teóricas cumprimento e não cumprimento das obrigações

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CUMPRIMENTO E NÃO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES – TEÓRICAS AULA DE 17/09 As regras de capacidade são específicas. Na hipótese de o acto de cumprimento ser invalidado: qual é a natureza de invalidade do acto de cumprimento? Para saber isso é preciso saber qual a natureza jurídica desse acto. Em geral a doutrina entende que se trata de um acto jurídico simples (artigo 295) e aplica-se extensivamente o regime da declaração de anulabilidade e da nulidade. 3 – QUEM PODE FAZER A PRESTAÇÃO? Artigo 767: podem fazer a prestação: 1. o devedor 2. um terceiro, que pode ter um interesse na prestação ou não. Como se justifica este regime? Justifica-se em nome da satisfação do interesse do credor. Há limitações, casos em que terceiros não podem realizar a prestação: 1. O credor pode recusar a prestação de terceiro se esta não for fungível – por exemplo: a prestação é pintar um retrato de uma pessoa – não pode ser feito o retrato por outra pessoa que não seja o pintor: artigo 767, nº 2. Se a prestação for fungível, o credor não pode recusar a prestação, tem de receber a prestação. Se o credor recusar, é constituído em mora: artigo 768, nº 1. 2. Significa que nunca é possível recusar-se a prestação? O credor não pode recusar a prestação, tem de aceitar a prestação realizada por terceiro, mas há uma outra situação em que o credor pode recusá-la. O credor pode recusar a prestação se o devedor se opuser a que o credor a aceite + se o terceiro não puder ficar sub-rogado na posição do credor. Consequências do regime dos artigos 768, nº 1 e 2 e ss: o terceiro pode cumprir contra a vontade do credor, se o devedor estiver de acordo. Se o terceiro for pagar, o credor não quiser receber, mas o devedor quiser que se pague, tem de receber o terceiro pode cumprir contra a vontade do devedor se o credor estiver de acordo 1

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Aulas teóricas de cumprimento e não cumprimento das obrigações - Prodf Maria da Graça Trigo, UCP

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CUMPRIMENTO E NO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAES TERICAS

AULA DE 17/09

As regras de capacidade so especficas.Na hiptese de o acto de cumprimento ser invalidado: qual a natureza de invalidade do acto de cumprimento? Para saber isso preciso saber qual a natureza jurdica desse acto. Em geral a doutrina entende que se trata de um acto jurdico simples (artigo 295) e aplica-se extensivamente o regime da declarao de anulabilidade e da nulidade.

3 QUEM PODE FAZER A PRESTAO?Artigo 767: podem fazer a prestao:1. o devedor2. um terceiro, que pode ter um interesse na prestao ou no.

Como se justifica este regime? Justifica-se em nome da satisfao do interesse do credor. H limitaes, casos em que terceiros no podem realizar a prestao:1. O credor pode recusar a prestao de terceiro se esta no for fungvel por exemplo: a prestao pintar um retrato de uma pessoa no pode ser feito o retrato por outra pessoa que no seja o pintor: artigo 767, n 2. Se a prestao for fungvel, o credor no pode recusar a prestao, tem de receber a prestao. Se o credor recusar, constitudo em mora: artigo 768, n 1.2. Significa que nunca possvel recusar-se a prestao? O credor no pode recusar a prestao, tem de aceitar a prestao realizada por terceiro, mas h uma outra situao em que o credor pode recus-la. O credor pode recusar a prestao se o devedor se opuser a que o credor a aceite + se o terceiro no puder ficar sub-rogado na posio do credor.

Consequncias do regime dos artigos 768, n 1 e 2 e ss: o terceiro pode cumprir contra a vontade do credor, se o devedor estiver de acordo. Se o terceiro for pagar, o credor no quiser receber, mas o devedor quiser que se pague, tem de receber o terceiro pode cumprir contra a vontade do devedor se o credor estiver de acordo o terceiro pode cumprir contra a vontade de ambos se for algum que se encontre numa das duas situaes do artigo 592 - regime da sub-rogao.

Para que o terceiro no possa cumprir em lugar do devedor preciso que o devedor no queira que ele receba e que o credor no queira receber.

Situaes de sub-rogao legal: artigo 592A sub-rogao uma forma de transmisso de crditos que opera por fora da lei.

Anlise do artigo 592 h duas situaes: quando o terceiro tenha garantido o cumprimento da obrigao o terceiro d o terreno como garantia para uma obrigao de um amigo: o terceiro est interessado em pagar a dvida para que o seu terreno no seja vendido em hasta pblica. Quando o terceiro tenha outro interesse no cumprimento da obrigao do devedor (no tem uma garantia) - caso do sublocatrio que tem interesse que o locatrio cumpra a obrigao: h um locador e um locatrio e este subarrenda um quarto a um sublocatrio. O locatrio no paga a renda o sublocatrio tem interesse em pagar a renda no lugar do locatrio para no ser despejado.

Artigo 768 + artigo 592: o terceiro no pode cumprir a obrigao se o credor e o devedor se opuserem + se o terceiro no puder ficar sub-rogado, ou seja, se no for interessado no cumprimento da obrigao, porque se for pode sempre cumprir a obrigao. O terceiro passa a ser o credor do devedor.

3 A QUEM PODE SER FEITA A PRESTAO?

Ao credor actual. Se o credor for incapaz, a prestao no deve ser feita ao credor, mas ao representante. Se for feita ao incapaz aplica-se o regime do artigo139 e 764. No caso das pessoas colectivas, a prestao feita ao representante orgnico que exerce funes de representao.

Prestao feita a terceiro - em regra no possvel, mas h excepes no artigo 770. Alnea d): esta alnea tem levantado a questo de saber se pode haver lugar extino de uma obrigao quando a prestao realizada ao credor do credor. A ------ B ------ C

A deve a B 1000 e B deve a C outros 1000. Pode-se extinguir a obrigao de A a B se A pagar a C 1000? A pode pagar a C por ter interesse e a dvida entre B e C fica extinta. E a obrigao de A a B fica extinta? Artigo 770, d) B credor da obrigao de A e aproveitou do pagamento de A a C verifica-se a primeira parte da alnea. Mas e a segunda? Pode suceder que B, credor da primeira dvida, tenha razo para querer que a prestao lhe seja feita pessoalmente - A deve a B 1000, mas B deve a A 700. B tencionava invocar a compensao, de modo a que a dvida ficasse extinta, mas como A foi cumprir ao seu credor, B no pode exercer a compensao. Em geral o cumprimento ao credor do credor extingue a obrigao, salvo quando o credor (B) demonstrar que tinha interesse em que a prestao lhe fosse feita directamente.

A primeira dvida extinta, a no ser que B venha invocar que foi impedido de invocar a compensao porque lhe passaram por cima.B podia invocar: a compensao o direito de reteno excepo do cumprimentoEstas figuras so meios de defesa do devedor diante do credor.

Problema do credor aparente:A prestao extingue ou no a obrigao quando feita a algum que parece ser o credor mas no ? Regra: no se extingue a obrigao - quem paga mal paga duas vezes.Mas pode haver excepes impostas pela boa f - exemplo: na cesso de crditos: artigo 583, n 1 e 2. Problema do cumprimento ao credor aparente: se o devedor cumprir antes de ter conhecimento da cesso. Artigo 583 a contrario: o pagamento ao cedente oponvel ao cessionrio se o devedor no tinha conhecimento da cesso. Se o devedor no sabe que houve a cesso e paga ao credor anterior, pagou bem. Houve um credor que recebeu e no tinha direito - no limite h enriquecimento sem causa.

Em regra o cumprimento ao credor aparente no extingue a obrigao, excepto nos casos em que a boa f impe que extinga.

4 LUGAR DA PRESTAO:

H as regras gerais: artigos 772 a 776.Ateno: preciso ter em conta as normas especiais no regime dos contratos em especial. Temos de ver primeiro se h regras especiais para o contrato que est em causa: artigo 885.

Artigo 773 (para onde remete o artigo 885): entrega de coisa mvel.No caso da compra e venda a prestaes: qual o lugar de cumprimento das outras prestaes? Artigo 885, n 2. Se o preo no for pago no dia de entrega ou no for pago totalmente no dia de entrega,deve ser pago no domiclio do credor ao tempo do cumprimento.

Artigo 774: se as obrigaes forem pecunirias, o lugar do cumprimento o domiclio do credor.Se o preo for pago num momento distinto da entrega? Artigo 774 ou artigo 885, n 2? Artigo 885, n 2, apesar de dizerem a mesma coisa. O artigo 774 no para o pagamento do preo, para o pagamento de outras obrigaes pecunirias.

Artigo 772: domiclio do devedor. Este artigo supletivo em relao aos outros todos.Primeiro artigo 885, depois temos de ver qual o lugar de entrega da coisa (773), depois artigo 774 e s no fim o artigo 772.

4 PRAZO DO CUMPRIMENTO:Exigibilidade vs. Pagabilidade: Exigibilidade: visto do lado do credor - saber quando que o credor pode exigir o cumprimento. Pagabilidade: visto do lado do devedor - quando que o devedor pode pagar.

Obrigaes puras (artigo 777, n 1) vs. obrigaes a prazo:Obrigaes puras: no tm prazo de cumprimento.Obrigaes a prazo: tm prazo de cumprimento.

Pode haver o problema de uma obrigao no ter prazo. H um processo especial de fixao de prazo, porque o devedor no quer ter de pagar em qualquer momento. O devedor e o credor podem interpor um processo judicial para fixao judicial de prazo.

Benefcio do prazo - artigo 779:O prazo estabelecido a favor do devedor - h uma presuno legal de que o prazo decorre em benefcio do devedor. Esta uma das manifestaes mais importantes de tutela do interesse do devedor. fixado um prazo sem que se diga quem beneficia do prazo: o prazo corre em benefcio do devedor. O prazo pode ter sido estabelecido em favor do credor, mas se nada se disse, corre em favor do devedor.

Pagabilidade: se o prazo est estabelecido em favor do devedor ele pode pagar antes, mas o credor no pode exigir antes.Se o prazo est estabelecido em favor do credor, o devedor no pode pagar antes mas o credor pode exigir antes.Se o prazo for estabelecido em favor dos dois no pode ser pago antes nem pode ser exigido antes - uma obrigao de prazo absolutamente fixo.

Perda do benefcio do prazo: o devedor pode perder o benefcio da presuno de que o prazo corre em seu favor. Artigo 780.N 1: o devedor perde o benefcio do prazo se se tornar insolvente (tem mais dvidas do que patrimnio, mesmo que no tenha sido declarada pelo tribunal).N 2: se houver diminuio das garantias prestadas ou faltarem as garantias prometidas por causa imputvel ao devedor. O devedor deu jias como garantia e descuidadamente deixou as janelas abertas e as jias foram roubadas. Se houver culpa do devedor, mesmo que os bens ainda estejam acima do valor da dvida, h perda do benefcio do prazo. O regime do artigo 780 no o nico, h dois regimes. O regime da fiana: artigo 633, n 2 e o artigo 701. O artigo 780 a regra geral, mas no resolve todos os casos e h estas duas regras especiais. O artigo 701 trata dos casos em que o bem objecto de hipoteca diminui de valor sem ter havido culpa do devedor.A perda do benefcio do prazo no se estende a quem garanta as obrigaes: artigo 782.

AULA 24/09

Regime especial quanto s obrigaes liquidveis em prestaes: artigo 781.O credor pode no querer gozar do benefcio: no tem na letra consagrao antecipao de exigibilidade.

Sobre o mbito de aplicao do artigo 781 aos juros remuneratrios no mtuo oneroso:No contrato de mtuo oneroso pode haver 2 tipos de juros:Remuneratrios: o que o banco ganha, o preo de cedncia do emprstimoMoratrios: se no se pagar a tempo, para alm dos juros remuneratrios h juros moratrios.Problema: saber se, havendo aplicao do artigo 781, deixando o devedor de pagar as prestaes, alm de receber as prestaes devidas, o banco tem tambm direito a receber os juros remuneratrios. Saber se o banco tem direito a juros remuneratrios futuros - o devedor deixa de pagar em janeiro e o banco quer receber os juros remuneratrios do prximo ms e do prximo ano. O credor vai dizer que se o banco vai receber o dinheiro antes no deve receber os juros. Em 2009 houve 1 acrdo de uniformizao de jurisprudncia que decidiu favoravelmente ao devedor e que o banco no tem direito aos juros remuneratrios.

Regras especiais - artigo 778:O devedor cumprir quando puder n 1 o credor tem de provar que o devedor j pode, mas se o devedor falecer, o credor pode exigir as prestaes aos herdeiros

O devedor cumprir quando quiser n 2 a mesma soluo da segunda parte do n 1, mas mesmo que possa no tem de cumprir, cumpre quando quiser

Se ficar acordado que o devedor cumprir se quiser?

5 IMPUTAO DO CUMPRIMENTO:H um devedor que tem dvidas de 100, 500 e 300 e s tem 300 para pagar. Qual das dvidas vai ser extinta? Artigo 783: a regra de que o devedor escolhe quais das prestaes quer realizar. Mas, o credor pode no estar de acordo com o devedor em relao a qual das prestaes saldar. O devedor no pode escolher cumprir uma prestao que ainda no esteja vencida se o credor no concordar. H regras no artigo 783.H ainda as regras supletivas do artigo 784. So regras supletivas que se aplicam sucessivamente. No limite h a regra supletiva do n 2, que uma excepo ao princpio da integralidade.

Se uma dvida tem vrias parcelas h o artigo 785.

CAPTULO II1 FORMAS DE EXTINO DAS OBRIGAES ALM DO CUMPRIMENTOAdao em funo do cumprimento e a cesso de bens aos credoresso prximas da dao em cumprimento, masno so formas de extino das obrigaespara alm do cumprimento.

DAO EM CUMPRIMENTO:Noo: artigo 837.Tem uma noo muito m.Da redao do artigo parece resultar que a dao em cumprimento s serve para a prestao de coisas quando substitudas por prestao de outra coisa. A histria do instituto e outros aspectos do regime mostram que o regime mais amplo: artigo 838 - direito transmitido. A dvida base pode ser a entrega de uma coisa, uma prestao de facto (A deve pintar um quadro) e pode ser substituda por uma prestao diferente, que pode ser uma prestao de facto ou a transmisso de um direito. O devedor deve entregar ao credor uma jia. No tem como entregar a jia. Acorda com o devedor que ele passar a ser o novo credor de um crdito seu (h uma cesso de crditos). Para ser uma dao em cumprimento, o acordo tem de operar a extino imediata da obrigao de entrega da jia.Na dao em cumprimento pode haver uma prestao de coisa ou de facto, que pode ser extinta por acordo entre as partes atravs de uma prestao diferente.

Foi muito usada na aquisio de habitao atravs do crdito habitao dos bancos. No ano 2000, um particular obteve um emprstimo de 100000 para comprar casa e essa casa foi avaliada em 90000. Comea a faltar ao pagamento das prestaes e ainda lhe faltam pagar 80000. O banco est disposto a aceitar a casa mas a casa vale agora 60000. O devedor ficava sem casa e ainda tinha de pagar o resto da casa. A deciso dos tribunais foi que a casa entregue ao banco extingue a dvida at ao montante da avaliao do banco. Se o banco avaliou a casa em 90000 tem de aceitar que a casa vale isso. A casa hoje vale menos, mas o risco da desvalorizao da casa corre por conta do banco. A entrega da casa extingue a dvida at ao valor da avaliao. Esta uma legislao especial ao arrepio dos princpios do direito das obrigaes, de tutela dos consumidores.

Dao em funo do cumprimento ou dao pro solvendo: artigo 840A mesma realidade, realiza-se uma prestao diferente da que ficou inicialmente acordada, mas se as partes no acordarem que extingue logo a obrigao, uma dao pro solvendo. As partes precisam de estar de acordo para que haja dao em funo do cumprimento, como na dao em cumprimento, mas o acordo diferente. O credor no aceita que a obrigao se extinga logo, s se extingue se o credor conseguir satisfazer o seu interesse. A deve a B uma jia, mas no consegue entregar a jia e entrega um quadro. Ele consegue satisfazer o seu interesse se conseguir, com a venda do bem, cobrir o valor da jia. necessrio que o credor venda o bem? No, pode haver um caso em que o bem tambm sirva e no seja preciso vender: A deve a B um autocarro. No pode entregar o autocarro mas entrega uma carrinha - pode haver satisfao do seu interesse se ele considerar a prestao cumprida.Entrega uma coisa diferente da acordada, realizar uma prestao de facto (A deve a B 1000 que no tem, acorda que vai realizar um concerto e a receita do concerto fica para B.) transmisso de um crdito, emisso de uma letra.

Nas situaes de transmisso de crdito ou de emisso de letra o problema mais delicado porque o devedor ainda no recebeu nada. H uma nova obrigao que poder ser cumprida para facilitar a extino da primeira.

Para se distinguir da dao em cumprimento tem se interpretar a vontade das partes. O artigo 840, n 2 ajuda.

Em muitos casos no se percebe se h uma dao em cumprimento ou uma dao em funo do cumprimento - tem de se usar os critrios de interpretao dos negcios jurdicos, mas h o artigo 840, n 2: se a nova prestao for a assuno de dvida ou a cesso de um crdito h uma presuno de que se trata de uma dao em funo do cumprimento.

AULA DE 29/09

Dao em funo do cumprimento ou dao pro solvendo:A distino entre a dao em cumprimento e a dao pro solvendo no o momento temporal. que as partes no acordaram a extino, mas a obrigao pode extinguir-se se o credor se considerar satisfeito. Elas no se distinguem por a dao pro solvendo se ir resolver no futuro. Isso pode acontecer mas no obrigatrio. Se recebe um bem diferente do acordado e o usa e fica satisfeito, ento h cumprimento..O cumprimento da obrigao em geral est associado satisfao do interesse do credor, mas h casos em que a obrigao se extingue sem que o interesse do credor esteja satisfeito - caso do perdo.

Cesso de bens aos credores: Artigos 831 e ss. uma figura prxima, mas que no extingue a obrigao. No usada. O devedor tem vrios credores, no consegue responder pelas suas obrigaes e contacta um dos credores encarregando-o, atravs de mandato, de vender o seu patrimnio e satisfazer todas as dvidas. Isto no usado porque os restantes credores no confiam que o credor encarregado seja isento na satisfao dos seus interesses. O credor 1 pode actuar mais em seu benefcio do que em benefcio dos restantes. Esta figura distingue-se da dao em cumprimento. A cesso de bens aos credores no extingue a obrigao no momento em que nasce, mas depois de o credor vender os bens. No uma forma de extino das obrigaes, mas uma forma de facilitar a sua extino. Aproxima-se da dao em funo do cumprimento ou dao pro solvendo. Na dao pro solvendo h um devedor e um credor. Na cesso h uma pluralidade de credores. Na cesso h uma relao de mandato entre o credor e devedor. A cesso de bens aos credores s tem por objecto bens, no tem por objecto direitos no patrimnio do devedor. A cesso s diz respeito ao patrimnio constitudo por bens. Aproxima-se da dao em funo do cumprimento mas no o mesmo.

CONSIGNAO EM DEPSITO:Justificao da figura:Para que a obrigao se cumpra e o devedor fique exonerado, necessria a colaborao do credor, pelo menos para aceitar a prestao que lhe oferecida.Se o credor recusar colaborar, o devedor pode ter interesse em desonerar-se para se liberar definitivamente das obrigaes de que a mora do credor no o isenta (artigo 816) ou para se proteger das dificuldades de prova da tentativa de cumprimento.Para resolver estes casos a lei possibilita ao devedor a faculdade de se desonerar da obrigao, mesmo contra ou sem a vontade do credor, atravs do depsito da coisa devida.

Noo: a entrega de coisa devida guarda de terceiro.Pode consistir na prestao de coisa mvel ou imvel, incluindo dinheiro. Exemplo: a renda deve ser paga at dia 8 mas o credor no a recebe. O inquilino corre o risco de entrar em mora e de ser despejado. Pode consignar a renda em depsito e quando for a tribunal considera-se que cumpriu.

Quando pode ocorrer? Artigo 841:Nos casos da alnea a): no sobra muito. A maior parte dos casos so de mora do credor. Se o credor incapaz e no est designado representante legal - no h mora do credor porque o credor no tem hipteses de aceitar nem de negar e no h ningum que a possa receber.Alnea b): quando o credor estiver em mora: casos tpicos. O credor recusa-se a receber a prestao ou no pratica os actos necessrios para cumprir a obrigao.

A consignao em depsito s opera por via judicial.

Efeitos:Quando produz efeitos a consignao em depsito? No necessariamente desde o depsito - preciso ou que o credor aceite ou que a consignao seja declarada vlida por deciso judicial para que a obrigao seja extinta. A sentena do tribunal que valide a consignao tem efeitos retroactivos ao momento em que tiver sido feito o depsito se o senhorio no recebe as rendas e o inquilino deposita as rendas no banco recorrendo consignao em depsito, depois de validada a consignao o senhorio no pode despejar o inquilino nem h lugar a juros de mora sobre as rendas em falta.

COMPENSAO:Funes:A credor de B e B credor de A. A credor de B em 1000 e o B credor de A em 2000. Quando B se dirige a exigir 2000, A invoca o crdito de 1000.

Vantagens:Facilita o cumprimento das obrigaes.De alguma maneira funciona como uma garantia (em sentido no tcnico porque as garantias esto tipificadas na lei, so direitos reais de garantia). Tem funes de garantia que facilitam, protegem o credor.

Modalidades: Legal: prevista na lei. Convencional: acordada pelas partes, podendo dispensar ou agravar um ou mais requisitos da lei.

Natureza da compensao legal:A compensao legal um direito potestativo. O declarante se quiser declarar a compensao pode faz-lo sem que a outra parte possa reagir. O declaratrio est numa situao de sujeio.

A compensao pode ser exercida judicialmente ou extrajudicialmente.

Requisitos da compensao: Positivos:1. Reciprocidade de crditos:O crdito activo o crdito invocado para extino do crdito passivo. O crdito passivo tambm se pode designar como crdito principal. Temos que nos colocar do lado do que faz a declarao (declarante da compensao).A reciprocidade de crditos est regulada no artigo 851, n 1.Um terceiro pode vir invocar a compensao de crditos se tiver garantido algum deles. O terceiro pode vir invocar a compensao se tiver garantido o cumprimento da obrigao.

2. Validade, exigibilidade e exequibilidade do crdito invocado ou activo:Exigibilidade: o crdito activo tem que ter vencido.Exequibilidade: o crdito activo tem de ser exequvel. O crdito tem que ser civil e no natural. No pode ser um crdito de uma dvida j prescrita nem de uma dvida no vencida.

3. Fungibilidade do objecto das obrigaes:O objecto da prestao tem de ser constitudo por coisas fungveis da mesma espcie e qualidade. No pode ser dinheiro e trigo ou um automvel e trigo.

4. Existncia e validade do crdito a ser extinto ou crdito passivo:O crdito passivo tem de existir e de ser vlido. No tem de ser exigvel e exequvel. O crdito passivo pode ser um crdito passivo ou um crdito natural. No se aplicam os requisitos da exigibilidade e exequibilidade ao crdito passivo porque so desfavorveis ao declarante. O declarante renuncia proteco. O credor de jogo e aposta pode dizer que no paga a dvida de jogo e aposta porque tem contra ele um crdito de preo.

Requisitos negativos (ou causas de excluso da compensao):1. Crditos provenientes de factos ilcitos dolosos:Artigo 853, n 1, a): no podem extinguir-se por compensao os factos provenientes de factos ilcitos dolosos - isto um requisito do crdito passivo. Factos ilcitos dolosos: responsabilidade extracontratual. A lei refere-se a factos ilcitos de responsabilidade civil extracontratual, do artigo 483. Uma indemnizao por factos ilcitos dolosos tem uma razo de ser muito grave, por isso A tem mesmo de pagar a quantia e depois pode intentar uma aco a pedir o que B lhe deve. No pode haver compensao. Este requisito negativo s se aplica ao crdito passivo ou principal.

2. Crditos impenhorveis: artigo 853, n 1, b)No podem extinguir-se por compensao os crditos impenhorveis. S se aplica ao crdito passivo. Se o crdito passivo for impenhorvel (uma obrigaes alimentos) no pode ser extinto por compensao.

3. Crditos do Estado ou outras pessoas colectivas pblicas: artigo 853, n 1, c):

4. Leso de direitos de terceiro: artigo 863, n 2, 1 parteOs crditos no podem ser extintos por compensao se houver leso de direitos de terceiro.

5. Renncia de devedor: artigo 853, n 2, 2 parte

A declarao de compensao unilateral e pode ser feita judicial ou extrajudicialmente - artigo 848, n 1. A compensao torna-se efetiva atravs de declarao de uma das partes outra.

Natureza: a compensao tem natureza de direito potestativo.

Eficcia:A declarao de compensao tem eficcia retroativa, no produz efeitos apenas a partir da data de declarao, mas reporta-se ao momento em que os crditos se tornaram compensveis: artigo 854. Se uma ou ambas as dvidas tinham juros remuneratrios, eles cessam e no h constituio em mora.

AULA DE 01/10

NOVAO:Noo: acordo pela qual as partes extinguem uma obrigao atravs da criao de uma nova obrigao. H um devedor e um credor e as partes acordam extinguir essa obrigao e criar outra.

Distino de outras figuras: uma figura autnoma porque isto diferente: na dao em cumprimento o devedor deve dinheiro e acorda extinguir a dvida atravs da entrega de um bem. Aqui h criao de uma nova. Cria-se uma nova obrigao que ainda no foi cumprida e as partes acordam que por criarem uma nova obrigao extinguem a anterior. Parece acontecer mais vezes do que acontece.

Como sabemos se uma verdadeira novao ou no? preciso vermos o artigo 859 - a novao exige declarao expressa e portanto no pode haver declarao tcita. Se as partes quiserem uma novao tm de dizer que A acorda com B dar uma coisa em vez do pagamento e que as partes acordam que a obrigao anterior se extingue, mas a nova no se extingue. Quando as partes acordam entre si a mudana de elementos no essenciais da obrigao (prazo, lugar do cumprimento) no h grandes dificuldades. H dificuldades quando h alterao de elementos essenciais da obrigao (mudar os sujeitos) e pode haver confuso com a novao e parece que temos uma novao.

Novao e outras figuras:Na dao em cumprimento as partes mudam o objecto da obrigao mas a obrigao extingue-se imediatamente. As partes acordam que em vez de dinheiro, B entrega a C um bem imediatamente e a obrigao se extingue. No preciso declarao expressa.

Na novao as partes acordam que em vez de realizarem uma prestao vo realizar outra. A verdadeira e prpria novao exige que as partes extingam a obrigao anterior e criem outra nova em vez dela. Tem de haver uma declarao expressa.

Na alterao do contedo da obrigao:D e C tinham uma obrigao cujo contedo em dinheiro e acordam que vai ser entregue um bem que ainda no foi entregue. Na dao em cumprimento j foi entregue. No preciso declarao expressa.

Modalidades de novao: Objectiva: artigo 857 ocorre:1. Quando h uma substituio do objecto: em vez de dinheiro, a nova obrigao a entrega de uma coisa.2. Quando h alterao da causa. Exemplo tpico: o devedor deve uma quantia a ttulo de preo e as partes acordam entre si que ele se mantm obrigado a pagar uma quantia pecuniria, mas a ttulo de mtuo - ele no consegue pagar e o credor diz "ficas a dever-me este dinheiro, mas a ttulo de mtuo".

Subjectiva: Artigo 858O devedor e o credor acordam entre si substituir o credor e a entrega do bem a mesma. Tambm pode haver uma novao subjectiva quanto ao devedor. Estas figuras parecem uma cesso de crditos ou uma transmisso de dvidas, mas no so iguais. Na novao a primeira obrigao extingue-se e na transmisso de crditos o devedor deve a C e o credor acorda com D que ele o vai substituir - uma transmisso de crditos porque o crdito o mesmo mas a pessoa diferente. Na novao a obrigao no a mesma, a anterior extingue-se e cria-se uma nova. A assuno de dvidas e a transmisso de crditos no so formas de extino das obrigaes porque a obrigao a mesma. A novao uma forma de extino das obrigaes.

Efeitos:1. H extino das garantias: artigo 861. A novao em geral desvantajosa para o credor se houver garantias.2. Cessam os meios de defesa: artigo 862

As vantagens da novao so muito pequenas. Era til antes de se admitirem as figuras da transmisso de crditos e a assuno de dvidas.

FORMAS DE EXTINO DAS OBRIGAES EM QUE O CREDOR NO V O SEU INTERESSE SATISFEITO:

i. Prescrio

ii. Remisso:Ideia de "perdo". Se o credor perdoa ao devedor, o credor no chega a ver o seu interesse satisfeito. A remisso um contrato, no um negcio jurdico unilateral, e tem consequncias srias. Se o credor perdoar uma dvida unilateralmente, uma vez que se trata de um negcio jurdico bilateral (um contrato), este perdo no produz efeitos a no ser que eu, devedor, d o meu acordo. O credor perdoa o devedor, mas como era preciso o acordo do devedor no teve efeitos.

Muitas vezes os herdeiros do credor exigem o cumprimento da obrigao. O devedor, apesar de no ter dado o seu consentimento, vai dizer que foi perdoado. Os herdeiros do devedor vo dizer que foi perdoado mas o perdo no teve efeitos porque no houve o acordo exigido: artigo 863.

diferente da renncia unilateral a um direito disponvel - ser admissvel quanto a direitos de crdito? Argumentos de Antunes Varela: artigo 218; 234; no parecem ser procedentes. Estas situaes s podem ser resolvidas atravs do abuso de direito - se o credor perdoa e depois vem exigir o crdito, h uma situao de abuso de direito, mas se os herdeiros vm exigir o crdito j no h abuso de direito. O prof Antunes Varela falava da honra do devedor. Exigia-se a concordncia do devedor por causa da honra do devedor - o devedor no teria que aceitar um benefcio a seu favor, s se quisesse.Diz respeito s relaes creditcias, no serve para direitos absolutos.

importante apurar os efeitos da remisso quando h uma obrigao solidria. Artigo 864, n 1: se h dois devedores solidrios e um credor, o credor pode exigir por inteiro o pagamento a qualquer devedor. Se h remisso em relao a um, o outro s fica obrigado a pagar a sua parte e no a totalidade.

H dois devedores que devem entregar um cavalo vivo ao credor (obrigao plural e indivisvel) - e se houver remisso em relao a algum? Artigo 865. O credor pode exigir o cavalo vivo de um dos devedores, mas tem de dar ao devedor a parte que cabia ao outro devedor, que foi perdoado.

iii. Confuso: artigo 868:O credor e devedor podem-se confundir.H confuso quando a mesma pessoa rene as qualidades de credor e devedor da mesma obrigao: se o credor morre e o devedor herdeiro do credor concentram-se no herdeiro as qualidades de credor e devedor. Mas a extino das obrigaes tambm pode ocorrer em vida: quando h fuso de duas sociedades - se h um dbito e um crdito nas relaes entre elas e elas se fundem, a obrigao extingue-se.

Dificuldades:Obrigaes solidrias: h dois devedores em regime de solidariedade e um credor de uma obrigao. Um dos devedores e o credor tornam-se a mesma pessoa. O segundo devedor fica exonerado de metade da dvida, mas no de toda.

Obrigaes indivisveis: se os dois devedores devem entregar um cavalo vivo ao credor e h confuso, o credor pode exigir ao segundo devedor o cavalo vivo, mas tem de entregar-lhe metade do valor do cavalo.

CUMPRIMENTO DAS OBRIGAES SOLIDRIAS:

Obrigaes conjuntas vs. Obrigaes solidrias:Obrigaes conjuntas ou parcirias: cada devedor est adstrito ao cumprimento de uma parte da obrigao e no de tudo. H uma obrigao (dvida de 900) e h 3 devedores e um credor. Cada um est adstrito ao pagamento de 300 e o credor no pode exigir a qualquer um deles o pagamento de toda a dvida. Se tivermos 3 credores e s um devedor, cada credor s pode exigir 300 ao devedor. Se houver 3 credores e 3 devedores de uma obrigao de 900, cada credor pode exigir 100 a cada devedor e no total perfazer os 900.H tantos vnculos jurdicos quantos devedores e credores.No h regime especial, funciona o regime comum. Aplica-se o regime geral das obrigaes a cada um dos vnculos.

Obrigaes solidrias: artigo 512, n 1, 1 parte.Artigo 513: fontes da solidariedade. A regra que as obrigaes so conjuntas ou parcirias e a excepo que so solidrias se a lei previr ou as partes acordarem.

Na responsabilidade civil contratual os devedores so responsveis em regime de solidariedade se a obrigao era ela mesma solidria ou se as partes acordaram a solidariedade.Exemplo: A e B so devedores solidrios de C pelo pagamento de um preo em regime de solidariedade e se no cumprirem vencem-se juros de mora. Como se exigem os juros de mora? Segue o regime da solidariedade - no est em lado nenhum.Na gesto de negcios h um regime de solidariedade. Se houver pluralidade de gestores, o regime da sua responsabilidade solidrio.

O regime de conjuno o regime supletivo nas dvidas civis. Nas dvidas comerciais o inverso (artigo 100) e a regra a solidariedade. Porqu? No mbito comercial h uma maior e mais intensa proteco do credor porque uma forma de promover os negcios no mbito comercial.

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SOLIDARIEDADE:1. SOLIDARIEDADE PASSIVA:Interesse prtico:Muito interesse. H um interesse de tutela do interesse do credor muito relevante. A solidariedade pode ser convencional ou legal.

A solidariedade activa tem reduzido interesse prtico. H um devedor e vrios credores, sendo que cada credor pode exigir por inteiro a prestao toda ao devedor. O primeiro que exigir a prestao pode exigir toda e depois tem de pagar o restante aos outros credores. O grande risco de o credor que pediu a prestao ao devedor depois no pagar aos restantes. Ento por que existe? Porque pode ser prtico para os outros credores que confiem num deles para exigir o preo. Mas h instrumentos mais fceis de utilizar. Os outros credores nesta situao emitem uma procurao para que o outro credor exija o dinheiro. A procurao pode ser revogada e o regime da solidariedade activa no pode ser alterado, s se o contrato for alterado.

I. EFEITOS DA SOLIDARIEDADE PASSIVA:Relaes externas (entre credor e devedores):Quanto ao credor: art 518. Se o credor exigir 900 ao devedor 1, ele no pode defender-se judicialmente ou extra judicialmente dizendo que no tem de pagar tudo.

Quanto aos devedores: art 523.

Relaes internas (entre devedores): Direito de regresso: artigo 524. H 3 devedores e 1 credor. O credor pode exigir de qualquer um dos devedores o pagamento da totalidade da dvida. O devedor 1 paga os 900. O pagamento dos 900 faz com que nasa um direito de regresso do devedor 1 contra o devedor 2 e 3. Por vezes isto parece-se muito com a sub-rogao, em que h um terceiro que cumpre e depois fica no lugar do credor, mas no . Se o caso no aparecer previsto como sub-rogao, o regime regra nas obrigaes solidrias o direito de regresso.

II. EFEITOS DA SOLIDARIEDADE ACTIVA:Relaes externas:Quanto aos credores no h preceito expresso (art 512, n 1, 2 parte).

Quanto ao devedor: artigo 532. Se o credor 2 exige os 900 a D, o credor 1 e o credor 2 no podem exigir o pagamento dos 900 de novo - a obrigao extinguiu-se.

Relaes internas (entre vrios credores):Artigo 533 - o credor que recebe a totalidade do pagamento tem de pagar aos outros credores a sua parte np crdito. No h no regime da solidariedade activa uma expresso legal nem doutrinal equivalente a direito de regresso. Est muito menos elaborado o regime porque no se usa muito na prtica.

Regimes especficos:H 3 regimes especficos:1. Impossibilidade da prestaoSe a prestao se torna impossvel por culpa do devedor 3 qual a consequncia em relao aos restantes devedores?2. Prescrio3. Caso julgado

Destes 3 regimes vamos ver a impossibilidade da prestao.IMPOSSIBILIDADE DA PRESTAO:1. Impossibilidade da prestao na solidariedade passiva: artigo 520 - se se trata da entrega de um bem e o devedor 3 destri o bem com culpa, qual a consequncia para os restantes devedores? A lei diz que da impossibilidade da prestao resulta um regime de solidariedade. Quanto ao valor do bem respondem todos. Quanto aos danos, porque o credor no vai receber o bem a tempo, a obrigao de indemnizar s do que destruiu ou dos que destruram o bem, mas o que no destruiu no tem de indemnizar.

2. Impossibilidade da prestao na solidariedade activa: art 529, n 1 e n 2 - se a prestao se tornar impossvel por facto imputvel ao devedor, a solidariedade mantm-se relativamente ao crdito da indemnizao. Qualquer dos credores pode exigir ao devedor que faa a prestao e que pague a indemnizao. N 2- quando a impossibilidade da prestao se deve a facto imputvel a um dos credores - ele no tem direito a nada e tem de indemnizar os outros credores.

CUMPRIMENTO DE OBRIGAES INDIVISVEIS, GENRICAS OU ALTERNATIVAS:Noo e classificaes da prestaoRequisitos da prestao debitria - ver TGN e civilObrigaes divisveis e indivisveis

OBJECTO DA OBRIGAOO contedo da obrigao uma prestao: artigo 397 - preciso uma conduta activa ou passiva do devedor.

Classificaes:1. Prestao instantnea: prestaes em que o comportamento exigvel do devedor se esgota num s momento ou num perodo de tempo de durao praticamente irrelevante.2. Prestao duradoura: prolonga-se ao longo do tempo.Dentro das prestaes duradouras:Prestao dividida, fraccionada ou repartida: contrato de compra e venda a prestaes. H uma s prestao fraccionada ao longo do tempo.Prestao continua ou de execuo continuada: obrigaes duradouras de execuo continuada - obrigao da senhorio permitir ao inquilino o uso da coisa.

A prestao dividida, fraccionada ou repartida distingue-se das prestaes reiteradas ou peridicas, que tm vrias prestaes fraccionadas, mas que nascem de obrigaes diferentes, h vrias obrigaes que nascem da mesma fonte: pagamento das rendas.

Relevncia prtica:Os artigos 781 e 934 s se aplicam primeira das 3 variantes, para a prestao dvida, fraccionada ou repartida.Excepo ao efeito retroactivo da resoluo: art 434, n 2 - aplica-se segunda hiptese de prestao contnua ou continuada e terceira, prestao reiterada ou peridica (?).

Requisitos da prestao debitria:Artigo 280Artigos 398 e 401A prestao tem de ser possvel fsica e legalmente lcita, determinada ou determinvel, com contedo digno de proteco jurdica.

OBRIGAES DIVISVEIS E INDIVISVEIS:Obrigao indivisvel: obrigao cuja prestao no pode ser fraccionada sem prejuzo da sua substncia ou valor econmico.

Fontes de indivisibilidade:1. Natureza da prestao2. Conveno das partes3. Lei

Obrigaes divisveis: seguem os princpios gerais do art 534, n 1. Nas obrigaes divisveis, havendo vrios devedores, cada relao separada das demais e segue-se o regime regra.

Se as obrigaes so indivisveis podem ser problemticas! So problemticas quando so plurais do lado passivo ou activo ou dos dois e no solidrias, porque se forem solidrias a solidariedade resolve o problema da indivisibilidade: o credor pode exigir a totalidade da prestao de qualquer dos devedores ou um dos credores pode exigir a totalidade da prestao ao devedor.Se so plurais e no so solidrias, so parcirias: se h um credor e vrios devedores, o credor pode exigir metade do cavalo vivo a cada devedor.

Pluralidade de devedores nas obrigaes indivisveis:Artigo 535, n 1, 1 parte. Se a prestao for indivisvel e houver dois devedores, o credor tem de exigir a entrega e, para exigir a entrega, tem de se dirigir aos dois devedores - um devedor no pode fazer nada se o outro devedor tambm no estiver presente porque a obrigao indivisvel.Pluralidade de credores na obrigaes indivisveis:Artigo 538, n 1: qualquer credor pode exigir a prestao por inteiro e os credores no tm de se juntar para exigir a prestao. Mas para proteger os interesses do outro credor: 2 parte - para proteger os interesses do outro credor, o devedor s extingue a obrigao fora do tribunal se chamar o outro credor. Se o cumprimento judicial pode entregar a um s credor porque a prpria ao judicial permite a interveno do segundo credor. Se tiver havido uma aco judicial interposta, essa aco tem mecanismos para chamar o outro credor aco e ele assim fica protegido.

DESTAQUE PARA ASPECTOS DO REGIME:Extino quanto a um dos devedores: artigo 536. H dois devedores e s um credor. Se a obrigao se extingue por remisso ou prescrio em relao a um dos devedores, o credor pode exigir o cavalo vivo ao devedor que no est exonerado, mas tem de entregar a quantia pecuniria ao devedor que cumprir.

Impossibilidade da prestao indivisvel: artigo 537 - se se dever a facto imputvel a algum ou alguns dos devedores e a obrigao indivisvel: o outro devedor fica exonerado da prestao. O que destruiu est sujeito a responsabilidade civil e vai ser responsvel pela totalidade do valor da prestao indivisvel.

OBRIGAES GENRICAS:Noo:

O cumprimento das obrigaes genricas no obedece s regras mais comuns do CC. So aquelas com que mais lidamos no dia a dia.

Quanto transmisso da propriedade: se A e B acordam entre si a compra e venda de 100 kg de laranjas que A tem no armazm, a propriedade transmite-se nesse dia? Artigo 408, n 2. No momento em que feito o acordo, o contrato de compra e venda, no feita a transmisso de propriedade. s obrigaes genricas no se aplica o artigo 408, n 1, no se transmite a propriedade e por isso no se transfere o risco de perda e deteriorao da coisa. Artigo 796. Se a coisa no certa, no h transferncia do risco. Se as laranjas se estragarem na posse de A, A no pode defender-se dizendo que j tinha separado as laranjas quando uma tempestade as estragou e por isso j no tem laranjas. A outra parte vai dizer: ento d-me outras. No mas estas eram as suas - no se pode defender assim.

Artigo 796: regra o n 1. Os outros so excepes.

Se a obrigao genrica, primeiro tem de se transformar em especfica.

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OBRIGAES GENRICAS:

CONCENTRAO DA OBRIGAO GENRICA: Processo de transformao da obrigao genrica em obrigao especfica. O adquirente no pode ficar propietrio dos 1000 garrafes de gua, tem de se fazer a delimitao.

Quando opera? No acto do cumprimento, em regra. A escolha do produto vendido foi feita pelo credor, nas lojas de pronto a vestir em que a roupa j est feita, mas no est disponvel ao comprador e o alienante vai buscar a roupa: no cumprimento que se transforma.

Como?Artigo 536: a escolha cabe ao devedor. Regra supletiva: cabe ao devedor a escolha de entre os objectos possveis. Automvel: o que se experimenta no o que se compra. Quem escolhe o que eu compro o vendedor, o dono do Stand. Quando o devedor pe tudo disposio h, de forma tcita, uma renncia faculdade do artigo 539 e o devedor aceita que o comprador que escolhe.Consequncia: enquanto o gnero no perecer o devedor no fica exonerado: artigo 540. Frigorfico: o que eu vejo em exposio no o que compro, o devedor escolhe um para entrega. Se ele escolhe um que durante a noite se estraga, o comprador vai exigir um igual artigo 408, n 1: nunca fui propietrio por isso no suporto o risco de perda e deteriorao da coisa. Se for um automvel usado e se estragar na posse do alienante, ele que suporta o risco. Se a obrigao for infungvel, no genrica: 2 automveis usados do mesmo ano e ms podem ter valor diferente.

Regra: a concentrao opera no cumprimento. Se perecer o bem, o devedor s pode exonerar-se indo buscar outro do mesmo valor e qualidade. Excepes: artigo 541 a concentrao no opera no momento do cumprimento:1. Se houver acordo entre as partes, expresso ou tcito. Zara: h um acordo implcito em que o credor escolhe o bem2. Concentrao natural: tem a ver com o perecimento. Caso de A que comprou a B 100 kg da produo de uvas. A quinta de B tinha 3 toneladas e houve um caso de fora maior que destruiu o armazm das uvas e s h 100 kg ou menos de 100 kg. H concentrao.3. Mora do credor: o credor deve i at sexta-feira buscar as uvas. Se at sbado no foi h mora (artigo 813 e ss) e aquele bem passa a ser o que tem que ser entregue. Consequncia: o credor passa a suportar o risco de deteriorao e perda da coisa.4. Casos do artigo 797: dvidas de envio.

DVIDA DE ENVIO: o que ? Artigo 541. Se for uma dvida de envio a concentrao opera no mesmo momento em que se transfere o risco. Nas dvidas de envio h um transporte. O bem vai ser entregue ao credor, mas isso implica um transporte. Se h uma coisa que tem de ser transportada, preciso ver por conta de quem o transporte realizado. Quem assumiu a responsabilidade do transporte? Se o transporte deve ser feito pelo alienante, por meios prprios ou porque se contrata um terceiro no h uma dvida de envio Continente: tem carrinha de transporte e o condutor do continente este transporte todo feito por conta do Continente. O transporte faz parte do negcio do vendedor. Quando h transporte no h sempre uma dvida de envio.Quando no h dvida de envio quem suporta o risco de perda e deteriorao da coisa o vendedor; quando h dvida de envio quem suporta esse risco o comprador.

Se o transporte deve ser feito por um transportador independente escolhido por ambas as partes, h uma dvida de envio. Se o vendedor e o comprador acordam na entrega por terceiro nesse momento a obrigao concentra-se e o risco de perda e deteriorao da coisa corre por conta do comprador. Ele fica sem laranjas e tem de pagar o preo o risco da contra prestao.Se o risco corre por conta do vendedor fica sem o bem e no recebe o dinheiro do preo. Na dvida de envio verdadeira, o risco passa a correr pelo comprador desde o transporte.

Se o transporte feito por conta do comprador, por exemplo porque o comprador contratou um transportador: quando o vendedor entrega a coisa ao transportador h CUMPRIMENTO! Aqui o momento da entrega ao transportador o momento do cumprimento: h concentrao da obrigao genrica em especfica, h transmisso da propriedade e h transferncia do risco de perda e deteriorao da coisa. Exemplo: uso dos correios ou compra por catlogo. Se os bens se destrurem tem de pagar na mesma e depois tem a possibilidade de accionar o transportador (os correios) por responsabilidade civil extracontratual.

CONCENTRAO NATURAL:Letra da lei: artigo 541 quando o gnero se extinguir a ponto de restar apenas uma das coisas nele compreendidas. No Stand h 5 carros iguais, comprei 2 pereceram 3 e ficaram 2: tambm h concentrao natural. H 5 carros, comprei 2, pereceram 4 e ficou 1: h concentrao, mas o comprador pode preferir a resoluo por impossibilidade da prestao ou aceitar s um dos carros que tinha encomendado.

Conjugar a concentrao natural com o artigo 408, n 2: h um regime especial em obrigaes genricas. O artigo 408, n 2 exige o conhecimento de ambas as partes, mas ressalva as obrigaes genricas: parece que o conhecimento de ambas as partes no interessa nas obrigaes genricas. MAS: da interpretao teleolgica do artigo resulta uma concluso diferente. Nos outros casos de concentrao sem ser atravs de concentrao natural h conhecimento de ambas as partes. Na concentrao natural: se se disser que opera mesmo que o comprador no saiba, o comprador passa a ser proprietrio da coisa sem saber mal haja concentrao natural e suporta o risco de perda e deteriorao da coisa sem saber! Interpretao teleolgica: no caso de concentrao natural, o vendedor tem de avisar o comprador para haver transmisso de propriedade e transferncia do risco. O artigo 408, n 2 tem uma excepo para obrigaes genricas. Ele tem um regime especfico para as obrigaes genricas, mas h uma parte que no faz sentido: o conhecimento deve ser de ambas as partes e no s do vendedor. Por exemplo: comprei um automvel no Porto e abateu uma parte do telhado em cima de todos os carros do Stand menos 1. Tornei-me proprietrio sem saber. No fao nada porque no sei e o resto do telhado cai e o automvel destruiu-se s me torno proprietrio se tiver tido conhecimento da concentrao.

OBRIGAES ALTERNATIVAS:Noo: artigo 543, n 1.As obrigaes alternativas tambm tm um objecto indeterminado, mas a indeterminao muito menor. O objecto da obrigao so duas coisas, sendo que o devedor se exonera entregando s uma.

Obrigaes alternativas e obrigaes com faculdade alternativa:As obrigaes alternativas so diferentes das obrigaes com faculdade alternativa. As obrigaes alternativas tm por objecto mais de uma prestao e o devedor s tem de realizar uma. As obrigaes com faculdade alternativa tm por objecto uma s prestao, mas o devedor pode-se exonerar com a realizao de outra prestao. Nas obrigaes com faculdade alternativa s h um objecto (o bem x), mas o devedor pode entregar antes outro bem. No esto definidas na lei, seguem o regime geral.

Nas obrigaes alternativas h dois objectos e levantam-se problemas, por exemplo: se um objecto da obrigao perecer. decisivo saber quem pode escolher. Artigo 543, n 2: o devedor se uma das coisas se tornar impossvel o devedor entrega a outra e no h incumprimento. Se a escolha do credor e uma obrigao se torna impossvel, o credor j no tem escolha, sobra a outra.

Obrigaes alternativas:Questo principal: escolha da prestao. Regra: cabe ao devedor. Se ele no escolhe? Artigo 584: o credor tem de intentar uma aco judicial e s depois disso que pode escolher. ANTUNES VARELA NESTE PONTO EST DESACTUALIZADO!

Impossibilidade da prestao: artigos 545 a 547. As obrigaes genricas e indivisveis tm um regime especial. Se houver impossibilidade no se vai directamente aos artigos 790 e ss.

AULA DE 13/10

Obrigaes com faculdade alternativa: se o devedor com culpa destri o bem x, est obrigado a entregar o bem y? o bem y entregue se ele quiser, a obrigao de entrega do bem x. No est obrigado a entregar o bem y, tem de indemnizar o credor por no ter entregue o bem que se comprometeu a entregar: artigos 798 e ss. O bem y no faz parte do objecto da obrigao, s faz se ele quiser.

Nas obrigaes alternativas, se o devedor destruir o bem x entrega o bem y. Aplica-se o artigo 543.

CAPTULO V TRANSMISSO DE CRDITOS E DE DVIDAS. CESSO DA POSIO CONTRATUAL1. Transmisso singular de crditos2. Transmisso singular de dvidas3. Cesso da posio contratual

Transmisso de crditos:A transmisso de direitos e obrigaes pode dar-se de duas formas: 1. A ttulo singular: transmisso de dvidas e transmisso de crditos2. A ttulo universal: cesso da posio contratual

1. Transmisso inter vivos: tem tido muita resistncia2. Transmisso mortis causa: no levanta problemas os crditos e as dvidas no podem continuar com quem morreu

CESSO DE CRDITOS:Artigo 577. um negcio jurdico mediante o qual o credor transmite a terceiro o seu direito. A doutrina acrescenta: sem necessidade de autorizao do devedor. A validade e eficcia da cesso no depende do consentimento do devedor proteco do interesse do credor.

A cesso diferente da novao subjectiva. Na novao subjectiva o devedor e o credor acordam extinguir a obrigao anterior e constituir uma nova com outro credor. As garantias e os meios de defesa desaparecem. Na cesso de crditos um terceiro ocupa o lugar do credor e o crdito mantm-se.

Na prtica como distinguimos? A novao exige uma declarao expressa de que as partes querem extinguir a obrigao substituindo-a por uma nova.

Designaes na cesso de crditos:O devedor o cedido.O credor original o cedente.O novo credor o cessionrio.

Os objectivos que se prosseguem com a cesso de crditos so muito variados: Pode ser uma compra e venda de crditos O negcio entre o cedente e o cessionrio pode ser gratuito Pode ser feita no mbito de uma dao em cumprimento (o cedente pode transmitir o crdito ao cessionrio porque no entregou o bem originrio)

Regime:No est no CC. o regime da compra e venda, da doao ou de outro negcio. O regime estabelecido atravs da remisso do artigo 578, que remete para a causa do negcio. Notificao: artigo 583Pode ser judicial.Pode ser extrajudicial: o novo credor ou o cedente e o cessionrio escrevem uma carta a dizer que a partir do dia x o novo credor terceiro e no o credor originrio. Mas no basta: necessria aceitao o devedor toma conhecimento da cesso de crditos e de alguma maneira declara que aceita.Pode no haver declarao nem aceitao. Problema: cumprimento ao credor aparente. N 2: se o devedor pagar ao credor originrio e depois o novo credor vem exigir, o devedor no pode negar o cumprimento se o novo credor provar que o devedor j conhecia a cesso. D pagou 10 ao C originrio, mas ter de pagar mais 100 ao novo credor. O devedor que que tomou conhecimento da cesso no pode opor ao cessionrio que j pagou ao cedente, se tinha conhecimento da cesso. Se o devedor no tem conhecimento da cesso e paga ao credor, h cumprimento ao credor aparente que extingue a obrigao e no tem de haver novo cumprimento. No limite pode haver enriquecimento sem causa do cedente.

SUB-ROGAO:Ocorre quando um terceiro que cumpre uma dvida alheia adquire direitos do credor originrio em relao ao respectivo devedor.D deve 1000 a C. T paga 1000 a C. Ao pagar fica colocado no lugar do credor contra D. O terceiro cumpre a obrigao. Isto diferente da cesso: o cessionrio na cesso no cumpre a obrigao. Aqui o terceiro cumpre a obrigao e fica colocado no lugar do credor. Artigo 767: qualquer terceiro interessado ou no no cumprimento da obrigao pode cumpri-la. A sub-rogao o meio de incentivar terceiros a cumprir a obrigao para ficarem no lugar do credor.

Tipos de sub-rogao:1. artigo 590: sub-rogao pelo devedor 2. artigo 591 uma variante da sub-rogao pelo devedor; 3. sub-rogao legal; 4. sub-rogao pelo credor.

Sub-rogao pelo credor:Trata-se de uma situao em que h um devedor, um credor e um terceiro cumpre e fica no lugar do credor. A sub-rogao tem de ser feita at ao momento do cumprimento da obrigao. A declarao tem de ser expressa. O credor tem de declarar expressamente que fica sub-rogado mas no tem de l estar a palavra sub-rogado, pode ser antes fica no meu lugar.

Sub-rogao pelo devedor:Artigo 590. Quem declara que o terceiro fica no lugar do credor o devedor. A declarao tem de ser feita at ao cumprimento, sem necessidade do consentimento do credor.Sub-rogao pelo devedor do artigo 591:O devedor recebe de terceiro uma quantia (a ttulo de mtuo) para pagar ao credor. Tem de haver uma declarao expressa em como a quantia vai servir para pagar a C e, para alm disso, a declarao do devedor em como o terceiro fica sub-rogado nos direitos do credor. Exigncia de declarao expressa: de que o dinheiro para o cumprimento da obrigao e que o terceiro fica sub-rogado.

Sub-rogao legal:Opera em virtude da lei. No preciso haver declarao do credor nem do devedor. Situaes: um terceiro paga ao credor e ele prprio titular de um direito de propriedade sobre uma hipoteca; terceiro interessado no cumprimento da obrigao (caso do sub-locatrio que percebe que o locatrio no vai pagar a renda e paga por ele para no ser despejado).

Sub-rogao parcial:O devedor deve 1000 ao credor e um terceiro paga 700 ao devedor.A situao do novo credor sub-rogado no exactamente igual do credor originrio. Se terceiro pagou 700, ficou sub-rogado em 700.

Principais diferenas entre a sub-rogao e a cesso de crditos:Origem:A cesso nasce SEMPRE de um NEGCIO JURDICO entre o cedente e o cessionrio.A sub-rogao no nasce sempre de negcio jurdico.

Na cesso h sempre interveno do credor.Na sub-rogao h sub-rogao legal, sub-rogao pelo credor e pelo devedor.Se para o mesmo crdito h sub-rogao parcial e cesso parcial, a situao do cessionrio mais bem protegida. Na cesso de crditos o cedente garante ao cessionrio que o crdito existe e exigvel. Na sub-rogao ele no tem de garantir que o crdito existe e vlido.

AULA DE 15/10

Transmisso de obrigaes:

Transmisso singular de dvidas:S possvel porque se abandonou a perspectiva pessoal da obrigao. No direito romano considerava-se que as obrigaes no podiam passar-se para outra pessoa, pertenciam s ao seu titular. Abandonou-se esta perspectiva e no CC introduziu-se a transmisso singular de dvidas.

limitada. A maioria dos credores no vai aceitar que o seu credor se substitua.A transmisso singular de dvidas a assuno de dvida.

ASSUNO DE DVIDAArtigo 595.

Modalidades:H duas modalidades de assuno de dvida quanto negociao no artigo 595, n 1.A. O 3 ocupa o lugar do devedor atravs de um contrato entre o antigo devedor e o novo. AD+NDB. O 3 ocupa o lugar do devedor atravs de um contrato entre o novo devedor e o credor. C+ND Nesta modalidade pode haver ou no o consentimento do antigo devedor.

Modalidades de assuno quanto aos efeitos: artigo 595, n 2A assuno de dvida nem sempre opera uma transmisso de dvida. Distinguir entre:A. Assuno liberatria (assuno verdadeira e prpria) - o credor declara expressamente que exonera o antigo devedorB. Assuno cumulativa ou co-assuno - o credor no declara que exonera o antigo devedor e o novo junta-se para o cumprimento da dvida. O devedor originrio fica co-obrigado juntamente com o terceiro. O credor beneficiado. Em que situao esto estes devedores? Ficam obrigados em regime de solidariedade. Este um regime de solidariedade imperfeita: aquele em que nas relaes externas do credor em relao os devedores, o credor pode exigir a qualquer devedor, mas nas relaes internas no funciona forosamente o regime de regresso. O regime aplicvel o que resultar das relaes entre o terceiro e o devedor. Se o contrato entre o devedor e o terceiro for uma doao no h lugar a que o terceiro (novo devedor) exija o dinheiro de volta.

Para ter a certeza se verdadeira e prpria assuno de dvida (liberatria) tem de haver declarao expressa.

Assuno de dvida e outras figuras:A assuno de dvida diferente da promessa de liberao (na lei no se designa sim, s na doutrina). A promessa de liberao a situao em que um terceiro de obriga perante o devedor a cumprir no seu lugar. Suponhamos que o devedor tem uma dvida para com o credor e h um terceiro que se obriga perante o devedor a pagar essa dvida. O ponto crtico que ele no se obriga perante o credor e, portanto, a consequncia que no vencimento da dvida o devedor pode decidir livremente se vai ser ele a cumprir ou se vai ser o terceiro. Distinguem-se porque na promessa de liberao o terceiro nunca chega a ser devedor diante do credor, este no pode exigir o cumprimento da obrigao, s o devedor. O devedor que vai decidir se ele a cumprir ou se pede ao terceiro que cumpra.

Contrato a favor de terceiro: o devedor e terceiro acordam que o terceiro pagar a dvida ao credor. O devedor e o terceiro celebram um contrato a favor de terceiro (o credor). O credor poder vir exigir de terceiro o cumprimento da obrigao. Artigo 444, n 3: presuno de que no houve assuno de dvida nem verdadeiro e prprio contrato a favor de terceiro.

CESSO DA POSIO CONTRATUAL:Artigo 424

Esta figura pressupe o conceito de relao obrigacional complexa.

H dois negcios:1. O contrato base: aquele no qual a posio contratual transmitida2. Contrato instrumento: a cesso da posio contratual, que faz com que o terceiro ocupe a posio do contraente originrio.

A cesso da posio contratual um contrato.

Requisitos da cesso:a) Contrato bilateralb) Consentimento do outro contraente (cedido) anterior ou posterior cesso. Este consentimento uma condio de validade uma condio de eficcia, nos termos do artigo 424, n 2

Regime: necessrio distinguir:I. O regime do contrato base: segue o tipo contratual em causa - se arrendamento segue o regime do arrendamento, se uma compra e venda, segue o regime da compra e venda.II. O regime do contrato instrumento ou cesso propriamente dita: este negcio um negcio de causa varivel - artigo 425. A cesso da posio contratual tambm um negcio pluricausal. A cesso da posio contratual pode ter sido comprada, doada, pode ter sido uma dao em cumprimento ou uma dao em funo do cumprimento. Aqui o regime o regime prprio do negcio que foi celebrado.

A cesso muito parecida com outras figuras: Contrato para pessoa a nomear: A e B celebram um contrato e A reserva-se a faculdade de nomear outra pessoa para ocupar o seu lugar. A designa C - A nunca foi parte no contrato e C foi parte desde o incio. Na cesso o contrato vigorou entre A e B e depois passou a vigorar entre C e B. A cesso produz efeitos para o futuro e o contrato para pessoa a nomear a partir da nomeao tem eficcia retroactiva.

Sub-contrato: h uma locao entre A e B e A faz uma sub-locao.

Efeitos da cesso da posio contratual:A. Relaes entre o cedente e o cessionrio:Princpio geral: artigo 425.Artigo 426, n 1: o cessionrio quer saber se tem o direito a que o cedente lhe garanta que a posio contratual existe mesmo. A garantia da existncia e validade do contrato dada pelo cedente, mesmo que ele no diga nada. O cedente garante a existncia e a validade da posio transmitida.

C quer saber se B, locador, vai respeitar o contrato. O cedente no garante o cumprimento das obrigaes pelo cedido: artigo 426, n 2.

B. Relaes entre cedente e cedido:Em princpio a cesso extingue a relao, exonera o cedente de todas as obrigaes.

C. Relaes entre o cessionrio e o cedido:O cessionrio vai ficar colocado na posio contratual em que se encontrava o cedente.

CAPTULO VIGARANTIA GERAL DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAESMEIOS CONSERVATRIOS DA GARANTIA PATRIMONIALS existe uma garantia geral. No confundir a garantia geral com os meios conservatrios da garantia geral. A garantia o patrimnio do devedor. Os meios conservatrios dessa garantia que so 4.

REGRA:A garantia geral do cumprimento das obrigaes o patrimnio do devedor. Vigora o princpio do artigo 601 de responsabilidade ilimitada do devedor pelas suas dvidas.

EXCEPES:Podem ser legais ou convencionais.Legais: artigo 601 - bens impenhorveis. Patrimnio colectivo: bens comuns do casal; patrimnio autnomo: herana. O patrimnio do devedor responde pelas dvidas, mas as regras do regime do casamento podem impedir que se penhore algum bem. Dvidas dos cnjuges: esto em causa obrigaes que tem como fonte realidades familiares, mas as regras so as regras prprias do direito das obrigaes

Convencionais: as partes podem convencionar limitaes regra de que o patrimnio do devedor responde ilimitadamente pelas dvidas, mas essa possibilidade de convencionar muito restrita. O doador ou o testador em certos casos podem determinar que os bens que doam ou deixam no podem ser penhorados, mas tem de haver uma clusula de irresponsabilidade por dvidas do beneficirio, mas esses bens continuam a responder por dvidas posteriores doao.

AULA DE 20/10

GARANTIA GERAL DAS OBRIGAESNo esquecer: h s UMA garantia geral das obrigaes!

Princpio fundamental: par condicio creditorum. Significa que os credores se encontram em situao paritria, na mesma situao. Nos direitos reais sobre o mesmo bem, entre dois direitos reais de gozo prevalece o mais antigo, entre dois direitos reais de garantia prevalece o mais antigo. Nos direitos reais no esto em situao de paridade. Quem regista primeiro a hipoteca tem prioridade na venda do bem. Nos direitos reais no vigora nenhuma par condicio creditorum. Deste princpio decorre que os credores concorrem entre si, h concurso de credores: artigo 604, n 1. Este princpio do concurso de credores fundamental. Os credores concorrem entre si se no houver causas legtimas de preferncia. Causas legtimas de preferncia: garantias reais das obrigaes ou direitos reais de garantia.

Assim, h: Credores comuns ou quirografrios Credores preferenciais: credores que tm a seu favor uma garantia especial das obrigaes que, em princpio, corresponde a um direito real de garantia.Em princpio os credores esto na mesma situao. No se pode proteger mais um credor que outro, a no ser que haja uma destas razes previstas na lei para que o credor seja credor preferencial. Se houver mais de um credor preferencial como se resolve? Depende se so titulares de diferentes tipos de garantia ou do mesmo tipo. H normas que estabelecem uma hierarquia entre eles.

Problema para os credores: fcil para os devedores alienar ou ocultar o seu patrimnio. De que meios se podem socorrer os credores se o devedor tiver um patrimnio reduzido para cumprimento de obrigaes?

MEIOS CONSERVATRIOS DA GARANTIA PATRIMONIAL1. Declarao de nulidade2. Sub-rogao do credor ao devedor (diferente da forma de transmisso de crditos)3. Impugnao pauliana4. Arresto

Problema da insuficincia na vida prtica - estes meios no so suficientes para o credor conseguir ver o seu crdito satisfeito pelo devedor. Estes meios so complexos e quando os meios so concretizados por via judicial por vezes j no h bens nenhuns. Caso haja garantias reais h sequela e portanto mesmo em caso de alienao, os credores podem satisfazer o seu crdito com o bem.

DECLARAO DE NULIDADE:Noo: faculdade de o credor invocar actos nulos do devedor que possam causar-lhe prejuzo - artigo 605. Esta ideia de poder causar prejuzo equivalente declarao de que o credor interessado na declarao de nulidade. O devedor pratica actos ou vendas simuladas atravs das quais vai alienando o seu patrimnio ficticiamente. O dinheiro mais facilmente dissipvel.

Relevncia do regime institudo:Para que serve o artigo 605 se os credores, sendo terceiros interessados, podiam invocar a nulidade nos termos em que est prevista na Parte Geral do CC? Artigo 695 n 1. Diferena: os actos nulos podem ser anteriores ou posteriores constituio do crdito. O credor pode impugnar actos nulos posteriores constituio do crdito ou anteriores. Este preceito serve para dizer que o credor pode vir conseguir a nulidade mesmo de actos anteriores constituio do seu crdito, consideram-se actos graves e por isso o credor pode vir invocar a nulidade.Outro ponto: n 1 - o credor no precisa de demonstrar que o devedor ficou sem bens suficientes para satisfazer o seu crdito.

Efeitos:Artigo 605, n 2: efeitos gerais da nulidade + discutia-se se o credor que invocava a declarao de nulidade era o nico protegido. No , todos os credores daquele devedor vo poder aproveitar a declarao de nulidade. Este ponto diferente da impugnao pauliana (a impugnao s aproveita o credor que a invoca - os credores em geral no querem beneficiar outros credores e no aproveitar nada, ainda para mais se forem credores comuns e houver credores preferenciais, por isso a impugnao o meio mais usado). o regime geral da nulidade com estas particularidades.

SUB-ROGAO DO CREDOR AO DEVEDOR (diferente da forma de transmisso de crditos):

Noo: faculdade de o credor se substituir ao devedor no exerccio de direitos que competem ao devedor, mas que o mesmo devedor no concretiza.

mbito de aplicao:Exerccio de direitos que podem aumentar o activo do devedor, por exemplo: a aceitao de uma herana. O devedor recebe uma herana e fica passivamente sem fazer nada, porque sabe que se fizer o patrimnio vai para os credores. Os credores podem usar a sub-rogao do credor ao devedor para aceitar a herana. H casos de direitos que podem diminuir o passivo do devedor, por exemplo: invocar a prescrio de uma dvida - o devedor tem vrios credores e j passou o prazo de prescrio e o devedor no a invoca - os credores podem usar a sub-rogao do credor ao devedor para invocar a prescrio. H um caso especial: direito das sucesses - artigo 2067 para que serve este artigo? A sub-rogao do credor ao devedor serve para substituies em casos de omisses do devedor. Neste caso, o repdio uma aco, mas mesmo assim, neste caso especial, o credor pode vir aceitar a herana em nome do devedor. um preceito especial porque diz que a sub-rogao serve mesmo em caso de haver uma aco, mas s para casos de repdio de heranas.

Requisitos:Artigo 606, n 1 e 21. Tem de se tratar de omisses do devedor, situaes de inactividade do devedor.2. Tem de estar em causa o exerccio de direitos. O credor no pode substituir-se ao devedor se s estiverem em causa expectativas jurdicas - se o devedor recebeu uma proposta de doao, ainda no tem um direito s tem uma expectativa e o credor no pode substituir-se ao devedor.3. Os direitos em causa tm de ter contedo patrimonial, mas nem todos podem ser exercidos. Por exemplo: o devedor ficava em melhor situao financeira se se divorciasse - no podem os credores vir divorciar o devedor. Caso de doaes a ingratos - o devedor faz uma doao a uma pessoa que pode ser considerada ingrata o credor no pode vir anular a doao com base em ingratido porque esta tem aspectos que s ao devedor competem.4. Essencialidade: preciso que os credores demonstrem que essencial, que o patrimnio do devedor no chega para saldar todas as dvidas.Restrio: artigo 607 um desenvolvimento do requisito da essencialidade. Em regra s credorescom crditos vencidos podem usar a sub-rogao. Podem usar a sub-rogao em dvidas no vencidas se demonstrarem que tm interesse em no aguardar o vencimento. O devedor h alguns anos que no faz nada que possa reduzir o passivo ou aumentar o activo porque percebeu que no vai ter dinheiro para satisfazer os crditos todos. Ter de demonstrar que se no recorrer sub-rogao agora, quando a obrigao se vencer j no ir ter bens suficientes para satisfazer o seu crdito.

Exerccio:Artigo 608: no h uma norma a dizer expressamente que a sub-rogao do credor ao devedor pode ser judicial ou extrajudicial, mas resulta deste artigo a contrario que pode ser exercida judicialmente ou extrajudicialmente.

Efeitos:A sub-rogao exercida por um dos credores aproveita aos outros. Artigo 609: a invocao da prescrio pelo credor 1 aproveita ao credor 2 e ao credor 3. H um paralelismo com a declarao de nulidade e uma diferena em relao impugnao pauliana.

IMPUGNAO PAULIANA:Noo: faculdade que a lei concede aos credores de atacaremjudicialmentecertos actos praticados pelos devedores em seu prejuzo. Os actos em regra so actos vlidos. A impugnao pauliana est pensada para actos vlidos do devedor. Um credor que se sinta atingido por esses actos vlidos e que o demonstre pode atacar esses actos e desfaz-los total ou parcialmente. A declarao de nulidade para actos nulos e a impugnao pauliana partida serve para actos vlidos (mas nem sempre assim - ver mais frente).

Tem origem histrica:Vem do direito romano, do jurista Paulus.Actos que podem estar em causa: venda, doao, constituio de garantia, tudo o que possa afectar os interesses do credor.

MBITO DE APLICAOArtigos 610 e 615 n 1 e 2.Artigo 610: os actos tm de envolver a diminuio da garantia patrimonial do crdito e no podem ter natureza pessoal, porque h actos com natureza pessoal com consequncias patrimoniais o casamento ou a adopo. Os credores no podem usar a impugnao pauliana para impugnar a adopo do devedor nem o seu casamento.

1. Actos nulos:E aos actos nulos? A impugnao aplica-se?A alguns actos nulos possvel aplicar a impugnao pauliana. Um acto pode ser nulo e no ser fcil provar a nulidade. Os actos nulos podem ser abrangidos pela impugnao pauliana designadamente porque pode no se ter a certeza de que sejam nulos. Pode descobrir-se que os actos so nulos s a meio do processo.

2. Cumprimento de obrigao vencida:O cumprimento de obrigao j vencida no est sujeito a impugnao pauliana.

3. Cumprimento de obrigao no vencida:Artigo 615, n 2: o devedor pagou uma obrigao no vencida e no pagou a que j estava vencida. O credor pode invocar a impugnao pauliana em relao obrigao que ainda no se venceu.

4. Cumprimento de obrigao natural:O devedor cumpriu uma dvida decorrente de obrigao natural, por exemplo: uma dvida de jogo e aposta tolerado. Artigo 615, n 2: o cumprimento de uma obrigao natural pode ser impugnado. Se no existisse este artigo no era permitido impugnar o cumprimento de uma obrigao natural porque uma vez cumprida uma obrigao natural, a obrigao foi bem cumprida. Se se verificarem os pressupostos da impugnao, o cumprimento de obrigao natural pode ser impugnado atravs de impugnao pauliana porque se estiverem em confronto interesses do credor civil e do credor natural, o credor civil tem mais direitos que o credor natural.

Prazo de caducidade: 5 anos, artigo 618.

AULA DE 22/10Teste tem parte prtica e terica.

IMPUGNAO PAULIANARequisitos:A. REQUISITOS DA IMPUGNAO DA PRIMEIRA TRANSMISSO:Artigos 610, n 1 e 2 + artigo 612

1) Artigo 610, a): anterioridade do crdito ou fraude pr-ordenada: Tem de se verificar a anterioridade do crdito em relao ao acto.O credor tem de ser credor do devedor antes da alienao, antes de este ter alienado o bem, salvo se houver fraude pr-ordenada, salvo se ele conseguir provar que o devedor alienou patrimnio para o prejudicar.

2) Artigo 610, b): impossibilidade ou agravamento da impossibilidade de satisfao integral do crditoNs impugnao pauliana esto em causa actos vlidos, por isso, ao contrrio da declarao de nulidade, necessrio provar que aquele acto prejudica os interesses do credor ou que agrava a impossibilidade de satisfazer o interesse do credor. No necessria uma situao de insolvncia. Doutrina: pergunta se este requisito algo menos exigente que a insolvncia fctica.

Ateno: o credor tem grande dificuldade em provar os requisitos da impugnao pauliana. O artigo 611 vem tentar ajudar o credor. Diz respeito ao nus da prova. Artigo 611, 2 parte: o credor tem de provar o montante da dvida, mas no tem de provar que o devedor no tem bens suficientes, tem de ser o devedor a provar que tem bens suficientes.

3) M f por parte do devedor e do terceiro. (Requisito eventual)No necessrio sempre, tem de se distinguir consoante o acto oneroso ou gratuito.Se se trata de uma compra e venda, acto oneroso, alm dos dois requisitos do artigo 610, o credor tem de provar tambm a ma f do devedor e do terceiro adquirente. Em parte dos casos o terceiro adquirente est mesmo de boa f.Se o acto for gratuito, o credor no precisa de provar que o devedor e o terceiro actuaram de m f. M f: artigo 612, n 2 - m f em sentido subjectivo.

Se o acto oneroso entra uma contrapartida na esfera do devedor e sai algo da esfera do terceiro adquirente, portanto o terceiro merece maior proteco e o credor pode contar com a quantia monetria que entrou na esfera do devedor - como se explica ento a possibilidade de impugnao? Porque o dinheiro facilmente alienvel. Nos actos gratuitos o terceiro no prestou nenhuma contrapartida, merece menor proteco e portanto nesses casos pode-se impugnar mesmo sem se provar a m f do devedor e do terceiro.

B. REQUISITOS DA IMPUGNAO DAS TRANSMISSES SUBSEQUENTES (artigo 613):O devedor faz uma primeira alienao a um primeiro adquirente e depois este faz outra alienao a um segundo adquirente.

Pode haver impugnao pauliana em relao s alienaes subsequentes, desde que se verifiquem os requisitos da impugnao pauliana quanto primeira transmisso e, quanto segunda transmisso, haja m f de sub-alienante, se o acto for oneroso. Portanto: se ambas as alienaes foram onerosas, o credor tem de provar em relao a ambas: que o crdito anterior ou h fraude pr-ordenada + impossibilidade ou agravamento da impossibilidade da satisfao do crdito + m f do devedor e do terceiro. Se o bem foi readquirido e o segundo acto foi compra e venda tem de se provar os requisitos anteriores e a m f do segundo adquirente. Se houve uma doao na segunda alienao, tm de se provar os requisitos todos na primeira alienao e na segunda no preciso provar a m f do terceiro adquirente. Se ambas a alienaes foram gratuitas no tem de se provar a m f de nenhum.Quanto mais vezes os bens forem alienados mais difcil ser provar a impugnao pauliana.

EFEITOS DA IMPUGNAO PAULIANA:A. Relaes entre o credor e o terceiro adquirente:Interpretar o artigo 616, n 1. O credor tem direito restituio dos bens " na medida do seu interesse.H uma grande questo doutrinal, hoje resolvida:O bem volta para o patrimnio do devedor? Ou no volta e vendido em hasta pblica, sendo que parte serve para satisfazer o crdito do credor e o resto fica para o adquirente? A dvida resulta da expresso "tem direito restituio dos bens na medida do seu interesse"Prof Antunes Varela: esta restituio significa que o bem que foi vendido volta para o patrimnio do devedor.Parte da doutrina: no isso que acontece. Esta a posio maioritria da doutrina e da jurisprudncia - a procedncia da impugnao pauliana atribui ao credor um direito pessoal de restituio. O bem no volta para o devedor. Esta a posio defendida pela professora Maria da Graa Trigo.

Est em causa saber se a impugnao s funciona em relao ao credor impugnante ou se tambm favorece os outros credores porque se o bem voltar para o patrimnio do devedor, todos os outros credores podem tentar satisfazer os seus crditos custa daquele bem.

B. Relaes do credor impugnante com os demais credores do devedor impugnado (artigo 616, n 4):A impugnao pauliana s eficaz em relao ao credor que a invoca. Este artigo foi uma grande ajuda para resolver a questo anterior de que os bens podem ficar no patrimnio do adquirente e ser vendidos em hasta pblica.

C. Relaes entre o devedor e o terceiro adquirente:Artigo 617, n 1: distingue-se entre acto gratuito e acto oneroso.Acto gratuito: artigo 957. Se o acto gratuito, o terceiro adquirente no despendeu nada, h responsabilidade mas s nos termos do regime das doaesActo oneroso: o adquirente s pode exigir do devedor aquilo com que se enriqueceu regime do enriquecimento sem causa. O terceiro adquirente no devia ter direito a receber tudo o que gastou com o bem? Para a impugnao proceder, o terceiro tem de ter estado de m f e isso justifica que no tenha direito a receber tudo o que gastou.

D. Relaes do credor impugnante com os credores do terceiro adquirente:O terceiro adquirente tambm pode ter credores, que contam com o bem X no patrimnio do adquirente.H um segundo problema, este, de concorrncia do credor beneficirio da impugnao pauliana com os credores do terceiro adquirente, que no est resolvido na lei e h uma querela doutrinal:

1. O credor impugnante tem preferncia sobre os demais. O restante da venda em hasta pblica fica para pagar os outros credores do adquirente e, se no chegar, o credor que invocou a impugnao no prejudicado esta posio de que o credor impugnante tem preferncia a posio defendida pelo prof Antunes Varela, mas no a nica possvel. Segundo o prof Antunes Varela, o credor impugnante deve ter primazia porque ele era credor do devedor que alienou o bem de forma a prejudic-lo.2. O credor impugnante concorre em igualdade de circunstncias com os outros credores do terceiro adquirente esta a posio do prof Almeida Costa. Todos so credores comuns e o valor da venda do bem em hasta pblica dividido de forma igual entre todos os credores. O credor impugnante no deve ter primazia porque os credores do terceiro adquirente at podiam ser credores h mais tempo e no tm culpa que haja outro credor que possa atacar aquele acto.

ARRESTO:Apreenso judicial de bens com valor suficiente para assegurar o cumprimento da obrigao.

Requisitos:1 situao - arresto requerido contra o devedor (artigo 619, n 1)

2 situao - arresto requerido contra o terceiro adquirente dos bens do devedor (artigo 619, n 2)

VII - GARANTIAS ESPECIAIS:GARANTIAS PESSOAIS: Para alm do patrimnio do devedor, responde pelas dvidas o patrimnio de outra ou outras pessoas. H um reforo quantitativo da garantia.Responde pelas dvidas: patrimnio do devedor + patrimnio de outra(s) pessoa(s).Isto distingue-se da solidariedade passiva.Distingue-se da assuno de dvida: o devedor originrio continua a ser devedor, o fiador fica num plano supletivo.

GARANTIAS REAIS: Atribuem ao credor o direito de satisfazer o seu crdito, de preferncia aos demais credores, pelo valor ou pelos rendimentos de determinados bens do devedor ou de um terceiro. H um reforo qualitativo quando os bens ou rendimentos pertencem ao devedor - nesse caso o credor no tem mais bens com que satisfazer o seu crdito, s tem uma preferncia. Mas as garantias reais tambm podem oferecer um reforo quantitativo - quando so prestadas por terceiro. As garantias reais correspondem a direitos reais de garantia.

1. PRESTAO DE CAUO (artigos 623 e ss.):Garantia especial que se concretiza atravs de uma garantia pessoal ou real (ver o artigo 623). No nem uma garantia pessoal nem uma garantia real, pode ser uma ou outra.

uma garantia que, por lei, deciso judicial ou negcio jurdico, imposta ou autorizada para assegurar o cumprimento de obrigaes eventuais ou de extenso indeterminada. Obrigaes eventuais: no h certeza de que a obrigao existe. Obrigao de extenso indeterminada: h a certeza de que a obrigao existe, mas no h certeza da extenso da obrigao.

AULA DE 03/11Vamos ver as garantias de forma muito superficialNooAlgumas caractersticas e algum ponto do regime

GARANTIAS PESSOAIS

As garantias pessoais reguladas no CC so trs, mas na verdade todas se reconduzem fiana.Garantias pessoais reguladas no CC:1. Fiana: artigo 627.2. Subfiana: artigo 630. Sub-fiador: aquele que afiana o fiador perante o credor. Garante que se o fiador no cumprir a obrigao garantida, o sub-fiador o far.3. Mandato de crdito: artigo 629 - A mandata, encarrega B de conceder crdito a T e nasce um mtuo. T fica obrigado a devolver o dinheiro que B lhe emprestou. Como foi por iniciativa de A e no de B que o contrato foi celebrado, A fiador de cumprimento da obrigao entre B e T.

Referncia a figuras que no vamos estudar: Fiana bancria, que est fora do CC e no vamos estudar. Aval: figura de direito comercial muito prxima do regime da fiana. Garantia autnoma: nestes casos o credor pode exigir o cumprimento ao fiador, ao garante pessoal, mesmo que a obrigao principal seja invlida. A validade da fiana depende da validade da obrigao principal. Foi inventada uma garantia autnoma da obrigao principal, que pode no ser vlida, mas a garantia como autnoma vlida. Carta de conforto: declarao. H uma sociedade me com duas sociedades filhas. A sociedade filha vai pedir dinheiro ao banco e o banco exige que a sociedade me se responsabilize pelo cumprimento. A sociedade me redige uma carta ao banco a dizer que garante a obrigao da sociedade filha.

FIANA:Vnculo jurdico pelo qual um terceiro se obriga pessoalmente perante o credor, garantindo com o seu patrimnio a satisfao do direito de crdito deste sobre o devedor.

O terceiro obriga-se pessoalmente: discutiu-se se o fiador era um verdadeiro devedor do credor. No nosso direito verdadeiro devedor. Havia a dvida se o fiador no estaria s a ajudar o devedor a cumprir a obrigao. No, o fiador est obrigado, o credor pode exigir-lhe o cumprimento e se ele no cumprir pode executar os seus bens.

CARACTERSTICAS:A. ACESSORIEDADE: est sempre presente. Artigo 627, n 2. a. Consequncias:i. quanto ao mbito da fiana: o fiador no pode estar obrigado por mais que aquilo a que est obrigado o devedor.ii. quanto forma: artigo 628, n 1 - a forma da fiana igual forma da obrigao principal, mas a vontade de prestar fiana tem de ser expressamente declarada.iii. quanto ao contedo: artigo 634 - o contedo da fiana igual ao contedo da obrigao principal.iv. quanto validade: artigo 632. No n 2: o av presta fiana a favor do cumprimento da obrigao por parte do neto e o neto menor. O av conhece a idade do neto. A obrigao principal pode ser invlida, mas a fiana mantm-se porque o fiador conhecia a invalidade. O neto no paga mas o av, fiador, tem de pagar ao banco. Qual a relao entre av e neto, para alm da relao de parentesco? O fiador pagou, mas o devedor no. Quando fizer 18 anos obrigado a pagar? H uma obrigao natural porque a obrigao invlida, no est obrigado porque no h uma obrigao civil, mas se ele pagar ao av no pode depois vir exigir o que prestou.

B. SUBSIDIARIEDADE: no est sempre presente. Traduz-se no benefcio da excusso prvia.

Benefcio da excusso prvia:Artigo 638: quando o credor se dirige ao fiador para exigir o cumprimento, o fiador pode alegar que ainda no houve execuo do patrimnio do devedor. Primeiro o credor tem de se dirigir ao devedor extrajudicialmente, judicialmente (aco declarativa e executiva).

Pode haver renncia a este benefcio: artigo 640, a). H casos em que o fiador, quando a fiana se constituiu, renuncia ao benefcio da excusso.Artigo 640, a) parte final: se tiver assumido a obrigao de principal pagador. Isto diferente da renncia ao benefcio da excusso. No caso do artigo 640, a), parte final o credor comea por ir pedir o cumprimento ao fiador, sem se dirigir ao devedor. diferente da renncia ao benefcio da excusso - aqui tem na mesma de se dirigir ao devedor e se ele no pagar no tem de ir a tribunal. No artigo 640 ele no tem de se dirigir ao devedor porque o fiador obrigado principal.

Artigo 640, b): ilhas adjacentes - regies autnomas dos Aores e da Madeira. Diz-se ilhas adjacentes porque na altura havia outras ilhas para alm destas, nas colnias.

Existncia de garantias reais: artigo 639, n 1. Concurso entre uma fiana e garantias reais. Se para a mesma situao houver garantias reais e fiana, se a garantia real for anterior ou contempornea fiana, o fiador pode exigir que primeiro se execute a garantia real.

EFEITOS: Sub-rogao:O principal efeito da fiana a sub-rogao: artigo 644. H uma sub-rogao legal especial que no est no artigo 592.

Fiana omnibus:Problema: houve um acrdo de uniformizao de jurisprudncia que veio declarar nula a fiana omnibus ou geral.O problema surge quando o objecto da fiana se torna to grande que passa a ser indeterminvel.Tem a ver com emprstimos para sociedades, para os seus negcios. A tem um negcio e necessita de emprstimo bancrio. Vai solicitar o emprstimo e as sociedades tm responsabilidade limitada, por isso o scio no responde. Os bancos vo exigir uma fiana especial do scio gerente para, se os bens da sociedade no chegarem, o banco poder ir buscar os bens do prprio scio gerente, carros, casa... Sucedeu que comearam a surgir nos departamentos jurdicos dos bancos fianas em que em caso de incumprimento o scio gerente era fiador do emprstimo contrado e outros contrados no futuro, letras e livranas futuras. Eram fianas para queles emprstimos e para emprstimos futuros. Depois comearam a abranger outras relaes com o banco e outros negcios que se viesse a celebrar. A certa altura o fiador no pode saber o que est a afianar.

Problema: o objecto deste negcio comeou por nascer com carcter determinado e a certa altura passou a ser apenas determinvel e por fim era to amplo, to amplo que se tornou indeterminvel - podia abranger todas as relaes que a empresa pudesse vir a estabelecer com o banco. Problema da nulidade devido indeterminabilidade do objecto e por violao do artigo 280. O acrdo de uniformizao de jurisprudncia considerou que estas fianas por serem to amplas e indeterminveis eram nulas. O que aconteceu em 2001 com este acrdo foi que os bancos ficaram em pnico porque se aquela foi declarada nula, as outras todas tambm podiam ser.Havia outra soluo?O objecto enquanto determinado vlido, enquanto determinvel tambm (emprstimos futuros). Podia ter-se convertido ou reduzido, no se aproveitando a parte indeterminvel.

AUJ n 4/2001, de 23 de Janeiro: nula, por indeterminabilidade do seu objecto, a fiana de obrigaes futuras, quando o fiador se constitua garante de todas as responsabilidades provenientes de qualquer operao em direito consentida, sem meno expressa da sua origem ou natureza e independentemente da qualidade em que o afianado intervenha.

GARANTIAS REAIS:1. Consignao de rendimentos2. Penhor3. Hipoteca4. Privilgios creditrios5. Direito de reteno6. Penhora e arresto

1. CONSIGNAO DE RENDIMENTOS:Artigo 656: noo. A garantia no diz respeito ao bem em si mesmo, diz respeito aos rendimentos do bem. Tambm se chama anticrese.

Problema:Saber se uma verdadeira garantia real: o problema que a garantia diz respeito aos rendimentos do bem e no incide sobre o bem em si mesmo. No ser mais uma forma de facilitar a extino da obrigao? Levanta-se esta dvida.

2. PENHOR:A garantia real por excelncia a hipoteca. O legislador trata primeiro do penhor, mas em muitos aspectos importantes remete para o regime da hipoteca.

A. Noo: artigo 666.

B. Objecto: o penhor diz respeito a coisas mveis e direitos que tenham por objecto coisas mveis, em ambos os casos no susceptveis de hipoteca e a hipoteca diz respeito a coisas imveis ou coisas mveis registveis.

C. Categorias: o penhor pode ser penhor de coisas ou penhor de direitos. No penhor de direitos h um caso de direitos sobre direitos, h um caso de direitos que tm por objecto outros direitos.

Acepes de penhor:Penhor tem vrios sentidos. Por vezes fala-se da coisa objecto de penhor.Por vezes fala-se de penhor enquanto direito de preferncia na alienao da coisa.Outras vezes fala-se de penhor para significar o contrato de penhor.

D. Liberdade de forma e desapossamento:No h forma especial, mas por essa razo exige-se o desapossamento. A constituio de penhor exige em regra a entrega da coisa a terceiro ou ao credor: artigo 669, n 1. Isto compreende-se porque, como no est sujeito a registo, se no houvesse desapossamento a tutela de terceiros estava enfraquecida. Para terceiros parecia que a propriedade era de quem detinha o objecto.O desapossamento a regra, mas h excepes. O desapossamento fsico pode ser substitudo por um documento que diga que no pode haver alienao. Pode haver um sistema em que o credor se torne compossuidor da coisa.O desapossamento no necessrio no penhor mercantil, a o desapossamento no a regra.

CARACTERSTICAS:A. Garantia real plena: mesmo o valor da coisa que responde. O credor tem o direito de vender a coisa em hasta pblica e de se fazer pagar com prioridade sobre os demais credores, mas isto no quer dizer que possa ficar proprietrio do bem. A consignao de rendimentos no garantia plena porque s incide sobre os rendimentos e no sobre a coisa.O credor no pode ficar proprietrio da coisa por causa da proibio do pacto comissrio, por remisso: artigo 694. O pacto comissrio proibido e a sano a nulidade.

B. Garantia real indivisvel: artigo 696. O penhor indivisvel. A indivisibilidade tem vrios sentidos. O penhor incide sobre dois relgios e a dvida de 100. O devedor paga metade da dvida - a garantia permanece na totalidade sobre todos os bens, mesmo que a dvida seja parcialmente reduzida. Se a dvida menor, o credor tem direito a receber menos com a venda dos relgios, mas ambos os relgios continuam a garantir a obrigao.

C. Garantia acessria: artigo 730, a). Se a obrigao do devedor se extinguir, o penhor tambm se extingue, no subsiste.

AULA DE 10/11

3. HIPOTECA:

Modalidades:1. legal: nasce da previso da lei, mas para ser validamente constituda tem de ser registada. Esto previstas na lei. O registo constitutivo, condio de validade.2. judicial: quem tem a sentena pode ir registar a hipoteca sobre bens do devedor. Mas a hipoteca nasce com o registo, o registo constitutivo, condio de validade. Artigo 710, n 1.3. voluntria: resulta da vontade das partes. Exemplo: emprstimos para habitao - o banco vai exigir a constituio de hipoteca sobre essa casa, a pessoa compra a casa com hipoteca. necessrio o registo. Artigo 687. Na hipoteca voluntria o registo no condio de validade, no constitutivo, condio de eficcia, mesmo em relao s partes, seno no produz efeitos entre as partes.

CARACTERSTICAS:1. Garantia plena - atinge a essncia do bem, o bem pode ser vendido em hasta pblica e o credor pode fazer-se pagar com preferncia relativamente aos outros credores.

2. Indivisvel: artigo 696. Se houver uma hipoteca sobre dois terrenos, se a dvida for paga em metade, um dos terrenos no fica liberto. A hipoteca incide na totalidade sobre os dois terrenos. Se um dia for vendido em hasta pblica, o credor tem direito a fazer-se pagar com preferncia sobre os outros credores sobre o que estiver em dvida no momento em que o devedor deixou de cumprir, mas a hipoteca incide sobre a totalidade do bem.

3. Garantia acessria da obrigao principal: artigo 730, a). A hipoteca no se mantm se a obrigao princ