tese doutorado - sedimentação em um reservatório...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
SEDIMENTAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE ÁGUA NO SEMIÁRID O DE
PERNAMBUCO
CLARISSE WANDERLEY SOUTO FERREIRA
RECIFE
MARÇO-2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
SEDIMENTAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE ÁGUA NO SEMIÁRID O DE
PERNAMBUCO
CLARISSE WANDERLEY SOUTO FERREIRA
RECIFE
MARÇO-2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
SEDIMENTAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE ÁGUA NO SEMIÁRID O DE
PERNAMBUCO
CLARISSE WANDERLEY SOUTO FERREIRA
Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Física do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do título de Doutora em Ciências Geográficas.
Orientadora: Profª. Drª. Maria do Socorro Bezerra de Araújo (UFPE) Co-orientador: Prof. Dr. Alessandro Hebert de Oliveira Santos (UFRPE-UAST)
RECIFE
MARÇO-2012
Catalogação na fonte Bibliotecária Maria do Carmo de Paiva, CRB4-1291
F383s Ferreira, Clarisse Wanderley Souto. Sedimentação em um reservatório de água no semiárido de
Pernambuco / Clarisse Wanderley Souto Ferreira. – Recife: O autor, 2012. 109 f. : il. ; 30 cm.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Bezerra Araújo. Co-orientador: Prof. Dr. Alessandro Hebert de Oliveira Santos.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Programa de Pós–Graduação em Geografia, 2012.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Geografia. 2. Recursos hídricos. 3. Reservatórios - Sedimentação. 4. Geocronologia. 5. Sensoriamento remoto. I. Araújo, Maria do Socorro Bezerra (Orientadora). II. Santos, Alessandro Hebert de Oliveira (Co-orientador). III. Título. 910 CDD (22.ed.) UFPE (CFCH2012-16)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
CLARISSE WANDERLEY SOUTO FERREIRA
'SEDIMENTAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE ÁGUA NO SEMIARIDO DEPERNAMBUCO"
Tese defendida e aprovada pela banca examinadora:
Orientador:Profa. Dra. MARIA DO SOCORRO BEZERRÁ^DE ARAÚJO
Examinador:Prof. Dr. J Í̂SÉ ARAÚJO DOS SANTOS JÚNIOR
Examinador b. JOSIptÊProfa. Dra. JOSIptÊDA DOMICIANO GALVÍNCÍO
Examinador: oU,Profa. Dra. VIVIANNE LÚCIA BORMANN DE SOUZA
Examinador:Profa. Dra. REJANE MAtBALHÃES DE MENDONÇA PIMENTEL
RECIFE - PE2012
À minha família, pelo
carinho, confiança
e apoio constante a minha
formação profissional.
Obrigada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por todos os benefícios que tem me concedido: saúde,
disposição, motivação e forças para a realização deste trabalho e por mais uma
conquista na minha vida acadêmica.
À minha orientadora, professora Drª Maria do Socorro Bezerra de Araújo, pela
orientação e confiança em mim depositada para a execução desta pesquisa, por
acreditar no meu potencial como aluna e pesquisadora.
Aos membros da Banca Examinadora, professores e pesquisadores que
participaram da Qualificação e discussões: Profa. Dra. Josiclêda Domiciano
Galvíncio (UFPE/ CFCH), Dra. Vivianne Lúcia Bormann de Souza (CRCN),
Profa. Dra. Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel (UFRPE/ Departamento
de Biologia).
Aos amigos doutorandos Ailton Feitosa e Heverton Alves da Silva, pelo grande
apoio na realização das atividades de campo e geoprocessamento dos dados.
Ao amigo doutorando Carlos Costa Júnior, ao Dr. Cleomacio Miguel e à aluna de
Graduação Andreza de Melo pelo grande apoio nas atividades do Laboratório de
Análises Ambientais da UFPE.
Em especial, quero agradecer ao meu marido e à minha filha, por todo amor e
compreensão durante o período do doutorado. Aos meus pais que sempre me
incentivaram a estudar e aprender. Aos meus irmãos pelo carinho e apoio.
Aos amigos e companheiros da Pós-Graduação em Geografia da UFPE.
Aos professores do DEN: Dr. Antônio Celso Dantas Antonino, Dr. José Araújo,
Dr. Carlos Brayner e Dr. João Antônio Filho.
Ao Departamento de Energia Nuclear (DEN - UFPE), pelo suporte dado a esta
pesquisa.
Ao funcionário do DEN, seu Edmilson Costa e Silva (auxiliar de laboratório), que
muito colaborou com a parte prática deste trabalho.
Aos alunos de Iniciação científica, Kennedy Francys Rodrigues Damascena e
Renata Bezerra da Silva, pelo apoio no preparo de soluções.
À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
(FACEPE) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela bolsa de estudos concedida à aluna.
SEDIMENTAÇÃO EM UM RESERVATÓRIO DE ÁGUA NO SEMIÁRID O DE
PERNAMBUCO
RESUMO
Os açudes são reservatórios extremamente importantes no semiárido,
complementando a captação de água para suprir as necessidades da população e as
atividades agropecuárias, numa área onde predominam rios intermitentes. Esses
reservatórios estão sujeitos aos mesmos impactos resultantes dos processos
erosionais que sofrem os rios. Taxas de sedimentação de sedimentos aceleradas
podem causar sérios problemas, entre eles, ocorrência de enchentes, redução das
condições favoráveis à prática da navegação e redução da vida útil dos reservatórios.
Este último de extrema gravidade para a região semiárida. Como medida preventiva,
faz-se necessário o conhecimento da produção de sedimentos no entorno do
reservatório e com que taxa esses sedimentos efetivamente chegam ao seu leito.
Este trabalho objetivou determinar a sedimentação no Açude Saco I, localizado no
município de Serra Talhada-PE, para estimar sua vida útil e servir de subsídio para
medidas de prevenção. Os mapas de uso e cobertura do solo e de drenagem da
bacia de contribuição foram elaborados com base no Enhanced Vegetation Index
(EVI) das imagens produto do sensor Mapeador Temático do satélite Landsat-5,
obtidas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de órbita 216 e
ponto 66, processadas no software Erdas Imagine 9.1, validados em campo com a
ajuda de pontos de GPS. A taxa de sedimentação e a datação do açude foram
determinadas através da atividade do 210Pb pelo método de contagem β total,
utilizando-se os modelos Constant Initial Concentration (CIC) e Constant Rate of
Supply (CRS). O 210Pb estava presente em todas as amostras, em concentrações de
atividade similares quando calculados pelos modelos CIC e CRS, no entanto,
considerando que este açude recebe contribuições de alguns cursos d’água, o
modelo CRS apresentou-se como o mais adequado. Para a determinação da taxa de
sedimentação e das idades dos sedimentos foi observado que a taxa de
sedimentação cresceu com o aumento da profundidade e houve um declínio da taxa
de sedimentação e do fluxo dos sedimentos no decorrer do tempo. Para determinar a
vida útil do reservatório foram estimadas as cotas dentro do canal, com curvas de
nível a cada 1m, geradas a partir da imagem do SRTM, adquirida junto ao site da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - EMBRAPA (2005). A partir do ponto
zero dentro do canal no reservatório, com curva de nível na cota 473m até a curva de
nível, localizada junto à linha d’água do açude, com cota 489m, obteve-se uma
diferença máxima de nível em 16m. Levando-se em conta que a taxa de
sedimentação no açude variou de 0,01cm/a a 0,23 cm/a, determinou-se a vida útil
para o reservatório entre 160.000 a 7.000 anos, respectivamente, dependendo da
taxa de sedimentação considerada.
PALAVRAS CHAVE: geocronologia, 210Pb, sensoriamento remoto, semiárido,
recursos hídricos.
SEDIMENTATION OF A WATER RESERVOIR IN THE SEMIARID OF
PERNAMBUCO
ABSTRACT
The dams are extremely important reservoirs in the semiarid, complementing the
uptake of water for meeting the needs of the population and agricultural activities, in a
region dominated by intermittent rivers. These reservoirs are subject to the same
impacts due to the erosion process suffered by the rivers. Accelerated rates of
sedimentation can cause serious problems as the occurrence of floods, reduced
favorable conditions for practicing navigation and shortening the life of the reservoirs.
The latter one is extremely serious for the semiarid region. As a countermeasure, it is
necessary to know the production of sediments around the reservoir and the rate that
these sediments effectively reach its bed. The aim of this study was to determine the
sedimentation in the Saco I reservoir, located in Serra Talhada city in the state of
Pernambuco, to estimate its useful life and serve as subsidy for preventive actions.
The maps of usage and coverage of the soil and of watershed were developed based
on the Enhanced Vegetation Index (EVI) of the images produced by the Thematic
Mapper sensor of Landsat-5, obtained by National Institute of space research site, with
orbit of 216 and point of 66, already processed by Erdas Imagine 9.1 software, which
were validated in field using GPS points. The sedimentation rate in the reservoir and
its dating were determined through the activity of 210Pb, by the total β-counting method
using the Constant Initial Concentration (CIC) and Constant Rate of Supply (CRS)
models. The 210Pb was found in all samples, with similar concentrations activity when
calculated by the CRS and CIC models; however, considering that this reservoir
receives contributions from some streams, the CRS model was the most appropriate.
It was observed that the sedimentation rate increased with increasing depth and that
there was a decline in the rate of sedimentation and flow over time. To determine the
lifetime of the reservoir were estimated quotas within the channel, with contour every
1m, generated from the SRTM image, acquired by the site of EMBRAPA (Brazilian
Agricultural Research Corporation, 2005). From the zero point in the reservoir channel,
with contour at elevation 473m to the contour, located near the waterline of the dam
with 489 m elevation, we obtained a maximum difference of level at 16 m. Taking into
account that the rate of sedimentation in the reservoir, generally ranged from 0.01
cm/a to 0.23 cm/a, the lifetime of the reservoir was between 160,000 to 7,000 years,
respectively, depending on the sedimentation rate considered.
KEY-WORDS: geochronology, 210Pb, remote sensing, semi-arid, water resources
LISTA DE FIGURAS
página
Figura 1- Decaimento do 210Pb.....................................................................................31
Figura 2- Concentração de atividade de 210Pb em função da profundidade da camada
de sedimento................................................................................................................33
Figura 3- Esquema do modelo CRS para o cálculo da datação dos sedimentos........34
Figura 4- Localização espacial do município de Serra Talhada-PE.............................39
Figura 5- Altura pluviométrica anual no município de Serra Talhada-PE.....................40
Figura 6- Altura pluviométrica nos quatro meses mais chuvosos do ano (janeiro,
fevereiro, março, abril, maio) no município de Serra Talhada-PE...............................41
Figura 7- Localização do Açude Saco I, município de Serra Talhada-PE....................42
Figura 8- Amostrador de sedimentos...........................................................................44
Figura 9 - Representação esquemática da análise do 210Pb em sedimentos..............53
Figura 10- Detector Tennelec S5E da CANBERRA.....................................................55
Figura 11- Uso e cobertura do solo da bacia de contribuição do Açude Saco I, Serra
Talhada-PE...................................................................................................................61
Figura 12- Classes de cobertura do solo da bacia de contribuição do Açude Saco I,
Serra Talhada, PE, outubro, 2011................................................................................62
Figura 13 - Drenagem da bacia de contribuição do Açude Saco I, Serra Talhada-
PE.................................................................................................................................63
Figura 14 - Percentagem acumulada do solo em relação ao diâmetro das
partículas......................................................................................................................66
Figura 15- Taxa de sedimentação em relação à profundidade nos pontos P1, P2, P3,
P4 e P5 determinada pelo modelo CRS.......................................................................79
Figura 16- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no
ponto P1 determinados pelo modelo CRS...................................................................80
Figura 17- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no
ponto P2 determinados pelo modelo CRS...................................................................81
Figura 18- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo no
ponto P3 determinados pelo modelo CRS...................................................................82
Figura 19- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no
ponto P4 determinados pelo modelo CRS...................................................................83
Figura 20- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no
ponto P5 determinados pelo modelo CRS...................................................................84
LISTA DE FOTOS
página
Foto 01- Preparação das amostras para quantificação do 210Pb...............................102
Foto 02- Agitação das amostras.................................................................................102
Foto 03- Filtração das amostras após agitação (lixiviação).......................................102
Foto 04- Colunas de troca iônica................................................................................102
Foto 05- Alimentação das colunas com amostra.......................................................102
Foto 06- Aquecimento da solução..............................................................................102
Foto 07- Filtração à vácuo para extração do precipitado do 210Pb.............................103
Foto 08- Papéis de filtro com o precipitado do 210Pb..................................................103
Foto 09-Caatinga arbórea na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada-PE..................104
Foto 10-Caatinga arbórea-arbustiva na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada-PE..104
Foto 11-Caatinga arbustiva na várzea do Açude Saco I, Serra Talhada-PE.............105
Foto 12-Solo exposto na várzea do Açude Saco I, Serra Talhada-PE......................105
Foto 13- Áreas irrigadas na várzea do Açude Saco I, Serra Talhada- PE.................106
Foto 14- Áreas irrigadas na várzea do Açude Saco I, Serra Talhada-PE..................106
Foto 15-Áreas de cultivos temporários (feijão e milho) na várzea do Açude Saco I,
Serra Talhada-PE.......................................................................................................107
Foto 16- Áreas de cultivos temporários (plantio de girassol) na várzea do Açude Saco
I, Serra Talhada-PE....................................................................................................107
Foto.17- Criação de gado na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada-PE..................108
Foto 18- Criação de gado na bacia do Açude Saco I, de Serra Talhada-PE.............108
Foto 19- Vista do Açude Saco I, Serra Talhada-PE...................................................109
Foto 20- Vista do relevo nas proximidades do Açude Saco I, Serra Talhada-PE......109
LISTA DE TABELAS
página
Tabela 1- Classificação da partícula de solo em função de seu tamanho...................23
Tabela 2- Localização dos pontos de coleta dos sedimentos no Açude Saco I, Serra
Talhada- PE..................................................................................................................44
Tabela 3- Valores de área, perímetro e comprimentos da bacia do Açude Saco I,
Serra Talhada- PE........................................................................................................57
Tabela 4- Ordem, quantidade e comprimento de canais de drenagem existentes na
bacia do Açude Saco I, Serra Talhada, PE..................................................................58
Tabela 5- Declividades determinadas para os pontos de coleta de amostras de solo
no Açude Saco I, Serra Talhada- PE...........................................................................64
Tabela 6- Granulometria e textura dos sedimentos para os pontos de coleta no Açude
Saco I, Serra Talhada- PE............................................................................................66
Tabela 7- Velocidades máximas de movimento de águas superficiais em que não
ocorre erosão, conforme o grau de transportabilidade e destacabilidade das partículas
de solo..........................................................................................................................67
Tabela 8- Densidade dos sedimentos (secos ao ar) no Açude Saco I, Serra Talhada-
PE, no horizonte superficial (0 a 10 cm).......................................................................69
Tabela 9- Atividade do 210Pb nas amostras de sedimentos do Açude Saco I, Serra
Talhada- PE..................................................................................................................72
Tabela 10- Datação e taxa de sedimentação calculadas pelo modelo CIC para o
Açude Saco I, Serra Talhada-PE.................................................................................74
Tabela 11- Datação do 210Pb, fluxo e taxa de sedimentação determinados pelo
modelo CRS para o Açude Saco I, Serra Talhada-PE.................................................75
Tabela 12- Datação através do 210Pb no Açude Saco I, Serra Talhada-PE, utilizando
os modelos CIC e CRS................................................................................................76
LISTA DE QUADROS
página
Quadro 1- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em diversos lagos,
determinados através do 210Pb.....................................................................................78
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA Agência Nacional da Água
CIC Constant Initial Concentration
CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente
CPRM Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais
CRS Constant Rate of Supply
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
DEN Departamento de Energia Nuclear
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra a Seca
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias
EVI Índice de Vegetação
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPA Instituto de Pesquisas Agronômicas
ITEP Instituto Tecnológico de Pernambuco
FUNDAJ Fundação Joaquim Nabuco
LAMEPE Laboratório de Meteorologia de Pernambuco
REN Radiação Eletromagnética
SIG Sistema de Informação Geográfica
SUMÁRIO
página
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................19
2 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................21
2.1 FATORES ATUANTES NO PROCESSO EROSIVO.........................................21
2.2.TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO DE SEDIMENTOS EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS...................................................................................................23
2.3 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO..............................................................................26
2.4 MÉTODO DE QUANTIFICAÇÃO DO 210Pb NOS SEDIMENTOS......................27
2.5 DETERMINAÇÃO DO 210Pb...............................................................................29
2.6 CONTADOR PROPORCIONAL ALFA-BETA....................................................30
2.7 DATAÇÃO DE SEDIMENTOS...........................................................................32
2.8 MEDIDAS DE CONTROLE DA EROSÃO..........................................................36
2.9 PREVISÃO DA VIDA ÚTIL DE RESERVATÓRIOS...........................................37
3 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................38
3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................38
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS..........................................................................43
3.3 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO
AÇUDE SACO I........................................................................................................45
3.3.1. Descritores morfométricos utilizados.......................................................46
3.4 USO E COBERTURA DO SOLO E DRENAGEM..............................................47
3.4.1 Determinação da declividade....................................................................50
3.5.DETERMINAÇÃO DA TEXTURA E GRANULOMETRIA DOS
SEDIMENTOS..........................................................................................................50
3.6 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO SOLO.................................................50
3.7.ANÁLISE PARA DETERMINAÇÃO DO 210Pb NAS AMOSTRAS DOS
SEDIMENTOS..........................................................................................................51
página
3.8.PROCEDIMENTO PARA AS ANÁLISES COM O DETECTOR
PROPORCIONAL DE FLUXO CONTÍNUO.............................................................54
3.8.1 Sistema de medidas.................................................................................54
3.9 CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO DE ATIVIDADE DO 210Pb...........................55
3.10 MODELAGEM DOS DADOS...........................................................................56
3.10.1Determinação da datação e da taxa de sedimentação...........................56
3.11 DETERMINAÇÃO DA VIDA ÚTIL DO AÇUDE................................................56
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................57
4.1 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO
AÇUDE SACO I........................................................................................................57
4.2 USO E COBERTURA DO SOLO DA BACIA DO AÇUDE SACO I....................59
4.3 DRENAGEM DA BACIA DO AÇUDE SACO I....................................................62
4.3.1 Relação da granulometria dos sedimentos no Açude Saco I com a
velocidade da água............................................................................................65
4.4 DENSIDADE DO SOLO.....................................................................................68
4.5 ATIVIDADE DO 210Pb.........................................................................................71
4.6 DATAÇÃO E TAXA DE SEDIMENTAÇÃO........................................................73
4.6.1 Taxa de sedimentação e pluviometria......................................................79
4.6.2 Taxa de sedimentação e declividade do terreno......................................85
4.6.3 Altura da chuva nos meses mais chuvosos e taxa de sedimentação......85
4.6.4 Declividade do terreno e datação dos sedimentos...................................86
4.7 VIDA ÚTIL DO AÇUDE......................................................................................88
5 CONCLUSÕES.........................................................................................................89
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................91
ANEXO A- Etapas para realização das análise de determinação do 210Pb...............102
ANEXO B- Uso e cobertura do solo...........................................................................104
19
1 INTRODUÇÃO
Os açudes são reservatórios extremamente importantes no semiárido,
complementando a captação de água para suprir as necessidades da população e as
atividades agropecuárias, em área onde predominam rios intermitentes. Esses
reservatórios estão sujeitos aos mesmos impactos resultantes dos processos
erosionais que ocorrem nos rios. A retirada da vegetação, o manejo inadequado do
solo e a ocupação urbana acelerada nas áreas do entorno de rios ou açudes
influenciam, diretamente, os regimes hidrológicos, hidráulicos e sedimentológicos,
além da qualidade de suas águas superficiais (BELLINASO; PAIVA, 2007).
Taxas de sedimentação acelerada podem causar sérios problemas, entre eles,
a ocorrência de enchentes, a redução das condições favoráveis à prática da
navegação e a redução da vida útil dos reservatórios. Este último, de extrema
gravidade para a região semiárida. Os custos para desassorear o leito de um rio, lago
ou reservatório são elevados, e por isso, medidas preventivas, acompanhadas de um
monitoramento sedimentométrico adequado, são recomendadas (SCAPIN et al,
2007).
Como medida preventiva, faz-se necessário o conhecimento da produção de
sedimentos no entorno do reservatório e com que taxa esses sedimentos
efetivamente chegam ao seu leito. Esses dados servem de base para o
dimensionamento e operação de obras hidráulicas, interferindo decisivamente nos
custos de implantação e manutenção de tais sistemas. Os custos envolvidos no seu
monitoramento são bastante elevados, por essa razão são escassas as informações
medidas em campo, em especial em pequenas bacias (BELLINASO; PAIVA, 2007).
Um método bastante preciso para a quantificação dos sedimentos é a
utilização das medidas de decaimento do 210Pb em amostras coletadas no campo.
Esta técnica baseia-se na determinação do teor de 210Pb presente nos sedimentos. A
presença de um excesso de atividade de 210Pb a uma determinada profundidade do
perfil de sedimento pode ser resultante do acúmulo de material sólido, ao longo do
tempo. As taxas de acumulação são calculadas a partir do decréscimo da atividade do 210Pb em função da profundidade na qual o sedimento foi coletado. Tendo em vista
que o 210Pb decai com uma meia-vida de 22 anos, o decréscimo de sua atividade com
a profundidade do sedimento pode fornecer uma indicação sobre a taxa de
20
acumulação dos sedimentos, naquela área, e a sua relação com fatores exógenos,
tais como atividades agropecuárias (COSTA JÚNIOR, 2011; SHUCHUN et al, 2009;
SOUZA, 2007).
O reservatório Saco I, localizado no município de Serra Talhada-PE encontra-
se encaixado no relevo, de tal forma, que a geomorfologia do seu entorno favorece
um maior controle do estudo da taxa de sedimentação ocorrente. Assim, este estudo
poderá servir de referência para outros reservatórios com configuração semelhante e
os dados obtidos servirão de base para a tomada de decisões em políticas públicas
voltadas para o uso da água na região.
O objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de sedimentação do Açude
Saco I, localizado no município de Serra Talhada, utilizando-se da medida do 210Pb
por detector proporcional de Fluxo Contínuo, de forma a estimar sua vida útil e servir
de subsídio para medidas de prevenção.
Como objetivos específicos foram realizadas as seguintes atividades:
Caracterização morfométrica da bacia de contribuição do açude; Elaboração dos
mapas de uso e cobertura do solo e de drenagem da bacia de contribuição do Açude
Saco I, a fim de avaliar a influência do uso do solo, do sistema de drenagem e da
declividade do terreno, no processo erosivo e no transporte de sedimentos para o
reservatório; Caracterização dos sedimentos de fundo do açude, quanto a
granulometria, assim como as características da morfologia do açude. Determinação
da taxa de sedimentação e a datação dos sedimentos, no açude; Estimativa da vida
útil do açude utilizando o mapa de curvas de nível.
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 FATORES ATUANTES NO PROCESSO EROSIVO
A erosão é um processo que provoca alterações no solo, em função do
empobrecimento de sua fertilidade, perda de nutrientes e o aumento da produção de
sedimentos. É um problema que acompanha a humanidade desde seus primórdios
(SILVA, 2004).
A compreensão do processo erosivo-sedimentológico é complexa, pois
envolve vários fatores de ordem física, meteorológica e antrópica/cultural. Os fatores
exercem influência, de forma e magnitude variável, conforme o local de ocorrência.
Dentre os principais fatores destacam-se o solo, o embasamento geológico, o clima, a
topografia e a cobertura do solo (SILVA, 2004).
As propriedades físicas exercem diferentes influências na resistência do solo à
erosão, principalmente a estrutura, que é o modo como se arranjam as partículas, a
taxa de infiltração, a permeabilidade, a densidade, a porosidade, a textura, que
compreende o agrupamento das partículas em classes, conforme o tamanho e as
características químicas, sendo o conteúdo de matéria orgânica a mais importante e
ainda as propriedades biológicas do solo (REICHARDT, 1987; WEIRICH NETO et al.,
2002; ALVES et al., 2007).
A estrutura do solo é a forma como se arranjam as partículas elementares do
solo e determina a maior ou menor facilidade de trabalho das terras, permeabilidade à
água, resistência à erosão e condições para o desenvolvimento adequado das raízes
das plantas. A estrutura pode ser modificada pelas práticas de manejo, como o
trabalho mecânico, a incorporação de matéria orgânica, a drenagem e a rotação de
culturas (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990).
A taxa de infiltração é definida como a lâmina de água (volume de água por
unidade de área) que atravessa a superfície do solo, por unidade de tempo. Pode ser
expressa em termos de altura da lâmina d’água ou volume d’água por unidade de
tempo (mm/h) (REICHARDT, 1987).
A permeabilidade é a capacidade que o solo tem de deixar passar água e ar
através do seu perfil. Em termos de movimentos de água, é a condutividade hidráulica
do solo saturado. Está diretamente relacionada com o tamanho das partículas,
22
volume e distribuição dos poros e varia nos horizontes de determinado solo. Constitui
uma das mais importantes propriedades físicas do solo para o estabelecimento de
práticas conservacionistas (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990).
A densidade do solo seco relaciona a massa do solo seco por unidade de
volume do solo. No volume do solo é incluído também o volume de sólidos e o de
poros. O uso principal da densidade do solo (Ds) é como indicador da compactação.
É também usado para medir alterações da estrutura e porosidade do solo (REINERT;
REICHERT, 2006). A densidade da partícula do solo considera a massa de solo seco
por unidade de volume de sólido do solo (BRADY, 1989).
A porosidade refere-se à proporção de espaços ocupados pelos fluidos em
relação ao espaço ocupado pela massa de solo. A perda dessa propriedade está
associada à redução do teor de matéria orgânica, à compactação e ao efeito do
impacto das gotas de chuva, fatores estes que, ao causarem diminuição no tamanho
dos agregados maiores, reduzem, em consequência, o tamanho dos poros
(BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990).
A textura compreende a distribuição quantitativa das classes de tamanho de
partículas (granulometria) que compõem o solo e depende das características do
material originário e dos agentes naturais de formação do solo (BERTONI;
LOMBARDI NETO, 1990). São consideradas partículas: os seixos, os cascalhos, a
areia, o limo (ou silte) e a argila, conforme apresentado na Tabela 1. As partículas
com diâmetros inferiores a 2 mm são as de maior importância, pois muitas
propriedades físicas e químicas da porção mineral do solo dependem da proporção
que ele contém dessas partículas de tamanho pequeno. Assim, usualmente, se
consideram apenas as três frações menores (areia, silte e argila) para caracterizar a
textura.
A análise isolada de um único fator normalmente explica pouco a erosão em
um contexto completo, sendo até difícil a discussão a respeito deste assunto. A
análise dos diversos fatores que influenciam o processo erosivo e, principalmente, a
análise integrada das relações que os fatores possuem entre si fornecem subsídios
práticos e ideais que contribuem para a compreensão geral do processo erosivo e
fornecem bases sólidas para encontrar a melhor forma de manejar o solo e a sua
cobertura, de modo a reduzir e até evitar os problemas causados com o transporte de
23
sedimentos na bacia hidrográfica, especialmente o assoreamento dos cursos d’água e
dos reservatórios (SILVA, 2004).
Tabela 1- Classificação da partícula de solo em função de seu tamanho.
Nome Intervalo de tamanho das partículas (mm)
Cascalho muito grosso 64,00-32,00
Cascalho grosso 32,00-16,00
Cascalho médio 16,00-8,00
Cascalho fino 8,00-4,00
Cascalho muito fino 4,00-2,00
Areia muito grossa 2,00-1,00
Areia grossa 1,00-0,50
Areia média 0,50-0,25
Areia fina 0,250-0,125
Areia muito fina 0,1250-0,0625
Silte grosso 0,0625-0,0310
Silte médio 0,0310-0,0160
Silte fino 0,0160-0,0080
Silte muito fino 0,0080-0,0040
Argila grossa 0,0040-0,0020
Argila média 0,0020-0,0010
Argila fina 0,0010-0,0005
Argila muito fina 0,0005-0,00024
Fonte: American Geophysical Union (CARVALHO, 1994).
2.2.TRANSPORTE E DEPOSIÇÃO DE SEDIMENTOS EM BACIAS
HIDROGRÁFICAS
O comportamento de uma bacia hidrográfica em relação ao sedimento é muito
variável, desde as partes altas até as planícies. Isso depende das rochas e solos, da
cobertura vegetal, das declividades, do regime de chuvas, bem como de diversos
outros fatores (CARVALHO, 1994; ZACHAR, 1982).
De maneira geral, nas porções altas de uma bacia hidrográfica há maior erosão
e transporte de sedimentos. A erosão vai diminuindo da alta para a média bacia, à
medida que as declividades decrescem e as chuvas se tornam menos intensas, fora
24
das regiões montanhosas. Na parte baixa da bacia há muita formação de colúvios,
isto é, a maior parte dos sedimentos erodidos se distribui pelos terrenos.
(CARVALHO, 1994).
Os sedimentos, materiais sólidos e semi-flúidos são geralmente depositados no
leito dos lagos e reservatórios graças ao carreamento pelas enxurradas, de areia, silte
e argila, da bacia de contribuição e pela deposição de matéria orgânica em
decomposição, originada na bacia ou na própria água (SILVA, 2004).
A construção de uma barragem ou açude em curso d’água alteram as
características hidráulicas do trecho do rio, à montante, com o aumento da área
molhada, e consequente diminuição da velocidade média. Com isto há uma
desaceleração do movimento das partículas sólidas na direção do escoamento,
fazendo com que se depositem ao longo do reservatório (PAIVA; PAIVA, 2003).
Assim, as partículas de maior diâmetro vão se depositando na entrada do
reservatório, enquanto as mais finas vão se acumular em posições mais abaixo do
reservatório ou permanecem em suspensão, podendo chegar às estruturas de
descarga (PAIVA; PAIVA, 2003).
O conhecimento da quantidade de sedimentos transportada pelos rios é de
fundamental importância para o planejamento e aproveitamento dos recursos hídricos
de uma região, uma vez que os danos causados pelos sedimentos dependem da
quantidade e da natureza destes, às quais, por sua vez, dependem dos processos de
erosão, transporte e deposição de sedimentos (SCAPIN et al, 2004).
Uma parte do sedimento que chega até os canais de drenagem, é conduzida
pela massa d’água em suspensão, especialmente o material particulado de
granulometria mais fina, juntamente com os materiais oriundos do solo e já
dissolvidos. Essas duas frações (sólidos particulados e sólidos dissolvidos) perfazem
os sólidos totais em suspensão e compreendem tanto a fração mineral como a fração
orgânica do sedimento. Do volume total de sedimento carreado, uma fração,
denominada sólidos sedimentáveis, composta por particulados decantam no momento
em que a água fica em estado de estagnação. Esse parâmetro também é utilizado
como indicador físico da qualidade da água, sendo igualmente função do aporte de
sedimentos nos cursos d’água (SILVA, 2004).
25
A seletividade na fase da remoção e transporte das partículas faz com que os
sedimentos originados pela erosão, principalmente laminar, caracterizada por ocorrer
a remoção de uma camada fina e relativamente uniforme do solo pela precipitação
pluvial e pelo escoamento superficial sejam mais ricos em nutrientes, matéria
orgânica e argila, em relação ao solo que lhes deu origem, com taxas de
enriquecimento bastante variáveis (SPAROVEK, 1996).
Dentre os problemas causados pelos sedimentos transportados pelos rios,
segundo Scapin e colaboradores (2004), destaca-se:
• assoreamento de rios, diminuindo a sua navegabilidade e aumentando as
dimensões das enchentes;
• assoreamento de reservatórios, diminuindo a sua vida útil ou, provocando a
necessidade de dragagens periódicas de alto custo;
• inviabilidade, em alguns casos, de aproveitamento do rio para abastecimento e
até mesmo para irrigação, dependendo da quantidade de sedimentos transportados;
• contaminação do leito e das águas dos cursos d'água a grandes distâncias dos
pontos, onde foram gerados, em virtude de atuarem como vetores no transporte de
contaminantes neles aderidos;
• turbidez, alteração na fonte de alimentos e habitat para a fauna, e retenção de
produtos tóxicos, nas águas dos lagos e reservatórios.
Os problemas decorrentes dos sedimentos aumentam à medida que há maior
desenvolvimento e ocupação do espaço geográfico, tanto em relação à erosão como
a sedimentação. No entanto, estudos e pesquisas em hidrossedimentologia são
pouco realizados, tendo em vista que as consequências não são imediatas e os
trabalhos, incluindo coletas regulares de dados e amostras, análises de laboratório,
processamento de dados e estimativas de parâmetros, são onerosos e exigem muito
tempo e esforço (BEASLEY, 1972; CARVALHO, 1994). Em algumas partes do
mundo, tem-se encontrado formas alternativas, inteligentes e eficazes de combater,
com sucesso, a erosão e garantir a produção agrícola e a sobrevivência das
sociedades.
26
2.3 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO
A taxa de sedimentação refere-se à quantidade de material (orgânico e
mineral) depositado pela ação da água sobre o leito do curso d’água ou reservatório
de água em determinado intervalo de tempo. A sedimentação é medida em termos de
acumulação vertical ao longo do tempo ou a densidade de sedimentos por unidade de
área ao longo do tempo (SHUCHUN et al, 2009).
Os metais podem ser transportados para o sistema aquático pelo fluxo da
atmosfera ou pelo depósito no rio. No sistema aquático, os metais são transferidos
para os sedimentos por adsorção sobre a matéria em suspensão e posterior
sedimentação (SHUCHUN et al, 2009).
As concentrações de metais traços no sedimento são maiores que na água e
variam frequentemente, devido à temperatura da água, precipitação e outros fatores.
Dos vários tipos e formas de metais traços, o chumbo (Pb) é particularmente
conhecido como associado a poluentes industriais e outras atividades humanas
(SHUCHUN et al, 2009).
A substituição da vegetação nativa por uma agricultura intensiva, o crescimento
populacional, o uso e ocupação do solo em bacias hidrográficas são responsáveis
pelo aumento na taxa de sedimentação. Outra variável que influencia a taxa de
sedimentação é o aumento da biomassa fitoplanctônica e de macrófitas aquáticas e
sua transformação em material sedimentável, após a morte dos organismos
(SABARÁ; BARBOSA, 2007).
Segundo o estágio de evolução do curso d’água, haverá maior ou menor
transporte de sedimentos (CARVALHO, 1994). A dinâmica do transporte fluvial está
também relacionada com a velocidade da água.
O deslocamento de grandes volumes de sedimentos para os fundos de vale
causa os assoreamentos de várzeas, inviabilizando o uso agrícola, além de
alterações dos traçados dos álveos dos rios (SILVA, 2004).
O transporte e deposição de sedimentos nos cursos d’água podem ocasionar a
degradação do canal de drenagem não só do ponto de vista da alteração física, mas
também da alteração das características físicas e químicas da água do rio. Por outro
lado, o transporte e a deposição de sedimentos, têm os seus aspectos positivos,
27
enquanto processo natural, na medida em que atuam como agentes fertilizadores das
várzeas ribeirinhas, contribuindo para o aumento da produção agrícola nessas áreas
(SCAPIN et al., 2004).
Em relação ao aspecto sedimentológico, as barragens geram uma redução das
velocidades da corrente provocando a deposição gradual dos sedimentos carreados
pelo curso de água, ocasionando o assoreamento, diminuindo gradativamente a
capacidade de armazenamento do reservatório e podendo vir a inviabilizar a operação
do aproveitamento, além de ocasionar problemas ambientais de diversas naturezas
(CARVALHO et al., 2000)
As mudanças no meio ambiente podem ser derivadas da relação de curtos
registros obtidos da parte central dos lagos (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2005). A
sedimentação em pequenos lagos, em contraste com grandes lagos e estuários, é
extremamente sensível para eventos ocorridos dentro dos divisores de água,
permitindo a reconstrução da maior parte da história da bacia de drenagem, incluindo
erosão da borda da região causada pelo desmatamento e principalmente por causa
das atividades antropogênicas, altas precipitações ou alta variabilidade das condições
climáticas (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2005).
2.4 MÉTODO DE QUANTIFICAÇÃO DO 210Pb NOS SEDIMENTOS
O chumbo é encontrado em minerais como galena (sulfeto de chumbo, PbS),
anglesita (sulfato de chumbo, PbSO4), cerussita (carbonato de chumbo, PbCO3) e
outros minerais. A abundância do chumbo total na crosta terrestre é de 1000 µg/kg e
na água do mar é de 0,03 µg/kg. Seu ponto de fusão é 327,46 ºC. Associado à
matéria orgânica pode sublimar em temperaturas superiores a 500 ºC. É um metal
traço do grupo 14 da tabela periódica. O isótopo radioativo 210Pb tem uma meia-vida
de 22 anos e emite radiação beta com energia média de 16 keV, tornando a
determinação deste nuclídeo bastante difícil por espectrometria gama (SILL; WILLIS,
1965).
A presença de 210Pb em águas superficiais, tais como, rios e lagos, decorre
tanto da deposição atmosférica deste radionuclídeo, devido ao decaimento do 222Rn,
como de sua lixiviação das rochas e sedimentos que contêm urânio (COSTA JÚNIOR,
2011).
28
O 210Pb presente nos sedimentos possui duas origens naturais:
a) Formação no próprio sedimento, devido à presença de 226Ra na rocha
matriz.
b) Formação na atmosfera, a partir do decaimento do 222Rn, que emana de
solos e rochas, com sua consequente deposição, associada a partículas
em suspensão e aerossóis. Esta fração de 210Pb é chamada não suportada
(ou em excesso), indicando que não foi gerada a partir do decaimento do 226Ra presente na rocha matriz. Em camadas mais profundas de
sedimentos, com idades superiores a 100 anos, por exemplo, todo o 210Pb
presente foi gerado pelo 226Ra (com o qual se encontra em equilíbrio
secular), uma vez que o 210Pb não suportado (de origem atmosférica) já
decaiu. Assim, nestas camadas, as concentrações de atividade de 210Pb e 226Ra são praticamente iguais (SOUZA, 2007; AHN et al., 2010 ).
Um método bastante preciso para a quantificação dos sedimentos é a
utilização das medidas de decaimento do 210Pb em amostras coletadas no campo. A
presença de um excesso de atividade de 210Pb a uma determinada profundidade do
perfil de sedimento pode ser resultante do acúmulo de material sólido, ao longo do
tempo (COSTA JÚNIOR, 2011).
O 210Pb tem-se mostrado como um traçador para datação de sedimentos
depositados em lagos, num período de 100 anos, tempo apreciável para mudanças
ambientais ocorridas devido a industrialização (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2005).
As taxas de acumulação são calculadas a partir do decréscimo na qual o
sedimento foi coletado. O decréscimo da atividade do 210Pb em função da
profundidade pode fornecer uma indicação sobre a taxa de acumulação dos
sedimentos, naquela área, e a sua relação com fatores exógenos.
Uma fração de 210Pb depositado no lago é transportado para o leito do lago e
incorporada nos registros dos sedimentos. Os sedimentos mais antigos se tornam
enterrados pelos depósitos mais recentes e o 210Pb não suportado, registra o tempo
desde a deposição no leito do lago. A concentração do 210Pb não suportado em cada
camada de sedimento declina com a idade, de acordo com o decaimento radioativo
usual (AHN et al., 2010).
29
Na prática, o fornecimento de partículas do 210Pb para os sedimentos de fundo
pode ser influenciado por muitos fatores, incluindo: o fluxo atmosférico; a taxa de
transporte a partir da captação; o tempo de residência da água; a fração do
radionuclídeo fixada às partículas sedimentadas; a velocidade média de
sedimentação das partículas; processos de transporte pós-deposicionais de
sedimentos (AHN et al., 2010).
Se os processos erosivos na coleta e o crescimento na taxa de acumulação de
sedimentos são constantes, é razoável supor que todos os sedimentos assentados
irão ter a mesma concentração inicial do 210Pb não suportado. Neste caso, a
concentração do 210Pb não suportado irá declinar exponencialmente com a massa
seca cumulativa de sedimentos. Quando a concentração do 210Pb não suportado é
plotado numa escala logaritímica, o resultado do perfil do 210Pb será linear. A
acumulação da taxa de sedimento poderá ser determinada graficamente por meio de
um perfil inclinado (APPLEBY; OLDFIELD, 1983).
2.5 DETERMINAÇÃO DO 210Pb
Dentre os métodos para determinação do 210Pb se destacam a espectrometria
gama e o método de contagem β total (COSTA JÚNIOR, 2011). Uma das principais
vantagens da espectrometria gama é a quantidade de informações obtidas em uma
única análise. Além disso, é uma técnica de análise rápida, multielementar e não
destrutiva.
Um dos detectores é o HPGe, mais usado para baixas energias, ou seja,
menor que 100 keV. A principal característica está na sua alta resolução em
determinar a energia da radiação gama, proporcionando, assim, uma menor incerteza
na medida. No entanto, devido à baixa energia da emissão dos raios gama emitidos
(46,5 keV), situada na região da alta influência do efeito Compton e a pequena
probabilidade de emissão (4%), era necessário o uso de um grande volume da
amostra, o que acarretava dificuldade na sua medição (autoabsorção). Verificava-se
também baixa eficiência de contagem, devido a ocorrência de interferências e da
geometria. Atualmente, este último fator não é mais um problema, visto que, utiliza-se
um branco com a mesma geometria da amostra (SANTOS JÚNIOR et al., 2009).
30
Com relação à determinação do 210Pb por espectrometria beta, representa uma
técnica muito sensível, mas limitada pelo tempo necessário para o estabelecimento
do equilíbrio secular, superior a 6 meses (LAURIA et al., 2003).
O método de contagem β total (num contador proporcional) apresenta a
vantagem de medir com rapidez a concentração de radionuclídeos que emitem
radiação beta com energia máxima de 300 keV. Este método é comumente
empregado para determinação de teores acima de 37 mBq de 210Pb (limite de
detecção da técnica). Matrizes variadas são analisadas: água, sedimentos, materiais
biológicos, tabaco, entre outros. Diferentes metodologias têm sido desenvolvidas
nesta linha, sendo o chumbo precipitado comumente como cromato de chumbo
(COSTA JÚNIOR, 2011).
Segundo Mingote (2006), a determinação dos radionuclídeos é feita pela
medida da atividade de um dos seus filhos (sendo uma medida indireta), após o
período de decaimento radioativo adequado.
Trabalhos como o de Godoy e colaboradores (1998), Figueiredo e
colaboradores (2011), Souza (2007), Cazotti e colaboradores (2002) determinaram 210Pb em sedimentos pelo método de contagem β total.
2.6 CONTADOR PROPORCIONAL ALFA-BETA
O contador proporcional Alfa-Beta é um tipo de detector gasoso, o qual foi
introduzido em 1948 por Samuel Curran (KNOLL, 1999). Quando a partícula penetra
em uma câmera repleta de gás, produz elétrons livres e íons positivos, os quais
imediatamente começam a se mover no sentido dos elétrons de sinais opostos. Ao
serem coletados pelos eletrodos provocam uma pequena corrente no circuito externo,
que pode ser detectada eletronicamente pela variação da voltagem. Em média,
qualquer tipo de partícula carregada, e com qualquer energia, interagindo em
qualquer gás, perde aproximadamente, 30 eV de energia cinética para cada par de
elétron-íon produzido (KNOLL, 1999).
O contador é normalmente calibrado quanto a eficiência usando-se fontes
específicas (normalmente Am-241 para alfa e K-40 para emissores beta). Na
interpretação dos resultados deve-se supor que a eficiência de contagem é a mesma
31
para todos os radionuclídeos com o mesmo tipo de decaimento. No entanto, a
eficiência varia bastante com a energia das partículas beta. Em particular, os
contadores proporcionais não detectam as partículas betas de energia inferior a
300 keV (KNOLL, 1999; LAURIA et al., 2003). Contudo, ainda segundo Lauria e
colaboradores (2003), devido à alta-absorção, não se recomenda que os métodos
diretos de medição alfa e beta total sejam utilizados para analisar amostras de solos,
alimentos e pastos. O método torna-se preciso quando a amostra é submetida à
separação radioquímica. A eficiência e curvas de autoabsorção são obtidas em
função de radionuclídeos padrões específicos (COSTA JÚNIOR, 2011).
Os métodos para determinação de 210Pb tem como base, as propriedades
radioativas do 210Pb e seus filhos. A Figura 1 mostra a sequência de decaimento do 210Pb. Observa-se que o 210Pb emite raios γ [Eγ = 46,5 keV (4,25 %)] e partículas beta
de baixa energia [Eβmax = 16,5 keV (84 %); 63,5 keV (16 %)], de modo que torna-se
difícil ser medido diretamente por espectrometria γ ou contagem em cintilador líquido,
devido às incertezas associadas com a medida do fotopico de 46,5 keV de baixo
percentual de abundância e às altas taxas de radiação de fundo associadas. A
determinação direta de baixos teores de 210Pb é praticamente impossível sem uma
pré-concentração da amostra (MINGOTE, 2006).
β,γ β α
Figura 1- Decaimento do 210Pb Fonte: MINGOTE, 2006.
Uma técnica de separação radioquímica bastante utilizada é a troca iônica (JIA;
TORRI, 2007; SILVA, 2009). A separação radioquímica por troca iônica é na verdade
a transferência de íons específicos de uma solução pouco concentrada para outra,
mais concentrada, por meio do fenômeno de uma resina trocar seus íons fracamente
ligados por outros da solução, quando a resina e a solução são colocadas em contato
(HECK, 2010). É um processo de separação, concentração e análise de materiais que
210Pb
22 anos Eγ=46,5 keV (4,25%) Eβ=16,5 keV (84%)
63,5 keV (16%)
210Bi
5,012 dias
Eβ= 1,2 MeV
210Po
138,376 dias
Eα=5,30MeV
206Pb
Estável
32
são seletivamente adsorvidos em resinas trocadoras de íons (MENDHAM et al.,
2002).
O método da troca iônica é eficaz em análises químicas, devido a capacidade
dos trocadores de íons serem praticamente insolúveis em água e em solventes
orgânicos, além de conterem íons ativos capazes de troca reversível com outros íons
em solução, sem que ocorra modificação física apreciável no material (MENDHAM et
al., 2002).
Essa técnica foi utilizada para determinação de 210Pb em sedimentos (GODOY
et al., 1998; HONORATO, 2002) e em urina humana (COSTA JÚNIOR, 2011). Após
pré-concentração do 210Pb e um tempo de crescimento do 210Bi (15-30 dias, para
atingir o equilíbrio secular), a contagem beta total é realizada em um contador
proporcional. O método apresenta alta sensibilidade, consequência da alta eficiência
de contagem (cerca de 40 %) e baixa radiação de fundo (cerca de 2 com, de acordo
com as condições do laboratório). A exatidão do método é avaliada pela análise de
amostras de referência com erros percentuais entre -5 e 23 % (MINGOTE, 2006).
O método tem mostrado grande aplicabilidade por mensurar níveis acima de
37 mBq de concentração de atividade do 210Pb na maioria das amostras biológicas e
ambientais que foram estudadas (JIA; TORRI, 2007).
2.7 DATAÇÃO DE SEDIMENTOS
O método de datação de sedimentos pelo 210Pb é bem conhecido, sendo
aplicável para estabelecer uma cronologia precisa dos sedimentos em locais onde
não ocorrem mudanças abruptas nas condições de sedimentação (SOUZA, 2007).
Existem dois modelos principais para a datação de sedimentos pela técnica do 210Pb. No primeiro modelo, denominado CIC (Constant Initial Concentration), supõe-
se que a incorporação do 210Pb não suportado aos sedimentos ocorre a um fluxo
constante e que a taxa de sedimentação em um determinado ponto também é
constante. A datação pelo modelo CIC é seguro em ambientes estáveis, com
acumulação de taxas de sedimentos uniformes. Nestas condições, a atividade do 210Pb a uma profundidade z (cm) é expressa pela equação 1:
A (z) = A(o) e –λ. z/w ( 1 )
33
onde:
A(o) = atividade do chumbo não suportado;
λ = constante de decaimento do 210Pb ;
W= taxa de sedimentação (cm/ano).
A curva para a determinação da taxa de sedimentação é obtida a partir de um
gráfico do logarítmo da concentração de atividade de 210Pb versus a profundidade da
camada de sedimento, conforme mostrado na Figura 2. Neste gráfico, a inclinação da
reta corresponde a -λ/w, onde w é a taxa de sedimentação que se deseja determinar.
A idade do sedimento, por outro lado, pode ser calculada utilizando-se a
equação 2, que representa a lei do decaimento radioativo:
A (z) = A(o) e –λt ( 2 )
de modo que:
t= - (ln (A/Ao)/ λ) ( 3 )
Figura 2- Concentração de atividade de 210Pb em função da profundidade da camada de sedimento Fonte: SOUZA, et al. (2007).
34
O outro modelo utilizado para a datação dos sedimentos é o CRS (Constant
Rate of Supply). Este modelo (Figura 3) também se baseia na diferença entre as
atividades do 210Pbtotal e aquela em equilíbrio secular com o 226Ra (tomando-se um
fluxo constante de 210Pb em excesso). Porém, considera que ocorrem variações na
taxa de sedimentação ao longo do tempo e pressupõe ainda que haja um
fornecimento constante de 210Pb da atmosfera para o lago, resultando numa taxa
constante de fornecimento de 210Pb, independentemente de quaisquer variações que
possam ter ocorrido na taxa de acumulação do sedimento. Assim a idade de uma
determinada seção, para uma profundidade qualquer (x) em relação à superfície, será
dada pela equação 4:
t= 1/λ. ln {A(∞)/ [(A(∞) – A(x)]} ( 4 )
onde:
t= idade (em anos) de uma determinada fatia de sedimento;
λ = constante de decaimento do 210Pb;
A(∞) = atividade integrada total de 210Pb (mBq.cm-2) do perfil (da superfície até a
profundidade máxima a ser datada);
A(x) = atividade integrada residual de 210Pb (mBq.cm-2).
Figura 3- Esquema do modelo CRS para o cálculo da datação dos sedimentos Fonte: CAZOTTI, et al. (2002).
35
Por outro lado, a atividade integrada segundo Joshi e Shukla (1991); Honorato (2002)
é dada pela equação 5:
A(∞) = ∑=
n
i 1
ρi . xi . ci .- 0,5 . ρi . xi . ci ( 5 )
onde:
n = número de seções da coluna de sedimento;
ρi = densidade seca da i-ésima camada de sedimento (g/cm3);
xi = espessura corrigida da i-ésima camada de sedimento (cm);
ci = concentração de 210Pb em excesso da i-ésima camada de sedimento (mBq/g).
A espessura corrigida da i-ésima camada de sedimento (xi) é dada pela
equação 6:
xi = (mt/πr2 . ρu) ( 6 )
onde:
mt = massa úmida total da camada de sedimento (g);
r = raio da camada de sedimento (cm);
ρu = densidade úmida total do sedimento (g/cm3).
A densidade úmida do sedimento, por sua vez, pode ser calculada pela
equação 7:
ρu =ρs – 1,422φ ( 7 )
onde: φ é á porosidade da camada de sedimento, a qual é dada pela equação 8:
φ = {(mH2O/ρH2O)/[(mH2O/ρH2O)+(ms/ρs)]} ( 8 )
onde:
mH2O = massa de água presente no sedimento (g), (massa de sedimento úmido -
massa de sedimento seco);
ms= massa de sedimento seco (g);
ρH2O = densidade da água (g/cm3);
ρs = densidade do sedimento seco.
36
O fluxo de sedimentos é dado pela equação 9:
ϕ = [λ. A (x)]/ ci ( 9 )
Finalmente, a taxa de sedimentação é calculada dividindo-se o fluxo de
sedimentos pela densidade do sedimento seco (SANCHES CABEZA et al., 2000).
Os modelos CRS e CIC, naturalmente fornecem o mesmo resultado se as
taxas de sedimentação tiverem permanecido relativamente constantes.
2.8 MEDIDAS DE CONTROLE DA EROSÃO
A eficácia de medidas de controle da erosão é determinada investigando-se
quais diferentes medidas de prevenção e controle da erosão são capazes de melhorar
ou recuperar a permeabilidade do solo (amenização da energia cinética das gotas de
chuva), a manutenção ou melhora da resistência de agregados, a redução e
regularização do escoamento superficial, a redução da velocidade do vento, a
interceptação de partículas transportadas, entre outras (ZACHAR, 1982). É também
importante a avaliação dos efeitos de medidas de controle da erosão na melhoria da
qualidade ambiental e no aumento da produtividade agrícola (SILVA, 2004).
Segundo Aciesp (1987), três atitudes podem contribuir para um melhor
aproveitamento do solo, as quais são: manejo, preservação e conservação do solo.
• O manejo compreende a aplicação de programas de utilização dos
ecossistemas naturais ou artificiais, com base em teorias ecológicas, sólidas,
de modo que mantenha, da melhor forma possível, as comunidades vegetais e
animais como fontes de produtos biológicos para o homem e, também, como
fonte de conhecimento científico e de lazer.
• A preservação garante a manutenção das características próprias daquilo que
vem sendo utilizado (objeto, organismo, sistema, recurso e/ou ambiente) e
também das interações entre os seus componentes, quando houver.
• A conservação compreende um conjunto de diretrizes planejadas para o
manejo e utilização sustentada dos recursos naturais, em um nível ótimo de
rendimento e preservação da diversidade biológica. Combinação de todos os
métodos de exploração e uso dos terrenos que protejam o solo contra a
depleção, causada por fatores naturais ou provocada pelo homem.
37
• Essas práticas, além de contribuir para o aproveitamento do solo, possibilita a
redução da desagregação das partículas do solo e o seu arraste, contribuindo
para o controle da erosão e consequentemente para redução do assoreamento
nos corpos d’água (SILVA, 2004).
2.9 PREVISÃO DA VIDA ÚTIL DE RESERVATÓRIOS
A definição da vida útil de um reservatório está associada à sua utilização. Para
os reservatórios destinados à produção de energia elétrica e/ou abastecimento, a vida
útil é considerada igual ao tempo, em anos, no qual o nível dos depósitos de
sedimentos alcançam as tomadas d’água (PAIVA; PAIVA, 2003). Para os
reservatórios destinados ao controle de cheias, a sua vida útil pode ser considerada o
tempo, em anos, no qual o volume do reservatório não estará mais cumprindo com a
sua finalidade (PAIVA; PAIVA, 2003).
38
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado no Açude Saco I, localizado na bacia hidrográfica do rio
Pajeú, região semiárida do estado de Pernambuco, no município de Serra Talhada. O
reservatório possui capacidade de acumulação de 36.000.000 m3. É um dos principais
corpos de acumulação do município.
De acordo com o Diagnóstico do Município de Serra Talhada, elaborado pela
Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM (2005), o município de Serra
Talhada está localizado na parte setentrional da microrregião Pajeú, porção norte do
estado de Pernambuco, limitando-se geograficamente, ao norte, com o Estado da
Paraíba, ao sul, com Floresta, a leste com Calumbi, Betânia e Santa Cruz da Baixa
Verde e, a oeste, com São José do Belmonte e Mirandiba (Figura 4). A área municipal
possui 2959 km2 e encontra-se inserido na unidade geoambiental da Depressão
Sertaneja que representa a paisagem típica do semiárido nordestino, caracterizada
por uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente
suave-ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações
residuais, cristas e/ou outeiros pontuam a linha do horizonte. Esses relevos isolados
testemunham os ciclos intensos de erosão que atingiram grande parte do sertão
nordestino.
39
Figura 4- Localização espacial do município de Serra Talhada-PE.
Conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - Embrapa
(2011), na área da bacia hidrográfica do Açude Saco I predominam Cambissolo
Latossólico textura média e argilosa substrato granito e sienito; Podzólico vermelho
escuro pouco profundo, textura média/média e argilosa, ambos também Eutrófico;
Solos Planossolo e Solonetz Solodizado. Atualmente, o solo Podzólico Eutrófico é
denominado Luvissolo e o Solonetz é denominado planossolo nátrico (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - EMBRAPA, 2006).
A precipitação média histórica do município fica em torno de 639 mm (Instituto
Tecnológico de Pernambuco/Laboratório de Meteorologia de Pernambuco -
ITEP/LAMEPE, 2011). Na Figura 5 pode-se acompanhar o gráfico com a altura
pluviométrica anual e na Figura 6, o gráfico com a altura pluviométrica nos quatro
meses mais chuvosos do ano (janeiro, fevereiro, março e abril), no município de Serra
Talhada, no período de 1963 a 2010. Os dados pluviométricos referentes à Estação
Serra, localizada no município de Serra Talhada, extraídas no período de 1963 até
40
2008 foram obtidos através da Agência Nacional da Água - ANA (2008), enquanto que
os dados dos anos de 2009 e 2010, referentes à Estação IPA, localizada nas
proximidades do Açude Saco I foram obtidos na Agência Pernambucana de Água e
Clima - APAC (2011).
Todos os cursos d’ água no município têm regime de escoamento intermitente
e o padrão de drenagem é o dendrítico (Companhia de Pesquisas de Recursos
Minerais - CPRM, 2005).
Figura 5- Altura pluviométrica anual no município de Serra Talhada-PE.
41
Figura 6- Altura pluviométrica nos quatro meses mais chuvosos do ano (janeiro, fevereiro, março, abril, maio) no município de Serra Talhada-PE.
A área total da bacia de contribuição do Açude Saco I possui 137,07 km², que
corresponde a uma bacia de 4a ordem, conforme determinado na caracterização
morfométrica por Ferreira e colaboradores, 2010 e apresentado no item 4.1. O Açude
Saco I (Figura 7) está situado nas coordenadas 38˚17’ 9.01” W e 7˚56’42,7” S.
Segundo dados da Fundação Joaquim Nabuco-FUNDAJ (2009), o reservatório teve a
construção concluída no ano de 1936, para fins de abastecimento humano e irrigação
e possui uma área de 5,65 km2, de acordo com os dados obtidos no mapa de uso e
cobertura do solo.
A bacia do Açude Saco I é típica do semiárido brasileiro quanto às práticas de
exploração agrícola do solo e recursos naturais. O entorno do açude é caracterizado
por uma vegetação de caatinga hiperxerófila nas encostas. Na margem direita do
reservatório predominam pequenos sítios com plantio de sequeiro, onde são
cultivadas espécies típicas como milho, feijão, sorgo, girassol e palma, bem como,
explorada a pecuária extensiva, no período de chuvas. No período de estiagem são
42
realizados plantios com irrigação do açude. Nesta área são desenvolvidas também
várias outras atividades, tais como: criação de peixes, com tratamento e preparação
para comercialização; plantio de cebolas; e caprinocultura, pelo Instituto de Pesquisas
Agropecuárias-IPA. Com relação à criação de animais, atualmente esta atividade se
encontra limitada, uma vez que as áreas ocupadas no entorno do açude são
controladas pelo IPA, que não autoriza a exploração indiscriminada por parte dos
usuários.
Na margem esquerda do açude não são desenvolvidas atividades. A área
apresenta a vegetação de caatinga arbóreo-arbustiva nativa conservada, com
exceção de uma pequena região, a qual possui alguns resquícios de plantio do capim
buffel. Nesta área predomina um relevo de topografia muito íngreme, com formação
rochosa.
Figura 7- Localização do Açude Saco I, município de Serra Talhada-PE. Fonte: Agência Estadual de Meio Ambiente - CPRH (2009).
43
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico junto aos órgãos
competentes, procurando-se identificar e organizar as informações existentes. Na
Agência Estadual de Meio Ambiente-CPRH, obteve-se o relatório de monitoramento
da qualidade da água de reservatórios do Estado de Pernambuco em 2006, 2007 e
2008, bem como a base de dados para elaboração dos mapas georeferenciados. No
Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - DNOCS foi encontrada a ficha
técnica do Açude Saco I.
Posteriormente, em novembro de 2008, foi realizado um reconhecimento da
área em estudo e feita uma avaliação e fotointerpretação dos dados obtidos,
objetivando o conhecimento da qualidade das águas do Açude Saco I, a
caracterização morfométrica da bacia em estudo, a determinação dos pontos de
coleta dos sedimentos e a definição das estratégias para realização da coleta e
análises físicas, químicas e de datação dos sedimentos do Açude Saco I.
As coletas dos sedimentos do Açude Saco I foram realizadas no período de
09.09.10 e 10.09.10. Para a definição dos pontos foi feito, inicialmente, um estudo do
mapa da bacia hidrográfica e, através de reconhecimento da área, foi possível
determinar que as coletas seriam feitas nos cinco pontos de contribuição do açude.
Além deste critério foi observado também o Esquema com Distribuição Sistemática
dos Pontos de Amostragem (malha quadrada), definido pela Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo - CETESB (1999), que além de evitar a coleta de amostras em
pontos muito próximos, apresenta as mesmas vantagens da subdivisão da área (com
a possibilidade de redução de pontos de amostragem, permitindo uma boa
representatividade da área).
Desta maneira, para cada ponto foram retiradas amostras indeformadas
utilizando-se um amostrador de sedimento, formado por um conjunto de cilindros
metálicos, que se acoplavam, e um bastão que auxiliava na perfuração do solo para
retirada da amostra (Figura 8). Na base do cilindro metálico era adaptado um tubo de
PVC com diâmetro e altura de 5 cm, e depois fechado com a parte superior (tampa)
do cilindro. Para a retirada do material, o conjunto metálico era enterrado,
inicialmente, nas profundidades de 0 a 5 cm; o material ficava retido no cilindro de
PVC, o qual era fechado, lacrado e rotulado. Depois colocava-se outro cilindro de
44
PVC no conjunto e coletava-se as amostras nas profundidades 5 cm a 10 cm, no
mesmo ponto de referência.
Figura 8- Amostrador de sedimentos.
Para as análises de textura e granulometria, foram coletadas amostras de
sedimento no mesmo local (nos cinco pontos anteriormente definidos e nas
profundidades de 0 a 5 cm e 5 cm a 10 cm), utilizando uma pá, e depois armazenadas
em sacos plásticos,. devidamente identificados e lacrados. Os pontos de coleta estão
descritos na Tabela 2 e mostrados na Figura 13:
Tabela 2- Localização dos pontos de coleta dos sedimentos no Açude Saco I, Serra Talhada/ PE.
Pontos/Prof. (cm)
Coordenadas Altitude (m) Data coleta Horário coleta (h)
P1(0-5) P1(5-10
S 07º 54’ 25,5” W 38º16’25,1”
505 09.09.10 15:40
P2(0-5) P2(5-10)
S 07º 54’ 22,5” W 38º16’25,0”
503 09.09.10 16:15
P3(0-5) P3(5-10)
S 07º 55’ 22,9 W 38º17’18,4”
493 09.09.10 16:56
P4(0-5) P4(5-10)
S 07º 56’ 30,8” W 38º17’35,4”
487 10.09.10 9:38
P5(0-5) P5(5-10)
S 07º 56’ 54,4” W 38º17’32,5”
502 10.09.10 10:21
45
As análises que objetivaram a determinação das características físicas do
sedimento, como granulometria e textura, bem como a preparação do sedimento para
a determinação do 210Pb foram realizadas no Laboratório de Física do Solo, enquanto
que as análises para determinação da atividade do 210Pb foram realizadas no
Laboratório de Análises Ambientais, ambos no Departamento de Energia Nuclear da
Universidade Federal de Pernambuco.
3.3 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO
AÇUDE SACO I
O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é função de suas
características geomorfológicas (forma, relevo, área, geologia, rede de drenagem,
solo, dentre outros) e do tipo de cobertura vegetal, segundo Tonello (2006), citado por
Lima (1986). Desse modo, as características físicas e bióticas de uma bacia possuem
importante papel nos processos do ciclo hidrológico, influenciando dentre outros, a
infiltração, a quantidade de água produzida como deflúvio, a evapotranspiração e os
escoamentos superficial e sub-superficial (TONELLO, 2005).
A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o
volume de água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo exutório,
considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados e transpirados e
também os infiltrados profundamente (TUCCI, 2000). Desse modo, a área da bacia
hidrográfica tem influência sobre a quantidade de água produzida como deflúvio. A
forma e o relevo, no entanto, atuam sobre a taxa ou sobre o regime dessa produção
de água, assim como a taxa de sedimentação (TONELLO, 2005).
O caráter e a extensão dos canais (padrão de drenagem) afetam a
disponibilidade de sedimentos, bem com a taxa de formação do deflúvio. Muitas
dessas características físicas da bacia hidrográfica, por sua vez, são, em grande
parte, controladas ou influenciadas pela sua estrutura geológica. Para investigar as
características das diversas formas de relevo, as bacias hidrográficas se configuram
como feições importantes, principalmente no que se refere aos estudos de evolução
do modelado da superfície terrestre (TONELLO, 2005).
As características físicas de uma bacia constituem elementos de grande
importância para avaliação do seu comportamento hidrológico, pois, ao se
46
estabelecerem relações e comparações entre tais características e os dados
hidrológicos conhecidos, podem-se determinar indiretamente os valores hidrológicos
em locais nos quais faltem dados (VILLELA; MATTOS, 1975). Segundo, Christofoletti
(1970), a análise de aspectos relacionados a drenagem, relevo e geologia pode levar
à elucidação e compreensão de diversas questões associadas à dinâmica ambiental
local.
A quantificação da disponibilidade hídrica serve de base para o projeto de
planejamento dos recursos hídricos. Para isso, é necessário expressar
quantitativamente, todas as características de forma, de processos e de suas inter-
relações. É importante ressaltar que nenhum desses índices, isoladamente, deve ser
entendido como capaz de simplificar a complexa dinâmica da bacia, a qual inclusive
tem magnitude temporal (TONELLO, 2005).
Para a realização da caracterização morfométrica da bacia hidrográfica que
contribui para o Açude Saco I, no município de Serra Talhada, na bacia do Pajeú,
Pernambuco- Brasil foram necessárias as delimitações de atributos básicos, a saber:
áreas, perímetros, comprimentos axiais. A partir destes atributos foram determinados
os índices de forma da bacia, traduzidos nos valores de Coeficiente de compacidade
(Kc), Fator de forma (Kf) e Índice de circularidade (Ic). Além destes valores, foram
calculados também a Densidade de drenagem (Dd) e a ordem dos cursos d’água
(hierarquização de drenagem). Neste trabalho foi utilizada a base de sados fornecida
pela Agência Estadual de Meio Ambiente-CPRH e com o auxílio do software ArcGIS
9.3 foram determinados ao atributos acima citados.
3.3.1. Descritores morfométricos utilizados
Tornou-se necessário, a hierarquização de drenagem, realizada por meio dos
métodos propostos por Strahler (1952) e magnitude de drenagem, seguindo os
parâmetros estabelecidos por Shreve (1966). A partir desta classificação inicial foi
possível a análise de índices morfométricos para a bacia hidrográfica.
47
3.4 USO E COBERTURA DO SOLO E DRENAGEM
As mudanças no uso e ocupação do solo de uma bacia hidrográfica,
decorrentes principalmente de atividades antrópicas, tais como desmatamento,
reflorestamento e urbanização entre outras, têm impactos consideráveis sobre o
comportamento hidrológico da mesma, e em particular no que se refere à geração de
escoamento superficial (PAIVA; PAIVA, 2003).
Sob o ponto de vista da gestão da bacia hidrográfica, toda ação de
planejamento visando o ordenamento territorial, e em consequência a atenuação ou
eliminação de impactos decorrentes das alterações no uso do solo, deve ser
precedida de um diagnóstico ou monitoramento do uso e ocupação do solo. No
entanto, as extensões a serem avaliadas podem inviabilizar um mapeamento preciso
e atualizado utlizando-se métodos convencionais, de aerofotogrametria, topografia e
cartografia, para a aquisição de dados, devido aos elevados custos e prazos para
obtenção das informações (PAIVA; PAIVA, 2003; CALIJURI, 1996).
A exigência de uma visão globalizada das questões ambientais tem contribuído
para uma crescente demanda por informações cartográficas, obtidas em ritmo cada
vez mais intenso graças ao desenvolvimento de técnicas apoiadas no uso de
computadores e às imagens obtidas por sensores instalados a bordo de satélites
espaciais, que, com suas características de repetitividade e periodicidade, tornaram-
se também ferramentas indispensáveis na análise e monitoramento multitemáticos e
multitemporais de fenômenos naturais ou decorrentes de ações antrópicas em nosso
planeta (CALIJURI, 1996).
Assim, o geoprocessamento, apresenta um grande potencial para suprir a
carência de dados e informações adequadas para tomada de decisões sobre
problemas urbanos, rurais e ambientais, através de técnicas matemáticas e
computacionais, e tecnologias, para adquirir, posicionar, e tratar dados e informações
geográficas. Dentre essas ferramentas destacam-se os sistemas de informações
geográficas, as técnicas de processamento de imagens de satélite de observação da
terra, e as técnicas de modelagem numérica do terreno, entre outras (PAIVA; PAIVA,
2003; CALIJURI, 1996).
Em resumo, o sensoriamento remoto pode ser definido como a ciência que visa
obter dados e informações a respeito de objetos (alvos) a partir de medições feitas à
48
distância, sem entrar em contato como o objeto. A metodologia mais utilizada é
aquela baseada na análise da energia ou radiação eletromagnética (REM) refletida ou
emitida pelos alvos. Como exemplos de alvos naturais, pode-se citar: corpos d’água,
vegetação, solo exposto, entre outros (PAIVA; PAIVA, 2003).
A energia refletida e/ou emitida pelos alvos em diversas regiões do espectro
magnético é medida por sensores, montados em aeronaves ou satélites de
observações da terra, tais como LANDSAT e SPOT. Os dados assim obtidos são
fornecidos ao usuário na forma de imagens digitais adequadas à análise com o auxílio
de computadores, ou impressas em papel fotográfico para impressão visual. Por meio
de imagens digitais obtidas simultaneamente em várias bandas espectrais, é possível
identificar as características físicas do alvo, sua distribuição espacial e, quando se
dispõem de imagens obtidas em datas distintas, as variações que ocorrem ao longo
do tempo (PAIVA; PAIVA, 2003).
Contudo, um Sistema de Informação Geográfica-SIG integra, além de
informações oriundas de imagens de satélites, informações espaciais oriundas de
mapas, dados de censos, cadastros urbano e rural e modelos numéricos de terreno.
Enfim, um SIG destina-se a atuar como uma ferramenta eficiente de planejamento em
todas as aplicações que fazem uso de mapas. Portanto, todas as atividades que
envolvem a coleta de dados sobre a superfície terrestre podem ser beneficiadas por
um sistema dessa natureza (IM et al; 2012; VALÉRIO FILHO, 1994; TUCCI, 2000).
Com o sensoriamento remoto é possível obter índices de vegetação e valores
de Albedo da superfície extremamente úteis para a caracterização ambiental de
grandes áreas. Um índice de vegetação atualmente amplamente utilizado é o Índice
de Realce da Vegetação (Enhanced Vegetation Index – EVI) proposto por Huete
(1997) e desenvolvido para promover a redução das influências atmosféricas e do
solo de fundo do dossel no monitoramento da vegetação (JUSTICE, 1998).
Para elaboração do mapa de uso e cobertura do solo do Açude Saco I utilizou-se
a base de dados obtidos a partir dos resultados do EVI das imagens do produto do
sensor Mapeador Temático do satélite Landsat-5, obtida no site do INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), de órbita 216 e ponto 66, já processadas no
software Erdas Imagine 9.1. Para estas análises selecionou-se uma imagem de 06 de
49
outubro de 2010, com o Sistema de Referência: Datun WGS84, que foi recortada para
a área de estudo, utilizando o software ArcGis 9.3 (ESRI, 2008).
Através das ferramentas de modelagem e tratamento de dados deste software,
foi realizada a exportação das informações e digitalização, no caso do mapa de uso e
cobertura do solo, das áreas correspondentes a caatinga árborea, caatinga arbórea-
arbustiva, caatinga arbustiva, solo exposto, áreas irrigadas e de cultivos temporários,
área com água e área urbana na bacia hidrográfica do Açude Saco I.
Com o mapa de uso e cobertura do solo da bacia foi possível calcular, as áreas
das classes de vegetação e do açude. Os dados foram posteriormente validados em
campo pela coleta dos pontos em GPS (Garmin Etrex) e material fotográfico, nos dias
18 e 19 de maio de 2011.
Para elaboração dos mapas de drenagem do Açude Saco I foi utilizada a base
de dados obtidos a partir dos resultados do EVI - Índice de Vegetação das imagens
do produto do sensor Mapeador Temático do satélite Landsat-5, obtida no site do
INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de órbita 216 e ponto 66, já
processadas no software Erdas Imagine 9.3. Para esta análise foi selecionada uma
imagem de 06 de outubro de 2010, com o Sistema de Referência: Datun WGS84, que
foi recortada para a área de estudo, utilizando o software ArcGis 9.3 (ESRI, 2008).
Através das ferramentas de modelagem e tratamento de dados deste software foi
realizada a exportação das coordenadas geográficas e das cotas de elevações;
digitalização da bacia hidrográfica do Açude Saco I; definição das linhas de drenagem
e das curvas de nível; determinação das dimensões da bacia e do açude, da
declividade, comprimento do declive; e finalmente a elaboração do mapa de
drenagem do Açude Saco I, o que permitiu a avaliação da influência da drenagem no
transporte de sedimentos para o reservatório.
Os dados relativos ao Açude Saco I foram validados em campo pela coleta dos
pontos em GPS (Garmin Etrex) e material fotográfico, referentes aos diferentes tipos
de uso e cobertura do solo, nos dias 18 e 19 de maio de 2011.
50
3.4.1 Determinação da declividade
A avaliação da declividade no Açude Saco I foi realizada nos cinco pontos de
coleta dos sedimentos, georeferenciados no local, em novembro de 2010. Com as
cotas de elevação nos pontos de coleta já conhecidas e analisando o mapa de
drenagem foi possível verificar através das curvas de nível o valor das cotas que se
encontravam localizadas acima dos pontos de coleta no Açude Saco I, com
possibilidade, de contribuição de sedimentos para os pontos em estudo. Desta
maneira, utilizando-se as ferramentas do ArcGis 9.3 (ESRI, 2008) foram determinadas
as distâncias de cada ponto de coleta para a curva de nível mais elevada, e
consequentemente com as elevações e as distâncias foram obtidas a declividade
para cada ponto de coleta.
3.5. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA E GRANULOMETRIA DOS SEDIMENTOS
Para análise da textura foram utilizados as amostras deformadas de
sedimentos coletadas nas profundidades de 0 a 5 cm e 5 a 10 cm nos cinco pontos e
armazenadas em sacos plásticos.
A análise textural foi efetuada pelo método do densímetro, conhecido também
como método do hidrômetro, proposto em 1926 por Bouyoucos, baseado no princípio
de que a matéria em suspensão (silte e argila) confere determinada densidade ao
liquido. Após o cálculo do percentual das frações do solo, foram utilizados os
triângulos texturais, que são utilizados em classificação do solo, para determinar as
classes texturais (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - EMBRAPA, 1997).
3.6 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO SOLO
A determinação da densidade do solo (Ds) é relativamente simples e baseia-se
na coleta de uma amostra de solo de volume conhecido e com estrutura preservada
(REINERT; REICHERT, 2006).
Para determinação da densidade dos solos (sedimentos) e quantificação do 210Pb nas amostras de sedimento foram utilizadas as amostras de sedimentos
indeformadas, coletadas por um amostrador e preservadas em cilindros de PVC com
os diâmetros e as alturas conhecidas. No laboratório, o perfil do sedimento foi cortado
51
a cada 1cm, transferido para um anel de PVC, com as suas características
previamente determinadas (altura das paredes, diâmetro, peso) e coberto com uma
tela (com o peso previamente determinado). O conjunto (solo úmido, cilindro, tela) da
amostra com 1cm foi pesado e levado para secar ao ar por aproximadamente oito
dias.
Com o sedimento seco ao ar, foi realizada uma nova pesagem do conjunto a fim
de se obter o peso do sedimento seco ao ar. Dessa maneira, com o peso do
sedimento seco e o volume da amostra do sedimento seco, a cada 1cm, foi
determinada a densidade do sedimento no Açude Saco I.
Depois o sedimento foi destorroado, peneirado na malha nº 2,00mm, colocado
num cadinho de porcelana (com peso previamente definido) e pesado novamente.
3.7 ANÁLISE PARA DETERMINAÇÃO DO 210Pb NAS AMOSTRAS DOS
SEDIMENTOS
As amostras de sedimentos foram levadas para secagem na mufla a 450ºC
durante três dias e depois, as cinzas foram armazenadas em recipientes de plástico,
devidamente identificados com o número do ponto coletado e a data do
acondicionamento.
A determinação das concentrações de 210Pb nos sedimentos foi realizada a
partir do método da troca iônica apresentado por Godoy (1998), cujas etapas estão
descritas a seguir:
a) Lixiviação
Após os procedimentos de calcinação das amostras de sedimento, a massa
total de cinzas foi aferida, em seguida foram retirados apenas 2 gramas, conforme o
método estabelecido por Godoy (1998), para serem lixiviados com 100 ml de HBr
0,5M; 1,0g de cloridrato de hidroxilamina; 1 ml de carreador de chumbo
(20 mg Pb2+/ml) por um período de 12 horas.
b) Percolação na resina trocadora de íons
A solução foi colocada para percolar numa coluna contendo resina trocadora
de íons do tipo BIO-RAD DOWEX 1-X8 50-100. Durante o procedimento, o 210Pb ficou
52
retido na resina enquanto a solução inicial foi eluída. Após a eluição da solução o 210Pb foi retirado da resina utilizando 50 ml de HNO3 1M. A solução obtida foi
aquecida até a secagem total. Foi adicionado 50 ml de água deionizada, 5 gotas de
vermelho de metila e acetato de amônio a 40% para ajustar o pH entre 4,5 e 5,0.
Depois foi acrescentado 2ml de cromato de sódio. Nesse momento, o chumbo
precipitou na forma de cromato de chumbo.
c) Deposição do precipitado
Após o resfriamento das amostras, as soluções foram filtradas (à vácuo)
contendo cromato de chumbo com papéis de filtro quantitativo. Em seguida, o
precipitado foi levado para a secagem por 10 minutos (a 100oC) e pesagem, a fim de
se determinar o rendimento químico da recuperação do chumbo (100% = 31,4 mg
PbCrO4). Contudo, antes da realização da contagem β, o precipitado foi coberto por
papel contato. Após essa etapa, foram necessários 35 dias para que o 210Pb entrasse
em equilíbrio radioativo com o 210Bi. Após esse período, as contagens beta do
precipitado foram realizadas num detector proporcional Tennelec S5E da
CANBERRA, de baixo background. Cada amostra foi analisada em triplicata, durante
3 horas cada uma.
A representação esquemática do procedimento para determinação das
concentrações de atividade do 210Pb (Figura 9) está melhor ilustrado no Anexo A
(Fotos 01 a 08).
53
Figura 9 - Representação esquemática da análise do 210Pb em sedimentos.
2g de cinzas
Lixiviação com 100ml
de HBr 0,5M (12 horas)
1 ml de carreador de Chumbo (20mg 2+/ml)
1,0 g de cloridrato de
hidroxilamina
Percolação na resina
trocadora de íons BIO-RAD DOWEX
1-X8
210Pb retirado com 50ml de HNO3
1M
Deposição do
precipitado
Contagem das
amostras
54
3.8 PROCEDIMENTO PARA AS ANÁLISES COM O DETECTOR PROPORCIONAL
DE FLUXO CONTÍNUO
3.8.1 Sistema de medidas
Para as medidas do 210Pb em sedimento foi utilizado o sistema alfa-beta do
Departamento de Energia Nuclear, um detector proporcional de fluxo contínuo
Tennelec S5E da CANBERRA (Figura 10). A contagem das amostras foi realizada em
triplicata e o tempo utilizado foi de 3 h para cada leitura. Este procedimento consiste
na medida beta total do precipitado contendo 210Pb (GODOY et al., 1998).
Em qualquer tipo de análise envolvendo a técnica do detector proporcional alfa-
beta, faz-se necessário uma avaliação completa dos parâmetros relacionados ao
sistema de medidas adotado no arranjo experimental. Para tanto, alguns parâmetros
foram observados, para obter uma resposta eficiente do detector alfa-beta na
determinação do 210Pb. Entre os parâmetros estudados estão: a curva de calibração
para eficiência do detector e o limite de detecção (COSTA JÚNIOR, 2011). Para o
funcionamento da câmara de ionização do detector Tennelec S5E da CANBERRA foi
utilizado o gás P10, composto por 90% de Argônio e 10% de CH4.
55
Pb210
Figura 10- Detector Tennelec S5E da CANBERRA
3.9 CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO DE ATIVIDADE DO 210Pb
A concentração de atividade do 210Pb em Bq/L foi determinada utilizando-se a
Equação abaixo (JIA; TORRI, 2007):
A = CA - CB
RQ x Q x Ԑβ x ( 1- е - ƛ Bi – 210 x t)
Onde: CA é a taxa de contagem da amostra (cpm); CB é a taxa de contagem do
background (cpm); RQ é o rendimento químico (%); Q é a quantidade de amostra
utilizada na análise [massa (kg) ou volume (L)]; Ԑβ é a eficiência de contagem beta (β)
do bismuto; λBi é a constante de decaimento do Bi-210 = 0,1383 d-1; t é o tempo
transcorrido entre a precipitação do cromato de chumbo e a contagem em dias.
56
3.10 MODELAGEM DOS DADOS
3.10.1 Determinação da datação e da taxa de sedimen tação
Para se determinar a idade da coluna dos sedimentos e a taxa de
sedimentação foram utilizados os modelos Constant Initial Concentration (CIC) e
Constant Rate of Supply (CRS). Após a análise, os resultados foram obtidos a partir
das equações apresentadas no item 2.7 (Datação de sedimentos) e representados
em planilhas e gráficos, que serão mostrados no item 4.6.
3.11 DETERMINAÇÃO DA VIDA ÚTIL DO AÇUDE
A vida útil do açude foi determinada utilizando as curvas de nível a cada 1m de
distância, geradas a partir da imagem do SRTM, adquirida junto ao site da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuárias - EMBRAPA (2005). Desta forma foi possível
estimar as equidistâncias entre vários pontos dentro do Açude Saco I.
A partir do ponto zero (localizado na região mais profunda) dentro do canal no
açude, com curva de nível de cota 473 m até a curva de nível com cota 489 m,
localizada junto a linha d’água do açude foi estimada a diferença máxima de
elevação.
Para determinação das distâncias entre os pontos foi adotado o critério de
subdivisão da área, procurando evitar a proximidade entre os pontos. Logo, a
distância entre os locais definidos para estimativa da profundidade foi de 600 m,
distribuídos em 07 pontos cotados ao longo do açude, abrangendo uma distância total
de 3600 m. Apesar de manter a distância de 600 m entre os 07 pontos, os valores
obtidos apresentaram diferenças de cota muito pequenas. Nos pontos avaliados as
cotas encontradas foram: 473 m (ponto zero), 483 m, 484 m, 484 m, 487 m, 488 m,
489 m (linha d’água).
57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO
AÇUDE SACO I
A partir da determinação da área, perímetro e comprimentos da bacia de
contribuição do Açude Saco I, apresentados na Tabela 3 foi possível determinar os
índices de forma da bacia: Coeficiente de compacidade (Kc), Fator de forma (Kf) e
Índice de circularidade (Ic). Além destes valores, foram calculados também a
Densidade de drenagem (Dd) e a ordem dos cursos d’água (hierarquização de
drenagem).
Tabela 3- Valores de área, perímetro e comprimentos da bacia do Açude Saco I, Serra Talhada, PE.
Perímetro (P) 74,53 Km
Área (A) 137,07 Km²
Comprimento do Rio Principal (L) 34,62 Km
Comprimento Axial da Bacia (Lx) 27,11 Km
Para Strahler (1952), todos os canais sem tributários são de primeira ordem,
mesmo que sejam nascentes dos rios principais e afluentes; os canais de segunda
ordem são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem,
podendo ter afluentes também de primeira ordem; os canais de 3º ordem originam-se
da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de
segunda e primeira ordens; os canais de 4º ordem originam-se da confluência de dois
canais de terceira ordem podendo receber afluentes de terceira e primeira ordens.
Com a análise do sistema de drenagem da bacia (Tabela 4), foi verificado que a
bacia do Açude Saco I é de 4ª ordem, conforme a classificação de Strahler (1952), o
que demonstra que a bacia possui um sistema de drenagem com ramificações
significativas. Sua magnitude de drenagem é de 57, segundo os parâmetros
estabelecidos por Shreve (1996), representando o total de canais de nascentes da
bacia, ou seja, o número de canais de primeira ordem obtidos na classificação de
Strahler (1952).
58
Tabela 4- Ordem, quantidade e comprimento de canais de drenagem existentes na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada, PE
Ordem Nº de canais Comprimento dos canais
(Km)
1ª 57 69,54
2ª 14 25,95
3ª 2 5,98
4ª 1 28,16
TOTAL 74 129,63
Durante a análise da hierarquia da bacia, foi verificado que a bacia possui
padrão de drenagem, variando entre o dendrítico e o paralelo, sendo este último
encontrado principalmente onde há um maior controle estrutural ou nos locais de
encostas mais acentuadas.
O coeficiente de compacidade (kc) calculado para a bacia foi de 1,78. Um
coeficiente igual à unidade corresponderia a uma bacia circular e, como a tendência à
enchente de uma bacia será tanto maior quanto mais próximo da unidade for este
coeficiente, foi constatado que com este Kc a bacia do Açude Saco I demonstra ter
um melhor escoamento por ser mais alongada e portanto, menos susceptível a
enchentes. Segundo Garcez (1988), desde que outros fatores não interfiram, valores
menores do índice de compacidade indicam maior potencialidade de produção de
picos de enchentes elevados.
Com relação ao fator de forma (kf), a bacia apresentou Kf de 0,18. Numa bacia
estreita e longa, com fator de forma baixo, há menos possibilidade de ocorrência de
chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a extensão da bacia. Além disso, a
contribuição dos tributários atinge o curso d'água principal em vários pontos ao longo
do mesmo, afastando-a, portanto, da condição ideal da bacia circular (GRUPO DE
RECURSOS HÍDRICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, 2005). Isto
significa dizer que, a bacia do Saco I tem um número significativo de tributários
atingindo o rio principal, tornando-a susceptível ao escoamento e comprovando a
análise feita para o coeficiente de compacidade.
O índice de circularidade (Ic), calculado em 0,31 caracteriza a forma da bacia
como alongada, confirmando a avaliação feita em relação ao coeficiente de
59
compacidade (Kc) determinado anteriormente. Seu valor se distancia da unidade,
evidenciando um menor risco de grandes cheias em condições normais de
pluviosidade anual, e topografia muito favorável ao escoamento superficial.
O índice de densidade de drenagem (Dd) estimado foi de 0,9456 km/km², o que
demonstra um sistema de drenagem pobre, apesar de ter apresentado um número
significativo de ramificações, conforme a classificação de Strahler (1952). Este índice
de densidade de drenagem atrelado ao clima da região, explicam a necessidade da
construção de açudes e barragens para que a água permaneça disponível por mais
tempo no local. Bacias hidrográficas terão maior eficiência de drenagem quanto maior
for essa relação (VILLELA; MATTOS, 1975).
4.2 USO E COBERTURA DO SOLO DA BACIA DO AÇUDE SACO I
O fator cobertura sobre o solo é de grande importância na prevenção e controle
da erosão e dos agravamentos do processo erosivo, principalmente como proteção do
solo. Está intimamente ligado a processos antrópicos (econômicos, sociais e
culturais), os quais explicam o modo pelo qual vem sendo manejado o solo de uma
região, assim como sua cobertura (SILVA, 2004). O tamanho, a intensidade e a
modalidade da exploração da área influenciam o tipo de cobertura e predispõem o
solo à erosão (SILVA, 2004). Para os mapas de uso e cobertura do solo e de
drenagem da bacia do Açude Saco I foi adotada uma área de abrangência da bacia
de contribuição de 55,29 km2, correspondente a uma bacia de 3ª ordem, conforme a
classificação de Strahler (1952). Nesta área foi verificada a predominância de relevo,
variando de suavemente ondulado a suavemente montanhoso, com cotas de até
830m. Nesta área da bacia está localizada, parte do município de Serra Talhada,
além de alguns povoados rurais.
De acordo com o mapa de uso e cobertura do solo da bacia de contribuição do
Açude Saco I (Figura 11) e o detalhamento das classes da cobertura do solo (Figura
12), foi verificado que a vegetação se encontra assim distribuída: caatinga árborea
cobrindo uma área com 17,18 km2, caatinga árborea-arbustiva com 8,40 km2 e
caatinga arbustiva com 1,20 km2. Devido ao tipo de cobertura encontrada nestas
áreas, pode-se dizer que o solo torna-se mais protegido dos processos erosivos,
60
durante a ocorrência das chuvas, período em que a vegetação se encontra mais
exuberante.
A classe apresentada como água, corresponde à área molhada dos açudes
Borborema (0,40 km2) e Saco I (5,65 km2), totalizando 6,05km2. Nas proximidades do
IPA são desenvolvidos experimentos com irrigação proveniente do Açude Saco I, para
o plantio de palma, girassol e fruteiras nativas. Esta região faz parte das áreas
irrigadas, as quais representam 0,45 km2 da bacia de contribuição. Nas áreas de
cultivos temporários, com 5,75 km2 são desenvolvidos, nos períodos chuvosos, o
plantio de algodão herbáceo, feijão, girassol, mamona, milho e sorgo.
Segundo Silva (2004), a ausência da cobertura é percebida logo no primeiro
estágio do processo erosivo. Neste mapeamento, o solo exposto apresentou
16,26 km2, o que representa uma área significativamente extensa, já antropizada e
sujeita a processos erosivos mais intensos. Nas áreas, classificadas como solo
exposto, localizadas nas proximidades do IPA, foi possível observar a exploração de
atividades agropecuárias, com criação de cavalos, cabras e gado. A área urbana, a
qual representa parte da cidade de Serra Talhada e ocupa 3,55 km2 da bacia
hidrográfica do Açude Saco I, também foi classificada como solo exposto.
Conforme o tipo de cobertura sobre o solo, a efetividade de sua proteção será
maior ou menor, algumas favorecendo mais o processo de infiltração da água e
outras impermeabilizando totalmente o solo, como é o caso da pavimentação,
existente na área urbana, representada na área de abrangência do estudo, como
parte da cidade de Serra Talhada.
Alguns detalhes do uso e da cobertura do uso da área em estudo, como porte e
tipo da vegetação predominante, sistema de irrigação implantado, espécies de
cultivos, atividades agropecuárias exploradas, vista do açude Saco I podem ser
observadas nas Fotos (9 a 20) apresentadas no Anexo B.
61
Figura 11- Uso e cobertura do solo da bacia de contribuição do Açude Saco I, Serra Talhada-PE.
62
Figura 12-Classes de cobertura do solo da bacia de contribuição do Açude Saco I, Serra Talhada, PE, outubro, 2011.
De acordo com o mapeamento de uso e cobertura do solo da bacia de
contribuição do Açude Saco I foi constatado um percentual significativo de áreas
antropizadas, representando aproximadamente 41% da área, mais suscetíveis aos
processos erosivos e, consequentemente ao transporte de sedimentos para o
reservatório.
O EVI demonstrou ser eficiente na separação entre corpos hídricos e a
classificação da cobertura do solo na área dos açudes.
4.3 DRENAGEM DA BACIA DO AÇUDE SACO I
Dentre os fatores topográficos, a declividade de um terreno é possivelmente o
mais importante no condicionamento da gênese e evolução do processo erosivo.
Contudo, o comprimento de rampa não é menos importante que o declive, pois à
medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas se tornam
mais volumosas como também a velocidade de escoamento aumenta
progressivamente e a maior energia resultante se traduz em maior erosão
(RODRIGUES, 1982). A partir do mapa de drenagem da bacia de contribuição do
açude Saco I (Figura 13), foram determinadas as declividades do terreno, que se
encontram determinadas na Tabela 5.
63
Figura 13- Drenagem da bacia de contribuição do Açude Saco I, Serra Talhada-PE.
64
Tabela 5 - Declividades determinadas para os pontos de coleta de amostras de solo no Açude Saco I, Serra Talhada-PE.
Pontos Elevação da curva de
nível mais elevada
(m)
Elevação no
ponto de coleta
(m)
Distância entre
os pontos (m)
Declividade (%)
P1 510 505 1525,90 0,33
P2 510 503 1455,2 0,48
P3 590 493 916,54 10,6
P4 630 487 813,17 17,6
P5 620 502 1289,79 9,15
Segundo Bertoni; Lombardi Neto (1990), o tamanho e a quantidade do material
em suspensão arrastado pela água dependem da velocidade com que ela escorre,
que por sua vez, é uma resultante do comprimento de rampa e do grau de declividade
do terreno. Desta forma, avaliando a declividade encontrada entre os pontos de coleta
dos sedimentos e as curvas de nível mais elevadas, situadas em local que permitiu a
contribuição do transporte de sedimentos para os pontos em estudo, foi possível
concluir o seguinte:
• Com as declividades determinadas nos pontos P1 (0,33%) e P2 (0,48%,), o
relevo é considerado como plano, logo os solos apresentam baixa
susceptibilidade à erosão. Mesmo com uso agrícola prolongado (de 10 a 20
anos), os solos, em relevo plano ou quase plano e de boa permeabilidade não
apresentam erosão em sua maior parte (SILVA, 2004).
• Com as declividades apresentadas nos pontos P3 (10,6%), P4(17,6%) e P5
(9,15%), o relevo nessas áreas é considerado como ondulado e os solos são
moderadamente susceptíveis à erosão (SILVA, 2004). Estes solos, quando
usados para agricultura podem apresentar erosão moderada. Inicialmente
ocorre a remoção de todo horizonte “A”, que facilmente pode continuar com a
formação de sulcos, ravinas e voçorocas. Práticas conservacionistas são
necessárias desde o início de sua utilização agrícola. Em alguns casos, o
combate à erosão pode ser feito com práticas simples, como em lavouras de
ciclo longo, mas geralmente são necessários controles intensivos que
demandam investimentos e conhecimentos técnicos da área (SILVA, 2004).
65
4.3.1 Relação da granulometria dos sedimentos no Aç ude Saco I com a
velocidade da água
Algumas características básicas do solo, como destacabilidade e
transportabilidade das partículas são fatores que interferem na velocidade do
movimento das águas e podem reduzir os processos erosivos. A transportabilidade
está relacionada com a granulometria e a destacabilidade, com a coesão (SILVA,
2004). A velocidade aumenta significativamente de valor tanto no sentido dos
materiais mais finos para remover como nos de maior diâmetro para transportar. Os
terrenos com partículas maiores apresentam alta destacabilidade e baixa
transportabilidade, ao passo que nos terrenos com partículas de menor diâmetro
ocorre o inverso: baixa destacabilidade e alta transportabilidade (RODRIGUES, 1982).
Os solos da região são solos jovens, pouco evoluídos e por isso raso, típico de
regiões semiáridas (MELO et al., 2008). Conforme consta na Tabela 6, na Figura 14 e
com maiores detalhes no item 4.5 (Determinação da textura e granulometria dos
sedimentos), os sedimentos encontrados nos pontos P1, P3 e P5 nas duas camadas
e P2 na camada de (5-10) cm pertencem ao grupo dos solos classificados como
franco. Segundo Brady (1989), um solo franco ideal é definido como uma mistura de
partículas de areia, silte e argila que apresentam propriedades leves e pesadas em
proporções equilibradas. Os solos de importância agrícola são, na maioria, de algum
tipo de franco. Os solos francos (textura média) são os mais resistentes à erosão. No
ponto P2, na camada de (0-5 cm) o sedimento foi classificado como franco-argilo-
arenoso, enquanto que no ponto P4, nas duas camadas, os sedimentos foram
classificados como franco-arenosos.
Com relação à granulometria da areia (Tabela 6), observa-se que em todos os
pontos, o maior percentual se encontra representado como areia fina. Logo, de
acordo com a Tabela 7, a velocidade para que ocorra a erosão é mínima em areias
finas, apresentando baixa destacabilidade e alta transportabilidade.
66
Tabela 6 – Granulometria e textura dos sedimentos para os pontos de coleta no Açude Saco I, Serra Talhada- PE
Figura 14 - Percentagem acumulada do solo em relação ao diâmetro das partículas.
Pontos (cm)
Partículas do sedimento em função do tamanho (%)
Classificação
Argila Silte
Areia
Muito
Fina Fina Média Grossa
Muito
Grossa
P1 (0-5) 19,93 42,25 6,91 12,42 6,29 4,04 1,29 Franco
P1(5-10) 25,80 39,19 6,35 11,32 4,86 3,00 1,30 Franco
P2 (0-5) 9,38 30,00 4,61 17,86 14,02 11,76 3,77 Franco-argilo-arenoso
P2(5-10) 9,38 47,49 7,51 12,29 5,94 4,87 2,10 Franco
P3 (0-5) 11,72 44,79 4,97 23,33 10,00 7,06 3,10 Franco
P3(5-10) 14,07 42,97 5,18 12,40 9,66 6,99 3,14 Franco
P4 (0-5) 9,38 36,18 6,40 18,29 14,63 7,04 1,53 Franco-arenoso
P4(5-10) 8,21 25,39 5,66 22,36 20,90 9,66 1,76 Franco-arenoso
P5 (0-5) 11,72 38,54 6,55 16,32 9,36 6,32 2,16 Franco
P5(5-10) 14,07 38,95 6,28 14,79 9,03 6,13 2,39 Franco
67
De uma maneira geral, analisando os demais constituintes do sedimento, pode-
se constatar que os sedimentos encontrados no Açude Saco I possuem quantidades
equilibradas de areia, silte e argila, conforme consta na Tabela 6. Comparando-se os
tipos de sedimentos encontrados (Tabela 6), com os valores de velocidades indicados
na Tabela 7 (Velocidades máximas de movimento de águas superficiais em que não
ocorre erosão, conforme o grau de transportabilidade e destacabilidade das partículas
de solo), pode-se concluir que as velocidades de movimento das águas superficiais
em torno de 0,7 e 0,8 m/s representam uma faixa de segurança para que não
ocorressem processos erosivos nestas áreas.
Tabela 7- Velocidades máximas de movimento de águas superficiais em que não ocorre erosão, conforme o grau de transportabilidade e destacabilidade das partículas de solo.
Fonte: SILVA (2004).
Tipos de terreno Velocidade (m/s)
Areia muito fina e limpa 0,2-0,3
Areia muito fina e solta 0,3-0,5
Areia grossa ou solo fino arenoso 0,5-0,6
Solos arenosos correntes 0,6-0,7
Limos arenosos 0,7-0,8
Limos, solos aluvionares, cinzas vulcânicas 0,8-0,9
Limos consistentes e limos argilosos 0,9-1,2
Argilas duras e saibros 1,2-1,5
Areões e godos 1,5-1,8
Conglomerados, xistos, cascões 1,8-2,5
68
4.4 DENSIDADE DO SOLO
A densidade do solo (Ds) pode ser definida como a massa (ou peso) de uma
unidade de volume do solo seco. Este volume incluirá tanto os sólidos como os poros
(BRADY, 1989).
Segundo Reinert; Reichert (2006), os valores normais para solos arenosos
variam de 1,2 g/cm3 a 1,9 g/cm3, enquanto que os solos argilosos apresentam valores
mais baixos, de 0,90 g/cm3 a 1,7 g/cm3. Valores de densidade do solo (Ds)
associados ao estado de compactação com alta probabilidade de oferecer riscos de
restrição ao crescimento radicular situam-se em torno de 1,65 g/cm3 para solos
arenosos, e 1,45 g/cm3 para solos argilosos.
Os resultados obtidos das densidades dos perfis dos sedimentos (secos ao ar),
das amostras indeformadas coletadas, nas camadas 0 a 5 cm e 5 a 10 cm, nos cinco
pontos, e que foram cortadas e determinadas a cada 1 cm estão apresentados na
Tabela 8:
69
Tabela 8- Densidade dos sedimentos (secos ao ar) no Açude Saco I, Serra Talhada-PE, no horizonte superficial (0 a 10 cm).
Pontos/Prof.
(cm)
Densidade do solo (g.cm-3)
Pontos/Prof.
(cm)
Densidade do solo (g.cm-3)
P1 (0-1) 1,18 P3 (5-6) cm 1,08
P1 (1-2) 1,11 P3 (6-7) cm 1,20
P1 (2-3) 1,16 P3 (7-8) cm 1,20
P1 (3-4) 1,33 P3 (8-9) cm 1,20
P1 (4-5) 1,45 P3(9-10) cm 1,18
P1 (5-6) 1,44 P4 (0-1) cm 1,02
P1 (6-7) 1,47 P4 (1-2) cm 0,98
P1 (7-8) 1,39 P4 (2-3) cm 1,28
P1 (8-9) 1,26 P4 (3-4) cm 1,37
P1(9-10) 1,78 P4 (4-5) cm 1,27
P2 (0-1) 1,43 P4 (5-6) cm 0,97
P2 (1-2) 1,22 P4 (6-7) cm 1,28
P2 (2-3) 1,18 P4 (7-8) cm 1,39
P2 (3-4) 1,34 P4 (8-9) cm 1,18
P2 (4-5) 1,32 P4(9-10) cm 1,15
P2 (5-6) 1,31 P5 (0-1) cm 1,07
P2 (6-7) 1,33 P5 (1-2) cm 1,16
P2 (7-8) 1,31 P5 (2-3) cm 1,08
P2 (8-9) 1,32 P5 (3-4) cm 1,13
P2(9-10) 1,39 P5 (4-5) cm 1,09
P3 (0-1) 1,37 P5 (5-6) cm 1,28
P3 (1-2) 1,10 P5 (6-7) cm 1,16
P3 (2-3) 1,18 P5 (7-8) cm 0,88
P3 (3-4) 1,15 P5 (8-9) cm 1,22
P3 (4-5) 0,85 P5(9-10) cm 1,21
70
Conforme os resultados obtidos:
O ponto P1 apresentou nas camadas de 0-10 cm, valores mais próximos dos
intervalos de 1,20 g/cm3 a 1,90 g/cm3, caracterizando um solo arenoso, enquanto que,
os pontos P2, P3, P4 e P5 apresentaram, nas camadas de 0-10 cm valores mais
próximos do intervalo de 0,90g/cm3 a 1,70 g/cm3, caracterizando um solo argiloso.
Segundo Brady (1989), a quantidade de matéria orgânica num solo exerce
influência marcante na densidade do solo, o que justifica o fato dos solos de
superfície (que quase sempre possuem maior quantidade de matéria orgânica que os
subsolos) possuírem via de regra, a densidade mais reduzida que os subsolos.
Desta forma, observa-se que de uma maneira geral, a densidade do solo variou
entre 0,85 g/cm3 e 1,78 g/cm3, o que representa um solo com densidade baixa e
possivelmente rico em matéria orgânica, justificado também pela sua profundidade
(BRADY, 1989).
O conteúdo de matéria orgânica no solo é de grande importância no controle
da erosão. Nos solos argilosos, modifica a estrutura, melhorando as condições de
arejamento e de retenção de água, o que é explicado pelas expansões e contrações
alternadas que redundam de seu umedecimento e secamento sucessivos (BERTONI;
LOMBARDI NETO,1990).
Nos solos arenosos, a aglutinação das partículas, firmando a estrutura e
diminuindo o tamanho dos poros, aumenta a capacidade de retenção de água
(BERTONI; LOMBARDI NETO,1990).
A matéria orgânica retém duas a três vezes o seu peso em água, aumentando
assim a infiltração, com diminuição das perdas por erosão (BERTONI; LOMBARDI
NETO,1990).
71
4.5 ATIVIDADE DO 210Pb
Para a determinação da atividade do 210Pb em excesso (210Pb da atmosfera)
nas amostras de sedimentos foram adotados os seguintes parâmetros: Taxa de
contagem do background da sala (0,27cpm), rendimento químico (RQ) do 210Pb
determinado para cada uma das amostras, massa (2g), eficiência (20cpm/Bq) e
radionuclídeo (210Pb).
Os resultados obtidos no presente trabalho para a atividade do 210Pb em
excesso nos sedimentos, se encontram detalhados na Tabela 9. Como cada amostra
foi analisada em triplicata sendo 3 sub-amostras para cada amostra, totalizando 9
medidas (valor mínimo necessário para uma representatividade satisfatória), os
resultados mostrados representam as médias aritméticas da concentração de
atividades calculadas e seus respectivos desvios-padrões. O desvio acumulado
calculado corresponde à soma dos desvios padrões.
72
Tabela 9- Atividade do 210Pb nas amostras de sedimentos do Açude Saco I, Serra Talhada-PE.
Pontos/Prof.
(cm)
Atividade 210Pb em
excesso (Bq/Kg)
Desvio acumulado
P1 (0-2) 30,93 0,73
P1 (2-4) 21,33 1,73
P1 (4-6) 36,21 2,37
P1 (6-8) 22,29 2,37
P1(8-10) 16,88 0,91
P2 (0-2) 22,42 0,00
P2 (2-4) 20,88 1,46
P2 (4-6) 15,34 0,18
P2 (6-8) 19,20 0,55
P2(8-10) 6,83 0,18
P3 (0-2) 20,81 6,83
P3 (2-4) 24,74 1,82
P3 (4-6) 24,81 6,26
P3 (6-8) 19,39 1,18
P3(8-10) 15,72 1,46
P4 (0-2) 16,24 0,36
P4 (2-4) 14,95 0,36
P4 (4-6) 11,21 1,09
P4 (6-8) 11,98 0,00
P4(8-10) 5,93 3,01
P5 (0-2) 15,46 0,36
P5 (2-4) 16,11 0,18
P5 (4-6) 8,33 4,57
P5 (6-8) 11,21 0,55
P5(8-10) 9,41 1,28
73
4.6 DATAÇÃO E TAXA DE SEDIMENTAÇÃO
A partir da atividade do 210Pb foi possível determinar a datação e a taxa de
sedimentação dos sedimentos. A datação do 210Pb se apresenta como uma
ferramenta muito eficaz para o estabelecimento da cronologia em sedimentos
recentes até aproximadamente 100 anos. Essa metodologia de determinação da
datação através do 210Pb considera admissível uma variação de até dez anos para as
idades encontradas (SAN-MIGUEL, et al., 2004) e pode ser expressa por dois
modelos diferentes de cálculo. Num determinado ambiente aquático, o modelo a ser
escolhido para datação dos sedimentos depende de certas condições: em ambientes
onde o aporte de sedimentos pode variar, em consequência de mudanças climáticas
ou antropogênicas e onde há o aporte de sedimentos externos, adota-se o modelo
CRS (Constant Rate of Supply), que pressupõe um fluxo constante de 210Pb
atmosférico e variações na taxa de sedimentação (RAVICHANDRAN et al., 1995;
APPLEBY et al., 1978; SILVA et al., 2009; FIGUEIREDO et al., 2011). Por outro lado,
em ambientes onde a taxa de sedimentação é constante, pode-se considerar que os
sedimentos têm uma concentração inicial de 210Pb em excesso também constante,
então, o modelo a ser aplicado é o CIC (Constant Initial Concentration) (SAN-MIGUEL
et al., 2001).
A avaliação da datação e da taxa de sedimentação do perfil de sedimentos foi
realizada para a concentração de atividade de 210Pb a cada 2 cm, utilizando-se os
modelos CIC e CRS. A densidade adotada foi a determinada em laboratório,
conforme consta na Tabela 9. Nas Tabelas 10, 11 e 12 estão apresentados os
resultados da datação, da taxa de sedimentação e fluxo de sedimentos do Açude
Saco I.
Na determinação da datação e taxa de sedimentação pelo modelo CIC foram
descartados alguns pontos, tendo em vista que os valores não apresentaram
linearidade, com os demais resultados encontrados (Tabela 10).
74
Tabela 10 Datação e taxa de sedimentação calculadas pelo modelo CIC para o Açude Saco I, SerraTalhada - PE.
Pontos/Prof.
(cm)
Ano correspondente
(Modelo CIC)
Taxa de sedimentação
(cm/a)
P1 (4-6) 1974 0,16
P1 (6-8) 1961 0,16
P1(8-10) 1949 0,16
P2 (0-2) 1998 0,16
P2 (2-4) 1985 0,16
P2 (4-6) 1973 0,16
P2(8-10) 1948 0,16
P3 (4-6) 1988 0,28
P3 (6-8) 1981 0,28
P3(8-10) 1974 0,28
P4 (0-2) 2002 0,24
P4 (2-4) 1993 0,24
P4 (4-6) 1985 0,24
P4(8-10) 1968 0,24
P5 (0-2) 2006 0,46
P5 (2-4) 2001 0,46
P5 (6-8) 1993 0,46
P5(8-10) 1988 0,46
75
Tabela 11- Datação do 210Pb, fluxo e taxa de sedimentação determinados pelo modelo CRS para o Açude Saco I, Serra Talhada-PE,
Pontos/Prof.
(cm)
Ano correspondente
(Modelo CRS)
Fluxo
(g/cm2/a)
Taxa de
sedimentação (cm/a)
P1 (0-2) 2004 0,03 0,02
P1 (2-4) 1998 0,07 0,06
P1 (4-6) 1977 0,08 0,06
P1 (6-8) 1952 0,17 0,12
P1(8-10) ∞ 0,28 0,18
P2 (0-2) 2000 0,03 0,02
P2 (2-4) 1988 0,05 0,04
P2 (4-6) 1974 0,10 0,07
P2 (6-8) 1932 0,10 0,08
P2(8-10) ∞ 0,32 0,23
P3 (0-2) 2000 0,02 0,02
P3 (2-4) 1987 0,04 0,03
P3 (4-6) 1981 0,05 0,05
P3 (6-8) 1954 0,08 0,07
P3(8-10) ∞ 0,12 0,10
P4 (0-2) 2004 0,01 0,01
P4 (2-4) 1987 0,04 0,03
P4 (4-6) 1976 0,07 0,06
P4 (6-8) 1927 0,09 0,07
P4(8-10) ∞ 0,21 0,18
P5 (0-2) 2001 0,02 0,02
P5 (2-4) 1989 0,04 0,04
P5 (4-6) 1972 0,12 0,10
P5 (6-8) 1955 0,10 0,10
P5(8-10) ∞ 0,15 0,12
76
Tabela 12- Datação através do 210Pb no Açude Saco I, Serra Talhada-PE, utilizando os modelos CIC e CRS.
Pontos/Prof.
(cm)
Ano correspondente
(Modelo CIC)
Ano correspondente
(Modelo CRS)
P1 (0-2) - 2004
P1 (2-4) - 1998
P1 (4-6) 1974 1977
P1 (6-8) 1961 1952
P1(8-10) 1949 ∞
P2 (0-2) 1998 2000
P2 (2-4) 1985 1988
P2 (4-6) 1973 1974
P2 (6-8) - 1932
P2(8-10) 1948 ∞
P3 (0-2) - 2000
P3 (2-4) - 1987
P3 (4-6) 1988 1981
P3 (6-8) 1981 1954
P3(8-10) 1974 ∞
P4 (0-2) 2002 2004
P4 (2-4) 1993 1987
P4 (4-6) 1985 1976
P4 (6-8) - 1927
P4(8-10) 1968 ∞
P5 (0-2) 2006 2001
P5 (2-4) 2001 1989
P5 (4-6) - 1972
P5 (6-8) 1993 1955
P5(8-10) 1988 ∞
77
Os resultados obtidos para datação tanto por um modelo como pelo outro se
aproximaram bastante (Tabela 12). Com relação à taxa de sedimentação, a mesma
se manteve constante para o modelo CIC, e apresentou variação ao longo do tempo
para o modelo CRS, como já era esperado.
Levando-se em consideração a profundidade corrigida, determinada com a
compactação do solo, foi possível observar que, para a profundidade real do solo
(profundidades de 0 a 10 cm), a taxa de sedimentação dobra de valor em relação a
taxa de sedimentação, calculada considerando a profundidade corrigida. Neste
trabalho foi adotada a taxa de sedimentação calculada pela profundidade real.
Considerando que o açude recebe contribuições de alguns cursos d’água, o
modelo CRS se apresenta como o mais adequado, logo neste caso, serão
considerados os valores encontrados através deste modelo para datação e taxa de
sedimentação.
Avaliando os resultados da Tabela 11 observa-se que taxa de sedimentação
para o ponto P1 variou de 0,02 cm/a a 0,18 cm/a; para o ponto P2 variou de
0,02 cm/a a 0,23 cm/a; para o ponto P3 variou de 0,02 cm/a a 0,10 cm/a; para o ponto
P4 variou de 0,01 cm/a a 0,18 cm/a; e para o ponto P5 variou de 0,02cm/a a 0,12
cm/a. Para o açude como um todo, considerando os pontos avaliados, a taxa de
sedimentação variou de 0,01 cm/a a 0,23 cm/a.
Logo, comparando-se estes valores de taxa de sedimentação para o Açude
Saco I com os resultados já encontrados em diversos outros lagos pelo modelo CRS,
por Finlayson e Kenyon (2007), Shuchun e colaboradores (2009), Damatto (2011),
Bezerra e colaboradores (2011), Lajczak (1996) apud Ahn (2010), conforme consta no
Quadro 1, o Saco I se apresenta na faixa determinada para o Lago Guchenghu
(China), para a Planície de inundação do rio Paraguai (Lagoa Negra) e para a Planície
de inundação do Rio Paraguai (Lagoa Castelo). Os Lagos Nuga Nuga (Austrália),
Taihu (China) e Puruzinho (Amazônia Ocidental) apresentaram taxas de
sedimentação superiores às encontradas para o Saco I.
Com relação ao fluxo para o Açude Saco I (Tabela 11), determinado de acordo
com a Equação 9 do item 2.7 (Datação de sedimentos), o valor para o ponto P1
variou de 0,03 g/cm2/a a 0,28 g/cm2/a; para o ponto P2 variou de 0,03 g/cm2/a a
0,32 g/cm2/a; Para o ponto P3 variou de 0,02 g/cm2/a a 0,12 g/cm2/a; para o ponto P4
78
variou de 0,01 g/cm2/a a 0,21 g/cm2/a; para o ponto P5 variou de 0,02 g/cm2/a a
0,15 g/cm2/a. Para o açude como um todo, considerando os pontos avaliados,
constata-se que o fluxo variou de 0,01 g/cm2/a a 0,32 g/cm2/a.
Comparando-se o fluxo de sedimentos encontrado para o Açude Saco I, com o
de outras localidades (Quadro 1), o resultado determinado para o Açude Saco I foi
inferior ao do Lago Taihu (China) e superior ao do Lago Toro (Japão) (FINLAYSON;
KENYON, 2007; SHUCHUN et al., 2009; DAMATTO, 2011; BEZERRA et al., 2011;
LAJCZAK, 1996 apud AHN, 2010).
Quadro 1- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em diversos lagos, determinados através do 210Pb.
Local Taxa de sedimentação Fluxo
Lago Nuga Nuga, Austrália (FINLAYSON; KENYON, 2007)
0,3cm/ano não determinado
Lago Guchenghu, China (SHUCHUN et al., 2009)
0,056 a 0,167cm/ano não determinado
Lago Taihu, China (SHUCHUN et al., 2009)
0,34cm/ano 0,10 a 0,56 (g/cm2/ano)
Lago Puruzinho, Amazônia Ocidental (DAMATTO, 2011)
0,5 cm/ano não determinado
Planície de inundação do Rio Paraguai, Lagoa Negra (BEZERRA et al., 2011)
0,05 a 0,5cm/ano
não determinado
Planície de inundação do Rio Paraguai, Lagoa Castelo (BEZERRA et al., 2011)
0,03 a 0,7cm/ano não determinado
Lago Toro, Japão (LAJCZAK,1996 apud AHN, 2010)
não determinado 0,0013 a 0,0014g/cm2/ano até 1963, aumentando para 0,0031 g/cm2/ano após 1963.
79
De acordo com o gráfico apresentado na Figura 15, representando a taxa de
sedimentação determinada através do modelo CRS, nos cinco pontos de coleta dos
sedimentos, foi observado que, em todas as situações, ocorrem o crescimento da
taxa de sedimentação com o aumento da profundidade. Isto é o comportamento
esperado para o 210Pb na natureza e também mostrado em trabalhos realizados por
Souza e colaboradores (2011), Figueiredo e colaboradores (2011), Souza e
colaboradores (2007) e Cazotti e colaboradores (2002), Entretanto, quando se
considera a taxa de sedimentação e o fluxo em relação ao tempo, observa-se que
ocorre uma redução da taxa de sedimentação e do fluxo no decorrer do tempo
(Figuras 16 a 20).
Figura 15 - Taxa de sedimentação em relação à profundidade nos pontos P1, P2, P3, P4 e P5 determinada pelo modelo CRS.
Dentro das curvas apresentadas é possível afirmar que o Ponto 03 (Figura 15)
de coleta, devido àa sua linearidade, poderia ter a taxa de sedimentação determinada,
exclusivamente, pelo modelo CIC.
4.6.1 Taxa de sedimentação e pluviometria
As Figuras 16 a 20 mostram a taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos
em relação ao tempo, determinados através do modelo CRS.
80
Figura 16- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no ponto P1 determinados pelo modelo CRS.
Fazendo uma comparação entre os resultados da taxa de sedimentação,
determinada pelo modelo CRS, no ponto P1 (Figura 16), e a altura pluviométrica
anual na região (Figura 5), no item 3.1 (Área de estudo) é possível afirmar que:
• Em 1952, a taxa de sedimentação foi de 0,12 cm/ano. Neste período não é
possível fazer uma relação com a pluviometria, tendo em vista que não foram
encontrados os dados de chuvas neste ano.
• Em 1977, a taxa de sedimentação foi de 0,06cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 1053,4 mm/ano.
• Em 1998, a taxa de sedimentação foi de 0,06cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 217,0 mm/ano.
• Em 2004, a taxa de sedimentação foi de 0,02cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 741,0 mm/ano.
• Diante destes resultados é possível afirmar que, no decorrer do tempo, a
pluviometria apresentou variações anuais, mas a taxa de sedimentação
manteve-se praticamente constante, com uma pequena redução, mais
recentemente, não tendo relação com a maior ou menor pluviosidade ocorrida
no período.
81
Figura 17 - Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no ponto P2 determinados pelo modelo CRS.
Fazendo uma comparação entre os resultados da taxa de sedimentação,
determinada pelo modelo CRS, no ponto P2 (Figura 17), e a altura pluviométrica
anual na região (Figura 5), no item 3.1 (Área de estudo) é possível afirmar que:
• Em 1932, a taxa de sedimentação foi de 0,08 cm/ano. Neste período não é
possível fazer uma relação com a pluviometria, tendo em vista que não foram
encontrados os dados de chuvas neste ano.
• Em 1974, a taxa de sedimentação foi de 0,07 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 1288,4 mm/ano.
• Em 1988, a taxa de sedimentação foi de 0,04 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 707,3mm/ano.
• Em 2000, a taxa de sedimentação foi de 0,02cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 551,0 mm/ano.
• Diante destes resultados é possível afirmar que, no decorrer do tempo, a
pluviometria apresentou um declínio, o qual foi acompanhado pela taxa de
sedimentação.
82
Figura 18- Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no ponto P3, determinados pelo modelo CRS.
Fazendo uma comparação entre os resultados da taxa de sedimentação,
determinada pelo modelo CRS, no ponto P3 (Figura 18), e a altura pluviométrica
anual na região (Figura 5), no item 3.1 (Área de estudo) é possível afirmar que:
• Em 1954, a taxa de sedimentação foi de 0,07cm/ano. Neste período não é
possível fazer uma relação com a pluviometria, tendo em vista que não foram
encontrados os dados de chuvas neste ano.
• Em 1981, a taxa de sedimentação foi de 0,05 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 405,8 mm/ano.
• Em 1987, a taxa de sedimentação foi de 0,03cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 578,4 mm/ano.
• Em 2000, a taxa de sedimentação foi de 0,02 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 551,0 mm/ano.
• Diante destes resultados é possível afirmar que, no decorrer do tempo, a
pluviometria apresentou variações, e que a taxa de sedimentação decresceu
independentemente da pluviosidade ocorrida ter sido maior ou menor.
83
Figura 19 - Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no ponto P4, determinados pelo modelo CRS.
Fazendo uma comparação entre os resultados da taxa de sedimentação,
determinada pelo modelo CRS, no ponto P4 (Figura 19), e a pluviometria anual na
região (Figura 5), no item 3.1 (Área de estudo) é possível afirmar que:
• Em 1927, a taxa de sedimentação foi de 0,07 cm/ano. Neste período não é
possível fazer uma relação com a pluviometria, tendo em vista que não foram
encontrados os dados de chuvas neste ano.
• Em 1976, a taxa de sedimentação foi de 0,06 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 623,6 mm/ano.
• Em 1987, a taxa de sedimentação foi de 0,03 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 578,4 mm/ano.
• Em 2004, a taxa de sedimentação foi de 0,01 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 741,0 mm/ano.
• Diante destes resultados é possível afirmar que, no decorrer do tempo, a
pluviometria apresentou variações, e que a taxa de sedimentação decresceu
independentemente da pluviosidade ocorrida ter sido maior ou menor.
84
Figura 20-Taxa de sedimentação e o fluxo de sedimentos em relação ao tempo, no ponto P5, determinados pelo modelo CRS.
Fazendo uma comparação entre os resultados da taxa de sedimentação,
determinada pelo modelo CRS, no ponto P5 (Figura 20), e a altura pluviométrica
anual na região (Figura 5), no item 3.1 é possível afirmar que:
• Em 1955, a taxa de sedimentação foi de 0,10 cm/ano. Neste período não é
possível fazer uma relação com a pluviometria, tendo em vista que não foram
encontrados os dados de chuvas neste ano.
• Em 1972, a taxa de sedimentação foi de 0,10 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 550,5 mm/ano.
• Em 1989, a taxa de sedimentação foi de 0,04 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 789,4 mm/ano.
• Em 2001, a taxa de sedimentação foi de 0,02 cm/ano, enquanto a pluviometria
deste ano foi de 582,0 mm/ano.
• Diante destes resultados é possível afirmar que no decorrer do tempo, a
pluviometria apresentou variações, e que a taxa de sedimentação decresceu
independente da pluviosidade ocorrida ter sido maior ou menor.
De uma maneira geral, pode-se afirmar que a altura pluviométrica anual
ocorrida na região não apresentou relação com a taxa de sedimentação, determinada
no Açude Saco I, para os pontos avaliados, mas que a taxa de sedimentação reduziu
ao longo do tempo.
85
4.6.2 Taxa de sedimentação e declividade do terreno
Fazendo uma avaliação entre a declividade do local onde foram coletados os
sedimentos e os pontos mais altos, na margem direita (antropizada) do açude e a taxa
de sedimentação determinada, pode-se afirmar o seguinte:
• No ponto P1, a taxa de sedimentação variou de 0,02 cm/a a 0,18 cm/a, e a
declividade neste ponto foi de 0,33%.
• No ponto P2, a taxa de sedimentação variou de 0,02 cm/a a 0,23 cm/a; e a
declividade neste ponto foi de 0,48%.
• No ponto P3, a taxa de sedimentação variou de 0,02 cm/a a 0,10 cm/a; e a
declividade neste ponto foi de 10,6%.
• No ponto P4, a taxa de sedimentação variou de 0,01 cm/a a 0,18 cm/a; e a
declividade neste ponto foi de 17,6%.
• No ponto P5, a taxa de sedimentação variou de 0,02 cm/a a 0,12 cm/a; e a
declividade neste ponto foi de 9,15%.
• Diante destes resultados é possível afirmar que a declividade do terreno não
justifica a maior ou menor taxa de sedimentação determinada nos pontos
avaliados do Açude Saco I. No ponto P2, onde pela declividade encontrada o
relevo é considerado plano ou quase plano (0,48%) e os solos apresentam
baixa susceptibilidade à erosão, foi encontrada a maior taxa de sedimentação,
enquanto que no ponto P4, onde pela declividade encontrada o relevo é
classificado como ondulado (17,6%) e os solos são moderadamente
susceptíveis a erosão, a taxa de sedimentação teve menor valor.
4.6.3 Altura da chuva nos meses mais chuvosos e tax a de sedimentação
A partir dos dados pluviométricos dos meses mais chuvosos no ano, no
município de Serra Talhada foi determinada a altura pluviométrica dos anos de 1963 a
2007 e obtido o gráfico mostrado na Figura 6.
Com os resultados obtidos, observou-se o seguinte:
As maiores alturas pluviométricas ocorreram até o ano de 1986, com
803,30 mm, representando o total para os meses de janeiro, fevereiro, março e abril.
A partir de 1986, as alturas atingiram um valor máximo de 705,00 mm, no ano de
86
2007. Comparando as alturas pluviométricas determinadas para o período mais
chuvoso com as taxas de sedimentação, obtidas através do Modelo CRS, não se
pode afirmar que haja relação entre elas.
4.6.4 Declividade do terreno e datação dos sediment os
Fazendo uma avaliação entre a declividade do local onde foram coletados os
sedimentos e os pontos mais altos, na margem direita (antropizada) do açude e a
datação dos sedimentos, observou-se o seguinte:
• No ponto P1, a datação variou de 1952 (camada mais profunda) a 2004
(camada mais superficial), e a declividade neste ponto foi de 0,33%.
• No ponto P2, a datação variou de 1932 (camada mais profunda) a 2000
(camada mais superficial); e a declividade neste ponto foi de 0,48%.
• No ponto P3, a datação variou de 1954 (camada mais profunda) a 2004
(camada mais superficial); e a declividade neste ponto foi de 10,6%.
• No ponto P4, a datação variou de 1927 (camada mais profunda) a 2004
(camada mais superficial); e a declividade neste ponto foi de 17,6%.
• No ponto P5, a datação variou de 1955 (camada mais profunda) a 2001
(camada mais superficial); e a declividade neste ponto foi de 9,15%.
• Diante destes resultados é possível afirmar que a declividade também não
apresentou relação com a datação dos sedimentos. Nos pontos P1, P3 e P5 foi
verificada praticamente a mesma datação entre eles, tanto na camada mais
profunda como na mais superficial do açude. Os sedimentos dos pontos P2 e
P4 se apresentaram como os mais antigos, na camada mais profunda, e
também tiveram a datação muito próxima, entre eles. Na camada superficial, os
sedimentos tiveram praticamente a mesma datação, em todos os pontos.
Avaliando os aspectos estudados na bacia de contribuição do Açude Saco I:
uso e cobertura do solo, textura e granulometria do solo, drenagem da área,
declividade, pluviometria (fatores que contribuem para os processos erosivos, para o
transporte de sedimentos e que podem refletir na taxa de sedimentação) foi possível
concluir que:
87
• A região apresenta baixa pluviometria anual, fato que não apresentou relação
com o aumento ou redução das taxas de sedimentação determinadas no
açude, conforme foi avaliado no item 4.6.1 .
• Os demais fatores contribuíram para o transporte de sedimentos, mas de uma
maneira uniforme ao longo do reservatório.
• A ocorrência da maior taxa de sedimentação verificada nos pontos P1 e P2,
localizados na entrada do reservatório, pode ser justificada pela redução da
velocidade média do escoamento final provocada pela existência do
reservatório.
Os resultados obtidos mostram ainda que as maiores taxas de sedimentação
em cada ponto de coleta, pelo modelo CRS, ocorreram nos períodos de 1927 a 1957,
ou seja, antes e durante o período de maior exploração e produtividade da bacia do
Saco I, principalmente com a cultura do algodão mocó, plantada nas décadas de 50 e
60 (Instituto de Pesquisas Agronômicas - IPA, 2008).
Em 1962, a Estação Experimental do IPA, localizada em Serra Talhada, com
área total de 3200 ha, sendo 600 ha ocupada pela bacia do Açude Saco I, chegou a
cultivar cerca de 60 ha com algodão mocó. A partir de 1977, a programação de
Pesquisa da Estação Experimental de Serra Talhada passou a ser definida em função
de programas identificados no meio rural, de acordo com as prioridades do Governo
para região: algodão arbóreo, algodão herbáceo, sorgo forrageiro, sorgo granífero,
feijão macassar, pastagem e fruteiras nativas (Instituto de Pesquisas Agronômicas -
IPA, 2008).
De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, observou-se um
decréscimo na taxa de sedimentação, possivelmente como consequência da
minimização das atividades desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisas Agronômicas -
IPA, que atualmente estão mais restritas e controladas.
88
4.7 VIDA ÚTIL DO AÇUDE
Considerando que a diferença máxima de elevação estimada do reservatório
entre o ponto zero (localizado na região mais profunda do açude), com cota de 473 m
e a linha d’água, situada na cota 489 m, apresentava 16 m, e levando-se em conta
que a taxa de sedimentação no Açude Saco I, variou, de uma maneira geral, de
0,01 cm/a a 0,23 cm/a, foi possível relacionar essas grandezas e concluir que a vida
útil do Saco I poderá ser estimada entre 160.000 anos a 7.000 anos, respectivamente,
dependendo da taxa de sedimentação adotada.
89
5 CONCLUSÕES
a) A bacia de contribuição do Açude Saco I, apresenta um sistema de drenagem
pobre; susceptibilidade ao escoamento por ser mais alongada; menor risco de
grandes cheias em condições normais de pluviosidade anual e topografia muito
favorável ao escoamento superficial.
b) O índice de densidade de drenagem determinado para a bacia hidrográfica do
Saco I atrelado ao clima da região, explicam a necessidade da construção de
açudes e barragens para que a água permaneça disponível por mais tempo no
local.
c) O mapeamento de uso e cobertura do solo e de drenagem da bacia de
contribuição do Açude Saco I permitiu detectar um percentual significativo de
áreas antropizadas, mais susceptíveis aos processos erosivos e,
consequentemente, ao transporte de sedimentos para o reservatório.
d) De uma maneira geral, analisando a textura e a granulometria do sedimento, os
sedimentos encontrados no Açude Saco I possuem quantidades equilibradas
de areia, silte e argila.
e) O mapeamento de uso e cobertura do solo e de drenagem da área, a
determinação da declividade, bem como da textura e da granulometria do solo
da bacia de contribuição do Açude Saco I, demonstraram que estes fatores
contribuem para o transporte de sedimentos, mas contribuem, de uma maneira
uniforme ao longo do reservatório.
f) A região apresenta baixa pluviometria anual, mas isto não representou
indicativo de relação com o aumento ou redução das taxas de sedimentação
no açude.
g) A ocorrência da maior taxa de sedimentação verificada nos pontos P1 e P2,
localizados na entrada do açude, pode ser justificada pela redução da
velocidade média do escoamento final provocada pela existência do
reservatório.
h) Em todos os pontos analisados ocorreram crescimento da taxa de
sedimentação com o aumento da profundidade, o que já era esperado.
Entretanto, quando se considerou a taxa de sedimentação e o fluxo de
90
sedimentos com o tempo, observou-se um declínio desses parâmetros ao
longo do tempo.
i) Para o açude como um todo, considerando os pontos avaliados, a taxa de
sedimentação variou de 0,01 cm/a a 0,23 cm/a, enquanto o fluxo variou de
0,01 g/cm2/a a 0,32 g/cm2/a.
j) As idades dos sedimentos, tanto pelo modelo CIC como CRS se aproximaram
bastante, mas considerando que o Açude Saco I recebe contribuições de
alguns cursos d’água, o CRS apresentou-se como o mais adequado para a
determinação da datação e da taxa de sedimentação.
k) As maiores taxas de sedimentação em cada ponto de coleta, pelo modelo CRS
ocorreram nos períodos de 1927 a 1957, ou seja, antes e durante o período de
maior exploração e produtividade da bacia do Saco I, com o plantio do algodão
mocó.
l) Os resultados mais recentes apresentaram um decréscimo na taxa de
sedimentação, possivelmente como consequência da minimização das
atividades desenvolvidas pelo IPA, as quais, atualmente estão mais restritas e
controladas.
m) A vida útil do açude, para a profundidade estimada em 16 m (diferença máxima
de elevação), foi determinada entre 160.000 a 7.000 anos, levando em
consideração os valores encontrados da taxa de sedimentação. Se a
produtividade agrícola tivesse se mantido nas proporções verificadas durante o
período de 1927 a 1957, na bacia do Açude Saco I, provavelmente a vida útil
do açude seria reduzida consideravelmente.
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v. 294, p. 434-438, 2008.
102. ZACHAR, D. Soil Erosion . Developments in Soil Science, v.10. Elsevier
Scientific Publishing Company, Brastislava, Czechoslovakia, 1982.
102
ANEXO A - Etapas para realização das análise de determinação do 210Pb
Foto 01- Preparação das amostras para Foto 02- Agitação das amostras. quantificação do 210Pb.
Foto 03 - Filtração das amostras após Foto 04- Colunas de troca iônica. agitação (lixiviação).
Foto 05- Alimentação das colunas com Foto 06- Aquecimento da solução. Amostra.
103
Foto 07- Filtração à vácuo para extração Foto 08- Papéis de filtro com o precipitado do precipitado do 210Pb. do 210Pb.
104
ANEXO B- Uso e cobertura do solo
Foto 09-Caatinga arbórea na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 10 - Caatinga arbórea-arbustiva na bacia do Açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
105
Foto 11-Caatinga arbustiva na várzea do açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 12-Solo exposto na várzea do açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
106
Foto 13- Áreas irrigadas na várzea do açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 14- Áreas irrigadas na várzea do açude Saco I, Serra Talhada – PE. (FERREIRA, Clarisse)
107
Foto 15-Áreas de cultivos temporários (feijão e milho), na várzea do Açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 16- Áreas de cultivos temporários (plantio de girassol) na várzea do açude Saco I,Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
108
Foto 17- Criação de gado na bacia do açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 18- Criação de gado na bacia do açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
109
Foto 19- Vista do Açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)
Foto 20- Vista do relevo nas proximidades do Açude Saco I, Serra Talhada-PE. (FERREIRA, Clarisse)