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TERESINA E SUA CONDIÇÃO URBANA
Maria do Socorro Teixeira Mello Sales
UFPI/TROPEN
Luiz Botelho Albuquerque, Ph.D
UFC
INTRODUÇÃO
Teresina, capital do estado do Piauí, completou em 2002, dia 16 de agosto,
150 anos de existência. Sua relação com o verde vem de muito tempo. O poeta
ambientalista maranhense no final do século XIX, impressionado pelo verde da
cidade, chamou Teresina de “Cidade Verde”. Teresina desperta em seus visitantes,
ainda hoje, um misto de curiosidade e simpatia. Esta admiração pelo verde da
cidade se completa com a instituição do Caneleiro como árvore símbolo em 1993,
pelo Prefeito Wall Ferraz1[1].
Situação local à época da fundação
A Vila Velha do Poti, para receber a sede da capital, teve que resolver
alguns problemas de infra-estrutura básica. As enchentes, um destes problemas e o
mais sério, provocavam e ainda hoje provocam, insalubridade das áreas alagadas e
grandes danos materiais como destruição das moradias, plantações e perda de
produtos comerciais, etc.
As moléstias resultantes das enchentes constantes, no encontro dos rios, e
a necessidade de abrigar um maior número de pessoas para a administração da
província, pela transferência da capital, de Oeiras para aquela região, fez com que o
Conselheiro Saraiva2[2], presidente da província à época, transferisse a Vila Velha do
Poti para uma região mais elevada e menos sujeita a enchente. A nova sede tomou
1[1]
Decreto nº 2407, de 13 de agosto de 1993 2[2]
Conselheiro José Antonio Saraiva.
lugar próximo ao Rio Parnaíba, pela necessidade do uso da navegação como meio
de comunicação e transporte, no planalto da Chapada do Corisco3[3] .
A cidade e o verde
O verde da mata nativa, à época da fundação da cidade, era formado
predominantemente pelas copas das palmeiras de babaçu que constituem os vales
úmidos dos rios Parnaíba e Poti. Esse cenário de palmeiras, paulatinamente dá
lugar à cidade de Teresina.
O ambiente natural urbano é marcado pela presença de dois
rios, o Poty e o Parnaíba; seu relevo é plano, sua vegetação é
caracterizada pelas espécies que compõem a mata dos cocais,
como o babaçu, o tucum, a carnaúba, e belíssimas árvores
como o caneleiro, o angico, os ipês amarelos e roxos, os
flamboyants, oitizeiros, entre outras. ( MELO, 2002)
A cidade inicialmente era constituída de uma área central formada por um
espaço vazio destinado a construção da praça, da igreja e de imóveis
administrativos, seguidos por lotes residenciais, distribuídos em quadras
organizadas em formato de tabuleiro de xadrez. Em seguida vinham os sítios e logo
depois as fazendas. No inicio os lotes, em área da sesmaria Data Covas, foram
doados para atrair habitantes para a cidade. Os seus habitantes ao chegarem no
local, diversificam os tons de verde do lugar ao plantarem nos sítios e quintais das
casas, árvores frutíferas. Nas ruas, calçadas e praças os pés de oiti, algarobas e
almendra predominavam
“Cidade Verde” torna-se uma marca de Teresina, chegando a ser
considerada por alguns ambientalistas, apenas uma jogada da mídia para atrair
turista, considerando que os níveis de arborização da cidade não tem valores
significativos quando comparados aos níveis de outras cidades como Curitiba e João
Pessoa.
3[3]
Denominação dada a região pela freqüência das descargas elétricas provenientes da atmosfera, conhecidas no
linguajar popular como “Corisco”.
A preocupação institucional com o verde da cidade tem lugar nos diversos
Planos Estruturais de Teresina, como se pode verificar: no plano de 1867, com a
obrigatoriedade da plantação de árvores frutíferas nas ruas e quintais da cidade; no
plano de 1969 se estabelece um sistema de arborização de ruas e praças, baseado
no princípio da utilização de árvores adequadas ao espaço urbano e na legislação
ambiental de Teresina de 1996 se verifica à preocupação com a preservação das
árvores existentes às margens de rios.
As áreas verdes, como um sistema de sustentação da vida e
com a interação do meio natural com o urbanizado, melhoram a
qualidade do ambiente e com isto a qualidade de vida. A árvore
fornece sombra para pedestre e veículos; absorve os raios
solares e refresca o ambiente através da transpiração,
baixando a temperatura média e tendo desta maneira,
influência no micro clima; funciona como amortecedora de som
amenizando a poluição sonora; garante estabilidade emocional
quebrando a monotonia do cinza dos prédios; fornece flores e
abrigo para os pássaros; proporciona lazer nos bosques e nas
praças, e ambiente para descanso e recreação.
(Santiago,1978)
Alguns livros e jornais, editados na época da comemoração do
sesquicentenário4[4], têm divulgado o fato de que a cidade ultrapassou os níveis
recomendado pela Organização Mundial de Saúde em termos de vegetação mínima
necessária à vida humana para cidades com as características de Teresina (12
m²/hab ). Segundo essas fontes, a cidade atingiu 13 m² de cobertura vegetal por
habitante.
“O VERDE” ostentado por Teresina, resistirá quando analisado a partir dos
novos conceitos de sustentabilidade e preservação do meio ambiente e urbanização,
propostos pelas conferências internacionais: Tbilisi e Estocolmo, sobre educação;
Rio 92 - Agenda 21, com as suas recomendações sobre cidade sustentável; Habitat
4[4]
Teresina 1852- 2002. Teresina, editora Halley S.A, 2002.
Jornal Meio Norte, agosto 2002.
II, sobre direito a habitação e qualidade de vida nos assentamentos humanos e
outras em fase de realização?
Neste trabalho, estudamos a paisagem de Teresina na sua zona urbana5[5].
Foram considerados os fatores físicos, ambientais e culturais que interferem na
paisagem a partir de diagnóstico constante do relatório final da Agenda 2015 para
Teresina e de levantamentos fotográficos executados em pontos degradados ou em
processo de degradação na área em estudo, analisando a participação de agentes
degradantes como a indústria da construção civil, a educação ambiental da
população e os atos institucionais públicos e privados que concorrem para a
degradação na zona urbana da cidade.
Movimentos ambientalistas internacionais e sua repercussão na
cidade.
Um dos impactos ambientais na paisagem mais preocupantes sem dúvida
nenhuma vêm sendo os assentamentos irregulares e a falta de qualidade de vida
para determinada camada da população. A preocupação atual da humanidade,
resultantes das orientações colocadas pelas agendas internacionais, está na busca
de assentamentos mais humanos, mas adequados ao homem e que tragam uma
perspectiva de vida melhor.
As conferências internacionais, representadas por acordos, agendas,
protocolos, etc, não têm valor de lei nos países signatários destas conferências,
apenas apresentam fundamentos e diretrizes gerais a serem seguidas pelos países.
Não tendo valor de lei, e não podendo ser aplicadas imediatamente, sempre
acontece defasagem, às vezes muito grande, desde os acontecimentos
internacionais e a sua institucionalização nos diversos paises do mundo. A partir
destas conferências, dependendo do seu grau de aceitação e repercussão, surgem,
nos paises, leis que regulamentam esses instrumentos.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em
Estocolmo, em junho de 1972, lançou a declaração sobre o meio ambiente,
constando de 26 princípios, que deu origem ao chamado “Espírito de Estocolmo”
5[5] Lei de Zoneamento Urbano de Teresina de 1988 e modificações posteriores.
que demonstrava a preocupação com a degradação da biosfera e a necessidade de
se formular um novo tipo de desenvolvimento. Desde então, a Educação Ambiental
passa a ser considerada como campo da ação pedagógica, adquirindo relevância e
vigências internacionais.
Em 1974, Ignacy Sachs formula os princípios básicos desta nova versão de
desenvolvimento, que demonstram ligações com o Self-reliance defendido épocas
atrás por Gandhi, considerando seis aspectos que deveriam guiar os caminhos do
desenvolvimento: satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as
gerações futuras; participação das populações envolvidas; preservação dos recursos
naturais e do meio ambiente em geral; elaboração de um sistema social garantindo
emprego segurança social e respeito a outras culturas e o estabelecimento de
programas de educação em todos os paises do mundo.
A primeira conferência internacional sobre educação ambiental, organizada
pela UNESCO, em colaboração com o PNUMA, em outubro de 1977, em Tbilisi (ex
URSS) constituiu-se em um marco, contribuindo para precisar a natureza da
educação ambiental, definindo seus objetivos e suas características, assim como as
estratégias pertinentes no plano nacional e internacional a serem implementadas
pelos países signatários.
No Brasil, somente em 1981 surge uma definição legal do conceito de meio
ambiente com a Lei Federal 6938/81, conhecida como Lei da Política Nacional de
Meio Ambiente Brasileira. O que existia, anteriormente, eram códigos de caráter
individuais de proteção à fauna, flora, água e a extração mineral sem uma visão
compartilhada destes fatores que formam o meio ambiente e os ecossistemas e do
valor que a educação ambiental da população possui na preservação/conservação
destes.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81) define o meio
ambiente como o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química, e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas de vida” (art. 3.° I) e “considera o ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo.” (art. 2.°
I).(LANFREDI, 2002)
Esta Lei tem por objetivo, ainda, “a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana” (art. 2°). Para alcançar estes objetivos,
ainda estabelece que “a educação ambiental deve ser oferecida a todos os níveis do
ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a
participação ativa na defesa do meio ambiente”.(art.2.° X).
A consciência ecológica, com o avanço das comunicações, chega a um
número cada vez maior de pessoas. No Brasil, formam-se associações não
governamentais. As instituições governamentais passam a ter em seus quadros
pessoas comprometidas com as questões ambientais. O Brasil atinge a sua fase
institucional em relação aos problemas ambientais.
Em 1986, surge uma articulação formada por várias entidades do
movimento popular, ONGs, federações de sindicatos urbanos, setores universitários
e ainda técnicos de órgãos públicos congregadas no Fórum Nacional de Reforma
Urbana (FNRU). Essas organizações atuaram no sentido de implementar uma
bandeira de luta direcionada para a organização, discussão e encaminhamento de
propostas de solução às questões relativas à degradação da vida nas cidades
brasileiras, encaminhando uma emenda popular que veio a constituir os artigos 182
e 183 da Constituição de 1988.
A constituição de 1988, como resultado de manifestações populares
comandadas pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana, no seu artigo 182,
estabelece que a política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade, no artigo
183 estabelece a Uso Capião Urbana, possibilitando a regularização de extensas
áreas ocupadas por favelas, vilas, alagados, invasões ou loteamentos clandestinos e
ainda complementando a nova visão, o artigo 225, consagra o meio ambiente
ecologicamente equilibrado como um direito de todo os cidadãos.
A partir da Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã,
criam-se Leis Federais, como os Parâmetros Curriculares, que incluem Educação
Ambiental como tema transversal em todas as disciplinas e a Lei do Estatuto da
Cidade6[6], que traz instrumentos que permitem a população, estabelecer vínculos
entre qualidade ambiental e cidadania, possibilitando a participação da população no
planejamento e gestão dos municípios brasileiros.
6[6] Lei 10.257 de junho de 2001.
O conceito de sustentabilidade para as aglomerações urbanas,
fundamentado no planejamento e gestão das cidades com participação popular
estabelecido pela Agenda 21 – Rio 92 e Habitat II em 1996, destacam a importância
do combate à pobreza e à necessidade de oferta de moradia adequada a todos,
como fatores fundamentais ao equilíbrio social das populações urbanas.
Como rebatimento dos preceitos constantes da Constituição Federal de
1988, das Agendas 21 e Habitat II, aparece na Lei Estadual 4.854/96 o artigo 237
que diz “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida impondo-se ao poder
Público e a coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e harmonizá-lo
racionalmente, com as necessidades do desenvolvimento socio-econômico para as
presentes e futuras gerações”.
No âmbito Municipal, a Lei 2.475 de 04 de julho de 1996, no seu artigo 1°,
estabelece que “A política do meio ambiente do município de Teresina tem como
objetivo, respeitadas as competências da União e do estado, manter ecologicamente
equilibrado o meio ambiente, considerando bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida, razão pela qual impõe-se ao poder Público e à coletividade
o dever de protegê-lo e recuperá-lo, e desenvolvê-lo”.
Apesar da defasagem existente entre as conferências internacionais e a
concretização destes preceitos em leis, verifica-se que a legislação existente no país
nos três níveis, Federal, Estadual e Municipal procuram contemplar as abordagens
necessárias ao desenvolvimento sustentável, podendo ser considerada com das
mais completas em relação aos países em desenvolvimento, embora sejam muitas
as dificuldades encontradas para a efetivação destas leis que vão desde a falta de
recursos econômicos até a falta de recursos humanos, passando pela falta de
compromisso das políticas de desenvolvimento, para a efetivação dos preceitos ali
estabelecidos.
Viver em cidade, no século XX, tornou-se um desafio. No século XXI,
continua ainda maior o jogo de interesses aí existentes decorrentes da dinâmica
cotidiana das cidades, como uma organização viva com suas diversas partes em
permanente interação. Isso acarreta uma série de problemas sociais e ambientais
que acabam tornando a sobrevivência, nesses espaços, cada vez mais difícil.
Dantas (2002), para explicar este fenômeno, diz que “A produção do espaço urbano
embora apresente uma aparente desordem, se dar dentro de uma ordem coerente
com o modo de produção dominante”.7[7]
Teresina, como capital do estado do Piauí, foi planejada para se ocupar da
administração do Estado e aos poucos tem se especializado em outros campos da
área de prestação de serviços, como, pólo de saúde,8[8] educação, além de centro
comercial. Esses quatro fatores, somados à migração provocada pelas constantes
secas na região, às péssimas condições de vida no campo, instalação da agricultura
mecanizada em grandes áreas de cerrado no sul do estado, à falta de políticas
públicas que permitam a permanência da população rural nestas áreas, têm
provocado um grande crescimento de Teresina pela migração destas populações.
A expansão urbana da cidade, como em todo processo de urbanização das
cidades brasileiras, tem provocado uma interferência muito grande em suas áreas
verdes. A necessidade de moradia, para a população, determinada pelo
crescimento demográfico da cidade e a centralização desta população na área
urbana, onde 13,5% do território abriga 95% da população do município,9[9] vêm
provocando desequilíbrio no seu meio ambiente urbano, empurrando a população
pobre para áreas mais distantes, a classe média alta para áreas verticalizadas,
provocando o surgimento de espaços ociosos, vazios urbanos e grande quantidade
de moradias vazias nos bairros nobres da cidade, resultante da corrida para
apartamentos à procura de maior segurança.
IMPACTOS AMBIENTAIS
a) Problemas ambientais decorrentes da Urbanização.
A necessidade de habitação, provocada pelos fenômenos que determinaram
o crescimento urbano acelerado da cidade, fez com que surgisse, em Teresina, a
indústria da construção civil e com ela os impactos ambientais devastadores do
desmatamento de grandes áreas nas três margens de rios, uma do Parnaíba e
duas do Poti, para a implantação de conjuntos habitacionais.
7[7]
Citação do artigo de Fagner Cordeiro Dantas , “Da intervenção prática à prática política: o urbanismo no
mundo” publicado no site www.urbanismo.npg.ig.com.br em 09/02/02) 8[8]
Cerca de 30% dos atendimentos no setor de saúde são proveniente de outros estados (Teresina agenda 2015) 9[9]
715.360 habitantes moram na zona urbana (Teresina Agenda 2015. 2002. p15)
O baixo preço dos terrenos nas áreas mais baixas da cidade, apesar de não
disporem de infra-estrutura urbana, tem sido fator de atração para muitos conjuntos
habitacionais de baixa renda, financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação, a
partir da década de 1970. Essas áreas desvalorizadas são sujeitas a alagamento,
não possuem coleta de esgoto sanitário, lixo e água encanada. Foram muitos os
conjuntos habitacionais construídos pelas cooperativas habitacionais com
financiamentos através da COHAB, IAPEP, BNH e CAIXA, nas proximidades dos
rios, nas últimas décadas. A população que na época da fundação da cidade deixou
estas áreas pela insalubridade do local, agora volta a esses lugares empurrada pela
falta de moradia na área mais alta da cidade.
O desmatamento ilegal, para a ocupação destes terrenos cobertos por mata
de babaçu10[10], se dar com a retirada praticamente total da cobertura vegetal do
terreno, na fase de instalação de loteamentos para construção de imóveis
residenciais ou na fase de implantação de sítios nos arredores da cidade. A
deficiência de fiscalização e a ganância dos empreendedores permitem a instalação
de conjuntos habitacionais sem reserva de áreas verdes ou a invasão destas
reservas para moradias de pessoas indigentes.
A retirada da vegetação, próxima às margens de rios e lagoas, pela
construção de conjuntos habitacionais e para o uso na agricultura, vem provocando
o carreamento da areia, que antes era fixada pela vegetação nativa às margens dos
rios, para o leito destes, nas épocas de chuva e o conseqüente processo de erosão
das margens e assoreamento dos leitos dos rios, chegando a formar “coroas” de
grande porte no leito dos rios.
A temperatura elevada, nos meses de “B. R. O. BROS” na cidade,11[11] faz
com que a população pobre sem condição de lazer, inacessível ao seu poder
econômico, encontre no rio, uma opção. Estes locais se tornam atrativos pela
pequena distância de suas moradias e pela facilidade de acesso a essas coroas.
Muitas vezes, pela pouca profundidade do rio assoreado, na época da seca, o
acesso a essas coroas é feito a pé.
O processo de degradação ambiental acontece de maneira que a ruptura do
equilíbrio de um determinado ponto do ecossistema provoca a geração de outros
10[10]
Em nível estadual, Lei 4854 de 10 de julho de 1996, parágrafo 7° art. V “São área de preservação
Permanete: carnaubais, babaçuais, pequizeiros e buritizais.” 11[11]
Como são conhecidos os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, pela sua temperatura
bastante elevada.
desequilíbrios em cadeia. As coroas, formadas nos leitos dos rios, atraem banhistas
e assim provocam um outro problema ambiental que é a contaminação das águas
por dejetos humanos diretamente lançados ao rio ou pela construção de banheiros
nestas coroas sem o adequado tratamento dos resíduos. A deposição de lixo, nas
coroas e margens dos rios, também é outro problema provocado pela utilização das
coroas. O problema do lixo nas margens dos rios é agravado pela falta de coleta
regular nas áreas ribeirinhas, fazendo com que a população jogue o lixo nas
proximidades do rio. Esta situação é agravada pela falta de fiscalização pelos órgãos
competentes e pela falta de programas de educação ambiental para conscientização
da população.
Além dos problemas de desmatamento provocados diretamente pela
construção de habitações, temos ainda desmatamentos e outros problemas
ambientais provocados indiretamente pela indústria da construção civil, como os
ligados à extração de produtos minerais: massará, seixo, pedra, argila, que
degradam o ambiente pela ocupação de espaços para estocagem do material; pela
compactação do solo, poluição do ar e poluição sonora provocada pela passagem
dos veículos de transporte de material; pela abertura de crateras quando da retirada
de materiais como seixo e pedra nas jazidas de maneira irregular, pelo tratamento
irregular dos taludes e pela não recomposição da vegetação nestes locais; pela
lavagem do seixo e a instalação de indústrias de concreto nas margens dos dois rios
da cidade provocando, erosão nas margens e poluição das águas pela lavagem dos
equipamentos às margens dos rios; pelas dragas na extração de areia dos rios que
precisam de grandes áreas para estocagem do material; pelo aterramento de
lagoas, não só para construção de conjuntos habitacionais como também para
construção de Shopping Center, praças, etc.
Não podendo passar despercebida, também, a devastação da vegetação
pela retirada de madeira, decorrente do uso em coberturas, escoras na construção
civil, formas para concreto, etc. que por insuficiência na região, recebe também
madeira do interior do Maranhão e Pará.
A extração de massará e de seixo são feitas sem atender às normas básicas
de extração mineral e de recomposição das áreas de vegetação e, também, sem o
cuidado necessário à segurança dos trabalhadores. Após a retirada do material,
formam-se grandes áreas desmatadas com barreiras de inclinação acentuada que
muitas vezes, desmoronam e provocam até mesmo a morte de operários. Os
terrenos degradados, sem valor comercial, são abandonados pelos proprietários e
são, na sua maioria, invadido pela população de baixa renda, que os ocupam com
moradias sujeitas aos riscos de desmoronamento do terreno.
As indústrias de concreto, situadas nas margens dos rios, por causa da
facilidade de utilização de água para a lavagem do seixo e da brita, e da facilidade
para a retirada da areia dos rios, pelas dragas, entre outros fatores, têm provocado
o desmatamento de grandes áreas para a estocagem de material (seixo, brita e
areia), adensamento dos terrenos pela passagem dos veículos de transporte de
material, que causam também poluição sonora, poluição do ar pela poeira nas ruas
não pavimentadas e até mesmo pelo efeito poluidor do cimento usado na mistura do
concreto.
As dragas, que se distribuem ao longo dos rios, utilizam-se de grandes áreas
verdes ribeirinhas para a estocagem da areia, provocando a morte das árvores por
recobrimento (deposição da areia retirada pelas dragas e colocadas junto às arvores
até que fiquem soterradas).
Outro problema que a construção civil trás para a cidade é o bota fora de
entulho, restos de construção e demolição de prédios. A colocação deste material,
em terrenos baldios, lagoas e depressões, sem nenhum controle do adensamento
destes terrenos, tem provocado grandes problemas de rachaduras em construções
executadas sem um acompanhamento técnico eficiente e até a queda de prédios
como o da Av. Dom Severino esquina com João XXIII.
A construção civil, não trás só problema para a cidade, é também uma das
maiores fontes de emprego, tanto que a cidade já conta com duas escolas de nível
superior para formação de Engenheiros Civis e uma para a formação de
Engenheiros Eletricistas, além de cursos de formação de tecnólogos ligados à área
de construção civil.
Com a verticalização da Av. Marechal Castelo Branco, bairro Ilhotas, e a
expansão das habitações residenciais, para além do Rio Poti, algumas áreas
alagadas da cidade, que possuíam uma camada vegetal expressiva, como é o caso
da margem direita do Rio Poti, tornaram-se pontos estratégicos para o comércio.
Os principais centros comerciais, construídos na zona leste da cidade, foram
edificados sobre aterros nessa área de lagoa. O Riverside Walking e o Teresina
Shopping foram construído e ainda hoje se expandem sobre lagoas. Essas áreas,
anteriormente serviam para o controle do escoamento, filtragem e absorção mais
natural da poluição das águas servidas que escoavam para o rio, ajudando a
controlar o problema das cheias nas áreas ribeirinhas, pelo controle da vazão do rio.
Considerando que o aterramento das lagoas não foi acompanhado de uma
fiscalização eficiente das ligações de esgoto clandestino para o rio Poti, as suas
água, hoje, não podem ser usadas para o lazer e consumo humano. É constante a
necessidade da retirada de aguapés deste rio, que tem sua população aumentada
em decorrência do nível de poluição das águas do rio.
Outros exemplos de interferências nas áreas de lagoas na cidade são as
construções de parques e praças que aqui podemos citar: A praça Da Costa e Silva,
antiga Lagoa da Palha de Arroz, que possui um lindo projeto paisagístico criado por
Burle Max, propiciando uma área verde muito bonita; a praça central do Conjunto
Acarape, localizada em uma depressão do terreno e que em épocas de cheia tem se
manifestado e contribuído para o alagamento da região; a Praça do Liceu
construída no local de descanso de animais que se dirigiam ao centro da cidade,
vindo da periferia e cidades vizinhas. A Poticabana resultante de um aterro de mais
de 4,0m de altura, às margens do rio, executada a partir da retirada de areia do rio
Poti, abriga um centro de lazer, que foi muito utilizado na sua fase inicial, mas passa
grande parte do tempo fechado sem utilização. Em 2002, a Poticabana passou a
abrigar um centro de educação ambiental. As áreas verdes, neste parque, são
bastante reduzidas, considerando-se a quantidade de áreas pavimentadas e
urbanizadas com piscinas, bares, restaurantes, palco para apresentações e pistas
para execução de alguns esportes. As praças são soluções viáveis para a
urbanização de áreas alagadas, desde que o seu projeto urbanístico não agrida a
função ecológica do espaço urbanizado. As áreas de absorção de água devem ser
mantidas para o equilíbrio da drenagem na região.
A intensificação do comércio, na zona central da cidade, é outro fator de
redução das áreas verdes. A valorização dos terrenos provocou mudanças no
código de obras da cidade, o qual permite hoje em alguns locais, a utilização de
100% de aproveitamento das áreas dos terrenos em seus subsolos, estimulando a
retirada de árvores, ainda existentes nos quintais para dar lugar à construção de
prédios de área construída cada vez maior.
O crescimento da cidade exige a construção de infra-estrutura de apoio que
também tem provocado a diminuição dos espaços verdes da cidade. A construção
de grandes lagoas de estabilização, aterros sanitários e estações de tratamento de
água, são, também, exemplos de fatores de redução das áreas verdes. Seria insano
considerar que os equipamentos urbanos não devessem ter sido construídos para
poder preservar a vegetação, não podemos desconhecer a importância destas obras
para a saúde pública dos assentamentos urbanos. O que precisa se ter em mente é
a necessidade de controle destes equipamentos e a necessidade da minimização
destes impactos sobre a natureza. O controle eficiente dos efluentes lançados nos
rios pelas lagoas de estabilização, o controle sanitário das águas utilizadas pela
estação de tratamento de água e a recomposição da vegetação próxima às lagoas
de estabilização e aterro sanitário, devem ser motivo de vigilância constante.
b) Problemas ambientais decorrentes da falta de Educação ambiental
Mas nem sempre a construção civil é a única vilã deste processo. A falta de
educação ambiental da população, e aqui ficam incluídos como população, todos os
atores da cidade: empresários, população civil, instituições públicas e privadas;
também é um fator preponderante na devastação da cobertura vegetal e na
depredação ambiental que ocorre na sua área urbana. Essa falta de saber
ambiental pode ser verificada nos efeitos resultantes do uso irregular do solo urbano
cujos problemas ambientais são descritos a seguir:
· O corte das matas de babaçu no momento da instalação de sítios
nos arredores da cidade, pela classe média alta e a destruição das áreas verdes nos
loteamentos, são fatores de extrema preocupação.
· A utilização das margens de rios para a agricultura de subsistência,
tem provocado a erosão das encostas dos rios, possibilitando a invasão pelas
águas, nas épocas de chuva, de áreas antes não alagadas. A erosão, provoca o
alargamento do rio na região, diminui a sua velocidade e como conseqüência,
provoca o assoreamento do rio.
· A utilização de material argiloso no bairro Poti Velho para o
artesanato e produção de tijolos, provoca desmatamento e formação de crateras ou
lagoas. Esses locais geralmente são usados para a colocação de lixo doméstico,
quando abandonados por ter se esgotado a argila ou por se tornarem muito
profundos. Essa situação é mais um problema ambiental da cidade e se mostra
também como um problema social, pois, sem este trabalho, muitas famílias não tem
como sobreviverem naquela área da cidade.
· O baixo poder aquisitivo da população, gera situações de
sobrevivência que implicam em devastação das áreas verde e agravam a poluição
do ar. A falta de condição para comprar o gás, por parte da população de baixa
renda, leva ao uso do carvão vegetal, muito comum em Teresina. O costume de
fazer “Caieira” tem si mostrado como fator de redução das áreas verdes e poluição
da cidade. Edifícios próximos a favelas, onde é mais freqüente o problema de
caieiras, tornam-se inabitáveis.
· Hábitos antigos, como o de varrer a rua e queimar o lixo ao final da
tarde, encontram na deficiência de coleta regular de lixo motivo para se
restabelecer. O costume da queima de madeira se faz presente, também, nas
queimadas de roças ao redor da zona urbana que têm a fumaça canalizada pelo
vale formado pelo leito do rio Poti, tornando insuportável a permanência nos edifícios
da Av. Marechal Castelo Branco e nos bairros periféricos.
· Por outro lado a vegetação que é uma das soluções para os
problemas de poluição e combate as elevadas temperaturas, também traz
problemas. A arborização com plantas exóticas como é o caso do fícus e do
flamboyam tem trazido grandes problemas provocados por suas raízes que
invadem o subsolo das edificações a procura de água. Nos Fícus, as raízes,
chegam a tingir mais de 15 metros de comprimento, rachando as paredes das
construções, levantando os pisos e provocando assim prejuízos. Os Flamboyants,
durante o seu crescimento, alargam o seu tronco e provocam a quebra de calçadas
e rachaduras em casas.
· Um fato histórico de devastação de vegetação, está ligado às
usinas termoelétricas instaladas no estado. Teresina e algumas cidades do Piauí,
tiveram durante algum tempo iluminação a partir de usinas termoelétricas o que
contribuiu para o desaparecimento de muitas espécies nativas da região, cortadas
para serem utilizadas como combustível nestas usinas. A utilização de madeira
como combustível em cerâmicas, padarias e fornos de restaurantes, denotando a
falta de sensibilidade para a questão ambiental.
São inúmeros os fatores que denotam a falta de saber ambiental da
população. Estes vão desde as ligações clandestinas de esgotos domésticos nos
rios, ao lixo depositado nas margens de rios, lagoas e riachos, à construção de
casas nas suas margens. Este comportamento, de desrespeito aos mananciais de
água, provoca a morte destes e o conseqüente desaparecimento da flora e da
fauna que dependem de suas águas para sobreviverem.
c) Problemas ambientais decorrentes das falhas institucionais.
Além dos problemas de educação ambiental da população, já citados
anteriormente, temos também os problemas institucionais de permissão de
instalação de equipamentos de infra- estrutura básica em locais inadequados.
Segundo a visão de cidades sustentáveis, preconiza pela Agenda 21 e
Habitat II, os assentamentos humanos devem oferecer serviços de infra-estrutura
ambiental adequado e integrado com a finalidade de melhorar as condições de
saúde da população. Assegurando o acesso de todos a um abastecimento
suficiente e constante de água potável e a um serviço de saneamento com coleta e
eliminação de dejetos. Prestando especial atenção, aos setores das populações que
vivem na pobreza. Em Teresina, é necessária a ação imediata das instituições para
a solução de alguns problemas ambientais relevantes aos assentamentos humanos.
· O cemitério do Bairro Areias, próximo ao rio Parnaíba, localizado
em região habitada por população de baixa renda, funciona como um foco de
transmissão de doenças de veiculação hídrica. Formou-se espontânea às margens
do Rio, em local de lençol freático muito raso. Uma das soluções que se apresenta
para o problema é a transformação do local em parque ambiental, criando-se um
novo cemitério para a região em local mais adequado.
· As decisões institucionais muitas vezes são tomadas sem levar em
considerações os riscos que representam para a população. A nossa estação de
tratamento d’água, pode ser citada como exemplo. Instalada muito próxima do
distrito industrial e de uma fábrica de cerveja, ainda capta água do Rio Parnaíba,
que funciona com receptor de esgoto doméstico de várias cidades que se encontram
a montante de Teresina, como Floriano e Amarante, no Piauí e São Francisco e
Barão de Grajaú, no Maranhão, entre muitas outras. Esta situação de vizinhança e
convivência com o perigo, exige vigilância sanitária permanente da qualidade da
água da estação de tratamento. O direito a água e saneamento básico preconizado
na agenda 21, Habitat II e na constituição estadual através do direito de um meio
ambiente sadio parecem esquecidos quando da instalação destes equipamentos.
· A permissão institucional para utilização da madeira como
combustível em indústrias cerâmicas, padarias e restaurantes deveriam ser
prescindida de manifestações dos órgãos competentes de meio ambiente, para a
verificação da responsabilidade pela restituição da vegetação nas áreas
desmatadas, além do acompanhamento da implantação das medidas mitigadoras. A
poda irregular de árvores, praticada pelas empresas de manutenção, ligadas às
concessionárias de energia (CEPISA), para a proteção das redes de distribuição de
energia e de tráfego aéreo (INFRAERO), com vista à segurança dos vôos, tem
danificado as copas das árvores, provocando desequilíbrio destas e muitas vezes
até a queda durante os ventos fortes da estação chuvosa. Nesse sentido a
população de Teresina tem se manifestado contra a poda radical das árvores da Av.
Centenário conseguindo que a INFRAERO modificasse o seu sistema de poda
radical.
· A instalação de praças em cima das lagoas principalmente os
Shopping’s, também se constitui como um problema institucional, além de ser um
problema de educação ambiental, tanto da população que não conhece os
benefícios destas lagoas, quanto dos técnicos e proprietários que colocam os lucros
acima da questão ambiental.
As conferências internacionais como Estocolmo, Tbilisi, Rio 92 e
Habitat II, têm de certa forma influído na conscientização dos povos em todo o
mundo. A partir do final da década de 80, tem se verificado uma certa preocupação
com a questão do Verde na cidade, como fator de qualidade de vida da população.
Essa preocupação, que anteriormente estava restrita quase que exclusivamente as
ruas, praças e quintais, se faz presente em intervenções em favor da preservação
de áreas verdes públicas, com a criação de parque ambientais, e na
preservação/conservação das avenidas, passeios e das três margens de rio da
cidade. A preocupação ambiental se torna mais intensa a partir da Rio-92 com as
recomendações da Agenda 21 - sobre cidades sustentáveis. Os parques ambientais
foram surgindo com o objetivo de se estabelecer um programa de educação, a partir
destes ambientes considerados ecologicamente corretos.
Aspectos positivos da ação institucional
Agora próximo do sesquicentenário, divulgou-se que as áreas verdes de
Teresina haviam alcançado os 13 m²/hab. Um índice que apenas alcança o patamar
mínimo recomendado pelas instituições internacionais (OMS) como necessário para
saúde humana (12,00 m²/hab), no entanto, é suplantado por várias cidades como
Curitiba com 20 m²/hab., João Pessoa que dispõe de 39,00 m²/hab, Washington,
com 117 m²/hab., Amsterdam com 80 m²/hab e Moscou com 60 m²/hab. É preciso
que se registre também que temos cidades importantes com índices abaixo do
nosso, como Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, que só possui 9 m²/hab, São
Paulo que tem apenas 1 m²/hab., e Porto Alegre que possui menos de 1 m²/hab.
Através de levantamento realizado, junto a publicações da Prefeitura de
Teresina, verifica-se um aumento significativo das áreas verdes públicas da cidade,
nas últimas décadas, mostrando um crescimento acentuado relativo ao crescimento
da população. Em 1993, Teresina dispunha de 2,0 m²/hab12[12], em 1998 já contava
com 4,8 m²/hab, em 2000 essa cota foi elevada para 7,0 m²/hab 13[13] índice
conseguido como resultado da criação de parques ambientais, e em 2002 para
13,00m²/hab14[14].
Os trabalhos desenvolvidos pela Prefeitura, no sentido de
preservar/conservar as áreas verdes da cidade, são sazonais e ainda se mostram
insipientes. A Prefeitura faz campanha de distribuição de mudas de árvores a
população, em datas como o dia do Caneleiro, a semana do meio ambientes etc.
Essa política tem si mostrado eficiente na reconstituição das árvores perdidas,
principalmente na zona central da cidade, em ruas de muito movimento de pedestre
e veículos. As ruas do centro já perderam quase todas as suas árvores.
A educação ambiental, como um processo a ser alcançado em longo prazo,
tem encontrado na criação e conservação de parques ambientais, um local
adequado para a sua prática. As escolas de Educação Ambiental informal,
instaladas nos parques ambientais, encontram nas caminhadas ecológicas,
12[12]
Teresina, aspectos e características. Perfil 1993, revisto e atualizado publicação da Prefeitura Municipal de
Teresina. 13[13]
Diagnóstico da capacidade institucional da Prefeitura Municipal de Teresina para intervenção no setor
habitacional urbano, 2000. 14[14]
Teresina 1852 a 2002 da Gráfica Halley em comemoração ao aniversário da cidade
passeios de barcos e no convívio de alunos e visitantes com a natureza uma boa
opção de conscientização da população.
Segundo publicação da SEMAN,15[15] em 2000, a cidade de Teresina
contava com 18 parques ambientais, num total de mais de 309 ha. Levantamento
florístico realizado no centro de Teresina, compreendendo a região entre a avenida
Maranhão, Av. Joaquim Ribeiro e Av. Miguel Rosa, demonstra que Teresina dispõe
de 10 praças nessa região, com um total de 13,4 ha de área verde16[16]. Em 1993,
Teresina dispunha apenas de 04 parques ambientais, com área aproximada de 180
ha e 5,5 ha de praças.17[17]
Das áreas destinadas a Parque Ambientais em Teresina, chamamos a
atenção para o Parque Zoobotânico, com 150 ha de área verde, sendo 90 ha de
preservação ambiental e 60 ha. de área para a visitação (zoológico e equipamentos
de apoio), totalmente arborizada.
O Parque da Cidade é destaque entre os parques ambientais, ocupa uma
área de 17 ha. Também conhecido como Parque ambiental Jose Olimpio de Melo,
foi inaugurado em 1982 e depois assim nomeado em 12 de maio de 1993. Neste
parque ambiental funciona a escola 15 de outubro, dedicada à Educação Ambiental
de alunos e visitantes.
Em 2002, o Parque Poticabana, também recebeu um centro de Educação
Ambiental, administrado pelo Governo Estadual. Este centro funciona com um
sistema de Educação Ambiental realizando passeios de barco no rio Poti, saindo da
Poticabana até o Parque Zoobotânico, onde o visitante tem a oportunidade de
conviver com os problemas ambientais por que passa o Rio Poti. Neste passeio,
tem-se também a oportunidade de se verificar como o Rio é usado pela população
como ponto de lazer, apesar do seu elevado índice de poluição.
O parque da floresta fóssil, ao lado da Poticabana, não vem cumprindo a
função que seu projeto se propunha, funciona com um campo de futebol na sua
parte interna que contribui para a degradação da vegetação ali existente. A
drenagem, executada para desvio das águas da lagoa ocupada pelo Teresina
Shopping, provoca erosão nas margens do rio dentro do parque ambiental. A cerca
15[15]
Revista SEMAM em ação da secretaria do meio ambiente de Teresina, março de 2000. 16[16]
Censo Florístico da cidade de Teresina Piauí- quadrilátero central. SEMAM, 2000 17[17]
Teresina, aspectos e características, perfil 1993, revisto e atualizado..
de contorno encontra-se danificada. Dada a sua situação de conservação só é
visitado pelos usuários do campo de futebol.
A preocupação com as margens dos rios, tem tomado a forma de parques
ambientais, destinados a caminhada e lazer. Foram criados, para proteger as
margens dos rios, os Parques Ambientais Poti I e o Parque ambiental Beira Rio às
margens do Rio Poti e os parques, Parque Municipal Parnaíba I, Parque Prainha e
Parque Ambiental do Acarape, à margens do no Rio Parnaíba. O Parque Ambiental
Encontro dos Rios, foi criado no encontro das águas do Rio Poti e do Rio Parnaíba.
As hortas comunitárias, têm surgido como uma forma de se manter limpas
as áreas embaixo das linhas de transmissão da CHESF, que por lei devem manter o
espaço sempre sobre controle. Esta solução tem se mostrado eficiente pois
consegue trazer benefício tanto para a população de baixa renda, pelo consumo de
hortaliças e comercialização destas, como para a CHESF, que mantém o espaço
sempre limpo sem despesas.
A consciência ambiental da população, ainda deixa muito a desejar. As
principais praças da cidade, Praça da Bandeira, Praça Saraiva e Praça Da Costa e
Silva, tiveram que ser fechadas – gradeadas para que fossem protegidas dos
vândalos.
CONCLUSÃO
Teresina, Cidade Verde?
A expressão “Cidade Verde,” quando analisada somente no aspecto dos
índices alcançado de cobertura vegetal, em função das áreas verdes públicas,
levara a conclusão de que Teresina apenas consegue estabelecer uma cobertura
vegetal mínima à manutenção da saúde da sua população. A cobertura vegetal da
cidade, porém, não se restringe apenas às áreas verdes institucionais, cadastradas
em Parques Ambientais, Avenidas e Praças levadas em consideração nos cálculos
de índices de áreas verdes urbanas. O verde existente nos quintais e terrenos
vazios, dá um aspecto verde muito característico à cidade, desde a sua criação.
Analisando a expressão “Cidade Verde” sob o ponto de vista da paisagem
cultural, onde interage o meio físico, o cultural e o social, a cidade tem vários
problemas a resolver. Procuramos comentar neste trabalho, dentre muitos
problemas existentes em Teresina, alguns pontos em que a cidade ainda não
conseguiu resolver na perspectiva do equilíbrio com a natureza, preconizado pelas
Agendas Internacionais.
Os pontos aqui colocados não esgotam os problemas ambientais da cidade
e não querem dizer que as obras executadas em lugares “impróprios” do ponto de
vista ambiental, não devessem ter sido construídas, mas sim, que a construção de
um empreendimento, que venha a prejudicar o funcionamento de ecossistemas
naturais, deve sempre levar em consideração os seus impactos ambientais e as
medidas mitigadoras necessária ao seu re-equilíbrio.
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