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Português, mas pouco Os portugueses são um povo cheio de qualidades, mas com defeitos que o tornam desgraçadamente pouco competitivo num mundo em que a competição se alargou à escala global. Primeiro, estão sempre à espera de que o Estado lhes resolva os problemas. Já Sá Carneiro apelava (sem grandes resultados) à ‘libertação da sociedade civil’. Segundo, habituaram-se a viver à custa do que vem de fora (antes eram os produtos do Império, agora são os subsídios da Europa). Desde os pequenos agricultores do Norte ou do Sul aos grandes empresários, a preocupação com os subsídios é hoje, por vezes, superior à atenção que se presta ao próprio negócio. Terceiro, revelam mais inclinação para criticar do que para fazer. Quantas das pessoas com projecção pública que conhecemos não se distinguem mais por criticar o que os outros fazem do que pela sua obra? Esta maneira de ser levou-nos, como se sabe, à cauda da Europa. Ora, foi exactamente contra esta maneira de ser que se levantou um homem que, só por isso, merece o nosso aplauso. Quando metade do país clamava contra a localização do novo aeroporto na Ota, e a outra metade batia palmas, Francisco Van Zeller não fez uma coisa nem outra. Sem protestar, sem fazer alarido, sem esperar por subsídios, com pezinhos de lã, reuniu vontades e avançou para a encomenda de um estudo alternativo. O que se passou depois mostra que a razão estava do lado dele. Enquanto o Governo teve de enfrentar os protestos dos líderes de opinião, as críticas dos partidos da oposição ou a hostilidade das conversas de café sobre a Ota, pôde fazer orelhas moucas; mas, a partir do momento em que surgiu um estudo alternativo, Sócrates teve de recuar. De facto, desde que Van Zeller manifestou intenção de avançar com o estudo, o que poderia o primeiro- ministro fazer? Impedi-lo? E depois de receber o estudo, o que poderia Sócrates ter feito? Ignorá-lo? Rejeitá-lo, sem o apreciar? A única alternativa era mesmo aceitá-lo. Na forma como actuou neste problema, Van Zeller foi ‘pouco português’. Não entrou no coro de lamentações, não esperou por subsídios, não receou retaliações nem temeu represálias futuras – avançou, simplesmente, em busca de uma alternativa. E, com isto, não conseguiu apenas mostrar independência relativamente ao Governo Ciclo de Estudos 2007/2010 Teste modelo do módulo 5

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Portugus, mas poucoOs portugueses so um povo cheio de qualidades, mas com defeitos que o tornam desgraadamente pouco competitivo num mundo em que a competio se alargou escala global.

Primeiro, esto sempre espera de que o Estado lhes resolva os problemas.

J S Carneiro apelava (sem grandes resultados) libertao da sociedade civil.

Segundo, habituaram-se a viver custa do que vem de fora (antes eram os produtos do Imprio, agora so os subsdios da Europa).

Desde os pequenos agricultores do Norte ou do Sul aos grandes empresrios, a preocupao com os subsdios hoje, por vezes, superior ateno que se presta ao prprio negcio.

Terceiro, revelam mais inclinao para criticar do que para fazer.

Quantas das pessoas com projeco pblica que conhecemos no se distinguem mais por criticar o que os outros fazem do que pela sua obra?

Esta maneira de ser levou-nos, como se sabe, cauda da Europa.

Ora, foi exactamente contra esta maneira de ser que se levantou um homem que, s por isso, merece o nosso aplauso.

Quando metade do pas clamava contra a localizao do novo aeroporto na Ota, e a outra metade batia palmas, Francisco Van Zeller no fez uma coisa nem outra.

Sem protestar, sem fazer alarido, sem esperar por subsdios, com pezinhos de l, reuniu vontades e avanou para a encomenda de um estudo alternativo.

O que se passou depois mostra que a razo estava do lado dele.

Enquanto o Governo teve de enfrentar os protestos dos lderes de opinio, as crticas dos partidos da oposio ou a hostilidade das conversas de caf sobre a Ota, pde fazer orelhas moucas; mas, a partir do momento em que surgiu um estudo alternativo, Scrates teve de recuar.

De facto, desde que Van Zeller manifestou inteno de avanar com o estudo, o que poderia o primeiro-ministro fazer?

Impedi-lo?

E depois de receber o estudo, o que poderia Scrates ter feito?

Ignor-lo?

Rejeit-lo, sem o apreciar?

A nica alternativa era mesmo aceit-lo.

Na forma como actuou neste problema, Van Zeller foi pouco portugus.

No entrou no coro de lamentaes, no esperou por subsdios, no receou retaliaes nem temeu represlias futuras avanou, simplesmente, em busca de uma alternativa.

E, com isto, no conseguiu apenas mostrar independncia relativamente ao Governo conseguiu muito mais: conseguiu forar o Governo a mudar de posio.

Num pas em que habitual os empresrios abrigarem-se sombra do Estado, Van Zeller fez o contrrio: obrigou o Estado a vir ao seu encontro.

Dir-se- que ainda nada est ganho porque o Governo apenas aceitou reavaliar a situao, e no trocar a Ota por Alcochete.

No vejo a questo assim.

A grande vitria de Van Zeller foi essa: obrigar o Governo a reavaliar o assunto.

Porque isto no nenhum Benfica-Sporting.

O que interessa ao pas no que ganhe a Ota ou ganhe Alcochete o que interessa ao pas que se escolha o melhor local.

E isso s ser possvel se se compararem as alternativas que existem e, com iseno, se escolher a mais favorvel.

Apartir de agora, os portugueses podem dormir descansados porque sabem que a comparao vai ser feita, pelo que o local escolhido ser com certeza o melhor.Ningum acredita que o LNEC, por razes obscuras, actue neste assunto de forma capciosa ou menos imparcial.

At porque a deciso final ser to discutida, to esmiuada, to escalpelizada, to comentada por especialistas e no especialistas, que no pode deixar de ser transparente e de se fundar sobre argumentos slidos, capazes de convencer os espritos mais cpticos.

Algum tem dvidas acerca disso?

Jos Antnio Saraiva, in Sol, 30 de Junho de 2007

GRUPO I1. Classifique este texto jornalstico, tendo em conta as tipologias estudadas. Justifique a sua resposta.

2. Identifique o facto que deu origem a este texto de opinio.

3. Delimite a introduo, salientando as informaes mais importantes que podemos retirar da mesma.4. Identifique os principais defeitos do povo portugus apresentados por Jos Antnio Saraiva.

5. Indique, por palavras suas (mas tendo em conta o texto), a consequncia dos defeitos supracitados.

6. Explicite o sentido do ttulo escolhido para este texto.

7. Atravs do recurso aos conectores interfrsicos "Primeiro" , "Segundo" e "Terceiro" , o autor:

a. anuncia uma ideia de causa.

b. organiza as ideias por ordem sequencial.

c. introduz uma concluso a partir da ideia principal.

8. No quinto pargrafo, o autor:

a. recorre exemplificao, concretizando a afirmao feita no pargrafo anterior.

b. utiliza um exemplo para exprimir as suas dvidas.

c. apela ao bom senso dos portugueses.

GRUPO II1. Observe atentamente o seguinte anncio publicitrio e responda correctamente s seguintes questes sobre o anncio apresentado lateralmente:

1.1. Refira as sensaes que a imagem do anncio desperta na sua globalidade, tendo em conta as caractersticas da rapariga, o teclado e o fundo da mesma.1.2. Qual o produto anunciado?

2- Atenta no SLOGAN do anncio.

2.1- Transcreva-o.2.2- A frase do slogan joga com a ambiguidade (duplo significado) de uma palavra. Identifique-a e explique o seu significado.

3 - Leia o texto argumentativo transcrito do anncio:

CORDLESS DESKTOP MX. Sem fios que prendam os movimentos. Um teclado ultra-plano sem fios e com comandos de um s toque para ouvir msica ou navegar na Net. E com um premiado rato ptico MX, recarregvel, que disponibiliza preciso e eficincia sem comparao. Esto destinados a ligar-se a si - sem fios.

www.logitech.com

3.1- Identifique duas qualidades do produto apresentadas como argumentos para a sua aquisio.

3.2 - Proceda ao levantamento de dois nomes abstractos presentes no texto argumentativo, que se liguem qualidade do produto anunciado.

4- Trata-se de uma publicidade comercial ou formativa? Justifique.GRUPO III1. Seleccione uma das imagens e redija, a partir de um tema sugerido pela mesma, uma crnica de 150 a 200 palavras

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