terraços

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Topografia Aplicada à Agronomia Baitelli / Weschenfelder 1 T E R R A Ç O S Terraço é uma estrutura mecânica construída no terreno, formada pelo conjunto de um canal e um camalhão (dique) dispostos transversalmente ao declive e construídos espaçadamente à distâncias que variam conforme a declividade e o tipo de solo. Finalidade : Seccionar o comprimento da rampa formando obstáculos físicos ao livre escoamento superficial da águas. P R O C E D I M E N T O S D E C A M P O 1. Estabelece-se no terreno 2 pontos (A e B) situados de forma perpendicular às curvas de nível. A função destes dois pontos é tão somente o estabelecimento do gradiente (declividade) do terreno no local aonde se quer elaborar um terraço. Para tanto, com a mira em A faz-se a leitura com o nível e, após, uma leitura em B, assim, estabelece-se as duas cotas. Também é necessário obter a distância horizontal (DH) entre estes dois pontos. Com estes dados, obtem-se o valor do gradiente da seguinte forma: A = 0,562 m GRADIENTE (%) COTA MAIOR COTA MENOR DISTÂNCIA HORIZONTAL 100 = × B = 3,450 m DH AB = 43,20 m g(%) 3,450 0,562 43,20 100 = × g(%) = 6,685% próximo de 7 na tabela 2. Vemos pela tabela que o espaçamento horizontal para este gradiente é de 21m. Obs: Os valores desta tabela oscilam em função do tipo de solo e cultura. 3. De posse do gradiente, a partir do ponto A, estende-se uma perpendicular às curvas de nível ao longo dos 21m, e neste local, estaqueamos o ponto T1. DECLIVIDADE ESPAÇAMENTO VERTICAL ESPAÇAMENTO HORIZONTAL 1 0,700 70,00 2 0,840 42,00 3 0,980 32,66 4 1,120 25,20 5 1,400 23,33 6 1,540 22,00 7 1,680 21,00 8 1,820 20,22 9 1,960 19,60 10 2,100 19,09 4. Estabelecida a primeira estaca do terraço, vamos a tabela de locação que apresenta as variações do gradiente para cada um dos 6 terraços. Obs: 1/1000 significa 1 centímetro em 10 metros. 5. Com o nível instalado em um ponto qualquer que permita a visualização de T1 (ponto N), faz-se uma leitura de ré em T1 (RT1 = 0,836m). 6. Aconselha-se o estaqueamento de 10 em 10 metros. 7. Um operador fixa o zero da trena em T1 enquanto um outro operador com os 10 metros da trena na mão desloca-se, ao longo de um arco de circunferência, até encontrar um outro ponto de mesmo nível (0,836m) e estaqueia-se o ponto 1. TRECHOS DE SEGMENTOS GRADIENTE 0 - 100 metros em nível 100 - 200 metros 1 / 1000 200 - 300 metros 2 / 1000 300 - 400 metros 3 / 1000 400 - 500 metros 4 / 1000 500 - 600 metros 5 / 1000 8. O operador de T1 desloca-se para a estaca 1 e fixa o zero da trena neste ponto. O operador móvel desloca-se com os 10 metros da trena novamente em arco de circunferência, para encontrar outro ponto de mesmo nível (0,836m) e estaqueia-se então o ponto 2. A razão pela qual se mantém o mesmo nível nos pontos é que o primeiro terraço é mantido em nível, ou seja, plano. 9. Repete-se o procedimento acima descrito sucessivamente para os pontos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. 10. Muda-se o nível para N1. Agora para estabelecer o segundo terraço com 1/1000 de declividade. 11. Faz-se uma leitura de ré na estaca 10: R10 = 1,335.

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Terraços

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  • Topog r a f i a Ap l i c ada Ag r onom ia Ba i t e l l i / Wes chen f e l d e r

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    T E R R A O S Terrao uma estrutura mecnica construda no terreno, formada pelo conjunto de um canal e um camalho (dique) dispostos transversalmente ao declive e construdos espaadamente distncias que variam conforme a declividade e o tipo de solo. Finalidade: Seccionar o comprimento da rampa formando obstculos fsicos ao livre

    escoamento superficial da guas.

    P R O C E D I M E N T O S D E C A M P O

    1. Estabelece-se no terreno 2 pontos (A e B) situados de forma perpendicular s curvas de nvel. A funo destes dois pontos to somente o estabelecimento do gradiente (declividade) do terreno no local aonde se quer elaborar um terrao. Para tanto, com a mira em A faz-se a leitura com o nvel e, aps, uma leitura em B, assim, estabelece-se as duas cotas. Tambm necessrio obter a distncia horizontal (DH) entre estes dois pontos. Com estes dados, obtem-se o valor do gradiente da seguinte forma:

    A = 0,562 m GRADIENTE (%) COTA MAIOR COTA MENORDISTNCIA HORIZONTAL 100=

    B = 3,450 m DH AB = 43,20 m

    g(%) 3,450 0,56243,20 100= g(%) = 6,685% prximo de 7 na tabela

    2. Vemos pela tabela que o espaamento horizontal para este gradiente de 21m.

    Obs: Os valores desta tabela oscilam em funo do tipo de solo e cultura.

    3. De posse do gradiente, a partir do ponto A, estende-se uma perpendicular s curvas de nvel ao longo dos 21m, e neste local, estaqueamos o ponto T1.

    DECLIVIDADE ESPAAMENTO VERTICAL ESPAAMENTO HORIZONTAL 1 0,700 70,00 2 0,840 42,00 3 0,980 32,66 4 1,120 25,20 5 1,400 23,33 6 1,540 22,00 7 1,680 21,00 8 1,820 20,22 9 1,960 19,60 10 2,100 19,09

    4. Estabelecida a primeira estaca do terrao, vamos a tabela de locao que apresenta as variaes do gradiente para cada um dos 6 terraos.

    Obs: 1/1000 significa 1 centmetro em 10 metros.

    5. Com o nvel instalado em um ponto qualquer que permita a visualizao de T1 (ponto N), faz-se uma leitura de r em T1 (RT1 = 0,836m).

    6. Aconselha-se o estaqueamento de 10 em 10 metros. 7. Um operador fixa o zero da trena em T1 enquanto um

    outro operador com os 10 metros da trena na mo desloca-se, ao longo de um arco de circunferncia, at encontrar um outro ponto de mesmo nvel (0,836m) e estaqueia-se o ponto 1.

    TRECHOS DE SEGMENTOS GRADIENTE 0 - 100 metros em nvel 100 - 200 metros 1 / 1000 200 - 300 metros 2 / 1000 300 - 400 metros 3 / 1000 400 - 500 metros 4 / 1000 500 - 600 metros 5 / 1000

    8. O operador de T1 desloca-se para a estaca 1 e fixa o zero da trena neste ponto. O operador mvel desloca-se com os 10 metros da trena novamente em arco de circunferncia, para encontrar outro ponto de mesmo nvel (0,836m) e estaqueia-se ento o ponto 2. A razo pela qual se mantm o mesmo nvel nos pontos que o primeiro terrao mantido em nvel, ou seja, plano.

    9. Repete-se o procedimento acima descrito sucessivamente para os pontos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

    10. Muda-se o nvel para N1. Agora para estabelecer o segundo terrao com 1/1000 de declividade.

    11. Faz-se uma leitura de r na estaca 10: R10 = 1,335.

  • Topog r a f i a Ap l i c ada Ag r onom ia Ba i t e l l i / Wes chen f e l d e r

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    12. Faz-se uma leitura de vante na estaca 11, marcando-se 10mm acima do valor da estaca 10 (R10 + 0,010 = 1,345m), ou seja, 10mm a mais (1/1000 = 1cm/10m). Desta forma, seguimos a declividade de 0,1%.

    13. A estaca 12 deve ter nvel 1,355m; marcam-se as demais estacas, at a estaca 20 que deve ter nvel 1,435m.

    14. Instala-se o nvel em N2, fazendo a r de 20: R20 = 1,120m. 15. Marca-se a estaca 21 que deve ter nvel 1,140m (20mm acima da estaca 20). 16. Marca-se a estaca 22 que deve ser 1,160m. 17. Marcam-se as demais estacas at a estaca 30, que deve ter nvel 1,320m. 18. Com maquinrio apropriado, ligam-se todas as estacas de 1 a 30. 19. Um mesmo terrao, por conveno, no deve ter comprimento maior que 500m. 20. Para o 2o terrao, instala-se o nvel em um ponto de cota inferior a T1(ponto N).

    Faz-se uma visada de r em T1: RT1 = 2,105. Pela tabela: espaamento vertical igual a 1,680m. Que vai definir o local de T2.

    7 1,680 21,00

    21. Soma-se r em T1 + espaamento vertical 2,105 + 1,680 = 3,785m. 22. Um operador mvel, desloca-se de T1, no decrscimo de nvel, at achar o ponto de

    cota 3,785m, e estaqueia o ponto T2. A diferena de nvel das estacas em T1 para as estacas em T2 , para todas as estacas, 1,680m. Assim, em T2, todas as estacas, de 1 a 10, tero 3,785m no primeiro trecho que deve ser em nvel.

    23. No segundo trecho, mudando-se o nvel de lugar, feita uma leitura de r em 10: R10=0,736m.

    24. Marcam-se as estacas de 11 a 20, acrescentando 10mm a cada uma delas, de modo que a estaca 20 tenha nvel 0,836m.

    25. Para o terceiro trecho, procede-se do mesmo modo, ou seja, muda-se o nvel de lugar (ponto N2), faz-se uma r em 20 e acrescenta-se para cada estaca subseqente 20mm em cada leitura de nvel efetuada.

    L O C A O D O S T E R R A O S

    1. Observao geral da rea. 2. Definir o tipo de terrao (base estreita, mdia ou larga com ou sem gradiente). 3. Escolher o local do canal escoadouro (se for o caso de terrao com gradiente).

    Escolher a depresso natural do terreno. 4. Instalar o nvel em local de larga abrangncia. 5. Localizar o ponto mais alto. Colocar a mira neste ponto e efetuar uma leitura.

    Anotar. 6. Medir 20 metros no sentido do declive e neste ponto colocar a mira e efetuar nova

    leitura. Anotar. 7. Diminuir da leitura em 5 a leitura em 6, determinando-se assim a diferena de nvel

    para o segmento de 20m. 8. Calcular a declividade em porcentagem. 9. Pela textura do solo e a declividade em porcentagem, consultar a tabela de

    espaamento vertical e encontrar o respectivo valor. 10. Somar o valor da tabela com a leitura em 5. Este ser o valor do primeiro ponto a

    ser locado no terrao. 11. Procurar no terreno, com a mira, o valor da leitura determinada em 10 e estaque-

    lo. 12. Efetuar novas leituras de 20 em 20 metros, marcando os pontos com o mesmo valor

    encontrado em 10 se for terrao em nvel. Se for terrao em desnvel, somar a cada leitura, os valores do gradiente conforme a tabela.

    13. Para o terrao seguinte, obter nova declividade e reiniciar no ponto 9.