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1 EGON WALTER WILDAUER SISTEMA COMPUTACIONAL PARA PROJEÇÃO DE CENÁRIOS DE TEMPERATURAS FAVORÁVEIS AO PLANTIO DE Pinus taeda NO ESTADO DO PARANÁ Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obtenção do Título de Doutor em Engenharia Florestal. Orientadora: Prof ª. Drª. Christel Lingnau. Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Rioyei Higa. CURITIBA 2007

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    EGON WALTER WILDAUER

    SISTEMA COMPUTACIONAL PARA PROJEO DE CENRIOS DE

    TEMPERATURAS FAVORVEIS AO PLANTIO DE Pinus taeda NO

    ESTADO DO PARAN

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal, Setor de Cincias Agrrias, Universidade Federal do Paran, como requisito parcial obteno do Ttulo de Doutor em Engenharia Florestal.

    Orientadora: Prof . Dr. Christel Lingnau.

    Co-orientador: Prof. Dr. Antnio Rioyei Higa.

    CURITIBA

    2007

  • 2

    PARECER

    Defesa n. 705

    A banca examinadora, instituda pelo colegiado do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Florestal, do Setor de Cincias Agrrias, da Universidade Federal do Paran, aps argir o doutorando Egon Walter Wildauer em relao ao seu trabalho de tese intitulado SISTEMA COMPUTACIONAL PARA PROJEO DE CENRIOS DE TEMPERATURAS FAVORVEIS AO PLANTIO DE PINUS TAEDA NO ESTADO DO PARAN, de parecer favorvel APROVAO do acadmico, habilitando-o ao ttulo de Doutor em Engenharia Florestal, rea de concentrao em MANEJO FLORESTAL.

    Dr. Heinrich Spiecker Albert Ludwigs Universitat Primeiro Examinador Dr. Osrmir Jos Lavoranti Embrapa/Florestas Segundo Examinador Dr. Flvio Andr Cecchini Deppe Instituto Tecnolgico Simepar Terceiro Examinador Dr. Hlio Pedrini Universidade Federal do Paran Quarto Examinador Dr. Christel Lingnau Universidade Federal do Paran Orientadora e Presidente da banca examinadora

    Curitiba, 09 de Agosto de 2007.

    Graciela Ins Bolzon de Muniz Coordenadora do Curso de Ps-Graduao em Engenharia Florestal

    Antnio Carlos Batista Vice-Coordenador do Curso

  • 3

    A meu pai Franz (in memorian),

    Larissa, Ingrid e Luis Dias,

    Dedico

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Ao DEUS ALTSSIMO, o princpio e o fim de todas as coisas.

    UFPR pela excelente oportunidade deste estudo e coordenao do Programa

    de Ps-Graduao em Engenharia Florestal.

    professora orientadora da UFPR, Dra CHRISTEL LINGNAU, por acreditar em

    meu potencial, pela amizade, companheirismo, confiana, pacincia e sempre

    pronta presena para realizao deste projeto.

    Ao professor co-orientador, Dr. ANTNIO RIOYEI HIGA, pelo amigo e

    companheiro nas orientaes e estmulo na realizao deste trabalho.

    Ao Simepar, Iapar e Holz Consultoria pela disponibilidade dos dados para

    realizao deste projeto.

    Ph.D. CLVIS PEREIRA DA SILVA, professor aposentado da UFPR, pela

    amizade e excelente apoio para ingressar ao programa de ps-graduao.

    Aos professores Dr. DARTAGNAN BAGGIO EMERENCIANO, Dr. SEBASTIO

    MACHADO, Dr. JLIO ARCE e Dr. NELSON NAKAJIMA, pelo apoio, grande

    amizade, pacincia, alm da carinhosa e profunda amizade.

    Ao amigo JOHNATAN e CLARICE, pelos excelentes dilogos e inestimveis

    contribuies ao estudo da estatstica multivariada.

    minha querida e amada filha INGRID WILDAUER e minha querida,

    companheira e amada esposa LARISSA B. WILDAUER, pela compreenso de

    minhas faltas em alguns momentos importantes de nossas vidas.

    Ao meu pai FRANZ (in memorian) e minha me HELMI, pela vida e cuidados

    com minha educao, e ao meu irmo OTTO e sua noiva ANA, minha irm BIRGIT

    e meu cunhado PAULO, meu obrigado pelo inegvel e sempre apoio nas horas

    mais oportunas.

    Ao meu sogro SIDNEY, minha sogra EDITE, meu cunhado PAULO e sua esposa

    KARINE e sobrinhos POLYANNA, KAROLINE e FELIPE, pela compreenso e

    apoio minha famlia na minha falta.

    Ao amigo de todas as horas, LUIS DIAS PEREIRA, por quem sempre vou ter o

    sentimento de amizade, gratido, carinho e respeito, pois muito me ensinou sobre

    relaes humanas e profissionais.

    Eng. Florestal LORENA STOLLE e aluna de graduao LISANEAS

  • 5

    ALBERGONI DO NASCIMENTO pela grande amizade e apoios logsticos, sempre

    com muita disposio e colaborao em todas as etapas de trabalho na rea de

    Geoprocessamento.

    Aos amigos e companheiros de ps-graduao ITAMAR ANTONIO BOGNOLA,

    MOACIR ALBERTO ASSIS CAMPOS, KEILLAH MARA DO NASCIMENTO

    BARBOSA, FRANCISCA DIONSIA DE ALMEIDA MATOS, JOS TARCISO

    FIALHO e CELSO P. DE AZEVEDO pela boa convivncia, momentos de

    descontrao, apoio e amizade.

    Ao colega e amigo de trabalho EMERSON JOUCOSKI, por ter a pacincia e

    sentimento colaborativo de emprestar seu computador para realizao deste

    trabalho, alm dos momentos de prazerosas discusses acadmicas.

    Aos companheiros (as) e amigos (as), que muito me ajudaram a crescer em minha

    vida profissional, pelos incentivos, apoios e ensinamentos em todas as etapas

    dessa minha especializao: ANDREA MAXIMO SPINOLA, ANTONIO MOCHON,

    BRENO BELLINTANI GUARDIA, DIOMAR AUGUSTO DE QUADROS, EDMILSON

    PAGLIA, EDSON LUIZ MACHADO, ELIA GISELE MULLER, ELI LINO DE

    JESUS, EMLIO FEY NETO, LILIANI TIEPOLO, MANOEL FLORES LESAMA,

    MARCELO CHEMIN, MARCELO FONTANARI, NEILOR FIRMINO CAMARGO,

    RENATO BOCCHICIO, RODRIGO REIS, RODRIGO ROSSI HOROCHOWSKI,

    SIGRID ANDERSEN, VALDIR DENARDIN, WALTER MARTIN WIDMER e tantos

    outros que aqui no esto relacionados.

  • 6

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................... viii LISTA DE TABELAS........................................................................................................................ x LISTA DE QUADROS....................................................................................................................... xi LISTA DE SIGLAS............................................................................................................................ xii RESUMO........................................................................................................................................... xv ABSTRACT....................................................................................................................................... xvi 1 INTRODUO..................................................................................................................... 1 2 OBJETIVO........................................................................................................................... 5 3 REVISO DE LITERATURA............................................................................................... 6 3.1 CLASSIFICAO CLIMTICA E A ABORDAGEM FLORESTAL....................................... 6 3.2 ZONEAMENTO ECOLGICO PARA PLANTIOS FLORESTAIS NO PARAN.................. 12 3.3 CLASSIFICAES CLIMTICAS REGIONALIZADAS....................................................... 13 3.4 ABORDAGENS DE SISTEMAS DE INFORMAO........................................................... 19 3.4.1 Ciclo de Vida do Software................................................................................................. 21 3.4.2 Entradas e Sadas do Sistema: Dado e Informao......................................................... 22 3.5 CONSIDERAES LIGADAS ESTATSTICA E GEOESTATSTICA........................... 23 3.6 MODELO TRIGONOMTRICO ESPECIAL......................................................................... 26 3.7 ESPACIALIZAO DAS REGIES DE TEMPERATURA................................................... 32 3.7.1 Gerao da Malha de Interpolao................................................................................... 32 3.7.1.1 Princpio da triangulao Delaunay................................................................................... 34 3.7.1.2 Diagrama de Voronoy........................................................................................................ 36 4 MATERIAL E MTODOS..................................................................................................... 39 4.1 MATERIAL............................................................................................................................ 39 4.1.1 rea de Estudo.................................................................................................................. 39 4.1.2 Objeto de Estudo: Pinus taeda.......................................................................................... 41 4.1.3 Dados de Produo do Pinus taeda.................................................................................. 43 4.1.4 Dados de Temperatura...................................................................................................... 43 4.1.5 Arquitetura do Sistema Proposto....................................................................................... 46 4.1.6 Software de Apoio............................................................................................................. 46 4.2 METODOLOGIA................................................................................................................... 47 4.2.1 Sistema de Coordenadas.................................................................................................... 52 4.2.1.1 Coordenadas geodsicas................................................................................................... 52 4.2.1.2 Coordenadas UTM.............................................................................................................. 52 4.2.1.3 Converso do sistema de coordenadas geodsicas e UTM...............................................53 4.2.2 Formatao dos Dados de Temperatura.............................................................................53 4.2.3 Anlise Multivariada.............................................................................................................54 4.2.3.1 Modelo esttico.................................................................................................................55 4.2.3.2 Modelo dinmico...............................................................................................................56 4.2.4 Relaes do Sistema Computacional.................................................................................. 59 4.2.5 Modelagem do Software Diagramas................................................................................. 60 4.2.5.1 Diagrama de caso de uso................................................................................................. 60 4.2.5.2 Diagramas de classe e objeto............................................................................................ 63 4.2.5.3 Diagrama de interao (seqncia e colaborao)........................................................... 68 4.2.5.4 Diagrama de atividade..................................................................................................... 69 4.2.5.5 Diagrama de estados......................................................................................................... 70 4.2.5.6 Diagrama de entidade-relacionamento.............................................................................. 70 4.2.5.7 Base de dados para o software apresentado.................................................................... 71 4.2.5.8 Codificao........................................................................................................................ 71 4.2.5.9 Testes, implantao e manuteno................................................................................... 73 5 RESULTADOS E DISCUSSO........................................................................................... 74 5.1 RESULTADOS ....................................................................................................................74 5.1.1 Modelo Esttico Abordagem Diria/Mensal.....................................................................74 5.1.2 Modelo Esttico Abordagem Anual..................................................................................77 5.1.3 Modelo Dinmico................................................................................................................ 79 5.1.4 Mapas Resultantes da Espacializao dos Dados de Temperatura .................................84 5.1.5 Software e as Projees ao Cultivo do Pinus taeda........................................................... 89

  • 7

    5.2 DISCUSSES...................................................................................................................... 92 5.2.1 Software e Projees do Modelo Dinmico........................................................................ 92 5.2.2 Interpoladores Espaciais aos Dados de Clima e Variaes............................................... 97 5.2.3 A Estatstica dos Modelos Esttico e Dinmico.................................................................. 100 5.2.4 O Software, a Relao do Clima e Produo de Pinus taeda............................................ 103 6 CONCLUSES E RECOMENDAES.............................................................................. 106 6.1 CONCLUSES..................................................................................................................... 106 6.2 RECOMENDAES PARA CONTINUIDADE DO PROJETO............................................. 107 7 REFERNCIAS.................................................................................................................... 110 8 ANEXO A - MAPAS RESULTANTES DA ESPACIALIZAO DE DADOS DE TEMPERATURA............................................................................................................ 127 9 ANEXO B - PLOTAGEM DA CURVA DE TENDNCIA DOS VALORES

    DE TEMPERATURA MNIMA, MDIA E MXIMA DIRIA PARA CADA ESTAO METEOROLGICA.......................................................................................... 144

  • 8

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - TRIANGULAO DELAUNAY E CORRESPONDENTE REDE DE POLGONOSTHIESSEN PARA UM CONJUNTO DE PONTOS PLOTADOS........................................................................................ 33

    FIGURA 2 - REDE DE POLGONOS THIESSEN RESULTANTES DA INTERPOLAO SOBRE PONTOS.................................................. 33

    FIGURA 3 - CIRCUNCENTRO DE UM TRINGULO............................................ 35 FIGURA 4 - MEDIANA DE UM TRINGULO......................................................... 36 FIGURA 5 - MEDIANAS DOS TRINGULOS DE DELAUNAY............................. 37 FIGURA 6 - BISSETRIZES DOS LADOS DOS TRINGULOS DA REDE............ 38 FIGURA 7 - LOCALIZAO DO ESTADO DO PARAN...................................... 40 FIGURA 8 - MAPA INDICATIVO DA PRODUO DE Pinus taeda NO ESTADO

    DO PARAN....................................................................................... 44 FIGURA 9 - LOCALIZAO DAS 50 AWS DO SIMEPAR-IAPAR NO ESTADO

    DO PARAN....................................................................................... 45 FIGURA 10 - UNIDADES DA ARQUITETURA EXPRESSA EM TERMOS DE

    PACOTES UML.................................................................................. 46 FIGURA 11 - PACOTES EM UML PERMITEM A VISUALIZAO EM

    CAMADAS.......................................................................................... 46 FIGURA 12 - FLUXOGRAMA ILUSTRATIVO DA METODOLOGIA UTILIZADA

    PARA O SOFTWARE.................................................. 51 FIGURA 13 - DIAGRAMA DE CASO DE USO, DEFININDO O CENRIO DO

    SISTEMA............................................................................................ 61 FIGURA 14 - DIAGRAMA DE CLASSES REPRESENTANDO CLASSES E

    ARQUIVO DO SOFTWARE APRESENTADO................................... 64 FIGURA 15 - DIAGRAMA DE CLASSES DO ARQUIVO E REGISTROS DE

    SHAPETYPES.................................................................................... 65 FIGURA 16 - DIAGRAMA DE CLASSES DO ARQUIVO SHAPETYPES................ 66 FIGURA 17 - EXEMPLO DE DIAGRAMA DE SEQNCIA DENOTANDO A

    SELEO DE UM TEMA AO SISTEMA............................................ 68 FIGURA 18 - DIAGRAMA DE COLABORAO ONDE USURIO ACESSA

    TELA INICIAL DO SISTEMA.............................................................. 69 FIGURA 19 - DIAGRAMA DE ATIVIDADE PARA O ACESSO AO SISTEMA......... 69 FIGURA 20 - DIAGRAMA DE ESTADOS PARA APRESENTAR UM SHAPE

    FILE.................................................................................................... 70 FIGURA 21 - PLOTAGEM DAS CURVAS DE TEMPERATURAS DIRIAS DAS

    AWS UTILIZADAS PELO SIMEPAR E IAPAR NO PARAN............................................................................................. 84

    FIGURA 22 - ISOLINHAS DELIMITANDO REAS (INTERPOLAO INVERSO QUADRADO DA DISTNCIA) DAS TEMPERATURAS MDIAS DAS MDIAS MENSAIS.................................................................... 88

    FIGURA 23 - TELA DE ABERTURA DO SOFTWARE APRESENTADO................ 89 FIGURA 24 - APRESENTAO DA OPO ESTIMATIVAS DO SOFTWARE E

    SUAS OPERAES.......................................................................... 90 FIGURA 25 - APRESENTAO DOS MAPAS DAS TEMPERATURAS

    MNIMAS, MDIAS E MXIMAS ABSOLUTAS CARACTERIZANDO REGIES, NO PERODO SELECIONADO: 01/01/2007 31/12/20012................................................................. 91

    FIGURA 26 - APRESENTAO DOS MAPAS DAS TEMPERATURAS MDIAS POR PERODO DETERMINADO....................................................... 91

  • 9

    FIGURA 27 -

    APRESENTAO DOS MAPAS DAS TEMPERATURAS MNIMAS E MXIMAS EM CORES DIFERENCIADAS.....................................

    92

    FIGURA 28 - SEMIVARIOGRAMA GERADO NO ARCGIS 9.1 PARA INTERPOLAO POR KRIGAGEM DA TEMPERATURA MNIMA CONSIDERANDO ANISOTROPIA..................................................... 98

  • 10

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - SISTEMAS COMPUTACIONAIS UTILIZADOS................................ 47 TABELA 2 - INSTNCIAS ASSUMIDAS PELO OBJETO

    CAMADAS.................. 67

    TABELA 3 - RESUMO DOS MTODOS DE ENTRADA ESTATSTICOS APLICADOS AOS DIFERENTES BANCOS DE DADOS.............................................................................................. 75

    TABELA 4 - COEFICIENTES DOS MODELOS ESTATSTICOS APLICADOS AOS DIFERENTES BANCOS DE DADOS....................................... 75

    TABELA 5 - RESUMO DOS COEFICIENTES ESTATSTICOS DA ANLISE DE REGRESSO MLTIPLA APLICADA AOS DIFERENTES BANCOS DE DADOS........................................................................ 76

    TABELA 6 - RESULTADO DOS COEFICIENTES AO MODELO DE REGRESSO LINEAR MLTIPLA DESCREVENDO A RELAO ENTRE AS DIFERENTES TEMPERATURAS E S VARIVEIS INDEPENDENTES............................................................................ 76

    TABELA 7 - MDIAS ANUAIS DA VARIVEL TEMPERATURA DA ESTAO INVERNO.......................................................................................... 77

    TABELA 8 - MDIAS ANUAIS DA VARIVEL TEMPERATURA DA ESTAO VERO.............................................................................................. 77

    TABELA 9 - MDIAS ANUAIS DA TEMPERATURA............................................ 78 TABELA 10 - VALORES DA ESTATSTICA F AO MODELO ESTTICO.............. 78 TABELA 11 - COEFICIENTES DA TEMPERATURA MXIMA MODELADA S

    SRIES TEMPORAIS AO ESTADO DO PARAN........................... 80 TABELA 12 - COEFICIENTES DA TEMPERATURA MDIA MODELADA S

    SRIES TEMPORAIS AO ESTADO DO PARAN........................... 81 TABELA 13 - COEFICIENTES DA TEMPERATURA MNIMA MODELADA S

    SRIES TEMPORAIS AO ESTADO DO PARAN........................... 82 TABELA 14 - VALORES DA ESTATSTICA F AO MODELO DINMICO.............. 83 TABELA 15 - VALORES DO USO DO INTERPOLADOR IDW OBTIDOS DOS

    SEMIVARIOGRAMAS, CONSIDERANDO SADAS COMO MAPAS PREDITOS........................................................................................ 85

    TABELA 16 - VALORES ESTATSTICOS DA KRIGAGEM OBTIDOS DOS SEMIVARIOGRAMAS CONSIDERANDO INTERPOLAO UNIVERSAL 100% LOCAL, ANISOTROPIA E SADAS COMO MAPAS PREDITOS........................................................................... 86

    TABELA 17 - VALORES ESTATSTICOS DA COKRIGAGEM OBTIDOS DOS SEMIVARIOGRAMAS CONSIDERANDO INTERPOLAO UNIVERSAL 100% LOCAL, ANISOTROPIA E SADAS COMO MAPAS PREDITOS........................................................................... 87

  • 11

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 PARMETROS DO ELIPSIDE PARA CONVERSO DAS COORDENADAS GEOGRFICAS EM COORDENADAS PLANO-RETANGULARES (PROJEO UTM) DAS ESTAES METEOROLGICAS................................................................................

    53

    QUADRO 2 REGISTROS DE CADA TABELA DOS DADOS COLETADOS EM DEZ

    ANOS....................................................................................................... 54

    QUADRO 3 ALGORITMO R PARA CLCULO DA DATA JULIANA........................... 57

    QUADRO 4 CDIGO DE PROGRAMA DESENVOLVIDO PARA O SOFTWARE

    ESTATSTICO R COM OBJETIVO DE REALIZAR OS CLCULOS

    DOS COEFICIENTES DO MODELO DINMICO.................................... 57

  • 12

    LISTA DE SIGLAS

    *.dbf Data Base File - Formato em Banco de Dados.

    *.class - arquivo que armazena o cdigo fonte compilado Java.

    *.java arquivos de cdigo fonte Java.

    *.shp Shape file - Formato Shape.

    *.txt Text file - Formato Texto.

    3D Trs Dimenses.

    API Application Programming Interface Interface de Programao de Aplicativos.

    AT&T American Telephone and Telegraph Telefonia e Telgrafos da Amrica.

    AWS Automatic Weather Station - Estao Meteorolgica Automtica.

    C Linguagem de Programao C.

    C++ - Linguagem de Programao C++.

    CDF - Cumulative Distribution Function - Funo de Distribuio Cumulativa.

    Cfa Clima subtropical com chuvas bem distribudas durante o ano e veres

    quentes.

    Cfb Clima subtropical com chuvas bem distribudas durante o ano e veres

    amenos.

    Cwa - Clima subtropical com veres quentes e invernos secos.

    DAP Dimetro a Altura do Peito.

    DDC - Data Distribution Center Centro de Distribuio de Dados.

    DER - Diagrama de Entidade-Relacionamento.

    DK Disjunctive Kriging - Kriging Disjuntivo.

    ERDAS Earth Resources Data Analysis System - Sistema de Anlise de Dados dos

    Recursos Terrestres.

    ESRI - Environmental System Research Institute Instituto de Pesquisa de Sistemas

    Ambientais.

    Fortran - Formula Translation Tradutor de Frmulas.

    FSF Free Software Foundations Fundao de Software Livre.

    GNU - General Public Licence Licena Pblica Geral.

    GOES Geoestacionary Operational Environmental Satellite Satlite Operacional

    Geoestacionrio Ambiental.

    GUI - Graphical User Interface - Interface Grfica ao Usurio

    IAPAR Instituto Agronmico do Paran

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ICA Incremento Corrente Anual

  • 13

    IDH - ndice de Desenvolvimento Humano

    IDK Isofactorial Disjunctive Kriging - Kriging Isofatorial Disjuntivo

    IDRISI Mnemnico do nome do software GIS referente ao gegrafo Abu Abd Allah

    Muhammed al_Idrisi (1000 1166 A.D.).

    IDW - Inverse Distance Weighting - Ponderao do Inverso das Distncias.

    IK Indicator Kriging - Kriging Indicativo.

    IMA Incremento Mdio Anual.

    INMET Instituto Nacional de Meteorologia.

    INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

    IPCC Intergovernmental Panel of Climatic Change - Painel Intergovernamental

    sobre Mudana Climtica.

    JVM - Java Virtual Machine Mquina Virtual do Java.

    LK Lognormal Kriging - Kriging Lognormal.

    MDT - Modelo Digital de Terreno.

    NID Natural Interval Data Dados de Intervalos Naturais.

    MK Multigaussian Kriging - Kriging Multigaussiano.

    NNI - Natural Neighbor Interpolation - Interpolao pela Vizinhana Natural.

    OK Ordinary Kriging - Kriging Ordinrio.

    OMM - Organizao Meteorolgica Mundial.

    OO Object Oriented - Orientado a Objeto.

    PIB - Produto Interno Bruto.

    PK Probability Kriging - Kriging Probabilstico.

    PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento.

    PNUMA - Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente.

    POO - Programao Orientada a Objetos.

    R Software Estatstico R.

    S Software Estatstico S.

    SAD South American Datum Datum da Amrica do Sul.

    SIG Sistema de Informao Geogrfica.

    SIMEPAR Instituto Tecnolgico Sistema de Informaes Meteorolgicas do

    Paran.

    SOFTWARE APRESENTADO Sistema Clima Paran.

    SK Simple Kriging - Kriging Simples.

    SPRING - Sistema de Processamento de Informaes Geogrficas.

    SPSS Statistical Package for the Social Sciences Pacote Estatstico para

    Cincias

  • 14

    Sociais.

    TASA Telecomunicaes Aeronutica S/A.

    TIN - Triangulated Irregular Network - Rede Irregular de Tringulos.

    UK Universal Kriging - Kriging Universal.

    UML Unified Modeling Language Linguagem de Modelagem Unificada.

    UNIX Acrnimo do sistema operacional da AT&T UNICS Uniplexed Information

    and Computing Service.

    UTM Universal Transverse de Mercator.

  • 15

    RESUMO

    Este trabalho aborda o desenvolvimento de um aplicativo computacional, que pode ser usado como uma ferramenta orientadora tomada de decises na escolha da rea de plantio e cultivo do Pinus taeda, no Estado do Paran. A temperatura o elemento decisrio para definio destas regies. O sistema disponibiliza dados de temperaturas, em mapa do Estado do Paran, delimitando reas que caracterizem similaridades de regies climticas em termos de temperaturas mnimas, mdias e mximas, associadas ao Pinus taeda. O perodo da projeo das alteraes de temperatura especificado pelo usurio, tendo como referncia dados climticos de temperatura fornecidos por 50 estaes meteorolgicas de instituies parceiras, com registro histrico de aproximadamente dez anos. Foram normalizados e agregados, dados de temperatura e ento submetidos a um modelo matemtico atravs do uso de tcnicas da anlise multivariada, utilizando programas computacionais estatsticos e algoritmos de classificao baseado no mdulo geoestatistics do ArcView, que possibilitou gerar mapas das regies do Paran delimitados pela temperatura. Uma vez detectada a similaridade entre reas, por classes de temperaturas, foi possvel confirmar regies propcias produtividade de Pinus taeda, de acordo com suas restries de temperatura, se comparadas com um mapa de produtividade da espcie ao Estado. Foram calculadas as coordenadas geogrficas das estaes meteorolgicas sobre um mapa do Paran, permitindo ao usurio visualiz-lo a partir do formato shapefile em tela de computador (dentro de uma amplitude considervel de valores). As regies foram interpoladas de acordo com a abrangncia da rea de influncia da estao meteorolgica, facilitado pelo uso da triangulao Delaunay e pela segmentao de Voronoi para caracterizar as regies. Em termos florestais, o sistema fornece subsdios que caracteriza os locais de produo de Pinus taeda, servindo como um sistema de apoio deciso e s aes a serem empreendidas nas regies, tendo sempre no profissional florestal a avaliao e resposta final da ao a ser executada.

    Palavras-Chave: Orientado a Objeto, Java, Regies Climticas, Temperatura, Geoestatstica, Produtividade de Pinus taeda.

  • 16

    ABSTRACT

    This work approaches the development of an information system, which can be used as a tool, in order to orient the decisions taken in the choice of the plantation area and culture of the Pinus taeda, in the State of Paran. The temperature is the decides element power to definition these regions. The system offer data of temperature, in a map of the State of Paran, delimiting areas that characterize similarities of climatic regions in terms of minimum, average and maximum, temperatures associates to the Pinus taeda. The period of projection of the temperature alterations is specified by the user, having as reference the climatic data of temperature supplied per 50 automatic weather stations of partners institutions, with historical register of approximately ten years. They had been normalized and aggregates, data of temperature and then had been submitted to a mathematical model through the use of techniques of the multivaried analysis, using statistical computational programs and algorithms of classification based on the geoestatistics modules of the ArcView, that they had become possible to generate maps from regions of the State of Paran delimited by similarities of temperatures (minimum, average and maximum). A detected time the similarity between areas, for classes of temperatures, was possible to confirm regions propitious to the productivity of Pinus taeda, in accordance with its restrictions of temperature, if compared with a map of productivity of the species with the State. The geographic coordinates of the meteorological stations on a map of the Paran had been calculated, allowing the user to visualize it from the shape file format in computer screen (inside of a considerable amplitude of values). The regions had been interpolated in accordance with the area of influence of the meteorological station, facilitated by use of the Delaunay triangulation and by segmentation of Voronoi to characterize the regions. In forest terms, the system supplies subsidies that characterizes the places in order to produce Pinus taeda, serving as a support decision system to the actions to be undertaken in the regions, having always in the forest professional the evaluation and final reply of the action to be executed.

    Key Words: Object Oriented, Java, climate regions, temperature, geoestatistics, Pinus taeda productivity.

  • 1

    1 INTRODUO

    Desde a dcada de 80 do sculo XX, evidncias cientficas sobre a

    possibilidade de mudana do clima mundial vm despertando interesse crescente no

    pblico e na comunidade cientfica. Em 1988, duas agncias das Naes Unidas

    (Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA) e a Organizao

    Meteorolgica Mundial (OMM) estabeleceram o Painel Intergovernamental sobre

    Mudana Climtica (IPCC).

    O IPCC define a mudana climtica como uma variao estatisticamente

    significante em um parmetro climtico mdio ou em sua variabilidade, persistindo

    por um perodo extenso (tipicamente dcadas ou por mais tempo). O Painel enfatiza

    que a mudana climtica pode ocorrer devido a processos naturais ou foras

    externas, ou devido a mudanas persistentes causadas pela ao do homem na

    composio da atmosfera ou do uso da terra. O IPCC no realiza novas pesquisas

    nem monitoriza dados relacionados mudana climtica nem recomenda polticas

    climticas (IPCC, 2007), mas conta com o DDC (Centro de Distribuio de Dados -

    rgo ligado ao IPCC) que distribui uma srie de dados, que usada geralmente na

    construo e na aplicao de cenrios de mudanas do clima, visando as avaliaes

    dos impactos de mudanas do clima.

    De acordo com o DCC (2007), mudanas na avaliao dos impactos de clima

    no provm de cenrios no-climticos e de clima para o futuro, mas tambm boa

    qualidade dos dados observados que descrevem o clima presente. Freqentemente

    as sries de dados observadas do clima requeridas podem ser extensas (por

    exemplo, cobertura global) ou detalhadas (por exemplo, muitas variveis do clima).

    Os dados podem ser tratados como mdias mensais, como sries de tempo

    mensais, ou como sries de tempo dirias. O tamanho da coleta recomendada dos

    registros seria idealmente de pelo menos 30 anos, ou talvez por muito mais tempo.

    Segundo McCarthy et al. (2001), e o prprio IPCC (2007), o aumento nas

    concentraes de gases de efeito estufa (dixido de carbono, vapor d'gua,

    nitrognio, oxignio, monxido de carbono, metano, xido nitroso, xido ntrico e

    oznio, entre outros) tende a reduzir a eficincia com que a Terra se resfria. O

    aquecimento total depende da relao entre a magnitude do aumento da

    concentrao de cada gs associado ao efeito estufa, de suas propriedades

  • 2

    radioativas e de suas concentraes j presentes na atmosfera. Alguns dos

    principais efeitos adversos sinalizados e j percebidos nos dias atuais so:

    (a) aumento no nvel do mar;

    (b) alterao no suprimento de gua doce;

    (c) tempestades de chuva e neve fortes e mais freqentes e

    (d) forte e rpido ressecamento do solo devido a perodos secos mais

    intensos.

    Pelo que o IPCC expe, fica evidenciado que coletar dados de clima,

    especificamente de temperatura, dirio at anual, em um determinado intervalo de

    tempo, e trat-los sob tica estatstica, podem apresentar resultados que permitam

    projetar cenrios climticos para o futuro, permitindo anlises que facilitem tomadas

    de ao a nvel regional ou global.

    Dados obtidos em amostras de rvores, corais, geleiras e outros mtodos

    indiretos sugerem que as atuais temperaturas da superfcie da Terra esto mais

    altas do que em qualquer poca dos ltimos 600 anos. A partir de dados disponveis

    at 1990 e da tendncia de emisses nos nveis atuais, sem a implementao de

    polticas especficas para a reduo de emisses, a projeo do IPCC de que o

    aumento da temperatura mdia na superfcie terrestre seja entre 1 a 3,5o C no

    decorrer dos prximos 100 anos, enquanto que o aumento observado no sculo XIX

    foi entre 0,3 e 0,6o C (INPE, 2006).

    O aquecimento pode variar por regio, sendo acompanhado por mudanas na

    precipitao que podem incluir incrementos ou redues em diferentes regies, e

    tambm mudanas na variabilidade do clima e na freqncia e intensidade de

    eventos extremos de clima. Exemplos dos impactos dessas mudanas climticas

    so: aumento na freqncia de ondas de calor e diminuio da freqncia de ondas

    de frio; incremento na freqncia de eventos de chuva intensa que podem favorecer

    enchentes; secas de vero mais intensas; incremento de ciclones tropicais e

    variaes na freqncia e intensidade de eventos tipo El Nio.

    Como fato curioso, os anos da dcada de 90 do sculo XX foram os mais

    quentes do perodo de registro desde 1860. Os anos mais quentes do perodo foram

    1997 e 1998, com um aquecimento de 0,57C maior que a mdia de 1961-90. Os

    sete anos mais quentes da Terra ocorreram na dcada de 90 do sculo XX, e so

    (em ordem descendente): 1998, 1997, 1995, 1990, 1999, 1991 e 1994. Anlises de

  • 3

    indicadores climticos dos ltimos 400 anos (anis de rvores, mostras de gelo de

    geleiras, crnicas histricas) mostram que os anos da dcada de 90 foram os mais

    quentes do milnio e que o sculo XX foi o mais quente. O ano mais quente do

    milnio foi 1998 e o mais frio foi provavelmente 1601 (INPE, 2006).

    J existem indcios de ocorrncia de temperaturas mdias mais elevadas nos

    dias atuais, assim como o aumento na sua oscilao. A velocidade e a intensidade

    observadas no aumento da temperatura nesse perodo so incompatveis com os

    tempos necessrios adaptao natural dos ecossistemas.

    Diante desse cenrio, vrias organizaes nacionais e internacionais

    armazenam dados de clima para facilitar a anlise de condies futuras e minimizar

    erros de previso. Esses dados podem constituir a base para diversos estudos

    aplicados nas mais diferentes reas de conhecimento, sendo uma delas o manejo

    florestal e a silvicultura.

    Desenvolver meios que proporcionem a rpida difuso de informaes

    climticas sempre foi um desafio para pesquisadores e a previso de intempries,

    fruto de uma estimativa decorrente de clculos e anlise de variveis climticas,

    especificamente de temperatura, de reas que podem ser de grande ou pequena

    extenso, geralmente possuem um porcentual de erro que pode levar a equvocos

    em diversas escalas.

    Assim, obter informaes de temperatura, definindo regies homogneas

    pode ser uma forma de determinar a caracterstica de reas para anlise mais

    aprofundada, para o potencial uso florestal. Em termos de manejo florestal e

    silvicultura, pode resultar em informaes que facilitem a delimitao de reas

    ambientais, fornecer informaes de regies e insumos para facilitar a tomada de

    deciso para o cultivo do Pinus taeda, seja na seleo de espcies, seja na

    utilizao de material gentico, nas escolhas de reas de plantio, entre outros,

    diferenciados pela varivel temperatura.

    Contando com o DCC, o IPCC divulga as informaes das alteraes

    climticas a nvel generalizado. O Simepar e o Iapar tambm divulgam e

    disponibilizam dados de monitoramento climtico para apoio a projetos de pesquisa

    de forma anloga.

  • 4

    Utilizando-se dessas bases de dados, foi possvel estabelecer um banco de

    dados das leituras de temperaturas para desenvolver este projeto, definindo a partir

    delas, reas propcias ao estudo do plantio de Pinus taeda.

    Seguindo esse contexto, til utilizar-se dos sistemas de informao que,

    como ponto bsico comum, concentram-se em oferecer informaes, ou seja, no

    apenas nmeros ou outros itens, mas dados estrategicamente escolhidos e de

    contedo relevante para o processo decisrio (ABREU et al., 2001), e nessa gide,

    este projeto contribui em apresentar um sistema computacional que mostra mapas

    do Paran, dividido-o em regies de temperatura semelhantes (temperaturas

    mdias, mnimas e mximas, mensais e anuais); baseado em seus perodos dirios,

    fornecendo subsdios a engenheiros florestais e outros profissionais, para facilitar

    (ou ser um instrumento facilitador) no processo decisrio no que se refere a detectar

    reas propcias ao plantio e produtividade de Pinus taeda.

    O trabalho apresenta uma metodologia utilizando modelos estatsticos e

    geoestatsticos sobre dados climticos, em termos de temperatura, com registro

    histrico de aproximadamente dez anos, para determinar as regies climticas (em

    funo das temperaturas mnima, mdia e mxima) para o Estado do Paran,

    servindo como um instrumento para apoiar decises de potencial cultivo do Pinus

    taeda.

  • 5

    2 OBJETIVO

    Desenvolver um sistema computacional aplicativo que apresente o mapa do

    Estado do Paran, identificando regies favorveis produo do Pinus taeda,

    delimitadas por temperaturas.

    Apresentar um modelo matemtico que possibilite caracterizar as regies

    potenciais ao cultivo da espcie, tendo a varivel temperatura como elemento central

    e restritivo.

    Objetivos especficos:

    a) permitir a interao do sistema com o usurio, com especificao de

    diferentes perodos (datas), projetando cenrios com diferenas de temperatura,

    categorizados por regies e,

    b) apresentar os ndices (coeficientes) que melhor expressam a relao de

    temperatura entre regies do Paran para o Pinus taeda.

    Este projeto contribui apresentando o sistema computacional e, quando do

    seu uso por parte do engenheiro florestal, para apoio tomada de deciso na

    escolha da regio a ser plantada a espcie Pinus taeda, de forma generalizada.

  • 6

    3 REVISO DE LITERATURA

    Este captulo descreve estudos relativos a classificao climtica e a

    abordagem florestal, e aplicaes de sistemas computacionais e princpios de

    interpolao para caracterizar regies climticas.

    3.1 CLASSIFICAO CLIMTICA E A ABORDAGEM FLORESTAL

    Na dcada de 60 do sculo XX, o governo brasileiro incentivou os

    reflorestamentos comerciais mediante a utilizao de espcies exticas de rpido

    crescimento. A maioria desses reflorestamentos apresentou baixa produtividade em

    razo de diversas causas, entre as quais o uso de material gentico e de tcnicas

    silviculturais inadequadas (REIS e REIS, 1990, 1993), aliada a uma fraca delimitao

    da escolha e s condies das regies a serem introduzidas as espcies (ACOSTA,

    1997).

    Classificaes de regies climticas so teis para subsidiar a tomada de

    deciso de manejo de recursos naturais, como madeira, porque integram atributos

    da vegetao, do solo, da topografia e do clima, em reas homogneas (ALLEN e

    DIAZ, 1989) e, dentro dos fatores ambientais, o clima considerado regulador

    central, exercendo influncias diretas e indiretas sobre os processos de crescimento

    e desenvolvimento da vegetao (PATERSON, 1956).

    Thornthwaite (1948) considerou a vegetao como um mecanismo fsico,

    atravs do qual a gua transportada do solo para a atmosfera. Defendeu que os

    limites dos tipos climticos, para classificao climtica, no so subjetivos, por

    serem determinados pela precipitao e evapotranspirao potenciais, medidas

    inerentemente meteorolgicas. Por isso, Nimer (1977), ao estudar a distribuio da

    vegetao, selecionou variveis numricas de temperatura e precipitao como

    limtrofes de classes climticas.

    Golfari (1967) considerou a metodologia de Thornthwaite para definir

    zoneamentos florestais a fim de introduzir espcies florestais para todo o Brasil. O

    mesmo autor define que o perodo de coleta de dados de temperatura e a

    distribuio das estaes meteorolgicas so importantes na obteno de

    classificaes mais precisas (GOLFARI et al., 1978). Segundo recomendao da

  • 7

    Organizao Meteorolgica Mundial (OMM), as coletas de dados de temperatura

    devem ser feitas em perodo no inferior a 30 anos, para obteno de valores ditos

    normais. Aspiaz et al. (1989) concordam afirmando que as condies

    climatolgicas ficam mais adequadamente representadas.

    Porm, o trabalho de Golfari (1967) estabeleceu perodos crticos do ano sem

    considerar a diferenciao climtica e, pelo trabalho de Aspiaz et al. (1989) muitas

    vezes no se dispem de estaes meteorolgicas que forneam dados em

    perodos suficientemente longos, e este o caso da origem dos dados deste projeto,

    cujos registros climticos contnuos so datados de 1997.

    Muitos estudos de zoneamentos ecolgicos para reflorestamento foram

    realizados desde a dcada de 70, muitos baseados em problemas de escassez de

    dados de estaes meteorolgicas, em sua distribuio irregular, utilizao

    basicamente de informaes de balano hdrico, como foi o caso proposto por

    Golfari et al. (1978).

    Em outra abordagem, Powel e Maciver (1977) apresentaram uma

    metodologia para determinar o perodo mnimo de medies necessrias para

    alcanar o grau de estabilidade de dados climticos, como recomendado pela OMM.

    Seguindo por Martins et al. (1992), que trabalharam na interpolao de valores de

    altitude e de variveis climticas para o estado do Esprito Santo, tendo coletado

    dados meteorolgicos contnuos de 19 anos e, mediante tcnicas de anlise

    multivariada (mdias acumuladas, desvios padro, plotagem de pontos grficos por

    coordenadas e interpolao por aproximao numrica dos mesmos) evidenciaram,

    para todas as estaes testadas, que um perodo de medio de, aproximadamente

    dez anos, tanto para a temperatura como para a precipitao, representam

    adequadamente as condies climatolgicas expressas por valores obtidos em 30

    anos, estando seus resultados de acordo com os encontrados e apresentados por

    Powell e Maciver (1977), para uma regio do Canad, e por Rufino (1986), para o

    estado de Minas Gerais, que tambm determinaram a aproximao de dez anos

    como perodo mnimo de medies.

    importante destacar que os trabalhos de Powel e Maciver (1977), Rufino

    (1986) e Martins et al. (1992) foram realizados com dados climticos de 30 anos,

    que permitiram projetar as previses para os prximos dez anos com sucesso.

    Concluram que uma coleta de dez anos faria exatamente as mesmas projees,

  • 8

    apresentando coeficiente de determinao mltiplo de 0,7 ao trabalho de Powel e

    Maciver (1977), 0,72 para Rufino (1986) e 0,83 para Martins et al. (1992). Todos

    enfatizaram a dificuldade da elaborao de classificaes climticas devido m

    distribuio geogrfica das estaes meteorolgicas. Baseado nestas concluses,

    este trabalho aborda a coleta de dez anos como vlida a uma projeo futura, ao

    mesmo perodo.

    Galvo (1967) classificou os climas do Brasil, mostrando a correlao das

    diferentes modalidades climticas com os diferentes tipos de vegetao, com a

    dinmica das massas de ar que predominam sobre as diversas reas do pas, com o

    relevo e com a altitude.

    Maack (1981) realizou trabalhos geomorfolgicos em todo o Estado do

    Paran, fazendo, principalmente, uma anlise geogrfica dos diversos fatores

    naturais de vrias regies, possibilitando a caracterizao de regies baseada em

    dados climticos.

    A importncia da anlise dos perfis verticais de temperatura e umidade, dos

    momentos de ocorrncia das mximas e das mnimas dirias, das razes de

    variao da temperatura por unidade de tempo e da anlise de varincia dos ritmos

    dirios e sazonais, levaram Ribeiro (1981), a apresentar os aspectos dos

    microclimas de reas reflorestadas com Eucalyptus sp., impostos pelos controles

    macroclimticos, abrangendo o nordeste de Minas Gerais. Concluiu que as

    alteraes do balano trmico podem ser encontradas no dinamismo da atmosfera e

    nos ventos, nas precipitaes e nas modificaes da cobertura do cu (parmetros

    que no puderam ser medidos). Ribeiro (1981) ainda reafirma a validade do mtodo

    de climatologia geogrfica, cuja base fundamental o ritmo, o qual por sua vez, s

    pode ser percebido/apreendido no nvel dirio e/ou horrio da anlise rtmica

    (MONTEIRO, 1969), s cartas sinticas e s imagens de satlite associadas s

    variaes temporais (e espaciais) dos elementos climticos num dado lugar.

    A temperatura, radiao solar, umidade do ar, vento entre outras

    caractersticas do clima exercem influncia direta sobre as propriedades do solo e,

    conseqentemente, sobre sua atividade biolgica bem como na delimitao de

    reas suscetvel a ataque de pragas, doenas e incndios florestais (MATTER e

    YOSHIOKA, 1973) e, conforme apresentado por Wilsie (1962) e MOTA (1986)

    deveriam ser as bases para a introduo de uma espcie arbrea em uma regio.

  • 9

    Nos trabalhos de Hare (1973) e tambm de Vianello e Alves (1991) h

    referncia Kppen, que props uma classificao climtica, em 1901, que ofereceu

    grande contribuio para a climatologia moderna, residindo no fato de permitir, de

    uma maneira objetiva, com bases numricas, que diferentes climatologistas passem

    a referir-se a uma mesma condio climtica, em locais geograficamente distantes,

    baseando-se nos dados de temperatura mdia mensal e anual, precipitao mdia

    mensal e anual e a vegetao nativa como a melhor expresso do clima,

    defendendo que o desenvolvimento e crescimento da planta dependem da sua

    quantidade, intensidade de evaporao e transpirao (TREWARTHA, 1968).

    Segundo Golfari (l978), o balano hdrico baseado em Thornthwaite e Hare

    um sistema de classificao climtica de grande importncia no campo florestal, pois

    permite correlacionar os valores hdricos com os valores trmicos por meio dos

    parmetros de precipitao e evapotranspirao. Atravs dos grficos obtidos pelo

    sistema de classificao climtica, pode-se:

    a) estudar comparativamente a rea de ocorrncia natural da espcie e a

    rea de plantio, indicando com razovel eficincia onde a espcie poder ter xito,

    especificamente nas regies onde no exista nenhuma informao sobre a espcie

    a nvel experimental;

    b) estudar as exigncias climticas das espcies, determinando os perodos

    crticos, pocas de produo de mudas e plantios no campo;

    c) orientar, em climas de transio, at onde uma espcie pode ser usada e

    quando deve ser substituda por outra que se adapte melhor.

    Os elementos do sistema que so mais utilizados na diferenciao das

    regies so temperatura, pluviosidade e evapotranspirao, servindo para

    diferenciar as regies climticas desde microtrmicas at as megatrmicas.

    Para a execuo de um bom zoneamento e como conseqncia, uma boa

    seleo de todas as espcies regionais, h necessidade de:

    a) disponibilidade de dados climticos confiveis em um perodo mais amplo

    possvel; (de dez a trinta anos);

    b) mapa detalhado dos solos da regio com informaes sobre propriedades

    morfolgicas fsicas e qumicas;

    c) informaes bsicas sobre a vegetao natural existente, ou que existia, e

    posterior utilizao do solo.

  • 10

    d) existncia de plantaes florestais em ciclo de explorao, informaes

    sobre adaptao, ritmo de crescimento e produtividade. Visitas ao maior nmero

    possvel de plantios existentes dentro da rea a ser reflorestada ou reas

    semelhantes, fazendo observao sobre: ambiente ecolgico, vegetao natural ou

    culturas anteriores, altitude do local, idade das plantaes, comportamento

    silvicultural das espcies/procedncias em plantaes experimentais, estudo

    fitossanitrio dos povoamentos, s sobrevivncia, medio de altura e dimetro de

    rvores, estimativa da produtividade;

    e) reviso pormenorizada sobre todas as espcies, por exemplo: ecologia em

    seu habitat natural, caractersticas silviculturais, qualidade da madeira,

    susceptibilidade a pragas e doenas, produtividade, etc.

    possvel observar, numa mesma regio bioclimtica, iguais procedncias de

    uma espcie com diferentes produtividades, que pode ser atribudo impreciso da

    delimitao das regies bioclimticas (MARTINS et al., 1992).

    Reis et al. (1993) e Martins et al. (1992) desenvolveram na dcada de oitenta

    do sculo XX parte de uma metodologia de classificao que inter-relaciona

    variveis climticas, geolgicas, edficas, fisiogrficas e de vegetao nativa para

    fins de reflorestamento, utilizando variveis climticas e de altitude para delimitar

    regies ecolgicas.

    Andrade (1995) agregou as duas metodologias e, numa primeira etapa

    delimitou regies ecolgicas por meio do processamento de variveis climticas e de

    altitude e, numa segunda etapa, utilizou-se de variveis biopedolgicas para

    delimitar as sub-regies ecolgicas, a partir de estudos realizados por Reis et al.

    (1993).

    Assad (1998) salientou que uma ferramenta importante no planejamento e

    programao das atividades rurais a avaliao do potencial agroclimtico das

    reas, conforme a necessidade das culturas, pois o zoneamento agroclimtico

    auxilia na tomada de deciso dos produtores rurais, ajudando a aproveitar os

    recursos naturais e orientar as aes municipais no incentivo da agropecuria local.

    Moreira (1997) adotou a mesma teoria incorporando a subdiviso da regio

    sudeste do Brasil em blocos, pela dificuldade de processar dados de extensas

    regies, unindo-as posteriormente, obtendo a classificao ecolgica para toda a

    rea, incorporando o processo de estimao de temperaturas por meio de equaes

  • 11

    que consideram as coordenadas geogrficas e de altitude dos locais desprovidos de

    estaes meteorolgicas.

    Segundo Blair e Fite (1965), citados por Acosta (1997), nenhum sistema de

    classificao climtica pode ser considerado perfeito dado a grande combinao de

    fatores que influenciam as caractersticas do clima em cada tipo de ambiente e,

    segundo Ortolani e Camargo (1987), o fato de uma populao arbrea ser altamente

    produtiva em um determinado ambiente, no significa que expressar as mesmas

    qualidades quando cultivada em outra regio.

    Smaltschinski (2001) apresentou uma metodologia de trabalho sobre um

    modelo de crescimento de florestas, envolvendo dados de clima e temperatura sobre

    florestas da Europa Central, com a construo de modelos e mecanismos baseados

    na tipificao de dados, apresentao da estrutura dos mesmos, modelagem

    regional, uso de inventrios florestais de autores europeus e americanos

    consagrados e, finalmente, apresentao de uma prognose de crescimento em

    camadas.

    Com o objetivo de analisar os efeitos de variveis de clima e solo sobre a

    produo de madeira, Hunter e Gibson (2004) mostraram que variveis de solo e

    clima tm sido amplamente consideradas, inclusive na confeco de modelos de

    crescimento e produo de espcies florestais.

    Nobre et al. (1991) e Rocha (2001) apresentaram as modificaes de

    temperatura para a regio amaznica, onde se nota que a projeo de aumento de

    temperatura global segue a mesma tendncia de aumento de temperatura

    superfcie devido ao desmatamento. As vrias simulaes dos efeitos climticos, da

    substituio da floresta por pastagens na Amaznia e as observaes dos projetos

    (GASH et al. 1996; GASH e NOBRE, 1997) em experimento de grande escala da

    iosfera/atmosfera na Amaznia, indicaram que h um aumento entre 1C e 2C

    devido mudana de vegetao de floresta para pastagem.

    Assad (2003) apresentou um trabalho para o tratamento de informaes

    espaciais que proporcionam vises para facilitar o controle e ordenao da

    ocupao de unidades fsicas do meio ambiente e em reas florestais. Criticou e

    levou em considerao a presso por decises que invariavelmente se contrapem

    a uma lgica racional de seu uso. Apresentou tcnicas que provem referncias

    espaciais da ordenao dessa ocupao, passveis de tratamentos automatizados

  • 12

    pelo uso de um SIG (Sistema de Informaes Geogrficas), definindo-o como sendo

    sistemas destinados ao tratamento automatizado de dados georeferenciados, com

    rotinas que manipulam dados de diversas fontes e formatos, dentro de um ambiente

    computacional gil e capaz de integrar as informaes espaciais temticas e gerar

    novos dados derivados dos originais.

    3.2 ZONEAMENTO ECOLGICO PARA PLANTIOS FLORESTAIS NO PARAN

    O potencial silvicultural das espcies de Pinus no Brasil um fator

    fundamental para a sustentao do seu parque industrial madeireiro, sendo as mais

    plantadas e industrializadas o Pinus elliottii e o Pinus taeda. No entanto, existem

    muitas outras espcies de Pinus com grande potencial de utilizao, que devem ser

    objeto de pesquisa tecnolgica (IWAKIRI et al., 2005).

    As estimativas indicaram que 35% do volume de madeira serrada, produzida,

    formado de madeira desse gnero e no pas existem, aproximadamente, 1,5

    milhes de hectares de plantaes. Portanto, tratam-se de espcies fundamentais

    para o fornecimento de matria-prima, com destaque as Regies Sul e Sudeste

    (BALLARIN e PALMA, 2003).

    As condies de adaptao do Pinus aos solos ligeiramente cidos, que

    constituem a grande maioria dos solos do pas, permitiram a implantao de

    extensas reas que, juntamente com a adoo de prticas silviculturais adequadas,

    tornam as espcies deste gnero importante fonte de matria-prima, proveniente de

    florestas estabelecidas dentro dos padres de sustentabilidade (KRONKA et al.,

    2005).

    Deve-se ressaltar que algumas espcies do gnero Pinus apresentam boa

    adaptao ecolgica em diferentes condies edafoclimticas existentes no Brasil.

    Dessa maneira conseguem reproduzir, propagar e se desenvolver naturalmente em

    condies de pequena competio com a vegetao local. Para contornar possveis

    problemas com essa caracterstica do gnero, importante o correto manejo e a

    escolha adequada da rea e das espcies o que comumente feito nas principais

    empresas do setor que trabalham com esse gnero (MLLER et al., 2006). De

    acordo com os autores, a escolha da espcie ideal fundamental para eficincia e

  • 13

    eficcia do plantio, portanto deve-se levar em considerao a finalidade e aspectos

    gerais do local, como clima, solo, entre outros.

    3.3 CLASSIFICAES CLIMTICAS REGIONALIZADAS

    A caracterizao climtica do Brasil Meridional foi obtida aps uma srie de

    ensaios sobre a metodologia geogrfica da anlise climtica, realizada por Monteiro

    (1969), que props uma tipologia para os fluxos polares de inverno, ou conforme

    suas palavras, a qualificao das invases polares que caracterizam o ritmo de

    sucesso do tempo no inverno, no Estado de So Paulo. Um ndice de participao

    de massas de ar foi sugerido por Monteiro (1964), que consiste na contagem diria

    atravs da leitura de cartas sinticas para o estado de So Paulo.

    Referenciando seu trabalho passado, Monteiro (1969) projetou-o numa

    continuao da corrente de investigaes climatolgicas necessrias geografia

    brasileira, numa tentativa de desenvolver, ampliar, corrigir e melhorar o que foi

    apresentado anteriormente, analisando as dinmicas para constituir o programa de

    pesquisa na climatologia brasileira, concentrando-se na identificao dos elementos

    que apiam o estudo de climatologia no Brasil:

    Secas que se alteram com enchentes e inundaes;

    Mecanismos gerais de circulao regional;

    Participao da convergncia dos alseos ou da equatorial continental

    no teor de chuvas em regies; a influncia efetiva da Frente Polar no

    aumento da pluviosidade;

    Necessidades de anlises rtmicas ao longo de eixos que, partindo do

    litoral, atravessem o Planalto Central, at a Amaznia;

    O intercmbio com os pases do extremo norte do continente sul-

    americano como proveito melhor caracterizao climtica da

    Amaznia Brasileira para a qual se voltam promessas e atenes;

    Obedincia s questes metodolgicas, entre outros.

    Hertz (1977) apresentou uma pesquisa apoiada na tcnica de sensoriamento

    remoto utilizando imagens Landsat. Mostrou as relaes entre a circulao

    atmosfrica regional (dinmicas das massas de ar) e a circulao superficial das

    guas da regio da Lagoa dos Patos, lagunas e costeiros do Rio Grande do Sul, em

  • 14

    razo do comportamento das partculas em suspenso nas guas e sua qualificao

    espectral e espacial, como traador natural das tendncias de circulao

    superfcie. Buscou captar o ritmo climtico da rea em estudo atravs das anlises

    sinticas das sucesses de tempo citadas por Monteiro (1968), fez uso de dados

    pluvio-fluviomtricos, linimtricos, sentido de vazo das guas, salinidade e cotas

    horrias da variao do nvel dgua (maregramas). Mostrou que as cartas sinticas

    so utilizadas para a identificao da circulao atmosfrica, atuante nos episdios

    estudados, no utilizando, no trabalho, o conceito de tipos de tempo e grficos de

    anlise rtmica.

    Tarifa (1975) exprimiu quantitativamente os diferentes tipos de fluxos polares

    e as chuvas de primavera-vero no estado de So Paulo pelo centro isobrico de

    ao. Sintetizou sua hiptese de trabalho baseando-se que os tipos de tempo

    produzem a chuva, o ritmo conduz a perodos secos ou chuvosos, e o anticiclone

    polar atlntico imprime diferentes tipos de ritmo aos fluxos tropicais e extratropicais,

    baseando-se tambm no tratamento estatstico da anlise linear da correlao e

    regresso (simples e mltipla), procurando, nos seus procedimentos, melhorar o

    mximo possvel a definio dos sistemas atmosfricos, intensidade das chuvas e

    sistemas atmosfricos atuantes, num nvel dirio e mensal de relaes e

    correlaes.

    Na tentativa de classificao climtica para o estado da Bahia (uma anlise

    quantitativa dos atributos locais associada anlise qualitativa do processo

    gentico), Aouad (1978) props um sistema de classificao climtica para a Bahia,

    atravs da associao dos valores quantitativos dos atributos locais aos

    componentes genticos da circulao atmosfrica regional. As tcnicas aplicadas

    aos valores quantitativos referiram-se anlise fatorial e de agrupamento, enquanto

    que a circulao secundria foi analisada conforme a abordagem proposta por

    Monteiro (1969). Na anlise dinmica, que privilegiou trs anos-padro (1953, 1958

    e 1964), respectivamente representativos do carter pluvial habitual, a autora utilizou

    cartas sinticas do INMET e controlou a rea de estudo a partir dos dados

    meteorolgicos de 17 localidades, estrategicamente localizada, produzindo grficos

    de anlise rtmica que, segundo a autora no atingiu o grau de consistncia

    desejado a ponto de obter ndices de participao dos diferentes sistemas

    meteorolgicos envolvidos na circulao regional, limitando-se a observar a

  • 15

    evoluo anual dos padres sinticos, que a conduziu a uma aproximao razovel

    do ritmo climtico.

    Orselli (1983) apresentou uma proposta de classificao climtica aplicada ao

    estado de Santa Catarina de modo quantitativo ao usar valores numricos para

    definir os limites dos grupos e tipos climticos. A autora trata as seqncias rtmicas

    atmosfricas (ou cadeias de tipos de tempo) por meio de equaes provando que

    verdadeiramente exeqvel e geograficamente vlida uma equao que busca o

    tempo mdio proposio de um modelo climatolgico, no qual diferentes variveis

    analisadas so expressas espacialmente; reconhecido o traado, nas orientaes,

    nos desvios e nas deflexes das isolinhas, que a autora chama de fato dinmico

    auxiliar. Procurou definir por equaes, propondo a partir de uma equao

    exponencial, uma nova possibilidade de interpretao para a climatologia analtica.

    Na anlise espacial e temporal da pluviosidade no estado de Sergipe, Pinto

    (1985) usou de tcnicas matemtico-estatsticas para transformar dados estatsticos

    em informaes cientfico-climatolgicas, realizando uma abordagem dinmica

    atravs da anlise rtmica para estabelecer a essncia geogrfica do clima.

    Na viso de Pitton (1985) o clima, juntamente com outros elementos do

    quadro natural, interage dinamicamente, definindo dentro de espaos determinados

    as paisagens que so estudadas de forma integrada pela geografia. Defendeu a

    efetivao da classificao climtica para que se possa observar os efeitos do clima

    no todo ambiental, organizando o meio climtico, em diversas bases, definindo os

    limites geogrficos dos diferentes tipos climticos sobre a superfcie terrestre, apesar

    de no apresentar grficos de anlise rtmica ou exemplo de carta sintica ou de

    imagem de satlite meteorolgico.

    O estudo da dinmica atmosfrica e a distribuio das chuvas no Mato

    Grosso do Sul, realizado por Zavatini (1990) representa uma contribuio

    compreenso do ritmo de sucesso dos tipos de tempo e das chuvas a eles

    associados. Procurou esclarecer como se comporta a faixa climtica, constatando a

    existncia de dez unidades climticas, cinco delas estando ao norte da faixa

    climtica transacional, que atravessa So Paulo e avana pelo Mato Grosso do Sul;

    as outras cinco localizadas ao sul dessa faixa.

    Por intermdio da anlise rtmica, Deffune (1990) constatou que h uma

    grande interferncia dos sistemas atmosfricos sobre a configurao rtmica dos

  • 16

    elementos climticos quando estuda o clima e uso da terra no norte e noroeste do

    estado do Paran, no perodo de 1975/1986, a fim de coletar subsdios ao

    planejamento regional. Aplicou tcnicas estatsticas quantitativas para alcanar uma

    tipologia do ritmo climtico, filtrando dados para traar um perfil dos desvios e dos

    coeficientes de oscilaes de cada varivel, no tempo e no espao.

    Ao estudar a dinmica atmosfrica e variaes pluviais no sudoeste e

    nordeste paulista, Menardi (1992) iniciou explicando que trabalhar com climatologia

    deve ser um assunto ligado mais diretamente geografia fsica e que foge

    totalmente ao seu propsito de analisar as variaes pluviais das regies do estado

    se no correlacion-lo aos demais setores da geografia, assim como as atividades

    humanas e econmicas. Desta forma, procurou associar as variaes da

    pluviosidade dinmica atmosfrica regional, apresentando as conseqncias

    dessas diferenas para a vida econmica e organizao do espao daquela regio.

    Procurando entender o ritmo climtico e a gnese das chuvas na zona oeste

    do pantanal sul-mato-grossense, Gonalves (1993) traou isolinhas para elucidar o

    efeito orogrfico das chuvas na tentativa de sntese das feies climticas da zona

    oeste o pantanal. A carncia de estaes meteorolgicas e postos pluviomtricos

    nas encostas das serras (cujas vertentes se expem em direo ao sul) dificultaram

    a anlise do efeito orogrfico das precipitaes, tornando impossvel a sua

    quantificao e sua participao no cmputo da pluviosidade, apresentando,

    contudo, grficos da anlise rtmica da climatologia da regio.

    Gutjahr (1993) apresentou critrios relacionados compartimentao

    climtica de bacias hidrogrficas focados na bacia do rio Ribeira do Iguape, bem

    como, caracterizou a variao tmpero-espacial das chuvas no espao daquelas

    bacias em funo da distribuio mensal e da variao anual; define uma estrutura

    espacial das mesmas caracterizada no perodo de 10 anos, levando em

    considerao a maritimidade/continentalidade na variao de temperatura,

    procurando explicar do porqu do distanciamento das abordagens de classificao

    climtica tradicionais, oferecendo assim uma alternativa compartimentao

    climtica de bacias hidrogrficas.

    Jesus (1995) abordou os aspectos conceituais dos termos espao, tempo e

    escala em climatologia, concentrando-se na epistemologia do assunto, abordando

    questes de natureza terico-metodolgica. Efetuou uma retrospectiva do

  • 17

    conhecimento geogrfico do clima, realizando todo um processo de evoluo dos

    conceitos nas diversas escolas, resgatando obras clssicas num processo de

    ordenao da essncia do contedo climatolgico e seus vnculos com as variveis:

    espao, tempo e escala.

    Ao perceber certa insatisfao de prticas e mtodos entre aqueles que tm

    perseguido uma compreenso mais conjuntiva da importncia e do papel da

    atmosfera, Santanna Neto (1995) apresentou a anlise das chuvas no estado de

    So Paulo, oferecendo uma contribuio ao estudo da variabilidade e tendncia da

    pluviosidade na perspectiva da anlise geogrfica. Enfatiza que tanto nos modelos

    matemticos, quanto as tcnicas estatsticas mais usuais no tm conseguido

    oferecer um instrumental adequado para o progresso da climatologia, de tal forma

    que esta pudesse responder e esclarecer os grandes problemas ainda no

    resolvidos na poca, principalmente no que se refere as questes relativas s

    mudanas climticas.

    Flores (1995) apresentou um sistema de informao climatolgico atravs do

    desenvolvimento e insero baseado no sistema de informao geogrfico Geo-Inf-

    Map para desenvolver outro, capaz de atender s necessidades de pesquisadores

    em climatologia, procurou cobrir uma ampla gama de tcnicas empregadas na rea:

    isopletas, painis tmpero-espaciais, diagramas, cartogramas, balano hdrico,

    pluviogramas, medidas de tendncia central e disperso, regresso e correlao

    linear simples, classificao hierrquica por pares recprocos e, tambm, os grficos

    de anlise rtmica. Enfatizou seu uso como um recurso cartogrfico que permite a

    representao de elementos de clima dando a idia de ritmo climtico, auxiliando no

    entendimento da seqncia dos estados de tempo.

    Em funo de dificuldades encontradas para utilizar a fraca rede de estaes

    meteorolgicas ou as imagens de satlite de rbita baixa, Souza (1997) trabalhou

    com dados colhidos da imprensa e em fotografias tomadas por moradores locais

    para trabalhar a ocorrncia de neve em planaltos subtropicais: o caso do sul do

    Brasil. Apresentou grficos de anlise rtmica e uso de cartas sinticas de superfcie

    do INMET, da TASA e imagens do satlite GOES do INPE, revelando a seqncia

    de fenmenos que se sucederam e foram responsveis pela neve naquela regio

    brasileira.

  • 18

    Acosta (1997) ajustou equaes de regresso para estimar valores mdios

    mensais e anuais de temperaturas mnima, mdia e mxima com a finalidade de

    ampliar a rede de dados climticos do territrio brasileiro situado entre 16 e 24

    latitude Sul e 48 e 60 longitude Oeste, para fins de classificao ecolgica. As

    equaes de regresso foram ajustadas com base em dados de 57 estaes

    meteorolgicas, utilizando-se como variveis independentes a longitude, a latitude e

    a altitude. Os resultados mostraram que o ajuste de modelos para as estimativas de

    temperatura uma alternativa vivel para ampliar a base de dados climticos e o

    teste de identidade de modelos aplicvel nesse tipo de estudo.

    Nery et al. (1997) estudaram a bacia hidrogrfica do Rio Iva e apresentaram

    uma definio de perodos chuvoso e seco, bem como a distribuio interanual,

    apresentando sua precipitao pluviomtrica e sua variabilidade em anos

    considerados anmalos, explicados principalmente pela ocorrncia dos fenmenos

    El Nio e La Nia, a ocorrncia de mximos e mnimos de precipitao com base em

    dados climticos, com significativa influncia em toda a dinmica da regio Sul do

    Brasil.

    No estudo da dinmica climtica e das chuvas no nordeste brasileiro, no eixo

    Barra do Corda/MA Natal/RN, e relaes com o fenmeno El Nio, Souza (1998)

    justificou seu interesse no tema devido existncia, entre estes dois extremos, de

    uma rea semi-rida caracterizada pelos baixos ndices pluviais. Investigou a

    orografia da rea de estudo e verificou que a ocorrncia de El Nio contribui para

    acentuar o ndice de semi-aridez dessa regio. Conclui suas idias a respeito das

    questes climticas englobando os aspectos sociais e poltico-administrativas

    relativas ao nordeste brasileiro, realando a importncia do conhecimento da

    estrutura climtica que influencia tanto a organizao do espao nordestino como

    tambm a organizao social e poltica que rege as atividades humanas.

    Boin (2000) realizou um estudo sobre as chuvas e eroso no oeste paulista

    sob uma anlise climatolgica aplicada, analisando especialmente a ao da

    dinmica pluvial sobre o meio ambiente fsico do oeste paulista. Procurou a

    identificao das reas submetidas a diferentes impactos pluviais e suas

    conseqncias erosivas nos diversos compartimentos ambientais, por meio dos

    preceitos da climatologia dinmica. Procura explicar a integrao de classificaes

    de base gentica e detalhamento das unidades climticas da regio, bem como, da

  • 19

    relao clima e erosividade. um trabalho que usa bases conceituais do mtodo

    sinttico das massas de ar e dos tipos de tempo e da anlise rtmica apresentados

    por Monteiro (1969), alcanando a noo de ritmo climtico aplicado climatologia

    dinmica.

    Estudos realizados Sette (2000) sobre as paisagens, ritmos, interaes

    atmosfera-biosfera, holorritmos circulao da baixa atmosfera, distribuio da

    pluviosidade, evoluo dos sistemas atmosfricos, relaes entre os atributos e os

    controles climticos do Estado do Mato Grosso, teve como resultado a evidncia das

    interaes entre os sistemas intertropicais e os extratropicais e que as mesmas so

    resultantes dos ritmos globais, afetados pelo El Nio no Mato Grosso.

    Ao apresentar um estudo do ritmo do clima de todo o territrio brasileiro,

    Zavattini (2004), referenciou vrios autores que estudaram climatologia, obtendo a

    cronologia decenal do ritmo do clima no Brasil desde a dcada de 40 do sculo XX

    at o ano 2000. Elencou diversas abordagens de natureza climtica e geogrfica

    propostas por diversos pesquisadores, apresentando cartogramas que permitem

    visualizar detalhes de suas anlises, o que foi til para entender o efeito dinmico do

    clima e seus elementos nesta tese.

    3.4 ABORDAGENS DE SISTEMAS DE INFORMAO

    Um sistema de informao pode ser definido como um conjunto de

    componentes inter-relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar,

    processar, armazenar e distribuir informao, com a finalidade de facilitar o

    planejamento, controle, a coordenao, a anlise e o processo decisrio em

    empresas e outras organizaes (LAUDON e LAUDON, 1999).

    Os sistemas de informao consistem, em trs atividades bsicas entrada,

    processamento e sada que transformam dados em informaes teis. No

    envolvem apenas computadores, mas, alm componentes tcnicos, tendo

    dimenses organizacionais e humanas.

    Os sistemas de informao existem para responder a necessidades

    organizacionais, incluindo problemas apresentados pelo ambiente externo, criados

    por tendncias ambientais, polticas, econmicas, demogrficas e sociais. Podem

    causar impacto numa organizao e, para entend-lo, necessrio entender os

  • 20

    problemas e necessidades para os quais eles so projetados, como propostas de

    solues aos processos organizacionais (ABREU e REZENDE, 2001).

    Segundo Pressman (2002) os sistemas de informao podem ser concebidos,

    projetados e desenvolvidos sob duas principais ticas arquiteturais, de modo a tornar

    possvel um controle do desenvolvimento interativo e incremental: viso estruturada

    e a viso orientada a objetos (OO).

    Este trabalho baseia-se na segunda viso, em que o foco est centrado em

    uma perspectiva de desenvolvimento de um sistema computacional OO, que procura

    descrever o comportamento do mundo real, tal qual o , unindo a viso

    comportamental ou dinmica do sistema viso esttica do mesmo, em classes,

    proporcionando uma melhor caracterizao dos aspectos estruturais e semnticos

    para o desenvolvedor, sendo utilizada a UML (Unified Modeling Language) para seu

    desenvolvimento (BOOCH et al., 2000).

    Segundo Furlan (1998) a UML distingue as noes de modelo e diagramas.

    Um modelo contm informaes a respeito dos elementos subjacentes de um

    sistema em estudo, de maneira independente como so apresentados visualmente.

    Um diagrama, por sua vez, uma visualizao particular de certos elementos de

    tipos de um modelo, e geralmente expe apenas um subconjunto de informao

    detalhada sobre esses elementos.

    Para a construo do modelo computacional, Booch et al. (2000) apresentam

    o mais avanado tutorial sobre UML, descrevendo-a como uma linguagem grfica

    para visualizao, especificao, construo e documentao de artefatos de

    sistemas complexos de software, proporcionando uma forma padro para a

    preparao de planos de arquitetura de projetos de sistemas computacionais,

    incluindo aspectos conceituais tais como processos de negcios e funes de

    sistema, alm de itens concretos como as classes escritas em determinada

    linguagem de programao, esquemas de banco de dados e componentes de

    software reutilizveis. Com a UML ser possvel descrever o ciclo de vida completo

    do software, mesmo sendo amplamente independente do processo. Isso significa

    que no se limita ao ciclo de vida de desenvolvimento de determinado software. E,

    para obter o mximo proveito leva em considerao um processo interativo que

    envolve caractersticas de orientao a casos de uso, centrado na arquitetura e

    incremental, envolvendo fases: Concepo, que aborda o caso de negcio para o

  • 21

    projeto; Elaborao, que estabelece um plano de projeto e uma arquitetura slida;

    Construo, fase de desenvolvimento do sistema e Transio, que fornece o sistema

    a seus usurios finais de todos os processos que compem o sistema.

    Como a tecnologia da informao tem sido fortemente empregada para

    suportar modelos empresariais incluindo aspectos importantes como recursos fsicos

    e lgicos, regras de negcio, objetivos e processos, h um entendimento comum

    sobre estruturas formais representadas por diagramas que incluem unidades e

    termos em uso que so apresentadas por Furlan (1998), englobando as bases para

    orientao a objetos e seus diagramas.

    Pereira (2001) apresentou uma metodologia que permite manipular

    computacionalmente arquivos vetoriais em uma soluo para visualizao dinmica

    de mapas no ambiente internet, tendo sucesso para divulgao e distribuio de

    objetos do tipo mapa vetorial naquele ambiente, bem como apresentou tpicos

    iniciais para programao em linguagem de programao como fundamentos,

    programao e manipulao de arquivos e banco de dados, depurao, impresso

    de componentes, instalao e distribuio de programas, bem como a descrio de

    implementao e uso de classes e programao orientada a objetos.

    Savitch (2004) fundamentou e apresentou a programao orientada a objetos

    (Object-oriented programming OOP) e suas principais caractersticas. Descreveu o

    encapsulamento como a forma de ocultao de informao ou abstrao; a herana

    como forma de escrita de cdigo reutilizvel e polimorfismo, que se refere forma

    pela qual um nico nome pode ter mltiplos significados no contexto da herana.

    Mostra ainda como a OOP compatibiliza seus recursos com preocupaes em

    relao eficincia e o que poderamos chamar de praticidade de programao.

    3.4.1 Ciclo de vida do software.

    Todo sistema, usando ou no recursos de Tecnologia da Informao (TI),

    pode ser genericamente considerado sistema de informao (ABREU e REZENDE,

    2001), e possui um ciclo de vida, utilizado para o desenvolvimento de projetos

    computacionais, sendo, segundo Pressman (2002) e Larman (2000) particionado em

    fases, que foram seguidas para a concepo e desenvolvimento do software aqui

    proposto:

  • 22

    a) Especificao dos Requisitos: o incio, a sua concepo. So levantados

    os requisitos do sistema, entrada de dados e sua formatao bem como as

    necessidades do futuro usurio, fruto de suas solicitaes por meio da abstrao, de

    modo a formar a modelagem do negcio;

    b) Anlise: descrito o enunciado do problema, utilizando-se da abstrao

    para concepo de diagramas (FURLAN, 1998), que descrevem sua estrutura

    esttica e dinmica;

    c) Projeto: a descrio da arquitetura do sistema, devendo ser concisa,

    precisa, coesa e altamente funcional (COAD, 1995), respeitando as vises da

    anlise;

    d) Implementao ou Codificao: a programao em um ambiente que

    utilize a linguagem de programao que suporte os conceitos da anlise e as

    especificaes do projeto, que podem ser implementadas na plataforma Java,

    utilizando-se de aplicaes ou applets, composta por trs elementos principais: Java

    Packages APIs, Linguagem Java e Java Virtual Machine-JVM (RAMON, 2001).

    e) Teste: a fase que aborda a verificao, a confirmao, o respeito s

    especificaes da anlise e projeto do sistema como um todo. Caso haja

    incoerncias ou disfuncionalidades, o sistema revisto, aplicando manuteno,

    melhoria ou at ampliao dos mdulos;

    f) Implantao: a aceitao, por parte do usurio, da aplicabilidade do

    sistema, fazendo uso do mesmo para que possa utiliz-lo na realizao de alguma

    atividade a qual o software se destina.

    3.4.2 Entradas e sadas do sistema: dado e informao.

    Conceitualmente, dado um termo utilizado para indicar elementos, como

    nmeros, letras, smbolos ou fatos que se referem descrio de um determinado

    objeto, idia, condio ou situao. Computacionalmente, o valor assinalado a um

    atributo, podendo ser nico (literal), ou identificado em conjunto, por vetores ou

    registros, referenciados como variveis.

    Nos sistemas de informaes, dados so os contedos assumidos por literais

    ou variveis que, somados a um significado (nome de campo, por exemplo) ou

    processados por rotinas computacionais, iro compor uma fonte de recursos

    facilmente interpretados pelo usurio (SAVITCH, 2004).

  • 23

    Informao aquilo que podemos obter atravs de uma operao sobre uma

    quantidade finita de atributos (FURLAN, 1998). qualquer sinal organizado, ou seja,

    um conjunto de dados organizados que apresentam tempestividade, pertinncia e

    exatido. A informao todo dado trabalhado, til, com valor significativo atribudo

    ou agregado a ele e com um sentido natural e lgico para quem a usa. (ABREU e

    REZENDE, 2001).

    3.5 CONSIDERAES LIGADAS ESTATSTICA E GEOESTATSTICA

    A metodologia proposta pela geoestatstica difere da proposta pela estatstica

    clssica, basicamente, na forma de avaliar a variao dos dados. Enquanto a

    estatstica clssica pressupe no haver relao entre a variao e a distncia entre

    pontos de amostragem, a geoestatstica considera existir uma dependncia da

    variao com o espao de amostragem e que, em parte, essas variaes so

    sistemticas (WACKERNAGEL, 1988).

    Sendo assim, a variabilidade espacial das variveis pode ser estudada por

    meio das ferramentas da geoestatstica, que se fundamenta na teoria das variveis

    regionalizadas, segundo a qual os valores de uma varivel esto, de alguma

    maneira, relacionados sua disposio espacial e, portanto, as observaes

    tomadas a curta distncia se assemelham mais do que aquelas tomadas a

    distncias maiores (VIEIRA et al., 1981; VAUCLIN et al., 1983).

    Uma premissa bsica que, em todas as reas, existem regies mais ricas

    do que outras, para uma determinada varivel. Logo, amostras tomadas numa

    regio mais rica seriam, em mdia, mais ricas do que aquelas tomadas numa regio

    mais pobre, ou seja, o valor da varivel regionalizada depende de sua localizao

    (SOUZA, 1992; MATA, 1997), isto , o valor da varivel regionalizada f(x) depende

    da posio espacial x (MATA, 1997).

    Segundo Grossi Sad (1986), a geoestatstica dedica-se ao estudo da

    distribuio e da variabilidade dos valores, em funo do seu arranjo espacial ou

    temporal, ou seja, de valores regionalizados. Um fenmeno que se modifica no

    espao e que provido de uma certa estrutura, comporta-se de modo

    "regionalizado". Se Z(x) o valor de uma varivel Z no ponto x, possvel descrever

  • 24

    a variabilidade da funo f[Z(x)] no espao, com Z variando dependentemente do

    local da amostragem.

    As ferramentas da geoestatstica permitem a anlise de dependncia

    espacial, a partir do ajuste de semivariogramas experimentais a uma funo simples,

    segundo um modelo matemtico, e a caracterizao da variabilidade espacial, por

    meio do mapeamento da variabilidade a partir da estimativa, sem tendenciosidade,

    de dados para locais no amostrados. Com a utilizao destas ferramentas pode-se

    analisar, adequadamente, dados de experimentos, com a possibilidade de obter

    informaes no reveladas pela estatstica clssica (SALVIANO, 1996). Segundo

    Folegatti (1996) para o ajuste de semivariogramas a normalidade dos dados no

    necessria, mas desejvel. Caso a distribuio no seja normal, mas seja

    razoavelmente simtrica, podem-se admitir as hipteses necessrias construo

    do semivariograma. De acordo com Vieira e Lombardi Neto (1995), os clculos

    utilizados em geoestatstica no requerem o conhecimento da distribuio de

    freqncias da varivel analisada.

    Dentro do contexto da geoestatstica h vrios exemplos de uso, destacando-

    se Pezzopane et al. (2004) que desenvolveram modelos matemticos para

    estimativas de temperaturas e espacializao trmica no Estado do Esprito Santo

    por meio do modelo digital do terreno, obtendo coeficiente de determinao variando

    entre 0,88 e 0,98, que foram considerados satisfatrios para aquele estudo.

    Comparando o resultado obtido por diferentes mtodos de interpolao

    disponibilizados por SIG, aplicados estimativa da temperatura mdia do ar em

    Portugal Continental, no perodo de 1961-1990, Silva e Amorin (2003) apresentaram

    mapas descrevendo a espacializao das diferentes temperaturas que ocorrem

    naquele pas.

    Macedo et al. (2001) utilizaram mtodos geoestatsticos como alternativa ao

    interpolador mdia ponderada com vista a comparar diferentes mtodos e identificar

    o mais adequado para a espacializao de datas de plantio de cereais.

    Utilizando a geoestatstica, Carvalho et al. (2002) estudaram a variabilidade

    espacial de componentes qumicos no solo no cultivo de cereais, permitindo indicar a

    ausncia de dependncia espacial dos compostos nas prticas culturais.

    Ao incorporarem a altitude como varivel auxiliar na determinao do mapa

    de variabilidade espacial de precipitao pluvial para o Estado de So Paulo,

  • 25

    Carvalho e Assad (2003) utilizaram um interpolador geoestatstico multivariado, a

    cokrigagem, obtendo resultados considerados bons para o perodo analisado.

    Camargo et al. (2003) enfatizaram a importncia modelagem da anisotropia

    na distribuio espacial de variveis ambientais com uso de procedimentos

    geoestatsticos, especificamente a Krigagem.

    Romani et al. (2003) apresentaram a simulao dos dados coletados de

    estaes meteorolgicas por meio da internet e estimam a temperatura de outros

    locais atravs de mdia ponderada e do mtodo de interpolao do inverso do

    quadrado da distncia, utilizando informaes de estaes vizinhas.

    Em um curso que parte da estatstica para a geoestatstica exploratria e

    multivariada, Wackernagel (1998) abordou modelos, formulaes e mtodos de

    estatstica espacial para resoluo de problemas, apresentou exemplos de regies

    mais amplas e globais em detrimento a uma especificao mais pormenorizada de

    microrregies, apresentando os semivariogramas de forma didtica.

    Estatisticamente, usa-se a anlise de regresso, que o mtodo de anlise

    apropriado quando o problema envolve uma nica varivel dependente (critrio),

    considerada relacionada a duas ou mais variveis independentes, cujos valores so

    conhecidos, para prever os valores da varivel dependente selecionada (DILLON e

    GOLDSTEIN, 1984).

    Em regresso mltipla, a varivel estatstica determinada de modo a melhor

    correlacionar com a varivel a ser prevista. Fornece um meio de avaliar

    objetivamente o grau e carter da relao entre variveis dependentes e

    independentes, pela formao da varivel estatstica de variveis independentes.

    Estas, alm de sua previso coletiva da varivel dependente, tambm podem ser

    consideradas por sua contribuio individual varivel estatstica e suas previses.

    A interpretao da varivel estatstica pode se apoiar em qualquer uma de trs

    perspectivas: a importncia das variveis independentes, os tipos de relaes

    encontradas ou as inter-relaes entre as variveis independentes.

    A correlao entre as variveis independentes pode tornar algumas variveis

    redundantes no esforo preditivo. Desse modo, elas no so necessrias para

    produzir a previso tima. Isso no reflete suas relaes individuais com a varivel

    independente, mas indica que, em um contexto multivariado, elas no so

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    necessrias se um outro conjunto de variveis independentes que explique essa

    varincia for empregado.

    3.6 MODELO TRIGONOMTRICO ESPECIAL

    Partindo das discusses de trigonometria, Graybill (1976) considera uma

    funo f(x) definida por todo x (em uma linha real). Essa funo f(x) dita ser

    peridica em um perodo P se, para algum P > 0, f(x + P) = f(x), para todo x. O

    menor nmero positivo, dito P0, para qual f(x+P0) = f(x) para todo x, chamado de

    perodo fundamental de f(x