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7/25/2019 Teorias liguisticas III - UEPB - 2012.pdf http://slidepdf.com/reader/full/teorias-liguisticas-iii-uepb-2012pdf 1/159 Governo Federal Dilma Vana Rousseff Presidente  Ministério da Educação  Aluísio Mercadante Ministro  CAPES Jorge Almeida Guimarães Presidente  Diretor de Educação a Distância João Carlos Teatini de Souza Clímaco  Governo do Estado Ricardo Vieira Coutinho Governador  UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Marlene Alves Sousa Luna Reitora   Aldo Bezerra Maciel  Vice-Reitor  Pró-Reitor de Ensino de Graduação Eli Brandão da Silva  Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE Secretaria de Educação a Distância – SEAD Eliane de Moura Silva   Assessora de EAD Coord. da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UEPB Cecília Queiroz Teorias liguisticas III 26.02.2012.indd 1 11/04/2012 13:00:42

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Governo FederalDilma Vana Rousseff 

Presidente

 Ministério da Educação Aluísio Mercadante

Ministro 

CAPESJorge Almeida Guimarães

Presidente 

Diretor de Educação a Distância

João Carlos Teatini de Souza Clímaco 

Governo do EstadoRicardo Vieira Coutinho

Governador 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA Marlene Alves Sousa Luna

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 Aldo Bezerra Maciel Vice-Reitor

 Pró-Reitor de Ensino de Graduação

Eli Brandão da Silva 

Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPESecretaria de Educação a Distância – SEAD

Eliane de Moura Silva 

 Assessora de EADCoord. da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UEPB

Cecília Queiroz

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB

EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: [email protected]

Editora da Universidade

Estadual da Paraíba

Diretor Cidoval Morais de Sousa

Coordenação de EditoraçãoArão de Azevedo Souza

Conselho EditorialCélia Marques Teles - UFBADilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB

Djane de Fátima Oliveira - UEPBGesinaldo Ataíde Cândido - UFCGJoviana Quintes Avanci - FIOCRUZRosilda Alves Bezerra - UEPBWaleska Silveira Lira - UEPB

Universidade Estadual da ParaíbaMarlene Alves Sousa LunaReitora

 Aldo Bezerra Maciel Vice-Reitor

Pró-Reitora de Ensino de GraduaçãoEliana Maia Vieira

Coordenação Institucional de Programas Especiais-CIPESecretaria de Educação a Distância – SEADEliane de Moura Silva

Cecília Queiroz Assessora de EAD

Coordenador de TecnologiaÍtalo Brito Vilarim

Projeto Gráco

 Arão de Azevêdo Souza

Revisora de Linguagem em EADRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisão LinguísticaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Diagramação Arão de Azevêdo SouzaGabriel Granja

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 TEORIAS LINGUÍSTICAS III

 Adriana Rodrigues Pereira de SouzaFabiene Araújo Batista

Francisca Maria de Mélo

Campina Grande-PB2012

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Sumário

I UnidadeFormalismo e Funcionalismo Linguístico..............................................7

II UnidadeFuncionalismo Linguístico Norte-Americano......................................23

III UnidadeFuncionalismo Linguístico Europeu: LinguísticaSistêmico-Funcional e Multimodalidade............................................39

IV Unidade A fundação da análise do discurso: o projeto audacioso...................61

 V UnidadeOs Conceitos da Construção da Maquinaria do Discurso..................87

 VI Unidade As mudanças conceituais da Análise do Discurso............................107

 VII UnidadeOs novos horizontes conceituais da Análise do Discurso..................121

 VIII UnidadeChegando à praia da Linguística Aplicada......................................139

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Teorias LinguisticasIII I SEAD/UEPB  7

I UNIDADE

Formalismo eFuncionalismo Linguístico

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 8 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

 ApresentaçãoPrezado(a) aluno (a),

Queremos iniciar parabenizando vocês que conseguiramchegar a este período e já desejar muito sucesso nesta novaetapa. É importante ser perseverante e fazer parte da históriada EAD como sujeito protagonista que encontra novos sen-tidos e constrói significados para o que até então não era

conhecido.Nossa disciplina, Teorias Linguísticas III, contempla no-

vas abordagens da Linguística Funcional para o estudo dalíngua. Na primeira unidade faremos uma breve revisão dopolo formalista e posteriormente introduziremos o funciona-lismo linguístico, dedicando a este assunto as três primeirasunidades. Posteriormente, nas unidades IV, V, VI e VII serãoapresentadas para vocês, aprendentes, as fases de desen-volvimento da Análise do Discurso de linha francesa, na qualiremos tratar de discursos, sujeitos, formações discursivas esuas análises. E por fim, na unidade VIII, contemplaremosnoções sobre a ciência Linguística Aplicada.

Logo no início da leitura deste material, vocês irão perce-ber que iremos analisar textos, ora na perspectiva da Análisedo Discurso, ora na perspectiva do funcionalismo que sedesdobrará em outras áreas que são: Linguística Sistêmico--funcional e Multimodalidade que representa uma das maisatuais áreas de estudos da linguagem.

 As atividades apresentadas foram pensadas com o intui-

to de auxiliá-los na leitura do livro-texto, como também assugestões bibliográficas que se encontram no final de cadaunidade. A proposta é que vocês leiam para pesquisas eaprofundamentos nos temas.

Bom êxito para todos!

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Teorias LinguisticasIII I SEAD/UEPB  9

Objetivos

 Ao término desta aula esperamos que você:

• Revise de forma crítica os estudos linguísticos que compõem oPolo Formalista;

• Compreenda as ideias gerais que caracterizam o FuncionalismoLinguístico e que se contrapoem ao polo formalista;

• Reconheça as novas abordagens da língua;

• Reflita sobre as novas tendências da Linguística;

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 10 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

Revisando o polo formalistados estudos linguísticos

 Vocês lembram que no início do curso, na disciplina Teorias Lin-guísticas I, estudamos as concepções de língua nas perspectivas degrandes linguistas como Saussure e Chomsky? Também lembram quecomparamos as diferenças de visão da língua desses autores com as deBenveniste e Bakhtin? Pois é, com esta reflexão, vamos iniciar nossadisciplina compreendendo que a forma de estudar a língua no estrutu-ralismo representa uma perspectiva de estudo que se enquadra em umpolo denominado de formalista.

Para revisar ...

 Atividade I

Para representar como a língua é estudada no estruturalismo, podemosimaginar a seguinte representação da relação linguagem < língua / fala:

1. Essa imagem se resume no enunciado de Saussure (1988, p. 92): “A línguaé para nós a linguagem menos a fala”. A partir desta imagem, explique comoos estudos de Saussure, de cunho estruturalista, abordam língua e fala.(se necessário, consulte a III Unidade do livro-texto da disciplina TeoriasLinguísticas I)

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Para início de conversa ...Segundo Carvalho (2011, p. 53), “(...) a língua é homogêneae social. Se opomos essas características às da fala, podemosdeduzir que a fala é heterogênea e individual, (...) E assim,

a homogeneidade e o fato de ter sua existência vinculadaao social são determinantes para que a língua seja tomadacomo o objeto de estudo da Linguística. Por ser homogênea,ela representa um sistema passível de ser analisado em seuselementos, o que não é possível de ser feito com a fala. Porser a realização concreta de cada falante, a fala é marca-da pela assistematicidade, pela imprevisibilida de, comportauma gama de variação. Portanto, não constitui um objeto deestudo confiável..

Pelo menos esta ideia de que a fala “não constitui um objeto deestudo confiável” é uma forma de compreensão que caracteriza umdos polos das investigações linguísticas, o polo formalista, representadopelos estruturalistas e gerativistas. E mais adiante, vamos constatar que

esta forma de encarar a fala opõe esses estudos da Linguística aos quesão contextualizados na perspectiva funcionalista.

Mas, para entendermos melhor o que caracteriza cada polo, vamosnos inteirar mais sobre o polo formalista, este que assim é denominadopor priorizar a forma ou estrutura, entendendo a língua como sistemaautônomo, sem influência de fatores externos, ou seja, da situação co-municativa. Focalizando os aspectos estruturais e formais da sentença.Como vimos especificamente na disciplina Teorias Linguísticas I, estaciência apresenta vários momentos que são identificados pelas concep-ções de língua e linguagem de vários teóricos que marcaram a históriada Linguística, entre outros ressaltam-se Saussure e Chomsky. E é a par-

tir destes teóricos que podemos delinear dois paradigmas linguísticosque marcaram o polo formalista.: behaviorismo e cognitivismo

 Atividade II

1. Faça pesquisa em livros didáticos de Língua Portuguesa e retire duasatividades que apresentam inuência do estruturalismo no ensino de línguamaterna e elabore um texto comentário sobre estas atividades e justique suaanálise com citações retiradas deste texto ou de artigo cientíco (acadêmico)pesquisados em sites, anais de congressos ou livros acadêmicos. Socializeseus textos no AVA, de acordo com as orientações do professor. (Não esqueçade informar a fonte das citações).

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 12 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

Continuando nossa revisão...

Estruturalismo (Behaviorismo) – Segundo Marcuschi (2008, p. 30),

O quadro epistemológico saussuriano vigorou paraalém de meados do século XX, inclusive na Amé-rica do Norte, onde paralelamente se instalara aperspectiva bloomfieldiana, similar à de Saussure,o que não ocorria em Leonard Bloomfield (1887– 1949), um behaviorismo despretensioso sob oponto de vista epistemológico. Mesmo a contra-gosto do autor, as propostas saussurianas e suasderivadas culminaram num estruturalismo formal.

É importante lembrar aqui que Saussure instaurou uma série dedicotomias para definir o objeto da Linguística, destacando-se comomais importante para este objetivo a distinção entre langue (visão dalíngua no plano social, convencional) e parole (visão da língua no pla-no das realizações individuais).

Nesta perspectiva formal, levou-se a ignorar uma série de aspec-tos hoje considerados centrais na investigação linguística. Em especial,ignorou-se quase tudo o que estava ligado à semântica, à pragmática e historicidade. Para deixar mais claro o que isto que dizer, ao observaro texto do gênero charge de Lila a seguir, retirado dos arquivos doJornal da Paraíba, um estudo da língua, em uma abordagem formal, a

partir desta charge só levaria em consideração os aspectos formais dotexto como a sentença “Assista agora os noticiários ...”. Dessa forma,o que interessa ao estudo formal em um texto como o exemplificadoé a regência do verbo “assistia”, o elemento circunstancial “agora”, atransitividade verbal e seu objeto, entre outros. Isto considerando osestudos formais da língua com base nos pressupostos estruturalistas.

Sendo assim, o contexto e situação comunicativa em que a senten-

Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com/charges.php?pag=2

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Teorias LinguisticasIII I SEAD/UEPB  13

ça foi escrita, os interlocutores e os elementos visuais são ignorados. Enão precisa entrar em detalhes para dizer o quanto estes outros aspec-tos são importantes para o sentido do texto, não é mesmo?

 Atividade III

1. A partir da leitura da charge de Lila, exposta anteriormente, considerandoo contexto, a situação comunicativa, os interlocutores, as imagens e a frase“Assista agora os noticiários ...”. Produza um texto explicando como se

constitui o sentido nesta charge.

Uma observação ...Durante o século XX, pode-se dizer, que o polo formalista divide-se

em dois momentos marcantes da Linguística , pois o behaviorismo e o

empirismo predominaram até o final dos anos 50. Já a partir dos anos60 começou-se a observar de forma acentuada, cada vez mais, o do-mínio do cognitivismo. Esta palavra ao ser usada na Linguística remeteinicialmente ao Chomsky que deu uma grande contribuição ao estudoscognitivistas. Mas o que significa mesmo a palavra cognitivismo?

 Atividade IV 1. Pesquise no dicionário e na wikipédia o que é cognitivismo linguístico esocialize no AVA, de acordo com as orientações do professor.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Continuando nossaconversa...

Sobre o Cognitivismo – segundo Mélo e Ramos (2009, p. 194),

a diferença básica entre as duas correntes (estru-turalimo e cognitivismo) situa-se na tese defendidapor Chomsky de que o falante tem uma capacida-de inata para a linguagem – o inatismo. Ou seja,todo falante de língua materna domina as regrasda língua, isto é, tem uma gramática internaliza-da que lhe permite formular/gerar inúmeras frases,por isso o nome de gramática gerativa, como tam-

bém julgar a sua aceitabilidade – o que vem a sera competência linguística.

Mélo e Ramos (op.cit) ainda afirmam que para Chomsky, a compre-ensão de uma gramática implica a compreensão dessa competêncialinguística em oposição à performance, que se relaciona ao uso efeti-vo de língua em situações concretas. Em seus estudos, para demons-trar a transformação da competência linguística para a performance,Chomsky usava um esquema de diagrama arbóreo.

Este modelo teórico foi desenvolvido e reformulado diversas vezesdurante as décadas de 1960 e 1970, tendo sido abandonado na déca-da de 1990, segundo Kenedy (2008, p. 133), “em favor de uma visãoque não mais representava estruturas, e sim as derivava”. Em resumo,Chomsky busca uma compreensão científica da gramática gerativa (in-ternalizada) dominada pelo falante, porque, para ele:

a capacidade humana de falar e entender uma lín-gua (pelo menos), isto é, o comportamento linguís-tico dos indivíduos, deve ser compreendida comoo resultado de um dispositivo inato, uma capaci-dade genética e, portanto, interna ao organismohumano (e não completamente determinada pelomundo exterior, como diziam os behavioristas), aqual deve estar fincada na biologia do cérebro/mente da espécie e é destinada a constituir a com-petência linguística de um falante. Essa disposiçãoinata para a competência linguística é o que ficouconhecido como faculdade da linguagem.(KENE-DY, 2008, p. 129)

Mélo e Ramos (2009) ao analisarem as palavras deste autor, con-

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sideram que a linguística gerativa apresenta outros avanços, os quaisafetam, consequentemente, a ideia de competência linguística e cedelugar para um novo foco – o da hipótese de gramática universal, norte-ada pela teoria de princípios e parâmetros. Esta apresenta duas fases:a da regência e da ligação e o programa minimalista. Neste contexto, oobjetivo é estudar a sintaxe buscando identificar as estruturas sintáticasque são comuns entre todas as línguas do mundo.

Esta ideia parece não ter origem no gerativismo. A preocupaçãocom uma gramática universal é interesse da filosofia aristotélica, muitoantes do surgimento e confirmação da linguística como ciência, mo-tivada pelo interesse de estudar um esquema universal de linguagemsubjacente a todas as línguas do mundo, retomado pela chamada Gra-mática de Port Royal1 (1960).

 Apesar das mudanças de foco, que são comuns no quadro evoluti-vo de todas as ciências e teorias, o gerativismo não abandonou o prin-cípio básico desta corrente - a tese da faculdade da linguagem como

parte notável da capacidade mental humana.

 Atividade V 

1. Produza um texto explicando o que opõe o modelo de análise linguísticagerativista ao modelo estruturalista/behaviorista e publique no seu blog do AVA.

Outra observação ...

 Apesar de em alguns tipos de pesquisas linguísticas ainda hoje sefundamentarem nos princípios formalistas, o que se justifica, muitas ve-zes por seus objetivos, há um outro paradigma que se opõe às concep-ções formalistas que é o funcionalismo.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

1  A Gramática de Port-Royal “Gramáticageral e razoada contendo os fundamentosda arte de falar, explicados de modo cla-ro e natural”) foi um trabalho pioneiro na

área da losoa da linguagem, publicadoem 1660 por Antoine Arnauld e ClaudeLancelot. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica_de_Port-Royal)

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 16 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

O polo funcionalistados estudos linguísticos

O Funcionalismo representa o polo funcionalista cujo foco de análiseé a função desempenhada pela forma linguística no contexto de uso– contexto este não restrito à escrita, mas incluindo a fala. Nessa pers-pectiva, a forma linguística é elaborada para atender às necessidadescomunicativas do falante, cujas intenções podem ser de argumentar,descrever, ordenar, pedir, entre outras ações.

 A interferência de fatores externos (já que a comunicação pressu-põe um locutor e um destinatário, um objetivo comunicativo, um efeito)compreende o que Marcuschi (2008) denomina de virada pragmática.Logo, o funcionalismo, por entender a língua como prática social, levaem conta os princípios da Pragmática, vertente que se volta para o es-

tudo dos atos de fala (locutório, ilocutório, perlocutório) bem como dasestratégias de proteção da face. Pode-se dizer descontraidamente queo funcionalismo possibilita à volta dos aspectos excluídos nos estudosda língua, como por exemplo, a fala deixada de lado por Saussure eo contexto sócio histórico que foram desconsiderados pelos teóricosestruturalistas e cognitivistas.

 

 Atividade VI1. Considerando que os fatores externos interferem no uso da língua, jáque a comunicação pressupõe um locutor e um destinatário, um objetivocomunicativo, um efeito, elabore um texto resposta, explicando como os fatoresexternos aos elementos linguísticos interferem no sentido da seguinte charge.

Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com/upload_arquivos/05072011235530.jpg

dica. utilize o bloco

de anotações pararesponder as atividades!

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Teorias LinguisticasIII I SEAD/UEPB  17

Continuandonossa conversa ...

Os estudos realizados dentro do polo funcionalista se opõem total-mente ao estruturalismo e gerativismo, pois segundo Cunha (2008, p.157) o funcionalismo é uma corrente linguística que “se preocupa emestudar a relação entre a estrutura gramatical das línguas e os diferen-tes contextos comunicativos em que elas são usadas” além de conceber

a linguagem como instrumento de interação social,alinhando-se, assim, à tendência que analisa a re-lação entre linguagem e sociedade. Seu interessede investigação linguística vai além da estruturagramatical, buscando na situação comunicativa –que envolve os interlocutores, seus propósitos e ocontexto discursivo – a motivação para os fatos dalíngua..

 

Para Cunha (2008, p.158),

na análise de cunho funcionalista, os enunciadose os textos são relacionados às funções que elesdesempenham na comunicação interpessoal. Ouseja, o funcionalismo procura essencialmente tra-balhar com dados reais de fala ou escrita retiradosde contextos efetivos de comunicação, evitando li-

dar com frases inventadas, dissociadas de sua fun-ção no ato da comunicação.

Os estudos funcionalistas divergem dos gerativistas quando estes afir-mam que a existência dos universais linguísticos2 derivam de uma heran-ça genética comum à espécie humana, pois para aqueles “é a universa-lidade dos usos a que a linguagem serve nas sociedades humanas queexplica a existência dos universais linguísticos” (CUNHA, 2008).

Outra divergência entre funcionalistas e gerativistas é quanto aoprocesso de aquisição da linguagem. Enquanto os gerativistas por umlado explicam a aquisição como uma capacidade humana específica

para a aprendizagem da língua, por outro lado, os funcionalistas ten-dem a explicar esse processo como desenvolvimento das necessidadese habilidades comunicativas da criança na sociedade.

 A criança é dotada de uma capacidade cognitivarica que torna possível a aprendizagem da lingua-gem, assim como outros tipos de aprendizagem. Écom base nos dados linguísticos a que é expostaem situação de interação com os membros de suacomunidade de fala que a criança constrói a gra-mática da sua língua. (CUNHA, 2008, p.158).

2 Cunha (2008) esclarece que em sentidoestrito, “universal linguístico” é um termodesignativo de uma propriedade que todasas línguas têm (por exemplo, todas as lín-guas têm elementos que são foneticamente

 vogais). Mais recentemente, admite-s e que

os universais linguísticos não são absolu-tos, mas uma questão de grau de tendência,de modo que reetem uma propriedade que

se manifesta na maioria das línguas.

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 18 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

Por fim, nos estudos funcionalistas, ainda segundo Cunha, “línguanão constitui um conhecimento autônomo, independente do compor-tamento social, ao contrário, reflete uma adaptação, pelo falante, àsdiferentes situações comunicativas.”.

 Atividade VII

1. Elabore um resumo sobre as principais divergências entre os estudos

realizados dentro do polo funcionalista com o estruturalismo e o gerativismo.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

Continuando ... 

O modelo de estudo funcionalista de análise linguística caracte-riza-se por duas propostas básicas, primeiramente a de que a línguadesempenha funções que são externas ao sistema linguístico em si; se-gundo que as funções externas influenciam a organização interna do

 sistema linguístico. Dessa forma, a língua reflete uma adaptação, pelofalante, às diferentes situações comunicativas. Diante disto, os estu-dos funcionalistas são organizados em dois grupos: o funcionalismoeuropeu que pode ser representado pelos linguista Michael Hallidaye o holandês Simon Dik enquanto o funcionalismo norte-americano érepresentado pelos trabalhos Givón, Sandra Thompson, Paul Hoppere Thompson. Nas unidades seguintes iremos conhecer as principaisideias introdutórias de cada grupo funcionalista.

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 Atividade VIII

De acordo com a leitura sobre os princípios que norteiam os polos formalistae funcionalista, preencha o quadro a seguir com as principais divergênciasapresentadas entre ambos.

COMPARAÇÃO DOS FOCOS NA VISÃO DALINGUÍSTICA ESTRUTURAL E FUNCIONAL

LINGUÍSTICA “ESTRUTURAL” LINGUÍSTICA “FUNCIONAL”

 As novas tendênciasda Linguística

Cada momento é importante para o desenvolvimento da ciência dalinguagem. No entanto, ao se tratar de estudos científicos da lingua-

gem, ainda hoje são realizadas pesquisas que seguem cada um destesparadigmas, dependendo do objeto de estudo e do intuito das pes-quisas. Por exemplo, para estudos descritivos com intuito de elaborargramáticas normativas de dialetos falados em países sem língua oficial,recorre-se aos fundamentos do estruturalismo; para os estudos sobreaquisição da linguagem, seja de uma segunda língua ou de línguamaterna desenvolvem-se as linhas de pesquisa que encontram funda-mentos no cognitivismo; e por fim, para pesquisas que focam o estudoda língua contextualizada sociohistoricamente, como as variações lin-guísticas , segue-se os princípios funcionalistas.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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No entanto, a linguagem tem se desenvolvido a ponto destas pers-pectivas teóricas não serem suficientes para analisar outras modalida-des de linguagem, além da verbal. Dessa forma, a Linguística se mostrauma ciência “limitada” para explicar estes outros novos elementos.

Neste contexto, surge a necessidade da Linguística recorrer aos ou-tros campos de estudo, que no século XX, a partir dos anos 1950 –1960, pode-se citar algumas denominações de caráter eminentemen-te interdisciplinares do tipo: Linguística-de-texto, Análise do discurso,

 Análise da conversação, Sociolinguística, Psicolinguística e entre outrascabe citar a Linguística Aplicada

Recentemente, com a influência dos estudos linguísticos da Linguís-tica Sistêmico-Funcional, outras abordagens são dadas aos estudos dalíngua, observando sua natureza intrínseca com outras linguagens visu-ais, as linguagens das cores, entre outras. Criando um campo de estudode olho nas multimodalidades presentes em um texto que são interliga-

das, representando sentidos constituídos sóciosemioticamente. Dá-seeste foco aos estudos linguísticos de gêneros textuais que apresentamvárias semioses, como é comum aos gêneros digitais que circulam nainternet. Dessa forma, estudaremos nas próximas unidades os pressu-postos da Análise do discurso de linha francesa e noções introdutóriassobre a os estudos da multimodalidade e o ensino de língua materna.

Leitura recomendadaManual de Linguística: Mario Eduardo Martelotta

Gênero: Linguistica

Editora: CONTEXTO

Sinopse: Este ‘Manual de linguística’ - pensado e elaborado para alu-nos de letras, linguística e áreas afins - a obra apresenta princípios econceitos básicos de várias correntes da linguística moderna, conci-

lia informações de caráter tradicional, dialoga com outros manuais eaponta tendências. Além disso, estimula o leitor a navegar nos rumosdo funcionamento da linguagem através de uma abordagem instigante.

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Resumo

O polo formalista ignora uma série de aspectos hoje consideradoscentrais na investigação linguística. Em especial, quase tudo o que esta-va ligado à semântica, à pragmática e historicidade. O modelo de estu-do funcionalista de análise linguística caracteriza-se por duas propostasbásicas, primeiramente a de que a língua desempenha funções que sãoexternas ao sistema linguístico em si; segundo que as funções externasinfluenciam a organização interna do sistema linguístico. Além disso,a linguagem tem se desenvolvido a ponto destas perspectivas teóricasnão serem suficientes para analisar outras modalidades de linguagem,além da verbal. Dessa forma, a Linguística se mostra uma ciência “limi-tada” para explicar estes outros novos elementos.

 AutoavaliaçãoPara sistematizar o que você aprendeu nesta unidade, comente a citaçãoa seguir, explicando o que você entendeu, como também elaborandoquestionamentos sobre o assunto que podem ser socializados em chat comcolegas e professora. Assim, segundo Cunha (2008, p. 157), o funcionalismo éuma corrente linguística que

(...)se preocupa em estudar a relação entre a estru-tura gramatical das línguas e os diferentes contex-

tos comunicativos em que elas são usadas” alémde conceber “a linguagem como instrumento deinteração social, alinhando-se, assim, à tendênciaque analisa a relação entre linguagem e socieda-de. Seu interesse de investigação linguística vaialém da estrutura gramatical, buscando na situa-ção comunicativa – que envolve os interlocutores,seus propósitos e o contexto discursivo – a motiva-ção para os fatos da língua.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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ReferênciasCARVALHO, Eneida Oliveira Dornellas de.  Teorias Linguisticas 1.Campina Grande: EDUEPB, 2011.178 p.

CUNHA, Maria Angélica Furtado da. Funcionalismo In: MARTELOTTA,Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto,2008.

KENEDY, Eduardo. Gerativismo. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo(Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2008.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.

São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MÉLO, Francisca Maria de. E RAMOS, Marta Anaísa Bezerra. Sintaxee Ensino: velhos dilemas, novos olhares. In: ARANHA, S. D. G.;PEREIRA, T. M. A.; ALMEIDA, M. L. L. (Orgs.). Gêneros e Linguagens:diálogos abertos. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2009.

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II UNIDADE

Funcionalismo Linguístico

Norte-Americano

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 Apresentação

Na aula anterior estudamos algumas ideias que norteiamos estudos realizados no polo funcionalista versus as que nor-teiam o polo funcionalista da Linguística. Nesta aula vamoscontinuar os estudos centrando-se na Linguística Funcionalque visa analisar a língua a partir de uma gramática dinâmi-ca, que estuda uma língua que está em constante mutação,pois em virtude do surgimento de novas expressões ou daadequação de algumas já existentes, faz-se necessário quea gramática se adapte a esse ritmo de uma língua viva.

Sendo assim, faremos nesta unidade uma análise e des-crição funcionalista de fenômenos sintáticos, realizados nodiscurso oral ou escrito, bem como refletiremos sobre osprincipais paradigmas teóricos da linguística funcional nor-te-americana, com ênfase especial nos fenômenos da gra-maticalização e da iconicidade.

Esta é uma unidade que exigirá de você muita aplicaçãono trato com as atividades propostas, pois as mesmas cum-prem a função de auxiliar a fixação do conteúdo que está

sendo estudado. Portanto, faz-se necessária muita disciplinae empenho.

Bons estudos!

 

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Objetivos

 Ao término desta aula esperamos que você:

• Compreenda em que consiste os estudos funcionalistas;

• Enxergue o processo de gramaticalização em usos reais da lín-gua portuguesa;

• Entenda o princípio da iconicidade;

• Saiba aplicar a linguística funcional na prática docente.

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Continuando nossa conversasobre funcionalismo

linguístico...Focalizado na análise do uso real da língua e entendendo a gra-

mática como sendo algo dinâmico, o funcionalismo parte da tese deque as formas linguísticas acomodam-se as necessidades dos falantes.

 Você pode está se perguntando onde e como surgiu a teoria funcio-nalista. É possível afirmar que os estudos funcionalistas surgiram coma Escola de Praga, a qual possui uma nítida preocupação em entenderfunção como sendo o cerne da reflexão, ou seja, une o estrutural e o

funcional enxergando a dinâmica que permeia todo o constante desen-volvimento da linguagem. Desta feita, ao funcionalismo interessa os finsa que servem as unidades linguísticas; se ocupa, pois, das funções dosmeios linguísticos de expressão.

Nos trabalhos da Escola Linguística de Praga, os termos função efuncional são muito empregados. Na tradição gramatical, entende-sepor função o papel de uma palavra numa proposição; para o funcio-nalismo, função refere-se à relação existente entre os elementos linguís-ticos, bem como a finalidade deles. O termo funcional, por outro lado,é entendido, na teoria funcionalista, como estando atrelado à compe-tência comunicativa.

 A perspectiva funcionalista de análise dos fenômenos linguísticostem se constituído importante paradigma para estudos que buscam oconhecimento de fenômenos inerentes ao uso real da língua, incluídoaspectos evidentes como a variação, a mudança, a emergência dasfunções e a organicidade das formas que as realizam.

Ocorre que, para criar novos rótulos, o falante não inventa arbi-trariamente sequências novas de sons, mas tende fortemente a utilizarmaterial já existente na língua, estendendo o sentido de palavras oucriando palavras novas.

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 Atividade IReita e escreva algumas hipóteses que expliquem a seguinte armação:Durante muito tempo houve uma resistência dos funcionalistas para estudaro texto escrito.

 Atividade II

Leia o texto a seguir para responder a questão 01:

Novo dicionário escolar reconhece termos como ‘periguete’ e ‘tuitar’

‘Aurélio Júnior’ tem lançamento na Bienal do Livro do Rio.

Edição também traz novo significado para a palavra ‘ficar’.

Lançada na Bienal do Livro, que acontece no Rio até dia 11 desetembro, a nova edição escolar do dicionário “Aurélio” tem como no-vidade a inclusão das palavras “periguete”, “tuitar” e outras expressõesque circulam nas bocas das novas gerações entre seus 30 mil verbetes.

Segundo definição do “Aurélio Júnior”, “periguete” significa “moçaou mulher que, não tendo namorado, demonstra interesse por qualquerum”, enquanto “tuitar” é definido como “postar ou acompanhar algo

postado no Twitter”. “O uso é o que habilita uma palavra a entrar para o dicionário”,

diz a Valéria Zelik, responsável pela edição do manual. “A língua temmuitas nuances, e o dicionário é um reflexo disso, não o contrário”,afirma a editora.

Ela também cita os termos bullying, blog e deletar entre os verbe-tes integrados recentemente, além do verbo “ficar”, que ganhou novosignificado: “trocar carinhos por período curto, mas sem compromissode namoro”.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Outra modificação nos verbetes foi a reintegração do termo “pre-sidenta” ao manual escolar. “A solicitação da Dilma Rousseff aflorouo uso desse feminino, que tem uma carga ideológica, é um femininofeminista”, diz a editora. (FONTE: G1 – 02 / 09 / 2011)

1.  Justique como a teoria funcionalista enxerga o aportuguesamento e asderivações da palavra “twitter”, bem como as transformações semânticaspelas quais algumas palavras passaram, conforme explícito no texto acima.

2. Comente a importância da Escola de Praga para o desenvolvimento dosestudos funcionalistas, e, além disso, discorra sobre a concepção defunção e funcional para as perspectivas estruturalista e funcionalista.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

 Voltando ao assunto...Qual será a concepção de língua defendida pelo funcionalismo?

Uma visão funcionalista da linguagem entende que a língua ocorresempre em um contexto e é sensível a ele, é sempre comunicativa e éprojetada para a comunicação. Portanto, o funcionalismo assenta quea língua é usada a serviço das intenções dos falantes e é da organiza-ção dessas metas que surge a ação discursiva.

O interesse de analisar a língua de um ponto de vista funcionaltambém está presente no grupo holandês, do qual se destaca a gramá-

tica de Dik, que se centraliza no êxito dos falantes ao se comunicarem,pois, para ele, o que mais importa é como o sujeito recebe a ação, ouseja, uma interação mais voltada para o ouvinte.

O Funcionalismo norte-americano, de acordo com Martelotta e Areas (2003), a linguística norte-americana surge a partir de uma ten-dência formalista atrelada aos estudos gerativistas que ocorre paralela-mente ao desenvolvimento de estudos de cunho funcionalista como ostrabalhos de Franz Boas, as pesquisas etnolinguísticas de Sapir e Wrorfe os importantes trabalhos de Bolinger, Kuno, Del Himes, Labov e muitooutros etno- e sociolinguistas.

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No entanto, o funcionalismo se fortaleceu nos Estados Unidos nadécada de 70, a partir dos estudos dos seus principais representantesque são Sandra Thompson, Paul Hopper e Talmy Givón. Nesta vertentedo funcionalismo, os estudos sobre a língua observam-na “do pontode vista do contexto linguístico e da situação de uso”. (MARTELOTTA,2003, p.23). Para melhor esclarecimento sobre esta forma de estudoda língua, Silva (2005, p. 50) afirma que

o Funcionalismo comporta estudos que ressaltam adinamicidade da gramática, levando em conta queas formas linguísticas se acomodam às necessida-des informacionais dos falantes. Qualquer aborda-gem que se pretenda funcionalista deve considerar,basicamente, a verificação de como a língua é usa-da nos processos comunicativos.

Nesta perspectiva de estudo da língua,

a sintaxe é uma estrutura em constante mutaçãoem consequência das vicissitudes do discurso. Ouseja, a sintaxe tem a forma que tem em razão dasestratégias de organização da informação empre-gadas pelos falantes no momento de interaçãodiscursiva. Dessa maneira, para compreender ofenômeno sintático, seria preciso estudar a línguaem uso, em seus contextos discursivos específicos,pois é nesse espaço que a gramática é constituída.(MARTELOTTA E AREAS, 2003, p. 23-24).

Dentre os princípios que dão sustentáculo ao modelo funcionalis-ta, merece destaque a concepção teórica de Gramaticalização, queexplica fenômenos de mudança no interior da língua, e o princípio daiconicidade, que consiste em motivações externas que levam à escolhade determinada estrutura linguística.

 Atividade III1. Produza um texto comparando as concepções de língua do polo formalista

coma as do polo funcionalista, a partir das citações a seguir:

Segundo Carvalho (2011, p. 53), o formalismo concebe que “(...)a língua é homogênea e social. Se opomos essas características às dafala, podemos deduzir que a fala é heterogênea e individual, (...)”

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Segundo Martelotta e Areas (2003, p. 23-24), “para compreendero fenômeno sintático, seria preciso estudar a língua em uso, em seuscontextos discursivos específicos, pois é nesse espaço que a gramáticaé constituída.”

02. Observe e analise a charge:

Comente, a partir das concepções de Dik, o mal entendido ocorrido levando em

consideração a premissa de que a comunicação deve está centrada no ouvinte.

Entendendo aGramaticalização

É impossível estudar gramaticalização sem fazer referência à pro-posta de Givón, pois, para ele, ela é o processo pelo qual itens e cons-truções gramaticais passa, em determinados contextos linguísticos, aservir a funções gramaticais e, uma vez gramaticalizados, continuam adesenvolver novas funções gramaticais.

 A gramaticalização consiste na ideia de que a gramática não estápronta, tendo em vista a fluidez dos elementos (a mesma palavra orapode ser substantivo, ora adjetivo); considera a mobilidade que as pa-lavras têm, sobretudo em situações informais do uso da língua.

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Quanto mais gramaticalizado o termo, mais fixo é, por exemplo, apalavra “tá” chama a atenção do ouvinte e nem sempre se configuranuma pergunta retórica, ou seja, está se desgramaticalizando, ou estáse descursivizando (sai da gramática e vai para o discurso)3.

Para Givón (1991)

 A gramaticalização pode ser vista na diacronia,mas do ponto de vista cognitivo ela é um processoinstantâneo que envolve um ato mental pelo qualuma relação de similaridade é reconhecida e ex-plorada: por exemplo, pode-se dar a um item pri-mitivamente lexical um uso gramatical em um novocontexto, e nesse mesmo momento ele se gramati-caliza. (apud CHRISTIANO, SILVA e HORA, 2004,p. 19)

 Vamos entender o que Givón nos diz através de um exemplo degramaticalização com o verbo “ir”:

Ex. 01 - ... quando ele vai atrás ele vê apenas um gato ... ele pega ogato ... entra no carro e  vai embora... (corpus D&G/Natal)

Ex. 02 - bem, a minha opinião sobe o namoro é que está muito avan-çado, porque esses rapazes de hoje não pensa do amanhã que vai ser. (corpus D&G/Natal).

 Você conseguiu enxergar o processo de gramaticalização nessesexemplos? Veja bem, o verbo ir acumula as funções de verbo pleno(exemplo 01) e auxiliar (exemplo 02), conforme haja o deslocamentoespacial ou temporal.

 Atividade IV 01. Baseado nos exemplos abaixo, comente o processo de gramaticalizaçãopelo qual passa a palavra onde:

Ex. 01 - ... no banheiro nós vamos encontrar uma prateleira ... onde 

fica os utensílios pessoais ... (corpus D&G/Natal)Ex. 02 - ... depois disso ... teve a noite onde foi escolhido o grupo de

cinco pessoas mais ou menos ... (corpus D&G/Natal)

Ex. 03 - ... eu acho que ao invés das pessoas sair na rua ... pedindopara ... ser implantado a pena de morte no Brasil ... deveria estar lutan-do por outras ... por outros métodos ... outros objetivos ... de melhorescondições de vida ... de melhor educação para os seus filhos ... onde as pessoas poderiam viver num país bom ... certo? (corpus D&G/Natal)

3 Em suma, a teoria da gramaticalizaçãotenta explicar as trajetórias de mudançalinguística.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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02. O verbo ir, nos textos abaixo, apresenta níveis de gramaticalização que,numa trajetória unidirecional, vai de um status menos gramatical para um maisgramatical. Segundo Furtado da Cunha e Silva (2007, p. 68), “esta trajetóriaassocia-se à abstratização (ou metaforização) progressiva do sentido de ir, quesegue a escala espaço>tempo (ou concreto>abstrato)”. Explique como se dáesse processo em cada um dos exemplos abaixo:

Ex. 01

Parto do princípio de que tenho de ser rápidana vida. Porque, se eu não fizer agora, outrapessoa  vai fazer. (Veja – outubro de 2010)

Ex. 02

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

Disponível em: http://vmulher5.vila.to/interacao/thumb/83/claudia-leitte-divulgacao-83-16-thumb-280.jpg

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O princípio da iconicidadeSabe aqueles assuntos sobre os quais é impossível falar sem tocar

no nome de alguém? Pois bem, é impossível falar sobre iconicidade sem

citar mais uma vez Givón, grande defensor da existência de motivaçãoicônica na gramática, que enxerga na sintaxe das línguas naturais umprincípio icônico, o qual entende que há uma motivação na formaçãoda estrutura sintática. E o que seria isso? O princípio da iconicidadecompreende a forma linguística como consequência do conteúdo, ouseja, há uma motivação que determina essa forma4.

Para Givón (1995) Um organismo pode desenvol-ver um sistema de processamento de informaçõesusando exatamente as mesmas unidades de codi-ficação, mas codificando funções totalmente dife-rentes. Assim, teríamos uma forma desempenhando

mais de uma função. O mais comum, no entanto, éa ocorrência de uma modificação estrutural para odesempenho de uma função nova, mas similar. As-sim, é possível que ocorram pequenas divergênciasna relação forma/função, passando uma forma aexercer duas funções, como é o caso do “aparelhofonador”, eventualmente, também, podem ocorrerde as duas estruturas divergirem (duas formas parauma função). (apud SILVA, 2005).

Para Givón, três subprincípios favorecem a efetivação do fenômenoicônico: o da quantidade, o da proximidade e o da ordenação linear.

Para o subprincípio da quantidade, o que determina a quantidadeé o valor que o sujeito dá a uma informação, bem como o caráter denovidade e de imprevisibilidade dela. Ou seja, quanto mais complexoo pensamento, mais complexo o enunciado.

Ex.: ... um motorista dele ... nesse tempo ele ... num era ... num eraum motorista dele não ... era do hotel ... porque ele ficou sem motorista... (corpus D&G/Natal)

O “não” que foi substituído por “num” sofreu um enfraquecimentofonético e, por conta disso, houve a repetição da negação com vistasà enfatizá-la.

O subprincípio da proximidade entende que é mais fácil associarentidades mentais se estas apresentarem proximidade no instante dacodificação.

Ex.: Há pouco tempo atrás, dois bárbaros assassinatos, o da atrizDaniela Perez e o da menina que foi queimada pelos sequestradoresressuscitou a polêmica da pena de morte. (corpus D&G/Natal)

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

4 A centralidade do caráter icônico da língualeva à compreensão de que a estrutura éconsequência das circunstâncias discursi-

 vas e de seus contextos de produção.

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 Vê-se, pois que a introdução de um aposto (dois bárbaros assassi-natos) entre o sujeito e o verbo enfraquece a integração entre sujeito epredicado no plano do conteúdo, o que resulta da falta de concordân-cia verbal.

Por fim, o subprincípio da ordenação linear afirma que existe umacorrelação entre a sequenciação temporal e a ordem de ocorrência doseventos descritos.

Ex.: ... o pai dela tava ... tava tomando banho ... o gato apareceuna ... na janela lá do ... do ... do banheiro ... ele tava tomando banhona banheira ... ele pulou dentro e rasgou o ... o ... o pai dela todinhonum matou não ... só fez arranhar né? ... depois ele pegou um co devassoura ... meteu no gato e o gato foi embora ... (corpus D&G/Natal)

Nesta caso, você percebe facilmente que a apresentação dos even-

tos narrados obedece à ordem cronológica e lógica em que ocorremas ações.

 Atividade V 

Comente os subprincípios da iconicidade baseado nos exemplos abaixo:

Ex. 01 - ... a nova regente ... ela não tava sabendo ...reger direito... aregente do coral ... tava errando lá um monte de coisas ... né? (corpusD&G/Natal)

Ex. 02 - ... e teve uma pessoa que chegou pra mim e perguntou ...“Gerson, você aceita ficar no grupo e tudo” ... num sei que ... eu disse...não ... num aceito não ... (corpus D&G/Natal)

Ex. 03 -  ... tudo eu faço ... sabe? ... tem isso comigo não  ... (corpusD&G/Natal)

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Concluindonossa conversa ...

 A Linguística Funcional comporta estudos que concebem a gramá-tica como algo dinâmico, levando em conta que as formas linguísticasacomodam-se às necessidades informacionais dos falantes. Desta feita,o que caracteriza o funcionalismo é a tentativa de conhecimento da lín-gua, não atribuindo um papel secundário às formas, mas valorizando eanalisando seus aspectos múltiplos, que se manifestam a partir do uso.

Leituras recomendadas

Função e dinâmica das línguas: a linguísticafuncional - Andre Martinez - Objetiva apre-sentar uma avaliação empírico-dedutiva dalinguística.

Linguística funcional: teoria e prática - Ma-

ria Angélica Furtado da Cunha; Mariange-la Rios de Oliveira & Mário Eduardo Mar-telotta (Orgs.)

É um empreendimento dos integrantes do Grupo de Estudos “Dis-curso & Gramática” (D&G), que congrega pesquisadores de 5 grandesUniversidades: 1) Estadual do Rio de Janeiro, 2) Federal do Estado doRio de Janeiro, 3) Federal do Rio de Janeiro, 4) Federal do Rio Grandedo Norte e 5) Federal Fluminense.

 A gramática funcional - Maria Helena deMoura Neves

 A gramática funcional é uma gramática do uso - ela busca, essen-cialmente, verificar como se processa a comunicação em uma determi-nada língua, e, para isso, não assume como tarefa descrever a línguaenquanto sistema autônomo.

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Gramática de usos do português - MariaHelena de Moura Neves

 A ‘Gramática de Usos do Português’é uma obra que, diferentemente do quese faz tradicionalmente entre nós, parte da observação dos usos real-mente ocorrentes no Brasil, para, refletindo sobre eles, oferecer umaorganização que sistematize esses usos.

ResumoO funcionalismo se preocupa com os fenômenos inerentes ao uso

real da língua, não desprezando as formas, mas valorizando e anali-sando seus aspectos múltiplos que se manifestam a partir do uso. Aperspectiva funcionalista entende que o centro da gramática é a se-mântica, pois o significado é quem domina a sintaxe; a língua tem asintaxe para atingir determinado conhecimento. Portanto, a perspectivafuncionalista focaliza seus estudos em uma língua viva, vulnerável amudanças que na verdade são adaptações feitas em virtude das inten-

ções do falante.

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 Autoavaliação Tendo em vista o processo de gramaticalização do verbo ir e suas motivaçõesde ordem cognitiva, pragmática e discursiva, escreva um comentário, por m,sobre a citação a seguir, acerca das contribuições dos estudos funcionalistassobre gramaticalização para o ensino de língua portuguesa:

É preciso expor ao aluno um conhecimento diversifi-cado da realidade linguística brasileira, ajustando oensino de português a essa realidade. Cabe à escoladesenvolver atividades eu, contemplando a variaçãolinguística, observada em textos reais, levem o alunoa perceber a adequação de determinados usos emdeterminadas situações, ou seja, a língua em uso”.(FURTADO DA CUNHA & SILVA, 2007, p. 80).

ReferênciasCHRISTIANO, M. Elizabeth A.; SILVA Camilo Rosa; HORA, Dermeval da(Orgs.). Funcionalismo e gramaticalização: teoria, análise, ensino. João Pessoa:Idéia, 2004.

CUNHA, Maria Angélica Furtado da, Mariangela Rios de Oliveira & MárioEduardo Martelotta (orgs.). Linguística funcional: teoria e prática. Rio deJaneiro: DP&A/ Faperj, 2003.

FURTADO DA CUNHA, Maria Angélica; RIOS DE OLIVEIRA. Mariangela;MARTELOTTA, Mário Eduardo. (Orgs.) Linguística funcional: teoria e prática.Rio de Janeiro: DP&A/ FAPERJ, 2003.

FURTADO DA CUNHA, Maria Angélica; TAVARES, Maria Alice (Orgs.).Funcionalismo e ensino de gramática. Natal: EDUFRN, 2007.

MARTINEZ, André. Função e dinâmica das línguas: a linguística funcional. SãoPaulo: Almedina, 1995.

dica. utilize o blocode anotações para

responder as atividades!

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 38 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática funcional. São Paulo: MartinsFontes, 1997.

_____. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: UNESP, 2002.

_____. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

_____. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

_____. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2006.

SILVA, Camilo Rosa. Iconicidade no uso do conector mas: um estudofuncionalista. In: M. Elizabeth A. Christiano, Camilo Rosa Silva e Dermevalda Hora (orgs.). Funcionalismo e gramaticalização: teoria, análise, ensino. JoãoPessoa: Idéia, 2004.

_____. Mas tem um porém...: mapeamento funcionalista da oposição e seusconectores em editoriais jornalísticos. (Tese de Doutorado). João Pessoa:UFPB, 2005.

_____; CHRISTIANO, Maria Elizabeth A.; HORA, Dermeval da. (Orgs.)Linguística e práticas pedagógicas. Santa Maria: Pallotti, 2006_____. Ensino de Português: demandas teóricas e práticas. João Pessoa:Idéia, 2007.

TAVARES, Maria Alice. A gramaticalização de e, aí, daí, e então: estratificação/variação e mudança no domínio funcional da sequenciação retroativo-propulsora de informações – um estudo sociofuncionalista. (Tese de

Doutorado). Florianópolis: UFSC, 2003.

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III UNIDADE

Funcionalismo Linguístico Europeu:Linguística Sistêmico-Funcional eMultimodalidade

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 40 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

 Apresentação

Esta é a nossa terceira unidade, nosso terceiro momento dediscussão sobre as ideias funcionalistas. Na primeira unidade,você deve lembrar que há dois grupos de autores que estudamo funcionalismo e que representam duas perspectivas: a dofuncionalismo norte-americano e a do funcionalismo europeu.Como se pode observar, na segunda unidade foram apresen-tadas noções gerais sobre os estudos de Givón. Sendo assim,serão discutidas, nesta terceira unidade, algumas ideias quecaracterizam os estudos da linguística sistêmico-funcional quetem como principal representante M.A.K. Halliday.

 Apesar da linguística sistêmico-funcional representar umaoutra perspectiva, esta campartilha das mesmas ideias geraisdo funcionalismo norte-americano como a forma de estudara língua em uso e a concepção de linguagem, além dasduas visões convergirem a respeito da oposição ao estudoformalista da língua.

 A linguística sistêmico-funcional (LSF) tem sido recorrida

como suporte epistemológico para teorias como a Multimo-dalidade e a Análise de Discurso Crítica, pois ambas encon-tram na LSF um suporte epistemológico para uma análiselinguística que insira o contexto cultural e a situação comu-nicativa ao estudar os mais diversos textos.

 A apresentação destes estudos, ainda de forma superfi-cial, se faz necessária, haja vista a sua importância para fu-turas pesquisas que foquem tanto o estudo da língua comotambém o ensino da mesma, pois, estes conhecimentos, nanossa visão, são de suma importância para compreender e

explicar o uso da língua, portanto corraboram para o ensinode língua materna mais significativo.

Com este intuito, o material foi elaborado de forma refle-xiva, com exercícios de análises de textos para que você pos-sa praticar o que aprender sobre a LSF e Multimodalidade.

Bom estudo para você!!

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Teorias LinguisticasIII I SEAD/UEPB  41

Objetivos

 Ao término desta aula esperamos que você:

• Compreenda o que é Linguística Sistêmico-Funcional (LSF);

• Reconheça as principais ideias sobre língua e linguagem quenorteiam a Linguística Sistêmico-Funcional (LSF);

• Entenda o que é multimodalidade;

• Identifique as diferentes linguagens em textos multimodais.

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 42 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

Para reiniciarnossa conversa ...

Os funcionalistas de Praga enfatizaram o caráter multifuncional dalinguagem. Segundo Martelotta (2008, p. 31), vários linguistas tiverama preocupação de compreender as funções da linguagem, motivadospor inquietações do tipo

se a linguagem possui diferentes funções, associa-das a comportamentos enraizados na vida socialque transcendem a mera transmissão de informa-ções, como delimitar essas funções? Vários cien-tistas tentaram responder a essa pergunta, como

o psicólogo alemão Karl Buhler e linguistas comoRamon Jakobson e, mais recentemente, M.A.K.Halliday.

No Brasil, os estudos linguísticos que seguem os pressupostos dofuncionalismo europeu têm se acentuado, entre estes autores, cada vezmais na corrente funcionalista do inglês Michael A. K. Halliday. Suateoria é denominada de Linguística Sistêmico-Funcional (LSF).

O Funcionalismo Europeu, de acordo com Cunha (2008), apesardo funcionalismo linguístico se contrapor fortemente ao estruturalismolinguístico, ele surge como movimento particular no estruturalismo, ten-

do sua origem no Circulo de Praga, fundado em 1926 pelo linguístatcheco Vilém Mathesius que realizou as primeiras análises na linha fun-cionalista, focalizando a função das unidades linguísticas da fonologiae sintaxe.

Jan Firbas, seguindo a tradição da Escola de Praga, em 1960 cria“um modelo da estrutura informacional da sentença que buscava ana-lisar sentenças efetivamente enunciadas para determinar sua funçãocomunicativa” (CUNHA, 2008, p. 161), sendo assim, as informaçõesde uma sentença dividem-se em duas: tema que é a informação já co-nhecida pelo interlocutor, ou seja, representa a informação dada e quetem menor grau de dinamismo comunicativo; e a outra denominada

de rema que corresponde à informação nova que apresenta um maiorgrau de dinamismo comunicativo. Dessa forma, as partes da sentençaque tem o menor grau de dinamismo comunicativo, o tema, vem noinício da sentença, enquanto as que tem maior dinamismo, o rema,vêm no final.

Exemplo:

1. “Políticos de cidade do cariri ficam de fora de eleição 2012.”.Folha do Cariri, novembro de 2011, p.4.

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Neste contexto, “Políticos de cidade do cariri” é o tema e “ficam defora de eleição” é o rema. Dessa forma, como já mencionado anterior-mente, há uma tendência geral de que as partes que contêm o menorgrau de dinamismo comunicativo tendem a vir no início da sentença,enquanto as partes com maior dinamismo tendem a vir no final.

Moura Neves (2001, pp. 68-69) traz mais pistas para podermosreconhecer a organização do tema e do rema nas sentenças, sendo otema “aquilo que está sob mira na organização da estrutura, a entidadesobre a qual se faz o comentário”. Este comentário é o rema . Aindasegundo Moura Neves,

enquanto no nível da frase a análise revela umaorganização em tema/rema, no nível do texto oque se vai relacionando são segmentos organiza-dos entre o que é dado (apresentado pelo falantecomo recuperável no texto ou na situação) e o queé novo  (não-recuperável) no sistema da informa-

ção, compondo-se por meio de grupos tonais e defocos, uma estrutura de informação.

Para praticarmos um pouco este conhecimento, vamos fazer a ati-vidade a seguir.

 Atividade I1. Leia as sentenças e identique no nível da frase as partes que correspondemo tema e o rema. Justique sua resposta.

a) “Queimadas se prepara para as comemorações dos seus 50 anos.” (Folhado Cariri, 2011)

b) “Saúde mapeia casos de dengue e elabora plano de combate na Paraíba.”(http://g1.globo.com/paraiba/noticia/2011) 

c) “Ator da Record é expulso de voo em Belo Horizonte”. (http://www.folha.uol.com.br)

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 44 SEAD/UEPB I Teorias Linguisticas III

O que é LinguísticaSistêmico-Funcional (LSF)?

 Assim como as outras correntes funcionalistas, a LSF se opõe aosestudos formais de cunho mentalista, pois “seu foco de interesse é ouso da língua como forma de interação entre falantes”. Esse modelo“espelha-se numa teoria da língua enquanto escolha. É um modo deolhar a língua como ela é usada.” (CUNHA E SOUZA, 2007, p.19).De acordo com estas autoras, a LSF objetiva “compreender e descre-ver a linguagem em funcionamento como um sistema de comunicaçãohumana”. Esta sua concepção de linguagem tem dado suporte teóri-co-metodológico para outras teorias como a da Análise de DiscursoCrítica (de linha anglo-americana), possibilitando analisar através da

linguagem verbal as funções da linguagem nas situações comunicativasreais, vivenciadas pelos interlocutores e como funcionam as relaçõesde poder existentes em uma determinada cultura e em um determina-do contexto, através das escolhas de sistemas linguísticos utilizados nacomunicação.

Na LSF, a análise da linguagem é sempre feita considerando doiscontextos, um funcionando dentro do outro: contexto cultural e contextosituacional. Como está representado na figura a seguir:

Níveis de estratificação na perspectiva da GSF

(HALLIDAY apud MEURER, 2006, p. 167).

O contexto cultural é a soma de todos os significa-dos possíveis de fazerem sentido em uma culturaparticular. No contexto de cultura, falantes e ouvintesusam a linguagem em contextos específicos, imedia-tos, conhecidos na LSF como contexto de situação. Acombinação dos dois tipos de contexto resulta em se-melhanças e diferenças entre um texto e outro, entreum gênero e outro. (CUNHA E SOUZA, 2007, p.20).

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Dessa forma, assim como as autoras exemplificam em seu livro,“uma interação em que se realiza uma compra de cereais não é a mes-ma em uma cidade do interior e em uma capital, por exemplo; umainteração mediada pelo gênero palestra é diferente daquela em que

acontece o gênero sermão.”.Para esclarecer melhor este termo sistêmico-funcional, Cunha e

Souza (2007, p.20) definem que “o termo  sistêmica refere-se às redesde sistemas de linguagem”; isto significa que ao interagirmos, fazemosescolhas de sistemas linguísticos esta escolha pode ser de forma cons-ciente ou não. E mesmo quando as escolhas são inconscientes, estassão influenciadas pelo contexto no qual são usadas.

Para as autoras, Já “o termo funcional refere-se às funções da lin-guagem, que usamos para produzir significados.”. Para a LSF:

a língua se organiza em torno de duas possibilida-des alternativas: a cadeia (o sintagma) e a escolha(o paradigma); uma gramática sistêmica é, sobre-tudo, paradigmática, isto é, considera as unidadessintagmáticas apenas como realizações linguísticase as relações paradigmáticas como o nível profun-do e abstrato da linguagem. (CUNHA e SOUZA,2007, p.20).

Este conceito de relações paradigmáticas vem da teoria de Saussurequando este criou a dicotomia sintagma e paradigma.

 As relações paradigmáticas querem “dizer que quando um elemen-

to linguístico é utilizado na língua, automaticamente, os outros ele-mentos que poderiam igualmente ocupar esse espaço, estão excluídos”(Carvalho, 2011, p. 59). Por exemplo, eu falo um enunciado: O alunoestudou. Quando eu escolho usar o verbo estudou, eu excluo outrosverbos que poderia usar, como: pesquisou, leu, analisou entre tantasoutras possibilidades.

 Atividade II1. Disserte sobre as concepções de língua e linguagem que subjazem aLinguística Sistêmico-funcional.

2. Na LSF, qual a relação entre os termos sistêmico e funcional com sintagmae paradigma? dica. utilize o bloco

de anotações pararesponder as atividades!

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Continuando nossa conversa ...

O uso do termo funcional também tem relação com as metafun-ções da linguagem elaboradas por Halliday: metafunção ideacional,matafunção interpessoal e matafunção textual. De acordo com Dias(2009, p. 56), “a linguagem, pela perspectiva da Gramática Sistêmico--Funcional (GSF) é utilizada para construir significados ideacionais, in-terpessoais e textuais.”.

 Atividade III

1. A partir da leitura sobre o que é linguística sistêmico-funcional, elabore umasíntese sobre o que seja Linguistica Sistêmico-Funcional e poste no AVA emfórum de discussão aberto pela (o) professor (a).

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

Continuandonossa conversa ...

Thompson (1996), fundamentado em Halliday

(1994), afirma que as pessoas utilizam a línguapara representar seus mundos: externo (ações, ati-vidades físicas) e interno (emoções, sentimentos,pensamentos dentre outros), ou seja, a língua é amaneira como percebemos, experienciamos e re-presentamos o mundo.(DIAS, 2009, p. 56)

Dessa forma, para uma melhor compreensão, apresentam-se asmetafunções no quadro a seguir, elaborado a partir dos exemplos deCunha e Souza (2007, p. 22):

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METAFUNÇÕES DE HALLIDAY

IDEACIONAL / REPRE-SENTACIONAL

INTERPESSOAL/ INTERA-TIVO

TEXTUAL/ COMPOSICIO-NAL

“Representa/constrói ossignificados de nossaexperiência, tanto do

mundo exterior (social)quanto no mundo interior(psicológico)” (CUNHAE SOUZA, 2007, p.22)através do sistema de

transitividade. No exemploa seguir os verbos e os

termos associados a elesse combinam para formar

o perfil de alguém.

“Representa a interação eos papéis assumidos pelosparticipantes mediante o

sistema de modo (indicati-vo, imperativo e estruturasinterrogativas) e modali-dade (auxiliares modais,elementos modalizado-

res)” (CUNHA E SOUZA,2007, p.22) .

“Está ligada ao fluxo deinformação e organiza

a textualização por meiodo sistema temático.”(CUNHA E SOUZA,

2007, p.22). No caso doexemplo abaixo, ilustra osmecanismos de coesão

com a retomada do termo“gatinhos”

Exemplo: “Diogo é paulis-tano, tem 40 anos e mora

em Veneza (...) ” (Veja,jun. 2003)

Exemplo: “Afinal, existecoisa mais fantástica doque segurar na mão do

gato, olhar nos olhos delee dizer eu te amo? (Toda-

teen, ago. 2003)

Exemplo: “Tudo o quevocê precisa saber paradeixar os gatinhos loucospor seus lábios e pedindobis. Por falar em gatos, arevista está cheia deles”(Todateen, mai.. 2003)

Em cada enunciado, essas três funções ocorrem simultaneamente eé possível verificar esta realização simultânea na oração que é a unida-de básica para análise léxico-gramatical na LSF. Isto ocorre porque asdiferentes redes sistêmicas, ligando-se às diferentes funções da lingua-

gem, codificam diferentes espécies de significados.

 Atividade IV 

De acordo com Cunha e Souza (2007, p.22), a FUNÇÃO INTERPESSOAL/INTERATIVO de Halliday “Representa a interação e os papéis assumidos pelosparticipantes mediante o sistema de modo (indicativo, imperativo e estruturasinterrogativas) e modalidade (auxiliares modais, elementos modalizadores)”

1.Com base nesta citação, leia o anúncio a seguir e identique os papéisassumidos pelos participantes desta interação (quem são os interlocutores)e retire do texto os elementos linguísticos que justicam a metafunçãointerpessoal.

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Fonte: Leite & Derivados. Ano XVI – N 98 maio/junho2007. (revista)

 Atividade V 1. Faça pesquisa de um artigo cientíco (acadêmico) em sites, anais de

congressos ou livros acadêmicos sobre a Linguística Sitêmico-Funcional e asMetafunções de Halliday. Leia o artigo e prepare slides para apresentaçãodas principais ideias do texto. Socialize seus slides no AVA, de acordo com asorientações do professor. (Não esqueça de informar a fonte).

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Quanto à Multimodalidade ...Neste mundo em que vivemos, de constante transformação, os es-

tudos da linguagem tornam-se cada vez mais importantes; é pela lin-

guagem que é expressa toda forma de opinião, de informação e deideologia.

Na cultura ocidental, a linguagem verbal tem sido considerada omodo dominante de comunicação, com a escrita tendo o  status maisalto do que a fala e os outros modos semióticos, como ilustrações,fotos, grafites, considerados apenas como suportes ilustrativos. Con-tudo, com o surgimento da televisão e outras tecnologias nos meiosde comunicação e com a profusão de imagens em jornais, revistas,propaganda, a tese da dominância da linguagem verbal ficou abalada.

 A utilização da modalidade visual na prática de

escrita da sociedade da informação tem propor-cionado mudanças nas formas e nas característicasdos textos. Ao compararmos textos científicos publi-cados em décadas atrás com os textos da mesmaesfera publicados atualmente, podemos observar ainserção mais significativa de imagens como gráfi-cos, pizzas e figuras, de uma maneira geral, nestestextos. Na mídia televisiva, impressa e computacio-nal este fenômeno ocorre mais acentuadamente,o texto passa a ser produzido fazendo-se uso devárias semioses visuais, auditivas e de movimentos. A observação de que a imagem está cada vez maisdividindo com o verbal a função composicional

dos textos, de forma que a exclusão da imagemcompromete o sentido do mesmo, evidencia o quese denomina de textos multimodais. ( MÉLO, 2009,p.1544)

 Assim, os textos multimodais podem ser compreendidos comoaqueles que empregam duas ou mais modalidades semióticas em suacomposição (palavras e imagens, por exemplo), daí resultando a noçãode multimodalidade. Observa-se que

Existem novas regras semióticas para a construção

de textos com imagens. Os desenhos e as figurascom valor apenas ilustrativos foram deixados paratrás. O uso da imagem segue outra direção. Agora,os recursos multimodais tomam parte da composi-ção do sentido do texto. A informação passa a sertransmitida por diferentes modos semióticos. Emoutros tempos, os livros eram a fonte exclusiva detodo o conhecimento. Hoje disputam espaço comoutros recursos tecnológicos e visuais, como os li-vros eletrônicos e a Internet. (VIEIRA, 2007, p.10)

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Entre muitos textos que circulam na sociedade, a bula de remédioé um dos exemplos mais clássicos das multimodalidades de linguagensque compõem um só texto, como podemos observar a seguir o uso dalinguagem verbal, da linguagem matemática nas tabelas e a linguagemvisual no modo de preparar. Ambas linguagens compõem uma unidadede sentido que as tornam interdependentes na composição textual.

 Apesar de o texto visual apresentar a mesma informação que o textoverbal, observa-se que através das imagens de como dissolver o me-dicamento a informação é passada e absorvida de forma mais rápida,embora elas se complementem.

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 Atividade VI

1. Leia o texto a propaganda do MEC e em seguida analise as linguagenspresentes na composição deste texto, explicando como elas constroem osentido do mesmo.

Fonte: http://elypaschoalick.blogspot.com/2011_02_13_archive.html

Continuandonossa conversa ...

 Você deve está se perguntando como surgiu o interesse pelos textosmultimodais, não é? Pois bem, a proposta de analisar textos multimo-dais surgiu pela observação de que as imagens estão cada vez maisevidentes no discurso contemporâneo.

De acordo com a perspectiva multimodal, não é possível ler tex-tos de maneira eficiente considerando somente a linguagem escrita,pois esta consiste apenas em um elemento representativo que coexistecom uma série de outros, como a diagramação da página ( layout), o

dica. utilize o blocode anotações para

responder as atividades!

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formato e a cor (ou cores) das letras, o uso de imagens e todo tipo deinformação advinda de quaisquer meios semióticos que estão presentesno texto.

Nesse contexto, surge então a Gramática do Design Visual de Kresse van Leeuwen, elaborada em 1996, como ferramenta crítico – analí-

tica que tem o intuito de sanar algumas dificuldades em analisar siste-maticamente estruturas visuais e outros códigos semióticos.

Em suma, respaldados na linguística sistêmico-fun-cional de Halliday, Kress e van Leeuwen propõemuma análise visual de natureza essencialmente fun-cionalista, ao visualizarem estruturas gramaticaisem imagens que igualmente representam o mun-do de maneira concreta ou abstrata (metafunçãoideacional/representacional), constroem relaçõessócio-interacionais (metafunção interpessoal/inte-racional), e constituem relações de significado a

partir do papel desempenhado pelos seus elemen-tos internos (metafunção composicional/textual).(ALMEIDA, 2008, p. 10)

Sendo assim, a Gramática do Design Visual de Kress e van Leeuwenobjetiva a conscientização das imagens não como veículos neutros edesprovidos de seu contexto social, político e cultural, mas enquantocódigos dotados de significado potencial, carregados de estruturas sin-táticas próprias. Para Kress, et al (1995, p.1-2),“[...] hoje é impossíveller textos de maneira eficiente considerando somente a linguagem es-crita: ela existe como um elemento de representação num texto que ésempre multimodal, e deve ser lida em conjunto com todos os outrosmodos semióticos[...]”.

 Atividade VII1. Explique o sentido da charge a seguir, considerando o seu contexto social,político, cultural, como também a relação entre a linguagem escrita e outraslinguagens presentes no texto?

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Fonte: http://www.blogdaresenhageral.com.br/v1/2011/11/10/page/2/

Continuandonossa conversa ...

O texto da atividade anterior é um exemplo de que a língua é a

maneira como percebemos, experienciamos e representamos o mundo,pois através deste texto podemos compreender uma denúncia política,social, cultural e econômica que são experienciadas por nós cotidiana-mente no mundo em que vivemos. Os personagens são representantes(função ideacional) da maioria dos brasileiros. Desta forma, este textotem uma função social.

Neste contexto Dionísio (2005, p.161) defende anoção de gêneros textuais segundo a perspectivade Bazerman (2005, 2006) de que gêneros textu-ais são ações sociais, ou seja, gêneros “não sãoapenas formas”, mas “frames de ações sociais” e

a mesma autora converge com a idéia de que asações sociais são fenômenos multimodais, sendoassim a mesma afirma que: Se as ações sociaissão fenômenos multimodais, consequentemente,os gêneros textuais falados e escritos são tambémmultimodais porque, quando falamos ou escreve-mos um texto, estamos usando no mínimo dois mo-dos de representação: palavras e gestos, palavrase entonações, palavras e imagens, palavras e tipo-gráficas, palavras e sorrisos, palavras e animações,etc. (MÉLO, 2009, p. 1545)

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Se quando falamos ou escrevemos um texto, usamos no mínimodois modos de representação, então podemos chegar a conclusão deque todo texto é multimodal. No entanto, é perceptível que a lingua-gem visual tem ocupado traços marcantes na composição dos textosque circulam na sociedade da informação. Isto ocorre devido à carac-terização desta sociedade pela sua constante necessidade de agilidadena veiculação da informação. Isto faz com que

[...] a imagem conquista maior espaço por elatransmitir mais informações de maneira mais rápi-da que a escrita, esta é uma condição de produ-ção dos textos multimodais, consequentemente alinguística também desperta o interesse pelo fenô-meno da multimodalidade e a mesma para com-preender os textos da sociedade contemporânearecorre às outras teorias, pois, como Marcuschi(2004, p.66 ) afirma, ao tratar dos gêneros emer-gentes que surgem com a nova tecnologia, que “[...] a linguística tal como está definida hoje nãoserve a esses propósitos.

Consequentemente, a linguística recorre à sócio semiótica e à aná-lise do discurso para respaldar-se de forma mais satisfatória para ob-servar e interpretar este novo texto.

(...) Uma vez que a análise do discurso se concen-tra no texto linguisticamente realizado, o enfoquemultimodal visa transpor esse nível de análise epretende compreender os diferentes modos de re-

presentação que entra no texto com a mesma pre-cisão com que se faz a análise do texto linguístico.(VIEIRA, 2007, p.10)

Dessa forma, entre outros autores, Maroun (2007) para analisartextos multimodais lança mão de quatro autores para constituir as ca-tegorias de análise de seu estudo: Kress e Van Leeuwen (participantes ecomposição espacial do significado: o dado e o novo, a categoria dascores), Fairclough (transitividade, intertextualidade e a interdiscursivida-de) e Thompson (racionalização).

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 Atividade VIIISegundo Maroun (2007, p. 81),

O principal objetivo do livro didático de Portuguêsé contribuir para o ensino de língua materna, “comuma abordagem que tem como propósito desen-volver e expandir a competência comunicativa dosusuários da língua, de modo a lhes garantir o em-prego da Língua Portuguesa em diversas situaçõesde comunicação, produzindo e compreendendotextos que interagem com eles, cotidianamente, emsituações diversas de interação sociocomunicativa”(PCN, 1999). Nesse sentido, o ensino de língua

materna deve ser, antes de mais nada, o ensino deuma forma específica de (inter) agir, e não apenasde um conjunto de informações sobre a língua.

 

1. Reita sobre a citação anterior, observe a atividade a seguir e analise por escritoa modalidade visual presente, levando em consideração os seguintes aspectos:

• Os participantes dela;•  A composição espacial (o dado e o novo, a categoria das cores);•  A interdiscursividade presente (ou seja, que outro discurso está presente

neste discurso publicitário);• O aspecto gramatical evidenciado;

•  A intencionalidade.

Fonte: Atividade extraída da página 265 do livro Português: ensino médio – 2º ano, coordenado porRicardo Gonçalves Barreto – São Paulo: Edições SM, 2010.

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Finalizando nossa conversa...Quando se trata de análise do discurso nesta perspectiva, refere-se á

 ADC (Análise de Discurso Crítica) que corresponde a uma linha de estudo

do discurso que difere da linha francesa. Esta será estudada nas próximasunidades sobre a ADC da linha ânglo americana que Resende e Ramalho(2006, p. 12) apresentam um breve resumo histórico desta corrente:

Resumo de breve histórico da ADC A ADC é, por princípio, uma abordagem transdisciplinar.

Isso significa que não somente aplica outras teorias como tam-bém, por meio do rompimento de fronteiras epistemológicas,operacionaliza e transforma tais teorias em favor da abordagemsóciodiscursiva. Assim sendo, a ADC provém da operacionali-

zação de diversos estudos dentre os quais com base em Fair-clough (2001a), destacamos os de Foucault (1997, 2003) e deBakhtin (1997, 2002) cujas perspectivas vincularam discurso epoder e exerceram forte influência sobre a ADC.

O termo ‘Análise de Discurso Crítica’ foi cunhado pelo linguis-ta britânico Norman Fairclough, da Universidade de Lancaster, emum artigo publicado em 1985 no período Jornal of Pragmatics. Emtermos de filiação disciplinar, pode-se afirmar que a ADC conferecontinuidade aos estudos convencionalmente referidos como Lin-guística Crítica, desenvolvidos na década de 1970, na Universidadede East Anglia, ampliando em escopo e em produtividade os estudos

a que se filia (Magalhães, 2005). É importante salientar, então, quea Análise de Discurso Crítica e a Análise de Discurso Francesa his-toricamente pertencem a ramos distintos do estudo da linguagem.

 A ADC se consolidou como disciplina no início da década de1990, quando se reuniram, em um simpósio realizado em janeirode 1991 em Amsterdã, Teun van Dijk, Norman Fairclough, GunterKress, Theo van Leeuwen e Ruth Wodak (Wodak, 2003, p. 21).

 A despeito de existirem diferentes abordagens de análises críticasda linguagem, o expoente da ADC é reconhecido em NormanFairclough, a ponto de se ter convencionado chamar sua propostateórico metodológica, a Teoria Social do Discurso, de ADC – con-venção que mantemos aqui, mas com cuidado de ressaltar que os

estudos em ADC não se limitam ao trabalho de Fairclough.(...) as principais contribuições de Fairclough para os estudos

críticos da linguagem foram ‘a criação de um método para o estu-do do discurso e seu esforço extraordinário para explicar por quecientistas sociais e estudiosos da mídia precisam dos(as) linguísti-cas’ (Magalhães, 2005, p.3). Podemos acrescentar a essa lista arelevância que o trabalho de Fairclough assumiu na consolidaçãodo papel do(a) linguista crítico(a) na crítica social contemporânea.(RESEND E RAMALHO, 2006, p.12)

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Leituras recomendadas

 Viviane de Melo Resende & Viviane Ramalho- contexto – 2006.

Este livro é uma leitura introdutória so-bre a ADC (Análise de Discurso Crítica), o

mesmo tem como principal objetivo revisar a obra de Norman Fairclou-gh, considerado o maior expoente da ADC.

 Josenia Antunes Vieira; Harrison da Rocha; Janaina de Aquino Ferraz & Cristiane R. G. BouMaroun – Vozes – 2007.

Uma leitura muito interessante paraquem se atrai pelos estudos da linguagem na perspectiva da Multimo-dalidade e da ACD. Os capítulos são organizados de forma interessan-te, apresentando um constante diálogo entre teoria e análise de textosmultissemióticos.

Resumo 

Os estudos linguísticos que seguem os pressupostos do funciona-lismo europeu têm se acentuado, entre estes autores, cada vez mais

na corrente funcionalista do inglês Michael A. K. Halliday. Sua teoriaé denominada de Linguística Sistêmico-Funcional (LSF). Esta correnterepresenta um postulado teórico para a teoria da Multimodalidade que,entre outros focos, analisa como a utilização da modalidade visual naprática de escrita da sociedade da informação tem proporcionado mu-danças nas formas e nas características dos textos.

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 Autoavaliação

Primeiro passo: após o estudo desta unidade, para saber se realmente oconteúdo foi compreendido, vamos fazer uma simples pesquisa: escolha umaunidade de um livro didático de Português do ensino Fundamental ou do EnsinoMédio e identique os textos multimodais que são apresentados nas seções de

leitura.

Segundo passo: em seguida, produza um texto, descrevendo e analisando comoos autores do livro abordam as diversas linguagens nas atividades de leitura.Não esqueça de informar nome da coleção e autor do livro.

 Terrceiro passo: Socialize seu texto no seu blog do AVA ou de acordo comorientação do seu professor(a).

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Referências

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BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipicação e interação. Trad. AngelaPaiva Dionísio e Judith Chambliss Hoffnagel. São Paulo: Cortez, 2005.

_________________. Gênero, agência e escrita. São Paulo: Cortez, 2006.

CARVALHO, Eneida Oliveira Dornellas de.  Teorias Linguisticas 1. Campina Grande: EDUEPB, 2011.178 p.

CUNHA, Maria Angélica Furtado da. Funcionalismo In: MARTELOTTA,Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto,2008.

CUNHA, Maria Angélica Furtado da.& SOUZA, Maria Medianeira de. Transitividade e seus contextos de uso. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

DIAS, Sandra Maria Araújo.  A representação da experiência e identidadedocente em um diário reexivo: uma abordagem sistêmico-funcional. Dissertação de Mestrado em Linguística, UFPB, João Pessoa-PB, 2009.

DIONÍSIO, Angela Paiva. Gêneros multimodais e multiletramento.In: Gêneros textuais: reexes e ensino. União da Vitória, PR: Kaygangue,2005.

FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: PolityPress,1992.

______. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade deBrasília, 1994.

HALLIDAY, M.A.K..  An Introduction to Functional Grammar. London: Edward Arnold, 1994.

KRESS, G. et al. (m. s) Discourse semiotics, 1995.

KRESS E VAN LEEUWEN. Reading images: the Grammar of visual desing. Londres: Routledge,1996.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

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IV UNIDADE

 A fundação da análise dodiscurso: o projeto audacioso

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Objetivos

 Ao final desta aula, esperamos que você:

• Conheça o contexto histórico no qual se deu a fundação da Análise do Discurso.

• Entenda a Análise do Discurso como uma disciplina de entre-meio.

•  Adquira o conhecimento dos conceitos básicos da Análise doDiscurso, quando do momento de sua fundação.

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 A fundação da análisedo discurso: um projeto

audaciosoPara começo de conversa...

Um pequeno retorno aosestudos anteriores!Relembrando Saussure...

“Como sabemos, Saussure considera que o que interessaé o valor do signo [...] Tudo no signo é relativo ao conjuntode signos de que faz parte. Não porque os signos se definampor antecedência e depois entrem em relação, mas porquesão signos pelo que são as relações do sistema que é a lín-gua. [...] A questão da significação fica posta também comouma questão das relações internas ao sistema. O significadode um signo é o que os outros significados não são. Ou seja,

a significação não é uma relação de representação de umsigno relativamente ao mundo, aos objetos. A significaçãonão é, de forma nenhuma, a relação com objetos fora da lín-gua. [...] O corte saussureano é a ‘culminância’ [...] de umahistória de exclusão do mundo, do sujeito, por tratar a lin-guagem como um percurso só interno. [...] Saussure afirma ocaráter social, coletivo da língua, como o que está em todos,não incluindo no objeto, portanto, seu caráter histórico. [...]Saussure suprime qualquer relação da língua com algo quelhe seja exterior. O exterior (o mundo, o sujeito, as relaçõesentre sujeitos) fica como aquilo a que se nega o caráter deobjeto da linguística. O que há de significação no seu Curso

é o que há de decodificação como significado”.( Guimarães, 1995, 11-12)

Nas últimas décadas, o que se tem observado é que as abordagenssobre a linguagem agregaram em suas análises um olhar mais acuradosobre aspectos discursivos, já que os estudos pautados apenas na estru-tura da língua, de caráter imanentista, não conseguem explicar aquiloque escapa de sua regularidade, aquilo que se materializa a partir darelação com a exterioridade da língua, com o SOCIAL.

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Embora muitas áreas da Linguística destaquem os aspectos discursi-vos, interessa-nos aqui mostrar como se constituem os estudos discursi-vos na Análise do Discurso de linha francesa e quais as suas contribui-ções para a revisão de abordagens estruturalistas da linguagem.

Para começar, leia atentamente, no box ao lado, o breve resumo

sobre a concepção de língua e significação para Saussure, apresenta-dos por Eduardo Guimarães, no seu livro Os Limites do Sentido.

 Após relembrar um pouco de Saussure, observe o enunciado a seguir:

“Um grande carro não precisa necessa-riamente ser um carro grande”

(Publicidade do carro Clio, Revista Veja, 1999)

Se analisarmos o enunciado, levando em consideração apenas aestrutura linguística, repetiremos a tradição gramatical que restringe o

estudo da negação, em português, à observação da relação gramaticalentre o “advérbio de negação” e o verbo, ou seja, o advérbio é definidocomo a “palavra que se junta a verbos, para exprimir uma mudançanas circunstâncias em que se desenvolve o processo verbal” (Cunha,1986: 499). Consequentemente, ignoraremos relação língua e exterio-ridade, quando na produção efetiva de enunciados significativos.

Enunciados como “Um grande carro não precisa necessariamente serum carro grande”5 escapam à explicação anterior, visto que o sintagma“não” nega parcialmente a pertinência da especificação do tamanho– idéia explicitada pela segunda expressão ‘carro grande’ -, ao mesmotempo em que, na instância da enunciação, é ativado um conjunto de

combinatórios de elemento agregados a primeira expressão ‘grandecarro’, o que possibilita aos sujeitos envolvidos no processo enunciativorecuperar na exterioridade da língua os efeitos de sentido presentes nofato linguístico, quais sejam: 1. a dimensão que ressalta a caracterís-tica física, expressa em “carro grande”; 2. a dimensão que ressalta ocaráter não físico, mas discursivamente construído em “grande carro”.

5  Veja, nº 26, 1999.

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Construindo o seu conhecimento...

 Atividade ILeia o texto abaixo

Fonte: agência: AlmapBBDOredação: Marco Aurélio Giannelli (Pernil)direção de arte: Ary Nogueiradireção de criação: Dulcidio Caldeira, Luiz Sanches

 Acesso: http://www.propagandopropaganda.com/2009/06/aspirina.html

1. O enunciado traz memórias de determinadas práticas e representaçõessociais. Mesmo de forma intuitiva, destaque os possíveis efeitos de sentido quese materializam no enunciado.

 Acredito que você percebeu que a sua leitura articulou memóriassociais a respeito dos sujeitos “filha adolescente” e “filha adolescentenamorando” e que tais memórias são fundamentais para a construçãoda significação do enunciado e circulam numa exterioridade à língua.Isso também nos dá indícios de que a língua não se fecha como umsistema. A Análise do Discurso lhe dará um aparato teórico para vocêentender melhor o dinamismo da língua.

 Você pode estar se perguntando como utilizar a teoria da Análise do

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Discurso em seus estudos sobre linguagem, em suas análises de fatoslinguísticos. Para começar estudar a Análise do Discurso é necessárioconhecer a sua fundação e entendê-la como uma disciplina de entre-meio.

 A Análise do Discurso (AD) é uma disciplina que teve sua origem

no contexto histórico da França de 1969. Michel Pêcheux e Jean Du-bois lançam nesse momento os manifestos inaugurais da Análise doDiscurso: esse assina o artigo Discourse Analyses na revista Language,número 13, em março de 1969; e aquele publica Análise Automáti-ca do Discurso (AAD-69) - iniciava-se aqui um marco nas mudançasocorridas nos estudos sobre a linguagem. Vale ressaltar que Duboise Pêcheux posteriormente seguem caminhos teóricos diferentes e ficapara Pêcheux o atributo de fundador da Análise do Discurso, disciplinaque passou por várias revisões e reorganização téorica até a década de80, quando da morte de Pêcheux.

Como bem coloca Nascimento (2010, p. 27), o teoria de Pêcheux

surgiu das dicussões “produzidas em um grupo constituído por pensa-dores de diferentes formações, como filósofos, linguistas, matemáticos,psicológos, dentre outros, chamado por Maldidier de ‘uma aventura avárias vozes’”.

No período de fundação da Análise do Discurso, grandes movimen-tos e manifestações ocorriam na França. E esse contexto social é muitosignificativo para entendermos o porquê das revisões nos estudos daépoca. Em que se baseavam as ciências nesse período para construirsuas abordagens? Qual o contexto político da Europa e os principaismovimentos dos partidos existentes? E a juventude? O que faziam osestudantes na França dos anos 60? Ao mostrar como se concebeu osestudos da Análise do Discurso, você terá um panorama desses acon-tecimentos e entenderá as inquietações de Michel Pêcheux, que na re-alidade representam também as inquietações de muitos estudiosos daépoca numa busca urgente por mudanças.

 

Construindo o seu conhecimento...

 Atividade II1. Para compreender os contextos social e histórico que marcaram o períodoanterior e durante a criação da Análise do Discurso, pesquise em sites dainternet sobre os movimentos sociais e as manifestações ocorridas na Françada década de 60. Apresente um resumo com os principais fatos da época.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Na década de 60, na França, as áreas da ciência viviam o estru-turalismo triunfante, ou seja, o estruturalismo vivia o seu auge e serviapara os intelectuais franceses como parâmetro para os estudos cientí-ficos e para organizar as ideias a respeito do mundo e das coisas na-quele período. Nesse contexto, o estruturalismo linguístico servia comociência-piloto das ciências humanas, já que dispunha de ferramentasessenciais da análise da língua e de rigor formal do método – elemen-tos tão valorizados na época, ainda sob inspiração Positivista.

 A esse respeito, veja no box em destaque o que comenta Ferreira,no seu livro Michel Pêcheux & Análise do Discurso: uma relação denunca acabar.

“No centro desse novo paradigma, situa-se o es-truturalismo linguístico a servir como norte e ins-piração. Afinal, a Linguística em seu papel de ci-ência-piloto das ciências humanas tinha condiçõesde fornecer aos aficcionados da nova corrente as

ferramentas essenciais para análise da língua, en-quanto estrutura formal, submetida ao rigor do mé-todo e aos ditames da ciência”. (FERREIRA, 2007,p. 130)

Entendendo a Análise

do Discurso como umaDisciplina de Entremeio...

 A Análise do Discurso (AD) nasce numa perspectiva de mudançadentro da própria Linguística, buscando operar um deslocamento nosconceitos de LÍNGUA, HISTORICIDADE e SUJEITO, excluídos dos estudosda linguagem e de outras correntes à época. A AD nasce de releituras ecríticas a três áreas. Para isso, Pêcheux revisita a Línguística, a Psicaná-

lise e o Materialismo Histórico para rever tais conceitos e reconstrui-losno campo metodológico da nova disciplina: a Análise do Discurso.

De cada área, Pêcheux toma, problematiza e rever um conceito queserá fundante do campo teórico da Análise do Discurso: da Linguísticavem a noção de língua apresentado por Saussure; da Psicanálise, a no-ção de sujeito discutida por Freud; do Materialismo Histórico, a noçãode Ideologia de Marx.

 Vale lembrar mais uma vez que a Análise do Discurso se constroi

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não na repetição e na consonância dos conceitos dessas disciplinas,mas na contradição. Repetem-se os termos, mas os conceitos já nãosão os mesmos - Na Análise do Discurso, os termos LÍNGUA, HISTÓRIA/HISTORICIDADE, SUJEITO  se revestem de nova concepção. Daí, ser cha-mada de disciplina de entremeio e não como disciplina interdisciplinar.E sobre cada revisão conceitual empreendida por Pêcheux é o que vocêvai estudar a seguir.

“Orlandi (1996), a esse respeito, imputa à AD acondição de disciplina de entremeio, uma vez quesua constituição se dá às margens das chamadasciências humanas, entre as quais ela opera umprofundo deslocamento de terreno. Nesse sentido,é importante reiterar que os conceitos que a ADtraz de outras áreas de saber, como a psicanálise, omarxismo, a linguística e o materialismo histórico,ao se integrarem ao corpo teórico do discurso dei-xam de ser aquelas noções com os sentidos estritosoriginais e se ajustam à especificidade e à ordemprópria da rede discursiva”.(FERREIRA, 2007, p. 15-6)

O conceito de Línguapara a Análise do Discurso

Saussure foi a pedra basilar na fundação da linguística como ciên-cia, mas em consequência do Positivismo excluiu a fala de sua abor-dagem de Língua. A esse fato denominamos de corte saussureano.Naquele momento, a ciência ao apresentar uma premissa precisavadescrever e comprovar sua ‘verdade.. Daí, Saussure trazer a línguacomo estrutura. (MALDIDIER, 2003). Pêcheux retoma essa noção e dis-corda totalmente com a exclusão da fala, já que para ele essa exclusãoprejudica a explicação semântica da língua. Para Pêcheux a língua éestrutura e acontecimento (histórico e social), ou seja, a língua se repetee se renova a cada situação enunciativa (MALDIDIER, 2003) através damemória discursiva, que por sua vez é histórica.

 A AD insere o aspecto sócio-histórico no estudo da língua, de for-ma que “ao mesmo tempo que a linguagem é entidade formal, cons-tituindo um sistema, é também atravessada por entradas subjetivas esociais” (CARDOSO, 2005, p. 21). A AD é constitutivamente social.Ela, no seu primeiro momento, se ocupava em analisar enunciadospolíticos, o discurso institucionalizado. Atualmente, os discursos do co-tidiano, não institucionalizados, também são alvos de análise. E nesses

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quarenta anos a AD ganhou espaço nos currículos das instituições deensino superior a partir do seu desenvolvimento, enquanto é tambémcompreendida como um método de análise recorrido por pesquisa-dores de diferentes áreas como historiadores, psicólogos, sociólogos,pedagogos entre outros. Esta recorrência se dá porque a AD visa inter-pretar os aspectos históricos, sociais e ideológicos que se materializamna língua através do enunciado.

Pêcheux introduz no estudo da língua um viés político e histórico, osquais põem em relevo aspectos como a fala, o sujeito, a ideologia e ahistória, que possibilitam correlacionar a materialidade linguística e osaspectos extralinguísticos para a construção de sentido numa situaçãoreal de uso da língua.

Para entender melhor a concepção de Língua da AD, tome nota doque diz Ferreira (2007, p. 17):

 A Análise do Discurso não trabalha com a língua

da Linguística, a língua da transparência, da au-tonomia, da imanência. A língua do analista dediscurso é outra. É a língua da ordem material, daopacidade, da possibilidade do equívoco comofato estruturante, da marca da historicidade inscritana língua. É a língua da indefinição do direito eavesso, do dentro e fora, da presença e da ausên-cia.

 A Língua é constitutivamente histórica e por essa razão ela se repetee se atualiza em cada evento enunciativo. Para ilustrar a concepção delíngua, vejamos a capa da revista Veja, de 10 de agosto de 2005:

Uma pergunta fundamental para empreender uma análise de enun-

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dos tópicos mais comentados do Twitter. [...] “ A noite do rock foi tudo, né,bebê?!!”, escreveu ela no microblog na manhã seguinte [...].

(http://gente.ig.com.br/groupies-modernas-as-maiores-fas-do--rocknroll)

3.  [...] Questionada sobre como anda a gestação, a atriz (LuanaPiovani) soltou: “hoje é dia de rock, bebê!. Mas ele está bem. Capaz quedê o primeiro chute durante o show dos Strokes. Gosto tanto da bandae de rock que meu filho pode nascer com cara de LP”, brincou a atriz,que adorou o fato de o festival ser no Playcenter, que ela considera aDisney brasileira [...].

(http://musica.terra.com.br/planetaterra/2011/noticias)

4. Cristiane Torloni agride maquiadora da Globo nos bastidores de novela.FamosiDrops: Conra os bastidores do mundo das celebridades

RIO DE JANEIRO - O tempo fechou nos bastidores de “Fina Estam-pa”. Baixou a Tereza Cristina em Christiane Torloni e a atriz agrediuuma maquiadora da TV Globo, chamada Carol, no set de gravação danovela escrita por Aguinaldo Silva. [...] Vale lembrar que essa não é aprimeira vez que a morena se envolve em uma confusão desse tipo nosbastidores do canal. Em 2009, durante uma gravação de “Caminhodas Índias”, Christiane se desentendeu com uma camareira dentro deum ônibus utilizado como camarim na gravação de uma externa. Nãopode agredir o coleguinha, bebê!

Publicado em 18/11/2011 http://entretenimento.br.msn.com/famosos/famosidrops-confira-os-bastidores-do-mundo-das-celebrida-

des-291

Na Psicanálise, Freud toma o sujeito como individual, psicologi-zante, empírico,consciente e que se pensa livre e dono de si. Já paraPêcheux, o sujeito é social. Ele enuncia sempre de um Lugar, ocupandoposições sociais que o significam. De acordo com Ferreira (2001, p.

21), uma “posição-sujeito não é uma realidade física, mas um objetoimaginário, representando no processo discursivo os lugares ocupadospelos sujeitos na estrutura de uma formação social”. Deste modo, nãohá sujeito único mas diversas posições-sujeito, as quais estão relacio-nadas com determinadas formações discursivas e ideológicas.

 A AD trabalha a noção de língua agregada ao conceito de sujeito.O sujeito na AD é apresentado como descentrado e afetado, interpela-do pela ideologia. Assim, poderemos ter uma mesma estrutura linguís-tica com diferentes efeitos de sentido, já que são produzidos a partir deposições-sujeito diferentes. Vejamos alguns exemplos:

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Exemplo 1

Os Sete Pecados Capitais

Os sete pecados capitais denomi-nam-se dessa forma por originarem ou-tros pecados. E ao contrário daquilo quecertas denominações que se dizem cristãsafirmam, os pecados capitais possuembase bíblica e fazem parte do ensino mo-

ral cristão. São regras de libertação e não de aprisionamento do serhumano. Afinal, qual homem pode-se dizer livre quando na verdade éprisioneiro de suas próprias inclinações? E foi justamente para sermoshomens e mulheres livres que Jesus foi sacrificado. Portanto, os peca-dos capitais são mais que hodiernos.

Origem

No século IV, São Gregório Magno e São João Cassiano definiram--nos como sete: orgulho, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça.

 Até hoje na Igreja existe um consenso doutrinal sobre essa classifica-ção.

http://www.universocatolico.com.br/index.php?/os-sete-pecados-capitais.html

Exemplo 2

Revista Veja, ano 33, nº 14, 64-65, 2000

Nesses exemplos, pode-se observar que esses enunciados não seconstituem como uma simples relação de textos. Mais do que isso, estaintertextualidade é mobilizada pela relação de discursos e os efeitos de

Imagem Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_7T0flBwSsE0/S9EbHKnITJI/

 AAAAAAAAAu4/9caPt0g2gFQ/s1600/a9_bb_livros_aberto_um_em_cima_do_outro_.jpg

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Construindo o seu conhecimento...

 Atividade IV 

1. Analise a charge e a postagem de um blog, apresentados a seguir,destacando as construções de efeitos de sentido a partir das posições-sujeitono enunciado.

 Texto 1

Folha de S.Paulo, jan./2005.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 Texto 2

Ele é brasileiro. “Não desiste nunca” 

Piloto fecha patrocínio para corrida no Brasil

Rubens Barrichello acaba de fechar um patrocínio ex-clusivo para o GP do Brasil. A Locaweb, empresa de hos-pedagem de sites no país, vai estampar a sua marca nocapacete, boné e camiseta do piloto durante a corrida.

No ano passado, Barrichello fechara contrato seme-lhante com a Bit Company, rede de escolas de ensino pro-fissionalizante, e a Olla, marca de preservativos.

Ô home teimoso..

Fonte: http://ronaldcoqueiro.blogspot.com/2011/11/ele-e-brasileiro-nao-desiste-nunca.html

O conceito de Ideologia

para a Análise do Discurso A análise do Discurso se diferencia dos estudos estruturais da lin-

guagem pelo olhar bem particular de trabalhar a linguagem indisso-ciada com a ideologia – esse será sempre um ponto de revisão de suaconstrução teórica até a 3ª época.

 Ao tomar os estudos do Materialismo Histórico, Pêcheux critica apostura de Max, que acredita que a ideologia é algo abstrato, que afeta

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o sujeito pelas práticas das Instituições sociais que sustentam o poderideológico do Estado, tornando esse sujeito cada vez mais assujeitadoà ideologia.

Para Pêcheux, essa ideologia tem um caráter concreto, visto que osenunciados materializam os discursos e desses discursos sempre emer-

gem as marcas ideológicas (MALDIDIER, 2003). No primeiro momentoda AD, Pêcheux coloca o “assujeitar-se” como condição indispensávelpara ser sujeito. Posteriormente, essa noção é observada como “assu-jeitamento” não pacífico, onde o sujeito pode mostrar resistência ao serafetado por ideologias.

 A noção de Ideologia está complemente imbricada com a noção desujeito e são constitutivos da linguagem, produzindo efeitos de sentidossempre discursivos e, por esta razão, históricos. Vejamos exemplos des-sas marcas ideológicas em enunciados efetivos da língua.

Exemplo 1

Exemplo 2

Fonte: http://www.google.com.br/imgres

Fonte: http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/a-evolucao-do-homem-frente-as-novas-tecnologias-909757.html

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Enunciado 1

2. Compare os três enunciados e continue discutindo sobre os traços ideológicosque perpassam os enunciados e como contribuem para a construção dosefeitos de sentido numa dada situação enunciativa. Apresente um texto com aanálise desses enunciados.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

Disponível em: http://stripsoftoothpicks.blogspot.com/2011/03/parodias-com-evolucao-humana.html

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“A história sempre se repete. todo Chapeuzi-nho Vermelho que se preze, um belo dia, co-loca o lobo mau na coleira”

Campanha Publicitária de O Boticário – 2005

Campanha Publicitária da Melissa, 2007

Calendário da Campari, 2008

Fonte: http://mundofabuloso.blogspot.com/2008/01/o-boticario-e-suas-princesas.html

Fonte: http://mundofabuloso.blogspot.com/2007/08/contos-cabulosos.html

Fonte: http://mundofabuloso.blogspot.com/2008/03/calendrio-campari-2008

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Construindo o seu conhecimento...

 Atividade VI

Um pouco da biograa do Fundador da Análise do Discurso

1. Pesquise em sites da internet dados sobre Michel Pêcheux, destacandoinformações de sua vida pessoal, prossional e política, sua relação como partido Comunista Francês, suas publicações acadêmicas e sua morte,se considerar necessário. Em seguida, escreva um texto biográco com asinformações que considere mais importantes.

Concluindo nossa conversa... 

Resumo

 A fundação da Análise do Discurso (AD) ocorreu na França, em1969, por Michel Pêcheux, que propõe uma nova teoria a partir do

entrecruzamento de três campos teóricos: a Linguística, a Psicanálise eo Materialismo Histórico. Pêcheux, tomando conceitos já existentes nasreferidas disciplinas, empreende uma revisão em três dos conceitosbasilares da Análise do Discurso: LÍNGUA, SUJEITO, IDEOLOGIA. Essamudança de perspectiva de análise da língua influenciou significativa-mente a composição de novas abordagens e a revisão de teorias atéentão referências no estudo da linguagem.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Leituras Recomendadas

FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do Dis-curso: reexões introdutórias. 2 ed. São Carlos,Claraluz, 2008.

Este livro traz de forma sucin¬ta a contextualização histórica, aapresentação dos conceitos fundamentais e um capítulo com a apli-cação do dispositivo analítico da Análise do Discurso - é uma leiturafundamental para quem está iniciando os estudos dos princípios teóri-cos da AD.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. “O quadroatual da análise de discurso no Brasil – um bre- ve preâmbulo”. In: INDURSKY, Freda; FERREIRA,Maria Cristina Leandro (org.). Michel Pêcheux& Análise do Discurso: uma relação de nuncaacabar. 2 ed. São Carlos-SP: Claraluz, 2007.

Neste texto, Ferreira discute os conceitos de língua, sujeito, discurso

e ideologia e traça um quadro atual da Análise do Discurso no Brasil,destacando como os estudos da AD tomaram força e uma caracterís-tica própria no nosso país.

ORLANDI, Eni. Interpretação: autoria, leitura e

efeitos do trabalho simbólico. 2 ed. Petrópolis--RJ: Vozes, 1996.

Nesse livro, Orlandi promove uma excelente discussão sobre efeitosde sentido a partir dos gestos de interpretação, relacionando-os à his-toricidade da língua. Trata ainda das noções de sujeito e de posições--sujeito e da ideologia como intrinsecamente ligada às construções desentido e aos funcionamentos discursivos.

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 Autoavaliação

É importante que você acompanhe a evolução de seus conhecimentos nessaunidade, que traz signicativas reexões sobre os estudos da língua(gem) epara o prossional das letras. Por esta razão, reita e escreva um comentáriosobre a constatação de Ferreira (2007): “A Análise do Discurso é uma disciplina

de entremeio”

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 V UNIDADE

Os Conceitos da Construçãoda Maquinaria do Discurso

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 ApresentaçãoNa unidade IV, estudamos como se deu as principais re-

visões empreendidas por Michel Pêcheux em três dos con-ceitos basilares da Análise do Discurso: LÍNGUA, SUJEITO,IDEOLOGIA. E como essa mudança de perspectiva de aná-

lise da língua influenciou significativamente a composiçãode novas abordagens e a revisão de teorias até então refe-rências no estudo da linguagem.

Nesta unidade, você continuará conhecendo as princi-pais mudanças nos estudos da língua empreendidas pela

 Análise do Discurso e os princípios teóricos que nortearama Primeira Época da AD, período denominado de “o tempodas grandes construções”.

Complementado as discussões anteriores sobre língua,

sujeito e ideologia, esta unidade destacará a noção de Dis-curso e outras concepções do arcabouço teórico da Análisedo Discurso nesse momento: formação social, forma-sujeito,inconsciente, ideologia e pré-construído.

Nunca é demais repetir aquelas orientações que você jáconhece, mas que são fundamentais para uma aprendiza-gem planejada e segura:

• Planeje a cada dia um tempo para suas leituras.

• Leia os textos e destaque os novos conceitos e infor-mações importantes.

• Releia sempre os textos e faça anotações.

• Responda as questões propostas com atenção e utilizeo AVA para promover discussão a respeito da teoria edas atividades.

•  Apresente as suas dúvidas para o professor e para otutor, buscando esclarecê-las.

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Essa aula lhe dará subsídios para compreender a cons-

tante inquietação de Pêcheux quanto ao seu construto teóri-co e às reflexões sobre língua(gem).

Objetivos

Com o estudo desta aula, esperamos que você:

• Conheça os conceitos básicos da primeira época Análise doDiscurso.

• Entenda como a Análise do Discurso agrega o aspecto social asua abordagem sobre língua(gem).

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questões de natureza não estritamente linguísticas.Referimo-nos a aspectos sociais e ideológicos im-pregnados nas palavras quando elas são pronuncia-das. [...] o discurso não é a lingua(gem) em si, masprecisa dela para ter existência material e/ou real.

 Vejamos ainda outras acepções teóricas relacionadas a esse mé-todo de análise. Segundo Orlandi (1999, p. 15), o discurso é comoação social, a “palavra discurso, etimologicamente, tem em si a ideiade curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assimpalavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discur-so observa-se o homem falando.”

Para Cardoso (2005, p.21), o discurso é, pois, um lugar de investi-mentos sociais, históricos, ideológicos, psiquícos, por meio de sujeitosinteragindo em situações concretas.”

Nas três citações apresentadas, pode-se observar que é preciso

entender que os discursos não são fixos, estão sempre se movendo esofrem transformações, acompanham as transformações sociais e po-líticas de toda natureza que integram a vida humana (cf. FERNANDES,p. 14)

Portando, o discurso é um processo de produção de sentido, emque se articula o linguístico ao tecido sócio-histórico que o constitui, ouseja, há uma intersecção entre o sujeito, a ideologia e a história: o dis-curso - Maldidier (2003) destaca que esse conceito oriundo na primeiraépoca da AD vai acompanhar Pêcheux em todas as etapas posteriores.No primeiro momento da AD, interessava a análise dos discursos inti-tucionalizados, os discursos políticos. Hoje, no Brasil, a AD também seinteressa pelos discursos do cotidiano, inclusive das mídias sociais.

De acordo com esta perspectiva, o texto é compreendido como amaterialização do discurso,

“O texto é a manifestação verbal do discurso, oque equivale a dizer que os discursos são lidos eouvidos sob a forma de textos. Um discurso é nor-malmente constituído de uma pluralidade de textos(basta que se observe a pluralidade de textos queconstitui o discurso feminista, ou a pluralidade detextos que constitui o discurso das esquerdas noBrasil). Ao mesmo tempo, um só texto é atraves-

sado por vários discursos (basta que se observe,por exemplo, que o texto da Bíblia é atravessadopelo discurso machista, pelo histórico).” (Cardoso,2005, p. 36)

Esta concepção de texto não é aceita por alguns linguistas textuais,pois este posicionamento causa algumas divergências teóricas entrepesquisadores destas áreas de conhecimento da linguística: linguísti-ca textual e a análise do discurso. Desta forma, cabe aqui neste texto

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compreender o que é texto na perspectiva da Análise do Discurso. Epara elucidar melhor esta ideia, cabe consultar o que o autor líder dafundação da AD diz sobre o assunto, pois para Pêcheux (1969, p.79),não se pode analisar um discurso como um texto, ou seja, “como umasequência linguística fechada sobre si mesma, mas é necessário referi--lo ao conjunto de discursos possíveis a partir de um estado definido decondições de produção (...)”.

O que leva ao equívoco de achar que a AD analisa textos deve-seao fato de comumente o corpus de análise de trabalhos de pesquisada AD serem tipicamente textos e isto pode levar a conclusão que a ADanalisa nada mais que isso. Ao analisar o discurso, buscamos compre-ender como os sentidos se constroem e se materializam nos textos. Daí,se afirmar que a Análise do Discurso trabalha com enunciados efetiva-mente realizados. Vejamos um exemplo:

 Texto 1

 Texto 2

Nos textos 1 e 2, temos duas situações enunciativas perpassadaspor discursos sobre o sujeito social mulher e o sujeito social obeso,cujas representações sociais são construções discursivas sustentadas

Fonte: http://www.turmadamonica.com.br/index.htm

Fonte: http://www.turmadamonica.com.br/index.htm

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historicamente nas práticas sociais. Na primeira tira, o “e desde quan-do ela manja de mecânica” retoma e atualiza dizeres não apenas sobrea mãe do Cebolinha, mas da performance de mulheres ao volante,silenciando outros dizeres já tão comuns e esteriotipados sobre o com-portamento das mulheres no trânsito, dentre eles: “mulher no volante,perigo constante”, “mulher não entende de carro, nem de trânsito”,“mulher sabe pilotar fogão”. Na segunda tira, o “estou fazendo exercí-cio para perder peso” e a imagem do afundamento do piso são bastan-te significativas e materializam discursos recorrentes tanto nas áreas demedicina e educação sobre saúde quanto da área da moda, por exem-plo, podendo ser institucionalizados ou do cotidiano. Particularmente,o buraco no chão é uma visão generalizadora e esteriotipada sobre oobeso, que em dada situação ridiculariza esse sujeito social. Percebamque os discursos materializam marcas ideológicas dos sujeitos sociais enão de indivíduos.

Construindo o seu conhecimento...

 Atividade I

Leia os textos A e B e identique os discursos que perpassam cada enunciado.Em seguida, explique como esses discursos constroem os possíveis efeitos desentido na materialidade linguística e da imagem. (DEIXAR UMAS 10 LINHAS)

 Texto A 

Fonte: http://obaudainternet.paulosezio.com/search/label/Humor 

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 Texto B

Forum, Cidadania e Dignidade, de 2006 Agência: AlmapBBDO / Título: Forum Jeans / Diretor de Criação e Arte: Marcello

Serpa /

Fotógrafo: Laurent Seroussi/Flair 

2. A partir da leitura do início desta unidade, faça uma síntese do que vocêentendeu sobre a diferença entre texto e discurso.

Outros conceitosda primeira época... Você já percebeu, desde a primeira unidade, que todos os conceitos

da Análise do Discurso se relecionam com a construção dos efeitos desentido na língua, pelas marcas históricas e ideológicas, pelo sujeitosocial que enuncia e silencia.

Na primeira época da AD, entendia-se que os efeitos de sentido sematerializam nos discursos por uma dada inscrição Ideológica, o que

envolve também a noção de sujeito. E o que isso signica? A ideologia, portanto, se “materializa no discurso que, por sua vez,

é materilizado pela linguagem em forma de texto; e/ou pela linguagemnão-verbal, em forma de imagens” (FERNANDES, p. 15) – como vocêpode verificar nos exercícios anteriores.

 A ideologia é definida, de acordo com Maldidier (2003), “enquantomecanismo estruturante do processo de significação”. Ela surge comoefeito da relação do sujeito com a língua e com a história.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 Texto B

 Texto C

 Texto D

Fonte:http://ueba.com.br/forum/lofiversion/index.php/t85698.html

Fonte: http://ueba.com.br/forum/lofiversion/index.php/t85698.html

Fonte: http://ueba.com.br/forum/lofiversion/index.php/t85698.html

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 Texto E

2. Ainda utilizando os textos apresentados acima, destaque os discursos que

perpassam cada enunciado.

3. Que traços históricos são retomados nos enunciados C e E para a construçãodos efeitos de sentido?

Outro conceito importante da primeira época da AD foi o de pré--construído. Não raro, quando falamos, ouvimos ou escrevemos algonuma dada situação enunciativa sentimos que um ou outro efeito desentido já nos é conhecido e já foi dito em algum lugar, sem necessa-riamente identificarmos como, quando e nem de onde surgiu. Isso é oque entendemos como pré-construído - conceito de Michel Pêcheux ePaul Henry, que postulavam que todo discurso necessariamente apre-senta traços de uma enunciação anterior – é a relação do discurso ao“já-ouvido”, ao “já-lá”. De acordo com Brandão (1991), o pré-cons-truído deve ser entendido como o “elemento produzido em outro(s)discurso(s), anterior ao discurso em estudo, independentemente dele”.

 A esse respeito, Baracuhy (no prelo) também destaca:

 A elaboração do conceito de pré-construído foi fru-to de um trabalho conjunto entre Pêcheux e PaulHenry. Para ambos, todo discurso necessariamenteapresenta traços [...] de combinações de elementosda língua já utilizadas em discursos passados e quefornecem as evidências sobre as quais um discur-so se constroi. A articulação dos enunciados une oque está alhures”.

Fonte: http://ueba.com.br/forum/lofiversion/index.php/t85698.html

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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É importante lembrar que o já-dito, o já-lá, pode ser materilaizadoexplicitamente ou silenciado nas construções linguísticas ou de ima-gens.

Construindo o seu conhecimento...

 Atividade III

Leia os textos abaixo e destaque os possíveis já-ditos que são retomadosem cada enunciação e como se atualizam na materialidade linguística e naimagem para a construção dos efeitos de sentido.

 Texto A

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 Texto B

 Texto C

Fonte: http://br.havaianas.com/pt-BR

Fonte: http://www.josapar.com.br/campanhas-de-comunicacao

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Construindo o seu conhecimento...

 Atividade IV  Analise o enunciado “a traição e as regiões do Brasil”. Em seguida, elaboreum texto explicativo, destacando os discursos pré-construídos, a historicidadee como cada sujeito social é representado e signicado na materialidadelinguística.

 A TRAIÇÃO E AS REGIÕES DO BRASIL

O CARIOCA  - Encontra a mulher com outro na cama e se junta a eles!

O MINEIRO - Encontra a mulher com outro na cama, mata o homeme continua casado com a mulher, exatamente como manda a TFM -Tradicional Família Mineira.

O GAÚCHO - Encontra a mulher com outro na cama e, ao contrário domineiro, mata a mulher e fica com o marmanjo só pra ele.

O PARAIBANO  - Encontra a mulher com outro na cama e, sendo oCABRA da peste que é, mata os dois e arruma outra.

O GOIANO - Encontra a mulher com outro na cama, entra em depres-são, pega a viola e vai para a rua a procura de outro corno paramontar mais uma dupla sertaneja.

O BRASILIENSE - Sempre que pega a mulher com outro na cama, deraiva, vai para o Congresso e nos rouba mais um pouco.

O CURITIBANO - Quando pega a mulher com outro na cama, não faznada, pois curitibano não fala com estranhos

O BAIANO - Não faz nada porque esse negócio de separar, arrumaroutra, etc, dá um trabaaaaaaaalho, dá uma canseeeeeira,dá umsoooooooono…

Fonte: Autoria desconhecida. Postado por: Carlos Zamith Junior em Humor http://www.diariodeumjuiz.

com/?p=1695) dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Concluindo nossa conversa...

 

ResumoPara finalizar a primeira época da AD, lembremos que esse período

foi bastante profícuo para os estudos da linguagem. Nesse momentoda AD Francesa, Pêcheux pensando na sua maquinaria discursiva cons-troi novos conceitos sobre língua, sujeito, ideologia, pré-construído e

efeitos de sentido – mesmo que isso signifique que era só um começoe muitas mudanças ainda estavam sendo pensadas. Pêcheux durantetodo o seu construto teórico, que a partir daqui só cessará com a suamorte na década de 80, mostrou muita inquietação e humildade inte-lectual, para está em constante revisão de sua obra.

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Leituras Recomendadas

MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje.Campinas: Pontes, 2003. PP. 9-54.

Livro muito interessante e referencial – tan-to para os iniciantes quanto para os vetera-nos em pesquisas em AD - sobre todo operíodo da construção da Análise do Dis-curso e sobre as três épocas em quePêcheux empreende as revisões no constru-to teórico de sua teoria. Nesse momento,

recomendamos a leitura do capítulo quediz respeito à primeira época da AD.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução EniPuccinelli Orlandi. 5 ed. Campinas – SP: Pontes, 2008.

Este livro traz uma das discussões mais inte-ressantes de Pêcheux sobre Discurso - uma

das mais importantes concepções da Análisedo Discurso. O leitor acompanha as explica-ções sobre Discurso ao mesmo tempo emque lhe é apresentado as noções de efeitosde sentido e de historicidade da língua.

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 Autoavaliação

Continue atenta à construção de sua aprendizagem e aos novos conhecimentosque são fundamentais para a sua formação como estudioso e contínuopesquisador sobre língua(gem). Pensando nisso, escreva um comentário sobreuma das armações de Pêcheux: “A Língua é estrutura e acontecimento”.

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Referências

CARDOSO, S. H. B. Discurso e Ensino. 2ª ed., São Paulo: Autêntica/

FALE-UFMG, 2005.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Análise do Discurso no Brasil:notas à sua história. In: FERNANDES, Claudemar Alves e SANTOS,João Bôsco Cabral (Orgs). Percursos da análise do discurso no Brasil. São Carlos: claraluz, 2007.

FERNANDES, Cleudemar Alves.  Análise do Discurso: reexõesintrodutórias. 2 ed. São Carlos, Claraluz, 2008.

GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na construção da Análise de Discurso: diálogos e duelos. São Carlos: ClaraLuz, 2004.

___. Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais desentido: Mídia e produção de identidades. In:  Análise de Discurso: apontamentos para uma história da noção-conceito de formaçãodiscursiva. São Carlos: Pedro & João Editores, 2007.

LEITE, Maria Regina Baracuhy. Análise do Discurso e Mídia: nastrilhas da identidade nordestina.  VEREDAS ON LINE – ANÁLISE DODISCURSO – 2/2010, p. 167-177 – PPG LINGUÍSTICA/UFJF – JUIZ DEFORA.

_____. Entrevendo oásis e silêncios no discurso da propagandaturística oficial sobre o Nordeste. In: GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise. et al. (org.).  Análise do discurso: entornos do sentido.  Araraquara: UNESP, FCL, Laboratório Editorial; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2001.

____.  As três épocas da análise do discurso (AD) francesa (mimeo).

MALDIDIER, Denise.  A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheuxhoje. Campinas: Pontes, 2003.

MUSSALIM, Fernanda. 2001. Análise do Discurso. In: MUSSALIM, F.;

BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras, v.2. São Paulo: Cortez.ORLANDI, Eni.  Análise de discurso: princípios e procedimentos. 6. ed.Campinas: Pontes, 2005.

_____. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2 ed.Petrópolis: Vozes, 1998.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução EniPuccinelli Orlandi. 5 ed. Campinas – SP: Pontes, 2008.

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PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD 69).In: GADET, Francoise & HAK, Tony. Por uma Análise Automática doDiscurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas – SP:EDUNICAMP, p. 61-162.

PÊCHEUX, Michel et al. Apresentação da Análise Automáticado Discurso. In: GADET, Francoise & HAK, Tony. Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux.Campinas – SP: EDUNICAMP, p. 253-282.

PÊCHEUX, Michel. A Análise de Discurso: três épocas. In: GADET, F.;HAK, T. (orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introduçãoà obra de Michel Pêcheux. Trad. Bethânia S. Mariani et al. Campinas:Editora da UNICAMP, 1993. pp. 311-318.

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 VI UNIDADE

 As mudanças conceituaisda Análise do Discurso

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 Apresentação

Na unidade V, você estudou como Michel Pêcheux con-cebeu os primeiros conceitos do seu construto teórico. Naprimeira época da AD, Pêcheux pensando na sua maquina-ria discursiva lança os conceitos sobre língua, sujeito, ideo-logia, pré-construído e efeitos de sentido. Vale lembrar quealguns conceitos serão revisados por Pêcheux.

Nesta unidade, nosso objetivo é apresentar as mudançasem alguns conceitos da Análise do Discurso Francesa (ADF)no período conhecido como 2ª época da AD.

Continue motivado na construção dos seus conhecimen-tos e busque seguir as orientações que são bastante úteis ejá conhecidas:

• Planeje a cada dia um tempo para suas leituras.

• Leia os textos e destaque os novos conceitos e infor-

mações importantes.• Releia sempre os textos e faça anotações.

• Responda as questões propostas com atenção e utilizeo AVA para promover discussão a respeito da teoria edas atividades.

•  Apresente as suas dúvidas para o professor e para otutor, buscando esclarecê-las.

Continuemos nossa fascinante viagem teórica!

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 Você já sabe que todo sujeito social ocupa um lugar na sociedadee esta condição faz parte da constituição de significação.

[...] observamos, em diferentes situações de nos-so cotidiano, sujeitos em debate e/ou divergência,

sujeitos em oposição acerca de uma mesmo tema. As posições em contraste revelam lugares socioi-deológicos assumidos pelos sujeitos envolvidos e alinguagem é a forma material de expressão desseslugares. Vemos, portanto, que o discurso não é alingua(gem) em si, mas precisa dela para ter exis-tência material e/ou real”.  FERNANDES, 2008, p. 13

O Interdiscurso outroconceito da 2ª época da ADO discurso não depende do texto para existir e um mesmo discurso

pode se materializar em vários enunciados. Esse ponto nodal da ADficou bem explicado desde a primeira época. Porém, é na segundaépoca que Pêcheux destaca que diferentes dicursos podem se cruzarnuma mesma Fundação Discursiva. Esse entrecruzamento de discursosnum enunciado foi denominado por Pêcheux como Interdiscurso.

Interdiscuso: presença de diferentes discursos,oriundos de diferentes momentos na história e dediferentes lugares sociais, entrelaçados no interiorde uma formação discursiva. Diferentes discursosentrecruzados constitutivos de uma formação dis-cursiva dada [...] (FERNANDES, p. 49)

 Vejamos o enunciado a seguir:

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2. Quais as interdiscursividades mostradas no enunciado e como contribuempara os possíveis efeitos de sentido?

Fonte: Revista Veja, edição 1901, ano 38, nº 16, 20 de abril de 2005, p. 40.

3. Como se instaura a crítica a uma dada situação religiosa no texto assinadopor Millôr Fernandes?

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Concluindo nossa conversa 

ResumoPara finalizar essa unidade, retomemos os três pontos fundamentais

dessa segunda época, quais sejam: a mudança da noção de FORMA--SUJEITO para POSIÇÃO-SUJEITO; a construção dos conceitos deFormação Discursiva e Interdiscurso – todos ligados à revisão da con-cepção de Ideologia, feita por Pêcheux..

 Vale lembrar ainda que para entender os conceitos de Interdiscur-so e de Formação Discursiva é necessário observar a historicidade na

materialidade do enunciado, que provoca a repetição e/ou atualiza-ção da língua(gem) e consequentemente constroi os possíveis efeitosde sentido.

Leituras RecomendadasMALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje.Campinas: Pontes, 2003. PP. 9-54.

Livro muito interessante e referencial – tan-to para os iniciantes quanto para os vetera-nos em pesquisas em AD - sobre todo operíodo da construção da Análise do Dis-curso e sobre as três épocas em quePêcheux empreende as revisões no constru-to teórico de sua teoria. Nesse momento,recomendamos a leitura do capítulo quediz respeito à segunda época da AD.

ORLANDI, Eni P. “A Análise de Discurso em suas diferentes tradiçõesintelectuais: o Brasil”. In: INDURSKY, Freda; FERREIRA, Maria Cristina Leandro(org.). Michel Pêcheux & Análise do Discurso: uma relação de nunca acabar. 2

ed. São Carlos-SP: Claraluz, 2007. P. 75 a 88.

Neste texto, Orlandi apresenta as contribui-ções de Pêcheux e as atuais tendências da

 Análise do Discurso no Brasil, destacandoos diferentes objetos de análise e pesquisae, consequentemente, as particularidadesdo campo teórico em nossas universidades.

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 Autoavaliação

Para que você possa reetir sobre sua aprendizagem e para fechar essaunidade, selecione um texto, de qualquer gênero textual, e destaque asposições-sujeito, os interdiscursos e os possíveis efeitos de sentido.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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ReferênciasCARDOSO, S. H. B. Discurso e Ensino. 2ª ed., São Paulo: Autêntica/FALE-UFMG, 2005.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. Análise do Discurso no Brasil:notas à sua história. In: FERNANDES, Claudemar Alves e SANTOS,João Bôsco Cabral (Orgs). Percursos da análise do discurso no Brasil. São Carlos: claraluz, 2007.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro. “O quadro atuall da análise dediscurso no Brasil – um breve preâmbulo”. In: INDURSKY, Freda;FERREIRA, Maria Cristina Leandro (org.). Michel Pêcheux & Análise doDiscurso: uma relação de nunca acabar. 2 ed. São Carlos-SP: Claraluz,2007.

FERREIRA, Maria Cristina Leandro (coord.); Glossário de termos dodiscurso; a posição do leitor – autor. Porto Alegre; UFRGS, 2011.

FERNANDES, Cleudemar Alves.  Análise do Discurso: reexõesintrodutórias. 2 ed. São Carlos, Claraluz, 2008.

GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na construção da Análise de Discurso: diálogos e duelos. São Carlos: ClaraLuz, 2004.

INDURSKY, Freda; FERREIRA, Maria Cristina Leandro (org.). MichelPêcheux & Análise do Discurso: uma relação de nunca acabar. 2 ed. São

Carlos-SP: Claraluz, 2007.

LEITE, Maria Regina Baracuhy. Análise do Discurso e Mídia: nastrilhas da identidade nordestina.  VEREDAS ON LINE – ANÁLISE DODISCURSO – 2/2010, p. 167-177 – PPG LINGUÍSTICA/UFJF – JUIZDE FORA.

_____. Entrevendo oásis e silêncios no discurso da propagandaturística oficial sobre o Nordeste. In: GREGOLIN, Maria do Rosário

 Valencise. et al. (org.).  Análise do discurso: entornos do sentido. Araraquara: UNESP, FCL, Laboratório Editorial; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2001.

____. As três épocas da análise do discurso (AD) francesa (mimeo).

___. Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais desentido: Mídia e produção de identidades. In:  Análise de Discurso: apontamentos para uma história da noção-conceito de formaçãodiscursiva. São Carlos: Pedro & João Editores, 2007.

MALDIDIER, Denise.  A inquietação do discurso: (re)ler Michel Pêcheuxhoje. Campinas: Pontes, 2003.

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MUSSALIM, Fernanda. 2001. Análise do Discurso. In: MUSSALIM, F.;BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras, v. 2.São Paulo: Cortez.

NASCIMENTO, Maria Eliza Freitas do. Sentido, Memória e Identidade doDiscurso Poético de Patativa do Assaré. Recife: Bagaço, 2010.

ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 6. ed.Campinas: Pontes, 2005.

_____. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2 ed.Petrópolis: Vozes, 1998.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução EniPuccinelli Orlandi. 5 ed. Campinas – SP: Pontes, 2008.

PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD 69). In:GADET, Francoise & HAK, Tony. Por uma Análise Automática do Discurso:uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas – SP: EDUNICAMP,p. 61-162.

PÊCHEUX, Michel et al. Apresentação da Análise Automáticado Discurso. In: GADET, Francoise & HAK, Tony. Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux.Campinas – SP: EDUNICAMP, p. 253-282.

PÊCHEUX, Michel. A Análise de Discurso: três épocas. In: GADET, F.;HAK, T. (orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução

à obra de Michel Pêcheux. Trad. Bethânia S. Mariani et al. Campinas:Editora da UNICAMP, 1993. pp. 311-318.

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 VII UNIDADE

Os novos horizontesconceituais da Análise do Discurso

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 ApresentaçãoNa unidade VI, estudamos a 2ª época da Análise do Dis-

curso e as primeiras mudanças conceituais empreendidaspor Michel Pêcheux nesse período, que dizem respeito aoabandono do termo FORMA-SUJEITO para a noção de PO-SIÇÃO-SUJEITO e à construção dos conceitos de FormaçãoDiscursiva, que envolvia um novo modo de entender Ideolo-gia, e de Interdiscurso.

Nesta unidade, apresentaremos outras mudanças concei-tuais que ocorreram na terceira época da Análise do Discur-so Francesa (ADF), nos últimos anos vida de Michel Pêcheux.

Nesse último momento de estudo sobre Análise do Dis-curso, é muito importante você refletir sobre seu processode aprendizagem e não se distanciar de suas metas. Paraisso, um dos caminhos é seguir as orientações repetidamen-te apresentamos:

• Planeje a cada dia um tempo para suas leituras.

• Leia os textos e destaque os novos conceitos e infor-mações importantes.

• Releia sempre os textos e faça anotações.

• Responda as questões propostas com atenção e utilizeo AVA para promover discussão a respeito da teoria edas atividades.

•  Apresente as suas dúvidas para o professor e para o

tutor, buscando esclarecê-las.

Continuemos nossa fascinante viagem teórica!

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 A Terceira Época da Análise do Discurso

“ A desconstrução domesticada” - é com essa expressão que DeniseMaldidier, no livro A Inquietação do Discurso: (re)ler Michel Pêcheuxhoje, se refere a terceira época da Análise do Discurso, período com-preendido de 1980 a 1983. Esse momento é de significativa aberturado campo teórico da AD para novos debates, reflexões e diálogos comoutros pensadores, culminando com a reforma de algumas concep-ções, entre elas a de assujeitamento do sujeito.

“A terceira época da AD é marcada pela aberturados horizontes teóricos. Ampliam-se as fronteirase aprofundam-se os diálogos. Esta última fase ca-racterizou-se pela confluência das idéias de Michel

Pêcheux com outros pensadores. Ele relê Bakhtin (aquem havia criticado pelo “subjetivismo humanis-ta”), como também vai se aproximar, de fato, dasidéias de Michel Foucault, através de Jean-JacquesCourtine, além de sofrer a influência decisiva dosteóricos da Nova História como Pierre Nora, Jac-ques Le Goff, Michel de Certeau”.(BARACUHY, Maria Regina. In: As três épocas daanálise do discurso (AD) francesa (no prelo).

Na terceira época, há a desconstrução e abandono da noção demaquinaria discursiva estrutural, visto que não se concebia mais pensar

as condições de produção como um “espaço” fechado e homogêneo –já havia o prenúncio desse fato já na segunda época. Lembra?

O ponto crucial que ainda causava inquietação na abordagem dePêcheux era a noção de assujeitamento do sujeito: na primeira época,como forma-sujeito assujeitado a uma ideologia; na segunda época,assujeitado à formação discursiva. A mudança se dá a partir da formade conceber o discurso como constitutivamente heterogêneo. “A no-ção de formação discursiva vai ser retificada e ampliada. Nessa novaconcepção, desaparecem os termos ‘aparelhos ideológicos’ e ‘luta declasses’” (BARACUHY, no prelo). E Pêcheux aos poucos se afasta dasombra marxista.

 A respeito dessas mudanças na terceira época, Nascimento (2010,p. 35) destaca:

Teoria e prática discursivas são interrogadas-nega-das-desconstruídas por Pêcheux, que propõe umaabordagem discursiva da História, investindo con-tra a evidência do sujeito e do sentido que procuradescrever. Assim, o sujeito e o sentido passam aser constituídos historicamente. A ideologia é vistacomo dividida, não idêntica a si mesma, tendo apresença da heterogeneidade no próprio interior

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da ideologia e da formação discursiva. O resul-tado disso é uma minimização do assujeitamentodo sujeito, visto que, segundo Grangeiro (2005),no interior de uma mesma formação discursiva,há espaço para o confronto, a divergência, a con-traidentificação do sujeito, o que confirma a sua

heterogeneidade constitutiva. O sujeito é clivado,atravessado pelo outro. 

Nessa etapa, Pêcheux acata as críticas de Courtine sobre a concep-ção de Formação Discursiva, bem como a sua proposta de vê-la comofronteiras que se deslocam. Concomitantemente, a noção de memóriadiscursiva proposta por Coutine, será adotada por Pêcheux, tornando--se fundamental para a análise dos enunciados e a para o entendimen-to da heterogeneidade como constitutiva da língua(gem).

É pela memória discursiva – “que constitui um corpo-sócio-histórico--cultura” – que observamos a repetição, a atualização, materializaçãoe silenciamentos de vozes enunciadas anteriormente numa determinadaenunciação e nos fatos linguísticos daí decorrentes. Os discursos, então,trazem uma memória coletiva na qual os sujeitos sociais estão inseridos.

E como percebemos essa memória discursiva nos enunciados? Ve-jamos:

Fonte: Revista Veja, edição 1604, ano 32,nº 26, 30 de junho de 1999, p. 29.

No enunciado, é possível observar um já-dito do senso comum a respei-to do comportamento dos brasileiros no trânsito e da qualidade dos carrospopulares em uso no Brasil para abalizar outro enunciado preconstruído:o status de um carro europeu. Na materialidade linguística “Não pare nafaixa de pedestre, não fure o sinal fechado, não feche o cruzamento. Vocêestá num carro europeu. Seat Córdoba, o europeu sangue quente”, tem-sea utilização de propagandas institucionais (governo) que trazem à tona umamemória discursiva sobre o comportamento dos brasileiros no trânsito: “obrasileiro para na faixa de pedestre, fura o sinal fechado, fecha o cruza-mento”. Simultaneamente, agrega-se outra memória discursiva, a de que

 A concepção dememória discursiva,trazida para a Aná-lise do Discurso porJean-Jacques Cour-tine, parte do con-ceito de domínio dememória, apresen-

tado por Foucault.

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1. Quais os possíveis efeitos de sentido que se materializam no enunciadosobre a representação do sujeito social adolescente?

2. Quais os possíveis discursos que perpassam o enunciado sobre a práticasocial “dar exemplos”?

3. Quais as memórias discursivas que emergem do enunciado e como elasatualizam os efeitos de sentido do enunciado.

 A heterogeneidade do discurso, como já foi dito, faz explodir a ideiade maquinaria discursiva estrutural e põe em relevo seu caráter consti-tutivo: o discurso é perpassado por discursos “outros” que faz emergir,materializar várias vozes em uma só voz.

 A noção de heterogeneidade discursiva é fruto do

contato de Michel Pêcheux com a linguista Jacque-line Authier-Revuz, que, a partir do pensamento deMikhail Bakhtin, traz significativas contribuiçõespara a construção desse conceito.

 A heterogeneidade discursiva, como bem coloca Fernandes (2008,p. 35), são as “formas de presença no discurso das diferentes vozesconstitutivas do sujeito”. E acrescenta um ponto importante dos estudosde Authier-Revuz sobre heterogeneidade, as duas possibilidades de rea-lização: “Heterogeneidade não-mostrada (presença implícita de outrasvozes constitutivas da voz do sujeito) e heterogeneidade mostrada (pre-sença explícita de outras vozes, marcadas, na voz do sujeito)”. Ao ana-lista do discurso, fica o trabalho de buscar os indícios na materialidadelinguística e da imagem da heterogeneidade mostrada, sabendo que asvozes apontadas na análise sempre poderão significar algo diferente,já que os sentidos são sempre opacos, restando-lhe apenas apontar ospossíveis efeitos de sentido numa dada situação enunciativa.

 A heterogeneidade constitutiva] diz respeito ao “ex-terior” constitutivo, ao “já-dito”, a partir do qualtodo discurso se constrói. Assim todo discurso emsi carrega rastros de outros, a alteridade é consti-tutiva do dizer. É pela memória discursiva de uma

dada formação social que se apreende a hetero-geneidade constitutiva, logo ela é não-localizávele não-representável na materialidade discursiva,porque da ordem do interdiscurso e do inconscien-te” (BARACUHY, no prelo)

 As duas heterogeneidades se articulam entre si, mas estão em dife-rentes ordens: a heterogeneidade não-mostrada é inerente a constitui-ção do discurso e a heterogeneidade mostrada traz a representação doOutro no processo discursivo.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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 Vejamos a heterogeneidade em situações efetivas de uso dalíngua(gem):

 As fotos e as legendas a seguir são enunciados integrantes das pe-ças publicitárias da campanha eleitoral de Dilma Rousseff, veiculadasno site oficial da, então, candidata e no guia eleitoral da campanha

presidencial de 2010. Elas estão aqui organizadas em três blocos, se-guindo a ordem cronológica como aparecem no guia6.

Fonte: www.dilma13.com.br (site oficial da campanha eleitoral deDilma Rousseff – eleições 2010)

 A partir da análise dos enunciados apresentados, a princípio, ob-servamos uma Identidade feminina que se constroi numa memória dis-cursiva a partir de três posições sujeitos: Dilma, mulher vanguardista;Dilma, a política competente; Dilma, a mãe (do PAC - Programa de

 Aceleração do Crescimento), cujos efeitos de sentido materializam dis-cursos sociais sobre representação de mulher moderna, a frente do seutempo.

6  Trabalho A construção da imagem femini-na na campanha eleitoral de Dilma Rous-seff: uma análise discursiva, de Genival

 Antônio Silva Filho, aluno do Propaganda ePublicidade da CESREI, sob a orientação de

 Adriana Rodrigues Pereira de Souza, coor-denadora do Grupo de Estudo e Pesquisa deIdentidade, Discurso e Mídia.

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2. Que memórias discursivas são acionadas no enunciado de cada sujeitosocial?

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

Os novos caminhos da ADNo momento inaugural da Análise do Discurso, o interesse era pela

análise de discursos políticos, com seu caráter institucionalizado. Essarealidade no Brasil mudou muito. Hoje, há uma rica e fértil variedadede materiais que são tomados como objeto de trabalho para a AD. Parase ter uma ideia desses novos caminhos, Ferreira (2007, p. 21) destaca:

Do campo verbal ao não-verbal, passando pelostemas sociais (imigração, movimento sem terra,

greves) e por diferentes tipos de discurso (religio-so, jurídico, científico, cotidiano), ou por questõesestritamente teóricas (hiperlíngua, autoria, sujeitodo discurso, equivocidade da língua), a Análise doDiscurso no Brasil ou Escola Brasileira de Análisede Discurso, amadureceu, se consolidou e garan-tiu seu lugar no âmbito dos estudos da linguagemrealizados pelas ciências humanas

Seja qual for o seu objeto escolhido para estudo não se deve perderde vista o conselho dado por Ferreira (op. cit.): “o que dá vigor e consis-tência às análises feitas pelo viés discursivo é precisamente a indissocia-

bilidade entre a teoria e a prática” (grifo nosso). Sempre lembrar de quea Análise do Discurso não dispõe de modelos prontos de análise, mastem princípios teóricos, métodos e rigor científico. E por não apresentarmodelos fixos e prontos para a análise dos arquivos escolhidos comocorpus não significa que na Análise do Discurso “tudo pode”. Ferreira(op. cit.), ao mostrar que a “Análise do Discurso no Brasil se deslocouda Linguística e ganhou maior entrada nas áreas-fronteiras das ciênciashumanas”, apresenta um risco que devemos evitar: “O ‘perigo’ dessamaior circulação é ver alguns de seus conceitos banalizados e seu apa-rato teórico reduzido a “método de análise do discurso”.

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Construindo seu conhecimento 

 Atividade III

Os enunciados abaixo foram publicados pela Revista Veja como campanhapublicitária institucional-educativa no período da campanha eleitoral de 2010.

 Texto 1 - A 

Revista Veja, edição 2181, ano 43, nº 36, 08 de setembro de 2010,p. 118 e 119

 Texto 1 – B

Revista Veja, edição 2181, ano 43, nº 36, 08 de

setembro de 2010, p 1 (Capa)

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Referências

CARDOSO, S. H. B. Discurso e Ensino. 2ª ed., São Paulo: Autêntica/FALE-UFMG, 2005.

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FERREIRA, Maria Cristina Leandro. “O quadro atual da análise dediscurso no Brasil – um breve preâmbulo”. In: INDURSKY, Freda;FERREIRA, Maria Cristina Leandro (org.). Michel Pêcheux & Análise doDiscurso: uma relação de nunca acabar. 2 ed. São Carlos-SP: Claraluz,

2007.FERREIRA, Maria Cristina Leandro (coord.); Glossário de termos dodiscurso; a posição do leitor – autor. Porto Alegre; UFRGS, 2011.

FERNANDES, Cleudemar Alves.  Análise do Discurso: reexõesintrodutórias. 2 ed. São Carlos, Claraluz, 2008.

GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na construção da Análise de Discurso: diálogos e duelos. São Carlos: ClaraLuz, 2004.

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sentido: Mídia e produção de identidades. In:  Análise de Discurso:apontamentos para uma história da noção-conceito de formação discursiva. São Carlos: Pedro & João Editores, 2007.

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 Apresentação

Nesta aula nos aprofundaremos mais verticalmente naLinguística Aplicada, mostrando, entre outras coisas, o per-curso pelo qual passou até conseguir não ser mais entendi-

da apenas como uma extensão da Linguística. A partir das leituras realizadas, conseguiremos entenderque, enquanto área possível de investigação independente,há possibilidades de pesquisa em Linguística Aplicada, bemcomo é possível utilizá-la em sala de aula.

Convido você a viajar junto comigo pelas ondas da Lin-guística Aplicada, a qual nãos se limita aos estudos da lin-guagem, mas ultrapassa as zonas fronteiriças de diferentesdisciplinas. Boa viagem!

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Objetivos

 Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:

• Entender que a Linguística Aplicada não é apenas uma exten-

são da Linguística;• Empregar os postulados da Linguística Aplicada em diferentes

situações de pesquisa ;

• Identificar possibilidades de utilização da Linguística Aplicadaem sala de aula.

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 Ambientando-se naLinguística Aplicada

Uma área que começa nos anos 1940, com o objetivo de desen-volver materiais para o ensino de línguas durante a Segunda GuerraMundial, vai ter uma Associação Internacional (a AILA) constituída em1964, quando ocorre o primeiro evento internacional de Linguística

 Aplicada (LA). Essa área se inicia, então, como resultado dos avançosda Linguística como ciência no século XX.

Como você pode inferir, até bem recentemente, a LA era entendidacomo um apêndice da linguística e isso foi certamente prejudicial aodesenvolvimento dela como uma área independente de investigação.Esse equívoco ajudou a gerar um preconceito contra a LA, já que es-camoteava a sua natureza de pesquisa e a sua contribuição para oentendimento do uso da linguagem. Parece, portanto, que uma dastarefas mais importantes dela no Brasil é divulgar a sua natureza comoárea de investigação.

Essa visão só vai começar a mudar com o trabalho de Widdowson,no final dos anos 70, em que aparece a distinção entre LA e a aplica-ção de Linguística. Segundo ele,

É uma suposição comum entre professores de lín-guas [como resultado das percepções de linguis-tas, preferiria acrescentar] que sua área deva serde algum modo definida por referência a modelosde descrição linguística criados por linguistas. [...]Essa mesma suposição domina a linguística apli-cada. O próprio nome é uma proclamação de de-pendência. Bem, não tenho nada contra linguistas. Alguns dos meus melhores amigos são linguistasetc. Mas acho que devemos ter cuidado com suainfluência. [...] E quero sugerir que a própria lin-guística aplicada como ramo teórico da pedago-gia do ensino de línguas deva procurar um modeloque sirva seu propósito. (1979, p. 235 apud MOI-TA LOPES, 2009, p.

 Aqui você percebe duas características das propostas de Widdow-son: uma restrição da LA a contextos educacionais e a necessidade deuma teoria linguística para a LA que não a mantenha dependente.

Inicialmente entendida como restrita a operar somente durante in-vestigação em contexto de ensino-aprendizagem de línguas estrangei-ras, mais adiante os estudos de LA começam a privilegiar e pesquisarcontextos de ensino e aprendizagem de língua materna, no campo dosletramentos, de outras disciplinas do currículo e em outros contextos

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institucionais. Sendo assim, ao começar se espraiar para outros con-textos, aumenta consideravelmente seus tópicos de investigação, assimcomo o apelo de natureza interdisciplinar para teorizá-los.

Contudo, no final do século XX e no início do século XXI, as mudan-ças tecnológicas, culturais, econômicas e históricas vivenciadas inicia-

ram um processo de ebulição nas Ciências Sociais e nas Humanida-des, mudanças essas que começaram a chegar à LA. Diante disso, asCiências Sociais colocavam à modernidade indagações sobre o sujeitosocial, e as implicações da redescrição do sujeito social foram cruciaispara que emergisse a teoria sobre Linguística Aplicada Indisciplinar.

De acordo com Moita Lopes (2009. p. 19), a Linguística AplicadaIndisciplinar, antidisciplinar, trangressiva, ou da desaprendizagem

É uma LA que deseja, sobremodo, falar ao mundoem que vivemos, no qual muitas das questões quenos interessavam mudaram de natureza ou se com-

plexaram ou deixaram de existir. Como Ciência So-cial, conforme muitos formularam a LA agora, emum mundo em que a linguagem passou a ser umelemento crucial, tendo em vista a hiperssemioti-zação que experimentamos, é essencial pensar emoutras formas de conhecimento e outras questõesde pesquisa que sejam responsivas às práticas so-ciais em que vivemos.

 A ler esta definição, você consegue entender que ela é indisciplinarporque reconhece a necessidade de não se constituir como disciplina,bem como por ousar pensar de forma diferente, para além dos para-

digmas consagrados; ou seja, tem como objeto de pesquisa o estudodas práticas específicas de uso da linguagem em contextos tambémespecíficos, levando em consideração as condições de produção, aintencionalidade discursiva e a interação entre os participantes.

 Atividade I

 A Linguística Aplicada é entendida como uma área de investigação aplicada,mediadora, interdisciplinar, centrada na resolução de problemas de uso dalinguagem, que tem foco na linguagem de natureza processual, que colaboracom o avanço do conhecimento teórico e que utiliza métodos de investigaçãode base positivista e interpretativista.

Com base nessa armação, observe a notícia que segue e as atividades a elecorrespondente:

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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O mito dos queimadores de gordura 

Este é um as-pecto onde os

suplementos ain-da não conse-guiram os tãop e r s e g u i d o sefeitos “queima--gorduras”. Nomercado pode--se encontrar

desde os clássicos e inofensivos L-Carnitina e Fat Burners, até ver-dadeiras bombas queima-gorduras à base de excitantes que têmo inconveniente de afetar o sistema nervoso.

Há que deixar claro que nenhum destes suplementos constituipor si só um queima-gorduras, são apenas intermediários meta-bólicos que intervêm no processo da oxidação dos ácidos gordossobretudo quando fazemos exercício.

 A L-Carnitina tem a função de introduzir os ácidos gordos nointerior da mitocôndria celular para a sua oxidação, mas se nãofazemos exercício o ácido gordo não se transportará pelo sangue.

Os excitantes como a cafeína, efedrina, teína, etc. têm a pro-priedade de aumentar a secreção de adrenalina (ainda que tenhao efeito não desejado de alterar o sistema nervoso) que por suavez degrada os adipócitos, os ácidos gordos entram na corrente

sanguínea, mas chegados a este ponto se não necessitamos deenergia voltam a armazenar-se em forma de gordura. Ou seja, senão nos exercitarmos não é necessária a degradação do ácidogordo na célula e perde-se o efeito queima-gorduras.

No entanto, funcionam muito bem a queimar gordura quandoacompanhados da prática de exercício, pois realmente o melhor“queima-gorduras” é o próprio exercício físico.

Fonte: http://www.sportlife.com.pt/index.php/slmulher/item/349-o-mito-dos-queimadores-de-gordura,acesso em 27 de junho de 2011.

I –a) Relacione o texto lido ao suporte do qual foi extraído.

b) O texto interessa a você. Que argumentos que justicam essa armação?

c) Agora, imagine-se um leitor que não se agradou do texto. Levanteargumentos que justiquem seu desagrado.

d) Você recomendaria o texto para alguém? Por quê?

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-lH1-qX9zjno/TwszCD2Cl9I/

 AAAAAAAAAoY/MXa7EYwQ8Gw/s1600/pilates+1.jpg

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II –a) Uma notícia que trata desse tipo de informação atrai que tipo de leitores?

b) Qual a função que um texto desse assume fora da escola?

c) Escreva um e-mail exigindo um pronunciamento dos responsáveis peladivulgação do produto.

III –a) Qual a função das informações dos parênteses?

b) Que sentido assume a expressão “queima-gorduras” em função do usodas aspas?

IV –

a) Qual a ideia central do texto?b) Os argumentos presentes no texto ajudam você a não procurar o remédiocaso necessite? Justique.

 V -a) Retire todas as palavras do texto relacionadas à fat burners.

b) As palavras “nenhum” e “que” são termos anafóricos que fazemreferência a que?

 Atividade II

 Ainda sobre o texto apresentado na Atividade I, relacione os itens destacadosnela (I, II, III, IV e V) aos grupos citados. Em seguida, justique a associaçãofeita.

ITEM _______: Abordagem de questões inferenciais e prática que envolveestratégias de compreensão com base em pressupostos não só linguísticoscomo pragmáticos. Promove a formação de leitores críticos e autônomos emrelação a práticas letradas.

ITEM ______: Explicação de objetivos de leitura com base em estratégiascognitivas e metacognitivas. Utilização como uma prática motivadora paraa formação de leitores procientes e críticos. Estratégias que direcionam aleitura como uma atividade dinâmica, recursiva e não-linear.

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ITEM _____ : Abordagem que visa à explicitação de mecanismos internos dotexto como contribuição para compreender o funcionamento discursivo dalíngua. Atividades cujos procedimentos priorizam o sistema linguístico nainformação de base textual.

ITEM _____ : Reexão sobre gênero textual, que dá forma e função comunicativaà materialização dos textos. A existência de atividades dessa natureza justicaa leitura e produção (de textos orais e escritos) aplicadas ao ensino.

ITEM _____ : Análise de aspectos discursivos do texto. As marcas linguísticasestão presentes como uma possibilidade diversa de leitura que extrapola opróprio texto, incluindo-se uma investigação das condições de produção bemcomo a intencionalidade discursiva do autor do texto.

Desbravando a LA Segundo Moita Lopes (1996, p. 29 - 20), a melhor maneira de

identificar a LA, no sentido de estabelecê-la como área de investigação,é através do desenvolvimento de pesquisa. Desta forma, há cinco pos-sibilidades de pesquisa em LA 7. Veja quais são:

I – Pesquisa de natureza aplicada em Ciências Sociais

Este tipo de pesquisa centra-se primordialmente na resolução deproblemas de uso da linguagem tanto no contexto da escola quantofora dele. Veja o que diz Moita Lopes (1996, p. 20) sobre esse assunto:

 A LA é uma ciência social, já que seu foco é emproblemas de uso da linguagem enfrentados pelosparticipantes do discurso no contexto social, isto é,usuários da linguagem (leitores, escritores, falan-tes, ouvinte) dentro do meio ensino-aprendizageme fora dele (por exemplo, em empresas, consultóriomédico etc. )

II – Pesquisa que focaliza a linguagem do ponto de vista processual

Coloca-se o foco na linguagem da perspectiva do uso/usuário noprocesso da interação linguística escrita e oral.

III – Pesquisa de natureza interdisciplinar e mediadora

7 É preciso frisar que nem todos aqueles quese dedicam à pesquisa em LA, com basenesse paradigma, necessariamente percor-rem este caminho no seu todo.

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 Visa à mediação entre o conhecimento teórico advindo de váriasdisciplinas (por exemplo psicologia, educação, liguística etc.)8  e oproblema de uso da linguagem que pretende investigar. Mais uma vez,entenda como Moita Lopes (1996, p. 21) explica-nos este tipo de pes-quisa:

O corpo de conhecimento teórico utilizado pelolinguista aplicado vai depender das condições derelevância determinadas pelo problema a ser es-tudado; portanto, isso implica o fato de que sejapossível que os subsídios teóricos para a explici-tação de uma determinada questão possam vir dedisciplinas outras que a linguística, mesmo quandoesta é entendida em um sentido macro.

IV – Pesquisa que envolve formulação teórica

 Além de operar com conhecimento teórico advindo de várias disci-plinas, a LA também formula seus próprios modelos teóricos, podendocolaborar com o avanço do conhecimento não somente dentro do seucampo de ação como também em outras áreas de pesquisa.

 V – Pesquisa que utiliza métodos de investigação de base positivistae interpretativista

 Você já deve está tirando suas próprias conclusões sobre em que

consiste essa base positivista e interpretativista. Veja: o foco da pesqui-sa positivista está na análise do produto final do usuário, ou seja, naanálise da produção escrita e oral e no desempenho em compreensãoescrita e oral; essa tendência caracteriza a maior parte da pesquisaproduzida em LA.

Todavia, nota-se um interesse cada vez maior nos estudos de baseinterpretativista, o qual possui duas tendências de pesquisa, a etnográ-fica e a introspectiva.

Em resumo, a LA é entendida aqui como uma áreade investigação aplicada, mediadora, interdiscipli-nar, centrada na resolução de problemas de usoda linguagem, que tem foco na linguagem de na-tureza processual, que colabora com o avanço doconhecimento teórico, e que utiliza métodos de in-vestigação de natureza positivista e interpretativista.(MOITA LOPES, 1996, p. 22, 23)

8 Cabe aqui ressaltar os postulados de Moi-ta Lopes (2009) quando arma que a ques-

tão da interdisciplinaridade, que se tornouquase um dos truísmos epistemológicoscontemporâneos, já era apontada na LA nosanos 80.

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 Atividade IIIObserve a proposta de produção9:

 

 Agora veja uma redação, produzida por um aluno do 6º ano (antiga 5ª série),sobre esse tema:

 Redação escolar

 Eu passei muitas dificuldades para chegar na 5ª série eu vivia chorando porque não dava conta das tarefas.

 Eu adorei o que o estado para nós e as tificuldades que eu tive eu fui resolvendo como muita atenção as profes- soras poderiam ter tirado as contas os problemas.

9 Esta proposta e a redação apresentadaposteriormente encontram-se em Evangelis-ta (1998, p. 126).

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 Atividade IV  Analise a produção textual desse aluno com base na perspectiva positivista e,em seguida, seguindo os postulados de natureza interpretativista.

Consta na Matriz de Competência do ENEM 2011 (Exame Nacional do Ensino Médio)que um aluno do ensino médio precisa construir e aplicar conceitos das várias áreasdo conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográcos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

 Tomando como base essa competência exigida pelo ENEM, bem como acaracterística da interdisciplinaridade presente na LA, analise as duasquestões desse concurso de vestibular e discorra sobre:

•Onde é possível encontrar a conversa entre as áreas do conhecimento;

•Em que sentido essa interdisciplinaridade favorece na formação de umindivíduo crítico;

•Quais são os conhecimentos linguísticos necessários para a interpretaçãodas questões?

QUESTÃO 01: (ENEM 2001)

“... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro cor-

ta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; parafazer a cabeça do alfinete requerem-se3 ou 4 operações diferentes; ...”

Fonte: SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suasCausas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.

 A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:

I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidosos operários.

II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produ-ção artesanal.

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 A LA em terras conhecidasEntendido sobre o que versa a LA, chegou o momento de se per-

guntar onde, especificamente, centram-se os seus estudos. Enquanto

em alguns países há muita pesquisa em LA, especialmente no âmbitodas teorias de ensino-aquisição de línguas, nos 33 países da AméricaLatina há relativamente poucos programas, localizados em praticamen-te quatro países como centros consolidados ou em consolidação depesquisa em LA, que são México, Colômbia, Chile e Brasil.

Hoje, são muitos os programas de pós-graduação no país nosquais ocorrem esforços de pesquisa aplicada no âmbito das ciênciasda linguagem. Outra frente de fazer LA brasileira está localizada nasiniciativas de inclusão da disciplina Linguística Aplicada nos programasde graduação em Letras, dentro da qual se introduzem conceitos, re-sultados da investigação de natureza aplicada e iniciação nesse tipo de

pesquisa.Uma pesquisa apresentada por Menezes, Silva e Gomes (2009, p.41) aponta que, entre os 691 artigos pesquisados em versões on linede periódicos (com exceção da revista Trabalhos em Linguística Apli-cada que só existe no formato impresso), os brasileiros atêm-se maisaos temas Análise do Discurso, Metodologia de Ensino de Línguas Es-trangeiras e Formação de Professores e Aquisição de Segunda Língua;acompanhe a tabela abaixo:

 Temas RBLA Especialist L&E TLA Delta Total

1. Aprendizagemde Línguas por Adultos

0

2. Linguagem in-fantil

1 1

3. Comunicaçãonas Profissões

2 2

4. Análise Con-trastiva e Análisede Erro

2 2 1 5

5. Análise de Dis-curso

17 37 26 41 26 121

6. Tecnologia Edu-cacional e Apren-dizagem de Língua

10 8 5 7 30

7. Metodologia deEnsino de LínguasEstrangeiras e For-mação de Profes-sores

21 36 20 23 100

8. Linguística Fo-rense

1 1

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 Temas RBLA Especialist L&E TLA Delta Total

9. Educação emImersão

0

10. Tradução e In-

terpretação 16 4 1 12 12 4511. Linguagem eEcologia

0

12. Linguageme Educação emContextos de Mul-tilingualismo

1 1 1 3

13. Linguagem eGênero

1 8 1 13 3 26

14. Linguagem eMídia

0

15. Línguas em

Contacto e Mu-dança Linguística

0

16. Linguagempara Fins Especí-ficos

2 2

17. PlanejamentoLinguístico

2 2

18. Autonomia do Aprendiz e Apren-dizagem da Língua

2 4 1 7

19. Lexicografia 2 1 2 1 1 7

20. Letramento 3 1 8 10 6 28

21. Educação emLíngua Materna

1 7 6 3 17

22. Psicolinguística 1 1 2

23. Retórica e Esti-lística

1 1

24. Aquisição deSegunda Língua 20 19 10 26 10 75

25. Língua dos Si-nais

1 1 2

Não Classificados 13 8 16 10 121 168

Total de Artigos 110 127 105 154 195 691

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 Atividade V Escolha uma das piadas e elabore uma atividade (três questões, no máximo)baseada nos pressupostos da LA:

1 - De início, Eva não queria comer a maçã.

- Coma! – ordenou a serpente -. Você. será como os anjos.- Não! Respondeu Eva.- Saberá tudo sobre a ciência do bem e do mal – insistiu a serpente.

- Não!_ Você será como Deus em todos os aspectos.- Não.

 A serpente estava desesperada e não sabia o que fazer para que Eva comessea maçã. Finalmente teve uma ideia. Ofereceu-lhe a fruta mais uma vez e disse:- Coma! Juro que não engorda!E o resto todos já conhecem.(Teresa G. Velázquez, México)

2 – Um homem vai á delegacia e diz ao delegado:

- Vim fazer uma queixa: minha sogra sumiu.- Há quanto tempo? – pergunta o delegado.-Duas semanas – responde o genro.- E só agora você noticia à policia? Os desaparecimentos devem ser comunicadosem 48 horas.- É que que custei a acreditar que eu tivesse tanta sorte!(Silvana D. Neves, Rio de Janeiro)

 Atividade VI

Disserte sobre a elaboração das questões para a atividade anterior. Quaisforam os aspectos da LA que você privilegiou? Por quê?

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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Fim da viagem

Ufa! Esperamos que você tenha gostado de fazer esse passeioconosco. Depois de tantas leituras e atividades, é possível entenderque a LA tem buscado cada vez mais a referência de uma língua real,ou seja, de uma língua falada por falantes reais em suas práticas reaise específicas, numa tentativa justamente de seguir essas redes, de nãoarrancar o objeto da tessitura de suas raízes.

Portanto, como área de investigação, A LA tem se configurado tam-bém, e cada vez mais, como uma espécie de interface que avança porzonas fronteiriças de diferentes disciplinas, não somente na área dosestudos da linguagem, como também na da Psicologia, da Sociologia,da Antropologia, da Pedagogia, da Psicanálise, entre outras.

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Resumo

Inicialmente entendida como um apêndice da Linguística, a LA nas-ceu como uma disciplina voltada para os estudos sobre o ensino delíngua estrangeira e hoje se configura como uma área imensamenteprodutiva, responsável pela emergência de uma série de novos campos

de investigação transdisciplinar, de novas formas de pesquisa e de no-vos olhares sobre o que é ciência. Diante do reconhecimento da impor-tância da LA, hoje há no país muitos programas de pós-graduação quefocalizam seus estudos nessa área, além do grande interesse em incluira disciplina LA nos cursos de graduação.

 AutoavaliaçãoCom base na leitura e discussões realizadas, organize um texto explicativosobre a disciplina Linguística Aplicada. Não esqueça de contemplar o objeto,áreas de investigação, percurso metodológico.

dica. utilize o blocode anotações pararesponder as atividades!

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