teoria geral do direito contratual

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RESUMO I TEORIA GERAL DO DIREITO CONTRATUAL Contrato: é o negócio jurídico, fundado no acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um direito. Contrato é todo ato humano, lícito, capaz de adquirir, transferir, modificar, ou extinguir uma relação jurídica (contrato em sentido lato). Contrato é o negócio jurídico, que as partes se sujeitam a observância da conduta idônea, à satisfação dos interesses que pactuam (contrato em sentido estrito). Portanto, contrato é o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, sobre objeto lícito e possível, com o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. O contrato ocorre, diz De Plácido e Silva (1982, 1º:430), "quando os contratantes, reciprocamente, ou um deles, assume a obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa". O concurso de vontades é pressuposto do contrato. Quando as obrigações que se formam no contrato são recíprocas, este é bilateral; quando são pertinentes somente a uma das partes, se diz unilateral. Para que o contrato seja válido, é preciso que seu objeto seja lícito e possível, e as partes contratantes sejam capazes, isto é, estejam legalmente aptas para contratar. Modernamente, o contrato é o ato jurídico bilateral (acordo das partes e sua manifestação externa) que tem por finalidade produzir conseqüências jurídicas. Todo contrato gera obrigações no direito moderno. Não assim no direito romano. Neste, desde o início até o fim de sua evolução, o simples acordo não gerava obrigação: nuda pactio obligationem non parit . Para que haja liame jurídico, chamado obligatio, era preciso, além do acordo, um fundamento jurídico: a causa civilis. Essa causa civilis é que elevava o ato jurídico bilateral a um contractus e só o credor de um tal contrato tinha à sua disposição uma ação (actio) reconhecida pelo direito para constranger o devedor a efetuar a prestação Pacto, contrato e convenção: no Direito Romano havia a convenção que abrangia duas espécies: os contratos e os pactos. A convenção era revestida de uma forma e a diferença entre o pacto e o contrato era o direito de ação, conferido somente a este último. Quem possuísse direitos decorrentes de um pacto somente poderiam se defender pela via da exceptio (exceção), opondo ao outro fato impeditivo. Nossa legislação usa os termos pacto, convenção e contrato como sinônimos. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO A função do contrato está lastreada na idéia de solidariedade social. Foi com o espírito volitivo das partes que o legislador deu função social estatura de direito positivo, inserindo no art. 421 CC, logo na primeira disposição atinente à matéria

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Page 1: Teoria Geral Do Direito Contratual

RESUMO I

TEORIA GERAL DO DIREITO CONTRATUAL

Contrato: é o negócio jurídico, fundado no acordo de vontades que tem por fim criar,

modificar ou extinguir um direito.

Contrato é todo ato humano, lícito, capaz de adquirir, transferir, modificar, ou extinguir

uma relação jurídica (contrato em sentido lato).

Contrato é o negócio jurídico, que as partes se sujeitam a observância da conduta

idônea, à satisfação dos interesses que pactuam (contrato em sentido estrito).

Portanto, contrato é o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, sobre objeto lícito

e possível, com o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. O contrato

ocorre, diz De Plácido e Silva (1982, 1º:430), "quando os contratantes, reciprocamente,

ou um deles, assume a obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa".

O concurso de vontades é pressuposto do contrato. Quando as obrigações que se

formam no contrato são recíprocas, este é bilateral; quando são pertinentes somente a

uma das partes, se diz unilateral. Para que o contrato seja válido, é preciso que seu

objeto seja lícito e possível, e as partes contratantes sejam capazes, isto é, estejam

legalmente aptas para contratar.

Modernamente, o contrato é o ato jurídico bilateral (acordo das partes e sua

manifestação externa) que tem por finalidade produzir conseqüências jurídicas. Todo

contrato gera obrigações no direito moderno. Não assim no direito romano. Neste, desde

o início até o fim de sua evolução, o simples acordo não gerava obrigação: nuda pactio

obligationem non parit . Para que haja liame jurídico, chamado obligatio, era preciso,

além do acordo, um fundamento jurídico: a causa civilis. Essa causa civilis é que

elevava o ato jurídico bilateral a um contractus e só o credor de um tal contrato tinha à

sua disposição uma ação (actio) reconhecida pelo direito para constranger o devedor a

efetuar a prestação

Pacto, contrato e convenção: no Direito Romano havia a convenção que abrangia duas

espécies: os contratos e os pactos. A convenção era revestida de uma forma e a

diferença entre o pacto e o contrato era o direito de ação, conferido somente a este

último. Quem possuísse direitos decorrentes de um pacto somente poderiam se defender

pela via da exceptio (exceção), opondo ao outro fato impeditivo.

Nossa legislação usa os termos pacto, convenção e contrato como sinônimos.

FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO

A função do contrato está lastreada na idéia de solidariedade social.

Foi com o espírito volitivo das partes que o legislador deu função social estatura de

direito positivo, inserindo no art. 421 CC, logo na primeira disposição atinente à matéria

Page 2: Teoria Geral Do Direito Contratual

contratual, que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função

social contrato.

Modernamente, o direito contratual deve ser encarado como um dos meios pelo o qual o

homem procura o seu desenvolvimento, distribuição de oportunidades e riquezas, com o

escopo de atingir o bem comum.

INEFICÁCIA DO CONTRATO

CONTRATO NULO CONTRATO ANULÁVEL

A nulidade pode ser argüida por qualquer

interessado.

A anulabilidade será argüida apenas pelos

titulares dos interesses em “!acordo” no

contrato.

Para que se declare a nulidade do contrato,

não é preciso provocação, pois cabe ao

juiz ex officio, pronunciar quanto à

nulidade do contrato, se ninguém o fizer.

Para que se declare a anulabilidade do

contrato, esta deverá ser argüida pela parte

que a lei protege.

A nulidade se dá pela violação de ordem

pública ou mandamento coativo que tutela

o interesse geral.

A anulabilidade se dá pela violação de

normas que visam proteger o outro

contratante.

O contrato nulo perde seus efeitos desde a

sua formação. “ex tunc”

O contrato anulável tem seus efeitos

válidos enquanto não se declara sua

invalidade por sentença e só sofre alteração

a partir daí. “ex nunc”

A nulidade é insanável e perpétua, sendo

que o contrato nulo não se restabelecerá

com o decurso do tempo.

A anulabilidade é sanável sendo que o

contrato anulável é passível de

restabelecimento.

A nulidade produz efeitos “ex tunc”. A anulabilidade produz efeitos “ex nunc”.

A invalidade do contrato é a falta ou o vício de um dos pressupostos ou requisitos

contratuais, como ocorre com o contrato celebrado pelo absolutamente incapaz. Da

invalidade pode ocorrer a nulidade ou a anulabilidade do contrato. Ineficaz é o contrato,

que, embora válido, não produz seus efeitos devido à existência de um obstáculo

extrínseco.

Nos contratos anuláveis, as nulidades podem ser argüidas somente pelos interessados,

podem ser sanadas e enquanto não declarado nulo, o contrato produz normalmente seus

efeitos.

Os contrato anuláveis podem restabelecer-se por três modos: pela confirmação ou

ratificação que é a renúncia da faculdade de pedir a anulação do contrato; pela

convalidação, que é o suprimento posterior da omissão e pela prescrição, que é a

extinção do direito à anulação pelo decurso do tempo.

CONTRATO CONSIGO MESMO

Page 3: Teoria Geral Do Direito Contratual

A autocontratação é aquela em que a mesma pessoa atua no contrato em situações

jurídicas diferenciadas. É o que acontece quando uma pessoa, representando outrem

celebra ato negocial consigo mesmo. Por exemplo: numa compra e venda, a mesma

pessoa, devidamente autorizada, se apresenta, de um lado, como mandatário do

vendedor, investido com os poderes para tanto, e de outro, como comprador,

representando seu próprio interesse.

A pluralidade de partes é a característica marcante no direito contratual, pois uma

pessoa pode ser credora e devedora de si própria. Muito embora possa existir um

contrato agasalhando apenas uma pessoa, se tal ocorrer, esta deverá estar,

necessariamente, investida de duas qualidades jurídicas diferentes, pois não há contrato

sem duas ou mais partes.

ELEMENTOS DO CONTRATO

1. ESSENCIAIS

Devem constar de todos os contratos, sob pena de nulidade. São: capacidade das partes,

licitude do objeto e forma prescrita ou não defesa em lei. Além dos elementos essenciais

gerais, isto é, comuns a todos os atos jurídicos, existem os elementos essenciais

especiais, que devem existir somente em alguns contratos. Exemplo: a coisa, o preço, e

o consentimento do contrato de compra e venda.

2. NATURAIS

São aqueles que podem ocorrer, ou não. Exemplo: o mútuo presume-se gratuito, mas as

partes podem convencionar a onerosidade do pagamento de tributos.

3. ACIDENTAIS

Modificam a vontade das partes e variam de contrato para contrato. Exemplo: a forma

de pagamento.

4. DE ESTILO

Não são necessários, mas têm grande valia para demonstrar a vontade das partes.

Exemplo: pro rata (na razão do que deve caber, proporcionalmente, a cada uma das

partes), pro solvendo (para pagar), pro soluto (para pagamento).

5. IMPERATIVOS

são obrigatórios em determinados tipos de contrato. Exemplo: outorga uxória.

6. ELEMENTOS COMPLEMENTARES

São facultativos e não precisam figurar no corpo do contrato. Exemplo: anexos.

Requisitos do Contrato

Page 4: Teoria Geral Do Direito Contratual

a) a existência de duas ou mais Pessoas;

b) a capacidade genérica das partes contratantes;

c) o consentimento livre das partes contratantes.

Objetivos

a) licitude do objeto;

b) possibilidade física ou jurídica do objeto;

c) determinação do objeto;

d) economicidade do objeto.

Formas

a) liberdade de forma (como regra);

b) obediência à forma quando a Lei assim o exigir.

PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL

Princípio da Autonomia da Vontade

A autonomia da vontade é o poder que possui o indivíduo de suscitar, mediante

declaração de sua vontade, efeitos reconhecidos e tutelados pela ordem jurídica.

Por esse princípio, a liberdade de contratar domina completamente.

Princípio do consensualismo

Em matéria contratual, o consensualismo significa, havendo acordo de vontade,

qualquer forma contratual é válida (verbal, silêncio, mímica, telefone, e-mail),

excetuando-se atos solenes que exijam formalidades legais, ou seja, só será exigida

forma quando a lei ordenar.

Princípio da obrigatoriedade da convenção

O contrato uma vez elaborado segundo os requisitos legais, se torna obrigatório entre as

partes, que dele não se podem desligar, constituindo-se em uma espécie de lei aplicada

entre os contratantes a ser fielmente cumprida – “pacta sunt servanda”.

O direito contemporâneo tem abrandado este princípio, fortalecendo sensivelmente a

cláusula “rebus sic stantibus” (até que as coisas continuem como estão), também

chamada de teoria da imprevisão. Com isto, permite-se a revisão judicial ou um reajuste

dos termos do contrato, quando a situação de uma das partes tiver sofrido mudança

imprevista e impossível de se prever.

Teoria da Imprevisão

O contrato constitui uma espécie de lei privada entre as partes pactuantes "pacta sunt

servanda" (os pactos devem ser respeitados). Por este princípio (obrigatoriedade das

convenções), o contrato vincula as partes, não podendo estas se liberarem, senão através

Page 5: Teoria Geral Do Direito Contratual

do destrato ou da impossibilidade da prestação, provocada por Caso fortuito ou força

maior.

No final do século passado surgiu na doutrina uma tendência a reviver a velha cláusula

"Rebus Sic Stantibus", segundo a qual todas as prestações diferidas para o futuro,

tacitamente, seriam resilíveis, se as condições vigentes se alterarem posteriormente -

"Contractus qui habent tractum sucessivum et dependentum de futuro, rebus sic

stantibus intelligentur" - (nos contratos de trato sucessivo ou a termo, o vínculo

obrigatório entende-se subordinado a continuação daquele estado de fato vigente ao

tempo da estipulação).

Essa tendência na nova doutrina consolidou a teoria da imprevisão, concepção essa que

não se exige a impossibilidade da prestação para que o devedor se libere do liame

contratual, basta que, através de fatos extraordinários e imprevisíveis, a prestação se

torne excessivamente onerosa para uma das partes, podendo a prejudicada pedir a

rescisão do negócio.

Princípio da relatividade dos efeitos

Este princípio encerra a idéia de que os efeitos do contrato são impostos somente às

partes, não aproveitando e nem prejudicando terceiros.

Princípio da probidade e da boa-fé

Para o direito a boa-fé é presumida, ou seja, as pessoas têm por instinto agir de boa-fé,

cabendo, no entanto, prova em contrário. Exemplo: por expressa disposição legal, o

contrato de seguro deverá ser interpretado com base no princípio da boa-fé.

Limitações à Liberdade de Contratar

Como regra, a liberdade de contratar não pode ser limitada, no entanto, duas exceções

ao princípio da autonomia da vontade, estão insertas no Código Civil.

a) a ordem pública:

A Lei de ordem pública fixa, no direito privado, as bases jurídicas fundamentais sobre

as quais repousa a moral da sociedade. Toda a vez que o interesse individual colidir com

o da sociedade, o desta última prevalecerá - "ius publicum privatorum pactis derrogare

non potest" - os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção

entre particulares.

b) os bons costumes:

Bons costumes são hábitos baseados na tradição e não na lei, O princípio da autonomia

da vontade esbarra nas regras morais não reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo

social.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Page 6: Teoria Geral Do Direito Contratual

Não há ainda um contrato, são os primeiro contatos entre as partes a fim de que surja

um contrato mais à frente.

A proposta: a parte que está segura do que pretende, manifesta sua vontade à outra. Até

que seja aceita pelo oblato não há compromisso entre as partes, todavia o proponente já

tem uma obrigação – manter os termos da proposta, se aceita.

A aceitação: é a resposta afirmativa do oblato à oferta do proponente. O aceitante

manifesta sua anuência. Pela aceitação, ambas as partes vinculam-se reciprocamente, o

contrato se aperfeiçoou.

O lugar do contrato: é ponto importante, pois determina o foro competente para

dirimir possíveis litígios entre as partes.

O silêncio de umas das partes tem sido visto pelos doutrinadores não como um

consentimento, mas a imposição da reação a este silencia uma coação! Por exemplo:

uma pessoa recebe um exemplar de uma revista com ordem para devolvê-la em caso de

recusa. Se assim não o fizer considerar-se-á aceito o contrato de assinatura da revista?

Isto parece mais uma coação.

Os doutrinadores convergem para o princípio: “qui tacet si liqui debuisset ac

potuisset consentire videtur” (quem cala quando deveria e poderia falar parece

consentir), diferentemente do “qui tacent clamant” (quem cala consente).

INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS

1) a regra de ouro na interpretação dos contratos. O art. 112, orientando que “nas

declarações de vontade se entenderá mais à intenção que ao sentido literal da

linguagem”.

2) os contratos benéficos deverão ser interpretados restritivamente (art. 114 CC),

devendo o intérprete permanecer limitado aos contornos traçados pelos contratantes.

3) a transação interpreta-se restritivamente (CC art. 843)

4) a fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação extensiva (art. 819CC).

5) os negócios jurídicos deverão ser interpretados conforme a probidade e a boa-fé (art.

422 CC).

6) nos contratos por adesão, com cláusulas am,biguás ou contraditórias dever-se-á

adotar a interpretação mais favorável ao aderente (art. 423 CC).

7) as cláusulas contratuais deverão ser interpretadas de maneira mais favorável ao

consumidor (Lei 8078/90, art. 47), se houver alguma dúvida

8) para interpretação das cláusulas contratuais, devem ser usadas as normas contidas no

revogado art. 1231 do Código Comercial:

Page 7: Teoria Geral Do Direito Contratual

a) a inteligência simples e adequada, que for mais conforme a boa-fé e ao verdadeiro

espírito e natureza do contrato, deverão sempre prevalecer à rigorosa e restrita

significação das palavras;

b) as cláusulas duvidosas serão entendidas pelas que não forem, e que as partes tiverem

admitido; e as antecedentes e subseqüentes, que estiverem em harmonia, explicarão as

ambíguas;

c) o fato dos contraentes posterior ao contrato, que tiver relação com o objeto principal,

será a melhor explicação da vontade que as partes tiveram no ato da celebração do

mesmo contrato;

d) o suo e a prática geralmente observada no comércio, nos casos da mesma natureza, e

, especialmente o costume do lugar onde o contrato deva ter execução, prevalecerão a

qualquer inteligência em contrário que se pretenda dar às palavras.

e) nos casos duvidosos, que não possam resolver-se segundo as bases estabelecidas,

decidir-se-á em favor do devedor.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

Quanto à forma, os contratos se classificam em:

Contratos principais - São aqueles cuja existência independem de qualquer outro. Ex:

contrato de depósito.

Contratos Acessórios - São aqueles que existem em função do contrato principal. Ex:

Arras.

Contratos preliminares - São ajustes que criam vários tipos de obrigações definitivas

para os contratantes. Ex: pacto de contraendo.

Contratos definitivos - São aqueles contratos que criam vários tipos de obrigações

definitivas para os contraentes. Ex.: contrato de locação.

Contratos consensuais - aperfeiçoam-se pelo mero consentimento e não reclamam

solenidade ou tradição. Ex.: locação.

Contratos reais - são os que apenas se ultimam com a entrega da coisa. Ex.: comodato.

Contratos solenes - aqueles que dependem de forma prescrita em lei. Ex.: compra e

venda de imóveis (requer escritura pública).

Contratos não solenes - quando não há forma prescrita em lei e constitui-se a regra.

Quanto à sua natureza, os contratos se classificam em:

Unilaterais - São aqueles que se aperfeiçoam por uma só obrigação. Ex: o Testamento,

Doação.

Page 8: Teoria Geral Do Direito Contratual

Bilaterais - São os que se aperfeiçoam por reciprocidade de obrigações. Ex: Escrituras

de compra e venda. Contrato bilateral, ou seja, aquele em que as obrigações dos

contratantes são recíprocas. Exemplos: compra e venda e locação.

Onerosos - Contrato a Título Oneroso - São aqueles onde há sacrifício patrimonial para

ambas as partes. Ex: compra e venda.

Gratuitos - São aqueles onde há um sacrifício patrimonial, apenas, para uma das partes.

Ex: doação.

Comutativos - São os contratos onde as prestações se cumprem simultaneamente. Ex:

Compra e venda.

Aleatórios - São os contratos onde as prestações são deferidas para o futuro. Ex:

contrato de Seguro.

Contratos paritários - as partes estipulam cláusulas em pé de igualdade. A balança está

equilibrada. Ex.: compra e venda.

Contratos por adesão - umas das partes apenas adere à proposta da outra, não podendo

discutir as cláusulas contratuais. A balança está desequilibrada. Ex.: fornecimento de

água.

Contrato Inominado - Contrato que, embora não vedado em lei, não se acha

especificado, disciplinado formalmente no direito positivo. Daí a expressão inominado.

Não tendo regulamentação especial, são disciplinados pela analogia com os contratos

nominados e pelos princípios gerais de direito.

Contrato Principal - Contrato dotado de existência independente de um contrato

preliminar.

Contrato Sinalagmático - Do grego synallagmatikós, recíproco. Adjetivação daquilo que

é bilateral, recíproco, que importa em igualdade de direitos e deveres para as partes

contratantes. Contrato em que as partes assumem obrigações recíprocas. Também

denominado bilateral.

Quanto ao tempo, os contratos se classificam em:

Contratos instantâneos - aqueles em que as prestações se executam no momento da

celebração do contrato. Ex.: compra e venda à vista.

Contratos de trato sucessivo - são aqueles em que não é possível sua satisfação em um

só momento. Ex.: seguro.

Quanto às pessoas, os contratos se classificam em:

Contratos pessoais - são realizados em razão da pessoa, com base na anca recíproca

entre as partes e só podem ser executados pelo próprio devedor. Ex.: mandato.

Page 9: Teoria Geral Do Direito Contratual

Contratos impessoais - quando a pessoa do outro contraente não é elemento

determinante para a conclusão do contrato.

OUTROS TIPOS DE CONTRATOS

Contratos civis - são aqueles previstos no Código civil ou que o tenham como base

legal. Podem ou não ter finalidade lucrativa e sujeitam-se aos princípios da autonomia

da vontade, consensualismo, relatividade dos efeitos, probidade e boa-fé.

Contratos administrativos - são aqueles firmados pela Administração e regidos pelas

normas de direito público e possuem cláusulas exorbitante e a possibilidade de alteração

e rescisão unilaterais por parte da Administração.

Autocontrato - quando uma mesma pessoa figura nos dois pólos do contrato. De um

lado representando a si próprio, e de outro, um mandante. Ex.: compra e venda com

procuração em causa própria.

Contrato de meio - quando uma das partes se compromete a empenhar esforços para

atingir determinado fim sem obrigar ao sucesso. Ex.: mandato de advogado.

Contrato de fim - quando o contratado se obriga a atingir determinado fim. Ex.:

empreiteiro em relação à construção de um edifício, o resultado final é idêntico ao

projeto original.

Contratos mistos - derivam-se da combinação de outros contratos. Ex.: leasing.

Contratos puros - não são frutos da combinação de outros contratos. Ex.: empréstimos.

Contratos individuais - quando apenas se obrigarem as partes que vierem a tomar parte

da celebração.

Contratos coletivos - são os que formam pela vontade de um grupo, gerando obrigações

para todos, mesmo que não participem da celebração do mesmo.

Contrato Benéfico - Contrato no qual somente uma das partes se obriga; a outra está

dispensada de qualquer contraprestação, a não se limitar a fruir do benefício pactuado,

nos seus exatos termos. Por isso, os contratos benéficos, também chamados contratos a

título gratuito, devem ser interpretados restritivamente.

Contrato Cotalício - Contrato de honorários profissionais devidos ao advogado pelo

cliente. Observar-se-á o procedimento sumário para a cobrança de honorários por

profissionais liberais.

Contratos típicos - são aqueles tipificados em lei.

Contratos atípicos - não se encontram tipificados em lei e são admitidos em fazer do

princípio da autonomia da vontade. Ex.: factoring.

Page 10: Teoria Geral Do Direito Contratual

Alquilaria - Contrato de aluguel de animais.

Contrato Feneratício - Contrato de empréstimo a juros.

Contrato Leonino - Contrato que favorece abusivamente uma das partes, em prejuízo da

outra. A denominação vem da célebre fábula de Esopo, na qual o leão exigia para si, na

condição de rei dos animais, a melhor parte dos bens.

Síngrafo - do grego syngraphós, instrumento de contrato assinado. Instrumento

particular firmado pelo credor e pelo devedor. Ex.: instrumentos particulares de

contratos, estatutos de sociedades.

MANDATO - do latim manus + datio, mandatu, aperto de mãos. Autorização que

alguém confere a outrem para praticar em seu nome certos atos - procuração, delegação;

2. Missão, incumbência; 3. Ordem ou preceito de superior para inferior - mandado; 4.

Poderes políticos outorgados pelo povo a um cidadão, por meio de voto, para que

governe a nação, estado ou município, ou o represente nas respectivas assembléias

legislativas.

Contrato pelo qual o mandatário se obriga a praticar um ato, gratuitamente, e conforme

instruções do mandante.

A incumbência pode ser a prática de qualquer ato, material ou jurídico, desde que não

seja ilícito. O importante é que seja gratuito: mandatum nisi gratuitum, nullum est. Caso

contrário, tratar-se-ia de locação de serviços ou de outro contrato qualquer (por

exemplo, contrato inominado). E essencial, ainda, que o mandato seja no interesse do

mandante, ou, pelo menos, no interesse conjunto do mandante e do próprio mandatário

ou de terceiro. Mandato no interesse exclusivo do mandatário é um simples conselho,

não constituindo contrato.

O mandato é um contrato bilateral imperfeito, porque gratuito. A obrigação principal é a

do mandatário, de praticar o ato. Seu inadimplemento era sancionado pela actio mandati

directa do mandante contra o mandatário. A obrigação secundária e eventual é a do

mandante, de indenizar o mandatário das despesas havidas na execução do mandato e

ressarci-lo pelos danos sofridos nessa execução, exigíveis pela actio mandati contraria.

Extingue-se o mandato pela satisfação da incumbência ou pelo destrato, isto é, acordo

entre as partes visando à rescisão do contrato. Além destes casos, sendo o mandato um

contrato que se baseia na mútua confiança pessoal, cessa pela morte de qualquer das

partes, ou quando qualquer delas o declara rescindido. A rescisão por vontade unilateral,

porém, só é possível enquanto não for iniciada a execução do mandato.

O mandato se afirmava com um aperto de mãos pelos contratantes, que se davam a mão

direita, pois acreditava-se que o dedo anular desta era atravessado por um nervo que ia

ao coração, sede da fidelidade.

Mandato é um contrato pelo qual alguém recebe de outro, poderes para em seu nome

praticar atos ou administrar interesses. Temos as seguintes partes: Mandante (aquele que

confere poderes); Mandatário (aquele que recebe poderes).

Page 11: Teoria Geral Do Direito Contratual

Espécies: a) Legal - pela lei. b) Judicial - pelo juiz. c) Convencional - ad judicia ou ad

negatia.

Em outras palavras: É um contrato pelo qual alguém, denominado mandante, determina

que outrem, denominado mandatário, atue em seu nome, praticando determinados atos.

A procuração é o instrumento do mandato. Não é o mandato propriamente dito, mas o

seu veículo, a sua forma exterior. É preciso distinguir entre mandato judicial e mandato

extrajudicial. O mandato judicial é atribuído a quem, legalmente habilitado, se propõe a

atuar no foro, exigindo-se, para tanto, forma solene e instrumento comprobatório, no

caso a procuração.

Quanto ao mandato extrajudicial ou “ad negotia”, se destina à prática de atos de

natureza cível ou comercial fora do âmbito do Judiciário, não exige forma solene,

apenas o acordo de vontades.

Obligatio mandati consensu contrahentium consistit (a obrigação do mandato consiste

no consentimento dos contratantes).

Invitus procurator non solet dari (não é costume que um procurador seja nomeado

contra a sua vontade).

EFEITOS DO CONTRATO

Vícios redibitórios: Defeito oculto na coisa recebida em virtude de contrato comutativo

que a torna imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminua o valor. O conhecimento

do vício ensejaria a não realização do negócio.

Evicção - do latim “evincere”, vencer, triunfar, desapossar.

Ato judicial pelo qual alguém reivindica o que é seu e que lhe tinha sido tirado; ação

judicial pela qual o vendedor responde perante o comprador, caso a venda da coisa se

torne passível de nulidade ou tenha havido fraude na compra anterior.

É a perda total ou parcial de uma coisa (bem jurídico), em virtude de sentença que a

atribui a terceira pessoa.

Ou seja, é a perda total ou parcial de uma coisa, que sofre seu adquirente, em

conseqüência de reivindicação judicial promovida pelo verdadeiro dono ou possuidor.

Perda total ou parcial do domínio, ou uso, de uma coisa em virtude de sentença, que a

atribui a outrem. Para Clóvis Beviláqua, evicção é a perda total ou parcial de uma coisa,

em virtude de sentença, que a atribui a outrem, por direito anterior ao contrato, de onde

nascera a pretensão do evicto. A garantia pela evicção é obrigação que deriva

diretamente do contrato. Por isso independe de cláusula expressa, e opera de pleno

direito.

Assim, havendo a evicção do objeto dado em pagamento, o "solvens" sofre a perda,

ressuscitando a obrigação. A obrigação volta ao seu "status quo ante".

Page 12: Teoria Geral Do Direito Contratual

"Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do

preço, ou das quantias, que pagou: I) - à indenização dos frutos, que tiver sido obrigado

a restituir, II) - à das despesas dos contratos e dos prejuízos que diretamente resultarem

da evicção; III) - às custas judiciais”. Não prima esse dispositivo pela clareza. Por isso

mesmo, duas correntes jurisprudenciais se formaram acerca de sua interpretação. Para a

primeira, o alienante só é obrigado a restituir o preço, ou as quantias pagas, além das

demais parcelas mencionadas, desprezando-se, portanto, assim, a valorização como a

desvalorização subseqüente. Para a segunda, na apuração dos prejuízos resultantes da

evicção, deve-se tomar por base o valor da coisa ao tempo em que se evenceu. Esta,

incontestavelmente, a solução mais justa e própria: a) - porque é tradicional em nosso

direito; b) - porque segue orientação geralmente adotada pelas demais legislações; c) -

porque o Código, de modo expresso, disciplinando a evicção parcial, manda indenizar

pelo valor contemporâneo ao da evicção.

Arras: popularmente conhecidas tão-somente por "sinal", são a importância dada por um

dos contratantes ao outro, com a finalidade precípua de firmar a presunção de acordo

final e tornar obrigatório o ajuste, presumindo-se que contrato está definitivamente

cumprido. Embora as arras formem presunção de acordo final, elas podem assegurar,

conforme for estipulado, o direito a arrependido, evidenciando-se duas espécies:

confirmatórias e penitenciais.As arras confirmatórias consistem na entrega de quantia

ou coisa, feita por um contratante ao outro em firmeza do contrato e como garantia de

que será cumprido. Usam-se, precisamente, para impedir o arrependimento de qualquer

das partes. Quando não se atribui às arras expressamente outra finalidade, devem ser

consideradas confirmatórias. As arras dadas na elaboração no ato de formação do

contrato ou na conclusão deste constituem princípio de pagamento. As arras penitenciais

(art. 1.095 do CC) são aqueles em que se estipulem o direito de arrependimento, com a

perda das arras se o arrependido foi quem as deu, ou pelo pagamento em dobro se, a

“contrario sensu”, o arrependido foi quem as recebeu.

“Exceptio non adimpleti contractus”: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes,

antes de cumprida a sua obrigação, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o

implemento da do outro.Trata-se, aí, da famosa exceptio non adimpleti contractus, em

que alguns vêem manifestação de eqüidade, mas que conta o mais lídimo caráter

jurídico. Saliente-se ser norma de direito material que reforça a tutela do direito.

Direito de retenção: O direito de retenção gera o seu titular uma exceção dilatória. Não

impede a condenação à entrega de coisa, mas subordina a eficácia da sentença à prévia

satisfação do crédito daquele que detém a “jus retentionis”. Por isso, se o título

executivo refere-se a entrega de coisa benfeitorizada pelo devedor, ou por terceiro, antes

da execução é obrigatória a liquidação do valor das obras ou melhoramentos a serem

indenizados pelo credor (Art. 628), o que se fará de acordo com o disposto nos arts. 603

a 610. A execução só terá início depois do depósito do valor das benfeitorias. Se a

sentença exeqüenda já eliminou a retenção por benfeitorias, sua reiteração, nos

embargos, seria infringente da coisa julgada, sem pertinência no processo executório. Se

admitiu esse direito, o próprio título delimita a pretensão executória, de molde a

caracterizar-se, eventualmente, o excesso de execução, segundo o disposto no inciso IV

do art. 743. O texto restringe a sua disciplina, portanto, aos casos em que não houve, no

processo de conhecimento, debate sobre a pretensão a reter, permitindo a sua invocação

na ação incidental de embargos do executa.

Page 13: Teoria Geral Do Direito Contratual

RESUMO II

NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO Fato Natural; Fato Jurídico – em sentido estrito: Ordinário – ocorrência comum;Extraordinário

– ocorrência incomum, inesperado e improvável; ex. caso fortuito e força maior.Ato-fato

jurídico – atuação humana desprovida de manifestação de vontade, mas com efeitos

jurídicos.Ato jurídico em sentido amplo (ato lícito) – há manifestação de vontade.Atos Lícitos –

ato jurídico em sentido estrito (não negocial). Negócio Jurídico é o gênero e contrato é uma

das espécies de negócios jurídicos. Atos IlícitosAto Jurídico em sentido estrito X Negócio

Jurídico (as partes definem os efeitos do negócio).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO (ESCADA PONTEANA) 1 – Plano da Existência:1) Manifestação ou declaração de vontade derivada de um processo

mental de cognição;2) Agente;3) Objeto;4) Forma (veículo de exteriorização da vontade).

2 – Plano da Validade (art. 104 CC/2002) 1) Agente capaz (capacidade de direito e de fato + legitimidade);2) Manifestação de vontade

livre, sem vícios e de boa-fé;3) Objeto lícito, idôneo, possível, determinado ou determinável

(art. 426 CC)4) Forma prescrita ou não defesa em lei (art. 108 e 106 CC).;

3 – Plano da Eficácia 1) Condição Suspensiva ou Resolutória (fixa o momento da produção dos efeitos); evento

futuro e incerto;2) Termo inicial e final – evento futuro e certo;3) Modo e encargo;4)

Conseqüências do inadimplemento do negócio.

DIREITO INTERTEMPORAL – ART. 2035 CC

Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da

entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art.

2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele

se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de

execução.

§ único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais

como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e

dos contratos.

Page 14: Teoria Geral Do Direito Contratual

FORMA E PROVA DO CONTRATO – ARTS. 107, 227.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão

quando a lei expressamente a exigir.

Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite

nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo

vigente no País ao tempo em que foram celebrados.

§ único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é

admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA DO CONTRATO

Princípio Constitucional do Contrato: Dignidade da Pessoa Humana

PRINCÍPIOS INDIVIDUAIS DO CONTRATO Princípio da Autonomia da Vontade ou do Consensualismo.Princípio da Força Obrigatória do

Contrato (Pacta Sunt Servanda X Rebus Sic Stantibus) – a liberdade de contratar (o que, com

quem) é diferente da liberdade contratual (conteúdo do contrato).Princípio da Relatividade

Subjetiva dos Efeitos do Contrato. Ex. Seguro – o beneficiário é o herdeiro.

PRINCÍPIOS SOCIAIS DO CONTRATO Função Social do Contrato. O Código Civil de 1916 ignorou a função social da propriedade e do

contrato. Previsão expressa no CC2002, art. 421 e também no art. 170 da CF-88. Analisando tal

princípio à luz dos ensinamentos de Canotilho, a ele se aplica o Princípio da Vedação ao

retrocesso ou do não retrocesso social (Cláusulas Pétreas). Função Social do contrato e

defeitos do negócio jurídico. Lesão – art. 157.Estado de Perigo – art. 156.

Princípio da Equivalência Material. As partes devem negociar em igualdade de condições.

Princípio da Boa-Fé Objetiva A boa-fé vem do Direito Alemão – treu und glauben – significa, lealdade e confiança. Boa Fé

Objetiva e Subjetiva. Situação psicológica do agente que ignora os vícios porventura existentes

em negócio jurídico por ele entabulado. Para Giselda Hironaka, a boa-fé subjetiva é a junção

de fato (psicológica) mais a virtude (moral).

Page 15: Teoria Geral Do Direito Contratual

CONTRATO Dever jurídico principal – prestação (dar, fazer, não fazer). Deveres jurídicos anexos ou de

proteção (satelitários). Ex. lealdade, confiança, assistência, informação, confidencialidade ou

sigilo. Art. 422.

FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA Função Interpretativa ou de colmatação (integração de lacunas) – art. 113 CC.Função

delimitadora do exercício de direitos subjetivos – art. 51 CDC art. 187 CC.Função Criadora

Normativa – art. 422 CC e Enunciado 24 da I JDC.

SUBPRINCÍPIOS DA BOA-FÉ OBJETIVA Venire contra factum proprium – arts. 973, 330, 175 CC. Doutrina dos atos contraditórios. Não

caia em contradição por conduta. Vedação do comportamento contraditório. Teoria dos Atos

Próprios. Enunciado 362 da IV JDC.

Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos

termos dos arts. 172 a 174 - importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que

contra ele dispusesse o devedor.

Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do

credor relativamente ao previsto no contrato.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a

exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Supressio – perder um direito por omissão. Art. 330 CCSurrectio – ganhar um receber um

direito por omissão de outrem, em função de práticas, usos e costumes. Art. 330 CC.Tu

quoque – elemento surpresa/traição/deslealdade – art. 180 CC – diante da boa-fé objetiva,

não faça contra o outro o que você não faria contra si mesmo – regra de ouro.

Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma

obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra

parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.

Cláusula de Stoppel – aplicação do Venire e do direito internacional.Exceptio Doli – art. 940 CC

– defesa contra o dolo alheio como a exceção do contrato não cumprido. Tem função reativa.

Art. 476 CC. Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem

Page 16: Teoria Geral Do Direito Contratual

ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao

devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do

que dele exigir, salvo se houver prescrição. Duty to mitigate the loss (dever do credor de

mitigar o prejuízo, a própria perda) – Enunciado 169 da III JDC e arts. 769-771 CC.

BOA FÉ OBJETIVA X BOA FÉ SUBJETIVA a) Objetiva – dizer o que se acredita;b) Subjetiva – acreditar no que se diz.

FORMAÇÃO DO CONTRATO FASE DE PUNTUAÇÃO (do francês: pourparlers, e do italiano: puntuazione).

Segundo Flávio Tartuce, trata-se de uma fase denominada pré-contratual, onde se realizam

debates prévios, entendimentos, tratativas ou conversações sobre o contrato preliminar ou

definitivo, que, todavia, não encontra previsão legal expressa no Código Civil vigente. Por se

tratar de uma proposta não formalizada, nesta fase não há vinculação das partes, não

afastando, contudo, a possibilidade de responsabilização civil da parte que desrespeitar os

deveres anexos da boa-fé objetiva (entre os quais estão: dever de cuidado, de colaboração ou

cooperação, de informar, de respeito à confiança, de lealdade ou probidade, de agir conforme

a razoabilidade, a equidade e a boa razão), implícitos em qualquer contrato e em todas as suas

fases. É a fase pré-contratual, de tentativas e debates prévios, sem previsão expressa no CC e

que não implica vinculação entre as partes. Possibilidade de responsabilidade civil.Para Maria

Helena Diniz, a fase de puntuação refere-se às negociações preliminares que nada mais são do

que conversações prévias, sondagens e estudos sobre os interesses de cada contratante, tendo

em vista o contrato futuro, sem que haja qualquer vinculação entre os participantes.Nesse

sentido, remete-se o leitor para os Enunciados 24, 25, 37, 170 e 363 das Jornadas de Direito

Civil. Para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, “(...) É neste momento prévio que

as partes discutem, ponderam, refletem, fazem cálculos, estudos, redigem a minuta do

contrato, enfim, contemporizam interesses antagônicos, para que possam chegar a uma

proposta final e definitiva.”. Destaque-se que não há maiores discussões doutrinárias acerca da

possibilidade de responsabilização civil nesta fase. A grande polêmica é quanto à natureza

desta responsabilidade civil, havendo adeptos da responsabilidade contratual (Ihering e Flávio

Tartuce), bem como da responsabilidade extracontratual ou aquiliana – artigo 186 do CC/02.

2 – FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO – 427 do CC/02 Fase de proposta, policitação ou oblação. Art. 427 CC. Oferta formalizada. Declaração

unilateral de vontade receptícia. Vinculação das partes envolvidas. Características da proposta:

séria, clara, precisa e definitiva. Art. 427 CC. Características da aceitação: pura, simples,

Page 17: Teoria Geral Do Direito Contratual

expressa ou tácita. Art. 431 e 432. Trata-se da fase da oferta formalizada, a efetiva

manifestação da vontade de contratar, que se exterioriza por meio de uma declaração

unilateral de vontade receptícia, vinculando as partes envolvidas, salvo as exceções legais.

ESQUEMA: Policitante, proponente, ofertante ou solicitante - Aquele que faz a proposta Oblato,

policitado ou solicitado Aquele que recebe a proposta Policitante Choque de vontades

Aceitante Aperfeiçoamento do contrato Acolhimento da proposta. ♣ Características da

proposta: séria, clara, precisa e definitiva – 427 do CC/02♣ Características da Aceitação: pura e

simples, expressa ou tácita – 431 e 432 do CC/02

ANÁLISE DO CÓDIGO CIVIL Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos

dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Princípio da Vinculação ou da

Obrigatoriedade da Proposta.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

Contrato entre presentes: (proposta e aceitação manifestadas em curto espaço de

tempo).

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se

também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação

semelhante; (exemplo: contrato celebrado eletronicamente em um chat)

Contrato entre ausentes: exemplo: contrato epistolar e por e-mail

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a

resposta ao conhecimento do proponente; (CONCEITO LEGAL INDETERMINADO –

PRAZO MORAL – ARTIGO 113 CC/02)

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a

retratação do proponente.

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos

essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.

Page 18: Teoria Geral Do Direito Contratual

Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que

ressalvada esta faculdade na oferta realizada.

Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do

proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por

perdas e danos. (Princípio da Eticidade)

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará

nova proposta. (CONTRAPROPOSTA).

Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o

proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo

a recusa. (ACEITAÇÃO TÁCITA OU SILÊNCIO ELOQUENTE – contraria o previsto

no artigo 111 do CC/02 – crítica a esta presunção legal de formação do contrato).

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao

proponente a retratação do aceitante. (Teoria da agnição – subteoria da recepção

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é

expedida, exceto: (Teoria da agnição – subteoria da expedição).

I - no caso do artigo antecedente; (Teoria da agnição – subteoria da recepção).

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; (Teoria da agnição –

subteoria da recepção

III - se ela não chegar no prazo convencionado. (Teoria da agnição – subteoria da

recepção

Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

TEORIAS A RESPEITO DA FORMAÇÃO DO CONTRATO ENTRE AUSENTES:

a) Teoria da Cogniçãob) Teoria da Agnição: (Subteorias da Declaração propriamente dita (não

aceita no Brasil), da expedição e da recepção.1 – Teoria da Cognição – o contrato se considera

aperfeiçoado quando a resposta do aceitante chega ao conhecimento do proponente.2 –

Teoria da Agnição – dispensa que a resposta chegue ao conhecimento do proponente.a)

Subteoria da Declaração propriamente dita – O contrato se aperfeiçoa quando o aceitante

Page 19: Teoria Geral Do Direito Contratual

declara sua aceitação (redigir, datilografar, digitar).b) Subteoria da Expedição – O contrato se

forma no momento em que a aceitação é expedida pelo aceitante.c) Subteoria da Recepção –

O contrato se tem por celebrado no momento em que o policitante recebe a resposta. En. 173

da II JDC.

3 – FASE DE CONTRATO PRELIMINAR – 462-466 CC/02 O contrato preliminar é o denominado pré-contrato ou pactum de contrahendo, e se refere à

fase de contrato preliminar não obrigatória. Uma vez existente, exige os mesmos requisitos de

validade do contrato definitivo, nos moldes do artigo 104 do CC/02, com exceção da forma

prescrita ou não defesa em lei.Remete-se o leitor aos seguintes dispositivos: Enunciados 30 e

95 das Jornadas de Direito Civil e Enunciados 239 e 293 da Súmula do STJ.

4 – FASE DE CONTRATO DEFINITIVO. Aperfeiçoamento do contrato por meio do choque de vontades, com a produção de suas

conseqüências naturais, a exemplo da responsabilidade contratual (artigos 389 a 391 do

CC/02).

TEORIA DO 3º CÚMPLICE Art. 608 CC – Ex. Zeca Pagodinho e jogadores de futebol em que um 3º (que não faz parte do

contrato) faz uma proposta a um dos contratantes na tentativa de fazê-lo romper o contrato.

LUGAR DE FORMAÇÃO DO CONTRATO Lugar onde ele foi proposto. Art. 435 CCEstipulação Contratual em relação a 3ºs.Exceções ao

Princípio da Relatividade Subjetiva dos Efeitos do Contrato.Modalidades.Estipulação em favor

de 3ºs. Art. 436-438 CC.Efeitos exógenos – de dentro para fora.Possibilidade de se exigir a

obrigação tanto pelo estipulante quanto pelo 3º.Impossibilidade de exoneração do devedor

pelo estipulante quando vislumbrado prejuízo de 3º.Faculdade de substituição de 3º pelo

estipulante.Promessa de Fato de 3º. Art. 439-440.Efeitos endógenos (de fora para

dentro).Responsabilidade civil pelo descumprimento do contrato é do promitente, salvo

comprometimento pessoal do 3º. Perda da eficácia da promessa – art. 439, § único

CC.Contrato com pessoa a declarar (Cláusula pro amico eligendo) – art. 467 – 471.Cônjuge

varão (marido) e virago (esposa).

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas:

a) Unilateral – quando não há contraprestação. Uma parte é a devedora e a outra só aufere

vantagens. Ex. mútuo, comodato, doação pura e simplesb) Bilateral ou Sinalagmático –

prestações recíprocas e proporcionais. Ex. CV, locação e PS.c) Plurilateral – envolve várias

Page 20: Teoria Geral Do Direito Contratual

pessoas com direitos e deveres na mesma proporção. Ex. seguro de vida em grupo e contratos

de consórcio.

Quanto ao sacrifício patrimonial das partes: a) Gratuitos ou benéficos – somente uma das partes sofre sacrifício patrimonial. Ex. doação.b)

Onerosos – ambas as partes sofrem sacrifício patrimonial. Ex. CV, locação, etc.

Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato: a) Consensuais – exigem a manifestação de vontade das partes. Ex. CV, locação e mandato.b)

Reais – exigem a entrega da coisa. ex. depósito, mútuo e comodato.

Quanto aos riscos que envolvem as prestações: a) Comutativo ou pré-estimado – as prestações são certas e determinadas. ex. CV e locação.b)

Aleatório – as prestações são incertas e indeterminadas – contratos de risco. Ex. seguro, jogo,

aposta, emptio spei e emptio rei speratae.

Quanto à previsão legal. Art. 425 CC: a) Típico – previsto e regulamentado no CC ou em lei especial.b) Atípico – não previsto e não

regulamentado no CC nem em lei especial. Ex. eletrônico.c) Nominado – tem nome na lei.d)

Inominado – não tem nome na lei. Ex. contrato de garagem.

Quanto à negociação do contrato pelas partes: a) Paritário.b) De adesão (standard) – Lei nº 11.785/2008. Fonte tamanho 12.

Quanto à presença de formalidades: a) Formais.b) Informais.c) Solenes – exigem ato público (escritura pública).d) Não solenes.

Quanto à independência do contrato: a) Principais ou independentes – existem por si só.b) Acessórios – dependem do contrato

principal. Ex. contrato de fiança.c) Coligados – com efeitos interligados.

Quanto ao momento do compromisso: a) De execução imediata (instantâneo) – cumprimento imediato. Ex. CV à vista.b) De execução

diferida – cumprimento previsto para o futuro. Ex. cheque pós-datado.c) De execução

continuada ou de trato sucessivo – cumprimento periódico. Ex. prestação/crediário.

Quanto à pessoalidade: a) Pessoais ou personalíssimos – a característica pessoal é determinante. Ex. Contrato de

Fiança.b) Impessoais. Ex. não interessa quem vai fazer.

Page 21: Teoria Geral Do Direito Contratual

Quanto à definitividade do negócio: a) Preliminares ou pré-contrato – visam a celebração de outro contrato. Ex. pré-contrato de

CV.b) Definitivos – não têm qualquer dependência futura no aspecto temporal.

Súmula 369 e 370 do STJ. Leasing – a constituição em mora exige notificação prévia.Caracteriza dano moral a

apresentação antecipada de cheque pré-datado.Súmula Vinculante nº 141 STF.Confere aos

advogados o direito de acessar os autos de investigação mesmo na fase de

inquérito.ESTIPULAÇÕES EM FAVOR DE TERCEIROSTratam-se de exceções ao Princípio da

Relatividade Subjetiva dos Efeitos do Contrato, segundo o qual o contrato só deve gerar

efeitos entre as próprias partes contratantes. Modalidades:1 – Estipulação em favor de

terceiro;2 – Promessa de Fato de Terceiro;3 – Contrato com Pessoa a Declarar.CONCEITOAto

de natureza essencialmente contratual, por intermédio do qual uma parte convenciona com o

devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à

relação jurídica-base.NOMENCLATURA DAS PARTESEstipulante; promitente ou devedor e

terceiro ou beneficiário (credor do promitente).Efeitos Exógenos (de dentro para fora)a)

possibilidade de exigibilidade da obrigação tanto pelo estipulante quanto pelo terceiro;b)

impossibilidade do estipulante exonerar o devedor em prejuízo do terceiro;c) faculdade de

substituição do terceiro pelo estipulante.PROMESSA DE FATO DE TERCEIROTrata-se de um

negócio jurídico em que a prestação acertada não é exigida do estipulante, mas de um

terceiro, estranho à relação jurídica obrigacional.Flávio Tartuce define tal instituto como uma

figura negocial pela qual determinada pessoa promete que uma determinada conduta seja

praticada por outrem, sob pena de responsabilidade civil. Efeitos Endógenos (de fora para

dentro)a) a obligatio (responsabilidade civil pelo descumprimento do contrato)é do

promitente, a menos que o terceiro se comprometa diretamente à prestação;b) perde a

eficácia a promessa, com a conseqüente exclusão da responsabilidade civil, caso o terceiro seja

cônjuge do promitente, nos moldes do artigo 439, parágrafo único.Exemplo de Silvio

Rodrigues: o marido tenha prometido obter a anuência da mulher na concessão de uma fiança.

Esta se recusa a prestá-la. A recusa sujeitaria o promitente a responder por perdas e danos

que iriam sair do patrimônio do casal, casado por regime de comunhão. Para evitar o litígio

familiar o legislador tira eficácia da promessa.CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR(negócio

jurídico celebrado pela cláusula pro amico eligendo)No momento da conclusão do contrato,

pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos

e assumir as obrigações dele decorrentes.

Page 22: Teoria Geral Do Direito Contratual

VÍCIOS REDIBITÓRIOS – ARTS. 441-446 Instituto jurídico aplicável a todos os contratos comutativos e nas doações

onerosas.Prerrogativa do adquirente – rescisão do negócio ou pedido de desconto. A

responsabilidade do vendedor em relação ao vício redibitório não depende da sua ignorância

acerca da existência ou não do vício, em caso de alienação espontânea, uma vez que cumpre

ao vendedor fazer boa a coisa vendida.

Requisitos Caracterizadores do Vício Redibitório: a) O defeito deve prejudicar o uso da coisa ou diminuir-lhe sensivelmente o valor.b) O defeito

deve ser oculto.c) O defeito deve existir no momento do contrato (se o vício sobrevier após a

tradição da coisa, o ônus pelo vício cabe ao adquirente).

Vício Redibitório X Inadimplemento Contratual – art. 389. Vício Redibitório – cumprimento de forma imperfeita do contrato;Inadimplemento Contratual

– o contrato não é cumprido.

AÇÕES EDILÍCIAS (vem do Direito Romano) – PARA DEFESA CONTRA OS

VÍCIOS. Ação Estimatória (ação quanti minoris);Ação Redibitória.

Vício redibitório Erro essencial (error in ipso corpore rei)

Defeito de ordem objetiva. Atinge o plano de

eficácia do contrato.

Defeito de ordem subjetiva (vício de

consentimento – falsa percepção da

realidade). Atinge o plano de validade do

contrato.

Ação Estimatória ou Ação Redibitória Ação Anulatória

Prazos decadenciais do artigo 445 do CC/02 Prazo decadencial do artigo 178, II, do CC/02

(04 anos).

PRAZOS DO ART. 445 PARA INGRESSAR COM AS AÇÕES: 30 dias – coisa móvel e 1 ano coisa imóvel, a contar da entrega efetiva.No caso de coisa com

posse anterior do adquirente:15 dias, coisa móvel e 6 meses, coisa imóvel.Se o vício foi

conhecido tarde: 180 dias, coisa móvel e 1 ano coisa imóvel, a partir da ciência.Garantia

Convencional – art. 446Enfoque do CDC –art. 18-26, 50-51.

EVICÇÃO Garantia contratual dos contratos onerosos, bilaterais e comutativos. Perda da coisa diante de

uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro. Previsão legal –

art. 447-457 CC.

Page 23: Teoria Geral Do Direito Contratual

Sujeitos da Evicção: Alienante; Evicto (adquirente) e Evictor (terceiro)

Finalidade: resguardar o adquirente de uma eventual alienação “a non

domino”. Requisitos:

Aquisição de um bem a título oneroso;Perda da posse ou da propriedade;Prolação de sentença

judicial ou execução de ato administrativo. A aquisição deve preceder no tempo a perda da

coisa. A evicção pode ocorrer nos contratos onerosos ou em bens adquiridos em hasta pública.

Ex. ação reivindicatória, apreensão policial, apreensão de produtos pelos fiscais da alfândega.

Espécies de evicção: total ou parcial. Direitos do Evicto:

Pretensão tipicamente indenizatória;Restituição do preço que pagou + art. 450;Prazo

prescricional – 3 anos art. 206, § 3º, V, CC.Benfeitorias – art. 453/1.219 CC.Cláusula de non

praestaendra evictione ou cláusula de responsabilidade civil pela evicção. Art. 448.

Exclusão legal da garantia – art. 457. Aspecto processual: evicção e denunciação da lide. Arts. 456, art. 70 e EN. 29 da I JDC.

EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO – ART. 476-477. (Exceptio Non Adimpleti Contractus)Meio de defesa – exceção substancial, por alguns

doutrinadores entendida como exercício do “tu quoque”.Aplicabilidade – somente em

contratos bilaterais e sinalagmáticos ou de prestações correlatas.Exceptio Non Riti Adimpleti

Contractus (parcialmente).

Elementos Constitutivos: a) Existência de um contrato bilateral com obrigações recíprocas e simultâneas.b) Demanda de

uma das partes, pelo cumprimento do pactuado.c) Prévio descumprimento da prestação pela

parte demandante.

Restrições Cláusula solve et repete. Renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não cumprido.

Vedação no art. 51 do CDC. A exceção do contrato não cumprido nos contratos administrativos

– art. 78, XV e XVI da Lei nº 8.666/93. Administração Pública X Contratados. Princípio da

Continuidade do Serviço Público.

Page 24: Teoria Geral Do Direito Contratual

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua

obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação

pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que

aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

Conceito – Segundo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, trata-se de “um meio de

defesa, pelo qual a parte demandada pela execução de um contrato pode argüir que deixou de

cumpri-lo pelo fato da outra ainda também não ter satisfeito a prestação

correspondente.”Características:Cláusula aplicável somente aos chamados contratos bilaterais,

sinalagmáticos ou de prestações correlatas.Tal cláusula admite uma outra modalidade

denominada “Exceptio non rite adimpleti contractus”, ou seja, exceção do contrato

parcialmente cumprido.Restrições– CLÁUSULA SOLVE ET REPETEComum nos contratos

administrativos.É possível, embora não seja comum que as partes estabeleçam a renúncia ao

direito de opor a exceção do contrato não cumprido, restando a um dos contratantes cumprir

sua parte do contrato ainda que o outro não tenha honrado com sua prestação, restando

àquele exigir o cumprimento judicialmente ou perdas e danos.Segundo Pablo Stolze Gagliano,

em aula ministrada no Curso LFG, intensivo I, em 20/11/2008, Esta cláusula, em verdade,

ressalva a exceptio. Quando pactuada, a parte está renunciando a sua defesa na exceção, de

maneira que, se for demandada, terá de cumprir a sua prestação, independentemente da

prestação que deveria ter sido cumprida em primeiro lugar.Enfoque ao CDC – artigo 51.A

exceção do contrato não cumprido nos contratos administrativos.♣ Vide artigo 78, XV e XVI

da Lei 8666/93 (Lei de Licitações).Administração Pública x contratadoContratado x

Administração Pública. Em síntese, é possível afirmar que a cláusula ora em estudo é aplicável

aos contratos administrativos, todavia, com menor amplitude, devendo prevalecer o interesse

público sobre o particular, dentro da razoabilidade e proporcionalidade. Nesse sentido estão

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Celso Antônio Bandeira de Mello, José dos Santos Carvalho Filho

e Hely Lopes Meirelles, com algumas ressalvas. Destaque-se que a aplicação desta cláusula nos

contratos administrativos não se dá de forma imediata em nome do Princípio da Continuidade

do serviço público.

Teoria da Imprevisão e Resolução por Onerosidade Excessiva Rebus Sic Stantibus - Mitigação ao Princípio do Pacta Sunt Servanda. CONCEITOConsistente no

reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a

Page 25: Teoria Geral Do Direito Contratual

elas não-imputáveis, com impacto sobre a base econômica ou a execução do contrato,

admitiria a sua resolução ou revisão, para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.”

Elementos para a aplicabilidade da Teoria da Imprevisão.a) Superveniência de circunstância

imprevisível e extraordinária;b) Alteração da base econômica objetiva do contrato;c)

Onerosidade excessiva;OBJETO DA TEORIA DA IMPREVISÃOContratos de execução continuada

ou de trato sucessivo, bem como aos contratos de execução diferida..Revisibilidade do

Contrato – art. 317 e 479 CC.Restrição contratual à aplicação da Teoria – art. 2.035, §

único.Teoria da Imprevisão no CDC –art. 6º, V.

No CDC, permite-se a revisão contratual independentemente de o fato superveniente ser

imprevisível.

Quadro Comparativo

Lesão Defeito do Negócio

Jurídico

Nasce com o negócio

jurídico

Anulação ou Invalidação

do Negócio

Teoria da

Imprevisão

Presume contrato

existente e válido, de

execução continuada

ou diferida.

Circunstância

superveniente que

onera excessivamente

o devedor.

Revisão/resolução do

contrato.

Teoria da Imprevisão (impossibilidade relativa) e Inadimplemento Fortuito (caso fortuito ou de

força maior). Art. 393. (Impossibilidade Absoluta).

Teoria da Imprevisão Inadimplemento Fortuito (caso fortuito ou

força maior) - 393 do CC/02

Desequilíbrio econômico que não impede a

execução do contrato

Impossibilidade absoluta de dar

prosseguimento ao contrato

Justifica o atenuamento no rigor da execução

da obrigação contratada

Justifica a inexecução total da obrigação

A teoria da imprevisão, por sua vez, enseja

uma revisão dos termos do contrato,

podendo gerar, na repactuação um dever de

ressarcir parcelas pagas ou gastos feitos.

Ambas as partes são liberadas, sem qualquer

responsabilidade por inadimplemento (não

há obrigação de indenizar)

INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS O Código Civil trabalha com conceitos indeterminados, não estabelecendo regras formais e

genéricas de interpretação.Regras de Interpretação:1 – subjetivas (manifestação de vontade,

intenção das partes) – art. 112 e ônus da prova;2 – objetivas – arts. 113, 114, 423, 424, 819,

Princípio da Conservação, 12 regras de Pothier e EM. 26 e 27 da I JDC.

Page 26: Teoria Geral Do Direito Contratual

Interpretação nos contratos de adesão: art. 423 e 424 – Contra Stipulatorem. a) Em caso de dúvida, as cláusulas do contrato de adesão devem ser interpretadas contra a

parte que as ditou;b) Na incompatibilidade entre cláusulas essenciais e acessórias, a

interpretação que deve prevalecer é aquela que for mais favorável ao contratante que se

obrigou por adesão.c) Na incompatibilidade entre cláusula impressa e cláusulas acrescentadas

(escritas) ao formulário, prevalecem estas.

Interpretação nos microsistemas jurídicos: Contrato de trabalho;Contrato de consumo.Arts. 47, § 4º, caput, II e 51, IV Lei nº 8.078/90.Art.

112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao

sentido literal da linguagem.Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme

a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a

renúncia interpretam-se estritamente.Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite

interpretação extensiva.

EXTINÇÃO DO CONTRATO Arras (art. 420 CC e 49 CDC):Penitencial – cláusula de arrependimento – não cabe indenização

complementar.Confirmatória – cabe indenização complementar.O direito de arrependimento

depende de previsão expressa.

Princípio do Paralelismo das Formas – art. 472 (distrato). Fortuito (imprevisível) X Força Maior (inevitável).Termo – fato certo e determinado.

RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL Inadimplemento contratualDescumprimento da prestação pactuada + quebra dos deveres

anexos da boa-fé objetiva:a) Voluntário – art. 389;b) Não voluntário – art. 393 (ônus da prova

do devedor).

Soluções Possíveis: Inércia e defesa (exceptio non adimpleti contractus); a) Requerer a resolução do contrato com perdas e danos;b) Exigir o cumprimento contratual

(execução específica da obrigação);

Responsabilidade Civil: aquiliana (extra-contratual) e contratual. a) Responsabilidade Civil Pré-contratual. EN. 25 da I JDC.b) Recusa de contratar;c) Quebra das

tratativas preliminares (fase de puntuação).

Responsabilidade Civil Pós-Contratual. a) Contratos Aleatórios ou de Esperança – art. 458 -467.b) Contrato de compra de coisa futura

com assunção de risco pela existência (emptio spei) – art. 458.c) Contrato de compra de coisa

Page 27: Teoria Geral Do Direito Contratual

futura sem assunção de risco pela existência (emptio rei speratai) –art. 459.d) Contrato de

compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo contratante – art. 460-461.

CONTRATO PRELIMINAR Pré-Contrato, promessa de contrato ou compromisso.Natureza Jurídica – negócio

jurídico.Objeto: obrigação de fazer um contrato definitivo.

Contrato Preliminar X Fase Pré-Contratual. Contrato Preliminar – existe obrigação e vinculação entre as partes e não existe

Responsabilidade Civil.Fase Pré-contratual – não existe obrigação e vinculação entre as partes

mas existe Responsabilidade Civil.

Classificação: Unilateral ou bilateral;Oneroso ou gratuito.

TUTELA ESPECÍFICA – ART. 461 CPC Visão tradicional – incoercibilidade da vontade humana – direito liberal.Visão moderna – tutela

específica das obrigações de fazer e de não fazer.

CÓDIGO CIVIL 2002 – LEI Nº 10.406/2002

421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do

contrato.

422. Os contratantes são obrigados a guardar os princípios de probidade e boa-fé.

423. No caso de cláusulas ambíguas ou contraditórias, interpretação mais favorável ao

aderente.

424. Contratos de adesão nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do

aderente a direito.

425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas

neste Código.

426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

Page 28: Teoria Geral Do Direito Contratual

Da Formação dos Contratos

427. A Proposta obriga o proponente salvo se resultar dos termos, da natureza, ou das

circunstâncias.

428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente (fisicamente, telefone ou chat), não foi

imediatamente aceita.

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, se não for respondida em tempo razoável;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a

retratação do proponente.

429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao

contrato, salvo.

§ único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que

ressalvada na oferta.

430. Se a aceitação chegar tarde ao proponente, este comunicará ao aceitante sob pena

de perdas e danos.

431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará

nova proposta.

432. Se não for costume aceitação expressa reputar-se-á concluído contrato se não

chegar a tempo a recusa.

433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela/com dela chegar a retratação do

aceitante.

434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida,

exceto:

Page 29: Teoria Geral Do Direito Contratual

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

Da Estipulação em Favor de Terceiro.

436. O que estipula em favor de 3º pode exigir o cumprimento da obrigação.

§ único. Ao 3º, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-

la.

437. Se o 3º beneficiário não reclamar a execução, não poderá o estipulante exonerar o

devedor.

438. O estipulante pode substituir o 3º designado no contrato independentemente da sua

anuência e do outro.

§ único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última

vontade.

Da Promessa de Fato de Terceiro.

439. Aquele que tiver prometido fato de 3º responderá por perdas e danos, quando este

o não executar.

§ único. Salvo se o 3º for o cônjuge do promitente, depender da sua anuência,;

440. Não haverá obrigação para quem se comprometer por outrem se este faltar à

prestação.

Page 30: Teoria Geral Do Direito Contratual

Dos Vícios Redibitórios

441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios

ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam

o valor.

§ único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (441), pode o adquirente reclamar

abatimento no preço.

443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com

perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as

despesas do contrato.

444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do

alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

445. O adquirente decai do direito de obter a redibição/abatimento no preço no prazo de

30 dias se a coisa for BM e de 1 ano se for BI, contado da entrega efetiva; se já estava

na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo

contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de 180 dias, em

se tratando de BM; e de 1 ano, para os BI.

§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os

estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o

disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia;

mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu

descobrimento, sob pena de decadência.

Page 31: Teoria Geral Do Direito Contratual

Da Evicção

447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, que subsiste mesmo em

hasta pública.

448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a

responsabilidade pela evicção.

449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem

direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da

evicção, ou não o assumiu.

450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do

preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente

resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

§ único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em

que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

451. O alienante tem esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, salvo

dolo do adquirente.

452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido

condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe

houver de dar o alienante.

453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão

pagas pelo alienante.

454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo

alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.

Page 32: Teoria Geral Do Direito Contratual

455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão

do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não

for considerável, caberá somente direito a indenização.

456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do

litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe

determinarem as leis do processo.

§ único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a

procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de

recursos.

457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou

litigiosa.

Dos Contratos Aleatórios

458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco

de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber

integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou

culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o

risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o

preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a

existir em quantidade inferior à esperada.

§ único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante

restituirá o preço recebido.

460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco,

assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a

coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como

dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação

do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.

Page 33: Teoria Geral Do Direito Contratual

Do Contrato Preliminar

462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos

essenciais do contrato.

463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo

antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das

partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para

que o efetive.

§ único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.

464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte

inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se

opuser a natureza da obrigação.

465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte

considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem

efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for

razoavelmente assinado pelo devedor.

Do Contrato com Pessoa a Declarar

467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a

faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele

decorrentes.

468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de 5 dias da conclusão

do contrato, se outro não tiver sido estipulado.

§ único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma

forma que as partes usaram para o contrato.

Page 34: Teoria Geral Do Direito Contratual

469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os

direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que

este foi celebrado.

470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:

I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;

II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da

indicação.

471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o

contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.

Da Extinção do Contrato

Do Distrato

472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita,

opera mediante denúncia notificada à outra parte.

§ único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito

investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá

efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos

investimentos.

Da Cláusula Resolutiva

474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de

interpelação judicial.

475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não

preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por

perdas e danos.

Page 35: Teoria Geral Do Direito Contratual

Da Exceção de Contrato não Cumprido

476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua

obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes

diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação

pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que

aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.

Da Resolução por Onerosidade Excessiva

478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes

se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de

acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do

contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

479. A resolução poderá ser evitada se o réu modificar eqüitativamente as condições do

contrato.

480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear

que a sua prestação seja reduzida, ou alterada o modo de executá-la, a fim de evitar a

onerosidade excessiva.