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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE FUNDAÇÃO DE AMPARO À CIÊNCIA E TECNOLOGIA - FACEPE TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO COORDENADOR Leonardo Guimarães Neto EQUIPE TÉCNICA Andréa Loureiro Santiago Antonio Alfredo Oliveira Lima de Menezes Júnior Caio José Moliterno Duarte Gustavo José do Nascimento Guimarães João Crisóstomo Grillo Salles Osangela Oliveira Silva de Sena Osmil Torres Galindo Filho Pedro Rafael Lapa Paulo Ferraz Guimarães Valdeci Monteiro dos Santos Vicenta Garcia Roig 1

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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCOSECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE

FUNDAÇÃO DE AMPARO À CIÊNCIA E TECNOLOGIA - FACEPE

TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

COORDENADOR

Leonardo Guimarães Neto

EQUIPE TÉCNICA

Andréa Loureiro Santiago

Antonio Alfredo Oliveira Lima de Menezes Júnior

Caio José Moliterno Duarte

Gustavo José do Nascimento Guimarães

João Crisóstomo Grillo Salles

Osangela Oliveira Silva de Sena

Osmil Torres Galindo Filho

Pedro Rafael Lapa

Paulo Ferraz Guimarães

Valdeci Monteiro dos Santos

Vicenta Garcia Roig

RECIFE - 2003

TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

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APRESENTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

PARTE I - O TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO

2. O TERCIÁRIO: CONCEITO, ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÕES2.1. O Conceito do Terciário2.2. A Evolução do Terciário2.2.1. A primeira abordagem2.2.2. A segunda abordagem2.3. A Estrutura dos Serviços: as Classificações mais Relevantes2.4. Considerações Adicionais

3. IMPORTÂNCIA DO TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO3.1. Dimensão Econômica do Terciário: a Participação no Produto3.2. Dimensão Social do Terciário: a Participação no Emprego3.3. Os Principais Pólos dos Serviços em Pernambuco

PARTE II - CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE ASSESSORIA,CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

4. VISÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO4.1 A Cadeia Produtiva e o seu Núcleo4.2 Estrutura e Evolução do Núcleo da Cadeia Produtiva4.2.1 Tamanho dos Estabelecimentos4.2.2 As Atividades do Núcleo4.2.3 Distribuição Geográfica4.2.4 A Natureza Jurídica dos Estabelecimentos4.2.5 A Qualificação das Pessoas Ocupadas4.2.6 Considerações Adicionais

PARTE III – O PERFIL DE CADA ATIVIDADE DOS SERVIÇOS DE CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

5. SERVIÇOS JURÍDICOS5.1 Aspectos Gerais 5.2 O Perfil do Cliente e do Mercado5.3 Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes5.4 Recursos Humanos5.5 Concorrência e Parceria5.6 Articulações e Tendências5.7 Tecnologia e Gestão5.8 Propostas

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6. SERVIÇOS DE CONTABILIDADE, AUDITORIA E ASSESSORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL6.1 Aspectos Gerais6.1.1 Segmento de Contabilidade e Auditoria6.1.2 Segmento de Assessoria em Gestão Empresarial6.2 Perfil do Cliente e do Mercado6.3 Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes6.4 Recursos Humanos6.5 Concorrência e Parceria6.6 Articulações e Tendências6.7 Tecnologia e Gestão6.8 Propostas

7. PESQUISAS DE MERCADO E DE OPINIÃO PÚBLICA7.1 Aspectos Gerais7.2 Perfil do Cliente e do Mercado7.3 Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes7.4 Recursos Humanos7.5 Concorrência e Parceria7.6 Articulações e Tendências7.7 Tecnologia e Gestão7.8 Propostas

8. SERVIÇOS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E ASSESSORAMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO8.1 Aspectos Gerais8.2 Perfil do Cliente e do Mercado8.3 Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes8.4 Recursos Humanos8.5 Concorrência e Parceria8.6 Articulações e Tendências8.7 Tecnologia e Gestão8.8 Propostas

9. SERVIÇOS DE PUBLICIDADE9.1 Aspectos Gerais9.2 Perfil do Cliente e do Mercado9.3 Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes9.4 Recursos Humanos9.5 Concorrência e Parceria9.6 Articulações e Tendências9.7 Tecnologia e Gestão9.8 Propostas

PARTE IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho contou com o apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia (FACEPE), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, do

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Governo do Estado de Pernambuco. Vale destacar que sem o apoio e o estímulo dessas instituições este trabalho não poderia ter chegado a bom termo.

Embora se trate de um estudo independente, este documento representa o complemento de outro trabalho, realizado pela mesma equipe, que também contou com o apoio da FACEPE, intitulado “O Setor Terciário de Pernambuco: um Estudo Exploratório”. No referido estudo, o que se tentou foi apresentar uma visão ampla do conjunto de atividades constituído pelos serviços e pelo comércio (atacadista e varejista), com destaque para determinados pólos e complexos de atividades baseados em alguns serviços. Nesse caso foram considerados os serviços de saúde, o denominado varejo moderno, os serviços de turismo, o pólo de educação privada, os serviços de informática, os serviços logísticos e os de comunicação e marketing.

No caso do estudo em questão, há uma abrangência menor, uma vez que os levantamentos se concentraram nos chamados serviços de assessoria, consultoria e planejamento. Como será detalhado posteriormente, estão compreendidos nessa categoria (i) os serviços de atividades jurídicas, (ii) os de contabilidade e auditoria, (iii) os de pesquisa de mercado e de opinião pública, (iv) os de assessoria em gestão empresarial, (v) os serviços de arquitetura, engenharia e de assessoramento técnico especializado e (vi) os serviços de publicidade.

Tanto o presente estudo quanto anterior, realizados com apoio da FACEPE, têm como objetivo o conhecimento de atividades que, embora expliquem aspectos relevantes da economia de Pernambuco e sejam responsáveis por parte, também significativa, do emprego gerado, não têm sido devidamente consideradas nas políticas e nas discussões referentes ao desenvolvimento do Estado. Neste particular, não resta dúvida, que a FACEPE está prestando uma colaboração relevante ao Estado, ao apoiar estudos sobre o setor terciário.

1. INTRODUÇÃO

Este estudo sobre o terciário que reúne as atividades de assessoria, consultoria e planejamento, realizado para a FACEPE, abrange várias atividades de serviços, geralmente realizadas no âmbito do setor privado. Tem como finalidade estudar o perfil e a dinâmica

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de cada um dos segmentos considerados mais relevantes, notadamente os serviços jurídicos, os de contabilidade e auditoria, de pesquisa de mercado e de opinião, de assessoria em gestão empresarial, os de arquitetura e engenharia e os serviços de publicidade.

O que se pretende, além do conhecimento do referido segmento, é o exame da necessidade, para o seu pleno desenvolvimento, de ações governamentais, gerais ou específicas, de apoio a este conjunto de atividades, de modo a possibilitar ao Estado avançar na ampliação, melhoria e modernização dos referidos serviços e na geração de emprego em renda, por intermédio da sua expansão.

O presente relatório, que resume os aspectos fundamentais do estudo realizado, abrange quatro partes:

a) uma primeira que trata do terciário em Pernambuco, notadamente da sua dimensão econômica e social (no que se refere ao emprego gerado) e de uma descrição sumária dos principais pólos dos serviços modernos no Estado; antes da apresentação desses aspectos, nesta parte é feita uma apresentação, também sumária de alguns dos conceitos básicos a respeito do terciário e de sua estrutura, em termos mais abstratos;

b) uma segunda parte faz, com base nas informações secundárias disponíveis, uma caracterização do comportamento recente das atividades que compreendem o conjunto dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento;

c) a terceira parte do relatório, com base, desta vez, em informações de pesquisa direta, junto aos dirigentes de algumas instituições, traça o perfil das empresas pesquisadas em suas várias dimensões e coleta as propostas mais relevantes dos entrevistados a respeito das políticas e do apoio que consideram importantes;

d) a quarta e última parte realiza uma síntese das questões mais relevantes anteriormente examinadas e resume, a partir das propostas apresentadas pelos entrevistados, os pontos considerados fundamentais para uma política governamental de apoio ao segmento.

Como se assinalou anteriormente, na realização desse estudo foram levantados dois grandes subconjuntos de informações. Um primeiro que consiste nos dados secundários disponíveis sobre as atividades de assessoria, consultoria e planejamento e que abrangem aspectos relacionados com nível de emprego e número de estabelecimentos que permitem estimativas do nível de atividade do segmento. O segundo subconjunto de informações está constituído pelos levantamentos realizados através de entrevistas semi-estruturadas com os principais dirigentes de empreendimentos de cada atividade considerados nos diversos segmentos de assessoria, consultoria e planejamento.

As referidas entrevistas abrangeram vários aspectos entre os quais merecem ser mencionados:

a) o perfil do cliente e do mercado de cada atividade;b) os cenários futuros concebidos e as estratégias e projetos relevantes;c) os recursos humanos e sua avaliação a respeito;d) a concorrência à qual estão submetidos os empreendimentos e as parcerias que

são concretizadas no desempenho das atividades;

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e) as articulações com atividades complementares e as tendências que vêm ocorrendo no desempenho recente;

f) a questão tecnológica e a gestão da tecnologia adotada;g) as propostas mais relevantes na avaliação dos dirigentes.

Na parte final do estudo são apresentados, sob a forma de considerações finais, os pontos mais relevantes do estudo realizado.

PARTE I - O TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO

A primeira parte do relatório, que segue à apresentação e à introdução, compreende dois capítulos. Um primeiro referente ao terciário em geral, que leva em conta os conceitos mais importantes concernentes ao referido setor e detalha aspectos que dizem respeito à sua estrutura. Além disso, no segundo capítulo, é considerado, descendo a um nível mais concreto de análise, o terciário em Pernambuco. Neste caso, são examinados aspectos

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vinculados à dimensão econômica deste setor no Estado, quando se considera, basicamente, a estimativa de produto interno da economia, bem como a dimensão e importância do terciário no que se refere ao emprego. Na parte final desse capítulo são descritos, de modo sumário, os principais pólos de serviços de Pernambuco.

2. O TERCIÁRIO: CONCEITO, ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÕES

São a seguir apresentados três aspectos relacionados com questões mais abstratas do terciário. Um primeiro diz respeito (i) ao conceito geralmente adotado para definição do conjunto de atributos que compreendem os serviços e as atividades comerciais, de acordo com a literatura mais conhecida; (ii) em seguida, um segundo que se refere às explicações mais gerais sobre a dinâmica do terciário, notadamente aos determinantes que explicam o aumento gradativo do seu peso, no contexto das diferentes economias e, finalmente, (iii) são feitas referências aos aspectos geralmente considerados nas análises do terciário relativos à estrutura e às classificações das atividades que o compõem. Muitas das considerações aqui apresentadas já haviam sido abordadas na parte inicial do estudo realizado para a FACEPE1.

2.1. O Conceito do Terciário

Embora esteja disponível um conjunto articulado de conceitos e questões que ajudam a entender, no nível mais geral, a concepção e a evolução que tiveram, nos diferentes sistemas econômicos, as atividades agropecuárias e industriais, estão menos disponíveis, em relação ao terciário, tais conceitos, que somente mais recentemente começam a ser discutidos. Neste particular, há uma certa unanimidade no que se refere à concepção e aos traços mais gerais da evolução do setor agropecuário, o mesmo acontecendo com o setor industrial. Não obstante, no que se refere ao terciário, a sua complexidade e heterogeneidade, tem dificultado a formulação de elementos conceituais e de questões que ajudem a uma melhor compreensão desse conjunto de atividades, de sua dinâmica e de sua estrutura.

No que se refere à sua concepção, a forma mais tradicional de tratamento do terciário diz respeito à sua oposição relativamente aos demais setores produtivos já referidos: o agropecuário e o industrial. Neste caso, o que é enfatizado, em relação a estes últimos, é o fato de serem produtores de mercadorias ou de bens. Trata-se, portanto, de distinguir o terciário relativamente aos demais setores (agropecuário e industrial) assinalando-se que a prestação de serviços possui um caráter intangível e não estocável, contrariamente ao caráter tangível e material das mercadorias e bens, que são o resultado dos setores agropecuário e industrial. Vale aqui fazer referência à consideração de um autor quando assinala que o terciário tem sido do ponto de vista teórico tudo o que não cabe nos

1 Trata-se de trabalho concluído em 2002, denominado “O Setor Terciário de Pernambuco: um Estudo Exploratório”. O que aqui se fez foi a utilização da estrutura seguida no estudo anterior, com sua atualização a partir do exame de textos adicionais sobre aspectos teóricos do terciário. Ver referências bibliográficas.

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demais setores. Ou em suas próprias palavras: “... tudo o que não ganha caráter corpóreo da mercadoria é jogado no Terciário” (Oliveira, s/data, p. 141).

A respeito desse esforço de definição do terciário, François Ecalle, ao considerar, na sua definição dos serviços, alguns elementos anteriormente referidos (“... as atividades das quais o resultado é imaterial e, portanto, não estocável”) constata a sua insuficiência e complementa sua análise assinalando, de modo semelhante à citação anteriormente feita de Francisco de Oliveira, que o que em geral se faz, neste particular, é adotar uma definição negativa: “O terciário está constituído por um conjunto de segmentos que não estão considerados nem na agricultura, nem na extração de matérias primas, nem na construção, nem na indústria ... Uma tal definição em extensão das atividades dos serviços mostra bem que elas se referem a uma categoria heterogênea e que as análises globais que podem ser apresentadas deverão ser necessariamente mais ou menos redutoras” (Ecalle, 1989, p. 7 e 8)2.

Outros autores, a exemplo de estudo recente realizado no âmbito do IPEA e do Banco do Nordeste, ressaltam, além disso, o fato de que os serviços serem consumidos tal como são produzidos e resultantes de um processo no qual a produção e o consumo são coincidentes no tempo e no espaço. Em resumo, os serviços se caracterizariam pelo fato de serem intangíveis, intransferíveis, não estocáveis e exigirem um contato direto entre os produtores e os consumidores (Melo et alii, 1997 e 1997A).

Outro ponto tratado pelos estudiosos diz respeito a um questionamento sobre esta concepção dos serviços. Isto é feito considerando-se as dificuldades de enquadramento de serviços mais recentes como o vinculado ao tratamento de informações. Neste particular, há indagações a respeito do fato de se o processamento de informações se constitui ou não uma mercadoria ou um serviço (Oliveira, s/ data, 141). Outros autores levantam contestações a respeito da grande heterogeneidade dos serviços e de sua crescente complexidade nesta fase mais recente, com a revolução microeletrônica, que introduziu novos produtos e tem-se constituído a base para a reestruturação industrial. A respeito cabe a citação de Melo et alii: “O uso de novas tecnologias vem exigindo o aparecimento de novos serviços e fazendo de muitos deles insumos fundamentais para os demais setores econômicos, particularmente para a indústria. Este processo trouxe consigo novas exigências para a sociedade no campo da educação, treinamento/conhecimento e da saúde. Tais considerações reforçam a idéia da dificuldade de se definir adequadamente o setor Serviços. Evidenciam a impossibilidade de se conferir tratamento homogêneo a serviços tão díspares como os serviços financeiros, jurídicos, de informática, comunicações, engenharia, auditoria, consultoria, publicidade, seguro e corretagem, estes na vanguarda tecnológica, e seus aliados tradicionais, os serviços de transporte, comércio, armazenagem.

2 Esta é a mesma linha de avaliação de outros autores. Claus Offe, na análise que faz dos empregos nos serviços assinala - numa posição muito próxima à de Francisco de Oliveira e de Ecalle - que tendem a predominar no seu tratamento os aspectos negativos: “O trabalho em serviços gera produtos não materiais, que não podem ser armazenados ou transportados. O trabalho em serviços não é, ou é menos, suscetível à racionalização técnica e organizacional se comparado com o trabalho que produz bens. A produtividade do trabalho em serviços não pode ser medida e, por isso, os seus padrões de produtividade não podem ser controlados. O trabalho em serviço não é “produtivo” (tanto no sentido da economia política clássica como da economia marxista), e assim por diante” (Offe, 1989, p. 135).

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A este juntam-se ainda os serviços oferecidos à sociedade pela administração pública, defesa/segurança nacional, saúde, educação e os serviços privados ofertados para o atendimento da demanda individual (Melo e alii, 1997, p. 4).

Estas dificuldades, sem dúvida relevantes na qualificação das definições adotadas, induzem, pelo menos num primeiro esforço de concepção dos serviços, à concentração nos três aspectos anteriormente levados em conta - o caráter intangível dos serviços, a proximidade entre a produção e o consumo e o fato de serem coincidentes no tempo e no espaço - que podem constituir apoio no mapeamento, grosso modo, desse setor, para o qual a teoria não conseguiu, ainda, uma boa definição.

2.2. A Evolução do Terciário

As implicações principais da quase ausência de conhecimento sistemático sobre o terciário podem ser percebidas tanto no fato de não existir consenso a respeito de explicações sobre o setor (sua evolução e estrutura, seu papel nas economias) como pelo fato de, no campo mais prático das ações governamentais, não existir, a exemplo do que está disponível para o setor industrial e para a agropecuária, um conjunto de conceitos que ajudem na definição de intervenções e formas articuladas e coerentes de ações, voltadas para o desenvolvimento do setor.

Dois enfoques se destacam nas abordagens comumente adotadas sobre a trajetória do terciário:

a) as interpretações que buscam a explicação a partir de tendências gerais, com base em correlações entre variáveis, e que tendem a não considerar as particularidades históricas das economias;

b) outras interpretações que adotam um menor grau de abstração e partem para o exame da evolução histórica das economias, identificando as razões específicas que estão por trás da presença dos serviços e dos fatores responsáveis pelo seu desenvolvimento.

2.2.1. A primeira abordagem

Como ponto de partida para o exame do primeiro tipo de abordagem, pode-se começar por uma síntese de A . S. Bhalla (1973), no estudo que fez sobre o emprego no terciário, em particular voltado para o chamado Terceiro Mundo, mas que tem sugestões importantes para o terciário em geral. Este autor destaca, entre as interpretações que buscam explicar o intenso crescimento do setor terciário nas economias, notadamente as menos industrializadas, que existem três que mais se destacam:

a) uma primeira se caracterizaria pela abordagem a partir da renda e dos gastos e que utiliza a estrutura da demanda como a variável explicativa relevante; esta corrente seria representada por Colin Clark e seu estudo já clássico (Clark, 1940), que abrange tendências gerais das economias;

b) a segunda, centraria sua interpretação na produtividade, uma vez que o setor terciário, comparativamente com os demais, é o que registra o mais lento crescimento da produtividade e teria, por esta razão, uma evolução caracterizada

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pelo uso intensivo da mão-de-obra; o principal representante desta corrente seria V. R. Fuchs (1968);

c) finalmente, a interpretação centrada na correlação do emprego no terciário com o emprego industrial; entre outros, o autor mais referido neste abordagem é W. Galenson (1963).

Em relação à primeira dessas interpretações, a explicação fundamental residiria na elasticidade-renda que refletiria à intensificação da demanda dos serviços, do que decorreria a crescente participação do setor no produto e no emprego. Isto se traduziria no fato de que a demanda dos serviços, por conta da sua elasticidade-renda maior que o valor unitário, cresceria mais intensamente que a renda gerada na economia em seu conjunto. Neste particular, alguns autores (Melo et alii, 1997) fazem referência à operação da Lei de Engel, segundo a qual do aumento da renda da população resulta um crescimento diferenciado proporcionalmente (para menos e para mais, relativamente à renda) da demanda de determinados bens e serviços. Tal coeficiente definiria os bens ou serviços, de acordo com o crescimento proporcional da sua demanda, relativamente à renda, em bens e serviços inferiores e superiores. Neste caso, os serviços, em grande parte, estariam classificados entre estes últimos, devido a sua crescente participação no total da renda gerada.

A segunda interpretação tem seu foco nas dificuldades que grande parte dos serviços têm de avançar em ganhos de produtividade, em termos comparativos com a agropecuária e, sobretudo, a indústria. Além disso, num contexto de aumento dos salários reais e sua íntima relação com o aumento da produtividade, os preços nos serviços tenderiam a aumentar mais que proporcionalmente aos preços das mercadorias produzidas nos demais setores (Melo et alii, 1997). Daí o aumento não só da participação do setor terciário no emprego como na renda gerada pela economia.

A terceira interpretação - mais vinculada às idéias de W. Galenson - explica o aumento da participação dos serviços associando-o às profundas relações que existem entre este setor e a atividade industrial. No resumo feito por Melo et alii, “... o crescimento do peso dos serviços refletiria a externalização à indústria de atividades tradicionais antes realizadas nas próprias indústrias (terceirização), e/ou, mais importante, a multiplicação de novos serviços resultantes de inovações tecnológicas e da generalização de seus usos no sistema produtivo” (Melo et alii, 1997, p. 9). Estabelecendo uma relação entre esta forma de observar o processo evolutivo da economia e aquela desenvolvida por Ignácio Rangel (Rangel, 1957), que concentrou sua análise na abertura do “complexo agrícola” e o seu desdobramento na manufatura e nos serviços, num processo de especialização que estaria na base de um processo mais amplo de urbanização, o que se pode afirmar é que esta interpretação já parte da constituição de um setor industrial que, seguindo o processo ocorrido na abertura do “complexo agrícola”, aprofundaria a especialização com o surgimento e consolidação de serviços que seriam realizados independentemente das demais atividades, nas quais, originariamente, estariam inseridos. Este processo, já nesta fase do desenvolvimento do capitalismo, caracterizada por uma intensificação maior da concorrência com a globalização e abertura das economias, teria provavelmente, nesta linha de raciocínio, se intensificado com o processo de terceirização que passou a ocorrer nas

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atividades produtoras de mercadorias quando foi eliminado, do interior das empresas, um conjunto muito complexo de serviços que antes integravam a sua estrutura produtiva: limpeza, refeições, vigilância, manutenção, além de outros.

Autores como François Ecalle (1989) procuram interpretar os serviços caracterizando os fatores determinantes da sua evolução por intermédio de um grande número de relações que justificariam o maior dinamismo da sua expansão relativamente à renda e emprego no sistema econômico. Entre os fatores determinantes este estudioso faz referência às questões vinculadas:

(i) ao consumo final, (ii) ao consumo intermediário, (iii) a particularidade do comércio e dos serviços que denomina de não

mercantis, (iv) aos aspectos relacionados com o valor agregado dos serviços e, finalmente, (v) aos aspectos relativos à duração do trabalho e à produtividade.

No que se refere ao consumo final, Ecalle lembra mais uma vez a Lei de Engel, a respeito da dinâmica maior dos serviços relativamente à renda das famílias, ressaltando, no entanto, que esta maior proporção dos gastos com serviços deve-se não apenas à maior quantidade de serviços adquiridos como ao aumento mais que proporcional dos seus preços. A respeito, assinala que, nos estudos de seu conhecimento, quando considerados os valores a preços constantes, dois tipos de serviços se destacam no aumento dos gastos das famílias: os vinculados à telecomunicações e os serviços de saúde. Chama a atenção, ainda, para outros tipos de serviços cujos gastos realizados pelas famílias, em termos reais, descontada a inflação, teriam reduzido proporcionalmente no confronto com a evolução do total dos gastos de consumo da população (Ecalle, 1989, p. 21). Prossegue assinalando que existem, de qualquer modo, fatores relevantes favoráveis ao consumo crescente dos serviços, lembrando que, uma vez alcançado um certo nível de vida com o atendimento das necessidades básicas, as famílias se voltam para um consumo crescente de serviços que se traduz por uma elasticidade-renda superior a um. Na sua concepção, atuaria, em sentido contrário ao crescente consumo dos serviços, a expansão mais que proporcional dos seus preços, na comparação com a renda recebida pelas famílias. Há uma certa unanimidade entre os analistas a respeito do fato de que parte relevante da explicação para este comportamento dos preços reside no menor crescimento da produtividade da maioria dos serviços, cujos processos produtivos permanecem praticamente os mesmos com o passar dos anos, como foi anteriormente assinalado. Ainda na análise da dinâmica dos serviços, o autor chama a atenção para a competição que existe entre a produção de determinados bens, de um lado, e alguns serviços, de outro. Neste caso, lembra alguns exemplos, como o impacto das máquinas de lavar roupa sobre os serviços de lavanderia, da televisão relativamente aos serviços de diversão, notadamente o cinema e os eletrodomésticos, além da produção de refeições preparadas ou semi-preparadas relativamente aos serviços de alimentação.

Com relação ao consumo intermediário (originário da demanda de outros setores produtivos), o autor chama a atenção para o fato de que, além da competição que a produção de determinados bens provoca em relação aos serviços, existe, no tocante a

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serviços específicos, uma forte complementaridade que não pode ser deixada de lado. Neste caso, da produção de determinados bens industriais decorre o surgimento e a consolidação de serviços. Os exemplos mais conhecidos são o da produção da indústria automobilística, de um lado, e os serviços de conservação, reparação e auto-escolas, de outro lado. De uma outra perspectiva, que constitui o centro da questão examinada pelo autor (Ecalle, 1989, p. 29), a complementaridade entre as atividades produtoras de mercadorias e os serviços ocorre em relação à produção dos serviços intermediários e que, na denominação posteriormente adotada neste texto, serão identificados como serviços de apoio à produção. O autor mostra, em levantamentos realizados para a economia mundial, que as compras intermediárias de serviços das empresas crescem mais, em termos reais, do que as suas compras de bens ou mercadorias. Os exemplos referidos pelo autor, para ilustrar sua constatação, estão constituídos pelos serviços de marketing, de comercialização, além de um grande elenco de serviços associados ao processo de diversificação e internacionalização das empresas: “No interior dessas empresas, estruturas administrativas descentralizadas podem ser criadas. Esta demanda é estimulada pelo surgimento ou o desenvolvimento de instrumentos de gestão mais e mais aperfeiçoados (planejamento estratégico, auditoria, comunicação...)” (Ecalle, 1989, p. 30 e 31). Continuando sua argumentação, chama a atenção para o que se vem denominando de terceirização, que nada mais é que a externalização ou exteriorização de serviços que, antes eram realizados no interior da empresa produtora de mercadorias, e passam a ser, a partir de determinado momento, transferidos para as empresas de serviços que se transformam em subcontratadas das primeiras. A razão deste comportamento, cada vez mais presente em praticamente todas as economias, é a de maior eficiência, associada a uma preocupação de concentração do processo produtivo das empresas nas atividades que constituem o seu núcleo estratégico.

Com respeito aos chamados serviços e comércio não mercantis, o que o autor assinala, na época da sua análise até final dos anos 80, é uma perda sistemática desse segmento, ocorrida a partir da competição com o comércio e serviços mais modernos e formais que ocuparam o seu espaço. É provável que na década que se seguiu, mesmo no interior dos países industrializados, esta conclusão não tenha validade, tendo em vista as dificuldades crescentes no mercado de trabalho e a expansão dos segmentos informais, em várias partes do mundo, associada a um contexto de menor dinamismo econômico.

Passando para outra questão abordada pelo autor, deve-se registrar a constatação de que o crescimento do valor agregado dos serviços ocorre mais intensamente nos serviços voltados para as empresas do que os vinculados ao consumo das famílias. Neste caso, assinala que há, relativamente, aos gastos das famílias, uma maior estabilidade das despesas com serviços do que em relação ao consumo produtivo de serviços das empresas, relativamente ao total dos gastos, que se apresentariam crescentes. Finalmente, examinando a duração do tempo de trabalho, o autor chama a atenção para a proporção maior que nos serviços têm os contratos de trabalho parcial, embora as variações de país para país sejam significativas. Não obstante este fato, quando se leva em conta na estimativa da produtividade as horas de trabalho e não o número de pessoas ocupadas, o que se constata é que, na maior parte dos casos, o crescimento da produtividade do terciário, relativamente ao total da economia, é menor.

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Outras interpretações apontam para aspectos como mudanças culturais que estariam ocorrendo na sociedade, entre elas o próprio processo de urbanização e a maior participação da população feminina no mercado de trabalho.

Provavelmente, a mais pretensiosa das interpretações compreendida por esta abordagem é a que procura estabelecer etapas do desenvolvimento das economias, tendo como marco de referência a prevalência, nas diferentes fases, de um ou outro dos grandes setores. Alguns autores limitam os estágios ou etapas a três momentos e outros chegam a sugerir quatro ou cinco. No resumo que elaboraram a respeito, Fitzsimmons e Fitzsimmons fazem referência ao fato de que Colin Clark e outros economistas teriam limitado sua interpretação a três estágios (primário, secundário e serviços), enquanto que trabalhos mais recentes teriam ampliado o escopo, assinalando a existência de cinco grandes estágios de desenvolvimento das atividades econômicas (Fitzsimmons e Fitzsimmons, 2000)

Na síntese feita pelos referidos autores - que combinam a interpretação de Clark com a de Foote e Hatt - é feito um desdobramento dos serviços constituindo cinco grandes etapas do desenvolvimento da atividade econômica. Na primeira delas, haveria a predominância das atividades agrupadas na agricultura, na mineração, pesca e silvicultura. Seria o estágio primário. Este seria seguido de uma fase caracterizada pelo setor secundário, que compreende a manufatura e a transformação da matéria prima, em geral. O terceiro estágio, denominado de terciário, seria caracterizado pelos serviços de alojamento e alimentação, serviços pessoais e serviços de manutenção e reparação, que limita muito a percepção de Colin Clark, que neste estágio consideraria todo o conjunto de serviços. O quarto estágio (quaternário), que compreenderia, na classificação de Fitzsimmons e Fitzsimmons, a prevalência de serviços de transporte, comércio varejista, comunicação, finanças e seguro, venda de imóveis e administração pública (governo). Finalmente, a quinta fase (quinária), seria caracterizada pelos serviços voltados para o que os autores denominam de aperfeiçoamento e ampliação das habilidades humanas: saúde, educação, pesquisa, lazer e artes (Fitzsimmons e Fitzsimmons, 2000, p. 29). Estes últimos autores não apresentam nenhuma justificativa ou fundamentação para a caracterização dos estágios. De fato, apenas fizeram uma tentativa, pouco cuidadosa, de apresentar um desdobramento do que Colin Clark e outros autores tinham anteriormente elaborado, com mais cuidado e de forma mais aderente aos traços gerais das economias que examinaram, ou tinham como referência nas suas análises.

2.2.2. A segunda abordagem

A outra abordagem tem como foco de sua interpretação, na evolução do terciário, a realidade histórica vivida pelas diferentes economias, portadoras dos elementos que caracterizariam não só a estrutura como o comportamento do referido setor. Neste particular, um primeiro corte que tem sido feito, diz respeito à necessidade de considerar a particularidade, deste setor, nas economias chamadas desenvolvidas e nas economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, como costumam denominar os organismos internacionais.

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Neste caso, chama-se a atenção para o fato de que, diferentemente da forte correlação que existe entre a expansão do terciário e o desenvolvimento das economias mais desenvolvidas - nas quais o aumento da riqueza e da renda determinaria o aumento da participação dos serviços na geração da renda e do emprego - nos países subdesenvolvidos (menos industrializados ou em desenvolvimento), a crescente presença do terciário “não está, necessariamente, associada a etapas avançadas de desenvolvimento” (Melo e alii, 1998, p. 1). Assim, haveria, de um lado, a possibilidade de a explicação para o crescimento do setor terciário estar associada ao maior grau de desenvolvimento que, por si, estimularia o crescimento mais que proporcional de um terciário moderno e complexo, caso dos países mais industrializados e, de outro lado, a possibilidade de tal expansão ser resultante da proliferação de um conjunto de atividades tradicionais, de baixo nível de produtividade e “de refúgio para a mão-de-obra de baixa qualificação”(Melo et alii, 1998, p. 2). Os referidos autores acrescentam que o terciário nas economias subdesenvolvidas se apresentaria como um terciário inchado, em razão de características e determinantes estruturais da sua própria formação econômica e social, tais como concentração da propriedade fundiária, incapacidade da indústria de empregar parcelas crescentes da população em idade de trabalhar expulsa das atividades agrícolas: “Nesta perspectiva, grande parcela das atividades tradicionais de serviços seria a única possibilidade de ocupação de amplos setores da população, portadora de baixa qualificação, significando, conseqüentemente, subemprego e exclusão social” (Melo et alii, 1998, p. 2).

É nessa linha de raciocínio, e de uma crítica ao conjunto das abordagens reunidas no primeiro grupo, que surge e se consolida esta vertente que busca as explicações na especificidade histórica das economias analisadas. É o que assinala Francisco de Oliveira ao considerar que o esquematismo da outra abordagem terminou por deixar de lado “as determinantes históricas da divisão social do trabalho, as relações técnicas que emergem a partir da configuração de certos modos de produção, dando menos atenção a esses aspectos e principalmente menor atenção ao aspecto das relações inter-setoriais” (Oliveira, s/data, p. 140).

Francisco de Oliveira chama a atenção para o caso de economias, como as dos países latino-americanos, nas quais a agricultura, predominantemente voltada para a exportação, exige um terciário bem mais amplo e especializado, o que nada tem a ver com nível de desenvolvimento capaz de explicar a dimensão dos serviços. Múltiplas e complexas são as determinações históricas do processo de divisão social do trabalho, o que pode ser detectado, mesmo a partir do exame superficial de algumas experiências concretas. A divisão internacional do trabalho, no interior da qual países, regiões, sub-regiões ou grandes aglomerados urbanos passam a desempenhar papeis específicos importantes na articulação da economia mundial e no processo de acumulação de capital nesse nível, não pode ser esquecida. Ou mesmo a divisão nacional de trabalho, em países como o Brasil, no qual diferentes áreas, regiões ou sub-regiões brasileiras exercem diferentes funções no contexto nacional e isto determina, em cada uma delas, configurações diferentes para os grandes setores produtivos, entre eles o terciário.

A rede urbana - com sua hierarquia e a forma como se estrutura, aspectos que estão associados à formação econômica do país ou região - é um exemplo concreto de diferentes

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contextos de evolução dos serviços, de acordo com a posição dos aglomerados urbanos no interior da referida rede, e que mostra, claramente, como a divisão territorial de trabalho opera nas economias definindo o conteúdo e a complexidade do terciário.Uma ilustração destes aspectos pode ser encontrada no recente estudo realizado por diversas instituições a respeito da rede urbana brasileira (IPEA/IBGE/NESUR-IE-UNICAMP, 1999).

Além disso, é importante considerar aspectos aparentemente contraditórios que existem em determinadas situações e momentos, como o surgimento de um terciário informal, refúgio, em grande parte, de pessoas que não conseguem empregos no setor formal urbano e, simultaneamente a isto, a consolidação de um terciário moderno, vinculado a pólos de informática, de logística, à ciência e tecnologia e ao sistema financeiro, ao varejo moderno, aos serviços mais complexos e sofisticados de saúde e educação, mesmo em países e regiões de níveis de renda mais baixos. Isto ocorreria no interior de um processo que se poderia denominar de modernização seletiva, associado, no que se refere aos serviços sociais e pessoais, às desigualdades na distribuição pessoal da renda, processo e características encontradas em grande parte dos países subdesenvolvidos.

São ressaltadas ainda, por autores como Francisco de Oliveira as funções da maior relevância vinculadas a um sistema de dominação, inerente ao processo de acumulação capitalista, no qual os serviços de controle social passam a ter espaços significativos no contexto dos serviços de determinada economia (este tema será retomado adiante). É evidente, também, no período mais recente - de presença marcante dos processos de globalização e abertura econômica - o surgimento e a consolidação de serviços vinculados aos mercados financeiros e ao capital especulativo; além do processo que vêm sendo denominado de terceirização (já referido) que, em alguns casos, está associado a uma intensa competição determinada pela abertura econômica. Trata-se, neste último caso, não só de um processo de terceirização como de terciarização que, constitui, um reforço ao crescimento dos serviços. É importante, ainda, considerar entre esses processos mais gerais, a intensificação da utilização das informações como elementos centrais do desenvolvimento atual das economias, sobretudo a partir do crescimento da informática e do processamento de informações, que criaram condições para o surgimento de vários segmentos do terciário que vêm se consolidando no decorrer da última década.

Uma análise que estabelece algumas relações entre as duas abordagens é a de Claus Offe, no estudo denominado de “O crescimento do Setor de Serviços” (Offe,1989). Depois de fazer um exame crítico dos indicadores adotados em diferentes estudos sobre o crescimento dos serviços, sobretudo em relação ao emprego, o autor parte para uma investigação, geralmente voltada para os países industrializados, na qual considera, como ponto de partida, o esquema resumido no Quadro 2.1.

Quadro 2.1: Representação Esquemática das Principais Explicações do Desenvolvimento do Setor de Serviços

Processos Necessidade/demanda Oferta no merc. de trabalhoIntegração do sistema Necessidade crescente de Absorção do excedente(condições de equilíbrio) controle devido à complexidade estruturalmente crescente

crescente da sociedade do mercado de trabalhoIntegração social Mudança na demanda das Mudanças nas preferências

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(orientação da ação) famílias devido ao crescimento e na autonomia dos forne-da renda cedores de serviços para

definir necessidades Fonte: Offe, Claus (1989) p. 140

O ponto de partida, para a compreensão do desenvolvimento dado ao tema por Claus Offe é a consideração de duas perspectivas. Uma primeira, associada aos problemas de controle e equilíbrio dos sistemas sociais e vinculada às necessidades sistêmicas das organizações sociais. Diz respeito, portanto, à integração, ao controle e à manutenção da sua condição de equilíbrio, no seu contínuo processo de acumulação e de reprodução. A segunda abordagem está relacionada com o desenvolvimento do sistema e do processo de integração social, levando em conta a dinâmica dos serviços a partir das mudanças que decorrem da própria evolução da demanda e das preferências dos agentes sociais, entre eles os fornecedores de serviços. Embora não esteja no texto de Offe, o primeiro aspecto, provavelmente, diz respeito às pré-condições para a reprodução da organização social, em seu conjunto, e o segundo, tem relação com o fato de que, uma vez dada essa reprodução, como é que ocorrem, no interior dessa organização social, as mudanças na sua estrutura, entre elas a que se constitui objeto do estudo que é a de alterações no peso relativo dos setores produtivos.

Em relação à primeira perspectiva, dois temas aparecem como fundamentais para a integração do sistema e que terminam por gerar impacto nos serviços (Quadro 2.1):

a) a necessidade crescente de controle social em razão da complexidade, também crescente, da organização social;

b) a necessidade da absorção do excedente estrutural da mão-de-obra no mercado de trabalho, dada a sua intensa expansão relativamente à capacidade de absorção do mercado de trabalho.

De modo resumido, o que o autor pretende destacar, relativamente nos serviços, é que, por motivos estruturais ou “sistêmicos”, a organização social, tendo em vista a sua crescente complexidade e a presença de um excedente estrutural de mão-de-obra, cada vez maior, no mercado de trabalho, exige a presença de serviços que desempenhariam funções estratégicas e reguladoras e capazes de garantir o equilíbrio do sistema. Do desempenho dessas funções decorreria o intenso crescimento da mão-de-obra no setor terciário.

No que se refere ao tema de complexidade crescente, o autor resume assim a questão: “A divisão de trabalho, a diferenciação estrutural e a pluralização apenas podem ser “toleradas”, e os ganhos correspondentes na eficiência econômica e administrativa somente podem ser utilizados à medida que se desenvolve um processo de mediação paralelo e compensatório. Isto requer funções de planejamento, coordenação, regulamentação e controle”. (Offe, 1989, p. 141). Ele lembra, logo em seguida, de interpretação, nesta direção, desenvolvida tanto por Galbraith, com sua concepção de tecnoestrutura, como dos historiadores da Revolução Industrial que assinalaram ter sido a expansão dos serviços uma das pré-condições para que tal revolução se consolidasse. Aprofundando mais o tema o autor desce ao exame da natureza das economias capitalistas, destacando o que ele denomina “o principio do investimento orientado para o lucro” que, na sua perspectiva, é sinônimo de uma ampla “desregularização” e de destruição de

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mecanismos normativos tradicionais de controle e coordenação, o que tem estreita associação com a perspectiva marxista de anarquia da produção capitalista. Assinala em seguida que o conjunto de mecanismos controladores e reguladores “pré-modernos” que são destruídos deve ser reconstruído para que a sociedade não entre em colapso “devido ao peso de suas próprias tendências modernizantes “anárquicas” (Offe, 1989, p. 143).

Um outro aspecto a ser considerado é o do mercado de trabalho. Neste caso, Claus Offe ressalta: “... a emergência de um mercado de trabalho e do correlacionado tratamento da força de trabalho como mercadoria, também serve como ponto de partida para explicar a ampla dinâmica da mão-de-obra empregada nos serviços. A força de trabalho é diferente de todas as mercadorias”. (Offe, 1989, p. 144). Tais diferenças estariam associadas ao fato de ser uma mercadoria que não pode ser “transferida” ao comprador, devendo ser extraída dos seus proprietários (os trabalhadores) com a ajuda de acordos específicos contra a possibilidade, sempre presente, de resistências. Continua o argumento: “Dentro da empresa moderna, essa extração é feita através de instrução, controle, treinamento e supervisão do processo de trabalho. Portanto, pode-se dizer que o elemento estrutural do trabalho assalariado e do mercado de trabalho requer tipos especiais de serviços reguladores de conflitos que aparecem, por exemplo, na forma de administração do pessoal, um tipo de força de trabalho especializada empregada com o objetivo de lidar com conflitos inerentes à mercantilização da força humana de trabalho. Esses serviços designados para regular conflitos ... ao nível da empresa individual equiparam-se ao nível da sociedade como um todo a uma profusão de funções controladoras, compensatórias, reguladoras ... desempenhadas no Estado do bem-estar moderno por órgãos estatais e por empresas privadas especializadas” (p. 145).

Ainda, entre os fatores que na perspectiva do autor devem ser considerados entre os que estão associados à integração e equilíbrio do sistema, vale lembrar o do excedente estrutural da força de trabalho e o que este fato pode representar de desajuste e desequilíbrios em determinada organização social. O argumento fundamental é o de que, nas sociedades capitalistas (o autor refere-se às industrializadas), o aumento da produção, sobretudo a industrial, ocorreria de modo defasado relativamente à produtividade e daí decorre um excedente estrutural “embora latente” da mão-de-obra. Isto significa que, em tais sociedades, na visão do autor, a produtividade cresce significativamente, decorrendo daí que, mesmo num contexto no qual a produção aumenta - uma vez que isto não se dá com diferencial muito grande em relação à produtividade -, a demanda de trabalho por parte das unidades produtivas não se dá num ritmo suficiente para absorver a oferta de emprego por parte dos trabalhadores. Nas palavras do autor: “Uma vez que os vendedores da força de trabalho, desprovidos de propriedade, não podem voltar ao setor primário nem entrar no mundo dos economicamente autônomos, esta força de trabalho é continuamente transferida para o setor terciário. Desta forma, o setor serviços contribui ao nível da integração do sistema, principalmente através de suas funções latentes e não das manifestas. Essas funções latentes consistem na distribuição de tarefas para a força de trabalho excedente sob o pretexto manifesto, por assim dizer, de que existe uma necessidade à qual este trabalho responde. Esse argumento é normalmente exemplificado através da referência aos “serviços sociais” que se considera terem o duplo efeito de tirar do mercado a força de trabalho dos trabalhadores que prestam serviços, assim como seus

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clientes” (Offe, 1989, p. 147/148). O autor parece não acreditar muito nestas considerações uma vez que em página seguinte (p. 154) tratando do mesmo tema conclui que uma abordagem “puramente sistêmica, baseada nas necessidades objetivas, nos requisitos funcionais e nas condições de estabilidade e equilíbrio é de uso muito limitado na análise da dinâmica do setor serviços”. Pois a determinação da força de trabalho a ser mobilizada, neste particular, depende de um processo político mais geral que, por sua vez, decorre dos conflitos, das estimativas para a efetividade da mão-de-obra para os serviços em questão e, também, da disposição dos clientes (poder-se-ia acrescer os contribuintes) para fazerem os sacrifícios necessários para concretizar um processo como este.

Esses são os temas, que estão apresentados resumidamente, a respeito da primeira linha do Quadro 2.1 e que se referem à integração do sistema (ou integração sistêmica). As demais considerações do autor dizem respeito à integração social, aos ajustamentos do sistema a mudanças ocorridas no interior da sua estrutura.

No caso da integração social, de acordo com o que é apresentado no Quadro 2.1, destacam-se, da perspectiva de Claus Offe, dois temas:

a) mudanças na demanda das famílias devido ao crescimento da renda;b) mudanças nas preferências e na autonomia dos fornecedores de serviços para

definir necessidades.

Com respeito à mudanças no padrão de consumo das famílias, o autor referido não avança muito em relação ao que foi assinalado na abordagem anterior sobre este tema, no entanto faz alguns comentários críticos: (i) lembra o fato de que, neste particular, deve ser considerado não só o nível de renda das famílias que estaria motivando o maior consumo dos serviços, como deve ser enfatizada a distribuição da renda da população que teria influência marcante no padrão de consumo; (ii) ressalta o auto-suprimento de serviços pelas próprias famílias que atuaria em sentido contrário ao do aumento do emprego nos serviços, (iii) lembra, ainda, a grande importância de tendências mais complexas que o mero padrão de consumo das famílias, como a urbanização, as mudanças técnicas e ocupacionais, a diminuição do papel da família, a desagregação de tradições culturais que induziriam os indivíduos a uma crescente dependência relativamente aos serviços. Por fim, o autor levanta um argumento, já comentado anteriormente quando se examinou a primeira das abordagens: o de que os serviços que mais se expandem estão associados a demanda proveniente da própria atividade produtiva do que do consumo das famílias.

O outro tema é mais difícil de aceitar. O argumento principal consiste em explicar a “dinâmica do setor de serviços referindo-se a mudanças empíricas na atividade da força de trabalho do lado da oferta e, assim, às suas alterações de preferências relativas à escolha de carreiras e a mudanças de profissão, assim como de aos recursos de poder organizacionais e estruturais que reforçam aquelas preferências” (Offe, 1989, p. 159). Haveria, neste particular, uma crescente preferência dos trabalhadores pelos serviços, que estaria associada ao crescimento mais que proporcional do terciário no que se refere à participação no emprego. Mais adiante, faz uma crítica contundente a tais idéias, quando destaca que os argumentos desenvolvidos nesta direção estariam incompletos “a não ser

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que possa ser demonstrado também que os vendedores da força de trabalho se encontram prontamente aptos para realizar essas preferências”.

Voltando ao Quadro 2.1, as contribuições mais relevantes de Claus Offe decorrem mais das idéias consideradas na coluna “necessidade/demanda”, do que na coluna de “oferta no mercado de trabalho”. No que se refere ao relacionamento da expansão da mão-de-obra nos serviços com a oferta no mercado de trabalho, os argumentos dessas abordagens são muito frágeis, notadamente no contexto das economias industrializadas.

Do que se assinalou, devem ser considerados, para a compreensão do terciário, não só determinantes que induzem à diferenciação das economias nacionais e regionais, quanto à estrutura e dimensão do terciário, como determinantes mais amplos que, no fundo, definem processos de homogeneização do terciário que abrangem não só os países adiantados mas aqueles menos industrializados. É evidente que esta homogeneização do terciário (varejo moderno, turismo, etc.), percebida da perspectiva internacional resulta, quando se examina o interior de um determinado país ou região, na ampliação da sua heterogeneidade, uma vez que os segmentos modernos que são introduzidos passam a conviver com o amplo conjunto de atividades tradicionais que permanecem com seus espaços econômicos próprios.

Há um aspecto que tem escapado às diferentes abordagens à respeito do crescimento relativo do terciário, inclusive as que primam pela análise mais histórica das economias, que é o impacto das flutuações econômicas e do movimento cíclico sobre o peso relativo dos setores produtivos, com destaque para o terciário. Neste particular, não resta dúvida que a longa fase de estagnação que uma economia como a européia passou nas últimas décadas induziu ao crescimento de atividades informais, de modo até então desconhecido, baseado sobretudo nos serviços e no comércio. Com mais razão pode-se chamar a atenção para a expansão das atividades informais, sobretudo em serviços e comércio, dos países latino-americanos, inclusive o Brasil, nos anos que abrangem as décadas de 80 e 90. Em relação aos anos 90, é grande o número de estudos, no Brasil, que destacam o processo de “informalização” do mercado de trabalho, com a presença cada vez maior do trabalhador sem carteira assinada e do trabalhador por conta própria, geralmente vinculado a atividades terciárias (Pochmann, 1999; Baltar, 1996, Dedecca e Baltar, 1997; Guimarães Neto, 2002). É pois, da maior importância considerar na análise dos setores e segmentos produtivos, que, no interior de tais flutuações cíclicas, ocorrem mudanças relevantes, quanto à sua posição relativa na geração de renda e do emprego.

A vertente mais histórica, que procura identificar os determinantes mais específicos da formação e evolução do terciário, possui um poder explicativo maior que a abordagem anterior, quando se pretende partir para o exame de uma realidade específica, embora existem, como pode ser percebido, alguns pontos de convergência quando se desce a nível mais detalhado de considerações. A segunda abordagem se contrapõe à primeira que tende a desconhecer as particularidades de cada realidade e, através de estudos de caso ou de mera especulação, tende, também, a generalizar, para todas as economias, relações e tendências de menor poder explicativo.

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2.3. A Estrutura dos Serviços: as Classificações mais Relevantes

Apesar das dificuldades existentes na concepção do terciário, importantes contribuições têm sido dadas para o seu conhecimento, por intermédio de classificações com base em vários critérios, que, no fundo, se baseiam em diferentes concepções da estrutura do setor.

Uma importante contribuição considera, de um lado, o conjunto de serviços estreitamente vinculados à atividade produtiva, servindo de apoio não só, diretamente, ao processo produtivo, em si, mas à distribuição e circulação da produção. De outro lado, o conjunto de serviços mais diretamente vinculado ao consumo final ou imprescindível à reprodução da população. Esta é a concepção baseada em Browning e Singelmann (1978) e referida por Melo et alii (1997A) na sua análise sobre os serviços no Nordeste. Trata-se de uma divisão dos serviços que tem semelhança com as abordagens marxistas que consideram, ao lado do processo de acumulação de capital, o de reprodução da força de trabalho, imprescindível ao primeiro.

Neste tipo de classificação, descendo ao exame dos serviços, sua estrutura poderia ser concebida, como tendo, de um lado, um subconjunto de atividades que contribuem para a produção e reprodução do capital e das condições imediatas de produção, e, de outro lado, os serviços diretamente vinculados à reprodução das condições sociais e de sobrevivência das populações. No primeiro caso, os serviços voltados para a produção e reprodução das condições de acumulação do capital e continuidade da vida econômica, em seu sentido restrito, poderiam ser divididos entre os serviços mais diretamente vinculados à distribuição dos produtos ou das mercadorias originárias do processo produtivo e os serviços de apoio direto às unidades de produção ou ao processo produtivo em si, tanto em relação aos segmentos produtores de mercadorias e bens (agropecuária e industria), como aos próprios serviços. Com respeito aos serviços diretamente voltados para a reprodução social, eles podem ser divididos entre aqueles mais orientados para o atendimento do consumidor isolado e individualizado - os serviços pessoais - ou aqueles que constituem atividades mais abrangentes, originariamente desenvolvidas a partir de organizações governamentais e que se voltam sobretudo para a educação, saúde e segurança. A estes últimos é importante acrescentar os chamados serviços de controle social, referidos por Francisco de Oliveira e Claus Offe em textos já comentados. Quanto a esses serviços de controle social, o que se sabe é que podem tomar as formas mais diferenciadas, sobretudo quando se lhes acrescenta todo o aparato de regulação (Quadro 2.2)

Quadro 2.2: Proposta de Estrutura do Setor TerciárioServiços voltados diretamente para a acumulação e reprodução do capital

Serviços voltados diretamente para a repro- dução da população e da força de trabalho

1) Serviços distributivos: 1) Serviços sociais: comércio, transportes, comunicação e difusão, armazenagem e outros

administração e controle social, serviços sociais públicos e privados (saúde, educação, previdência), comunitários (assistência, sindicatos, lazer, instituições culturais, etc.)

2) Serviços de apoio à produção: 2) Serviços pessoais:instituições financeiras, técnicos e profissionais e outros

reparação e conservação, hospedagem e alimentação, etc.

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Alguns comentários adicionais devem ser feitos à concepção apresentada no Quadro 2.2. Trata-se de uma visão esquemática que apenas indica a vinculação predominante dos serviços a cada um dos dois processos anteriormente comentados: o de acumulação e reprodução do capital, de um lado, e o de reprodução da população e da força de trabalho. Como visão esquemática existem alguns problemas associados à dificuldade de enquadramento de serviços específicos em determinados itens da classificação adotada. A título de exemplo pode ser referido o fato de que os serviços de intermediação financeira dão suporte não só aos segmentos voltados para a distribuição como aos que produzem bens ou mercadorias. Além disso, serviços como os de reparação e conservação podem estar vinculados tanto aos domicílios, atendendo, portanto, a uma demanda da população, como a uma demanda das empresas ou unidades de produção e, portanto ser um serviço de apoio ao processo produtivo. Tais exemplos podem ser muitos freqüentes - caso dos serviços técnicos e profissionais - no entanto, um procedimento que poderia ser empiricamente adotado na classificação é o de prevalência do destino dado aos serviços prestados: se predominantemente voltados a empresas ou para a população ou para os domicílios.

Na versão apresentada por Melo e alii (1997A, anexo 1), a classificação antes referida se desdobra da seguinte maneira:

a) Serviços distributivos: transporte, armazenamento, comunicação, comércio atacado e varejo;

b) Serviços ao produtor: serviços bancários, financeiros, seguros, serviços imobiliários, de arquitetura, engenharia, auditoria, contabilidade, etc.;

c) Serviços sociais: administração pública, saúde, educação, previdência, serviços religiosos, serviços postais, outros serviços governamentais;

d) Serviços pessoais: domésticos, reparação, higiene, beleza, alimentação, hospedagem, diversão, etc.

Cabe aqui a referência feita pelos autores citados a respeito dessa classificação,

quando assinalam: “Os serviços distributivos e ao produtor são entendidos como goods-oriented, isto é, englobam atividades associadas diretamente à produção dos setores primário e secundário. Já os serviços sociais e pessoais são identificados como consumption-oriented”. (Melo e alii, 1997A, p. 99).

Uma observação adicional a respeito dessa classificação deve considerar a possibilidade de juntar aos serviços sociais, detalhados anteriormente, os serviços de controle social, representados tanto pela administração pública, em geral, como pelos serviços de defesa e segurança. Além disso, dado sobretudo a presença marcante da informática e do processamento de informações por conta do grande impulso da microeletrônica e de sua difusão em praticamente todos os serviços, poder-se-ia, em princípio, considerá-la como parte dos serviços ao produtor, junto com os serviços técnicos de auditoria, engenharia, contabilidade, etc.

No trabalho referido, Melo et alii desenvolveram esforço de compatibilização das classificações mais tradicionais, adotadas na apresentação de dados pelas pesquisas oficiais

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(PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e PME - Pesquisa Mensal de Emprego) e nas estimativas do produto interno.

É evidente que o uso completo de uma classificação como esta vai depender, de um lado, da necessidade da análise e de outro da disponibilidade de informações suficientemente desagregadas.

Além dessa classificação outras poderiam ser adotadas para análise do terciário, tendo em vista sobretudo as possibilidades e necessidades de reagrupamento de segmentos de serviços de modo a permitir uma compreensão mais adequada do setor. O agrupamento, por exemplo, de conjuntos ou subconjuntos de segmentos do terciário sob a forma de pólos, complexos ou cadeias produtivas, abrangendo inclusive, atividades produtoras de mercadorias, pode ser adotado. Assim, o pólo médico ou de educação, o pólo do varejo moderno ou das atividades logísticas ou de distribuição, poderão exigir novas formas de classificação dos serviços.

Uma classificação importante sugerida no texto de Melo et alii (1997) é a que considera, de um lado, os serviços intensivos em conhecimento - knowledged-based services - e, de outro lado, os serviços convencionais. A diferença, fundamental, entre eles residiria no uso intensivo de força de trabalho com alta qualificação, no primeiro caso, e de recursos humanos de menor qualificação no segundo. Além disso, pode-se considerar outro aspecto, como fazem os autores, que é o da presença, nos serviços intensivos em conhecimento de determinada ordem para clientes específicos, levando-se em conta as suas características e demandas especiais; e, nos convencionais, a geração de serviços tradicionais em cuja produção têm predominância os métodos produtivos estandardizados. Esta classificação exige, certamente, um conhecimento mais profundo de cada segmento, para ser elaborada não só quanto à qualificação dos recursos humanos utilizados, como um conhecimento dos processos produtivos e da relação que se estabelece na produção dos serviços e com os clientes e a especificidade de sua demanda.

2.4 Considerações Adicionais

O subconjunto dos serviços que deverão ser examinados mais detidamente no presente relatório refere-se aos mais voltados para o processo de acumulação e reprodução do capital, como se considerou anteriormente. Isto é, está constituído de serviços que se voltam mais para o apoio às empresas produtoras de bens e serviços, notadamente constituído de empreendimentos privados, do que para a produção de serviços de consumo das famílias, como é o caso dos chamados serviços sociais e pessoais, voltados para a reprodução social.

Como se assinalou anteriormente, os serviços prevalentemente voltados para a atividade produtiva estão constituídos de serviços distributivos - ou de apoio ao processo de distribuição - e os serviços de apoio à produção. Neste último caso - em relação aos serviços de apoio ao produtor - deve ser considerada a seguinte classificação:

a) instituições financeiras

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(i) bancos de financiamento,(ii) caixa econômica,(iii) seguro,(iv) comércio de títulos e moedas,(v) loterias(vi) cartões de crédito,

b) serviços técnicos profissionais(i) jurídicos,(ii) contabilidade e auditoria,(iii) assessoria e serviços de informática,(iv) os serviços de engenharia e arquitetura, (v) publicidade e propaganda,(vi) tradução,(vii) estúdio de pintura,(viii) serviços veterinários,(ix) outros serviços técnicos profissionais,

c) outros serviços prestados principalmente às empresas(i) limpeza e conservação,(ii) vigilância e guarda,(iii) serviços auxiliares da agricultura e pecuária,(iv) serviços auxiliares do comércio e indústria,(v) serviços auxiliares de seguro,(vi) serviços auxiliares vinculados aos transportes.

Os serviços de apoio à produção que serão aqui examinados dizem respeito a uma parcela dos que estão considerados como serviços técnicos profissionais, com destaque, entre eles, como já se assinalou, para:

a) os serviços jurídicos,b) os serviços de contabilidade e auditoria,c) os serviços de pesquisa de mercado e de opinião pública, d) os serviços de assessoria em gestão empresarial,e) os serviços de engenharia e arquitetura,f) os serviços de publicidade.

Em resumo, no contexto mais geral do terciário, o estudo deverá concentrar-se nos chamados serviços de apoio à produção e, no interior deste, nos denominados serviços técnicos e profissionais. Embora nem todos os serviços técnicos e profissionais tenham sido considerados, é importante ressaltar a heterogeneidade e a complexidade desse conjunto de serviços selecionados, que abrangem distintos tipos de serviços e diferentes formas de organização dos empreendimentos que prestam tais serviços.

3. IMPORTÂNCIA DO TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO

São aqui abordados três aspectos. Um primeiro relativo à importância ou significação econômica do terciário em Pernambuco. Em seguida, o da sua importância

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social, perceptível a partir do contingente de pessoas empregadas. E, finalmente, deverá se feita uma descrição sumária dos principais pólos dos serviços em Pernambuco, com destaque para aqueles que se convencionou considerar como serviços “modernos”.

3.1. Dimensão Econômica do Terciário: a Participação no Produto

O conjunto de atividades que constituem o setor terciário da economia e que incluem além dos serviços propriamente ditos, o comércio, tanto o atacadista como o varejista, participa nas economias modernas com um percentual significativo do produto interno bruto gerado. No caso de Pernambuco, a exemplo do que ocorre na economia nacional, a maior parcela do produto, atualmente, é gerada pelo terciário.

As informações mais recentes, para 2000, segundo estimativa da Secretaria de Planejamento e do IBGE, mostram que o setor terciário registra uma participação de pouco mais de 60%, bem superior àquela dos demais setores produtores de mercadorias: agropecuárias e o setor indústria, considerando-se neste último os segmentos da indústria extrativa mineral, da indústria de transformação, da produção de energia e gás e da construção civil.

O Gráfico 3.1 mostra a importância relativa de cada um desses grandes setores: agropecuária, indústria e o terciário. Enquanto este último setor registra uma participação de 61%, a agropecuária alcança, em 2000, apenas 8% e a indústria, compreendendo todos os segmentos antes citados, registra uma participação de 31%.

No que concerne ao Brasil em seu conjunto, as participações registradas apresentam algumas diferenças, uma vez que a agropecuária apresenta um percentual, no total do produto de 7,5%, o setor industrial uma participação de, aproximadamente, 40,2% - participação relativa maior que a de Pernambuco - o terciário cerca de 50,3%, menor que o registrado na economia estadual.

Gráfico 3.1

Fonte: SEPLANDES/PE e IBGE

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Vale o destaque para o fato de que, não somente a participação do terciário é relevante na economia pernambucana, como vem registrando, com o decorrer dos anos, o aumento da parcela do produto que é gerado pelos serviços, incluindo-se, nestes, as atividades comerciais.

De fato, comparando-se as informações do produto interno para 1985 com as relativas a 2000, portanto durante um período de 15 anos, o que se percebe é que a participação do produto interno gerado pelo terciário passa de 51%, no primeiro ano para 61% no último ano. Ou seja, um aumento de dez pontos percentuais no período. No que se refere ao produto agropecuário, ocorre uma oscilação muito grande entre os anos, ocasionada pela seca, mas considerando-se estes anos extremos o percentual registra um declínio significativo entre 1985 e 2000, passando de 14%, aproximadamente, para 8% como se assinalou. O setor indústria também registra declínio: de 35% para 31%.

No Gráfico 3.2 é apresentada para todos os anos do período de 1985 a 2000, a participação relativa dos três grandes setores. Nele se constata sobretudo a partir do final dos anos 80 o aumento das diferenças na participação do produto entre a parcela gerada pelos serviços e a produzida pelo setor industrial. De fato, se a indústria registra uma tendência crescente do produto entre 1985 e 1989, para em seguida mostrar uma participação declinante, a parcela relativa do produto que cabe ao terciário é sistematicamente crescente. Neste particular o gráfico mostra o hiato crescente entre os referidos setores.

Em relação à agropecuária, deixando de lado as oscilações, em grande parte causadas pelas estiagens, há, desde o início do período, uma tendência declinante da sua participação no total do produto.

Gráfico 3.2

Fonte: SEPLANDES/PE e IBGE

Em resumo, o terciário, em Pernambuco, mostra uma tendência muito nítida de participação crescente no produto, em detrimento dos setores produtores de mercadoria,

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tanto o industrial que nos anos 90 passa a registrar um declínio sistemático do seu peso relativo no produto, como o setor agropecuário.

Cabe agora a investigação de que tipos de serviços têm sido os principais responsáveis por este aumento do peso relativo do terciário, nesta trajetória recente da economia estadual. Para isto, fez-se uma partição do terciário de acordo com a classificação anteriormente considerada, no capítulo anterior, embora as informações, dado o grande nível de agregação adotado nas estimativas do produto, não permitam uma análise mais satisfatória a este respeito.

Na Tabela 3.1 são apresentadas as informações sobre a evolução do produto, para o período 1985-1998, segundo o nível maior de detalhe que foi possível obter.

O que se constata é que, em relação aos grandes segmentos (serviços distributivos, serviços de apoio ao produtor e os serviços sociais e pessoais), as tendências são divergentes. Enquanto os serviços distributivos registram tendência de redução da sua participação no total do produto terciário gerado na economia de Pernambuco, os serviços sociais e pessoais, em conjunto, apresentam um aumento significativo da sua participação.

Tabela 3.1.Pernambuco: Composição e Evolução do Produto do

Terciário, Segundo Segmentos e Atividades - 1985-98Segmentos e Atividades 1985 1990 1995 1998SERVIÇOS DISTRIBUTIVOS 33.5 28.2 28.2 25.6 Conta Própria 8.1 6.8 8.5 5.4 Serviços Auxiliares do Comércio 1.2 1.1 1.4 1.1 Comércio Atacadista 4.2 2.8 3.5 3.2 Comercio Varejista 12.7 8.0 10.5 8.3 Transportes e Armazenagem 6.3 7.9 2.9 3.8 Comunicações 1.1 1.6 1.5 3.8 SERVIÇOS AO PRODUTOR 25.8 26.1 21.6 23.8 Intermediários Financeiros 14.4 16.3 8.5 4.8 Ativ. Imob. Alug. Serv. Empresas 11.5 9.7 13.1 19.0 SERVIÇOS SOCIAIS E PESSOAIS 40.7 45.8 50.1 50.5 Adm. Pública, Defesa e Seg. Social 26.3 29.0 32.5 32.4 Saúde e Educação Mercantis 3.9 4.8 4.6 5.0 Out. Serv. Colet. Sociais e Pessoais 2.4 4.0 4.3 4.5 Serviços Domésticos 1.0 0.5 0.7 0.8 Serviços de Reparação e Manutenção 1.9 1.5 1.4 1.1 Alojamento e Alimentação 5.3 6.0 6.6 6.8

TOTAL 100.0 100.0 100.0 100.0 Fonte: SEPLANDES/CONDEPE e IBGE (Apud Governo Estadual

de Pernambuco, 2001).

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Os serviços de apoio à produção ou serviços ao produtor mostram, em seu conjunto, uma trajetória de redução da participação, no total do produto do setor terciário, com diferenças marcantes entre as suas atividades mais relevantes, de acordo com a classificação adotada para as estimativas: as atividades de intermediação financeira, de um lado, e as atividades de administração imobiliária que compreendem, também, os serviços às empresas, ou seja, de apoio à produção. No que se refere às primeiras atividades - as de intermediação financeira - o que se percebe, é uma redução significativa da sua importância. Elas representavam cerca de 14,4% em 1985 e chega a uma participação de apenas 4,8%, em 1998. Deve-se ressaltar, a este respeito que parte relevante das perdas dessas atividades, se deve à queda dos ganhos decorrentes do processo inflacionário (“imposto” inflacionário) que deixaram de ser apropriados pelo sistema bancário após a estabilização da moeda. É provável que após 1998 tenha aumentando a participação dos bancos, por outras razões como o crescente endividamento do setor público e os altos juros que passaram a ser praticados em razão da política monetária vigente após a criação da nova moeda, sobretudo na fase em que surgem as dificuldades crescentes na economia nacional, no final dos anos 90 e início da década atual.

Quanto à trajetória das atividades de administração imobiliária, aluguéis e dos serviços às empresas, registra-se, quando são comparados os anos extremos da série considerada, que a participação desse conjunto de atividades passa de 11,5% para 19%. Infelizmente, o nível de agregação adotado não permite saber se esta performance é mais explicada pelos serviços vinculados às empresas do que aos serviços relacionados com as atividades imobiliárias.

No que se refere aos serviços pessoais e sociais, observa-se, ao lado do grande peso que tem a administração pública e os serviços de defesa e segurança social, que aumentaram sua participação, e que, praticamente, todas as demais atividades registraram um aumento do seu peso relativo no total dos serviços.

3.2. Dimensão Social do Terciário: a Participação no Emprego

De acordo com as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do IBGE, para 1999, o conjunto das atividades terciárias em Pernambuco, ocupava mais da metade do total das pessoas ocupadas no Estado, (mais exatamente, 53,9%). Esta participação contrasta com aquela registrada, no mesmo ano e segundo a mesma fonte, para a agropecuária, que emprega cerca de 29% e em relação à indústria (extrativa, de transformação e a indústria de construção civil) que emprega cerca de 17,1% do total das pessoas ocupadas.

Em termos absolutos, estas cifras mostram que as atividades terciárias em Pernambuco ocupam, formal ou informalmente, em 1999, um contigente de aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. O restante, correspondente a 1,5 milhão de pessoas, está vinculado aos dois outros grandes setores: agropecuária e indústria.

A tendência, considerando-se o período 1992 e 1999, anos para os quais as estimativas do emprego da PNAD guardam compatibilidade na sua classificação e concepção, é de um aumento maior do emprego gerado no terciário do que nos demais

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setores produtivos. Como o produto, o emprego no terciário registra, também, um aumento no seu peso relativo, com o decorrer dos anos.

O Gráfico 3.3 apresenta para os anos 1992 e 1999 a evolução das participações no emprego total, nos três grandes setores: agropecuário, industrial e terciário. As informações mostram que no que se refere ao terciário, a participação do emprego que em 1992 era de 48,8% passou, em 1999, para 53,9%. O emprego industrial também seguiu a mesma trajetória, registrando aumento de 15,7% para 17,1%. Quanto ao emprego na agropecuária aconteceu uma redução, passando 35,5% para 29%. Neste caso, repete-se a trajetória encontrada no setor agropecuário em muitas das experiências atuais: de perda sistemática, inclusive em termos absolutos, das pessoas empregadas no meio rural.

Gráfico 3.3

Fonte: IBGE/PNAD

Além desses aspectos mais gerais, é conveniente considerar alguns aspectos mais detalhados do emprego segundo as atividades terciárias no Estado de Pernambuco, para que se tenha uma idéia da importância relativa dos diferentes segmentos e serviços específicos na ocupação da mão-de-obra. A seguir serão abordados (i) aspectos associados aos segmentos e atividades específicas do terciário, seguindo a classificação anteriormente

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discutida no primeiro capítulo, e (ii) o emprego segundo a classificação que considera, de um lado, o setor formal e, de outro, o informal nas atividades terciárias.

Relativamente ao primeiro caso, na Tabela 3.2 são apresentadas as informações a respeito da composição do emprego no terciário segundo os grandes segmentos (serviços distributivos, serviços de apoio à produção, serviços sociais e serviços pessoais) e as diferentes atividades que constituem cada um dos referidos segmentos. A referida tabela mostra os dados para 1992 e 1999, além das taxas anuais de crescimento do emprego neste intervalo.

De imediato, constata-se que, neste período, o emprego no terciário cresceu a uma taxa de 1,8% ao ano3. Percentual menor que o apresentado para os serviços distributivos (2,5%) e para os serviços de apoio à produção (3,4%). Já os serviços sociais apresentam uma expansão de apenas 0,8%, muito influenciada pelo declínio registrado no emprego da administração pública (-0,9%) e no crescimento pouco importante dos serviços sociais públicos (0,8%). Os serviços pessoais também registraram expansão menor que a média das atividades terciárias (1,4%).

Tabela 3.2Pernambuco: Participação dos Segmentos e Atividades do

do Terciário no Total do Emprego - 1992 e 1999Segmentos do Percentuais Taxa

Terciário 1992 1999 1992/99TOTAL NO SETOR 100.0 100.0 1.8 SERVIÇOS DISTRIBUTIVOS 33.7 35.4 2.5 Comércio 25.7 25.5 1.7 Transportes 5.4 7.0 5.6 Comunicação 0.5 0.7 7.2 Outros serviços distributivos 2.0 2.1 2.5 SERVIÇOS AO PRODUTOR 8.1 9.0 3.4 Instituições financeiras 1.8 1.0 (6.2)Serviços técnicos profissionais 2.3 2.0 (0.2)Serviços prestados às empresas 4.0 6.0 7.9 SERVIÇOS SOCIAIS 24.4 22.8 0.8 Administração pública 9.3 7.7 (0.9)Serviços sociais públicos 8.5 8.0 0.8 Serviços sociais privados 3.8 4.8 5.3 Serviços comunitários 2.8 2.3 (1.2)SERVIÇOS PESSOAIS 33.8 32.8 1.4 Serviços de reparação e conservação 4.8 4.9 2.0 Hospedagem e alimentação 5.9 7.1 4.7 Outros serviços pessoais 23.1 20.8 0.2

Fonte: IBGE/PNAD

3 Os outros setores registraram crescimento menor: a indústria apresentou uma expansão de 1,6% ao ano no emprego, enquanto que o setor agropecuário, com declínio em termos absolutos da população ocupada, registrou uma taxa de -2,5%.

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Quanto aos serviços de apoio à produção (serviços ao produtor), o que se constata é que ocorrem, no que se refere ao emprego, comportamentos diferenciados das atividades que o compõem. Assim as instituições voltadas para a intermediação financeira mostram uma redução importante da sua participação. Elas representavam 1,8% do total do emprego terciário e caem para quase metade (1%). Nesta trajetória reduzem o seu contingente a uma taxa anual de -6,2%, o que é muito significativo. Por trás desse comportamento verifica-se, de um lado, perda da posição relativa dos bancos no produto, resultado da estabilização, além dos processos de automação que ocorreram nas instituições financeiras, sobretudo o sistema bancário, no decorrer das últimas décadas, que tiveram impactos de grandes proporções sobre o emprego. Os chamados serviços técnicos profissionais da classificação da PNAD, que abrangem uma parte dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento que serão posteriormente analisados em detalhe, também reduzem sua participação, embora a uma taxa menor (-0,2%).

Evolução diferente ocorre, nos serviços prestados às empresas. Eles registram um crescimento no emprego da ordem de 7,9%, que é uma taxa muito alta, sobretudo quando se leva em conta o crescimento médio do emprego nos serviços que foi de 1,8% ao ano. Por conta dessa expansão tais atividades que registravam uma participação em 1992 de 4% alcançam cerca de 6% em 1999.

É sabido que parte relevante do emprego gerado em economias como a de Pernambuco está representada por pessoas vinculadas ao setor informal, isto é, não vinculadas a empresas formalmente organizadas e pessoas que não possuem relações de trabalho baseadas nas leis trabalhistas ou na legislação na qual se fundamentam os programas de seguridade social. Por esta razão foi realizado um esforço adicional no sentido de examinar, no interior do setor terciário, quais os segmentos e atividades nos quais estão trabalhando as pessoas que possuem vínculos formais ou informais de trabalho.

Para isto foi realizado, previamente, um trabalho no sentido de separar o que era emprego formal e informal, com base nas informações disponíveis, em particular aquelas produzidas pelo IBGE a partir da PNAD. O procedimento adotado levou em conta duas classificações fundamentais adotadas no tratamento dos referidos dados. De um lado a classificação setorial ou por atividades (comércio de mercadorias, transportes, comunicações, administração pública, hospedagem e alimentação, etc.), já previamente considerada, e de outro lado a classificação segundo a posição na ocupação. Neste último caso, as pessoas ocupadas no terciário são consideradas de acordo com as relações de trabalho predominantes (empregadores, empregados com carteira assinada, empregados sem carteira de trabalho assinada, autônomos, funcionários públicos, militares, entre outros). Com base no cruzamento entre as pessoas ocupadas segundo as atividades e a posição na ocupação, definiu-se que tipo de trabalho poderia ser considerado formal. Neste particular, decidiu-se pela classificação como emprego formal das pessoas que estivessem na seguinte situação:

a) empregados com carteira assinada;b) funcionários públicos estatutários e os militares;

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c) 50% dos empregadores (50% foi a proporção encontrada para os empregadores que tinham cobertura previdenciária);

d) 10% dos trabalhadores autônomos ou conta própria (10% foi a proporção encontrada para os autônomos ou trabalhadores por conta própria que possuíam cobertura previdenciária);

e) trabalhadores domésticos com carteira assinada;f) trabalhadores vinculados à administração pública, independentemente da

posição na ocupação.

Em conseqüência, foram definidos como vinculadas ao informal as pessoas ocupadas nas seguintes categorias: trabalhadores sem carteira assinada, 50% dos empregadores, 90% dos autônomos e os trabalhadores sem remuneração.

Inicialmente é conveniente chamar a atenção para o fato de que no período de 1991 a 1999, como se verá com base nas estimativas feitas mais adiante, ocorreu no terciário de Pernambuco, um aumento da participação do trabalhador informal na economia. Assim, se no primeiro ano ele representava, na estimativa realizada, cerca de 57,8%, em 1999 alcançava 58,9%. Em valores absolutos, em 1992 o terciário ocupava cerca de 1,5 milhão de pessoas, das quais 644,8 mil no formal e 884 mil no informal. Em 1999, o total do emprego no terciário era de 1,7 milhão, dos quais 711,9 mil eram empregos formais e 1,0 milhão eram informais. Não resta dúvida que este maior crescimento do setor informal (taxa de 2,1% ao ano no período, contra 1,4% do terciário formal) se deve, em grande parte, ao reduzido crescimento que a economia pernambucana vem tendo, recentemente, do qual decorre a reduzida geração de empregos formais.

Tabela 3.3Pernambuco: Estimativa da Participação do Emprego Formal e Informal no

Total dos Segmentos e Atividades Terciárias - 1992 e 1999Segmentos do 1992 1999

Terciário Total Formal Informal Total Formal InformalTOTAL NO SETOR 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 SERVIÇOS DISTRIBUTIVOS 33.7 26.6 38.8 35.4 26.6 41.5 Comércio 25.7 17.1 32.0 25.5 17.8 30.9 Transportes 5.4 6.5 4.7 7.0 5.4 8.2 Comunicação 0.5 1.2 0.0 0.7 1.5 0.2 Outros serviços distributivos 2.0 1.8 2.1 2.1 1.9 2.2 SERVIÇOS AO PRODUTOR 8.1 12.7 4.7 9.0 13.6 5.8 Instituições financeiras 1.8 4.0 0.2 1.0 1.9 0.4 Serviços técnicos profissionais 2.3 2.1 2.5 2.0 1.9 2.2 Serviços prestados às empresas 4.0 6.7 2.0 6.0 9.8 3.3 SERVIÇOS SOCIAIS 24.4 48.3 7.0 22.8 43.7 8.2 Administração pública 9.3 22.0 - 7.7 18.7 - Serviços sociais públicos 8.5 16.7 2.5 8.0 15.2 2.9 Serviços sociais privados 3.8 5.4 2.7 4.8 6.5 3.7 Serviços comunitários 2.8 4.2 1.8 2.3 3.3 1.6 SERVIÇOS PESSOAIS 33.8 12.4 49.5 32.8 16.2 44.5 Serviços de reparação e conservação 4.8 2.1 6.8 4.9 2.3 6.7 Hospedagem e alimentação 5.9 3.3 7.7 7.1 4.2 9.2 Outros serviços pessoais 23.1 7.0 34.9 20.8 9.6 28.6

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Fonte dos dados básicos: IBGE-PNAD

Com base nos procedimentos, anteriormente considerados, foi construída a Tabela 3.3 que mostra a distribuição do emprego formal segundo os segmentos e atividades que constituem o terciário em Pernambuco.

Na referida tabela, os destaques que devem ser considerados são os seguintes:

a) no que se refere ao emprego formal do terciário, a grande concentração ocorre nos segmentos dos serviços sociais - nos quais encontram-se os empregos na administração pública - e em seguida nos serviços distributivos (comércio, transportes e comunicações);

b) quanto ao informal, o contingente de pessoas que podem ser classificadas desta maneira se concentra nos serviços pessoais, em primeiro lugar (reparação e conservação, hospedagem e alimentação e em outros serviços pessoais) e em segundo nos serviços de distribuição (ou serviços distributivos), dado o grande peso do comércio informal (ambulantes, feirantes livres e comerciantes informais);

c) este nível de concentração do formal e informal é válido tanto para o ano de 1992 como para 1999, embora tenham ocorrido, neste intervalo, algumas alterações;

d) entre tais alterações é importante destacar, o avanço do informal nos serviços de distribuição, uma vez que os percentuais passaram de 38,8% para 41,5% entre 1992 e 1999, e a redução, ainda no informal, dos serviços pessoais de 49,5% para 44,5%;

e) quanto ao formal, vale destacar a diminuição do seu percentual em relação aos serviços sociais (por conta sobretudo da redução ocorrida na administração pública) e o aumento que se constata nos serviços pessoais;

f) no entanto, estas mudanças não sugerem alterações significativas na composição do emprego formal e informal no período considerado.

Diferentemente da Tabela 3.3, que mostra a composição do emprego segundo a participação no total dos segmentos e das atividades do terciário, a Tabela 3.4 apresenta a participação do formal e do informal, no interior de cada segmento ou de cada atividade, destacando, em cada uma delas, a importância relativa da formalidade e informalidade da mão-de-obra.

A este respeito vale o destaque para os seguintes aspectos que podem ser retirados dos dados existentes na Tabela 3.4:

a) os segmentos que podem ser considerados dentre os que empregam a maior proporção de pessoas, formalmente, são o de serviços sociais (83,4% em 1992 e 78,9% em 1999), seguido pelo segmento de serviços ao produtor (66,4% em 1992 e 62% em 1999);

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b) já os segmentos que mais empregam a partir de relações informais de trabalho são os constituídos pelos serviços pessoais (84,6% em 1992 e 80,5% em 1999) e pelos serviços de distribuição (66,7% e 69,1%);

c) relativamente às atividades, no interior dos segmentos, as relações formais predominam na administração pública (100%, por definição) e nas instituições de intermediação financeira (94,5% em 1992 e 77,5% em 1999), nos serviços sociais públicos (82,7% em 1992 e 78,5% em 1999) e nos serviços de comunicação (97,2% e 81,5%);

d) com relação às atividades nas quais predominam as relações informais, os destaques residem no comércio de mercadorias (72% em 1992 e 71,3% em 1999), os serviços técnicos e profissionais (62,7% e 62,3%), os de reparação e conservação (81,7% e 80,5%), os de hospedagem e alimentação (76,3% e 75,7%) e outros serviços pessoais (87,3 e 81%).

Tabela 3.4Pernambuco: Participação do Emprego Formal e Informal no Interior de Cada Segmento ou

Atividade do Terciário - 1992 e 1999Segmentos do 1992 1999

Terciário Total Formal Informal Total Formal InformalTOTAL NO SETOR 100.0 42.2 57.8 100.0 41.1 58.9 SERVIÇOS DISTRIBUTIVOS 100.0 33.3 66.7 100.0 30.9 69.1 Comércio 100.0 28.0 72.0 100.0 28.7 71.3 Transportes 100.0 50.3 49.7 100.0 31.4 68.6 Comunicação 100.0 97.2 2.8 100.0 81.5 18.5 Outros serviços distributivos 100.0 38.1 61.9 100.0 38.1 61.9 SERVIÇOS AO PRODUTOR 100.0 66.4 33.6 100.0 62.0 38.0 Instituições financeiras 100.0 94.5 5.5 100.0 77.5 22.5 Serviços técnicos profissionais 100.0 37.3 62.7 100.0 37.7 62.3 Serviços prestados às empresas 100.0 70.7 29.3 100.0 67.7 32.3 SERVIÇOS SOCIAIS 100.0 83.4 16.6 100.0 78.9 21.1 Administração pública 100.0 100.0 - 100.0 100.0 - Serviços sociais públicos 100.0 82.7 17.3 100.0 78.5 21.5 Serviços sociais privados 100.0 59.3 40.7 100.0 55.2 44.8 Serviços comunitários 100.0 63.5 36.5 100.0 59.0 41.0 SERVIÇOS PESSOAIS 100.0 15.4 84.6 100.0 20.2 79.8 Serviços de reparação e conservação

100.0 18.3 81.7 100.0 19.5 80.5

Hospedagem e alimentação 100.0 23.7 76.3 100.0 24.3 75.7 Outros serviços pessoais 100.0 12.7 87.3 100.0 19.0 81.0

Fonte dos dados básicos: IBGE-PNAD

Do que foi apresentado anteriormente, constata-se que os serviços técnicos e profissionais registram um percentual relevante de pessoas empregadas informalmente (62,3% em 1999) e constitui, no contexto do emprego terciário, um percentual muito reduzido (1,9% em 1999). Os serviços que guardam uma certa semelhança com estes e que

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são classificados como serviços prestados às empresas, têm um percentual maior no total do emprego terciário (3,3% em 1999) e uma proporção bem menor, no seu interior, de pessoas vinculadas ao informal (32,3% em 1999).

Em termos absolutos, os serviços técnicos profissionais, onde se localiza a maior das atividades de assessoria, consultoria e planejamento que serão posteriormente estudadas em profundidade, empregavam em 1999 cerca de 35,3 mil pessoas, das quais 13,3 mil possuíam relações formais e o restante, correspondente a 22 mil, mantinham relações informais.

3.3 Os Principais Pólos dos Serviços em Pernambuco

Têm sido bastante divulgadas, nos meios de comunicação locais, a importância e a significação que os serviços detêm no Estado de Pernambuco, constituindo-se em pólos de serviços modernos geradores de renda e emprego, que convivem, lado a lado, com um enorme conjunto de serviços informais. Entre as cadeias produtivas consideradas as mais importantes são geralmente referidas as de (i) turismo e lazer, (ii) serviços médicos, (iii) educação privada, (iv) varejo moderno, (v) informática, além de outros que começam a se destacar, como os de (vi) logística e (vii) comunicação e marketing.

Para que se tenha uma idéia da importância e do dinamismo dos serviços mais modernos e organizados é suficiente considerar que o número de estabelecimentos classificados como do setor terciário passou de 26,6 mil, em 1994, para 42,6 mil em 2000. Em termos de emprego formal, nos referidos anos, o contingente de pessoas empregadas nesses estabelecimentos passou de 529 mil para 667 mil. Em taxas anuais de crescimento isto significou proporções de 8,9% para os estabelecimentos e de 3,9% para o número de pessoas empregadas formalmente nesses estabelecimentos.

Em seguida, desce-se ao exame de cada um dos subconjuntos de atividades terciárias que comandam as cadeias produtivas com o objetivo de apresentar informações relevantes que permitam, posteriormente, situar os serviços de assessoria, planejamento e consultoria em relação aos que foram examinados anteriormente, no estudo realizado com apoio da FACEPE (“Setor Terciário de Pernambuco: um Estudo Exploratório”).

Com respeito ao turismo e lazer, sua cadeia produtiva é, seguramente, uma das mais complexas e alcança, em Pernambuco, as atividades líderes compostas pelos hotéis, pousadas e resorts, além de restaurantes e bares, centros de convenções, centros comerciais, parques temáticos ou parques ecológicos. Além dessas, cabem destacar as atividades constituídas pelos fornecedores de insumos: operadores, agências de viagens, organizações de eventos, guias de turismo, serviços de transportes. Na chamada infra-estrutura, vale o destaque para as instituições financeiras, a infra-estrutura física (aeroportos, redes de transporte e telecomunicações, serviços de segurança) ao lado das instituições formadoras dos recursos humanos, de fornecimento de tecnologia (software, gerenciamento, equipamento, etc.) e de publicidade e marketing.

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Page 36: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Concentrando a atenção apenas nas atividades formais do turismo e lazer, os dados mostraram que levando-se em conta apenas os empregados formais, nos estabelecimentos de alojamento, o seu total, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho e Emprego, atinge cerca de 9 mil pessoas, em 2000. Dado que o número de empregados, sob esta condição, era de 6,2 mil em 1994, isto significa uma expansão de 6,4% ao ano. Quanto ao emprego formal relacionado com os serviços de alimentação (Ministério de Trabalho e Emprego - RAIS), seu número passa de um total de 8,4 mil em 1994 para 16,7 mil em 2000, ou seja, uma expansão de 12% ao ano. As atividades desenvolvidas, formalmente, pelas agências de viagens e empreendimentos voltados para a organização de viagens registraram emprego de 719 pessoas em 1994 que passaram a 1.152 em 2000, o que significou uma expansão de 8,2% ao ano.

Tais empregos constituem apenas uma parte das atividades que formam o núcleo do pólo de turismo uma vez que em relação a atividades como a de parques temáticos, centros de convenções, parques ecológicos e atividades de artesanato, não foram levadas em conta, dadas as dificuldades de informações desagregadas. Ademais, foram considerados somente os estabelecimentos formais, registrados pelo levantamento da RAIS.

No que concerne aos serviços de saúde, vale lembrar que a sua cadeia produtiva é composta de (i) um núcleo e suas instituições âncoras (atendimento hospitalar, atendimento de urgência e emergência, serviços de atenção ambulatorial, atividades de complementação diagnóstica e terapêutica e atividades de outros profissionais de saúde e de outras atividades relacionadas com a saúde), (ii) dos serviços de informática relacionados com o referido núcleo, (iii) dos serviços de produção de medicamentos, (iv) das organizações e instituições educacionais voltadas para a saúde, (v) das agências governamentais reguladoras dos serviços de saúde, (vi) dos fornecedores de insumos e equipamentos e (vii) das associações profissionais e de classe.

Centrando-se nos estabelecimentos formais de saúde que constituem o núcleo ou as atividades âncoras, os dados da RAIS mostram no que se refere aos serviços predominantemente privados, que eles estavam concentrados em 2,9 mil estabelecimentos, em 2000, que geravam um total de 27,8 mil empregos. Embora tenha sido registrado entre 1994 e 2000, o crescimento significativo do número de estabelecimentos, da ordem de 11,1% (passaram de 1,5 mil para 2,9 mil, no período), as informações sobre o emprego mostram uma expansão menor, dado sobretudo o declínio constatado no ano final da série. O emprego formal desse núcleo passou de 25,6 mil em 1994 para 31,5 mil em 1999 e 27,8 mil em 2000. Considerando os anos 1994 e 2000 a taxa de expansão do emprego formal foi de 1,4%. Grande parte desse emprego formal do núcleo está concentrada no atendimento hospitalar (15,8 mil pessoas em 2000) e na complementação diagnóstica e terapêutica, constituída basicamente pelos laboratórios de exames médicos (3,8 mil).

Se a este total dos estabelecimentos e do emprego no núcleo são acrescentadas as informações sobre os demais elos da cadeia produtiva, os valores aumentariam significativamente. Para ilustrar, é suficiente afirmar que a indústria farmacêutica de Pernambuco, que é um dos elos dessa cadeia, empregava, em 2000, cerca de 1,5 mil pessoas. Além disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava, no referido ano, cerca de 1,8 mil pessoas, enquanto o

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Page 37: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

comércio varejista empregava cerca de 7,6 mil. Esses empregos registrados eram formais e a fonte de informações é oficial: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS. Deixa-se de computar os empregos gerados nas instituições de pesquisa, de formação de recursos humanos para o pólo, de fornecimento e manutenção de equipamentos e de serviços de informática para a área médica, que é uma das maiores consumidoras desses segmentos, atualmente.

Outra cadeia produtiva que tem marcado posição na economia urbana pernambucana é a constituída pelo varejo moderno. Trata-se, também, de uma cadeia produtiva muito complexa que envolve, entre outras, as seguintes atividades:

a) o seu núcleo, constituído pelos shoppings centers (Recife, Tacaruna, Guararapes, Plaza Casa Forte, Boa Vista, Caruaru, River), pelos mini-shoppings e galerias, por mega-lojas e lojas de conveniência, por super e hipermercados, por lojas de departamento, lojas especializadas e home centers;

b) o elo constituído pelo sistema de financiamento composto sobretudo pelos bancos privados e por sistema público de incentivos;

c) os serviços terceirizados, principalmente na área de limpeza e segurança;d) as instituições voltadas para a formação profissional, entre os quais se destacam

as universidades, os centros de formação, o SENAC e SEBRAE;e) as associações profissionais e empresariais, entre as quais cabe o destaque para

os Clube dos Diretores Lojistas, FECOMERCIO, sindicato dos trabalhadores;f) as entidades de regulação e de fomento do setor público: órgãos de defesa do

consumidor, a infra-estrutura econômica e de comunicação, secretarias de planejamento urbano.

Para que se tenha uma noção do significado de algumas dessas atividades é importante destacar que os supermercados ocupavam formalmente, em Pernambuco, no ano de 2000, cerca de 14,9 mil pessoas, o que significava cerca de 14,7% do total do emprego formal no comércio varejista no referido ano. O que significa dizer que o comércio varejista, como um todo, ocupava, formalmente, cerca de 101,9 mil pessoas em 2000, pouco menos que o emprego industrial formal do Estado. O faturamento estimado para essa atividade, com base nos dados da COFINS da Receita Federal, para 2000 era de R$ 5,2 bilhões, sendo que deste total, cerca de R$ 2,2 bilhões, ou seja 42%, correspondeu ao faturamento dos supermercados. Destes R$ 2,2 bilhões, cerca de R$ 1,9 bilhões era faturamento proveniente dos hipermercados.

Quanto aos shopping centers, o censo destes estabelecimentos de 2001 registrava a presença, em Pernambuco de cerca de 10 unidades, com 1,6 mil lojas e o fato de que 3 deles estavam em construção e deverão possuir cerca de 418 lojas.

Outra importante cadeia produtiva, que não tem merecido, ainda, a atenção devida, embora não se possa negar a sua significação econômica, é a que tem por base os serviços educacionais. Esta cadeia produtiva está formada, entre outras, pelos seguintes segmentos:

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Page 38: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

a) o núcleo constituído pelas instituições de educação formal (educação pré-escolar, fundamental, média, superior, pós-graduação), cursos de especialização (idiomas, escolas de artes, matérias isoladas, concursos públicos, pré-vestibular, bureaux jurídicos, cursos de informática);

b) as instituições financeiras; c) as de formação dos recursos humanos;d) fornecedores de material escolar, alimentação e cantina, transporte escolar,

informática e cerimonial e formatura;e) instituições reguladoras: secretarias de educação, Ministério de Educação,

conselho de educação;f) associações empresariais e patronais e sindicais;g) consultorias e assessorias em administração e gestão educacional.

Em 2002 o total de alunos (matrículas) da rede privada, em todos os cursos, de acordo com o Censo Escolar (INEP), era, em Pernambuco, de 423,1 mil. Desse total, cerca de 222 mil estava vinculado ao ensino fundamental, 62,4 mil na pré-escola e 34,2 mil no ensino superior, o restante em outros tipos de cursos. Na rede pública, não considerada nesta cadeia produtiva, o número de alunos (matrículas) alcançava 2,2 milhões, o que significa dizer que do total registrado em Pernambuco, cerca de 16% pertencia ao ensino privado, no referido ano.

O Ministério do Trabalho e Emprego, com base na RAIS, registrava, em Pernambuco, para os diferentes tipos de educação predominantemente privadas, em 2000, cerca de 1,4 mil estabelecimentos, dos quais a maioria (43%) estavam concentrados no ensino fundamental. Em termos de empregos formais, gerados pelos referidos estabelecimentos, a RAIS registrava cerca de 24,9 mil. Grande parte desses empregos estavam concentrada, em 2000, nos estabelecimentos de ensino médio de formação geral (8 mil) e nas instituições de ensino fundamental (7,4 mil). Os estabelecimentos de ensino superior empregavam cerca de 3,5 mil pessoas. A estimativa de faturamento, feito com base nos dados da Receita Federal (CONFINS), registra um valor equivalente a R$ 150 milhões, em 2000. Parcela substancial desse faturamento concentra-se nos ensinos fundamental (28,8%) e superior (20,3%).

É evidente que tais valores de emprego, número de estabelecimentos e faturamento provável seriam bem mais significativos se fosse possível desagregar, para o comércio atacadista e varejista, por exemplo, a venda de material didático ou para o transporte escolar ou para as atividades de consultoria e assessoria e planejamento.

No que se refere a uma cadeia produtiva, sem dúvida estratégica mas de menor dimensão que as anteriores, que é a baseada nos serviços de informática, as informações são mais esparsas. As atividades que, entre outras, as compõem podem ser assim resumidas:

a) um subconjunto de atividades nucleares formado, fundamentalmente, pelos serviços de consultoria técnica em informática, os de desenvolvimento de

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sistemas de informática, os de bancos de dados, de provedores de internet e os serviços de manutenção e reparação de sistemas de informática;

b) o elo composto pelas instituições de formação profissional;c) o subconjunto de instituições de financiamento das atividades do núcleo;d) os estabelecimentos fornecedores de produtos, equipamentos e de serviços

terceirizados.

De acordo com pesquisa de tecnologia da informação realizada pelo CONDEPE, existiam em 2001, em Pernambuco cerca de 529 empresas das quais 52 estavam vinculadas às atividades de desenvolvimento de sistema, cerca de 166 voltadas ou para a revenda ou para a manutenção de hardware, 53 voltadas para a produção ou para consultoria em tecnologia de software, 20 eram provedores de internet, além de outras atividades. A pesquisa, levantou o total de pessoas vinculadas aos estabelecimentos anteriormente referidos: corresponde a um total de 4,4 mil pessoas, das quais cerca de 3,3 têm vínculo de emprego formal, 953 constituíam-se de prestadores de serviços e o restante equivalia a trabalhadores familiares ou proprietários. Vale o destaque para a alta qualificação do pessoal vinculado aos serviços que constituem o núcleo, do qual cerca de 46,2%, ou seja, quase a metade possuía curso superior completo, ou especialização, mestrado ou doutorado.

Com base nas informações da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) a respeito do ISS, estima-se que os estabelecimentos que formam o que pode ser denominado de núcleo da cadeia produtiva de informática - constituído, de acordo com a classificação adotada pela PCR, pelas empresas de consultoria e assessoria em sistemas de informática, em empreendimentos voltados para o desenvolvimento de programas de informática, em processamento de dados e atividades auxiliares, em serviços de provedores de informática, em serviços de manutenção e instalações de máquinas de escritório e informática e em manutenção eletrônica em sistema informatizados - tenham tido um faturamento de R$ 125 milhões em 1999, na Cidade do Recife.

Outras cadeias produtivas têm sido mencionadas, entre elas aquelas baseadas em serviços de logística ou serviços de comunicação e marketing, para os quais as bases de informações e os estudos realizados são, ainda, muito escassos.

As informações anteriormente apresentadas deverão ser confrontadas com aquelas relacionadas com a cadeia produtiva vinculada aos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, que foram examinados nas partes e capítulos que seguem, no presente relatório.

Do exposto, fica claro que não obstante o fato de a economia pernambucana, -

como a nacional e as economias da quase totalidade dos estados nordestinos - não ter apresentado crescimento significativo nas duas últimas décadas, ocorreram algumas mudanças na sua estrutura, notadamente no interior das chamadas atividades terciárias. Tais mudanças envolvem processos contraditórios como os de, simultaneamente, marcarem presença, de um lado, um processo de expansão do terciário informal que já abriga, no comércio e serviços, mais da metade da força de trabalho do setor; de outro lado, o surgimento e consolidação do chamado terciário moderno, formal e organizado, no qual

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importantes cadeias produtivas marcam presença na economia estadual. Tais mudanças, embora da maior importância, não são suficientemente conhecidas e não têm sido contempladas nas discussões e nas políticas voltadas para o desenvolvimento econômico e social do Estado de Pernambuco.

PARTE II - CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

Nesta segunda parte do relatório, compreendida pelo capítulo 4, são apresentados os aspectos mais relevantes da cadeia produtiva centrada no conjunto de atividades de assessoria, consultoria e planejamento, constituídas pelos seguintes serviços:

a) jurídicos,b) de contabilidade e auditoria,c) de pesquisa de mercado e de pesquisa de opinião pública,d) de gestão empresarial,e) de arquitetura e engenharia,f) de serviços de publicidade.

O capítulo 4, refere-se a uma visão geral da cadeia produtiva constituída a partir dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento e apresenta as informações quantitativas mais recentes a respeito da evolução desse conjunto de atividades, para em seguida registrar os traços mais gerais do perfil do referido conjunto com base nas informações qualitativas obtidas através de entrevistas realizadas. O objetivo do referido capítulo é fornecer uma visão de conjunto, antes de entrar no detalhe de cada um dos serviços anteriormente relacionados: jurídicos, contabilidade e auditoria (aqui computado também o segmento de gestão empresarial), pesquisa de mercado e de opinião, arquitetura e engenharia, e publicidade, que é o objeto da Parte III do presente texto..

4. VISÃO GERAL DOS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

4.1 A Cadeia Produtiva e o seu Núcleo

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Antes de entrar na análise das informações que permitem apresentar os traços mais gerais do perfil e da evolução dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento é importante situá-los no contexto da sua cadeia produtiva, procurando identificar as relações mais importantes que o núcleo de tais serviços tem com os elos complementares. Além disso, é importante definir, com maior precisão, que atividades estão contempladas nesse núcleo da cadeia produtiva, de acordo com as classificações oficiais, adotadas pelas instituições responsáveis pelos levantamentos dos dados que vão ser utilizados.

Relativamente à cadeia produtiva, no Gráfico 4.1, são apresentados os traços mais gerais desse conjunto de atividades. Esta estrutura mostrada, em seguida, foi concebida a partir das informações levantadas através das entrevistas realizadas, nas quais se indagou a respeito das relações mais relevantes que cada empresa entrevistada mantinha com outras atividades, consideradas imprescindíveis para o seu funcionamento e desempenho.

As atividades que compreendem o núcleo e os elos da cadeia produtiva que têm por base os serviços de assessoria, consultoria e planejamento podem ser apresentadas sumariamente da seguinte maneira:

a) o núcleo da cadeia está formado pelos serviços já referidos: (i) serviços jurídicos, (ii) de contabilidade e auditoria, (iii) de pesquisa de mercado e de opinião pública; (iv) serviços de assessoria e gestão empresarial, (v) de arquitetura e engenharia e (vi) de publicidade;

b) o elo constituído pelos fornecedores de bens e serviços, com destaque para: (i) máquinas e equipamentos, inclusive de informática, (i) material de consumo, sobretudo de escritório, (iii) serviços especializados e gerais, entre eles os de informática (software, assistência técnica e manutenção de equipamentos de informática) de assistência técnica em geral e (iii) e serviços terceirizados de (segurança, limpeza, alimentação, etc.);

c) o das instituições financeiras, responsáveis pelo financiamento voltado para os investimentos ou para o funcionamento das atividades do núcleo e dos elos desta cadeia produtiva; sejam os bancos públicos (do Brasil, do Nordeste ou Caixa Econômica), sejam os bancos privados que atuam em Pernambuco;

d) o elo constituído pelas instituições voltadas para a formação dos recursos humanos, seja através da educação formal e continuada (superior, pós-graduação, etc.), seja através de cursos de especialização nas áreas de interesse dos serviços e atividades da cadeia produtiva (cursos de idiomas, de informática, os oferecidos por bureaux jurídicos, especializações em contabilidade, economia, auditoria, engenharia, arquitetura, administração, métodos de pesquisa, etc.);

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Gráfico 4.1Pernambuco: Cadeia Produtiva dos Serviços de Assessoria, Consultoria ePlanejamento.

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NÚCLEO- Serviços Jurídicos;- Contabilidade e Auditoria;- Pesquisa de Mercado e Opinião;- Assessoria de Gestão Empresarial- Arquitetura e enegnharia- Publicidade

INSTITUIÇÕES REGULADORAS- Conselhos Federais;- Consehos Regionais;- Governo Federal, Estadual, Municipal

ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS, PATRONAIS E SINDICAIS

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

INSTITUIÇÕES VOLTADAS PARA A FORMULAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS

MERCADO- Instituições Públicas;- Instituições Privadas- Pessoas Físicas

FORNECEDORES- Máquinas e Equipamentos- Material de Consumo;- Serviços Especializados

o Informáticao Assistência

Técnica;o Serviços

Terceirizados

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e) o elo constituído pelas instituições reguladoras, entre as quais cabe destaque, além das três esferas (Federal, Estadual e Municipal) de governo em suas áreas específicas, os conselhos federais e regionais vinculados à economia, contabilidade, engenharia e arquitetura, OAB, entre outras;

f) as associações empresariais, patronais e sindicais; g) o mercado constituído pelos demandantes dos serviços do núcleo constituídos

por instituições públicas, privadas e pessoas físicas.

No que se refere às instituições voltadas para a formação de recursos humanos nesta cadeia produtiva, não se pode deixar de considerar as três maiores universidades localizadas no Estado (UFPE, UPE e UNICAP), além de faculdades isoladas e instituições que oferecem cursos de especialização em diferentes níveis (SENAC, SEBRAE, SENAI) e escolas isoladas voltadas para informática e para idiomas estrangeiros.

Relativamente ao núcleo da cadeia produtiva, é importante destacar em cada um dos serviços que o constituem o elenco de atividades que, de acordo com classificação oficial (CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas). De modo resumido tais serviços podem ser assim caracterizados4:

a) serviços jurídicos - compreende as seguintes atividades: representação jurídica realizada ou supervisionada por advogados, assessoria e preparação de documentos jurídicos, assessoria e assistência jurídica fora do quadro judiciário; inclui, ainda, assessoria e assistência jurídica relacionadas com o registro de patentes e direitos autorais, atividades auxiliares da justiça (árbitros e mediadores, escrivãos e peritos) e atividades de cartórios; não incluem as atividades dos tribunais de justiça, nem as de segurança e ordem pública de defesa civil, nem as de peritos de seguros. (Referência 74.11-0);

b) os serviços de contabilidade e auditoria - compreendem o registro contábil das transações comerciais correntes e elaboração do balanço anual, os serviços de auditoria, a preparação de declaração de imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas, as atividades de assessoria e representação (não jurídica) exercidas antes da administração tributária em nome de seus clientes; não compreendem assessoria quanto à gestão financeira, as atividades dos escritórios de cobranças e as atividades de auditoria atuarial. (Referência: 74.12-8);

c) os serviços de pesquisa de mercado e de opinião pública - compreendem os estudos sobre o mercado e o comportamento da clientela, precedendo o lançamento de produtos novos ou a concepção de campanhas publicitárias, a realização (por conta de terceiros) de pesquisas de opinião pública sobre questões políticas, econômicas, sociais e análise estatística de resultados; não compreendem a produção de estatística realizada pela administração pública. (Referência: 74.13-6);

4 A identificação que segue está baseada em publicação oficial da CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas.

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d) serviços de assessoria em gestão empresarial - incluem os serviços de assessoria, orientação e assistência prestada às empresas e organismos em matéria de planejamento e organização, de contabilidade de custos e controle de orçamento e em matéria de negociação entre empresas e seus trabalhadores e em matéria de relações pública e comunicação interna ou externa; não compreendem as atividades administrativas exercidas pelas “holdings”, pelas sedes e unidades locais, a assessoria e representação jurídica, as atividades de contabilidade, auditoria e assessoria em matéria de impostos, as atividades de assessoria técnica de arquitetura, engenharia, cartografia e outros serviços técnicos especializados, as atividades de agência de publicidade e as de auditoria e consultoria atuarial. (Referência: 74.16-0)

e) serviços de arquitetura e engenharia e de assessoramento técnico especializado - compreendem os serviços técnicos de arquitetura (projeto de arquitetura de prédios inclusive detalhamento, supervisão da construção, projetos de ordenamento urbano, desenho de projetos de jardins e instalações desportivas), os serviços técnicos de engenharia (concepção de máquinas e instalações industriais, elaboração e gestão de projetos de engenharia civil, hidráulicas, de tráfego, engenharia eletrônica, de minas, química, mecânica, industrial, de sistemas e de segurança, agrários, etc.; elaboração de projetos na área de acondicionamento de ar, refrigeração, saneamento, controle e contaminação, engenharia acústica, etc.), os serviços técnicos de cartografia e topografia (estudos topográficos, levantamento de limites, atividades de informação cartográfica e espacial), atividades geológicas e de prospecção, serviços de previsão meteorológica e realização de estudos geodésicos; não compreendem a execução de obras de construção, a decoração de interiores, os ensaios de material e de produtos, atividades de perfuração quanto a extração de petróleo e da gás e as atividades de pesquisas e desenvolvimento experimental. (Referência: 74.20-9);

f) serviços de publicidade - compreendem as atividades de criação e realização de campanhas publicitárias, utilizando quaisquer meios de disseminação, as atividades de gestão de espaços publicitários sobre todas as formas, as atividades de colocação de anúncios e de divulgação por diferentes meios (aérea, alto-falantes, distribuição de material publicitário, por mala direta, telefones, visitas, etc.); não compreendem a impressão de material publicitário nem a pesquisa de mercado nem a fotografia publicitária nem a gravação de anúncios publicitários para difusão em cinema e televisão. (Referência: 74.40-3).

4.2 Estrutura e Evolução do Núcleo da Cadeia Produtiva

A análise que segue está concentrada nas atividades que constituem o núcleo da cadeia produtiva anteriormente apresentada e é realizada a partir de informações secundárias, principalmente dos dados da RAIS, produzidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Tais informações referem-se aos estabelecimentos e aos empregos declarados pelas pessoas jurídicas ao referido Ministério. Sua cobertura se limita, portanto, ao segmento formal da economia, deixando de lado as unidades de produção de serviços e o

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emprego informal, ou seja de pessoas vinculadas a estabelecimentos que não se constituem em pessoa jurídica ou que, mesmo que tivessem essa situação legal não cumpriram a obrigação de apresentarem as informações ao Ministério do Trabalho e Emprego. Embora reconhecendo que as informações da RAIS não abrangem todo a gama de emprego de qualquer segmento, dado o grande peso do informal e as omissões naturais na prestação dos serviços, o que é importante considerar é que há, segundo os especialistas, uma cobertura dessas informações que permite que se tenha a partir delas uma idéia das grandes tendências que vêm ocorrendo.

A maior parte da análise que segue é, pois, baseada em dados da RAIS. No entanto, antes de passar para os referidos dados é importante ter-se uma visão geral dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento. Os dados da PNAD, que é uma pesquisa domiciliar do IBGE e, como tal, abrangem o emprego formal e informal, registram, como se constatou, as informações para os serviços de assessoria e consultora, sob a denominação de serviços técnicos profissionais. Tais serviços abrangem, além das atividades já assinaladas (serviços jurídicos, de contabilidade e auditoria, de pesquisa de mercado e de opinião pública, de assessoria e gestão empresarial, de arquitetura e engenharia e atividades de publicidade), os serviços de tradução, estúdio e pintura, veterinários e outros. Assim, com base nas informações da PNAD, tais serviços técnicos profissionais davam emprego, em 1999, a cerca de 35,3 mil pessoas, em Pernambuco. Desse total, cerca de 13,3 mil pessoas estavam empregadas formalmente, isto é, tratavam-se de empregados com carteira assinada ou empregadores e autônomos que tinham cobertura previdenciária. O restante das pessoas ocupadas, ou seja, 22 mil eram classificados como informal. O que significa dizer que o informal, neste segmento, abrangia cerca de 62% do total do contingente ocupado, um alto grau, portanto, de informalização.

Note-se que o contingente de pessoas ocupadas formalmente, de acordo com os dados da PNAD, é bem maior que os dados da RAIS referentes às pessoas empregadas nos estabelecimentos, como se verá adiante. Tal diferença, além dos problemas de cobertura, anteriormente assinalados nos dados da RAIS, se deve ao fato de que os donos ou sócios dos estabelecimentos não são registrados no contingente de pessoas empregadas.

4.2.1. Tamanho dos Estabelecimentos

Iniciando-se a análise, com os dados da RAIS, pelo nível de emprego, o que se nota, de acordo com a Tabela 4.1, para o conjunto dos estabelecimentos do segmento, que inclui todos os serviços anteriormente definidos, é um crescimento de 5,5 mil pessoas empregadas em 1996 para 6,3 mil em 2000. Isto significa uma expansão importante da ordem de 3,5% ao ano. Deve-se observar que ocorre uma maior intensidade da expansão do emprego até 1999, para depois a evolução registrar uma estabilização entre 1999 e 2000.

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Tabela 4.1Pernambuco: Evolução do Emprego Formal nas Atividades de Assessoria,

Consultoria e Planejamento, segundo o Tamanho do Estabelecimento - 1996-2000Tamanho do Estabelec. 1996 1997 1998 1999 2000Até 4 Empregados 1,346 1,454 1,543 1,580 1,626De 5 a 9 Empregados 925 891 915 1,012 1,118De 10 a 19 Empregados 950 1,042 1,043 890 920De 20 a 49 Empregados 962 959 839 1,097 996De 50 a 99 Empregados 629 533 603 836 1,021De 100 a 249 Empregados 401 845 1,099 905 665De 250 a 499 Empregados 271 - - - -

Total 5,484 5,724 6,042 6,320 6,346

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Constata-se, nas informações da referida tabela, o predomínio, na geração de emprego, dos estabelecimentos de pequeno porte, sobretudo aqueles que registram até 9 empregados. A participação relativa dessas diferentes categorias de estabelecimentos fica mais evidenciada na Tabela 4.2, que mostra o percentual de cada uma delas no emprego gerado em cada ano.

As informações mostram que não somente os estabelecimentos de pequeno porte (até 9 empregados) absorviam mais de 40% do total do emprego, como aumentaram a sua participação com o decorrer dos anos. Se em 1996 eles representavam no total das pessoas empregadas, cerca de 41,4% em 2000 chegavam a 43,2%. Os estabelecimentos entre 10 e 19 e os que se situam entre 20 e 49 pessoas empregadas apresentaram uma perda de importância relativa. Além disso os grandes (de 250 a 499) marcaram presença apenas no primeiro ano da série considerada. Neste caso é provável que o enxugamento de pessoas, característica do comportamento das médias e grandes empresas na década, tenha provocado uma redução do seu tamanho e, portanto, transferido para as categorias de menor porte.

Tabela 4.2Pernambuco: Participação Relativa do Emprego no Segmento de Assessoria,

Consultoria e Planejamento segundo Tamanho dos Estabelecimentos - 1996/2000.Tamanho do Estabelec. 1996 1997 1998 1999 2000Até 4 Empregados 24.5 25.4 25.5 25.0 25.6 De 5 a 9 Empregados 16.9 15.6 15.1 16.0 17.6 De 10 a 19 Empregados 17.3 18.2 17.3 14.1 14.5 De 20 a 49 Empregados 17.5 16.8 13.9 17.4 15.7 De 50 a 99 Empregados 11.5 9.3 10.0 13.2 16.1 De 100 a 249 Empregados 7.3 14.8 18.2 14.3 10.5 De 250 a 499 Empregados 4.9

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

O exame da evolução dos estabelecimentos das empresas de assessoria, consultoria e planejamento mostra alguns aspectos adicionais interessantes a respeito da estrutura e evolução desse segmento. A Tabela 4.3 mostra os dados obtidos a partir da RAIS.

Tabela 4.3

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Page 47: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Pernambuco: Evolução do Número de Estabelecimentos no Segmentode Assessoria, Consultoria e Planejamento - 1996/2000

Tamanho dos Estabelecimentos 1996 1997 1998 1999 2000Valores absolutos

0 Empregados 108 135 140 135Até 4 empregados 765 858 842 858De 5 a 9 Empregados 140 168 156 168De 10 a 19 Empregados 80 72 68 72De 20 a 49 Empregados 35 33 39 33De 50 a 99 Empregados 8 15 12 15De 100 a 249 Empregados 6 5 7 5Total 1,047 1,142 1,286 1,264 1,286

Valores relativos0 Empregados 9.5 10.5 11.1 10.5 Até 4 empregados 67.0 66.7 66.6 66.7 De 5 a 9 Empregados 12.3 13.1 12.3 13.1 De 10 a 19 Empregados 7.0 5.6 5.4 5.6 De 20 a 49 Empregados 3.1 2.6 3.1 2.6 De 50 a 99 Empregados 0.7 1.2 0.9 1.2 De 100 a 249 Empregados 0.5 0.4 0.6 0.4

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Os estabelecimentos cresceram, neste segmento, entre 1996 e 2000, a uma taxa acumulativa anual de 5,3%, maior, portanto, que o crescimento constatado, anteriormente, para o emprego formal e organizado. Este crescimento, conforme pode ser visto pela evolução da participação relativa, ocorre mais intensamente, nos pequenos estabelecimentos, administrados apenas pelos proprietários (zero empregados) e de menos de 10 empregados.

Note-se que é relativamente importante o número de estabelecimentos que não possuem empregados e têm sua administração concentrada nos sócios ou proprietários da empresa. Em 2000, do total dos 1,3 mil estabelecimentos, aproximadamente 10% estavam nesta categoria. Fica evidente, por tais informações, que o levantamento da RAIS subestima o número de pessoas ocupadas, uma vez que não registra os sócios ou proprietários dos empreendimentos. Se se admite que cada estabelecimento tem, no mínimo dois proprietários ou sócios, isto significa que, em 2000, em lugar dos 6,3 mil pessoas ocupadas, seriam 8,9 mil (somando-se os 2,6 mil, de acordo com a hipótese anterior). Número mais aproximado do total estimado a partir da PNAD, em 1999.

4.2.2. As Atividades do Núcleo

Como se fez referência anteriormente, os serviços de assessoria, consultoria e planejamento compreendem ao lado das atividades jurídicas, as atividades de contabilidade e auditoria, de pesquisa de mercado e de opinião pública, de gestão empresarial, de arquitetura e engenharia e de serviços de publicidade. Nas tabelas que seguem são apresentadas as informações sobre emprego e número de estabelecimentos que permitem

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Page 48: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

que se tenha uma visão da trajetória recente dos serviços de acordo com sua composição segundo as referidas atividades.

Na Tabela 4.4 são mostrados os dados relacionados com o emprego formal, de acordo com as atividades integrantes dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento.

Tabela 4.4Pernambuco: Evolução do Emprego Formal segundo Atividades dos Serviços

de Assessoria, Consultoria e Planejamento - 1996 - 2000Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Valores absolutosAtividade Jurídica 746 833 958 1,151 1,157Contabilidade e Auditoria 1,607 1,625 1,531 1,559 1,484Pesquisa de Mercado e Opinião Pública 86 54 53 33 67Assessoria em Gestão Empresarial 878 891 772 949 870Arquitetura e Engenharia 1,009 1,377 1,682 1,498 1,686Publicidade 1,158 944 1,046 1,130 1,082

Total 5,484 5,724 6,042 6,320 6,346Valores relativos

Atividade Jurídica 13.6 14.6 15.9 18.2 18.2 Contabilidade e Auditoria 29.3 28.4 25.3 24.7 23.4 Pesquisa de Mercado e Opinião Pública 1.6 0.9 0.9 0.5 1.1 Assessoria em Gestão Empresarial 16.0 15.6 12.8 15.0 13.7 Arquitetura e Engenharia 18.4 24.1 27.8 23.7 26.6 Publicidade 21.1 16.5 17.3 17.9 17.1

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Tomando-se como média o crescimento do emprego total, o que se percebe de imediato é a existência de atividades bastante dinâmicas, relativamente ao comportamento médio dos serviços, e atividades com uma evolução bem menor que a média ou com redução do número de pessoas ocupadas, sobretudo quando se faz a comparação com os anos extremos da série: 1996 e 2000.

Como se pode perceber pela referido tabela, as atividades jurídicas que em 1996 registravam uma participação de 13,6% alcançaram, em 2000, o percentual de 18,2%, num contexto em que ocorreu, para o total do emprego dos citados serviços um aumento em termos absolutos. As atividades de arquitetura e engenharia também tiveram, no período, uma expansão significativa do emprego formal. Este representava, em 1996, cerca de 18,4% e passou a significar, em 2000, aproximadamente, 26,6%. Estas duas atividades são, além das mais significativas, em termos relativos, as que apresentaram o maior dinamismo na absorção de emprego formal, no período.

Trajetória diferente tiveram as atividades formais de contabilidade e auditoria e as atividades de gestão empresarial e as de publicidade. Todas elas apresentaram uma redução significativa na sua participação relativa.

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As informações resumidas no Gráfico 4.1, referentes à taxa anual de crescimento do emprego formal entre 1996 e 2000, resumem as tendências recentes das atividades e estabelecem o contraste evidente entre as trajetórias das atividades que compreendem os serviços de assessoria, consultoria e planejamento.

O crescimento médio anual de 3,7% do emprego formal referente ao conjunto dos serviços, corresponde a um crescimento de 11,6% para as atividades jurídicas e de 13,7% para as atividades de arquitetura e engenharia. Todas as demais atividades - contabilidade e auditoria, gestão empresarial, de pesquisa de mercado e opinião pública e a atividade de publicidade - apresentaram redução do seu contingente quando se faz a comparação entre os valores apresentados em 1996 com os registrados em 2000. O declínio maior, como é mostrado no Gráfico 4.1, ocorreu com relação às atividades de pesquisa de mercado e de opinião pública: -6,1%.

Em resumo, as atividades que compreendem os serviços de assessoria, consultoria e planejamento, registram comportamento muito diferenciado, no período 1996/2000. O que mostra que não, obstante sua vinculação predominante com os segmentos produtivos e menos com a demanda pessoal e de indivíduos isolados, tal articulação se dá com segmentos que registram, por seu lado, dinâmicas também diferenciadas. Assim é provável que o grande dinamismo registrado pelas atividades de arquitetura e engenharia esteja vinculado ao crescimento que, recentemente, vem apresentando as atividades de construção civil no Estado de Pernambuco, associado tanto às obras públicas (rodovias, saneamento básico, porto e aeroporto) ou à construção privada, em centros urbanos importantes, vinculada à moradia e à construção de apartamentos.

No entanto, é possível que outros fatores expliquem o dinamismo do emprego, como por exemplo a automação ou introdução de informática, do que decorra uma demanda menor de técnicos e pessoal especializado. É provável que algo similar esteja, por exemplo, ocorrendo na área de contabilidade e de publicidade.

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Page 50: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Gráfico 4.1

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Levando-se em conta o número de estabelecimentos, a Tabela 4.5 registra a evolução das atividades dos serviços de acordo com esta variável. A análise segundo o número de estabelecimentos mostra as tendências já anteriormente detectadas quando do exame do número de pessoas ocupadas formalmente. Isto é, o aumento da participação das atividades jurídicas e dos serviços de arquitetura e engenharia. O que existe de diferente é o fato de que as atividades de gestão empresarial, quando se consideram os anos extremos, registram um pequeno aumento da participação dos estabelecimentos.

A respeito deste último ponto, já havia sido assinalado anteriormente o fato de que o número de estabelecimentos registra um dinamismo maior que os do número de pessoas empregadas - o emprego formal cresceu a uma taxa de 3,7% e o número de estabelecimentos a uma taxa de 5,3% entre 1996 e 2000 - e, além disso, com relação a esta variável, nenhuma das atividades registram declínio entre os anos referidos.

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Page 51: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Tabela 4.5Pernambuco: Evolução do Número de Estabelecimentos segundo

Atividades dos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento1996 - 2000

Atividades 1996 1997 1998 1999 2000Valores absolutos

Atividades Jurídicas 208 239 266 283 308

Contabilidade e Auditoria 463 492 493 519 494

Pesquisa de Mercado e Opinião 10 10 7 8 15

Gestão Empresarial 136 146 145 160 171

Arquitetura e Engenharia 126 148 161 176 184

Publicidade 104 107 113 118 114

Total 1,047 1,142 1,185 1,264 1,286Valores relativos

Atividades Jurídicas 19.9 20.9 22.4 22.4 24.0

Contabilidade e Auditoria 44.2 43.1 41.6 41.1 38.4

Pesquisa de Mercado e Opinião 1.0 0.9 0.6 0.6 1.2

Gestão Empresarial 13.0 12.8 12.2 12.7 13.3

Arquitetura e Engenharia 12.0 13.0 13.6 13.9 14.3

Publicidade 9.9 9.4 9.5 9.3 8.9

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

É provável que tais serviços, como ocorreu com parte importante da atividade produtiva de Pernambuco e do país, tenha passado, nesta fase, por um processo de enxugamento do seu pessoal ocupado formal - diminuição do contingente de empregados em razão da necessidade de redução dos custos ou em razão de processo de modernização inclusive com a intensificação do uso da informática, terceirização, etc. - de modo que não obstante o aumento mais intenso do número de estabelecimentos, isto não tenha correspondido a um aumento proporcional do número de pessoas formalmente empregadas.

No Gráfico 4.2, são apresentadas as taxas anuais de crescimento do número de estabelecimentos de acordo com as atividades compreendidas no conjunto de serviços de assessoria, consultoria e planejamento.

O que chama a atenção no referido gráfico é que em todas as atividades dos serviços analisados ocorreu uma expansão do número dos estabelecimentos, quando se faz a comparação entre os valores registrados no primeiro ano da série e do último. Mesmo em atividades como as de contabilidade e auditoria, gestão empresarial, publicidade e pesquisa de mercado e de opinião que, antes, de acordo com o Gráfico 4.1 haviam registrado diminuição do emprego formal, o que se constata no Gráfico 4.2 é aumento, por vezes substancial do número de estabelecimentos.

Tais informações sugerem que, em seu conjunto, tais serviços têm adotado a expansão através de aumento do número de estabelecimentos, mesmo que este tenha, em média um porte menor, medido pelo número de pessoas ocupadas.

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Page 52: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Gráfico 4.2

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

A respeito do que se afirmou anteriormente, vale examinar, nesta evolução dos tipos de atividades que integram os serviços de assessoria, consultoria e planejamento, quais as atividades que têm mantido ou aumentado o porte dos estabelecimentos - medido pelo número de pessoas ocupadas por estabelecimento - e quais as que registram uma diminuição do seu porte.

Tabela 4.6Pernambuco: Evolução do Tamanho Médio dos Estabelecimentos

1996-2000 (Emprego formal/número do estabelecimento)Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Atividades Jurídicas 3.6 3.5 3.6 4.1 3.8 Contabilidade e Auditoria 3.5 3.3 3.1 3.0 3.0 Pesquisa de Mercado e Opinião 8.6 5.4 7.6 4.1 4.5 Gestão Empresarial 6.5 6.1 5.3 5.9 5.1 Arquitetura e Engenharia 8.0 9.3 10.4 8.5 9.2 Publicidade 11.1 8.8 9.3 9.6 9.5

Total 5.2 5.0 5.1 5.0 4.9 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

A Tabela 4.6 mostra as informações mais relevantes a respeito. Chama-se a atenção para o fato de que é reduzida, em geral, a dimensão dos estabelecimentos em todas as

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atividades, mesmo nas que registram porte maior como é o caso das empresas de publicidade. Como tendência, deve-se registrar o pequeno aumento do porte dos estabelecimentos voltados para os serviços jurídicos e os de arquitetura e engenharia. Todas as demais atividades reduzem a dimensão dos estabelecimentos, com o decorrer dos anos. Vale notar a grande redução constatada para as atividades de pesquisa de mercado e de opinião, nas quais o número de pessoas formalmente empregadas reduziu-se, considerando-se os valores dos anos extremos, à quase a metade.

4.2.3. Distribuição Geográfica

Um dos aspectos a serem considerados no exame da evolução dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento diz respeito à sua localização nas diferentes microrregiões de Pernambuco, tanto em relação ao número de estabelecimentos como ao número de empregos gerados pelos referidos serviços.

Tabela 4.7

Pernambuco: Distribuição Espacial dos Estabelecimentosde Assessoria, Consultoria e Planejamento - 1996-2000

Microrregiões 1996 1997 1998 1999 2000Araripina 10 10 14 9 10Salgueiro 3 4 5 9 12Pajeú 13 18 20 19 24Sertão do Moxotó 14 18 15 19 19Petrolina 31 34 34 40 38Itaparica 1 2 3 3 6Vale do Ipanema 1Vale do Ipojuca 50 60 67 72 85Alto Capibaribe 2 5 6 9 7Médio Capibaribe 8 10 9 11 12Garanhuns 17 22 19 25 23Brejo Pernambucano 3 5 6 2 3Mata Setentrional 22 21 29 30 23Vitória de Santo Anão 10 13 12 14 15Mata Meridional 22 23 20 20 25Itamaracá 5 5 4 5 5Recife 826 883 911 959 961Suape 10 9 11 17 16F. de Noronha 1 1

Total 1,047 1,142 1,185 1,264 1,286

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Começando pelos estabelecimentos, constata-se a grande concentração da sua localização na Microrregião do Recife, onde estão mais de 70% dos estabelecimentos registrados pela RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego. Nas Tabelas 4.7 e 4.8 são apresentados os dados considerados mais relevantes a respeito.

Tabela 4.8Pernambuco: Distribuição Percentual do Número de Estabelecimentos

dos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento - 1996-2000

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Microrregiões 1996 1997 1998 1999 2000Araripina 1.0 0.9 1.2 0.7 0.8 Salgueiro 0.3 0.4 0.4 0.7 0.9 Pajeú 1.2 1.6 1.7 1.5 1.9 Sertão do Moxotó 1.3 1.6 1.3 1.5 1.5 Petrolina 3.0 3.0 2.9 3.2 3.0 Itaparica 0.1 0.2 0.3 0.2 0.5 Vale do Ipanema - - - - 0.1 Vale do Ipojuca 4.8 5.3 5.7 5.7 6.6 Alto Capibaribe 0.2 0.4 0.5 0.7 0.5 Médio Capibaribe 0.8 0.9 0.8 0.9 0.9 Garanhuns 1.6 1.9 1.6 2.0 1.8 Brejo Pernambucano 0.3 0.4 0.5 0.2 0.2 Mata Setentrional 2.1 1.8 2.4 2.4 1.8 Vitória de Santo Anão 1.0 1.1 1.0 1.1 1.2 Mata Meridional 2.1 2.0 1.7 1.6 1.9 Itamaracá 0.5 0.4 0.3 0.4 0.4 Recife 78.9 77.3 76.9 75.9 74.7 Suape 1.0 0.8 0.9 1.3 1.2 F. de Noronha - - - 0.1 0.1

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Há uma evidente descentralização espacial dos estabelecimentos, relativamente à Microrregião do Recife, no entanto trata-se de um processo muito tímido no período considerado. De fato, de acordo com os dados da Tabela 4.8 passa-se de uma participação, da referida microrregião, de 78,9% em 1996 para 74,7% em 2000. O que significa dizer que este subconjunto de serviços do setor formal da economia pernambucana registra uma grande concentração nos espaços muito restritos do território.

Esta desconcentração, em termos de número de estabelecimentos, beneficiou, sobretudo a Microrregião do Vale do Ipojuca - que passou de 4,8% para 6,6%, nos anos de 1996 e 2000, respectivamente - onde está situado o município de Caruaru, onde se concentra parte relevante dos estabelecimentos dos referidos serviços. O caso da Microrregião de Petrolina, em relação à qual se esperava uma crescente localização dos estabelecimentos, praticamente mantém os mesmos percentuais no decorrer dos anos. Na verdade, em todos os anos considerados, seu percentual é igual ou próximo de 3%.

É provável que nesta distribuição espacial dos estabelecimentos dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento os registros referentes aos municípios menores sejam subestimados, pois a fiscalização e divulgação a respeito dos levantamentos tendem a concentrar-se nos centros urbanos mais importantes. No entanto, os valores são muito enfáticos e, mesmo descontando esta subestimativa provável, o que se constata é uma grande concentração desse conjunto de serviços no entorno do Recife.

Com relação ao nível de emprego formal, o que se constata, de acordo com os dados das Tabelas 4.9 e 4.10, é, em primeiro lugar, que a concentração no que se refere à Microrregião do Recife é bem maior, com relação à ocupação, do que foi anteriormente

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Page 55: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

observado em relação ao número de estabelecimentos. De fato, como se verifica nos dados da Tabela 4.10, mais de 80% do emprego formal do referido segmento estava concentrado na Microrregião do Recife.

Tabela 4.9Pernambuco: Emprego Formal dos Serviços de Assessoria Consultoria e

Planejamento, segundo Microrregiões - 1996-2000 (Número de empregos)Microrregiões 1996 1997 1998 1999 2000

Araripina 30 21 23 25 22Salgueiro 18 22 30 35 50Pajeú 48 93 113 104 166Sertão do Moxotó 31 33 32 40 42Petrolina 120 105 121 138 151Itaparica 1 2 6 6 12Vale do Ipanema 1Vale do Ipojuca 201 148 198 194 214Alto Capibaribe 6 13 17 29 15Médio Capibaribe 24 29 28 31 29Garanhuns 44 50 49 53 49Brejo Pernambucano 6 172 192 3 5Mata Setentrional 66 59 67 71 67Vitória de Santo Anão 27 34 44 35 40Mata Meridional 42 43 38 35 69Itamaracá 20 26 19 17 22Recife 4,763 4,827 5,010 5,413 5,358Suape 37 47 55 90 33F. de Noronha 1 1

Total 5,484 5,724 6,042 6,320 6,346

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Neste particular, o que se constata é que embora mantenha sua grande participação, a Microrregião do Recife perde um pouco de sua participação relativa com o decorrer dos anos. Se em 1996 representava, no total do emprego formal, cerca de 86,9% em 2000 seu percentual era de 84,4%. A Microrregião de Petrolina, que tem um peso muito reduzido, como a quase totalidade das demais microrregiões, registra, dessa perspectiva, um pequeno aumento de 2% para 2,4%. Já a do Vale do Ipojuca que antes registrara, da perspectiva do número de estabelecimento, perde posição relativa quando se considera a participação na evolução do emprego. Convém ainda registrar o aumento da participação ocorrido, também da perspectiva do emprego formal, na Microrregião do Pajeú, que repete processo similar verificado em relação ao número dos estabelecimentos. Destaque-se nesta microrregião a importância dos municípios de Serra Talhada e de Afogados da Ingazeira.

Tabela 4.10Pernambuco: Emprego Formal dos Serviços de Assessoria Consultoria e Planejamento,

segundo Microrregiões - 1996-2000 (% de pessoas formalmente empregadas)Microrregiões 1996 1997 1998 1999 2000

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Araripina 0.5 0.4 0.4 0.4 0.3 Salgueiro 0.3 0.4 0.5 0.6 0.8 Pajeú 0.9 1.6 1.9 1.6 2.6 Sertão do Moxotó 0.6 0.6 0.5 0.6 0.7 Petrolina 2.2 1.8 2.0 2.2 2.4 Itaparica 0.0 0.0 0.1 0.1 0.2 Vale do Ipanema - - - - 0.0 Vale do Ipojuca 3.7 2.6 3.3 3.1 3.4 Alto Capibaribe 0.1 0.2 0.3 0.5 0.2 Médio Capibaribe 0.4 0.5 0.5 0.5 0.5 Garanhuns 0.8 0.9 0.8 0.8 0.8 Brejo Pernambucano 0.1 3.0 3.2 0.0 0.1 Mata Setentrional 1.2 1.0 1.1 1.1 1.1 Vitória de Santo Anão 0.5 0.6 0.7 0.6 0.6 Mata Meridional 0.8 0.8 0.6 0.6 1.1 Itamaracá 0.4 0.5 0.3 0.3 0.3 Recife 86.9 84.3 82.9 85.6 84.4 Suape 0.7 0.8 0.9 1.4 0.5 F. de Noronha - - - 0.0 0.0

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Em resumo, os dados anteriormente analisados mostram que é grande a concentração da atividade econômica desenvolvida pelos chamados serviços de assessoria, consultoria e planejamento na Microrregião do Recife, que concentra, nos anos considerados, mais de 70% dos estabelecimentos e mais de 80% do emprego. Além disso, percebeu-se que há um processo de desconcentração em curso, mas muito pouco significativo tanto do ponto de vista do emprego como do número de estabelecimentos.

4.2.4. A Natureza Jurídica dos Estabelecimentos

Com base na classificação adotada pelo Ministério do Trabalho e Emprego para o tratamento dos estabelecimentos segundo a sua natureza jurídica, é possível examinar-se, para os serviços de assessoria, consultoria e planejamento quais as formas de organização preferenciais, neste particular. Na Tabela 4.11 pode-se ter uma noção não só dessas formas preferenciais como de sua evolução no decorrer da segunda metade dos anos 90.

Tabela 4.11Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos de Assessoria,

Consultoria e Planejamento - (Número de Estabelecimentos) - 1996-2000Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal 3 1 1 - 3

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Page 57: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Poder Legislativo Municipal 1 - - - -Órgão Autônomo de Direito Público 2 3 1 2 4Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 14 7 8 8 5Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado 1 - 1 - -Soc. Anônima Capital Aberto - Controle Privado 1 1 - 1 -Soc. Anônima Capital Fechado 9 4 3 5 2Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 464 551 580 622 625Sociedade em Nome Coletivo - 1 1 - 1Sociedade em Comandita Simples 1 1 - - 1Sociedade Civil com Fins Lucrativos 93 117 121 125 139Sociedade em Quota de Participação - - 1 2 2Firma Mercantil Individual 132 135 128 134 143Cooperativa 2 2 1 3 3Grupo de Sociedade - 1 4 1 2Outras Formas de Organização Empresarial 25 16 15 24 21Fundação Mantida com Recursos Privados - - - - 1Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) 16 5 6 6 4Cartório 24 29 34 39 53Autônomo ou Equiparado, com Empregado 212 233 245 274 271Outras Formas de Organização e Ignoradas 47 35 34 19 6

Total 1,047 1,142 1,185 1,264 1,286

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

As informações disponíveis mostram com clareza que a seleção do tipo de organização prestadora de serviços do referido segmento está centrada em quatro tipos fundamentais:

a) sociedade por quota de responsabilidade limitada,b) sociedade civil com fins lucrativos,c) firma mercantil individual,d) autônomo ou equiparado, com empregado.

Essas quatro categorias, no último ano para o qual se dispunha de informações, compreendiam cerca de 1.178 estabelecimento dos 1.286, ou seja, 91,6%. Considerando-se somente a primeira das categorias assinaladas - sociedade por quota de responsabilidade limitada - ela alcançava quase a metade do total dos estabelecimentos em 2000, ou, mais exatamente, 48,6%.

Embora não se possa fazer uma relação entre o tipo de organização e a dimensão do estabelecimento, alguns pontos assinalados nas informações, confirmam o que já fora dito anteriormente e a respeito da pequena dimensão dos estabelecimentos. De fato, é muito pequeno o número de estabelecimentos classificados como sociedade anônima em suas várias modalidades (capital aberto, fechado, empresa pública), que é um tipo de organização mais adequada para empreendimentos de maior porte. Além disso, há um grande número de estabelecimentos classificados como “autônomos ou equiparados, com empregado”, que pode ser caracterizado como uma forma de organização preferencial dos estabelecimentos de pequeno porte. Não esquecer, neste particular, que o tamanho médio

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do estabelecimento neste conjunto de serviços que está sendo estudado é de 4,9 empregados e que um número considerável deles não registrara empregados.

As sociedades por quota de responsabilidade limitada, que é a forma de organização mais freqüente, não só tem uma importância significativa no número de estabelecimentos, como vem crescendo a taxas significativas no período considerado: entre 1996 e 2000, sua expansão foi de 7,7%, que é, sem dúvida, uma taxa importante..

Na Tabela 4.12, são apresentadas as participações relativas de cada um dos tipos de organização, de acordo com a classificação adotada pelo Ministério do Trabalho.

Tabela 4.12Pernambuco: Participação do Número de Estabelecimentos Segundo as Formas de

Organização Jurídica nos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento1996-2000

Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal 0.3 0.1 0.1 0.2 Poder Leg. Municipal 0.1 Órgão Aut. Direito Público 0.2 0.3 0.1 0.2 0.3 Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 1.3 0.6 0.7 0.6 0.4 Empresa Pública - Soc. Anônimo Capital Fechado 0.1 0.1 Soc. Anônima Capital Aberto 0.1 0.1 0.1 Soc. Anônima Capital Fechado 0.9 0.4 0.3 0.4 0.2 Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 44.3 48.2 48.9 49.2 48.6 Sociedade em Nome Coletivo 0.1 0.1 0.1 Sociedade em Comandita Simples 0.1 0.1 0.1 Sociedade Civil com Fins Lucrativos 8.9 10.2 10.2 9.9 10.8 Sociedade em Cota de Participação 0.1 0.2 0.2 Firma Mercantil Individual 12.6 11.8 10.8 10.6 11.1 Cooperativa 0.2 0.2 0.1 0.2 0.2 Grupo de Sociedade 0.1 0.3 0.1 0.2 Outras Formas de Organização Empresarial 2.4 1.4 1.3 1.9 1.6 Fundação Mantida com Recursos Privados 0.1 Associação (Condomínio, Igreja, Entidade Classe) 1.5 0.4 0.5 0.5 0.3 Cartório 2.3 2.5 2.9 3.1 4.1 Autônomo ou Equiparado como Empregado 20.2 20.4 20.7 21.7 21.1 Outras Formas de Organização./Ignorado 4.5 3.1 2.9 1.5 0.5

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

A perspectiva da natureza jurídica das empresas que desempenham as atividades de assessoria, consultoria e planejamento mostrada com base nas informações dos empregos formais é similar a este que foi apresentada anteriormente com base nos dados de número de estabelecimentos. As informações das Tabelas 4.13 e 4.14 confirmam esta constatação.

Tabela 4.13Pernambuco: Distribuição dos Empregos Formais segundo a Natureza

Jurídica dos Estabelecimentos - 1996 - 2000 (Valores Absolutos)Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal 6 2 6 9

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Page 59: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Órgão Aut. Direito Público 7 16 13 3 19Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 67 23 14 139 7Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado 15Soc. Anônima Capital Aberto 46 25 3Soc. Anônima Capital Fechado 229 91 37 81 3Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 3,171 3,408 3,820 3,642 3,972Sociedade em Nome Coletivo - 2 1 - 22Sociedade em Comandita Simples 1 1 - - 2Sociedade Civil com Fins Lucrativos 751 1,082 1,112 1,118 1,190Sociedade em Quota de Participação - - 2 4 3Firma Mercantil Individual 323 304 269 334 307Cooperativa 91 52 1 9 3Grupo de Sociedade - 1 23 1 1Outras Formas de Organização Empresarial 51 41 30 172 78Fundação Mantida com Recursos Privados 6Associação (Condomínio, Igreja, Entidade Classe) 72 11 13 17 6Cartório 128 138 155 181 243Autônomo ou Equiparado como Empregado 430 458 475 575 469Outras Formas de Organização / Ignorado 96 69 71 41 6

Total 5,484 5,724 6,042 6,320 6,346

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Em 2000, dos 6,3 mil empregos formais registrados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS), cerca de 3,9 mil estavam concentrados nos estabelecimentos constituídos como sociedade por quota de responsabilidade limitada. Outro destaque fica por conta das sociedades civis com fins lucrativos que no mesmo ano registravam cerca de 1,2 mil empregos.

O destaque para as sociedades por quota de responsabilidade reside não só na sua importância relativa quanto ao emprego formal no segmento, como no aumento em termos absoluto e relativo do emprego gerado no decorrer dos anos: de 3,2 mil empregos em 1996 alcança cerca de 3,9 mil em 2000.

Vale o registro, ainda, dos autônomos ou equiparados (com empregados) como uma forma de empreendimento que registra um número importante de empregos formais.

A Tabela 4.14 registra as mesmas informações do emprego formal, classificado segundo a natureza jurídica do estabelecimento, em termos percentuais.

Tabela 4.14Pernambuco: Percentual do Emprego Formal nos Estabelecimentos de

Assessoria, Consultoria e Planejamento, segundo Natureza Jurídica - 1996-2000Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal 0.1 0.1 - 0.1 Órgão Aut. Direito Público 0.1 0.3 0.2 0.3

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Page 60: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 1.2 0.4 0.2 2.2 0.1 Empresa Pública - Soc. Anôn. Capital Fechado 0.3 - - - - Soc. Anônima Capital Aberto 0.8 0.4 - - Soc. Anônima Capital Fechado 4.2 1.6 0.6 1.3 Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 57.8 59.5 63.2 57.6 62.6 Sociedade em Nome Coletivo 0.3 Sociedade em Comandita SimplesSociedade Civil com Fins Lucrativos 13.7 18.9 18.4 17.7 18.8 Sociedade em Quota de Participação 0.1 Firma Mercantil Individual 5.9 5.3 4.5 5.3 4.8 Cooperativa 1.7 0.9 0.1 Grupo de Sociedade 0.4 Outras Formas de Organização Empresarial 0.9 0.7 0.5 2.7 1.2 Fundação Mantida com Recursos Privados - - - - 0.1 Associação (Condomínio, Igreja, Entidade Classe) 1.3 0.2 0.2 0.3 0.1 Cartório 2.3 2.4 2.6 2.9 3.8 Autônomo ou Equiparado como Empregado 7.8 8.0 7.9 9.1 7.4 Outras Formas de Organização / Ignorado 1.8 1.2 1.2 0.6 0.1

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

Mais da metade do emprego formal, como se percebe (Tabela 4.14) está nos estabelecimentos constituídos como sociedade por quota de responsabilidade limitada. Em 1996 este tipo de emprego representava cerca de 57,8% e em 2000 chega a 62,8%. É, de longe o tipo de organização mais empregadora, nesse segmento de assessoria, consultoria e planejamento.

As formas de organização mais adequadas para empresas de porte maior - sociedade anônima de capital aberto, sociedade anônima de capital fechado, empresa pública sob a forma de sociedade anônima - não marcam presença, de modo significativo, no emprego gerado. De fato, também da perspectiva do emprego, os dados confirmam a preferência dos proprietários dos estabelecimentos por formas de organização mais adequada às empresas de pequeno porte, a exemplo das sociedades por quota de responsabilidade limitada, por autônomos ou equiparados, ou sociedades civis com fins lucrativos.

4.2.5. A Qualificação das Pessoas Ocupadas

Uma indagação importante a respeito dos serviços em análise diz respeito à qualificação das pessoas ocupadas. Neste particular pode-se adiantar que o segmento tem, sem dúvida, um peso importante de pessoas qualificadas no total do emprego formal gerado.

Tabela 4.15Pernambuco: Pessoal Ocupados Segundo Profissões e Ocupações - 1996-2000

(Valores absolutos)Profissões/Ocupações 1996 1997 1998 1999 2000

Profissionais de Nível Superior 305 329 367 376 338 Engenheiros/Arquitetos 80 99 110 110 123 Psicólogos/Assistentes Sociais 8 5 24 25 11

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Page 61: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Estatísticos/Economistas/Contadores 158 148 151 139 121 Advogados e Juristas 32 39 41 53 52 Bibliotecários/Arquiv/Analista de Ocupações 24 24 24 24 24 Outros Profissionais Nível./Superior 3 14 17 25 7

Profissionais de Direção e Chefia 282 256 279 292 256 Diretores 31 28 30 19 20 Gerentes 94 86 100 104 96 Chefes Intermediários 157 142 149 169 8

Profissionais de Administração e Secretaria 3,097 3,201 3,099 3,369 3,302 Secretários 198 195 204 226 245 Agentes Administrativos 221 190 243 272 331 Auxiliar de Administração e Escritório 2,545 2,689 2,510 2,708 2,538 Auxiliar de Escritório e Assemelhados 1,354 1,380 1,379 1,468 1,436 Auxiliar de Contabilidade/Caixa e Assem. 330 397 368 384 360 Operadores de Máquinas/Processam. 217 152 102 92 90 Outros Trabalhadores/Contabilidade e Caixa 142 289 216 183 132 Telefonistas e Assemelhados 35 37 23 29 57 Outros Trabalhadores Administrativos 378 347 341 387 385 Outros Profissionais de Administração e Secretaria 89 87 81 165 78 Recepcionistas 133 127 142 163 188

Profissionais de Comercialização e Negócios 132 77 92 195 120 Profissionais de Limpeza/Conserv/Aliment. 334 208 285 257 322 Trabalhadores Conservação/Limpeza 249 163 245 215 237 Garçons e Trabalhadores Assemelhados. 52 28 30 34 32 Outros Profissionais de Limpeza/Conservação 33 17 10 8 53

Profissionais de Seg/Administ/Edifícios 273 300 382 292 323 Pessoal Técn. Vinculado Ativid. Artistica 28 13 7 8 5 Mecânicos/Eletricistas/Assem. 133 192 309 308 413 Técnicos Diferent./Ocupações 289 339 390 366 437 Profiss/Técn/Const/Civil 147 308 258 257 234 Jornalistas/Redatores e Assemelhados 85 55 50 81 101 Motoristas e Condutores Veículos 135 142 195 180 194 Profiss/Técni/Editoraç/Tipografia 75 97 100 83 100 Outras Profissões 169 207 229 256 201

Total 5,484 5,724 6,042 6,320 6,346 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

As Tabelas 4.15 e 4.16 mostram a distribuição das pessoas ocupadas segundo os tipos de ocupação e profissões mais relevantes, nos trabalhadores vinculados aos serviços de assessoria, consultoria e planejamento. Como já se assinalou, os registros da RAIS referem-se, sobretudo, aos vínculos empregatícios, sem considerar os dirigentes e proprietários, do que decorre a subestimação das pessoas efetivamente vinculadas aos estabelecimentos.

Não obstante este fato, pode-se perceber, da composição das pessoas ocupadas a grande concentração na área administrativas e um percentual que pode ser considerado significativo de profissionais qualificados, de nível superior ou não.

Na categoria de profissionais administrativos (profissionais de administração e secretaria, na classificação adotada), estavam registrados, em 2000, aproximadamente 3,3 mil, em um total de 6,3 mil pessoas. Isto significa dizer que 52%, na referida data, estavam

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Page 62: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

vinculados às ocupações de administração e secretaria. Nestas ocupações os destaques, como se pode constatar na duas tabelas referidas, são para as atividades de auxiliar de administração e escritório, que se desdobra em várias subcategorias, entre elas a de auxiliar de escritório, que na série de anos considerados, representou entre ¼ e 1/5 do total de pessoas ocupadas. .

Quanto se somam as categorias mais qualificadas - os profissionais de nível superior e os profissionais de direção, por exemplo - verifica-se que seu peso é significativos e se aproxima de 10% do total de profissionais registrados pela RAIS para os serviços de assessoria, consultoria e planejamento. Em 2000, por exemplo, os profissionais de nível superior (engenheiros, arquitetos, psicólogos, economistas, estatísticos, contadores, advogados, etc.) representaram 5,3% e aqueles vinculados a direção e chefia (diretores, gerentes e chefias intermediárias), cerca de 4%. Pelas razões anteriormente referidas - o fato de não se proceder ao registro de proprietários e diretores-sócios dos estabelecimentos, pela RAIS deve, sem dúvida, ter subestimado a presença desta categoria mais qualificada e que, sem dúvida, é proprietária e dirigente dos escritórios dos mais diferentes tamanhos.

No que se refere à evolução das diferentes profissões, a Tabela 4.16 mostra que não ocorreram mudanças significativas na sua estrutura, com o decorrer do tempo. No entanto, considerando-se o primeiro e último ano da série, vale o destaque para o aumento da participação dos profissionais de engenharia e arquitetura e, na mesma área, os dos profissionais técnicos da construção civil. Isto, provavelmente, tem relação com os impulso, que, nos anos considerados, tiveram as atividades de construção civil no Estado de Pernambuco, inclusive, nos anos mais recentes, associadas às obras públicas dos Governo Estadual.

Também aumentaram a sua participação os secretários e os agentes administrativos, categorias específicas dos profissionais de administração e secretaria que, no seu conjunto, reduziram a sua participação, como pode ser constatado na Tabela 4.16.

Tabela 4.16Pernambuco: Pessoal Ocupados Segundo Profissões e Ocupações - 1996-2000

(Valores relativos)Profissões/Ocupações 1996 1997 1998 1999 2000

Profissionais de Nível Superior 5.6 5.7 6.1 5.9 5.3 Engenheiros e Arquitetos 1.5 1.7 1.8 1.7 1.9 Psicólogos e Assistentes Sociais 0.1 0.1 0.4 0.4 0.2 Estatísticos, Economistas e Contadores 2.9 2.6 2.5 2.2 1.9

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Page 63: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Advogados e Juristas 0.6 0.7 0.7 0.8 0.8 Bibliotecários, Arquivistas e Analista Ocupação 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 Outros Profissionais Nível Superior 0.1 0.2 0.3 0.4 0.1

Profissionais de Direção e Chefia 5.1 4.5 4.6 4.6 4.0 Diretores 0.6 0.5 0.5 0.3 0.3 Gerentes 1.7 1.5 1.7 1.6 1.5 Chefes Intermediários 2.9 2.5 2.5 2.7 2.2

Profissionais de Administração e Secretaria 56.5 55.9 51.3 53.3 52.0 Secretários 3.6 3.4 3.4 3.6 3.9 Agentes Administrativos 4.0 3.3 4.0 4.3 5.2 Auxiliar de Administração e Escritório 46.4 47.0 41.5 42.8 40.0 Auxiliar de Escritório e Assemelhados 24.7 24.1 22.8 23.2 22.6 Auxiliar de Contabil/Caixa e Ass. 6.0 6.9 6.1 6.1 5.7 Operadores de Maqui/Processam. 4.0 2.7 1.7 1.5 1.4 Outros Traba/Contab/Caixa 2.6 5.0 3.6 2.9 2.1 Telefonistas e Assemelhados 0.6 0.6 0.4 0.5 0.9 Outros Trabalhadores Administrativos 6.9 6.1 5.6 6.1 6.1 Outros Profissionais de Adm/Secret. 1.6 1.5 1.3 2.6 1.2 Recepcionistas 2.4 2.2 2.4 2.6 3.0

Profissionais de Comercializ/Negócios 2.4 1.3 1.5 3.1 1.9 Profissionais de Limpeza/Conserv/Aliment. 6.1 3.6 4.7 4.1 5.1 Trabalhadores Conserv/Limpeza 4.5 2.8 4.1 3.4 3.7 Garçons e Trabalhadores Assemelhados 0.9 0.5 0.5 0.5 0.5 Outros Profissionais de Limpeza/Conser. 0.6 0.3 0.2 0.1 0.8

Profissionais de Seg/Administ/Edifícios 5.0 5.2 6.3 4.6 5.1 Pessoal Técn. Vinculado Ativid. Artística 0.5 0.2 0.1 0.1 0.1 Mecânicos/Elet/Assem. 2.4 3.4 5.1 4.9 6.5 Técnicos Diferent./Ocupações 5.3 5.9 6.5 5.8 6.9 Profiss/Tecn/Const/Civil 2.7 5.4 4.3 4.1 3.7 Jortalistas/Redat./Assem. 1.5 1.0 0.8 1.3 1.6 Motoristas e Condut. Veíc. 2.5 2.5 3.2 2.8 3.1 Profiss/Técni/Editoraç/Tipog. 1.4 1.7 1.7 1.3 1.6 Outras Profisssões 3.1 3.6 3.8 4.1 3.2

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

No Gráfico 4.3, são apresentados para o ano 2000, os dados sobre a participação dos diferentes profissionais no total das ocupações dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, com base nas informações que já haviam sido registradas na Tabela 4.16.

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Gráfico 4.3

Pernambuco: Estrutura das Ocupações nos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento - 2000

-

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0N

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Out

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(%)

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS

As informações do referido gráfico mostram a enorme importância dos profissionais de administração e secretaria, relativamente a todas as demais categorias e pessoas ocupadas. Num plano secundário, no entanto não se pode deixar de reconhecer a

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importância relativa que têm um agrupamentos de técnicos classificados como mecânicos e eletricistas, além da categoria de técnicos de diferentes tipos de ocupação.

Ainda neste plano secundário, aparece o conjunto do pessoal de maior qualificação, anteriormente referido: os profissionais de nível superior e os profissionais de direção e chefia que excluem, no registro da RAIS, os proprietários e socio-proprietários dos estabelecimentos.

Embora a questão do grau de qualificação dos profissionais vinculados aos serviços de assessoria, consultoria e planejamento mereça um estudo separado pela sua importância, não se pode deixar de assinalar a grande participação que entre os profissionais registrados nos levantamentos, têm os que podem ser classificados como mão-de-obra qualificada, sejam de nível superior ou intermediário. De fato, da relação apresentada nas últimas tabelas ou no gráfico, fica patente este aspectos, podendo ser retirados como de menor qualificação categorias como profissionais de limpeza, conservação e alimentação, os vinculados à segurança dos edifícios ou mesmo os mecânicos e eletricistas ou, ainda os classificados como outros profissionais. No entanto as demais categorias, como os profissionais de nível superior, os de direção e chefia, os que integram os profissionais vinculadas à administração e secretaria (com algumas exceções como outros trabalhadores administrativos ou outros profissionais de administração e secretaria), os profissionais e técnicos vinculados à atividade artística, os jornalistas e redatores, os profissionais técnicos de editoração e tipografia, todos esses podem ser considerados qualificados, e, como pode ser vista nas tabelas, constituem, somados, a grande maioria dos ocupadas nos serviços de assessoria, consultoria e planejamento.

4.2.6. Considerações Adicionais

As informações anteriormente apresentadas mostraram que não obstante, em termos comparativos com outros conjuntos de serviços, o segmento de assessoria, consultoria e planejamento seja de menor dimensão, ele comporta, como os demais um conjunto de interrelações muito abrangente, compreendendo, além do seu próprio núcleo, as atividades de fornecedores de bens e serviços, as instituições financeiras e os relevantes elos da cadeia produtiva formados pelo conjunto de instituições voltadas para a formação dos recursos humanos, tanto as relacionadas com o ensino superior como as orientadas para cursos de especialização nas áreas de interesse das atividades que integram o segmento.

Em relação à estrutura do núcleo da cadeia produtiva ficou patente o grande peso que têm, no emprego formal, as atividades voltadas para contabilidade e auditoria, bem como as vinculadas aos serviços técnicos de arquitetura e engenharia. Quanto ao dinamismo na geração de emprego, o registro fica por conta das atividades jurídicas e para as atividades associadas aos serviços de arquitetura e engenharia. Todo o conjunto de atividades que constituem o núcleo registrava, em 2000, 1,3 mil estabelecimentos e empregavam 6,3 mil pessoas formalmente.

Cabe ressaltar o crescimento razoável do emprego no período (1996-2000) de 3,7% ao ano, que é o resultante de taxas muito diferenciadas entre as distintas atividades que

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constituem o núcleo da cadeia produtiva. Neste particular, enquanto as atividades jurídicas e as de arquitetura e engenharia registram taxas significativas (11,6% e 13,7%, respectivamente, outras como as de contabilidade e auditoria e publicidade apresentam uma redução do emprego.

Da perspectiva da dimensão dos estabelecimentos, quanto ao número de pessoas ocupadas, é importante destacar não só a sua pequena dimensão (4,9 pessoas empregadas por estabelecimento), quanto a tendência a sua redução no período analisado, pois o que se verificou foi o crescimento bem maior do número de estabelecimentos do que do emprego formal.

Quanto à distribuição geográfica, como era de se esperar, ocorre uma grande concentração de atividades na Microrregião do Recife, tanto do ponto de vista do emprego como do número de estabelecimentos. Há que considerar, no período, um processo de desconcentração espacial, ainda tímido.

A respeito da natureza jurídica dos estabelecimentos, as informações mostraram a grande preferência pelas sociedades de quota de responsabilidade limitada, pelas sociedades com fins lucrativos, pelas firmas mercantis individuais e autônomo ou equiparado com empregado. Formas jurídicas, coerentes com a predominância do estabelecimento de pequeno porte.

Relativamente a qualificação do pessoal, as informações mostram o grande peso do pessoal nas categorias de profissionais de administração e secretarias, mas destacam, também, a importância dos profissionais de nível superior e dos que podem ser classificados nas atividades de direção e chefia. De qualquer modo fica patente a qualificação dos empregos formais gerados pelos serviços de assessoria, consultoria e planejamento.

PARTE III – O PERFIL DE CADA ATIVIDADE DOS SERVIÇOS DE ASSESSORIA, CONSULTORIA E PLANEJAMENTO

Esta parte do trabalho, representada pelos capítulos 5 a 10, baseia-se em uma condensação de informações referentes a cada um dos serviços e apresentam as

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constatações mais relevantes sobre o perfil e a evolução de cada um dos serviços, conseguidas através de dados secundários e de entrevistas realizadas com estabelecimentos de Assessoria, Consultoria e Planejamento de cinco categorias contempladas no estudo: atividades jurídicas; contabilidade, auditoria e assessoria em gestão empresarial; pesquisa de mercado e de opinião pública; arquitetura, engenharia e assessoramento técnico especializado; e publicidade. Em seguida, com base nas informações mais qualitativas obtidas através de entrevistas com dirigentes das empresas, são apresentados os aspectos relativos ao desempenho e relações estabelecidas das empresas de cada um dos serviços, as tendências, cenários e projetos mais relevantes, além da demanda de políticas que sirvam de apoio para o seu desenvolvimento futuro.

Nos segmentos aqui analisados procurou-se enfocar todos os aspectos relacionados no roteiro de entrevista do estudo dos serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento de Pernambuco, abordando as seguintes questões: (i) perfil da clientela e do mercado, incluindo, dentre outros aspectos, uma breve caracterização das instituições pesquisadas, como se constitui, qual a localização da clientela, quais os serviços mais solicitados, os obstáculos enfrentados pelos segmentos e as suas potencialidades; (ii) cenários, estratégias e projetos relevantes, analisando a situação atual da demanda dos serviços prestados, os traços gerais dos cenários esperados, a estratégia que pretende adotar e os meios com que tem contado para realização da estratégia e os projetos que se intenta conseguir. Também são feitas avaliações do apoio governamental, através da abordagem das ações e/ou políticas públicas que poderiam constituir apoio efetivo aos segmentos; (iii) recursos humanos, abordando dentre outros aspectos, o quantitativo do pessoal ocupado dos estabelecimentos entrevistados e quais as principais carências de mão-de-obra, as relações de trabalho e a questão da capacitação; (iv) concorrência e parcerias, apontando como se dá a competição entre as empresas e de que forma ocorrem as parcerias e associações; (v) articulações e tendências, analisando as possibilidades de interação dos segmentos através da criação de um pólo de serviços, e verificando as articulações verticais e horizontais entre as empresas; tecnologia e gestão; e propostas para melhoria dos segmentos. Como última parte do relatório, apresentam-se, de forma consolidada, as considerações finais, sintetizando os principais aspectos analisados no decorrer do documento.

Apesar das dificuldades encontradas no agendamento das entrevistas, vale registrar os agradecimentos a todos os sócios, dirigentes e administradores dos estabelecimentos pesquisados, que dispuseram do seu tempo com presteza e atenção, disponibilizando, com toda a paciência, as valiosas informações que permitiram uma caracterização dos setores examinados, ao que se deve a elaboração deste trabalho. É importante destacar que alguns segmentos foram mais contemplados do que outros no volume de entrevistas realizadas devido à dificuldade que a equipe responsável pelo estudo teve para agendá-las, fato ocorrido principalmente no segmento de pesquisa de mercado e de opinião pública. Deve-se ressaltar o caráter exploratório do presente trabalho, que, em pesquisas futuras deve ser aprofundado. Neste trabalho optou-se pelo levantamento direto através de entrevistas semi-estruturadas, em um número menor de estabelecimentos e que permitiam um maior aprofundamento dos temas, do que a aplicação de questionários sumários sobre número reduzido de temas por intermédio de questões fechadas.

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Com o objetivo de captar, nos vários temas abordados, a perspectiva tanto em relação a caracterização da instituição, quanto a demanda e as tendências gerais, ou, ainda, no que se refere à concepção e as relações existentes no segmento de Assessoria, Consultoria e Planejamento de Pernambuco, procurou-se, na análise dos dados, garantir o máximo de fidelidade à visão dos dirigentes das unidades entrevistadas.

Tal caracterização diz respeito não só a descrição dos referidos segmentos, mas abrange pontos centrais dos problemas e das potencialidades que eles têm, além do relacionamento com o setor público, o que, certamente, envolve questões da maior relevância para a formulação de propostas ou de políticas para o segmento. A mesma utilidade têm as informações relacionadas com a identificação das tendências e a explicação das propostas mais relevantes, nas estratégias adotadas pelos diferentes setores.

Em resumo, as considerações apresentadas abrangem tanto aspectos descritivos dos setores quanto informações que dizem respeito à sua problemática e à estratégia de soluções que as diferentes áreas contempladas vêm apresentando para as questões que, presentemente, enfrentam.

Em cada um dos serviços, os temas relativos às entrevistas são precedidos de uma apresentação sumária de aspectos gerais, baseada em informações secundárias, levantadas pelo Ministério do Trabalho (RAIS).

5. SERVIÇOS JURÍDICOS

5.1. Aspectos Gerais

O segmento de consultoria jurídica, com 308 estabelecimentos e 1,2 mil pessoas formalmente empregadas em 2000, ocupa a segunda colocação no que se refere ao número de empresas que compõem as atividades dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento (ver Tabela 4.5) e a terceira posição na geração de empregos formais (conforme Tabela 4.4). Em relação ao número de estabelecimentos de acordo com a sua natureza jurídica, a Tabela 5.1 mostra que a maior concentração das empresas dos serviços jurídicos ocorre na modalidade de ‘autônomo ou equiparado, com empregado’, em um número que correspondia a 31,5% das unidades do segmento em 2000, praticamente a mesma proporção que havia sido detectada em 1996 (31,2%).

Outra categoria de atividade significativa no segmento é a da ‘sociedade civil com fins lucrativos’, que representava em 2000, 26,3% dos estabelecimentos. Essa modalidade de empresa, inclusive, apresentou um considerável incremento entre 1996 a 2000, crescendo a uma taxa anual de 17%. No primeiro ano do período esse tipo de estabelecimento equivalia a apenas 17,8% das empresas prestadoras de serviços jurídicos.

Apresentando um patamar relativamente aproximado, os dados da RAIS indicam as categorias dos ‘cartórios’ e as ‘sociedades por quota de responsabilidade limitada’, cujas participações relativas eram de, respectivamente, 16,9% e 15,3%, em 2000.

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Estes quatro tipos de estabelecimentos, que representavam em 1996 aproximadamente 79% das empresas de prestação de serviços jurídicos, apresentam em 2000 uma concentração ainda mais acentuada. Os dados da RAIS apontam que nesse ano nove entre dez unidades produtivas do segmento pertenciam ao rol dessas quatro categorias (89,9%), o que em termos quantitativos representavam 277 entre 308 estabelecimentos.

Tabela 5.1Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços Jurídicos, por Número

de Estabelecimentos – 1996-2000Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Estadual 1 1 1 - -Órgão Autônomo de Direito Público 1 1 - 1 1Empresa Publica - Soc. Quota Responsabilidade Limitada 3 - 1 - 1Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado 1 - - - -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 39 47 52 54 47Sociedade em Nome Coletivo - 1 1 - 1Sociedade Civil com Fins Lucrativos 37 54 64 68 81Sociedade em Quota de Participação - - 1 1 1Firma Mercantil Individual 12 19 16 14 16Pessoa física equiparada a jurídica 7 7 3 2 -Outras Formas de Organização Empresarial 5 3 5 6 6Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) 2 1 2 2 3Cartório 24 28 33 39 52Autônomo ou Equiparado, com Empregado 65 71 78 89 97Outras Formas de Organização e Ignoradas 11 6 9 7 2

Total 208 239 266 283 308Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Em termos de empregos gerados, a Tabela 5.2 mostra que entre 1996 e 2000 ocorreu um incremento de 55,1% no volume total dos empregos formais apontados pelo segmento dos serviços jurídicos, passando de 746 ocupações para 1.157, o que significa uma taxa de crescimento anual de 11,6%. O registro maior fica por conta das empresas caracterizadas como ‘sociedade civil com fins lucrativos’, que apesar de não ser a categoria com maior número de estabelecimentos abrigava 45,5% dos empregos formais, além de apresentar uma taxa de crescimento anual entre 1996 e 2000 de cerca de 16%. Vale destacar que o desempenho dessa categoria tem sido sempre crescente em todo o período analisado. Ainda em referência ao emprego gerado, merecem ser apontadas as empresas do tipo ‘cartório’ e ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’, que em 2000 abrigavam, respectivamente, 20,8% e 14,0% do pessoal ocupado no segmento das atividades jurídicas.Como já se assinalou anteriormente, é importante lembrar que em razão de não registrar os dirigentes das empresas como pessoal ocupado, o levantamento da RAIS subestima, certamente, o número de pessoas efetivamente vinculadas às atividades.

Tabela 5.2

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Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços Jurídicos, por Número de Empregados – 1996-2000

Natureza Jurídica 1996 1997 1998 1999 2000 Poder Executivo Estadual 1 2 2 - -Órgão Autônomo de Direito Público 2 13 - 1 11Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 28 - - - 1Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado 43 - - - -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 130 126 158 198 162Sociedade em Nome Coletivo - 2 1 - 22Sociedade Civil com Fins Lucrativos 249 382 451 491 527Sociedade em Quota de Participação - - 2 1 2Firma Mercantil Individual 19 25 30 36 1Pessoa física equiparada a jurídica 9 8 3 1 -Outras Formas de Organização Empresarial 7 9 9 18 39Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) 3 1 4 3 4Cartório 128 136 153 181 241Autônomo ou Equiparado, com Empregado 111 123 130 211 147Outras Formas de Organização e Ignoradas 16 6 15 10 -

Total 746 833 958 1.151 1.157 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Pela análise do tamanho dos estabelecimentos verifica-se uma predominância, na oferta de emprego, nas empresas de pequeno porte, como revela a Tabela 5.3. Nela observa-se que 84% correspondia a microempresas (até quatro empregados). Considerando como pequenas unidades as com até nove pessoas ocupadas, a proporção atinge 93%. Os dados indicam que nos quatro anos do período considerado (1997 a 2000) a absorção do total de emprego permanece quase que constante nesses estabelecimentos de pequeno porte (92,4% em 1997 contra 93% em 2000).

Tabela 5.3Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços Jurídicos Segundo o Porte das

Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 17 17 25 17Ate 4 Empregados 184 242 206 242De 5 a 9 Empregados 20 28 31 28

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De 10 a 19 Empregados 14 10 12 10De 20 a 49 Empregados 3 9 6 9De 50 a 99 Empregados 1 1 2 2De 100 a 249 empregados - 1 1 -

Total 239 308 283 308 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Por sua vez, a Tabela 5.4 mostra que nas pequenas unidades produtivas (empresas com até nove pessoas ocupadas) o número de empregados é bastante significativo, com 56,2% das firmas que prestam serviços jurídicos em 1996, proporção que se reduz para 52,8% em 2000. Verifica-se também na tabela em alusão que as microempresas (com até quatro funcionários) apontam um expressivo incremento de 60,5% no período entre 1996 e 2000, mas é nos estabelecimentos que contam de 20 a 49 pessoas ocupadas que acontece o maior aumento, mais do que duplicando seu contingente, passando de 136 unidades para 286, o que equivale à marca de 110,3%.

Estas duas últimas tabelas apresentam alguns aspectos que merecem destaque no que tange à estrutura de evolução das empresas de consultoria jurídica. O primeiro vai para as unidades de porte médio (de 20 a 49 empregados) que aponta para uma redução no número médio de empregados de 37 pessoas em 1997 para aproximadamente 32 em 2000, sugerindo uma redução de 13,5% no contingente de vagas geradas nessa categoria nos 4 anos considerados, o que indica decréscimo a uma taxa média anual de 3,7%. Provavelmente tal fato se deu por conta de um processo de enxugamento no emprego formal ocorrido em toda a atividade produtiva, pressionada pela necessidade de reduzir seus custos operacionais ou até mesmo devido ao investimento na informática, que além de diminuir as despesas, agilizou o processo produtivo das empresas. Por sua vez, os estabelecimentos de pequeno porte (com até nove funcionários) mantém a mesma proporção de pessoas ocupadas (2,2 por unidade) nos anos analisados.

Tabela 5.4Pernambuco: Empregados Segundo o Porte dos Estabelecimentos dos Serviços Jurídicos 1996-

2000

Nº EmpregadosAno

1996 1997 1998 1999 2000 Ate 4 Empregados 271 327 367 372 435De 5 a 9 Empregados 148 129 133 199 176De 10 a 19 Empregados 88 185 203 164 127De 20 a 49 Empregados 136 111 97 187 286

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De 50 a 99 Empregados 103 81 54 115 133De 100 a 249 empregados - - 104 114 -

Total 746 833 958 1.151 1.157 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

A análise dos dados da RAIS no que diz respeito à localização geográfica das empresas de consultoria jurídica no Estado de Pernambuco, visualizada nas Tabelas 5.5 e 5.6, permite que se apresentem algumas considerações de destaque sobre o assunto. De início, observa-se que a concentração dos estabelecimentos nessa categoria ocorre na mesorregião Metropolitana do Recife, mais especificamente na microrregião do Recife. De fato, os números mostram que em 2000 pouco mais de 3/4 das empresas que prestam serviços jurídicos no Estado localizavam-se na mesorregião Metropolitana do Recife (mais especificamente 76,9%, ou seja, 237 unidades), com a microrregião do Recife computando 232 dessas empresas, equivalentes a 75,3% do universo (ver Tabela 5.5). Vale salientar que em 1996 essas proporções eram mais elevadas, chegando a atingir 84,1% no primeiro caso e 83,2% no segundo. À luz dos dados da RAIS pode-se afirmar que essa redução nos estabelecimentos da mesorregião Metropolitana do Recife trouxe proveito, de certa forma, para a mesorregião do Agreste Pernambucano, que apresentou um incremento, no período considerado, de 164,3%, passando de 14 empresas para 37. Nessa área o destaque vai para a microrregião do Vale do Ipojuca, que tem o município de Caruaru como o seu expoente máximo, e que detinha em 2000 mais da metade das empresas de consultoria jurídica da mesorregião em questão, mais especificamente 59,5%.

Na realidade, o que se constata é uma grande aglomeração de estabelecimentos que prestam serviços de assessoria e consultoria jurídica na Região Metropolitana do Recife. Apesar das estatísticas que dizem respeito aos pequenos municípios da região serem falhas, por conta da precariedade dos registros, pode-se inferir que as empresas representativas dessa categoria correspondam a no mínimo 80% do contingente estadual.

Tabela 5.5Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços Jurídicos por Mesorregiões e Microrregiões –

1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 7 8 9 11 13 - Araripina 1 2 4 4 4 - Salgueiro - - - 1 1 - Pajeú - - - 1 1 - Sertão do Moxotó 6 6 5 5 7

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 6 5 6 6 10 - Petrolina 6 5 6 6 9

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- Itaparica - - - - 1

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 14 23 25 28 37 - Vale do Ipanema - - - - 1 - Vale do Ipojuca 9 14 16 17 22 - Alto Capibaribe - 1 1 - - - Médio Capibaribe 1 2 2 3 5 - Garanhuns 2 4 4 7 7 - Brejo Pernambucano 2 2 2 1 2

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 6 8 7 8 11 - Mata Setentrional Pernambucana - 2 2 4 3 - Vitória de Santo Antão - - - - 1 - Mata Meridional Pernambucana 6 6 5 4 7

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 175 195 219 230 237 - Itamaracá 1 1 1 2 2 - Recife 173 194 218 226 232 - Suape 1 - - 2 3

TOTAL 208 239 266 283 308Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Direcionando a análise para o nível de emprego formal gerado, a Tabela 5.6 aponta que a maioria das ocupações do segmento se dá na mesorregião Metropolitana do Recife, onde 88,5% do contingente dos trabalhadores se localizam (e dos quais 87,3% - 1.010 ocupações - referem-se à microrregião do Recife). Entre 1996 e 2000 a mesorregião em tela tem apresentado um contínuo aumento no número de empregos gerados, a uma taxa média de 9,1% ao ano, com um incremento no período de 54,4%. Nas demais áreas do Estado o peso dos empregos formais gerados é bastante reduzido, com o Agreste contribuindo com a maior parcela (5,4%), seguido pelo Sertão (2,4%), São Francisco Pernambucano (2,1%) e Mata (1,6%).

Tabela 5.6Pernambuco: Empregados dos Serviços Jurídicos por Mesorregiões e Microrregiões

1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 10 12 20 32 28 - Araripina 1 3 9 8 6 - Salgueiro - - - 7 6 - Pajeú - - - 6 2 - Sertão do Moxotó 9 9 11 11 14

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 28 25 26 22 24 - Petrolina 28 25 26 22 20 - Itaparica - - - - 4

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Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 39 46 50 54 63 - Vale do Ipanema - - - - 1 - Vale do Ipojuca 29 30 36 37 44 - Alto Capibaribe - 3 3 - - - Médio Capibaribe 2 4 5 8 9 - Garanhuns 4 6 4 8 7 - Brejo Pernambucano 4 3 2 1 2

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 6 10 11 13 18 - Mata Setentrional Pernambucana - 3 3 8 4 - Vitória de Santo Antão - - - - 1 - Mata Meridional Pernambucana 6 7 8 5 13

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 663 740 851 1.030 1.024 - Itamaracá 6 10 8 10 8 - Recife 656 730 843 1.018 1.010 - Suape 1 - - 2 6

TOTAL 746 833 958 1.151 1.157Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

5.2. O Perfil do Cliente e do Mercado

O relatório sobre os serviços de consultoria jurídica baseia-se em seis entrevistas estruturadas, levadas a efeito entre março e maio de 2003, junto a três empresas de médio a grande porte e três de pequeno porte. Segundo os gestores entrevistados, para as atividades de consultoria jurídica, são consideradas de médio a grande porte as instituições com mais de 30 empregados e de pequeno porte, aquelas com mão-de-obra inserida no intervalo entre 5 e 15 pessoas ocupadas. No que se refere à função dos entrevistados, vale salientar que todos são advogados e sócios das empresas pesquisadas, as quais, de modo geral, desenvolvem atividades de consultoria empresarial em praticamente todas as especialidades, com exceção da área penal.

A clientela do segmento é constituída predominantemente por pessoas jurídicas (aproximadamente 90%), com os 10% restantes compondo-se de pessoas físicas. No caso de pessoa jurídica, os tipos de instituições que demandam serviços correspondem essencialmente a: Bancos; Sociedades Comerciais (atacadistas e varejistas); Companhias Seguradoras; Empresas Industriais, Estabelecimentos Prestadores de Serviços Diversos; Construtoras; e Hospitais.

Pouco mais de 3/4 das unidades que utilizam os serviços de consultoria e assessoria jurídica de Pernambuco referem-se a empresas localizadas na Região Nordeste, sendo que deste total, pouco mais de 70% dizem respeito à demanda no próprio Estado, enquanto 5% equivalem a outros Estados, basicamente Bahia e Ceará. Por sua vez, as demais regiões brasileiras, com a predominância do Sudeste (São Paulo, principalmente), respondem por 20% da contratação dos serviços do setor.

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Os serviços mais solicitados compreendem: Consultoria; Direito Comercial e Tributário; Seguros; Cobranças; e Serviços Jurídicos em Geral, onde a consultoria funciona como um departamento jurídico da contratante. Dentre o conjunto de atividades que desempenham, os estabelecimentos pesquisados consideram como as mais importantes nos trabalhos que vêm desenvolvendo nos últimos anos, aquelas concernentes ao direito comercial e ao direito tributário, as quais coincidem com as mais requisitadas pela clientela.

Nos últimos cinco anos, metade dos estabelecimentos pesquisados declarou ter crescido a um ritmo moderado, que basicamente poderia se considerar uma quase manutenção do mesmo nível de atividade. Apenas uma das empresas apresentou uma trajetória de crescimento muito intenso e participação crescente no mercado, enquanto outra entrevistada alegou ter reduzido o nível de atividade.

Dentre os obstáculos percebidos pelos entrevistados para a ampliação ou consolidação da atividade das suas empresas foi apontado como o de maior influência a crise econômica, que acarreta constantes oscilações no mercado financeiro, impedindo que se façam investimentos. Um outro problema diz respeito ao descrédito do Poder Judiciário, responsável pela lentidão da Justiça acarretando atrasos consideráveis nos processos dos clientes o que significa prejuízos monetários para eles e, conseqüentemente para as prestadoras de serviços de consultoria. Por sua vez, os órgãos públicos, responsáveis por uma parcela significativa dos contratos do segmento, privilegiam preços, e não técnicas, trazendo prejuízos constantes para as empresas de assessoria e consultoria jurídica que concentram esforços na qualidade e eficácia dos serviços prestados.

Apesar das dificuldades apontadas, o segmento apresenta algumas potencialidades, sendo destacado o crescimento da demanda da advocacia consultiva ou preventiva, que embora seja menor remunerada, é uma atividade mais constante, o que tem contribuído para a ampliação e consolidação dos empreendimentos. Outro aspecto positivo é o da promoção de cursos no Estado envolvendo temas jurídicos, bastante demandados pelo mercado. Também foi mencionado que, com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Direito Público tem crescido significativamente, indicando uma tendência de crescimento ainda mais acentuado.

5.3. Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes

O cenário apontado pela grande maioria dos entrevistados, para os próximos anos, é o de crescimento moderado ou manutenção do nível de atividade, registrando-se apenas uma empresa que declarou estar desenvolvendo uma expansão intensa das suas atividades. Como justificativa para o primeiro cenário sugerido, as empresas de consultoria jurídica creditam ao fato de estarem sofrendo uma invasão de escritórios de outras regiões do país, principalmente do eixo do Sudeste, uma tendência da permanência das grandes empresas do ramo no mercado.

Essa opinião remete as empresas de consultoria locais a enfatizar a melhoria da qualidade dos serviços prestados como a principal estratégia considerada unanimemente

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como a mais adequada para superar os obstáculos e aproveitar as potencialidades. Ainda merecem menção, embora na visão de um número minoritário de estabelecimentos, a estratégia de se investir na redução dos custos da empresa e na publicidade. Numa tentativa de justificar escolha das estratégias indicadas, os entrevistados concordam que é importante se pensar na qualificação dos funcionários adaptada ao mercado atual, principalmente no segmento da advocacia consultiva.

Fazendo uma comparação entre as empresas locais e as empresas de outras regiões ou, do modo mais geral, do País, os empresários pesquisados, de modo geral, concordam que os estabelecimentos de consultoria jurídica do Estado nada devem aos de fora. Um aspecto a se destacar neste sentido é a existência de profissionais qualificados, e geralmente bem criativos. Porém, número reduzido de entrevistados acha as empresas de São Paulo mais preparadas, em todos os sentidos, mas que a diferença não é tão acentuada como se poderia imaginar, e que a grande diferença se dá pelo volume de demanda do mercado e a grande diversidade de casos que obriga as prestadoras de serviços a manter nos seus quadros especialistas em questões que não se justificam existirem aqui.

Na estratégia de atuação das empresas, a informatização destaca-se, dentre os projetos desenvolvidos, como os de maior prioridade e relevância. Para os entrevistados, é através desta ferramenta que se mantém a clientela, oferecendo melhor qualidade no atendimento e maior agilidade na prestação dos serviços. Aliado a este instrumento, é imprescindível às prestadoras de serviços personalizar mais o atendimento, atentando para as características individuais e procurando entender o ramo de atuação dos clientes. Verificou-se o caso de um estabelecimento que pretende se associar a empresas dos Estados Unidos, buscando ampliar seus horizontes, aprender novas técnicas e assim elevar o poder de competitividade.

Para a concretização dos projetos considerados importantes a maioria absoluta das empresas têm contado apenas com recursos próprios, ao passo que apenas uma recorreu a empréstimo junto a instituição bancária, utilizado para aquisição de equipamentos, através de um programa para compra de computadores e softwares, a juros baixos. Mesmo assim é unânime a afirmação de que o acesso ao crédito é dificultado devido principalmente aos juros elevados e em menor escala aos entraves burocráticos para obtê-lo.

Outra unanimidade apontada pelo segmento é a ausência total do apoio governamental, no âmbito das três esferas (federal, estadual ou municipal), para o desenvolvimento e consolidação das atividades das empresas. Metade das empresas pesquisadas considera dispensável este tipo de apoio, principalmente porque a maioria das demandas corresponde a pendências contra o Estado.

Para os entrevistados que consideram relevante o apoio governamental, o tipo de atuação que deveria ser desenvolvida pelo poder público de modo a consolidar as atividades dos estabelecimentos seria a de agilizar o Judiciário e procurar acabar com a corrupção, que tem se tornado num dos maiores entraves que o segmento enfrenta.

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Page 77: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Dentre outros meios e instrumentos que consideram importantes para o desenvolvimento e consolidação das prestadoras de serviços de consultoria jurídica mencionou-se o investimento na capacitação, principalmente nas áreas mais novas, como o comércio exterior e as relações internacionais, e fundamentalmente no que diz respeito à tecnologia da informação.

5.4. Recursos Humanos

Neste item são abordadas questões referentes aos recursos humanos, desde a análise do quantitativo da mão-de-obra disponível para as diversas áreas das instituições que prestam serviços jurídicos a aspectos concernentes às relações de trabalho, perpassando pela capacitação, quando se abordam as principais carências e demandas por oportunidades de treinamento e suas formas de implantação.

No que diz respeito aos aspectos quantitativos da mão-de-obra empregada observaram-se as seguintes características:

a) As unidades de médio a grande porte analisadas possuem, em média, 32 pessoas ocupadas; as de pequeno porte empregam, em média, 8 pessoas; em média elas registravam, no seu conjunto, 20 pessoas;

b) Aproximadamente 4/5 do contingente ocupado de todas as instituições pesquisadas (80,5%) encontra-se nas empresas de médio a grande porte;

c) Cerca de 1/5 do pessoal ocupado nas empresas possui nível superior;d) Nos estabelecimentos de médio a grande porte a proporção do pessoal

vinculado a atividades administrativas é ligeiramente superior à do pessoal técnico (46% contra 44%, respectivamente); já no que se refere às pequenas empresas, os papéis se invertem, com a mão-de-obra técnica sobrepujando a administrativa (48% contra 39%, respectivamente);

e) Há um número relativamente reduzido de pessoas vinculadas à área dos serviços auxiliares, que congrega serventes, vigilantes e pessoal de serviços gerais, representando, no seu conjunto, 9,5% do total de empregados das unidades de médio a grande porte e 13% das pequenas.

O quadro das relações de trabalho aqui apresentado aponta para uma certa simplificação nos arranjos institucionais vigentes. A alocação dos empregados geralmente é feita através de contrato de trabalho direto, raramente recorrendo-se a serviços terceirizados. Da perspectiva dos recursos humanos ou da oferta de pessoal (técnico, administrativo, etc.) capacitado para o desempenho das atividades desenvolvidas pelas empresas, as opiniões dos entrevistados são divididas. Metade dos empresários concorda que existem dificuldades para sua contratação e a outra metade não vê nenhum problema. Para os que consideram existir dificuldades, elas ocorrem em todos os níveis de ocupações devido ao baixo nível de ensino oferecido pelas instituições capacitadoras, porém este fato é mais exacerbado na contratação de estagiários e profissionais da área de direito, devido à proliferação de cursos de advocacia no Estado, a maioria de baixa qualificação. Por seu turno, os bons profissionais da área buscam, na sua maioria, uma colocação no serviço

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Page 78: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

público através de concursos, uma vez que a remuneração é bastante compensadora e o volume de trabalho é bem menor do que na iniciativa privada.

Uma das preocupações constantes dos entrevistados tem sido com a demanda de profissionais que conheçam os fundamentos básicos da profissão nas diversas áreas demandadas pela clientela da empresa. Além disso, um atributo indispensável é que saibam pesquisar o mercado em busca de melhores oportunidades de negócios, que saibam discernir o que está se passando em todo o sistema e, acima de tudo, tenham a habilidade para captar a diferenciação das vertentes tecnológicas que surgem a cada momento.

Uma tendência básica observada em praticamente todas as atividades produtivas e particularmente nos serviços jurídicos, vincula-se diretamente às novas tecnologias. É bastante significativa a quantidade de novos equipamentos, acompanhados pelos softwares específicos nas áreas técnicas. Nota-se, por parte dos gestores entrevistados, uma concordância generalizada de que quem não trabalhar aliado à tecnologia, sem deixar de lado, é claro, a questão da qualidade, tende a perder espaço no mercado. Desse modo, é imprescindível uma correlação constante da tecnologia que se encontra embutida no trabalho cotidiano com a qualificação do pessoal. Isto, porém, tem sido um problema o maior obstáculo do segmento, uma vez que é difícil conseguir no mercado pessoas com esse nível de qualificação.

Apesar das dificuldades apontadas, a adoção de políticas de recursos humanos visando o atendimento das necessidades ainda é bastante incipiente. Pouquíssimas empresas mantêm um setor específico para seleção, recrutamento e capacitação do seu pessoal. A alegação mais recorrente dos entrevistados é a de que por se tratar de estabelecimentos de pequeno porte, quando surge a necessidade por um determinado tipo de profissional se busca no mercado. Para eles, o aprendizado se dá no dia a dia, uma vez que o custo para se adotar uma política de capacitação é bastante elevado para as empresas, que já vivem em constante esforço de redução de custos.

5.5.Concorrência e Parceria

Questionados sobre como se dá a concorrência entre as empresas da mesma especialização no setor de atividades de consultoria jurídica, a resposta mais freqüente (metade dos entrevistados) foi a de que existe uma grande empresa ou poucas grandes instituições que dominam o mercado. Um dos empresários pesquisados considera que são muitos pequenos estabelecimentos competindo em pé de igualdade.

Metade dos entrevistados concorda que o foco maior da competição entre as empresas do segmento está concentrado na qualidade dos serviços. Dependendo do volume da procura, o custo pode baixar, mas o enfoque principal é na qualidade dos serviços. Para um gestor pesquisado, nos serviços de valores mais baixos a concorrência vem através do preço. A partir de valores ou contratos maiores a concorrência é pela especialização, qualidade ou relacionamento pessoal.

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Para outros dois gestores, a competição se estabelece através do binômio qualidade/custo, com o primeiro aspecto apresentando um peso maior na escala de exigência da clientela. É certo que a primeira opção de demanda beneficia aqueles que prestam melhores serviços, mas também é significativa a opção dos melhores preços do mercado.

No que diz respeito à cooperação entre empresas sob a forma de parcerias e associações, num tipo de articulação horizontal, é unânime a afirmação de que são raras as experiências nesse sentido em Pernambuco, a não ser no caso de alguma empresa de fora do Estado solicitar para que sejam representadas em questões de seus clientes. Existe um bom relacionamento, afirmam os entrevistados, mas não há articulação em parcerias ou associações para realização de trabalhos conjuntos. Para dois dos entrevistados, o que vem ocorrendo com freqüência é a fusão ou aquisição de empresas locais por parte de escritórios do Sudeste, principalmente do eixo Rio de Janeiro/São Paulo ou mesmo do exterior.

5.6. Articulações e Tendências

Perguntados sobre a possibilidade de as atividades de assessoria e consultoria jurídica se articularem e interagirem de forma coordenada sob a forma de um Pólo de Assessoria e Consultoria, a exemplo do que vem sendo discutido na formação dos Pólos Médico, de Informática e do Turismo, cinco das seis empresas pesquisadas consideram essa ação de fundamental importância para a consolidação do segmento. Eles concordam que embora parcela dos serviços oferecidos já esteja saturada no Estado e na própria Região Nordeste, existem outras atividades que ainda não estão desenvolvidas o suficiente, tornando-se necessário esse movimento de interação, uma vez que o segmento é bastante desarticulado. Ademais, Pernambuco sedia a 5ª Região do TRF, englobando os Estados de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará o que contribuiria para esse fortalecimento.

Quanto a uma articulação vertical, as relações dos prestadores de serviços jurídicos com empresas ou instituições dos mais diversas tipos merecem ser mencionados:

1. associação com algumas instituições de ensino, no apoio na formação, treinamento e reciclagem de recursos humanos;

2. a empresas de informática, visando capacitação de mão-de-obra e manutenção dos equipamentos, e desenvolvimento de Home Page;

3. com bancos, para o financiamento da ampliação ou desempenho da atividade;4. ao Instituto Euvaldo Lodi - IEL e o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE,

visando ao aperfeiçoamento e apoio empresarial ou gerencial, principalmente no que tange à aquisição de estagiários;

5. e a estabelecimentos comerciais diversos na aquisição de insumos ou material necessário para o desempenho das atividades.

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5.7. Tecnologia e Gestão

Do ponto de vista da gestão tecnológica, as empresas pesquisadas apresentam em comum a utilização de equipamentos de processamento de dados e informática, o uso da Internet (uma delas mantendo um projeto de consultoria virtual) e o controle de qualidade dos serviços prestados. Neste caso, é feita uma pesquisa periódica por parte dos funcionários, para saber o grau de satisfação dos clientes.

No que se refere aos serviços de informática, esta ferramenta é utilizada por todos os estabelecimentos analisados, nos setores de administração e atendimento ao cliente, registrando-se também casos separados de aplicação deste instrumental no almoxarifado, na biblioteca e no arquivo. Acerca do uso da Internet, uma empresa está concluindo a criação de uma Home Page que terá serviços para clientes através desse meio, enquanto todas as entrevistadas estão interligadas com Tribunais, onde é disponibilizada toda a legislação do Estado e com a IOB.

5.8 Propostas

Na visão das pessoas entrevistadas, dentre as propostas consideradas as mais relevantes que devam ser adotadas pelo setor público e que beneficiariam os segmentos de assessoria e consultoria jurídica destacam-se, como primeira opção a de melhorar o Judiciário com novos concursos para a Magistratura, neste particular são considerados relevantes:

a) Realizar uma limpeza no Judiciário, uma vez que a corrupção existente tem contribuído para inibir e descaracterizar a função do advogado;

b) Criar mecanismos para simplificar os Processos; c) Investir na ampliação do apoio à empresa (através do SEBRAE); d) Criar formas de reduzir a carga tributária.

Como segunda opção foram mencionadas:

a) A necessidade de se investir na qualificação do nível profissional; b) Ampliar o número de juízes. O Brasil possui uma baixa relação juiz/população;c) Reformular o Judiciário, visando tornar mais efetiva a prestação do serviço.

6. SERVIÇOS DE CONTABILIDADE, AUDITORIA E ASSESSORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL

Esta parte do relatório tem como objetivo examinar os serviços de Consultorias e Assessorias Contábeis, Econômicas e Administrativas no Estado de Pernambuco, pretendendo-se nesse sentido tecer comentários sobre a dinâmica desse segmento, que engloba, de acordo com a classificação adotada pela Comissão Nacional de Classificação do Ministério de Estado do Planejamento Orçamento e Gestão (CNAE – Classificação

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Nacional de Atividades Econômicas), as atividades de contabilidade e auditoria, e assessoria em gestão empresarial. Objetiva também relatar a respeito de sua representatividade econômica no setor de serviços pernambucanos assim como destacar suas tendências recentes e as interrelações estabelecidas com o restante da economia.

6.1. Aspectos Gerais

6.1.1 Segmento de Contabilidade e Auditoria

De acordo com os dados da RAIS, trata-se da atividade de serviços de assessoria, consultoria e planejamento que detém o maior número de estabelecimentos do Estado (34,8%, como pode ser visto na Tabela 4.5) em 2000. Ainda segundo o Ministério do Trabalho (RAIS), ocupa a segunda colocação no que tange aos postos de trabalho gerados, representando 23,4% dos empregos formais dos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento de Pernambuco (cf. Tabela 4.4). Os dados do Ministério do Trabalho registram, para 2000, cerca de 594 estabelecimentos e cerca de 1,5 mil pessoas formalmente ocupadas, sem considerar, como se assinalou, os dirigentes e proprietários dos empreendimentos.

No que se refere aos estabelecimentos conforme sua natureza jurídica, a Tabela 6.1 indica que é na categoria de ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’ onde se verifica a maior concentração dos estabelecimentos que prestam serviços de contabilidade e auditoria, a qual registra pouco mais de 1/3 das empresas do segmento em 2000, mais especificamente 36,4%. A segunda maior incidência se dá na categoria dos ‘autônomos ou equiparados, com empregados’ com exatamente 1/3 das ocorrências. O terceiro tipo de estabelecimento com maior número de registros é o da ‘firma mercantil individual’, cujas unidades produtivas representam 1/5 das empresas de contabilidade e auditoria do Estado. Juntas, estas três categorias representavam aproximadamente 89% dos serviços de contabilidade e auditoria em 2000, proporção pouco superior à registrada em 1996, que era de cerca de 84%.

É importante destacar que os maiores incrementos no número dos estabelecimentos ao longo do período enfocado (1996/2000) ocorreram nas categorias de ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’, com crescimento de 19% no período e de ‘autônomos ou equiparados, com empregados’, onde se verificou uma elevação de 15,6%.

Tabela 6.1Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Contabilidade e

Auditoria, por Número de Estabelecimentos – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal e Municipal 2 - 1 - -Órgão Autônomo de Direito Público 1 2 1 1 3Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 6 4 4 3 -Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado - - 1 3 -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 151 177 179 200 180Sociedade em Comandita Simples 1 1 - - -Sociedade Civil com Fins Lucrativos 35 36 31 28 29

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Page 82: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Firma Mercantil Individual 95 96 94 93 100Cooperativa - - - 1 -Grupo de Sociedade - 1 1 1 1Outras Formas de Organização Empresarial 14 9 6 14 12Pessoa Física Equiparada a Jurídica 2 1 1 - -Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) - - 1 - -Cartório - 1 1 - 1Autônomo 8 5 4 5 2Autônomo ou Equiparado, com Empregado 141 152 158 171 163Outras Formas de Organização e Ignoradas 7 7 10 2 -

Total 463 492 493 519 494 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No que tange aos empregos formais gerados pelo segmento, a Tabela 6.2 indica que houve uma redução no patamar de 8,3% nas ocupações de contabilidade e auditoria. A causa desse desempenho certamente deve ter ocorrido devido à necessidade de contenção das despesas das empresas, devido em grande parte à crise que atravessa toda a atividade produtiva. Nesse sentido os estabelecimentos procuraram investir em determinados processos que poderiam reduzir seus custos, como a informática, por exemplo. Vale ressaltar que tanto o Brasil quanto Pernambuco, no período considerado, após uma fase de expansão que seguiu à estabilização, passaram por um período de grandes dificuldades econômicas, registrando taxas pouco significativas de expansão da atividade produtiva.

Dentre as modalidades que mais empregavam pessoas, pela ordem, as ‘sociedades por quota de responsabilidade limitada’ (43,2% dos empregos em 1996 e 44,5% em 2000), as empresas ‘autônomas ou equiparadas, com empregado’ (19% em 1996 e 20,8% em 2000), as ‘sociedades civis com fins lucrativos’ (17,5% em 1996 e 15,8% em 2000) e as ‘firmas mercantis individuais’ (15,1% das ocupações em 1996 e 15,3% em 2000), à exceção do segundo caso, que apresentou incremento no número de pessoas empregadas no período analisado da ordem de 0,6%, todas apontaram redução no volume total dos empregos formais, de respectivamente 5,3%, 16,7% e 6,2%.

Tabela 6.2Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Contabilidade e Auditoria, por

Número de Empregados – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal e Municipal 5 - 4 - -Órgão Autônomo de Direito Público 5 3 13 2 8Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 21 20 8 6 3Empresa Pública incl. Soc. Anônima - Capital Fechado - - - 3 -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 695 738 691 744 660Sociedade em Comandita Simples 1 1 - - -Sociedade Civil com Fins Lucrativos 282 276 245 197 235Firma Mercantil Individual 242 235 199 218 227Cooperativa - - - 1 -Grupo de Sociedade - 1 1 1 -

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Outras Formas de Organização Empresarial 28 23 14 35 38Pessoa Física Equiparada a Jurídica 2 - 5 - -Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe)Cartório - 2 2 - 2Autônomo 5 4 4 6 3Autônomo ou Equiparado, com Empregado 306 312 322 337 308Outras Formas de Organização e Ignoradas 15 10 23 9 -

Total 1607 1625 1531 1559 1484 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Analisando o tamanho dos estabelecimentos através do parâmetro do número de empregados, a Tabela 6.3 revela que 94,5% das unidades empresariais cadastradas como serviços de contabilidade e auditoria correspondia a pequenas empresas (com até nove empregados), e que dessa proporção, a maioria (83,6%) equivalia a microunidades (com até quatro funcionários). Observa-se ainda à luz dos dados da RAIS que entre 1997 e 2000 o total de empregos gerais formais praticamente não se altera, passando de 459 a 467 pessoas ocupadas nesse período, o que representa um incremento de apenas 1,7%.

Tabela 6.3Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Contabilidade e Auditoria Segundo

o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 42 55 61 55 Ate 4 Empregados 356 358 370 358De 5 a 9 Empregados 61 54 56 54De 10 a 19 Empregados 23 23 26 23De 20 a 49 Empregados 10 3 5 3De 50 a 99 Empregados - 1 1 1De 100 a 249 empregados - - - -

Total 492 494 519 494

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Ainda no que se refere à análise dos estabelecimentos segundo o porte, dessa vez levando em consideração o número de empregados, a Tabela 6.4 indica as empresas de pequeno porte (com até nove empregados) mantém a significativa proporção de 70,7% de

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pessoas ocupadas nas consultorias contábeis e auditorias em 2000, proporção que se aproxima do patamar apresentado em 1996 (68,3%). Merece destaque a considerável redução no contingente de trabalhadores das empresas de médio porte do segmento entre 1996 e 2000, assim consideradas as unidades que empregam de 20 a 49 pessoas. Nos estabelecimentos com esta capacidade, o número de empregados correspondia no primeiro ano a 240 pessoas, diminuindo sensivelmente para 76 trabalhadores no último ano da série estudada, o que significa uma perda de aproximadamente 68% no emprego formal das unidades de porte médio. Aliás, este fato ocorreu em toda a atividade produtiva, ocasionado pela crise que vem penalizando o País de modo generalizado a partir de meados do último qüinqüênio dos anos 90.

Chama-se também a atenção para o fato de que o número médio de trabalhadores formais em cada categoria de empresas praticamente se mantém no período de 1997 a 2000 (note-se que para o ano de 1996 não se dispõe de dados sobre o número de empregados). Nas pequenas unidades (com até 9 empregados) a média de pessoa ocupada gira em torno de 2,5 pessoas nos dois anos considerados. Os estabelecimentos com 10 a 19 trabalhadores apresentam uma ligeira variação para mais de 1997 a 2000 (respectivamente 12,8 pessoas e 13) enquanto nas empresas de médio porte (com 20 a 49 pessoas ocupadas) esse patamar passa de 24 para 25 empregados.

Tabela 6.4Pernambuco: Empregados Segundo o Porte dos Estabelecimentos dos Serviços de Contabilidade e

Auditoria – 1996-2000

Nº EmpregadosAno

1996 1997 1998 1999 2000 Ate 4 Empregados 694 709 694 707 689De 5 a 9 Empregados 404 379 343 361 360De 10 a 19 Empregados 269 295 353 318 298De 20 a 49 Empregados 240 242 141 115 76De 50 a 99 Empregados - - - 58 61De 100 a 249 empregados - - - - -

Total 1.607 1.625 1.531 1.559 1.484 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Quanto à localização geográfica, nota-se que quase 2/3 dos estabelecimentos do segmento encontram-se na mesorregião Metropolitana do Recife (cerca de 66%), com a microrregião do Recife responsabilizando-se por 97% deste total, o que equivale a 63,6% das empresas de contabilidade e auditoria de Pernambuco, como mostra a Tabela 6.5.

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Apesar de se registrar uma maior concentração de unidades produtivas na microrregião do Recife, que engloba o município homônimo, além de Abreu e Lima, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata, ela apresentou entre 1996 e 2000 um pequeno decréscimo no número de estabelecimentos (-0,9%), as outras mesorregiões que mantém registro nas informações da RAIS sobre o segmento trazem um indicativo de crescimento no volume de empresas. De fato, a mesorregião do Sertão, que apesar de deter 7,9% das consultoras de contabilidade e auditoria do Estado em 2000, aponta um acréscimo de 50% no número de empresas no período analisado, tendo nas microrregiões do Pajeú e do Sertão a maior quantidade de estabelecimentos (16 e 10 empresas, respectivamente), embora o crescimento mais acentuado tenha ocorrido na microrregião de Salgueiro (passa de 3 unidades para 8, ou seja, um incremento de 166,7%).

Por sua vez, a segunda área de Pernambuco a abrigar mais empresas, a mesorregião do Agreste (13% dos estabelecimentos), apresenta, no período em questão, um acréscimo correspondente a 1/4, passando de 51 unidades para 64, merecendo registro a microrregião do Vale do Ipojuca, que tem um incremento de 29% no total das empresas e detém 8,1% das consultorias de contabilidade e auditoria do Estado. Ademais, na área considerada constam municípios detentores de uma certa importância econômica de Pernambuco, a exemplo de Caruaru, Belo Jardim, Bezerros, Gravatá e Pesqueira, dentre outros. Vale a pena salientar ainda a mesorregião da Mata onde estão concentradas 9,1% das empresas do segmento no Estado, em 2000 (45 unidades), embora o número de estabelecimentos tenha se mantido praticamente inalterado no período.

Tabela 6.5Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Contabilidade e Auditoria por

Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 26 34 36 38 39 - Araripina 7 6 9 5 5 - Salgueiro 3 4 4 6 8 - Pajeú 11 15 15 15 16 - Sertão do Moxotó 5 9 8 12 10

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 14 15 15 17 20 - Petrolina 13 13 12 14 15 - Itaparica 1 2 3 3 5

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 51 59 67 64 64 - Vale do Ipojuca 31 33 34 37 40 - Alto Capibaribe 2 4 5 8 7 - Médio Capibaribe 6 7 6 6 6 - Garanhuns 12 14 11 13 11

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- Brejo Pernambucano - 1 1 - -

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 44 46 47 46 45 - Mata Setentrional Pernambucana 20 18 22 20 18 - Vitória de Santo Antão 10 13 10 11 12 - Mata Meridional Pernambucana 14 15 15 15 15

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 328 338 338 353 325 - Itamaracá 3 3 2 2 3 - Recife 320 330 331 343 314 - Suape 5 5 5 8 8

Mesorregião FERNANDO DE NORONHA - - - 1 1TOTAL 463 492 493 519 494

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No que se refere ao nível de emprego formal gerado, observa-se na Tabela 6.6 que as ocupações do segmento ocorrem majoritariamente na mesorregião Metropolitana do Recife (responsável por 74,3% dos postos de trabalho, equivalentes a 1.103 empregos), mais especificamente na microrregião do Recife, que responde por cerca de 97% dos registros formais de trabalho do segmento na mesorregião (correspondente a 71,8% das ocupações no Estado – 1.066 trabalhadores). Esta microrregião, porém, deve-se salientar, apresentou nos cinco anos analisados uma considerável redução no contingente de trabalhadores no segmento, cujos motivos já foram largamente destacados ao longo deste texto, em patamar correspondente a 12,9%, afetando sobremaneira os níveis de ocupação da mesorregião. Nessa mesma direção menciona-se o desempenho da mesorregião da Mata que também apresentou um decréscimo substancial em 1/5 dos empregos formais por ela gerados no segmento entre 1996 e 2000.

Finalmente aponta-se o registro positivo do aumento dos postos de trabalho nas mesorregiões do São Francisco (24,2%), do Sertão (20,6%) e do Agreste (16,9%). Sobre essa última área, vale destacar a microrregião do Vale do Ipojuca, cujos postos de trabalho computados em 2000 (93 empregos) foi superior ao das duas outras mesorregiões mencionadas, e cujo total representa 6,3% dos empregos do segmento em Pernambuco.

Tabela 6.6Pernambuco: Empregados dos Serviços de Contabilidade e Auditoria por Mesorregiões e Microrregiões –

1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 68 81 72 85 82 - Araripina 22 17 14 17 15 - Salgueiro 18 22 21 25 31 - Pajeú 20 27 26 28 24 - Sertão do Moxotó 8 15 11 15 12

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 33 29 34 34 41 - Petrolina 32 27 28 28 33 - Itaparica 1 2 6 6 8

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Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 136 127 156 174 159 - Vale do Ipojuca 77 65 87 101 93 - Alto Capibaribe 6 10 14 19 15 - Médio Capibaribe 18 21 20 19 17 - Garanhuns 35 31 33 35 34 - Brejo Pernambucano - - 2 - -

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 123 122 119 104 98 - Mata Setentrional Pernambucana 62 55 53 44 45 - Vitória de Santo Antão 27 34 36 32 29 - Mata Meridional Pernambucana 34 33 30 28 24

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 1.247 1.266 1.150 1.161 1.103 - Itamaracá 8 9 8 6 14 - Recife 1.224 1.239 1.125 1.134 1.066 - Suape 15 18 17 21 23

Mesorregião FERNANDO DE NORONHA - - - 1 1TOTAL 1.607 1.625 1.531 1.559 1.484

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

6.1.2. Segmento de Assessoria em Gestão Empresarial

6.1.2 Segmento de Assessoria em Gestão Empresarial

O serviço de Assessoria em Gestão Empresarial corresponde a uma atividade que apresenta pouco dinamismo em termos de geração de emprego formal, responsabilizando-se, em 2000, por aproximadamente 14% das ocupações nos serviços de assessoria, consultoria e planejamento do Estado (cf. Tabela 4.4), com base nas informações da RAIS/Ministério do Trabalho. O mesmo pode-se inferir através da Tabela 4.5 no que se refere à análise segundo o número de estabelecimentos, cujos dados corroboram as tendências observadas quanto ao total de pessoas ocupadas. Em 2000 eram, registrados pelo Ministério do Trabalho (RAIS), 171 estabelecimentos que ocupavam, formalmente, cerca de 870 pessoas, sem contar os dirigentes e proprietários que não são contabilizados pela referida fonte de informação nas relações de trabalho compreendidas pela levantamento.

No que diz respeito às empresas do segmento quanto à sua natureza jurídica, observa-se na Tabela 6.7 que a maioria absoluta dos estabelecimentos (93,3%) registram-se em apenas duas categorias: a da ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’ onde se concentra a maior parcela das unidades que prestam serviços de consultoria em gestão empresarial, contando em 2000 com 57,6% das empresas (134), e a da ‘sociedade civil com fins lucrativos’, que no mesmo ano detinha 35,7% do contingente empresarial do

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segmento. Merece o destaque de que nestas duas modalidades ocorreu, entre 1996 e 2000, um incremento no total dos estabelecimentos, da ordem, respectivamente, de 78,4% (passa de 85 unidades para 134) e de 11,1% (passando de 14 para 19 empresas).

Tabela 6.7Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Assessoria em Gestão Empresarial,

por Número de Estabelecimentos – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal - - - - 1Poder Legislativo Municipal 1 - - - 1Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 1 1 2 4 2Soc. Anônima Capital Aberto - Controle Privado 1 1 - 1 -Soc. Anônima Capital Fechado 3 1 - 1 -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 85 116 115 120 134Sociedade Civil com Fins Lucrativos 14 14 17 20 19Sociedade em Quota de Participação - - - 1 1Firma Mercantil Individual 3 2 4 6 6Cooperativa 2 2 1 1 3Outras Formas de Organização Empresarial 4 2 2 1 1Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) 14 3 2 4 1Autônomo ou Equiparado, com Empregado 6 3 1 1 2Outras Formas de Organização e Ignoradas 2 1 1 - -

Total 136 146 145 160 171 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Ainda no tocante à natureza jurídica das atividades, agora sob o enfoque do emprego formal gerado pelo segmento, as informações constantes da Tabela 6.8 permitem que se resumam algumas tendências das atividades de Assessoria em Gestão Empresarial. Analisando-se o crescimento do emprego formal total, percebe-se a primeira vista que as categorias de ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’ e ‘sociedade civil com fins lucrativos’ apresentam-se como atividades com um certo dinamismo. Os números mostram que no período compreendido entre 1996 e 2000 a primeira modalidade de estabelecimento apresentou um incremento no seu volume de pessoal da ordem de 54,7%, passando de 320 empregados para 495, o que significa uma taxa média de crescimento de 9,1% ao ano. Outra categoria, as empresas com natureza jurídica de ‘sociedade civil com fins lucrativos’ praticamente duplicou o seu contingente de trabalhadores, aumentando de 183 pessoas ocupadas para 351, numa proporção que atinge 91,8%, o que corresponde a taxas anuais de incremento 13,9%.

Merecem também o destaque negativo, as unidades registradas em 1996 como “sociedade anônima de capital fechado’, que nesse ano empregavam 14,7% do contingente estadual das atividades de Assessoria em Gestão Empresarial e que desaparecem completamente em 2000. Provavelmente houve uma mudança na natureza jurídica dessa modalidade de empresa, certamente para as duas categorias analisadas anteriormente. Ainda nesse sentido vale a pena mencionar o desempenho das ‘cooperativas’ e das ‘associações (Condomínios, Igrejas e Entidades de Classe)’, cujo volume de postos de trabalho cai vertiginosamente de 91 empregos para três, no primeiro caso, e de 69 para

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dois no segundo. Essas performances contribuíram significativamente para que houvesse uma diminuição, embora de pequena monta (-0,9%), no total de ocupações formais das atividades de Assessoria em Gestão Empresarial.

Tabela 6.8Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Assessoria em Gestão Empresarial,

por Número de Empregados – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal - - - - 6Poder Legislativo Municipal - - - - 2Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 3 2 5 132 3Soc. Anônima Capital Aberto - Controle Privado 46 25 - 3 -Soc. Anônima Capital Fechado 129 57 - 20 -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 320 365 400 415 495Sociedade Civil com Fins Lucrativos 183 365 344 348 351Sociedade em Quota de Participação - - - 3 2Firma Mercantil Individual 3 3 7 10 4Cooperativa 91 52 1 2 3Outras Formas de Organização Empresarial 11 7 6 1 -Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) 69 8 7 14 2Autônomo ou Equiparado, com Empregado 12 6 2 1 1Outras Formas de Organização e Ignoradas 11 1 - - 1

Total 878 891 772 949 870 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

A análise do porte das empresas segundo o número de empregados, extraída da Tabela 6.9 mostra que 90% dos estabelecimentos informantes da RAIS na categoria das atividades de Assessoria em Gestão Empresarial inseria-se, em 2000, na condição de pequenas empresas (com até nove empregados), e dessa parcela 74,8% correspondia a unidades com até 4 pessoas ocupadas, podendo ser caracterizadas como microempresas. Destaca-se também que entre 1997 e 2000 o total de empregos formais nas pequenas empresas (com até 9 empregados) apresenta uma elevação da ordem de 19,4%, passando de 129 pessoas ocupadas para 154. Por seu turno, os estabelecimentos de médio porte, assim considerados aqueles com 20 a 49 empregados, que equivaliam em 2000 a 1,8% do total das unidades do segmento sofrem uma redução de 50%, passando de 6 empresas para apenas 3.

Tabela 6.9Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Assessoria em Gestão Empresarial, Segundo o Porte das

Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 18 23 18 23Ate 4 Empregados 95 105 100 105De 5 a 9 Empregados 16 26 24 26De 10 a 19 Empregados 7 10 7 10De 20 a 49 Empregados 6 3 8 3

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De 50 a 99 Empregados 3 4 1 4De 100 a 249 empregados 1 - 2 -

Total 146 171 160 171

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Observando-se ainda o porte dos estabelecimentos, agora sob a ótica do número de empregados, nota-se uma predominância de pessoal ocupado nas empresas de pequeno porte, que em 2000 detinham 42% do contingente dos trabalhadores do segmento, e que entre 1996 e 2000 esse número apresentou um acréscimo de 26,7%, como pode ser visto na Tabela 6.10 Vale salientar que as unidades de grande porte, ou seja, aquelas com 50 a 99 empregados apontam para um significativo incremento no período em questão, passando de 68 funcionários para 291, o que representa um aumento de 328%. Isto provavelmente se deve à migração de parcela significativa do pessoal que em 1996 trabalhava nas empresas com mais de 100 empregados, que não foram mais computadas em 2000. Ademais, os estabelecimentos de médio porte (com 20 a 49 empregados) também apresentaram redução considerável nos seus postos de trabalho no patamar de 49,7% no período em questão, registrando 78 postos a menos, passando de 157 empregos para 79, parcela que também pode ter sido absorvida, em parte, pelas unidades de maior porte.

Tabela 6.10Pernambuco: Empregados Segundo o Porte dos Estabelecimentos dos Serviços de Assessoria em Gestão

Empresarial – 1996-2000

Nº EmpregadosAno

1996 1997 1998 1999 2000Ate 4 Empregados 163 178 177 191 192De 5 a 9 Empregados 125 108 136 155 173De 10 a 19 Empregados 135 82 102 89 135De 20 a 49 Empregados 157 152 131 204 79De 50 a 99 Empregados 68 198 226 62 291De 100 a 249 empregados 230 173 - 248 -

Total 878 891 772 949 870 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Considerando-se a evolução dos serviços de Assessoria em Gestão Empresarial no que diz respeito à localização das empresas nas diferentes áreas do Estado, o que se constata é uma desconcentração tanto do número de empresas quanto dos postos de trabalho formais gerados na mesorregião Metropolitana do Recife, como mostram as Tabelas 6.11 e 6.12. Analisando-se estas duas tabelas conjuntamente nota-se uma clara descentralização de forma menos acentuada dos estabelecimentos e com mais intensidade nos empregos gerados. A Tabela 6.11, por exemplo, registra que em 2000 houve um acréscimo no total de empresas do segmento no Estado da ordem aproximada de 1/4,

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enquanto na mesorregião Metropolitana do Recife e conseqüentemente na microrregião homônima essa proporção foi de aproximadamente 16 pontos percentuais (na mesorregião passa de 127 empresas em 1996 para 148 em 2000, ao passo que na microrregião essa relação é de 127 para 147). Por outro lado, merece ser destacada a mesorregião do Agreste, que apresenta um incremento no número das empresas do segmento a um patamar de 300% (aumenta de 3 para 12 unidades), com destaque para a microrregião do Vale do Ipojuca (com 9 estabelecimentos).

Tabela 6.11Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Assessoria em Gestão Empresarial por Mesorregiões e

Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 1 1 1 1 1 - Pajeú - - - 1 1 - Sertão do Moxotó 1 1 1 - -Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 3 4 4 9 7 - Petrolina 3 4 4 9 7

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 3 7 11 12 12 - Vale do Ipojuca - 3 7 9 9 - Garanhuns 2 3 3 3 3 - Brejo Pernambucano 1 1 1 - -Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 2 1 2 3 3 - Mata Setentrional Pernambucana 1 1 2 2 1 - Vitória de Santo Antão - - - - 1 - Mata Meridional Pernambucana 1 - - 1 1

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 127 133 127 135 148 - Recife 127 133 125 134 147 - Suape - - 2 1 1

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TOTAL 136 146 145 160 171 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No caso dos empregos gerados (ver Tabela 6.12), registrava-se em 1996 uma quantidade de trabalhadores na mesorregião do Recife que correspondia a 96,6% do contingente do segmento, enquanto a mesorregião do São Francisco (entenda-se microrregião de Petrolina) detinha uma parcela de 2,3% do universo, a mesorregião do Agreste congregava 0,4% e as mesorregiões da Mata e do Sertão complementavam os 0,6% restantes, com proporções iguais (0,3%).

Em 2000 esses números apresentam uma mudança, embora tímida, mas que aponta uma tendência de crescimento do volume de trabalhadores com emprego formal em outras áreas, em detrimento da microrregião do Recife, que reduz sua participação para 91,4% (passa de 848 empregados para 795), o que significa um decréscimo de 6,3%. Por seu turno, à exceção da mesorregião do Sertão Pernambucano, que não registra nenhum empregado em 2000, as demais áreas apontam um crescimento no pessoal ocupado nas prestadoras de serviços de Assessoria em Gestão Empresarial, com destaque para a mesorregião do Agreste, e mais especificamente para a microrregião do Vale do Ipojuca, cujo número de trabalhadores passa de 4 a 27 no período em questão.

Tabela 6.12Pernambuco: Empregados dos Serviços de Assessoria em Gestão Empresarial por Mesorregiões e

Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 3 3 4 9 - - Pajeú - - 4 9 - - Sertão do Moxotó 3 3 - - -

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 20 7 4 45 33 - Petrolina 20 7 4 45 33

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 4 45 51 29 27 - Vale do Ipojuca - 29 38 21 20 - Garanhuns 2 12 11 8 7 - Brejo Pernambucano 2 4 2 - -

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 3 1 8 10 15 - Mata Setentrional Pernambucana 2 - 8 8 8 - Vitória de Santo Antão - - - - 3 - Mata Meridional Pernambucana 1 1 - 2 4

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 848 835 705 856 795 - Recife 848 835 700 853 793 - Suape - - 5 3 2

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TOTAL 878 891 772 949 870

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

6.2. Perfil do Cliente e do Mercado

A análise do segmento prestador de serviços de Consultorias e Assessorias Contábeis, Econômicas e Administrativas, doravante denominado de contabilidade e auditoria, englobando também as atividades de assessoria em gestão empresarial, fundamenta-se em oito entrevistas estruturadas, levadas a efeito entre abril e julho de 2003, junto a duas empresas de grande porte e quatro de médio e duas de pequeno porte, classificação sugerida por alguns dos entrevistados, dentre eles um ex-presidente do IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores, o Presidente e um diretor do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis – SESCON/PE, e baseada no faturamento médio anual e no volume de clientes.

Os entrevistados correspondem na sua totalidade a gestores das empresas analisadas, com exceção de um que ocupa o cargo de gerente administrativo, todos são sócios/diretores das unidades, a maioria com formação na área atrelada diretamente às atividades executadas: dois são formados em Ciências Contábeis e Economia, dois são economistas, um é contador, outro é contador e administrador de empresas, mais um é contador e advogado e apenas um não é formado em setor correlato ao segmento em que atua (engenheiro químico).

De modo geral, o objetivo social das instituições de contabilidade e auditoria pesquisadas compreende a prestação de serviços de: assessoria e perícia contábeis; consultoria de orientação estratégica na formulação de planos de expansão e de reestruturação das empresas; Organização administrativa e gestão financeira; consultoria e planejamento tributário; escrituração contábil, fiscal e trabalhista; auditoria contábil e operacional; implantação de sistemas de gestão; e fusões e aquisições de empresas.

O espectro de atuação do conjunto das unidades prestadoras de serviços desta natureza abrange praticamente todos os segmentos da área produtiva nos mais diversos setores: industrial, comercial, de serviços e, em menor escala, da área agrícola.

Alguns dos estabelecimentos analisados neste segmento correspondem a unidades com perfil empreendedor, fundamentado através de políticas de planejamento estratégico e de valorização da formação dos recursos humanos existentes. Dessa forma, buscam se manter aptas a permanecerem atuantes em um mercado extremamente competitivo como o das empresas de consultoria contábil e de auditoria.

Dentre as empresas analisadas vale destacar que uma delas foi fundada em meados do século XIX, atuando hoje em 140 países, sendo que no Brasil desde a primeira década do século XX, contando no país com cerca de 2500 funcionários e no Recife com cerca de 70. Quatro dos estabelecimentos do segmento pesquisado possuem uma experiência acumulada no ramo de aproximadamente duas décadas, atuando no mercado desde meados dos anos setenta e início dos 80. Destes, dois situam-se entre a sexta e décima quinta

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posição no ranking do segmento em Pernambuco. Duas empresas iniciaram suas atividades há cerca de 10 anos e somente uma atua há pouco mais de dois anos.

Em termos de faturamento, foi possível se obter o registro dessa informação apenas junto aos estabelecimentos de médio porte, que possuem em média aproximadamente 190 clientes. O faturamento médio mensal dessas unidades gira em torno de R$ 130.000,00, com cerca de 2/3 deste valor destinando-se aos custos operacionais, dos quais em torno de 65% representam gastos com pessoal.

As empresas do segmento de consultoria contábil e auditoria têm no setor comercial a parcela mais significativa da sua clientela, numa proporção correspondente, em média, a pouco mais de 60% dos demandantes dos serviços. A segunda categoria de estabelecimentos produtivos recai sobre o setor de serviços, de onde provem aproximadamente 25% da solicitação dos serviços. Como terceiro contratante vem o setor de serviços, com pouco mais de 10% da clientela, enquanto o setor público, nas três esferas governamentais, representa apenas 1% das instituições que utilizam os préstimos dos serviços do segmento.

Quanto ao perfil médio da clientela, os estabelecimentos analisados englobam de forma diversificada praticamente todos os segmentos economicamente produtivos do Estado. É grande a lista de setores que busca os serviços de contabilidade e auditoria das empresas pesquisadas, principalmente pelo fato de todo negócio ser obrigado a apresentar uma escrituração contábil das suas atividades, seja ele um fiteiro numa esquina a um grande estabelecimento industrial ou da área de serviços, por exemplo.

Dentre os segmentos apontados pelos entrevistados podem ser mencionados como os mais recorrentes na demanda de serviços: empresas de factoring, sindicatos, holdings, construtoras, empresas de advocacia, corretoras de seguros, estabelecimentos de microcrédito, clínicas, hospitais, hotéis, colégios, estabelecimentos industriais diversos, comércio atacadista e varejista, indústria sucroalcooleira, setor público, empresas de contabilidade e publicidade. Segundo alguns entrevistados, mais particularmente aqueles que atuam ou que já participaram dos quadros dirigentes dos órgãos de classe do segmento, como o Ibracon e o Sescon, uma média de 70% dos demandantes dos serviços das consultorias contábeis e auditorias refere-se a micro e pequenas empresas, consideradas por estes atores como as unidades que detêm no seu quadro de funcionários até dez trabalhadores, e chegam a faturar anualmente, no máximo R$ 1.200.000,00. Por seu turno, as instituições de médio porte, que abrigam acima de 10 a 50 pessoas ocupadas e faturam anualmente até 5 milhões de reais, chegam a representar 28% dos contratos de prestação de serviços, cabendo aos grandes clientes, ou seja, os com mais de 50 funcionários e que mantém uma arrecadação de mais de R$ 5 milhões, a reduzida participação de 2%. É importante destacar que para as grandes empresas prestadoras de serviços do segmento, essas proporções são bastante diferentes, mantendo poucos contratos com os pequenos estabelecimentos e chegando, na maioria dos casos, segundo os dirigentes dos órgãos da classe, a manter uma pasta de serviços prestados para uma quantidade reduzida de grandes clientes.

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A relação dos principais produtos e serviços oferecidos pelas empresas do segmento é também bastante ampla, abrangendo desde os procedimentos mais gerais e comuns na área contábil, que respondem por aproximadamente 80% da sua receita a tarefas mais complexas que exigem uma certa especialização para serem elaboradas. Dentre as especializações que compõem o extenso rol das atividades realizadas, além dos serviços de assessoria contábil mencionam-se: perícias fiscais e trabalhistas; assessoramento e consultoria na formulação de planos de expansão e de reestruturação - orientação estratégica; organização administrativa e gestão financeira; diagnóstico empresarial; informatização dos sistemas de controle de gestão; treinamento do pessoal; implantação de orçamento e fluxo de caixa; orientação na gestão financeira; assessoria na gestão do empreendimento; comercialização e assistência técnica de soluções globais ou específicas nas áreas administrativa, de produção, manutenção e recursos humanos em gestão escolar; escrituração contábil, fiscal e trabalhista; planejamento tributário; e fusões e aquisições de empresas, realizando dentre outros, estudos de viabilidade econômico-financeira, e estruturação de operações de incentivos fiscais.

A maioria das empresas do segmento atua em quatro áreas básicas: contábil, fiscal, de pessoal e jurídica. Na primeira são especializadas em escrituração eletrônica de dados, análise de balanço, auditoria e perícia. Na área fiscal os produtos oferecidos são: consultoria tributária, escrituração fiscal nas diversas áreas, declaração de imposto de renda, elaboração de guias tributárias e informações fiscais em geral. Quanto à área pessoal atua na consultoria e elaboração de folha de pagamento e na elaboração de encargos e guias previdenciárias. Em relação à área jurídica, os serviços prestados correspondem a contratos comerciais, sociais e mobiliários, processos trabalhistas, defesas fiscais e pareceres técnicos e jurídicos.

Para os entrevistados é comum no segmento o repasse de serviços especializados, como os de advocacia e os estudos de mercado, sob a forma de parcerias, recebendo, em contrapartida, serviços nos quais cada uma é especializada. De modo geral, a receita básica dos estabelecimentos é obtida através dos contratos de serviços continuados de assistência, firmados por ocasião da comercialização de soluções. A receita variável é obtida através dos serviços de implantação de soluções, treinamento e consultoria.

No que se refere à origem dos clientes, as indicações dos entrevistados apontam que a grande parcela das empresas que demandam os serviços de consultoria contábil e auditoria em Pernambuco (correspondente a aproximadamente 90% da clientela) refere-se a estabelecimentos localizados na Região Metropolitana do Recife (com sede em Recife, sem filiais fora do Estado; com sede em Recife e filiais na Região; e com sede fora e mantendo filiais no Recife). Os 10% restantes são oriundos fundamentalmente de outros Estados do Nordeste, com preponderância do Ceará e em menor escala da Bahia, que juntos equivalem a cerca de 7% deste total, com os outros 3% divididos eqüitativamente entre os Estados da Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte, e fora da região, do Pará e São Paulo.

Para alguns dos entrevistados, falando com relação ao mercado regional, a Bahia está descolada da Região Nordeste e se relaciona mais com o Sudeste do país, e o melhor

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mercado depois de Pernambuco é o do Ceará onde suas empresas pretendem investir, opinião neste caso compartilhada por mais outros dois gestores das unidades pesquisadas. Três empresários acham que um outro mercado bastante promissor é o de Belém do Pará. Porém o principal raio de atuação de todo o segmento é o Estado de Pernambuco, e, em proporção menor, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. Neste último caso, o foco dos negócios, que se encontra em ascensão concentra-se no turismo e no petróleo, mas a economia deste Estado ainda é incipiente, não se justificando investimentos mais abrangentes. Quanto a Pernambuco, três setores que têm merecido especial atuação, correspondentes ao da Saúde Privada, onde a maioria dos grupos hospitalares do Pólo Médico é cliente das empresas, ao da Educação Privada e ao do Comércio Varejista e Atacadista.

Como um dos principais obstáculos à expansão e consolidação da oferta, os gestores entrevistados das unidades de contabilidade e auditoria (incluindo-se dentre elas as empresas de assessoria em gestão empresarial) destacam a fragmentação do mercado, por conta do grande número de estabelecimentos que atuam no segmento (2.354 em 2000, de acordo com dados da RAIS), o que contribui para o seu enfraquecimento. Três dos empresários pesquisados estimam que existem mais de 1.000 empresas de pequeno porte que prestam exclusivamente serviços de contabilidade. Além disso, foi unânime a afirmativa de que a crise que o país enfrenta tem sido um fator de importância fundamental para o desempenho pouco significativo do segmento, de modo geral. Para se ter uma idéia da evolução do mercado de consultorias em contabilidade e auditoria, até 1985, surgiam cerca de 10 empresas por ano. A partir de 1995, porém, alguns estabelecimentos prestadores de serviços no setor perderam parcela significativa da clientela por conta do fechamento de muitas unidades. Para aproximadamente metade dos entrevistados, a falta de perspectivas no curto prazo faz com que se torne temerário investir no crescimento das empresas. Além da perda de usuários, deve-se levar em conta a elevada carga tributária imposta pelo poder público municipal.

De um ano para cá tem se exacerbado a crise no segmento das empresas de consultoria contábil, onde se observa que inúmeros clientes, principalmente os estabelecimentos de pequeno porte, têm apresentado dificuldades para pagar os honorários pelos serviços prestados. Dentre os entrevistados, uma empresa deixa de faturar, em determinados meses, cerca de 20% pelos seus serviços, o que atinge cerca de R$ 18.000,00 na receita. Algumas empresas, do ramo do comércio conseguem amortizar seus débitos repassando mercadorias. Esses estabelecimentos atravessam dificuldades por conta da crise no mercado e a principal causa reside na elevada carga tributária imposta pelos poderes públicos, que traz reflexos mais nocivos principalmente nas pequenas unidades. Visando remediar essa situação uma empresa analisada está reduzindo a aquisição de material de informática, adquirindo material reciclado, cancelando contratos de manutenção, investindo menos em publicidade, fugindo do uso do cheque especial e evitando empréstimos bancários. Por outro lado, está investindo na obtenção de novos clientes e realizando uma cobrança mais intensiva junto às empresas inadimplentes.

Para um dos gestores entrevistados, um problema do segmento diz respeito à impunidade quanto ao cumprimento da legislação vigente, que deixa muitas brechas para a

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sonegação, fato que não acontece na Espanha e em Portugal, onde as leis são fiscalizadas com todo o rigor, garantindo o seu cumprimento. Ademais, a complexidade da legislação fiscal também tem se constituído num entrave para o segmento devido às modificações constantes na sua aplicação, dificultando sobremaneira a sua execução.

Para outros entrevistados, um elemento danoso ao bom desempenho do segmento é a cultura dos micro e pequenos empresários que consideram a contabilidade um mero objetivo fiscal para atender às exigências do fisco, e não um importante instrumento de decisão gerencial.

Some-se a esses fatores a ausência de apoio governamental e a falta de perspectiva, apontada de forma generalizada pelos entrevistados, de que isso ocorra, o que contribuiria para o desenvolvimento e consolidação das atividades das empresas.

No que diz respeito às potencialidades, metade dos entrevistados considera que suas empresas têm três elementos básicos que lhes conferem um bom potencial para crescer. O primeiro refere-se à confiabilidade que elas transmitem a sua clientela durante suas trajetórias de vida. O segundo aspecto é por conta do pessoal qualificado existente nos seus quadros (ao conhecimento intelectual dos profissionais do segmento e a atualização constante das empresas) e o terceiro diz respeito à tecnologia utilizada.

De acordo com os diretores de algumas unidades produtivas, a Região Metropolitana do Recife se tornou um pólo regional na prestação de serviços de consultoria contábil, auditoria e assessoria em gestão empresarial. Uma das maiores contribuições para esse fato foi a estrutura universitária de Pernambuco que serviu como base na formação profissional desse segmento. Ainda nesse aspecto os entrevistados ressaltam que as empresas que prestam serviços na área de auditoria cada vez mais trabalham com profissionais altamente qualificados, tanto do ponto de vista do curso universitário nas áreas de administração, contabilidade, economia e direito, quanto nos cursos complementares de línguas estrangeiras que segundo eles são obrigatórios nessa nova realidade. Acerca do potencial do segmento, os gestores afirmam que os empresários pernambucanos vêm percebendo que não dispõem do mínimo tempo para errar, que têm que se dedicar cada vez mais no foco dos seus negócios, e aí é onde reside o potencial de crescimento do mercado de auditoria. Hoje a informação sobre o mercado é o principal instrumento que o empresário possui para a tomada de decisões, e isso é uma das funções das empresas.

6.3. Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes

Do ponto de vista de 2/3 das empresas estudadas, a perspectiva de crescimento do segmento está atrelada ao que ocorre com a clientela, e esta, em parte, tem se ampliado por conta do fracionamento de grandes grupos locais, o que, em termos de faturamento, não tem trazido boas conseqüências. Apesar disso, é unânime a opinião de que a contabilidade tem a particularidade de ter um mercado cativo por força de lei. Todo e qualquer empreendimento, de âmbito público ou privado, de pequeno, médio ou grande porte (desde um fiteiro a uma grande multinacional), em função da legislação, deve ter uma escrituração contábil, de responsabilidade de um contador, independentemente do tipo de negócio e do

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seu porte. Trata-se de um mercado promissor para o Contador, mas é imprescindível uma conscientização por parte do Poder Público e das entidades da classe que mostre a necessidade de se levar a sério a contabilidade de uma empresa. É necessário que se desperte para a importância econômica e social desse tipo de serviço, principalmente levando-se em conta as reformas estruturais realizadas no País. O que pode acontecer é uma divisão maior da clientela com o número cada vez mais crescente de prestadores de serviços do segmento, mas sempre haverá demanda para esse mercado. Como o contador é indispensável a qualquer empresa, sempre vai haver demanda para os serviços desses profissionais. Apesar da crise, os entrevistados concordam que com a renegociação entre o Governo e as empresas para o parcelamento do REFIS e para a inclusão de alguns setores no Imposto Simples, a perspectiva para o curto prazo é de melhora no segmento.

Também é consenso de que os serviços de contabilidade estão passando por profundo processo de informatização. Em nível municipal, a DS (Declaração Trimestral de Serviço) já é efetuada no formato digital. Em nível estadual, já se encontram em implantação, diversos procedimentos neste sentido , entre os quais foram mencionados: a ECF, que permite a emissão eletrônica de cupom fiscal para o varejo; a SEF (Escrita Fiscal, envolvendo os diferentes livros e arquivos), todos realizados eletronicamente. Um outro aspecto destacado é que a remessa de informações para a Secretaria da Fazenda será realizada mediante assinatura digital simultânea do contador e do cliente, certificadas pela CAIXA, através de empresa integrante do Porto Digital, criada especificamente com esta finalidade. Os mencionados procedimentos são objeto da Lei Estadual 12.339, de 23.01.2003 e do Decreto 25.372, de 09.04.2003.

Outro aspecto que pode ser considerado como benéfico a um futuro mais auspicioso para os prestadores de serviços de consultoria contábil e auditoria é o fato de os órgãos representativos da categoria terem sido bem sucedidos no esforço de acabar com os cursos técnicos da categoria e ter sido aprovado regulamento no qual está previsto que apenas os técnicos em contabilidade habilitados até 2003 serão autorizados a assinar balanços. Desta forma, concordam os entrevistados, que o mercado que já era cativo pelo lado da demanda, também se tornará cativo pelo lado da oferta.

Nova regulamentação fiscal está contribuindo para que o serviço contábil seja ampliado, sem que esteja havendo alteração do preço do serviço. Em nível estadual, um exemplo de mudança da regulamentação é a adoção, a partir do mês de julho de 2003, retroativo a janeiro, do Sistema Eletrônico Fiscal - SEF. Na nova sistemática, os eventos passarão a ser registrados na data em que ocorrerem, e além das informações sobre a comercialização, serão exigidos registros sobre a movimentação de estoque (entradas e saídas). Em nível federal, um exemplo é o Sistema Nacional de Registro de Comercialização. Essa nova regulamentação já se encontra em funcionamento, permitindo a formação de uma base nacional de dados sobre compras e vendas.

Por seu turno, as novas exigências da regulamentação fiscal federal e estadual estão requerendo que prestadores do serviço de contabilidade, façam investimentos em equipamentos e capacitação. A combinação de mais serviços, equipamentos e capacitação, pode se constituir em obstáculo à sobrevivência das pequenas empresas prestadoras do

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serviço de contabilidade. Ademais, a posição do CRC de limitar a assinatura de balanços aos técnicos em contabilidade que se habilitem até 2003 e as mudanças na regulamentação fiscal constituem gargalos que devem gradativamente tornar a oferta do serviço de contabilidade mais seletiva.

Dentre os aspectos gerais destacados pelos entrevistados sobre o segmento merece o destaque de que o mercado para os serviços no âmbito das empresas médias esbarra no fato de ser grande o número de estabelecimentos familiares e que, em muitos casos, o dirigente tem um perfil de negociante e não de empreendedor. Para estas unidades, o mercado para serviços é estreito porque não existe uma cultura de modernização, caracterizada pela resistência à informática, com a organização e classificação dos gastos com estas atividades sendo consideradas como despesa e não como investimento.

Outro aspecto é que o mercado para serviços relativos à administração de recursos humanos vem se expandindo, como resultado de mudanças no setor público que resultam na ampliação da possibilidade da empresa ser alvo de fiscalização.

É consenso entre os entrevistados de que as empresas prestadoras de serviços estão sendo forçadas a se atualizar, em função da modernização da sua clientela. Para isto, as unidades prestadoras de serviço estão se diferenciando. Aquelas que aproveitam a oferta de ferramentas na área de administração de negócios, envolvendo controles contábeis, fiscais, patrimoniais e de pessoal, melhoram o seu posicionamento e adquirem mais poder de competitividade.

Por sua vez, as mudanças promovidas pelo governo municipal, pelo estadual e pelo federal na regulamentação fiscal estão promovendo amplas modificações nos controles das empresas. Como conseqüência, as prestadoras de serviços estão sendo desafiadas a se ajustar às novas regras. Acerca da nova sistematização fiscal em Pernambuco, aproximadamente 2/3 dos entrevistados concordam que antes, a exigência fiscal estadual envolvia a GIAM (estadual e interestadual). Atualmente, se requer entrada e saída de mercadoria, inventário físico e financeiro, e apuração dos impostos estaduais e federais. Como resultado, se aumentou o número de atividades a serem executadas pela empresa ou pela prestadora de serviço e foi reduzido o tempo para a sua realização. O atendimento dessa exigência só tem sido possível em razão da modernização das empresas prestadoras de serviços. Foi indicado que Pernambuco é o Estado mais avançado no Nordeste na modernização da regulamentação fiscal.

6.4. Recursos Humanos

No que tange ao contingente de mão-de-obra vinculada às empresas pesquisadas, observa-se que as unidades que informaram seu contingente empregado mantêm, em média, 37 pessoas ocupadas, com o total por estabelecimento variando de aproximadamente 120 trabalhadores a quatro. Quanto à divisão do pessoal ocupado por nível de escolaridade e por função, foram obtidas informações de cinco empresas, todas de porte médio a pequeno. Verificou-se que esses informantes apresentam um número médio de 22 empregados, 1/5 da mão-de-obra ocupada possui nível superior, pouco menos da

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metade do contingente (48,9%) corresponde a técnicos em contabilidade de nível médio, 15,6% refere-se a pessoal administrativo, 6,5% são estagiários e os restantes 9% se compõem de serviços de apoio (serventes, vigilantes).

Em referência aos salários pagos, o cargo de gerência é o melhor remunerado no segmento, com vencimentos que variam entre R$ 2.200,00 e R$ 3.500,00 e uma média de R$ 3.000,00. Os profissionais de nível superior das áreas contábil e jurídica percebem em média R$ 1.720,00, apresentando um patamar salarial que varia de R$ 800,00 a R$ 3.000,00. Os técnicos de contabilidade ganham em média R$ 850,00, enquanto o pessoal administrativo fatura aproximadamente R$ 650,00. O mais baixo patamar salarial cabe aos serventes, com vencimentos de cerca de R$ 270,00. É importante destacar que 1/3 dos estabelecimentos entrevistados mantém um esquema de remuneração fixa mais comissões que varia de acordo com os clientes trazidos pelos profissionais, ou pagam uma remuneração variável adicional por serviço avulso.

O mercado, porém, ressente-se da dificuldade de conseguir profissionais qualificados, principalmente de nível superior. No geral, segundo juízo de alguns entrevistados, as pessoas que se formam na área das ciências contábeis caracterizam-se pela reduzida ambição em termos empresariais, a não ser conseguir um bom emprego. As pessoas que freqüentam a faculdade, na sua maioria, pertencem à classe média baixa que é obrigada, quando se formam, a procurar, de imediato, um trabalho, o que reduz as oportunidades para uma maior qualificação.. Dentro deste quadro, parcela significativa das empresas do segmento mantém uma política permanente de capacitação e reciclagem dos seus funcionários, objetivando acompanhar a dinâmica das normas legislativas que mudam a cada dia, procurando manter o pessoal atualizado.

O quadro das relações de trabalho do segmento aponta a existência predominante de contratos de trabalho direto, aparecendo casos esporádicos da recorrência de serviços terceirizados, fundamentalmente na área meio, ou seja, na administração. A taxa de permanência/rotatividade do segmento é relativamente reduzida, de acordo com a opinião dos entrevistados. Por conta da própria exigência da clientela, que requer cada vez mais eficiência e eficácia nos serviços prestados, as prestadoras de serviços de consultoria contábil e auditoria têm se preocupado constantemente com a melhoria da sua mão-de-obra, principalmente com o pessoal técnico de nível médio e aquele ligado à área administrativa. Para parcela significativa dos gestores contatados, a exigência de profissionais qualificados é a principal forma de suas empresas se tornarem mais competitivas no mercado.

Um fato constatado pelos entrevistados é a dificuldade de se contratar pessoal qualificado no setor administrativo em geral, essencialmente nas áreas de atendimento ao público e marketing. Quanto ao nível superior, uma das ocupações com maior demanda de capacitação é a de administrador que tenha familiaridade com softwares específicos que surgem a cada instante no segmento, tanto na área administrativa quanto na técnica. Dentre os empresários entrevistados observa-se a concordância generalizada de que é importante se trabalhar aliado à tecnologia que surge a cada momento, tornando-se necessária a junção da tecnologia que se encontra embutida no trabalho cotidiano com a qualificação do pessoal.

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Existem algumas empresas no mercado que vêm se preocupando em oferecer melhor qualificação nas esferas administrativa/gerencial do segmento, sendo mencionadas dentre elas o Senac, o CEFET, o Sebrae e a Moore Stephens, que visam suprir a grande deficiência desse tipo de mão-de-obra, principalmente no apoio gerencial.

6.5. Concorrência e Parceria

Este item procura analisar, dentre outros aspectos, a forma como se dá a concorrência entre as empresas de consultoria contábil e auditoria do Estado, apontando os segmentos que dominam o mercado, qual a forma de competição comumente vigente e que avaliação os gestores fazem acerca dos relacionamentos existentes.

No que se refere ao modo como ocorre a competição, existe uma clara divergência de opiniões entre os entrevistados. Parcela correspondente a aproximadamente 1/3 dos gestores das empresas pesquisadas considera que a concorrência entre os estabelecimentos ocorre de forma sadia, leal e respeitosa, uma vez que existe demanda para todos devido à grande diversificação de serviços prestados. Para este grupo, trata-se de uma concorrência ética. Porém, fazem uma ressalva sobre o pessoal que está se formando e entrando na concorrência cobrando honorários abaixo dos praticados no mercado, mas isso não tem afetado as empresas existentes, que já possuem seus nomes respeitados no setor, adquiridos por conta da confiabilidade e pela capacitação dos seus contingentes profissionais, o mesmo acontecendo com a grande maioria das empresas do ramo existentes há algum tempo no mercado, que já possuem sua clientela cativa. Foi destacada a interrelação, embora em proporção pequena, de empresas concorrentes em algumas áreas, mas que passam determinados serviços entre si quando são procuradas para realizar trabalhos que não possuem muita experiência, o que ocorre principalmente nas áreas de auditoria e perícia contábil.

Outra terça parte é incisiva na declaração de que não existe união entre as empresas de contabilidade e auditoria e que cada instituição quer levar vantagem sobre as outras. Para estes, essa atitude só faz contribuir para enfraquecer o segmento. Para essa parcela de entrevistados, a concorrência é grande, e praticada de forma desleal. É comum encontrar muitos profissionais oferecendo seus serviços através de anúncios em jornais, cobrando preços bem abaixo dos praticados no mercado. De certa forma isso vem afetando as empresas de prestação de serviços contábeis, uma vez que a maioria dos clientes acha que a sua contabilidade serve apenas para atender ao fisco, e não como um instrumento de planejamento gerencial. Assim, não há porque se pagar bem por um serviço que eles não consideram essencial, então, buscam esse tipo de profissional. Acontece, afirmam os gestores pesquisados, que esse tipo de profissional não é capacitado e não se preocupa em se atualizar, limitando-se apenas a realizar um simples balanço contábil, e isso complica de alguma forma a vida das empresas quando elas necessitam de defesas fiscais, pareceres técnicos, consultoria tributária, processos trabalhistas etc. Algumas das empresas entrevistadas afirmaram haver perdido inúmeros clientes por esse motivo, mas alguns sempre voltam (já aconteceram seis casos de retorno) quando notam que começaram a ter problemas nos seus estabelecimentos por conta de má gestão contábil. Trata-se, segundo

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esses dirigentes, principalmente os das instituições menores, de uma concorrência predatória, na qual, apesar de muita conversa, na hora de decidir, prevalece o cada um por si. Deve-se registrar que parcela dos empresários analisados, também correspondente a 1/3 do universo pesquisado, preferiu não opinar sobre a questão em pauta.

Apesar das divergências acima sugeridas, observa-se um consenso entre os gestores no sentido de que as empresas, de modo geral, procuram oferecer menores custos e melhores serviços, sendo esse o grande diferencial entre elas. Quanto à qualidade dos serviços prestados, esta se traduz em equipe profissional, especializações técnicas e equipamentos, sem deixar de lado o componente preço, que também possui um peso significativo na escala de preferência da clientela.

Por seu turno, os administradores dos estabelecimentos de menor porte consideram que entre as empresas desse nível não existe competição, e sim um patamar de sobrevivência muito semelhante. A grande questão, neste caso, é que, apesar de atravessarem os mesmos problemas e enfrentarem idênticas dificuldades, elas não se unem para tentar chegar a um ponto comum. Para dois gestores entrevistados nesse grupo, os estabelecimentos de médio porte são os que competem em condições de maior igualdade entre si, uma vez que apresentam de modo generalizado o mesmo foco de atendimento e equipamentos similares.

Para a maioria dos gestores, a competição se dá, através da combinação dos fatores custo e qualidade, este pesando um pouco mais do que o primeiro, mas é imprescindível que também se compute na escolha o componente da fidelização, que representa um forte apelo entre a clientela do segmento. Para cerca de 80% dos entrevistados, é comum a existência de clientes que mantêm fidelidade cativa aos seus consultores contábeis, em relações que perduram décadas.

6.6. Articulações e Tendências

Neste item analisa-se a concepção que os gestores das unidades prestadoras de serviços de consultoria contábil e de auditoria têm sobre o segmento, verificando-se quais as instituições mais relevantes, com quem as empresas se relacionam nas áreas de aprimoramento e apoio empresarial e gerencial, financeiro e de crédito, serviços básicos e de manutenção, setor público, comercialização e marketing. Aborda as maneiras como ocorrem as articulações e a cooperação entre as empresas sob a forma de parcerias e associações, quais os pontos fracos e as potencialidades, aponta que elos da cadeia merecem ser fortalecidos e como se daria esse fortalecimento. Por fim, indica quais as grandes tendências na concepção dos empresários.

Dentre as instituições mais relevantes do segmento, os entrevistados consideram que todos os estabelecimentos têm sua importância. Alguns são referência em gestão empresarial, outros em gestão financeira, determinadas empresas são referência em planejamento tributário, outras em auditoria contábil e outras destacam-se em implantação de sistemas de gestão. Em termos mais abrangentes, o segmento apresenta potencial reconhecido nos serviços de consultoria contábil e assessoria empresarial de modo geral,

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atuando com bastante competência, o que torna o segmento como uma referência regional no ramo, segundo opinião dos entrevistados. Esse desempenho se deve fundamentalmente ao investimento das empresas em tecnologia e qualificação de pessoal. Questionados a respeito das suas relações com as áreas de apoio financeiro e de crédito, aprimoramento e suporte empresarial e gerencial, comercialização e marketing, conhecimento tecnológico e setor público, os gestores pesquisados mencionaram as seguintes instituições: no que se refere ao aprimoramento e apoio empresarial e gerencial, as empresas recorrem, em parte, a instituições do próprio segmento, como a TGI e a Moore Stephens, e ao Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis – SESCON/PE; quanto ao apoio financeiro e creditício, basicamente não se busca empréstimos nas instituições bancárias, devido aos elevados juros praticados no mercado; acerca da comercialização e marketing se usam os serviços das empresas de publicidade locais; sobre o apoio do conhecimento tecnológico as parcerias ocorrem com mais intensidade com a UFPE, e o Sebrae. Em referência à cooperação entre empresas sob a forma de parcerias e associações, num tipo de articulação horizontal, os gestores destacam que existe um bom relacionamento, mas não há articulação em parcerias ou associações para realização de trabalhos conjuntos, a não ser naquilo que diga respeito a interesses comuns, e nesse caso é fundamental a participação do SESCON/PE. No que diz respeito a uma articulação vertical, as relações das empresas do segmento com instituições dos mais diversos tipos resumem-se a: terceirização para a realização de determinados serviços, como vigilância e serviços gerais; associação com instituições privadas de ensino, a exemplo do Senac e Cefet, visando à capacitação de mão-de-obra.

Em relação aos problemas apontados pelos gestores entrevistados, é bastante

extenso o rol de críticas, destacando-se como principais pontos fracos ou de estrangulamento mais mencionados, as seguintes questões: a deficiência de capacitação adequada, em função da baixa qualidade dos cursos de nível médio; a falta de apoio governamental; a falta de lideranças mais atuantes no segmento; a prática de concorrência desleal por parte de algumas empresas, principalmente das que estão entrando no mercado; a falta de união entre as instituições do segmento, aliada à ausência de participação nas decisões.

Quanto à identificação das grandes tendências, na concepção dos empresários, as respostas podem ser assim resumidas: uma fragmentação do segmento, devido ao surgimento de novos estabelecimentos no mercado; uma evasão dos demandantes de serviços por conta da crise econômica e da excessiva carga tributária que incide sobre a economia, contribuindo para o fechamento de inúmeros negócios; uma alavancagem na qualidade dos serviços prestados como forma de obter maior poder de competitividade; e a entrada no mercado de empresas de fora do Estado, principalmente do eixo Rio/São Paulo e até do exterior.

6.7. Tecnologia e Gestão

No que diz respeito à gestão tecnológica, como já foi mencionado anteriormente, as empresas do segmento que se preocupam com o futuro dos seus negócios vêm trilhando

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uma estratégia com perfil mais empreendedor, promovendo mudanças e adotando conceitos não considerados pelo segmento tradicional. Nelas os produtos e serviços oferecidos são diversificados, e é constante a utilização de informações e de tecnologias até certo ponto avançadas. Trata-se de um número de empresas considerável, que corresponde a cerca de 1/3 do segmento, segundo o SESCON/PE, que investe em transformações no processo de trabalho, imbuído de um novo modelo empresarial e da busca de experiências voltadas para o desenvolvimento da sua mão-de-obra. Em algumas empresas desse segmento, os produtos e serviços vêm se diversificando intensamente, em alguns casos através de associações e parcerias. Como estratégias de atuação, os gestores destacaram a importância de se reestruturar a parte física mediante reformas aliadas a um up grade tecnológico e se investir na qualidade do atendimento e no estreitamento da relação com outros parceiros, não se esquecendo, porém, de administrar os recursos disponíveis com parcimônia.

Para se ter uma idéia do avanço tecnológico que as empresas apresentam, de modo geral, todo o seu corpo técnico possui um computador à disposição, operando em rede (como a NOVEL, por exemplo, que permite às empresas uma redução em 20% no tempo gasto para executar os serviços) e com acesso a Internet, a maioria das soluções utilizadas são de prateleira, caracterizadas como fonte fechada e de conhecimento restrito ao perfil de usuário, operando com soluções adquiridas por elas ou pelos clientes, e praticamente todos os setores das empresas são informatizados, sendo os mais recentes, em alguns casos, o arquivo e almoxarifado.

Dentre os sistemas mais operados mencionam-se: como de grande porte, SAP, MICROGIGA, e DATA SUL; de médio porte, o RM e o PIRÂMIDE (solução local da PROCENGE); e de pequeno porte, a WK do Paraná, que opera os sistemas Radar Contábil, Sistema de Administração de Pessoal RUBI, Sistema Patrimonial, que controla o ativo permanente das empresas e Sistema Radar Financeiro e SAPIENS (de Santa Catarina), PROSOFT, MEGA, NSAIEMP, Sistema Fiscal da GCI (de Pernambuco) e EBS Sistemas, considerados pelos empresários como modernos, ágeis e seguros. No que se refere ao desenvolvimento de softwares, são contratadas empresas de Pernambuco.

Para os produtos de Administração e Produção utiliza-se comumente a Solução de TI Sapiens de Santa Catarina, na área de Recursos Humanos o sistema usado é o Vetor, também de Santa Catarina, para a Gestão Escolar o programa mais comum é o Tecno Trends (SC) e para Manutenção usa-se o sistema Engeman de Minas Gerais.

6.8. Propostas

Dentre as ações de políticas públicas sugeridas pelos gestores entrevistados como apoio efetivo ao segmento, podem ser destacadas:

- Reconhecendo a importância e os resultados decorrentes da abertura da SEFAZ para colaboração do SESCON na avaliação das propostas de alteração da regulamentação fiscal e da sua implementação, foi sugerida a criação de um componente administrativo na Secretaria da Fazenda com a

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atribuição de ouvir o segmento de empresas prestadoras de serviços, cujas atividades estão relacionadas com a questão fiscal;

- A Receita Federal, ao adotar procedimentos, poderia estabelecer entendimentos com as empresas prestadoras de serviço envolvidas, com o objetivo de ter suas necessidades atendidas sem acarretar ampliação desnecessária do volume de trabalho como parece ser o caso do DIMOB (cadastro imobiliário);

- Explorar mais a experiência do CANADÁ em termos de cooperação entre a área fiscal e os demais agentes envolvidos. Em 2002, a Secretaria da Fazenda promoveu evento no qual esta experiência foi apresentada;

- A FENACON deveria ser mais atuante. Apesar de ter um núcleo parlamentar de estudos contábeis, precisa ter personalidade jurídica para ser mais respeitada. No Canadá existe uma Associação através da qual os intermediários dos serviços do segmento (contadores e advogados) possuem voz junto ao Governo. Essa experiência deveria servir de modelo para se criar algo semelhante no Brasil;

- Um grande benefício que o Poder Público poderia trazer para o segmento seria o de patrocinar cursos profissionalizantes gratuitos ou a preços subsidiados, que poderiam ser ministrados pela Secretaria da Fazenda estadual ou pela Receita Federal, capacitando a mão-de-obra do setor e dando oportunidade a que ela se atualizasse com freqüência. Isso se torna necessário uma vez que essa área tem constantemente suas leis ou regras modificadas;

- Uma outra providência do Poder Público seria a de realizar estudos que proporcionassem a diminuição da carga tributária, que é por demais onerosa, principalmente para as micro, pequena e média empresas;

- É necessário que o segmento seja mais ouvido pelo Poder Público para se acabar com as arbitrariedades das leis que regem a contabilidade das empresas no País;

- Deveria ser criado um imposto único, no patamar de 10%, o que elevaria a arrecadação e reduziria a sonegação;

- Apoiar as iniciativas da Associação das Empresas de Serviços de Processamento - ASSESPRO, que tem defendido a contratação de empresas locais. A sugestão conflita com a observação de que Pernambuco não tem um produto forte e completo na área de administração de negócios, envolvendo controles contábeis, fiscais, patrimoniais e de pessoal;

- Fomentar um maior entrosamento entre o poder público e a iniciativa privada;

- Reduzir o percentual dos tributos pagos, principalmente no que se refere ao ISS e o COFINS.

7.PESQUISAS DE MERCADO E DE OPINIÃO PÚBLICA

7.1. Aspectos Gerais

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As estatísticas do Ministério do Trabalho (RAIS) apontam que os Serviços de Mercado e de Opinião Pública correspondem ao segmento que apresenta menor dinamismo tanto no que diz respeito à quantidade de estabelecimentos quanto à absorção de emprego formal. Para se ter uma idéia, em 2000 esta atividade computava apenas 15 unidades produtivas, ou seja, 1,2% das empresas de assessoria, consultoria e planejamento de Pernambuco, e detinha a insignificante proporção de 1,1% sobre os postos de trabalho formal gerados (apenas 67 empregos), como pode ser visto nas Tabelas 4.4, 7.1 e 7.2, a qual ainda registra uma redução de 22,1% nos empregos em comparação com o quadro existente em 1996.

No que se refere à quantidade de empresas e ao número de empregos formais gerados, segundo a natureza jurídica, as tabelas em questão mostram que as atividades concentram-se na sua totalidade na modalidade de ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’.

Tabela 7.1Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Pesquisa de

Mercado e de Opinião Pública Contabilidade e Auditoria, por Número de Estabelecimentos – 1996-2000

Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000Empresa Pública - Soc. Anônima - Capital Fechado 1 - - - -Soc. Por Quota de Responsabilidade Limitada 8 10 7 7 15Firma Mercantil Individual - - - 1 -Outras Formas de Organização Sem Fins Lucrativos 1 - - - -

TOTAL 10 10 7 8 15 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Tabela 7.2Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Pesquisa de Mercado e de Opinião

Pública Contabilidade e Auditoria, por Número de Empregados – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Empresa Pública - Soc. Anônima – Capital Fechado 15 - - - -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 57 54 53 32 67Firma Mercantil Individual 14 - - - -Outras Formas de Organização Sem Fins Lucrativos - - - 1 -

TOTAL 86 54 53 33 67 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No que tange ao total de empresas e ao número de empregados segundo o porte por número de empregados (Tabelas 7.3 e 7.4), observa-se que 2/3 dos estabelecimentos inserem-se no rol das microempresas (com até 4 empregados), as quais ocupavam em 2000 a parcela de 19,4% (13 pessoas) dos empregos do segmento. Por sua vez, as pequenas unidades (com 5 a 9 empregados) representavam 1/5 das empresas de Pesquisa de Mercado e Opinião Pública e ocupavam 25,4% dos trabalhadores da área. Portanto, verifica-se uma predominância quanto ao número de estabelecimentos, nas empresas de pequeno porte. Já no diz respeito à oferta de emprego, as unidades que podem ser consideradas de médio

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porte neste segmento, assim computadas as empresas com 10 a 49 empregados, apesar de compreenderem apenas dois estabelecimentos, geraram mais da metade dos postos de trabalho do setor (mais especificamente 37 empregos, ou seja, 55,2%) em 2000.

Tabela 7.3Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Pesquisa de Mercado

e de Opinião Pública Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 3 2 - 2Até 4 Empregados 4 8 6 8De 5 a 9 Empregados 1 3 - 3De 10 a 19 Empregados 1 1 2 1De 20 a 49 Empregados 1 1 - 1De 50 a 99 Empregados - - - -De 100 a 249 empregados - - - -

TOTAL 10 15 8 15 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Tabela 7.4Pernambuco: Empregados dos Serviços de Pesquisa de Mercado e de

Opinião Pública Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000Nº Empregados Ano

1996 1997 1998 1999 2000 Ate 4 Empregados 7 7 11 8 13De 5 a 9 Empregados - 8 - - 17De 10 a 19 Empregados 55 16 15 25 16De 20 a 49 Empregados 24 23 27 - 21De 50 a 99 Empregados - - - - -De 100 a 249 empregados - - - - -

Total 86 54 53 33 67

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Sobre a localização geográfica, observa-se que todos os estabelecimentos do segmento encontram-se na mesorregião Metropolitana do Recife, mais especificamente na microrregião do Recife, como mostra a Tabela 7.5.

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Page 108: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Tabela 7.5Pernambuco: Estabelecimentos e Empregados dos Serviços de Pesquisa de

Mercado e de Opinião Pública por Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000ESTABELECIMENTOSMesorregião da MATA PERNAMBUCANA

- - - 1 -

- Vitória de Santo Antão - - - 1 -Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 10 10 7 7 15 - Recife 10 10 7 7 15

TOTAL 10 10 7 8 15EMPREGADOSMesorregião da MATA PERNAMBUCANA

- - - 1 -

- Vitória de Santo Antão - - - 1 -

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 86 54 53 32 67 - Recife 86 54 53 32 67

TOTAL 86 54 53 33 67 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

7.2. Perfil do Cliente e do Mercado

Dadas as dificuldades de agendamento e em razão do número reduzido de estabelecimentos nestes serviços, foram pesquisadas apenas duas empresas do segmento de Pesquisa de Mercado e de Opinião, sendo uma de grande porte e outra integrante do grupo de pequenas empresas.

Um dos estabelecimentos entrevistados remodelou inteiramente o foco do seu negócio, passando a atuar nos segmentos de gestão da informação e pesquisa de opinião. A outra unidade analisada atua no mercado há quase uma década, concentrando suas atividades no segmento de pesquisa, sendo que 80% delas são relacionadas à questão eleitoral e 20% referem-se a pesquisas de mercado.

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Page 109: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Uma das empresas, atualmente, dedica-se fundamentalmente à Gestão da Informação, tendo já realizado censos de funcionários públicos no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e está sendo contratada para realizar outros trabalhos semelhantes no Rio Grande do Sul e em Roraima.

No que se refere à atividade de pesquisa, uma das entrevistadas já prestou esse tipo de serviço em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, tendo inclusive uma experiência internacional, com a realização de pesquisa sobre parques temáticos na Flórida.

Quanto ao número de pessoas ocupadas, as duas empresas contam com um núcleo básico médio de 18 pessoas. Quando ocorrem picos de atividade, uma delas chega a contar com 500 pessoas, considerando funcionários e prestadores de serviços. A outra unidade produtiva normalmente consegue dobrar seu pessoal, através de terceirização, para atender a demanda de pesquisas em diversos municípios do Estado e da região Nordeste.

Uma das empresas pesquisadas tem 65% do seu faturamento atrelado ao Setor Público. No segmento relativo a gestão da informação, embora a clientela geralmente seja composta minoritariamente por grandes empresas, elas respondem por cerca de 70% das receitas, enquanto no segmento referente à pesquisa propriamente dita, o número de clientes é bastante expressivo, compondo-se basicamente de pequenas a médias unidades.

Nos últimos cinco anos, uma das empresas entrevistadas vem apresentando ritmo de

crescimento intenso, com uma participação cada vez mais acentuada no mercado, alavancado pelo incremento de 5% para 35% das receitas provenientes do setor privado, apontando também para uma mudança no perfil de atuação.

A percepção dos entrevistados é de que a conjuntura econômica recessiva é

passageira e que está havendo uma expansão do mercado face das pesquisas estarem se tornando mais atrativas. No que se refere aos censos de funcionários públicos, como os recursos para suas realizações originam-se do Banco Mundial e chegam aos estados através do Ministério da Previdência, a aprovação da sua Reforma deve acentuar a demanda pela realização desses serviços.

Para os empresários pesquisados, as principais empresas nacionais no segmento de

pesquisa são Ibope, Datafolha, Galup e Vox Populi, sendo que algumas delas têm escritório em Recife. As principais empresas locais são Ipespe, Datamétrica, Instituto Harrop e Exata enquanto os demais estabelecimentos, em número de onze, correspondem a pequenas unidades. Nesse grupo existe diferenciação, observando-se que algumas empresas são extensões de lideranças políticas. No segmento de gestão da informação, as principais empresas nacionais são Fundação Getúlio Vargas, Boucinhas, JCR & Deloitte Consultores e UNB.

De acordo com os gestores pesquisados, as empresas de menor porte do segmento possuem uma clientela basicamente localizada em Pernambuco, sendo que aproximadamente 80% dela corresponde a pessoas físicas e cerca de 90% dos clientes mantêm uma relação antiga nos negócios.

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Page 110: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Nas suas trajetórias recentes, as empresas analisadas têm experimentado, de forma mais constante intenso crescimento, ampliando as suas participações no mercado. Um dos entrevistados afirmou não ver obstáculo para o crescimento do seu estabelecimento, considerando não haver concorrência no setor de pesquisa eleitoral, principalmente porque a demanda por este serviço deixou de ser sazonal. Agora existem inúmeras atividades encampadas pelos institutos de pesquisa de mercado e opinião, a respeito das quais são destacados os seguintes aspectos:

a) quem quer se candidatar contrata uma pesquisa; b) os candidatos eleitos contratam levantamento sócio-econômico para orientar

planos de ação dos seus mandatos; c) os eleitos contratam a pesquisa para avaliar o mandato, buscando identificar

quais os principais problemas na percepção do cidadão e como estão avaliadas as ações. Buscam informações, inclusive sobre a qualidade dos serviços, para formular planos de trabalho e para fazer complementações ou correções;

d) a oposição e lideranças de esfera regional contratam pesquisas para identificar qual é a percepção do cidadão, com o objetivo de delinear alianças e construir o discurso evitando criticar aspectos com índice satisfatório de aceitação e enfatizando aspectos em relação aos quais os índices de rejeição são altos.

Outros aspectos considerados revelam que o segmento de pesquisa está se tornando mais competitivo e que estão se abrindo novas perspectivas, como é o caso do promissor mercado de certificação de qualidade. Processos como ISO 9000 exigem a realização de pesquisa de satisfação do cliente.

7.3. Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes

No entendimento das empresas pesquisadas, deverá haver uma expansão intensa das atividades de pesquisa e gestão da informação, e entre as estratégias mais relevantes foram apontadas as seguintes:

1) Cortar despesas, adotando medidas específicas como rever o contrato de fornecimento de energia buscando, obter tarifas mais reduzidas, incluir na central telefônica a telefonia móvel por considerar que as ligações de celular para celular são mais baratas;

2) Investir maciçamente no convencimento dos empreendedores públicos e privados sobre a importância da pesquisa;

3) Buscar ferramentas e instrumentos modernas de trabalho;4) Melhorar a qualidade dos serviços.

No que se refere aos diferenciais que acreditam dispor, mencionaram:

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Page 111: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

- A pesquisa e gestão da informação são serviços padronizados, mas algumas empresas contam com um diferencial no que se refere ao aspecto técnico e no comprometimento do time;- 90% das empresas atuam sob demanda, sendo procuradas para executar determinado contrato. Uma das empresas pesquisadas, ao contrário, procura os clientes, discute projeto, tenta vender idéias, ou seja, leva o produto.

Sobre os instrumentos e meios, um dos entrevistados declarou que utiliza exclusivamente recursos próprios, enquanto outro exige que 50% do valor dos serviços sejam pagos antecipadamente. Quanto ao crédito, ambas apontaram que a exigência de garantias reais e o patamar da taxa de juro são os principais obstáculos. Com relação ao apoio governamental, os entrevistados declararam desconhecer, porém consideram importante para o desenvolvimento do segmento.7.4. Recursos Humanos

Embora reconheçam que Recife é um celeiro de profissionais qualificados no segmento estudado, as empresas pesquisadas apontaram que existe dificuldade para recrutar entrevistadores no mercado, com exceção de um grupo que presta serviço a diversas empresas. Em geral, após a seleção, faz-se necessário capacitar os prestadores de serviços que se caracterizam por apresentar grande mobilidade.

Coerente com a perspectiva otimista de expansão dos negócios, uma das unidades

pesquisadas reforçou o núcleo técnico contratando profissionais que anteriormente gerenciavam a filial de uma das empresas concorrentes e um outro qualificado profissional que atuava no mercado de São Paulo.

Com relação à oferta de oportunidades de capacitação, as empresas pesquisadas indicaram que os treinamentos que interessam a eles só têm sido oferecidos em São Paulo.

7.5. Concorrência e Parceria

As empresas entrevistadas apontaram que a concorrência entre as empresas de grande porte ocorre principalmente sob a forma de preço e em menor escala devido à credibilidade que a empresa tem no mercado (neste caso, o Ibope é considerado referência). Entre as pequenas unidades do segmento, o processo de escolha envolve os fatores preço e confiança. Embora considerem importante a realização de parcerias, a iniciativa não é comum nas empresas prestadoras de serviços de pesquisa de mercado e de opinião.

7.6. Articulações e Tendências

As entrevistadas não acreditam que o segmento possa vir a constituir um pólo e consideram que predomina uma postura primária que impede a percepção de que juntas, todas ganhariam.

Existe complementaridade entre as grandes empresas nacionais com escritórios na praça e pequenas empresas locais. As unidades de fora do Estado enviam os questionários,

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Page 112: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

contratam pequenas empresas de pesquisa locais mediante pagamento de remuneração técnica, estrutura fixa e aplicação dos instrumentos de coleta. No final, os questionários são devolvidos para a contratante que se encarrega do processamento. São realizadas parcerias nos casos onde são necessários serviços especializados, como é o caso de trabalhos que envolvam estatística.

7.7. Tecnologia e Gestão

No que se refere a equipamentos de informática, as empresas pesquisadas declararam que todos os funcionários das equipes técnicas dispõem de computador, observando-se o acesso mais amplo à Internet nos estabelecimentos de maior porte.

Quanto às soluções encontradas nos processos de trabalho adotados, foi revelado por uma das empresas que o sistema "SPSS" é uma ferramenta única, muito cara, e o treinamento para a sua utilização é dado exclusivamente por uma pessoa em São Paulo. Apenas empresas de grande porte recorrem a ferramentas complementares desenvolvidas internamente.

Na percepção de um dos entrevistados, nas empresas de menor porte, a questão da qualidade do produto está atrelada ao dirigente, e para o cliente, a questão é apresentada mediante realização de pesquisa no formato de projeto piloto, cobrando-se pelo produto apenas o preço de custo.

7.8. Propostas

- Uma importante forma de apoio ao desenvolvimento do segmento, segundo os entrevistados, seria fomentar a contratação dos serviços de pesquisas por parte dos órgãos públicos visando orientar as ações do Setor Público;- Conscientizar os entrevistadores sobre a utilidade de se criar uma cooperativa. Ela poderia desempenhar um importante papel no que se refere ao treinamento. Já existe um embrião de associativismo porque o grupo principal de entrevistadores presta serviços para as diferentes empresas;- Reduzir os custos da aquisição de programas para instrumentalizar as pesquisas, a exemplo do "SPSS" e fomentar o treinamento quanto a sua utilização;- A principal proposta reside na retomada no projeto esboçado pela Secretaria da Fazenda que trata da reclassificação da atividade de pesquisa atualmente sujeita a uma tributação de 17,5% de ICMS. Sendo um serviço e a exemplo do que ocorre com a atividade de processamento de dados, deveria ser aplicada alíquota de 5%. Além de permitir o fortalecimento das empresas do segmento, particularmente das pequenas em função de poderem optar pelo "Simples", constituiria medida de combate à sonegação e ao uso do expediente de processar o recebimento de parte do serviço na forma de fornecimento de produto isento através de empresa paralela;- Conscientizar os integrantes dos segmentos de Gestão e de Pesquisa, sobre a importância do associativismo, particularmente importante no que se refere à definição de uma política de preços para os serviços;

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Page 113: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

- Conceber e implementar propostas de formação de quadros técnicos, envolvendo os níveis médio, de graduação e de especialização.

8. SERVIÇOS DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E ASSESSORAMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO

8.1.Aspectos Gerais

Embora esta atividade mantenha a terceira colocação, em termos de quantidade de empresas, no conjunto das atividades de Assessoria, Consultoria e Planejamento, como mostra a Tabela 4.5, é a que se apresenta como a mais dinâmica no que se refere à geração de postos de trabalho (ver Tabela 4.4). As estatísticas do Ministério do Trabalho/RAIS são categóricas a esse respeito, como mostram as Tabelas 8.1 e 8.2. De fato, este conjunto de serviços registrava em 2000, de acordo com a fonte citada, cerca de 184 estabelecimentos que ocupavam, formalmente, não considerados os sócios ou proprietários, aproximadamente 1,7 mil pessoas.

Os dados da Tabela 8.1 apontam, no que se refere à natureza jurídica, que as empresas registradas na categoria de ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’ foram as que apresentaram melhor desempenho no período de 1996 a 2000, passando de 94 estabelecimentos, número que correspondia a 74,6% das unidades cadastradas na RAIS, para 153, aumentando sua participação no número de estabelecimentos para 83,2%. Esse incremento no número de empresas significou uma elevação de 62,8% nas unidades inseridas na modalidade em questão. Numa trajetória oposta, destacam-se as ‘firmas mercantis individuais’, que em 1996 representavam cerca de 10% dos estabelecimentos do segmento (13 unidades), reduzindo-se para 4,9% em 2000 (9 empresas), significando um decréscimo da ordem de 31%.

Tabela 8.1Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e

Assessoramento Técnico Especializado, por Número de Estabelecimentos – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal - - - - 1Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 1 - 1 1 -Soc. Anônima Capital Fechado 5 3 2 2 1Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 94 110 129 142 153Sociedade Civil com Fins Lucrativos 3 8 5 5 6Firma Mercantil Individual 13 11 10 9 9

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Page 114: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Cooperativa - - - 1 -Outras Formas de Organização Empresarial 2 2 2 2 2Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) - 1 - - -Autônomo 2 2 1 - -Autônomo ou Equiparado, com Empregado 1 8 9 13 11Outras Formas de Organização e Ignoradas 5 3 2 1 1

TOTAL 126 148 161 176 184 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Com referência à geração de postos formais de trabalho, vistos na Tabela 8.2, os dados da RAIS mostram que a categoria ‘sociedade por quotas de responsabilidade limitada’ apresenta um crescimento significativo entre 1996 e 2000, tanto em termos da elevação do número de empregados em si, quanto pela participação no total de empresas do segmento. As estatísticas indicam que foram gerados 740 postos de trabalho nesta categoria ao longo do período, o que representa um crescimento no patamar de 85,4%, o que corresponde a uma taxa de incremento anual de 13,7%. Esta modalidade, que ocupava cerca de 86% da mão-de-obra do segmento em 1996 eleva essa proporção para aproximadamente 95% em 2000. Por sua vez, as ‘firmas mercantis individuais’ têm seu contingente de trabalhadores reduzido de 4,5% para 1,4%, e as ‘sociedades anônimas de capital fechado’, que representavam 5,6% do pessoal ocupado nas Atividades de Arquitetura, Engenharia e de Assessoramento Técnico Especializado em 1996 reduzem-se a zero em 2000.

Tabela 8.2Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e

Assessoramento Técnico Especializado, por Número de Empregados – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Poder Executivo Federal - - - - 1Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 2 - 1 1 -Soc. Anônima Capital Fechado 57 34 11 4 -Soc. Quota de Responsabilidade Limitada 866 1.217 1.537 1.354 1.606Sociedade Civil com Fins Lucrativos 20 46 65 73 33Firma Mercantil Individual 45 30 29 30 24Cooperativa - - - 6 -Outras Formas de Organização Empresarial 5 5 4 3 7Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) - 2 - - -Autônomo 3 3 2 - -Autônomo ou Equiparado, com Empregado 2 19 22 26 15Outras Formas de Organização e Ignoradas 9 21 11 1 -

TOTAL 1.009 1.377 1.682 1.498 1.686Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

É provável que esta grande expansão do emprego formal e do número de estabelecimentos esteja associada ao intenso crescimento que se constatou, no Estado de Pernambuco, na construção civil e, mais recentemente, nas obras públicas, associadas aos investimentos do Governo Estadual.

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As Tabelas 8.3 e 8.4 permitem inferir algumas constatações interessantes a respeito do segmento. Nota-se, por exemplo, que os estabelecimentos de pequeno porte (com até 9 empregados) representavam em 1997 pouco mais de 3/4 das empresas do segmento, aumentando essa participação ao longo do período, chegando ao patamar de 82,6% em 2000 (ver Tabela 8.3), o que corresponde a uma taxa acumulativa anual de 5,7%. Observa-se ainda que as empresas com 10 a 19 empregados e as que possuíam entre 20 e 49 pessoas ocupadas apresentam uma redução, no caso das primeiras, significativa, nos postos de trabalho, da ordem de 22%, enquanto que as grandes unidades (com mais de 50 trabalhadores) passam de 7 para 11 empresas, o que significa um incremento de 57%.

Tabela 8.3Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e Assessoramento Técnico

Especializado, Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 19 25 23 25 Ate 4 Empregados 77 96 102 96De 5 a 9 Empregados 19 31 22 31De 10 a 19 Empregados 18 14 9 14De 20 a 49 Empregados 8 7 12 7De 50 a 99 Empregados 4 8 7 8De 100 a 249 empregados 3 3 1 3

TOTAL 148 184 176 184 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

As informações sobre a absorção de empregos mostram uma dinâmica merecedora de registro na geração de postos de trabalho tanto nos estabelecimentos de pequeno porte (até 9 empregados) quanto nos de grande porte (acima de 50 funcionários), enquanto nas empresas intermediárias (com 10 a 49 pessoas ocupadas) nota-se o oposto: uma redução no emprego gerado (cf. Tabela 8.4). De fato, entre 1996 e 2000 os pequenos estabelecimentos apontam um incremento de 54,2% no número de trabalhadores (passa de 262 pessoas ocupadas para 404), embora a proporção desses empregos no que se refere ao contingente de mão-de-obra do segmento tenha se reduzido de 26% para 24% ao longo do tempo considerado. Nos grandes estabelecimentos, nota-se que a parcela do número de empregados sobre o total de postos de trabalho se eleva nos pontos extremos do período analisado (passa de 39,3% em 1996 para 52,7% em 2000), e a proporção da mão-de-obra desse tipo de empresa mais que duplica, chegando a representar 123,7% dos trabalhadores do segmento em 2000.

Tabela 8.4Pernambuco: Empregados dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e Assessoramento Técnico

Especializado, Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1996 1997 1998 1999 2000 Ate 4 Empregados 116 145 173 186 191De 5 a 9 Empregados 146 118 171 141 213De 10 a 19 Empregados 183 226 223 127 170

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Page 116: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

De 20 a 49 Empregados 167 214 197 349 224De 50 a 99 Empregados 226 254 323 544 536De 100 a 249 empregados 171 420 595 151 352

TOTAL 1.009 1.377 1.682 1.498 1.686 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Quanto à localização geográfica das empresas que prestam serviços de Arquitetura e Engenharia e de Assessoramento Técnico Especializado, os dados da RAIS indicam, a exemplo do que ocorre com todas as outras categorias de Assessoria, Consultoria e Planejamento, uma grande concentração dos estabelecimentos na mesorregião Metropolitana do Recife, fundamentalmente na microrregião do Recife. É importante destacar, porém, que apesar das empresas sediadas nesta área terem apresentado um crescimento relativo correspondente a 45% no número de unidades (ver Tabela 8.5), entre 1996 e 2000, nesse primeiro ano elas respondiam por 88,1% das empresas do segmento, patamar que se reduz para 87,5% no ano posterior (passa de 111 unidades de um total de 126 no Estado, para 161 entre 184). Nas outras áreas, o destaque vai para as mesorregiões do Agreste (comandada pela microrregião do Ipojuca, que detém 80% das empresas da área) e do Sertão (onde se sobressai a microrregião do Pajeú, que sedia 75% dos estabelecimentos da mesorregião). No caso do Agreste o número das unidades duplica no período analisado, embora sua participação relativa ainda seja bastante tímida em termos estaduais (apenas 5,4% das empresas pernambucanas do segmento). Quanto ao Sertão, os dados são ainda menos relevantes, pois eles apontam para uma representatividade de somente 4,3% sobre o volume do segmento no Estado.

Tabela 8.5Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e Assessoramento Técnico

Especializado por Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 5 6 7 4 8 - Araripina 2 2 1 - - - Salgueiro - - 1 1 1 - Pajeú 2 3 4 2 6 - Sertão do Moxotó 1 1 1 1 1

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 4 6 8 6 2 - Petrolina 4 6 8 6 2

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 5 7 10 8 10 - Vale do Ipojuca 5 6 8 6 8 - Médio Capibaribe - - - 1 1 - Brejo Pernambucano - 1 2 1 1

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 1 1 2 2 3 - Vitória de Santo Antão - - 2 2 1 - Mata Meridional Pernambucana 1 1 - - 2

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 111 128 134 156 161 - Itamaracá 1 1 - 1 -

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Page 117: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

- Recife 107 124 130 149 158 - Suape 3 3 4 6 3

TOTAL 126 148 161 176 184 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Observando-se os dados da RAIS sob a ótica da geração de empregos (Tabela 8.6), os números apontam para uma trajetória na qual se destacam alguns aspectos. O primeiro deles mostra um expressivo crescimento na criação de postos de trabalho nas mesorregiões do Sertão e do Agreste em níveis acima dos dois dígitos. A primeira área registra uma elevação de 36 pessoas ocupadas em 1996 (equivalente a 3,6% do contingente de trabalhadores do segmento no Estado) para 148 em 2000 (correspondente a 8,8% da mão-de-obra total do segmento), o que representa um acréscimo de 311,1%. Esta trajetória foi influenciada basicamente pela microrregião do Pajeú que elevou em cinco vezes o emprego gerado pelo segmento na área. Já o Agreste apresentou uma dinâmica mais modesta, apontando para um crescimento de 105,6% no período (o número de empregados passa de 18 para 37), com destaque para a microrregião do Vale do Ipojuca, que anotou um incremento de 72,2%. O segundo fato é que na mesorregião do Agreste deve-se salientar os dados estatísticos referentes aos anos de 1997 e 1998, cujos números, provavelmente, estão equivocados, talvez por erro de digitação. O fato é que a mudança abrupta dessas informações nos anos seguintes não suscita nenhuma justificativa plausível que a explique. O terceiro aspecto trata do acentuado número de postos de trabalho gerados pelo segmento na mesorregião Metropolitana do Recife, na sua quase totalidade na microrregião do Recife. Nota-se à luz da Tabela 8.6 que apesar de ter havido uma redução na proporção da mão-de-obra ocupada em 1996, em referência ao total de empregados do segmento no Estado, em comparação com a mesma relação em 2000 (passa de 92% no primeiro ano para 84,4% em 2000), registrou-se um acréscimo de pouco mais da metade (53,3%) no contingente de trabalhadores da mesorregião (passa de 928 para 1.423 empregos formais).

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Page 118: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

Tabela 8.6Pernambuco: Empregados dos Serviços de Arquitetura, Engenharia e Assessoramento Técnico

Especializado por Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 36 68 97 69 148 - Araripina 7 1 - - - - Salgueiro - - 9 2 - - Pajeú 28 66 83 61 140 - Sertão do Moxotó 1 1 5 6 8

Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 26 31 53 37 43 - Petrolina 26 31 53 37 43

Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 18 183 218 33 37 - Vale do Ipojuca 18 18 32 30 31 - Médio Capibaribe - - - 1 3 - Brejo Pernambucano - 165 186 2 3

Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 1 2 8 2 35 - Vitória de Santo Antão - - 8 2 7 - Mata Meridional Pernambucana 1 2 - - 28

Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 928 1.093 1.306 1.357 1.423 - Itamaracá 6 7 - 1 - - Recife 902 1.057 1.273 1.292 1.422 - Suape 20 29 33 64 1

TOTAL 1.009 1.377 1.682 1.498 1.686Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

8.2. Perfil do Cliente e do Mercado

A avaliação do segmento de engenharia consultiva, representado pelas empresas prestadoras de serviços de arquitetura, engenharia e assessoramento técnico especializado, fundamenta-se na análise de seis empresas onde foram realizadas entrevistas estruturadas durante os meses de abril a junho de 2003. Foram contemplados no estudo quatro estabelecimentos no setor de engenharia e dois no de arquitetura.

Para efeito do presente relatório, baseando-se em informações dadas pelos dirigentes das empresas pesquisadas, foram consideradas pequenas unidades produtivas as que empregam até 40 pessoas, as médias são aquelas que contam com mão-de-obra de 41 a 80 trabalhadores e as grandes empresas possuem acima de 80 pessoas ocupadas. Assim, obedecendo a esses parâmetros, o estudo contemplou quatro pequenos estabelecimentos,

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Page 119: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

cujo número de empregados variava de 9 a 28 pessoas e dois de grande porte. Quanto à função das pessoas entrevistadas, quatro são engenheiros e dois arquitetos, todos sócios-diretores das unidades pesquisadas.

Algumas das empresas pesquisadas desenvolvem atividades de engenharia consultiva, ou seja, consultoria em engenharia civil, outras atuam na elaboração de projetos estruturais e outras são especializadas em projetos de arquitetura e urbanismo. No âmbito da atividade geral desenvolvida, as unidades de engenharia consultiva realizam projetos de gerenciamento de rodovias e de recursos hídricos, as de projetos estruturais trabalham preferencialmente em empreendimentos de concreto armado, protendido e estrutura metálica, e os da área de arquitetura são especializadas na elaboração de projetos urbanísticos.

Quanto ao perfil do cliente, mais de 90% dos usuários dos serviços de engenharia e arquitetura consultiva constituem-se de pessoas jurídicas, tanto públicas quanto privadas, com uma ligeira predominância da iniciativa pública. As restantes, compõem-se de pessoas físicas, que buscam serviços de construção de casas e pequenas obras residenciais. No caso das pessoas jurídicas, a clientela da iniciativa pública compreende órgãos governamentais, de âmbito Federal, Estadual e Municipal, fundamentalmente órgãos e empresas públicas, a exemplo de secretarias municipais, Infraero, DER, Compesa etc. No caso da iniciativa privada a demanda mais freqüente origina-se das próprias Construtoras/Incorporadoras, de instituições bancárias, dos segmentos industrial e comercial.

Os serviços mais solicitados dizem respeito a projetos e gerenciamento de obras, serviços técnicos de engenharias tais como projetos de irrigação e de infra-estrutura econômica (saneamento, rodovias, portos, pontes). Em escala quase semelhante consideram-se as obras de construção de edifícios (principalmente), e em menor quantidade, de supermercados e estabelecimentos industriais.

A clientela do segmento localiza-se na sua totalidade na própria região Nordeste, predominantemente no Estado de Pernambuco (mais de 60%) enquanto a parcela restante encontra-se majoritariamente no eixo de Alagoas ao Rio Grande do Norte. É importante destacar que os empresários pesquisados afirmaram que a participação de outros Estados da região já foi maior, chegando a representar em alguns momentos quase metade dos contratos de serviços das empresas pernambucanas do segmento.

Dentre o conjunto de atividades que desempenham, os entrevistados consideram como as mais importantes, que vêm desenvolvendo nos últimos anos, os projetos no setor imobiliário, que respondem por mais da metade do faturamento das empresas, principalmente por conta da retração do segmento da construção civil na última década, principalmente no setor público, tradicionalmente o maior demandante destes serviços. Apesar disso, a construção e recuperação de rodovias ainda vem representando uma fatia considerável dos trabalhos executados pelas empresas do segmento.

Apesar da redução na demanda do setor público, para os entrevistados, a trajetória das instituições de engenharia consultiva nos últimos cinco anos tem sido positiva. Para

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Page 120: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

cinco das empresas pesquisadas, registrou-se no período um crescimento muito intenso e participação crescente no mercado, inclusive com uma delas sendo considerada uma das empresas do ramo que mais cresceu no setor no ano de 2002, em nível nacional. Todo esse desempenho é creditado ao investimento na diversificação da clientela e dos produtos oferecidos. Deve-se destacar, porém, que esse fato concerne apenas no caso das unidades produtivas de engenharia consultiva, e não para o setor da construção civil como um todo. Para uma das empresas entrevistadas, a trajetória observada foi de crescimento moderado a manutenção do mesmo nível de atividade.

Embora a maioria dos estabelecimentos analisados tenha declarado haver incrementado suas atividades nos últimos anos, principalmente por conta de investimentos na sua capacidade produtiva e na diversificação, os entrevistados concordam que a conjuntura atual vem gerando uma certa apreensão quanto ao futuro do segmento, sendo apontados como obstáculos à ampliação ou consolidação das suas atividades os seguintes problemas:

- Falta de políticas públicas que incentivem o setor de construção, sobretudo no que diz respeito aos seguintes aspectos: planejamento, insuficiência de recursos para obras, pagamento com atraso dos serviços contratados e licitações com base no menor preço;- Descontinuidade na demanda do governo por trabalhos do setor; - Baixos preços praticados pela concorrência;- Remuneração inadequada ao tipo de serviço ofertado;- Excesso de empresas concorrentes, buscando o menor preço;- Falta de financiamento para o setor consultivo por conta da inexistência de garantias reais a oferecer pelas empresas;- Descontinuidade dos trabalhos contratados;- Falta de planejamento financeiro;- Desinteresse pela formação na área da engenharia e pela especialização, devido à baixa remuneração praticada no segmento;- Dificuldade de se obter recursos para investimento na atualização dos equipamentos de informática.

Dentre as potencialidades mais relevantes para ampliação e consolidação dos empreendimentos mencionam-se:

a) A demanda reprimida por obras nos setores rodoviário e de saneamento, além da demanda elevada no que se refere ao meio ambiente (gestão ambiental);

b) O investimento a ser realizado na Região Nordeste, pelo Governo Federal, no setor de recursos hídricos, principalmente nos projetos de irrigação, de abastecimento de água e de saneamento. Isso, porém, na opinião dos entrevistados, dependerá da prioridade que o Governo Federal estabelecer para a Região;

c) As oportunidades de trabalhos mais sofisticados onde o uso de softwares é mais limitado e há falta de pessoal especializado;

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Page 121: TERCIÁRIO EM PERNAMBUCO: OS SERVIÇOS DE ... · Web viewAlém disso, o comércio atacadista voltado para a venda de remédios e produtos de consumo do pólo médico, alcançava,

d) A ALCA pode ser uma possibilidade para novos serviços;e) A perspectiva de crescimento do Estado com ações estruturadoras;f) A retomada das obras públicas, que representam uma demanda

considerável do segmento; g) Os serviços de projeto e gerenciamento na área da habitação popular,

caso seja implementado um programa nesta área pelo Governo Federal;h) A manutenção da qualidade dos serviços prestados, inclusive com a

implantação do ISO 9000 (uma das empresas está há quatro meses investindo na aquisição dessa certificação;

i) A integração do segmento via parcerias nos trabalhos, buscando a complementaridade;

j) O acompanhamento de obras e de auditoria de projetos. Isto já se tornou uma praxe nas grandes construtoras e em algumas empresas públicas;

k) A existência de Projetos Urbanos, como o Cais José Estelita e o Recife Antigo, envolvendo urbanismo e projetos de arquitetura.

8.3. Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes

Para os próximos anos, o cenário vislumbrado por alguns dos gestores dos estabelecimentos da engenharia consultiva é o de crescimento moderado ou manutenção do nível de atividade. A modificação recente no quadro político faz com que as empresas fiquem na expectativa das novas políticas que serão adotadas, agindo com cautela para evitar problemas futuros. Ademais, os entrevistados consideram não ser possível crescer muito por conta da falta de estrutura e de técnicos qualificados. Para outros dois, a perspectiva é de que ocorra uma expansão intensa das atividades desenvolvidas, por conta da necessidade de o país realizar investimentos públicos e pela prioridade que se espera que se dê a questões como o abastecimento de água e o saneamento, inclusive já se observando demanda na área de projetos urbanos e de obras públicas. Para um entrevistado, porém, a atual conjuntura remete a um futuro indefinido, no qual, na melhor das hipóteses, se mantenha o mesmo nível de atividades. Nesse caso, a previsão é de que aconteceria uma redução das atividades nos próximos dois anos por conta da conjuntura nacional e internacional, acompanhada por um crescimento moderado após este período.

Visando aproveitar as potencialidades existentes, os entrevistados acreditam que a melhor estratégia a ser adotada seria a de enfatizar a melhoria da qualidade dos serviços prestados, opinião compartilhada por metade das empresas analisadas. Para eles, é a qualidade dos serviços que diferencia as empresas do setor, inclusive duas delas vêm se preparando para obter a certificação ISO 9001, já conseguida por uma terceira. Os entrevistados são enfáticos ao afirmar que quanto maior a qualidade dos serviços, mais se abre o mercado e se consolidam os clientes já captados. Esta política, aliás, vem sendo mantida, muito embora a remuneração por esse melhor serviço seja inadequada, quando comparada com as outras regiões do país. Outros dois gestores concordam que se deve investir na qualidade, mas também é importante se efetuar esforço no sentido de se reduzirem os custos operacionais dos estabelecimentos. Ademais, este último aspecto foi apontado como estratégia mais adequada por apenas um empresário do segmento.

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No que se refere ao tipo de serviços realizados pelas empresas do segmento, foram apontadas algumas particularidades consideradas pelos gestores como obstáculos para o seu desenvolvimento. Dentre elas mencionam-se:

- A descontinuidade da demanda por serviços; - A forma de contratação ainda com licitações do tipo menor preço e com muito pouco tempo para um planejamento adequado; - A falta de reconhecimento da importância do planejamento;

- A dificuldade para obtenção de financiamento; - O pouco profissionalismo do setor; - O baixo índice de qualidade dos serviços prestados;

- A grande concorrência, que faz com que os preços cobrados sejam aviltados, concorrendo para a queda do nível dos serviços.

Comparando-se, porém, os trabalhos das empresas locais com as de outras regiões do País, a maior parte dos entrevistados constata que Pernambuco é um bom centro de prestação de serviços de engenharia consultiva, contando com estabelecimentos que oferecem serviços de qualidade que nada deixam a desejar das concorrentes externas ao Estado. É notório que o Estado é um referencial no que respeita aos serviços de engenharia, inclusive sendo reconhecido nacionalmente, principalmente nas áreas de saneamento e de transportes. À guisa de exemplo, dado por um dos entrevistados, o ‘Templo dos Mórmons’ no Recife, feito em parceria com empresas locais e internacionais, recebeu a segunda melhor pontuação em todo o mundo, pela qualidade dos projetos apresentados. O que ocorre, no entanto, é uma ausência de agressividade na publicidade de modo a evidenciar os serviços das empresas locais.

No que se refere à consultoria na área de arquitetura, observa-se na região mais adiantada, o Sudeste, uma maior consciência sobre o tema e acesso mais facilitado à ciência e tecnologia, mas as empresas consultivas locais têm procurado se aprimorar e se qualificar, adquirindo softwares especializados e procurando manter equipes cada vez mais capacitadas. Desse modo, os bons escritórios do ramo no Recife oferecem serviços que não ficam a desejar aos das prestadoras de serviços de fora. Ademais, deve-se salientar o fato de Recife possuir uma escola de arquitetura respeitável e conceituada nos âmbitos nacional e internacional. O que acontece é que devido ao porte do mercado, as empresas dos grandes centros têm uma melhor estrutura. Mesmo assim, esta vem diminuindo pela prática de terceirização de mão-de-obra. Nos grandes centros, registram-se também demandas específicas, que justificam a existência de escritórios especializados, como em shopping centers, edifícios inteligentes etc.

Dentre os projetos relevantes do segmento podem ser mencionados os de rodovias, saneamento e meio-ambiente. Outro trabalho a ser destacado diz respeito ao projeto "Novo Modelo de Irrigação para O Nordeste", onde a iniciativa privada terá uma participação na implementação da infra-estrutura dos projetos de irrigação. Este novo modelo criará mudanças de mentalidade no agribusiness e também nos órgãos de financiamento.

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No que tange aos instrumentos disponíveis para a concretização dos cenários previstos ou dos projetos considerados importantes para o desenvolvimento do segmento, destacam os entrevistados que o universo das empresas pesquisadas conta apenas com recursos próprios. Inclusive frisam que quase todas as unidades estudadas não têm recorrido a crédito ou empréstimos bancários para financiar as suas atividades. Uma das empresas que buscam o apoio deste instrumento, para treinamento de pessoal, o está fazendo pela primeira vez. Questionados sobre o acesso ao crédito, parte significativa dos entrevistados afirmou não ter nenhuma restrição, mesmo porque nunca teve interesse em buscar nesse instrumento a possibilidade de crescimento dos negócios, alegando que quando se faz necessário conta com recursos próprios. Outros empresários concordam que são diversas as restrições para o seu acesso, principalmente por conta dos juros elevados, em menor escala pelas garantias reais exigidas pelo mercado financeiro e em instância mais reduzida pelos prazos curtos praticados pelos credores.

Quanto ao possível apoio governamental dado ao segmento, existe unanimidade na opinião de que esse tipo de suporte raramente se aplica no caso das empresas de engenharia consultiva. Apesar desse modo de pensar, 3/4 dos dirigentes dos estabelecimentos pesquisados consideram essa ajuda indispensável para o desenvolvimento e consolidação das atividades do setor, principalmente no que respeita à maior disponibilidade do crédito, através de entidades financeiras governamentais, a partir das quais o poder público poderia ofertar linhas de financiamento ao setor, juntamente com algum fundo de aval. Por sua vez, o Estado prestaria um grande apoio ao disseminar a utilização de concursos e concorrências para as obras públicas, ao fomentar a capacitação de mão-de-obra e até mesmo ao promover institucionalmente um pólo de serviços de arquitetura e engenharia no Estado.

Entre outros meios e instrumentos considerados importantes para o desenvolvimento e consolidação da empresa, independente do apoio governamental, foram destacados pelos entrevistados o uso de novas tecnologias, com softwares de ponta e a aquisição e manutenção de equipamentos modernos tornando-se imprescindível aumentar a agressividade na busca por novos contratos, procurando vender melhor a empresa. Para isso seria necessário se investir em publicidade. O problema, segundo os gestores entrevistados, é que eles próprios se consideram mais técnicos do que empresários ou comerciantes, deixando muitas vezes de lado esse componente de vendas e do mercado.

8.4. Recursos Humanos

No que se refere ao quadro de recursos humanos das empresas de engenharia consultiva de Pernambuco observam-se, à luz das entrevistas, alguns aspectos merecedores de registro, que podem ser vistos a seguir:

a) As duas unidades de grande porte pesquisadas possuem, em média, 97 trabalhadores enquanto as empresas de pequeno porte ocupam cerca de 18 pessoas. No total dos estabelecimentos do segmento a atividade formal emprega, em termos medianos, 44 pessoas;

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b) Pouco menos de 3/4 da mão-de-obra das empresas do segmento de engenharia consultiva vincula-se às unidades de grande porte (acima de 80 empregados);

c) O pessoal de nível superior do universo dos estabelecimentos analisados corresponde a quase 1/3 do contingente dos trabalhadores. Nas empresas de grande porte essa parcela equivale a 30% enquanto nas pequenas unidades produtivas (aquelas com até 40 pessoas ocupadas), a proporção corresponde a 36%;

d) Os trabalhadores considerados como auxiliares correspondem aos estagiários, e respondem por pouco mais de 1/4 do pessoal vinculado às empresas, percentual que se apresenta mais acentuado nas instituições de pequeno tamanho (29% contra 26% nas grandes unidades);

e) No que se refere ao pessoal ocupado nas atividades administrativas, ocorre o inverso do que foi observado anteriormente, com a mão-de-obra vinculada a esta área nos maiores estabelecimentos equivalendo a 11%, contra 10% nas pequenas empresas.

Da perspectiva dos recursos humanos ou da oferta de pessoal capacitado para o desempenho das atividades desenvolvidas pelas empresas, tanto do pessoal técnico quanto do administrativo, a maioria dos entrevistados concorda existir dificuldades para sua contratação. Essa carência se faz sentir em maior profusão na área técnica, principalmente no que tange à categoria de engenheiros civis especializados em gestão de obras e calculistas. A falta de profissionais especializados, em parte por conta da migração dessa mão-de-obra para outras atividades, sobretudo nas épocas de crise econômica, remete à necessidade de as empresas procurarem formar seu próprio pessoal, através da contratação de estagiários ainda como estudantes de engenharia civil ou de arquitetura. Este, porém, tem se tornado um investimento inútil, porque os estabelecimentos não estão conseguindo retê-los na empresa por muito tempo, por conta da baixa remuneração praticada no segmento. No que diz respeito ao setor administrativo, observa-se dificuldade de se contratar no mercado profissionais de nível médio com a capacitação requerida pelo segmento, qual seja a de pessoal qualificado vinculado à área administrativa, que congrega, além da administração de modo geral, especialistas em almoxarifado, atendimento ao público, marketing e faturamento.

No intuito de resolver a questão, a maioria das empresas entrevistadas tem adotado política de recursos humanos, onde as medidas mais preconizadas são o treinamento constante de pessoal técnico e dos engenheiros e a adoção de um plano de cargos e salários compatível com o mercado. Outra providência comumente praticada é a de selecionarem-se alunos dos cursos de engenharia e arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco e ministrar treinamento na própria empresa. Este procedimento não tem surtido o efeito esperado, principalmente no caso dos estudantes de engenharia, pois a evasão desse pessoal após a capacitação é elevada, em muitos casos para áreas que nada têm com a profissão, não se justificando o investimento realizado. No caso dos estabelecimentos que trabalham com o segmento de arquitetura existe uma integração escritório/Universidade para o suprimento de estagiários, sendo 80% deles oriundos da UFPE e 20% da FAUPE.8.5 Concorrência e Parceria

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Para a grande maioria dos gestores do segmento entrevistado, a concorrência entre as empresas da mesma especialização no setor de atividades que elas se inserem é grande, observando-se inúmeras pequenas empresas que na área específica de atuação competem em pé de igualdade, registrando-se também a opinião de um estabelecimento de que também existem os grandes escritórios que tomam espaço dos menores. As entrevistas mostram que a opinião dos gestores acha-se dividida: 1/3 considera que ela ocorre a partir dos preços, dentro das áreas específicas de atuação; outra parcela semelhante concorda que para os trabalhos maiores pesam mais os requisitos de qualidade, enquanto para os menores, abaixo de R$ 150 mil, a concorrência se dá pelo menor preço; por fim, uma outra terça parte acha que essa divisão depende muito do tipo de trabalho executado, com os mais comuns cotados pelo menor preço, e os serviços especiais, que envolvem auditoria e exigem determinada capacitação, escolhidos pela qualidade da empresa.

Questionados sobre a existência de cooperação, envolvendo parceria, complementaridade, divisão de trabalho ou consórcio, os empresários concordam que o segmento apresenta formas diversas de articulação, fazendo as seguintes observações:

- Há uma cooperação muito incipiente no segmento neste sentido. No caso

específico de uma das empresas, existem algumas parcerias, principalmente sob a forma de consórcios, tanto com empresas locais como de outras regiões;

- Para os trabalhos maiores, outro estabelecimento tem procurado estabelecer parcerias com empresas locais ou de fora, buscando sempre a complementaridade dos serviços;

- Para outra unidade, a parceria só é útil em obras maiores, onde é mais viável repassar o serviço especializado para quem já o executa;

- Outro entrevistado aponta que as parcerias se dão apenas quando há a necessidade dos serviços de calculistas, e como é uma ocupação temporária a prevalência é de contratar pessoas físicas e não empresas formais.

8.6. Articulações e Tendências

Falando sobre a possibilidade da formação de um Pólo de Engenharia Consultiva no Estado, a exemplo do que ocorre com outros setores, cerca de 3/4 das empresas questionadas consideram ser este um passo importante para a consolidação das atividades de consultoria de engenharia, arquitetura e assessoria técnica especializada em Pernambuco. Os entrevistados concordam que as empresas do ramo precisam se unir nas vendas dos serviços, aproveitando suas complementaridades. Para eles, o Sindicato das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva - SIAENCO- poderia ser um grande fórum de mobilização nesse sentido. É imprescindível que se dê um primeiro passo no sentido de incrementar a cadeia produtiva e se agregar às construtoras. Principalmente pelo fato de Recife ser um centro do segmento na Região Nordeste, contando com uma infinidade de pessoas preparadas, tanto no caso de arquitetos quanto de engenheiros, com formação e especialização obtidas nas escolas superiores locais, nacionais e estrangeiras. Portanto, para os gestores pesquisados, é fácil promover o setor, uma vez que se tem os ingredientes para que isto ocorra: empresas capacitadas, pessoal qualificado e entidades de

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classe atuantes e fortalecidas, a exemplo do CREA, IAB e Sindicatos. O que falta para que isto aconteça é uma postura mais corporativa das empresas do setor. Para tal é necessário apenas congregar todos, tendo em vista um único objetivo, que é o da consolidação do segmento.

Acerca das relações das empresas do segmento, observou-se, à luz das entrevistas, que essas conexões ocorrem, no que diz respeito:

a) ao financiamento da ampliação ou desempenho de sua atividade: Caixa Econômica Federal;

b) ao aperfeiçoamento e apoio empresarial ou gerencial: empresas de assessoria tais como a TGI; SENAI (no que respeita à qualidade); DQS (Certificadora ISO); SEBRAE (Qualidade total); e Multi Consultoria;

c) ao apoio na formação, treinamento e reciclagem de recursos humanos para a empresa: SER Consultoria; UFPE; UFPB; UPE; SENAC (capacitação nas áreas administrativas); FCAP/UPE (na área Gerencial); Faculdades de Arquitetura.

d) ao apoio de conhecimento tecnológico: UFPE/UFRPE; ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland.

8.7 Tecnologia e Gestão

Da perspectiva da gestão tecnológica, questionados acerca de em que situação ou estágio encontravam-se as empresas, sob o ponto de vista de algumas questões, os entrevistados responderam, quanto:

(i) a equipamentos de processamento de dados e informática: os estabelecimentos fazem uso intensivo deste instrumental, tanto nos cálculos como nos desenhos e na confecção dos projetos; em todo o universo pesquisado, os serviços de informática são utilizados tanto na área técnica quanto nos setores administrativos e de atendimento ao cliente;

(ii) a Internet: sua utilização é fundamental na comunicação com os clientes e colaboradores, em pesquisas técnicas, na consulta a sites governamentais, na troca de desenhos, nas consultas à ABNT e a Bancos etc.;

(iii) ao controle de qualidade dos serviços prestados (junto à clientela, a pesquisa e a outros controles internos): duas unidades produtivas são detentoras da certificação ISO 9001, principalmente por exigência do sistema de qualidade que as empresas possuem; dois estabelecimentos mantêm um controle do sistema de qualidade através de pesquisa junto à clientela.

8.8. Propostas

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Dentre as propostas consideradas relevantes para a consolidação do segmento e que deveriam ser adotadas pelo setor público, foram mencionadas pelos entrevistados, como primeira prioridade, as seguintes:

- Estimular as linhas de financiamento ao setor, visando principalmente o treinamento, desenvolvimento tecnológico e a aquisição de equipamentos;

- Planejar as ações governamentais com prazos reais;- Exigir auditorias dos projetos das obras públicas, como fazem os grandes

contratantes privados. Alguns órgãos ou empresas públicas já as realizam como forma de evitar erros e prejuízos nas construções. O caso do Metrô do Recife é um exemplo claro nesse sentido;

- Realizar os projetos técnicos em separado, para depois licitar as obras;- Promover a mudança do sistema de arrecadação do ISS. Deveria passar a ser

sobre o número de funcionários das empresas;- Diminuir a burocracia dos serviços públicos.

Como segunda prioridade foram destacadas:

- Maior planejamento para os investimentos a serem realizados pelo setor público, inclusive o de ordem financeira, para garantir o normal andamento das obras e o pagamento dos fornecedores;

- Realizar licitações para as empresas de consultoria com base não só no melhor preço, mas considerando também a proposta técnica;

- Implantar um Programa de Qualidade no Governo do Estado. Além de resolver os problemas citados acima, iria trazer ganhos de escala para o próprio governo e exigiria, por conseguinte, uma maior qualidade dos fornecedores;

- Contratar com critérios técnicos mais adequados, buscando a solução mais econômica oferecida, e não através da imposição do órgão contratante. Atualmente o órgão procura garantir os recursos no orçamento da União, com base em valores estimados em primeira versão, para depois planejar a obra, obrigando aos prestadores de serviços a fazerem verdadeiras ginásticas para a adequação dos custos aos recursos já definidos, forçando muitas vezes o uso de soluções inadequadas e impróprias;

- Instituir um mecanismo exigindo que toda obra tenha que ser segurada pelo construtor, contra os erros e vícios construtivos. Isso exigiria a criação de um sistema de empresas privadas de seguros e de empresas especializadas em auditorias, pois as próprias seguradoras iriam exigir este tipo de cuidado;

- Promover a criação institucional de um Pólo para o segmento;- Difundir o uso de concursos e concorrências em todo o setor público,

principalmente o Concurso de Idéias.

9. SERVIÇOS DE PUBLICIDADE

9.1. Aspectos Gerais

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A atividade em questão conta com 114 estabelecimentos em 2000, número que corresponde a 8,9% do universo dos Serviços de Assessoria, Consultoria e Planejamento em Pernambuco, como pode ser visto na Tabela 4.5. Em termos de empregos gerados ela ocupa 17,1% das ocupações formais do setor, ofertando 1.082 postos de trabalho em 2000 (Tabela 4.4), de acordo com os levantamento e os critérios adotados no levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS). .

A análise dos estabelecimentos sob o enfoque da natureza jurídica, baseada nas informações contidas na Tabela 9.1 mostra que a proporção de empresas registradas como ‘sociedade por quota de responsabilidade limitada’ compreende a maioria das unidades que prestam serviços de publicidade e que a proporção em relação ao universo do segmento no Estado se elevou no período de 1996 a 2000 (passa de 83,7% para 84,2%, em valores numéricos correspondendo a 87 e 96 empresas, o que significa um acréscimo de 10,3%). Outra categoria a ser destacada é a da ‘firma mercantil individual’, cuja quantidade de estabelecimentos se eleva em 1/3 no período em questão. Vale salientar que essas duas modalidades respondem por 94,7% do universo das firmas de publicidade de Pernambuco.

Tabela 9.1Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Publicidade, por Número de

Estabelecimentos – 1996-2000Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000

Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 3 2 - - -Soc. Anônima Capital Fechado - - 1 2 -Soc. por Quota de Responsabilidade Limitada 87 91 98 99 96Sociedade Civil com Fins Lucrativos 4 5 4 4 4Firma Mercantil Individual 9 7 4 11 12Grupo de Sociedade - - 3 - -Outras Formas de Organização Empresarial - - - 1 1Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) - - 1 - -Outras Formas de Organização e Ignoradas 1 2 2 1 1

TOTAL 104 107 113 118 114Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No que diz respeito à geração de empregos formais (Tabela 9.2) nota-se que, apesar de apresentar um incremento no número de estabelecimentos, as ‘sociedades por quota de responsabilidade limitada’ indicam uma diminuição no emprego formal da ordem de 10,7% entre 1996 e 2000, passando de 1.103 postos de trabalho para 985. Também se reduz a proporção da mão-de-obra das firmas com essa natureza jurídica sobre o contingente de trabalhadores do segmento (em 1996 correspondia a 95,3%, baixando para 91% em 2000). Deve ser salientado o incremento dos postos de trabalho computados nas ‘sociedades civis com fins lucrativos’, que aumenta de 17 pessoas ocupadas para 44, o que corresponde a uma elevação de 158,8%, parcela bem mais elevada do que a registrada para as ‘firmas mercantis individuais’, onde esse patamar foi de 107,1%, empregando 29 pessoas em 2000, equivalentes a apenas 2,7% dos trabalhadores do segmento.

Tabela 9.2

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Pernambuco: Natureza Jurídica dos Estabelecimentos dos Serviços de Publicidade, por Número de Empregados – 1996-2000

Natureza Jurídica das Atividades 1996 1997 1998 1999 2000Empresa Publica - Soc. Quota Respons. Limitada 13 1 - - -Soc. Anônima Capital Fechado - - 26 57 -Soc. Por Quota de Responsabilidade Limitada 1.103 908 981 896 985Sociedade Civil com Fins Lucrativos 17 13 7 9 44Firma Mercantil Individual 14 11 4 39 29Grupo de Sociedade - - 22 - -Outras Formas de Organização Empresarial - - - 118 18Fundação mantida com recursos privados - - - - 6Associação (Condomínio, Igreja, Entidade de Classe) - - 2 - -Outras Formas de Organização e Ignoradas 11 11 4 11 -

TOTAL 1.158 944 1.046 1.130 1.082Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Observando-se as estatísticas sobre o porte dos estabelecimentos de acordo com o número de pessoas ocupadas, como mostra a Tabela 9.3 nota-se que as pequenas unidades (com até 9 funcionários) prevalecem sobre as demais. Em 2000 as empresas com esse porte representavam pouco mais de 3/4 do universo (77,2%) dos segmentos que prestam serviços de publicidade no Estado, proporção que equivalia em 1997 a 75,7% (para o ano de 1996 não foi possível obter estatísticas da RAIS, como acontece para os outros dados analisados), ocorrendo, como se vê através dos números, uma elevação na quantidade de estabelecimentos de pequena monta, de 8,6% no período apontado. Por seu turno, as unidades de porte médio (com 10 a 49 empregados) e os de grande porte (com mais de 100 pessoas ocupadas) mantêm o mesmo patamar nos anos extremos do período. Nas médias empresas, registra-se a presença de 24 estabelecimentos e nas grandes, de 2, números que correspondem em 2000, respectivamente, a 21,1% e 1,7% do universo do segmento.

Tabela 9.3Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Publicidade Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1997 1998 1999 20000 Empregados 9 13 13 13

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Ate 4 Empregados 49 49 58 49De 5 a 9 Empregados 23 26 23 26De 10 a 19 Empregados 17 14 12 14De 20 a 49 Empregados 7 10 8 10De 50 a 99 Empregados - - 1 -De 100 a 249 empregados 2 2 3 2

TOTAL 107 114 118 114 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

No que diz respeito ao porte das empresas segundo o número de empregados, a Tabela 9.4 indica que pouco mais de 1/4 das pessoas ocupadas no segmento de publicidade (26,3%) estavam engajadas, em 2000, nos pequenos empreendimentos (com até 9 empregados), patamar que se elevou em 1/5 entre 1996 e 2000, ao passar de 197 pessoas ocupadas para 285. Já os postos de trabalho formais gerados pelos grandes estabelecimentos sofrem uma redução de 37,8%. Em 1996 os trabalhadores dessas empresas representavam 43,4% do pessoal ocupado no segmento, tendo reduzido essa parcela para 28,9% em 2000. Neste último ano vale registrar a predominância na geração de postos de trabalho nas unidades de porte mediano, que detinham 44,7% do contingente dos empregados da área de publicidade em Pernambuco.

Tabela 9.4Pernambuco: Empregados dos Serviços de Publicidade Segundo o Porte das Empresas – 1997-2000

Nº EmpregadosAno

1996 1997 1998 1999 2000 Ate 4 Empregados 95 88 121 116 106De 5 a 9 Empregados 102 149 132 156 179De 10 a 19 Empregados 220 238 147 167 174De 20 a 49 Empregados 238 217 246 242 310De 50 a 99 Empregados 232 - 57 -De 100 a 249 empregados

271 252 400 392 313

TOTAL 1.158 944 1.046 1.130 1.082 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Em referência à localização geográfica das unidades que prestam serviços de publicidade em Pernambuco, as estatísticas da RAIS constantes da Tabela 9.5 mostram, a exemplo do que se observou em todas as outras categorias de serviços analisadas neste estudo, uma concentração acentuada dos estabelecimentos na mesorregião Metropolitana do Recife, e que eles praticamente localizam-se na microrregião do Recife. De fato, 84,2% das empresas encontram-se sediadas na mesorregião em 2000, embora sua participação relativa tenha apresentado uma pequena redução no conjunto dos empregos formais do segmento em 1996, quando representava 86,5% do universo. Nas outras áreas do Estado, com exceção para a mesorregião do Sertão, onde o número de empresas passa de uma para quatro, não acontece nenhuma modificação no quadro das prestadoras de serviços publicitários.

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Tabela 9.5Pernambuco: Estabelecimentos dos Serviços de Publicidade por Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

19961997199819992000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 1 1 1 2 4 - Araripina - - - - 1 - Salgueiro - - - 1 2 - Sertão do Moxotó 1 1 1 1 1Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 5 6 4 5 5 - Petrolina 5 6 4 5 5Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 7 6 4 7 8 - Vale do Ipojuca 5 4 2 3 6 - Alto Capibaribe - - - 1 - - Médio Capibaribe 1 1 1 1 - - Garanhuns 1 1 1 2 2Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 1 1 3 4 1 - Mata Setentrional Pernambucana 1 1 3 4 1Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 90 93 101 100 96 - Itamaracá - - 1 - - - Recife 89 92 100 100 95 - Suape 1 1 - - 1

TOTAL 104 107 113 118 114 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

Em termos de empregos gerados (Tabela 9.6), observa-se uma queda de 6,6% nas ocupações do segmento (passa de 1.158 empregados em 1996 para 1.082 em 2000), influenciada diretamente pela perda de 47 postos de trabalho ocorridas na mesorregião Metropolitana do Recife (representando uma redução no patamar de 4,5%), mais especificamente na microrregião do Recife, e pela diminuição de 57 empregos na mesorregião do Agreste (perda relativa de 67,9%), capitaneada pela microrregião do Vale do Ipojuca, que apresentou 51 postos de trabalho a menos entre 1996 e 2000. Já as mesorregiões do Sertão e do São Francisco apontam para crescimento nos empregos gerados, respectivamente da ordem de 120% e 57,1%, no período em questão, o que representa um incremento nas atividades publicitárias nestas áreas.

Tabela 9.6Pernambuco: Empregados dos Serviços de Publicidade por Mesorregiões e Microrregiões – 1996-2000

Mesorregiões e MicrorregiõesAno

1996 1997 1998 1999 2000Mesorregião do SERTÃO PERNAMBUCANO 10 5 5 9 22 - Araripina - - - - 1 - Salgueiro - - - 1 13 - Sertão do Moxotó 10 5 5 8 8Mesorregião do SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO 14 15 10 6 22

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- Petrolina 14 15 10 6 22Mesorregião do AGRESTE PERNAMBUCANO 84 11 9 20 27 - Vale do Ipojuca 77 6 5 5 26 - Alto Capibaribe - - - 10 - - Médio Capibaribe 4 4 3 3 - - Garanhuns 3 1 1 2 1Mesorregião da MATA PERNAMBUCANA 2 1 3 11 10 - Mata Setentrional Pernambucana 2 1 3 11 10Mesorregião METROPOLITANA DO RECIFE 1.048 912 1.019 1.084 1.001 - Itamaracá - - 3 - - - Recife 1.047 912 1.016 1.084 1.000 - Suape 1 - - - 1

TOTAL 1.158 944 1.046 1.130 1.082Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS

9.2. Perfil do Cliente e do Mercado

Nessa parte do relatório são apresentadas informações referentes ao segmento de publicidade, especificamente oriundas do levantamento realizado junto a seis empresas escolhidas a partir do Cadastro de Empregados e Empregadores do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. O texto fundamenta-se em entrevistas estruturadas, executadas nos meses de março a junho de 2003, junto a dois estabelecimentos de grande porte do segmento (com mais de trinta pessoas ocupadas, segundo classificação sugerida pelos empresários entrevistados), uma empresa de tamanho médio (com um número de empregados entre 15 a 30 pessoas) e três de pequeno porte (com menos de quinze pessoas trabalhando). As pessoas entrevistadas no segmento de publicidade, todas elas sócios ou diretores dos estabelecimentos, possuem formação na área correlata.

As empresas selecionadas para aplicação do questionário, desenvolvem em geral atividades de Ações em Comunicação e Marketing, Sinalização, Marketing Promocional e Eventos, Propaganda e Publicidade, e Planejamento Estratégico. Como atividades especializadas dos estabelecimentos merecem registro como as mais importantes, os serviços de Marketing Promocional, Propaganda e Publicidade, Comunicação Comercial e Sinalização, respectivamente.

Em termos numéricos, clientela atendida pelas empresas do setor de publicidade de Pernambuco é constituída exclusivamente por pessoas jurídicas. O tipo de pessoa jurídica que contrata os serviços de publicidade é, em sua maioria, do setor privado (indústria, comércio e serviços), respondendo por mais de 90% da demanda, medida pelo número de clientes. O restante está constituído por órgãos governamentais e de outros tipos de instituições.

No que se refere à distribuição geográfica da demanda dos serviços foi constatado que grande parte das empresas informaram fornecer os serviços clientes do Estado de Pernambuco (85%), enquanto apenas 15% atendem a demandas de outros Estados do Nordeste, com maior incidência de clientes do Ceará e da Bahia. O tipo de serviços

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solicitados pela principal clientela das empresas integrantes da atividade de publicidade refere-se basicamente a divulgação de produtos e serviços como: propaganda/publicidade para rádio, televisão, revistas e outdoor; marketing promocional; faixas; banner; e placas.

Como atividades mais importantes do conjunto de ações que desempenha, 1/3 os entrevistados consideram como centrais nos trabalhos que vêm desenvolvendo nos últimos anos o planejamento e execução de ações de relacionamento com o consumidor/cliente para a fidelização deste, o planejamento da publicidade e produção de peças. É importante destacar que 2/3 das empresas pesquisadas não emitiram qualquer opinião a este respeito.

Segundo os empresários do setor, a evolução das suas instituições, nos últimos cinco anos, foi caracterizada pelo crescimento moderado, na opinião de metade dos entrevistados. Como segunda opção registrou-se a de manutenção do mesmo nível de atividade, sugerida pela terça parte das empresas analisadas, e de redução do nível de atividade, assinalada por apenas um empresário.

Quando indagados sobre os principais problemas ou obstáculos percebidos para a ampliação ou consolidação da atividade das instituições, a resposta mais citada foi a situação desfavorável das economias brasileira e nordestina. De acordo com os empresários, a instabilidade macroeconômica tem provocado retração na demanda pelos produtos e serviços de publicidade. Outros obstáculos também foram mencionados pelas empresas investigadas, como por exemplo: a falta de prioridade para os serviços de comunicação; a absorção de empresas locais do ramo por multinacionais; a não priorização das ações de comunicação em grande parte das empresas; a concorrência desleal de empresas que não seguem as leis nem agem eticamente; a redução dos investimentos nos serviços de marketing, como estratégia de redução de custos; e, por fim, a transferência do poder de decisão das unidades locais para as empresas situadas nas regiões Sul e Sudeste.

No que se refere às principais potencialidades apontadas como mais significativas para ampliação e consolidação do empreendimento, foram assinaladas pelas empresas como mais importantes: a regionalização da comunicação entre as empresas; o investimento no marketing promocional; a expansão do mercado e conseqüente ampliação do parque industrial e de serviços; os investimentos em equipamentos e pessoal técnico especializado; conscientização dos ganhos adquiridos pelas empresas através do investimento em ações de comunicação e marketing e o crescimento do terceiro setor; e um maior investimento em marketing promocional.

9.3. Cenários, Estratégias e Projetos Relevantes

As respostas às questões relacionados com as expectativas, cenários futuros e as novas estratégias adotadas pelas empresas para os próximos cinco anos, identificaram que a maior parte dos estabelecimentos questionados acredita no desempenho de crescimento moderado ou de manutenção do mesmo nível de atividade. Um dos entrevistados falando de forma otimista, acredita na expansão intensa das atividades que vêm sendo desenvolvidas por seu negócio, em virtude do trabalho prospectivo realizado pela empresa. As razões apontadas pelas empresas que assinalaram a alternativa de crescimento moderado

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ou de manutenção do nível de atividade foram as seguintes: sinalização de recuperação lenta da economia brasileira; expectativa de investimento moderado na empresa; e a falta de políticas públicas, especialmente no âmbito tributário e fiscal, que viabilizem a otimização dos resultados das empresas do segmento.

No que se refere à estratégia mais adequada para superar os problemas e obstáculos e aproveitar as oportunidades e potencialidades, a alternativa assinalada pela maior parte dos entrevistados foi de ênfase na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas empresas. Outra estratégia apontada foi a de ênfase na publicidade. As justificativas dos empresários para a escolha das estratégias mencionadas foram as de que: a qualidade dos serviços, por si só, já justifica uma publicidade positiva da empresa; a diferenciação do produto através da ênfase na qualidade e inovação é de grande importância devido à elevada competição do mercado; a ênfase na qualidade e otimização dos serviços proporciona uma redução nos custos; a ênfase na publicidade envolve a prospeção de novas empresas.

Quase todas as empresas entrevistadas - com exceção de apenas uma - acreditam não existir particularidades que, para as empresas similares localizadas em Pernambuco, possam ser consideradas problemas/obstáculos ou potencialidades/oportunidades para seu desenvolvimento ou consolidação. A justificativa apresentada pela empresa que afirmou existir tal particularidade foi a de que com a melhoria na qualidade dos serviços gráficos as empresas locais de comunicação adquirirão maiores oportunidades de negócios.

No confronto das diferenças existentes (positiva ou negativa) na qualidade dos serviços prestados entre as empresas locais e as empresas de outras regiões do país, as opiniões dos entrevistados constatam uma ligeira vantagem para as empresas localizadas nas outras regiões do País, principalmente no que se refere a aquisição de matéria prima e de serviços especializados de melhor qualidade. Por outro lado, os empresários acreditam que as empresas locais detêm um melhor conhecimento do mercado em relação às empresas de outras localidades. Ademais, as agências de publicidade de Pernambuco apresentam indicadores de qualidade que superam a quase a totalidade das homônimas dos Estados do Norte e Nordeste.

Dentre os projetos desenvolvidos pelas empresas pesquisadas, são consideradas de maior prioridade o aperfeiçoamento tecnológico, o reposicionamento da empresa no mercado e o desenvolvimento de projetos com mais qualidade utilizando novas mídias. Outros projetos considerados relevantes são os de investimento em máquinas e equipamentos, pessoal qualificado, material gráfico de apresentação da empresa e o uso mais intensivo da tecnologia Internet.

As empresas entrevistadas informaram que grande parte dos recursos financeiros utilizados para a realização de projetos relevantes tem origem própria, registrando-se apenas um estabelecimento que contou com recursos de terceiros. No que concerne à necessidade de aquisição de empréstimos bancários para financiar as atividades dos estabelecimentos, essa unidade produtiva avalia que esse tipo de financiamento tem um

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acesso difícil, burocrático e bastante caro. As dificuldades citadas como as mais relevantes foram: exigências de garantias reais (patrimônio da empresa) e juros altos.

Acerca da necessidade de apoio do governo, seja ele de cunho federal, estadual ou municipal, para o desenvolvimento das atividades da empresa, a maior parte dos entrevistados informou desconhecer qualquer tipo de ajuda. Porém, vale salientar que metade dos entrevistados considera esse apoio indispensável, pois possibilita a ampliação das atividades. Uma forma de atuação que poderia ser desenvolvida pelo governo seria, por exemplo, através da incrementação da lei de incentivo a cultura (na promoção de eventos culturais e sociais), ou via investimentos voltados para a área esportiva, ou então por uma maior distribuição das verbas destinadas a atividade de comunicação.

9.4. Recursos Humanos

O item concernente ao quadro de recursos humanos das empresas do segmento, de acordo com as informações prestadas pelos gestores, destaca os seguintes números:

a) Cerca de 64% do contingente da mão-de-obra empregada nas empresas de publicidade pesquisadas no Estado pertence aos grandes estabelecimentos, assim considerados os que ocupam mais de 30 pessoas;

b) Os setores técnicos são os maiores empregadores de mão-de-obra das unidades produtivas do segmento, correspondendo em média, aproximadamente 58% dos trabalhadores, seguido pela área de administração (cerca de 26%) e dos serviços auxiliares (16% restantes). Nas grandes empresas, o pessoal vinculado às atividades técnicas chega a ultrapassar 2/3 do contingente de empregados (68,8%), enquanto nas pequenas unidades (aquelas com menos de 15 empregados) essa proporção não chega a alcançar a terça parte das pessoas ocupadas (31,6%);

c) Ao passo que no estabelecimento de médio porte (com 15 a 30 pessoas ocupadas) o pessoal de nível auxiliar compreende 40% da mão-de-obra, nas pequenas unidades a parcela reduz-se para 26,3%, alcançando apenas 6,5% nas grandes empresas.

A análise das perspectivas dos empresários sobre a oferta de recursos humanos e da existência de dificuldades para sua contratação constatou que os empresários mantêm opiniões bem divididas sobre a questão; metade dos entrevistados assinalou que sim, que tem dificuldades de aquisição de mão de obra. Os entrevistados que responderam perceber dificuldades na oferta de pessoal indicaram que o déficit de pessoal especializado está concentrado principalmente na área técnica.

Indagados sobre que tipo de política de recursos humanos tem adotado ou sugerem para atender as necessidades de disposição de recursos humanos, as respostas mais citadas e as medidas adotadas foram as seguintes:

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- Existe uma grande oferta de mão-de-obra por parte das universidades, devido à abundância de diversos cursos nas universidades. A medida que as empresas estão adotando é a de elas próprias selecionarem os seus estagiários dentre aqueles indicados pelas faculdades;

- Para a seleção, formação/treinamento e reciclagem, os estabelecimentos vêm adotando um Programa de Estágio e Qualificação desenvolvido no âmbito da empresa;

- A seleção é feita após o estágio de treinamento/capacitação;- Metade das unidades procura facilitar o acesso a cursos e seminários,

inclusive incentivando a participação do pessoal técnico e de estagiários.

9.5 Concorrência e Parceria

No que diz respeito ao tipo de concorrência e parcerias desenvolvidas pelas empresas do setor de publicidade, as respostas foram diferenciadas. Metade das unidades entrevistadas disseram que é inúmera a quantidade de pequenas empresas que na área especifica de atuação compete em pé de igualdade. As outras colocações feitas falam da existência de uma grande empresa ou poucas grandes empresas que dominam o mercado, ou ainda definem a concorrência entre os estabelecimentos através de diversas médias empresas que disputam o mercado com baixo nível de qualidade.

A estratégia apontada pela maior parte das unidades prestadoras de serviços de publicidade como o melhor mecanismo de definição da concorrência foi o diferencial da qualidade dos serviços prestados. A estratégia definida a partir dos preços também foi mencionada, bem como a que considera a combinação de três fatores para a construção de um bom projeto: qualidade, preço e criatividade. Na opinião de alguns dos entrevistados, normalmente não é o preço que faz o fator de decisão e sim a capacidade física e criativa da empresa. Ademais, a prioridade muitas vezes depende do tipo de clientela. Por exemplo, os clientes do governo dão preferência ao fator preço, principal aspecto contemplado nas concorrências e licitações. Por sua vez, parcela significativa dos clientes privados, em um número que se aproxima de 90%, dá maior destaque à criatividade.

Sobre a existência de parcerias ou formas de cooperação ou articulação entre as empresas da mesma especialização, uma minoria dos empresários afirmou não contar com esse tipo de parceria. Os estabelecimentos que acreditam na existência dessa forma de articulação entre as empresas da mesma especialização, destacaram que há necessidade de parcerias nas seguintes situações: quando se pretende adquirir mercado em outras regiões do país; quando o trabalho é muito extenso; quando o trabalho contratado exige uma especialização maior, nesse caso procuram-se empresas com profissionais mais qualificados.

Para os gestores entrevistados, existem, entre as empresas da mesma especialização, formas de cooperação que envolvem parcerias, complementaridade, divisão de trabalho, consórcios ou outras formas de articulação. Dentre estas, merecem destaque a existência de duas entidades: o sindicato das agências e a Associação Brasileira de Agências de

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Propaganda – ABAP. Ambas congregam a categoria e promovem permanentes encontros, com palestras e cursos de aperfeiçoamento.

9.6. Articulações e Tendências

No que se refere a existência da possibilidade de que as empresas da atividade de assessoria e consultoria publicitária possam vir a se articular e interagir sob a forma de um pólo, a maior parte dos empresários assinalou não acreditar na sua formação, por achar que cada empresa compete dentro do mercado de acordo com o seu potencial de criatividade, respaldada por uma postura de seriedade e responsabilidade. Para os gestores entrevistados, a característica do serviço oferecido não favorece esse tipo de estrutura e o tipo de consultoria realizada ainda é muito específica de cada empresa.

Todos os estabelecimentos pesquisados responderam não se relacionarem com qualquer tipo de empresa ou instituições com a finalidade de financiamentos da ampliação ou desempenho de sua atividade. Todavia, no que diz respeito a busca do aperfeiçoamento e apoio empresarial ou gerencial, as empresas contam com a ajuda de consultorias especializadas, como também participam de palestras e seminários realizados para tal propósito. Em relação aos serviços de manutenção algumas unidades utilizam serviços de firmas terceirizadas. Para formar, treinar e reciclar o pessoal contratado, apenas uma instituição afirmou se relacionar com outros parceiros para a realização desse serviço. Aproximadamente 2/3 das empresas investigadas revelaram possuir relacionamento com outras instituições quando o objetivo é buscar apoio e conhecimento tecnológico e adquirir máquinas e equipamentos.

9.7. Tecnologia e Gestão

No que concerne à análise das perspectivas sobre a gestão tecnológica e em que estágio encontram-se as empresas na utilização de equipamentos de processamento de dados e informática, as unidades prestadoras de serviços entrevistadas responderam de forma quase unânime fazer uso constante do computador e do seu instrumental, a exemplo da Internet, encontrando-se atualizadas com o que há de melhor no mercado. Existe também uma preocupação da maioria das empresas com a avaliação e controle da qualidade dos serviços prestados. No que se refere aos serviços de informática e em que áreas eles são executados, a avaliação foi a seguinte:

- Na administração – todas as empresas pesquisadas utilizam;- No atendimento ao cliente – apenas uma entrevistada não utiliza;- No almoxarifado – metade das entrevistadas utilizam;- No setor de criação e na área técnica – metade das entrevistadas utilizam;- Na pesquisa – 1/3 das empresas utilizam;- No setor de marketing - 1/3 das empresas utilizam.

9.8. Propostas

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Quando convidados a mencionarem propostas que consideram importantes e que devam ser adotadas pelo setor público que venha a beneficiar o segmento, somente metade das empresas contribuiu, sugerindo as seguintes propostas:

I – Redução de impostos e encargos trabalhistas; II – Mais financiamentos e incentivos para a média empresa (apoio técnico e de gestão); III – Apoio do setor público às pequenas empresas de comunicação.

PARTE IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta parte final do trabalho, o que se pretende é de modo sumário destacar alguns pontos considerados relevantes, desenvolvidos nos capítulos e partes anteriores e que aqui merecem ser novamente explicitados. Antes, porém, é necessário que se destaque o caráter exploratório do estudo, complementar a outro já concluído e que contou, também, com o apoio da FACEPE, que teve como objetivo fundamental destacar alguns aspectos considerados relevantes do terciário em Pernambuco. Este setor, como se sabe, embora seja o maior responsável pela geração do produto interno e do emprego nesta unidade da Federação, não vem sendo objeto de estudo a partir do qual se compreenda a sua importância econômica e social.

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O presente estudo, como se assinalou, concentrou a sua atenção do conjunto de atividades de Assessoria, Consultoria e Planejamento, que, por definição, compreende os (i) serviços jurídicos, (ii) de contabilidade e auditoria, (iii) de pesquisa de mercado e de opinião pública, (iv) de assessoria e gestão empresarial, (v) de arquitetura, engenharia e assessoramento técnico e (vi) os serviços de publicidade.

O que se destacou de início é que tais serviços constituem o núcleo de uma extensa cadeia produtiva na qual se entrelaçam ao lado desses serviços centrais anteriormente considerados, as atividades de (i) fornecedores (de máquinas, equipamentos, insumos, serviços especializados de informática, assistência técnica e outros serviços terceirizados de apoio), (ii) as instituições financeiras, (iii) as organizações dos mais diferentes níveis voltados para a formação, capacitação e treinamento dos recursos humanos necessários para os serviços de assessoria, consultoria e planejamento, (iv) as associações empresariais, patronais e sindicais que definem estratégias setoriais e as relações de trabalhos nos referidos serviços, (v) as instituições reguladoras como os conselhos profissionais federais e regionais (OAB, Conselhos de Economia, de Contabilidade, de Engenharia e Arquitetura, além de outros), os governos estaduais, municipais e o Federal e (vi) o mercado constituído por pessoas físicas e jurídicas, quer integrantes do setor público quer do setor privado.

Antes de descer ao resumo dos aspectos mais relevantes do conjunto dos serviços, em particular do núcleo da cadeia produtiva, vale destacar alguns traços gerais da economia pernambucana. Esta, como foi mencionado, passa por uma fase de dificuldades - como de resto a economia nacional e regional - da qual resulta a expansão da sua atividade produtiva a taxas muito reduzidas. Não obstante este fato, em algumas atividades econômicas, sobretudo no terciário, vêm ocorrendo transformações relevantes, geralmente acompanhada de grande dinamismo econômico. Este tem sido o caso das atividades de turismo, do varejo moderno, dos serviços médicos privados até recentemente, do segmento da informática, dos serviços de educação privada, sobretudo no âmbito da educação superior, além de outros segmentos do terciário. Isto significa, a convivência, no mesmo período, principalmente nos grandes aglomerados urbano, de atividades nas quais ocorrem transformações e se constata um grande dinamismo, com atividades estagnadas e tradicionais e que vêm perdendo peso relativo no contexto da economia estadual. Além disso, não esquecer que, em decorrência da relativa estagnação da economia estadual, novas atividades empregadoras aparecem, oferecendo ocupação à parcela da população que não consegue uma inserção produtiva na economia formal e organizada do Estado de Pernambuco. As mudanças ocorridas comportam, pois, de um lado, o surgimento e a consolidação de atividades terciárias modernas e, por vezes, dinâmicas e, de outro lado, a disseminação de um setor informal, que se constitui uma espécie de refúgio da mão-de-obra sobrante que não consegue inserir-se nos segmentos formais e organizados da economia. É, neste contexto que se situa o estudo exploratório sobre os serviços de assessoria, consultoria e planejamento, bem como o estudo já referido dos vários pólos e complexos do terciário, também patrocinado pela FACEPE.

Relativamente ao núcleo da cadeia produtiva dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, o que as informações secundárias fornecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS) mostram é que, em 2000, eles compreendiam, em Pernambuco, cerca de

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1,3 mil estabelecimentos formalmente constituídos que empregavam, de modo formal, cerca de 6,3 mil pessoas, sem contar os dirigentes e proprietários dos estabelecimentos que não entram na computação da RAIS. Entre 1996 e 2000 o número de estabelecimentos registrou um crescimento anual de mais de 5,2% e o do emprego uma expansão de 3,7%, taxas de crescimento sem dúvida significativas num contexto de uma expansão muito reduzida da economia pernambucana e nacional, como já se fez referência.

Nesses serviços que constituem o núcleo da cadeia produtiva, o destaque, por sua maior importância no emprego, está constituído pelas atividades de contabilidade e auditoria, de arquitetura e engenharia e dos serviços jurídicos. Esta última, de acordo ainda com os dados da RAIS, registrou uma expansão no emprego formal de pouco mais de 10% ao ano enquanto as atividades de arquitetura, engenharia apontaram uma expansão de 13,7%, neste tipo de emprego. Nem todos seguiram este dinamismo, como se registrou (contabilidade e auditoria, e publicidade reduziram seu contingente empregado), no entanto é importante considerar, na média, o dinamismo que este conjunto heterogêneo de serviços registrou.

As análises mostraram aspectos importantes dos referidos serviços que necessitam ser considerados:

a) Sua concentração no estabelecimento de pequeno porte, da perspectiva do número de pessoas empregadas. O que significa dizer que não obstante estejam presentes empresas e estabelecimentos de grande porte, são os estabelecimentos de dimensão mais reduzida, em todas as atividades consideradas, que vêm caracterizando a dinâmica e a modernização desse conjunto.

b) A concentração espacial na Região Metropolitana do Recife e sua reduzida difusão no interior do Estado. Isto ocorre em razão do grande peso que, na economia pernambucana, teve e ainda tem essa região em todas a atividades produtivas, com exceção, evidente, da agropecuária. Não obstante este fato, constata-se um processo de descentralização, embora ainda muito tímido, com destaque para microrregiões do interior do Estado, como Vale do Ipojuca e o Sertão do São Francisco.

c) Deve-se considerar, também, a presença marcante, nos recursos humanos utilizados pelos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, da mão-de-obra qualificada, seja com o emprego de profissionais de nível superior, seja de profissionais qualificados de administração e secretaria, além de técnicos, inclusive na área de processamento automático de dados. O que significa dizer, fazendo-se a comparação com a força de trabalho do Estado, uma alta qualificação que se traduz, também, em níveis de remuneração provavelmente bem maiores que a média estadual.

Ao lado desses aspectos, com base nas entrevistas realizadas com os dirigentes das empresas, ficou patente que muitos dos serviços - em grande parte voltados para o atendimento de pessoas jurídicas, tanto privadas como públicas - embora tenham seu mercado preferencial em Pernambuco, alcançam, em maior ou menor grau, a demanda de outras unidades da Federação, particularmente as localizadas no Nordeste. Isto ocorre, como ficou patente nas considerações dos dirigentes, não obstante a competição, tanto no

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mercado local como no regional, de concorrentes de outras regiões, notadamente do Sudeste.

Os cenários e as expectativas dos dirigentes, no que se refere ao desenvolvimento futuro das suas atividades, variam consideravelmente de atividade para atividade. No entanto, há uma percepção, generalizada, muito realista das dificuldades presentes e futuras pelas quais estão passando e da necessidade de avanços nos processos adotados, notadamente voltados para a melhoria na qualidade dos serviços e tendo em vista, também, as transformações que vêm ocorrendo no ambiente no qual atuam, seja em relação às exigências da demanda do setor privado, como do setor público. Questões como a de intensa melhoria da qualidade dos serviços e de redução dos custos aparecem em grande parte das estratégias que as empresas pretendem desenvolver. A tônica pois, nas expectativas dos dirigente, é de reconhecimento das dificuldades, complementada pelo reconhecimento, também, de que devem adotar estratégia de melhoria dos serviços prestados, com adoção de novos processos de trabalho, inclusive com incorporação mais intensa de novas tecnologia já disponíveis e que já começaram a adotar.

Para a concretização de tais cenários futuros e estratégias, embora reconheçam a existência de potencialidades que devam ser aproveitadas, dependendo do tipo de atividade, há uma consciência muito clara de obstáculos que necessitam ser considerados. Um dos mais mencionados diz respeito ao acesso ao financiamento para a gestão, ampliação e modernização da prestação dos seus serviços. O alto custo do financiamento vigente no mercado atual, no Brasil e em Pernambuco, as exigências quanto às garantias e outras, comuns no relacionamento do sistema financeiro com os que buscam empréstimos, são os pontos mais referidos. Vale destacar que nas entrevistas realizadas ficou patente o fato de que os investimentos realizados na implantação e na consolidação dos empreendimentos foram financiados, na quase totalidade dos casos investigados, com recursos próprios dos empreendimentos.

Um outro obstáculo, freqüentemente mencionado, é o da grande carga tributária que incide sobre os serviços de assessoria, consultoria e planejamento. Houve referência, menos freqüente, entre os obstáculos, a respeito das dificuldades encontradas na qualificação da mão-de-obra, sobretudo em novas atividades que exigem a adoção de novas tecnologias.

Esses problemas e obstáculos se contrapõem a algumas potencialidades que foram assinaladas nas entrevistas realizadas. Entre elas, são mencionadas, por exemplo, (i) a ampliação cada vez maior de vários dos mercados de serviços - independentemente do comportamento da economia - seja por conta de novas normas que exigem mudanças de comportamento das empresas e das autoridades governamentais, notadamente na área jurídica ou do reconhecimento do papel estratégico dos serviços prestados por alguns segmentos para empresas e para o setor público (pesquisa de opinião e de mercado, publicidade); (ii) o reconhecimento, pelo mercado estadual e regional, da qualidade dos serviços oferecidos pelas empresas de Pernambuco; (iii) os avanços tecnológicos dos últimos anos dos prestadores de serviços, sobretudo da Região Metropolitana do Recife que vêm garantindo competitividade e condições de igualdade com serviços similares de regiões economicamente mais avançadas.

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Ficou evidente, com base nas entrevistas, a necessidade de articulação cada vez maior dos empreendimentos que prestam serviços de assessoria, consultoria e planejamento na busca de objetivos comuns e da maior capacidade de negociação na mobilização de meios para concretizá-los. Há, neste particular, o reconhecimento de que, diferentemente de outras cadeias produtivas, a tradição desses serviços tem sido o isolamento e ausência de integração a partir do qual esse conjunto heterogêneo consiga uma maior sinergia no desenvolvimento das suas atividades. Neste particular, a ação governamental, articulando lideranças, consolidando parcerias e definindo uma proposta de ação conjunta seria da maior relevância.

Foram muito diferenciadas as reivindicações dos empresários em relação ao apoio que poderiam ter com base na ação dos governos em suas diferentes esferas. Elas vão desde a solicitação de apoio governamental para financiamento adequado dos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, notadamente através dos bancos oficiais, ao apoio à pequena e média empresa de serviços, à redução da carga tributária e fiscal, inclusive trabalhista, bem com a maior articulação dos serviços governamentais (judiciário e fazenda) com as empresas e o público em geral, o que facilitaria e simplificaria o trabalho desenvolvido pelos serviços de assessoria e consultoria. Há uma demanda, difusa mais repetida pelos entrevistados, com relação ao desenvolvimento, através do setor público, de um esforço maior de qualificação nas áreas que interessam aos serviços de assessoria, consultoria e planejamento, inclusive associados a mudanças que geralmente ocorrem nas normas estabelecidas pelo governo, tanto no que se refere ao Judiciário quando ao fiscal e tributário.

No que se refere ao item específico de tecnologia e gestão, considerado na entrevista realizada, ficou patente a grande difusão da informática nos vários segmentos da atividade, tanto na parte administrativa mais geral, quando no almoxarifado e na área técnica mais específica. A utilização da Internet é também muito difundida, tanto nas comunicações mais gerais como na realização de pesquisa e levantamento de interesse aos trabalhos técnicos. É comum, às empresas de maior porte o uso de rede no seu sistema de informação. Destaque foi dado, ainda, à adoção de controle de qualidade e a busca de melhoria permanente dos serviços que são prestados.

Em resumo, os serviços de assessoria, consultoria e planejamento repetem, em Pernambuco, o que vários estudos vêm assinalando para outros segmentos do terciário em relação ao seu dinamismo e transformação, mesmo num contexto da economia estadual vem apresentado reduzida expansão.

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