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Teoria Geral da Concorrência Desleal Escola Superior de Advocacia de São Paulo Prof. Dr. Denis Borges Barbosa Fevereiro de 2014

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Teoria Geral da Concorrência Desleal

Escola Superior de

Advocacia de São Paulo

Prof. Dr. Denis Borges Barbosa

Fevereiro de 2014

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Bibliografia

• Tratado da Propriedade

Intelectual, vol. I, Ed. Lumen

Juris, 2011.

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Bibliografia

• A concorrência desleal, e

sua vertente parasitária

(agosto de

2011). http://www.denisbarb

osa.addr.com/arquivos/novi

dades/concorrencia_desleal

.pdf

• Revista da ABPI 116,

Jan/Fev 2012.

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Temática

1. A Concorrência Desleal

2. O que é concorrência?

3. Quando a liberdade constitucional impede

restrições à concorrência

4. · Evolução Histórica

5. · A repressão à Concorrência Desleal na

CUP, na CF

6. · Atos de descrédito e indução a erro

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O AMBIENTE E AS

MODALIDADES DA

CONCORRÊNCIA

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O ambiente da

concorrência“Na Natureza não há crueldade nem compaixão. Na selva, toda a

gazela termina os seus dias nos dentes do leão. Nenhuma morre de

morte natural. Mas tudo acontece sem que o leão seja cruel, e sem que

tenha também piedade. Os sentimentos são alheios à vida da selva.

Na concorrência não há crueldade nem compaixão. Tudo se passa de

modo muito semelhante ao da selva. Mata-se e morre-se com inocência.

Em relação à vida da selva aperfeiçoou-se espantosamente o engenho,

mas há uma idêntica neutralidade em relação a camadas superiores da

vida do espírito.

Os sentimentos humanos estão tão longe da vida dos negócios como

estão da vida da selva… [citando José de Oliveira Ascensão, in

“Concorrência Desleal” – edição de Março de 2002 – págs. 422/423].

Supremo Tribunal de Justiça de Portugal, Processo 3/05.9TYLSB.P1.S1,

6.ª Secção, Relator: Fonseca Ramos, 13-07-2010

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O ambiente da

concorrência• ““...- Normas de repressão à concorrência desleal têm a finalidade de

tutelar o mercado e os consumidores – Proteção à posição de um

comerciante individual no mercado não é contrária aos interesses da

sociedade e não encontra respaldo na Lei..” [...]

• “toda a luta da concorrência econômica, no comércio e na indústria,

como, aliás, em outras profissões, desenrola-se em torno da clientela,

esforçando-se uns para formar a própria freguesia, atraindo para si a

alheia, ao passo que os outros porfiam em conservar e aumentar a

clientela adquirida. A conquista da clientela é sempre feita à custa

dos concorrentes mais fracos ou menos hábeis. (...)

• Quando esta luta se desenvolve normalmente, empregando os

concorrentes as suas próprias forças econômicas e os seus

recursos e meios pessoais para formar a sua clientela, ainda que

prejudiquem os negócios de seus competidores, a concorrência

considera-se lícita, não havendo lugar para intervenção da lei.”

(CERQUEIRA, João da Gama, op. cit., p. 1267/8). [...]

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O ambiente da

concorrência• [...] A concorrência agressiva, ainda que

com a finalidade de desviar a clientela

alheia e arrogar-se uma melhor posição no

mercado, não é reprimida pelo

ordenamento, sendo, aliás, inerente ao

próprio funcionamento do capitalismo. A

entrada no mercado de novos concorrentes e

o ataque à clientela alheia são antes

incentivados pela própria Constituição

Federal, que em seu artigo inicial estabelece

a livre iniciativa como um dos fundamentos da

República e no artigo 170, inciso IV, ressalva

a livre concorrência dentre os princípios que

regem a atividade econômica."

• TJSP, AC 4719054600, 4ª Câmara de Direito

Privado, Des. Francisco Loureiro,

29/01/2009).

Des. Francisco

Loureiro (dando aula

na ESA)

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Modalidades da

Concorrência• Desleal

– Expectativas de comportamento

em certo ambiente real de

concorrência

• Interdita

– Vedação legal: exclusividade

– Vedação convencional: pactos

de não concorrência, presunção

do NCC nas alienações de

estabelecimento

• Lícita

– Exercício pleno da liberdade

Pontes de Miranda

Tratado de Direito

Privado, § 2095.

Classificação dos atos

ilícitos de concorrência

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O bem concorrencial

• O bem concorrencial surge no espaço destes limites, a partir dos quais é ilegal o exercício do direito de concorrer pela mesma clientela.

• Se há um monopólio legal, se só um empresário pode explorar o mercado, não existirá a fricção entre direitos de mesmo objeto.

• Nestes casos, o bem concorrencial tem sua eficácia claramente demarcada.

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O bem

concorrencial

• O bem concorrencial é aquele que é objeto do direito de explorar uma oportunidade comercial, dentro dos limites da concorrência;

• O objeto deste direito é a oportunidade comercial, uma determinada posição perante o mercado.

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O bem

concorrencial

• Trata-se, assim, não da liberdade, mas dos meios de exercê-la e, com eles, uma determinada posição econômica definida pela expectativa de obter receita futura, em face da aptidão dos meios e os lucros já obtidos no passado.

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Direitos de Clientela

Direitos pessoais

Direitos de Clientela

Direitos reais

Paul Roubier

La Proprieté Industrielle, Sirey, 1950

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Âmbito dos direitos de

clientelaExclusivos

Propriedade intelectual: os de propriedade industrial e os de propriedade científica, artística ou literária; as marcas de indústria e de comércio; as appellations d´origine; o fundo de comércio, na acepção francesa; os monopólios legais

Não Exclusivos

• Invenções não patenteadas e o segredo de empresa; as marcas não registradas, o monopólio de fato; Trade Dress, o ponto; o goodwill, ou seja, o próprio aviamento considerado como todo.

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• > Tribunal da Relação da Bahia, 1875

• Meuron & Cia., Autores. Réos, José Eduardo Mendes e outros.

• Sendo os suplicantes estabelecidos nesta cidade com uma fábrica de rapé, conhecida pela

designação de Area Preta, começou a constar-lhe de certo tempo a esta parte já pelo testemunho de pessoas abonadas, já por certos indícios muito significativos, como se fosse a diminuição inexplicavel manifestada no consumo dos seus produtos, que existia no mercado um rape, originário de outro estabelecimento, mas que se inculcara com envoltorios, marcas, firma, estampa, sello e avisos iguais aos da fábrica dos suplicantes ao ponto de iludirem completamente a boa fé dos compradores desprevinidos.

eO primeiro casoiro

caso

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O primeiro caso

• >Estimulados por todas essas razões vieram afinal os queixosos, mediante pesquisas longas e escrupulosas, a descobrir e verificar a realidade do crime, que se estava cometendo contra eles e contra o público, conseguido o que e havendo notícia de existir grande cópia do genero falsificado, não só na mencionada fábrica de Moreira & C., como na loja de José Pedro da Costa Junior, à cidade-baixa, e bem assim em muitas outras casas de comércio em Santo Amaro, Cachoeira, Nazareth, afora diversos outros lugares do recôncavo e do interior (...). (Revista “O Direito”, 1876, pg. 649)

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NA CONSTITUIÇÃO

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– Art. 1º - A República (...) tem como

fundamentos: (...)

– IV - os valores sociais do trabalho e da livre

iniciativa;

Liberdade v.

Exclusividade

Art. 170. A ordem econômica, fundada na

valorização do trabalho humano e na livre

iniciativa, tem por fim assegurar a todos

existência digna, conforme os ditames da

justiça social, observados os seguintes

princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

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• > Supremo Tribunal Federal• (LEX - JSTF - Volume 274 - Página 217) RECURSO

EXTRAORDINÁRIO Nº 193.749-1 – SP. Tribunal Pleno (DJ, 04.05.2001). Relator: O Senhor Ministro Carlos Velloso. Redator para o Acórdão: O Senhor Ministro Maurício Corrêa. Recorrente: Drogaria São Paulo Ltda.Advogados: Luiz Perisse Duarte Junior e outros. Recorrida: Droga São Lucas Ltda.-ME . Advogados: Ezio Marra e outros.

• EMENTA: - RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. LEI Nº 10.991/91, DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. FIXAÇÃO DE DISTÂNCIA PARA A INSTALAÇÃO DE NOVAS FARMÁCIAS OU DROGARIAS. INCONSTITUCIONALIDADE.

Liberdade de

concorrência como

princípio fundamental

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• 1. A Constituição Federal assegura o livre exercíciode qualquer atividade econômica, independentemente de autorização do PoderPúblico, salvo nos casos previstos em lei.

• 2. Observância de distância mínima da farmácia oudrogaria existente para a instalação de novo estabelecimento no perímetro. Lei Municipal nº 10.991/91. Limitação geográfica que induz à concentração capitalista, em detrimento do consumidor, e implica cerceamento do exercíciodo princípio constitucional da livre concorrência, que é uma manifestação da liberdade de iniciativaeconômica privada. Recurso extraordinárioconhecido e provido. ACÓRDÃO. (...) . Brasília, 04 de junho de 1998.

Liberdade de

concorrência como

princípio fundamental

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• Suprema Corte dos Estados Unidos

• BONITO BOATS, INC. V. THUNDER CRAFT BOATS, INC., 489

U.S. 141 (1989), O'CONNOR, J., Relator, decisão unânime da

Corte.

• The efficient operation of the federal patent

system depends upon substantially free

trade in publicly known, unpatented design

and utilitarian conceptions. (...) From their

inception, the federal patent laws have

embodied a careful balance between the

need to promote innovation and the

recognition that imitation and refinement

through imitation are both necessary to

invention itself and the very lifeblood of a

competitive economy.

PI e a liberdade da

cópia

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• “[t]o forbid copying would interfere with

the federal policy, found in Art. I, § 8, cl. 8

of the Constitution and in the

implementing federal statutes, of allowing

free access to copy whatever the federal

patent and copyright laws leave in the

public domain.” Compco Corp. v. Day-

Brite Lighting, Inc., 376 U.S. 234, 237

(1964)

PI e a liberdade da

cópia

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• 18 Octobre 2001 par la lre Chambre de

la Cour d'appel de Paris

• «Le simple fait de copier la prestation

d'autrui ne constitue pás comme tel

un acte de concurrence fautif, le

príncipe étant qu‟une prestation qui ne

fait pás ou ne fait plus l'objet de droits

de propriété intel-lectuelle peut être

librement reproduit: une telle reprise

procure nécessairement à celui qui la

pratique des économies qui ne

sauraient, à elles seules, être ténues

pour fautives, sauf à vider de toute

substance le principe ci-dessus

rappelé, lui-même étroitement lie à la

règle fondamentale de la liberte de la

concurrence

PI e a liberdade da

cópia

La Cour d‟appel de Paris

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• Aristóteles, Poética, parte IV:

"primeiramente, o instinto de imitação

implantado no homem desde a

infância, é a diferença entre ele e

outros animais, sendo a mais

imitativa de todas as criaturas vivas, e

com a imitação aprende suas

primeiras lições; e não menos

universal é o sentimento do prazer

em imitar.

Pertinência da

Constituição

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Não há direito natural aos direitos de

exclusiva

• Superior Tribunal de Justiça– Resp 70015/sp (1995/0035061-0). J:18/08/1997 p:37859. RSTJ

vol.97 p.195. Relator Min. Eduardo Ribeiro. Data da decisão:

03/06/1997. Terceira turma. Modelo industrial não

patenteado. Concorrência desleal.

O criador de modelo industrial, não

protegido por patente, não pode opor-

se a seu uso por terceiro.

Pertinência da

Constituição

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• A propósito, aliás, Gama Cerqueira é peremptório: "As

invenções, modelos de utilidade, desenhos e

modelos industriais não patenteados não podem ser

protegidos com base nos princípios da concorrência

desleal, por pertencerem ao domínio público".

(Tratado da Propriedade Industrial - Parte Terceira -

p379).

• De qualquer sorte, entretanto, o que não se pode admitir,

a toda evidência, é que a simples utilização de modelo

industrial possa configurar o crime de concorrência

desleal".

• Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, 9ª Câmara

Cível, Des. Sergio Patitucci, AC 0399199-1, Julgado em

29.03.2007.

Pertinência da

Constituição

Gama Cerqueira

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Não há direito natural aos direitos de

exclusiva

• In re Morton-Norwich Prods., Inc., 671 F.2d

1332, 1336 (C.C.P.A. 1982) (“[T]here

exists a fundamental right to

compete through imitation of a

competitor‟s product, which right

can only be temporarily denied by

the patent or copyright laws.”)

Pertinência da

Constituição

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Não há direito natural aos direitos de exclusiva

“The defendant, on the other hand, may copy [the]

plaintiff‟s goods slavishly down to the minutest detail: but he may not represent himself as the plaintiff in

their sale”– Bonito Boats, Inc. v. Thunder Craft

Boats, Inc., 489 U.S. 141, 157(1989)

Pertinência da

Constituição

Cópia servil não é proibida

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Nota José de Oliveira Ascensão: [José de Oliveira Ascensão, Concorrência Desleal, Coimbra: ed;

Almedina, 2002, pp. 441/442}

“A mera apropriação ou desfrute de posições alheias não é suficiente para caracterizar a concorrência desleal. E os elementos empresariais alheios podem ser protegidos

por um direito privativo ou não ser. (...)

Se não são protegidos, há que se ter em conta que o grande princípio é o da livre concorrência. E a livre

concorrência leva a dizer que tudo que não é reservado é livre. A liberdade de concorrência implica que os

elementos empresariais alheios possam ser aproveitados por qualquer um. O que significa que

mesmo a cópia é um princípio livre. Para haver concorrência desleal tem de haver uma qualificadora

específica que torne a imitação, em princípio livre, uma actividade proibida.

Pertinência da

Constituição

José de Oliveira

Ascensão

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Que fique claro, assim, qual o regime

normal e “natural” dos bens

intelectuais: o da liberdade de uso por

todos, sem que isso cause impacto na

esfera de direito de seu criador ou

titular.

Apenas quando – excepcionalmente –

haja exclusividade de uso conferida por

lei ao criador ou titular, ou se tenha

uma “qualificadora específica“ que

deflagre a concorrência desleal, pode-

se vedar a apropriação ou desfrute de

criações alheias.

Pertinência da

Constituição

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A Concorrência Desleal

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Base Legal da

Concorrência Leal• Tanto na esfera do Direito Internacional [1] como na lei

interna [2], a concorrência tem merecido atenção específica como fundamento da propriedade intelectual.

• Sem previsão no art. 5º., inciso XXIX, que trata da propriedade industrial, a proteção contra a concorrência desleal pode, no entanto, encontrar abrigo no princípio do art. 170, IV, da Carta que considera base da atividade econômica a livre concorrência.

•[1] CUP, art. 10-bis, TRIPs, art. 39.

• [2] Lei 9.279/96, art. 195.

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Concorrência

desleal

• ARTIGO 10.º-bis

1) Os países da União obrigam-

se a assegurar aos nacionais dos

países da União proteção efetiva

contra a concorrência desleal.

2) Constitui ato de concorrência

desleal qualquer ato de

concorrência contrário aos usos

honestos em matéria industrial ou

comercial.

• CAPÍTULO VI

DOS CRIMES DE

CONCORRÊNCIA DESLEAL

• Art. 195. Comete crime de

concorrência desleal quem:

• I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem;

• II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;

• III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem;

• IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou

estabelecimentos;

• V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à

venda ou tem em estoque produto com essas referências;

• VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o seu

consentimento;

• VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve;

• VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou

dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui

crime mais grave;

• IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do

emprego, lhe proporcione vantagem;

• X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de

empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador;

• XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis

na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam

evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o

término do contrato;

• XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior,

obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou

• XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de

desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou

patenteado, ou registrado, sem o ser;

• XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja

elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para

aprovar a comercialização de produtos.

• Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

• § 1º Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da empresa, que

incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.

• § 2º O disposto no inciso XIV não se aplica quanto à divulgação por órgão governamental competente para autorizar a

comercialização de produto, quando necessário para proteger o público.

Art. 209. Fica ressalvado ao prejudicado o direito

de haver perdas e danos em ressarcimento de

prejuízos causados por atos de violação de

direitos de propriedade industrial e atos de

concorrência desleal não previstos nesta Lei,

tendentes a prejudicar a reputação ou os

negócios alheios, a criar confusão entre

estabelecimentos comerciais, industriais ou

prestadores de serviço, ou entre os produtos e

serviços postos no comércio.

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Concorrência

desleal• ARTIGO 10.º-bis

3) Deverão proibir-se especialmente:

• 1.º Todos os atos suscetíveis de, por qualquer meio, estabelecer

confusão com o estabelecimento, os produtos ou a atividade

industrial ou comercial de um concorrente;

• 2.º As falsas afirmações no exercício do comércio, suscetíveis de

desacreditar o estabelecimento, os produtos ou a atividade

industrial ou comercial de um concorrente;

• 3.º As indicações ou afirmações cuja utilização no exercício do

comércio seja suscetível de induzir o público em erro sobre a

natureza, modo de fabrico, características, possibilidades de

utilização ou quantidade das mercadorias.

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CD em TRIPs

• ART.39

• 1 - Ao assegurar proteção efetiva contra

competição desleal, como disposto no

ART.10 "bis" da Convenção de Paris (1967),

os Membros protegerão informação

confidencial de acordo com o parágrafo 2

abaixo, e informação submetida a Governos

ou a Agências Governamentais, de acordo

com o parágrafo 3 abaixo.

• .

• A tutela do trade secret está

assegurada na proporção em que as

pessoas físicas e jurídicas terão a

possibilidade de evitar que

informações legalmente sob seu

controle seja divulgada, adquirida ou

usada por terceiros, sem seu

consentimento, de maneira contrária a

práticas comerciais honestas, desde

que tal informação:– a) seja secreta, no sentido de que não seja

conhecida em geral nem facilmente acessível

a pessoas de círculos que normalmente lidam

com o tipo de informação em questão, seja

como um todo, seja na configuração e

montagem específicas de seus componentes;

– b) tenha valor comercial por ser secreta; e

– c) tenha sido objeto de precauções

razoáveis, nas circunstâncias, pela pessoa

legalmente em controle da informação, para

mantê-la secreta.

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CD em TRIPS

• . • (10) Para os fins da presente

disposição, a expressão "de

maneira contrária a práticas

comerciais honestas"

significará pelo menos práticas

como

1. violação ao contrato,

2. abuso de confiança,

3. indução à infração, e inclui a

4. obtenção de informação

confidencial por terceiros que

tinham conhecimento, ou

desconheciam por grave

negligência, que a obtenção

dessa informação envolvia tais

práticas.

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Informações

confidenciais

• O art. 39 determina que ao

assegurar proteção efetiva contra

competição desleal (art.10 "bis"

da Convenção de Paris), os

Membros protegerão informação

confidencial e informação

submetida a Governos ou a

Agências Governamentais.

• Ademais, os Membros adotarão

providências para impedir que esses

dados sejam divulgados, exceto

quando necessário para proteger o

público, ou quando tenham sido

adotadas medidas para assegurar que

os dados sejam protegidos contra o

uso comercial desleal.

• 3 - Os Membros que exijam a apresentação

de resultados de testes ou outros dados não

divulgados, cuja elaboração envolva

esforço considerável, como condição para

aprovar a comercialização de produtos

farmacêuticos ou de produtos agrícolas

químicos que utilizem novas entidades

químicas, protegerão esses dados contra

seu uso comercial desleal.

• O Acordo TRIPs (art. 39(3)), atribui mesmo

às parcelas de informações tornadas

públicas pelas exigências da legislação

sanitária o status de indisponíveis: os

demais possíveis fabricantes de um novo

produto, ainda que não haja, para o mesmo,

proteção patentária, que ela seja inaplicável

ou já tenha expirado, são proibidos pelo

Acordo de valer-se dos testes apresentados

.

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Base Jurisprudencial da

Concorrência Leal• concorrência como liberdade

• > Supremo Tribunal Federal

• “A livre concorrência, com toda liberdade, não é irrestrita, o seu direito encontra limites nos preceitos dos outros concorrentes pressupondo um exercício legal e honesto do direito próprio, expresso da probidade profissional. Excedidos esses limites surge a CONCORRÊNCIA DESLEAL...

• Procura-se no âmbito da concorrência desleal os atos de concorrência fraudulenta ou desonesta, que atentam contra o que se tem como correto ou normal no mundo dos negócios, ainda que não infrinjam diretamente PATENTES ou SINAIS DISTINTIVOS REGISTRADOS”. (R.T.J. 56/ 453-5).

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Base Jurisprudencial da

Concorrência Leal• concorrência como liberdade

• A lealdade na concorrência parte da noção de

liberdade ( art. 170, IV, da Carta)

• A liberdade alheia de também concorrer

• Cada concorrente deve agir haja em um

exercício legal e honesto do direito próprio,

entendendo-se como tal o que se tem como

correto ou normal no mundo dos negócios

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Base Jurisprudencial da

Concorrência Leal• concorrência como liberdade

• não é a lei que define os limites daconcorrência, mas as práticas, localizadas notempo, no lugar, e no mercado específico, dosdemais concorrentes, que vão precisar o que élícito ou ilícito.

• Quando cada concorrente entra num mercadoespecífico, encontra aí certos padrões deconcorrência, mais ou menos agressivos, quevão definir sua margem de risco.

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Base Jurisprudencial da

Concorrência Leal• concorrência como liberdade

• Embora tais padrões possam alterar-se com otempo, ou conforme o lugar, há padrõesesperados e padrões inaceitáveis deconcorrência.

• Dentro de tais padrões, pode-se formular umaexpectativa razoável de receita futura.

• O direito tutela tal expectativa, mesmo queinexistam patentes, registro de marcas, ou obraliterária ou estética protegida.

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Uma teoria da

concorrência

privada

• Num sistema jurídico em que haja liberdade de iniciativa, ou seja, acesso juridicamente livre à atividade econômica, e livre concorrência, ou seja, autolimitação do Estado em face da prática privada desta mesma atividade, surge um espaço de proliferação de interesses econômicos sem condicionamento primário de Direito.

• Determinadas no contexto histórico da Revolução Francesa, estas liberdades têm reflexão direta no direito vigente

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Uma teoria da

concorrência privada

• Exercidos de forma razoável

e compatível com a

expectativa dos que

ingressam e praticam a

atividade econômica, não

haverá intervenção do

Estado, repressiva,

modificativa ou de incentivo:

um espaço menos de direito,

que de liberdade

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Uma teoria da

concorrência

• O fenômeno da liberdade agressiva

• Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 1) Embargos infringentes na

apelação cível, reg.int.proces: 36.295. número: eiapc0008536 data

da decisão: 03.09.85 câmara cível desembargador Manoel Coelho

• Ementa: concorrência desleal. Atos de

emulação entre fabricantes de produtos

similares, não chegam a caracterizar

concorrência desleal.

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Uma teoria da

concorrência

• O fenômeno da liberdade agressiva

• Tribunal de Justiça do Distrito Federal, 1) 2) reg.int.proces: 25.623 número: apc0008536 d ata da decisão: 09.12.82 primeira turma cível desembargador Mello Martins 025 desembargador Geraldo Joffily. Data da publicação: 25.04.83 página: 5.210

• Ementa: - a concorrência desleal deve ficar objetivamente comprovada (art-178 do Del-7903.1945 e

art-159 e art-1059 do Código Civil de 1916). - a natural emulação entre fabricantes do mesmo produto não implica concorrência desleal.

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O que é concorrência?

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O que é concorrência

• Compartilhar o mesm setor não configura competição, que presume [1] “disputa por algo que dois ou mais competidores desejam, seja numa guerra, seja na conquista de um mercado”,

• muito embora “o conceito de concorrência não se limita a preços. Em uma economia moderna, aqueles fatores associados às tecnologias de produção visando padrões mais elevados de qualidade, maior produtividade, racionalização de custos, diferenciação do produto, etc., constituem-se em elementos básicos da capacidade concorrencial de cada empresa” [2].

•[1] CARVALHO, Marly M.; LAURINDO, Fernando J. B. Estratégias para a competitividade . São Paulo: Futura, 2003.

• [2] Voto no Ato de Concentração nº 26/95, de 19 de dezembro de 1995, Interessadas: Rockwell do Brasil S.A. e Albarus S.A. Indústria e Comércio. In DOU de 27 de dezembro de 1995, Seção I, pág. 22350.

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Uma teoria da

concorrência

• > Superior Tribunal de Justiça

• Recurso Ordinário em habeas corpus: 0003831 ano:94 RJ turma:06

A concorrência é própria do regime de economia de

mercado. A disputa entre empresas é consequência

natural. O exagero é tônica dos anúncios comerciais

e industriais. Nenhuma censura, inexistindo

desvirtuamento da qualidade da coisa ou prestação

de serviços. Os romanos, há séculos, divisaram o

dolus bonus. A fantasia não se confunde com a

fraude. O perigo (próprio do resultado) deve ser

concreto, ou seja, ensejar probabilidade (não mera

possibilidade) de dano.

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Uma teoria da

concorrência

• Puffing ou puffery são palavras sinônimas

que significam o exagero praticado em

anúncios de publicidade. Estão diretamente

ligadas ao dolus bonus, técnica utilizada nas

relações de consumo para valorizar

excessivamente as qualidades do produto

ofertado. Trata-se de juízo de valor

atribuído de forma exagerada ao produto

ou serviço anunciado, mas que por sua forma

lúdica, jocosa, é tolerado nas relações de

consumo contemporâneas.

• SANTOS, Juliana Zanuzzo dos. O que se

entende por puffing ou puffery? Disponível em

• <http://www.ipclfg.com.br/descomplicando-o-

direito/o-que-se-entende-por-puffing-ou-puffery/>.

Acesso em 28 de fevereiro de 20l2.

• Puffery

Da caixa se espera um

enorme.....

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Uma teoria da

concorrência

• O fenômeno da liberdade agressiva

• A emulação, competição agressiva, mas leal, entre os agentes econômicos, é o pressuposto da utilidade social da concorrência. Os tribunais repetem este óbvio da ciência econômica.

• Assim, não há ilícito no dano que faz um concorrente a outro, na estrita obediência das regras do jogo competitivo. Gerando produto de tecnologia superior, ou a menor preço, um concorrente pode, e mesmo deve, alijar o

outro do mercado, para o bem comum.

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Uma teoria da

concorrência

• CADE

• Ato de Concentração 83/96. Voto da Conselheira Lúcia Helena Salgado

• Stigler, um dos expoentes da escola de Chicago, em passagem interessante, diz:

• “A competição ... é por amplo e antigo consenso altamente benéfica para a sociedade quando imposta - sobre os outros. Toda indústria que pode bancar um porta-voz tem enfatizado ao mesmo tempo sua devoção a esse princípio geral e a necessidade prioritária de reduzir a competição dentro de seu próprio mercado, porque nesse caso a competição não funciona bem....”Lúcia Helena Salgado

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Uma teoria da

concorrência

• CADE• Ato de Concentração 83/96. Voto da

Conselheira Lúcia Helena Salgado

• Stigler, um dos expoentes da escola de Chicago, em passagem interessante, diz:

• Os médicos devem proteger seus pacientes contra os curandeiros (não licenciados) ...Os fazendeiros devem proteger os consumidores contra a fome e isso deve ser feito restringindo a produção e fornecendo subsídios aos produtores...”

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Requisitos da concorrência

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Uma teoria da

concorrência

• Para que haja concorrência entre agentes econômicos é preciso que exista efetivamente concorrência, e se verifiquem três identidades:

• que os agentes econômicos desempenhem suas atividades ao mesmo tempo

• que as atividades se voltem para o mesmo produto ou serviço

• que as trocas entre produtos e serviços, de um lado, e a moeda, de outro, ocorram num mesmo mercado geográfico.

Os três mosqueteiros ...

que são quatro

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Uma teoria da

concorrência

• Concorrência e rivalidade

• A competição relevante para a propriedade intelectual se faz entre empresas, tomadas aí como um ente algo mais vasto do que a definição do novo Código Civil, mas não a ponto de compreender a rivalidade entre clubes de futebol e igrejas, ou entre um cantor lírico e outro. A liberdade tutelada é da iniciativa e da concorrência empresarial.

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Uma teoria da

concorrência

• Ementa: marca de serviço "aldeias SOS",

registrada no Instituto Nacional de Propriedade

Industrial. Ação para abstenção do emprego de

nome semelhante de entidade beneficente, que

visa, como a autora, o amparo do menor

abandonado. Distinção entre marca e nome civil.

O simples registro daquela não pode impedir o

uso deste. Desvio de finalidade do registro.

Inadmissível concorrência desleal na

caridade. Ação e reconvenção improcedentes.

Recursos desprovidos. (

• AC n.º 586003774, terceira cível, TJRS, relator:

des. Galeno Vellinho de Lacerda, julgado em

23/10/1986).

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Uma teoria da

concorrência

• )

Ao

mesmo

tempo

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Uma teoria da

concorrência

• “Nesse ser assim não há que se falar em concorrência

desleal na hipótese. O ordenamento jurídico confere

proteção aos detentores de marcas registradas, bem

como àqueles que não procederam ao registro no INPI,

mas tais defesas submetem-se a limites e requisitos,

inclusive de ordem temporal.

• Para a configuração da concorrência desleal, para além

disso, revela-se indispensável a simultaneidade da

utilização dos nomes, em que um dos litigantes se valeu

da notoriedade e popularidade da marca já existente e

circulante no mercado para angariar a clientela a ela

vinculada. Não há como aplicar, analogicamente, este

entendimento à espécie dos autos. O periódico editado

pela autora não era produzido há mais de mais de cinco

anos - o que, em se tratando de publicação diária, é um

lapso considerável de tempo -, e seus consumidores da

época, provavelmente, migraram para outros produtos

do mesmo gênero”.

• Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, 4ª Câmara

Cível, Des. Jones Figueiredo, AC 133994-0, Julgado em

03.06.2009.

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Uma teoria da

concorrência

• Concorrência material e não

virtual

• Concorrência atual e

preparação para a

concorrência

• Quando não há ...mais...

Concorrência: lingering

goodwill (não é concorrência

desleal, mas – talvez –

eniriquecimento sem causa)

MAS...

..

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Uma teoria da

concorrência

• MESMOS PRODUTOS OU SERVIÇOS

• Análise de utilidade do bem econômico: haverá competição mesmo se dois produtos sejam dissimilares, desde que, na proporção pertinente, eles atendam a algum desejo ou necessidade em comum.

• Assim, e utilizando os exemplos clássicos, a manteiga e a margarina, o café e a chicória, o álcool e a gasolina.

• É necessário que a similitude objetiva seja apreciada em face do consumidor relevante

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Uma teoria da

concorrência

• “Na verdade, quem imita a marca em

mercadoria de sua indústria ou

comércio, sem que o proprietário da

marca imitada produza mercadoria

similar, não lhe faz concorrência. (...) No

caso dos autos, a ré não desviou

clientela da autora porque os produtos

que vendem são diferentes”. Tribunal de

Justiça do Estado do Paraná, 9ª

Câmara Cível, Des. Sergio Patitucci, AC

0399199-1, Julgado em 29.03.2007.

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Uma teoria da

concorrência

• O mesmo mercado geográfico.

• A fixação do mercado pertinente depende de fatores geográficos, tecnológicos e principalmente históricos.

• Uma padaria, especializada em pão francês, atenderá seu bairro, não competindo com outra em bairro distinto; uma pizzaria de entrega a domicílio terá um mercado maior.

• O mercado de açúcar, com maior ou menor influência das barreiras alfandegárias, tem escala internacional.

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Uma teoria da

concorrência

• “Inicialmente, observo que a questão da

concorrência desleal é absolutamente indevida.

Como pode ocorrer 'concorrência' entre dois

restaurantes situados em cidades, ou melhor,

em estados diferentes? Por óbvio que não

existe disputa pela preferência dos clientes.

Ninguém virá ao restaurante da apelada,

localizado nesta Capital, num sábado a

noite, por exemplo, quando o apelante

estiver lotado ou o chopp não estiver

gelado! Não há como visualizar a alegada

“concorrência desleal””.Tribunal de Justiça do

Estado de Goiás, 4ª Câmara Cível, Des. Carlos

Escher, AC 121286-0/188, DJ 28.04.2008.

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Deslealdade

DESLEALDADE

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A expectativa razoável de

uma competição futura

• Cada competidor, ao escolher vender vestuário, e

não defensivos agrícolas, desenvolve uma

expectativa razoável de receita futura levando em

conta não só a demanda e os preços, mas também o

padrão de comportamento que seus concorrentes

vem praticando usualmente.

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• O mercado, anota ainda Irti, é uma

ordem, no sentido de regularidade e

previsibilidade de comportamentos,

cujo funcionamento pressupõe a

obediência, pelos agentes que nele

atuam, de determinadas condutas. Essa

uniformidade de condutas permite a

cada um desses agentes desenvolver

cálculos que irão informar as decisões a

serem assumidas, de parte deles, no

dinamismo do mercado .

• Supremo Tribunal Federal, ADIn nº

3.512/DF, voto condutor do acórdão,

Min. Eros Grau.

Eros Grau

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• Aqui, nesta previsibilidade tutelada, que

nasce a tutela da Propriedade Intelectual

(desta vez, não exclusiva...) da chamada

concorrência desleal. Como veremos a

deslealdade se manifesta simplesmente

como uma imprevisibilidade de

comportamento concorrencial. Como o

interesse tutelado pelas exclusivas (e

também pela concorrência desleal) da

Propriedade Intelectual é exatemente a

expectativa razoável da receita futura – no

dizer de Tullio Ascarelli, a previsibilidade se

imbrica com a razoabilidade da expectativa,

criando um mecanismo jurídico específico. Tullio Ascarelli

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• Ascarelli: “el interés

tutelado es precisamente el de la lealtad de la concurrencia en relación con la probabilidad de aquella ganancia que corresponde al ejercicio de la actividad frente a terceros en régimen de (leal) concurrencia”.

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• Ascarelli: Lo que la

represión de la concurrencia desleal quiere tutelar no es en absoluto el aviamiento o la clientela como caza reservada; es la probabilidad para quien explota la empresa de conseguir aquellos resultados económicos que pueden derivarle del desarrollo de su actividad en régimen de libre concurrencia

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• O que venha a ser lealdade ou

deslealdade na concorrência resulta da conformidade ou não do comportamento do competidor ao padrão esperado.

• Assim, não se apura só o dolodo competidor – especialmente no caso de um crime de concorrência desleal – mas a existência de deslealdade.

regularidade e

previsibilidade de

comportamentos,

Natalino Irti

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Liberdade

Expectativa razoável de receita futuraLiberdade de concorrência

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• O ilícito presume concorrência mais deslealdade

• > Tribunal de Justiça do RS

• Ementa: apelação cível. Concorrência desleal. Ausência de prova de fraude produtos assemelhados a área de comercialização comum. Produtos assemelhados e área de comercialização comum geram, indiscutivelmente, concorrência, incumbindo ao autor de ação indenizatória a prova da fraude, ou de outro meio ilícito, capaz de gerar a qualificação de desleal.Disso não se desincumbido a parte autora, impõe-se a improcedência da ação condenatória que ajuizou. Apelação desprovida. (apc nº 597218130, sexta câmara cível, TJRS, relator: des. Antônio Janyr dall'Agnol Junior, julgado em 15/04/1998)..

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A expectativa razoável

de uma competição

futura• "Apesar de o tipo penal inscrito no art. 195, inciso II da Lei n.

9.279/96, servir de parâmetro para a análise da conduta de

concorrência desleal, necessário valorá-la segundo a

perspectiva do Direito Civil. A hipótese em exame submete-

se ao regime de responsabilidade civil subjetivo, previsto nos

arts 186 e 927 do Código Civil de 2002. Todavia, não ficou

demonstrado que a ré cometeu contrafação, com o propósito

de desviar a clientela dos autores. Assim, é de ser afastado o

pedido de indenização por concorrência desleal.(...)

• Com efeito, o regime de responsabilidade civil incidente no

caso dos autos é subjetivo, nos termos do art. 186 e 927 do

Código Civil de 2002. Portanto, não basta que a conduta

da apelante se subsuma objetivamente à hipótese de

concorrência desleal. Também é preciso que haja a

demonstração do elo psíquico entre o sujeito e a

conduta. Circunstância essa que, todavia, não verifico nos

autos. "TJRS, apelação cível nº. 70028763696, Nona Câmara

Cível, Des. Rel. Iris Helena Medeiros Nogueira, d.j.

15.12.2010)

Des. Iris Helena

Medeiros Nogueira

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CARIDADE VERSUS

EFICIÊNCIA

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Gama Cerqueira e a

CD como caridade• A livre concorrência encontra, assim, os seus

limites, primeiro, nos direitos alheios, depois, nos

deveres do indivíduo para com a sociedade em

que vive, e, finalmente, nos deveres da caridade.

• Ora, se os indivíduos observassem,

espontaneamente, a regra moral que lhes deve pautar

a atividade econômica, é evidente que não se

tornariam necessárias as leis reguladoras da

concorrência comercial e industrial, ou da

concorrência econômica.

• Não é isso, porém, o que se verifica, mas justamente

o contrário, tendendo a livre concorrência para o

abuso desse direito, o que exige a intervenção do

Estado nos seus domínios, a fim de contê-la dentro de

certas regras impostas pela lealdade, pela boa-fé e

pelo interesse social.

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Gama Cerqueira e a

CD como caridade• Os princípios em que se funda a

teoria da repressão da

concorrência desleal dominam

todos os institutos da propriedade

industrial, como o reverso moral

da lei positiva, revelando-se,

assim, sob mais este aspecto, a

unidade desse ramo do direito.

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Nossa posição

• Concorrência desleal

não é uma questão de

boa fé, mas de eficiência

da economia

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Deslealdade

• Um parâmetro concreto e factual

• Para que se configure deslealdade na concorrência o parâmetro não é legal, mas fático.

• É preciso que os atos de concorrência sejam contrários aos “usos honestos em matéria industrial ou comercial” (Convenção de Paris, art. 10-bis) ou a “práticas comerciais honestas” (TRIPs, art. 39) -sempre apurados segundo o contexto fático de cada mercado, em cada lugar, em cada tempo.

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Deslealdade

• Parâmetros mínimos - (Convenção de

Paris)

– atos confusórios,

– as faltas alegações de caráter denigratório, e

– indicações ou alegações suscetíveis de

induzir o público a erro

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Deslealdade

• Parâmetros mínimos – TRIPs

– violação ao contrato,

– abuso de confiança,

– indução à infração, e

– a obtenção de informação confidencial por

terceiros que tinham conhecimento, ou

desconheciam por grave negligência, que a

obtenção dessa informação envolvia práticas

comerciais desonestas

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Deslealdade, boa fé, abuso

de direito e atos excessivos

• Lealdade não se identifica

com a boa fé subjetiva - a

intenção de não provocar

um dano ao próximo.

• O oposto da boa-fé

subjetiva seria a má-fé, a

vontade de causar dano ao

outro.

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Deslealdade, boa fé, abuso

de direito e atos excessivos

• Lealdade não se identifica com a boa fé objetiva (p.ex. do CDC)

•A boa-fé objetiva (acolhidaespecificamente na parte contratual donovo código civil) impõe às pessoaspertinentes uma conduta de acordo com osideais de honestidade e lealdade, não seresumindo à intenção do agente; o deverde agir se ajusta a modelo de condutasocial.

• No entanto esse dever, se é objetivo, é noentanto abstrato, não referido, como nocaso da concorrência desleal, a umasituação objetiva, que é a expectativa decomportamento numa situação concreta deconcorrência.

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Deslealdade, boa fé,

abuso de direito e atos

excessivos

• Roubier define a natureza da deslealdade não como abuso de direito mas como a de um ato excessivo no exercício de uma liberdade:

• “On part, en somme, de cette idée qu‟il y a une conduite normale et une conduite anormale, que ce qui dépasse le volume ordinaire du droit doit être condamné ; (…) celui que fait usage de sa liberté d‟une manière excessive, c'est-à-dire non conforme aux usages, transgresse un devoir social, c'est-à-dire un devoir que résulte des mœurs et des usages, et qui est issu naturellement de la vie en société. »]

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Listagem de atos e noção

de deslealdade

• Alguns sistemas jurídicos, ao invés de se

referirem aos usos e costumes, fornecem

uma listagem específica de práticas

nocivas

• No caso do Direito Brasileiro, a noção de

deslealdade não se limita à lista dos

crimes do art. 195.

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Listagem de atos e noção

de deslealdade

• "A LPI, ao tratar da concorrência desleal em seu artigo

209, deixou propositalmente aberta a lista de práticas

comerciais ofensivas à lealdade que legitimamente se

pode esperar dos concorrentes. Isto porque “a listagem

é sempre imperfeita; o que deve ser tutelado, num

contexto de liberdades civis, é algo muito mais

dúctil, mutável, localizado, que são as expectativas

razoáveis de um comportamento de mercado”.

(BARBOSA, Denis Borges. Uma Introdução à

Propriedade Intelectual. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2003. p. 297)."

• TJSP, 0048462-73.2008.8.26.0562, 1ª Câmara

Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de

Justiça de São Paulo, Des. Francisco Loureiro, 8 de

maio de 2012

Des. Francisco

Loureiro

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Listagem de atos e noção

de deslealdade

• Mesmo no caso de crimes listados no art. 195,

os tipos não são abstratos;

• Sem deslealdade, não há crime, eis que

inexistente o objeto da proteção penal.

• No mais genérico e abrangente dos tipos, por

exemplo, o inciso III, “- emprega meio

fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou

alheio, clientela de outrem;”, a fraude aí é

apenas uma remissão aos usos e costumes do

comércio.

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Deslealdade, geografia e

especialidade

• Que usos e costumes são esses?

• Serão os usos gerais do comércio,

ou os específicos daquele mercado?

• . É intuitivo que os costumes do

setor financeiro não são os mesmos

do de alimentação, nem as livrarias

especializadas em obras religiosas

têm os mesmos costumes das lojas

vendendo exclusivamente livros de

erotismo.

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Deslealdade, geografia e

especialidade

• Suprema Corte dos Estados Unidos no caso

International News Service V. Associated Press

, 248 U.S. 215 (1918):

• Obviously, the question of what is unfair

competition in business must be determined with

particular reference to the character and

circumstances of the business.

• The question here is not so much the rights of

either party as against the public but their rights

as between themselves.

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Deslealdade, geografia e

especialidade

• Note-se que, embora os elementos

de correção profissional existentes

nas leis de regulação dos advogados,

representantes profissionais, nos

códigos de auto-regulamentação

(como os do CONAR), ou nos

códigos de ética de associações de

empresas sejam bons índices do que

é leal ou desleal entre os

concorrentes, nada supre a análise

da materialidade da concorrência – o

que é matéria de prova.

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Deslealdade, geografia e

especialidade

• O escopo geográfico

• Se é na zona sul do Rio de

Janeiro que se processa a

competição, não serão os

hábitos de Dresden os

usados como parâmetro;

nem, possivelmente, os da

zona norte, se o mercado

em questão é bem

característico por oposição

ao outro.

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Quando a liberdade

constitucional impede restrições

à concorrência

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As liberdades

• "A defesa da livre concorrência é imperativo de ordem constitucional (art.

170, IV) que deve harmonizar-se com o princípio da livre iniciativa (art. 170,

caput). Lembro que „livre iniciativa e livre concorrência, esta como base do

chamado livre mercado, não coincidem necessariamente. Ou seja, livre

concorrência nem sempre conduz à livre iniciativa e vice-versa (cf. Farina,

Azevedo, Saes: Competitividade: Mercado, Estado e Organizações, São

Paulo, 1997, cap. IV). Daí a necessária presença do Estado regulador e

fiscalizador, capaz de disciplinar a competitividade enquanto fator relevante

na formação de preços ...‟ Calixto Salomão Filho, referindo-se à doutrina do

eminente Min. Eros Grau, adverte que „livre iniciativa não é sinônimo de

liberdade econômica absoluta (...).

• O que ocorre é que o princípio da livre iniciativa, inserido no caput do art.

170 da CF, nada mais é do que uma cláusula geral cujo conteúdo é

preenchido pelos incisos do mesmo artigo. Esses princípios claramente

definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade anárquica, porém

social, e que pode, consequentemente, ser limitada.(...)

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Das liberdades

• "Não se trata aqui de reduzir a defesa da liberdade de concorrência

à defesa do concorrente, retrocedendo aos tempos da „concepção

privatística de concorrência‟, da qual é exemplo a „famosa discussão

sobre liberdade de restabelecimento travada por Rui Barbosa e

Carvalho de Mendonça no caso da Cia. de Juta (Revista do STF

(III), 2/187, 1914)‟, mas apenas de reconhecer que o fundamento

para a coibição de práticas anticoncorrenciais reside na proteção a

„ambos os objetos da tutela: a lealdade e a existência de

concorrência (...).

• Em primeiro lugar, é preciso garantir que a concorrência se

desenvolva de forma leal, isto é, que sejam respeitadas as

regras mínimas de comportamento entre os agentes

econômicos. Dois são os objetivos dessas regras mínimas.

Primeiro, garantir que o sucesso relativo das empresas no

mercado dependa exclusivamente de sua eficiência, e não de

sua 'esperteza negocial' – isto é, de sua capacidade de desviar

consumidores de seus concorrentes sem que isso decorra de

comparações baseadas exclusivamente em dados do mercado.‟

” STF, (AC 1.657-MC, voto do Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso,

julgamento em 27-6-2007, Plenário, DJ de 31-8-2007.)

Cezar Peluso

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Imprevisibilidades

lícitas

• Como já enfatizamos, é desleal o

comportamento imprevisível do concorrente;

o que foge do padrão de mercado, como nota o

Acórdão do STF mencionado.

• A deslealdade é uma desordem, a violação de

“uma ordem, no sentido de regularidade e

previsibilidade de comportamentos”.

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Imprevisibilidades

lícitas

• Há determinadas

causas de risco

empresarial que são

funcionais e

admitidas pelo direito.

Não há “deslealdade”

quando a lesão na

concorrência deriva

de uma dessas

causas.

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Imprevisibilidades

lícitas

• A primeira causa é o simples risco

empresarial num contexto

concorrencial estável.

• Todo o incentivo constitucional à

livre inciativa corresponde à

perspectiva utilitarista de que o

exercício dessa liberdade conduz a

satisfação do interesse público de

uma economia eficiente, em que a

atrição darwinista entre

competidores eliminaria os menos

capazes.

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Imprevisibilidades

lícitas

• A segunda causa é a manipulação das

vantagens concorrenciais através de

mudanças no paradigma concorrencial, por

meio da inovação, dinâmica, organização,

mudanças de objetivo, etc.

• Todos esses fenômenos atendem à

necessidade de desenvolvimento, inscrita

no art. 3º da Constituição como um direito

fundamental. A mutação do espaço

concorrencial que atenda esses

pressupostos é funcionalmente conforme

com o Direito

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A concorrência através

da própria eficiência1. En este sentido, es una idea unánimemente

admitida en la doctrina, que "la forma

normal de competencia es la competencia

en base a las propias prestaciones", al ser

la forma competitiva que permite al

potencial consumidor una actividad

comparativa, con el objeto de obtener una

decisión que ponga fin al proceso de

selección de mercado;

[PÉREZ, Eva Domínguez. Competencia

Desleal a Través de Actos de Imitación

Sistemática. Espanha, Navarra. Ed.:

Thomson Aranzadi. 2003. p. 121-127.

garantir que o sucesso relativo das empresas no mercado dependa

exclusivamente de sua eficiência (Cezar Peluso, AC 1.657-MC

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A concorrência através

da própria eficiência1. sólo en la medida en que el

consumidor pueda realizar una

actividad de comparación de

prestaciones del mismo tipo ofertadas

en el mercado (precio, calidad,

características de las prestaciones,

etc., podrá decidir libremente, dando

cumplimiento con ello al papel de

árbitro que está llamado a desempeñar

el consumidor en el moderno Derecho

de la Competencia.

• [PÉREZ, Eva Domínguez.

Competencia Desleal a Través de

Actos de Imitación Sistemática.

Espanha, Navarra. Ed.: Thomson

Aranzadi. 2003. p. 121-127.

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A imitação necessária e

a confusiva • Assim, há uma imitação necessária

quando se copia do concorrente algo

indispensável para um aumento de

eficiência. Não há, ou não há mais,

patente ou direito autoral.

• Para aperfeiçoar com experiência e

eficiência as tecnologias e criações

alheias, o concorrente copia, para

inovar ou mesmo para superar o

monopólio, diminuindo os preços e

aumentando a eficiência. Neste último

caso, a imitação é consagrada pelo

direito. É isso que a Constituição quer,

para o benefício da sociedade.

Imitação eficiente

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A imitação necessária e

a confusiva • Todo o programa de medicamentos genéricos é construído,

no mundo todo, nesse pressuposto de que a imitação é

socialmente justa, e inescapável se se busca a função

social das propriedades.

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A imitação necessária e

a confusiva

• Mas a imitação de

signos, de imagens, de

tudo com o que o

imitador tenta se

associar à imagem ou

ao prestígio do

competidor líder, não é

necessária para se

conseguir a própria

eficiência.

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A imitação necessária e

a confusiva

• O competidor, tentando

carrear para si imagem ou

prestígio alheio, compete por

obstrução

(«Behinderungwettbewerb»), e

não por eficiência própria

("Leistungswettbewerb"). Competição por obstrução

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• “(...) a segurança de um aparato diferenciador de

produtos não está baseada somente na necessidade

de proteger pessoas incultas e ignorantes, mas, sim,

na regulamentação da atividade construtiva, evitando

que copias e plágios fiquem imunes diante dos

prejuízos das marcas notórias e vencedoras.

• Embora a ética do comércio permita abrandar conceitos,

para que o rigor no exame das iniciativas produtivas não

emperre a máquina de investimentos, fundamental para a

circulação da riqueza, não pode ser tolerada a deslealdade

que, em algumas vezes, é exteriorizada pela copia de

produtos estigmatizados pela atividade da empresa

concorrente.

• TJSP, Apelação com revisão 2813834200, Quarta Cãmara

de Direito Privado, Des. Ênio Zuliani, Julgado em

15/2/2007

Ênio Zuliani

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• 4. No caso concreto, o foco do reclamo da autora é a semelhança

entre as embalagens dos produtos da ré e os seus, sob dois

prismas: a) o primeiro, de supostamente induzir os consumidores

em erro, traduzindo um injusto desvio de mercado; b) o segundo,

de parasitismo e proveito do prestígio alheio.

• O perito judicial, analisando as embalagens das latas de creme de

leite comercializados pelas partes, concluiu pela relativa

semelhança entre os pares de produtos comparados.

• O exame atento do laudo pericial revela que as embalagens de

creme de leite utilizadas pela ré remetiam diretamente às

embalagens da autora, que primeiro delas se utilizara e é líder de

mercado.

• Tenho dúvidas se o consumidor pode ser levado a erro pelas

semelhanças das embalagens. Isso porque, apesar da similitude

de cores e de figuras, os produtos têm as marcas "Nestlé"

"Parmalat" e "Glória" ostensivas nos rótulos, que, de algum modo

cumprem papel diferenciador.

• Forçoso reconhecer, porém, que as evidentes semelhanças

existentes não eram necessárias, nem cumpriam qualquer fim

social relevante.

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• Pode-se até alegar que a fruta morango guarda certa associação com

creme de leite. O que me desagrada não é o uso isolado da fruta, mas

sim somado à similitude de cores azul e branco, o jorro do leite, enfim

toda a composição da embalagem, que remete inegavelmente ao

produto concorrente.

• É notório que haveria uma associação entre os produtos, decorrente da

similitude da disposição das cores e imagens entre ambos, e estou

convencido que essa parecença foi deliberadamente desejada pela ré,

ao alterar as embalagens, atendendo a estudo de mercado.

• Fato incontroverso, mais, que as rés alteraram suas embalagens, após

pesquisa de mercado. Não vejo razão plausível para a mudança,

aproximando as novas embalagens daquela idealizada e construída

pela líder de mercado.

• A proteção à marca deve ser vista sob duplo aspecto. Um é evitar o

erro, a confusão do consumidor; outro é evitar o parasitismo, o

enriquecimento sem causa à custa do prestígio de marca alheia." (TJSP,

Ac 994.07.115467-5, 4o Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, Des. Francisco Loureiro, 25 de fevereiro de 2010)

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• O objeto de sua crítica é que a designação Real adotada

nos produtos comercializados pelas rés importa em

comércio parasitário, em usurpação de prestígio alheio,

eis que há notória semelhança ortográfica e semântica

com a marca registrada da autora Royal - designação

para a qual obteve registro de marca junto ao INPI.

• Evidente que REAL e ROYAL são palavras que se

assemelham tanto na ortografia quanto no significado.

As semelhanças talvez não tenham o condão de iludir os

consumidores, porém forçoso reconhecer que também

não se mostram necessárias, nem cumprem qualquer

fim relevante.

• É notório que há uma associação entre os produtos,

decorrente da similitude na identidade de baralhos e

similitude de suas marcas. Um produto novo no

mercado e de preço muito inferior remete a outro

reconhecido e consagrado pelo mercado.

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• Destaco que a natureza do produto - baralho -

pode levar a certa confusão entre consumidores.

Não se trata de bem adquirido costumeiramente,

mas que, ao contrário, costuma ser usado ao

longo de anos. Razoável supor que o

consumidor, que esporadicamente adquire

baralhos e tem gravada na mente a tradicional

marca Royal, tome o produto Real pelo outro, ou

como uma segunda linha da mesma fabricante,

a preços mais acessíveis.

• O caso seria, então, não propriamente de

reprodução, mas sim de imitação da marca, sem

cópia servil, mas com semelhança suficiente para gerar confusão prejudicial ao titular com

precedência de uso e aos próprios consumidores.

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• Sabido que uma das formas mais sutis de imitação é a ideológica, qual

seja, "a que procura criar confusão com a marca legítima por meio da

idéia que evoca ou sugere ao consumidor. Há marcas que despertam a

idéia do produto a que se aplicam ou de alguma de suas qualidades, ou

que sugerem uma idéia qualquer, sem relação direta com o produto

assinalado" Gama Cerqueíra, Tratado da Propriedade industrial, 2a.

Edição RT, p 918). Assinala o autor que em tal hipótese, "o emprego da

marca, que desperte a mesma idéia da marca legítima, mesmo que

materialmente diversa, pode estabelecer confusão no espírito do

consumidor, induzindo-o em erro".

• Pouco provável, diante da infinita variedade de nomes, que a ré

tenha escolhido exatamente o termo REAL para designar seu

produto, açambarcando, de modo direto ou indireto, o prestígio da

marca concorrente.

• Este parentesco existente entre as denominações dos produtos

concorrentes certamente contribui para um injusto proveito à marca do

novo entrante, cuja qualidade seria associada ás dos produtos da

autora.

• (TJSP, AC 459.514.4/3-00, Quarta Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Des. Ênio Santrelli Giuliani,

27 de agosto de 2009).

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Concorrencia por prestações

proprias nos tribunais

• As circunstâncias do caso concreto reforçam a impressão do

parasitismo. A marca "Amor aos Pedaços" goza de inegável apelo e

prestígio junto ao público em geral, fruto de anos de investimentos e

cuidado na elaboração e vendas de bolos e doces.

• Pouco provável, diante da infinita variedade do léxico, que a ré, ao

inaugurar doceria no interior de um shopping Center a menos de

sessenta quilômetros de São Paulo, tenha escolhido o nome e a

marca "Delícias em Pedaços" sem o propósito de beneficiar, de

modo direto ou indireto, do prestígio da marca concorrente.

• (TJSP, AC 396.623.4/2-00, Quarta Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação unânime,

julgamento 2 de abril de 2009

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ATOS DE DESCRÉDITO

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Concorrência desleal

Atos de descrédito• Art. 195. Comete crime de

concorrência desleal quem:

• I - publica, por qualquer meio, falsa

afirmação, em detrimento de

concorrente, com o fim de obter

vantagem;

• II - presta ou divulga, acerca de

concorrente, falsa informação, com o fim

de obter vantagem;

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Concorrência desleal

Atos de descrédito• “A empresa que faz uso de meios fraudulentos

para conquistar a clientela de outra,

consubstanciados em argumentação

mentirosa e tendente a prejudicar a

reputação e a comercialização de sua rival e

em remessa de material de propaganda apto

a confundir os clientes desta, não encontra

respaldo no Código do Consumidor nem na

legislação que disciplina a livre concorrência, eis

que sua prática configura atos de concorrência

desleal e, por isso, fica sujeita a indenizar os

danos material e moral experimentados pela

prejudicada.”. Tribunal de Justiça do Amapá,

Câmara Única, Des. Mário Gurtyev, AC 1338/03,

DJ 06.06.2003.

Des. Mário Gurtyev

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Concorrência desleal

Atos de descrédito• “No campo de acentuada rivalidade empresarial, a aferição da

responsabilidade civil do autor do fato é flexibilizada pela existência de

natural hostilidade entre os concorrentes, filtrada pela lógica do razoável e

freada pelos limites ético-jurídicos, econômicos e sociais previstos no

artigo 187 do Código Civil, bem como pela atuação do órgão responsável

pela prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, o

Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE.

• Aliás, essa competitividade é claramente retratada nestes autos,

notadamente pela patente animosidade existente entre as partes,

consoante se infere, verbi gratia, das recíprocas imputações de práticas

abusivas - infrações contra a ordem econômica (concorrência

desleal, ilícitos administrativos, fiscais e penais, etc). Manifestações

proferidas em contexto diverso do pretendido pela recorrente, sem

animus difamandi, são conseqüências ou comportamentos tolerados,

próprios do ambiente extremamente competitivo desse ramo de

atividade.

• Consequentemente, a avaliação da ocorrência de dano

extrapatrimonial há de ser particularizada, no sentido de tolerar maior

rispidez ou aspereza nos comportamentos analisados, sem qual tal

fato importe necessária responsabilização dos seus participantes.”

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, 13ª Câmara Cível, Des. ,

AC 2008.001.14259, Julgado em 18.06.2008.

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Concorrência desleal

Atos de descrédito• “O apelante alega que há subsídios suficientes para o recebimento da

queixa sustentando que a apelada teria desviado a clientela da

apelante para outra empresa e dito que o sócio da empresa era muito

„cri-cri‟ e que por isso, estaria configurado o crime de concorrência

desleal e injúria (...)

• Do supratranscrito, verifico que, na medida em que os fatos foram postos

pelos querelantes foi devidamente mencionado o dolo específico

consistente na utilização, em tese, de fraude para desviar a clientela

consistente no comentário depreciativo do serviço dos querelantes e na

proposta de indicar outra empresa para fazer os projetos. Dessa forma, a

decisão lançada deve ser reformada para receber a denúncia de

desvio de clientela.

• Quanto ao crime de injúria praticado contra a pessoa de Agnaldo

Rodrigues, o termo „cricri‟, de per si compõe o rol das má qualidades de

alguém, ainda mais quando inserido dentro de uma frase que aborda o

modo do querelante se portar, sendo „nervosinho‟ e „cricri‟.

• Tenho que, igualmente neste ponto, deve a decisão singular ser reformada

para receber a queixa-crime quanto ao delito de injúria cometido por Maria

Judith Chulli contra a pessoa de Agnaldo Rodrigues”. Tribunal de Justiça

do Estado do Mato Grosso do Sul, 1ª Turma Criminal, Des. Gilberto Castro,

AC 2006.012417-1/0000-00, Julgado em 06.02.2007

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Concorrência desleal

Atos de descrédito• “Em análise aos autos, pude constatar que realmente houve a prática de concorrência desleal pela apelante,

pois a propaganda, ao salientar que o serviço da agravante é até 50 vezes mais barato que o da agravada,

pode implicar na perda de clientela à agravada, uma vez que a publicidade é mecanismo extremamente eficaz

para a conquista de consumidores, ensejando, através desta prática, a cooptação de parcela significativa do

mercado consumidor, proporcionando graves prejuízos à agravada.

• Pelo que se pode observar, a publicidade tomou por base a tarifa mais alta de telefone pré-pago em

uma operadora de telefonia celular no Rio de Janeiro (ATL), comparando-a com a de ligação feita a

partir de telefone público. Percebe-se que não são objetivos os critérios utilizados pela agravante para

a aferição dos números divulgados e nem é clara a publicidade dirigida ao consumidor, como

determina o Código de Defesa do Consumidor em seu art. 6º (...)

• bem verdade que não haveria necessidade de constar na publicidade todos os detalhes ou mesmo o nome da

operadora de celular que presta serviços com base em tais valores (o que não poderia acontecer,

obviamente), mas um mínimo de objetividade seria necessário para consagrar o direito do consumidor e,

consequentemente, haver concorrência leal”. Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, 3ª Câmara Cível,

Dês. Cleones Cunha, AC 23380/2005, Julgado em 10.05.2005.

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ATOS CONFUSIVOS

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Atos confusivos

O genérico

• Art. 195. Comete

crime de concorrência

desleal quem:

• III - emprega meio

fraudulento, para desviar,

em proveito próprio ou

alheio, clientela de

outrem;

Os específicos• IV - usa expressão ou sinal de

propaganda alheios, ou os imita, de modo a

criar confusão entre os produtos ou

estabelecimentos;

• V - usa, indevidamente, nome comercial,

título de estabelecimento ou insígnia

alheios ou vende, expõe ou oferece à venda

ou tem em estoque produto com essas

referências;

• VI - substitui, pelo seu próprio nome ou

razão social, em produto de outrem, o nome ou

razão social deste, sem o seu consentimento;

• VII - atribui-se, como meio de propaganda,

recompensa ou distinção que não obteve;

• VIII - vende ou expõe ou oferece à venda,

em recipiente ou invólucro de outrem, produto

adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza

para negociar com produto da mesma espécie,

embora não adulterado ou falsificado, se o fato

não constitui crime mais grave;

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A concorrência através

da própria eficiência

• (...) A concorrência

desleal supõe o objetivo

e a potencialidade de

criar-se confusão quanto

a origem do produto,

desviando-se clientela

(Resp. 70.015-SP, rei.

Min. Eduardo Ribeiro, DJ

18.08.1997

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DESVIO

FRADULENTO DE

CLIENTELA• “(...) A tomada, a conquista e mesmo

o aliciamento de fregueses são atos naturais da competição e o disputante pode neles empenhar-se, desde que se valha apenas de expedientes lícitos. Mas não se lhe permite o recurso a meios ilícitos: é o meio utilizado, a arma empregada - e não o desvio em si - que é ilegal.” (CELSO DELMANTO, Crimes de Concorrência Desleal, São Paulo: Bushatsky/Ed. USP, 1975, pág. 80).

Celso Delmanto

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Atos confusivos• Acrescente-se a isso que, em versando sobre concorrência

desleal fundada em confusão entre produtos, a configuração

requer três requisitos atuáveis na confusão em foco, quais

sejam: a) anterioridade do produto concorrente; b) existência

de imitação e c) suscetibilidade de estabelecer-se limitação:

• a) necessidade de preexistência de produto concorrente:

a ação tendente à confusão deve embasar-se em outro

produto existente e de concorrente, com o qual objetive a

assemelhação, na indução do público ao consumo, pelo

aproveitamento indevido seja do nome, seja da qualidade ou

imagem de que desfrute no mercado seu titular, ou o próprio

produto.

• b) existência de imitação: deve a imitação assumir a

mesma dimensão e a mesma disposição visual do produto

concorrente.

Des.

Sudbrack

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Atos confusivos• c) suscetibilidade de se estabelecer confusão:

para que haja a figura em questão, outro pré-requisito

fundamental é o da suscetibilidade de se estabelecer

confusão entre os produtos. Exige-se que a ação ou

expediente ou o seu resultado colaborem para a

desorientação dos consumidores. Deve tratar-se,

pois, de ação que faça com que o produto mostre-

se ao consumidor médio como se fora o do

concorrente. Pequenos pontos de contato ou

intersecções visuais e de estilização entre os

produtos não têm o condão de ensejar o cenário de

contrafação. (...)

• TJRS, AC 70037490273, Des. , Décima Segunda

Câmara Cível, 02 de setembro de 2010.

Des.

Sudbrack

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Atos confusivos• Ora, no caso em análise, verifica-se que a par do produto da

autora estar sendo comercializado anteriormente ao da ré,

revela-se incontroverso que a ré obrou em mimetismo visual do

produto, reproduzindo suas características mais

representativas ao público-alvo, de sorte a despertar a

confusão, certa de que a única diferença perceptível entre os

produtos, original e contrafeito, é o ângulo de inclinação de sua

denominação aposta na superfície do produto.

• Assim, não procede o argumento da demandada, para afastar sua

responsabilidade, no sentido de que tem o registro da marca ELEGÊ

BALANCE e o enquadramento da embalagem do produto no

contexto dos demais da marca ELEGÊ e que as cores e os signos

vêm sendo usados, desde cerca de 1997, representando verdadeira

característica do seguimento ELEGÊ ( fls. 256/257)."

• TJRS, AC 70025756552, Quinta Câmara Cível, Des. Umberto

Guaspari Sudbrack, 18 de fevereiro de 2009.,

Des.

Sunbrack

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Atos confusivos• Em segundo lugar, "Civil. Propriedade intelectual. Marcas

"Ricavel" e "Ricave". Possibilidade de confusão. Empresas que

atuam no mesmo seguimento, sob a mesma bandeira. Violação

aos arts. 129 e 189, I, do Código de Propriedade Intelectual. 1.

Para a tutela da marca basta a possibilidade de confusão, não

se exigindo prova de efetiva engano por parte de clientes ou

consumidores específicos. (...)

• Observe-se, apenas para fins de clareza, que o regime de

proteção às marcas é diverso do regime de concorrência

desleal. Enquanto a proteção da marca exige apenas

possibilidade de confusão, o combate à concorrência desleal

exige efetiva prova da fraude ou da confusão.

• Daí porque não se pôde conhecer do recurso quanto à

concorrência desleal, mas é possível, sem qualquer óbice na

Súmula 7, conhecê-lo quanto ao direito marcário." STJ - REsp

401.105 - 4.ª Turma - j. 20/10/2009 - v.u. - rel. Honildo Amaral de

Mello Castro - DJe 3/11/2009

Na

contrafação

se apura a

possibilidad

e de

confusão. Na

concorrência

desleal se

terá de

perseguir

efetiva

confusão:

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Confusão?

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Confusão?