tese marcilio ferreira ufpe

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1 Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Ciências Administrativas Programa de Pós-graduação em Administração Marcílio Ferreira de Souza Júnior Integração Informacional entre Sistemas de Informação em Saúde na Ótica da Complexidade: O Caso do Sistema Único de Saúde no Estado de Alagoas Recife, 2012

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Page 1: Tese Marcilio Ferreira UFPE

1

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Departamento de Ciências Administrativas Programa de Pós-graduação em Administração

Marcílio Ferreira de Souza Júnior

Integração Informacional entre Sistemas de Informação em Saúde na Ótica da Complexidade: O Caso do Sistema Único de Saúde no Estado de

Alagoas

Recife, 2012

Page 2: Tese Marcilio Ferreira UFPE

2

Marcílio Ferreira de Souza Júnior

Integração Informacional entre Sistemas de Informação em Saúde na Ótica da Complexidade: O Caso do Sistema Único de Saúde no Estado de

Alagoas

Orientador: Prof. Jairo Simião Dornelas, Dr.

Tese apresentada como requisito complementar à obtenção do grau de Doutor em Administração, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco.

Recife, 2012

Page 3: Tese Marcilio Ferreira UFPE

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o

acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade

Federal de Pernambuco é definido em três graus:

- "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

- "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a

consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;

- "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o

texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob

chave ou custódia;

A classificação desta tese se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem

as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração.

_________________________________________________________________________ Título da Monografia: Integração Informacional entre Sistemas de Informação em Saúde na Ótica da Complexidade: O Caso do Sistema Único de Saúde no Estado de Alagoas

Nome do Autor: Marcílio Ferreira de Souza Júnior

Data da aprovação:

Classificação, conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Recife, 27 de agosto de 2012:

---------------------------------------

Assinatura do autor

Page 4: Tese Marcilio Ferreira UFPE

4

À minha esposa Luciana, pelo amor que compartilhamos. Aos meus amados pais, Marcílio e Leni.

Page 5: Tese Marcilio Ferreira UFPE

5

Agradecimentos

A Deus, por me guiar em mais um desafio de vida.

À minha esposa Luciana, pelos incentivos, companheirismo, carinhos e demonstrações de

amor em todos os momentos alegres e difíceis que passamos juntos ao longo deste

percurso. Nos encontramos antes de tudo começar, casamos durante e seguiremos juntos.

Aos meus pais Marcílio e Leni, que torceram bastante por mim à distância durante todos os

anos dos estudos, mas que ao mesmo tempo estavam sempre tão próximos e presentes na

minha mente, inspirando-me e alimentando-me com amor.

Ao Prof. Jairo Dornelas, pela orientação impecável e pela enorme compreensão, paciência

e compromisso que teve durante toda a pesquisa. Seus ensinamentos me fizeram crescer

como pesquisador.

Ao IFAL, pelo investimento e por possibilitar este estudo em tempo integral. Aos colegas

da Coordenadoria de Informática, que não hesitaram em me liberar das aulas.

Particularmente, aos amigos Mônica, Anderson e Tárcio, que sempre se fizeram presente

tanto nos momentos descontraídos como nos mais difíceis que passei durante esta longa

jornada. Em especial à Mônica, pelo apoio que sempre me foi dado, pelos conselhos e

ensinamentos.

A todos os colegas da CSGI e da SESAU, nomeadamente, aos amigos André Lins, Celyrio

Accioly e Alexandre Ferreira, que me apoiaram de forma incondicional em todas as

viagens que se fizeram necessárias a Recife e que acreditaram no sucesso desta pesquisa.

À Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (FAPEAL), pelo apoio financeiro para a

realização deste trabalho.

Aos colegas que fiz no NEPSI, PROPAD e UFPE, em especial aos brothers Jefferson,

Ricardo Leite e Rafael Lucian, e à Alessandra e Rebecca, que acompanharam de perto esta

empreitada.

Aos meus familiares e, principalmente, às minhas irmãs Sue e Cacá, pela torcida.

Aos meus sogros Divágoras e Valdete, pelo acolhimento e por todo o apoio dado e

preocupações compartilhadas.

Ao S. Biró e D. Zita, por me receberem tão bem em seu lar.

Page 6: Tese Marcilio Ferreira UFPE

6

Resumo

Em um mundo em rede na qual a proliferação da tecnologia da informação e comunicação

(TIC) e o advento da Internet resultaram em uma mudança no nível de complexidade

inerente à sociedade e, conseqüentemente, às organizações, os sistemas de informação (SI)

vêm se tornando cada vez mais complexos e integrados. SI complexos são compreendidos

neste estudo como uma classe especial de sistemas formados por um grande número de

subsistemas heterogêneos, caracterizados por propriedades coletivas e emergentes, que

interagem e influenciam uns aos outros através de uma diversidade de conexões e loops de

feedback, com um alto grau de acoplamento e não-linearidade. Nesta perspectiva, os

sistemas de informação em saúde (SIS) do sistema único de saúde (SUS), compostos por

diversos subsistemas que necessitam interagir e se integrar para atender as demandas

informacionais do setor, foram caracterizados como complexos. A pesquisa teve como

objetivo analisar a integração informacional dos sistemas de informação do SUS na ótica

da complexidade, sendo que o caso estudado foi uma região de saúde do estado de

Alagoas. Para tanto, foram adotadas propriedades da teoria da complexidade, tais como os

conceitos de auto-organização, emergência, co-evolução, co-adaptação e fractal. O

desenho multimétodo da pesquisa foi dividido em três etapas, sendo que na primeira etapa

ocorreu o mapeamento das redes formadas pelas integrações dos SIS a partir de pesquisa

documental e questionários; em seguida, empreendeu-se a análise das redes dos SIS

aproximando-as dos conceitos da complexidade e, por último, verificaram-se as

implicações da complexidade dos sistemas para a integração da informação do SUS,

colhendo as opiniões de gestores em entrevistas. Como resultado, foram mapeados 72 SIS

diferentes e bastante heterogêneos tecnologicamente, os quais formaram uma rede densa e

bastante inter-relacionada. Sob o ponto de vista da integração informacional dos SIS, os

resultados da pesquisa também revelaram que a auto-organização tende a diminuir o nível

de completude e detalhamento da informação que circula através de enlaces de sistemas; a

co-adaptação maximiza o acoplamento dos sistemas, criando uma dependência elevada

das informações compartilhadas entre eles; a fractalidade sobrecarrega as informações nos

níveis superiores do sistema e gera informações defasadas entre as esferas de governo; a

emergência, por outro lado, ajuda a criar estruturas inovadoras que integram o sistema

complexo.

Palavras-chave: Complexidade, Sistemas complexos, Integração de informação, Sistemas de informação em saúde, Sistema único de saúde.

Page 7: Tese Marcilio Ferreira UFPE

7

Abstract

In a networked world where the proliferation of information and communication

technology (ICT), and the advent of the Internet resulted in a change in the level of

complexity inherent in society and, consequently, organizations, information systems (IS)

have become increasingly complex and integrated. Complex IS are included in this study

as a special class of systems formed by a large number of heterogeneous subsystems,

characterized by collective and emergent properties, which interact and influence each

other through a variety of connections and feedback loops, with a high degree coupling

and nonlinearity. In this perspective, health information systems (SIS) of the Brazilian

Unified Health System (SUS), composed of several subsystems that need to interact and

integrate to meet the informational sector demands, were characterized as complex

systems. The research aimed to analyze the information systems informational integration

in the SUS from the complexity perspective, and the case studied selected was a health

region of Alagoas State, Brazil. Thus, we adopted properties from complexity theory, such

as the self-organization, emergence, co-evolution, co-adaptation, and fractal. The multi-

method research design was divided into three stages, with the first step being the mapping

of the networks formed by the SIS integration from documentary research and

questionnaires, and then undertook the networks analysis of framing those SIS into

concepts of complexity and, finally, verified the implications of the systems complexity

for integrating information from SUS, gathering the health managers opinions in

interviews. As a result, 72 technologically different and very heterogeneous systems were

mapped, which formed a dense and highly interrelated network. From the point of view of

SIS informational integration, the results revealed that self-organization tends to decrease

the level of completeness and information detail that circulates through causal loop

systems, the co-adaptation maximizes the coupling systems, creating a high dependence of

the information shared between them, the fractality overloads information in the system

upper levels, and generates information lags among the government spheres, the

emergence, on the other hand, helps to create innovative structures that comprise the

complex system.

Keywords: Complexity, Complex systems, Information integration, Health information systems, Brazilian unified health system.

Page 8: Tese Marcilio Ferreira UFPE

8

Lista de Figuras

Figura 1 (2) Integrações estabelecidas entre os componentes de diferentes sistemas de informação

25

Figura 2 (3) Diagrama conceitual da pesquisa 32

Figura 3 (3) Elementos gerais de um sistema em seu ambiente 38

Figura 4 (3) Comportamento emergente global a partir das interações locais nos sistemas complexos

43

Figura 5 (3) Esquematização de um fractal 45

Figura 6 (3) Modelo conceitual com os componentes de um sistema de informação

58

Figura 7 (3) Diagrama operacional da pesquisa 69

Figura 8 (4) Tipos básicos de projetos para estudos de casos 78

Figura 9 (4) Desenho da pesquisa 81

Figura 10 (4) Regiões de saúde estabelecidas no plano diretor de regionalização do estado de Alagoas

82

Figura 11 (5) Rede das relações entre os sistemas de informação no SUS advinda da pesquisa documental

104

Figura 12 (5) Rede das relações sistêmicas entre os sistemas de informação em saúde identificadas no nível municipal

116

Figura 13 (5) Rede das relações sistêmicas entre os sistemas de informação em saúde identificadas no nível estadual

117

Figura 14 (5) Rede consolidada das relações de integração entre os sistemas de informação em saúde identificadas nos níveis municipal e estadual

118

Figura 15 (5) Rede consolidada das relações estabelecidas entre os sistemas de informação em saúde na pesquisa efetuada

125

Figura 16 (5) Bloco principal formado pela rede dos sistemas de informação em saúde

126

Figura 17 (5) Rede ego dos sistemas SISAIH e SIHSUS 131

Figura 18 (5) Diagrama de enlace causal para a rede ego do SISAIH e SIHSUS

132

Figura 19 (5) Rede ego do sistema SINAN 134

Figura 20 (5) Diagrama de enlace causal para o SINAN 135

Figura 21 (5) Rede ego dos sistemas BPA e SIASUS 136

Figura 22 (5) Diagrama de enlace causal para a rede ego do BPA e SIASUS 137

Figura 23 (5) Rede egocêntrica do SISAM 142

Figura 24 (5) Rede egocêntrica do ESISHOSPITALAR 143

Page 9: Tese Marcilio Ferreira UFPE

9

Figura 25 (5) Rede egocêntrica do PACTOONLINE 144

Figura 26 (5) Sistema complexo caracterizado pela pesquisa 159

Page 10: Tese Marcilio Ferreira UFPE

10

Lista de Quadros

Quadro 1 (3) Princípios básicos dos sistemas segundo a teoria geral dos sistemas 37

Quadro 2 (3) Principais propriedades dos sistemas complexos 41

Quadro 3 (3) Técnicas de integração de sistemas de informação 67

Quadro 4 (4) Diferenças entre as características metodológicas quantitativas e qualitativas

75

Quadro 5 (4) Universo e população da pesquisa survey das unidades de saúde do SUS

87

Quadro 6 (5) Distribuição anual dos quantitativos dos documentos coletados na pesquisa

102

Quadro 7 (5) Distribuição por órgão dos quantitativos dos documentos coletados

102

Quadro 8 (5) Distribuição dos quantitativos dos materiais coletados por tipos dos documentos

103

Quadro 9 (5) Graus de entrada dos SIS na rede da pesquisa documental 107

Quadro 10 (5) Graus de centralidade de saída dos SIS na rede da pesquisa documental

108

Quadro 11 (5) Graus de intermediação dos SIS na rede da pesquisa documental 109

Quadro 12 (5) Graus de proximidade dos SIS na rede da pesquisa documental 109

Quadro 13 (5) Amostra da pesquisa survey a partir das unidades de saúde do SUS

112

Quadro 14 (5) Nível de utilização dos SIS por tipo de estabelecimento 114

Quadro 15 (5) Graus de centralidade dos SIS na rede advinda dos questionários 119

Quadro 16 (5) Graus de intermediação dos SIS na rede advinda dos questionários

120

Quadro 17 (5) Graus de proximidade dos SIS na rede advinda dos questionários

120

Quadro 18 (5) Indícios de complexidade dos SIS apurados pelos respondentes 121

Quadro 19 (5) Dificuldades informacionais dos SIS apontadas pelos respondentes

122

Quadro 20 (5) Medidas de centralidade dos sistemas conectados à rede geral 128

Quadro 21 (5) Resultado dos loops de feedback envolvendo os sistemas SISAIH e SIHSUS

133

Quadro 22 (5) Resultado dos loops de feedback envolvendo o sistema SINAN 135

Quadro 23 (5) Resultado dos loops de feedback envolvendo os sistemas SIASUS e BPA

137

Quadro 24 (5) Enquadramento da co-evolução e co-adaptação dos SIS 140

Page 11: Tese Marcilio Ferreira UFPE

11

Quadro 25 (5) SIS emergentes no nível estadual a partir das interações do nível municipal

141

Quadro 26 (5) Enquadramento dos resultados da pesquisa nas propriedades dos fenômenos complexos

146

Quadro 27 (5) Identificação dos entrevistados da pesquisa 147

Quadro 28 (5) Pontos positivos e negativos atribuídos às propriedades da complexidade com relação à integração informacional dos SIS

162

Page 12: Tese Marcilio Ferreira UFPE

12

Lista de Abreviaturas e Siglas

CAS Complex Adaptative System

CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

CONASEMS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

COSEMS Colegiado de Secretarias Municipais de Saúde

DATASUS Departamento de Informática do SUS

DS Dinâmica de Sistemas

MS Ministério da Saúde

PDR Plano Diretor de Regionalização

SESAU Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas

SIC Sistema de Informação Complexo

SES Secretaria Estadual de Saúde

SIS Sistema de Informação em Saúde

SMS Secretaria Municipal de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

TGS Teoria Geral dos Sistemas

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

Page 13: Tese Marcilio Ferreira UFPE

13

Sumário

1 Introdução 16

2 Contexto da Pesquisa 22

2.1 Ambiente 22

2.2 Cenário 24

2.3 Problema 26

2.4 Objetivos 28

2.4.1 Objetivo Geral 28

2.4.2 Objetivos Específicos 28

2.5 Justificativa 29

3 Fundamentação Teórica 32

3.1 Teorias e seu Foco nas Organizações 32

3.1.1 Teoria Institucional 33

3.1.2 Teoria Geral dos Sistemas 36

3.1.3 Teoria da Complexidade 40

3.1.3.1 Sistema Complexo 41

3.1.3.2 Emergência 42

3.1.3.3 Auto-organização 43

3.1.3.4 Fractal 45

3.1.3.5 Co-evolução e co-adaptação 46

3.2 Organizações 47

3.2.1 Estruturas Organizacionais 48

3.2.2 Funções Administrativas 50

3.2.3 Processos Organizacionais 51

3.3 Organizações Complexas 52

3.4 Organizações em Rede 54

3.5 Tecnologia da Informação nas Organizações 56

3.6 Sistemas de Informação 58

3.7 Sistemas de Informação em Saúde 60

3.8 Sistemas de Informação Complexos 64

3.9 Integração Informacional 66

3.10 Diagrama Operacional da Pesquisa 69

Page 14: Tese Marcilio Ferreira UFPE

14

4 Procedimentos Metodológicos 70

4.1 Posicionamento Epistemológico 70

4.2 Natureza e Abordagem de Pesquisa 72

4.3 Métodos de Pesquisa 73

4.4 Estratégia de Pesquisa 76

4.5 Desenho da Pesquisa 79

4.6 O Caso Selecionado 81

4.7 Coleta de Dados 83

4.7.1 Pesquisa Documental 84

4.7.2 Questionário 85

4.7.3 Entrevista Focada 89

4.8 Técnicas e Ferramentas de Análise dos Dados 91

4.8.1 Tratamento dos Dados da Pesquisa Documental 92

4.8.2 Tratamento dos Dados do Questionário 92

4.8.3 Tabulação e Análise das Redes 93

4.8.4 Análise da Dinâmica de Sistemas 95

4.8.5 Tratamento dos Dados das Entrevistas 96

4.9 Cuidados Metodológicos 97

5 Resultados e Discussão 100

5.1 Mapeamento das Redes dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS 100

5.1.1 Mapeamento Derivado da Pesquisa Documental 101

5.1.2 Rede de Sistemas Mapeada a partir do Campo 111

5.1.3 Rede Geral dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS 124

5.2 Enquadramento da Complexidade dos Sistemas de Informação em Saúde 129

5.2.1 Auto-organização 130

5.2.1.1 Rede ego do SISAIH e do SIHSUS 131

5.2.1.2 Rede ego do SINAN 134

5.2.1.3 Rede ego do BPA e do SIASUS 136

5.2.2 Co-evolução e Co-adaptação 138

5.2.3 Emergência 140

5.2.4 Fractal 144

5.2.5 Resumo do Enquadramento da Complexidade 146

5.3 Análise da Visão dos Gestores 146

5.3.1 A integração na ótica da auto-organização 147

Page 15: Tese Marcilio Ferreira UFPE

15

5.3.2 A integração na ótica da co-adaptação e co-evolução 151

5.3.3 A integração na ótica da emergência 153

5.3.4 A integração na ótica dos fractais 156

5.4 Integração Informacional versus Complexidade 158

6 Conclusão 163

6.1 Síntese dos Resultados 163

6.2 Confronto com os Objetivos 166

6.3 Limitações da Pesquisa 169

6.4 Trabalhos Futuros 170

Referências 173

Apêndice A 191

Apêndice B 192

Apêndice C 196

Apêndice D 197

Apêndice E 202

Apêndice F 204

Page 16: Tese Marcilio Ferreira UFPE

16

1 Introdução

Uma nova sociedade, informacional e global, surgiu nas últimas décadas

(MASUDA, 1982; TOFFLER; TOFFLER, 1995). Como característica mais importante

dessa sociedade, Castells (1999) cita a sua estrutura em redes, uma vez que a

produtividade e a concorrência são realizadas através de interações globais entre unidades

ou agentes com capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação.

Para Hamel e Prahalad (1994), essa sociedade em rede tornou-se possível com o

desenvolvimento contínuo da tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Nesta sociedade, onde a informação é considerada insumo básico e a TIC

ferramenta gerencial utilizada para geração de informações relevantes para a gestão,

empresas agruparam-se em torno de redes para formar, segundo Castells (1999), um novo

paradigma sócio-técnico que representa a base material da sociedade da informação cujos

aspectos centrais são: a informação como matéria-prima; as novas tecnologias penetrando

em todas as atividades humanas; a lógica de redes usando essas novas tecnologias em

qualquer sistema ou conjunto de relações; a flexibilidade de organização e reorganização

de processos; a crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema

altamente integrado e interdependente.

Essas novas condições sócio-técnico-econômicas geradas pela TIC, também

promoveram profundas transformações no contexto organizacional, em consonância com a

economia e a sociedade em rede baseadas no conhecimento (SANTANGELO, 2002). Para

Tapscott e Caston (1995), a TIC surge como uma ferramenta indispensável para inserir a

organização neste novo contexto com a possibilidade de realizar inovações e desenvolver

novas estratégias.

Assim, organizações de vários setores investem cada vez mais em TIC e no uso de

sistemas de informação (SI), como as indústrias (OLIVEIRA, 1999), bancos (LUNARDI;

MAÇADA; BECKER, 2003) e o setor saúde (PEREZ et al., 2010), e os benefícios

relacionados aos investimentos nessas tecnologias têm sido objeto de constante avaliação

(O’BRIEN, 2004), em especial pela importância dos SI para agregar valor às organizações

(MUKHERJEE, 2008a).

Page 17: Tese Marcilio Ferreira UFPE

17

No aspecto conceitual, a disciplina de SI implicitamente refere-se a um campo

multifacetado, de bases conceituais complementares, as quais permeiam tanto o método

quanto a prática (BASKERVILLE; MYERS, 2002) e decorrem diretamente da evolução da

teoria geral de sistemas (BERTALANFFY, 1975), cibernética (WEINER, 1948; ASHBY,

1956) e pensamento sistêmico em geral, tal como a análise e engenharia de sistemas

(BLANCHARD; FABRYCKY, 1998).

A conceituação clássica revela que um sistema pode ser definido como um conjunto

de elementos inter-relacionados que coleta (entrada), manipula e armazena (processo),

dissemina (saída) os dados e informações e fornece algum mecanismo de feedback para

análise e refino da entrada (BERTALANFFY, 1975), sendo um SI um caso restrito desta

definição.

Turban e Volonino (2009) apresentam um SI como um sistema simples, capaz de

coletar, processar, armazenar, analisar e disseminar informações para atender um propósito

específico. Stair e Reynolds (2006), por sua vez, analisam um SI como um conjunto de

partes inter-relacionadas que interagem para atingir objetivos ou, ainda, como um conjunto

de componentes interdependentes que formam um todo com um objetivo específico.

Aplicados às organizações, SI são artefatos tecnológicos construídos para

atenderem e aprimorarem as formas de controle daquelas e disseminarem as informações

através da sua estrutura, processos, funções de negócio e arquitetura informacional. Como

qualquer sistema simples, conforme descrito anteriormente, um SI inclui entradas (dados e

instruções), saídas (relatórios e cálculos) e engloba pessoas, procedimentos e infra-

estrutura física, operando em um determinado ambiente (NICKERSON, 2001; O’BRIEN,

2004; TURBAN; RAINER JR; POTTER, 2005).

Por outro lado, em um ambiente no qual a proliferação da TIC e, mais

incisivamente, o advento da Internet resultaram em uma mudança no nível de

complexidade inerente ao mundo (MERALI, 2004), as organizações e os SI vêm se

tornando cada vez mais complexos (LYCETT; PAUL, 1999; MCBRIDE, 2005; XIA; LEE,

2005), tese que esta pesquisa corrobora, e admite-se que a teoria da complexidade pode

lançar uma luz diferente sobre a compreensão dos fenômenos da área de SI.

Decerto, conforme Merali (2006), a evolução tecnológica teve o potencial de

aumentar a conectividade entre pessoas, aplicações e dispositivos, a capacidade de

armazenamento e processamento distribuído de dados e o alcance, escala e velocidade de

transmissão da informação. Esta transformação deu origem a organizações mais complexas

(AXELROD; COHEN, 1999), geralmente em forma de rede (HACKBARTH;

Page 18: Tese Marcilio Ferreira UFPE

18

KETTINGER, 2004), e que contêm estruturas e processos descentralizados, nos quais

informações e conhecimentos são compartilhados além das fronteiras organizacionais em

densas relações (MERALI, 2006).

Conseqüentemente, as organizações vêm sendo consideradas como sistemas

complexos, dinâmicos e não-lineares que evoluem de maneira constante e previsível

(SERVA, 1992; KIEL; ELLIOT, 1997; AXELROD; COHEN, 1999; PASCALE et al.,

2000; STACEY, 2000; 2001) e estas idéias também vêm obtendo ressonância no campo de

sistemas de informação (MITLETON-KELLY; LAND, 2004; DHILLON; FABIAN, 2005;

MCBRIDE, 2005; JACUCCI; HANSETH; LYYTINEN, 2006; MERALI, 2006). A

complexidade organizacional refletiu-se especialmente no modo como os SI têm sido

estruturados e desenvolvidos (MITLETON-KELLY; LAND, 2004; MERALI;

MCKELVEY, 2006), bem como na necessidade de integração informacional.

De fato, o aumento no número de componentes a serem inter-relacionados entre

diferentes plataformas tecnológicas e de software, demanda sofisticadas arquiteturas de SI

que exigem projetos de desenvolvimento de sistemas mais complexos e que apresentam

uma grande quantidade de subsistemas e componentes que necessitam tratar e trocar

informações entre si (XIA; LEE, 2005), de forma integrada, coesa e íntegra.

No que se pode prognosticar, os SI considerados simples terão sucedâneos

compostos por um grande número de partes (subsistemas), denominados na literatura como

sistemas de informação complexos (SIC), partes estas caracterizadas por propriedades

coletivas que interagem dinamicamente com um alto grau de acoplamento e não-

linearidade, buscando desempenhar as funções demandadas pelo negócio (DHILLON;

WARD, 2002; MERALI, 2006; MUKHERJEE, 2008b). As propriedades dos SIC, como

dito, advêm de um campo que tem recebido recente e crescente atenção no segmento da

administração, qual seja a área das ciências da complexidade (THIETART, R.; FORGUES,

2011).

Os SIC diferem dos sistemas simples principalmente pela natureza das inter-

relações existentes entre suas partes, as quais se relacionam e se influenciam mutuamente

com as seguintes características (CILLIERS, 2000; BACKLUND, 2002):

• são constituídos de um grande número de unidades simples;

• as unidades interagem dinamicamente por troca de informação;

• há muitos loops de feedback diretos e indiretos;

Page 19: Tese Marcilio Ferreira UFPE

19

• o sistema possui memória e, por conseguinte, armazena a história de seu

comportamento;

• o comportamento que emerge é determinado pela natureza das interações e não

pelo que está contido nas unidades.

A natureza complexa das inter-relações desses sistemas torna a compreensão dos

mesmos desafiadora. Segundo Mitroff e Linstone (1995), a incapacidade humana de gerir

eficazmente sistemas complexos de grande escala, quando confrontada com a concepção e

gestão dos resultados do uso desses sistemas:

• gera soluções marcadas pela omissão em reconhecer as interações entre os

componentes do sistema que foram concebidos de forma relativamente

independente;

• denota a incapacidade para antecipar os problemas e as reações técnicas em

situações de falhas ou gargalos desses sistemas;

• promove a desvalorização dos ativos de sistemas existentes no parque

tecnológico da organização.

Indiretamente, a qualidade da informação devido à articulação inadequada e à má

integração informacional entre os sistemas também são afetadas (SOUTHON; SAUER;

DAMPNEY, 1999; HEEKS, 2006).

Contudo, a integração de SI e de suas fontes de informação permite às organizações

que a tecnologia suporte adequadamente a sua lógica funcional e que estas fiquem melhor

preparadas para responder às constantes exigências do seu ambiente (GANESH, 2000).

Sordi e Marinho (2007) apontam diversos fatores do ambiente que justificam a

crescente demanda por integrações de sistemas, sendo os principais: aumento da

diversidade e quantidade dos SI nas organizações, busca de vantagens competitivas que

requerem melhor gestão da informação, exigências de órgãos reguladores por maior

agilidade no trâmite de informações e tendência por trabalhos organizados de forma

colaborativa, todos exigindo melhor fluxo informacional entre as organizações. Desta

forma, quanto mais complexa é uma organização e seu ambiente mais valor terão os

projetos de integração de SI, como afirma Martins (2005).

Na mesma proporção em que os SI tornam-se cada vez mais complexos e

abrangentes e aumenta-se a necessidade de compartilhamento de informações entre

aplicações diferentes, cresce em importância e dificuldade o esforço de articulação de seus

Page 20: Tese Marcilio Ferreira UFPE

20

componentes frente à heterogeneidade das fontes integradas (BASS; CLEMENTS;

KAZMAN, 2003).

A título de aplicação de SIC no campo empírico, a adoção de TIC no setor de saúde

pública (SPIL et al., 2009), através do uso freqüente de sistemas de informação em saúde

(SIS), levou alguns autores a também considerarem os SI componentes do setor como

complexos (CARVALHO, 1997; GUIMARÃES, 2005; ALVES, 2006; ESCRIVÃO

JUNIOR, 2006; ROUSE, 2008; SHAW, 2009; PALEY, 2010).

No Brasil, há considerações similares na literatura em relação aos SIS que

compõem o sistema único de saúde (SUS), o qual é formado por várias dezenas de

software específicos para o setor, cujas bases informacionais se encontram intrinsecamente

inter-relacionadas.

Face ao exposto, em um cenário emergente no qual a complexidade inerente aos SI

cresce progressivamente, esta tese defende a idéia de que as inter-relações dos SIS

freqüentemente apresentam um comportamento desorganizado e desarticulado que afeta a

integração informacional tornando-a inadequada. A fim de conjugar estes dois escopos - o

das relações e interações sistêmicas complexas e o da integração informacional - a

pesquisa se propõe a avaliar a integração informacional entre os SIS componentes do SUS

à luz do conceito de complexidade.

Sendo assim, a organização dos capítulos da tese afluirá para uma caracterização

dos SIS do SUS como um sistema complexo, relacionando-o com a integração da

informação do setor à luz das teorias e conceitos organizacionais e de complexidade.

O caso selecionado para a investigação foi uma região de saúde do SUS no estado

de Alagoas, que contempla a capital Maceió e mais onze municípios. Esta região engloba

municípios de diferentes portes e estabelecimentos de saúde que operam SIS diversos, o

que poderia refletir a complexidade informacional que esta tese objetivou tratar.

Neste capítulo apresentou-se o tema e as considerações preliminares do estudo. No

capítulo 2 é apresentado o contexto da pesquisa, compreendendo a definição do ambiente e

do cenário, do problema, dos objetivos e da justificativa.

Realiza-se, no capítulo 3, uma fundamentação teórica pertinente à área do estudo,

embasada na teoria institucional, teoria geral dos sistemas e teoria da complexidade.

Ainda, discutem-se os conceitos de organizações, SIC, sistemas de informação, sistemas de

informação em saúde e integração informacional.

Descrevem-se, no capítulo 4, os procedimentos metodológicos apresentando o

desenho da pesquisa adotado no campo empírico. São expostos o posicionamento

Page 21: Tese Marcilio Ferreira UFPE

21

epistemológico do pesquisador, seguido da abordagem, métodos, estratégia e desenho da

pesquisa. Ainda, os métodos de coleta e análise de dados são apresentados e são listados os

cuidados metodológicos tomados no transcorrer da pesquisa.

No capítulo 5 os resultados e as discussões das análises dos dados são apresentados

em três etapas: mapeamento das redes dos sistemas de informação em saúde,

enquadramento da complexidade dos sistemas e análise da integração informacional na

visão dos gestores de saúde da região I de Alagoas. Finalmente, as conclusões são expostas

no capítulo 6, onde também são feitas considerações sobre as limitações do estudo e

trabalhos futuros.

Page 22: Tese Marcilio Ferreira UFPE

22

2 Contexto da Pesquisa

Neste capítulo, são descritos o ambiente da pesquisa e o cenário em que a mesma

está inserida, além do que são apresentados os objetivos e as justificativas com o intuito de

contextualizar o estudo desenvolvido.

2.1 Ambiente

As últimas décadas têm sido marcadas por profundas mudanças nas bases da

sociedade e do mundo, desencadeadas por contínuos avanços científicos e por uma

tendência para a globalização econômica e cultural, em meio a mudanças nas relações

sociais, nos sistemas políticos e nos sistemas de valores (HAMEL; PRAHALAD, 1994),

que são creditáveis, em parte, ao crescente uso das tecnologias digitais e à revolução

tecnológica promovida pela TIC.

Também por este prisma de mudanças, Castells (1999) descreve a sociedade

contemporânea como globalizada e em rede, centrada no uso e aplicação de informação e

conhecimento. Um dos grandes pilares em que se sustenta esta sociedade liga-se ao fato de,

através das TIC e com base nas redes de computadores e na Internet, as pessoas,

organizações e países estarem mundialmente conectados.

No contexto organizacional, o reflexo da sociedade em rede incidiu numa constante

reestruturação para tornar as organizações mais ágeis e flexíveis, focadas na redefinição de

processos de trabalho e supressão de camadas administrativas (KOHLS, 1999), que aliada

ao aumento da conectividade e à necessidade de mudanças rápidas e constantes em relação

ao ambiente, têm tornado as organizações, privadas ou públicas, inerentemente mais

complexas (DAMANPOUR, 1996; STACEY, 1996; BACKLUND, 2002; DOOLEY,

2002).

Assim sendo, a dinâmica do ambiente tem se alterado na direção de uma crescente

imprevisibilidade, complexidade e rapidez de mudanças que exigiram das organizações

maior amplitude e rapidez das interações entre os agentes, em função da globalização e das

modernas TIC. Tais fatos têm levado as organizações a buscarem arranjos competitivos e

Page 23: Tese Marcilio Ferreira UFPE

23

cooperativos, tornando as fronteiras organizacionais cada vez mais difusas (ANSELMO,

2005).

As transformações organizacionais interagiram com a difusão das TIC e,

atualmente, como fruto dessa reestruturação complexa, as organizações em rede se

tornaram uma forma organizacional importante que substitui a forma multidivisional como

a maneira dominante de estruturar uma organização moderna (DIJKSTERHUIS; VAN

DEN BOSCH, 1999). As redes inter-organizacionais estabelecem-se como um novo meio

de cooperação e colaboração com o objetivo de tornar as organizações mais competitivas e,

portanto, na sua estrutura, as comunicações laterais são mais importantes do que as

comunicações verticais e as hierarquias são muito mais horizontais ou desaparecem

totalmente (MIGUELETTO, 2001).

Ainda a respeito das organizações em rede, Puffal e Tondolo (2008) explicam que a

informação encontra-se distribuída em diversos sistemas e precisa fluir adequadamente

para viabilizar a cooperação entre elas. A efetivação de interações entre os sistemas,

inclusive os SI, auxilia as organizações a suprirem necessidades de informações internas e

externas, evidenciando, assim, um ambiente colaborativo de integração informacional que

visa o alcance das metas organizacionais (SILVEIRA, 2003).

Com o aumento da complexidade organizacional, habilitada pela quantidade de

sistemas em operação nas organizações e pelas relações informacionais existentes, os SI

tendem a incorporar propriedades de natureza complexa em sua estrutura e

funcionalidades, impulsionados, principalmente, pela interação dinâmica entre eles e pela

integração processual e informacional, fazendo-os evoluírem para sistemas de informação

complexos (MCBRIDE, 2005; BENBYA; JACUCCI; HANSETH; LYYTINEN, 2006;

MCKELVEY, 2006; MERALI, 2006).

De fato, cada vez mais usuais em ambientes em rede como o descrito nesta seção,

os SIC são compostos por uma grande e diversificada quantidade de subsistemas inter-

relacionados com propriedades coletivas, cuja complexidade deriva da natureza

parcialmente conectada dos seus elementos e das dinâmicas não-lineares de suas relações

(DHILLON; WARD, 2002; MERALI, 2006).

Os subsistemas de um SIC encontram-se mutuamente inter-relacionados, de forma

que as alterações do estado de alguns elementos estão condicionadas ou refletem as

alterações do estado de outros elementos do sistema, mesmo que indiretamente. Assim, a

complexidade do SIC não surge de regras gerais complexas, mas advêm das interações

entre os componentes (MUKHERJEE, 2008b).

Page 24: Tese Marcilio Ferreira UFPE

24

SIC diferem dos sistemas simples devido à natureza complexa e dinâmica das suas

interações, pois seus subsistemas influenciam-se uns aos outros através de diversas

conexões circulares ou recursivas presentes em loops de feedback. Esses ciclos de feedback

podem ser representados por um conjunto circular de entradas interconectadas, que em

função de sua estrutura e atividades geram respostas e comportamentos para o sistema

(CILLIERS, 2000; BACKLUND, 2002).

As interações estabelecidas pelos SIC são, na maioria das vezes, motivadas pelas

necessidades de integração informacional das organizações. De fato, com a migração para

ambientes colaborativos e a prevalência de SI inter-organizacionais, maximiza-se a

necessidade de integrar os componentes e os subsistemas que operam nas organizações

visando à troca e o compartilhamento de informação.

2.2 Cenário

A integração contribui para gerar uma relação ou rede de relações complexas entre

os diversos SI que constituem o SIC (KIEL; ELLIOT, 1997). Soluções recentes de

integração de sistemas, tais como Service-oriented Architecture (SOA), Enterprise

Resource Planning (ERP), Enterprise Application Integration (EAI), Business Process

Management (BPM), Business Intelligence (BI), Supply Chain Management (SCM) e

Wokflow (HALEVY et al., 2005), não simplificam o comportamento organizacional; pelo

contrário, aumentam ainda mais a teia complexa do fluxo da informação, adicionando mais

complexidade para a organização e, por conseguinte, para a estrutura do SIC.

A figura 1 ilustra um cenário formado pelas integrações estabelecidas entre os

diversos componentes de diferentes sistemas de informação, visando à integração de

informações entre eles.

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25

Figura 1 - Integrações estabelecidas entre os componentes de diferentes sistemas de informação Fonte: Adaptado de Intersystems (2011).

As conexões entre os sistemas refletem as necessidades informacionais da

organização e proporcionam a formação de um SIC caracterizado por uma grande

quantidade de subsistemas heterogêneos e por relacionamentos complexos entre suas

unidades tecnológicas, representados na figura 1 por artefatos, tais como componentes,

módulos, serviços e banco de dados. A integração informacional maximiza a

movimentação da informação dentro da organização e eleva a sua capacidade de refletir as

mudanças exigidas pelo ambiente baseado no conhecimento.

Um exemplar de um SIC pode ser encontrado no setor de saúde pública, mais

especificamente no sistema único de saúde (SUS). O SUS é considerado como um sistema

burocrático, em sua essência, e complexo (BALDIJÃO, 1992; GUIMARÃES, 2005;

ALVES, 2006), ou seja, um SIC composto por sistemas de informação cujo estado corrente

em nível local é definido pelo comportamento da sua estrutura global e pelas interações

informacionais que ocorrem entre os seus diversos subsistemas, sendo essa uma

característica facilmente associada à complexidade. Esses subsistemas produzem uma

grande quantidade de informações referentes às atividades setoriais em saúde (SBIS,

2011).

Sendo assim, os sistemas de informação em saúde (SIS) integram as estruturas

organizacionais do SUS, sendo constituídos por diversos subsistemas que possuem como

propósito geral facilitar a formulação e a avaliação das políticas, planos e programas de

Page 26: Tese Marcilio Ferreira UFPE

26

saúde, subsidiando o processo de tomada de decisão. Para tanto, conta-se com os requisitos

técnicos e profissionais necessários ao planejamento, coordenação e supervisão das

atividades relativas à coleta, registro, processamento, análise, apresentação e difusão de

dados e geração de informações (BRASIL, 2011).

Desta forma, a quantidade de relações entre os SI explodiu com as crescentes e

necessárias iniciativas de integração, uma vez que as informações sobre a situação de

saúde da população se encontram disseminadas em diferentes sistemas nos ambientes das

secretarias e unidades de saúde que formam o setor (ALMEIDA, 1998) e em todos os

níveis de governo (municipal, estadual e federal). Ademais, cada sistema interage não só

com outros do mesmo nível, mas também com aqueles de maior e menor nível

hierárquicos, tornando os SIS um sistema complexo organizado em diferentes escalas.

Além dos sistemas oficiais do Ministério da Saúde, as próprias organizações

desenvolveram e implantaram sistemas próprios para suprirem as lacunas ou carências dos

sistemas fornecidos pelo Ministério. Porém, todos os sistemas, sejam oficiais ou não,

relacionam-se e consolidam as informações coletadas nos níveis imediatamente superiores

até alcançarem a base nacional do governo federal.

Assim, por causa da existência de uma diversidade de subsistemas heterogêneos

desenvolvidos com diferentes tecnologias, organizados e relacionados inter e intra níveis e

com uma dinâmica particular de inter-relações devido às necessidades de integração

informacional do setor, caracteriza-se o conjunto dos SI´s que formam o SUS um SIC, o

qual é vislumbrado como um cenário propício para conduzir a investigação a ser

empreendida neste estudo.

2.3 Problema Já antes da instituição do SUS existiam iniciativas de dotar o setor saúde de

informações que subsidiassem a tomada de decisões e as ações dos gestores. Com a

implantação dos primeiros SIS, no final do século passado, verificou-se a necessidade de

se buscar mecanismos para integrar as informações oriundas das diversas esferas de gestão

e dos diferentes sistemas, que desde sempre tiveram entre seus principais problemas sua

fragmentação, com dificuldades de comunicação, interoperabilidade e padronização das

informações (MENDES, 2001).

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27

Guimarães (2005) explica que a dispersão dos SIS é uma consequência direta da

fragmentação do processo de gestão federal do setor saúde, que tem profundas raízes

históricas e é pouco receptivo à incorporação do princípio de integralidade do SUS. O

processo tende a se reproduzir nas esferas estadual e municipal, conformando um modelo

que estimula cada organização a desenvolver isoladamente sistemas necessários ao

exercício de suas funções.

Ademais, a fragmentação e a desarticulação dos SIS em saúde trouxe sérias

implicações para os usuários do SUS. Uma vez que como a mesma pessoa pode receber

atendimento em diversas organizações de saúde ao longo de sua vida, as suas informações

ficam distribuídas em diferentes SIS, o que, segundo Contandriopoulos e Hartz (2004),

impossibilita a obtenção do histórico clínico integral do paciente, cujos dados estão

espalhados em diversas bases, nos locais onde ele foi atendido. Tudo isso pressiona

fortemente os custos dos sistemas de saúde com baixo impacto sobre as pessoas. Há,

portanto, dificuldades de projetar a trajetória dos pacientes no continuum dos cuidados

registrados em todos os SIS do SUS.

Visando superar a fragmentação dos SIS, ocorreu um incremento da demanda de

integração informacional do setor (GUIMARÃES, 2005; ALVES, 2006; MEDEIROS,

2008) e, assim, a complexidade inerente aos SIS cresceu progressivamente, emprestando-

lhes a compleição de um SIC, pois maximizaram-se as interações e inter-relações entre os

heterogêneos subsistemas constituintes. Neste ritmo, os subsistemas independentes, por

interagirem localmente, produzem informação a partir de um comportamento geral

organizado e bem definido em diferentes níveis de organização e esferas de relacionamento

(municipal, estadual ou federal).

Contudo, embora a informação seja pré-concebida para seguir um fluxo contínuo,

as inter-relações do SIC frequentemente apresentam um comportamento desorganizado e

desarticulado que afeta a integração informacional, tornando-a inadequada. Mesmo que os

SI constituintes do SIC tenham sido concebidos para formar um sistema uno, organizado e

estruturado em sua essência, como a informação se encontra distribuída, a interação

inapropriada dos subsistemas gera informação de pouca qualidade que culmina no mínimo

auxílio ao planejamento e à ação dos gestores.

Com o problema assim descrito, a intenção deste estudo pode ser sumarizada na

seguinte questão de pesquisa: de que modo a integração informacional prevista para o

Sistema Único de Saúde (SUS) é afetada pelas características de complexidade presentes

nos sistemas de informação em saúde?

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Para estudar este tema um tanto incomum na área de administração, escolheu-se a

região I de saúde do SUS no estado de Alagoas como estudo de caso da pesquisa, que

engloba doze municípios, incluindo a capital Maceió, e opera diversos SIS nas áreas de

atenção à saúde, vigilância em saúde, gestão e participação social e regulação, controle e

avaliação.

2.4 Objetivos

A seguir serão apresentados os objetivos geral e específicos que nortearão a

condução desta pesquisa. O objetivo geral define o propósito do estudo e os específicos

caracterizam as etapas ou fases do estudo.

2.4.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é analisar a feição da integração informacional dos

sistemas de informação em saúde no SUS sob a ótica da complexidade, dentro do contexto

da região I de saúde de Alagoas.

2.4.2 Objetivos Específicos

A partir do objetivo geral, decorrem os seguintes objetivos específicos:

• Mapear a estrutura das relações estabelecidas entre os sistemas de informação em

saúde que compõem o SUS;

• Evidenciar as propriedades da complexidade nas relações mapeadas entre os

sistemas de informação em saúde do SUS;

• Identificar os mecanismos de integração de informação presentes nos sistemas de

informação complexos;

• Apontar os pontos positivos e negativos que afetam a integração informacional do

Sistema Único de Saúde (SUS) associados à complexidade dos sistemas de

informação em saúde.

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29

2.5 Justificativa

Na literatura, verificaram-se poucas pesquisas referindo-se à relação entre SI e a

teoria da complexidade (MITLETON-KELLY; LAND, 2004). De fato, o conceito de

complexidade aplicado em estudos de SI é um domínio emergente e que caracterizará

pesquisas em um mundo cada vez mais interligado e em rede, e, assim, merece ser mais

explorado (MERALI, 2006; MERALI; MCKELVEY, 2006), como se tentou neste estudo.

Alguns estudos que trazem o conceito de complexidade para questões de pesquisa

podem ser encontrados no campo de: planejamento estratégico de SI (MUKHERJEE,

2008a), falhas de SI (MUKHERJEE, 2008b), desenvolvimento de SI (LYCETT; PAUL,

1999; XIA; LEE, 2005), habilidades e competências dos gestores de tecnologia da

informação (DHILLON; FABIAN, 2005). Entretanto, identifica-se uma lacuna para

perspectivas que tratem da integração informacional à luz das relações complexas

estabelecidas entre os sistemas. É neste espaço que o presente estudo pretende aportar

contribuições.

No Brasil, percebe-se que as agendas de pesquisa em SI (LUNARDI; RIOS;

MAÇADA, 2005; MACADAR; GRAEML, 2010) têm ignorado ou empreendido um

mínimo esforço para investigações que envolvam SIC. Ao observar o gap existente entre

as teorias da complexidade e a pouca atenção que é dada pela comunidade brasileira de SI

aos sistemas tidos como complexos, este estudo explora-o por sair das agendas típicas de

pesquisa e aplicar a teoria da complexidade nos SIS que compõem o setor de saúde pública

do Brasil. Dessa maneira, espera-se que o estudo desperte o interesse da comunidade

abrindo o debate para futuras pesquisas e, consequentemente, contribuindo para a geração

de conhecimento na área especializada.

Constata-se também a necessidade de investigação da complexidade aplicada ao

domínio das organizações do setor público (AGOSTINHO, 2003). Ao selecionar as inter-

relações existentes entre os SIS do SUS, esta pesquisa busca tratar a complexidade que

envolve esses sistemas em face da enorme rede de serviços públicos presente nos níveis

administrativos municipal, estadual e federal do setor, que cada vez mais adotam SI para

automatizarem suas operações (GUIMARÃES, 2005).

Além do mais, a saúde pública é um dos setores onde há maior necessidade de

informação para a tomada de decisões. Há um consenso sobre a importância central da

informação para avaliar o sucesso das políticas de saúde, que se manifesta não apenas na

literatura especializada (VIANNA; DALPOZ, 1998; HARTZ, 1999; SENNA, 2002), como

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30

também em relatórios e recomendações de conferências de saúde, oficinas de trabalho do

SUS e eventos de sociedades científicas. Estas constatações propulsionaram a difusão dos

SI no setor, a partir de iniciativas para compor uma base de dados nacional de informações

em saúde, o que levou ao aumento das relações informacionais para apoiar a gestão, que

caracterizam esses sistemas com uma natureza complexa no seu nível informacional, tal

como esta tese possui interesse em analisar.

Em adição, Branco (2001) concluiu haver desarticulação na gestão dos dados

nacionais de saúde, constatação a servir de desafio aos futuros gestores. Os resultados de

sua pesquisa mostraram que as informações em saúde no SUS careciam de eficiência e de

abrangência quanto a aspectos sociológicos, o que permitiria melhor contextualização

destas informações, e também teriam deficiência quanto à sua gestão dentro dos sistemas

de informação do SUS. Entendeu aquele autor que a integração dos SI ou, ao menos, sua

padronização, poderiam minimizar a baixa qualidade das informações oriunda de dados

incompletos, constatação que deve servir de desafio aos futuros gestores e pesquisadores

da área.

Novaes (2002) justifica ainda que o estímulo à integração informacional efetivado

com base nos dados disponíveis nos SIS do SUS, gera, entre outras coisas: saberes para a

sociedade; aumento do número de usos e usuários das informações; capacitação dos bancos

de dados para armazenamento de histórias de vida e não apenas de históricos clínico-

patológicos, sem perder de vista a cidadania, a inclusão social e as decisões em saúde com

responsabilidade. Assim, estudos que abordem a temática da integração de sistemas

aplicada às informações em saúde revestem-se de uma grande relevância social e podem

contribuir direta ou indiretamente para melhoria do atendimento aos usuários do SUS e à

sociedade em geral.

Em relação ao campo das ciências administrativas, a nova relação de dependência

entre organizações e SI passou a ser a base para as transformações operacionais e

gerenciais exigidas pela necessidade de tratar a informação como recurso estratégico, de

modo a contribuir efetivamente para a melhora dos resultados organizacionais

(ALBERTIN, 2002). Assim, atualmente, identificar qual informação é importante e

relevante para a organização e para qual nível ela se destina, passa por definir claramente

todos os aspectos da complexidade que estão relacionados com a desarticulação e

fragmentação dos SI e seus efeitos nos fluxos informacionais. E este é também um bom

mote para empreender este estudo.

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O capítulo seguinte aborda os aspectos teórico-conceituais considerados

apropriados que fundamentaram este estudo. Inicialmente, serão resgatados alguns

conceitos a partir da teoria institucional, da teoria geral dos sistemas e da teoria da

complexidade. Na sequência, serão abordados os conceitos referentes a organizações,

organizações em rede, sistemas de informação, sistemas de informação em saúde, sistemas

de informação complexos e integração informacional.

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3 Fundamentação Teórica

Teorias dão base para que se extraiam conceitos robustos para se desenvolver uma

tese. Por essa razão, as mesmas foram trazidas em visão sintética para compor a trama

teórica deste estudo e serão abordadas a seguir, de acordo com o ilustrado na figura 2, que

esquematiza o percurso a ser seguido na pesquisa.

Figura 2 - Diagrama conceitual da pesquisa.

3.1 Teorias e seu Foco nas Organizações

As próximas subseções abordarão os aspectos teóricos considerados apropriados e

relevantes para esta tese a partir da teoria institucional, da teoria geral dos sistemas e da

teoria da complexidade, todas sob um enfoque organizacional. Suas escolhas se devem à

compatibilidade e à adequação para estudo e análise das influências do contexto dos

sistemas de informação no campo da saúde pública. De início, olhar-se-á a teoria

institucional, que enfatiza o contexto ambiental e a sua interação com a organização.

Tecnologia da Informação

Sistemas de Informação Complexos

Organizações

Organizações em rede

Sistemas de Informação em Saúde

Integração Informacional

Organizações de saúde

Sistemas Complexos

Teoria Institucional

Teoria Geral dos Sistemas

Teoria da Complexidade

Sistemas de Informação

Estruturas Processos

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3.1.1 Teoria Institucional

A teoria institucional tem sido o esteio teórico de diferentes esforços de explicação

de fenômenos organizacionais, tendo aproximado seu foco das organizações com a

discussão de Merton (1957) sobre burocracia e burocratização, mediante regras e normas

que interferem no alcance de propósitos e processos como orientação de ações. A reboque

disto, com o passar do tempo, as organizações passaram a ser vistas como instituições, por

serem sistemas sociais que possuem metas e procedimentos estabelecidos, possuindo

valores por trás de requerimentos técnicos (SCOTT, 1991). Essa transformação é chamada

de institucionalização e é considerada um processo ligado a uma necessidade de

sobrevivência, de reconhecimento e de adaptação da organização aos interesses que

existem em seu ambiente (SELZNICK, 1971).

Já para Meyer, Boli e Thomas (1994), a institucionalização seria o processo pelo

qual um dado conjunto de unidades e padrões de atividade é normativa e cognitivamente

estabelecido em um local e praticamente considerado como legítimo.

Além do conceito essencial de institucionalização, a teoria institucional contribuiu à

teoria organizacional ao enfatizar a influência do ambiente sobre a organização e colocar a

legitimidade e o isomorfismo como fatores vitais para a sobrevivência daquela (FACHIN;

MENDONÇA, 2003), além do que, de acordo com Perrow (1986), trouxe o ambiente para

o contexto organizacional, analisando detalhes da interação organização-ambiente.

O espectro ambiental da teoria envolve a visão de ambiente técnico, caracterizado

pela troca de bens e serviços, enquanto que a visão de ambiente institucional conduz ao

estabelecimento e à difusão de normas de atuação, necessárias para o alcance da

legitimidade organizacional (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; FERNANDES, 1999).

Em ambas as visões o ambiente passa a ser conceituado não somente como um local de

suprimento de recursos e alvo de produção e rendimento, mas como uma fonte de

significados para os membros da organização e resultante da progressiva racionalização de

regras culturais que providenciam base independente para a construção das organizações

(SELZNICK, 1971).

Vieira e Carvalho (2003) ressaltam no escopo da teoria institucional, a vitalidade e

a aceitação dos conceitos de estruturas institucionais e campo organizacional. Para Scott

(1991), as estruturas institucionais consistem nas pressões de natureza:

• regulativa, que constrange e regula o comportamento por meio de regras,

monitoramento, sanções e punições de maneira formal;

Page 34: Tese Marcilio Ferreira UFPE

34

• normativa, que introduz uma dimensão prescritivo-avaliativa na vida social,

incluindo valores e normas que definem os significados legítimos para fins

validados;

• cognitiva, que sustenta significados que são compartilhados entre os atores

acerca das estruturas regulativa e normativa.

Ainda segundo aquele autor, tais pressões são aceitas no campo organizacional e

definidas e redefinidas a partir da interpretação e interação entre os atores, estabelecendo

critérios para a legitimidade das ações, constructo amplamente abordado por

institucionalistas. A legitimidade sugere que os ambientes institucionais exercem pressão

sobre as organizações para justificarem suas atividades e isto as motiva à acomodação com

as estruturas institucionais prevalecentes (SCOTT, 1991).

A teoria institucional, portanto, se opõe às explicações consideradas como

determinantes das estruturas organizacionais pela abordagem funcionalista, de que os

arranjos estruturais são definidos a partir de características internas às organizações, como

tamanho e tecnologia (DONALDSON, 1999). O que se percebe no enfoque institucional é

que as estruturas são determinadas por fatores externos, como mudanças na legislação ou,

ainda, pelo desenvolvimento de sólidas normas sociais dentro da rede organizacional.

Carvalho, Vieira e Lopes (1999) observam que são várias as circunstâncias que

podem influenciar na adoção das estruturas e pressupõem, baseados na teoria institucional,

que as organizações são influenciadas por pressões normativas do estado e de outros

organismos reguladores presentes no ambiente. Assim, as organizações buscam adaptar

suas estruturas e processos às expectativas do contexto social no qual estão inseridas.

Por sua vez, o campo organizacional se refere a um grupo de organizações que se

constitui em uma área reconhecida da vida institucional e compartilha sistemas de

significados comuns (POWELL, 1991). A identificação dos campos organizacionais tem

contribuído para o exame dos tipos de diferenciação e dos sistemas de ligações que surgem

entre os diversos conjuntos de organizações presentes ou não em uma localidade, bem

como para o delineamento das influências culturais, políticas e técnicas (SCOTT, 2001).

DiMaggio e Powell (1983) afirmam que os processos de estruturação do campo ou

institucionalização consistem no aumento do grau de interação entre as organizações, na

emergência de estruturas de dominação e padrões de coesão bem definidos, no aumento na

carga informacional com o qual as organizações devem competir e no desenvolvimento de

consciência mútua entre os participantes em um grupo de organizações que estão

envolvidas em um empreendimento comum.

Page 35: Tese Marcilio Ferreira UFPE

35

Ademais, para se estudar a formação e a institucionalização de um campo

organizacional são fundamentais a compreensão da natureza e da dinâmica da atividade

nele desenvolvida, sendo necessário salientar a importância das condições históricas na

modelagem da dinâmica do nível de campo e seus efeitos conseqüentes nas formas e

atividades organizacionais (GALVIN; SZYLIOWICZ; HUDSON, 2001).

Neste momento parece importante situar que o aumento da complexidade das

relações informacionais abordadas nesta pesquisa, pode ser identificado no campo

organizacional através dos processos de interação entre as organizações, pois, como

conseqüência do campo, as interações entre os atores (organizações, pessoas) ficam mais

complexas e atribuem ao contexto características mais dinâmicas nos movimentos de

cooperação e competição (POWELL, 1991). Também, ao envolver o compartilhamento de

um conjunto de normas e rotinas de trabalho, fica evidente que as interações do campo

interferem nas definições e redefinições das estruturas institucionais, o que também

influencia na complexidade organizacional e tecnológica.

A seu turno, no contexto dos sistemas de informação, o enfoque institucional tem

sido utilizado pelo seu potencial de ajudar a compreender como as instituições influenciam

o projeto, uso e disseminação das tecnologias dentro e entre as organizações

(ORLIKOWSKI; BARLEY, 2001). Segundo Avgerou (2001), um SI pode ser considerado

institucionalizado em uma organização quando é incorporado às práticas de trabalho das

pessoas e visto como legítimo, não sendo, portanto, considerado como uma inovação.

Tomando como exemplo o campo da saúde pública, L´Abbate (2003) assume na

análise institucional das organizações que o compõe, uma dimensão que trata a saúde como

instituição, o quê significa problematizar a própria constituição do seu campo como um

conjunto de saberes e práticas relacionados a um contexto amplo, de ordem político-social

e técnico-científica. Uma vez que as relações entre os SI se formam na medida em que o

campo está sendo constituído, SI inseridos neste contexto são afetados por normas, leis ou

portarias que determinam seu modo de operação e implantação, propiciando a natureza

complexa das inter-relações entre os sistemas durante o processo histórico de legitimação

dos mesmos no ambiente (MIGNERAT; RIVARD, 2009).

Aderentes à formação e propósitos do campo organizacional, as inter-relações

estabelecidas entre os sistemas de informação organizacional constituem um conjunto de

elementos interdependentes e em interação com vistas a atingir um objetivo, geralmente

visando uma maior integração informacional (HALEVY et al., 2005).

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36

O estudo dos elementos, das relações entre estes elementos, assim como do objetivo

e do ambiente de um sistema, são abordados pela teoria geral dos sistemas, que serão

discutidas neste estudo a partir da análise das influências do contexto dos sistemas de

informação no campo da saúde pública.

3.1.2 Teoria Geral dos Sistemas

A teoria geral dos sistemas (TGS) foi desenvolvida a partir de 1940 e tem por

objetivo elucidar os princípios que podem ser aplicados a todos os tipos de sistemas em

todos os campos de pesquisa, através do estudo da relação dos sistemas e de seus

elementos, assim como de seus modos de ação ou comportamento (BERTALANFFY,

1975).

A TGS afirma que as propriedades dos sistemas não podem ser descritas

significativamente em termos de seus elementos separados e, dessa forma, a compreensão

dos sistemas ocorre somente quando se estuda os sistemas globalmente, envolvendo todas

as interdependências de suas partes (BERRIEN, 1968).

Bertalanffy (1976) define sistema como um conjunto de elementos inter-

relacionados entre si e com o ambiente. Churchman (1971) afirma que embora a palavra

sistema tenha sido definida de várias formas, há uma concordância generalizada no sentido

de que sistema é um conjunto de partes coordenadas para atingir um conjunto de objetivos.

Rechtin e Meier (1997), por sua vez, estabelecem um sistema como um conjunto de

diferentes elementos conectados ou inter-relacionados para desempenharem uma única

função não realizável pelos elementos isoladamente.

Ellis e Ludwig (1962) explicam sistema como um ente, processo ou esquema que se

comporta com alguma discrição, sendo sua função a de tratar e produzir informação em

uma referência temporal. Já Goldbarg e Luna (2000) enunciam sistema como qualquer

unidade conceitual ou física, composta de partes inter-relacionadas, inter-atuantes e

interdependentes.

Pode-se observar nas definições apresentadas que todos os autores são unânimes

em considerar as partes, conjunto de componentes, entes, processos, esquemas etc de um

sistema, como elementos em interação. Assim, embora não haja nenhuma inconsistência

entre essas definições, existem nelas enfoques mais específicos que denotam a pluralidade

de acepções e vinculações do conceito a diversos segmentos do saber científico, havendo,

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37

no entanto, concordância ampla de que sistema é um modelo de natureza geral

(CHECKLAND, 1981) que congrega propriedades e que podem ser explicadas de acordo

com os princípios básicos, que são apresentados no quadro 1.

Princípio básico Descrição

Holismo Uma mudança em uma parte do sistema afeta todo o sistema Globalidade O todo é maior do que a soma das partes Equifinalidade Todos os sistemas podem alcançar o mesmo estado ou resultado através de

diferentes pontos de partida e abordagens Multifinalidade Um ponto de partida comum e a utilização de caminhos diferentes podem

levar a resultados diferentes Causalidade Diferentes partes do sistema podem ser afetadas em diferentes ocasiões

através de interações múltiplas entre elas

Quadro 1 – Princípios básicos dos sistemas segundo a teoria geral dos sistemas Fonte: baseado em Litterer (1973), Bertalanffy (1976), Checkland (1981), Boulding (1985).

Conhecendo as propriedades gerais dos sistemas é possível antever um complexo

conjunto de relações entre as partes (elementos) que os compõem, que estão inclusive

sujeitas a mudanças ou rearranjos de funções. Estas mudanças, ao mesmo tempo em que

afetam os subsistemas, também acarretam alterações no sistema maior. Lawrence e Lorsch

(1973, p. 24) corroboram com esta visão ao evidenciarem que “à medida que os sistemas

crescem, diferenciam-se em partes e o funcionamento destas partes separadas tem de ser

reintegrado para que o sistema inteiro volte a ser viável”.

Ademais, todo sistema pode ser visto em diferentes dimensões. O que é um

subsistema em uma visão mais ampla pode também ser considerado um sistema, no

momento em que se evidenciam as relações entre suas partes. Desse modo, a visão

sistêmica aborda o mundo como um conjunto de sistemas e subsistemas em implicações de

conter ou estar contido, onde sistemas podem constituir um super-sistema ou podem ser

reduzidos a subsistemas (MACIEL, 1974).

O relacionamento e acoplamento entre sistemas, de fundamental importância para

este estudo, pode ser entendido como a operação de relacionar a saída de um elemento

ativo de um sistema à entrada de outro elemento ativo de outro sistema. Ainda, de acordo

com Maciel (1974), só há relação através das entradas e saídas (interação externa) e através

de acoplamento (interação interna) e estas relações tornam os sistemas abertos e

eminentemente adaptativos, ou seja, para sobreviverem devem ajustar-se constante e

dinamicamente às condições do meio (CHURCHMAN, 1971).

Os sistemas diferem ainda em certos parâmetros que lhes assinalam um valor

dimensional específico (BOULDING, 1985), sendo eles: entrada (input), processamento ou

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38

transformação (throughput), saída, resultado ou produto (output), retroação ou

retroalimentação (feedback) e ambiente, conforme ilustrado na figura 3. Ressalta-se que o

feedback é um mecanismo no qual uma parte da saída de um sistema volta à entrada, um

tipo especial de relação bastante útil nesta pesquisa.

Figura 3 – Elementos gerais de um sistema em seu ambiente

Fonte: Adaptado de Boulding (1985).

No âmbito organizacional, o enfoque sistêmico parte do princípio de que as

organizações estão abertas ao ambiente no qual estão inseridas e precisam manter com este

uma relação de interação adequada para a sua sobrevivência (MORGAN, 2002).

Dependendo do tipo do ambiente, diferentes estratégias são adotadas na adaptação

ao mesmo. Neste sentido, uma característica particular das organizações é sua capacidade

de estender seu ciclo de vida através de reorganizações estruturais para cada tipo de

ambiente, dando origem a novas formas organizacionais (FERREIRA; REIS; PEREIRA,

1997) e, portanto, sobrevivendo.

Na visão de Zuboff (1988), cabe às tecnologias de informação e aos sistemas de

informação a indução de novas formas organizacionais e tecnológicas face aos ambientes

turbulentos, pois aqueles possuem a capacidade da automatização e informatização para a

melhoria contínua dos processos e alcance de maior eficiência nos procedimentos

administrativos.

Ao serem reconhecidos como uma coleção de componentes inter-relacionados, SI

baseados em computador aderem de forma total à TGS e compete à gestão dos SI dentro de

uma organização, considerar os sistemas como entidades ou ativos tecnológicos, buscando

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39

prever-lhes a estabilidade das inter-relações de seus componentes e acompanhar-lhes os

resultados gerados pelos seus usos (DHILLON; FABIAN, 2005).

Contudo, a presente pesquisa sugere que o aumento da complexidade informacional

e organizacional coloca desafios diferentes daqueles abordados no passado para

compreender as relações estabelecidas entre os SI. Argumenta-se que enquanto as teorias

tradicionais, tal como a TGS, foram baseadas em conceitos que negligenciam a

complexidade (MITLETON-KELLY, 2005; MERALI; MCKELVEY, 2006), as

contingências do ambiente, ancorado em uma sociedade e em uma economia em rede,

demandam teorias para, ao contrário, acomodarem a complexidade dos sistemas e

construírem uma visão que lide com redes de sistemas ao invés de sistemas discretos

delimitados e com a propriedade dinâmica dos sistemas ao invés de propriedades

estruturais estáveis (MERALI, 2006).

Cabe destacar aqui que a ênfase do enfoque sistêmico nos estudos organizacionais é

a definição da organização como um sistema estruturado em elementos ou componentes

interdependentes, caracterizados por uma acentuada interação entre todas as suas partes, de

maneira a produzir um todo unificado. Porém, na medida em que a complexidade das

organizações aumenta, as estruturas organizacionais tornam-se mais sofisticadas e o

processo de interação entre as partes também cresce, acarretando num dinamismo em que

as partes necessitam mudar constantemente de comportamento e configuração.

Em relação aos SI em operação na organização, as demandas de relações

informacionais entre as partes do sistema também acabam exigindo interações mais

robustas e proporcionam ao sistema articulações e inter-relações mais complexas, tal como

o tipo de relação sistêmica enfocada nesta pesquisa.

Apesar de acobertar as interações entre sistemas, seus elementos e o ambiente, a

TGS não é capaz de acomodar a dinâmica que as relações sistêmicas assumem de fato,

limitando, assim, a capacidade de representação dos sistemas e de suas inter-relações à luz

da não-linearidade, desordem, co-evolução, auto-organização, co-adaptação e caos

(MITLETON-KELLY; LAND, 2004; MERALI; MCKELVEY, 2006; MERALI; ALLEN,

2011). Esta limitação decorre do fato que a TGS é baseada em premissas ontológicas que

assumem primordialmente uma hierarquia persistente de organização dos sistemas, um

conjunto fixo de relações entre seus componentes e uma regulação de processos baseada

em loops de feedback estáveis, algo que não se vivifica com regularidade no mundo

organizacional da atualidade.

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40

Assim, uma vez que SI´s podem ser interpretados como entidades complexas, tanto

do ponto de vista estrutural como funcional, conceitos chave da teoria da complexidade

deveriam ser aplicados nas discussões sobre a compreensão das inter-relações complexas

dos seus componentes. Tais conceitos deveriam também ser extensíveis aos sistemas de

informação em saúde, uma vez que os mesmos operam em uma rede de cuidados de saúde

e requerem interações e relações constantes entre seus componentes, para disponibilizarem

para os profissionais de saúde e gestores informações de valor sobre os pacientes.

No emprego da TGS, o tratamento da complexidade relacional e da dinâmica entre

os sistemas é fundamental, porém, na ótica em debate, este tratamento é mais

adequadamente abordado pela teoria da complexidade (MERALI, 2006), o que justifica a

sua escolha para este estudo.

Neste ponto, esse estudo procura explorar os conceitos e métodos oferecidos pela

teoria da complexidade para lidar com esta lacuna e, assim, a explicitação da teoria e das

propriedades complexas de sistemas é abordada a seguir.

3.1.3 Teoria da Complexidade

A teoria da complexidade é considerada uma teoria guarda-chuva que se dirige,

explicita e implicitamente, para uma visão cada vez mais aproximada da realidade, sem

simplificação e sem reducionismo (AXELROD; COHEN, 1999).

É referenciada nas mais variadas ciências, tais como biologia, computação,

matemática, física, e visa lidar com os aspectos do comportamento de sistemas complexos

que não são acomodados adequadamente na teoria geral de sistemas (PHELAN, 1999).

Comporta um conjunto emergente de conceitos provenientes de várias teorias,

chegando mesmo a possuir um vocabulário comum com a TGS, tanto que muitos dos seus

aspectos também figuram nas discussões daquela teoria. Termos como conectividade,

interdependência, feedback e emergência transmitem quase o mesmo significado em ambas

as teorias, porém, a teoria da complexidade estende alguns destes conceitos e introduz

outros novos, tais como os já citados co-evolução, co-adaptação, auto-organização, auto-

similaridade, caos (MITLETON-KELLY; LAND, 2004), com o intuito de ampliar sua

capacidade de representar e articular as principais características da dinâmica estrutural e

comportamental dos sistemas complexos.

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41

Considera-se neste estudo que estes conceitos, exclusivos da teoria da

complexidade, são cruciais para a investigação das inter-relações de sistemas de

informação complexos.

3.1.3.1 Sistema Complexo

Um sistema complexo pode ser definido como sendo um sistema composto por uma

grande quantidade de subsistemas heterogêneos e inter-relacionados com propriedades

coletivas (DHILLON; WARD, 2002; MERALI, 2006), cuja complexidade decorre

principalmente da natureza interdependente dos componentes e da dinâmica não-linear que

tornam o comportamento dos mesmos difícil de prever, implicando que pequenas

mudanças nas entradas podem ter efeitos inesperados nas saídas (PASCALE et al., 2000).

As principais propriedades dos sistemas complexos são apresentadas no quadro 2.

Propriedade Complexa Descrição

Comportamento dinâmico

O sistema encontra-se em contínua mudança na busca pelo equilíbrio

Dinâmica não-linear Ocorrência de laços de feedback entre as partes componentes do sistema e entre estes componentes e as estruturas que emergem em níveis hierárquicos mais altos

Grande número de componentes independentes

Subsistemas heterogêneos e inter-dependentes que formam o sistema recaem no aumento do número de conexões, interações e laços de feedback

Comportamento emergente O todo é maior do que a soma das partes e o todo exibe padrões e estruturas que surgem espontaneamente do comportamento das partes

Efeitos em múltiplas escalas Ocorrência de efeitos e interações em pequenas escalas produzem as estruturas em grande escala que, por sua vez, modificam a atividade na pequena escala

Quadro 2 – Principais propriedades dos sistemas complexos Fonte: baseado em Pascale et al. (2000), Mitleton-Kelly e Land (2004), Merali (2006).

Conforme Mukherjee (2008b), a complexidade dos sistemas não surge de regras

gerais complexas, mas sim da interação entre o grande número de subsistemas que os

constituem. Estes subsistemas interagem uns com os outros construindo e reconstruindo a

organização das suas relações no nível local e influenciando o comportamento e a estrutura

global do sistema, sendo extremamente mutáveis. Cabe aqui o que Anselmo (2005) e

Paschoalini (2008) ressaltam da complexidade aplicada nas teorias administrativas, qual

seja, que as organizações apresentam relações múltiplas entre suas partes, internas e

externas, sendo que uma causa pode implicar em diferentes efeitos, tornando a organização

não-linear, instável e imprevisível. Além disso, o ambiente externo das organizações tem

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42

se tornado cada vez mais dinâmico, o que dificulta identificar os resultados futuros das

decisões gerenciais atuais.

Por essa mutabilidade quase intrínseca dos sistemas complexos, o termo caos tende

a dominar o discurso sobre a importância da ciência da complexidade nos estudos de outras

áreas. Contudo, conforme Merali (2006), o conceito de sistemas caóticos é muitas vezes

confundido com o conceito de sistemas complexos. Por isso, é particularmente importante

reconhecer-lhes uma distinção.

Em termos matemáticos, os sistemas caóticos têm propriedades específicas de um

sistema determinístico quase imprevisível. Como Bar-Yam (1997) aponta, o conceito de

sistema caótico apresenta em si um paradoxo, já que um sistema determinístico, por

definição, é aquele cujo estado em um momento determina completamente o estado de

todos os momentos futuros; porém, na prática, o estado de um sistema caótico é difícil de

prever devido à sua sensibilidade às condições iniciais, pois o que acontece no futuro é

altamente influenciado pelo estado atual e a sua dinâmica envolve algumas poucas

variáveis que revelam comportamentos emergentes característicos.

3.1.3.2 Emergência

Por sua vez, o fenômeno da emergência é referenciado na teoria da complexidade

como um processo de formação de padrões complexos a partir de uma multiplicidade de

interações simples. Segundo Anderson (1999) e Gleiser (2002), propriedades emergentes

são aquelas atribuídas ao sistema como um todo, não sendo encontradas em nenhuma parte

individual do sistema. Assim, tais propriedades emergem a partir das interações locais dos

subsistemas, de acordo com regras próprias desenvolvidas de forma autônoma pelas partes

locais.

As propriedades emergentes pressupõem um modelo de múltiplos níveis, visto que

as propriedades em determinado nível dependem das interações das partes no nível

imediatamente inferior. A figura 4 ilustra um sistema formado por interações locais entre

seus componentes que apresenta comportamento emergente. Nele, a complexidade do todo

(estrutura emergente local) é maior do que a da soma das partes (interações locais) e a

propriedade global - o comportamento emergente - retroalimenta os componentes

individuais pelos quais foi produzida.

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43

Figura 4- Comportamento emergente global a partir das interações locais nos sistemas complexos Fonte: Adaptado de Mukherjee (2008a).

Para Merali (2004), a emergência ocorre quando as propriedades macroscópicas,

considerando o sistema como um todo, surgem a partir das microscópicas, considerando o

sistema do ponto de vista dos componentes locais (interações, relações, estruturas e

comportamentos). Logo, um determinado comportamento observado em um certo nível é

considerado emergente se não pode ser entendido e analisado separadamente por todos os

constituintes daquele nível. O comportamento emergente torna-se, assim, um fenômeno

novo e especial para o nível considerado, originado a partir das interações entre a estrutura

global e os componentes do nível local. Ainda, cada um dos níveis pode também constituir

um novo sistema complexo composto por novos níveis inferiores (MERALI;

MCKELVEY, 2006).

3.1.3.3 Auto-organização

Estendendo a discussão, a combinação de estrutura e emergência leva ao conceito

de auto-organização, que é o resultado de um comportamento emergente com o efeito de

alterar ou criar uma nova estrutura ou nível no sistema (MUKHERJEE, 2008a). Neste

sentido, cada nível superior do sistema tem sua própria escala de organização e cada novo

nível gerado possui outros tipos de relacionamentos e propriedades, significando dizer que

um sistema complexo em um dado nível é composto de outros sistemas complexos de nível

mais baixo que interagem e criam a ordem do nível superior.

O fenômeno de auto-organização tem sido vastamente estudado e explorado em

muitos sistemas de diferentes tipos e tamanhos. Como explicam Galindo et al. (2007), os

diversos sistemas auto-organizadores apresentam em comum cinco características-chaves.

A primeira diz respeito ao constante processo de criação e transformação estrutural, bem

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como o aparecimento de novos padrões de comportamento adaptativos, apresentando

nítidas características de desenvolvimento, aprendizado e evolução. A segunda está no fato

destes sistemas, estruturalmente abertos, operarem em pleno estado de afastamento do

equilíbrio. A terceira característica refere-se à necessidade do constante fluxo de energia

através do sistema para que os mesmos mantenham suas qualidades de auto-organização.

A quarta característica está relacionada com o papel central dos laços de realimentação na

consolidação e manutenção da dinâmica organizacional. Já a quinta e última característica

relaciona-se à não linearidade das conexões, devido ao fato dos laços de realimentação

internos não assumirem relações lineares de casualidade em função das diversas interações

mútuas existentes entre os elementos da organização.

Langton (1991) explica que o surgimento dessas estruturas auto-organizadas se dá

devido a padrões complexos de interação e sua rede de inter-relações e a diversidade dos

ciclos de feedback induzem à geração de uma variedade de formas, com diferentes

conseqüências. Assim, os ciclos podem manter espontaneamente uma condição

homeostática (tendência ao estado de equilíbrio) ou podem gerar novas e mais complexas

formas de organização. Nesta pesquisa, as relações circulares estabelecidas entre os SIS

são entendidas como traços básicos da auto-organização.

Kauffman (1993) mostra que os padrões de comportamento emergentes se

desenvolvem em uma seqüência regular (ou ciclos) com três estados distintos:

• um regime ordenado, composto por estruturas rígidas que não mudam ou

possuem oscilações periódicas;

• um grande regime de desordem, que é muito instável para o surgimento da

ordem;

• um regime de transição, ordenado o suficiente para permitir a estabilidade, mas

capaz de transformar novas estruturas.

Além do mais, Kauffman (1993) constatou que o grau de conectividade, ou seja, o

número de conexões que cada componente estabelece com os outros componentes, é um

fator crítico para o aparecimento de estruturas auto-organizadas, pois se as inter-relações

não forem suficientes, a rede de relações ficará congelada para o ciclo de um mesmo

estado, e, se forem muitas, o sistema torna-se excessivamente instável e altamente

desordenado, desencadeando uma reação maior. Este tipo de sistema, com grande potencial

criativo e inovativo, encontra-se em uma condição chamada de fronteira do caos

(LANGTON, 1991), região que é reconhecida como sendo o limiar entre a estabilidade e a

instabilidade.

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45

3.1.3.4 Fractal

Da teoria da complexidade resgata-se, ainda, a idéia de fractal, outro importante

conceito para este estudo, que é referenciado como uma manifestação geométrica de

sistemas dinâmicos e caóticos. O termo fractal significa quebrar em frações, que são

pequenas partes que se reproduzem em escalas diferentes e que continuam se relacionando

com o todo do sistema. Esta propriedade dos fractais é denominada de auto-semelhança e é

observada na simetria através das escalas, consistindo em que pequena porção do fractal

poder ser vista como uma réplica de todo o fractal numa escala menor (AHMED; YASIN,

2010).

Fractais possuem elementos entrelaçados e complexos dispostos em níveis e seus

mesmos padrões reaparecem em todos os níveis analisados (DHILLON; FABIAN, 2005).

Esta propriedade, denominada invariância de escalas, é exclusiva dos fractais, significando

que os mesmos padrões emergem em qualquer nível de análise. A figura 5 a seguir

esquematiza um fractal. Nela, são ilustradas as escalas e os relacionamentos de cada nível

que se encontra auto-contido nos níveis inferiores, demonstrando visualmente as suas

propriedades.

Figura 5 – Esquematização de um fractal

Fonte: Baseado em Ahmed e Yasin (2010).

Nos fractais, a auto-similaridade das formas ou estruturas é outra propriedade que

se destaca. Ao se dividir o todo iterativamente em partes, as partes, por menores que sejam

apresentam formas e características semelhantes ao todo, ou seja, a parte reflete a estrutura

do todo, como pode se observar na figura acima. Diz-se, então, que o todo está presente na

parte e que a parte está presente no todo (DHILLON; FABIAN, 2005). Desta forma, a

Input Output

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46

auto-similaridade proporciona um sentido de ordem a estruturas aparentemente irregulares

que apresentam um comportamento complexo.

3.1.3.5 Co-evolução e co-adaptação

De acordo com a teoria da complexidade e reforço de Mukherjee (2008b), é

possível modelar o comportamento complexo de um sistema examinando as regularidades

que emergem das interações dos seus componentes através da aplicação do conceito de

sistema complexo adaptativo (complex adaptative system - CAS).

CAS, como conceito, denota um sistema aberto composto de muitos elementos

heterogêneos que interagem não linearmente ao longo do tempo uns com os outros e com o

ambiente, capaz de adaptar seu comportamento baseando na experiência que o meio

envolvente proporciona (MAXFIELD, 1996). O CAS se distingue dos demais sistemas

complexos pelas propriedades de trajetórias evolutivas, equilíbrio pontuado, co-evolução e

co-adaptação.

A propriedade de trajetórias evolutivas implica que o futuro de um CAS a partir de

um dado momento não pode ser determinado pelo conhecimento completo do estado atual.

Já o equilíbrio pontuado é a tendência de um CAS possuir padrões estáveis de atividade

por longos períodos de tempo, seguido por um curto e rápido período de transição de

mudanças nos padrões, seguido novamente por novos padrões estáveis de atividade

(MUKHERJEE, 2008b).

Já a co-evolução é a capacidade de vários elementos de um sistema evoluírem

interativamente e, assim, a evolução de um elemento torna-se parcialmente dependente da

evolução de outros elementos relacionados. A co-evolução dos sistemas em um ambiente

dinâmico pode ser vista como um importante mecanismo de sustentabilidade do

ecossistema do qual os sistemas fazem parte (MERALI, 2006).

De forma similar, a co-adaptação é a habilidade de um elemento se adaptar às

mudanças do meio envolvente a partir da interação com outros elementos existentes

(MUKHERJEE, 2008a). Essa capacidade de adaptação mútua pode ser prevista pela

propriedade de auto-organização anteriormente apresentada.

Assim, os conceitos de co-evolução e co-adaptação observam que grande parte do

ambiente percebido pelo CAS, consiste em interações com outros sistemas que estão

igualmente se adaptando e evoluindo e acarretam a geração de variedades dos sistemas. Na

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terminologia da complexidade, permitem a exploração dos espaços de possibilidades, que

encoraja abordagens mais flexíveis para tratar a dinâmica dos sistemas (MITLETON-

KELLY, 2005).

Com estes arranjos, finalmente é possível defender a ideia de que a teoria da

complexidade é o ponto chave da superação do pensamento linear da TGS, pois segue uma

concepção mais abrangente ao considerar que os efeitos de um sistema retroagem sobre as

causas e as realimentam (SHAW, 2009), sendo o feedback não-linear um fator de

equilíbrio dinâmico.

A partir das teorias abordadas neste referencial, alguns dos conceitos apresentados

são mandatórios para o desenvolvimento da pesquisa e por isso são aprofundados a seguir.

Assim, as próximas seções tratam dos aspectos conceituais referentes a organizações,

organizações em rede, sistemas de informação e sistemas de informação em saúde, sob o

enfoque da complexidade.

3.2 Organizações

As teorias da administração evoluíram em resposta aos desafios do ambiente

incorporando os conhecimentos e modelos de ciências mais antigas, como discorrem

Soffner (2002) e Anselmo (2005).

A visão simplificada e linear das organizações resultou em diversas limitações dos

modelos mecanicistas e orgânicos, conforme discutido por vários autores (FERREIRA;

REIS; PEREIRA, 1997; MORGAN, 2002), pois uma premissa dos modelos anteriores

consistia em assumir as organizações como sistemas lineares, os quais eram caracterizados

por relações simples de causa e efeito e por propriedades aditivas igualmente simples, nas

quais o sistema poderia ser descrito pela soma das partes. A realidade organizacional,

entretanto, provou-se mais complexa, como se verá.

De início, para Etzioni (1978), as organizações são idealizadas como unidades

sociais ou agrupamentos humanos, intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de

atingirem objetivos específicos e permeiam todos os aspectos da contemporaneidade.

Scott (2001) agrega outros elementos à definição de organização, enunciando-a

como coletividades que são estabelecidas para a concretização de objetivos específicos e

possuem características que incluem fronteiras relativamente fixas, uma ordem normativa,

níveis de autoridade e um sistema de comunicações.

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48

A seu turno, Hall (2004) acrescenta que tais coletividades estão inseridas em um

ambiente e tomam parte de atividades ou funções que normalmente se encontram

relacionadas a um conjunto de metas, sendo que as pessoas estão posicionadas e

distribuídas em uma estrutura organizacional, prevista sob diversos aspectos em várias

teorias organizacionais.

3.2.1 Estruturas Organizacionais Segundo Shrivastava (1994), a estrutura organizacional refere-se ao padrão de

autoridade e às relações de responsabilidade que existem em uma organização. Assim, a

estrutura projeta e organiza os relacionamentos dos níveis hierárquicos e o fluxo das

informações essenciais da organização, sendo criadas para minimizar e regular a influência

das variações individuais existentes na mesma (HALL, 2004).

As organizações apresentam configurações estruturais diferenciadas uma vez que

não há uma estrutura única que seja altamente efetiva para todas elas, podendo as

estruturas assumirem diversas formas e estarem estreitamente vinculadas ao ambiente no

qual as organizações estão inseridas (DAMANPOUR, 1996; DONALDSON, 1999). Na

visão de Castells (1999), o surgimento de novas formas organizacionais ocorre com o

propósito de melhor lidar com a incerteza causada pelo ritmo veloz das mudanças do

ambiente econômico, institucional e tecnológico. Ao acompanharem a velocidade das

mudanças na sociedade contemporânea, as organizações e, por conseguinte, as formas

estruturais, evoluíram e tornaram-se complexas.

Mintzberg (2005, p.10) anuncia que a “estrutura de uma organização pode ser

simplesmente definida como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é dividido

em tarefas distintas e como é feita a coordenação dessas tarefas”. Aquele autor propõe

cinco configurações básicas para o delineamento dessa estrutura e apresenta alguns fatores

situacionais associados.

A primeira delas é a configuração simples, constituída pela centralização do poder,

mecanismos de comunicação sob as bases da supervisão direta e presente em ambientes

dinâmicos, dada sua formatação de facilitar a flexibilidade e a adaptação. A segunda,

denominada burocracia mecanizada, possui altos níveis de padronização e descentralização

horizontal limitada e é encontrada em ambientes simples e estáveis, evoluindo para a

burocracia profissional, onde se é possível trabalhar com certa autonomia, por meio da

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descentralização vertical e horizontal e a padronização de habilidades sob a modelagem de

ambiente estável e complexo. Há ainda a forma divisionalizada, onde a estrutura é dividida

em unidades de negócios baseadas em mercados diversificados e, por fim, a configuração

da adhocracia, com a flexibilidade e ajustamento mútuo, tipo esse ideal para ambientes

complexos e dinâmicos devido às suas características de autoridade descentralizada e

menor número de regras.

Por sua vez, Morgan (2002) discorre sobre a facilidade em ver a organização como

uma estrutura feita de partes, causas e efeitos, estímulos e respostas. Enfatiza ainda que

estrutura, função, comportamento e todos os outros traços da operação da organização,

como um sistema aberto, estão fortemente ligados uns ao outros; essa interdependência

funcional entre as partes não poderia ser circunscrita a uma simples concepção de estrutura

ótima, sendo necessário olhar além das fronteiras organizacionais.

Em sua metáfora da organização como fluxo da transformação, procura romper

com o determinismo linear de causa e efeito ao considerar as organizações como sistemas

dinâmicos complexos que operam em ambientes imprevisíveis e respondem a eles também

de forma imprevisível. Tal metáfora passou a incorporar os conceitos e princípios da teoria

do caos e complexidade e de ideias relacionadas com a cibernética e dialética.

Atualmente, a organização isolada tem perdido importância na sociedade

contemporânea, pois as tecnologias da informação aliadas a um novo paradigma de

competição suplantaram essas organizações que abandonaram as estruturas piramidais

procurando as relações de parcerias e colaborações (MILES; SNOW, 1994). Assim, as

estruturas interorganizacionais ou em rede emergem num ambiente competitivo onde

impera a necessidade de especialização e flexibilidade, de escala e escopo (PUFFAL;

TONDOLO, 2008) e são conceituadas como uma configuração estrutural com base em

atividades distribuídas e especializadas e em um conjunto de relacionamentos

fundamentado na interdependência.

No que tange à relação da estrutura organizacional com o fluxo da informação,

Ostroff (1999) enfatiza que as estruturas hierárquicas transferem informação verticalmente

por meio de uma cadeia de comando, mas inibem a transferência horizontal que deve

atravessar as barreiras interorganizacionais. Aquele autor argumenta que o maior desafio

para os gestores organizacionais na sociedade da informação, é criar uma estrutura capaz

de compartilhar e integrar a informação, e as estruturas interorganizacionais possibilitam

este compartilhamento, ligando as pessoas e estas às informações e permitindo que a

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informação flua horizontalmente de forma integrada, sem estar restrita como outrora aos

fluxos top-down e bottom-up.

3.2.2 Funções Administrativas As estruturas organizacionais devem ser delineadas à luz das quatro funções básicas

da administração: o planejamento, a organização, a direção e o controle. Para Stoner (1999,

p.15), “administrar, portanto, é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar os

esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos os outros recursos

organizacionais para alcançar os objetivos estabelecidos”.

A função de planejamento é a atividade mediante a qual se determina,

antecipadamente, os objetivos e ações a serem postos em prática e, assim, a organização

dispõe e aloca os recursos com vistas ao alcance desses objetivos. Já a função de direção

envolve a liderança e a coordenação das atividades e recursos na busca por resultados. O

controle tem o intuito de medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações

implementadas (STONER; FREEMAN, 1999). Na prática, o processo de administração

não envolve quatro conjuntos frouxamente relacionados de atividades, mas sim um grupo

de funções interativas, onde várias combinações dessas atividades costumam acontecer ao

mesmo tempo.

Araújo (2009) observa que a informação é denominador comum às funções

administrativas, pois toda ação é baseada em informação e a comunicação informacional é

fundamental para todos os processos.

Especialmente para as funções de planejar, organizar e controlar, a informação é

insumo básico ao relacionar-se às tarefas de tomar decisões. No planejamento, totalmente

voltado para o futuro, a informação é requerida para nortear planos e determinar objetivos.

Dentro da função organizar, a definição de estruturas e responsabilidades a serem

atribuídas a cada uma das unidades, envolve o levantamento de informações estratégicas

de gestão. Já a função controle depende da informação imediata a respeito do desempenho

organizacional, para facilitar a comparação com os objetivos previamente estabelecidos.

No âmbito das transformações das organizações complexas, exigem-se das funções

administrativas que elas contribuam adequadamente às questões de planejamento e

controle, essenciais para reordenação da missão e objetivos institucionais tão comuns em

ambientes dinâmicos, através de sua implementação em processos.

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51

3.2.3 Processos Organizacionais Hall (2004) e Oliveira (2009) explanam que a estrutura é o espaço em que ocorrem

todas as ações organizacionais e constitui ainda a dimensão fundamental do conjunto dos

processos organizacionais.

Na concepção mais freqüente, processo organizacional é “uma série de atividades e

tarefas lógicas e seqüencialmente inter-relacionadas, organizadas com a finalidade de

produzir resultados específicos para realização de uma meta, caracterizando-se por

entradas mensuráveis, valor agregado e saídas mensuráveis” (HALL, 2004, p. 132).

Como explica Gonçalves (2000), há três categorias básicas de processos:

• os processos de negócio (ou de cliente), que caracterizam a atuação da empresa e

que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou

serviço que é recebido por um cliente externo;

• os processos organizacionais ou de integração organizacional, que são

centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos

vários subsistemas da mesma em busca de desempenho geral, garantindo o

suporte adequado aos processos de negócio;

• os processos gerenciais, que são focalizados nos gerentes e nas suas relações e

incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização.

De maneira geral, os processos podem ser internos (quando têm início, são

executados e terminam dentro da mesma organização) ou externos. Há ainda processos

inter ou intra-organizacionais, quando envolvem diferentes organizações para a sua

execução. Eles podem também ser horizontais e verticais, dependendo da sua orientação

básica com relação à estrutura organizacional.

Os processos verticais usualmente se referem ao planejamento e ao orçamento

organizacional e se relacionam com a alocação de recursos. Os processos horizontais são

desenhados tendo como base o fluxo do trabalho, pois são processos de informação e

decisão criados para a coordenação das atividades que envolvem as várias unidades

organizacionais (HARRINGTON, 1991).

Importante ressaltar que os processos organizacionais são constituídos por um

grupo de atividades manipuladas e conectadas por meio de informações e, portanto,

determinam o fluxo da informação dentro da organização. Sob a visão da tecnologia da

informação, processos são automatizados com a implantação de software que leva em

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consideração a visão estratégica que a organização emprega nas suas metas e a associa ao

uso dos sistemas de informação buscando a otimização dos resultados (O’BRIEN, 2006).

A tecnologia de workflow, através da automatização dos processos de negócio

executados na organização, é um software que proporciona, além da redução de custos,

tempo, erros e redundância na execução dos processos, um maior controle sobre os

mesmos, incrementando a qualidade dos processos, de seus resultados e da organização

como um todo (THOM; LAU; IOCHPE, 2007).

Como explicam Thom e Iochpe (2003), a gestão por processos associada à

tecnologia de workflow pode trazer diversos benefícios à organização, tais como: descrição

precisa e não ambígua dos processos de negócio existentes; melhoria na definição de novos

processos; maior eficácia na coordenação do trabalho entre diferentes agentes; obtenção

em tempo real de informações precisas sobre o andamento dos processos; e padronização

dos processos executados, de forma manual ou automatizada, pela organização.

3.3 Organizações Complexas Inicialmente, a organização complexa se orientava pela estrutura formal de

hierarquia e papéis e, a exemplo das burocracias, apresentava uma divisão sistemática do

trabalho, na qual as atribuições de cada participante eram estabelecidas com base em

padrões e procedimentos técnicos. Portanto, tratava-se geralmente de organizações de

dimensão significativa e de natureza burocrática (ETZIONI, 1980).

Muitos trabalhos a respeito do crescimento das organizações complexas e

burocráticas surgiram na segunda metade do século passado. Além das pesquisas que

relacionavam-nas à integração e à eficácia (LAWRENCE; LORSCH, 1973), pontuaram

aquelas que tratavam o exame da relação entre tamanho, complexidade e formalização

(HALL, 1966); o estudo da aplicação do modelo burocrático a contextos sociais diversos

da sociedade ocidental (PRESTHUS, 1978); a análise das vulnerabilidades e possibilidades

de acidentes em sistemas sociais complexos (PERROW, 1999).

Na perspectiva do pensamento complexo (MORIN, 2006), as organizações sociais

justificam-se como sistemas complexos, pois vivem, convivem e sobrevivem em ambientes

mutantes. Aquele autor sempre faz referência às noções de ordem, desordem, organização,

integração e desintegração, por entender que, ao contrário da complexidade, a simplicidade

vê o uno ou o múltiplo, mas não consegue ver que o uno pode ser ao mesmo tempo

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múltiplo e sugere que “ou o princípio da simplicidade separa o que está ligado (disjunção)

ou unifica o que é diverso (redução)” (MORIN, 2006, p. 8).

Serva (1992) explica que as organizações sociais, sob o ponto de vista da

complexidade, também representam um fenômeno que emerge da ação e interação dos

agentes, ou seja, das pessoas que as formam e que possuem um comportamento

homogêneo e, além disso, agem sob a influência do próprio ambiente que estão criando.

Cabe ressaltar que esta situação de causalidade mútua provoca fenômenos característicos

que estão no centro da complexidade.

Nas organizações complexas, a estrutura, as funções e os processos apresentam

elevado grau de complexidade devido ao grande tamanho, à natureza complicada de suas

operações e processos internos, além das condições externas (DAMANPOUR, 1996).

Hall (2004) apresenta os três elementos mais identificados como componentes da

complexidade organizacional: a diferenciação horizontal, relacionada à subdivisão de

tarefas desempenhadas pela organização; a diferenciação vertical ou hierárquica, que

remete ao número de níveis hierárquicos ou aos níveis de divisões; a dispersão espacial,

que leva as atividades e as pessoas a dispersassem no espaço devido às suas funções

horizontais ou verticais, à separação dos centros de poder ou de suas tarefas.

Contudo, por meio da transição da sociedade industrial para a informacional e em

rede, as organizações começaram a apresentar novas formas não mais baseadas em

hierarquias, coordenação e controle, mas em relações funcionais cada vez mais interligadas

e em cooperação (OLIVEIRA; REZENDE; CASTRO, 2011).

Assim, a estrutura hierárquica que definia claramente as fronteiras das atividades de

uma organização foi se diluindo ao se integrar às atividades de outras organizações, através

de processos organizacionais que ultrapassam as fronteiras de uma organização e se

concluem ao longo de diversas organizações que se entrelaçam funcionalmente. Ressalta-

se que este encadeamento não-linear é característica basilar na teoria da complexidade.

Atualmente, as relações inter-organizacionais em forma de rede assumem

importância na medida em que têm a capacidade de regular interdependências

transacionais mais complexas, bem como apresentarem movimentos para a cooperação e a

competição, destacando-se como uma forma organizacional dinâmica, flexível, apropriada

e promissora para enfrentar as exigências da sociedade em rede (DIJKSTERHUIS; VAN

DEN BOSCH, 1999).

Como as organizações em rede são consideradas organizações complexas

(OLIVEIRA; REZENDE; CASTRO, 2011) que utilizam largamente a tecnologia da

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informação por abrigarem diversos sistemas de informação inter-relacionados, elas

configuram-se como relevantes para o presente estudo e são discutidas a seguir.

3.4 Organizações em Rede As organizações em rede ou redes inter-organizacionais vêm sendo idealizadas

como uma forma organizacional democrática e participativa, na qual as relações

interinstitucionais se caracterizam pela não-centralidade organizacional e não-

hierarquização do poder, tendentes à horizontalidade e complementaridade

(MIGUELETTO, 2001).

Nohria (1992) descreve duas razões para aplicação da estrutura em rede na esfera

organizacional. A primeira é que a emergência de um novo padrão de competitividade faz

com que as organizações busquem as relações colaborativas ao invés das competitivas, que

se unam em redes de interligações laterais e horizontais, tanto interna quanto externamente.

A segunda razão é que os recentes desenvolvimentos no campo da tecnologia da

informação têm proporcionado uma revolução de amplo escopo nos arranjos e

interligações das organizações em todo o mundo, sejam elas privadas ou públicas.

Miles e Snow (1994) afirmam que as redes são a forma mais eficiente de

organização para um ambiente turbulento e caracterizado por mudanças. No setor privado,

o agrupamento de empresas tem por objetivo favorecer a atividade de cada uma das

empresas que compõem a rede, proporcionando ganho de eficiência coletiva, redução de

custos e rentabilidade das empresas. A ação conjunta conduz à integração de interesses e

cooperação entre clientes, empresa e fornecedores, gerando flexibilidade coletiva e o uso

conjunto de conhecimentos, tecnologia, meios produtivos e comerciais (BACHMANN,

1999; BARBOSA; SACOMANO, 2001).

Desta forma, o conceito de redes interorganizacionais coloca para o universo das

organizações uma proposta de dinamismo e ampliação de excelências por meio do

estabelecimento de relações com outros agentes. As redes interorganizacionais são o

resultado da adaptação gerencial às condições atuais de competição e aos efeitos

ambientais de abertura dos mercados, inovações tecnológicas e fluidez das informações

(OLIVEIRA; REZENDE; CASTRO, 2011).

Para Cândido (2001), a aplicação do conceito de redes nas organizações surge a

partir do reconhecimento da importância do ambiente, do contexto e de determinadas

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contingências que cercam as estruturas organizacionais, tendo como princípios

fundamentais a interação, o relacionamento, a ajuda mútua, o compartilhamento, a

integração e a complementaridade. Nesta visão, uma rede interorganizacional pode ser

definida como uma estrutura organizacional, na qual podem participar empresas que

devido a limitações de ordem dimensional, estrutural e financeira não podem assegurar as

devidas condições de sobrevivência e desenvolvimento, podendo existir simplesmente para

a troca de informações, bem como para serem envolvidas em um processo de atividades

conjuntas.

Nas organizações públicas, Assunção e Mendes (2000) explicam que o modelo

burocrático e tradicional tonou-se lento e pesado demais e não consegue acompanhar o

novo ritmo tecnológico e gerencial que exige decisão e estruturas mais horizontalizadas,

prevendo a substituição das estruturas compartimentalizadas por uma estrutura em rede,

com trabalho cooperativo e grau de autonomia, além de mudanças nos processos e nos

papéis.

No SUS, as ações e serviços de saúde estão organizados em redes de atenção

regionalizadas e hierarquizadas, de forma a garantir o atendimento integral à população e a

evitar a fragmentação das ações em saúde (BRASIL, 2004). Logo, a rede de serviços de

saúde é a forma de organização das ações e serviços de promoção, prevenção e

recuperação da saúde, em todos os níveis de complexidade, de um determinado território,

de modo a permitir a articulação e a interconexão de tecnologias, profissionais e

organizações ali existentes, para que o cidadão possa acessá-los, de acordo com suas

necessidades de saúde, de forma racional, harmônica, sistêmica, regulada e conforme uma

lógica técnico-sanitária (MENDES, 2011).

De um modo geral, as organizações de saúde têm procurado o uso cada vez mais

intenso e amplo da TI para estabelecerem novos e variados meios de cooperação e

colaboração com o objetivo de expandirem seus serviços (PUFFAL; TONDOLO, 2008).

Na medida em que a introdução das tecnologias baseadas em computador permite que a

informação seja processada horizontalmente ao invés de verticalmente, torna praticamente

obsoleto o modelo burocrático e a tradicional pirâmide corporativa, possibilitando a

articulação dos processos em redes com as mais variadas arquiteturas (HAMMER;

CHAMPY, 1994).

De toda maneira, segundo Serva, Dias e Alpestedt (2010), empregar conceitos

como auto-organização, evento, ordem-desordem, co-evolução dentre outros e,

principalmente, empregar a lógica dialética da complexidade sem descartar totalmente os

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56

aspectos do paradigma funcionalista, implica um enorme desafio para os pesquisadores em

estudos organizacionais, em especial aqueles que buscam compreender o escopo e

influência do uso da TI.

3.5 Tecnologia da Informação nas Organizações A tecnologia da informação diz respeito ao aspecto tecnológico de um sistema de

informação e inclui hardware, software, banco de dados, redes e outros dispositivos

(TURBAN; RAINER JR; POTTER, 2005).

Conforme Souza (2004), a TI engloba os computadores de diversos portes e

tamanhos, os sistemas operacionais que regem a operação dos computadores, as linguagens

de programação e as tecnologias de armazenamento de dados, além das tecnologias de

comunicação de dados.

A TI vem evoluindo cada vez mais, pois além de acelerar os processos, aprimorar

as formas de controle e aumentar o retorno econômico, tem a capacidade de promover a

descentralização em uma organização, devido à grande disseminação de informações que é

capaz de produzir (ALTER, 2002).

Luftman (1996) divide a evolução da TI em três eras. A primeira destacava o

controle de recursos, onde o planejamento dos sistemas de informação mirava na

automação de processos e o papel do administrador remontava apenas a prover o controle

dos recursos funcionais. A segunda foi cunhada como a era da arquitetura de sistemas de

informação, pois dizia respeito ao planejamento estendido à integração das funções. Tal

planejamento visava criar arquiteturas para suportar uma larga escala de aplicações do

sistema. A última era, na qual as empresas estão inseridas até hoje, é a era do alinhamento

estratégico, na qual a TI é vista como oportunidade de potencializar a integração

interorganizacional do negócio, onde o papel do administrador é definir e permitir novas

potencialidades do uso da informação e dos processos.

Laurindo et al. (2001) ressaltam que o sucesso da adoção da TI não está mais

relacionado somente com o hardware e o software utilizados, ou ainda com metodologias

de desenvolvimento, mas com o alinhamento da TI com a estratégia e as características da

empresa e de sua estrutura organizacional. Logo, o uso eficaz da TI e a integração entre sua

estratégia e os objetivos organizacionais vão além da idéia de ferramenta de produtividade,

sendo muitas vezes fator crítico de sucesso.

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Lunardi, Maçada e Becker (2003) destacam como principais impactos da TI na

estrutura e processos organizacionais as alterações no processo de trabalho, em que certas

tarefas diminuem ou cessam e alterações na estrutura, onde postos nos níveis gerenciais

são eliminados ou criam-se outros.

Além dessas características, a TI possui a capacidade de influenciar internamente a

cadeia de valor da empresa, criando vantagens competitivas que fazem uso da cooperação

e da coordenação inter-organizacionais, pois agiliza o fluxo e o processamento das

informações entre as organizações e torna viável a conectividade e a capacidade de

comunicação entre sistemas que a princípio não se comunicariam (RODRIGUES; SILVA,

2009).

A área de tecnologia da informação está intimamente ligada às diversas

transformações ocorridas nas organizações e está inserida em praticamente todas as

atividades empresariais, dando suporte para a melhoria da qualidade de serviços e dos

produtos. Por esse motivo, a gestão da TI reveste-se de vital importância no suporte

tecnológico para as organizações, sendo que a má utilização da TI pode vir a afetar o

desempenho dos processos organizacionais e de produção, de forma a atingir as metas

estabelecidas (FERREIRA; RAMOS, 2005).

Destaca-se ainda o potencial da TI como alicerce para as estruturas organizacionais

complexas, servindo de apoio à interligação de processos e pessoas e facilitando a

adaptação às mudanças dinâmicas dos ambientes organizacionais. Para os sistemas de

informação complexos, compostos por uma grande quantidade de subsistemas em

interação, a infra-estrutura de TI proporciona o desempenho e a disponibilidade desejáveis

para o software, ajudando-os a garantir o compartilhamento de recursos informacionais

exigidos pela gestão.

De fato, independente da natureza das organizações, os sistemas de informação

inter-organizacionais possibilitam a conexão e a integração entre organizações

independentes, ampliando as fronteiras geográficas tradicionais e tornando-as mais

flexíveis e descentralizadas e baseadas na informação compartilhada e na cooperação

(SILVEIRA, 2003). Como sistemas que respondem a estas dinâmicas, pressupõe-se que os

mesmos refletem fortes características da complexidade dessas organizações.

Já os SI das organizações em rede são sistemas complexos e de interesse para o

presente estudo, devido ao modo pelo qual as inter-relações entre os sistemas participantes

são estabelecidas na rede inter-organizacional. A seguir, aprofunda-se a discussão sobre os

sistemas de informação sob uma visão organizacional.

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3.6 Sistemas de Informação Um sistema de informação é um conjunto organizado de pessoas, hardware,

software, redes de comunicações e recursos de dados responsável por coletar, transformar e

disseminar informações na organização (O’BRIEN, 2006).

Para Stair e Reynolds (2006, p. 85), SI é uma “série de elementos ou componentes

inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam (processo), disseminam

(saída) os dados e informações e fornecem um mecanismo de feedback”. Portanto, SI´s

atuam como condutores das informações que visam facilitar, agilizar e otimizar o processo

decisório nas organizações.

A figura 6 ilustra um modelo conceitual de SI que expressa a estrutura fundamental

dos seus principais componentes. Este modelo destaca as relações entre os componentes e

as atividades de entrada, processamento e saída dos SI.

Figura 6 - Modelo conceitual com os componentes de um sistema de informação

Fonte: O´Brien (2006, p. 71).

Recursos humanos são expressos pelos especialistas (analistas de sistemas,

programadores etc) e todos os demais usuários que utilizam o SI. As máquinas,

computadores, mídias configuram o hardware necessário para a execução e processamento

do SI no ambiente organizacional. Já os recursos de software abrangem os sistemas

operacionais e aplicativos que são utilizados de acordo com os procedimentos e processos

organizacionais. Os bancos de dados e bases de conhecimento englobam os recursos de

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dados que são transformados por atividades de processamento de informação em uma

diversidade de produtos de informação para os usuários finais. Por fim, a infra-estrutura de

comunicação e conectividade de redes é que possibilita que as saídas de produtos de

informação sejam transmitidas para toda a organização.

Alter (2002) defende que SI é uma solução administrativa que utiliza a TI para

enfrentar os desafios propostos pelo ambiente. Dependendo do nível organizacional, os SI

fornecem informações básicas à ação gerencial, podendo ser classificados ora como

suporte às operações, por exemplo, sistemas de processamento de transações (SPT),

sistema de controle de processos e sistemas colaborativos, ora como apoio gerencial, por

exemplo, sistemas de informações gerenciais (SIG), sistemas de apoio à decisão (SAD) e

sistemas de informações executivas (SIE).

Todo sistema, que utiliza ou não recursos de TI, e que manipula e gera informação

pode ser considerado SI e, segundo (REZENDE, 2005, p. 509), “independentemente de seu

tipo, nível ou classificação, os sistemas de informação têm como maior objetivo o auxílio

nos processos de tomada de decisões organizacionais”, tendo como desafio-mor

assegurarem a agilidade e a qualidade da informação, que são mandatórias para os gestores

e para as organizações (TURBAN; RAINER JR; POTTER, 2005).

Os sistemas evoluíram de sinônimo de processamento de dados corporativos e

operações de suporte às tarefas de rotina, para sistemas estrategicamente relevantes para as

organizações (AVGEROU; CORNFORD, 1998; MORESI, 2000), posicionando-se como

centrais nos processos de inovação (MUSTONEN-OLLILA; LYYTINEN, 2004).

A importância estratégica dos SI surgiu devido ao grande e crescente volume de

informações que a organização possui e necessita gerenciar. A exigência do ambiente,

competitivo, dinâmico e principalmente globalizado, motiva as empresas a operarem com

SI´s eficientes, garantindo níveis mais elevados de produtividade e eficácia (STAIR;

REYNOLDS, 2006). Segundo Batista (2004, p. 39), “o objetivo de usar os sistemas de

informação é a criação de um ambiente empresarial em que as informações sejam

confiáveis e possam fluir na estrutura organizacional”.

Neste preâmbulo, percebe-se que os SI devem ser integrados, ocasiona-se a

interdependência das relações entre os subsistemas envolvidos para que se alcance a troca

efetiva de informação entre eles (REZENDE; ABREU; PEREIRA, 2000).

Com o crescente aumento do número de sistemas e repositórios de informações que

coexistem dentro de uma organização, esforços de integração dos seus diferentes ativos,

provocados pelos movimentos de racionalização dos processos de negócio, pelas

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estratégias de relacionamento com clientes e pela necessidade de geração adequada de

informações de apoio à tomada de decisão, foram intensificados (HALEVY et al., 2005),

beirando as ideias de teoria da complexidade, repercutindo-as no campo da administração

com ressonância na disciplina de SI (DHILLON; WARD, 2002; MERALI, 2004;

MCBRIDE, 2005; MERALI; MCKELVEY, 2006; MERALI, 2006).

De fato, Mitleton-Kelly e Land (2004) destacam a aplicabilidade dos conceitos de

complexidade para explicar o fenômeno de SI nas organizações, uma vez que os SI não são

mais compreendidos no sentido de apenas simplificar e fixar o comportamento

organizacional; ao invés disso, a existência de sistemas, novos ou legados, e a sua

interação com a organização e ambiente resulta em comportamentos complexos e

emergentes que geram uma rede de informação e conhecimento, a qual acrescenta mais

complexidade ainda ao ambiente.

Martins (2005) ainda destaca que a evolução da TI na área de complexidade e de

integração tem revelado que os processos organizacionais se constituem, cada vez mais,

como centrais. Este aspecto se deve à importância desses processos em uma organização

pela sua natureza estruturante e pela definição do fluxo de informação que os mesmos

provocam.

Para processos organizacionais repetitivos e estruturados os SI funcionam

eficazmente, fornecendo a eficiência administrativa e estabilidade que habilitam a

organização a sobreviver e focar questões mais estratégicas (MCBRIDE, 2005).

No entanto, no cenário de uma sociedade em rede como delineado neste trabalho,

com processos mais interativos e com uma multiplicidade de demandas de negócio, os SI´s

têm incorporado uma maior complexidade no nível estrutural e na arquitetura tecnológica e

informacional adotada culminando no que esta tese denominou de sistemas de informação

complexo (SIC), que são bastante usuais em ambientes como o da informação hospitalar e

no setor de saúde em geral (HAUX, 2006), como será visto na seção a seguir.

3.7 Sistemas de Informação em Saúde O setor saúde é uma das áreas onde há maior necessidade de informação para a

tomada de decisões (SBIS, 2011) e a tecnologia da informação tem sido essencial para as

organizações de saúde enfrentarem de maneira competitiva as novas dinâmicas do

ambiente (SPIL et al., 2009).

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Conforme Chiasson e Davidson (2004) e Perez et al. (2010), a área da saúde

oferece oportunidades para a adoção de sistemas de informação em saúde (SIS) em razão

do seu contexto único e peculiar, caracterizado por usuários que devem satisfazer

requisitos profissionais muito exigentes e para os quais a liberdade de ação em relação a

processos burocráticos pode ser fundamental. Helms, Moore e Ahmadi (2008) mostram

que o uso de SIS potencializa o incremento da segurança do paciente, aumento da

eficiência operacional e da infra-estrutura de TI já existente.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011), SIS é um tipo particular de SI

cujo propósito é o de selecionar os dados pertinentes aos serviços de saúde e transformá-

los na informação necessária para o processo de decisões, próprio das organizações e dos

indivíduos que planejam, administram, medem e avaliam esses serviços.

Já para Blois e Shortliffe (1990), a informática médica ou informática em saúde é

um campo em rápido desenvolvimento científico que lida com o armazenamento,

recuperação e uso da informação, dados e conhecimentos biomédicos para a resolução de

problemas e tomada de decisão.

Haux (2006), por sua vez, caracteriza os SIS como todo sistema que processa

dados, informação ou conhecimento em ambientes da área de saúde, com o objetivo de

contribuir para a melhoria da qualidade de saúde da população através de processos

médicos ou organizacionais ligados direta ou indiretamente ao paciente e os diferencia dos

sistemas de informação hospitalares – SIH - (hospital information systems - HIS), que são

entendidos como uma instância de um SIS, por operarem apenas em unidades hospitalares.

SIS são concebidos para atenderem a diferentes tipos de prestadores de cuidados de

saúde e gestores, interagindo entre si de modo complexo, a fim de fornecerem uma

multiplicidade de atendimentos aos pacientes através de vários SI heterogêneos e

especializados. Os sistemas fazem parte de uma grande rede de serviços de saúde prestados

local, nacional e globalmente e, portanto, estão conectados e inter-relacionados de forma a

refletirem os aspectos políticos, culturais e organizacionais do setor sob uma diversidade

de influências tecnológicas e necessidades informacionais (MCDANIEL JR; DRIEBE,

2001; SHAW, 2009).

A construção de um SIS deve ser um processo intimamente ligado ao planejamento

institucional e ao saber epidemiológico, buscando definir informações realmente úteis e

oportunas para as diferentes instâncias de decisão. Ao planejar a implantação ou a

implementação de um SIS é importante considerar os seguintes aspectos (BRASIL, 2011):

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62

• aspectos institucionais, caracterização clara do modelo de atenção à saúde que

serve como referência para a instituição e dos objetivos prioritários definidos

frente à situação atual da implementação desse modelo;

• aspectos operacionais, caracterização do processo de trabalho para produção das

diversas atividades (consulta médica, controle de estoque, gerenciamento das

unidades de saúde etc.) desenvolvidas pelas diferentes unidades operacionais

que compõem o Sistema de Saúde;

• aspectos organizacionais, dimensionamento dos diferentes componentes da

estrutura dos serviços de saúde, ou seja, recursos humanos, físicos, materiais,

financeiros, orçamentários, equipamentos e insumos.

No Brasil, os SIS no âmbito do SUS são compostos por diferentes subsistemas

gerenciados por áreas estratégicas em parceria com o departamento de informática do SUS

(DATASUS) do Ministério da Saúde (MS), com o objetivo de produzir a informação que

deve fundamentar a gestão dos serviços de saúde no país (BRASIL, 2011).

A criação dos SIS no SUS surgiu em meio à busca por alternativas que

congregassem o uso de tecnologias e o gerenciamento de informações na área da saúde, no

sentido de sanar as enormes demandas informacionais do setor (MOTA, 2009). O campo

de atenção à saúde, por exemplo, depende em grande escala da transferência de

informações e os SIS tornam-se importantes no auxílio à memória dos profissionais na

atenção aos pacientes e como uma ferramenta epidemiológica no planejamento dos

cuidados às populações, servindo como uma fonte de informações a respeito da qualidade

da atenção e indicando como melhorá-las (STARFIELD, 2002).

A partir das necessidades do setor, a mensuração do estado de saúde da população

teve seu início com o registro sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivência e

evoluiu para o controle das doenças infecciosas e análise da situação sanitária. Logo, as

informações sobre morbidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e

fatores ambientais passaram a ser métricas utilizadas na construção de indicadores de

saúde, que se traduzem em informação relevante para a quantificação e a avaliação das

informações em saúde pelos gestores públicos (MORAES, 1994).

Somente na década de 1990 é que a área assistencial começou a ser uma

preocupação dos SIS e o foco passou a ser o paciente e as informações que são geradas a

partir dos cuidados prestados ao mesmo. É neste período que a “idéia de integração entre

dados clínicos, assistenciais e administrativos corporificou-se e ganhou centralidade, tendo

o paciente como elo aglutinador” (SANTOS, 2003, p.86).

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63

De fato, há um consenso sobre a importância central da informação para avaliar o

sucesso das políticas de saúde, que se manifesta não apenas na literatura especializada

(MEDINA, AQUINO, 2002; SENNA, 2002), como também em relatórios e

recomendações de conferências de saúde, oficinas de trabalho do SUS e eventos de

sociedades científicas. Assim, informações epidemiológicas, financeiras, orçamentárias,

legais, normativas, sócio-econômicas, demográficas e sobre recursos físicos e humanos,

oriundas de diversas fontes de dados de qualidade seriam capazes de revelar a realidade de

serviços e ações de saúde e a situação de saúde da população, evidenciando vantagens e

problemas de prioridades e investimentos (VIACAVA, 2002).

Tradicionalmente, as informações sobre saúde no Brasil são fragmentadas,

resultado da atividade compartimentada das diversas instituições que atuam no setor

(BRASIL, 1994; BRASIL, 2007). Implantados e operacionalizados em diversos níveis -

municipal, estadual e federal - com áreas de atuação diversificadas, os SIS tendem a ser

inter-relacionados buscando a integração das informações distribuídas em cada nível e

entre eles para melhorar a articulação entre as organizações estaduais e municipais de

saúde e o governo federal, gerando-se, assim, um grande sistema de informação com

características complexas no qual seus componentes encontram-se fortemente inter-

relacionados.

Os sistemas de informação ambulatoriais e hospitalares são exemplares de SIS que

agregam esta complexidade. Protil e Moreira (2002) verificaram em um estudo sobre SI

hospitalares, a importância da informação para a eficiência dos processos logísticos dos

hospitais. Concluíram, mais a frente, que a integração das informações clínicas dos

pacientes, através da informatização e automatização das prescrições médicas, prontuários

e requisições e a integração entre todos os setores do hospital e das unidades, estão entre as

principais características desejadas pelos usuários (PROTIL; DUCLÓS; MOREIRA,

2005), evidenciando uma necessidade emergente de integração informacional nesses

hospitais em meio à complexidade dos SI.

Enfim, voltando-se para a teoria da complexidade como uma fonte potencial de

conceitos úteis para os sistemas de informação, inclusive os SIS, Merali (2006) destaca a

importância de: compreender o sistema em um nível macro como uma realização

emergente de dinâmicas de nível micro; definir mutuamente o relacionamento entre a

dinâmica da rede de inter-relações e a sua estrutura; adotar a co-evolução e a co-adaptação

do sistema no ambiente; entender o papel da micro-diversidade das relações em determinar

a potencialidade do sistema emergente e dos seus componentes; articular as noções de

Page 64: Tese Marcilio Ferreira UFPE

64

presente e persistente com as noções de possível e transiente, considerando as

características de não-determinismo, dependência de trajetória e sensibilidade ao contexto

presentes nos sistemas complexos.

3.8 Sistemas de Informação Complexos Sistema de informação complexo (SIC) é compreendido neste estudo como uma

classe especial de SI, sendo definido como um sistema composto por um grande número de

subsistemas heterogêneos, caracterizado por propriedades coletivas e emergentes, que

interagem e influenciam uns aos outros através de uma diversidade de conexões e loops de

feedback, com um alto grau de acoplamento e não-linearidade, buscando desempenhar as

funções demandadas pela gestão (DHILLON; WARD, 2002; MERALI, 2006;

MUKHERJEE, 2008b).

As propriedades de SIC são embasadas nos conceitos da teoria da complexidade e

já foram amplamente discutidas anteriormente. Encarar os SI como sistemas complexos

permite compreender o seu funcionamento global através das interações com o meio

envolvente e entre suas partes inter-relacionadas e interdependentes. Ademais, SIC são

formados por um conjunto de elementos que não obedecem a uma relação constante de

proporcionalidade, cujas partes são constituídas de outros todos que se influenciam

mutuamente, em uma perspectiva escalar (STACEY, 2000).

Neste sentido, sistemas complexos possuem uma estrutura dispersa em várias

escalas ou níveis (free scales) que organizam suas relações localmente e recebem feedback

da estrutura global, onde em cada nível há uma nova estrutura presente (DHILLON;

FABIAN, 2005). Assim, os sistemas complexos têm geralmente muitos graus de liberdade,

pois são compostos por muitos elementos que são parcialmente relacionados

(KAUFFMAN, 1993), possuindo a capacidade de apresentar um comportamento

emergente, conforme discutido anteriormente.

Quanto ao controle dos sistemas complexos, não há nenhuma indicação de um

ponto único ou controlador global que possa ser referenciado. Para Mukherjee (2008a), não

é possível direcionar as variações de um sistema complexo, mas sim perturbá-lo e apenas

observar o seu comportamento.

Sob o prisma da complexidade, um SIC pode estar localizado no limiar do caos,

balanceado entre a estabilidade da ordem de sistemas analisáveis e redutíveis e da

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65

desordem de sistemas caóticos e imprevisíveis (DHILLON; WARD, 2002). No entanto,

funcionar em condições fora do equilíbrio desencadeia processos de auto-organização, que

são ricos em criatividade, flexibilidade e inovação, propiciando virtudes importantes para a

organização.

Por fim, ao contrário da abordagem clássica de sistemas, que considera que a

complexidade depende apenas do número de elementos e da quantidade de interações entre

eles e que as partes podem ser analisadas isoladamente como se elas pertencessem ao todo,

um SIC é baseado na premissa de que a maior parte da complexidade observada em

qualquer sistema aumenta a partir das interações relativamente simples que emergem dos

seus elementos (PHELAN, 1999).

No contexto organizacional, as interações estabelecidas entre os SIC visam atender

as necessidades informacionais das suas unidades, através do intercâmbio de informações

entre os diversos subsistemas em uso. Estas interações funcionais e dependências não-

lineares entre as fontes de informação dos diferentes SI organizacionais são basilares para

a complexidade tratada nesta pesquisa.

Enfocando o objeto do estudo, os SIS tendem a ser fortemente inter-relacionados

em cada nível e entre eles, para melhorar a articulação informacional entre as organizações

estaduais e municipais de saúde e o governo federal. Compostos por diversos SI

heterogêneos que necessitam interagir entre si para consolidarem ou complementarem

informações, os SIS passam a agregar ao SUS características dinâmicas com um alto grau

de acoplamento e dependência entre as organizações e os sistemas que a compõe,

caracterizando-se como um SIC tal como o discutido aqui.

Esta pesquisa considera, como dito, a aplicabilidade da teoria da complexidade na

disciplina de SI para analisar as inter-relações de SIC tendo em vista a integração

informacional entre os sistemas. O setor de saúde parece ser um campo propício para esta

investigação, pois, uma vez que o número de SI e repositórios em uso no SUS tem crescido

continuamente (GUIMARÃES, 2005), maximizou-se as necessidades de integrações

informacionais.

Page 66: Tese Marcilio Ferreira UFPE

66

3.9 Integração Informacional

As organizações têm sistematicamente introduzido novos SI que objetivam auxiliar

o desenvolvimento de suas atividades operacionais e gerenciais. O histórico das diferentes

demandas do negócio motivou a implementação de uma ampla diversidade de soluções de

SI que incorporou um conjunto bastante diversificado de recursos de TI nas organizações

(SORDI; MARINHO, 2007).

Com isso, frente ao crescimento do portfólio de SI nas organizações, ter integrações

eficazes entre sistemas se tornou um dos aspectos críticos para operação dos ambientes de

negócios, sobretudo os ambientes de natureza altamente colaborativa. A integração entre

SI requerida atualmente, caracterizada por amplo escopo, alta complexidade e grande

relevância para o ambiente de negócios, motivou a área de TI a desenvolver novos

conceitos, técnicas e software direcionados exclusivamente à questão da integração entre

SI (SORDI; MEDEIROS JR, 2006).

Segundo Murphy (2003), a avaliação e seleção dos melhores SI para cada aspecto

do negócio, já não estão mais entre os grandes desafios da agenda do gestor de TI. O

desafio atual passa a ser desenvolver um ambiente de comunicação que permita aos

diversos SI da organização trocarem dados de forma eficaz, atendendo à crescente

demanda dos processos de negócio por comunicação e informação instantânea.

Para Goranson (1997) integrar é obter uma operação mais eficaz dos processos de

negócio de uma organização, compreendendo, entre eles, o envolvimento de pessoas,

máquinas e informação, de acordo com os seus objetivos. Em outras palavras, a integração

serve para facilitar o acesso à informação e, conseqüentemente, para melhorar a

comunicação, cooperação e coordenação dentro da organização (VERNADAT, 1996).

Markus (2000), por sua vez, define integração de sistemas como a unificação dos

sistemas de informação e bancos de dados de uma organização, melhorando o fluxo dos

processos com foco nos serviços disponibilizados aos usuários. Basicamente, os sistemas

são integrados para facilitar o acesso à informação e, conseqüentemente, para melhorar a

comunicação, cooperação e coordenação dentro da organização, de forma que ela se

comporte como um todo integrado.

As análises das demandas tecnológicas e do negócio indicam alguns dos principais

benefícios da integração entre SI. Estruturando e explicitando estes benefícios, Sordi

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67

(2003) discorre que a integração dos SI reduz o retrabalho e favorece a automação de

atividades, aumentando a capacidade da organização em adaptar seus processos de

negócios, que, tradicionalmente, envolvem grande número de SI, tanto internos quanto

externos à organização. Além do mais, a integração dos sistemas habilita a empresa para a

melhor gestão de seus processos de negócio ao prover-lhe facilidades para medição,

automação, revisão, planejamento e evolução dos processos por intermédio da integração

dos diversos software utilizados para operação e gerenciamento.

Assim, o principal objetivo da integração é a obtenção de sistemas de informação

que facilitem o acesso a informações e procedimentos sem qualquer barreira funcional

(HALEVY et al., 2005). Em conseqüência, as aplicações resultantes podem corresponder a

combinações de componentes de diferentes áreas tecnológicas da organização que

compartilham informações entre si.

Há diversas técnicas para se integrar sistemas, algumas das quais são apresentadas

no quadro 3. Os projetos típicos de integração, freqüentemente, empregam uma mescla de

todos os mecanismos descritos e as necessidades de integração são determinadas pelo fluxo

de trabalho dos processos de negócio e pelos SI utilizados em cada uma de suas atividades

(SORDI, 2003).

Técnica de Integração

Descrição Exemplos de tecnologias

Troca de Mensagens (messaging)

Sistemas são integradas pelo envio e recebimento de mensagens, utilizando tecnologias que empregam mecanismos de fila de mensagens (message queue)

Workgroup, Microsoft Outlook®, Lotus Notes®, IBM MQ Series® e Microsoft MQMS®

Transferência entre arquivos ou compartilhamento de dados (data acess, file transfer)

Sistemas são integrados via acesso direto às suas bases de dados ou via transferência de arquivos

Extração da base de dados fonte, transferência de arquivos e carga de dados em batch; Open Data Base Connectivity (ODBC), replicação de base de dados

Chamadas (call interface)

Sistemas provêem interfaces que podem ser invocadas, denominada API (application programmable interface)

Interfaces de processamento transacional, interfaces baseadas em objetos CORBA (common object request broker architecture) ou COM (component object model)

Quadro 3 – Técnicas de integração de sistemas de informação Fonte: Adaptado de Sordi e Medeiros Jr (2006), Sordi e Marinho (2007).

De uma forma mais abrangente, Martins (2005) identifica as quatro perspectivas

tecnológicas mais comuns das modalidades de integração a seguir:

• integração da informação, na qual o foco é a gestão e a disponibilização da

informação;

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68

• integração da aplicação, na qual as aplicações consistem no principal alvo e a

sua integração é o objetivo principal;

• integração de processos, na qual os processos organizacionais são integrados

através de uma lógica processual;

• integração inter-organizacional, na qual o foco é a informação e a sua forma de

intercâmbio entre organizações, extrapolando as fronteiras corporativas.

A integração de SI orientada à informação configura-se particularmente como

importante para este estudo, por envolver esforços que implicam a procura de consistência

e de qualidade da informação independentemente das aplicações (TRAUTH, 1989). Neste

âmbito, a integração informacional pode ser realizada em diferentes áreas, as quais

contemplam utilização de sistemas de gerenciamento de bases de dados, troca de

informação entre aplicações, criação de repositórios centralizados de informação para

efeitos analíticos ou apresentação centralizada de informação dispersa numa intranet.

Segundo Martins (2005), os principais benefícios associados à perspectiva centrada

na informação são essencialmente: compartilhamento da informação entre sistemas;

consolidação da informação na organização; repositórios de informação distribuídos e

heterogêneos; controle da integridade e correção da informação; acesso controlado e

centralizado à informação; relatórios de gestão confiáveis e visão fidedigna da

organização.

Sendo assim, Klischewski (2004) aponta que o desempenho operacional das

organizações está diretamente associado à qualidade da integração da informação entre

seus SI, uma vez que os processos de negócio estão cada vez mais dependentes de funções

desempenhadas por software.

Sordi e Marinho (2007) corroboram com a idéia acima mencionada, ao justificarem

a crescente demanda das organizações por soluções para integração devido à diversidade e

quantidade de SI nas organizações e pela tendência por tarefas organizadas de forma

colaborativa, exigindo melhor fluxo informacional entre os processos.

Concluída a discussão que sustentou teoricamente o estudo, apresenta-se em

seguida o diagrama que ilustra a operacionalização da pesquisa no campo, retomando os

conceitos mencionados nas seções anteriores.

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69

3.10 Diagrama Operacional da Pesquisa O diagrama operacional da pesquisa apresenta os conceitos extraídos das teorias

discutidas na revisão da literatura e que foram conduzidos para nortear a coleta e análise no

campo.

Operacionalmente, as organizações em rede e suas estruturas, funções e processos

são selecionados para o estudo dos SIS que se encontram implantados no campo do SUS.

Estes sistemas são suportados pela TI e possuem uma série de documentos regulatórios do

MS sobre seu uso e aplicação nas organizações de saúde, incluindo orientações sobre

integrações de informações. É a partir das integrações dos bancos de dados desses SIS que

o estudo procurará caracterizá-los como um SIC e analisar como as propriedades da

complexidade afetam essas integrações.

Figura 7- Diagrama Operacional da Pesquisa.

O próximo capítulo apresenta os procedimentos metodológicos da pesquisa que

foram planejados para o estudo no campo. Inicialmente, apresenta-se a corrente

epistemológica na qual o pesquisador se posiciona, seguida da abordagem, método,

estratégia e técnicas conduzidas para coleta e análise dos dados advindos do campo.

Tecnologia da Informação Organização

Redes Estruturas Funções

Processos

Sistemas de Informação em Saúde Relações

Acoplamentos

Sistemas de Informação Componentes Subsistemas Informação

Campo Institucional Sistema Único de Saúde

Regulação

Sistemas de Informação Complexos Não-linearidade

Loops de feedback Emergência Fractalidade

Auto-organização Co-adaptação Co-evolução

Integração Informacional Dados

Informação Gestão

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70

4 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa científica visa obter compreensões aprofundadas acerca dos problemas

estudados e, conforme Marconi e Lakatos (2004), requer um planejamento minucioso das

etapas a serem observadas, como seleção do tema de pesquisa, definição do problema a ser

investigado, processo de coleta, análise e tratamento dos dados e apresentação dos

resultados. Por essa definição é possível perceber que o conhecimento científico exige

certo grau de formalidade para sua obtenção, pois diferentemente do conhecimento de

senso comum, não pode ser entendido apenas como um simples processo investigativo ou

um método simplório de inquirição.

Como afirmam Barros e Lehfeld (2003, p. 30), o método científico “é a exploração,

inquirição e o procedimento sistemático e intensivo que têm por objetivo descobrir,

explicar e compreender os fatos que estão inseridos ou que compõem uma determinada

realidade”.

Conforme já explicitado anteriormente, o objetivo desta tese é analisar a integração

informacional entre os sistemas de informação em saúde do SUS à luz da complexidade.

Sendo assim, faz-se necessário a definição de um procedimento metodológico que seja

adequado ao objetivo, o qual envolve o posicionamento epistemológico, natureza e

abordagem de pesquisa, métodos de pesquisa e técnicas de coleta e análise de dados.

4.1 Posicionamento Epistemológico

As questões ligadas aos procedimentos metodológicos de pesquisa são inerentes às

posturas epistemológicas adotadas pelos pesquisadores e proporcionam a base do trabalho

científico. Assim, a epistemologia fundamenta uma rede de pressupostos ontológicos e de

natureza humana que definem o ponto de vista que o pesquisador possui do mundo que o

rodeia (RICHARDSON, 1999). Na área de sistemas de informação consideram-se mais

fortemente três abordagens epistemológicas: positivismo, interpretativismo e estudos

críticos (ORLIKOWSKI; BAROUDI, 1991; HIRSCHHEIM, 1992). Embora existam na

literatura em geral outras classificações (DENZIN; LINCOLN, 2006), como o pós-

positivismo (GUBA; LINCOLN, 1994), aqueles, com pequenas variantes, têm sido as mais

utilizadas na literatura de SI.

Page 71: Tese Marcilio Ferreira UFPE

71

A abordagem epistemológica positivista busca a objetividade e neutralidade em

direção a um conhecimento positivo da realidade a partir de uma perspectiva metodológica

claramente definida para a explicação do fenômeno. Sendo assim, o positivismo é

fortemente caracterizado pela visão determinista, racional e cartesiana sobre os fatos da

realidade. Pode-se ressaltar como características marcantes dessa abordagem, a separação

excludente entre pesquisador e objeto de pesquisa e a valorização excessiva do método.

Para Myers (2005), os positivistas assumem que a realidade é um dado objetivo e pode ser

descrita por propriedades mensuráveis que são independentes do observador. Portanto, o

rigor metodológico nessa abordagem deve traduzir exatidão, universalidade e

independência do pesquisador. Diniz et al. (2006) apontam que na área de SI identifica-se

uma forte predominância da abordagem positivista nas pesquisas, envolvendo questões

técnicas e racionais dos sistemas.

O interpretativismo, por sua vez, tem o objetivo de entender o mundo do ponto de

vista daqueles que o vivenciam. Portanto, essa abordagem pressupõe que para

compreender o mundo, o pesquisador deve interpretá-lo. Além do mais, o objeto de

pesquisa é entendido como construído socialmente pelos atores, que moldam significados a

partir de eventos e fenômenos através de processos longos e complexos de interação social.

Para Schwandt (1994), preparar uma interpretação é também construir uma leitura desses

significados, é oferecer a construção do pesquisador a partir da construção dos atores em

estudo. Orlikowski e Baroudi (1991) consideram como estudos interpretativistas aqueles

que apresentam evidências de uma perspectiva não determinista, na qual a intenção do

pesquisador é ampliar seu entendimento sobre o fenômeno em situações contextuais e

culturais, nos quais é examinado em seu local de ocorrência e a partir das perspectivas dos

participantes. Na disciplina de SI, Walsham (1993) relata que há uma quantidade crescente

de trabalhos que adotam esta abordagem em pesquisas que estudam projetos de sistemas,

mudança organizacional, gestão de TI e implicações sociais da TI.

Já os estudos críticos adotam um pressuposto realista-histórico, onde “a construção

da realidade é moldada pelos valores sociais, econômicos e políticos que cristalizam e

tornam-se reificados com o passar do tempo” (DINIZ et al., 2006, p. 5). A pesquisa crítica

contribui com a geração do conhecimento emancipatório, que consiste na realização de

análise crítica e dialética a partir de pressupostos teóricos e práticos de todas as formas de

dominação que impõem restrições à capacidade humana (KLEIN; MYERS, 1999).

Aplicada aos SI, tem como finalidade questionar os valores e pressupostos correntes sobre

Page 72: Tese Marcilio Ferreira UFPE

72

SI e tecnologias decorrentes da gestão, implementação e utilização nas organizações

(LOEBEL, 2004).

Outrossim, como dito, uma quarta vertente epistemológica também é encontrada na

literatura, qual seja o pós-positivismo. Como explicam Guba e Lincoln (1994), a

abordagem pós-positivista é uma evolução do positivismo na medida em que seu

aparecimento decorreu como forma de resposta às críticas que lhe atribuíram.

Ontologicamente, o pós-positivismo repulsa a postura realista ingênua, que acredita

na possibilidade de acesso direto à realidade em si. Mesmo preservando a idéia da

existência do mundo objetivo dirigido por leis naturais, aceita-se que é impossível para os

seres humanos verdadeiramente perceber e acessar a realidade com seus mecanismos

sensoriais e intelectuais imperfeitos. O pós-positivismo, assim, migrou para a

epistemologia objetivista do tipo crítico, no sentido de tomar a objetividade como ideal

regulatório, pois se admite que só aproximadamente é possível alcançar a objetividade

(DENZIN, LINCOLN, 2006).

Uma vez que lida com uma realidade objetiva, formada pelas tecnologias e sistemas

de informação em saúde, e outra subjetiva, que são as pessoas que utilizam estas

tecnologias de acordo com suas necessidades informacionais, a presente pesquisa

posiciona-se epistemologicamente numa visão pós-positivista.

4.2 Natureza e Abordagem de Pesquisa

Segundo Hair Jr. et al. (2007), a natureza de pesquisa em administração pode ser

classificada em exploratória, descritiva e explicativa, conforme seus objetivos.

Na pesquisa exploratória, trata-se de aprofundar conceitos preliminares, muitas

vezes inéditos, numa visão na qual os pesquisadores não têm uma idéia clara e precisa do

fenômeno sob investigação (COOPER; SCHINDLER, 2003). Como afirma Richardson

(1999), as investigações desta natureza objetivam a aproximação do pesquisador com o

fenômeno, para que sejam identificadas as características e especificidades do tema a ser

explorado. Vergara (2003) avalia que a investigação exploratória é realizada em áreas nas

quais há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Do mesmo modo, Hair Jr. et al.

(2007) orientam que a pesquisa exploratória é útil quando as questões de pesquisa são

vagas ou quando há pouca teoria disponível para orientar as previsões.

Page 73: Tese Marcilio Ferreira UFPE

73

Em contraste com os estudos exploratórios, a pesquisa descritiva é normalmente

estruturada em um formato onde são usuais hipóteses ou questões investigativas

claramente declaradas (COOPER; SCHINDLER, 2003). Segundo Trivinõs (2007), os

estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que ele deseja

pesquisar e tem como principal objetivo o resgate empírico sobre situações, fatos, opiniões

ou comportamentos da população analisada, buscando mapear a distribuição de um

fenômeno.

Já a pesquisa explicativa é considerada aquela que testa uma teoria e suas relações

causais. Para Hair Jr. et al. (2007), o conhecimento de relações causa e efeito fornece

informações importantes para os pesquisadores; no entanto, os estudos causais exigem uma

execução precisa e complexa, além de um planejamento e controle rigoroso das variáveis.

Conforme Richardson (1999) e Cooper e Schindler (2003), a pesquisa explicativa tem

como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a

ocorrência dos fenômenos, buscando apontar as suas causas e responder o porquê e como

se dá a sua ocorrência. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método

experimental; já nas ciências sociais requer o uso do método observacional (VERGARA,

2005).

A presente pesquisa, quanto à sua natureza, classifica-se como exploratória e

descritiva, pois lida com um fenômeno pouco estudado, que é o da integração

informacional em saúde, conjugado às inter-relações entre sistemas de informação no

âmbito dos sistemas complexos. Além do mais, o estudo envolve a caracterização dessas

inter-relações a partir do mapeamento do objeto estudado, na tentativa de relatar a

ocorrência do fenômeno, sendo por isto taxável como descritiva.

4.3 Métodos de Pesquisa

Em sentido genérico, método em pesquisa significa a escolha de procedimentos

sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos (RICHARDSON, 1999). É

através do método científico que se define o modo de proceder do pesquisador ao longo de

um percurso, de forma ordenada, explícita e regular para alcançar um objetivo. Assim, a

característica distintiva do método é ajudar a compreender, no sentido mais amplo, não os

resultados da investigação científica, mas o próprio processo de investigação.

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74

Ademais, Cooper e Schindler (2003) explanam que pesquisas necessitam ter

propósito claramente definido, processo de pesquisa detalhado, altos padrões éticos

aplicados, limitações reveladas francamente, resultados apresentados de forma não-

ambígua e conclusões justificadas, exigindo para tanto um método científico que envolva

procedimentos que produzam resultados relevantes e rigorosos.

Os vários métodos científicos podem ser enquadrados em duas principais vertentes,

os qualitativos e os quantitativos. O método qualitativo preocupa-se com um nível de

realidade que não pode ser quantificada, trabalha com o universo de significados tais

como: motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes (MINAYO; SANCHES, 1993).

Como explicam Morgan e Smirich (1980), os métodos qualitativos podem valer-se de

muitas técnicas de coleta e análise para investigação, com diferentes tipos de suposições

sobre ontologia e natureza humana, como, por exemplo, entrevistas, observação, análise de

conteúdo e lingüística. Na pesquisa qualitativa, com a intenção de aprofundar os

conhecimentos sobre determinado assunto, enfatiza-se a importância de compreender os

processos nos quais os seres humanos criam a realidade.

A seu turno, Richardson (1999) conceitua a pesquisa quantitativa como uma

investigação cuja metodologia impõe uma estrutura predeterminada ao respondente,

diminuindo a heterogeneidade da coleta dos dados e, assim, inferindo mais confiabilidade

aos resultados. Conforme aquele autor, os métodos quantitativos trabalham com amostras

mais amplas, fornecendo dados mais precisos em relação ao problema a ser estudado,

sendo indicada quando já se tem mais informações sobre o problema a ser estudado. Esse

método representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitando

distorções de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de

segurança quanto às inferências.

Como aponta Boudon (1979), uma das principais fragilidades dos métodos

quantitativos está em termos de validade interna, pois nem sempre se consegue saber se os

instrumentos e seus construtos e variáveis medem o que pretendem medir, entretanto, são

fortes em termos de validade externa, no qual os resultados adquiridos são generalizáveis

para a comunidade científica, porque baseiam-se em uma amostra aleatória representativa

de uma determinada população.

Ao contrário, ainda segundo aquele mesmo autor, os métodos qualitativos possuem

muita validade interna, pois focalizam as particularidades e especificidades do fenômeno

estudado, mas são fracos em termos de sua possibilidade de generalizar os resultados,

porque as generalizações só podem ser compreendidas dentro dos limites que lhe

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75

demarcam o território de suas possibilidades. No quadro 4 encontra-se um resumo das

principais diferenças entre as características dos métodos quantitativo e qualitativo.

Características Metodológicas

Método Quantitativo Método Qualitativo Objetivos Distantes dos dados Orientados à verificação e são hipotético-dedutivos Orientados à busca de magnitude e das causas dos fenômenos sociais Utilizam procedimentos controlados

Subjetivos Perto dos dados Orientados ao descobrimento Exploratórios, descritivos e indutivos

Assumem uma realidade estática Orientados ao processo e assumem uma realidade dinâmica

Orientados aos resultados, são aplicáveis e generalizáveis

Analisam o comportamento humano do ponto de vista do ator, utilizando a observação naturalista e não controlada Holísticos e não-generalizáveis

Quadro 4 – Diferenças entre as características metodológicas quantitativas e qualitativas Fonte: Baseado em Denzin e Lincoln (2006).

Contudo, já há uma literatura abundante que apresenta a combinação de ambos os

métodos, superando a contraposição histórica existente entre eles. De acordo com

Amaratunga et al. (2002), a escolha da combinação dos métodos de pesquisa é preferível

porque diminui o risco daquela tornar-se inconsistente. O ideal nessa ótica é que os

diferentes problemas sejam investigados de uma maneira complementar, a partir de visões

tanto qualitativas como quantitativas. A comparação de resultados oriundos de

investigações que combinam métodos diferentes sobre os mesmos problemas pode

contribuir sobremaneira para enriquecer o conhecimento do fenômeno (RIBAS et al.,

2008).

Seguindo essa percepção, o presente estudo adota uma combinação quantitativa-

qualitativa no seu método, pois na sua etapa inicial usará o método quantitativo para o

mapeamento dos SIS do SUS e o qualitativo para análise documental de materiais

associados aos sistemas e, na segunda etapa, também empregará o método qualitativo para

capturar dados das percepções dos gestores que utilizam estes sistemas visando a

integração das informações.

Em continuidade, a epistemologia ou abordagem de pesquisa (positivista, pós-

positivista, interpretativista, crítica) e também o método de pesquisa (qualitativo,

quantitativo) podem estar associados a diferentes estratégias de pesquisa, como estudo de

caso, pesquisa-ação, survey, experimento, etnografia (MORGAN; SMIRICH, 1980; YIN,

2003).

Page 76: Tese Marcilio Ferreira UFPE

76

4.4 Estratégia de Pesquisa A estratégia da pesquisa deve ser selecionada considerando a questão e os

objetivos da pesquisa, pois são eles que definem a atuação do pesquisador no campo

empírico. Neste estudo, em especial, são discutidas as estratégias de survey e de estudo de

caso.

A estratégia de survey ou levantamento pode ser descrita como sendo a obtenção

dos dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo

de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um

instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (COOPER; SCHINDLER, 2003).

Segundo Vergara (2005), as pesquisas que se valem de estratégias desse tipo

caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas, cujo comportamento se deseja

conhecer, tendo como principais vantagens a economia, a rapidez e a quantificação.

Aquela autora destaca ainda como ponto forte dessa estratégia a sua versatilidade, pois não

é necessário que haja uma percepção visual ou outra percepção objetiva da informação

procurada pelo pesquisador, uma vez que informações abstratas de todos os tipos podem

ser reunidas ao se questionar as pessoas.

Por sua vez, a estratégia de estudo de caso é definida por Yin (2003, p. 32) como

“uma investigação empírica que estuda um fenômeno contemporâneo inserido no seu

contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno (caso) e o

contexto não estão claramente definidos”. O estudo de caso tem como objetivo analisar em

profundidade e detalhadamente uma ou poucas unidades como um indivíduo, um pequeno

grupo, uma instituição ou um evento. Conforme Cooper e Schindler (2003), essa estratégia

coloca mais ênfase em uma análise contextual completa de poucos fatos ou condições e

suas inter-relações e fornece informações valiosas para solução de problemas, avaliações e

formulação de estratégias.

Vergara (2005) explica que a preferência pelo uso dessa estratégia, deve ser dada

quando se estudam eventos contemporâneos, em situações onde os comportamentos

relevantes não podem ser manipulados, mas onde é possível se fazer observações diretas e

entrevistas sistemáticas. Apesar de ter pontos em comum com o método histórico, o estudo

de caso se caracteriza pela "capacidade de lidar com uma completa variedade de

evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações." (YIN, 2003, p. 19).

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77

De forma sintética, Yin (2003) apresenta quatro aplicações para o estudo de caso:

• explicar ligações causais nas intervenções na vida real que são muito complexas

para serem abordadas pelos surveys ou pelas estratégias experimentais;

• descrever o contexto da vida real no qual a intervenção ocorreu;

• fazer uma avaliação, ainda que de forma descritiva, da intervenção realizada;

• explorar aquelas situações onde as intervenções avaliadas não possuam

resultados claros e específicos.

Estudos de casos podem envolver um caso único ou casos múltiplos. Os estudos de

casos múltiplos ocorrem quando ao invés de basear-se numa única unidade de análise, o

estudo utiliza várias unidades.

Como afirma Joia (2004), a partir do estudo comparativo das diversas unidades de

análise o pesquisador busca identificar padrões, de modo que um conjunto que represente

os acontecimentos possa ser construído.

Aquele mesmo autor ainda ressalta que é importante que os casos tenham algo em

comum, pois do contrário, o excesso de informações pode paralisar a análise e inviabilizar

o estudo, uma vez que o pesquisador é incapacitado de reconhecer tendências e

compreender os pontos que realmente devem ser focalizados.

Contudo, Yin (2003) acrescenta que mesmo o estudo de caso único pode dar

atenção a várias unidades de análise, tornando-se único ou simples e, dentro de cada um

desses tipos, podendo ser holístico ou incorporado.

A combinação dessas quatro alternativas gera quatro tipos de projeto de estudos de

caso: holístico (tipo 1), único incorporado (tipo 2), múltiplo holístico (tipo 3) e múltiplo

incorporado (tipo 4). A figura 8 ilustra os quatro tipos de estudos de casos, conforme a

tipologia apresentada.

Page 78: Tese Marcilio Ferreira UFPE

78

Figura 8 – Tipos básicos de projetos para estudos de casos

Fonte: Yin (2003, p. 61).

Nesta tipologia, o estudo de caso único pode ser utilizado em circunstâncias

distintas, mais precisamente quando (YIN, 2003):

• representa caso decisivo para testar uma teoria bem formulada;

• representa um caso raro ou extremo, ou seja, a situação é tão rara que merece

documentação e análise;

• é representativo, isto é, trata-se de um projeto típico entre muitos outros projetos

e o que é aprendido desse caso fornece informações sobre experiências para

outros;

• fornece ao pesquisador a oportunidade de observar o fenômeno inacessível à

pesquisa científica;

• é um caso longitudinal, sendo possível estudar o mesmo caso único em dois ou

mais momentos distintos.

Há na literatura diversas críticas ou preconceitos em relação à opção por estudo de

caso. Tull e Hawkins (1976) explanam que o estudo de caso não deve ser usado com

Page 79: Tese Marcilio Ferreira UFPE

79

outros objetivos além do objetivo de geração de idéias para testes posteriores, pois fatores

como o pequeno tamanho da amostra, a seleção não randômica, a falta de similaridade em

alguns aspectos da situação problema e a natureza subjetiva do processo de medida, se

combinam para limitar a acuracidade de uns poucos casos. Essa mesma preocupação é

apontada por Yin (2003) pelo fato da estratégia fornecer pequena base para generalizações

científicas, uma vez que ao estudar um ou alguns casos não se constitui uma amostra

representativa da população e, por isto, torna-se sem significado qualquer tentativa de

generalização de resultados.

Ressalta-se que a pesquisa conduzida nesta tese adotou a estratégia de estudo de

caso único com unidades múltiplas de análise incorporadas, representada pelo contexto do

SUS no Estado de Alagoas e pelas suas esferas de governo.

Para esta composição, como será apresentado na próxima seção, a estratégia survey

foi adotada inicialmente na pesquisa, a fim de realizar um levantamento e mapeamento

dos sistemas de informação em saúde em uso no SUS, de modo a caracterizar o objeto

deste estudo. Posteriormente, o estudo realizou uma imersão em cada unidade múltipla de

análise, representada pelos três níveis de gestão (local, municipal e estadual), com o

objetivo de aprofundar o entendimento das necessidades informacionais dos gestores e

usuários dos sistemas de informação em saúde e como eles necessitam da integração da

informação entre as áreas do SUS. Vale ressaltar que o nível local foi representado pela

própria unidade de saúde, o municipal pela secretaria municipal de saúde e o estadual pela

secretaria estadual de saúde.

O próximo passo do proceder metodológico é explicitar o acesso a campo. Sabe-se,

de antemão, que nos procedimentos metodológicos de uma tese, o desenho da pesquisa

busca ilustrar, de forma sequencial, os passos para a operacionalização da mesma. Disto se

encarregará a seção seguinte.

4.5 Desenho da Pesquisa

Tendo em vista o objetivo de analisar a integração informacional entre os sistemas

de informação do SUS à luz da complexidade de suas relações o estudo ocorreu em três

etapas como suscitado ao final da seção anterior.

Page 80: Tese Marcilio Ferreira UFPE

80

A primeira etapa da pesquisa buscou fazer um levantamento das relações dos

sistemas de informação em saúde através da aplicação de questionários e de uma pesquisa

documental, de modo a verificar suas características tecnológicas, finalidades, nível ou

esfera de governo que atendem e as relações estabelecidas com os demais SIS.

Nessa primeira etapa, os questionários foram distribuídos entre técnicos e gestores

de saúde lotados na secretaria estadual e em 11 secretarias municipais de saúde e 70

unidades de saúde da região selecionada para a investigação, conforme descrito na

próxima seção. Em paralelo, a pesquisa documental visou coletar dados sobre os SI a

partir do acesso aos manuais e projetos dos sistemas, decretos, resoluções e portarias e

outros documentos legais emitidos pelo Ministério da Saúde e outros órgãos oficiais do

setor saúde. No apêndice A encontra-se a grade utilizada para registrar os dados

levantados a partir desses documentos.

Após a conclusão da pesquisa documental e do survey, os dados levantados sobre as

relações dos SIS foram tratados e analisados para guiar a construção de redes formadas

pelas integrações informacionais dos sistemas. Este mapeamento refletiu as interações e

relações existentes entre os sistemas com base no fluxo informacional do setor. Antes de

seguir para a etapa seguinte, a rede mapeada das relações dos SIS foi apresentada de forma

prévia a três técnicos que gerenciam os sistemas da SESAU e da SMS de Maceió. Este

passo teve como objetivo realizar uma testagem junto aos técnicos para checar se a maioria

dos SIS mapeados realmente era condizente com a realidade do SUS e se existia algum

sistema que não era mais utilizado.

Na segunda etapa da pesquisa, o mapeamento dos SIS orientou o esforço de

enquadrar os resultados das análises das redes nas principais propriedades da teoria da

complexidade: auto-organização, emergência, co-evolução, co-adaptação e fractal. Neste

enquadramento, o pesquisador realizou uma aproximação das estruturas de relações

identificados dos SIS com cada propriedade da complexidade.

A terceira e última etapa da pesquisa consistiu na realização de entrevistas focadas

com os gestores em cada unidade de análise incorporada, compreendida pelas instâncias

dos três níveis de gestão do SUS (local, municipal e estadual). Esta etapa buscou analisar a

integração informacional entre os SIS na percepção dos gestores dos sistemas, remetendo

esta análise ao enquadramento da complexidade da etapa anterior. Para tanto, foi elaborado

um roteiro de entrevista (apêndice C) onde cada questão estava associada às estruturas das

Page 81: Tese Marcilio Ferreira UFPE

81

relações dos SIS e o conteúdo das entrevistas foi analisado de acordo com os pontos

positivos e negativos que cada gestor citou sobre as relações dos SIS.

Figura 9 – Desenho da pesquisa.

4.6 O Caso Selecionado Em função da extensa dimensão territorial e, ainda, da complexidade da rede de

serviços de saúde do estado, optou-se por delimitar o campo deste estudo a uma região de

saúde que reunisse características compatíveis com um sistema local de saúde e que

representasse a complexidade dos SI implantados no estado de Alagoas.

Para tanto, baseou-se no Plano Diretor de Regionalização (PDR), que é o

instrumento de ordenamento do processo de regionalização considerado como

macroestratégia de consolidação do SUS nos estados, conforme estabelecido na Instrução

Normativa GM/MS n.º 2 de 6/4/2001. O PDR fundamenta-se na conformação de sistemas

Estudo de Caso Único Incorporado – SUS (Região I de Saúde de Alagoas)

ETAPA I Levantamento das relações

entre os SI em Saúde

Pesquisa documental

Entrevistas focadas

ETAPA III Unidas múltiplas de análise incorporadas

Análise da Integração

Informacional

Questionários

Rede das Relações dos SIS

Análise Documental

Análise de

Redes

Estatística Descritiva

Análise de Conteúdo

Complexidade dos Sistemas

de Informação do SUS

Local Municipal

Estadual

ETAPA II Enquadramento da

Complexidade

Testagem junto aos técnicos do SUS

Propriedades da Teoria da

Complexidade

Pré-teste

Page 82: Tese Marcilio Ferreira UFPE

82

funcionais e resolutivos de assistência à saúde a partir da organização dos territórios

estaduais em regiões, microrregiões e módulos assistenciais.

A escolha de Alagoas para a realização dessa pesquisa foi motivada por tal estado

apresentar inúmeras fragilidades no cenário de saúde pública nacional e também porque a

partir de 2007, com o saneamento das finanças estaduais e a regularidade do repasse

financeiro destinado ao setor saúde, o maior uso dos SIS tornou-se imprescindível para

que se tivessem elementos informacionais concretos para tomar decisões, formular

projetos e reestruturar este cenário precário (BRASIL, 2011). Ademais, a exorbitante

quantidade de sistemas mantidos nos mais variados departamentos de suas Secretarias

Municipais e Estadual de Saúde colabora para a perpetuação de uma política pouco clara,

baseada em informações fragmentadas para subsidiar ações na saúde no Estado e isto

clama por uma eficientização.

O Estado de Alagoas está localizado na região nordeste do país com uma

população de 3.120.494 habitantes (ALAGOAS, 2011), sendo o território formado por um

total de 102 (cento e dois) municípios, distribuídos em 2 (duas) macrorregiões, que por sua

vez são subdivididas em 10 (dez) regiões de saúde, conforme legenda e ilustrações no

mapa ilustrado da figura 10, das quais a primeira região foi selecionada para a

investigação.

Figura 10 – Regiões de saúde estabelecidas no plano diretor de regionalização do estado de Alagoas

Fonte: Alagoas (2011).

Page 83: Tese Marcilio Ferreira UFPE

83

Esta região contempla a capital Maceió e mais 11 municípios de médio e pequeno

porte localizados próximos geograficamente: Barra de São Miguel, Barra de Santo

Antônio, Coqueiro Seco, Flexeiras, Marechal Deodoro, Messias, Paripueira, Pilar, Rio

Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba, perfazendo uma população total de 1.168.689

habitantes.

A escolha desta região como caso da pesquisa foi motivada por sua densidade

populacional em relação às demais e por ela encobrir diferentes portes de municípios e

unidades de saúde que operam SIS diversos, refletindo a complexidade informacional que

este estudo procurou tratar. Sendo assim, o caso privilegiou uma região com arquétipos

contrastantes - secretarias e unidades de saúde - em diferentes municípios e níveis de

gestão, no sentido de ampliar o leque de sistemas de informação associados à

disseminação e à integração de informação, bem como maximizar o resgate de relações

entre eles.

Outro motivo da escolha foi que nessa região está situado um número significativo

de serviços públicos de saúde sob gestão estadual e municipal com potencial uso de

sistemas de informação (SESAU, 2012), tais como: ambulatórios, centro de atenção

psicossocial para criança e adolescente, serviço de atendimento especializado em

DST/AIDS, unidades de assistência médica ambulatorial, pronto-socorro, hospital geral do

estado, hospital de doenças tropicais, centros de saúde e laboratório clínico. Além desses,

existem outros serviços públicos que se encontram sob dupla gestão das secretarias

municipais e estadual: ambulatório e hospital de especialidades e hospital psiquiátrico.

Finalmente, Alagoas está passando por um processo de modernização na gestão pública e

de incremento de novos investimentos em infra-estrutura tecnológica, ampliações estas

que incentivam e fortalecem o uso de SIS em todos os estabelecimentos de saúde

supracitados e há significativa chance de encontrar este cenário em outros estados do

nordeste fortalecendo a representatividade do caso.

4.7 Coleta de Dados

A coleta de dados compreende a elaboração dos instrumentos de coleta e dos

procedimentos necessários para aquisição dos dados no campo. Cooper e Schindler (2003)

explicam que a coleta pode variar desde uma simples observação até um levantamento com

diversas organizações envolvidas, entretanto, o método selecionado é que determinará

Page 84: Tese Marcilio Ferreira UFPE

84

como os dados serão coletados. Questionários, testes padronizados, formas de observação e

notas de laboratório estão entre os mecanismos usados para registrar dados brutos segundo

aqueles autores e alguns deles, como será visto, compuseram o repertório desta pesquisa.

4.7.1 Pesquisa Documental A principal característica da pesquisa documental está relacionada com a sua fonte,

a qual se restringe a documentos de linguagem verbal ou escrita, sempre de fontes

primárias. Justifica-se seu uso no momento em que se necessita organizar informações que

se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta

(VERGARA, 2003). Portanto, os documentos existentes na organização, tais como ofícios,

memorandos, sítios, atas, podem servir como registros passíveis de serem analisados.

De acordo com Rampazzo (2002), a pesquisa documental vale-se de materiais que

ainda não receberam nenhum tratamento analítico. Essa técnica de coleta visa, assim,

selecionar, tratar e interpretar a informação bruta, buscando extrair dela algum sentido e

introduzir-lhe algum valor, podendo, desse modo, contribuir como uma fonte rica e estável

de dados que duram com o passar do tempo.

Ainda, como explica Vergara (2005), a veracidade dos dados pode ser classificada

pela sua proximidade do fenômeno. Os dados primários são buscados preferencialmente

por sua proximidade com a verdade e controle sobre erros (COOPER; SCHINDLER,

2003). Estas características dos dados levam o pesquisador a ser cuidadoso ao planejar

procedimentos de coletas de documentos e fazer generalizações a partir de seus resultados.

De acordo com Richardson (1999), há outras vantagens em relação a essa técnica

de coleta, como o baixo custo por exigir praticamente apenas disponibilidade de tempo do

pesquisador e a não exigência de contato com sujeitos de pesquisa. Como limitação, as

críticas mais freqüentes referem-se à não representatividade e à subjetividade dos dados.

Neste estudo, a pesquisa documental foi utilizada para levantar informações sobre

os SI em saúde a partir das fontes oficiais do Ministério da Saúde, quais sejam os manuais

e documentos de projetos dos sistemas disponibilizados em mídia eletrônica nos seguintes

sítios: DATASUS1 (Sistemas e Aplicativos), Portal da Saúde2, Biblioteca Virtual em Saúde

do Ministério de Saúde (BVMS)3 e SESAU4 (Sistemas de Informação).

1 Disponível em http://www.datasus.gov.br 2 Disponível em http://portal.saude.gov.br 3 Disponível em http://bvsms.saude.gov.br

Page 85: Tese Marcilio Ferreira UFPE

85

Além do mais, os documentos oriundos da legislação pertinente à saúde pública

também foram considerados, tais como decretos, resoluções e portarias e outros

documentos legais emitidos pelo Ministério da Saúde. Utilizou-se como base de consultas

o Sistema de Legislação da Saúde (SAÚDELEGIS)5, que é o sistema de pesquisa de

legislação que reúne os atos normativos do SUS, no âmbito da esfera federal, e onde estão

disponíveis para consulta mais de 90 mil normas. Cabe destacar que as estratégias de

implantação e uso dos SIS no SUS são na maioria das vezes regulamentadas por portarias

ou outros dispositivos legais.

Como a documentação do SUS é vasta, adotou-se como marco da coleta o ano de

2004, que foi quando ocorreu a proposta da Política Nacional de Informação e Informática

em Saúde do SUS (PNIIS). Esta política incentivou a integração e articulação dos sistemas

e bases de dados de interesse para a saúde (BRASIL, 2004).

A coleta dos documentos ocorreu entre os meses de agosto e novembro de 2011.

Todos os documentos examinados eram arquivados eletronicamente em pastas ao mesmo

tempo em que se dava prosseguimento à coleta. O critério estabelecido para tal

organização foi a fonte documental e o ano. Para cada documento lido foi criada uma grade

de registro, exposta no apêndice A, contendo nome, tipo, ano, órgão, esfera do governo e

área do SUS do documento.

Numa segunda organização, mediante releitura de cada arquivo, registrou-se a

descrição dos SIS e das tecnologias que eram citadas nos documentos, além de algumas

transcrições de trechos definidores que explicitavam o compartilhamento de algum tipo de

informação entre os sistemas. Estes trechos nortearam o preenchimento de uma matriz que

identificou as inter-relações dos sistemas. Esta matriz, em conjunto com os dados advindos

dos questionários, auxiliou no mapeamento das redes de relações dos SIS.

4.7.2 Questionário Para Hair Jr. et al. (2007) um questionário é um conjunto predeterminado de

perguntas criadas para coletar dados dos respondentes, sendo um instrumento

cientificamente desenvolvido para medir características importantes de indivíduos,

organizações, eventos e outros fenômenos.

4 Disponível em http://www.saude.al.gov.br/csgi 5 Disponível no sítio http://portal2.saude.gov.br/saudelegis

Page 86: Tese Marcilio Ferreira UFPE

86

O questionário é um instrumento de coleta de dados amplamente utilizado nas

pesquisas do tipo survey, podendo ser aplicado mediante entrevista pessoal, envio pelo

correio, pela web etc. Cooper e Schindler (2003) ressaltam que na escolha da estratégia de

aplicação deve-se atentar para o custo, o tempo e, também, para a forma que venha a

garantir uma taxa de resposta aceitável para o estudo.

Richardson (1999) exalta que os questionários aplicados às pesquisas sociais

cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir determinadas

variáveis de um grupo social. Portanto, a informação obtida por meio de um questionário

permite observar o perfil de um grupo ou indivíduo e beneficiar a análise a ser feita pelo

pesquisador. Por isso, deve-se assegurar ao respondente, sempre que for o caso, a

confidencialidade dos dados e dos resultados, mesmo se tratando de dados individuais ou

coletivos.

Conforme Freitas et al. (2000), alguns cuidados devem ser tomados na elaboração

do questionário, destacando-se que:

• as alternativas para as questões fechadas devem ser exaustivas para cobrir todas

as possíveis respostas;

• deve-se considerar as implicações das perguntas quanto aos procedimentos de

tabulação e análise dos dados;

• o respondente não deve sentir-se incomodado ou constrangido para responder as

questões;

• as questões devem ser redigidas de forma clara e precisa, considerando o nível

de informação dos respondentes;

• as questões devem possibilitar uma única interpretação e conter uma única idéia.

Hoppen, Lapointe e Moreau (1996) afirmam que a elaboração do instrumento e o

seu refinamento constituem as duas fases que devem ser consideradas para a validação do

conteúdo. Os mesmos autores explicam que os enunciados que compõem o instrumento

devem ser baseados na revisão da literatura pertinente ao fenômeno. Esse tipo de validação

tenta assegurar que todos os aspectos do atributo que está sendo medido sejam

considerados pelo instrumento, ou seja, que os indicadores construídos são uma boa

representação do fenômeno a ser estudado. Além do mais, deve-se realizar o pré-teste do

instrumento, que tem como objetivo refinar o instrumento, visando à garantia de que ele

realmente irá medir aquilo a que se propõe. Pode-se utilizar juízes (especialistas da área)

Page 87: Tese Marcilio Ferreira UFPE

87

para julgar a pertinência, a clareza e a completeza do instrumento, considerando o seu

propósito.

Na presente pesquisa, os questionários auxiliaram no levantamento dos SIS em uso

no SUS e na identificação das inter-relações dos sistemas. O questionário foi estruturado

em três partes: perfil do respondente e da organização, identificação dos sistemas em uso e

doze perguntas sobre a integração da informação entre os mesmos, conforme pode ser visto

no apêndice B.

Já o quadro 5 apresenta o universo e população considerados neste survey.

Atualmente, o estado de Alagoas possui 1.328 unidades cadastradas no cadastro nacional

de estabelecimentos de saúde (CNES) do SUS6, classificadas como de administração direta

de saúde, ou seja, instituições cuja natureza administrativa está vinculada diretamente ao

MS, SES ou SMS. Das 1.328 unidades de saúde 225 fazem parte da região I de saúde, que

é o caso selecionado nesta pesquisa e, portanto, constituíram o universo do estudo.

Após a realização de um estudo prévio, baseado em informações fornecidas pelas

coordenações de informática da SESAU e da SMS Maceió sobre a situação da infra-

estrutura das unidades de saúde, foram extraídos 130 estabelecimentos do universo que se

encontravam devidamente informatizados e com SIS em operação para formar a população

do estudo. A população equivaleu à proporção de 58% do universo em questão, com

representatividade que pode ser considerada satisfatória.

Municípios da Região I Quantidade Unidades (Universo)

Quantidade Unidades Informatizadas

(População) Barra de São Miguel 5 1 Barra de Santo Antônio 6 1 Coqueiro Seco 4 1 Flexeiras 7 2 Maceió 112 100 Marechal Deodoro 21 17 Messias 8 1 Paripueira 5 1 Pilar 18 1 Rio Largo 23 2 Santa Luzia do Norte 5 1 Satuba 11 2 TOTAL 225 130 Quadro 5 – Universo e população da pesquisa survey das unidades de saúde do SUS.

Antes de entrar no campo efetivamente, foi realizado um pré-teste da primeira

versão do instrumento aplicando-o a cinco gestores do SUS durante o mês de setembro de 6 Conforme consulta disponível em http://cnes.datasus.gov.br

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88

2011. Três gestores pertenciam ao Hospital das Clínicas (HC) da UFPE e ocupavam os

cargos de Coordenador de Contas Médicas, Diretor de Faturamento e Chefe do Núcleo de

Epidemiologia e Informações Hospitalares. Os outros dois gestores eram do Instituto de

Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), ocupantes dos cargos de Diretor de

TI e Diretor de Contas Médicas. Estas duas unidades foram escolhidas por serem

referências no atendimento do SUS em Recife-PE.

O pré-teste apontou a necessidade de alguns ajustes no instrumento. Segundo os

respondentes, a seção I com o perfil da instituição (níveis de governo e tipos de órgão) não

estava alinhada com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES); o layout

do quadro para identificar a relação entre os sistemas na seção II não era didático nem de

fácil preenchimento; os sistemas da listagem da seção II não estavam agrupados por área; e

alguns textos das afirmações da última seção não seguiam a linguagem usual do SUS.

Todos os ajustes foram devidamente revisados antes do lançamento do instrumento no

campo empírico.

Os questionários foram aplicados entre outubro de 2011 e fevereiro de 2012 nas

diversas unidades que adotam SIS nas suas operações de assistência à saúde, conforme

exposto no quadro 5. Adotou-se a aplicação face a face do instrumento dentre as diferentes

formas de realização de survey, devido à dificuldade encontrada inicialmente em não obter

retorno dos e-mails enviados aos respondentes. Cabe destacar ainda que nas visitas aos

municípios do interior ocorreu certa dificuldade em localizar os endereços das unidades de

saúde, que muitas vezes estavam desatualizados no cadastro do CNES. Mesmo na capital,

que possuía 100 unidades, houve um grande esforço de deslocamentos entre os bairros para

encontrar as unidades situadas na periferia.

O perfil dos respondentes englobou técnicos e gestores de informação em saúde da

região I de Alagoas, que precisavam ser usuários e responsáveis pela operacionalização

direta dos sistemas em suas respectivas unidades. Tomando como ponto de partida os

usuários da SESAU, obteve-se uma lista prévia de pessoas chaves de cada área técnica no

âmbito estadual e nas doze SMS da região. Em seguida, a partir das visitas em cada SMS,

obtinha-se uma nova lista com os responsáveis pelos sistemas nos estabelecimentos de

saúde que pertenciam ao município e que estariam habilitados para responder o

questionário. Assim, os questionários foram distribuídos pessoalmente durante as visitas às

unidades de saúde.

Em alguns locais, em especial na SES e nas SMS, mais de um questionário foi

distribuído por unidade devido ao nível de conhecimento que cada respondente possuía dos

Page 89: Tese Marcilio Ferreira UFPE

89

SIS, pois cada técnico ou gestor geralmente trabalhava apenas com os sistemas de sua área

de atuação, que podia ser de atenção à saúde, vigilância em saúde, regulação e gestão e

participação social.

4.7.3 Entrevista Focada As entrevistas podem ser utilizadas em uma variedade de tipos de pesquisas, desde

as de escopo amplo, como as interpretações etnográficas, até as de escopo restrito, como,

por exemplo, aquelas destinadas a clarificar conceitos (BAUER; GASKELL, 2002).

Para Marconi e Lakatos (2004) a entrevista é um procedimento usado na

investigação social para coletar dados, ajudar no diagnóstico ou tentar solucionar

problemas sociais. Acontece mediante uma interação face a face entre duas pessoas em que

uma delas vai passar informações para a outra, no caso o investigador e o investigado. De

acordo com Richardson (1999), a interação proporcionada por esta técnica traduz-se na

melhor maneira de compreender como as pessoas pensam, agem ou reagem e,

similarmente, Selltiz et al. (1987, p. 273) enfatizam que a técnica “é bastante adequada

para a obtenção de informações sobre o que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou

desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram”.

Vergara (2003) relata que as entrevistas variam quanto ao grau de estruturação,

podendo encaixar-se em um contínuo com dois extremos: estruturadas e não estruturadas.

A entrevista não-estruturada, também chamada de entrevista em profundidade, em vez de

responder à pergunta por meio de diversas alternativas pré-formuladas, visa obter do

entrevistado o que o mesmo considera como aspectos mais relevantes de determinado

problema, que são as suas descrições de uma situação em estudo. Por meio de uma

conversação guiada, pretende-se obter informações detalhadas que possam ser utilizadas

em uma análise qualitativa (RICHARDSON, 1999).

Para Manzini (1990), a entrevista semi-estruturada está focalizada em um assunto

sobre o qual confecciona-se um roteiro com perguntas principais, complementadas por

outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para aquele autor,

esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas

não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. Já as entrevistas estruturadas

se caracterizam pelo fato de, no momento da entrevista, o entrevistador utilizar um roteiro

Page 90: Tese Marcilio Ferreira UFPE

90

previamente elaborado e conhecido e que reflete um detalhamento minucioso do fenômeno

sob investigação (LIMA, 2004).

Yin (2003) ainda ressalta que as entrevistas podem ocorrer em profundidade ou de

modo focado. A entrevista em profundidade é uma técnica qualitativa que explora

determinado assunto a partir da procura de informações, percepções e experiências dos

informantes para analisá-las e apresentá-las de forma estruturada. Dessa forma, o

entrevistador pode ajustar as suas perguntas livremente, além da flexibilidade que a fonte

tem para definir os termos de resposta.

Já na entrevista focada o respondente é entrevistado por um curto período de tempo

e pode assumir um caráter aberto-fechado ou se tornar conversacional, mas o investigador

deve focar especificamente no assunto de interesse. Os principais problemas relacionados

com a entrevista focada incluem a perda de foco do problema de interesse e a dependência

da habilidade de ensino do entrevistado.

No presente estudo, na etapa de coleta dos dados do estudo de caso com as

múltiplas unidades incorporadas, optou-se pela utilização de entrevistas semi-estruturadas

e focadas, pois o pesquisador-entrevistador baseou-se num roteiro com perguntas

principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à

entrevista, conforme instrumento de coleta apresentado no apêndice C. Cada questão

levantada pelo roteiro envolveu os principais resultados do mapeamento dos SIS ocorrido

na primeira etapa da pesquisa, com o intuito de captar a percepção dos gestores do SUS

sobre a integração da informação dos sistemas em uso.

As entrevistas, que fizeram parte da terceira etapa do desenho da pesquisa,

ocorreram entre os meses de março e maio de 2012, após a finalização das análises dos

dados da primeira e da segunda etapa da pesquisa, que envolviam o mapeamento das redes

de sistemas e o enquadramento da complexidade, respectivamente, como já explicado

anteriormente.

O público-alvo selecionado para a pesquisa foi formado por um grupo de 11

gestores de saúde, ocupantes de cargos de diretor, gerente ou coordenador da área de TI e

das diversas áreas do SUS (atenção à saúde, vigilância em saúde, planejamento,

informação epidemiológica, assistência hospitalar etc) das esferas local, municipal e

estadual da região I de Alagoas.

Realizou-se um total de 11 entrevistas, sendo todas gravadas por completo com a

devida permissão dos entrevistados, que duraram em média 35 minutos cada. As

entrevistas foram agendadas com antecedência por telefone, conforme contato obtido

Page 91: Tese Marcilio Ferreira UFPE

91

durante a coleta dos questionários respondidos, pois os gestores já haviam colaborado com

a pesquisa ainda na primeira etapa. O local, data e hora marcadas ficaram a critério dos

gestores e ocorreram sempre no seu próprio ambiente de trabalho.

Apesar de terem ocorrido constantes interrupções durante as gravações das

entrevistas, todos os gestores se mostraram dispostos e cooperaram com a pesquisa,

fornecendo respostas detalhadas sobre a integração da informação dos SIS.

Em todos os momentos das análises dos conteúdos transcritos buscaram-se

evidências acerca da possível indicação da relação da complexidade dos sistemas com o

comprometimento da integração informacional do SUS, destacando os efeitos dessa

implicação nas falas dos gestores.

4.8 Técnicas e Ferramentas de Análise dos Dados A etapa de análise dos dados é definida por Kerlinger (1980, p. 353) como “a

categorização, ordenação, manipulação e sumarização de dados”. Assim, os dados brutos

são agrupados de forma sistematizada, visando possibilitar a sua mensuração e

interpretação.

Para Cooper e Schindler (2003) e Hair Jr. et al. (2007), a fase de análise envolve a

aplicação de técnicas para melhor compreender os dados e suas relações subjacentes,

normalmente, envolvendo a redução dos dados acumulados a um tamanho administrável e

interpretá-los à luz da questão de pesquisa ou determinando se os resultados são

consistentes com suas hipóteses e teorias.

Para análise dos dados pode-se aplicar tanto técnicas quantitativas, através de

análises estatísticas para descrição dos dados e de suas relações causais, como qualitativas,

que envolve análises léxicas e de conteúdo (RICHARDSON, 1999).

A análise dos dados colhidos nesta tese foi quantitativa, relacional e qualitativa.

Foram cinco os momentos de análise: após a coleta da pesquisa documental, dos

questionários, após o mapeamento das redes de sistemas, ainda na primeira etapa do

desenho da pesquisa, durante o enquadramento da complexidade dos sistemas, já na

segunda etapa, após a realização das entrevistas na última etapa. Cada momento deste foi

conduzido por um tratamento adequado dos dados e uso de ferramentas de software

específicas para apoiar as análises, entre as quais: Microsoft Excel®, SPSS® 19, UCINET®

6.0, NetDraw® 2.117 e Vensim® 5.11, que serão citados nas subseções seguintes.

Page 92: Tese Marcilio Ferreira UFPE

92

4.8.1 Tratamento dos Dados da Pesquisa Documental

Para desenvolver a análise documental e extrair as relações dos SIS do material

coletado utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, tendo como recurso os arquivos

digitais coletados e instrumentação via grades de registro dos documentos. A técnica

utilizada parte do pressuposto de que “por trás dos fragmentos de mensagem tomados em

consideração, esconde-se um sentido que convém desvendar" (GODOY, 1995, p. 60).

O procedimento de análise do conteúdo dos documentos deu-se com a transcrição

de textos definidores das relações estabelecidas entre os SIS. Os dados interpretados pelas

leituras e releituras do material foram transpostos para planilhas do Microsoft Excel®, a

partir das quais foram construídas matrizes que explicitavam as associações das

informações compartilhadas entre os sistemas.

Os documentos também foram contabilizados um por um e agrupados

quantitativamente por ano, tipo e órgão que elaborou, procurando averiguar a frequência

com que os diversos materiais apontavam os relacionamentos existentes entre os SIS.

Objetivou-se com tais procedimentos mapear as inter-relações dos SIS.

4.8.2 Tratamento dos Dados do Questionário

No tocante à pesquisa quantitativa, uma das técnicas mais características de análise

de dados consiste na verificação de freqüências de ocorrência obtidas por meio da

estatística descritiva.

A estatística descritiva permite que os pesquisadores façam afirmações acerca dos

dados obtidos na sua investigação, de modo a obter a descrição da tendência central ou dos

escores observados e da amplitude de dispersão desses escores (COOPER; SCHINDLER,

2003).

Os dados do questionário desta pesquisa foram analisados com o software SPSS®

versão 19, a partir de uma tabulação inicial que codificou as variáveis presentes no

instrumento ilustrado no apêndice B, tratando-as com estatística descritiva a partir da sua

distribuição de frequência relativa.

Para conhecer o perfil dos respondentes foi realizada uma análise univariada, da

qual resultou montagem de tabulações de frequências e geração de gráficos em torno das

características gerais das instituições que integraram a amostra, quanto às suas esferas de

governo, tipos de órgãos e uso dos sistemas.

Page 93: Tese Marcilio Ferreira UFPE

93

O mesmo tipo de análise foi realizada em relação às doze afirmações apresentadas

na última seção do instrumento sobre a integração informacional, cujos valores de

frequência relativa foram calculados e representados em quadros.

Somente a seção do questionário que tratou do relacionamento dos sistemas foi

transposta para uma planilha do Microsoft Excel® para, da mesma forma da pesquisa

documental, gerar uma matriz de relacionamentos dos SIS que considerou as percepções

dos respondentes. Essa matriz também serviu de base para a análise da rede que é discutida

a seguir.

4.8.3 Tabulação e Análise das Redes

O princípio da análise de redes é a associação das regularidades interacionais

(propriedades estruturais) de um conjunto de nós e suas relações (sistemas, redes ou

subgrupos de redes) às regularidades matemáticas e topológicas descritas por uma matriz

representativa do sistema empírico (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Freitas (2010) explica que as medidas de centralidade surgiram da análise em redes

sociais (ARS), que é um tipo específico de rede que se refere a um conjunto de pessoas

conectadas por relacionamentos sociais. Contudo, toda rede, social ou não, pode ser

representada por um grafo. Com esta condição, cada posição na rede corresponde a um

vértice (nó) no grafo e cada possível relação entre as posições corresponde a uma aresta

(laço) que conecta um par de vértices. Originalmente o UCINET® é bastante difundido em

pesquisa de redes sociais, mas nesta tese foi utilizado para analisar relações entre nós que

não representam pessoas, mas sim sistemas de informação. Na literatura, foi possível

encontrar outras aplicações do software, como representações de redes de unidades da

federação, de doenças, de computadores conectados à Internet etc.

Esta tese aplicou três medidas de centralidade que são mais comumente utilizadas

para avaliar a importância dos nós em uma rede de acordo com sua posição estrutural,

dadas em função de alguns invariantes do grafo: centralidade de grau (degree centrality),

centralidade de intermediação (betweenness centrality) e centralidade de proximidade

(closeness centrality).

A centralidade de grau, assim chamada por ser uma função do grau de um nó, conta

o número de arestas incidentes em um vértice do grafo. A concepção mais simples e

intuitiva no que diz respeito à centralidade de um vértice é o número de contatos diretos

Page 94: Tese Marcilio Ferreira UFPE

94

que ele possui. Um nó que se encontra em uma posição que permite o contato direto com

muitos outros é visto como um canal maior de informações, razão pela qual se considera

ser mais central (FREEMAN, 1979).

A interação entre nós não adjacentes da rede pode depender de outros nós, que

podem potencialmente ter algum controle sobre as interações entre dois nós não

adjacentes. Nesse sentido, um nó é intermediário se liga vários outros nós que não se

conectam diretamente. Esta métrica pode ser vista como uma medida da influência que um

nó tem sobre a propagação do fluxo de informação através da rede (WASSERMAN;

FAUST, 1994).

A terceira medida de centralidade é baseada na proximidade e está relacionada com

a distância total de um nó a todos os demais nós do grafo. Segundo Hanneman (2001), a

centralidade de proximidade é calculada através da soma das distâncias entre todos os

outros nós. Ela é indicada para conhecer a centralidade global dos nós.

Além das três medidas apresentadas acima, outras medidas de centralidade também

são utilizadas em pesquisas de análises de redes, entretanto, com uma frequência bem

menor, como por exemplo, a centralidade de aproximação (eigenvector) e a de eficiência

(FREITAS, 2010).

Conforme Scott (2001), para lidar com dados relacionais existem duas maneiras de

estruturá-los: a primeira com a construção de matrizes adjacentes (obrigatoriamente

quadradas) expondo as relações entre os nós e a segunda por meio da construção de

matrizes de incidência (não-quadradas), que lidam com dados onde ocorre o cruzamento de

diferentes tipos de nós. Nesta pesquisa adotaram-se as matrizes de adjacência onde os nós

representaram os SIS do SUS.

O preenchimento das matrizes dos sistemas seguiram duas propriedades: orientação

e valoração (PARREIRAS et al., 2006). Quanto à orientação, as relações podem ser

orientadas (um sistema como transmissor e outro como receptor) ou não orientadas (a

relação é recíproca). Quanto à valoração, as relações podem ser dicotômicas (presença ou

ausência de uma relação) ou valoradas (com valores discretos ou contínuos). Todas as

matrizes tabuladas foram valoradas, pois se registrou a quantidade de ocorrências de cada

relação identificada entre os sistemas no intuito de visualizar a força do laço estabelecido.

Com exceção das matrizes dos questionários, as demais foram orientadas, ou seja,

identificou-se qual SIS envia ou recebe informações.

Assim, os dados advindos da pesquisa documental e dos questionários acerca dos

inter-relacionamentos dos SIS foram tabulados em matrizes digitadas dentro de planilhas

Page 95: Tese Marcilio Ferreira UFPE

95

do Microsoft Excel®. Foram usadas cinco planilhas: uma com a matriz dos sistemas da

pesquisa documental; outras três com as matrizes dos questionários, sendo uma no nível

municipal, uma no estadual e outra geral unindo os dois níveis; e a última com a

consolidação final de todas as matrizes.

Em seguida, as planilhas foram importadas para o software UCINET® 6.0 onde

foram executadas as análises de redes para obtenção das medidas de centralidade. O

próprio UCINET® fornece uma interface para digitação das matrizes; entretanto, preferiu-

se usar o Microsoft Excel® porque era mais amigável para o pesquisador. Para visualização

gráfica das redes geradas no UCINET foi utilizado o NetDraw® 2.117.

Justifica-se o emprego da análise de redes nesta pesquisa devido à característica

relacional que os SIS se configuram na medida em que interagem e compartilham

informações entre si. Cada relação estabelecida entre os SIS, que representam os nós da

rede, é compreendida como uma necessidade de integração de informação.

4.8.4 Análise da Dinâmica de Sistemas

Para modelar a propriedade auto-organização da complexidade na segunda etapa da

pesquisa, utilizou-se o método da dinâmica de sistemas (DS), que busca construir modelos

representativos do sistema complexo para compreender o seu comportamento.

Conforme Forrester (1968), a DS aplica-se a problemas dinâmicos caracterizados

por interação, interdependência mútua, informações e causalidade circular. Através de

diversos tipos de diagramas (causais, estoque e fluxo) é possível expressar graficamente

um sistema possibilitando ver mais claramente a complexidade dinâmica das relações entre

as partes do mesmo.

A DS pode ser aplicada de modo qualitativo, quando diagramas de influência (ou

de enlace causais) são a principal ferramenta analítica, bem como em formas quantitativas,

baseando-se em modelos de simulação computacional. Esta pesquisa aplicou os diagramas

de enlace causais de maneira qualitativa, pois estes simplificam a ilustração do modelo do

sistema complexo e são úteis em estudos em estágios iniciais de compreensão do sistema.

Assim, os diagramas de enlace causais da DS são enfatizados pela simplicidade de

representação do comportamento de um sistema através do mapeamento dos seus

elementos formadores e dos relacionamentos entre eles, ou seja, de que forma um elemento

Page 96: Tese Marcilio Ferreira UFPE

96

influencia o comportamento de outro. Este diagrama é basicamente composto por

(GOODMAN, 1989; PIDD, 1992):

• elementos do sistema ou variáveis, que são as entidades ou fatores relevantes do

sistema. Neste estudo, as entidades foram representadas pelos próprios SIS e

suas finalidades nos processos de assistência à saúde;

• relacionamentos, que são as setas que indicam a direção de influência de um

elemento sobre outro, sendo que o sinal que acompanha a seta indica a forma de

relacionamento (quando "+" indica que uma variação no elemento causador gera

uma variação no mesmo sentido no elemento que recebe o efeito e "-" indica

uma variação de efeito contrário);

• enlaces ou feedback, que é um conjunto circular de causas em que uma

perturbação em um elemento causa uma variação nele próprio como resposta.

Em um sistema, as partes influenciam-se umas as outras de maneira mútua, quer

direta ou indiretamente. Tais fluxos de influência, segundo Senge (1990, p.82),

teriam um caráter "recíproco, uma vez que toda e qualquer influência é, ao

mesmo tempo, causa e efeito”. Este fluxo de influência é recíproco no sentido

que uma influência de um elemento A sobre B, causa influência de B sobre C,

que pode voltar a influenciar novamente A, num ciclo de causalidade circular

denominado enlace ou feedback.

O software Vensim® 5.11 foi utilizado como ferramenta de modelagem visual, que

permitiu desenvolver, documentar e analisar os modelos de sistemas dinâmicos explorados

nesta tese. No software foram construídos os modelos de simulação dos loops de feedback

a partir de diagramas causais, explorando o comportamento circular dos sistemas do SUS.

4.8.5 Tratamento dos Dados das Entrevistas

Na etapa qualitativa da pesquisa, onde foram empreendidas entrevistas com os

gestores de saúde, os dados coletados foram analisados com a técnica de análise de

conteúdo, que consiste no tratamento, análise e interpretação do conteúdo de textos e

documentos, advindos de material verbal ou não-verbal (MORAES, 1999).

De acordo com Bauer (2002), a análise de conteúdo pode ser conduzida em textos

escritos, discursos transcritos, interações verbais ou comportamentos não verbais, imagens

visuais, caracterizações, eventos audíveis ou qualquer outro tipo de mensagem. Esta

Page 97: Tese Marcilio Ferreira UFPE

97

técnica consiste no tratamento, análise e interpretação de dados e informações coletados e

armazenados em um determinado material, buscando-se transformar os dados brutos em

informações mais elaboradas, através de categorizações, para compreender uma realidade

(BARDIN, 2009).

O procedimento de análise do conteúdo das entrevistas realizadas nesta pesquisa

ocorreu através da transcrição das respostas gravadas dos gestores e consolidação das

mesmas em tabelas sob cada questão do roteiro da entrevista.

Após a organização das tabelas com as repostas, compararam-se as várias

declarações das onze entrevistas acerca de cada assunto, examinando-se como cada gestor

percebeu os assuntos discutidos. Buscou-se, então, relacionar as declarações de cada um

com o cargo que ocupam e o contexto em que trabalham com os sistemas de informação

em saúde, seja em secretarias de saúde (estadual ou municipais) ou unidades de saúde da

capital e do interior.

Finalmente, através da análise textual, procurou-se encontrar padrões de conjuntos

compreensíveis por meio de similitude dos trechos transcritos como resposta a cada

questão, analisando os pontos positivos e negativos que os entrevistados evocaram sobre as

integrações dos SIS, os quais foram interpretados de acordo com o referencial teórico da

complexidade e passaram a delinear as dificuldades e facilidades das integrações

informacionais da região de saúde estudada.

4.9 Cuidados Metodológicos Nesta seção são expostos os cuidados metodológicos empreendidos para evitar

percalços no andamento da pesquisa e, assim, preservar a integridade da aplicação do

desenho metodológico eleito.

Na análise documental, para alcançar os resultados desejáveis, foi necessário que o

pesquisador atentasse cautelosamente para a questão da exaustividade, em que todos os

documentos relevantes deveriam ser analisados. Neste sentido, a exaustividade consistiu no

levantamento de material significativo registrado em diferentes fontes de informação e que

pudesse trazer elementos para atingir os objetivos da pesquisa, considerando-se a extensão

do conteúdo sobre SIS.

Outro cuidado tomado durante a pesquisa documental foi de selecionar documentos

que possuíam conexão clara com o tema e as condições do estudo. A fim de evitar a

Page 98: Tese Marcilio Ferreira UFPE

98

limitação da não-representatividade dos documentos, considerou-se durante a pesquisa um

grande e variado número de materiais, os quais abrangeram: portarias do Ministério da

Saúde, manuais, sítios, boletins, relatórios, todos relacionados aos SIS.

No momento da construção das matrizes de relacionamentos dos sistemas, um

pesquisador, doutor em administração, auxiliou na consolidação dos dados e revisão das

matrizes, uma vez que a mesma envolvia 72 sistemas (matriz 72 x 72), tornando o arquivo

muito extenso e passível a erros de digitação. Este cuidado redobrado na revisão das

matrizes procurou evitar o comprometimento dos cálculos das medidas de centralidade que

poderiam influenciar os resultados da pesquisa.

Um outro cuidado que foi observado referiu-se à condução das entrevistas na etapa

qualitativa da pesquisa. Manzini (2003) enfoca variáveis que afetam a coleta de

informações por entrevistas e os futuros dados, podendo citar a influência da intervenção

do entrevistador nos processos de raciocínio do entrevistado, a influência da intervenção

do entrevistador na produção do discurso do entrevistado e a influência da intervenção do

entrevistador nos processos de memória do entrevistado. Por isso, o pesquisador adotou

uma postura neutra e imparcial perante o entrevistado, deixando-o à vontade em suas

colocações e tentando não intervir nem influenciar nas suas respostas para não enviesar os

resultados das entrevistas. Também, nos contatos preliminares tomaram-se cuidados para

selecionar entre os indicados, aqueles sujeitos que possuíssem conhecimento sobre os SIS

de forma que pudessem contribuir efetivamente com os propósitos do estudo.

Como as unidades de análise configuraram-se em diferentes níveis de gestão do

SUS, houve uma preocupação redobrada na observância das assimetrias de interpretações

dessas diferentes instâncias na utilização dos SIS e de seus fluxos informacionais, pois

estas poderiam influenciar o mapeamento das relações inter-níveis dos sistemas.

Outro aspecto que não se perdeu de vista, foi o fato de o pesquisador exercer a

função de analista de sistemas na Coordenadoria Setorial de Gestão da Informática (CSGI)

da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (SESAU), o que poderia influenciar os

entrevistados em suas respostas sobre os SI em saúde nos locais onde já desempenhou

alguma atividade profissional. Logo, tomou-se o cuidado de esclarecer desde o início das

interações com os técnicos e gestores municipais e estaduais que não havia vínculo algum

entre o propósito acadêmico da pesquisa e as competências atribuídas ao setor de

tecnologia da informação da secretaria, evitando-se, assim, vieses de pesquisa.

Page 99: Tese Marcilio Ferreira UFPE

99

Desta forma, os cuidados postos nesta seção buscaram garantir a qualidade dos

dados da pesquisa e os resultados da coleta e análise dos mesmos serão discutidos no

capítulo que segue.

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100

5 Resultados e Discussão

A finalidade deste capítulo é interpretar, analisar e discutir os dados coletados no

campo, seguindo o desenho da pesquisa descrito no capítulo anterior. Para dar maior

consistência às discussões, os dados foram analisados à luz da literatura referenciada e da

abordagem teórica adotada.

Os resultados a seguir encontram-se agrupados em três seções que denotam cada

etapa do estudo. Inicialmente são apresentados os resultados do mapeamento das redes

formadas a partir das integrações informacionais entre os SIS do SUS. Tomando como

base esse mapeamento, a segunda etapa visou enquadrar os resultados das análises das

redes aproximando-os das principais propriedades da teoria da complexidade,

caracterizando, assim, a rede de sistemas como de natureza complexa. Na última etapa,

discute-se a integração informacional entre os sistemas sob a ótica dessa complexidade.

5.1 Mapeamento das Redes dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS

Nesta primeira etapa, buscou-se fazer um levantamento dos sistemas de informação

do SUS, mapeando-os em redes de relacionamentos, que foram construídas a partir do

resgate documental e da percepção dos usuários apurada via questionários sobre as

conexões existentes entre os sistemas, quanto à necessidade de troca ou compartilhamento

de informação.

A opção por duas fontes de dados distintas para esta etapa se justificou pela

necessidade de mapear tanto os sistemas considerados como oficiais e fornecidos pelo

próprio Ministério da Saúde (cujos dados foram extraídos da pesquisa documental), como

para identificar sistemas que não são adotados pelo Ministério, mas são amplamente

utilizados pelas unidades de saúde da região I de Alagoas para gerenciamento das

informações do SUS (cujos dados foram extraídos dos questionários).

Cabe ressaltar que os resultados apreciados nesta seção ampararam-se no método

de análise de redes (HANNEMAN, 2001), conforme apresentado no capítulo anterior, que

detalhou os procedimentos metodológicos. A análise de redes possibilitou o entendimento

Page 101: Tese Marcilio Ferreira UFPE

101

tanto de aspectos descritivos dos relacionamentos entre os elementos, neste caso os SIS,

quanto de análises estatísticas causais de tais fenômenos.

A análise de redes também permitiu compreender a dinâmica de relacionamentos

presente nos SIS, extraindo-se a sua estrutura. Com a estrutura identificada, pôde-se fazer

uma série de inferências sobre a natureza dos sistemas que fazem parte do SUS, como

verificar as implicações de ordem institucional na formatação dos sistemas e seus graus de

relacionamento com os demais. Vale a pena relembrar o uso de software UCINET® e

NetDraw® para criação, análise e visualização das redes mapeadas.

Tendo isso em vista, as três próximas subseções apresentam e discutem as redes de

sistemas mapeadas a partir da pesquisa documental, primeiramente, e dos questionários,

logo em seguida, chegando-se a duas redes complementares, que foram então consolidadas

em uma terceira rede geral, a qual é discutida com mais profundidade na subseção 5.1.3 e

que serviu de base para o enquadramento dos sistemas aos conceitos da complexidade na

etapa seguinte da pesquisa.

5.1.1 Mapeamento Derivado da Pesquisa Documental

Os dados que geraram a rede de sistemas desta subseção tiverem como origem a

pesquisa documental com o apoio do instrumento exposto no apêndice A, cuja finalidade

foi estruturar uma grade de registro para cada documento analisado. As transcrições dos

textos definidores sobre os SIS e suas relações expostas nos documentos auxiliaram na

elaboração da matriz que gerou a rede dos sistemas. Assim, somente foram registrados

documentos que claramente definiam relações entre os SIS pesquisados e que ajudavam na

construção da rede. No apêndice F encontram-se resumidas as principais transcrições

extraídas dos documentos.

A pesquisa documental totalizou acesso a 139 documentos, referentes ao período de

2004 a 2012, distribuídos anualmente conforme o quadro 6. Cabe relembrar o motivo pelo

qual o ano de 2004 foi adotado como marco da coleta. Naquele ano, ocorreu a proposta do

PNIIS por parte do Governo Federal, que teve como objetivo garantir, nas três esferas de

governo, a compatibilização, interface e modernização dos sistemas de informação do SUS

e o aperfeiçoamento da integração e articulação com os sistemas e bases de dados de

interesse para a saúde (BRASIL, 2004). Portanto, nos anos seguintes a 2004, houve um

maior incentivo e estabelecimento de diretrizes do Ministério da Saúde na busca pela

Page 102: Tese Marcilio Ferreira UFPE

102

ampliação e melhoria da integração das informações no SUS, dentre os quais merece

destaque o ano de 2011 pela grande quantidade de documentos produzidos com menções

diretas a alguma forma de integração entre os sistemas de informação.

Anos dos documentos Quantidade de documentos levantados

2004 15 2005 4 2006 13 2007 5 2008 11 2009 11 2010 13 2011 47 2012 20

Quadro 6 – Distribuição anual dos quantitativos dos documentos coletados na pesquisa.

Ademais, os documentos levantados abrangeram todos os quatro eixos do SUS que

os SIS atendem em Alagoas: atenção à saúde (69 documentos), vigilância em saúde (36

documentos), regulação, controle e avaliação (22 documentos); e gestão e participação

social (12 documentos).

Diferentes órgãos, os quais se encontram listados no quadro 7, foram responsáveis

pela elaboração dos documentos que serviram como fonte de dados para esta etapa.

Observou-se que 122 documentos foram produzidos na esfera federal pelo próprio

Ministério da Saúde e pelo seu órgão especializado DATASUS. Já na esfera estadual, 14

documentos que mencionavam integração da informação foram encontrados nos sítios da

SES de Alagoas e do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (CONASS).

Por fim, no nível municipal há uma menor normatização dos SIS, visto que apenas 3

documentos foram levantados nos sítios dos órgãos colegiados de secretarias municipais de

saúde (COSEMS e CONASEMS). Há, portanto, conforme Guimarães (2005), uma forte

influência do nível federal na estruturação dos sistemas, pois é a partir das resoluções do

MS que as políticas de informação e assistência à saúde se configuram no Brasil.

Órgão responsável pela

elaboração dos documentos Quantidade de documentos levantados

Ministério da Saúde 84 DATASUS 38 CONASS 2 SESAU 12

COSEMS 1 CONASEMS 2

Quadro 7 – Distribuição por órgão dos quantitativos dos documentos coletados.

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103

Em relação aos tipos dos documentos levantados, o quadro 8 expõe que nesta

pesquisa a quantidade de portarias ministeriais relacionadas aos SIS praticamente se iguala

ao número de manuais técnico-operacionais dos próprios sistemas. Essa grande quantidade

de portarias com referências diretas aos SIS exaradas pelo Ministério da Saúde, revela a

forte presença do pilar regulatório ao qual estes sistemas estão submetidos.

Tipos dos documentos Quantidade de documentos levantados

Portaria 38 Manual Técnico-operacional 39 Boletim 9 Relatório 2 Nota Técnica 7 Sítio Ministério da Saúde 4 Sítio DATASUS 8 Sítio SESAU 2 Quadro 8 – Distribuição dos quantitativos dos materiais coletados por tipos dos documentos.

Tal configuração exibida no quadro é justo o que Scott (2001) evidenciara quando

postulou que as regras, leis ou sanções assumiam relevância como instrumento para a

institucionalização de comportamentos e atividades nas organizações. De fato, no setor

saúde as portarias ministeriais têm assumido um papel de destaque, principalmente pelo

forte poder de indução que assumiram na definição da política setorial (BAPTISTA, 2007)

e são os instrumentos pelos quais o MS e o DATASUS expedem atos administrativos que

contêm instruções acerca dos procedimentos operacionais dos SIS e seus fluxos de

informações.

A partir dos dados coletados nos 139 documentos publicados pelos órgãos oficiais,

foram mapeados 55 SIS diferentes que constituem o campo institucional do SUS. A

estrutura de relações dos sistemas está exposta na figura 11.

Nela, os nós da rede correspondem a cada SIS que compartilha informação com

pelo menos outro sistema no período estudado. Já as linhas referem-se aos relacionamentos

entre os sistemas, o que significa uma necessidade de integração informacional entre eles.

Cabe destacar que esta rede foi construída a partir de uma matriz valorativa (55 x

55), direcionada e assimétrica, baseada nas ocorrências documentais sobre os fluxos

informacionais de cada SIS, conforme previsto nos procedimentos metodológicos da

pesquisa.

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104

Figura 11 – Rede das relações entre os SIS no SUS advinda da pesquisa documental Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

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105

Como pode se observar neste primeiro mapeamento, o SUS dispõe de uma grande e

complexa gama de sistemas de informação em saúde de base individual e abrangência

nacional. Por serem sistemas nacionais de informação, todos os sistemas estão disponíveis

para uso nos municípios e unidades de saúde de Alagoas. A descrição de cada um dos

sistemas e suas principais características, tais como funcionalidades, plataforma

tecnológica e abrangência da informação, constam no apêndice D.

Todos os sistemas listados foram implementados e disponibilizados pelo

DATASUS excetos dois dos SIS mapeados (NOTIFICAAL e PACTOONLINE), os quais

foram desenvolvidos fora do nível federal, ambos pela secretaria estadual de saúde. Branco

(1996) e Guimarães (2005) já apontavam para o fato de que, em sua maioria, os SIS terem

sido criados no nível federal antes mesmo da implantação do SUS, sendo incorporados e

acoplados posteriormente, o quê, a priori, delineia um problema para a integração de

informação.

Ademais, os 55 SIS levantados configuram-se como tecnologicamente

heterogêneos. Conforme apresentado no apêndice D, os sistemas foram desenvolvidos em

diferentes plataformas, que usam desde as linguagens Clipper, Cobol® e C até linguagens

mais recentes como Java, Delphi®, Perl e PHP. Da mesma forma, os bancos de dados são

altamente heterogêneos e envolvem tanto soluções proprietárias como livres. No que tange

à disponibilidade dos dados dos sistemas, há SIS que somente executam em plataforma

MS-DOS ou Windows® em modo standalone (SINAN, BPA, SIASUS e SIHSUS, por

exemplo) e outros que são totalmente voltados para a web e podem ser acessados de forma

online (SISREG, BLHWEB, SISVAN e GAL, por exemplo). No entanto, a maioria deles

ainda não está disponível online, o que prejudica a integração por dificultar a

disponibilização imediata da informação entre os SIS.

Ainda de acordo com a figura 11, os SIS também possuem uma alta inter-

dependência do ponto de vista informacional, que pode ser percebida pela quantidade de

relações estabelecidas.

De fato, naquela rede, os 55 sistemas estabelecem 249 laços, que formam o fluxo

da informação no SUS identificado pela pesquisa documental. Apenas 3 SIS (SIFAB,

HEMOVIDA e SIPNASS) não mantêm relacionamento com algum outro sistema.

Conforme Mitleton-kelly e Land (2004) e Merali (2006), a presença de muitos sistemas

heterogêneos e inter-dependentes conduz ao aumento do número de conexões, interações e

laços estabelecidos entre eles, o que favorece a característica da complexidade sistêmica.

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106

Focando o compartilhamento e fluxo da informação que configura e movimenta

aquela rede, procedeu-se, a partir deste ponto, a análise do posicionamento estrutural dos

SIS, com o propósito de identificar quais são os sistemas que ocupam posições mais

centrais na rede, distinguindo suas funções e potencialidades.

Para tal fim, serão expostos os principais indicadores de centralidade de uma rede,

quais sejam: centralidade de grau, de intermediação e de proximidade (HANNEMAN,

2001), aplicados ao caso deste estudo, uma vez que as medidas de centralidade serviram

para expor a capacidade que os sistemas têm de se comunicar com os demais a partir dos

seus posicionamentos na estrutura de relações.

Cabe relembrar que centralidade de grau é medida pelo número de laços que um nó

possui diretamente com outros nós em uma rede e, portanto, a partir desse grau consegue-

se mensurar o nível de comunicação do nó. No caso de uma rede direcionada, considera-se

o grau de entrada e o grau de saída de acordo com a direção dos arcos que chegam ou

partem do nó. Se um nó recebe muita informação – ligações direcionadas a ele – diz-se que

ele é proeminente ou tem prestígio na rede, ou seja, muitos outros nós buscam compartilhar

informações com ele e isso pode indicar sua importância (WASSERMAN; FAUST, 1994).

De acordo com os números exibidos no quadro 9, destacaram-se os sistemas

PACTOONLINE, SISPACTO, SINAN e SIASUS, que são os que mais recebem

informação de toda a rede. A análise dos documentos indicou que estes são os SIS que

estão em posições estratégicas – em termos de informação – na rede, pois o

compartilhamento de informação com eles é mais intenso. Já os sistemas SIM (grau 11),

SIHSUS (grau 10), SISREG (grau 10) e CNRAC (grau 8) aparecem com graus um pouco

menores, embora significativos no contexto, pois agregam informações de outros SIS com

menor intensidade.

Por se tratar de um sistema de monitoramento online dos indicadores de saúde e em

virtude da diversidade de indicadores pactuados no SUS, pois co-existem inúmeras fontes

de informações para cada indicador, o sistema estadual PACTOONLINE aparece com o

maior grau de entrada da rede uma vez que recebe informação de 17 sistemas diferentes.

Do mesmo modo, ocorre com o envio das informações que alimentam os indicadores

presentes no sistema SISPACTO no nível federal, porém com grau de entrada menor (16).

O sistema de informação de agravos de notificação (SINAN) também se destaca

como receptor de informações de outros 13 sistemas, devido, principalmente, ao seu

objetivo de manter um registro de todas as suspeitas clínicas de uma doença ou agravo de

notificação compulsória que ocorre em todas as áreas do SUS. O quarto SIS com maior

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107

grau de entrada foi o sistema de informações ambulatoriais (SIASUS). Este

posicionamento se dá pelo fato do SIASUS depender da informação gerada por vários

outros sistemas da assistência à saúde para coletar, validar e processar os dados dos

atendimentos prestados aos cidadãos nas unidades do SUS. O quadro 9 resume todas as

informações comentadas sobre este tópico.

Sistema Grau de entrada (InDegree)

PACTOONLINE 17

SISPACTO 16

SINAN 13

SIASUS 12

SIM 11

SIHSUS 10

SISREG 10

CNRAC 8 Quadro 9 – Graus de entrada dos SIS na rede da pesquisa documental.

Por sua vez, o quadro 10 lista os SIS com maior centralidade de grau de saída.

Segundo Hanneman (2001), os nós que procuram outros – os que têm alto grau de saída de

ligações – normalmente também são nós influentes na rede, pois disseminam informações

aos demais sistemas.

Os quatro SIS com maiores graus de centralidade de saída foram o CNES (grau 34),

CADSUS (grau 26), SIGTAP (grau 16) e CID-10 (grau 13). Estes sistemas podem ser

reconhecidos como sistemas estruturantes disponibilizados pelo DATASUS, pois são bases

nacionais que armazenam as informações básicas sobre os estabelecimentos, usuários,

procedimentos e cadastro de doenças que são utilizadas por todos os demais SIS do SUS.

O cadastro nacional dos estabelecimentos de saúde (CNES) é o sistema que contém

informações cadastrais obrigatórias de todos os serviços de saúde públicos e disponibiliza

informações sobre as condições de infra-estrutura dos estabelecimentos do SUS. Os

resultados do quadro indicaram que o CNES compartilha informações com uma grande

quantidade de SIS (grau 34).

Já o sistema do cadastro nacional de usuários do SUS (CADSUS), que permite a

geração do cartão nacional de saúde para cada cidadão, fornece informações sobre os

usuários do SUS a 26 outros SIS, segundo seu grau de centralidade de saída na rede.

Destaca-se também o sistema de gerenciamento de tabelas de procedimentos,

medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais (SIGTAP), que fornece uma tabela

Page 108: Tese Marcilio Ferreira UFPE

108

unificada onde são encontradas informações básicas dos materiais utilizados nos

atendimentos do SUS, o que justifica seu grau de saída elevado (grau 16).

Por fim, dentro da classe estruturante, o CID-10 é uma base eletrônica nacional que

cataloga, classifica e padroniza as doenças e problemas relacionados à saúde, que segundo

os resultados, é compartilhada com 13 SIS distintos. Os demais SIS apresentados no

quadro obtiveram uma pontuação um pouco menor nesta medida de centralidade, SISAIH

e SINAN apresentaram grau 12 e APAC e SIHSUS apareceram com grau 11. Estes quatro

sistemas procuram atender as áreas de gestão hospitalar e vigilância em saúde. Os dados

discutidos são exibidos no quadro 10.

Sistema Grau de saída (OutDegree)

CNES 34

CADSUS 26

SIGTAP 16

CID-10 13

SISAIH 12

SINAN 12

APAC 11

SIHSUS 11 Quadro 10 – Graus de centralidade de saída dos SIS na rede da pesquisa documental.

Além da centralidade de grau, outro importante indicador da rede é o grau de

intermediação dos nós. De acordo com Freeman (1979) e Wasserman e Faust (1994), um

nó é um intermediário se ele liga vários outros nós que não se conectam diretamente.

No caso estudado, é possível afirmar que dois dos SIS com as maiores centralidades

configuram-se como importantes intermediadores da rede por suas características

peculiares em gerenciar e fornecer informações sobre as principais guias de faturamento do

SUS, que são as autorizações de internações hospitalares (AIH), no caso do SIHSUS, e o

boletim de produção ambulatorial (BPA) e a autorização de procedimentos de alta

complexidade (APAC), com relação ao SIASUS. Estas autorizações e boletins de produção

são muito referenciados por outros SIS para averiguar o aspecto financeiro dos serviços de

saúde prestados e calcular os recursos repassados pelo MS.

Já o SINAN possui como atribuição coletar, transmitir e notificar dados gerados

rotineiramente por todos os sistemas da vigilância epidemiológica, fornecendo informações

para análise do perfil da morbidade da população nas três esferas de governo, o que o

caracteriza como um elo entre diversos SIS da vigilância com seus similares da área de

atenção à saúde, tais como sistemas hospitalares e ambulatoriais.

Page 109: Tese Marcilio Ferreira UFPE

109

Os sistemas SISREG e SISPPI procuram atender especificamente a área de gestão e

participação social do SUS. Os agendamentos de consultas e exames são realizados através

do SISREG, sendo que as quantidades de procedimentos ambulatoriais e hospitalares que

podem ser agendados por cada município são pactuadas a partir de metas no SISPACTO.

Logo, observa-se que estes dois SIS são bastante importantes por intermediar o

gerenciamento dos procedimentos que são utilizados nos vários sistemas da atenção à

saúde que precisam lidar com os dados de produção de exames e consultas. Por fim, as

medidas de centralidade de intermediação são equacionadas no quadro 11.

Sistema Grau de intermediação

(Betweenness) SIHSUS 325,129

SINAN 316,756

SIASUS 241,612

SISREG 203,352

SISPPI 150,130

Quadro 11 – Graus de intermediação dos SIS na rede da pesquisa documental.

Outra medida da centralidade que merece destaque nas análises de redes é o grau de

proximidade dos nós. Este grau ressalta a distância de um nó em relação a outros, medindo o

quanto o nó que representa o SIS está próximo de todos os demais nós da rede.

Teoricamente, os nós que possuem esta medida de centralidade elevada possuem um

posicionamento que favorece o recebimento de informações provenientes da maior parte

da rede (TOMAEL; MARTELETO, 2006). O quadro 12 apresenta o índice de centralidade

de proximidade dos SIS conectados à rede. Como se trata de uma matriz direcionada, os

graus de proximidade de entrada e saída são calculados separadamente. Ressalta-se que

quanto menor o grau de entrada ou saída, mais próximo um sistema encontra-se de todos

os outros.

Sistema Grau de proximidade de entrada

(in-closeness) Grau de proximidade de saída

(out-closeness) CNES 1932 1860 CADSUS 2152 2080 CID-10 2383 2311 SIGTAP 2523 2451 HOSPUB 2610 2538 HORUS 2706 2634 APAC 2741 2669

Quadro 12 – Graus de proximidade dos SIS na rede da pesquisa documental.

Page 110: Tese Marcilio Ferreira UFPE

110

Gomes et al. (2003) afirmam que a centralidade de proximidade representa

independência, significando a possibilidade de comunicação com muitos atores em uma

rede com um número mínimo de intermediários. Como se observa no quadro 12, os SIS

com os menores graus de proximidade foram os mesmos que apresentaram os maiores

graus de intermediação: CNES, CADSUS, CID-10 e SIGTAP.

Realmente, como discutido anteriormente, estes quatro SIS são considerados como

estruturantes e, por isso, estabelecem conexões diretas com muitos outros sistemas, o que

favorece a redução dos seus graus de proximidade.

Os sistemas HOSPUB e HORUS também se destacaram nesta medida de

centralidade. Ao gerirem atividades-chaves do SUS (gestão hospitalar e farmacêutica),

estes dois sistemas necessitam de uma interligação mais direta com os demais para facilitar

a integração dos atendimentos nos leitos de urgência e emergência dos hospitais e na

dispensação de medicamentos para os pacientes. O sistema APAC, que também lida com

dados emergenciais, só que relativos à produção ambulatorial, compartilha informações

com vários outros SIS da atenção à saúde e por isso teve um grau de proximidade

destacado.

Em linhas gerais, a partir do mapeamento da rede dos 55 sistemas da pesquisa

documental verificou-se que os relacionamentos entre os SIS refletem o dinamismo latente

nos processos de troca, transferência, comunicação e uso das informações entre as

organizações de saúde do SUS em suas diversas áreas.

Sob esta ótica, os SIS devem ser entendidos como ferramentas para adquirir,

organizar e analisar informações necessárias à definição de problemas e riscos para a saúde

e não se restringem a simples repositórios de dados; pelo contrário, há inúmeras indicações

nas portarias e manuais do DATASUS que normatizam a racionalização e a

interoperabilidade tecnológica dos serviços e sistemas nos diferentes níveis da federação,

permitindo o intercâmbio das informações e a agilização dos procedimentos.

Nesta rede destacaram-se entre os indicadores de centralidade os sistemas de

cadastros nacionais (CADSUS, CNES, SIGTAP e CID-10), os sistemas de atenção à saúde

nas áreas hospitalar e ambulatorial (SIASUS, SIHSUS, SISAIH, BPA e APAC) e um

sistema de vigilância em saúde (SINAN).

A fim de alcançar a plenitude do primeiro objetivo específico da tese, que se refere

ao levantamento e mapeamento dos SIS, o desenho da pesquisa norteia um segundo

movimento em direção ao campo empírico, que é discutido na subseção seguinte.

Page 111: Tese Marcilio Ferreira UFPE

111

5.1.2 Rede de Sistemas Mapeada a partir do Campo

Esta subseção destina-se a examinar os resultados da survey empreendida ainda na

primeira etapa da pesquisa. A análise dos dados amparou-se na estatística descritiva

valendo-se dos dados dos questionários, com o apoio do software SPSS®. Para a análise

das redes novamente foram utilizadas as ferramentas UCINET® e NetDraw®.

O levantamento teve como objetivo identificar os relacionamentos entre os SIS do

ponto de vista dos usuários que efetivamente operam os sistemas e também elucidar o

perfil das organizações de saúde e o panorama da integração informacional no caso

selecionado. Para tanto, foi utilizado o questionário que se encontra no apêndice B. É

importante relembrar que a rede dos SIS gerada nesta subseção complementou a rede

discutida anteriormente, advinda da pesquisa documental, conforme previsto no

procedimento metodológico da pesquisa.

Do universo delineado no capítulo 4 para coleta dos dados foram extraídos 130

estabelecimentos de saúde que se encontravam devidamente informatizados e com SIS em

operação, segundo estudo prévio, para formar a população do estudo. Muitas unidades,

principalmente nos municípios do interior, não se encontravam informatizadas nem

possuíam SIS implantados, sequer tinham acesso à Internet. Nestes casos, todas as

atividades relacionadas aos sistemas eram concentradas na SMS. Além do mais, outras

unidades do universo se encontravam desativadas por motivos de gestão municipal e por

isso foram desconsideradas da pesquisa.

Dentre as unidades de saúde que compõem a população, 82 unidades constituíram a

amostra, que foram alvo das visitas do pesquisador, conforme apresentado no quadro 13.

Essa quantidade representa 63% do total da população. A lista completa com todas as

unidades visitadas in loco durante a coleta dos dados encontra-se no apêndice D.

O tipo de amostragem utilizado, considerando que a amostra escolhida atende às

preferências do pesquisador, foi não probabilística por conveniência, pois o pesquisador

selecionou os elementos a que tinha acesso, admitindo que eles pudessem, de alguma

forma, representar o universo (GIL, 2006, p. 104).

Como se percebe no quadro, a quantidade de respondentes totalizou 102 porque na

SES e nas doze SMS mais de um questionário foi distribuído devido ao nível de

conhecimento que cada usuário possuía dos SIS em uso, o que dependia de sua área de

atuação dentro do SUS.

Page 112: Tese Marcilio Ferreira UFPE

112

Municípios da Região I Quantidade Unidades

Visitadas (Amostra)

Quantidade de Respondentes

Barra de São Miguel 1 2 Barra de Santo Antônio 1 2 Coqueiro Seco 1 1 Flexeiras 2 2 Maceió 55 70 Marechal Deodoro 14 15 Messias 1 2 Paripueira 1 1 Pilar 1 2 Rio Largo 2 2 Santa Luzia do Norte 1 1 Satuba 2 2 TOTAL 82 102

Quadro 13 – Amostra da pesquisa survey a partir das unidades de saúde do SUS.

Os respondentes dos questionários englobaram 50 técnicos de saúde e 52 gestores

de informação em saúde, ou seja, em conjunto pessoas que lidam diretamente com a

operação dos SIS nas unidades ou que conhecem as nuances administrativas do uso das

informações geradas pelos sistemas. No caso dos técnicos, foram inquiridas as pessoas-

chaves indicadas pela SES e SMS para cada município e estabelecimento da região.

Antes de discutir a rede gerada a partir do mapeamento dos SIS através da survey,

discute-se nos próximos parágrafos o perfil das unidades de saúde da região estudada. O

gráfico 1 ilustra as unidades por tipo de estabelecimento, segundo a classificação do

CNES. Os dados apurados revelam que os tipos de estabelecimentos que se sobressaem na

região são os centros de saúde/unidades básicas (37,3%), secretarias de saúde (32,4%),

policlínicas (8,8%), centro de atenção (3,9%) e hospital especializado (3,9%).

Gráfico 1 – Tipos de estabelecimentos das unidades de saúde da região I de Alagoas conforme o CNES.

Page 113: Tese Marcilio Ferreira UFPE

113

A maioria das unidades (68,6%) pertence à esfera municipal e as demais (31,4%)

ao nível estadual. Este resultado pode ser explicado pelo princípio da descentralização

político-administrativa da saúde, que foi definido pela Constituição de 1988, preconizando

a autonomia dos municípios e a localização dos serviços de saúde na esfera municipal,

próximos dos cidadãos e de seus problemas de saúde.

Vale ressaltar que nesta pesquisa não foram considerados os estabelecimentos do

nível federal, como o hospital da Universidade Federal de Alagoas ou os órgãos do próprio

Ministério da Saúde com representação em Maceió-AL, por restrição de tempo para

operacionalização da pesquisa, já que a inclusão do nível federal exigiria deslocamentos

para Brasília-DF, onde se situa a sede do MS.

As unidades de saúde caracterizam-se pela formação de relações horizontais nas

quais cada tipo de estabelecimento localiza-se em um nível de atenção à saúde, pois o SUS

está organizado de forma a atender a população em suas necessidades de forma

hierarquizada, conforme a complexidade da situação (BRASIL, 2011). Assim, na região

estudada os centros de saúde e unidades básicas são responsáveis pelo atendimento no

nível primário.

Já os ambulatórios de especialidades, policlínicas e unidades mistas atendem a

demanda de atenção à saúde de média complexidade. Para ser atendido neste nível, o

usuário precisa ter sido atendido obrigatoriamente no nível primário ou em serviços de

urgência e emergência. Por fim, os hospitais especializados e gerais são responsáveis pelos

atendimentos no terceiro nível, os quais só são habilitados após passagem pelos demais

níveis ou serviços de urgência e emergência.

Inseridos nesta complexa rede hierarquizada de organizações e serviços de saúde

encontram-se os SIS. O quadro 14 apresenta um resumo dos sistemas que receberam mais

destaque por parte dos respondentes que os utilizam, associando cada sistema aos tipos de

estabelecimentos que os mesmos operam.

Como mostram os quantitativos do quadro seguinte, os respondentes das secretarias

de saúde indicaram que utilizam muito os sistemas SINAN, SIM e SINASC, que fazem

parte da área de vigilância em saúde. Uma possível explicação para este apontamento é que

a maioria das notificações de doenças ou agravos, óbitos e nascimentos é digitada e

controlada pelas secretarias municipais de saúde.

Page 114: Tese Marcilio Ferreira UFPE

114

Tipo de estabelecimento da unidade de saúde Nível de utilização dos SIS

Secretaria de Saúde

Sistema Uso Casos SINAN Muito 23

SIM Muito 20 SINASC Muito 19 SIASUS Suficiente 17

Centro de Saúde / Unidade Básica

SISREG Muito 35 CADSUS Muito 19

HIPERDIA Suficiente 15 SISPRENATAL Suficiente 14

SIAB Muito 11 BPA Suficiente 10

Centro de Atenção Psicossocial APAC Regular 4

Policlínica BPA Suficiente 6

CADSUS Suficiente 5 CNES Suficiente 5

Hospital Especializado CADSUS Muito 4

CNES Muito 4 SISAIH Muito 4

Quadro 14 – Nível de utilização dos SIS por tipo de estabelecimento.

O SIASUS também teve seu uso destacado, conforme os usuários das secretarias,

possivelmente devido ao seu propósito financeiro, que é o de consolidar e faturar o

pagamento de todos os procedimentos e exames executados pelos municípios (no caso da

SES) e seus prestadores de serviço (no caso da SMS).

Já nos centros e unidades básicas de saúde se sobressaiu muito a utilização do

SISREG. Este sistema possui significado relevante para os usuários das unidades básicas,

provavelmente porque é através dele que todas as consultas e exames são agendados e

marcados pelos pacientes. Os respondentes destas mesmas unidades sinalizaram ainda o

uso dos sistemas CADSUS, HIPERDIA, SISPRENATAL, SIAB e BPA. Como os centros

de saúde respondem pelo campo de atenção básica do SUS, percebe-se que os SIS

relatados estão aderentes às finalidades dessas unidades, por fazerem parte do grupo de

sistemas que visa atender exatamente as necessidades desta área, quais sejam: cadastro de

pacientes (CADSUS), controle de hipertensos e diabéticos (HIPERDIA), acompanhamento

do pré-natal das gestantes (SISPRENATAL), controle das ações da saúde das famílias

(SIAB) e, por último, o envio da produção ambulatorial (BPA).

Cabe ainda destacar do quadro 14 o uso regular do sistema APAC nos centros de

atenção psicossocial e o uso acentuado do SISAIH nos hospitais especializados. Credita-se

destaque a estes dois sistemas porque os mesmos vieram para informatizar os formulários

de autorização de procedimentos de alta complexidade e de internação hospitalar, que são

bastante utilizados nestes tipos de unidades.

Page 115: Tese Marcilio Ferreira UFPE

115

Após discutir o perfil das organizações e dos principais SIS em uso nas unidades de

saúde da região estudada, analisa-se, a partir de agora, os mapas das redes construídos a

partir dos dados dos questionários.

Diferente da rede ilustrada na figura 11 na seção anterior, as redes desta etapa não

estão identificadas com as direções das relações entre os sistemas. O intuito foi simplificar

a aplicação do instrumento de coleta no campo, tornando mais prático e rápido seu

preenchimento, pois ainda na fase do pré-teste do questionário foi identificado que os

perfis dos respondentes seriam bastante variados, devido à falta de padronização dos

cargos dos técnicos e gestores de informação das unidades de saúde. Logo, as redes

discutidas nesta subseção se basearam em matrizes não-direcionadas, assimétricas e

dicotômicas, ou seja, os dados indicavam apenas a presença ou ausência de um caminho

em que a informação poderia fluir de um sistema para outro.

Visando melhor elucidar a análise da rede gerada a partir dos questionários, optou-

se por, primeiramente, apresentar o mapa das relações identificadas entre os SIS apenas na

esfera municipal, em seguida as relações detectadas na esfera estadual e, por último, a rede

consolidada das duas esferas.

A figura 12 ilustra a rede de sistemas indicadas pelos respondentes lotados na

esfera municipal, que é composta pelas 12 SMS e pelas unidades básicas de saúde.

O mapeamento expôs que há 45 SIS implantados e em uso neste nível. Ademais,

estes sistemas têm estabelecidas 170 relações entre si, de acordo com os resultados gerados

pelo software que operacionalizou esta análise. A análise ainda revelou que 15 SIS não se

integram a nenhum outro, permanecendo isolados dos demais.

A seu turno, na esfera estadual, os resultados assinalaram que há 65 SIS em uso,

conforme exposto na figura 13, na SES e nas unidades especializadas, ambulatórios e

hospitais sob gestão estadual.

Portanto, em comparação ao nível municipal, 20 sistemas foram acrescentados à

rede. Os SIS no nível estadual tiveram estabelecidas 213 relações, demonstrando uma

maior densidade de integrações dos sistemas em uso. Mesmo assim, ainda foram

detectados 15 SIS sem integração.

Devido a questões de formatação, as figuras citadas nos parágrafos anteriores são

apresentadas de forma sequenciada nas próximas páginas.

Page 116: Tese Marcilio Ferreira UFPE

116

Figura 12 – Rede das relações sistêmicas entre os sistemas de informação em saúde identificadas no nível municipal Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

Page 117: Tese Marcilio Ferreira UFPE

117

Figura 13 – Rede das relações sistêmicas entre os sistemas de informação em saúde identificadas no nível estadual

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

Page 118: Tese Marcilio Ferreira UFPE

118

Figura 14 – Rede consolidada das relações de integração entre os sistemas de informação em saúde identificadas nos níveis municipal e estadual

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

Page 119: Tese Marcilio Ferreira UFPE

119

Finalmente, na rede que agregou o mapeamento das duas esferas, exposta na figura

14, percebeu-se que todos os sistemas identificados no nível municipal também surgiram

nos questionários dos respondentes estaduais, o que totalizou os mesmos 65 SIS. Contudo,

com a consolidação, os SIS passaram a estabelecer mais relações (312), conforme a análise

estatística da rede. A quantidade de SIS sem integração informacional diminuiu para 8.

Tomando como base a rede consolidada e ilustrada na figura 14, procedeu-se a

análise das medidas de centralidade captadas a partir dos dados dos respondentes, que é o

objetivo desta subseção.

O quadro 15 expõe os SIS com os maiores graus de centralidade. Assim como

detectado na rede advinda da pesquisa documental, os sistemas CNES, CADSUS e

SIGTAP estão entre os que assumiram maior comunicação com os demais. Os resultados

também indicaram os sistemas BPA, SISAIH e SIASUS com graus elevados na rede.

Como explicado anteriormente, as informações geridas por estes SIS são de extrema

importância para o cálculo do financiamento das unidades de saúde e, consequentemente,

parametrizam os repasses de recursos do Ministério da Saúde para os municípios. O

SINAN também aparece com destaque entre as medidas de centralidade por ser a

referência para os demais sistemas sobre as notificações de doenças que ocorrem no

âmbito da vigilância em saúde.

Sistema Grau de Centralidade CNES 32

CADSUS 21

BPA 17

SIGTAP 16

SINAN 15

SISAIH 14

SIASUS 13

Quadro 15 – Graus de centralidade dos SIS na rede advinda dos questionários.

Quanto ao grau de intermediação dos nós, os SIS que se destacaram na pesquisa

foram o CNES, seguido do SINAN e do SARGSUS, conforme o quadro 16. Com

intermediação menor ficaram o CADSUS e o SISPACTO. O CNES posicionou-se mais

uma vez como uma importante referência para os demais SIS, pelo fato de ser um potencial

nó na disseminação de informações básicas. Os sistemas SARGSUS e SISPACTO

ganharam destaque maior como intermediadores do que na mesma análise realizada

anteriormente na pesquisa documental.

Page 120: Tese Marcilio Ferreira UFPE

120

Presume-se que por serem SIS da área de gestão de prioridades, objetivos, metas e

indicadores do pacto pela saúde, os registros destes dois sistemas servem de parâmetro

para os diversos SIS de produção e atendimentos hospitalar e ambulatorial.

Sistema Grau de intermediação

(Betweenness) CNES 536,629

SINAN 288,332

SARGSUS 264,336

CADSUS 162,478

SISPACTO 144,525

Quadro 16 – Graus de intermediação dos SIS na rede advinda dos questionários.

Já com relação ao grau de proximidade, como era de se esperar, entre os SIS com

menor centralidade ficaram o CNES, CADSUS e SIGTAP (ver quadro 17), devido às suas

finalidades básicas de manter os cadastros de estabelecimentos de saúde e de pacientes,

conforme já discutido. Pode-se considerar ainda o SINAN com um expressivo índice de

proximidade talvez pelo motivo de seus registros de notificações de doenças permitirem

identificar as informações de morbi-mortalidade dos pacientes do SUS, que podem ser

integradas com os demais SIS de promoção e prevenção dos problemas de saúde coletiva.

Já os sistemas SIM, SINASC e SARGSUS pontuaram com graus idênticos na rede. Cabe

relembrar que quanto menor o grau mais próximo dos demais o nó está posicionado na

rede.

Sistema Grau de Proximidade CNES 719

CADSUS 737

SINAN 741

SIGTAP 743

SISAIH 744

SIM 746

SINASC 746

SARGSUS 746 Quadro 17 – Graus de proximidade dos SIS na rede advinda dos questionários.

A análise desta seção buscou também verificar indícios sobre a complexidade

presente nas relações entre os SIS (suficientemente explícita pelas relações densas

conformadas nas redes apresentadas) e sua associação com eventuais dificuldades de

integração informacional, percebidas pelos usuários dos sistemas implantados nas unidades

de saúde de Alagoas.

Page 121: Tese Marcilio Ferreira UFPE

121

Neste sentido, acham-se no quadro 18 os resultados das respostas dos 102 usuários

dos SIS sobre as afirmações formuladas no instrumento de coleta. Tais questões basearam-

se nas características de complexidade referenciadas na literatura por Merali (2006) e

Mukherjee (2008a; 2008b). Os resultados levam a crer na existência de indícios de

complexidade nos sistemas, que era um dos objetivos perseguidos por esta tese.

As apurações grifadas no quadro 18 levam a concluir por uma tendência dos

respondentes em considerarem os SIS em operação, como sendo heterogêneos, adaptáveis,

inter-relacionados e articulados em níveis, que remetem às características presentes na

literatura de sistemas complexos, conforme Merali (2006).

Afirmações

Dis

cord

a T

otal

men

te

Dis

cord

a

Não

co

ncor

da/

disc

orda

Con

cord

a

Con

cord

a to

talm

ente

Não

sou

be

info

rmar

A instituição precisa recorrer a diferentes e variados sistemas de informação em saúde para conseguir a informação de que necessita

2,0% 21,6% 15,7% 30,4% 30,4% 0,0%

A falta de relacionamento entre as informações disponibilizadas nos sistemas compromete a gestão e não subsidia as análises e decisões sobre a situação de saúde

0,0% 21,6% 13,7% 39,2% 25,5% 0,0%

Como cada sistema atende a uma esfera de governo, a falta de articulação entre os sistemas prejudica a geração de informação para a gestão

23,5% 3,9% 9,8% 26,5% 32,4% 3,9%

À medida que atualizações dos sistemas de informação são disponibilizadas, os sistemas existentes são adaptados para se comunicarem com os mais atuais

6,9% 20,6% 15,7% 38,2% 14,7% 3,9%

A instituição busca soluções de sistemas de terceiros ou próprios quando os sistemas do DATASUS não atendem as demandas da gestão por informação

31,4% 31,5% 13,7% 15,7% 2,0% 5,8%

Quadro 18 – Indícios de complexidade dos SIS apurados na visão dos respondentes.

Analisando um pouco mais cada afirmação, verifica-se que a maior parte dos

respondentes assinalou que concorda ou concorda totalmente com as afirmações das

questões que demonstram possíveis prejuízos de integração informacional no SUS devido

à sua feição complexa, ou seja, de que a diversidade e heterogeneidade dos SIS (60,8%), a

falta de relacionamento entre eles (64,7%) e a configuração inter e intra níveis por esfera

de governo (58,9%) prejudicam a integração da informação que circula no SUS. Já em

relação à capacidade de adaptação dos SIS, um percentual de quase 53% concordou que a

atualização e adaptação dos SIS existentes não comprometem o intercâmbio da

informação. Quanto à emergência (surgimento) de novos sistemas para uso nas unidades

Page 122: Tese Marcilio Ferreira UFPE

122

de Alagoas, cerca de 62% discordaram que há busca de soluções que não são fornecidas

pelo DATASUS. Contudo, o mapeamento dos SIS revelou que 11 sistemas (17% do total)

foram desenvolvidos internamente ou adquiridos de terceiros.

Outro grupo de afirmações, exposto no quadro 19, buscou compreender as

possíveis dificuldades que afetam a integração dos SIS dentro de seu ambiente de

operação.

Afirmações

Dis

cord

a T

otal

men

te

Dis

cord

a

Não

co

ncor

da/

disc

orda

Con

cord

a

Con

cord

a to

talm

ente

Não

sou

be

info

rmar

O fluxo da informação estabelecido entre os sistemas segue procedimentos ou normas pré-definidas pelo Ministério

0,0% 2,9% 4,9% 62,7% 26,5% 2,9%

Os sistemas de saúde adquiridos de terceiros são implantados por pressões políticas ao invés de necessidades técnicas

37,3% 31,4% 11,8% 3,9% 1,0% 14,7%

Os sistemas do SUS são implantados na instituição apenas para cumprir determinações legais de uso do Ministério e Secretarias de Saúde

18,6% 48,0% 7,8% 19,6% 3,9% 2,0%

A atualização dos sistemas pelo DATASUS segue as demandas por melhorias na gestão da informação e dos serviços de saúde

5,9% 16,7% 12,7% 37,3% 24,5% 2,9%

As informações dos sistemas publicadas pelo Ministério da Saúde são alinhadas com as informações produzidas localmente nos sistemas de informação da instituição

1,0% 12,7% 19,6% 41,2% 22,5% 2,9%

As informações fornecidas pelos sistemas são consistentes e publicadas em tempo hábil para os gestores

1,0% 16,7% 14,7% 39,2% 21,6% 6,9%

A produção dos dados gerados pelas unidades de saúde deixa de ser cadastrada nos sistemas pela falta de pessoal capacitado

30,4% 42,2% 12,7% 8,8% 4,9% 1,0%

Quadro 19 – Dificuldades informacionais dos SIS apontadas pelos respondentes.

A opinião dos respondentes conduziu às seguintes constatações:

• Mais de 88% manifestaram que o MS determina o modo como as informações

circulam entre os SIS, o que está consonante com a pesquisa documental

anteriormente realizada que constatou uma grande quantidade de portarias

ministeriais publicadas;

• Pouco mais de 68% discordaram que há pressões políticas para aquisição de SIS.

Este resultado contradiz Guimarães (2005), que afirma a existência de pressões

de fornecedores externos no SUS. Por outro lado, esta negação dos respondentes

pode ser explicada por se tratar de um assunto polêmico dentro do serviço

Page 123: Tese Marcilio Ferreira UFPE

123

público. Frise-se que no mapeamento dos SIS foram identificados sistemas que

não foram desenvolvidos pelo DATASUS;

• 66,6% discordaram que usam os SIS apenas para cumprir as normativas do MS.

Este resultado pode ser explicado porque apenas um grupo de SIS normatiza o

envio de dados periódicos para o DATASUS, que são aqueles que exportam o

faturamento com todos os procedimentos realizados no mês;

• Com um percentual sempre acima de 60%, os respondentes concordaram que os

SIS são constantemente atualizados e melhorados e que as informações são

publicadas pelo MS em tempo hábil, encontrando-se alinhadas e consistentes

com a produção municipal e estadual. Estes resultados positivos sobre os SIS

foram verificados nas respostas das unidades do nível local. Nas idas do

pesquisador ao campo, foi possível perceber que os técnicos e gestores locais

sempre procuram defender a produção digitada nos sistemas que usam porque

são alvos de frequentes fiscalizações do MS e da SESAU e, por isso, podem ter

enfatizado mais aspectos positivos do que negativos em relação aos SIS;

• Mais de 70% afirmaram que o pessoal que lida diretamente com os SIS

encontra-se devidamente capacitado e não afeta a produção dos dados. No

entanto, quando analisadas as respostas desta questão separadas por nível, os

respondentes do nível estadual concordaram que falta pessoal capacitado. O que

leva a uma contradição entre os respondentes do estado e dos municípios. Uma

explicação plausível é que o Estado, ao exercer seu papel de fiscalizador,

discorda da capacidade de produção dos dados municipais, o que pode afetar a

integração informacional dos SIS.

Cabe uma ressalva em relação a algumas percepções positivas expostas pelos

respondentes no que diz respeito à integração informacional dos SIS, como apresentadas

nos quadros 18 e 19.

As respostas favoráveis ao funcionamento dos sistemas podem ser explicadas

considerando-se o nível de atuação dos respondentes, pois a amostra pesquisada foi

composta por 32 unidades de saúde do nível local, 17 do municipal e 33 do estadual, isto é,

cerca de 40% dos respondentes encontravam-se no nível local, que é aquele formado pelos

estabelecimentos básicos de saúde. Supostamente, estes respondentes podem não possuir

uma visão macro das integrações dos SIS, por terem apenas a função de alimentar as

informações nos sistemas e remetê-las para a esfera municipal. Assim, quer se crer que este

Page 124: Tese Marcilio Ferreira UFPE

124

excessivo foco dos respondentes em seu cotidiano laboral, tenha influenciado fortemente e

de forma positiva que os mesmos avaliaram o seu próprio trabalho no uso desses sistemas,

desvirtuando o sentido específico do questionamento. Com o sentido de contrapor esta

apuração, algo inusitado, buscou se ratificar a visão aqui obtida rebatendo-a com a visão

dos gestores selecionados para a etapa das entrevistas da pesquisa.

Em síntese, esta subseção revelou a existência de 65 SIS que foram mapeados a

partir dos dados dos questionários. Na rede discutida (figura 14), os sistemas que se

destacaram entre as medidas de centralidade foram o CNES, CADSUS e BPA (maiores

graus de centralidade); CNES, SINAN e SARGSUS (maiores intermediadores); e CNES,

CADSUS e SINAN (maiores graus de proximidade).

5.1.3 Rede Geral dos Sistemas de Informação em Saúde do SUS

Neste tópico, as redes mapeadas na pesquisa documental e na survey, ambas

discutidas nas subseções anteriores, foram consolidadas em uma única rede, que foi

formatada, portanto, agregando tanto os dados oficiais dos documentos publicados pelo

MS/DATASUS sobre os SIS, como os dados advindos das opiniões colhidas no campo dos

próprios usuários desses sistemas.

A estrutura da rede ilustrada na figura 15 é o resultado dessa consolidação.

Cumpre-se, neste ponto, com o primeiro objetivo específico da tese, que foi o de mapear os

SIS no caso selecionado para a pesquisa.

Após consolidação, verificou-se que foram levantados 72 SIS ao final do

mapeamento, sendo que foram identificados 55 sistemas na pesquisa documental e 65 na

survey. Ressalte-se que houve uma interseção de 49 sistemas entre os dois momentos e

que, portanto, 16 novos sistemas surgiram no próprio campo. Daqueles SIS mapeados a

partir dos documentos, apenas 6 não foram mencionados pelos respondentes das unidades

de saúde pesquisadas, quais sejam: SINAVISA, SINITOX, SIASI, SISPPI, SISSOLO e

SIVEP. A razão para tal é que estes sistemas não se encontram em uso em Alagoas.

Conforme se observa na figura 15, apresentada a seguir, os sistemas formam uma

rede densa e bastante interligada, estabelecendo 373 relações entre os nós a partir de uma

matriz (72 x 72) valorativa, direcionada e assimétrica usada para geração da rede.

Cada relacionamento é compreendido neste estudo como a capacidade de

integração da informação dos SIS envolvidos. A mesma figura exibe que apenas 3 SIS

(SIFAB, HEMOVIDA e SIPNASS) não se integram à rede.

Page 125: Tese Marcilio Ferreira UFPE

125

Figura 15 – Rede consolidada das relações estabelecidas entre os sistemas de informação em saúde na pesquisa efetuada Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

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126

Conforme Hanneman (2001), blocos nas redes são subestruturas definidas por um

conjunto de nós, em que cada elemento do conjunto está ligado a todos os outros membros.

Para esta rede, especificamente, aplicou-se este tipo de análise e, assim, foram

identificados 16 blocos de sistemas, sendo que o maior deles está constituído por 43 SIS,

conforme ilustrado na figura 16. Os demais blocos formados possuíam apenas 2 sistemas e

não foram considerados.

Figura 16 – Bloco principal formado pela rede dos sistemas de informação em saúde

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

Este grande bloco estabelece 226 laços entre os SIS (equivalente a 60% do total da

rede) e explicita os 43 sistemas mais centrais da rede, desconsiderando os periféricos. Os

SIS destacados em cor vermelha na figura são denominados de cutpoints, ou seja, nós que

se removidos da rede causariam uma desconexão entre as relações existentes. Logo, cabe

presumir que estes sistemas (SINAN, SIHSUS, SISAIH, APAC, BPA, SARGSUS,

SISVAN e SISPPI) desempenham importante papel como elos entre as informações que

transitam no bloco, pois assumem papéis de conectores entre blocos distintos da rede. Na

prática, esses SIS são responsáveis por conectar blocos de sistemas que tenderiam a ficar

isolados do restante da rede. O número de cutpoints da rede também está diretamente

ligado à fragilidade da mesma, pois quanto mais dependente de nós que atuam como

pontes, mais propensa à desarticulação a rede se torna. No bloco estudado, o número de

cutpoints oito é considerado baixo.

A partir da análise da rede ilustrada na figura 15, construiu-se o quadro 20 adiante

considerando-se os SIS detentores dos maiores graus de intermediação e excluindo aqueles

que apresentaram algum dos graus (entrada e saída) com valor zero. A opção por

privilegiar ordenadamente o grau de intermediação foi devido ao mesmo indicar quais nós

Page 127: Tese Marcilio Ferreira UFPE

127

são mais fundamentais para o espalhamento das informações na rede e para manter a rede

conectada, desempenhando, portanto, a função de integradores.

Segundo os resultados expostos no quadro 20, os sistemas SISAIH, SINAN, BPA,

SIHSUS e SIASUS apresentaram os maiores graus da rede. O SISAIH apresentou-se como

o maior intermediador (grau 751,348) e aquele que mais fornece informação para os

demais SIS (grau de saída 18). Como dito anteriormente, este sistema controla as

autorizações de internação hospitalar (AIH) do SUS, que são geradas a cada solicitação de

internação informando a patologia e o valor do procedimento. As informações sobre as

AIH são amplamente utilizadas nos sistemas de gestão hospitalar, financeiros e de

auditoria do SUS, o que justifica seus elevados graus de saída e intermediação na rede. De

acordo com a pesquisa documental, o principal difusor das informações sobre AIH é o

sistema SIHSUS.

O SIHSUS contém informações que viabilizam o pagamento dos serviços

hospitalares prestados pelo SUS, através da captação de dados das AIH. Assim sendo, o

sistema que processa as AIH, dispõe de informações sobre recursos destinados a cada

hospital que integra a rede do SUS, as principais causas de internações no Brasil, a relação

dos procedimentos mais frequentemente realizados por mês em cada hospital, município e

no estado, a quantidade de leitos existentes para cada especialidade e o tempo médio de

permanência do paciente no hospital. Percebe-se, assim, a consistência entre os propósitos

deste SIS com suas destacadas medidas de centralidade e intermediação na rede.

Já o sistema SINAN apresentou-se com o maior grau de entrada da rede (19).

Enfoca-se a importância deste sistema para notificação de casos, ameaças, suspeitas e

surtos de doenças para a população, o que faz com que ele receba informações de diversos

outros SIS hospitalares, ambulatoriais e de vigilância em saúde. Uma explicação plausível

sobre o elevado grau de saída (17) deste sistema é que ele também é muito usado para o

planejamento, controle, desenvolvimento e monitoramento das ações em saúde, fornecendo

informações sobre as ameaças à saúde de uma dada população e alimentando outros SIS de

gestão de indicadores e metas do SUS.

O sistema de informações ambulatoriais do SUS (SIASUS), que se distinguiu com

um alto grau de saída (16), oferece aos gestores instrumentos para operacionalização das

funções de cadastramento, controle orçamentário, cálculo da produção e geração de

informações necessárias ao pagamento dos procedimentos ambulatoriais. Propicia,

ademais, informações para o gerenciamento de capacidade instalada e produzida dos

ambulatórios, bem como dos recursos financeiros orçados e repassados aos prestadores de

Page 128: Tese Marcilio Ferreira UFPE

128

serviços e permite estudos epidemiológicos relacionados à morbidade ambulatorial. O

software básico gerador do SIASUS é o Boletim de Produção Ambulatorial (BPA), que

apresentou o terceiro maior grau de intermediação (691,270), é utilizado pelas unidades

ambulatoriais do SUS e que serve de referência para outros SIS de atenção primária, gestão

e de indicadores de produção, o que justifica seu grau de intermediação acentuado.

Ranking Sistema Grau de entrada

(InDegree)

Grau de saída

(OutDegree)

Grau de Intermediação (Betweenness)

1 SISAIH 14 18 751,348

2 SINAN 19 17 693,321

3 BPA 16 17 691,270

4 SIHSUS 13 16 524,248

5 SIASUS 13 16 307,922

6 SIAB 11 10 288,300

7 SISREG 11 6 271,437

8 SISCEL 10 7 269,604 9 APAC 9 13 214,408

10 SARGSUS 10 2 209,264 11 SISFAD 5 6 202,989

12 SIM 13 12 187,028

13 SISPPI 6 4 171,385

14 SISVAN 7 7 168,559

15 SINASC 10 10 119,627

16 ESISHOSPITALAR 4 2 110,002

17 SNTORGAOS 3 2 108,001 18 SISPACTO 19 2 101,039

Quadro 20 - Medidas de centralidade dos sistemas conectados à rede geral.

É importante ressaltar que os sistemas CNES, SIGTAP e CID-10 que, se

destacaram nas análises das redes prévias não foram listados na análise da rede geral,

porque seus graus de intermediação foram zero. Mesmo assim, o CNES apresentou um

grau de entrada 43 e o SIGTAP e CID-10 pontuaram com 19 e 17 de grau de saída,

respectivamente, ratificando o destaque das medidas antecedentes.

Cabe observar ainda no mesmo quadro, os graus de entrada e saída destacados dos

sistemas SIM e SINASC. Segundo seus graus, o SIM envia informação para 12 sistemas e

recebe de 13. Já o SINASC envia para 10 e também recebe informação de 10 sistemas.

Assim, apesar de pontuarem com valores elevados, comparativamente aos sistemas melhor

classificados, seus graus de intermediação estão muito abaixo dos SIS mais importantes

neste aspecto. Compreende-se, deste modo, que o SIM e o SINASC não desempenham o

papel de integradores de informação no SUS, sendo apenas fornecedores e receptores de

Page 129: Tese Marcilio Ferreira UFPE

129

destaque, tendo em vista a importância das declarações de óbito e de nascidos vivos

geradas no SUS.

De forma semelhante, cabe um comentário sobre a pontuação do sistema

SISPACTO. Com o maior grau de entrada apurado (19), este sistema é um agregador de

informações de vários outros sistemas, que o subsidiam para calcular os indicadores de

saúde para planejamento das ações do SUS. Portanto, o SISPACTO é apenas um grande

receptor de informações e não é seu objetivo repassá-las para muitos outros SIS.

Com este mapeamento dos sistemas, evidencia-se que a área de informação em

saúde em Alagoas compreende uma grande variedade de iniciativas institucionais, entre as

quais se destaca um conjunto de SIS criados e desenvolvidos cumulativamente para

atender a necessidades específicas das áreas técnicas e programáticas do Ministério da

Saúde e das Secretarias Estadual e Municipais de Saúde.

Em que pesem as iniciativas em manter esses SIS integrados, de modo a

racionalizar fluxos e permitir uma visão integrada da situação de saúde no estado, a

quantidade de inter-relações identificadas desvenda um cenário de integração de

informação suficientemente complexo, o qual a priori enseja uma aproximação teórica e

metodológica com a teoria da complexidade.

Assim, partindo-se do mapeamento dos SIS discutido nesta etapa inicial da

pesquisa, a próxima etapa, analisou a rede formada pelas integrações informacionais dos

sistemas do SUS, à luz dos conceitos de complexidade, procurando atingir o segundo

objetivo específico da tese.

5.2 Enquadramento da Complexidade dos Sistemas de Informação em Saúde

Nesta etapa, procurou-se evidenciar traços de complexidade na rede de relações

mapeada entre os sistemas de informação do SUS, tendo em vista que os resultados da

etapa anterior da pesquisa evidenciaram uma densa rede de relações com características

próprias da complexidade na configuração desses mesmos sistemas.

Desta forma, o enquadramento da complexidade dos SIS foi balizado a partir de

cinco principais conceitos da teoria da complexidade: auto-organização, co-evolução, co-

adaptação, emergência e fractal, discutidos na revisão da literatura e cujas análises

encontram-se nas subseções seguintes.

Page 130: Tese Marcilio Ferreira UFPE

130

5.2.1 Auto-organização

Auto-organização, conforme visto, é uma propriedade de sistemas que apresentam

complexidade dinâmica, a qual decorre da interação de processos de feedback entre

elementos relacionados e traduz a capacidade de um sistema para adaptar-se às variações

do meio (MUKHERJEE, 2008a).

Ressalta-se que dentro da coleção de processos que definem as nuances do escopo

do SUS, o emaranhado de relações existentes entre os sistemas pode consolidar diversas

configurações de circularidade no seu nível informacional. Logo, a auto-organização foi

analisada nesta pesquisa através do papel central dos laços de realimentação na

consolidação e manutenção da dinâmica sistêmica do SUS.

Em outras palavras, relacionou-se a não-linearidade das conexões à auto-

organização dos sistemas, devido ao fato dos laços de realimentação internos nem sempre

assumirem relações lineares de causalidade, em função das diversas interações mútuas

existentes nos fluxos de informação, conforme foi exposto nas redes mapeadas ao longo

das discussões.

Na busca de identificar possíveis relações circulares dos SIS, foram analisadas as

conexões existentes através da rede apresentada na figura 15 da seção 5.1.3. Para facilitar

sua compreensão, os SIS foram agrupados a partir de redes ego (ego network). Para Lee

(2002), ego é um nó focal que junto com seus contatos diretos, denominados de alters,

compõem uma rede egocêntrica. Esta modalidade de rede emprega a proximidade de seus

membros como um recurso a mais para estudá-los localmente, como visto no capítulo 3.

No caso em estudo, diante da relação entre a estrutura local de conexões,

representada pela rede ego, com a estrutura global, presume-se que os SIS se caracterizam

como um sistema auto-organizado tal qual Wagner e Leydesdorff (2005) especificam, no

qual os mecanismos de integração informacional entre sistemas em nível micro repercutem

na estruturação da rede global, nível macro.

Desta forma, os resultados referentes à auto-organização sustentaram-se nas redes

ego dos sistemas, de onde foram elaborados pelo pesquisador os diagramas de enlace

causal para identificar as conexões circulares, entendidas como traços de auto-organização

nos processos que envolvem os SIS. A construção dos diagramas apoiou-se no software

Page 131: Tese Marcilio Ferreira UFPE

131

Vensim®, que é uma ferramenta para modelar a dinâmica de sistemas através dos loops

existentes nas relações.

Neste intento, foram selecionadas as redes ego dos cinco SIS que obtiveram as

maiores medições de centralidade de grau e intermediação expostos no quadro 20, a saber:

• SISAIH e SIHSUS, cujas redes foram discutidas em conjunto pelo motivo do

primeiro ser um subsistema do segundo dentro do contexto da assistência

hospitalar;

• SINAN, que é um sistema agregador da área de vigilância em saúde;

• BPA e SIASUS, que também foram analisados conjuntamente porque o BPA faz

parte da própria rede do SIASUS. Ambos atendem a área de assistência

ambulatorial.

As subseções a seguir discutem os resultados do enquadramento dos SIS mapeados

do conceito de auto-organização para cada rede ego, no conceito de auto-organização.

5.2.1.1 Rede ego do SISAIH e do SIHSUS

A rede egocêntrica do SISAIH somada à rede do SIHSUS congrega 31 SIS que

estabelecem 167 laços (ver figura 17), o que demonstra o entrelaçamento entre as áreas

hospitalar, ambulatorial e de gestão que estes sistemas visam atender.

Figura 17 – Rede ego dos sistemas SISAIH e SIHSUS

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

Page 132: Tese Marcilio Ferreira UFPE

132

Esta rede possui indícios de ser um sistema que se mantém através de uma auto-

organização, conforme diagrama de enlace causal a seguir (figura 18), obtido pela leitura

interpretativa dos fluxos informacionais descritos na pesquisa documental dos SIS e na

rede da figura 15. Os enlaces resultantes foram obtidos a partir das finalidades que os SIS

desempenham nos processos informacionais do SUS. Como explicado nos procedimentos

metodológicos, este tipo de diagrama é enfatizado pela simplicidade de representação do

comportamento de um sistema, através do mapeamento dos seus elementos formadores e

dos relacionamentos entre eles, isto é, de que forma um elemento influencia o

comportamento de outro.

Figura 18 – Diagrama de enlace causal para a rede ego do SISAIH e SIHSUS Fonte: Produzido a partir dos resultados da aplicação do software Vensim®.

A partir do diagrama de causalidade foi possível identificar, com o apoio do

software Vensim®, os loops de feedback estabelecidos entre os SIS, que se encontram

retratados no quadro 21 adiante. Devido a grande quantidade de loops detectados, optou-se

por detalhar apenas os maiores enlaces. Ao todo, verificaram-se circularidades com a

ocorrência de pelo menos 5 loops. O maior deles, de tamanho 4, está representado através

da conexão em forma de ciclo das informações controladas pelos sistemas SIHSUS –

SISAM – BPA – SISAIH – SISREG – SIHSUS.

Page 133: Tese Marcilio Ferreira UFPE

133

Quadro 21 – Resultado dos loops de feedback envolvendo os sistemas SISAIH e SIHSUS Fonte: Produzido a partir dos resultados do software Vensim®.

Segundo os manuais técnico-operacionais e as portarias desses SIS, o ciclo

enfatizado é explicável na situação em que o registro de algum paciente, que já foi

hospitalizado pelo SIHSUS, pode ser resgatado posteriormente em um ambulatório de

especialidades em que o paciente também já tenha sido atendido e que contabilize

procedimentos ambulatoriais aos quais ele foi submetido. Tais procedimentos são

controlados individualmente em Alagoas pelo sistema SISAM, desenvolvido pela própria

SESAU. O SISAM, por sua vez, gera os dados de cada paciente atendido no ambulatório

para serem enviados ao sistema BPA do DATASUS, conforme exigência de portaria

específica. É possível que este atendimento ambulatorial do paciente se agrave e torne-se

uma internação hospitalar, que então é registrada no SISAIH, também do DATASUS. No

último passo, todos os registros ambulatoriais e hospitalares são gerenciados pelo sistema

SISREG, que é responsável por regular o acesso às vagas dos leitos hospitalares do SUS no

intuito de evitar sobrecarregamentos e, neste escopo, comprometer o orçamento das

unidades de saúde.

Vistos pelas ocorrências de loops de feedback, característica inerente a sistemas

não-lineares e dinâmicos, é possível constatar que os SIS enfatizados se mantém através de

uma auto-organização, conforme diagrama de enlace causal exibido.

Loop Number 1 of length 1 Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Central de Marcação de Consulta SISREG Loop Number 2 of length 3 Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Produção Médica Ambulatorial SISAM Boletim de Produção Ambulatorial BPA Autorização de Internação Hospitalar SISAIH Loop Number 3 of length 3 Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Produção Médica Ambulatorial SISAM Boletim de Produção Ambulatorial BPA Central de Marcação de Consulta SISREG Loop Number 4 of length 3 Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Monitoramento do Pacto pela Saúde SISPACTO Programação Pactuada e Integrada SISPPI Central de Marcação de Consulta SISREG Loop Number 5 of length 4 Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Produção Médica Ambulatorial SISAM Boletim de Produção Ambulatorial BPA Autorização de Internação Hospitalar SISAIH Central de Marcação de Consulta SISREG

Page 134: Tese Marcilio Ferreira UFPE

134

5.2.1.2 Rede ego do SINAN

Conforme explanado anteriormente, o SINAN apresentou destacados graus de

centralidade e intermediação na rede mapeada. A obtenção de sua rede egocêntrica revelou

que o mesmo encontra-se conectado a 24 SIS, perfazendo um total de 108 relações,

conforme a figura 19. Ressalva-se que apesar do SIASI e do SINITOX aparecerem na rede,

eles não foram encontrados em uso em Alagoas, segundo levantamento advindo do campo.

Figura 19 – Rede ego do sistema SINAN

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

O diagrama de enlace causal elaborado a partir desta rede encontra-se ilustrado na

figura 20. Cabe relembrar que os fluxos estabelecidos seguem a lógica dos procedimentos

e finalidades de cada sistema, baseando-se na rede ego e na interpretação dos documentos

e manuais dos mesmos, feita pelo próprio pesquisador.

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135

Figura 20 – Diagrama de Enlace Causal para o SINAN Fonte: Produzido a partir dos resultados da aplicação do software Vensim®.

Utilizando-se mais uma vez o Vensim®, constatou-se a ocorrência de 21 loops

envolvendo o SINAN, tal como apresentado no quadro 22, que ilustra apenas os loops de

maior tamanho, ou seja, aqueles que envolvem uma maior quantidade de SIS nas

circularidades detectadas.

Quadro 22 – Resultado dos loops de feedback envolvendo o sistema SINAN Fonte: Produzido a partir dos resultados do software Vensim®.

O maior loop possui tamanho 4 e está representado pela circularidade que envolve

os sistemas SINAN – SIHSUS – SISAIH – SISCEL – SICLOM. Cabe destacar que a

maioria dos sistemas envolvidos é da área de vigilância em saúde, que por isso, possuem

finalidades em comum. Segundo as documentações dos sistemas e no contexto do

encadeamento identificado, verifica-se que o pareamento do SINAN com o SIHSUS ocorre

nos casos em que se deseja identificar potenciais notificações de doenças, como por

exemplo a DST/Aids, nos pacientes hospitalizados, cujos registros de internações constam

Loop Number 20 of length 3 Notificação e Investigação de Agravos SINAN Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Autorização de Internação Hospitalar SISAIH Logística de Medicamentos Antirretrovirais SISCEL Loop Number 21 of length 4 Notificação e Investigação de Agravos SINAN Prestação de Serviço Hospitalar SIHSUS Autorização de Internação Hospitalar SISAIH Logística de Medicamentos Antirretrovirais SISCEL Controle Logístico de Medicamentos SICLOM

Page 136: Tese Marcilio Ferreira UFPE

136

no SIHSUS e SISAIH. O SISCEL, por sua vez, possui as informações sobre o controle de

exames laboratoriais e de carga viral dos pacientes aidéticos que são registrados após sua

internação. Já o SICLOM fecha o ciclo informacional do paciente, porque controla o

fornecimento dos medicamentos apropriados para a doença em questão.

5.2.1.3 Rede ego do BPA e do SIASUS

BPA e SIASUS são sistemas envolvidos no processamento e captação da produção

dos procedimentos ambulatoriais realizados no SUS. Eles oferecem subsídios aos gestores

para os processos de planejamento, programação, regulação, avaliação, controle e auditoria

dos serviços de saúde integrantes da rede ambulatorial. Conforme ilustrado na figura 21, a

rede egocêntrica desses dois sistemas possui 30 SIS relacionados por 139 laços.

Figura 21 – Rede ego dos sistemas BPA e SIASUS Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

A figura 22 exibe o diagrama de enlace causal dos SIS relacionados direta e

indiretamente com o BPA e SIASUS. Os sistemas pertencem à área de atenção básica do

SUS e se influenciam mutuamente na tarefa de registrar os atendimentos, procedimentos e

tratamentos realizados em cada estabelecimento de saúde no âmbito ambulatorial.

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137

Figura 22 – Diagrama de enlace causal para a rede ego do BPA e SIASUS

Fonte: Produzido a partir dos resultados da aplicação do software Vensim®.

Como apresentado no quadro 23, identificou-se a ocorrência de 4 loops, sendo que

o maior deles envolve cinco sistemas: SIASUS – SIAB – SISAM - BPA – APAC -

SIASUS. Baseando-se nos fluxos informacionais dos sistemas, é possível descrever um

cenário de integração informacional para o loop detectado.

Quadro 23 – Resultado dos loops de feedback envolvendo os sistemas SIASUS e BPA Fonte: Produzido a partir dos resultados do software Vensim®.

Loop Number 1 of length 2 Controle de Informação Ambulatorial SIASUS Acompanhamento do Pré natal e Nascimento SISPRENATAL Boletim de Produção Ambulatorial BPA Loop Number 2 of length 3 Controle de Informação Ambulatorial SIASUS Acompanhamento do Pré natal e Nascimento SISPRENATAL Boletim de Produção Ambulatorial BPA Autorização de Procedimento de Alta Complexidade APAC Loop Number 3 of length 3 Controle de Informação Ambulatorial SIASUS Registro de Famílias e Situação de Saúde SIAB Produção Médica Ambulatorial SISAM Boletim de Produção Ambulatorial BPA Loop Number 4 of length 4 Controle de Informação Ambulatorial SIASUS Registro de Famílias e Situação de Saúde SIAB Produção Médica Ambulatorial SISAM Boletim de Produção Ambulatorial BPA Autorização de Procedimento de Alta Complexidade APAC

Page 138: Tese Marcilio Ferreira UFPE

138

O SIASUS e o SIAB são sistemas que se complementam porque ambos registram

os procedimentos ambulatoriais realizados pelas equipes de saúde da família ou pelo

atendimento no próprio ambulatório no município que o paciente reside; entretanto, as

informações contidas no SIASUS seguem uma lógica predominantemente contábil, de

controle de gastos com a assistência ambulatorial, enquanto os registros do SIAB visam

acompanhar o estado de saúde das famílias sem a preocupação financeira.

No caso de Alagoas, a produção ambulatorial é também registrada no SISAM, pois

este sistema controla os procedimentos realizados individualmente por paciente e consolida

todos os dados enviados pelos municípios. Em seguida, é obrigatória a geração dos dados

do SISAM para o BPA para envio ao DATASUS. Quando o procedimento torna-se de alta

complexidade, ou seja, requer uma autorização e auditoria médica, o registro da

informação passa a ser transferido para o sistema APAC, que então é consolidado

novamente no SIASUS.

5.2.2 Co-evolução e Co-adaptação

É necessário relembrar que co-evolução é a capacidade de vários elementos de um

sistema evoluírem interativamente dependendo dos outros elementos relacionados. Já a co-

adaptação é a propriedade de um elemento se adaptar às mudanças do meio envolvente, a

partir da interação com outros elementos existentes (MERALIZ, 2006; MUKHERJEE,

2008a). Assim, os conceitos de co-evolução e co-adaptação observam que grande parte do

ambiente que influencia um sistema complexo consiste de interações com outros sistemas

que estão igualmente se adaptando e evoluindo, podendo acarretar a geração ou adaptação

de variedades dos sistemas (MITLETON-KELLY, 2005).

Para o enquadramento destes dois conceitos na pesquisa, tomou-se por base a

matriz valorativa que deu origem a rede dos SIS da figura 15 na seção 5.1.3. Durante a

construção dessa matriz, foi anotada e contabilizada cada ocorrência das relações

identificadas dos sistemas, tanto na etapa da documental como do questionário. Desta

forma, chegou-se a uma matriz de intensidade de relacionamentos, onde foi possível

visualizar o comportamento das cargas de relação entre os sistemas, cujas intensidades

variaram de 0 (nenhuma relação) a 37 (maior ocorrência de relações contabilizada).

Assim, pretendeu-se reconhecer os SIS que obtiveram as maiores intensidades de

relacionamento, a partir do que se inferiu que há uma proximidade das interações desses

Page 139: Tese Marcilio Ferreira UFPE

139

sistemas com algum grau de dependência entre suas finalidades e as informações

compartilhadas por cada um deles.

Desta forma, foi possível identificar, na matriz supracitada, as duplas de sistemas

que apresentaram maior grau de inter-relação: BPA e SIASUS e SIHSUS e SISAIH. No

entanto, para caracterizar a co-evolução ou a co-adaptação desses sistemas torna-se

necessário analisar se há alguma evolução ou adaptação mútua a partir de suas informações

ou finalidades comuns.

O SIASUS é o sistema que permite aos gestores locais e ao MS o processamento e

a consolidação das informações sobre os atendimentos ambulatoriais registrados nas

unidades de saúde. No seu fluxo (BRASIL, 2008), o SIASUS necessita de entradas

advindas do BPA para o processamento e geração de informação. O BPA, por sua vez, é

um sistema integrante do SIASUS para captação do atendimento ambulatorial, que permite

ao prestador de serviço vinculado ao SUS registrar os procedimentos realizados pelos

estabelecimentos de saúde e seus respectivos quantitativos, bem como o código da

atividade profissional (CBO) que realizou o procedimento e o tipo de atendimento

realizado. Com essas características, as informações do BPA possibilitam às instituições

credenciadas ao SUS fornecer de modo agregado o volume de serviços realizados nesses

estabelecimentos, por mês de competência. A partir da informação de produção

ambulatorial importada do BPA no SIASUS, ocorre o processamento das informações

através de críticas simples e cruzadas dos dados, definidas pelo MS, que visam à

conferência e à consolidação da produção ambulatorial apresentada pelos estabelecimentos

de saúde.

É possível vislumbrar que uma vez que as tabelas de procedimentos ambulatoriais

são revisadas ou modificadas, essas revisões precisam ser refletidas tanto no SIASUS

como no BPA para evitar falhas no processamento e na consolidação dos dados sobre os

atendimentos. Frente a esta perspectiva e com base nas evidências da pesquisa documental

e do campo sobre o fluxo desses SIS, afirma-se que o SIASUS e o BPA funcionam como

um conjunto integrado de partes que se articulam para uma finalidade comum e que sofrem

adaptação mútua devido à dependência da informação que é processada por estes sistemas.

Com relação ao SIHSUS e SISAIH, foi possível identificar que estes sistemas

também compartilham de um objetivo comum no processamento de informações no SUS,

só que no âmbito hospitalar. O SIHSUS configura-se como sistema gerenciador das fontes

de dados sobre internações e atendimentos hospitalares. Sua utilização tem se voltado mais

para o controle de provisão e gastos com a assistência hospitalar dos pacientes do SUS

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140

(BRASIL, 2009). O SISAIH é um sistema descentralizado e utilizado mensalmente pelas

unidades hospitalares para transcrição dos dados sobre as Autorizações de Internações

Hospitalares (AIH) e envio dos dados às secretarias de saúde, onde são consolidados.

Da mesma forma que ocorre com o SIASUS e BPA, estes dois sistemas de gestão

da produção hospitalar integram o mesmo fluxo de informação e compartilham

informações e propósitos comuns para o processamento e pagamento das internações

mensais dos hospitais do SUS. Neste sentido, atualizações efetuadas pelo DATASUS nas

tabelas de procedimentos hospitalares devem ser refletidas tanto no SIHSUS como no

SISAIH visando manter as versões dos dois sistemas compatíveis e assim evitar a glosa ou

desaprovação dos dados enviados pelas unidades de saúde, conforme portaria do MS.

Logo, é possível inferir que estes dois sistemas se co-adaptam constantemente no sentido

de que revisões que venham a ocorrer em um deles seja também implementada no outro.

Não foi possível perceber a propriedade de co-evolução entre SIS da pesquisa por

este enfoque. Frota (2009) explica que há uma dispersão dos sistemas nacionais de

informação. Como consequência direta desta fragmentação do processo de gestão federal

do setor saúde, que tende a se reproduzir nas esferas estadual e municipal, configura-se um

modelo que estimula cada núcleo de gestão programática a desenvolver individualmente

informações e conhecimentos necessários ao exercício de suas funções. Essa característica

retroalimenta a fragmentação dos SIS e, assim, cada sistema evolui separadamente sem a

visão do todo, acarretando mais adaptações dos SIS do que evoluções em conjunto, mesmo

com a potencial possibilidade de integração de suas informações.

Face ao exposto, o quadro abaixo resume o enquadramento dos sistemas nas

propriedades complexas de acordo com os dados da pesquisa e inferências do pesquisador.

Propriedades da Complexidade SIS enquadrados

Co-adaptação SIASUS e BPA

SIHSUS e SISAIH

Co-evolução Não foi identificada

Quadro 24 – Enquadramento da co-evolução e co-adaptação dos SIS no SUS.

5.2.3 Emergência

O conceito de emergência é explicado por Merali (2004) quando as propriedades

macroscópicas, considerando o sistema como um todo, surgem a partir das microscópicas,

Page 141: Tese Marcilio Ferreira UFPE

141

considerando o sistema do ponto de vista dos componentes e interações locais. De acordo

com essa mesma autora, o comportamento emergente torna-se um fenômeno novo para o

nível considerado, sendo originado a partir das interações dos componentes do nível local.

Goldstein (2011) complementa que a emergência possui o efeito de alterar ou criar

uma nova estrutura ou nível no sistema, significando dizer que um sistema complexo em

um dado nível é composto de outros sistemas complexos de nível mais baixo que

interagem e criam a ordem do nível superior.

Com esta lente teórica em mente, a emergência foi interpretada nesta pesquisa a

partir da verificação do surgimento de novos SIS em esferas superiores, a partir das

interações informacionais dos sistemas presentes na esfera imediatamente inferior, gerando

uma nova estrutura de relações no nível.

Tomando como base o mapeamento da rede dos SIS já discutida, o comportamento

emergente foi detectado no nível da esfera estadual, ou seja, no conjunto dos SIS em uso

na secretaria estadual de saúde, que não foram desenvolvidos pelo DATASUS, mas

apoiam a gestão estadual do SUS. O quadro seguinte apresenta os SIS considerados

emergentes no nível estadual a partir das interações locais dos sistemas em uso na esfera

municipal. O fato desses SIS não terem sido desenvolvidos pelo DATASUS/MS, que é o

órgão centralizador da informática em saúde no país, é aderente à característica da

emergência de que as novas estruturas surgem sem terem sido impostas por uma hierarquia

controladora ou comando, enfatizando que a inovação emerge espontaneamente

(GOLDSTEIN, 2011).

SIS emergentes SIS que interagem localmente

Nível estadual

SISAM

Nível municipal

BPA, FPO, CNES, CADSUS

ESISHOSPITALAR CNES, CADSUS, SISAIH,

SIHSUS, SIGTAP, HOSPUB

PACTOONLINE

SIOPS, SIASUS, SIVEP,

SISAGUA, SISPCE, SISCOLO,

SISMAMA, SIAB, CNES

Quadro 25 – SIS emergentes no nível estadual a partir das interações do nível municipal.

No quadro acima, os SIS usados no nível municipal que provocaram a origem dos

SIS considerados emergentes no nível estadual, foram identificados pelas redes

egocêntricas que envolvem estes sistemas. Cabe uma ressalva em relação aos sistemas

PLANEJAMENTO, SCTF e DISTMUN, que apesar de também terem sido desenvolvidos

para o estado, não foram enquadrados nesta propriedade, porque não se identificou uma

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142

grande quantidade de interações no nível municipal que justificasse a emergência dos

mesmos, escapando, pois, da característica de surgimento a partir das interações locais.

Nos sistemas apontados como emergentes, o sistema de informação ambulatorial

individualizado (SISAM) permite a gestão e o acompanhamento da produção ambulatorial

nas unidades de saúde pública de Alagoas, controlando os procedimentos realizados

individualmente por paciente e consolidando todos os dados enviados pelos municípios

(ALAGOAS, 2012). A figura 23 ilustra os SIS do nível municipal interligados ao SISAM.

Figura 23 – Rede egocêntrica do SISAM

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

No fluxo exibido, o SISAM utiliza as informações do CADSUS justamente para

consultar os dados do cartão nacional de saúde, que armazena todas as informações

pessoais do paciente. O CNES é utilizado para obter informações sobre os cadastros dos

estabelecimentos e profissionais de saúde dos municípios, de onde se capta a produção

ambulatorial do estado. Já o FPO é um SIS que controla a programação físico-orçamentária

dos procedimentos realizados nas unidades de saúde. Como se observa na figura que ilustra

os SIS municipais interligados ao SISAM, todos estes sistemas estão envolvidos no

processamento dos exames e consultas ocorridas nos ambulatórios. O BPA é o sistema

oficial do DATASUS no qual deve ser informada a produção dos municípios e do estado.

O SISAM, por sua vez, gera os dados de cada paciente atendido nos ambulatórios para

serem enviados ao BPA. Ambos os sistemas possuem finalidades comuns, no entanto o

SISAM inova ao permitir o acompanhamento individual de cada paciente, mostrando

consultas, exames e outros procedimentos realizados por aquele. Presume-se que esta

característica do SISAM suscitou sua emergência a partir dos SIS municipais.

Já o ESISHOSPITALAR, destacado no quadro 25, possui a funcionalidade de

gestão hospitalar de leitos, internações e atendimentos de urgência e emergência.

Conforme a figura 24, integra-se ao CNES (cadastro de estabelecimentos), CADSUS

Page 143: Tese Marcilio Ferreira UFPE

143

(cadastro de usuários do SUS), SIGTAP (tabela de procedimentos), SISAIH (informações

sobre internações hospitalares), SIHSUS (responsável pela captação da produção

hospitalar) e HOSPUB (sistema integrado de informatização de ambiente hospitalar).

Todos estes SIS foram desenvolvidos pelo DATASUS.

A emergência do ESISHOSPITALAR no nível estadual está refletida pelo uso e

interação desses sistemas, de onde se inferiu sua capacidade inovadora na área de gestão

hospitalar do estado, uma vez que já existia anteriormente um SIS próprio do DATASUS

para esta finalidade, que é o HOSPUB.

Figura 24 – Rede egocêntrica do ESISHOSPITALAR

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

O terceiro SIS constatado como emergente por esta pesquisa é o PACTOONLINE,

cujo fluxo informacional encontra-se retratado na figura 25. O PACTOONLINE é um

sistema desenvolvido pela SESAU para monitoramento online dos indicadores de saúde do

estado (ALAGOAS, 2012).

As informações geridas por este sistema advém de diversos fornecedores: SIOPS

(orçamentos públicos de saúde), SIASUS (produção ambulatorial), SIVEP (informações da

vigilância epidemiológica), SISAGUA (vigilância da qualidade da água para consumo

humano), CNES (cadastro nacional dos estabelecimentos de saúde), SISPCE (programa de

controle da esquistossomose), SISCOLO e SISMAMA (informação do câncer da mulher)

e, por fim, SIAB (informações dos programas de saúde da família).

Estes oito SIS se integram para possibilitar a geração de indicadores de saúde da

população. É possível inferir que o PACTOONLINE emergiu de interações locais de

vários SIS que suscitaram uma nova estrutura, com uma nova finalidade, que agregasse as

informações que antes se encontravam esparsas nesse fluxo informacional.

Page 144: Tese Marcilio Ferreira UFPE

144

Figura 25 – Rede egocêntrica do PACTOONLINE

Fonte: Produzido a partir dos resultados do software NetDraw®.

5.2.4 Fractal

Fractal é um fenômeno presente nos sistemas complexos que possuem elementos

entrelaçados dispostos em níveis e seus mesmos padrões reaparecem em todos os níveis ou

escalas analisadas (DHILLON; FABIAN, 2005).

Com relação ao SUS, dentre as suas diretrizes organizativas está definida a

hierarquização dos serviços prestados, que busca ordená-los por níveis de atenção à saúde

e estabelece fluxos assistenciais entre os serviços, de modo a regular o acesso aos mais

especializados, sob responsabilidade do estado, e aos mais básicos, geridos pelos

municípios, como se constata em Brasil (2002).

A norma geral ainda determina como requisito para ações variadas de contrapartida

do MS, a alimentação das bases de dados nacionais, estaduais e regionais. Estas

determinações demonstram que o fluxo de informações no SUS é verticalizado, partindo

do profissional de saúde na ponta do sistema à secretaria municipal de saúde e desta aos

bancos de dados do DATASUS/MS, diretamente ou através da secretaria estadual.

Nesta perspectiva, a fractalidade foi detectada no estudo, a partir das relações

informacionais entre os SIS que possuem versões para cada nível, reconhecidos aqui como

nível local (a própria unidade de saúde), municipal (SMS) e estadual (SESAU). Analisando

os fluxos dos sistemas SISPRENATAL, SISCOLO, SISMAMA, SIASUS, SIHSUS, SIHD

e SINAN, expostos pela pesquisa documental, percebe-se que o DATASUS libera versões

desses mesmos SIS para cada esfera de governo.

No caso do SISPRENATAL, o sistema possibilita o monitoramento do programa

de humanização no pré-natal e nascimento pelos gestores do SUS, a partir do

acompanhamento de cada gestante e é disponibilizado em quatro versões: unidade de

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145

saúde, secretaria municipal, nível regional e secretaria estadual. Ao final de cada mês deve

ser gerado pelo sistema o Boletim de Produção Ambulatorial (BPA), para a importação no

sistema de informações ambulatoriais do SUS (SIASUS) e posterior transferência dos

dados para as coordenações municipal e estadual. Assim, as informações sobre gestantes

sobem cada nível, sendo reenviados à SMS e à SESAU, até chegarem ao DATASUS.

Da mesma forma ocorre com os sistemas SIASUS, SIHSUS e SIHD, pois os

processamentos das informações ambulatoriais e hospitalares são descentralizados. O

SIASUS ou o SIHSUS dos níveis superiores (municipal, estadual e federal) recebem a

transmissão da produção do BPA e APAC, no caso do SIA, e do SISAIH, no caso do

SIHSUS, para realizarem a consolidação e validação do pagamento contra parâmetros

orçamentários estipulados pelo próprio gestor de saúde. Mensalmente, os gestores além de

gerarem a produção devida de sua rede de estabelecimentos, enviam ao DATASUS uma

base de dados contendo a totalidade dos procedimentos realizados em sua gestão. Ressalta-

se que o SIHD é a versão descentralizada do SIHSUS estadual e federal que se encontra

em operação no nível municipal.

Já os sistemas SISCOLO e SISMAMA buscam informatizar o programa nacional

de controle do câncer do colo do útero e de mama, por isso são conhecidos também por

SICAM (DATASUS, 2012). Ambos são disponibilizados em versões de acordo com o

nível de gestão e, assim, suas sistemáticas seguem a hierarquização da assistência à saúde,

em que mensalmente são repassadas as informações produzidas nas unidades de saúde para

a SMS, que as consolida e transmite para a SESAU e o DATASUS.

O SINAN é outro sistema verticalizado que visa coletar, transmitir e disseminar

dados gerados rotineiramente pelos serviços de vigilância em saúde, fornecendo

informações para análise do perfil da morbidade da população nas três esferas de governo.

Desta forma, os casos de surtos ou agravos notificados pelas secretarias municipais são

transferidos para a SESAU e então repassados para o nível nacional.

A partir destas constatações percebe-se que a hierarquização dos serviços de saúde

configura os SIS em três níveis diferentes (local, municipal, estadual), repetindo a mesma

estrutura e suas relações num aspecto similar ao de um fractal, pois os níveis superiores

contêm um conjunto de SIS relacionados que também são encontrados no nível inferior,

que por sua vez reaparecem no próximo nível e assim por diante, sendo possível

caracterizá-los como auto-similares e, portanto, como fractais.

Page 146: Tese Marcilio Ferreira UFPE

146

5.2.5 Resumo do Enquadramento da Complexidade

O quadro 26 resume o resultado do enquadramento da complexidade dos sistemas

de informação em saúde. Para cada fenômeno complexo apontou-se uma estrutura de

relações e um conjunto de SIS que aderem às características definidoras de cada conceito

representado no fenômeno. Nesta perspectiva, não se conseguiu verificar apenas a

ocorrência da co-evolução dos sistemas.

Propriedades Gerais da

Complexidade Fenômenos Complexos Principais Resultados

Grande número de componentes Dinâmica não-linear

Auto-organização

1: SIHSUS, SISAM, BPA, SISAIH, SISREG; 2: SINAN, SIHSUS, SISAIH, SISCEL, SICLOM; 3: SIASUS, SIAB, SISAM, BPA, APAC.

Co-evolução Não identificado

Co-adaptação SIASUS e BPA SIHSUS e SISAIH

Comportamento emergente Emergência SISAM, PACTOONLINE, ESISHOSPITALAR

Efeitos em múltiplas escalas Fractal SISPRENATAL, SISCOLO, SISMAMA, SIASUS, SIHSUS, SIHD, SINAN

Quadro 26 – Enquadramento dos resultados da pesquisa nas propriedades dos fenômenos complexos.

Com o intuito de verificar a relação de cada fenômeno complexo com a integração

informacional dos SIS, que é o terceiro objetivo específico da tese, a próxima seção revela

a captura da opinião dos gestores do SUS sobre os efeitos que este enquadramento

acarretam nas suas necessidades de informação.

5.3 Análise da Visão dos Gestores Nesta seção são examinados os resultados das entrevistas realizadas com os

gestores estaduais e municipais da região I de saúde de Alagoas. O objetivo desta etapa foi

analisar como os gestores visualizam a integração das informações dos SIS que suportam

os serviços de saúde, remetendo suas percepções para a órbita da complexidade mapeada

em termos dos sistemas nas seções anteriores.

As entrevistas foram de natureza focada (YIN, 2003, p. 117) e orientadas pelo

roteiro que se encontra no apêndice C. As questões abordaram a integração informacional

dos SIS de acordo com o enquadramento da complexidade apresentado no quadro 26 da

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147

seção anterior, que também norteou as subseções das análises. Cabe destacar que na

formulação das questões do roteiro, as quatro primeiras perguntas buscaram associar

individualmente cada propriedade da complexidade com a integração da informação no

setor saúde, focando, portanto, especificamente no assunto de interesse da tese. As duas

últimas questões, por sua vez, abrangeram aspectos gerais sobre os mecanismos de

integração e comentários suplementares dos entrevistados.

Para garantir o anonimato, os gestores de saúde foram identificados por siglas. O

quadro 27, a seguir, apresenta as siglas referenciadas no texto com o respectivo órgão e

nível de atuação de cada entrevistado, visando facilitar a compreensão das respostas dadas

nos contextos que as pessoas estão inseridas. Ademais, foram inseridos nas discussões

alguns trechos das entrevistas com o intuito de validar as interpretações e análises

efetuadas.

Entrevistados Órgão / Região Nível

GS1 SESAU Estadual GS2 SESAU Estadual GS3 SESAU Estadual GS4 SESAU Estadual GS5 SMS Capital Municipal GS6 SMS Capital Municipal GS7 SMS Capital Municipal GS8 SMS Interior Municipal GS9 SMS Interior Municipal

GS10 SMS Interior Municipal GS11 Unidade Interior Local

Quadro 27 – Identificação dos entrevistados da pesquisa.

5.3.1 A integração na ótica da auto-organização

Esta subseção teve o propósito de analisar de que forma a auto-organização dos SIS

pode influenciar na integração da informação do SUS. Assim, no início das entrevistas, os

gestores foram indagados sobre os fluxos que se configuraram em ciclos informacionais

formados pelos conjuntos de SIS a partir de análise já discutida, indicando, portanto, a

presença da auto-organização.

De um modo geral, os entrevistados reconheceram os fluxos que lhe foram

apresentados e GS1 ainda ressaltou que se “conseguiu pegar os sistemas de maior impacto

de informações” e que “nenhum sistema deve trabalhar sozinho”. De fato, os SIS

mapeados, que exemplificaram a auto-organização apurada pela pesquisa, englobaram os

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148

principais sistemas hospitalares, ambulatoriais e de vigilância em saúde, que são três áreas

chaves no SUS e que se complementam nos registros de assistência à saúde da população.

Sobre os ciclos informacionais estabelecidos entre os sistemas, os entrevistados

relataram que consideram salutar a comunicação entre os diversos SIS, porque unifica e

complementa a informação entre eles, permitindo-lhes trabalhá-la em diferentes sistemas e

situações. GS2 explicou que os dados armazenados nesses SIS devem refletir a realidade

da situação de saúde e servirem, inclusive, como referência para outros órgãos, tais como

Agência Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA) e Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão (MPOG), que usam as informações para alertar os riscos à saúde da

população e formular orçamentos públicos e repasses financeiros federais do SUS.

No entanto, quando os gestores necessitam acessar uma informação mais apurada,

os sistemas não conseguem disponibilizá-las de forma totalmente encadeada - a não ser no

sistema individualizado - como revelaram os relatos adiante, sobre o ciclo SIHSUS-

SISAM-BPA-SISAIH-SISREG-SIHSUS:

“Se eu quiser obter uma informação específica do SISREG, apesar dele fazer parte de um ciclo, a informação não chega ao SIHSUS na sua totalidade... Se eu quiser saber os dados específicos do SISREG eu tenho que ir para o seu sistema isolado” (GS1).

“Seria interessante que os procedimentos cadastrados no SIHSUS estivessem todos vinculados às quantidades que foram programadas no SISREG para cada unidade e município, mas não estão.” (GS4).

Os comentários acima deixam transparecer que no transcorrer do ciclo, os SIS não

conseguem carregar todas as informações que são processadas no sistema de origem para

os de destinos. Assim, a informação que serviu para subsidiar a quantidade de

procedimentos hospitalares regulados pelo SISREG não está totalmente disponível no

SIHSUS. Segundo os relatos, quando os dados da produção mensal do SIHSUS

retroalimentam o SISREG para reprogramar as quantidades de procedimentos, esta

informação causa um descompasso entre a quantidade produzida e a programada.

Para GS8, “ao final do ciclo deveria haver todas as informações complementadas,

mas os sistemas não chegam a este nível”. O próprio entrevistado citou que uma sala de

situação de saúde seria uma tentativa de englobar todas as informações dos SIS e então

poder monitorá-las em conjunto, pois através dos ciclos dos SIS, sabe-se apenas o quanto

se atendeu de internações no SIHSUS, mas não é possível saber quanto havia sido

programado para cada prestador e cada município, como atestou GS1 no seu relato abaixo:

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“No final da cadeia a informação chega muito a desejar...Vai diminuindo o nível de completude e detalhamento [das informações] em cada sistema.” (GS1).

Sobre o ciclo SIASUS-SIAB-SISAM-BPA-APAC-SIASUS, os gestores, como

mencionou GS4, continuaram afirmando que “nem todas as informações são transferidas

na totalidade, algumas ficam retidas nos SIS”.

Dando como exemplo o SIAB, os gestores relataram que este é o único SIS do ciclo

que não trabalha com tabelas de procedimentos, pois seus registros objetivam apenas os

atendimentos das famílias na atenção primária a sua saúde, como é o caso das gestantes.

GS5 afirmou então que:

“as informações sobre as gestantes do SIAB servem como parâmetro de comparação no SIASUS e no BPA para saber se essas mesmas gestantes receberam algum [tipo de] procedimento ambulatorial.” (GS5).

Além disso, no SIASUS é possível visualizar os profissionais de saúde que estão

cadastrados no SIAB e que realizaram o atendimento das gestantes. Todavia, as

informações ao final do ciclo dos SIS são desencontradas, segundo relato abaixo:

“Ao final, quando se compara o SIASUS e o SIAB as informações deveriam bater, mas não batem.” (GS1).

Outro agravante ao final de cada ciclo, conforme os gestores, é que existem datas

diferentes de entrega e envio das produções de cada sistema, pois não há uma padronização

do Ministério nos fechamentos das competências, conforme depôs GS11 abaixo, sendo

possível concluir que o encadeamento dos SIS e a retroalimentação das informações só se

agrava neste cenário pouco padronizado:

“Quando eu comparo o SIAB com o SIASUS eu teria que ver as informações de um deles um mês para frente ou para trás... Por exemplo, eu tenho indicador de gestante para cada município... Então o SIAB me diz se o município atingiu este indicador, mas quando eu vou para o SIASUS geralmente estas informações não estão lá no mês que deveriam estar, porque eles trabalham com competências diferentes.” (GS11).

Os relatos ainda apontaram que há informações processadas pelos SIS que só

interessam ao estado e outras apenas aos municípios, o que leva a problemas de conversão

de dados. Esta situação ocorre no caso do sistema SISAM, que foi elaborado pela SESAU,

porém, o sistema oficial de cadastro ambulatorial é o BPA, o que força os usuários a

utilizarem os dois sistemas concomitantemente. Os entrevistados afirmaram que algumas

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150

conversões e importações e exportações são necessárias entre os SIS; contudo, no

momento das conversões, muitas vezes ocorrem erros de incompatibilidade de informações

que não são averiguados pelos sistemas, como uma faixa etária de pacientes que não é

permitida para certos tipos de procedimentos. Ademais, muitos campos de dados dos SIS

são diferentes, causando inconsistências nos dados informados. Como a informação segue

um ciclo e há prazos para envio, os gestores municipais acabam enviando informações

inconsistentes para não serem punidos, como disse GS10:

“Se eu não enviar minha produção no prazo eu vou mandar depois que o estado enviar a dele, então eu caio na lista negra do ministério.” (GS10).

Sendo assim, como a informação é enviada ao próximo sistema do fluxo da cadeia,

só será possível corrigi-la após a consolidação final dos dados do estado e do DATASUS,

o que os gestores disseram que leva certo tempo para processamento e com isso muitas

decisões e planejamentos são baseados em informações incompletas sobre os serviços de

saúde.

No caso do ciclo SINAN-SIHSUS-SISAIH-SISCEL-SICLOM-SINAN, os gestores

de vigilância em saúde também apontaram alguns problemas. Na entrevista, este ciclo foi

explicado por GS2 a partir da situação em que os pacientes portadores de HIV registrados

no SINAN podem ser internados no hospital através do SIHSUS, onde é emitida uma

autorização de internação hospitalar no SISAIH. Além do mais, esses pacientes podem ter

sido submetidos a exames laboratoriais, que são registrados no SISCEL e também se

encontrarem sob tratamento de medicamentos, informações essas computadas no

SICLOM. Cabe ressaltar que as explicações fornecidas pelos gestores sobre este ciclo dos

SIS ratificam as análises realizadas anteriormente no momento em que ocorreu o

enquadramento das relações complexas na auto-organização. Contudo, quando os gestores

buscam a informação integrada que desejam, alguns enfatizaram que a mesma não se

encontra nos SIS que fazem parte do enlace:

“O paciente deveria estar registrado nos quatro sistemas. Mas pode não ter o mesmo paciente nos quatro sistemas ou pode encontrá-lo só em um. Você encontra no SIHSUS porque o médico disse que foi interno por HIV, mas ele não foi notificado [no SINAN] ou não está tomando o medicamento que deveria estar tomando [que se encontra registrado no SICLOM].” (GS2).

“As informações de vigilância em saúde que estão transitando muitas vezes a gente não as encontra lincadas e esse ciclo é um agravante porque causa duplicidades” (GS6).

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151

Conforme as duas percepções acima, é possível assinalar que a circulação de

informações incompletas e sem referências produzidas pelos SIS é agravada pela presença

de loops de feeedback, que retroalimentam essas informações nos sistemas. Os gestores

indicaram um aumento potencial de casos de informações com duplicidades e com

sobrenotificações, porque a mesma informação é reproduzida entre os sistemas por

fazerem parte de um ciclo contínuo.

Destaca-se da análise desta subseção a existência de ciclos complexos de sistemas,

denominados auto-organizativos, que têm origem a partir dos fluxos informacionais

estabelecidos entre os SIS e que são inerentes ao SUS. Assim, é possível firmar, que tais

ciclos complexos trazem dificuldades à integração de informação do SUS, pelas

características já expostas.

5.3.2 A integração na ótica da co-adaptação e co-evolução

Esta investigação fez um diagnóstico dos conceitos de co-adaptação e co-evolução

na fala dos gestores visando identificar facilidades e dificuldades na integração

informacional dos SIS envolvidos. Estes conceitos pressupõem que dois ou mais sistemas

complexos podem mudar em resposta um ao outro em um processo de co-adaptação ou co-

evolução (MERALI, 2006; MUKHERJEE, 2008a). Presume-se, portanto, que, como os

sistemas estão altamente interligados, eles não evoluem ou adaptam-se simplesmente com

o ajuste às mudanças, eles coevoluem ou coadaptam-se.

Nos resultados discutidos na seção 5.2 a pesquisa identificou que as duplas de

sistemas SIASUS-BPA e SIHSUS-SISAIH coadaptam-se de acordo com as suas

necessidades de alterações nos procedimentos ambulatoriais e hospitalares que cada um

gerencia. Cabe frisar, como já dito anteriormente, que a partir dos dados levantados não foi

possível identificar a co-evolução de SIS. O comentário abaixo reforça esta constatação:

“Os sistemas evoluíram e foram desenvolvidos separadamente, inclusive sob diferentes departamentos dentro da estrutura do ministério. Internamente, até as variáveis e os campos [dos sistemas] têm nomes diferentes.” (GS2).

Por outro lado, foi possível inferir que os gestores credenciaram a co-adaptação

como um processo necessário para que exista um alinhamento entre os SIS, de modo que

eles permaneçam compatíveis ao compartilharem informações. Esta característica lhes

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152

permite adaptar-se às novas circunstâncias e, consequentemente, manterem-se integrados.

Na visão de GS1:

“Se eu tiver alteração em um [SIASUS] eu tenho que alterar o outro [BPA]. Um tem que andar próximo do outro. Se eu acrescentar procedimentos novos num sistema todos os demais envolvidos tem que conseguir ler este procedimento.” (GS1).

Contudo, entre os relatos identificaram-se indícios de que a co-adaptação dos

sistemas nem sempre ocorre positivamente. Como os sistemas são baseados em datas de

fechamento, denominadas de competências, o desalinhamento das mesmas pode provocar

uma rejeição dos procedimentos hospitalares processados e compartilhados entre os SI.

GS8 enfatizou no trecho logo abaixo uma consequência da dependência mútua existente

entre os sistemas SIHSUS e SISAIH:

“A questão das atualizações dos procedimentos, por exemplo, se você tiver com a competência diferente delas, um sistema rejeita a informação do outro.” (GS8).

Desta forma, presume-se que a dependência exacerbada entre os dois sistemas cria

um alto acoplamento nos processamentos das informações que são compartilhadas por

eles. Esta consequência da co-adaptação vai de encontro à visão de Erl (2005), que afirma

que o baixo acoplamento de um sistema está relacionado com a sua capacidade de ser

independente de outros sistemas para realizar a sua tarefa.

Outra dificuldade relacionada com as adaptações dos SIS foi a questão das versões

que são liberadas frequentemente pelo DATASUS. Como os sistemas se encontram em

constante adaptação, há muitas versões diferentes lançadas para cada sistema dentro da

mesma competência e os próprios usuários é que precisam instalá-las e colocá-las em

operação, como descreveram GS8 e GS9 abaixo:

“Outra coisa que atrapalha muito são as versões [dos sistemas SIHSUS e SISAIH] que são muitas, duas a três por mês que o ministério libera. A gente se perde muito quando vai atualizar os sistemas.” (GS8). “Quando as versões [dos SIS] não são as mesmas, a integração das informações fica comprometida por inteiro e os sistemas não são mais capazes de conversar. É só mudar de versão para acontecer os problemas na importação e exportação dos dados.” (GS9).

Compreende-se que as diferentes versões dos sistemas, os tornam capazes de

responder às mudanças ocorridas nos seus inter-relacionamentos para se manterem com

eficiência na cadeia informacional, sendo que essas variações são frutos da co-adaptação

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153

dos sistemas. Contudo, a partir dos relatos, foi possível interpretar que cada nova versão

dos SIS afeta diretamente a integração das informações, por criar novas variedades que

segundo as opiniões dos entrevistados, são frequentemente incompatíveis afetando a

importação e exportação dos dados.

Acrescenta-se às quantidades de versões dos SIS a característica da diversidade de

plataformas tecnológicas exposta na primeira etapa da pesquisa documental. Para GS3,

sistemas construídos em plataformas mais recentes tendem a ter suas adaptações e

integrações conduzidas mais facilmente. No caso do SIASUS e BPA, como o primeiro foi

desenvolvido para Windows®, nele há mais recursos tecnológicos para efetivar as

integrações, como explicou GS7:

“O SIASUS é ainda um sistema MS-DOS e o BPA não. No BPA eu tenho a maior facilidade de atualizar as versões, checar e exportar as informações. Já no SIASUS eu não consigo [ler os dados] tão facilmente.” (GS7).

Face ao exposto, o que parece ocorrer entre os SIS explorados nesta subseção é, de

fato, um movimento coadaptativo, no qual influências conjuntas de ações gerenciais e

tecnológicas desencadeiam novas versões dos sistemas que procuram atender o

compartilhamento das suas informações. Em suma, os gestores indicaram que a co-

adaptação acarreta o aumento do acoplamento entre os SIS e gera uma maior diversidade

de versões dos sistemas, o que segundo os relatos compromete a integração da informação

dos mesmos.

Reforça-se, por fim, a presença da propriedade complexa da co-adaptação nas

relações discutidas dos SIS. Assim, as inferências sobre os sistemas, que foram analisadas

na etapa anterior da pesquisa, se confirmaram no campo do SUS. Ademais, tomando-se os

relatos negativos dos entrevistados sobre as integrações informacionais, torna-se necessário

aos gestores do SUS controlar as co-adaptações intrínsecas aos SIS para garantir a

compatibilidade dos dados dos mesmos.

5.3.3 A integração na ótica da emergência

O objetivo desta subseção foi analisar o fenômeno da emergência sob o ponto de vista

da integração, baseando-se nos relatos dos gestores de saúde.

Para Merali (2006), o que ocorre tipicamente na emergência é o surgimento de novos

elementos no sistema complexo em níveis superiores. Cabe relembrar que os três SIS

enquadrados como emergentes nesta pesquisa foram: SISAM (gestão de procedimentos

Page 154: Tese Marcilio Ferreira UFPE

154

ambulatoriais), PACTOONLINE (gestão de indicadores de saúde) e ESISHOSPITALAR

(gestão hospitalar), todos concebidos no nível estadual do SUS em Alagoas.

No histórico do SUS, os sistemas foram criados predominantemente no nível

federal e por isso os SIS não integraram informações oriundas da esfera municipal e

estadual (GUIMARAES, 2005). Ademais, Brasil (2005) afirma que a simples transposição

dos SIS concebidos no âmbito federal para o municipal e o estadual não significou

necessariamente descentralização da informação e destaca que embora os sistemas

concebidos na esfera federal sejam importantes, é necessário que as informações

produzidas no nível local sejam sistematizadas e que o estado possa ter mecanismos que

possibilitem o conhecimento da situação de saúde em que se encontram em seus

municípios.

O relato a seguir sobre o sistema SISAM corrobora com a visão do surgimento de

SIS em outros níveis do SUS que não seja o federal:

“Em princípio, o BPA tem as informações necessárias que o DATASUS acha importante, mas no SISAM eu tenho as informações que nós achamos importantes para o estado. Eu tenho algumas informações que o ministério vai me cobrar depois, tipo os indicadores, mas que eu não tenho no BPA, no FPO etc, pois, eu tenho que trabalhar minha programação de saúde por áreas: do idoso, da criança, da mulher... Quando as informações são exportadas do SISAM para o BPA elas se misturam e então eu não sei mais no BPA qual foi o procedimento ambulatorial que eu fiz para a criança, para o idoso... Já no SISAM ele me diz exatamente porque ele separa [as informações] por área e por programas.” (GS5).

O SISAM se integra principalmente com o BPA e o FPO, que são dois sistemas

federais usados localmente, para o envio da produção ambulatorial dos municípios e do

estado. Torna-se possível perceber pelos relatos que as informações ambulatoriais

individualizadas do SISAM, quando são migradas para os sistemas do DATASUS, se

confundem. GS1 ressaltou: “eu registrei 300 procedimentos no BPA, ali dentro eu não sei

quem foi o da criança, da mulher, do idoso”. E ainda acrescenta:

“Mais tarde o MS vai querer saber qual é o percentual de indicadores da área da mulher, do idoso... Onde eu vou buscar que o BPA não me dá esta informação? No meu sistema próprio [SISAM].” (GS1).

Portanto, o SISAM surgiu de uma necessidade da esfera estadual de querer

acompanhar individualmente cada paciente, destacando as consultas, exames e outros

procedimentos aos quais aquele foi submetido. “Isso permite que saibamos o que cada

Page 155: Tese Marcilio Ferreira UFPE

155

paciente fez e subsidia o planejamento e ações tanto dos municípios quanto do estado”,

disse GS4.

Diferentemente do BPA e do SIASUS, com o SISAM é possível ainda consultar

dados da procedência dos pacientes e da morbidade, além de emitir relatórios específicos

para áreas estratégicas. “O SISAM é o único sistema que possibilita ter informações de

morbidade por indivíduo e esses relatórios dão subsídio para o planejamento, o

monitoramento e a avaliação”, expôs GS9.

Com relação ao PACTOONLINE, GS2 mencionou que também houve uma

necessidade do próprio estado construir um novo sistema para lidar com os indicadores do

pacto pela saúde, o quê pode ser lido abaixo:

“Ele [PACTOONLINE] é um aplicativo onde a gente trabalha dados que já existem advindos de diferentes sistemas... Os indicadores que eu trabalho no PACTOONLINE são indicadores construídos a partir dos sistemas oficiais, só que como o sistema do DATASUS [SISPACTO] não nos fornece as informações numa visão local, a gente precisa lançar mão [do PACTOONLINE] positivamente porque o sistema contribui para a análise da informação, seja no nível estadual, seja no nível municipal, ao integrar dados que eram vistos somente no nível federal”. (GS2).

Logo, mesmo com a existência do sistema SISPACTO no nível federal, que

teoricamente possui a mesma finalidade do PACTOONLINE, o segundo inova ao

preencher uma lacuna que os próprios SIS do DATASUS não atendem, que é a gestão de

indicadores nos níveis municipais e estaduais, integrando as informações dos sistemas

localmente.

A mesma situação ocorre com o terceiro sistema emergente detectado nesta

pesquisa, o ESISHOSPITALAR. Utilizado em alguns hospitais escolas e em maternidades

estaduais do SUS em Maceió, esse sistema tem como objetivo integrar toda informação

relevante sobre os pacientes internados nos atendimentos de urgência e emergência. GS8

indicou que “o ESISHOSPITALAR veio para modernizar a nossa assistência hospitalar,

disponibilizando novos módulos de internação, emergência e laboratório totalmente

integrados que substituem o defasado HOSPUB do ministério”.

Nas entrevistas, foi comum identificar relatos dos gestores afirmando que todos os

três sistemas emergentes dependem dos que já existem e precisam funcionar com a mesma

visão e lógica do ministério, para que as integrações informacionais continuem

acontecendo normalmente e não haja prejuízo na consolidação das informações dos

sistemas.

Page 156: Tese Marcilio Ferreira UFPE

156

Neste momento, é importante afirmar que a propriedade da emergência é, de fato,

uma característica inerente aos SIS do SUS, o que corroborou com o enquadramento da

complexidade dos sistemas realizado previamente na pesquisa. No caso analisado, a

emergência dos SIS se apresentou como favorável às integrações informacionais, pois

agregou ao nível estadual do SUS novos sistemas, que visam suprir as necessidades por

informações que os SIS existentes no nível local não fornecem adequadamente.

5.3.4 A integração na ótica dos fractais

Frequentemente, os sistemas complexos assumem diversas escalas diferentes, nas

quais um mesmo sistema possui estruturas variadas e complementares para poder exibir o

seu comportamento. Merali e Allen (2011) ressaltam que a evolução dos sistemas

complexos, a partir de processos hierárquicos, ocorre pela formação de subsistemas

básicos, intermediários e superiores e pelas suas interações em diferentes níveis,

configuração essa denominada de fractal.

Como já explicado, nos sistemas SISPRENATAL, SISCOLO, SISMAMA,

SIASUS, SIHSUS, SIHD e SINAN a informação gerenciada ascende de um nível mais

baixo para um nível mais alto buscando a integração e consolidação dos dados, como

comprova GS5:

“Eu tenho sistemas nos três níveis: no estado, no município e no prestador, com características próprias para cada um porque as informações são alimentadas de forma complementada e ascendente.” (GS5).

O entrevistado GS1 mencionou que “o SISPRENATAL, na hora da instalação, ele

já pergunta se deseja instalar a versão para o prestador, pro município ou pro estado. Então

em cada versão ele já distingue os níveis.”. Esta alusão à verticalização foi também exposta

por GS11: “eu trabalho o SISCOLO e o SISMAMA no estabelecimento de saúde, gero

uma informação e mando para o município. O município consolida e envia para o estado e

ministério. Assim, a informação vai subindo [os níveis] toda em sequência”.

Desta forma, com o princípio de hierarquização do SUS, as informações são

integradas e consolidadas seguindo cada nível. Contudo, foi muito recorrente encontrar nos

relatos dos gestores uma série de dificuldades que esta organização dos sistemas pode

causar na questão da integração das informações. O principal problema foi em relação à

disponibilidade e ao tempo de processamento. GS8 explicou que: “eu não tenho

informação recente disponível dos sistemas e possuo pouco acesso às informações dos

Page 157: Tese Marcilio Ferreira UFPE

157

níveis superiores”. Os trechos dos relatos a seguir detalham outras situações possíveis

relacionadas às dificuldades:

“Eu acho que com esses sistemas em níveis diferentes acontecem muitos problemas. Hoje eu mando uma informação para o ministério, eu espero um ou dois meses para ver o resultado da consolidação. Não é em tempo real. Quando a informação chega no nível federal os sistemas levam um tempo para processar tudo isso. Se você entrar nos sistemas do ministério hoje, a gente tá integrando a produção de abril, talvez esteja lá [no nível federal] janeiro ainda, no máximo fevereiro, mas eu acho que março ainda nem está disponível”. (GS1).

“Eles [estado e ministério] processam as informações dos sistemas de agora [abril]. Se eu precisar mandar mais informações, pois eles recebem o mês atual e três competências para trás, aí ele tem que processar de novo isso. Então se eu mandar uma reapresentação da minha produção ele vai ter um reprocessamento para consolidar de novo toda a produção. Portanto, se eu tô processando informações de abril, se eu precisar mandar uma reapresentação de janeiro eu mando, mas o que tá atualizado lá hoje é fevereiro. Então ele passa mais um ou dois meses para reprocessar minhas reapresentações. Por isso eu só tenho minha informação fidedigna do mês de janeiro, só porque não posso mais reapresentá-la”. (GS10).

Os comentários expostos há pouco mostram que as informações das integrações

inter-níveis dos SIS geralmente encontram-se defasadas, com no mínimo um mês de

diferença. A situação se agrava se houver reprocessamento, o que é comum segundo os

relatos, pois a informação atual pode não ser fidedigna devido a algum município poder

ainda reapresentar produções de meses anteriores, interferindo na análise das informações

já enviadas.

A natureza fractal dos SIS ocasiona também um atraso para detectar erros e sugerir

correções nas informações enviadas. Um longo tempo pode decorrer do momento do envio

do nível inferior até a detecção de problemas na consolidação das informações nos níveis

superiores, como aponta o próximo relato:

“Chegou para mim uma reclamação sobre a competência de novembro do ano passado de uma informação enviada pelo SIASUS. O ministério questionou o estado, que questionou o município, que por sua vez questionou o prestador. Para detectar e notificar esse problema levou de 6 a 7 meses”. (GS6).

Com relação ao SINAN, GS2 explanou que pode existir uma sobrecarga de

informações, a partir do momento que detalhamentos desnecessários presentes nos níveis

inferiores são enviados para os superiores, pois o uso daquele tipo de informação só seria

interessante para o nível municipal, por exemplo. O relato abaixo ilustra esta interpretação:

“No caso do SINAN, nem toda a informação que o nível municipal precisa, a gente precisa no nível estadual e federal. Têm informações adicionais sobre um

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158

caso que quem precisa é o nível municipal que vai trabalhar em cima daquele caso, nós não precisamos. A gente tem bases muito grandes no estado que são desnecessárias. Resultado é que você tem um monte de informação no estado que não serve para nada. Para que me interessa o ponto de referência da casa de um paciente? Para mim não tem importância nenhuma, mas como essa informação sobe para todos ela termina deixando os sistemas sobrecarregados”. (GS2).

Ainda, é possível ocorrer falhas na transmissão das informações. Como resultado,

as informações dos níveis superiores podem ficar incompletas havendo a necessidade de

reenvio por parte dos estabelecimentos ou secretarias municipais, como indicou GS9 no

comentário abaixo:

“Às vezes a gente precisa reenviar lotes do SIHSUS e SIHD por causa de algumas alterações ou até mesmo ausência de informações [sobre procedimentos]. Recentemente, a secretaria estadual veio me cobrar que algumas informações de uma lista de procedimentos não se encontravam no nível estadual. Depois foi descoberto que alguns registros dessa lista, de uns trinta ou quarenta casos, dez deles estavam aqui registrados no nosso sistema local, mas não subiram. Então foi algum problema na transferência dos dados”. (GS9).

Conforme exposto nesta subseção, nos sistemas hierárquicos, as interações podem

ocorrer de duas formas: a partir dos subsistemas que compõem o sistema complexo num

mesmo nível ou entre níveis diferentes. Maguire (2011) explica a ocorrência dessas

interações em função da associação vertical flexível, a qual permite uma distinção entre os

níveis, e a associação horizontal flexível, que permite a separação entre os subsistemas em

cada nível.

Cabe enfatizar que, no SUS, ficou constatado que a fractalidade, embora seja uma

característica inerente à estruturação do sistema único e que repercute nos SIS, afeta

negativamente as integrações das informações entre as três esferas de governo. Sendo

assim, torna-se necessário incorporar essa propriedade da complexidade na construção e

execução de sistemáticas que favoreçam o fluxo adequado da informação inter-níveis,

evitando prejuízos para os usuários e gestores do SUS.

5.4 Integração Informacional versus Complexidade Foi possível constatar que as propriedades complexas constantemente são a base da

evolução e da adaptação de sistemas como os SIS, em especial no caso do SUS, pois,

verificou-se nos mapeamentos que os SIS seguem esta lógica ao implementarem

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159

integrações entre as informações gerenciadas isoladamente por cada um, mas que no

decorrer dos processos são integradas para alcançar um objetivo comum, que é o de

organizar as informações oriundas da assistência à saúde da população.

Pôde-se notar, a partir dos dados discutidos, que os SIS em Alagoas podem ser

reconhecidos como um sistema complexo, formado por uma grande quantidade de

elementos (72 sistemas), que foram desenvolvidos em plataformas tecnológicas

heterogêneas e encontram-se entrelaçados a partir de informações comuns para subsidiar a

gestão do SUS. A partir desta extrapolação, podem-se atribuir características de um

sistema complexo aos SIS, que são vistas na figura 26.

Figura 26 – Sistema complexo caracterizado pela pesquisa.

Decerto, a lógica de funcionamento de um SIC é associar elementos diferentes, que

pela interação, se organizam e evoluem para níveis cada vez mais complexos. Os sistemas

assumem, portanto, uma modelagem sistêmica, onde partes e todo interagem.

Em adição, a grosso modo, os gestores ainda deixaram transparecer que não estão

satisfeitos com a integração dos SIS. Os comentários a seguir reforçam a percepção

negativa que alguns gestores expressaram sobre as informações dos sistemas durante as

entrevistas:

“A gente que trabalha com os sistemas de saúde, quando visualizamos as informações consolidadas e processadas a gente duvida, será que é isso mesmo? Como saber se há uma epidemia de dengue se o SIHSUS, por exemplo, não mostrar na prática um monte de internações de pacientes com a doença? E se os municípios e prestadores não alimentarem a informação correta ou ocorrer falhas nos processamentos e as informações não subirem para o estado e ministério?” (GS1).

Sistema Complexo

PARTES Grande quantidade Objetivos comuns

Heterogêneas Cooperantes Interagem

RELAÇÕES

Não-lineares Várias escalas

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160

“Os sistemas de um modo geral apresentam muita redundância de informação, ou seja, a mesma informação está presente em vários sistemas ao mesmo tempo.” (GS5).

As percepções dos gestores nas entrevistas, de modo geral, reforçaram a tese

defendida nesta pesquisa. Todavia, vale ressaltar que a visão dos entrevistados se contrapôs

em alguns aspectos à visão dos respondentes dos questionários, nomeadamente no que diz

respeito à confiabilidade das informações produzidas pelos SIS, ao alinhamento entre as

esferas e à publicação em tempo hábil das informações. Isto pode ser explicado porque, do

contrário, estariam comprometendo o seu próprio trabalho, uma vez que cabe-lhes apenas

alimentar os SIS. Convém relembrar, como já exposto anteriormente, que o fato da maioria

dos respondentes atuarem no nível local da região I, estes usuários podem não possuir uma

visão global sobre as integrações das informações dos sistemas. Portanto, ressalta-se que a

opção desta pesquisa foi dar maior ênfase aos dados das entrevistas no que tange à

integração informacional, onde os gestores selecionados realmente demonstraram ter maior

vivência no SUS e experiência na gestão dos SIS, já que o objetivo primordial da primeira

etapa foi apenas levantar e mapear as relações dos SIS em uso na região.

Ademais, constatou-se no caso estudado, que não é apenas a complexidade dos

sistemas que compromete a integração informacional, mas a combinação dela com a

precariedade existente para uso da TIC, que se apresenta com baixa interoperabilidade e

desatualizada, não fornecendo apoio para se obter uma integração desejável no nível

informacional.

De fato, diferentemente do que fora vislumbrado na revisão da literatura sobre o

estado da arte de tecnologias de integração, os mecanismos apontados pelos gestores

alagoanos para tal fim podem ser considerados em sua maioria precários e obsoletos.

Nos municípios do interior, principalmente, não se verifica conexão com a Internet

e por isso ainda se usam mídias removíveis para transportar as informações das unidades

de saúde para as secretarias municipais. Poucos SIS estão disponíveis online, havendo a

necessidade de realizar exportações e importações de arquivos enviando-os, muitas vezes,

via e-mail para os municípios e o estado, o quê, certamente, não é a melhor forma frente às

tecnologias modernas existentes.

Durante a etapa das entrevistas, os gestores foram indagados sobre os principais

mecanismos de integração da informação entre os SIS. O gráfico abaixo apresenta os que

se sobressaíram nas respostas.

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161

A maioria dos entrevistados indicou que a consulta direta às tabelas dos bancos de

informações nacionais é a técnica mais utilizada. Usa-se muito também os recursos de

importação e exportação de arquivos entre os sistemas. O transporte manual de mídias

ainda é muito adotado, principalmente em algumas remessas de dados entre as unidades do

interior e as secretarias municipais. Chamou à atenção que web services, tecnologias atuais

para integração transparente de serviços entre diferentes sistemas, quase não são adotados

pelos sistemas em uso.

Gráfico 2 – Mecanismos de integração em uso na visão dos gestores da região I de Alagoas.

Especificamente, a análise da pesquisa vinculou cada propriedade da complexidade

a pontos positivos ou negativos identificados no campo. Os resultados apontaram que as

propriedades de auto-organização, co-adaptação e fractal atribuíram à integração

informacional dos SIS mais aspectos negativos do que positivos, conforme comentários já

aludidos. A emergência, por sua vez, foi associada positivamente e não foi percebida como

comprometedora da integração dos sistemas, porque traz novas estruturas inovadoras, já a

co-evolução não foi identificada nesta pesquisa. O quadro 28 expõe em síntese os

resultados alcançados pelas análises da tese.

Uso de web services online

Acesso direto às tabelas dos bancos de dados nacionais

Importação e exportação automática de arquivos de dados

Transporte de manual de mídias removíveis (pen drive, CD, DVD e HD externo)

Envio de e-mail com anexos

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162

Conceitos da Complexidade

Integração Informacional Pontos positivos Pontos negativos

Auto-organização

Complementa a informação que transita por enlaces fechados de diversos sistemas

Retenção de informação no meio do ciclo Diminuição do nível de completude e detalhamento das informações ao final da cadeia A retroalimentação de informações potencializa as sobrenotificações Informações sem vínculos não são processadas por toda a cadeia Prazos de competências diferentes nos sistemas acarreta atraso do fluxo

Co-adaptação

Atualiza os sistemas para continuarem compartilhando informação

Aumenta a dependência mútua das informações dos sistemas Maximiza o acoplamento dos sistemas Gera frequentemente versões desalinhadas dos sistemas

Co-evolução Não identificado Não identificado

Emergência

Gera inovação nos processos de integração através de novos sistemas Os sistemas emergentes tratam a informação numa nova perspectiva Moderniza os sistemas já existentes Supre lacunas nas integrações deixadas pelos sistemas oficias

-

Fractal

Implementa o princípio básico de hierarquização do SUS Cria níveis separados para tratamento das informações

Baixa disponibilidade de informação entre os níveis Causa atrasos no tempo de processamento das informações consolidadas Gera informações defasadas nos níveis superiores com relação aos inferiores Atraso na detecção de erros e correções de informações do baixo nível Sobrecarga de informações nos níveis superiores Falhas na transmissão podem acarretar em informações incompletas nos níveis superiores

Quadro 28 – Pontos positivos e negativos atribuídos às propriedades da complexidade com relação à integração informacional dos SIS.

O capítulo seguinte do estudo incube-se de apresentar as conclusões da pesquisa. É

realizada uma síntese dos resultados dos dados coletados e analisados do campo que, em

seguida, são confrontados com os objetivos propostos. Por último, as limitações e os

trabalhos futuros da pesquisa são listados.

Page 163: Tese Marcilio Ferreira UFPE

163

6 Conclusão

A presente tese de doutorado teve como objetivo analisar a integração

informacional dos sistemas de informação em uso no sistema único de saúde (SUS) a partir

da natureza complexa dos seus inter-relacionamentos, valendo-se da teoria da

complexidade.

O estudo foi conduzido da seguinte forma. De início, uma pesquisa documental e

uma distribuição de questionários foram praticados e realizou-se um mapeamento das

inter-relações dos SIS na região I de saúde de Alagoas, que foi o caso estudado.

Posteriormente, numa segunda etapa, adotaram-se as cinco principais propriedades da

teoria da complexidade (auto-organização, emergência, co-evolução, co-adaptação e

fractal) para descrever as relações entre os SIS do ponto de vista informacional. Por último,

buscou-se em entrevistas realizadas com os gestores atuantes na região alagoana, a

possível relação das propriedades supracitadas com o desempenho da integração das

informações do setor saúde.

Este capítulo elenca de forma sintética os principais resultados encontrados no

campo pesquisado, confrontando-os com os objetivos específicos que nortearam a tese.

Além do mais, algumas limitações da pesquisa são apresentadas e trabalhos futuros são

propostos nas duas últimas seções.

6.1 Síntese dos Resultados A região I de saúde de Alagoas contempla a capital Maceió e mais 11 municípios

de médio e pequeno porte próximos geograficamente. Esta região configurou o estudo de

caso da pesquisa, cuja estratégia foi classificada como de caso único com múltiplas

unidades de análise incorporadas, representadas pelos estabelecimentos de saúde locais e

pelas duas esferas de governo (municipal e estadual) onde os SIS encontram-se

implantados nesta região.

A primeira etapa da pesquisa, enfatize-se, encarregou-se de levantar os SIS em uso

na região supracitada através de pesquisa documental (139 documentos) e questionários

(102 respondentes de 82 unidades de saúde), com a finalidade de identificar as inter-

relações estabelecidas entre os sistemas e mapeá-las em redes.

Page 164: Tese Marcilio Ferreira UFPE

164

A partir dos dados foi possível identificar 72 SIS diferentes, que formaram uma

rede densa e bastante interligada com 373 relações estabelecidas entre seus nós. Do total

dos 72 sistemas, 55 emergiram da pesquisa documental e 65 do campo, havendo uma

interseção de 49 SIS entre os dois levantamentos e a emergência de 16 novos SIS

diretamente do campo estudado. Neste total, apenas 3 SIS não se integraram a rede,

ficando isolados dos demais.

Constatou-se que os SIS mapeados são bastante heterogêneos, desenvolvidos em

diferentes plataformas (Clipper, Cobol®, C, Java, Delphi®, Perl e PHP) e usam bancos de

dados tanto proprietários (Firebird, Oracle®) como livres (MySQL, PostgreSQL). Quanto à

disponibilização dos dados dos sistemas, há SIS que somente executam em plataforma

MS-DOS ou Windows® em modo standalone e outros que são voltados para a web.

Contudo, a maioria dos sistemas ainda não está disponível online, o que prejudica a

integração em tempo real da informação entre os SIS.

É importante destacar a grande quantidade de portarias ministeriais sobre os SIS

publicadas pelo Ministério da Saúde. No SUS as portarias têm assumido um papel de

destaque e são os instrumentos pelos quais o MS e o DATASUS expedem atos

administrativos que contêm instruções acerca de procedimentos operacionais e fluxos de

informações.

Segundo os resultados da análise das redes demonstrados no capítulo 5, os sistemas

SISAIH, SIHSUS, SINAN, SIASUS e BPA distinguiram-se dos demais devido aos

maiores graus de centralidade que apresentaram. O SISAIH apareceu como o maior

intermediador e o que mais fornece informação para os demais SIS, tendo em vista a

importância dos registros que gerencia, sobre as internações hospitalares dos pacientes do

SUS, cujo principal difusor para os demais sistemas é o SIHSUS. O sistema SINAN

apresentou-se com o maior grau de entrada da rede, pois agrega informações de toda a área

da vigilância em saúde, que envolve sistemas da vigilância epidemiológica, sanitária,

ambiental, laboratórios etc. Destacou-se ainda a capacidade de intermediação do BPA e o

grau de saída do SIASUS, que são os dois principais sistemas de gestão de procedimentos

ambulatoriais. Desta forma, as medidas desses sistemas os colocaram em posição

privilegiada na rede e na movimentação da informação do SUS.

Foi na segunda etapa da pesquisa que se procurou evidenciar os traços de

complexidade na rede de relações mapeada entre os sistemas de informação do SUS. Para

cada fenômeno complexo, apontou-se uma estrutura de relações e um conjunto de SIS,

aproximando-os das características definidoras de cada conceito complexo.

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165

Sobre a auto-organização, três loops de feedback foram selecionados entre os

sistemas:

• SIHSUS – SISAM – BPA – SISAIH – SISREG – SIHSUS;

• SINAN – SIHSUS – SISAIH – SISCEL – SICLOM;

• SIASUS – SIAB – SISAM - BPA – APAC – SIASUS.

Vistos pelas ocorrências de loops de feedback, característica inerente a sistemas

não-lineares e dinâmicos, foi possível inferir que os ciclos entre os SIS listados acima se

mantêm através de uma auto-organização.

Já para a co-adaptação, reconheceu-se que as duplas de sistemas BPA-SIASUS e

SIHSUS-SISAIH estão altamente acopladas e, portanto, não se adaptam simplesmente

como ajuste às mudanças: se coadaptam. Estes SIS integram o mesmo fluxo de informação

e compartilham informações e propósitos comuns para o processamento das produções

mensais dos hospitais e ambulatórios do SUS. Só não foi possível, nesta perspectiva,

verificar a ocorrência de co-evolução entre os sistemas.

O comportamento emergente foi detectado na esfera estadual, ou seja, no conjunto

dos SIS em uso na secretaria estadual de saúde, a partir dos sistemas SISAM,

ESISHOSPITALAR e PACTOONLINE, que não foram desenvolvidos pelo DATASUS,

mas apoiam frequentemente a gestão estadual do SUS, enfatizando que os SIS emergiram

espontaneamente no nível estadual e caracterizando, assim, a emergência. Os resultados

apontaram que esta propriedade complexa ajudou a criar estruturas inovadoras que

integram o sistema complexo, suprindo as lacunas informacionais deixadas pelos SIS

existentes.

Quanto à propriedade de fractal, percebeu-se que a hierarquização dos serviços de

saúde configura alguns SIS em três níveis diferentes (local, municipal, estadual), repetindo

a mesma estrutura e suas relações com um aspecto de auto-similaridade. Analisaram-se os

fluxos dos sistemas SISPRENATAL, SISCOLO, SISMAMA, SIASUS, SIHSUS, SIHD e

SINAN, pois o DATASUS libera versões desses mesmos SIS para cada esfera de governo.

Observou-se que a fractalidade intrínseca aos SIS sobrecarrega as informações nos níveis

superiores do sistema e gera informações defasadas entre as esferas de governo.

Na terceira etapa ocorreram as treze entrevistas com os onze gestores de saúde da

região estudada. Os relatos apontaram na visão dos gestores pontos positivos e negativos

relacionados às propriedades da complexidade compiladas e à integração das informações

percebida nos sistemas. Em suma, as propriedades de auto-organização, co-adaptação e

fractal, portanto, a maioria delas, atribuíram à integração informacional dos SIS mais

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166

aspectos negativos do que positivos. A emergência, por sua vez, foi associada

positivamente e não foi percebida como comprometedora para a integração dos sistemas

por trazer novas estruturas inovadoras ao sistema complexo.

Constatou-se que a auto-organização possui a capacidade de complementar a

informação à medida que a mesma é transmitida através de cadeias formadas entre os

sistemas. Entretanto, esses mesmos ciclos retêm a informação, diminuem o nível de

completude e detalhamento ao final da cadeia e potencializam as sobrenotificações devido

à retroalimentação das informações. A co-adaptação, a seu turno, aumenta a dependência

mútua das informações, maximiza o acoplamento dos sistemas e gera, frequentemente,

versões desalinhadas dos mesmo sistemas.

Merece destaque a capacidade da propriedade emergente de gerar inovação aos

processos de integração através da introdução de novos sistemas nos níveis superiores,

suprimindo lacunas deixadas pelos sistemas oficias. Já a propriedade complexa sobre a

fractalidade dos sistemas trouxe à tona diversos aspectos negativos para a integração, entre

eles: sobrecarga de informações nos níveis superiores, geração de informações defasadas

nos níveis superiores em relação aos inferiores, possibilidade de atrasos no tempo de

processamento das informações consolidadas e de falhas na transmissão acarretando em

informações incompletas nos níveis superiores.

Face aos resultados, foi possível vislumbrar que a caracterização das inter-relações

dos SIS pode ser fundamentada nas propriedades da complexidade e quando associadas às

percepções dos gestores sobre os mecanismos de integração das informações no SUS,

trazem à tona indicativos de que parte significativa das dificuldades de integração

informacional decorrem da não observância das características relacionadas aos sistemas

complexos mapeados na região I de Alagoas e isto sustenta a tese aqui defendida.

Na seção seguinte os resultados do campo serão confrontados com os objetivos

específicos planejados para a pesquisa.

6.2 Confronto com os Objetivos Ao final das três etapas dessa pesquisa evidencia-se que o objetivo geral da tese,

que é o de mostrar a complexidade das relações dos sistemas de informação no SUS

associando-a a integração informacional na região I de saúde de Alagoas, foi amplamente

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167

atingido. Os objetivos específicos que guiaram cada uma das etapas da pesquisa são

revisitados a seguir.

O objetivo específico de mapear a estrutura das relações estabelecidas entre os

sistemas de informação que compõem o SUS, procedeu-se através de levantamentos dos

sistemas que se encontram implantados nas secretarias municipais e estadual e nos

estabelecimentos de administração direta de saúde da região I. Baseou-se nas necessidades

de trocas e compartilhamento de informação para delinear as relações estabelecidas entre

os SIS, gerando como resultado desse delineamento cinco redes de sistemas

complementares.

A primeira rede procurou captar as integrações identificadas nos documentos

oficiais dos sistemas. Já a segunda e a terceira redes explicitaram as integrações derivadas

diretamente do campo a partir das opiniões dos usuários e técnicos dos sistemas nos níveis

estadual e municipal, o quê resultou numa quarta rede formada pela consolidação dos

sistemas desses dois níveis. A quinta e última rede foi gerada a partir de uma nova

consolidação entre a rede derivada da pesquisa documental e a rede dos níveis estadual e

municipal. Estas redes apresentaram-se suficientemente densas e com elevados graus de

centralização dos nós, tornando-se propícias para a investigação da complexidade dos

sistemas de informação em saúde no SUS.

Para evidenciar as propriedades da complexidade nas relações mapeadas entre os

sistemas de informação do SUS, que foi o segundo objetivo específico, buscou-se uma

aproximação das análises dos principais nós formadores das redes às propriedades da

complexidade. Essa aproximação baseou-se nas características e finalidades de cada SIS e

nas relações que eles estabelecem localmente e entre os níveis da gestão. Ademais, o

enquadramento da complexidade indicou a presença da propriedade da auto-organização

nos ciclos informacionais de alguns conjuntos de SIS. Da mesma forma, a emergência, co-

adaptação e fractal foram descortinadas a partir das relações existentes nas redes dos

sistemas e somente a co-evolução não foi constatada na pesquisa. Destaque especial deve

ser dado à configuração em fractal dos SIS, que devido ao princípio hierárquico do SUS,

mostrou-se em formação de sistemas em níveis, detectados como inferiores, intermediários

e superiores.

O terceiro objetivo específico, que foi o de destacar os mecanismos de integração

de informação dos sistemas, buscou identificar as tecnologias de integração adotadas pelos

SIS. Constatou-se diversos meios de integração, como e-mail, uso de mídias removíveis,

importação e exportação de arquivos, acesso direto aos bancos de dados nacionais, entre

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168

outros. Contudo, percebeu-se a precariedade tecnológica desses mecanismos, que

combinados com a complexidade das relações dos SIS, só ajudam a potencializar a

ineficiência no compartilhamento de informações no SUS.

O quarto objetivo específico foi analisar a integração informacional entre os

sistemas de informação no SUS pela ótica da complexidade. Deste modo, identificou-se

que três, das quatro propriedades da complexidade, comprometeram ao seu modo o

intercâmbio de informação no SUS. Verificou-se que a auto-organização tende a diminuir

o nível de completude e detalhamento da informação que é integrada ao final da cadeia de

sistemas. Já a co-adaptação cria uma dependência elevada das informações compartilhadas

entre os sistemas. Por sua vez, a organização dos sistemas em fractais gera informações

defasadas porque, distancia os SIS dos níveis mais superiores daqueles dos níveis

inferiores, o que pode gerar informações incompletas à medida que as mesmas são

consolidadas nível por nível, de baixo para cima.

É importante mencionar que a ideia defendida na tese, de que as inter-relações dos

sistemas poderiam comprometer a integração informacional no SUS pela desarticulação

oriunda da complexidade das relações, foi validada no caso pesquisado.

Decerto, os resultados discutidos constataram que há influências comprometedoras

das propriedades dos sistemas de informação complexos nos processos de integrações

informacionais. Mesmo com a indicação favorável de que a emergência de novos sistemas

na estrutura de integrações existentes é um processo criativo e inovador para o sistema

como um todo, se quer crer que a não-linearidade das relações aliada a grande quantidade

de subsistemas heterogêneos organizados em escalas auto-similares causam, de fato,

comportamentos desorganizadores no SIC representado pelos SIS, que são percebidos nos

sistemas do SUS, a partir da informação ineficiente com que os gestores de saúde têm que

lidar no seu dia-a-dia.

É possível, então, apontar alguns direcionamentos na tentativa de melhorar a

integração dos SIS no caso estudado, tendo em vista a presença inerente das propriedades

complexas dos mesmos:

• unificação dos sistemas: há um uso exagerado no número de diferentes soluções

adotadas para gerenciar as informações. Muitos SIS realizam a mesma tarefa e

lidam com informações idênticas;

• padronização das informações: cada sistema possui seu próprio modelo de dados

que muitas vezes não são compatíveis entre si, o que dificulta o intercâmbio da

informação;

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169

• atualização do parque tecnológico: necessidade de mais investimentos em redes

de transmissão de dados de alta velocidade e interiorização das TIC para

aumentar o alcance de toda a rede de assistência de saúde da região;

Enfim, é presumível indicar também que, além dos direcionamentos expostos

acima, os gestores e os acadêmicos que lidam com o SUS intensifiquem as iniciativas de

tratar as integrações de informação do setor à luz da complexidade, tendo em vista os

efeitos negativos imputados à mesma por esta pesquisa.

Diante dos resultados apresentados, a presente pesquisa conjectura pelo alcance de

seus objetivos de analisar a característica complexa dos sistemas e associar-lhe pontos

positivos e negativos à integração informacional dos SIS a partir da lente teórica adotada.

Todavia, qualquer pesquisa apresenta restrições que devem ser consideradas pelo

pesquisador na condução do processo científico e, por isso, algumas limitações do estudo

são apresentadas na seção seguinte.

6.3 Limitações da Pesquisa A presente pesquisa apresenta alguns aspectos referentes às suas limitações que

devem ser mencionados.

O mapeamento das redes dos sistemas nesta pesquisa não foi projetado para ser um

estudo longitudinal. Desta forma, não foi possível avaliar a evolução das estruturas dos

sistemas no decorrer da institucionalização do campo do SUS, uma vez que os sistemas

podem mudar suas conexões por meio de processos de recombinação das relações, por

exemplo. A recombinação corresponderia a novas associações feitas pelos subsistemas,

mas que repercutiriam no âmbito do sistema global. Assim, as relações mapeadas são

condizentes apenas ao tempo em que esta tese foi realizada, já que novos sistemas podem

surgir no SUS e outros podem cair em desuso ou ainda terem suas relações alteradas

devido à novas necessidades informacionais do setor.

Outro fator limitante foi a ausência de entrevistas na esfera federal. Por restrições

de tempo, não foram colhidas as percepções dos gestores lotados nos órgãos federais, tais

como o Ministério da Saúde e o DATASUS em Brasília-DF. A experiência desses gestores

federais no uso e desenvolvimento de SIS poderia ter colocado os resultados dessa

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170

pesquisa em outro patamar, já que quase toda a normatização e documentação dos sistemas

do SUS advêm desses órgãos centrais.

As aproximações dos resultados das análises das redes dos SIS aos conceitos

fornecidos pela teoria da complexidade, apresentados no estudo através de um

enquadramento, é outra limitação apresentada na pesquisa, pois as inferências ficaram a

cargo única e exclusivamente do ponto de vista do pesquisador, o que pode trazer alta

carga de subjetividade, que inegavelmente é inerente ao processo de pesquisa.

Mais um fator limitante é a impossibilidade de generalização dos resultados da

pesquisa por ser um estudo circunscrito, no qual os dados se originaram de uma região de

saúde particular no contexto do estado de Alagoas, que engloba a capital Maceió, e não

podem ser generalizados em sua plenitude para outras regiões de saúde de outros estados

brasileiros ou até mesmo do próprio estado de Alagoas, embora haja indicações de que as

dificuldades de integração do SUS ocorrem em todo o país.

6.4 Trabalhos Futuros

Espera-se que os resultados obtidos nesta pesquisa incentivem a comunidade de SI

brasileira a explorar as potencialidades da teoria da complexidade em seus estudos, já que

a mesma se apresentou como uma ferramenta analítica promissora e reveladora de

fenômenos cada vez mais comuns de uma sociedade em rede, como os estudados nesta

tese.

Nesta esteira, constatou-se que no escopo das análises teórico-conceituais, em

alguns estudos nas ciências administrativas, já existem tentativas de transpor os conceitos

da teoria da complexidade (ANDERSON, 1999; SERVA; DIAS; ALPERSTEDT, 2010)

para analisar, por exemplo, a inovação (FONSECA, 2001), mudança (OLSON; EOYANG,

2001), aprendizagem organizacional (DEMO, 2002), liderança (GRIFFIN, 2002) e

estrutura (MCMILLAM, 2002). Estima-se que na área de administração da informação

haja também mais espaço para aplicação dos conceitos de complexidade.

Para a gestão do SUS, que sofre historicamente de problemas relacionados à

qualidade da informação em saúde que é produzida pelos sistemas, acredita-se que os

apontamentos sobre a influência da complexidade dos mesmos sob a integração da

informação, possam ser apreciados e ajudem a minimizar gargalos e dificuldades

processuais e tecnológicas que envolvem os processos de disseminação e uso dos dados.

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Vendo isso posto e a partir dos resultados empíricos analisados anteriormente,

pode-se listar uma série de caminhos de pesquisa que poderiam redundar em melhorias

metodológicas, detalhados a seguir:

• Modelar diagramas de estoque e fluxos da dinâmica de sistemas (DS) para

executar simulações computacionais da complexidade mapeada dos sistemas de

informação em saúde do SUS, incorporando métodos quantitativos e não apenas

qualitativos acerca do emprego da complexidade;

• Reaplicar os instrumentos de coleta em outras regiões de saúde de Alagoas ou,

até mesmo, em outros estados brasileiros para estudar realidades e contextos

diferentes de integração de SIS;

• Estudar a dinâmica dos relacionamentos entre os SIS em uma perspectiva

longitudinal. A perspectiva temporal da análise longitudinal possibilitaria mais

proximidade da dinâmica dos relacionamentos entre os sistemas do SUS,

permitindo verificar tanto a influência dos relacionamentos anteriores na

estrutura de relacionamento atual, como as tendências de relacionamento no

decorrer do tempo;

• Estudar mais a fundo como as informações que circulam entre os SIS são

representadas, formatadas e traduzidas pelos sistemas durante os mecanismos de

integração;

• Elaborar um framework ou um instrumento analítico genérico, baseado nas

propriedades da complexidade e nas possibilidades de intervenções delas nos

mecanismos de integração informacional, que pudesse ser aplicado em outros

setores que possuem indícios de serem igualmente formados por sistemas de

informação complexos, tal como o sistema de educação brasileiro.

Acredita-se, ainda, que a pesquisa tenha contribuído com um novo olhar acerca da

temática da integração de sistemas de informação, ao considerar a complexidade que

emerge dos inter-relacionamentos estabelecidos entre os sistemas. Assim, uma nova

categoria de SI, denominada sistema de informação complexo (SIC), foi posta em

evidência por esta tese, com a expectativa de que novos estudos surjam e que esse

fenômeno esteja mais presente nas agendas científicas brasileiras em um mundo e

sociedade cada vez mais interconectados e dinâmicos.

Finalmente, pesquisar é ter em mente que aquilo que se pode fazer é contextual e

estará, de fato, sempre inconcluso aos olhares da sociedade acadêmica. Ter força para

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172

sustentar um argumento de pesquisa, no entanto, é ousar ao já estabelecido, informando ao

futuro que as visões devem sempre se complementar ou se suplementar, mas tal qual a

clave, cada instância de pesquisa, dada por concluída, cumpriu com os seus timbres, o seu

sonar sobre o mundo do conhecimento. Mas, até para parte do universo, os timbres não

calam, só ressoam, e se este timbre aqui for fruto de inspiração para outros adágios, terá

cumprido seu desígnio.

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TURBAN, E.; VOLONINO, L. Information Technology for Management. 7. ed. New York: John Wiley & Sons, 2009.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

______., S. C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005.

VERNADAT, F. B. Enterprise modelling and integration: principles and applications. London: Chapman & Hall, 1996.

VIACAVA, F. Informações em saúde: a importância dos inquéritos populacionais. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 607-621, 2002.

VIANNA, A. L. D.; DALPOZ, M. R. A reforma do sistema de saúde no Brasil e o Programa de Saúde da Família. PHYSIS: Revista de Saúde Coletiva, 8(2):11-48, 1998.

VIEIRA, M. M. F.; CARVALHO, C. A. P. Sobre organizações, instituições e poder. In: VIEIRA, M. M. F.; CARVALHO, C. A. P. (Orgs.) Organizações, Instituições e Poder no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

WAGNER, C. S.; LEYDESDORFF, L. Network Structure, Self-Organization and the Growth of International Collaboration in Science. Research Policy, v. 34, n. 10, p. 1608-1618, 2005.

WALSHAM, G. Interpreting Information Systems In Organizations. Chichester, UK: John Wiley & Sons, 1993.

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XIA, W.; LEE, G. Complexity of Information Systems Development Projects: Conceptualization and Measurement Development. Journal of Management Information Systems, v. 22, Issue 1, 2005.

YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 3 ed. Artmed Editora S/A: Porto Alegre, 2003.

ZUBOFF, S. In the Age of the Smart Machine: The Future of Work and Power. New York: Basic Books, 1988.

Page 191: Tese Marcilio Ferreira UFPE

191

Apêndice A

Grade de Registro da Pesquisa documental

Nome do documento Tipo do documento Ano Órgão que elaborou Nível ou esfera Municipal Estadual Federal

Propósito do documento

Área do SUS

o Atenção à Saúde o Vigilância em Saúde o Regulação, Controle e Avaliação em Saúde o Gestão e Participação Social

Descrição dos SI´s citados no documento

Descrição da tecnologia adotada pelos SI´s, quando documento técnico

Matriz das relações entre os SI´s explicitadas no documento

SI / SI relacionado

Transcrições de textos definidores sobre os SI´s e suas relações

Comentários do pesquisador

Page 192: Tese Marcilio Ferreira UFPE

192

Apêndice B

Questionário de Pesquisa Científica

Este questionário faz parte da pesquisa de tese de doutorado sobre complexidade e integração da informação entre sistemas do SUS, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco (PROPAD/UFPE) e apoiada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Sistemas de Informação (NEPSI). Vale salientar que as informações obtidas por meio deste questionário serão utilizadas exclusivamente para fins acadêmicos. Seus resultados serão disponibilizados diretamente aos respondentes que se identificarem e indiretamente via publicações acadêmicas. Em caso de dúvida enviar e-mail para [email protected].

Sua participação é muito importante. Agradecemos antecipadamente! I – PERFIL DO RESPONDENTE E DA INSTITUIÇÃO Identificação da instituição:_______________________________________________ Município:_____________________________________________________________ Setor ou departamento:___________________________________________________ Cargo/Função do respondente:_____________________________________________ E-mail de contato (opcional):_______________________________________________ 1. Tipo de estabelecimento: ( ) Secretaria de Saúde ( ) Ambulatório de Especialidade ( ) Centro de Apoio a Saúde da Família ( ) Central de Regulação de Serviços de Saúde ( ) Centro de Saúde / Unidade Básica ( ) Hospital Geral ( ) Laboratório Central de Saúde ( ) Posto de Saúde ( ) Unidade Mista ( ) Unidade de Vigilância em Saúde ( ) Outro. Especificar:_______________________________________ 2. Esfera administrativa: ( ) Municipal ( ) Estadual ( ) Federal ( ) Mista (Municipal e Estadual)

Page 193: Tese Marcilio Ferreira UFPE

193

II – IDENTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM USO 3. Na tabela a seguir, assinale com um X APENAS os sistemas de informação em saúde (DATASUS, Próprios ou Terceirizados) que são utilizados pela sua instituição, especificando seu grau de utilização conforme a escala apresentada.

Área Sigla do sistema Grau de utilização do sistema pela instituição

1 Pouco

2 Regular

3 Suficiente

4 Muito

Sistemas de Informação em Saúde DATASUS

Gestão Administrativa

e Financeira

SARGSUS SIFAB SGIF SISPACTO SIOPS SISGERF

Atenção à Saúde

APAC BLHWEB BPA CIHA CADSUS CID-10 CNES GIL HIPERDIA HEMOVIDA HOSPUB SIAB SI-PNI SISCOLO SISMAMA SISPRENATAL SIGTAP SIASUS SISAIH SIHD SIHSUS

Regulação

CNRAC SNT-ORGÃOS SNT-TECIDOS SIPNASS SISREG

Vigilância em Saúde

MONITORCIEVS SISAGUA SINAN SIM SINASC

Outros Sistemas de Informação em Saúde PRÓPRIOS ou de TERCEIROS

- Outro: Outro:

Page 194: Tese Marcilio Ferreira UFPE

194

4. Identifique no quadro abaixo as relações que você percebe entre os sistemas. Preencha a coluna da direita com os números correspondentes de cada sistema para indicar as relações entre eles.

Área Nº Sigla do Sistema NÚMERO(s) do(s) sistema(s) que se

relaciona(m)?

Gestão Administrativa e

Financeira

1. SARGSUS 2. SIFAB 3. SGIF 4. SISPACTO 5. SIOPS 6. SISGERF

Atenção à Saúde

7. APAC 8. BLHWEB 9. BPA 10. CIHA 11. CADSUS 12. CID-10 13. CNES 14. GIL 15. HIPERDIA 16. HEMOVIDA 17. HOSPUB 18. SIAB 19. SI-PNI 20. SISCOLO 21. SISMAMA 22. SISPRENATAL 23. SIGTAP 24. SIASUS 25. SISAIH 26. SIHD 27. SIHSUS

Regulação

28. CNRAC 29. SNT-ORGÃOS 30. SNT-TECIDOS 31. SIPNASS 32. SISREG

Vigilância em Saúde

33. MONITORCIEVS 34. SISAGUA 35. SINAN 36. SIM 37. SINASC

Outros

38. Outro: 39. Outro: 40. Outro: 41. Outro: 42. Outro:

Page 195: Tese Marcilio Ferreira UFPE

195

III –INTEGRAÇÃO INFORMACIONAL ENTRE OS SISTEMAS 5. Ao ler as afirmativas seguintes, utilize a escala abaixo, assinalando com um X a alternativa que melhor corresponde à realidade da sua instituição quanto à integração da informação entre os sistemas de saúde utilizados. 1 - Discordo Totalmente

2 - Discordo

3 - Não concordo nem discordo

4 - Concordo

5 – Concordo Totalmente

6 – Não sabe informar

Afirmações 1 2 3 4 5 6

A instituição precisa recorrer a diferentes e variados sistemas de informação em saúde para conseguir a informação de que necessita

A falta de relacionamento entre as informações disponibilizadas nos sistemas compromete a gestão e não subsidia as análises e decisões sobre a situação de saúde

O fluxo da informação estabelecido entre os sistemas segue procedimentos ou normas pré-definidas pelo Ministério

A instituição busca soluções de sistemas de terceiros quando os sistemas do DATASUS não atendem as demandas da gestão por informação

Os sistemas de saúde adquiridos de terceiros são implantados por pressões políticas ao invés de necessidades técnicas

Os sistemas do SUS são implantados na instituição apenas para cumprir determinações legais de uso do Ministério e Secretarias de Saúde

Como cada sistema atende a uma esfera de governo, a falta de articulação entre os sistemas não prejudica a geração de informação para a gestão

A atualização dos sistemas pelo DATASUS segue as demandas por melhorias na gestão da informação e dos serviços de saúde

À medida que atualizações dos sistemas de informação são disponibilizadas, os sistemas existentes são adaptados para se comunicarem com os mais atuais

As informações dos sistemas publicadas pelo Ministério da Saúde são alinhadas com as informações produzidas localmente nos sistemas de informação da instituição

As informações fornecidas pelos sistemas são consistentes e publicadas em tempo hábil para os gestores

A produção dos dados gerados pelas unidades de saúde deixa de ser cadastrada nos sistemas pela falta de pessoal capacitado

Page 196: Tese Marcilio Ferreira UFPE

196

Apêndice C

Roteiro da Entrevista Focada

Informações sobre a sessão Data da realização: Local: Hora de início: h Hora de término: h Tempo de duração: Entrevistado: Cargo/Função: Forma de registro: ( ) Gravação Completa ( ) Gravação Parcial ( ) Anotações

Questões norteadoras

1. Sobre o fluxo da informação entre os sistemas de informação em saúde.

Fluxos circulares dos sistemas

Os fluxos indicados são condizentes com a realidade vivenciada por você? Por que?

Quais os pontos positivos para integração da

informação entre os sistemas?

E quais os pontos negativos frente à circularidade da informação entre

os sistemas? SIHSUS/SISAM/BPA/SISAIH/ SISREG/SIHSUS

SINAN/SIHSUS/SISAIH/ SISCEL/SICLOM/SINAN

SIASUS/SIAB/SISAM/BPA/ APAC/SIASUS

2. Existe relação entre as informações dos sistemas abaixo? Esses sistemas se complementam de alguma forma? Como você descreveria a integração da informação entre eles? - SIASUS e BPA - SIHSUS e SISAIH 3. Qual a necessidade do surgimento de sistemas que não foram desenvolvidos pelo DATASUS a partir dos que já são utilizados normalmente? O surgimento desses novos sistemas, tais como SISAM, PACTOONLINE e ESISHOSPITALAR, acarreta positiva ou negativamente na integração da informação? 4. Nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal) alguns sistemas possuem versões idênticas em cada uma das esferas, tais como SISPRENATAL, SISCOLO, SISMAMA, SIASUS, SIHSUS, SIHD e SINAN. Como você visualiza a integração da informação entre as esferas de governo a partir do momento que existem sistemas similares e repetidos em cada uma delas? 5. Quais os principais mecanismos ou meios de integração da informação entre os sistemas do SUS? 6. Além do que você já comentou, teria alguma sugestão a acrescentar sobre a integração da informação dos sistemas no âmbito da saúde pública?

Page 197: Tese Marcilio Ferreira UFPE

197

Apêndice D

Os 72 Sistemas de Informação em Saúde mapeados na região I de Alagoas

Sigla do SI Descrição Plataforma Tecnológica

Abrangência

APAC

Sistema de Autorização de Procedimento de Alta

Complexidade utilizado mensalmente pelas unidades

Prestadoras de serviços

Linguagem Clipper 5.2 Municipal, Estadual

BLHWEB Sistema de gerenciamento e produção de bancos de leite

humano

Linguagem: PHP Banco de Dados:

MySQL

Federal, Estadual e Municipal

BOLSAFAMILIA

Sistema de Acompanhamento às famílias beneficiadas pelo

programa homônimo

Linguagem: ASP, HTML e Javascript Banco de Dados:

Oracle®

Federal, Municipal, Estadual

BPA

Transcrição dos quantitativos dos atendimentos prestados nos

ambulatórios

Linguagem Clipper 5.2 Municipal, Estadual

CADSUS Cadastramento de Usuários do SUS

e geração do Cartão Nacional de Saúde

Linguagem: Java Banco de Dados:

PostgreSQL

Federal, Estadual e Municipal

CID10 Classificação Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

- Federal, Estadual e Municipal

CIHA

Comunicação de Informação Hospitalar e Ambulatorial foi criada

para ampliar o processo de planejamento, programação,

controle , avaliação e regulação da assistência a saúde

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Federal, Estadual, Municipal

CNES

Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde é a base operacional e gerencial dos dados

de estabelecimentos e de profissionais da saúde do SUS

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Federal, Estadual e Municipal

CNRAC

Sistema Regulador do fluxo da referência interestadual de

pacientes que necessitam de assistência hospitalar de alta

complexidade

Linguagem Java

Federal, Estadual, Municipal

DISTMUN

Gestão da Distribuição de Faixas de AIH

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

EPIINFO Programa de domínio público para os Centros de Prevenção e Controle

de Doenças

Microsoft Access® Unidades de Saúde

ESISHOSPITALAR Gestão hospitalar, Controle de

leitos e Internações Linguagem Java Banco de Dados:

PostgreSQL

Estadual, Unidades de

Saúde ESISPHARMACIA Gestão de Dispensação de Linguagem Java Estadual,

Page 198: Tese Marcilio Ferreira UFPE

198

Medicamentos Banco de Dados: PostgreSQL

Unidades de Saúde

FPO

Programa que possibilita registrar a Programação Orçamentária da

Unidade seguindo as Cotas Financeiras encontradas na PPI.

Linguagem Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

GAL

Gerenciador de Ambiente Laboratorial que apóia às atividades dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs), aprimorando a

qualidade das informações dos exames.

Linguagem: PHP 5.0 Banco de Dados:

PostgreSQL

Federal, Estadual

GIL

Gerenciador de Informações Locais (GIL) desenvolvido com o

intuito de otimizar e integrar os sistemas ofertados e implantados

pelo MS

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Unidades de Saúde

HEMOVIDA

Sistemas de Gerenciamento em Serviços de Hemoterapia que controla o ciclo de doação de

sangue.

Linguagem: Delphi® Banco de Dados: MS

SQL Server®

Federal, Estadual e Municipal

HIPERDIA Cadastramento e acompanhamento

de portadores de hipertensão arterial e diabetes mellitus

Linguagem: Delphi® Banco de dados:

Interbase, Oracle®

Federal e Municipal

HORUS

Permite o registro de todas as entradas, saídas e fluxo de produtos

de medicamentos e nos almoxarifados/Central de

Abastecimento Farmacêutico e nas Farmácias/Unidades de Saúde.

Linguagem: Java Banco de Dados:

Oracle®

Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

HOSPUB Sistema Integrado de Informação de

Ambiente Hospitalar Linguagem: OPUS Banco de Dados:

Open-Base

Federal, Estadual e Municipal

LIRAA Programa de Controle de Endemias para levantamento rápido do Índice

de Infestação de Aedes aegypti

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual

MDDA Monitoramento das Doenças

Diarréicas Agudas, Indicativo de Mortalidade por diarreia

Linguagem Delphi® Banco de Dados:

Oracle®

Estadual, Municipal

MONITORCIEVS Informações Estratégicas em

Vigilância em Saúde sobre Surtos Linguagem: Delphi®

Banco de Dados: Firebird

Estadual

NOTIFICAAL Controle de Notificação das

Paralelas Negativas para sarampo, tétano, rubéola e PFA

Linguagem: PHP Banco de Dados:

MySQL

Estadual

PACTOONLINE Monitoramento Online dos

Indicadores de Saúde. Linguagem: PHP Banco de Dados:

MySQL

Estadual

PLANEJAMENTO Programação Anual de Saúde

(PAS) online para Monitoramento e Avaliação das Ações de Saúde

Linguagem: PHP Banco de Dados:

PostgreSQL

Estadual

SARGSUS Apoio para Construção do Relatório

de Gestão Linguagem Java Banco de Dados:

Oracle®

Federal e Estadual

SCTF

Sistema de Controle de AIH Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SGIF Sistema de Gestão de Informações

Financeiras do SUS Linguagem: Delphi®

Banco de Dados: Estadual e Municipal

Page 199: Tese Marcilio Ferreira UFPE

199

Firebird

SIASUS

Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS para

gerencias o atendimento ao cidadão pelas unidades ambulatoriais

credenciadas

Linguagem: Clipper 5.2

Federal, Estadual e Municipal

SIAB

Sistema de Informação da Atenção Básica que acompanha as ações e

os resultados das atividades realizadas pelas equipes do

Programa Saúde da Família (PSF)

Linguagem: Clipper Banco de Dados:

Dbase

Federal, Estadual e Municipal

SIAEX

Controle das Produções Ambulatoriais

Linguagem Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SIASI Sistema de Informações da Atenção

a Saúde Indígena - Federal

SICLOM Sistema de Controle Logístico de

Medicamentos Linguagem Java Federal, Estadual

e Municipal

SICLUS Controle de Amostras Ambientais e

Laboratoriais Linguagem: PHP Banco de Dados:

MySQL

Estadual

SIFAB Sistema de Acompanhamento de

Recursos do Incentivo à Assistência Farmacêutica Básica

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Federal

SIGTAP Sistema de Gerenciamento da

Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS

Linguagem: Java Banco de Dados:

Oracle®

Municipal, Estadual

SIHSUS Sistema de Informação para Gestão de Morbidade e Custeio da Atenção

Hospitalar

Linguagem: Cobol Federal, Estadual e Municipal

SIHD

Sistema de Infomação Hospitalar Descentralizado para controle e cálculo dos valores brutos dos

atendimentos prestados ao cidadão durante seu período de internação.

Linguagem: Delphi 5® Banco de Dados:

Firebird

Federal, Estadual e Municipal

SIM

Sistemas de Informações sobre Mortalidade que registra dados da

Declaração de Óbito

Linguagem: Delphi®, ASP®

Banco de dados: PostgreSQL,

Interbase®, FireBird, Oracle®

Federal, Estadual, Regional e Municipal

SINAN Acompanhamento dos Agravos sob

Notificação, Surtos, Epidemias - Municipal

SINASC

Sistemas de Informações sobre Nascidos Vivos que monitora os nascimentos e saúde da criança

Linguagem: Delphi®, ASP®

Banco de dados: PostgreSQL,

Interbase®, FireBird, Oracle®

Federal, Estadual, Regional e Municipal

SINAVISA

Sistema para dotar a Vigilância Sanitária de ferramenta gerencial

capaz de agilizar registros, análises e auxiliar no planejamento,

monitoramento e execução das ações de prevenção de riscos à

saúde.

Linguagem: ASP® Federal

SINITOX Sistema Nacional de Informações

Tóxico Farmacológicas - Federal

Page 200: Tese Marcilio Ferreira UFPE

200

SIOPS

Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde que apura as receitas totais e os gastos em ações e serviços públicos de

saúde

Linguagem: Delphi®.

Banco de dados: Oracle®

Estadual e Municipal

SIPNASS Programa Nacional de Avaliação

dos Serviços de Saúde Linguagem Java Federal

SIPNI

Sistema para Avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do

registro dos imunos aplicados e do quantitativo populacional vacinado

- Federal, Estadual e Municipal

SISAGUA

Vigilância da Qualidade da Água para consumo humano

Linguagem Java Banco de Dados:

Oracle®

Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SISAIH

Sistema descentralizado utilizado mensalmente pelas Unidades

Hospitalares para transcrição dos dados das Autorizações de

Internações Hospitalares (AIH)

Linguagem: Clipper 5.2

Municipal e Estadual

SISAM

Controle da Produção Ambulatorial Estadual

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SISCEL

Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de

Contagem de Linfócitos CD4+/CD8+ e Carga Viral

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

Firebird

Federal, Estadual, Municipal

SISCOLO

Sistema de Informação de Câncer do Colo do Útero alimentado com dados do DATASUS e Instituto

Nacional do Câncer – INCA

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

FireBird

Federal, Estadual e Municipal

SISFAD Sistema de informações de Febre

Amarela e Dengue. Linguagem: Delphi®

Banco de Dados: FireBird

Federal, Estadual, Municipal

SISGERF Sistema de Gerenciamento

Financeiro Linguagem: Delphi® Federal, Estadual

SISLOC Sistema de Localidades Linguagem: Delphi® Federal, Estadual,

Municipal

SISMAC Sistema de Controle de Limite

Financeiro da Média e Alta Complexidade

Linguagem: PHP Banco de Dados:

MySQL

Federal, Estadual, Municipal

SISMAMA

Sistema de Informação do Câncer de Mama alimentado com dados

do- DATASUS e Instituto Nacional do Câncer – INCA.

Linguagem: Delphi® Banco de Dados:

FireBird

Federal, Estadual e Municipal

SISMEDEX Programa do Componente

Especializado da Assistência Farmacêutica

- Federal

SISPACTO

Sistema de Pactuação que serve como um instrumento formal de

negociação entre gestores das três instâncias do governo em relação às

metas a serem alcançadas

Linguagem: ASP® Banco de dados:

Oracle®

Federal, Estadual, Regional e Municipal

SISPCE Programa de Controle da

Esquistossomose - Federal, Estadual,

Municipal

SISPCP Sistema Integrado de Suporte ao

Planejamento e Controle da Produção

- Federal, Estadual, Municipal

Page 201: Tese Marcilio Ferreira UFPE

201

SISPPI

Sistema de Programação Pactuada e Integrada que registra dados de

programação assistencial realizada pelos estados e municípios de

acordo com as diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde

Linguagem: Delphi® e Java

Banco de Dados: PostgreSQL e Oracle®

Federal, Estadual

e Municipal

SISPRENATAL

Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento que visa reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade

materna, perinatal e neonatal.

Linguagem: Delphi 5.0®

Banco de Dados: Paradox®

Federal, Estadual, Municipal e

Ambulatorial

SISREG

Sistema de Regulação que visa o gerenciamento e operação das

Centrais de Regulação.

Linguagem: C, PERL Banco de Dados:

PostgreSQL

Federal, Estadual e Municipal

SISSOLO Sistema de Informação de

Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas Contaminadas

Linguagem: ASP® Federal, Estadual e Municipal

SISVAN

Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional que acompanha as condições de

nutrição e alimentação de toda a população

Linguagem: Delphi®, ASP®.

Banco de dados: Interbase®, Oracle®

Federal, Estadual e Municipal

SIVEP

Sistema de Vigilância Epidemiológica

Linguagem: ASP®, Delphi®

Banco de dados: Oracle®, Interbase

Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SMART

Sistema de Vigilância Epidemiológica

Linguagem: ASP® e Delphi®

Banco de dados: Oracle®, Interbase

Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SNTORGAOS

Sistema Nacional de Transplante de Órgãos

- Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SNTTECIDOS

Sistema Nacional de Transplante de Tecidos

Linguagem: Java/JSF Federal, Estadual, Municipal e Unidades de

Saúde

SOFTLAB Ferramenta de Automação para

Laboratórios de Análises Clínicas, desenvolvido por terceiros.

Banco de dados: Oracle®, SQL-Server®

Unidades de Saúde

SRSAMU

Sistema de Registro e Acompanhamento das ocorrências de atendimentos efetuadas pelas

equipes de profissionais das Centrais de Atendimento 192

Linguagem: .NET 1.1® Banco de Dados: SQL

SERVER®

Unidades de Saúde

Page 202: Tese Marcilio Ferreira UFPE

202

Apêndice E

As 82 Unidades de Saúde da Amostra do Estudo de Caso e seus respectivos Códigos do CNES

2719991 FARMACIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS 2009900 CLINICA INFANTIL DE AL DRA DAISY BREDA 2720094 MODULO ODONTOLOGICO R MARINHO 2793997 UNIDADE DE TFD INTERESTADUAL 2003899 HEMOCENTRO DE ALAGOAS HEMOAL 2008742 MINI PRONTO SOCORRO DENILMA BULHOES 2008785 MINI PRONTO SOCORRO DRJOAO FIREMAN 2720043 HOSPITAL GERAL PROF IB GATTO FALCAO 2006510 HOSPITAL GERAL DO ESTADO DR OSVALDO BRANDAO VILELA 2008750 MINI PRONTO SOCORRO ASSIS CHATEAUBRIAND 2009730 CENTRO DE REFERENCIA ESTADUAL SAUDE DO TRABALHADOR 3460037 AMBULATORIO 24 HORAS NOELIA LESSA 2009846 I CENTRO DE SAUDE DR AUGUSTO DIAS CARDOSO 2009129 LABORATORIO DE SAUDE PUBLICA LACEN 2008769 MINI PRONTO SOCORRO DOM MIGUEL FENELON CAMARA 2719576 CENTRO DE SAUDE DR DIOGENES JUCA BERNARDES II CENTRO 2722437 UNIDADE SAMU MOVEL I 2794004 UNIDADE SAMU MOVEL II 5582016 SECRETARIA DE ESTADO DE SAUDE DE ALAGOAS 2009250 MATERNIDADE ESCOLA SANTA MONICA 2003368 HOSPITAL PORTUGAL RAMALHO 5491207 VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA DE MACEIO 6287913 CEREST REGIONAL MACEIO 5690323 UNIDADE DE SAUDE JOAO PAULO II 5509572 LACLIM LABORATORIO DE ANALISES CLINICAS DE MACEIO 5704111 CEO II RAFAEL DE MATOS SILVA 5372259 FARMACIA POPULAR DO BRASIL 5408989 CORA MACEIO AL COMPLEXO DE REGULACAO DE SERVICOS 6481132 UNIDADE DE SAUDE DR JOAO MACARIO DE OMENA FILHO 2005735 UNIDADE BASICA DE SAUDE GRACILIANO RAMOS 2005786 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA ROSANE COLLOR 2005808 UNIDADE DO PSF VALE DO PITANGUINHA 2005824 UNIDADE DE SAUDE VILAGE CAMPESTRE 5251990 LABORATORIO DE DIAGNOSTICO PESQUISAS E CONTROLE 3741141 UNIDADE DE SAUDE DR HELVIO AUTO 2006170 CAPS NORACI PEDROSACENTO DE ATENCAO PSICOSSOCIAL 2005891 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA SITIO SAO JORGE 2005557 CENTRO DE SAUDE TEREZA BARBOSA 2005573 PAM BEBEDOURO PREFEITURA MUNICIPAL DE MACEIO 2005603 CENTRO DE SAUDE DA PITAGUINHA 2009781 MODULO ODONTOLOGICO RUI PALMEIRA 2009811 PAM DIQUE ESTRADA

Page 203: Tese Marcilio Ferreira UFPE

203

2005549 UNIDADE DE SAUDE DR CLAUDIO MEDEIROS 2005565 CENTRO DE SAUDE DJALMA LOUREIRO 2005581 CENTRO DE SAUDE SAO VICENTE DE PAULA PINHEIRO 2005611 CENTRO DE SAUDE WALDOMIRO ALENCAR 2005654 CENTRO DE SAUDE DO FEITOSA CS PAULO LEAL 3413659 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA VILA REDENCAO BOLAO 5194830 CAPS II DR ROSTAND SILVESTRE 2009625 CASA MATERNAL DENILMA BULHOES 2009706 CENTRO DE SAUDE DO REGINALDO 2003317 UNIDADE DE SAUDE DENISSON MENEZES 2009803 PAM SALGADINHO 2009722 CENTRO DE SAUDE OSWALDO B VILELA 2005913 UNIDADE DE SAUDE DO PROG DA FAMILIA JOAO SAMPAIO 2009773 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE MACEIO 2004577 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE BARRA DE SAO MIGUEL 6427804 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE BARRA DE S ANTONIO 2720108 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE COQUEIRO SECO 6398316 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE FLEXEIRAS 3590755 CAPS MARIA CELIA DE ARAUJO SARMENTO 3738553 CASA DE SAUDE E MATERNIDADE IMACULADA CONCEICAO 2007797 CENTRO DE SAUDE PROFESSOR ESTACIO LIMA 2007908 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE MARECHAL DEODORO 2007835 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA BARRA NOVA 3028747 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA BARRO VERMELHO 3692817 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA DA VILA ALTINA 2007800 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA DE MALHADAS 2007843 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA MASSAGUEIRA 2007878 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA PEDRAS 3028739 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA POEIRA 2007886 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA RUA DA ESTIVA 5992516 UNIDADE DE SAUDE DA FAMILIA RUA NOVA MASSAGUEIRA II 7042655 USB MARECHAL DEODORO 2007827 POSTO DE SAUDE SACO 6386768 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE MESSIAS 2722267 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE PARIPUEIRA 6424813 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE PILAR 2722836 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE RIO LARGO 2722259 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE SANTA L DO NORTE 3060888 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE SATUBA

Page 204: Tese Marcilio Ferreira UFPE

204

Apêndice F

Resumo das principais transcrições dos documentos definidoras das relações entre os SIS

Tipo do documento SI´s relacionados Transcrições definidoras (grifos nossos) Manual técnico-operacional SIASUS com APAC, BPA, FPO SIA/SUS, é composto por dois aplicativos de entrada/digitação de dados (BPA e APAC), um aplicativo

de Controle da Programação Orçamentária (FPO), um aplicativo que faz a conversão das Bases Cadastrais do CNES (DE-PARA-SIA), além do aplicativo de Faturamento da Produção Ambulatorial (SIA).

Portaria CADSUS com AIH, APAC, BPA Art. 3º É obrigatória a inclusão do número do CNS do profissional solicitante, executante e/ou autorizador, nos sistemas de informação, em substituição ao CPF para os procedimentos abaixo: I - Autorizações de Internação Hospitalares (AIH); II - Autorizações de Procedimentos Ambulatoriais (APAC); e III - Boletim de Produção Ambulatorial Individualizada (BPA-I).

Nota técnica CADSUS com SIH, SISREG, APAC, SIM, SINASC

Segundo informações do DATASUS, Todos os 5.564 municípios brasileiros e mais o Distrito Federal já realizaram cadastramentos e emitiram pelo menos um Cartão Nacional de Saúde. O número do Cartão Nacional de Saúde já está inserido nos sistemas SIH, SISREG, APAC, SIM e SINASC.

Manual técnico-operacional GAL com SINAN (...) Funcionalidades do Gerenciador de Ambiente Laboratorial: • Distribuição de exames pelos laboratórios regionais que compõem o laboratório central no estado; • Envio de resultados laboratoriais dos agravos de notificação compulsória ao SINAN; (...)

Manual técnico-operacional HIPERDIA com CADSUS O Sistema HiperDia tem por finalidades permitir o monitoramento dos pacientes captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção ã Hipertensão e ao Diabetes Mellitus, e gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos (...) O Sistema está integrado ao Cartão Nacional de Saúde, transferindo e recebendo dados do Sistema CadSUS - Cadastro de Domicílios e Usuários do SUS, garantindo a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS

Manual técnico-operacional HÓRUS com CADSUS, CNES O HÓRUS está integrado ao Cartão Nacional de Saúde e ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e (...) está apto a integrar os diferentes sistemas de controle e gestão de medicamentos no âmbito do Ministério da Saúde e interoperar com os sistemas estaduais e municipais, visando à construção de um sistema nacional sobre a assistência farmacêutica praticada no SUS.

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Portaria SIHSUS com CNES, SIGTAP A partir de 01 de maio de 2011, com a inclusão do registro da competência de realização dos procedimentos, a consistência dos dados informados no SIH/SUS será feita com os dados constantes na base nacional do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) (...), inclusive valores, da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS - SIGTAP, da competência correspondente.

Portaria SISMAMA com SIASUS, CADSUS, SISCOLO

(...) Esse Sistema é concebido pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde - DATASUS como um subsistema do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA-SUS), articulando-se pelo seu módulo de cadastro com o Sistema Cartão Nacional de Saúde – Sistema Cartão e Sistema Informação do Câncer de Colo do útero – SISCOLO (...).

Manual técnico-operacional BOLSAFAMILIA com SISVAN As informações devem ser registradas no Mapa de Acompanhamento do Bolsa Família, uma vez por semestre, no período de cada vigência do programa. Os dados de estado nutricional inseridos neste Sistema de Gestão são automaticamente enviados para o SISVAN – WEB ao final de cada vigência.

Manual técnico-operacional FPO com SIASUS, CNES Alterar a competência juntamente com o SIA e CNES (pode alterar a competência, antes de possuir a nova versão do SIA). Importar a tabela nacional do SIA para atualizar os procedimentos (sempre que sair uma versão). Importar as unidades do CNES. Alterar a FPO. Exportar a FPO para o SAI.

Manual técnico-operacional GIL com SIPNI, SIAB, SISPRENATAL, HIPERDIA, CNES, CADSUS, SIASUS, SISVAN

A perspectiva do GIL é a integração completa com todos os sistemas do DATASUS relacionados a atenção básica. No momento integra-se aos seguintes programas: - SIPNI (Programa Nacional de Imunização), - SIAB (Sistema de Atenção Básica), - SISPRENATAL (Sistema Pré-Natal), - HIPERDIA (Sistema Hipertensão e Diabetes), - CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde), - CADSUS (Cadastro Nacional de Usuários), - SIA/SUS, - SISVAN (Sistema de Vigilância Nutricional).

Portaria HORUS com CADSUS, CNES, APAC

O HÓRUS está integrado ao Cartão Nacional de Saúde e ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e, (...) está apto a integrar os diferentes sistemas de controle e gestão de medicamentos no âmbito do Ministério da Saúde e interoperar com os sistemas estaduais e municipais, visando à construção de um sistema nacional sobre a assistência farmacêutica praticada no SUS. (...) Funcionalidades: (...) Geração eletrônica dos arquivos da APAC.

Manual técnico-operacional HOSPUB com SISAIH, SIASUS Produção automática do faturamento, seja para a AIH, SIA/SUS ou APAC, evitando o sub-faturamento. Portaria MONITORCIEVS com SIM,

SINASC, SINAN (...)Atuar no monitoramento da acurácia das fontes de dados e informações de saúde que alimentam o CIEVS, em especial dos sistemas nacionais de informação em saúde - SIM, SINASC e SINAN - gerenciados pela SVS.

Manual técnico-operacional SGIF com SIASUS, SIHD, CNES Para viabilizar o pagamento das AIHs e SIA, em cada competência, e a movimentação apurada dos prestadores de serviços do SUS, o SGIF importa os arquivos gerados pelo SIASUS e o SIHD. O sistema mantém atualizadas as informações cadastrais dos prestadores de serviços do SUS por meio da importação dos dados constantes do CNES.