade a isso.
Nesse sentido, o maior desafio para transfor-mar vidas é o de escutar, fazer silêncio. Temos tanta sede de comunicar algo que, muitas vezes, esquecemos o que a pessoa tem para falar, a realidade de sua vida. O grande desafio é escutar, porque somente assim é possível evangelizar.”
“Estudo economia e percebi que são vários os desafios que existem. Saio daqui com
mais experiência e desejo de realizar na prática vários projetos. Na minha paróquia não há site, blog, nada. Saio muito enriquecido, com muita coisa a fazer. Agora é formar equipe e fazer um plano de ação.
Eu trabalho muito com Twitter e Facebook. Quero procurar me especializar para conseguir ajudar no meio cristão, que não é falar sobre a Igreja, mas dar meu testemunho. E, assim, comunicar a outros a vida cristã que nós temos. É a minha ação em cada momento que propaga o Cristianismo.”
3“O publicitário é sempre muito cobrado
e visto como vendedor. Saber diferenciar e manter a ética, fé no amor e testemunho é bem complicado. Na comunicação cristã, o principal é o testemunho. É preciso estudar e entender a própria fé. A partir disso, você se torna reflexo. Não adianta só publicar imagens de santos na internet e não viver. O viver é testemunho e isso é uma comunicação católica.
É difícil você viver e trabalhar no meio secular e não ser atingido por coisas fora da sua fé. Antes de passar adiante a Palavra e transformar, é preciso ser transformado e viver a Palavra.”
Bruno VictorCampinas (SP)
“O desafio é ‘abrir a cabeça‘ para o sentido da palavra evangelização. Comunicar os valores
do Evangelho, sem necessariamente falar de modo explícito sobre Jesus. É assim que até mesmo pessoas não católicas podem ser evangelizadas, através de valores universais, como solidariedade.
O papel do jovem comunicador é o de estar presente nas mídias digitais, ler o que ali circula, posicionar-se do modo que acha correto. Não é preciso tentar catequizar tudo, mas testemunhar a sua maneira.
Assim, é possível promover a comunhão entre diversas realidades, e isso é uma maneira de trans-formar vidas.”
“A Igreja aposta cada vez mais no potencial do jovem. Ela perdeu muito tempo na comuni-
cação e agora trilha o caminho certo. Acredito que a juventude tem grande espaço nesse sentido e vai projetar muita coisa para a comunicação na nossa Igreja. Esse seminário é um marco para a juven-tude comunicadora da Igreja Católica no Brasil e creio que vai abrir muitas portas e caminhos.
Como estudante de publicidade, quero usar o dom que Deus me deu, a facilidade de criação, para mostrar a beleza da Igreja de modo atrativo. Quando você se dispõe a ser profissional cristão na sua área, você é diferente.”
“Trabalho com comunicação na Pastoral da Juventude. O jovem é muito antenado, ativo,
e a comunicação é essencial, tem que ser mais rápida, direta, objetiva. Não podemos mais nos comunicar como fazíamos na década de 60, 70. O desafio é conseguir fazer uma comunicação que, ao mesmo tempo, leve a mensagem do Evangelho.
A comunicação por ela mesma transforma vidas. O desafio é: de que modo vou influenciar o pensa-mento, que transformação estou provocando?
Quando percebemos a internet como ambien-te, e não ferramenta, percebemos que ainda há muito a se descobrir.”
“Gostei muito do tema do seminário porque não tive
muitas respostas, mas mais ques-tionamentos. Agora saio procu-rando as respostas. Foi muito na linha sobre como comunicar de forma acessível a todos, não só aos já envolvidos na Igreja, mas
aos outros, que estão afastados, também.
As redes sociais são um prolonga-mento da nossa vida cristã. Temos que pensar juntos outras formas de presen-ça, que vão principalmente na linha do testemunho, que transborda natu-ralmente nas redes sociais. Não tem
como dividir a vida off e online. Podemos evangelizar somente se formos coerentes com nossa fé.”
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