terapia génica em vectores
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Terapia Génica em
vectores
Docentes: Sónia Mendo e Artur Alves; Trabalho realizado por:
Carina Félix (59903); Daniela Castelo (60909); Diana Campos
(59850); Mª Eugénia Costa (59878)
Mestrado em Biologia Aplicada (1ºano);
Fisiologia e Genética Microbiana;
Janeiro de 2010
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Introdução
O National Institutes of Health dos EUA realizou a 14 de Dezembro de
1990, o primeiro procedimento aprovado de terapia génica numa criança de
quatro anos. Ashanti DeSilva, nasceu com uma doença genética rara
denominada de imunodeficiência combinada severa, o que faz com que não
possua sistema imunitário saudável, sendo vulnerável a todos os agentes
infecciosos. As crianças com esta doença geralmente desenvolvem muitas
infecções e raramente conseguem sobreviver até à idade adulta. Ashanti, tinha
de permanecer em ambiente estéril e lutar contra doenças frequentes
recorrendo a grandes quantidades de antibiótico (Thompson, 1993).
Nesta terapia os médicos removeram os glóbulos brancos do corpo da
criança, deixando-os crescer em laboratório, sendo inserido posteriormente o
gene em falta nos mesmos. Por fim, reintroduziram-se os glóbulos brancos
geneticamente modificados na corrente sanguínea do paciente. Testes de
laboratório mostraram que a terapia fortaleceu o sistema imunitário de Ashanti,
podendo a criança fazer uma vida normal, tal como ir à escola, o que
anteriormente não poderia fazer. Esse procedimento não se tratou de uma cura
definitiva, uma vez que os glóbulos brancos tratados geneticamente só
funcionaram por alguns meses, tornando-se necessário repetir o processo
periodicamente (Thompson, 1993). Contudo, este procedimento revelou-se
pouco mais do que uma fase inicial para a expansão da terapia génica, que
inicialmente se mostrou com elevadas controvérsias (Coutts et al., 2010).
A biologia de terapia génica em humanos é muito complexa, existindo
muitas técnicas que necessitam de ser desenvolvidas e aperfeiçoadas, bem
como doenças que precisam de ser compreendidas mais profundamente, de
modo a que a terapia génica possa ser usada adequadamente. O debate
público em torno da possível utilização de material geneticamente modificado
em seres humanos tem sido igualmente complexo. Os maiores participantes no
debate sobre este tema, provieram de áreas como biologia, governo, direito,
medicina, filosofia, política e religião, trazendo cada um, diferentes visões para
a discussão (Coutts et al., 2010).
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Ao estudar a ética da terapia génica, deve-se realizar uma distinção
entre terapia nas células somáticas (não reprodutivas) e nas células de ―vírus‖
(reprodutivo) de um indivíduo. Apenas as células de vírus carregam os genes
que vão ser transmitidos para as próximas gerações. Alguns investigadores de
terapia génica, opuseram-se a qualquer forma de manipulação genética, não
importando o quão ―bem-intencionada‖ fosse. Muitos outros aprovaram o uso
de terapia de células somáticas, não se chegando, no entanto, a um acordo
relativamente à permissão do uso da terapia génica em células, que pode ter
efeitos imprevisíveis nas gerações futuras. Outros cientistas ainda
argumentaram que com uma regulamentação e garantias adequadas, a terapia
génica em células germinativas é uma extensão lógica do progresso realizado
até à data e um procedimento eticamente aceite (Coutts et al., 2010).
O que é a terapia génica?
A terapia génica consiste na utilização de técnicas de DNA
recombinante, com o objectivo de introduzir no organismo o gene não mutado
que codifica a proteína em falta no paciente ou substituir a base mutada pela
base normal. Para tal usa-se um vector, que serve para entregar os genes na
célula-alvo. Os genes podem ser inseridos em células somáticas ou em células
germinativas, apesar da linha germinal ser considerada eticamente inaceitável.
(David & Peebles, 2008).
As sequências de nucleótidos introduzidas são moléculas de cDNA de
genes normais que irão repor a funcionalidade de genes correspondentes.
Primeiramente, os genes têm de ser identificados, isolados de células normais
e clonados, sendo posteriormente necessário introduzir o gene desejado num
vector apropriado, para que ocorra o transporte do mesmo até à célula
eucariota. Por fim, o gene é introduzido nas células do paciente, processo que
se designa transfecção. A partir daqui, a mensagem do DNA é copiada e
convertida em RNA mensageiro (transcrição), seguindo posteriormente para o
ribossoma onde é convertido a proteínas (tradução). Uma proteína produzida
através de técnicas de terapia génica pode actuar intracelularmente ou
extracelularmente (figura 1). O sucesso de qualquer terapia génica é
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fortemente dependente da frequência e eficiência das etapas anteriores
(Scaduto & Wang, 2000).
A terapia génica actua assim, ao nível molecular eliminando o foco da
doença enquanto a maior parte dos fármacos cura apenas os sintomas, isto é,
a terapia génica actua ao nível do genótipo em vez de tratar simplesmente a
expressão fenotípica (Ratko et al., 2003).
Figura 1 - A terapia génica é baseada no facto de que todas as proteínas são
sintetizadas com base no código genético. Através da transferência de genes, células
geneticamente modificadas podem fabricar continuamente produtos desejados, tal
como proteínas (Adaptado de Hall& Kang, 2000).
Argumentos a favor da terapia génica
O argumento central a favor da terapia génica é que esta pode ser
usada para tratar pacientes gravemente doentes, ou para prevenir o
aparecimento de doenças complexas. O tratamento convencional falhou para
as doenças candidatas à terapia génica e, para esses pacientes, a terapia
génica é a única esperança para um futuro. Muitos cientistas comparam a
terapia genética em células somáticas a outras novas tecnologias médicas, e
argumentam que devem sempre tratar os doentes, caso seja possível. Os
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autores podem usar o termo "investigação de transferência de gene humano"
(HGTR) para enfatizar a natureza não-terapêutica actual da pesquisa genética.
(Churchill et al., 1998).
Eric Juengst resumiu os argumentos a favor e contra a terapia génica
germinal humana, em 1991: 1) a terapia génica germinal oferece uma
verdadeira cura, e não apenas o tratamento paliativo ou sintomático; 2) a
terapia génica germinal pode ser a única forma eficaz de tratar algumas
doenças genéticas; 3) impedindo a transmissão de genes de doenças, o custo
e o risco da terapia com células somáticas de várias gerações são evitados; 4)
a medicina deve responder às necessidades de saúde reprodutiva dos futuros
pais em situação de risco para a transmissão de graves doenças genéticas e 5)
a comunidade científica tem o direito de pesquisar livremente, dentro dos
limites da pesquisa humana aceitável (Juengst, 1991).
Argumentos contra a terapia génica
Um dos argumentos contra este procedimento é, se é possível distinguir
entre "bons" e "maus‖ os usos das técnicas de modificação genética (Coutts et
al., 2010). Outro argumento é a dificuldade de acompanhamento dos pacientes
a longo prazo. Os pacientes da terapia génica teriam de ser mantidos sob
vigilância durante várias décadas para monitorizar os efeitos a longo prazo da
terapia para as gerações futuras (Ledley, 1992). Existe uma preocupação com
o facto de muitos candidatos à terapia génica serem crianças muito jovens, não
sendo, talvez, capazes de entender as ramificações do tratamento através
desta terapia.
Outra desvantagem aponta para o potencial conflito de interesses,
opondo as liberdades reprodutivas e os interesses privados de um indivíduo ás
companhias de seguros, na medida em que as ultimas querem o que lhes seja
mais conveniente em termos monetários, não olhando para o que é melhor
relativamente ao indivíduo (Coutts et al., 2010).
Questões de justiça e alocação de recursos foram também levantadas:
―Num momento de tensão do sistema de saúde, será que é possível o
pagamento de uma terapia tão cara? Quem deve receber a terapia génica, se
esta está apenas disponível para a população com possibilidades financeiras?".
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―A distribuição das características biológicas desejáveis entre os diferentes
grupos sócio-económicos e étnicos tornar-se-ia muito enviesada" (Juengst et
al., 1991). Argumentos especificamente contra o desenvolvimento de linha
germinal das técnicas de terapia genética incluem: 1) experiências de terapia
génica da linha germinal envolveriam elevadas incertezas científicas, sendo
que os riscos clínicos e os efeitos a longo prazo associados a esta são
desconhecidos; 2) a terapia génica permitiria alterar características fenótipicas
associadas à doença, o que poderia agravar os problemas de discriminação
social; 3), a terapia génica da linha germinal envolve a pesquisa sobre
embriões e os efeitos nos seus descendentes, tal investigação cria
posteriormente opiniões não consensuais; 4) a terapia génica apresenta custos
elevados, não sendo rentável o suficiente para merecer prioridade social; 5) a
terapia genética de linha germinal poderia violar os direitos das gerações
subsequentes ao receber uma herança genética que tenha sido
intencionalmente alterada (Juengst, 1991). As questões éticas decorrentes de
ambas as terapias génicas, somáticas e de linha germinal, são de âmbito
internacional (Coutts et al., 2010).
É de grande importância referir que, existem uma variedade de reacções
à terapia génica, sendo também necessário elucidar a complexidade deste
assunto que permanece em debate público contínuo (Coutts et al., 2010).
Estratégias na terapia génica
As estratégias de terapia génica diferem pelo gene, veículo de entrega
(vector), célula-alvo (anatomia e fisiologia) para a transferência de genes, local
onde as células são manipuladas (em cultura de tecidos ou no interior do
hospedeiro) e pela via de administração (regional ou sistémica) (Scaduto &
Wang, 2000).
Ao escolher a estratégia de terapia génica é importante considerar a
duração desejada da produção e localização de proteínas. O processo de
transferência do gene envolve a introdução de uma sequência de ácido
nucleico numa população de células ou tecidos, resultando na transcrição e
tradução de um determinado gene. A alteração da composição genética de
uma célula-alvo, pode resultar na produção de proteínas que não afectam
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apenas o seu metabolismo, mas também o metabolismo das células vizinhas
(células não alteradas geneticamente) (Hall& Kang, 2000).
A transferência de genes é geralmente realizada através da introdução
do gene de interesse, quer directamente para as células-alvo (in vivo ou
estratégia directa) ou por remoção das células-alvo, (ex vivo ou estratégia
indirecta) seguido de alteração genética com posterior reimplante no corpo
(figura 2) (Hall & Kang, 2000).
Figura 2- Na terapia genica in vivo introduzem-se os vectores que contêm o gene
adequado directamente no órgão ou tecido alvo. A terapia génica ex vivo exige a
remoção das células do corpo, a alteração genética dessas mesmas células in vitro,
seguindo-se a reimplantação das células geneticamente modificadas no órgão ou
tecido alvo (Adaptado de Hall & Kang, 2000).
A via de administração do gene requer atenção adicional. A entrega
directa de genes para o local da doença é referida como a terapia génica local
(Hall & Kang, 2000) ou regional (Scaduto & Wang, 2000). A transferência de
genes que ocorre à distância do local da doença e usa a circulação sistémica
para fornecer células geneticamente modificadas e/ou genes é denominada de
terapia genética sistémica (Hall & Kang, 2000; Scaduto & Wang, 2000).
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Relativamente ao veículo de entrega é designado de vector. Existem
muitos vectores actualmente disponíveis, não existindo um vector ideal. Estes
podem ser virais ou não virais. Os vírus são vectores muito eficientes, dado
que a entrega e expressão do DNA são indispensáveis ao seu ciclo de vida
normal. Quando um vírus é utilizado como um vector, porções do genoma viral
são excluídos, com o objectivo de impedir a replicação, bem como criar espaço
para a inserção do DNA terapêutico. Uma das preocupações quanto ao uso de
vírus de replicação deficiente é a possibilidade deste poder recombinar com
sequências virais na célula do hospedeiro, podendo adquirir capacidade de se
replicar (Scaduto & Wang, 2000).
Vectores Virais
Para melhorar a eficiência e estabilidade da entrega de genes,
numerosos laboratórios têm vindo a avaliar vectores virais e não virais para a
transferência destes. Os vírus evoluíram até se tornarem muito eficientes na
entrega de ácidos nucleicos a tipos de células específicos, enquanto evitavam
a reacção imunitária. Se a patogenicidade de um vírus específico, tal como o
adenovírus, puder ser eliminada enquanto a sua eficiência na entrega dos
genes é mantida, o gene poderá servir para a terapia génica (El-Aneed, 2004).
Cada sistema vectorial tem os seus pontos fortes, bem como os seus pontos
fracos, o que requer mais modificações, de modo a fazer com que o vector
sirva para as aplicações gerais da terapia génica (El-Aneed, 2004).
Os vírus têm um mecanismo de replicação muito peculiar (figura 3),
começando por introduzir o seu genoma na célula hospedeira. Este material
genético vai sofrer replicação e transcrição, obtendo-se mRNA viral que será
traduzido e dará origem a proteínas virais. As novas partículas virais formam-se
e reúnem-se dentro do hospedeiro, acabando por ser expelidas para o exterior
(El-Aneed, 2004).
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Figura 3 - Replicação viral numa célula hospedeira.
Retrovírus
Os vectores retrovírus são desenvolvidos através da substituição de genes
virais vitais por genes terapêuticos. Os retrovírus (figura 4), são pequenos vírus
de RNA com DNA intermediário, que se integram no genoma da célula
hospedeira, produzindo as proteínas virais (gag, pol e env), sendo esse DNA
removido no processo de desenvolvimento dos vectores retrovirais.
É importante salientar que o uso de múltiplas entregas de genes por via
retroviral é raramente aplicado dada a sua capacidade de encapsulamento
limitada. A maior parte dos vírus infectam células em processo de divisão
activa durante a mitose (Lewis et al., 1994; Miller et al., 1990). Para além do
facto desta característica poder proteger os tecidos normais, infectando
naturalmente o tumor, todos os tumores contém células em fase de ―descanso‖,
G0, que não se estão a dividir. Estas células podem escapar à terapia. Os
lentivírus, tal como o vírus da imunodeficiência humana (VIH) e os seus
vectores podem, contudo, infectar células não proliferativas (Lewis et al., 1994;
Buchschacher et al., 2000). No entanto, o uso de lentivírus tem um
inconveniente maior tendo em conta os efeitos clínicos negativos originais
destes vírus.
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Figura 4 - Representação esquemática e imagem real de um retrovírus.
Os retrovírus contêm RNA viral e várias cópias de transcriptase reversa
(DNA polimerase). Após infectarem uma célula, a transcriptase reversa é usada
para fazer as cópias iniciais do DNA viral a partir do RNA viral. Uma vez que
após uma cadeia de DNA tenha sido sintetizada, é feita uma cadeia de DNA
complementar viral (cDNA). Estas cópias de cadeia dupla do DNA viral são
inseridas no cromossoma da célula hospedeira e a RNA polimerase da célula
hospedeira é usada para fazer RNA de vírus. Estas cadeias de RNA servem
como modelos para fazer novas cópias do RNA cromossómico viral e servem
também como mRNA. O mRNA é traduzido em proteínas virais que são usadas
para fazer o envelope do vírus. Novas partículas virais são montadas e são
libertadas. Um exemplo deste processo é ilustrado na replicação do retrovírus,
o VIH (figura 5) (Robbins & Ghivizzani, 1998).
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Figura 5 - Processo de replicação de retrovírus.
Adenovírus (Ad)
Os adenovírus (figura 6) são vírus com dupla cadeia de DNA que podem
infectar tanto células em divisão como células que não se estejam a dividir (Li
et al., 1993; Quantin et al., 1992). Os vectores adenovirais competentes
defeituosos foram gerados inicialmente, substituindo o gene viral E1 com um
gene terapêutico.
Os vectores génicos mais eficientes foram obtidos alterando mais genes
no genoma viral, tais como o gene E2. (Engelhardt et al., 1994). A remoção de
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toda a sequência codificadora do genoma viral resultou em melhores vectores
em termos de capacidade (Harrington et al., 2001).
A transfecção com adenovírus é transiente desde que o genoma de DNA
não integre permanentemente o material genético da célula hospedeira (Kelly
et al., 1994). Deste modo, a administração repetitiva de vectores adenovirais é
necessária para obter o resultado terapêutico desejado. De facto, os vectores
adenovirais foram apontados como a primeira morte na história da terapia
génica clínica. (Raper et al., 2002). Foi sugerido que elevadas doses do
complexo adenovirus/anticorpos imunes induzem uma activação
complementar, o que pode levar substancialmente a reacções inflamatórias
letais sistémicas (o que não acontece com doses moderadas).
Figura 6 - Representação esquemática e imagem real de um adenovírus.
A figura 7 corresponde a uma tradução adenoviral. O adenovírus
recombinante entra nas células através da ligação mediada por CAR (receptor
adenovírus e vírus coxsackie) e IR (receptor integrina). As partículas
adenovirais sofrem endocitose, escapam dos endossomas e entram no núcleo
através do complexo envelope nuclear com poros. O material genético do
adenovírus não é incorporado no genoma da célula hospedeira, mas assume
uma posição epicromossomal, onde ainda se pode utilizar maquinaria
transcripcional e traducional da célula hospedeira para a síntese de proteínas
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recombinantes, neste caso, a isoforma endotelial eNOS (óxido nítrico sintase)
(Robbins & Ghivizzani, 1998).
Figura 7 - Processo de replicação de adenovírus.
Vírus Herpes Simples (VHS)
A família dos vírus VHS (figura 8) infecta naturalmente humanos ao nível
dos olhos, na mucosa oral e vaginal. Durante o seu ciclo de vida, infectam as
terminações nervosas sensoriais e migram para as células do sistema nervoso,
resultando numa infecção latente (Corey et al., 1986). Os vectores VHS são
produzidos através da eliminação da sequência de algumas das proteínas
virais expressas no início da infecção, tais como ICP0, ICP4, ICP27 e ICP22
(Wu et al., 1996; Marconi et al., 1996). Estas proteínas podem desencadear a
produção de outros componentes virais essenciais. O grande genoma linear de
dupla cadeia dos vírus VHS (cerca de 150 kb), que é quase 15 e 4 vezes maior
que a do lentivírus e adenovírus, respectivamente, podem ser substituídos por
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quase 40 kb de genes estranhos, ficando entre os primeiros a nível da
capacidade dos vectores virais (Latchman et al., 2001). Esta capacidade foi
utilizada com sucesso em simultâneo com a capacidade de entrega de
múltiplos genes usando apenas um vector. Por outro lado, tanto o vírus original,
que é patológico, como o vírus modificado, podem limitar as suas aplicações
terapêuticas (El-Aneed, 2004).
Figura 8 - Representação esquemática e imagem real de um VHS.
A proteína ICP0 do vírus Herpes Simples interrompe a resposta do
interferão (IFN), tanto por obstrução da via JAK-STAT (JAK - Janus quinase;
STAT – tradutor de sinal e activador de transcrição) como por regulação
negativa directamente do nível de expressão de genes estimulados – IFN
(ISGs), sendo também o VHS US11 um inibidor da proteína cinase PKR.
Curiosamente, o HCV ICP34.5 ignora o efeito da PKR no controlo da tradução
através da recruta de proteínas celulares fosfatase 1α (PP1α) para desfosforilar
o factor 2 de iniciação, da subunidade α (eIF-2α). O VHS também codifica
derivados da adenosina (A) 2 ', 5' para bloquear a 2 ', 5'-sintetase
oligoadenilato (OAS), via RNase L (figura 9) (Robbins & Ghivizzani, 1998).
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Figura 9: Processo de replicação de VHS.
Vírus Adeno-associados (VAA)
VAAs (figura 10) são vírus de DNA de cadeia simples. Estes codificam
para duas proteínas virais, nomeadamente Rep e Cap, que são removidas dos
vectores defeituosos utilizados na terapia génica (Jain et al., 1998).
Semelhantes ao adenovírus, os VAAs podem infectar tanto células em divisão
como aquelas que não se encontram em divisão. O seu DNA, contudo, integra-
se no genoma da célula hospedeira, semelhantemente aos retrovírus. Os
vectores VAA possuem pouca toxicidade quando em wild type, não causando
quaisquer efeitos patológicos em seres humanos, integrando-se
especificamente no cromossoma 19 do genoma do ser humano (Samulski et
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al., 1991). Esta especificidade vai reduzir os riscos de mutagénese induzida
observada na transferência de genes retrovirais. Além disso, o local da
integração não codifica nenhum gene importante. A principal desvantagem
deste sistema é a necessidade de um vírus auxiliar (adenovirus ou VHS) para
produção de VAA (Buller et al., 1981). Isso pode resultar em vectores
contaminados durante a preparação. Esta desvantagem foi superada pela
indução da replicação viral através de estímulos genotóxicos, tais como choque
térmico, produtos químicos ou irradiação (Yakinoglu et al., 1988). De facto, a
tradução dos genes de VAA e efeitos anti-tumorais in vitro e in vivo foram
significativamente maiores quando combinados com UV e tratamentos de
radiação gama (Kanazawa et al., 2003). Além destas dificuldades de
replicação, a capacidade desses vectores é muito limitada (menos de 5 kb de
DNA) (Cusack et al., 2002).
Figura 10 - Representação esquemática e imagem real de um vírus adeno-associado.
A figura 11 representa a estrutura do vírus VAA wild type (a) bem como
o vector genérico baseado nos VAA (b). Em a) um genoma de DNA de cadeia
simples é envolvido por repetições palindrómicas terminais invertidas (ITRs).
As Rep ORFs (Open Reading Frame) codificam as proteínas que estão
envolvidas na replicação viral e as Cap ORFs codificam as proteínas que são
necessárias para o empacotamento viral. Os VAA integram-se no genoma
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humano, no cromossoma 19 (vermelho) e persistem na forma latente. Podem
sair desta fase apenas se a célula é co ou super-infectada com o vírus auxiliar,
tal como o adenovírus (Ad) ou o vírus do herpes simples (VHS), que
proporcionam os factores necessários para a replicação activa dos VAA.
Em b) o genoma viral é substituído por uma cassete de expressão, que
normalmente consiste em: promotor, transgene e cauda poli (pA). Para a
produção do vírus recombinante (rVAA), as proteínas Rep e Cap, bem como
elementos Ad ou VHS (Ad E1, E2 e E4orf6) têm de ser fornecidas em trans.
Exemplos de formas intracelulares do vector de entrega, que são responsáveis
pela expressão do transgene após tradução com rVAA (epissomas de dupla
cadeia circular e vectores de genomas integrados aleatoriamente) estão
representados a vermelho (Vasileva & Jessberger, 2005).
Figura 11 - Processo de replicação de vírus adeno-associados. a) Vírus wild-type e b)
Expressão de vectores recombinantes.
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Poxvírus (vacina viral)
Estes vírus (figura 12) são usados como vacinas que erradicam o vírus
da varíola em todo o mundo. São vírus de DNA de dupla cadeia que podem
infectar tanto células em divisão como células que não se encontrem em
divisão. Semelhantes ao VHS, têm um genoma grande (cerca de 186 kb)
podendo acomodar até 25 kb de sequências transgénicas (Smith et al., 1983).
A vacinação por poxvírus recombinante, que pode induzir nas células T
reacções imunológicas contra infecções e doenças malignas, teve grande
sucesso (Gomella et al., 2001). Esta estratégia pode produzir efeitos
imunológicos sinergéticos. Sabe-se ainda que é possível inserir múltiplos genes
num hospedeiro utilizando exclusivamente vacinas virais transportadoras. A
longa história no uso de vectores em vacinação, a sua baixa toxicidade e alta
capacidade para DNA exógeno, torna-os excelentes transportadores para a
inserção de genes (El-Aneed, 2004).
Figura 12 - Representação esquemática e imagem real de Poxvírus.
Na figura 13 é possível acompanhar o processo de replicação de um Poxvírus:
1 – Entrada: um virião maduro intracelular (IMV) liga-se a partículas receptoras
desconhecidas e funde-se com a membrana celular. O virião extracelular
encapsulado (EEV) liga-se a partículas receptoras desconhecidas e sofre
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endocitose na célula. 2 - Desencapsulamento inicial: a partícula viral do núcleo
(CORE), contendo o genoma viral, RNA polimerase dependente de DNA viral,
e outras enzimas é libertada para o citoplasma. 3 - Início da transcrição: genes
precoces (incluindo aqueles que codificam proteínas imunomoduladoras,
enzimas e factores de replicação e transcrição) são transcritos e traduzidos
imediatamente após a entrada de partículas do núcleo no citoplasma da célula.
4 – Translocação: a partícula viral do núcleo desloca-se para o exterior do
núcleo da célula. 5 - Desencapsulamento Secundário: o complexo
nucleoproteína viral (NP) é libertado, contendo o genoma viral. Neste ponto, o
genoma viral é replicado e ocorre a transcrição e a tradução de genes
intermediários (principalmente de codificação para factores de transcrição). 6 –
Transcrição: os genes virais (que codificam proteínas estruturais, enzimas e
factores de transcrição) são transcritos e traduzidos. 7 – Montagem:
intermediários concataméricos são resolvidos em DNA de cadeia dupla linear e
embalados com proteínas virais em viriões imaturos (IV). 8 – Libertação: os IV
amadurecem em IMVs através de um mecanismo que pode incluir a
transformação do IV através do Complexo de Golgi. Os IMVs são transportados
para a periferia da célula, onde podem ser libertados de três formas diferentes:
IMVs libertados através de lise celular, permanecendo IMVs; alternativamente,
IMVs podem ―germinar‖ até à superfície celular, ―apanhando‖ um envelope viral
da membrana plasmática. Na superfície dessas células-associadas de viriões
encapsulados (CEVS) são empurrados através de uma cauda Actina em
contacto com uma segunda célula. Por fim, o IMV pode ―germinar‖ através da
membrana plasmática ao ―apanhar‖ um envelope, tornando-se assim um
EEV(Robbins & Ghivizzani, 1998).
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Figura 13 - Processo de replicação de Poxvírus, sendo IMV – Intracellular Mature
virion; EEV – Extracellular Enveloped Virion e CEV – Cell-associated Enveloped Virion.
Alfavírus
A família dos Togavírus são vírus de RNA de cadeia simples com uma
estrutura de envelope (figura 14). O género Alphaviridae tem 26 membros,
todos com um genoma de aproximadamente 12 kb e geralmente residentes em
muitas espécies, como mosquitos, pássaros, roedores e outros mamíferos.
Alguns dos membros dos alfavírus são patogénicos nos seres humanos e têm
sido responsáveis por algumas epidemias com sintomas gripais que têm sido
descritas na África Central (Lundstrom, 2005).
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O ciclo de vida de alfavírus (figura 15) inclui a infecção através do
reconhecimento dos receptores da superfície celular como sulfato de heparina
e receptores de laminina e absorção de partículas virais, quer através de fusão
com a membrana celular quer através de endocitose. Após o lançamento de
RNA no citoplasma, ocorre a tradução das proteínas virais não estruturais,
levando à formação do complexo replicase, responsável pela alta eficiência de
replicação do RNA. As cópias de RNA subgenómico contendo os genes
estruturais (capsídeo, proteínas do envelope) são gerados (Lundstrom, 2005).
As vantagens destes vírus são a rápida produção de altos títulos (109 - 1010
partículas infecciosas/ml) de partículas que não requerem maior concentração
ou purificação. Além disso, a ampla gama de hospedeiros celulares e
expressão de altos níveis de trangenes são características positivas. A indução
de apoptose também pode ser vista como uma vantagem para aplicações em
terapia de cancro. Uma das desvantagens dos alfavírus é a expressão a curto
prazo dos transgenes, que dura, in vivo, entre 5 a 7 dias. Outra preocupação
prende-se com a citotoxicidade do hospedeiro, resultando numa paragem
programada da expressão génica endógena que pode afectar a tradução de
sinal de eventos e cinética de expressão de genes (Lundstrom, 2005).
Figura 14 - Imagem real de um Alfavírus.
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Figura 15 - Processo de replicação de Alfavírus.
No quadro seguinte encontra-se um resumo das características,
vantagens e desvantagens dos diversos tipos de vírus utilizados em terapia
génica.
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Tabela I: Comparação entre diferentes vectores virais em uso na terapia génica:
vantagens e desvantagens. (A) – Características da Partícula; (B) – Propriedades de
Terapia Génica.
Vectores não virais
O sucesso da terapia génica é extremamente dependente do
desenvolvimento do vector que consegue selectiva e eficientemente entregar
um gene às células-alvo com a mínima toxicidade (Li & Huang, 2000). A função
do vector é proteger e transportar eficazmente o material genético para o
núcleo das células alvo onde é então descodificado (expresso) a fim de
produzir a proteína terapêutica (Niidome & Huang, 2002).
Os vírus são eficientes na tradução de células, no entanto, as
preocupações de segurança sobre o uso destes, torna os vectores não virais
uma boa alternativa. Estes são particularmente adequados, no que diz respeito
à simplicidade de uso, facilidade de produção em larga escala e ausência de
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resposta imune específica (Kalil & Sant´Anna, 2004). Estes têm algumas
vantagens relativamente aos vectores virais tais como, não causarem qualquer
tipo de doença, serem pouco tóxicos, não ocorrer a recombinação de vírus
endógenos, não existirem efeitos oncogénicos e a ausência de uma resposta
imune inesperada. Actualmente, alguns sistemas não virais são aplicados em
conjunto com vectores retrovirais e adenovirais, no sentido de aumentar a
eficiência de transferência desses sistemas. Uma variedade de sistemas não
virais, podem ser utilizados para terapia génica em diferentes situações clínicas
(Li & Huang, 2000; Niidome & Huang, 2002). Os sistemas não virais são
divididos em dois grupos gerais: (1) entrega ―DNA nu‖ por um método físico,
como por exemplo eletroporação e biobalística e (2) a entrega mediada por um
transportador químico, tais como polímeros catiónicos e lípidos (Niidome &
Huang, 2002).
.
Entrega de “DNA nu”
Alguns investigadores têm explorado a injecção de DNA, sem qualquer
protecção (―DNA nu‖), no interior das células dos pacientes. A entrega de ―DNA
nu‖ parece promissora na imunização contra as doenças infecciosas, certos
tipos de cancro e na prevenção de rejeição de órgãos transplantados (Niidome
& Huang, 2002). A maneira mais simples para a administração do DNA é a
injecção directa de DNA plasmidial nu (pDNA nu) no tecido ou a injecção
sistémica (Li & Huang, 2000; Su et al., 2008). O uso de ―DNA nu‖, sem
qualquer molécula transportadora é o método mais seguro. São diversos os
locais de injecção directa, sendo que a injecção sistémica é também uma via
conveniente para a administração do gene. No entanto, devido à rápida
degradação por nucleases e à resposta do sistema mononuclear fagocitário, o
nível de expressão após a injecção de ―DNA nu‖ é geralmente limitado. Várias
abordagens físicas têm sido desenvolvidas para melhorar a eficiência da
transferência de genes através de ―DNA nu‖ (figura 16), nomeadamente a
electroporação, biobalística (gene gun), ultra-som, hidrodinâmica (alta
pressão), entre outros (Niidome & Huang, 2002; Su et al., 2008).
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Figura 16: Técnicas não virais de entrega de genes. Diferentes vias de injecção de
―DNA nu‖ e estratégias de valorização (adaptado de Niidome & Huang, 2002).
A electroporação consiste na aplicação de campos eléctricos
controlados, de modo a facilitar a permeabilização da célula, sendo usada para
melhorar a captação de genes em células após a injecção de ―DNA nu‖. Além
disso, a electroporação pode atingir uma expressão de longa duração, podendo
também ser usada em vários tecidos. A pele é um dos alvos ideais, devido à
facilidade de administração (Niidome & Huang, 2002; Su et al., 2008).
A biobalística pode conseguir a entrega directa de genes nos tecidos ou
células. Consiste no bombardeamento de partículas de ouro revestidas com
DNA, permitindo a entrada directa através da membrana celular para o
citoplasma, bem como para o núcleo, ignorando o compartimento endossomal
(Li & Huang, 2000).
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A técnica ultra-som pode aumentar a permeabilidade da membrana
celular para macromoléculas como o DNA plasmidial. Com efeito, o aumento
da expressão do gene foi observada pela irradiação de ondas ultra-sónicas no
tecido após a injecção de DNA. Como esta técnica é flexível e segura, a sua
utilização na entrega de genes tem uma grande vantagem no uso clínico.
Por fim a técnica hidrodinâmica da injecção consiste na aplicação de
uma injecção rápida com um grande volume de solução de ―DNA nu‖. Segundo
alguns autores, o DNA plasmidial nu é incorporado por via de receptores, por
hematócitos. A pressão tem sido proposta como o principal mecanismo
responsável pela expressão altamente eficiente no fígado. Este método de
transfecção, mediada por pressão pode ser aplicável a outros tecidos (Niidome
& Huang, 2002). Estas são algumas das técnicas utilizadas para facilitar a
entrada de ―DNA nu‖, já que a entrada deste é dificultada, devido á acção
enzimática.
Lípidos catiónicos (ex:Lipossomas)
Enquanto a expressão do gene pode ser obtida por injecção intra-tecido
directa de DNA plasmidial nu, a transferência de genes através de outras vias
de administração, tais como a injecção intratraqueal e venosa exigem, em
geral, a utilização de um vector ou veículo de entrega. Vários tipos de vectores
sintéticos têm sido desenvolvidos para a transferência de genes. Entre estes,
encontram-se os lípidos catiónicos e sistemas baseados em polímeros, tendo
sido os mais estudados até à data, observando-se que o modo de actuação in
vitro e em condições de transfecção in vivo é muito diferente. A eficiência de
transfecção in vivo de um lípido catiónico é dependente da via de
administração. Assim, a optimização de um vector deve ser individualizada de
acordo com a situação clínica. (Niidome & Huang, 2002; Su et al., 2008).
A entrega de genes baseada em lipossomas, mencionada pela primeira
vez por Felgner em 1987, é ainda uma das técnicas mais importantes para a
entrega do gene nas células. Em 1990, um grande número de lípidos catiónicos
foram desenvolvidos, tais como derivados catiónicos do colesterol e
diacilglicerol, derivados de lípidos de poliaminas entre outros.
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Existem dois tipos de lipossomas, os aniónicos e os catiónicos, sendo os
últimos os mais usados na terapia génica em humanos (Robbins & Ghivizzani,
1998). Os lipossomas catiónicos são pequenas esferas de lípidos catiónicos
com capacidade de acomodar internamente grandes moléculas de DNA. Estes
condensam e retêm o DNA por interacção electrostática, permanecendo
estáveis em solução aquosa durante meses. Os lipossomas carregados
positivamente aderem à superfície celular negativa, de modo a libertar o DNA
no citoplasma das células-alvo. Posteriormente, o DNA plasmídico é então
incorporado no núcleo como um epissoma. As principais vantagens desta
técnica são: ser relativamente segura, não existirem restrições quanto ao
tamanho do DNA plasmidial ou à célula-alvo e a relativa facilidade de
preparação (Kalil & Sant´Anna, 2004; Su et al., 2008). Estas moléculas podem
ser vectores plasmídicos contendo o gene terapêutico ou simplesmente
fragmentos de DNA. Este sistema permite, por exemplo, aplicar a estratégia do
RNAantisense em que a expressão de certos genes é silenciada. Os
lipossomas não são patogénicos, podendo assim serem usados em múltiplos
tratamentos, sendo relativamente baratos e fáceis de produzir, no entanto a
eficiência de transfecção usando os lipossomas correntes é significativamente
reduzida comparativamente aos vectores virais (Robbins & Ghivizzani, 1998).
Daí a necessidade da realização de algumas alterações na sua composição, no
sentido de mimetizar os vírus e assim aumentar a sua eficiência e
especificidade (Dinçer et al, 2005). Assim, para melhorar a transfecção
realizada pelos lipossomas catiónicos, estes podem ser conjugados com
partículas virais deficientes, proteínas virais ou derivados de péptidos virais,
sendo assim capazes de romper o lisossoma e/ou aumentar o transporte de
DNA para o núcleo (Robbins & Ghivizzani, 1998).
Péptidos
Tióis Redox sensíveis foram incorporados no péptido portador do gene.
Alguns autores desenvolveram péptidos contendo um resíduo de cisteína e
uma sequência contínua de resíduos de lisina, por exemplo, Cis-Trp-Lys. Estes
péptidos podem também condensar DNA plasmidial e o grupo tiol é
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espontaneamente oxidado, resultando num complexo altamente estável com
uma elevada actividade de transfecção in vitro. O cross-linking do péptido
causa elevada expressão do gene, sem aumentar a absorção de DNA pelas
células, sugerindo que a libertação intracelular do DNA (provocada pela
redução da ligação dissulfeto) desempenha um papel fundamental (Niidome &
Huang, 2002).
Polímeros catiónicos e complexos
Uma outra classe de vectores que tem sido estudada activamente são
os polímeros catiónicos. Comparando com os lípidos catiónicos, os polímeros
catiónicos são mais eficientes na condensação do DNA. Diferentes tipos de
polímeros têm sido avaliados como vectores, tais como os polímeros sintéticos
que foram também avaliados como veículos de DNA não virais. O princípio é
baseado no conceito de formação de partículas de DNA condensado, através
da formação de complexos com os polímeros catiónicos, conhecidos como
poliplexos (Su et al., 2008). A utilização de polímeros policatiónicos leva à
neutralização das cargas electrostáticas aniónicas do DNA e subsequente
condensação da estrutura de polinucleotídeos do DNA, protegendo-o contra a
digestão das nucleases. Além disso, devido às reduzidas dimensões das
moléculas, o transporte do compacto polímero-particulas de DNA é facilitado
através da matriz extracelular. Como resultado, a captação celular por
endocitose é reforçada. Muitas moléculas policatiónicas têm sido utilizadas,
incluindo a poli-L-lisina (PLL), dendrímeros polimetacrilato, poliamidoamina e
polietilenoimina (PEI) (Su et al., 2008; Li & Huang, 2000). Entre estes, PEI e
PLL são as moléculas mais comuns e importantes, usadas como vectores não
virais. PLL é um policatião bem conhecido, sendo usada na entrega de drogas.
Este tem sido também usado para condensar pDNA sob diferentes variações
de sal. Este complexo (PLL-partículas de DNA) tem como resultado a não
degradação do DNA, sendo também muito menores do que os lipoplexos. Em
geral, os PLL e os complexos PLL-DNA são utilizados para apresentarem uma
imunogenecidade reduzida (Robbins & Ghivizzani, 1998; Su et al., 2008).
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De todos os polímeros catiónicos, PEI tem sido o mais comummente
utilizado para a entrega de genes. Este tem a capacidade de condensar o DNA
com uma actividade intrínseca endossomática. Complexos PEI-DNA
condensados são mais homogéneos, bem como de menor diâmetro,
comparativamente às lipospermina (lípidos catiónicos). A característica mais
proeminente do PEI é a sua densidade de carga catiónica ser extremamente
elevada. Uma vez que todo o terceiro átomo da molécula de PEI é um átomo
de azoto que pode ser protonado no pH endossomal, PEI tem a capacidade de
capturar protões que são bombeados para endolisossomas, agindo assim
como uma esponja de protões (Su et al., 2008). Este efeito é provavelmente
seguido de um fluxo passivo de cloro para dentro dos endossomas, levando a
um inchaço osmótico e à ruptura dos endossomas, permitindo assim a fuga dos
complexos PEI-DNA da endocitose. No entanto, este polímero é altamente
citotóxico. Alguns factores que influenciam a sua citotoxicidade são o peso
molecular, o tempo de incubação, a concentração dos catiões e a densidade de
grupos catiónicos. Embora os efeitos tóxicos do PEI nas células possa ser
reduzida pela conjugação com outros polímeros, tais como PEG53, essa
conjugação não é suficiente para resolver completamente o problema da
citotoxicidade (Su et al., 2008).
Vectores não virais são muito mais seguros para usar, mas menos
eficazes do que os vectores virais actuais. Assim, existe um grande interesse
no desenvolvimento desses veículos de modo a que a entrega dos genes seja
muito mais eficiente.
Aplicações e doenças
A terapia génica é tida como um possível tratamento definitivo, para
uma variedade de doenças que têm origem genética. Foram
realizados ensaios clínicos de terapia génica para doenças não malignas,
doenças causadas por um único gene, distúrbios multi-factoriais e doenças
infecciosas, dos quais se encontraram evidências de que a
terapia génica pode beneficiar pacientes que tenham doenças graves, como
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imunodeficiência combinada severa, fibrose cística, doença arterial coronária,
doença arterial periférica ou hemofilia (Ratko et al., 2003).
O principal objectivo da terapia génica é uma transferência com sucesso
de material genético para tecidos celulares específicos. Dependendo
do objectivo, o sistema de entrega de genes varia de acordo com a
necessidade. Por exemplo, no tratamento de doenças relacionadas
com uma disfunção genética é necessária uma expressão prolongada
e sustentada, como na hipercolesterolemia, enquanto que um curto período de
expressão do gene é suficiente para a maioria das estratégias na terapia
génica do cancro. (El-Aneed, 2004; Lax, et al., 2001; Majhen & Ristov, 2006).
O cancro é uma das principais causas de mortalidade no mundo. Além
dos métodos clássicos como estratégias de tratamento (quimioterapia e
radioterapia) contra o cancro, são necessários novos métodos e é na terapia
génica que pode estar a solução. Embora originalmente tenha sido concebida
para o tratamento de doenças monogénicas, a terapia génica, surge
como potencial terapia contra o cancro (Majhen & Ristov, 2006).
Devido à natureza complexa do cancro, já foram utilizados muitos genes
terapêuticos para eliminar as lesões cancerosas. O desenvolvimento das
células cancerosas está associado a múltiplas alterações ao nível do
genoma. Os oncogenes e genes supressores tumorais desempenham um
papel crucial no desenvolvimento do cancro. Os genes supressores tumorais
induzem a apoptose (morte celular programada), enquanto os
oncogenes aumentam a proliferação celular. Portanto, estes dois tipos podem
ser eficazmente utilizados no tratamento do cancro (El-Aneed, 2004).
O desenvolvimento de muitos cancros é acompanhado por mudanças na
expressão de genes supressores tumorais ou oncogenes. As mutações nos
genes supressores tumorais (como o p53 ou o BRCA1) e a super expressão de
oncogenes (como o ErbB2), são as mudanças frequentes nos tumores,
podendo ser usadas como base para a terapia do gene do cancro (Ahn et al.,
2002). Em quase 12% dos testes clínicos da terapia génica do cancro os genes
de interesse introduzidos nas células-alvo são genes supressores de tumores
(Majhen & Ristov, 2006).
O recurso à terapia genética para o tratamento do cancro depende da
existência de um vector que seja responsável pelo encapsulamento e
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protecção dos materiais genéticos da degradação endossomal e deve ainda
ser especificamente direccionado para o local do tumor. Ambos os vectores,
virais e não virais já foram desenvolvidos e avaliados para a inserção de genes
terapêuticos, com o objectivo de eliminar as células cancerosas (El-Aneed,
2004). Um dos vectores utilizados para a terapia genética do cancro é o
adenovírus (Ad), tendo este vindo a ser utilizado para restringir a
expressão dos genes mutantes nos tecidos tumorais (Majhen & Ristov, 2006).
A maioria dos cientistas concorda que é melhor destruir o cancro do
que corrigi-lo geneticamente. Assim, o objectivo final de muitos genes usados
na terapia genética do cancro é o de destruir as células-alvo. As estratégias da
terapia génica no cancro desenvolvidas até agora podem ser
divididas em cinco categorias: a mutação de compensação , a quimioterapia
molecular, a imunopotenciação genética, agentes oncolíticos, e a inibição da
angiogénese (Casado et al., 2001; Nieto et al., 2000).
Embora a terapia génica no tratamento do cancro, demonstre ser
promissora, ainda existem obstáculos a superar. Um dos campos onde o
progresso é necessário, sem dúvida, é no redireccionamento, a fim de criar
vectores mais eficientes e específicos para a transferência de genes. Tendo
em conta o efeito sinergético que muitas abordagens de terapia genética
relativamente ao cancro têm demonstrado com tratamentos já existentes,
como quimioterapia ou radioterapia, o ideal será a combinação
com um ou ambos os tratamentos.
Um novo marco na história da terapia génica foi criado na China,
em 2003, quando a "Genedicine" se tornou o primeiro produto do mundo na
terapia génica aprovado por uma agência governamental (Majhen & Ristov,
2006). A maioria dos estudos pré-clínicos de terapia génica para a retina usa
adenovírus associados (AAV) como vector de transferência de genes. No
entanto, os AAV têm várias limitações, incluindo a capacidade de gerar
resposta inflamatória inata, a capacidade de provocar a mutagénese
insercional em até 56% de alguns tecidos e uma capacidade limitada de
clonagem de 4,8Kb. Além disso, o AAV é conhecido por gerar resposta
imunitária em humanos. No entanto, uma classe de adenovírus referidos como
adenovírus auxiliares dependentes (HD-Ad) têm sido estudados e os
resultados mostram que estes têm a capacidade de expressar transgenes em
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tecidos oculares por mais de um ano. Os vectores Hd-Ad possuem
propriedades que garantem a sua inclusão no gene da retina sendo
importantes para o tratamento de doenças degenerativas desta (Singh, 2008).
A terapia génica para a córnea pode potencialmente corrigir doenças
hereditárias que ocorrem na córnea. Os factores que facilitam a entrega dos
genes na córnea são a acessibilidade, a transparência da córnea e a
sua estabilidade ex vivo (Klausner et al., 2007). Existem estudos relativos
à inserção de genes que caracterizam a relação entre os
modos de administração intra-ocular e a localização da expressão do gene. O
desafio de conseguir a transferência de genes, através do fluxo lacrimal, com a
penetração do vector através das junções apertadas do epitélio, keva a que
sela necessário, inevitavelmente, a administração invasiva da
câmara anterior e do estroma corneano. As oportunidades no campo da terapia
génica para a córnea estão em expansão, incluindo uma variedade de doenças
da córnea que estão a ser investigadas, a implementação de vectores mais
recentes, com imunogenicidade reduzida e maior tempo de expressão do gene
(Klausner et al., 2007).
A terapia génica no sistema cardiovascular tem sido proposta para uma
variedade de doenças que vão desde a prevenção da insuficiência venosa de
enxertos à hipertensão. Esta diversidade exige o desenvolvimento de vectores
para a entrega de genes terapêuticos para diversos tipos celulares in
vivo com diferentes intervalos de tempo. Apesar de já existirem vários testes
pré-clínicos, o progresso para várias doenças nesta área é limitada
pela falta de vector para a entrega correcta e eficiente dos genes terapêuticos.
Em geral, os vectores disponíveis, incluindo os virais e os não virais, têm uma
maior propensão para a transferência de genes para o tecido não vascular do
que para as células vasculares, limitando a sua aplicação em doenças
cardiovasculares. Este problema levou ao desenvolvimento e teste de
vectores melhorados na capacidade de entrega dos genes nas
células cardiovasculares. Os vectores tradicionais virais e não virais vão
sendo manipulados e melhorados no sentido de aumentar a sua eficiência na
transferência dos genes que transportam para as células cardiovasculares e
não para outras células que não são o alvo. Prevê-se que o uso desta
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tecnologia, futuramente, aumente substancialmente a eficácia da terapia génica
cardiovascular (Baker, 2004; Manninen & Yang, 2005).
Têm surgido vários estudos que demonstram o possível potencial da
terapia genica no tratamento de doenças na coluna vertebral, especialmente na
degeneração dos discos intervertebrais (DIV). O sucesso da transferência de
genes terapêuticos para as células alvo, que se encontram nos discos
intervertebrais, já foi testada em animais e a principal dificuldade para o
sucesso é tal como em muitas outras doenças, a especificidade dos vectores
(Hall & Kang 2000).
Nos últimos anos, muitas modificações têm sido desenvolvidas nos
vectores de transporte, assim como muitos outros têm surgido de modo a
optimizar a eficiência do transporte e inserção dos genes. É de
esperar que esta área de investigação em ciências da saúde cresça e se
intensifique num futuro próximo, trazendo possíveis resultados terapêuticos
revolucionários, visto que existe um enorme potencial de mercado estimado
em biliões de dólares só nos EUA (El-Aneed, 2004).
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