tese vias evacuação

150
(4 linhas em branco) VIAS DE EVACUAÇÃO EM SCIE Aplicabilidade, evolução e tendências (3 ou 4 linhas em branco) PEDRO MANUEL MENDES CERQUEIRA (3 linhas em branco) Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS (2 linhas em branco) Professor Eng.º João Lopes Porto ( JANEIRO DE 2010

Upload: landomagalhaes

Post on 11-Jan-2016

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

vias de evacuação_tese

TRANSCRIPT

  • (4 linhas em branco)

    VIAS DE EVACUAO EM SCIE Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    (3 ou 4 linhas em branco)

    PEDRO MANUEL MENDES CERQUEIRA (3 linhas em branco)

    Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES CIVIS

    (2 linhas em branco)

    Professor Eng. Joo Lopes Porto

    ( JANEIRO DE 2010

  • (4 linhas em branco)

    VIAS DE EVACUAO EM SCIE Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    (3 ou 4 linhas em branco)

    PEDRO MANUEL MENDES CERQUEIRA (3 linhas em branco)

    Dissertao submetida para satisfao parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAO EM CONSTRUES CIVIS

    (2 linhas em branco)

    Professor Eng. Joo Lopes Porto

    ( JANEIRO DE 2010

  • MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2009/2010 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Tel. +351-22-508 1901

    Fax +351-22-508 1446 [email protected]

    Editado por

    FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO Rua Dr. Roberto Frias 4200-465 PORTO Portugal Tel. +351-22-508 1400 Fax +351-22-508 1440

    [email protected] http://www.fe.up.pt

    Reprodues parciais deste documento sero autorizadas na condio que seja mencionado o Autor e feita referncia a Mestrado Integrado em Engenharia Civil - 2009/2010 - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2009.

    As opinies e informaes includas neste documento representam unicamente o ponto de vista do respectivo Autor, no podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade legal ou outra em relao a erros ou omisses que possam existir.

    Este documento foi produzido a partir de verso electrnica fornecida pelo respectivo Autor.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    i

    AGRADECIMENTOS Expressa-se um profundo sentimento de gratido ao Professor Eng. Joo Lopes Porto cuja disponibilidade e conhecimento em muito contriburam para o enriquecimento pessoal, profissional e valorizao da dissertao.

    Agradece-se tambm JFA Engenharia, Jos Ferraz & Associados Servios de Engenharia e Consultoria, Lda. que facilitou o projecto abordado durante este trabalho e ao Eng. Joo Pedro Gomes Fernandes que mediou o processo.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    ii

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    iii

    RESUMO Com este trabalho pretende-se aprofundar o conhecimento da nova regulamentao de Segurana Contra Incndio em Edifcios (SCIE), especificamente na rea da Evacuao de Edifcios, bem como de outros documentos de carcter tcnico, sobre o mesmo tema.

    Assim, aps a introduo e a abordagem terica ao tema, ser ainda feito o enquadramento regulamentar da evacuao e a caracterizao dos meios e equipamentos existentes no mercado relativos a essa matria.

    Posteriormente, realizar-se- a aplicao prtica do regulamento em vigor a um projecto e o confronto com a aplicao da antiga regulamentao. Ser tambm abordado um mtodo prtico para a determinao de tempos de percurso, o Mtodo de Nelson e MacLennan.

    Em consequncia dos resultados e das alteraes constatadas, procurar-se- caracterizar a evoluo de vrios aspectos sobre Evacuao como legislao, aplicabilidade, meios e mtodos.

    PALAVRAS-CHAVE: evacuao, regulamentao, equipamentos, confronto, evoluo.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    iv

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    v

    ABSTRACT The purpose of this paper is to extend the knowledge of the new security regulation against fire in buildings, specifically in the area of buildings evacuation, as well as of other technical documents on the same theme.

    Thus, having presented the theme and a theoretical approach, a characterization of the evacuations regulation, and of the existing market materials and equipment relative to that matter will be done.

    After that, the current regulation will be put to practice and confronted with the previous one. A practical method will also be used to determine route times, the Nelson and MacLennan Method.

    In consequence of the results and the observed changes, there will be an attempt to characterize the evolution of several aspects about evacuation like legislation, applicability, ways and methods.

    KEYWORDS: evacuation, regulation, equipment, confront, evolution.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    vi

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    vii

    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... i

    RESUMO ................................................................................................................................. iii

    ABSTRACT ............................................................................................................................................... v

    1. GENERALIDADES ......................................................................................................... 1 1.1. INTRODUO .................................................................................................................................... 1 1.2. FENMENO DO FOGO ....................................................................................................................... 1 1.2.1. INTRODUO E CARACTERIZAO DA COMBUSTO ............................................................................. 1

    1.2.2. TEMPERATURAS CARACTERSTICAS E LIMITES DE INFLAMABILIDADE .................................................... 4

    1.2.3. O TRINGULO E O TETRAEDRO DO FOGO E AS CLASSES DE FOGO ...................................................... 4

    1.3. PROPAGAO DO FOGO E AS CONSEQUNCIAS DOS INCNDIOS ................................................ 6

    2. EVACUAO .................................................................................................................... 11 2.1. INTRODUO EVACUAO ........................................................................................................ 11 2.1. COMPORTAMENTO E MOVIMENTO DAS PESSOAS ........................................................................ 11 2.2.1. COMPORTAMENTO DAS PESSOAS ..................................................................................................... 11

    2.2.2. A INFLUNCIA DO FUMO .................................................................................................................. 13

    2.2.3. PRINCPIOS DO MOVIMENTO DE PESSOAS ........................................................................................ 14

    2.2.4. DETERMINAO DE TEMPOS DE PERCURSO ..................................................................................... 17

    2.3. CONSIDERAES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DOS CAMINHOS DE EVACUAO .................. 21

    3. ENQUADRAMENTO REGULAMENTAR ................................................ 23 3.1. INTRODUO .................................................................................................................................. 23 3.2. DECRETO-LEI N 220/2008, DE 12 DE NOVEMBRO REGIME JURDICO DE SCIE ................... 27 3.2.1. INTRODUO AO DECRETO-LEI ........................................................................................................ 27

    3.2.2. CAPTULO I DISPOSIES GERAIS ................................................................................................. 27

    3.2.3. CAPTULO II CARACTERIZAO DOS EDIFICIOS E RECINTOS ............................................................ 28

    3.2.4. CAPTULO III, IV E V CONDIES DE SCIE, PROCESSO CONTRA-ORDENACIONAL E DISPOSIES FINAIS E TRANSITORIAS ............................................................................................................................. 32

    3.3. PORTARIA N 1532/2008, DE 29 DE DEZEMBRO REGULAMENTO TCNICO DE SCIE ........... 32

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    viii

    3.3.1. INTRODUO PORTARIA ............................................................................................................... 32

    3.3.2. TTULO III ....................................................................................................................................... 32

    3.3.3. TTULO IV CONDIES GERAIS DE EVACUAO ............................................................................ 35

    3.3.3.1. Disposies Gerais ................................................................................................................... 36

    3.3.3.2. Evacuao dos Locais .............................................................................................................. 38

    3.3.3.3. Vias Horizontais de Evacuao ................................................................................................ 41

    3.3.3.4. Vias Verticais de Evacuao .................................................................................................... 42

    3.3.3.5. Zonas de Refgio ..................................................................................................................... 44

    3.3.4. TTULO VI ...................................................................................................................................... 44

    3.3.4.1. Sinalizao ............................................................................................................................... 44

    3.3.4.2. Iluminao de emergncia ....................................................................................................... 45

    3.3.4.3. Deteco, alarme e alerta ........................................................................................................ 46

    3.3.4.4. Controlo de fumo ...................................................................................................................... 47

    3.4. ANLISE DA ANTIGA E ACTUAL REGULAMENTAO ................................................................... 49

    4. EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE SEGURANA .................... 51 4.1. INTRODUO ................................................................................................................................. 51 4.2. SINALIZAO ................................................................................................................................. 52 4.3. ILUMINAO DE EMERGNCIA ..................................................................................................... 57 4.4. DETECO, ALARME E ALERTA .................................................................................................. 63 4.5. PREOS DOS PRODUTOS RELATIVOS EVACUAO ............................................................... 66

    5. APLICAO EM PROJECTO .......................................................................... 69 5.1. INTRODUO AO PROJECTO ........................................................................................................ 69 5.2. APLICAO DA NOVA REGULAMENTAO ................................................................................. 70 5.2.1. CLASSIFICAO DO EDIFCIO SEGUNDO O RJ SCIE .......................................................................... 70

    5.2.2. APLICAO DO REGULAMENTO TCNICO DE SCIE ........................................................................... 73

    5.2.2.1. Compartimentao corta-fogo .................................................................................................. 73

    5.2.2.2. Sadas e caminhos de evacuao............................................................................................ 83

    5.2.2.3. Iluminao ................................................................................................................................ 89

    5.2.2.4. Adequao do efectivo calculado pelos RT SCIE .................................................................... 90

    5.3. APLICAO DA ANTIGA REGULAMENTAO .............................................................................. 90 5.3.1. CLASSIFICAO DO EDIFCIO, DOS LOCAIS DE RISCO E DETERMINAO DO NMERO DE OCUPANTES ... 90

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    ix

    5.3.2. COMPARTIMENTAO E CAMINHOS DE EVACUAO ........................................................................... 92

    5.3.3. ILUMINAO E NORMAS DE SCIE A OBSERVAR NA EXPLORAO DE ESTABELECIMENTOS ESCOLARES.. 96

    5.4. MTODO DE NELSON E MACLENNAN DETERMINAO DE TEMPOS DE PERCURSO .............. 97

    6. CONCLUSO .................................................................................................................. 103 6.1. PERSPECTIVA GLOBAL ............................................................................................................... 103 6.2. REFLEXO FINAL ......................................................................................................................... 104

    BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 107

    A.1. PROJECTO DA ESCOLA EB1/JARDIM DE INFNCIA DE REBORDOSA ...................................... 112 A.2. DISPOSIO DOS BLOCOS AUTNOMOS DA ILUMINAO DE BALIZAGEM E CIRCULAO .... 123

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    x

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xi

    NDICE DE FIGURAS

    Fig.1.1 Combusto ................................................................................................................................... 2

    Fig.1.2 Tringulo do fogo ........................................................................................................................... 4

    Fig.1.3 Tetraedro do fogo .......................................................................................................................... 5

    Fig.1.4 Desenvolvimento de um incndio .................................................................................................... 6

    Fig.1.5 Curva de incndio normalizada ISO temperatura-tempo .................................................................... 7

    Fig.1.6 Propagao do incndio entre pisos sobrepostos ............................................................................. 9

    Fig.2.1 Fenmeno de arco junto aos vos ................................................................................................. 16 Fig.2.2 Evoluo do fluxo ao longo do tempo ............................................................................................ 17

    Fig.2.3 Largura efectiva de um caminho de evacuao .............................................................................. 18

    Fig.3.1 Heterogeneidade do desenvolvimento da antiga regulamentao ..................................................... 24

    Fig.3.2 Hipteses de ocupao ................................................................................................................ 25

    Fig.3.3 UT s da ocupao ....................................................................................................................... 25

    Fig.3.4 Diferena entre a antiga e a actual regulamentao ........................................................................ 26

    Fig.3.5 Quadro II do Anexo IV do Decreto-lei 220/2008 .............................................................................. 30

    Fig.3.6 Quadro VI do Anexo III do Decreto-lei 220/2008 ............................................................................. 31

    Fig.3.7 Quadro XI, Artigo 18 da Portaria n1532/2008 ............................................................................... 33

    Fig.3.8 Quadro XIX, Artigo 18 da Portaria n1532/2008 ............................................................................. 34

    Fig.3.9 Quadro XXIII, Artigo 39 da Portaria n1532/2008 ........................................................................... 35

    Fig.3.10 Quadro XXIV, Artigo 40 da Portaria n1532/2008 ......................................................................... 35

    Fig.3.11 Quadro XXV, Artigo 41 da Portaria n1532/2008 .......................................................................... 35

    Fig.3.12 Quadro XXVI, Artigo 51 da Portaria n1532/2008 ......................................................................... 36

    Fig.3.13 Quadro XXVII, Artigo 51 da Portaria n1532/2008 ........................................................................ 37

    Fig.3.14 Quadro XXVIII, Artigo 51 da Portaria n1532/2008 ....................................................................... 38

    Fig.3.15 Quadro XXIX, Artigo 54 da Portaria n1532/2008 ......................................................................... 38

    Fig.3.16 Quadro XXX, Artigo 54 da Portaria n1532/2008 .......................................................................... 39

    Fig.3.17 Quadro XXXI, Artigo 56 da Portaria n1532/2008 ......................................................................... 40

    Fig.3.18 Quadro XXXII, Artigo 56 da Portaria n1532/2008 ........................................................................ 40

    Fig.3.19 Distncias mximas a percorrer em vias verticais de evacuao .................................................... 43

    Fig.3.20 Alguns locais de colocao de dispositivos de iluminao .............................................................. 46

    Fig.3.21 Controlo de fumo por desenfumagem passiva nas vias horizontais de evacuao ............................ 48

    Fig.3.22 Controlo de fumo por desenfumagem activa nas vias horizontais de evacuao .............................. 48

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xii

    Fig.4.1 Objectivos da iluminao de emergncia ....................................................................................... 52 Fig.4.2 Sinaltica de combate a incndios ................................................................................................ 53

    Fig.4.3 Dimenses das placas no mercado .............................................................................................. 54

    Fig.4.4 Sinaltica de emergncia ............................................................................................................. 55

    Fig.4.5 Sinaltica de informao .............................................................................................................. 55

    Fig.4.6 Sinaltica de perigo ..................................................................................................................... 55

    Fig.4.7 Planta de Emergncia, com a respectiva sinaltica ........................................................................ 56

    Fig.4.8 Planta de Emergncia para quartos .............................................................................................. 56

    Fig.4.9 Exemplo de iluminao ambiente ................................................................................................. 57

    Fig.4.10 Esquema de iluminao tpico .................................................................................................... 58

    Fig.4.11 Esquema de iluminao com inibio de emergncia ................................................................... 58

    Fig.4.12 Exemplo de telecomando ........................................................................................................... 58

    Fig.4.13 Exemplo de bloco autnomo ...................................................................................................... 59

    Fig.4.14 Dimenses do bloco autnomo Luxa ........................................................................................... 59

    Fig.4.15 Caractersticas do bloco autnomo Luxa ..................................................................................... 59

    Fig.4.16 Modos de colocao do bloco autnomo Luxa ............................................................................. 60

    Fig.4.17 Iluminao garantida pelo bloco autnomo Luxa .......................................................................... 60

    Fig.4.18 Exemplo de difusor .................................................................................................................... 61

    Fig.4.19 Dimenses difusor Quick Signal ................................................................................................. 61

    Fig.4.20 Caractersticas do difusor Quick Signal ....................................................................................... 61

    Fig.4.21 Modos de colocao do difusor Quick Signal ............................................................................... 62

    Fig.4.22 Alguma sinalizao que pode ilustrar o difusor ............................................................................. 62

    Fig.4.23 Esquema de sistema centralizado ............................................................................................... 63

    Fig.4.24 Exemplo de fonte de alimentao ............................................................................................... 63

    Fig.4.25 Detector de incndio TELETEK M40 ........................................................................................... 64

    Fig.4.26 Outros detectores de incndio .................................................................................................... 65

    Fig.4.27 Alguns tipos de botoneiras convencionais .................................................................................... 65

    Fig.4.28 Exemplo de sirenes interiores ..................................................................................................... 66

    Fig.4.29 Variao do preo dos produtos ................................................................................................. 67

    Fig.5.1 Aspecto da futura escola ............................................................................................................. 70

    Fig.5.2 Localizao do pormenor presente na figura Fig.5.3, 1 Andar ........................................................ 74

    Fig.5.3 Pormenor do projecto, 1 Andar .................................................................................................... 74 Fig.5.4 Localizao dos pormenores presentes nas figuras Fig.5.6 Fig.5.8, R/C ........................................ 75

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xiii

    Fig.5.5 Pormenor 1 do projecto, R/C ......................................................................................................... 75 Fig.5.6 Pormenor 2 do projecto, R/C ......................................................................................................... 76 Fig.5.7 Pormenor 3 do projecto, R/C ......................................................................................................... 76 Fig.5.8 Identificao das escadas ............................................................................................................. 77

    Fig.5.9 Compartimentao da escada E1, R/C, antes (em cima) e depois (em baixo) .................................... 78 Fig.5.10 Compartimentao da escada E2, R/C, antes (em cima) e depois (em baixo) .................................. 79 Fig.5.11 Compartimentao da escada E3, R/C, antes (em cima) e depois (em baixo) .................................. 80 Fig.5.12 Compartimentao da escada E1, 1 Andar, antes (em cima) e depois (em baixo) ........................... 81 Fig.5.13 Compartimentao da escada E2, 1 Andar, antes (em cima) e depois (em baixo) ........................... 82 Fig.5.14 Compartimentao da escada E3, 1 Andar, antes (em cima) e depois (em baixo) ........................... 83 Fig.5.15 Caminhos de evacuao propostos para o 1 andar ...................................................................... 84

    Fig.5.16 Caminhos de evacuao propostos para o R/C............................................................................. 85

    Fig.5.17 Distribuio do efectivo, 1 andar................................................................................................. 86

    Fig.5.18 Distribuio do efectivo, R/C ....................................................................................................... 87

    Fig.5.19 Pormenor do projecto, R/C.......................................................................................................... 88 Fig.5.20 Pormenor do projecto, 1 Andar................................................................................................... 89 Fig.5.21 Pormenor da escada em anlise, corte ........................................................................................ 89

    Fig.5.22 Quadro do Art. 7 do RSIEE ........................................................................................................ 91

    Fig.5.23 Pormenor do R/C, corredor que serve a rea do 1 ciclo ................................................................ 93

    Fig.5.24 Efectivo e caminhos de evacuao do 1 Andar ............................................................................ 94

    Fig.5.25 Efectivo e caminhos de evacuao do R/C ................................................................................... 94

    Fig.5.26 Sadas a aumentar de largura ..................................................................................................... 96

    Fig.5.27 Disposio dos percursos e efectivo do 1 Andar .......................................................................... 98

    Fig.5.28 Disposio dos percursos e efectivo do R/C ................................................................................. 98

    Fig.6.1 Tringulo da evacuao ............................................................................................................. 105

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xiv

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xv

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 2.1 Valores para a camada limite.................................................................................................. 19

    Quadro 2.2 Valores de k para diferentes tipos de circulaes ..................................................................... 19

    Quadro 2.3 Valores mximos do Fluxo especfico ...................................................................................... 20

    Quadro 4.1 Valores de Luminncia e Tempo de atenuao para as placas de sinalizao ............................ 53

    Quadro 5.1 rea bruta do edifcio ............................................................................................................. 70 Quadro 5.2 reas dos compartimentos administrativos .............................................................................. 71 Quadro 5.3 Efectivo das salas de reunio e rea da biblioteca .................................................................... 71

    Quadro 5.4 Efectivo do 1 Andar .............................................................................................................. 72

    Quadro 5.5 Efectivo do R/C ..................................................................................................................... 73

    Quadro 5.6 Efectivos do edifcio ............................................................................................................... 73

    Quadro 5.7 UP das sadas das salas de maior efectivo .............................................................................. 87

    Quadro 5.8 Ocupantes do 1 Piso ............................................................................................................ 91

    Quadro 5.9 Ocupantes do R/C ................................................................................................................. 92

    Quadro 5.10 Isolamento e Proteco dos locais de risco ............................................................................ 92

    Quadro 5.11 Proteco das vias do edifcio ............................................................................................... 92

    Quadro 5.12 Valores para a definio da largura das vias verticais de evacuao ........................................ 95

    Quadro 5.13 Clculo dos tempos de percurso, R/C .................................................................................... 99

    Quadro 5.14 Clculo dos tempos de percurso, 1 andar ........................................................................... 100

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xvi

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xvii

    SMBOLOS E ABREVIATURAS (ORDENADOS POR ORDEM ALFABTICA)

    A - rea das placas de sinalizao [m2] Cs - coeficiente de extino [lux/m] d - densidade [pessoas/m2] d - distncia mnima a que as placas de sinalizao devem ser vistas [m] (3.1) Ef - coeficiente de eficincia

    Fe - fluxo especfico [pessoas/(s.m)] Fr - factor de reduo da velocidade em funo do coeficiente de extino

    Ft - fluxo Total [pessoas/s] I - intensidade da luz transmitida [lux] I0 - intensidade da luz incidente [lux] k - constante do Mtodo de Nelson-MacLennan

    L - comprimento de onda da luz [m] l - largura [m] Le - largura efectiva do caminho de evacuao [m] P - pessoas

    p - pessoas por metro de largura efectiva das escadas

    T - temperatura do compartimento [C] (1.1) T tempo de percurso [minutos] (2.8 e 2.9) T - tempo calculado atravs de um mtodo de clculo (2.10) T - tempo necessrio para que um grupo de pessoas atravesse um vo [s] (2.14 e 2.15) t tempo [minutos] Tr - tempo real de evacuao

    T0 temperatura inicial do compartimento [C] v - velocidade [m/s] constante do Mtodo de Nelson-MacLennan

    ANET Associao Nacional dos Engenheiros Tcnicos

    ANMP Associao Nacional de Municpios Portugueses

    ANPC Autoridade Nacional de Proteco Civil

    APSEI Associao Portuguesa de Segurana Electrnica e Proteco contra Incndios

    BRS - Buildind Research Establishment

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    xviii

    CHC Comunicao Horizontal Comum

    DS Delegado de Segurana

    InCI Instituto da Construo e do Imobilirio

    LNEC Laboratrio Nacional de Engenharia Civil

    OA Ordem dos Arquitectos

    OE Ordem dos Engenheiros

    PVC Policloreto de vinil

    RGEU Regime Geral das Edificaes Urbanas

    RJ SCIE Regime Jurdico de Segurana Contra Incndio em Edifcios

    RS Responsvel pela Segurana

    RSIEE Regulamento de Segurana contra Incndio em Edifcios Escolares

    RT SCIE Regulamento Tcnico de Segurana Contra Incndio em Edifcios

    R/C Rs-do-Cho

    SCIE Segurana Contra Incndio em Edifcios

    UP Unidade de passagem

    UT Utilizao-tipo

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    1

    1 GENERALIDADES

    1.1. INTRODUO Este trabalho surge no mbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, depois da opo pelo Ramo de Construes Civis, no qual a unidade curricular Segurana Contra Incndio em Edifcios foi uma das preferncias entre as vrias optativas. O interesse pela referida cadeira culmina com a realizao desta dissertao.

    Os objectivos propostos so os referidos sucintamente no Resumo e passam pelo aprofundamento do conhecimento sobre o tema, atravs da leitura de bibliografia vria e sobre os novos Regime Jurdico e Regulamento Tcnico de SCIE. Parte importante ser a aplicao prtica da regulamentao em vigor e da anterior, bem como do Mtodo de Nelson e MacLennan a um projecto real, o que vai permitir ganhar experincia na realizao de um Projecto de SCIE e verificar a evoluo da legislao e o modo como a Evacuao tem sido abordada ao longo do tempo.

    Desta forma, a dissertao dividir-se- em seis Captulos. Ao longo do primeiro ser feita a introduo ao trabalho e ao fenmeno do fogo. No segundo Captulo, abordar-se- a evacuao e ser caracterizado o movimento de pessoas. O enquadramento regulamentar da evacuao ser referido no terceiro Captulo e a descrio dos equipamentos e solues tcnicas relativas mesma apresentada no Captulo seguinte. Posteriormente, no quinto Captulo, ser feita a aplicao prtica da regulamentao em vigor, bem como da anterior, e do mtodo anteriormente descrito a um projecto real. Assim, teremos a possibilidade de comparar critrios, conseguindo da mesma forma ficar a par das novas exigncias regulamentares. Por fim, ter lugar a compilao de todas as observaes significativas e eventuais reparos, sob a forma de Concluso.

    1.2. FENMENO DO FOGO 1.2.1. INTRODUO E CARACTERIZAO DA COMBUSTO

    O domnio do fogo foi um passo extremamente importante para o Homem. Se o domnio sobre este fenmeno qumico se perde na Histria, podemos recordar a importncia que lhe atribuda pelos nossos antepassados, que o consideravam algo divino. No conto mitolgico grego de Prometeu, este rouba o fogo aos Deuses para o proveito do Homem.

    No entanto, devido natureza do fogo, cedo o Homem tambm teve de se precaver dos seus efeitos nefastos. As primeiras medidas de segurana na Europa remontam poca do Imperador Romano Augusto, em 6 A.C., que extingue os Triumviri Nocturni, grupo privado ineficaz e cria corporaes, as Cohortes Vigilum, semelhana de um corpo que quela poca tambm actuava na cidade de

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    2

    Alexandria, Egipto. Os membros desta Corporao tinham a alcunha de Spartoli, homens do balde [1]. Em Portugal a primeira referncia a uma tentativa de organizar um servio de incndios surge em 1395, com a publicao de uma Carta Rgia de D. Joo I que descreve o comportamento a ter pela populao em caso de fogo. Segundo esta, quando se declare um incndio tem de acorrer ao local os carpinteiros e calafates, equipados dos seus machados, de modo a control-lo; e todas as mulheres que vierem acudir devem trazer com elas o seu cntaro ou pote, de modo a ajudar na sua extino [2]. Muito posteriormente foi possvel caracterizar o fenmeno da combusto e actualmente a problemtica que o envolve tem um carcter mais preventivo, existindo sempre o princpio da salvaguarda da vida humana; e, depois desta, do patrimnio.

    A combusto no mais do que uma reaco qumica de oxidao. Trata-se de uma reaco exotrmica, na qual se combinam matria redutora (combustvel) e um oxidante (comburente); e que para ocorrer necessita de um terceiro elemento, energia. Na Fig.1.1 ilustra-se uma reaco de combusto.

    Fig.1.1 Combusto

    A esta energia que tem de ser fornecida d-se o nome de energia de activao. A reaco diz-se exotrmica porque, com a combinao dos reagentes, se origina tambm uma libertao de energia para o exterior, normalmente sob a forma de calor e de radiao luminosa, quando a energia libertada suficientemente elevada.

    Existem muitos tipos de comburentes como o Cloro (Cl2), o cido ntrico (HNO3) ou o permanganato de sdio (NaMnO4), sendo o oxignio o mais vulgar. Dado que a combusto uma reaco exotrmica, h que ter em ateno tambm produtos que na sua composio tem oxignio e que, sendo estveis temperatura ambiente, se decompe libertando este, quando expostos a uma temperatura mais elevada. Este aparte ser melhor compreendido quando se introduzir o Tetraedro do fogo.

    Os combustveis so inmeros, importando nestes o estado fsico e a sua apresentao. Combustveis no estado gasoso ardem sob a forma de chama, de difuso, formada pela disperso da matria gasosa combustvel numa zona rica em oxignio ou mvel, associada a uma grande velocidade de combusto. Num lquido, a combusto inicia-se tambm sob a forma de gs, quando o liquido se vaporiza aps receber energia suficiente e se mistura com o comburente, dando origem a chama. Nos slidos podem ocorrer um dos trs processos seguintes: d-se a pirlise (decomposio qumica de uma substancia por aquecimento a temperatura elevada e sem reaco com o oxignio, de carcter irreversvel) e os vapores misturados com o comburente do origem chama; o combustvel funde-se e s depois se

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    3

    vaporiza, tal como descrito para os lquidos; uma superfcie do combustvel em contacto com o comburente arde sob a forma de incandescncia ou brasas sem formao de chama. A forma de apresentao importante para os slidos e lquidos, dado que nestes vai existir uma superfcie til de reaco [2]. Expondo-se os vrios intervenientes numa reaco qumica, tm de ser mencionados os catalisadores, agentes que estando presentes na reaco alteram a velocidade da mesma, no sofrendo alteraes aparentes durante o processo. Dizem-se catalisadores positivos ou apenas catalisadores quando aumentam a velocidade da reaco e catalisadores negativos ou inibidores quando diminuem a velocidade de reaco.

    Os produtos da combusto so vrios e vamos nomear primeiro o calor porque este nos introduz um conceito muito importante em SCIE: a Carga de Incndio. Como j havia sido dito, trata-se de uma reaco exotrmica, dando-se a libertao de calor para o meio exterior. Cada material tem a sua prpria capacidade de gerar calor. quantidade de calor que cada material consegue libertar por combusto completa de unidade de massa d-se o nome de Poder Calorfico. Este pode ser descrito como Poder Calorfico Superior, que contabiliza o calor de vaporizao da gua e de outros produtos volteis da combusto, que absorvem energia; e como Poder Calorfico Inferior quando no contabilizado esse calor dos produtos volteis que se libertam. Se multiplicarmos a massa de um combustvel pelo seu poder calorfico obtemos o seu Potencial Calorfico, que traduz a quantidade de energia que esse material pode libertar durante a combusto completa. soma dos potenciais calorficos de todos os materiais combustveis presentes num determinado espao, chamamos Carga de Incndio, um parmetro extremamente importante para avaliar o risco de incndio num determinado espao.

    Outros produtos da reaco so a radiao luminosa e os produtos no volteis, resultantes da transformao da matria, como as cinzas. Para o fim foram deixados os fumos (e aerossis) e os gases de combusto, devido sua importncia em evacuao. O fumo e os aerossis so produtos da combusto volteis e no gasosos. Se por um lado permitem a deteco do incndio, por outro diminuem a visibilidade, dificultando a evacuao, e causam problemas respiratrios. Os gases produzidos numa combusto tambm so nocivos devido sua toxicidade. Os gases resultantes podem ser vrios, em funo dos reagentes presentes, mas os mais comuns so o referido vapor de gua e o dixido e monxido de carbono e os cidos clordrico e ciandrico, estes quatro ltimos so de elevada toxicidade. Este factor aliado fraca visibilidade provocada pelo fumo e porventura algum pnico e desorientao por parte das pessoas presentes num local de incndio, pode conduzir a algo de funesto. A evacuao surge assim como uma das prioridades aquando da deflagrao de um incndio.

    A combusto pode ser de trs tipos. Diz-se lenta quando a temperatura atingida pelo combustvel e pelos produtos de combusto no ultrapassa os 500 C e no existe produo de radiao luminosa. Esta pode estar associada ao mecanismo de combusto espontnea, quando uma combusto lenta num espao mal ventilado pode fazer subir a temperatura de tal maneira que os materiais combustveis nesse espao atinjam o ponto de ignio (ver 1.2.2). Convm acrescentar que, devido a estas caractersticas, as combustes lentas so de difcil deteco.

    Quando se d a emisso de radiao luminosa e a temperatura atingida for superior aos 500 C trata-se de uma combusto viva, mais associada ao termo fogo. Nestas d-se tambm a produo de fumos mais ou menos opacos em funo do combustvel presente, formao de brasas, quando presentes combustveis orgnicos e at a incandescncia em metais.

    Existem tambm casos nos quais a combusto muito viva, motivada por uma pr-mistura de combustvel e comburente, em que a velocidade de propagao das chamas e a produo de gases

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    4

    muito elevada e o aumento do volume da mistura provoca um aumento da presso interior do espao. Neste caso est-se a lidar com uma exploso.

    1.2.2. TEMPERATURAS CARACTERSTICAS E LIMITES DE INFLAMABILIDADE

    Depois de tratarmos da reaco qumica, importa falar tambm de alguns parmetros ligados a ela. Para cada material combustvel existem trs temperaturas caractersticas que designam a temperatura mnima para a qual se pode verificar uma reaco de combusto.

    A temperatura de Inflamao, ou ponto de inflamao, a temperatura mnima a que tem lugar a inflamao do material, quando activado por uma fonte de energia. Quando se retira essa fonte de energia a reaco cessa.

    A temperatura ou ponto de Combusto aquela qual se d a inflamao por aco de uma fonte de energia na qual se d uma reaco continua que continua mesmo depois de retirado a fonte de energia inicial.

    A temperatura ou ponto de Ignio aquela a partir da qual se d a combusto espontnea dos materiais, isto , no necessria qualquer fonte de energia exterior para se dar a reaco.

    A reaco de combusto tambm s possvel se a mistura gasosa entre o combustvel e o comburente estiver dentro de certos limites. Se a presena de pequenas quantidades de combustvel no permite a ocorrncia de reaco, o excesso deste tambm no. Aos limites para estas concentraes de combustvel e comburente d-se o nome de Limites de Inflamabilidade ou de Explosividade. Ao limite superior da concentrao de combustvel no ar que permite a ocorrncia de reaco d-se o nome de Limite Superior de Inflamabilidade. O Limite Inferior de Inflamabilidade o valor mais baixo da concentrao de combustvel no ar, em volume, que ainda permite que a reaco de combusto ocorra.

    1.2.3. O TRINGULO E O TETRAEDRO DO FOGO E AS CLASSES DE FOGO

    Como vimos em 1.2.1, para que uma reaco de combusto, ou fogo, ocorra tem de estar presentes trs componentes: o combustvel, o comburente a energia de activao. a associao destes trs elementos que forma o Tringulo do fogo. A figura Fig.1.2 simboliza a unio dos trs componentes e o inicio da reaco ou inflamao.

    Fig.1.2 Tringulo do fogo.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    5

    A descrio anterior demasiado elementar, pois no tem em conta o carcter contnuo da reaco. O fogo pode-se desenvolver de forma descontrolada, quer no tempo, quer no espao. Uma vez iniciada a combusto a prpria energia libertada poder funcionar como energia de activao necessria para que outras molculas se incluam na reaco. O Tetraedro do fogo (Fig.1.3) pega no conceito do Tringulo descrito acima e introduz o carcter auto-suportvel do fogo, a possibilidade de uma reaco em cadeia. Assim, os quatro elementos que o compem so o Combustvel, o Comburente, a Energia de Activao e a Reaco em cadeia.

    Fig.1.3 Tetraedro do fogo

    Em funo da natureza do material combustvel, os fogos podem ser classificados em quatro classes. Segundo a norma portuguesa NP EN2 (1993):

    Classe A fogos que resultam da combusto de materiais slidos, em geral de natureza orgnica (por exemplo madeira ou txteis), a qual se d normalmente com formao de brasas;

    Classe B fogos que resultam da combusto de lquidos (por exemplo gasolina ou teres) ou de slidos liquidificveis, isto , que fundem antes de arder (por exemplo ceras e pez). No se d a formao de brasas;

    Classe C fogos que resultam da combusto de gases (por exemplo butano ou acetileno); Classe D fogos que resultam da combusto de metais (por exemplo alumnio e

    magnsio) e alguns tipos de plsticos. Apesar de no constar da normalizao, pode considerar-se ainda outro caso de fogos, os que envolvem riscos elctricos [3].

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    6

    1.3. PROPAGAO DO FOGO E AS CONSEQUNCIAS DOS INCNDIOS Quando um fogo se propaga descontroladamente tanto no espao como no tempo denomina-se por Incndio.

    A propagao do incndio ao longo de um espao est estreitamente ligada aos processos de transferncia de calor. Esta processa-se por conduo, conveco e radiao. A conduo caracterizada por uma transferncia de energia atravs de um meio slido, por contacto ou aquecimento, no sentido das temperaturas mais altas para as mais baixas, de acordo com a lei de Fourier. Durante esta transferncia de calor no existe qualquer movimento de matria. A capacidade de conduo dos materiais representada pela sua condutibilidade trmica (), quantidade de calor que atravessa perpendicularmente um elemento de rea e espessura unitria por unidade de tempo, quando entre as duas faces se verifica uma diferena unitria de temperatura [3]. A Conveco caracterstica dos fluidos, resultando do movimento a que estes ficam sujeitos quando aquecidos, transmitindo esse calor. Aquando de um incndio a propagao dos gases de combusto a elevadas temperaturas pode originar o aquecimento de materiais em pontos bastante afastados do espao inicial de deflagrao. A radiao uma forma de transferncia de energia que no necessita de nenhum suporte fsico nem de movimento material. A radiao electromagntica emitida por um corpo, fruto da transformao termodinmica do calor superfcie deste, difunde-se at superfcie de outro corpo e a parte dela reflectida, parte transmitida e parte absorvida, gerando calor. Esta forma de transmisso de calor frequentemente responsvel por grande parte da propagao de um incndio.

    So vrios os factores que podem alterar a evoluo de um incndio, desde a fase inicial at a uma possvel combusto generalizada. Desses destacam-se:

    A natureza, forma e distribuio do combustvel; Disponibilidade de comburente; Geometria e ventilao do espao; Disposio espacial e natureza da compartimentao do espao. Condies atmosfricas.

    No entanto, quando deixado evoluir naturalmente, um incndio passa por vrias fases, segundo uma curva terica.

    Fig.1.4 Desenvolvimento de um incndio

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    7

    O incndio inicia-se com a ignio; se as condies acima descritas o permitirem, d-se a produo da chama. Se as condies continuarem favorveis, a reaco em cadeia descrita no tetraedro do fogo tem lugar e inicia-se a fase de propagao. A acumulao de gases ainda combustveis, produtos da combusto, junto ao tecto do compartimento pode dar origem a um fenmeno pouco frequente, mas associado combusto, o flashover. Com o aumento da temperatura, esses gases reacendem-se, envolvendo todo o compartimento na reaco. O flashover s ocorre em compartimentos fechados, nos quais no se d a evacuao dos gases. Ocorre ento a fase de combusto generalizada. D-se uma elevao muito rpida da temperatura devido entrada em simultneo da totalidade do combustvel na reaco. A partir daqui, como se pode verificar na curva, o incndio entra num regime estacionrio, a fase de combusto contnua. Com a diminuio de combustvel, consumido durante toda a reaco a intensidade do incndio diminui, a fase do declnio.

    Se, aps a ignio, a concentrao de comburente for inferior ao limite mnimo, devido por exemplo substituio do oxignio por gases de combusto, o incndio entra em asfixia. Neste caso o incndio extingue-se antes de se dar o consumo total de material combustvel.

    A curva representada na Fig.1.4 uma curva emprica; no entanto a necessidade de um padro a usar em ensaios levou criao de uma curva modelo. A curva normalizada ISO 834 de temperatura-tempo a usada nas normas europeias e nos ensaios do LNEC para definir as classes de resistncia ao fogo. Esta traduz-se na expresso:

    ( )18log3450 += tTT (1.1)

    Nesta expresso T representa a temperatura, em C, do compartimento, T0 a temperatura inicial, em C, do compartimento e t o tempo, em minutos. A aparncia da curva a mostrada na Fig.1.5.

    Fig.1.5 Curva de incndio normalizada ISO temperatura-tempo

    A propagao de um incndio num edifcio deve-se aos j mencionados mecanismos de transferncia do calor. Pode ocorrer vertical e horizontalmente, devido radiao das chamas, conveco dos gases a temperaturas elevadas, que podem sair atravs de aberturas do compartimento onde o fogo se inicia

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    8

    e, por conduo, atravs dos elementos construtivos. Por norma, a propagao d-se no sentido vertical devido conveco: a densidade dos gases quentes menor do que a densidade do ar, criando-se um movimento ascensional.

    As aberturas so assim preponderantes para o desenvolvimento do incndio. O aumento das presses no compartimento, devido reaco de combusto e libertao dos gases, pode fazer com que os envidraados partam, dando-se uma oxigenao do espao que favorece a reaco e diminui a possibilidade de ocorrncia de asfixia do incndio. A inexistncia de envidraados tambm pode levar propagao ao exterior, meio natural ou outros edifcios, por causa de falhas ou da chama que ento atravessam a abertura.

    A natureza da compartimentao tambm importante. Por exemplo, um incndio com origem junto a uma parede far com que a chama se desenvolva at ao tecto. O que poder levar propagao do incndio aos elementos do piso superior por conduo do calor atravs da laje. O piso poder ser um objecto de propagao mas dificilmente o ser por si s. O seu papel ser o de possibilitar a envolvncia de todo o material combustvel presente. Decisivo ser a maior ou menor abundncia deste no compartimento.

    Para alm do caso genrico existem casos particulares. Para este estudo vamos salientar os mais relevantes. O primeiro o da propagao em Comunicaes horizontais comuns. A probabilidade de o foco de incndio ser numa CHC pequena e por norma aquele j as atinge num estado avanado, atravs de uma porta aberta ou que no resistiu ao fogo. Para se dar o pr-aquecimento dos elementos da CHC basta existir entre esta e o espao a arder uma abertura de pelo menos 10 cm. O primeiro elemento da CHC a ser sujeito a altas temperaturas o tecto, devido aos gases quentes. De seguida, em consequncia da transferncia de calor por radiao, entre o tecto e o pavimento, este pode inflamar-se, caso seja combustvel. Se isso acontecer vai dar-se um aumento das temperaturas a que o tecto est sujeito. A classe de reaco ao fogo do revestimento destes dois elementos desempenha um papel preponderante no desenvolvimento do incndio nesses locais [1]. Outros elementos de grande interesse so os ductos das redes tcnicas. Estes percorrem todo o edifcio e se no estiverem devidamente protegidos podem levar a propagao generalizada. So espaos privilegiados para os gases quentes percorrerem em sentido ascendente, mas tambm mediante os ductos horizontais, pois os gases ao encontrar um obstculo superior acumulam-se e comeam a propagar-se num plano horizontal.

    As janelas sobrepostas de dois pisos adjacentes tambm tm um papel importante. Atravs destas o fogo pode passar de um piso para outro superior (Fig.1.6). Quando uma chama atinge uma destas janelas tende a encurvar formando um arco sobre a fachada. Se encontrar outra abertura na extremidade desse arco alastrar para o compartimento a que esta d acesso. Este fenmeno est precavido nos regulamentos que recomendam uma distncia mnima de afastamento entre aberturas sobrepostas. Outra alternativa ser o uso de elementos que funcionem como barreiras tais como varandas ou palas.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    9

    Fig.1.6 Propagao do incndio entre pisos sobrepostos [2]

    Sero tambm as aberturas a permitir a propagao entre edifcios vizinhos. Existem vrios factores a ter em conta nesta situao como as dimenses dos edifcios, das aberturas, nmero de aberturas, natureza dos revestimentos, mas no vale a pena alongar muito este aspecto, dado que j existem ferramentas especficas de modelao que permitem esta simulao e clculo.

    Muito diferente da propagao em edifcios de habitao a propagao em pavilhes industriais e centros comerciais. Caractersticas diferentes como o maior p direito, maior rea de implantao e maiores aberturas que permitem uma maior oxigenao do espao levam o fogo a desenvolver-se de outra maneira. Nestes a propagao d-se maioritariamente atravs dos materiais e no dos elementos de compartimentao. Por norma, o fogo desenvolve-se no cimo das pilhas de armazenagem ou de exposio de produtos e propaga-se ao longo das superfcies superiores, para depois se desenvolver para a parte inferior [3]. Este evoluir descontrolado do fogo no espao e no tempo traz consequncias por vezes trgicas. Segundo o Manual de SCIE da Escola Nacional de Bombeiros, as consequncias dividem-se em quatro grupos. O mais facilmente identificvel o dos prejuzos materiais, associado ao consumo dos materiais combustveis presentes no local de incndio. Prende-se com a destruio, total e/ou parcial do contedo e dos prprios espaos. O segundo refere-se aos danos ambientais, provocados pela emisso de gases e fumo lanados na atmosfera e outros produtos nocivos que se desenvolvam na reaco de combusto, como por exemplo cidos, que so libertados no meio. No referido no manual, mas muito importante tambm a perda de mancha florestal verde pelo fogo. Os danos ambientais esto por norma associados a unidades industriais, espaos de armazenamento de matrias produzidas nas primeiras ou a incndios florestais de grandes dimenses.

    Existem tambm danos de natureza social, na qual se inserem os de natureza cultural. Estes englobam, por exemplo, a perda de postos de trabalho ou o desaparecimento de patrimnio histrico e cultural, edificado ou no, como livros, obras de arte

    Por ltimo encontra-se o grupo das vtimas. O primeiro objecto de salvaguarda em SCIE a vida humana. No obstante, no perodo de 2000 a 2008 ocorreram um total de 378 mortos e 6 465 feridos devido a incndios [2]. Estes valores vm reforar o interesse geral e particular no estudo e desenvolvimento da Evacuao, quer em metodologias quer em equipamentos.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    10

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    11

    2 EVACUAO

    2.1. INTRODUO EVACUAO Como j foi dito, a Segurana Contra Incndio em Edifcios trata essencialmente da salvaguarda da vida humana. Em caso de incndio, devem ser garantidas todas as condies para que, depois do alarme (aviso aos ocupantes do edifcio que est a deflagrar um incndio), toda a gente possa deixar o edifcio e concentrar-se num espao que garanta resguardo. A Evacuao o movimento disciplinado, atempado e seguro de pessoas para uma zona de segurana em caso de incndio [3]. Existem factores adversos evacuao: devido natureza do incndio, como o fumo e presena de chamas; e de natureza humana, como o pnico ou a tentativa de salvaguarda de bens. O objectivo das disposies de SCIE ser reduzir a incerteza do comportamento humano, atravs do fornecimento de informao precisa e da construo de um ambiente fsico e social, que permita decises razoveis e em tempo til [4].

    2.2. COMPORTAMENTO E MOVIMENTO DAS PESSOAS 2.2.1. COMPORTAMENTO DAS PESSOAS

    A tomada de deciso durante um incndio bem diferente da tomada de deciso no dia-a-dia. Primeiro, pela natureza do que est em causa. Uma m deciso pode custar algo de valor ou, no extremo, a vida. Segundo, o tempo disponvel para a tomada de decises limitado e o indivduo sente-se pressionado a escolher antes que opes cruciais sejam perdidas. Por ltimo, as decises tm de ser tomadas com base em informaes ambguas e incompletas [5]. O comportamento de pessoas inseridas num grande grupo, no acesso ou sada de um espao, j foi observado por todos ns numa ida a um concerto ou at nos transportes pblicos. Se at nestes casos se verificam comportamentos pouco pacficos, com a agravante de se ter a segurana pessoal em risco, durante um incndio surgem procedimentos ainda mais gravosos e que podem por em causa a segurana quer do indivduo, quer geral. Se um incndio fez vtimas, no ser, apenas, porque o edifcio no teve bom comportamento ao fogo, mas porque os ocupantes no reagiram de acordo com o esperado numa situao de incndio [6]. Com base na importncia comportamental das pessoas tm sido feitos alguns estudos sobre esse assunto no mbito da SCIE.

    Antes de se avanar para a explicao sobre o comportamento, importa definir o conceito de comportamento desadequado. Este a pratica de uma aco, ou sucesso de aces que contribuem para o dificultar quer da evacuao, quer do combate ao incndio. O mais gravoso ser a entrada em pnico, com a consequente perda da racionalidade; e o mais comum a reentrada no edifcio, seja

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    12

    motivada por razoes nobres - pois aceitveis no so, como ajudar a combater o fogo ou ajudar a evacuar pessoas incapacitadas - ou menos nobres, como simplesmente observar o incndio.

    Grande parte dos comportamentos desadequados podem ser evitados se se proporcionar s pessoas a sensao de um ambiente seguro para o procedimento de evacuao. A deteco e alarme precoce, associada garantia de bons caminhos de evacuao, com visibilidade das sadas, de propores adequadas, bem executados e desimpedidos; a existncia de uma sinalizao adequada e bem colocada; a uma iluminao suficiente e uma desenfumagem capaz vo proporcionar uma experiencia menos agressiva e levar a uma evacuao mais eficaz e sem sobressaltos.

    Dos vrios estudos o de Bickman, Edelman e McDaniels introduz os factores que regem os comportamentos das pessoas: fsicos e psicolgicos, pessoais, educacionais, sociais, espaciais e construtivos e os comportamentos mais frequentes, que se revelam semelhantes aos abordados na generalidade dos estudos: extinguir o fogo, alertar terceiros, accionar o alarme, salvar objectos de valor, procurar informao, entrar em pnico ou deixar o local [3]. Com base nos factores que estes autores nos introduzem facilmente se concorda com Lerup, que nos diz que cada indivduo interpreta a situao em que est inserido de uma maneira nica e responde de acordo com essa interpretao. Lerup tambm trata de uma ligao temporal entre o comportamento e a fase de desenvolvimento do incndio.

    Uma outra abordagem proposta por Withney que procura descrever as vrias fases comportamentais, desde a tomada de conscincia, inquirio e validao da situao, definio da ameaa a partir da informao recolhida, avaliao da situao e concretizao da aco (e posteriormente reavaliao e porventura nova aco). Bryan tambm introduz uma ligao espacial entre a pessoa e o foco de incndio e tira algumas concluses interessantes. Segundo ele, aps analisar os inquritos distribudos a ocupantes de vrios tipos de edifcios que sofreram incndios, quem se situa a menos de 6 metros do foco de incndio toma conhecimento dele por contacto directo e a sua primeira aco a sada para o exterior. As pessoas que se situam a mais de 6 metros no tomam conhecimento por contacto directo, mas atravs de terceiros ou do rudo. A primeira aco destes no ter qualquer reaco e a segunda ser deixar o edifcio, chamar os bombeiros, avisar terceiros ou procurar a famlia. Outras concluses importantes tiradas por Bryan prendem-se com a influncia da presena de fumos no comportamento das pessoas. Quando o fumo provocado pela combusto se limitava ao espao onde o incndio deflagrou, por norma as pessoas saam dessa rea e posteriormente voltavam para tentar a extino. Quando os fumos j se encontravam dispersos em vrios pisos a aco imediata era procurar vesturio. Das 584 pessoas envolvidas no inqurito, 62,7% depararam-se com fumos no seu percurso de evacuao, sendo que 29,2% o interromperam e voltaram para trs. A visibilidade mdia dos ocupantes, quando isso aconteceu, era na ordem dos 3 metros. Verificou tambm que a percentagem de gente que no conseguiu abandonar imediatamente o edifcio devido ao fumo da ordem dos 3% [3]. Outro aspecto interessante apresentado por Proulx. Ele descobriu que os meios com que se alertam os ocupantes do edifcio tm influncia directa no atraso antes do incio da evacuao. Proulx, Sime e Fahy sublinham a necessidade de se apurar, com preciso, o atraso que se d antes de se iniciar o movimento, sempre que se calculem tempos de evacuao. Os mesmos autores apontam que esse atraso influenciado pelo nmero de ocupantes do edifcio e as suas caractersticas; e que envolve investigao, procura de informao, alerta de terceiros e envolvimento no combate a incndios [4]. Apesar da validade de todos os estudos anteriores, Zeltner quem consegue relacionar todos os diferentes aspectos presentes, as relaes ocupantes-espao, ocupantes-tempo e ocupantes-informao. O nico defeito a apontar-lhe prende-se com a pequena amostra abordada.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    13

    Zeltner baseia-se em entrevistas feitas a ocupantes de edifcios nos quais deflagraram incndios e a bombeiros que os combateram. A partir das entrevistas definiu dois factores para explicar o comportamento de cada indivduo, a relao entre este e o espao e o tempo e a relao com a informao. O modelo de Zeltner diz que o comportamento dos ocupantes a uma situao de desequilbrio no espao e no tempo, como o incndio, depende da sua capacidade de percepo e de gerar informao. Definiu ento trs fases: o alerta, a procura de informao e a aco.

    A tomada de conhecimento do incndio pode acontecer de vrias maneiras, defendendo o autor que um alerta com base no exterior tem um carcter duplamente positivo, devido a provir de um espao seguro e estar associado a presena humana, e um alerta com origem no prprio incndio perturbante. O passo seguinte, depois do alerta, a procura de mais informao, de modo a tomar melhor conhecimento do que se passa, melhor definir o perigo. Posteriormente, a aco do ocupante vai sendo permanentemente redefinida em funo das circunstncias com que se depara. Ao abordar os comportamentos mais marcantes, Zeltner conclui que durante a procura de informao que por vezes surgem as aces de luta contra o incndio e que a deciso de fuga do local implica o uso de todas as capacidades para alcanar stio seguro e obter informao sobre o caminho a percorrer e as suas condies de segurana. A deciso de ficar no local e aguardar por socorro, apesar de ser tomada conscientemente, pode levar a situaes de angstia e agravar a situao de segurana do indivduo, na medida em que este, ao decidir persistir no mesmo local, isola-se do meio. Ao evitar os efeitos do incndio tambm deixa de conseguir obter mais informao sobre o desenrolar da situao e a inquietao pode induzir em comportamentos desajustados. A procura de terceiros surge como algo fruto das relaes sociais estabelecidas pelos ocupantes.

    E remata, dizendo que o comportamento depende da sua capacidade de percepo e de gerar informao a partir desta e que a existncia de condies adversas inibe estas capacidades [3]. Deve ter-se em conta que existem grupos de pessoas que possuem faculdades e capacidades diminudas. Os incapacitados e idosos so um grupo parte e, devido s suas limitaes, a evacuao tem de ser encarada de outro modo. Em instalaes hospitalares, lares de idosos e outros edifcios ocupados em grande parte por pessoas com mobilidade reduzida ou nula, que necessitam de terceiros que os auxiliem, as dimenses dos caminhos de evacuao tem de ser majoradas e as distncias a percorrer atravs deles minimizadas. Em edifcios de habitao no sero necessrias estas precaues, devendo no entanto estar assegurado o auxlio por parte de terceiros a pessoas menos capazes. No entanto, comea-se a aperceber que deve ser precavido, em projecto de construes em altura, o envelhecimento da populao.

    Um conhecimento mais aprofundado do comportamento humano de grande valia para todos os profissionais envolvidos em evacuao.

    2.2.2. A INFLUNCIA DO FUMO

    O fumo o produto da combusto que mais dificulta a evacuao. Ele reduz a visibilidade e provoca perturbaes emocionais ao alhear o indivduo do meio. No pior dos casos pode at levar inverso do sentido de marcha ou induzir o pnico. A deciso de prosseguir por um caminho est intimamente ligada opacidade do fumo e distncia de visibilidade. Estudos distintos, em Inglaterra e nos EUA, mostram que, depois de iniciado o movimento, aproximadamente um tero das pessoas suspende a deslocao para o exterior, quando a distncia de visibilidade inferior a 60 cm. A quase totalidade das pessoas no interrompe o movimento quando a visibilidade da ordem dos 18 m. Os mesmos estudos referem ainda que algumas pessoas, so at capazes de se movimentar atravs de caminhos

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    14

    enfumados, se bem que a severidade do fumo no referida. Um factor importante que no foi tido em conta foi a familiarizao das pessoas com o espao e os caminhos de evacuao, mas pode-se afirmar que definitivamente o fumo perturba o processo de evacuao.

    Jin Tadahsa props a seguinte expresso sobre a influncia da visibilidade na velocidade de deslocao:

    32 4022,20332,299289,146358,3 sssr CCCF += se 45,0sC (2.1)

    1=Fr se 45,0

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    15

    Onde:

    Fe Fluxo especfico; Ft Fluxo Total; v Velocidade; d Densidade; l Largura.

    A velocidade e a densidade so inversamente proporcionais. Se a densidade for baixa, ou seja houver um distanciamento grande entre os ocupantes do espao, a velocidade de evacuao ser maior. Por outro lado se a densidade for demasiado grande, a velocidade do movimento tender para zero. O modelo matemtico interpreta bem a realidade na medida em que, caso haja um nmero excessivo de pessoas a acorrer a uma sada, o desconforto gerado pela proximidade, sensao de invaso do espao pessoal e instabilidade emocional pode levar a que se instale o pnico e o movimento se interrompa e surjam aces desajustadas. Dentro de um edifcio o percurso a percorrer variado e existem espaos que, pela sua natureza geomtrica, dificultam o movimento. Um indivduo pode deparar-se com passagens horizontais ou inclinadas, escadas e seces de transio. Exceptuando a primeira, cada uma delas condiciona o movimento de uma maneira prpria.

    Os estudos sobre evacuao em percursos horizontais no so totalmente fiveis, pois no tem em conta a carga emocional de uma situao de emergncia como um incndio. As condies que algum experimenta durante uma evacuao no podem ser reproduzidas num ensaio. No entanto fica o registo de um estudo do BRS, Buildind Research Establishment, que indica o valor de 1,5 p/(s.m) para o Fluxo especifico mdio [3]. Os estudos tambm apontam que a existncia de pequenos obstculos no condiciona significativamente o movimento. As alteraes de percurso no mesmo plano, como esquinas e curvas, tambm permitem uma constncia de fluxo entrada e sada destas. entrada das curvas d-se um aumento de densidade e, consequente, diminuio de velocidade na parte interior. Isto compensado sada, com a diminuio da densidade e elevao da velocidade.

    O movimento em rampas condicionado pela inclinao das mesmas. Quando ascendentes provocam uma diminuio de fluxo associada a uma perda de 2% de velocidade por cada grau de inclinao. Quando descendentes provocam um aumento de velocidade at aos 7 graus de inclinao, mas a partir deste valor a velocidade diminui [3]. As escadas so um elemento limitador do fluxo e de diminuio da velocidade de percurso. Pauls conseguiu aproximar a velocidade, ao longo das escadas, em funo da densidade, atravs da expresso:

    dv = 29,008,1 (2.6)

    Substituindo a velocidade pelo fluxo, fica com o aspecto:

    233,026,1 ddFe = (2.7)

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    16

    Pauls, relativamente a escadas tambm, props outra expresso, para a determinao do Tempo de percurso (T), em minutos; em funo do nmero de pessoas por metro de largura efectiva das escadas (p) [3].

    73,0081,068,0 pT += se 800p (2.8)

    pT += 0133,070,0 se 800>p (2.9)

    Fruin, que para uma boa evacuao de percursos horizontais estipulava uma velocidade igual a 0,5 m/s, indica para escadas os seguintes valores:

    Densidade: 2 p/m2; Velocidade: 0,5 m/s; Fluxo Especfico: 1,18 p/(s.m). [3]

    Por ltimo, descreve-se o movimento atravs de elementos de transio. Vos, com ou sem porta, tambm so limitadores de fluxo. A diminuio da seco de passagem implica um aumento da densidade junto mesma que pode levar ao aparecimento do efeito de arco. Isto , a confluncia dos indivduos junto do vo, provenientes de um ou mais corredores, vai originar uma cunha que ao longo do tempo tender a transformar-se num arco e, eventualmente, entupir o vo (Fig.2.1). Quanto maior a densidade e menor a largura do vo, maiores sero as hipteses de se formar o arco.

    Fig.2.1 Fenmeno de arco junto aos vos

    Com o decorrer do tempo esse arco quebra-se, sendo o fluxo restabelecido durante um perodo de tempo aps o qual volta a ocorrer o fenmeno. O fluxo ao longo do tempo ter a configurao da figura Fig.2.2.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    17

    Fig.2.2 Evoluo do fluxo ao longo do tempo [2]

    2.2.4. DETERMINAO DE TEMPOS DE PERCURSO

    Os factores que podem influenciar o tempo de percurso em evacuao so inmeros, podendo-se agrupar em dois campos distintos, os relativos ao comportamento humano e os relativos natureza espacial do edifcio. A quantidade de factores ilustra bem a complexidade do clculo e convm lembrar que grande parte dos modelos so feitos com base em observaes de simulacros. Os exerccios de evacuao no envolvem o ambiente de tenso vivido numa situao de incndio. Neles existe menos ambiguidade de informao e exposio, fsica e psicolgica, ao fumo e ao calor do que num incndio real [7]. Dois dos factores ligados ao comportamento humano so o modo como o individuo toma conhecimento do incndio e em que altura isso acontece. Por norma, existe sempre um tempo para averiguao antes da pessoa se deslocar para um espao seguro, podendo at no evacuar o edifcio e dar inicio, por exemplo, ao combate ao fogo ou procura de familiares e amigos. Os comportamentos podem ser variados, tendo sido j descritos em 2.2.1.; e alguns deles contra-producentes, tendo em conta a necessidade de evacuao. Outro aspecto a familiarizao do indivduo com o edifcio: algum que conhea bem o espao onde se encontra, em situao de incndio tender a mais facilmente manter a calma, decidir em tempo til qual a sada para que se vai dirigir e qual o caminho de evacuao a seguir. Em hotis e edifcios pblicos este factor torna-se uma agravante, pois uma grande parte dos utilizadores no estar familiarizada com o edifcio. Nestes casos e em similares recomenda-se a existncia de pessoas afectas ao edifcio que possam orientar uma evacuao disciplinada e segura. Quem estiver familiarizado com exerccios de evacuao tambm mais rapidamente evacuar o edifcio, pois j adquiriu capacidades para melhor agir em resposta ao alerta e pode inclusive orientar pessoas prximas.

    Os factores relativos natureza espacial compreendem a disposio dos elementos construtivos, da compartimentao e dos acessos entre pisos e salas; fcil compreender que, num labirinto ou numa torre com um nico acesso, a tarefa de evacuao fica dificultada.

    Por norma, tenta-se corrigir os mtodos de clculo introduzindo um coeficiente de eficincia, Ef, que procura representar todos os factores anteriores. No entanto, na bibliografia consultada, nunca lhe atribudo um valor.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    18

    Deste modo:

    fr ETT = (2.10)

    Sendo Tr o tempo real de evacuao, T o tempo calculado atravs de um mtodo de clculo e Ef o coeficiente de eficincia.

    Os mtodos de clculo so vrios, tais como o Belga ou o de Predtechenskii-Milinskii; e todos eles apresentam aspectos interessantes e limitaes. Este ltimo feito com base em registos de exerccios de evacuao e de incndios ao longo de 30 anos, mas limita o utilizador com a assumpo de uma direco de deslocao predefinida. O utilizador, antes de adoptar qualquer modelo, tem de avaliar primeiro o que pretende, o grau de fiabilidade que necessita, em funo de todas as variveis comportamentais e espaciais que os mtodos envolvem e o grau de risco acessrio. Apenas depois pode escolher o mtodo mais apropriado. Por exemplo, um modelo que no preveja atrasos na evacuao supe que ningum pra para obter informaes nem que algum alguma vez se engana no percurso. De qualquer modo, se um modelo previr que a evacuao de um edifcio no feita em tempo til, muito improvvel que na vida real isso acontea [8]. Neste trabalho vai-se procurar aplicar o mtodo de Nelson e MacLennan, que a seguir descrito.

    Segundo este mtodo, a evacuao pode ser interpretada como um modelo do tipo hidrulico. A sua limitao prende-se com as simplificaes que os seus pressupostos introduzem. Assume-se ento que o movimento iniciado por todos os ocupantes ao mesmo tempo, no existe qualquer interrupo do fluxo, ou seja, o movimento dos ocupantes para a sada de emergncia contnuo e que no existem perturbaes no fluxo devido a caractersticas como idade ou capacidade fsica. Nelson e MacLennan tambm consideram que existe uma largura til que no abrange toda a largura do corredor de evacuao (Fig.2.3). Segundo eles existe uma camada limite em ambos os lados do corredor, que varia de acordo com o espao em questo e que no usada pelos indivduos, de modo a no embaterem nos limites do compartimento aquando do movimento.

    Fig.2.3 Largura efectiva de um caminho de evacuao [3]

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    19

    Os valores para a camada limite so os do Quadro 2.1: Quadro 2.1 Valores para a camada limite [3]

    Caminho de evacuao Camada limite (cm) Escada limitada por parede 15

    Escada limitada por corrimo 9

    Definidos por cadeiras de teatro ou cinema 0

    Corredor 20

    Obstculo 10

    Porta 15

    Arcada 15

    Para os autores, a relao entre a velocidade e a densidade a seguinte:

    ( )dkv = 1 (2.11)

    Onde v a velocidade de evacuao, em m/s, k uma constante que varia em funo do tipo de caminho de evacuao, d a densidade e outra constante, de valor igual a 0,266.

    Os valores que k pode tomar so:

    Quadro 2.2 Valores de k para diferentes tipos de circulaes [3] Caminhos de evacuao k

    Corredor 1,40

    Galerias 1,40

    Rampas 1,40

    Portas 1,40

    Escadas

    Espelho (cm) Cobertor (cm) - 19,05 25,04 1,00

    17,78 27,94 1,08

    16,51 30,48 1,16

    16,51 33,02 1,23

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    20

    Reescrevendo a equao, tendo em conta que o Fluxo Especifico igual ao produto entre a velocidade e a densidade temos:

    ( ) ddkFe = 1 (2.12)

    Os valores mximos do Fluxo Especifico so os do Quadro 2.3. Se valores superiores aparecerem durante o clculo, devem ser tomados os descritos em baixo.

    Quadro 2.3 Valores mximos do Fluxo especfico [3] Caminhos de evacuao Fluxo (p/s.m)

    Corredor 1,30

    Galerias 1,30

    Rampas 1,30

    Portas 1,30

    Escadas

    Espelho (cm) Cobertor (cm) - 19,05 25,04 0,94

    17,78 27,94 1,01

    16,51 30,48 1,09

    16,51 33,02 1,16

    O Fluxo Total corresponde a:

    ( )dLdkF et = 1 (2.13)

    Onde Le corresponde largura efectiva do caminho de evacuao.

    O tempo necessrio para que um grupo de P pessoas atravesse um vo, em segundos, T relaciona-se com o Fluxo Total atravs da expresso:

    tFPT = (2.14)

    Discriminando todas as variveis do fluxo temos:

    ( )dLdkPT

    e =

    1 (2.15)

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    21

    Quando existe uma limitao do fluxo devido existncia de vos, o Fluxo Especifico calculado do seguinte modo:

    ( ) ( ) ( )( )dLaLaFdF

    e

    ee

    e

    =

    (2.16)

    Na expresso as variveis correspondem aos seguintes significados:

    Fe (d) Fluxo Especifico depois da transio; Fe (a) Fluxo Especifico antes da transio; Le (d) Largura efectiva depois da transio; Le (a) Largura efectiva antes da transio.

    Quando N caminhos convergem em apenas um, o Fluxo Especifico depois dessa seco dado por:

    ( )( ) ( )

    ( )dLaLaF

    dFe

    eiei

    N

    ie

    =

    =1

    (2.17)

    O tempo de percurso total corresponde soma dos diversos tempos de percurso calculados para os vrios troos do caminho de evacuao.

    De modo a completar o estudo, o tempo de evacuao deve ser comparado com o tempo que os ocupantes tm para abandonar o edifcio. O tempo disponvel para encontrar um espao seguro e para que os caminhos de evacuao no fiquem bloqueados pelo desenvolvimento do incndio deve ser superior ao tempo total calculado. Se isto no ocorrer, deve ser pensado um redimensionamento dos caminhos de evacuao.

    2.3. CONSIDERAES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DOS CAMINHOS DE EVACUAO O dimensionamento dos caminhos de evacuao preponderante em SCIE. Depois dos estudos e consideraes apontadas anteriormente, facilmente se verifica que aquele tem de ser feito tendo em conta os seguintes aspectos:

    As temperaturas atingidas durante o incndio nos diversos espaos, especialmente nos caminhos de evacuao;

    As concentraes de gases txicos nos diversos espaos, especialmente nos caminhos de evacuao;

    As condies de visibilidade nos diversos espaos, especialmente nos caminhos de evacuao;

    O comportamento das pessoas; A mobilidade das pessoas. [3]

    Existem ferramentas que permitem modelar com preciso o desenvolver do incndio no edifcio, prever a quantidade e a propagao dos fumos e gases, as condies de visibilidade e as temperaturas

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    22

    que vo ser atingidas. Um projecto cuidado dos caminhos deve ter em ateno todas estas condies. Deve ser assegurado um percurso simples e com o menor numero de desvios possvel, dimensionado com largura e comprimento aceitveis, de acordo com a populao residente ou que utiliza o edifcio, com adequada desenfumagem, complementado com uma boa sinalizao de emergncia e com compartimentao estruturalmente resistente, que permita um desempenho de acordo com a sua funo. Um elemento a ter em especial ateno so as escadas, devido sua natureza condicionadora do fluxo e ao carcter perigoso que podem ter. Escadas mal dimensionadas poder fazer com que ocorram acidentes em situaes de uso normal. Ora, em condies de emergncia, a probabilidade de esses acidentes ocorrerem muito superior e as consequncias podem ser bem mais trgicas.

    Ao projectar escadas recomenda-se o seguinte: As escadas devem ser facilmente vistas; O tamanho do degrau deve permitir um passo adequado; As dimenses dos degraus devem ser uniformes; Os corrimes devem ser contnuos; A largura das escadas deve ser a suficiente de modo a evitar bloqueamentos; Os cobertores dos degraus devem ser construdos ou revestidos com materiais com

    adequada resistncia ao escorregamento. [3]

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    23

    3 ENQUADRAMENTO

    REGULAMENTAR

    3.1. INTRODUO Os anteriores regulamentos de SCIE foram, sua poca, inovadores devido introduo que fizeram de novos conceitos cientficos, como a reaco e a resistncia ao fogo, da integrao de novas tcnicas, como os sistemas de alarme e controlo de fumo, e porque encararam, pela primeira vez, a problemtica dos incndios na perspectiva da gesto do ciclo de vida dos edifcios [9]. Tambm j dispunham de um mbito de aplicao alargado, abrangendo os seguintes edifcios:

    Habitacionais (Decreto-Lei n 64/90, de 21 de Fevereiro); Estabelecimentos comerciais (Decreto-Lei n 368/99, de 18 de Setembro e Portaria n

    1299/2001); Edifcios de servios pblicos (Resoluo do Conselho de Ministros n 31/89, de 31 de

    Agosto); Parques de estacionamento cobertos (Decreto-Lei n 66/95, de 8 de Abril; Empreendimentos tursticos e estabelecimentos de restaurao e de bebidas (Portaria n

    1063/97, de 21 de Outubro); Edifcios de tipo hospitalar (Decreto-Lei n 409/98, de 23 de Dezembro e Portaria n

    1275/2002, de 19 de Setembro); Edifcios de tipo administrativo (Decreto-Lei n 410/98, de 23 de Dezembro e Portaria n

    1276/2002, de 19 de Setembro); Edifcios escolares (Decreto-Lei n 414/98, de 31 de Dezembro e Portaria n 1444/2002,

    de 7 de Novembro). No entanto a legislao encontrava-se dispersa, heterognea, umas vezes abordando um assunto com mincia e outras vezes superficialmente, tornando o manuseamento e aplicao da documentao difcil; e pior, tinha lacunas no que respeita inexistncia de regulamentao especfica de SCIE sobre instalaes industriais, armazns, lares de idosos, museus, bibliotecas, arquivos e locais de culto, etc. Nestes casos era aplicado o RGEU de 1951 [10]. O grfico seguinte (Fig.3.1) ilustra a heterogeneidade do desenvolvimento dos artigos da anterior regulamentao.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    24

    Fig.3.1 Heterogeneidade do desenvolvimento da antiga regulamentao [9]

    O novo Regime Jurdico de SCIE, introduzido pelo Decreto-Lei 220/2008, de 12 de Novembro, abrevia o nmero de Decretos-Lei e de Portarias, condensando a regulamentao num s diploma com algumas Portarias complementares, mais coerente e homogneo e cobre a quase totalidade dos edifcios, exceptuando aqueles que tem um regime jurdico prprio. As Portarias e o Despacho que complementam o RJ SCIE so:

    Portaria n 1532/2008, de 29 de Dezembro Regulamento Tcnico de Segurana Contra Incndio em Edifcios (RT SCIE);

    Portaria n 773/2009, de 21 de Julho Registo de entidades com actividades de comercializao, instalao ou manuteno de produtos e equipamentos de SCIE;

    Portaria n 1054/2009, de 16 de Setembro Taxas por servios de SCIE prestados pela ANPC;

    Portaria n 64/2009, de 22 de Janeiro Regime de credenciao de entidades para a emisso de pareceres, realizao de vistorias e de inspeces das condies de SCIE;

    Portaria n 610/2009, de 8 de Junho Funcionamento do sistema informtico; Despacho n 2074/2009, de 15 de Janeiro, do Presidente da ANPC Critrios tcnicos

    para determinao da densidade de carga de incndio modificada.

    Estes documentos so respectivamente referidos nos artigos 15, 23, 29, 30, 32 e 12 do Regime Jurdico de SCIE.

    A nova regulamentao introduz vrias inovaes. Sendo as mais importantes, no que toca abrangncia, como j foi dito, e classificao dos edifcios. Vamos ilustrar o afirmado com um exemplo. Considerando duas hipteses de ocupao (Fig.3.2):

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    25

    Fig.3.2 Hipteses de ocupao [9]

    Pela antiga regulamentao, as disposies relativas a SCIE a aplicar aos dois edifcios, eram as mesmas. Pelo recente regime jurdico, embora os edifcios sejam semelhantes e as ocupaes as mesmas, como as UT s esto colocadas de modo distinto, as medidas aplicadas sero diferentes, como se pode observar na figura Fig.3.3. [9]

    Fig.3.3 UT s da ocupao [9]

    O objecto da nova regulamentao a UT, ao contrrio da antiga, na qual eram os edifcios, o estabelecimento ou o espao. Se antigamente se determinava as medidas a tomar em funo das situaes, actualmente o RJ SCIE adopta categorias de risco, aplicveis a todas as UT s, e as medidas so estabelecidas em funo dessas categorias [9] (Fig.3.4).

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    26

    Fig.3.4 Diferena entre a antiga e a actual regulamentao [9]

    Outra inovao que o regulamento traz prende-se com as medidas de autoproteco. A organizao e a gesto da segurana passam a ser aplicadas a todos os edifcios, estabelecimentos e recintos, em funo da sua UT e da categoria de risco; e os critrios so mais exigentes. As medidas de autoproteco exigveis passam a ser as seguintes:

    Registo de segurana; Procedimentos e Plano de preveno; Procedimentos em caso de emergncia e Plano de emergncia interno; Aces de sensibilizao e formao em SCIE; Simulacros.

    De entre as vrias disposies de autoproteco introduzidas destacamos tambm as figuras do responsvel pela segurana (RS) e do delegado de segurana (DS). O RS tem um papel activo e importante em evacuao, pois em caso de emergncia este quem d a ordem de evacuao total ou parcial.

    A formao de uma comisso de acompanhamento da aplicao do regime jurdico, constituda por peritos das entidades mais directamente ligadas SCIE, tambm mostra uma viso mais ambiciosa do que a simples constituio de uma comisso para a elaborao da regulamentao.

    No entanto, no deixam de existir lacunas a preencher. Por exemplo, no que toca reabilitao e adequao das medidas constantes da regulamentao a patrimnio j edificado. Os nicos edifcios salvaguardados so os declarados como patrimnio classificado.

    Outro aspecto a observar tem a ver com a alnea a) do nmero 3 do Artigo 8 do Decreto-Lei 220/2008. Espaos de arquivo documental e de armazenamento no podem ser integrados na UT III, administrativos. Sendo que podem ser integrados nas UT s IV XII, no se compreende por que no o podem ser, por exemplo num, banco.

    No mesmo Decreto-Lei tambm se pode fazer um reparo s tabelas que constam no Anexo III. Em todas elas podemos verificar que na 4 categoria foi colocada um > em todos os critrios. Compreende-se que na ltima categoria devem ser englobados todos os edifcios e recintos que no couberam nas anteriores, mas este no ser o modo correcto de o indicar.

  • Vias de Evacuao em SCIE: Aplicabilidade, evoluo e tendncias

    27

    Agora, dado que este trabalho trata de Evacuao, vamos de seguida aprofundar os documentos legais e os artigos que tratam o tema ou que so necessrios sua compreenso.

    3.2. DECRETO-LEI N 220/2008, DE 12 DE NOVEMBRO REGIME JURDICO DE SCIE 3.2.1. INTRODUO AO DECRETO-LEI

    O Decreto-Lei 220/2008, de 12 de Novembro engloba as disposies aplicveis a todos os edifcios e recintos, salvo aqueles que dispem de um regime jurdico prprio, distribuindo-os por 12 utilizaes tipo (UT), cada uma com 4 graus de risco de incndio; e considera no apenas os edifcios de utilizao exclusiva mas tambm os de ocupao mista.

    3.2.2. CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

    Este Captulo introduz as inovaes no que toca a englobar espaos que at agora careciam de legislao.

    Esto sujeitos ao Regime Jurdico de SCIE todos os edifcios e as suas fraces autnomas, qualquer que seja a utilizao e respectiva envolvente. So excludos da disposio anterior:

    Os estabelecimentos prisionais; Os espaos classificados de acesso restrito das instalaes das foras armadas ou de

    segurana; Os paiis de munies ou de explosivos; As carreiras de tiro.

    Para os edifcios descritos anteriormente, o RJ SCIE declara que a promoo de adopo das medidas de segurana cabe s entidades responsveis por eles.

    Estabelecimentos industriais e de arm