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TEORIA e história da Preservação DA A r q u i t e t u r a do e URBANISMO

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TEORIA e história

da Preservação DA A r q u i t e t u r a

do e

URBANISMO

carta atenas 1931

carta de atenas de 1931

relator:

Gustavo Giovanoni (1873 | 1947)

GUSTAVO GIOVANNONI

- analogia com um procedimento

técnico do cultivo de espécies

vegetais, o “DIRADAMENTO”, prática

que inclui seleção e eliminação, com o

intento de melhoria, traduzido como

“DESBASTAMENTO”.

- Precursor da prática do RESTAURO

CIENTÍFICO.

GUSTAVO GIOVANNONI

Princípios do RESTAURO CIENTÍFICO em relação

ao estado de conservação dos monumentos:

1. Monumento Arruinado:

Nunca se reconstrói. Mas é preciso fazer tudo

para conservar os valores históricos ou artísticos,

distinguindo claramente os materiais de

consolidação.

2. Monumento Danificado: Se for preciso a reconstrução da parte

danificada, não se imite nunca o antigo, mas

haja o cuidado de não criar desarmonias.

GUSTAVO GIOVANNONI

3. Monumento Ileso com alterações e acréscimos

não atuais: É preciso conservar os acréscimos de todas as

épocas, mesmo que fique quebrada a unidade

primitiva.

4. Monumento Ileso com necessidade de

“Complementação” (acréscimo de área

construída): Se a complementação se impõe, seja feita em

forma nova, mas “NEUTRAL” (nunca a arquitetura

moderna ou contemporânea).

GUSTAVO GIOVANNONI

5. Paisagem Urbana: Purificar de todos os erros, mas não suprimir

nenhum acréscimo adventício que tenha valor

histórico, ou artístico, qualquer que seja a sua

época.

Ao construir edifícios novos nos centros históricos,

deve-se respeitar a fisionomia própria do

ambiente. Por isso, deve-se evitar nesses centros

a manifestação da arquitetura de estilos e massas diferentes.

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

A - Conclusões Gerais

I - Doutrinas. Princípios Gerais.

Nos casos em que uma restauração pareça

indispensável devido a deterioração ou destruição,

a conferência recomenda que se respeite a obra

histórica e artística do passado, sem prejudicar o

estilo de nenhuma época.

A conferência recomenda que se mantenha uma

utilização dos monumentos, que assegure a

continuidade de sua vida, destinando-os sempre a

finalidades coerentes com o seu caráter histórico

ou artístico.

CARTA DE ATENAS DE 1931

II - Administração e legislação dos monumentos

históricos.

A conferência aprovou unanimemente a tendência

geral que consagrou nessa matéria um certo direito da

coletividade em relação à propriedade privada.

Em consequência, a conferência espera que as

legislações sejam adaptadas às circunstâncias locais e

à opinião pública, de modo que se encontre a menor

oposição possível, tendo em conta os sacrifícios a que

estão sujeitos os proprietários, em beneficio do interesse geral. Votou-se que em cada Estado a

autoridade pública seja investida do poder do tomar,

em caso de urgência, medidas de conservação.

CARTA DE ATENAS DE 1931

III - A valorização dos monumentos.

Em certos conjuntos, algumas perspectivas

particularmente pitorescas devem ser preservadas.

Deve-se também estudar as plantações e

ornamentações vegetais convenientes a determinados conjuntos de monumentos para lhes conservar a

caráter antigo.

Recomenda-se, sobretudo, a supressão de toda

publicidade, de toda presença abusiva de postes ou fios telegráficos, de toda indústria ruidosa, mesmo de

altas chaminés, na vizinhança ou na proximidade dos

monumentos, de arte ou de história.

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

V - A deterioração dos monumentos. A conferência recomenda:

1º - A colaboração em cada país dos conservadores

de monumentos e dos arquitetos com os

representantes das ciências físicas, químicas e naturais

para a obtenção de métodos aplicáveis em casos

diferentes.

2º - A conferência, no que concerne à conservação da

escultura monumental, considera que retirar a obra do

lugar para o qual ela havia sido criada é, em princípio, lamentável. Recomenda, a título de precaução,

conservar, quando existem, os modelos originais e, na

falta deles, a execução de moldes.

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

CARTA DE ATENAS DE 1931

VI - Técnica da conservação.

Quando se trata de ruínas, uma conservação

escrupulosa se impõe, com a recolocação em seus

lugares dos elementos originais encontrados

(anastilose), cada vez que o caso o permita; os

materiais novos necessários a esse trabalho deverão ser

sempre reconhecíveis.

Quando for impossível a conservação de ruínas

descobertas durante uma escavação, é aconselhável

sepultá-las de novo depois de haver sido feito um

estudo minucioso.

carta veneza

CARTA DE VENEZA (1964)

Carta inteiramente preocupada com a

conservação de monumentos e sítios históricos.

PREOCUPAÇÕES:

a. transmissão da história verdadeira

b. transmissão de todas as histórias

c. indistinção entre os valores históricos do

monumental e do modesto d. preservação da ambiência do monumento

e. preservação de sítios urbanos e rurais, e

não apenas de edifícios isolados

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“A noção de monumento histórico compreende a

criação arquitetônica isolada, bem como o sítio

urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa

ou de um acontecimento histórico. Estende-se não

só às grandes criações, mas também às obras

modestas, que tenham adquirido, com o tempo,

uma significação cultural”.

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“A conservação dos monumentos é sempre

favorecida por sua destinação a uma função útil à

sociedade; tal destinação é portanto, desejável,

mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes

limites que se deve conceber e se pode autorizar as

modificações exigidas pela evolução dos usos e

costumes”.

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“O deslocamento de todo monumento ou de parte

dele não pode ser tolerado, exceto quando a

salvaguarda do monumento o exigir ou quando o

justificarem razões de grande interesse nacional ou

internacional”.

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“Os elementos de escultura, pintura ou decoração

que são parte integrante do monumento não lhes podem ser retirados a não ser que essa medida

seja a única capaz de assegurar sua

conservação”.

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“A restauração é uma operação que deve ter

caráter excepcional. Tem por objetivo conservar e

revelar os valores estéticos e históricos do

monumento e fundamenta-se no respeito ao

material original e aos documentos autênticos.

Termina onde começa a hipótese; no plano das

reconstituições conjecturais, todo trabalho

complementar reconhecido como indispensável

por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da

composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo”.

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

CARTA DE VENEZA (1964)

“As contribuições válidas de todas as épocas para

a edificação do monumento devem ser

respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a

finalidade a alcançar no curso de uma restauração,

a exibição de uma etapa subjacente só se justifica

em circunstâncias excepcionais e quando o que se

elimina é de pouco interesse e o material que é

revelado é de grande valor histórico, arqueológico,

ou estético, e seu estado de conservação é

considerado satisfatório. O julgamento do valor dos

elementos em causa e decisão quanto ao que

pode ser eliminado não podem depender somente do autor do projeto [de intervenção ou restauro]”.

CARTA DE VENEZA (1964)

carta Quito

NORMAS DE QUITO (1967 )

“Os monumentos de interesse arqueológico,

histórico e artístico constituem recursos econômicos

da mesma forma que as riquezas naturais do país.

Consequentemente, as medidas que levam a sua

preservação e adequada utilização não só

guardam relação com os planos de

desenvolvimento, mas fazem ou devem fazer parte

dele”.

NORMAS DE QUITO (1967 )

“A Europa deve ao turismo, direta ou indiretamente,

a salvaguarda de uma grande parte de seu

patrimônio cultural, condenado à completa e

irremediável destruição, e a sensibilidade

contemporânea, mais visual que literária, tem

oportunidade de se enriquecer com a

contemplação de novos exemplos da civilização

ocidental, resgatados tecnicamente graças ao

poderoso estímulo turístico”.

NORMAS DE QUITO (1967 )

“As obras de restauração nem sempre são

suficientes, por si só, para que um monumento

possa ser explorado e passe a fazer parte do

equipamento turístico de uma região. Podem ser

necessárias outras obras de infraestrutura, tais como

um caminho que facilite o acesso ao monumento

ou um albergue que aloje os visitantes ao término

de uma jornada de viagem. Tudo isso, mantido o

caráter ambiental da região”.

NORMAS DE QUITO (1967 )

NORMAS DE QUITO (1967 )

NORMAS DE QUITO (1967 )

NORMAS DE QUITO (1967 )

“Anos de incúria oficial e um impulsivo afã de

renovação que caracteriza as nações em processo

de desenvolvimento contribuem para difundir um

menosprezo por todas as manifestações do

passado que não se ajustam ao molde ideal de um

moderno estilo de vida”.

“Nada pode contribuir melhor para a tomada de

consciência desejada do que a contemplação do

próprio exemplo. Uma vez que se apreciam os

resultados de certas obras de restauração e de

revitalização de edifícios, praças e lugares,

costuma ocorrer uma reação favorável de cidadania que paralisa a ação destrutiva”.

NORMAS DE QUITO (1967 )

• “A restauração termina onde começa a hipótese,

tornando-se, por isso, absolutamente necessário

em todo trabalho dessa natureza um estudo

prévio de investigação histórica”.

• “É necessário revisar as disposições

regulamentares locais que se aplicam à matéria

de publicidade, com o objetivo de controlar toda

forma publicitária que tenda a alterar as

característica ambientais das zonas urbanas de

interesse histórico”.

NORMAS DE QUITO (1967 )

NORMAS DE QUITO (1967 )

“Deve-se tomar em consideração a possibilidade

de estimular a iniciativa privada, mediante a

implantação de um regime de isenção fiscal nos edifícios que se restaurem com capital particular e

dentro dos regulamentos estabelecidos pelos

órgãos competentes. Outros desencargos fiscais

podem também ser estabelecidos como

compensação às limitações impostas à

propriedade particular por motivo de utilidade

pública”.

carta restauro

CARTA DO RESTAURO (1972 )

“Entende-se por salvaguarda toda e qualquer

medida conservativa que não implique a

intervenção direta sobre a obra; entende-se por

restauro toda e qualquer intervenção destinada a

manter em eficiência, a facilitar a leitura e a

transmitir integralmente para o futuro as obras e os

objetos”.

CARTA DO RESTAURO (1972 )

“Com relação aos fins a que devam corresponder

as operações de salvaguarda e restauro, proíbem-

se indistintamente para todas as obras de arte:

1) complementos em estilo ou analógicos,

ainda que com formas simplificadas e mesmo

quando existam documentos gráficos ou plásticos

que possam indicar qual era o estado ou devia ser

o aspecto da obra acabada;

CARTA DO RESTAURO (1972 )

CARTA DO RESTAURO (1972 )

2) remoções ou demolições que apaguem a passagem da obra através do tempo, a menos que

não se trate de alterações limitadas, deturpadoras

ou incongruentes, em relação aos valores históricos

da obra, ou de complementos em estilo que

falsifiquem a obra;

3) remoção, reconstrução ou recolocação

em lugares diversos dos originais; a menos que isso

seja determinado por superiores razões de

conservação;

CARTA DO RESTAURO (1972 )

4) alteração das condições acessórias ou ambientais nas quais chegou até os nossos tempos

a obra de arte, o conjunto monumental ou

ambiental, o conjunto decorativo, o jardim, o

parque etc.;

5) alteração ou remoção das pátinas”.

CARTA DO RESTAURO (1972 )

“Sempre com o objetivo de assegurar a

sobrevivência dos monumentos, deve ser

atentamente examinada a possibilidade de novas

utilizações dos antigos edifícios monumentais,

quando estas não sejam incompatíveis com os

interesses histórico-artísticos. As obras de adaptação

deverão ser limitadas ao mínimo, conservando

escrupulosamente as formas externas e evitando

alterações sensíveis das características tipológicas,

da organização estrutural e da sequência dos espaços internos”.

CARTA DO RESTAURO (1972 )

CARTA DO RESTAURO (1972 )

carta amsterdã

DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ (1975)

“A política de planejamento regional deve ter

em consideração a conservação do patrimônio

arquitetônico e para ele contribuir. Em particular,

pode induzir o estabelecimento de novas

atividades em áreas economicamente decadentes para se evitar o despovoamento e,

portanto, evitar a deterioração dos edifícios

antigos. Além disso, as decisões sobre o

desenvolvimento das áreas urbanas periféricas

pode ser de forma tal que reduzam a pressão sobre os bairros antigos”.

DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ (1975)

“Para se evitar que as leis do mercado tenham

liberdade total nas zonas restauradas e

reabilitadas, tendo como consequência que os

habitantes incapazes de pagarem o aumento

dos aluguéis sejam expulsos, as autoridades

públicas devem intervir para reduzirem o efeito

dos fatores econômicos. As intervenções

financeiras devem ter como objetivo atingirem

um equilíbrio entre a recompensa do restauro

para os proprietários [indenizações ou reduções

de impostos], combinado com a fixação de valores máximos para os aluguéis”.

DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ (1975)

“Para se conseguir resolver os problemas

econômicos de uma política de conservação

integrada é importante – e este é um fator

decisivo – preparar-se legislação que submeta

os edifícios novos a certas restrições

correspondentes ao seu volume e dimensões

(altura, coeficiente de utilização, etc.) que os

faça serem harmoniosos com as respectivas envolventes”.

DECLARAÇÃO DE AMSTERDÃ (1975)

carta nairóbi

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

“Cada conjunto histórico ou tradicional e sua

ambiência deveria ser considerado em sua

globalidade, como um todo coerente cujo

equilíbrio e caráter específico dependem da

síntese dos elementos que o compõem e que

compreendem tanto as atividades humanas

como as construções, a estrutura espacial e as

zonas circundantes. Dessa maneira, todos os

elementos válidos, incluídas as atividades

humanas, desde as mais modestas, têm, em

relação ao conjunto, uma significação que é

preciso respeitar”.

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

“Nas condições da urbanização moderna, que

produz um aumento considerável na escala e na

densidade das construções, ao perigo da

destruição direta dos conjuntos históricos ou

tradicionais se agrega o perigo real de que os

novos conjuntos destruam indiretamente a

ambiência e o caráter dos conjuntos históricos

adjacentes. Os arquitetos e urbanistas deveriam

empenhar-se para que a visão dos monumentos e

conjuntos históricos, ou a visão que a partir deles se obtém, não se deteriore e para que esses

conjuntos se integrem harmoniosamente na vida

contemporânea”.

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

“Uma análise do contexto urbano deveria

preceder qualquer construção nova, não só para

definir o caráter geral do conjunto, como para

analisar suas dominantes: harmonia das alturas,

cores, materiais e formas, elementos constitutivos

do agenciamento das fachadas e dos telhados,

relações dos volumes construídos e dos espaços,

assim como suas proporções médias e a implantação dos edifícios. Uma atenção especial

deveria ser prestada à dimensão dos lotes, pois

qualquer modificação poderia resultar em um

efeito de massa, prejudicial à harmonia do conjunto”.

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)

“Uma política de revitalização cultural deveria

converter os conjuntos históricos em polos de

atividades culturais e atribuir-lhes um papel

essencial no desenvolvimento cultural das

comunidades circundantes”.

RECOMENDAÇÃO DE NAIRÓBI (1976)