terra dura

Upload: anonymous-jfaskuzu

Post on 06-Mar-2016

110 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Ação Civil

TRANSCRIPT

  • Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BAEXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CVEL DA

    COMARCA DE VALENA/BA.

    O MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DA BAHIA, por seu Promotor deJustia infrafirmado, vem, perante Vossa Excelncia, lastreado nos autos anexos do Inqurito

    Civil de nmero 597.0.113433/2015 e com fundamento nos arts.129, inciso III, da

    Constituio Federal, e 138, III, da Constituio Estadual, na Lei n 7.347/85, no art.25, inciso

    IV, alnea a, da Lei n 8.625/93, e no art.72, inciso IV, alnea b, da Lei Complementar

    Estadual n 11/96, propor a presente

    AO CIVIL PBLICA COM PEDIDO LIMINAR em face de

    1) ASS EMPREENDIMENTOS LTDA, pessoa jurdica de direito privado,

    inscrita no CNPJ sob o nmero 01.720.715/0001-81, com sede na Avenida Jos Andrade

    Soares, 10, Valena/BA, CEP 45.400-000, doravante denominada PRIMEIRA ACIONADA;

    2) AILTON REIS SANTOS, brasileiro, natural de Valena/BA, filho de Agenorbrasileiro, natural de Valena/BA, filho de Agenor

    Mendes dos Santos e de Noeme Reis dos Santos, RG 65270274 SSP/BA, CPF 050.954.415-Mendes dos Santos e de Noeme Reis dos Santos, RG 65270274 SSP/BA, CPF 050.954.415-

    00, nascido em 24/05/1953, casado, funcionrio pblico aposentado, residente e domiciliado00, nascido em 24/05/1953, casado, funcionrio pblico aposentado, residente e domiciliado

    na Rua Francisco Cosme Muniz, 03, Jardim Grimaldi, Valena/BAna Rua Francisco Cosme Muniz, 03, Jardim Grimaldi, Valena/BA, CEP 45.400-000

    doravante denominado SEGUNDO ACIONADO; e

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 1

  • 3) ALDENIZE SILVA SANTOS, brasileira, natural de Natal/RN, filha debrasileira, natural de Natal/RN, filha de

    Manoel Rosa e Silva e de Angelita Soares da Silva, RG 187.743 -SSP/RN, CPF 074.767.364-Manoel Rosa e Silva e de Angelita Soares da Silva, RG 187.743 -SSP/RN, CPF 074.767.364-

    00, nascida em 23/02/1955, casada, professora, residente e domiciliada na Rua Francisco00, nascida em 23/02/1955, casada, professora, residente e domiciliada na Rua Francisco

    Cosme Muniz, 03, Jardim Grimaldi, Valena/BACosme Muniz, 03, Jardim Grimaldi, Valena/BA, CEP 45.400-000, doravante denominada

    TERCEIRA ACIONADA, pelas razes fticas e jurdicas a seguir elencadas:

    1 INTRODUO.

    Em razo de representao formulada pelo Conselho de Defesa do Meio Ambiente

    do Municpio de Valena, que noticiou possvel implantao irregular de empreendimento

    denominado Loteamento Terra Dura, na Rodovia BA 001 sentido Valena-Tapero, no

    territrio do Municpio de Valena/BA, com grande movimentao de barro e pedras,

    queimadas, supresso de vegetao, aterramento de nascente, extrao mineral e at desviode corpo hdrico, este rgo ministerial instaurou o Inqurito Civil de nmero

    597.0.113433/2015 para apurar o fato (vide autos do IC em anexo, em especial a portaria de

    fls. 02 e 03 e a citada representao nas fls. 06 e 07).

    Encerradas as diligncias investigatrias, restou constatado, efetivamente, que a

    Primeira Acionada, sob as ordens do Segundo Acionado e da Terceira Acionada, na posio

    de responsveis de fato pelo empreendimento mencionado, efetivamente iniciou a

    implantao de loteamento sem licena ambiental no local indicado, alm de ter suprimido

    indevidamente vegetao secundria nativa do Bioma Mata Atlntica, em estgio mdio;

    aterrado e desviado trechos de curso d'gua; e instalado rede precria de drenagem de guas

    pluviais. Outrossim, os elementos de convico carreados aos autos apontaram que os Rus

    tambm no obtiveram autorizao administrativa para proceder ao parcelamento do solo no

    local de implantao do empreendimento.

    Diante de tais evidncias, este rgo ministerial props aos Acionados a

    celebrao de Termo de Ajustamento de Conduta para promover a regularizao ambiental,

    assim como a restaurao e compensao dos danos identificados nestes autos, no qual

    tambm figuraria o Municpio de Valena na condio de interveniente, condicionando, no

    entanto, para dar seguimento s tratativas, que os ora Acionados, por preveno, paralisassem

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 2

  • as obras, para no agravar danos ao meio ambiente. Todavia, como ser adiante demonstrado,

    inobstante os Rus da presente ao tenham informado interesse na celebrao do ajuste, as

    informaes tcnicas carreadas aos autos, de outro lado, apontaram que no houve paralisao

    das atividades de implantao do empreendimento aludido.

    Assim sendo, no restou alternativa ao Parquet seno propor a presente ao para,

    com base na fundamentao contida nesta pea exordial, requerer ao Poder Judicirio que

    determine aos Acionados a restaurao, compensao e/ou indenizao pelos ilcitos

    identificados nos autos, bem assim para pleitear providncia liminar junto a esse rgo

    julgador para determinar aos Acionados que paralisem imediatamente as obras de implantao

    do Loteamento Terra Dura, evitando agravar os danos ambientais causados, com base nos

    fatos e fundamentos jurdicos a seguir explanados.

    2 FATOS

    Os elementos de convico carreados aos autos apontam que os Acionados, aoimplantarem irregularmente o Loteamento Terra Dura, na BA 001 Sentido ValenaTapero, no Municpio de Valena/BA, cometeram graves danos ambientais diversos, alm denegarem vigncia s normas jurdicas que tratam da matria.

    Com efeito, como se depreende do Parecer Tcnico Ambiental de fls. 44 a 53,proferido pela biloga Isabelle Silva de Oliveira, da Secretaria de Meio Ambiente de Valena,no dia 12 de agosto de 2015, foi realizada inspeo no local pela equipe do rgoadministrativo citado e, na oportunidade, foi constatado que o empreendimento em questono possui licena ambiental, nem autorizao administrativa para parcelamento do solo; almde ter sido realizada, pelos Acionados, para sua implantao, supresso indevida de vegetaodo Bioma Mata Atlntica, em estgio mdio, em rea aproximada de 02 (dois) hectares;aterramento e desvio de curso d'gua; implantao irregular de rede de drenagem, dentreoutros danos e irregularidades. Veja-se o trecho do citado Parecer a seguir reproduzido:

    Verificou-se a existncia de vrios pontos de drenagem de guas pluviais

    onde j foram implantadas manilhas de dimetro visivelmente reduzido

    para o volume de gua captado. Estas manilhas esto sendo utilizadas

    para recolhimento de guas pluviais onde j foram implantadas mamilhas

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 3

  • de dimetro visivelmente reduzido para o volume de gua captado. Estas

    manilhas esto sendo utilizadas para recolhimento da gua escoada que

    drenam at um riacho localizado na margem oposta da rodovia, alterando

    assim o padro natural de drenagem do terreno. ()

    No processo de abertura das vias de acesso, foram identificados

    aterramento de trs cursos hdricos na rea dos empreendimentos nos

    pontos S13o 23'40,9 e W 30o 05'23,6 (riacho) e 13,23'39,9 e W

    39o,05'36,2 (rio de 10m de largura aproximada). No ponto S13o 23'40,3

    e W 39o 04'49,3 foi identificado represamento de um riacho, o que criou

    um lago artificial, totalmente desprovido de mata ciliar (,..)

    Foi verificado que houve supresso de vegetao nativa do bioma Mata

    Atlntica possivelmente de estgio mdio de regenerao, numa extenso

    aproximada de 02 (dois) hectares ()

    No houve emisso de licena ambiental pelo Municpio de Valena para

    a pessoa ASS Empreendimentos LTDA ou qualquer de seus

    representantes legais para implantao do Loteamento Terra Dura.

    A Prefeitura de Valena no concedeu qualquer autorizao

    administrativa para o loteamento citado.

    Na atualidade esto sendo realizadas atividades para implantao do

    Loteamento Terra Dura.

    As intervenes ambientais verificadas no meio ambiente do local para

    implantao do empreendimento so: aterramento dos riachos, alterao

    do relevo do local para construo de vias e localizao dos lotes atravs

    de terraplanagem, alterao no padro de drenagem do local, supresso de

    vegetao nativa, incluindo reas de preservao permanente.

    Com base nas constataes tcnicas deduzidas no Parecer Tcnico acimamencionado, o Ministrio Pblico, no dia 13 de agosto de 2015, designou audinciaextrajudicial, convidando os responsveis de fato e de direito pelo empreendimento, oraAcionados, e representantes da Prefeitura Municipal de Valena. Na oportunidade, foiproposta ao Segundo Acionado e Terceira Acionada (que se apresentaram comoresponsveis de fato pela Primeira Acionada e pelo empreendimento sobre o qual versa estaao) celebrao de Termo de Ajustamento Conduta para que promovessem a regularizaoambiental e fundiria, bem como para restaurao e compensao dos danos ambientaisconstatados. Outrossim, foi assinalado prazo razovel para que se manifestassem sobre a

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 4

  • proposta aludida (vide fl. 54 dos autos do IC 597.0.113433/2015).

    Ainda na citada audincia extrajudicial, os Rus da presente ao afirmaram queestavam obedecendo ordem de paralisao da obra, emanada da Prefeitura de Valena e oMinistrio Pblico, por seu turno, em razo de ter sido aventada a possibilidade de celebraode Termo de Ajustamento de Conduta, informou que, naquele momento, deixaria de adotarprovidncia judicial em relao ao caso em tela, desde que obedecida a aludida ordemadministrativa (vide documentao de fls. 30 a 33 e 54 dos autos do IC).

    No dia 19 de agosto de 2015, equipe da Base Ambiental do Ministrio Pblico naCosta do Dend esteve no local de implantao do empreendimento sobre o qual versam estesautos e constatou que, naquele momento, as obras estavam paralisadas (vide fls. 55 e 56).

    Todavia, em momento posterior, mais precisamente em 01 de setembro de 2015, abiloga Lindiane Freire de Santana Lima, da Central de Apoio Tcnico do Ministrio Pblicodo Estado da Bahia (CEAT-MP/BA), realizou nova inspeo no local citado e constatou quefoi dada continuidade obra, em desrespeito ao ato administrativo do Municpio de Valena,bem assim que os danos ambientais apontados foram agravados pela ao dos Rus,aumentando-se, por exemplo, a rea de supresso indevida de vegetao do Bioma MataAtlntica em estgio mdio de, aproximadamente, dois hectares para mais de trs hectares.Veja-se o trecho do Parecer Tcnico emitido pela CEAT, inserto nas fls. 60 a 70 doexpediente ministerial anexo:

    Em campo, observou-se que est em fase de implantao um loteamento

    na Fazenda Terra Dura II, na qual h intervenes tais como: a) abertura

    de vias de acesso, inclusive com vias cortando cursos dgua (Fotos 01,

    02 e 03); b) demarcao de lotes; c) terraplenagem com material de

    emprstimo (material mineral proveniente de outro local) e consequente

    aterramento de trechos de cursos dgua, d) instalao precria de rede de

    drenagem de guas pluviais; d) supresso de vegetao nativa do Bioma

    Mata Atlntica. Vale ressaltar que no h no local qualquer sinalizao

    indicando autorizaes do poder pblico para a realizao dessas

    intervenes.

    No momento da inspeo, foi percorrido todo o trecho onde houve recente

    supresso de vegetao e foi constatado que as intervenes relativas ao

    desmatamento encontravam-se em curso devido a certas aes, como

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 5

  • exemplos, retirada de madeira e beneficiamento da mesma para

    explorao econmica, e abertura de nova via de acesso, conforme

    apontou Sra. Gudia Andrade, a qual esteve anteriormente na mesma rea.

    Alm disso, nesse Procedimento Ministerial SIMP n 597.0.113433/2015

    consta a informao (fls. 45 a 53) de que a rea de vegetao suprimida,

    observada em 12 de agosto de 2015, era estimada em 2 hectares e,

    conforme constatao na vistoria realizada em 01 de setembro de 2015,

    essa rea foi ampliada, como demonstrado abaixo. Esses fatos indicam a

    continuidade da implantao do loteamento em questo.

    Em relao, verificao de supresso de vegetao nativa do Bioma

    Mata Atlntica, caracterizada pela fisionomia Floresta Ombrfila Densa,

    foram constatados os seguintes fatos (Fotos 04 a 12):

    1. A rea de vegetao suprimida de 3,03 hectares, conforme Mapa em

    anexo, elaborado pelo Centro Integrado de Geoinformao (CIGEO) deste

    Parquet a partir das coordenadas geogrficas coletadas no momento da

    inspeo com aparelho de GPS Garmin (GPSmap 62st);

    2. A vegetao suprimida caracterizada como vegetao secundria em

    estgio mdio de regenerao, conforme verificao de parmetros

    contidos na Resoluo CONAMA n 05/1994 (que define vegetao

    primria e secundria nos estgios inicial, mdio e avanado de

    regenerao da Mata Atlntica para o Estado da Bahia). Observou-se que:

    a) a fitofisionomia da vegetao adjacente predominantemente arbrea

    (com altura em torno de doze metros), apresenta dossel fechado e

    estratificao com presena de bosque e subosque, demonstrando que a

    vegetao suprimida, situada em rea contnua como se observa no Mapa

    em anexo, possua essas mesmas caractersticas; b) que os troncos de

    rvores abatidas apresentavam dimetro mdio de 22,7 cm (nesse caso,

    vale dizer que, por estarem abatidas as rvores, no foi mensurado o

    dimetro altura do peito - DAP, mas essa limitao no invalida a

    afirmao de que as rvores abatidas apresentavam, em mdia, dimetro

    compatvel com vegetao em estgio mdio de regenerao, haja vista

    que a citada Resoluo CONAMA atribui um DAP mdio entre 8

    centmetros a 18 centmetros vegetao em estgio mdio de

    regenerao); c) que a composio florstica da rea suprimida

    apresentava espcies vegetais nativas de formaes florestais atlnticas,

    tais como, sucupira (Bowdichia sp.), pau-pombo (Tapirira sp.), murici

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 6

  • (Byrsonima sp.), murta (Myrcia sp.), dentre outras; d) que havia

    serrapilheira e epfitas na rea onde houve supresso.

    3. Encontravam-se dispostos na rea inspecionada 37,5 m3 de madeira

    nativa, proveniente da referida supresso.

    Figura 01 Implantao de via de acesso, com terraplenagem e barramento de curso dgua.

    Figura 02 Implantao de via de acesso, cortando rio; provocou represamento de gua montante.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 7

  • Figura 03 Represamento do Rio indicado na figura 02.

    Figura 04 Madeira nativa empilhada para aproveitamento econmico e retirada da rea onde foi constatada recente supresso de vegetao.

    ()

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 8

  • Figura 10 Vegetao suprimida recentemente com rvoresabatidas dispostas sonbre o solo; observar o porte rboreo davegetao adjacente.

    Assim sendo, ainda que os Rus da presente ao tenham chegado a informar quedesejavam discutir a possibilidade de celebrao de Termo de Ajustamento de Conduta (fl.59), ao Ministrio Pblico, diante da conduta dos ora Demandados, de desobedecer ordemadministrativa de paralisao de implantao do empreendimento, ocasionando agravamentoconstante do dano ambiental, no restou alternativa seno propor a presente ao, a fim depleitear ao Poder Judicirio que os Rus venham a promover a restaurao, compensao eindenizao de tais danos, bem como que, em carter liminar, seja determinada imediataparalisao da obra, para evitar dano ainda maiores ao meio ambiente -- tudo isso com basenos fatos aqui narrados e nos fundamentos jurdicos que passa a expor.

    3 FUNDAMENTOS JURDICOS

    3.1 AUSNCIA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOEMPREENDIMENTO.

    O ambiente, compreendendo os fenmenos fsicos, biolgicos e sociais, com osquais se encontram envolvidos os homens, bem jurdico elevado categoria de direitofundamental vida. H muito tempo, vem o Legislador preocupado com esse direito,registrando-se aqui a edio do Decreto n 23.793 de 23 de janeiro de 1934, tambmconhecido como Cdigo Florestal, que atribuiu ao Estado e ao cidado a proteo das matasciliares, proibindo quaisquer espcies de atividades nocivas fauna e flora.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 9

  • A proteo ambiental ganhou reforo nos dias atuais, com o advento daConstituio Federal de 1988, onde foi estabelecido, em seu artigo 225, caput, o seguinte:

    Art. 225 - Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente

    equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de

    vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo

    e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    Uma das formas mais importantes de proteo ao meio ambiente a exigncia deum procedimento prvio de licenciamento para a instalao de obra ou atividadepotencialmente causadora de significativa degradao, visando conferir eficcia a um dosprincpios do direito ambiental, qual seja o princpio da preveno.

    Nesta linha de inteleco, a Lei Federal de nmero 6.938/1981, recepcionada pela

    Magna Carta vigente, estabeleceu, em seu art. 9.o, inciso IV, que o licenciamento das

    atividades potencialmente poluidoras um dos instrumentos da Poltica Nacional de Meio

    Ambiente, e, em seu art. 10, que a construo, instalao, ampliao e funcionamento de

    atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou que possam vir a causar degradao de

    meio ambiente devem ser submetidas a prvio licenciamento ambiental junto ao rgo pblico

    competente.

    Constatando-se, portanto, que o Direito Positivo Brasileiro consagra, h dcadas, a

    exigncia de licenciamento ambiental para atividades potencialmente poluidoras ou que

    possam vir a causar degradao ao meio ambiente, a fim de que sejam estabelecidos

    condicionantes para, preventivamente, mitigar impactos ambientais negativos, v-se que o

    empreendimento Loteamento Terra Dura, de responsabilidade dos Acionados, ao iniciar sua

    implantao sem a necessria licena, como demonstrado no tpico anterior, negou vigncia

    s normas jurdicas que versam acerca do assunto.

    Todavia, em que pese no ter obtido licena ambiental, os Rus, consoante se

    evidencia do parecer tcnico de fls. 44 a 53, da Secretaria de Meio Ambiente de Valena, e do

    parecer tcnico de fls. 60 a 70, da CEAT-MP/BA, j realizaram atividades diversas de

    implantao do loteamento, a exemplo de abertura de vias, supresso indevida de vegetao,

    terraplanagem e aterramento de cursos d'gua, sem que tenham sido estabelecidas

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 10

  • condicionantes para a mitigao dos impactos ambientais e da ocupao do solo, nem

    delimitadas as reas no edificveis, em razo da funo ambiental que exercem.

    Cumpre registrar que o dano ao meio ambiente decorrente da ausncia de

    licenciamento ambiental e, consequentemente, de condicionantes para se minimizarem os

    impactos ao meio ambiente com a implantao do empreendimento agrava-se, ainda mais,

    pelo fato de existirem, na locao do empreendimento, remanescentes do Bioma Mata

    Atlntica em estgio mdio de regenerao e, pelo menos, trs cursos hdricos que foram

    objeto de desvio ou aterramento irregular pelos Rus.

    Portanto, em razo disso, fragmentos de vegetao nativa esto sendo postas em

    risco, mananciais hdricos comprometidos, dentre outros aspectos, como j evidenciado no

    tpico anterior.

    3.2 ILICITUDE DA SUPRESSO DE VEGETAO SECUNDRIANATIVA DO BIOMA ATLNTICA EM ESTGIO MDIO.

    Consoante apontado no Parecer Tcnico de fls. 45 a 53 dos autos do IC, da

    Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Valena, para implantao irregular do

    Loteamento Terra Dura, os Acionados, em um momento inicial, promoveram supresso

    indevida de, aproximadamente 2 hectares de vegetao do Bioma Mata Atlntica em estgio

    mdio de regenerao e, posteriormente, em menos de um ms, esta rea de derrubada ilegal

    aumentou para 3,03 hectares, conforme indicado na manifestao tcnica de fls. 60 a 70 dos

    autos do IC, da CEAT-MP/BA.

    Portanto, tendo sido constatado que os Rus efetuaram supresso de vegetao

    nativa do Bioma Mata Atlntica sem autorizao administrativa do ente pblico competente e

    em desacordo com as prescries contidas na Lei 11.428/2006, inexorvel concluir que estes

    devem ser obrigados a promover a restaurao ambiental de toda a rea que foi objeto de

    supresso ilcita ou, em caso de impossibilidade material, a compensao ecolgica de tais

    danos.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 11

  • 3.3 ILICITUDE DO ATERRAMENTO E DESVIO IRREGULAR DECURSO D'GUA.

    Os pareceres tcnicos aludidos tambm apontaram que os Acionados, para

    implantar o empreendimento multicitado, tambm aterraram e desviaram cursos d'gua, alm

    de terem construdo irregular sistema de drenagem de guas pluviais.

    Nesse sentido, a Lei Estadual 11.612/2010, no seu art. 18, com redao alterada

    pela Lei 12.377/2011, estabelece que ficam sujeitos outorga de direito de uso de recursos

    hdricos ou manifestao prvia do rgo executor da Poltica Estadual de Recursos

    Hdricos as atividades ou empreendimentos que captem ou derivem guas superficiais, bem

    como que causem interferncia em corpo hdrico.

    Considerando, no entanto, que os Acionados promoveram os atos aqui indicados,

    sem formular o necessrio requerimento ou sem realizar qualquer cadastro junto aos entes

    pblicos competentes, conforme a hiptese, resta inequvoco que negaram vigncia regra

    insculpida no art. 18 da Lei Estadual 11.612/2000.

    Assim sendo, os Rus devem ser compelidos pelo Poder Judicirio a promovem a

    restaurao ambiental de toda a rea que foi objeto de aterramento, desvio e de implantao

    irregular de sistema de drenagem ou, caso materialmente impossvel, a efetuar compensao

    ecolgica do dano.

    3.4 PARCELAMENTO DO SOLO REALIZADO EM DESACORDO COM

    AS NORMAS JURDICAS VIGENTES.

    A par dos ilcitos ambientais acima indicados, os Rus, ao implantarem o

    empreendimento citado, tambm inobservaram as regras existentes no Direito Positivo

    Brasileiro a respeito do parcelamento do solo, j tradicionalmente estabelecidas no

    ordenamento jurdico ptrio.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 12

  • Como se pode depreender de uma simples leitura da narrativa ftica contida no

    tpico anterior e na documentao constante dos autos do Inqurito Civil, especialmente

    aquela constante das suas fls. 44 a 53, o empreendimento sub judice implica parcelamento darea em lotes e possui finalidade urbanstica.

    Ocorre que os elementos de convico carreados aos autos apontam que a locao

    do empreendimento situa-se em rea rural, onde, por fora da regra insculpida no art. 3o da Lei

    6.766/89, proibida a implantao de loteamentos e condomnios para fins habitacionais e de

    comrcio.

    De qualquer sorte, ainda que se considere que o empreendimento est em rea

    tipicamente urbana, cumpre ressaltar que, em casos tais, para implementar o parcelamento do

    solo, faz-se necessria a sua aprovao pelo ente municipal, na forma contemplada no art. 10,

    da Lei 6.766/79, o que inocorreu no caso em tela.

    Ademais, na mesma linha de inteleco, igualmente imperiosa a previso e a

    implementao de equipamentos pblicos diversos pelo empreendedor, na forma prevista pela

    Lei 6.766/79, o que tambm no aconteceu na hiptese ora sub judice.

    V-se, portanto, que o parcelamento do solo empreendido pelos Rus irregular,

    porque sua implantao vem acontecendo de forma contrria ao que determina a legislao

    que rege a matria.

    5 PAGAMENTO DE INDENIZAO POR DANO MORAL COLETIVO.

    A par de tudo que foi assinalado, ressalte-se que, no caso sob exame, cabe

    indenizao pelos danos morais coletivos provocados pelos Rus.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 13

  • Paulo Affonso Leme Machado, em sua obra Direito Ambiental Brasileiro (10ed.,

    Malheiros. Pg.328), citando Francisco Jos Marques Sampaio, leciona que no apenas a

    agresso natureza que deve ser objeto de reparao, mas a privao, imposta coletividade,

    do equilbrio ecolgico, do bem-estar e da qualidade de vida que aquele recurso ambiental

    proporciona, em conjunto com os demais. E continua afirmando que desse modo, a

    reparao do dano ambiental deve compreender, tambm, o perodo em que a coletividade

    ficar privada daquele bem e dos efeitos benficos que ele produzia, por si mesmo e em

    decorrncia de sua interao.

    Como bem observado em deciso do Superior Tribunal de Justia, aquele que

    perpetua a leso ao meio ambiente cometida por outrem est, ele mesmo, praticando oilcito (REsp 343.741-PR 2 T. STJ j. 04.06.2002 rel. Min. Franciulli Netto DJU

    07.10.2002).

    Considerando que os Acionados, responsveis pelo dever previsto

    constitucionalmente de preservar o meio ambiente, at o presente momento, assim no

    procederam, devem indenizar os danos ambientais extrapatrimoniais coletivos.

    Danos morais coletivos devem ser entendidos como a injusta leso da esfera mo-

    ral de uma dada comunidade, ou seja, a violao antijurdica de um determinado crculo de

    valores coletivos. Quando se fala em dano moral coletivo, est-se fazendo meno ao fato de

    que o patrimnio valorativo de uma certa comunidade (maior ou menor), idealmente conside-

    rado, foi agredido de maneira absolutamente injustificvel do ponto de vista jurdico: quer isso

    dizer, em ltima instncia, que se feriu a prpria cultura, em seu aspecto imaterial (Carlos

    Alberto Bittar Filho, em Do Dano Moral Coletivo no Atual Contexto Jurdico Brasileiro In:

    Revista de Direito do Consumidor n 12, out/dez/94).

    Assim, devero os Acionados ser condenados ao pagamento de uma determinada

    quantia em dinheiro, em patamar no inferior ao montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil

    reais), dada a extenso do dano aqui narrado, sob o ttulo de indenizao, pelos danos

    praticados contra o bem coletivo e pela dor e o desgosto experimentado por todos os cidados

    que se encontram expostos s leses (patrimoniais e extrapatrimoniais) ambientais advindas

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 14

  • de sua conduta infratora.

    6 DOS FUNDAMENTOS PARA DEFERIMENTO DO PLEITO LIMINAR

    Como visto, os Rus vm implantado o empreendimento Loteamento Terra

    Dura, sem licena ambiental e sem autorizao administrativa para efetuar parcelamento do

    solo.

    Ademais, tambm restou demonstrado que, para implantar o referido

    empreendimento, os Acionados vm suprimindo fragmentos significativos de vegetao

    nativa do Bioma Mata Atlntica, sem autorizao legal para tanto, bem como provocado

    aterramento, desvios e intervenes irregulares em cursos hdricos.

    A par dos danos ambientais, cumpre frisar que embora no detenham as licenas e

    autorizaes ambientais e administrativas necessrias, os Acionados continuam com a obra de

    implantao do Loteamento Terra Dura (vide documentao de fls. 60 a 70 dos autos do IC

    597.0.133433/2015), podendo, por isso, gerar prejuzo econmico aos consumidores que

    eventualmente venham a adquirir lotes do empreendimento, no caso de o Poder Judicirio

    julgar que este foi, de fato, implantado irregularmente, o que certamente acontecer diante das

    evidncias colacionadas aos autos e j demonstradas.

    Desta forma, seja para se evitar que se agravem os danos ao meio ambiente (visto

    que os Rus continuam a praticar atos de implantao do empreendimento, sem licena e

    autorizao ambiental para tanto), seja para evitar que comercializem lotes de um

    empreendimento irregular, com prejuzo aos consumidores, faz-se necessria a concesso de

    medida liminar, nos autos desta ao civil pblica, com fundamento no art. 12 da Lei

    7.347/85, para que seja determinada aos Acionados a paralisao imediata de qualquer

    atividade tendente implantao do empreendimento (incluindo obra civil de qualquer

    natureza, supresso de vegetao nativa, veiculao de anncio publicitrio, comercializao

    de lotes, dentre outros desta natureza) at o julgamento final desta lide.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 15

  • Ante a evidncia de que leso ambiental esteja sendo praticada, no pode manter-

    se inerte o Poder Judicirio, mormente considerando-se que, neste tema, o que se pretende

    mesmo a preservao, sendo medida transversa e reflexa eventual pagamento pecunirio

    indenizatrio.

    Certo que as caractersticas naturais de bens de valores ambientais

    incomensurveis normalmente no so passveis de recuperao, justifica-se ainda mais a

    necessidade da paralisao da atividade.

    Admitindo-se, apenas para argumentar, que os documentos tcnicos apresentados

    pelo Ministrio Pblico a esse Juzo estejam incorretos, os Acionados poderiam dar

    continuidade ao empreendimento em momento posterior.

    No entanto, prosseguindo a degradao ambiental, ao final, certamente mais nada

    se ter a preservar, proporcionando a paliativa indenizao ao Fundo do Meio Ambiente. A

    exuberante beleza, sua funo ecolgica, paisagstica e a relevncia para o ecossistema da

    vegetao da rea de implantao do empreendimento irregular faro apenas parte da

    lembrana da sociedade, atravs de frias recordaes, compondo o grande conjunto de bens

    devastados da regio, que, alm do mais, depende dessas riquezas para sobreviver.

    Por tudo isto, v-se que resta presente o periculum in mora no caso vertente.

    Por seu turno, o fumus boni iuris exsurge pelas razes expostas nos tpicosanteriores que, inequivocamente, apontam a ilicitude da implantao do empreendimento

    Loteamento Terra Dura pelos Acionados, consoante se infere da leitura dos tpicos

    anteriores desta petio inicial.

    Assim sendo, imperioso que esse Juzo conceda medida liminar, para determinar

    aos Acionados que se abstenham de dar continuidade a qualquer atividade tendente

    implantao do empreendimento (incluindo obra civil de qualquer natureza, supresso de

    vegetao nativa, veiculao de anncio publicitrio, comercializao de lotes, dentre outros

    desta natureza) at o julgamento final desta lide.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 16

  • 7 REQUERIMENTOS E PEDIDOS PRINCIPAIS.

    Diante exposto, requer a Vossa Excelncia:

    a) a concesso de medida liminar inaudita altera pars, determinando-se aosAcionados que se abstenham do seguinte:

    I) dar continuidade a qualquer atividade tendente implantao do

    empreendimento em tela (incluindo obra civil de qualquer natureza, supresso de vegetao

    nativa, dentre outros desta natureza), at o julgamento final desta lide, sob pena de

    desobedincia e de pagamento de multa diria em valor a ser fixado por esse Juzo; e

    II) veicular anncio publicitrio, comercializar lotes, dentre outros desta natureza,

    alusivo ao empreendimento em tela, at o julgamento final desta lide, sob pena de

    desobedincia e de pagamento de multa diria em valor a ser fixado por esse Juzo, oficiando-

    se ao Cartrio de Registro de Imveis de Valena, para que conste o inteiro teor da deciso

    liminar acima requerida margem da matrcula do imvel aludido na documentao de fls.

    31, 32 e 44 a 53, onde se pretende implantar o empreendimento Loteamento Terra Dura;

    b) a citao dos Acionados para, querendo, contestarem a presente ao, no prazo

    legal, arcando, caso contrrio, com a declarao da revelia;

    c) a produo de todos os meios de prova permitidos em Direito, especialmente o

    depoimento pessoal dos Acionados (no caso da PRIMEIRA ACIONADA, do seu

    representante legal), prova documental, pericial e testemunhal, cujo rol ser apresentado

    dentro do prazo legal;

    d) a condenao dos Acionados a restaurarem, mediante apresentao e execuo

    de um Projeto de Recomposio de rea Degradada e Alterada a ser aprovado por esse Juzo

    ou por ente pblico competente, e, na sua impossibilidade material, a compensarem

    monetariamente em valor a ser apurado por esse Juzo em favor do Fundo Municipal de Meio

    Ambiente de Mara, os danos ambientais provocados pela supresso indevida de vegetao

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 17

  • nativa do Bioma Mata Atlntica em estgio mdio e pelo aterramento, desvio, demais

    intervenes indevidas em cursos d'gua e outros no meio ambiente narradas nesta petio

    inicial;

    e) a condenao dos Acionados a indenizarem a coletividade, pela privao dos

    recursos ambientais em questo, no pagamento de valor no inferior R$ 500.000,00

    (quinhentos mil reais) ao Fundo Municipal de Meio Ambiente de Mara/BA; e

    f) a dispensa de pagamento das custas processuais iniciais, uma vez que se trata de

    ao proposta pelo Ministrio Pblico.

    D-se causa o valor estimado de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)

    De Mata de So Joo para Valena/BA, 07 de outubro de 2015.

    Oto Almeida Oliveira JniorPromotor de Justia 2o Substituto.

    Promotoria de Justia Regional Ambiental com sede em Valena/BARua Lus Eduardo Magalhes, 258, Jardim Grimaldi, Valena/BA - CEP 45.400-000

    Telefax (75) 3641-2172/6511 E-mail [email protected]

    Se im

    pres

    so, p

    ara

    conf

    ern

    cia a

    cess

    e o

    site

    http

    ://es

    aj.tjb

    a.jus

    .br/es

    aj, in

    forme

    o pro

    cess

    o 050

    1534

    -45.20

    15.8.

    05.02

    71 e

    o cd

    igo 1B

    E20D

    1.Es

    te d

    ocum

    ento

    foi a

    ssin

    ado

    digi

    talm

    ente

    por

    OTO

    ALM

    EIDA

    OLI

    VEIR

    A JU

    NIO

    R. P

    roto

    cola

    do e

    m 0

    8/10

    /201

    5 s

    14:

    39:3

    7.

    fls. 18