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Sónia Pedro Sebastião Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas CAPP Comunicação e Media [email protected] Teoria da Cultura 1

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Sónia Pedro Sebastião

Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas CAPP – Comunicação e Media

[email protected]

Teoria da Cultura

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Cultura

O conceito de ‘cultura’ – tema central do debate antropológico no início do século XX.

• A evolução do conceito de cultura e as suas diferentes dimensões

utilização de diferentes metodologias e matrizes conceptuais de análise;

ao estudo separado de diferentes elementos culturais.

• Em termos operativos: cultura é o desenvolvimento espiritual, intelectual e estético de uma sociedade ou povo. O homem é o agente, simultaneamente, o sujeito e o objecto da Cultura.

• A cultura é um fenómeno dinâmico que acompanha a evolução do homem em

sociedade

2Sónia M. Pedro Sebastião Bibliografia: Sebastião, S. (2010) Cultura Contemporânea (…)

Correntes e classificações da cultura

• Épocas do devir humano: primitiva, clássica, medieval, moderna e pós-moderna;

• Manifestações e representações (assim como ligação ao poder instituído): dominante e latente;

• Intelectualidade: alta e baixa;

• Corporiedade: material e imaterial.

• Estruturas culturais podem ser agrupadas em dois grupos:

– As estruturas latentes, associadas ao imaginário e ao inconsciente, conteúdos significativos e simbólicos que configuram personagens, tramas e enredos, construções e criações artísticas, encenações e rituais mítico-simbólicos;

– As estruturas dominantes associadas à ciência, à técnica, ao modernismo e ao positivismo.

• Fim da cultura: adaptar e dominar o meio em que vive e sobrevive em busca da perfeição.

3Sónia M. Pedro Sebastião

• Civilização – vitória sobre a barbárie

• Oswald Spengler [1948] refere que a cultura é a origem, a Primavera fecunda da civilização. Esta é o Outono, a repetição, o mecanismo vazio, a esclerose. Por isso, o estado de civilização é a morte em vida, conduzindo à decadência do Ocidente.

Sónia M. Pedro Sebastião 4

Cultura e Civilização

Civilização Romana

Cultura celta (lígure,

gaulesa, ibérica)

Cultura oriental

Cultura grega

Cultura nórdica

• Simmel civilização enquanto “tragédia da cultura”

(apud Bauman, 1995, p. 191)

• Contradição existente entre a cultura como produto criativo do espírito humano e a

cultura objectivada pela experiência e que não pode ser assimilada por todos.

Sónia M. Pedro Sebastião 5

Cultura e Civilização

Estudos Culturais

• Estudos Culturais ganharam consistência e foram primeiramente organizados no Centro de Estudos de Birmingham nos anos (19)60.

• Stuart Hall e os dois paradigmas dos Estudos Culturais:

– Culturalista de Raymond Williams e E. P. Thompson - cultura é entendida como um sistema de sentido, corporificado em qualquer prática social;

– Estruturalista de Claude Lévi-Strauss e Louis Althusser - descentra a experiência, mostrando que ela é um efeito de estruturas sociais que não podem ser reduzidas a ‘materiais’ da experiência, criticando, por conseguinte, o humanismo e o experimentalismo do primeiro paradigma.

Sónia M. Pedro Sebastião

BIBLIOGRAFIA: HALL, Stuart (1980) – “Cultural Studies: two paradigms” in: Media, Culture and Society, nº 2, pp. 57-72.

Estudos culturais pós-modernos

• O estudo do pós-modernismo concentra-se na problematização do eu, das experiências de vida e teoria social, nas dimensões do género, da classe e da raça.

• Estudos culturais pós-modernos:– Representações mediáticas e mediatizadas da infância, da condição feminina, da juventude, do amor, do

casamento, da família e do individualismo

– realização sexual do indivíduo em relacionamentos biunívocos: produto da subjectividade humana ou das imagens mediáticas?

– Influência e representação dos valores da pós-modernidade pelos diferentes suportes mediáticos;

– Especialização dos suportes mediáticos – fim do generalismo?

– Contributo das representações virtuais para o nihilismo e esvaziamento moral da sociedade pós-moderna, conducente à destruição.

– Fim do herói moral?

– Comportamentos de risco: influência da comunicação mediática.

Bauman enfatiza a necessidade do homem pós-moderno substituir a trindade valorativa da modernidade: liberdade, igualdade, fraternidade; pela trindade pós-moderna: contingência, diversidade e tolerância.

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Cultura Latente e Simbólica

• ImaginárioA imaginação, numa forma afectiva primária, precede a percepção, afirmando-se com o

acto de percepção.

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Stephane Lupasco

• a imaginação como um «pote de cultura»

Gilbert Durand

• síntese entre as pulsões subjectivas e as influências sociais

Jean-Paul Sartre

• consciência da imagem

• materialismo existencialista: sem um estímulo exterior não existe imaginação.

Sónia M. Pedro Sebastião

Mito e Imaginário

• O imaginário é regulado e enriquecido por intermédio do mito.

• O mito tem por função equilibrar o racional e, por isso, Gilbert Durand refere que a sociedade se equilibra sobre 2 mitos:

– Um mito ascendente que se esgota na investigação científica, no racional;

– Mito descendente: uma corrente mitológica que se alimenta da essência do id, do inconsciente social, ou seja, o nível fundador (ver figura n.º 1).

10Sónia M. Pedro Sebastião

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O que é o mito?

Yvette Centeno

• representação ideal do mundo oferecido à imaginação do homem que o deseja;

• “o mito é o nada que é tudo” (Pessoa: Ulisses)

Paul Veyne

• o mito é uma relação de factos verdadeiros aos quais se juntaram lendas que se foram multiplicando com o passar do tempo

• a génese do mito está nas tradições históricas e é no maravilhoso das lendas que se traduz a emoção da alma nacional.

Mircea Elíade, Carl Jung e Joseph Campbell

• como histórias fantásticas

• como crenças verdadeiras

• mito: recordação colectiva, ficção, histórias alteradas, alegoria

Súmula: o mito pode ser entendido como uma metáfora personificada por um herói (ou vários) que encetam uma jornada na realização de uma demanda.

Sónia M. Pedro Sebastião

• O mito e a sua teoria como um traço constitutivo da cultura dos povos e só poderão ser entendidos se forem considerados como parte integrante de um todo: a cultura de um povo.

• Claude Lévi-Strauss [1981]: não é possível interpretar o mito em si e por si, como objecto isolado, pois o mito só adquire sentido quando inserido no grupo das suas vivências e transformações.

• O mito é “uma tradição sagrada, revelação primordial, modelo exemplar” [Elíade, 1989:9], que fornece matrizes de comportamento humano, conferindo significado e valor à existência.

Mito e cultura

Sónia M. Pedro Sebastião

Função do mito

• Tanto os tempos de crise e ruína, como os tempos de ressurgimento e construção, proporcionam a concepção de mitos e utopias cujos objectivos visam:

– a mobilização

– a orientação do inconsciente colectivo.

Estes objectivos pretendem, por conseguinte, sustentar psico-socialmente a resistência moral e a fidelidade a valores que as incertezas desses momentos históricos exigem.

Sónia M. Pedro Sebastião

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Mitos Universais

• Matriz original de todas as coisas

• Vida e morte; dia e noite; fertilidade e infertilidade; amor e ódio; paz e guerra;

• A mulher e as sociedades: de deusa a meretriz.

Deusa Mãe

• Eros e Thanatos (amor oriental)

• Ágape (amor ocidental)

• Leituras: Denis de Rougemont - O Amor e o Ocidente; Iª Carta de São Paulo aos Coríntios Capítulo 13

Culto do Amor

• Rei sacerdote e legislador: o Grande Monarca (o Desejado).

• Ligado à utopia de uma realidade melhor.

• Os textos herméticos descrevem modelos míticos da criação do Homem, da Queda e do Apocalipse; e os modelos de sociedade perfeitas (Idade de Ouro e Paraíso Perdido).

Hermes e o Grande Monarca

• Símbolo esotérico por excelência

• Vestígios da Demanda do Graal em várias tradições, nomeadamente: no paganismo e no celtismo, no cristianismo, na cultura indo-oriental e siríaca, na doutrina cátara, alquímica e hermética

A Demanda e o Graal

Sónia M. Pedro Sebastião