teoria 2º semestre

Upload: jessica-nunes-correia

Post on 29-Oct-2015

69 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Apontamentos sem fronteiras

Antnio Filipe Garcez Jos

Teoria Geral do Direito Civil

Universidade Autnoma de Lisboa

Regente do cursoProf. Doutor Fernando Pinto Monteiro

Aulas Prticas... Dra. Ndia Antunes

Apontamentos e resumos das aulas, realizados por Antnio Filipe Garcez Jos, aluno n 20021078

Manual de estudo

Teoria Geral do Direito Civil.DR.Carlos Alberto da Mota Pinto

2 semestre

VCIOS DO NEGCIO JURDICO

Divergncia entre a vontade e a declarao Vcios na formulao da vontade

Quando a normal relao de concordncia entre a vontade e a declarao afastada, por razes diversas e substituda por uma relao patolgica.

A divergncia entre a vontade real e a declarao pode ser

Divergncia Intencional

Quando o declarante emite, consciente e livremente, uma declarao com um sentido objectivo diferente da sua vontade real.

Divergncia no intencional

Quando a divergncia entre a vontade real e a declarao involuntria, ou porque o declarante se no apercebe da divergncia ou porque forado irresstivelmente a emitir uma declarao com um sentido diferente do seu real intento.

DIVERGNCIA INTENCIONALA divergncia intencional pode apresentar-se sob 3 formas principais :

Simulao

Reserva mental

Declaraes no srias

Simulao (art. 240)O declarante emite uma declarao com um sentido objectivo diferente da sua vontade real, por fora de um conluio com o declaratrio, com a inteno de enganar terceiros.

ARTIGO 240(Simulao)

1. Se, por acordo entre declarante e declaratrio, e no intuito de enganar terceiros, houver divergncia entre a declarao negocial e a vontade real do declarante, o negcio diz-se simulado.

2. O negcio simulado nulo.

Exemplo :

Venda fantstica

"A" finge vender um prdio a "B", por conluio com este, a fim de prejudicar os seus credores; no querem na realidade vender nem comprar, mas apenas criar uma aparncia danosa para aqueles terceiros.

Reserva mental (art. 244)O declarante emite uma declarao com sentido objectivo diferente da sua vontade real, sem qualquer conluio com o declaratrio, mas com a inteno de o enganar.

ARTIGO 244(Reserva mental)

1. H reserva mental, sempre que emitida uma declarao contrria vontade real com o intuito de enganar o declaratrio.

2. A reserva no prejudica a validade da declarao, excepto se for conhecida do declaratrio; neste caso, a reserva tem os efeitos da simulao.

Exemplo:"A" declara a "B" fazer-lhe uma doao, ou um emprstimo, sem que na realidade tenha essa inteno, pois visa apenas dissuadir "B" do suicdio, que este, em virtude da sua situao econmica precria, afirma ter em mente.

Declaraes no srias (art. 245)O declarante emite uma declarao com sentido objectivo diferente da sua vontade real, mas sem intuito de enganar qualquer pessoa (declaratrio ou terceiros)

O autor da declarao est convencido que o declaratrio se apercebe do carcter no srio da declarao.

ARTIGO 245(Declaraes no srias)

1. A declarao no sria, feita na expectativa de que a falta de seriedade no seja desconhecida, carece de qualquer efeito.

2. Se, porm, a declarao for feita em circunstncias que induzam o declaratrio a aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo prejuzo que sofrer.

Exemplo:

Pode tratar-se de declaraes jocosas, didcticas, cnicas, publicitrias, etc

DIVERGNCIA NO INTENCIONAL Erro-obstculo ou erro na declarao (art. 247) Falta de conscincia na declarao

Coaco fsica ou violncia absoluta

Erro-obstculo ou erro na declarao (art. 247)O declarante emite uma declarao com sentido objectivo diferente da sua vontade real, sem ter disso conscincia. (trata-se de um lapso, de um engano ou de um equvoco) Ver tambm o art. 250ARTIGO 247(Erro na declarao)

Quando, em virtude de erro, a vontade declarada no corresponda vontade real do autor, a declarao negocial anulvel, desde que o declaratrio conhecesse ou no devesse ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o erro.

Exemplo:O caso da pessoa que quer comprar a Quinta do Mosteiro e declara querer comprar a Quinta da Capela, que um outro prdio, por julgar que a Quinta do Mosteiro se chama Quinta da Capela.

ARTIGO 250Erro na trasmisso da declarao1. A declarao negocial inexactamente transmitida por quem seja incumbido da transmisso pode ser anulada nos termos do artigo 247.2. Quando, porm, a inexactido for devida a dolo do intermedirio, a declarao sempre anulvel.

Falta de conscincia da declarao (art. 246)O declarante emite uma declarao, sem sequer ter a conscincia (a vontade) de fazer uma declarao negocial, podendo at faltar completamente a vontade de agir.

ARTIGO 246(Falta de conscincia da declarao e coaco fsica)

A declarao no produz qualquer efeito, se o declarante no tiver a conscincia de fazer uma declarao negocial ou for coagido pela fora fsica a emiti-la; mas, se a falta de conscincia da declarao foi devida a culpa, fica o declarante obrigado a indemnizar o declaratrio.

Exemplo:

Um indivduo entra num leilo e faz um gesto de saudao a um amigo; segundo as praxes do lugar esse gesto corresponde a uma oferta de certa importncia pelo objecto leiloado, sem que a pessoa disso se tenha apercebido.

Coaco fsica ou violncia absoluta (art. 246)O declarante forado a dizer ou escrever o que no quer, pelo emprego de uma fora fsica irresistvel que o instrumentaliza e leva a adoptar o comportamento.

Exemplo:

Algum agarrando a mo de outrm, o obriga a desenhar a sua assinatura num documento.

Divergncia entre a vontade e a declarao PROBLEMTICA

O interesse do declarante

aponta para a invalidade do negcio, cujo sentido objectivo no coincide com a sua vontade real.

O interesse do declaratrio

aponta para a irrelevncia entre o querido e o declarado, para a proteco das suas legtimas expectativas

Os interesses gerais do comrcio jurdico

apontam para a validade do negcio e a produo dos efeitos correspondentes ao sentido objectivo da declarao

Os interesses de terceirosApontam para o interesse dos subadquirentes, credores, etc, que do declarante ou do declaratrio derivam direitos ou deles os adquiriram.

Teorias que visam resolver o problema :

Teoria da vontade Teoria da "culpa in contraendo" Teoria da responsabilidade

Teoria da declaraoTeoria da vontadePropugna a invalidade do negcio desde que se verifique uma divergncia entre a vontade e a declarao e sem necessidade de mais requisitos

Teoria da "culpa in contraendo"Parte da teoria da vontade, mas acrescenta-lhe a obrigao de indemnizar o "interesse contratual negativo" a cargo do declarante, uma vez anulado o negcio com fundamento na divergncia, se houve dolo ou culpa deste na divergncia entre a vontade e a declarao e houve boa f por parte do declaratrio.

Indemnizao do interesse contratual negativo (art. 227)Visa repor o declaratrio, lesado com a invalidade, na situao em que estaria se no tivesse chegado a concluir o negcio.

Teoria da responsabilidadeAssenta na mesma ideia da teoria anterior, com a diferena de, em caso de dolo ou culpa do declarante, e estando o declaratrio de boa f, o negcio ser vlido.

Teoria da declaraoEsta teoria d relevo fundamental declarao, ao que foi exteriormente manifestado.

Esta teoria comporta vrias modalidades :

Modalidade primitivaSe a forma ritual foi observada, produzem-se efeitos, mesmo que no tenham sido queridos

Doutrina da confiana A divergncia entre a vontade real e o sentido objectivo da declarao, s produz a invalidade do negcio, se for conhecida ou cognoscvel do declaratrio.

Doutrina da aparncia eficaz ( posio adoptada pelo Cdigo Civil) !!!!Subscreve os resultados da doutrina da confiana, mas limita-a, propugnando a invalidade, tambm para a hiptese de o declaratrio, ter compreendido um terceiro sentido.

Posio do Cdigo Civil As solues, dadas a cada uma das formas que a divergncia entre a vontade e declarao reveste (arts. 244, 245, 246, 247) mostram estar subjacente ao sistema do actual Cdigo uma soluo declarativista , correspondente teoria da confiana, mais precisamente doutrina da aparncia eficaz, que se apresenta como a mais justa e mais conforme aos interesses do trfico, ao pensamento de proteco da confiana.

(art. 240) ConceitoEst explcitamente formulado no n 1 do artigo 240SUBSECO V

Falta e vcios da vontade

ARTIGO 240(Simulao)

1. Se, por acordo entre declarante e declaratrio, e no intuito de enganar terceiros, houver divergncia entre a declarao negocial e a vontade real do declarante, o negcio diz-se simulado.

2. O negcio simulado nulo.

Elementos integradores da simulao :

Intencionalidade da divergncia entre a vontade e a declarao

Acordo entre declarante e declaratrio (conluio) Intuito de enganar terceiros

Modalidades da simulaoSimulao inocente (sem interesse civilstico)

Mero intuito de enganar terceiros, sem os prejudicar.

Simulao fraudulentaSe houve o intuito de prejudicar terceiros ilcitamente ou de contornar qualquer norma legal.

Simulao absolutaAs partes fingem celebrar um negcio jurdico e na realidade no querem nehum negcio jurdico Simulao relativa (art. 241)As partes fingem celebrar um certo negcio jurdico e na realidade querem um outro negcio jurdico de tipo ou contedo diverso.

ARTIGO 241(Simulao relativa)

1. Quando sob o negcio simulado exista um outro que as partes quiseram realizar, aplicvel a este o regime que lhe corresponderia se fosse concludo sem dissimulao, no sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negcio simulado.2. Se, porm, o negcio dissimulado for de natureza formal, s vlido se tiver sido observada a forma exigida por lei. Efeitos da simulao absoluta A simulao importa a nulidade do negcio simulado.

Inoponibilidade da nulidade, em relao aos terceiros de boa f.

A nulidade pode ser invocada por qualquer interessado (art. 286)ARTIGO 286(Nulidade)

A nulidade invocvel a todo o tempo por qualquer interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal.

ARTIGO 242(Legitimidade para arguir a simulao)

1. Sem prejuzo do disposto no artigo 286, a nulidade do negcio simulado pode ser arguida pelos prprios simuladores entre si, ainda que a simulao seja fraudulenta.

2. A nulidade pode tambm ser invocada pelos herdeiros legitimrios que pretendam agir em vida do autor da sucesso contra os negcios por ele simuladamente feitos com o intuito de os prejudicar.

Enquanto o negcio no estiver cumprido, a simulao pode ser arguda tanto por via de aco como por via de excepo (art. 287/2) ARTIGO 287(Anulabilidade)

1. S tm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo interesse a lei a estabelece, e s dentro do ano subsequente cessao do vcio que lhe serve de fundamento.

2. Enquanto, porm, o negcio no estiver cumprido, pode a anulabilidade ser arguida, sem dependncia de prazo, tanto por via de aco como por via de excepo.

O simulado adquirente um possuidor em nome alheio, um detentor precrio (art. 1253) , no podendo adquirir a propriedade por usucapio, salvo achando-se invertido o ttulo da posse (art. 1290).ARTIGO 1253(Simples deteno) So havidos como detentores ou possuidores precrios:

a) Os que exercem o poder de facto sem inteno de agir como beneficirios do direito;

b) Os que simplesmente se aproveitam da tolerncia do titular do direito;

c) Os representantes ou mandatrios do possuidor e, de um modo geral, todos os que possuem em nome de outrem.

ARTIGO 1290(Usucapio em caso de deteno)

Os detentores ou possuidores precrios no podem adquirir para si, por usucapio, o direito possudo, excepto achando-se invertido o ttulo da posse; mas, neste caso, o tempo necessrio para a usucapio s comea a correr desde a inverso do ttulo. Modalidades da simulao relativa (art. 241)

Simulao

relativa

Consoante o elemento do negcio dissimulado :

Simulao subjectiva (ou dos sujeitos)Quando simulados os sujeitos do negcio, (frequentemente apenas um).

Simulao objectiva ou sobre o contedo do negcio

Simulao subectiva (dos sujeitos) Interposio fictcia de pessoasHa um conluio entre os dois sujeitos reais da operao e o interposto, que no passa de um homem de palha.

Para haver simulao necessrio um conluio entre os trs sujeitos

A, pretendendo doar um prdio a B, finge doar a C para este posteriormente doar a B, intervindo um conluio entre os trs.

Pode recorrer-se a tal interposio fictcia com o intuito de contornar uma norma legal (arts. 953 e 2196) que proba a doao de A a BARTIGO 953(Casos de indisponibilidade relativa)

aplicvel s doaes, devidamente adaptado, o disposto nos artigos 2192 a 2198.ARTIGO 2196(Cmplice do testador adltero)

1. nula a disposio a favor da pessoa com quem o testador casado cometeu adultrio.

2. No se aplica o preceito do nmero anterior:

a) Se o casamento j estava dissolvido, ou os cnjuges estavam separados judicialmente de pessoas e bens ou separados de facto h mais de seis anos, data da abertura da sucesso;

b) Se a disposio se limitar a assegurar alimentos ao beneficirio. Supresso de um sujeito realFez-se uma venda de A a B e outra de B a C, mas para pagar apenas uma sisa os trs sujeitos concordam em documentar na escritura pblica apenas uma venda de A a C.

Simulao objectiva (do contedo do negcio) Sobre a natureza do negcioSe o negcio simulado resulta de uma alterao do tipo negocial correspondente ao negcio dissimulado.

Exemplo : Finge-se uma venda quando se quer uma doao

De valorIncide sobre o "quantum" de prestaes estipuladas entre as partes.

Exemplo : O caso da simulao de preo na compra e venda Efeitos da simulao relativa Doutrina geralO negcio simulado

est ferido de nulidade, tal como na simulao absoluta

O negcio dissimulado

No afectado na sua validade pela nulidade do negcio simulado, ser objecto do tratamento jurdico que lhe caberia se tivesse sido concludo sem dissimulao (art. 241)

ARTIGO 241(Simulao relativa)

1. Quando sob o negcio simulado exista um outro que as partes quiseram realizar, aplicvel a este o regime que lhe corresponderia se fosse concludo sem dissimulao, no sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negcio simulado.

2. Se, porm, o negcio dissimulado for de natureza formal, s vlido se tiver sido observada a forma exigida por lei.

Efeitos da simulao quanto aos negcios formais O negcio dissimulado de natureza formal, s vlido se tiver sido observada a forma exigida por lei (art. 241/2)Daqui resulta que

Se no negcio simulado ou aparente, no se cumpriram os requisitos de forma exigidos para o negcio dissimulado ou real, este ser nulo por vcio de forma, mesmo que se tenham observado as formalidades exigidas para o negcio simulado ou aparente.

Exemplo : Doao de mveis sem tradio da coisa, disfarada de venda verbal (art. 947/2)

ARTIGO 947(Forma da doao)

1. A doao de coisas imveis s vlida se for celebrada por escritura pblica.

2. A doao de coisas mveis no depende de formalidade alguma externa, quando acompanhada de tradio da coisa doada; no sendo acompanhada de tradio da coisa, s pode ser feita por escrito.

ARTIGO 238(Negcios formais)

1. Nos negcios formais no pode a declarao valer com um sentido que no tenha um mnimo de correspondncia no texto do respectivo documento, ainda que imperfeitamente expresso.

2. Esse sentido pode, todavia, valer, se corresponder vontade real das partes e as razes determinantes da forma do negcio se no opuserem a essa validade. Esta doutrina vlida para a simulao de pessoas e para a simulao sobre a natureza do negcio. Quanto simulao de preo no h obstculo de natureza formal. Restries arguo da simulao pelos prprios simuladoresA possibilidade de a nulidade ser invocada pelos pprios simuladores entre si sofre uma aprecivel restrio indirecta por fora do art. 394/2ARTIGO 394(Convenes contra o contedo de documentos ou alm dele)

1. inadmissvel a prova por testemunhas, se tiver por objecto quaisquer convenes contrrias ou adicionais ao contedo de documento autntico ou dos documentos particulares mencionados nos artigos 373 a 379, quer as convenes sejam anteriores formao do documento ou contemporneas dele, quer sejam posteriores.

2. A proibio do nmero anterior aplica-se ao acordo simulatrio e ao negcio dissimulado, quando invocados pelos simuladores.

3. O disposto nos nmeros anteriores no aplicvel a terceiros. Simulao e terceirosConceito de terceiros Para efeitos de simulao

Quaisquer pessoas, titulares de uma relao afectada pelo negcio simulado e que no sejam os prprios simuladores ou os seus herdeiros (depois da morte do "de cujus").

terceiros interessados na nulidade do negcio simuladoPodem arguir da simulao :

Qualquer interessado (art. 286 ressalvado pelo art. 242/1) herdeiros legitimrios (art. 242/2)podem agir em vida do autor da sucesso contra os negcios por ele simuladamente feitos com o intuito de os prejudicar. (Agem como terceiros e no como sucessores, pois tm em vista a defesa das suas legtimas)

ARTIGO 242(Legitimidade para arguir a simulao)

1. Sem prejuzo do disposto no artigo 286, a nulidade do negcio simulado pode ser arguida pelos prprios simuladores entre si, ainda que a simulao seja fraudulenta.

2. A nulidade pode tambm ser invocada pelos herdeiros legitimrios que pretendam agir em vida do autor da sucesso contra os negcios por ele simuladamente feitos com o intuito de os prejudicar.

Fazenda nacional e os preferentesPodem invocar a nulidade dos actos simulados que lhe tenham causado prejuzo, exercendo-se depois a preferncia ou liquidando-

-se os impostos com referncia ao negcio real

Credores

O Cdigo civil atravs do art. 286 declara legitimidade para invocar as nulidades a qualquer interessado.

Mas tambm reconhece aos credores legitimidade para invocar a nulidade dos actos praticados pelo devedor, quer anteriores, quer posteriores constituo do crdito, desde que tenham interesse na declarao da nulidade. (art. 605)ARTIGO 605(Legitimidade dos credores)

1. Os credores tm legitimidade para invocar a nulidade dos actos praticados pelo devedor, quer estes sejam anteriores, quer posteriores constituio do crdito, desde que tenham interesse na declarao da nulidade, no sendo necessrio que o acto produza ou agrave a insolvncia do devedor.

2. A nulidade aproveita no s ao credor que a tenha invocado, como a todos os demais.

Terceiros interessados na validade do negcio jurdicoA simulao inoponvel a

A terceiros de boa f (art. 243), quer derivem os seus direitos de um acto oneroso, quer os derivem de um acto gratuitoARTIGO 243(Inoponibilidade da simulao a terceiros de boa f)

1. A nulidade proveniente da simulao no pode ser arguida pelo simulador contra terceiro de boa f.

2. A boa f consiste na ignorncia da simulao ao tempo em que foram constitudos os respectivos direitos.

3. Considera-se sempre de m f o terceiro que adquiriu o direito posteriormente ao registo da aco de simulao, quando a este haja lugar.

3s interessados na nulidade e 3s interessados na validade Alguns conflitos :

Entre credores comuns do simulado alienante e credores comuns do simulado adquirente

S: deve dar-se preferncia aos interesses dos credores comuns do simulado adquirente, salvo se os crditos so anteriores ao negcio simulado.

Entre credores comuns do simulado alienante e subadquirentes do simulado adquirente.

S : Devem prevalecer os interesses dos subadquirentes do simulado adquirente

Entre subadquirentes do simulado alienante e subadquirentes do simulado adquirenteS : Prevalece a venda mais antiga ou a que primeiro foi registada (visto que as duas aquisies so havidas como vlidas trata-se do problema geral da incompatibilidade entre direitos reais adquiridos do mesmo transmitente)

(art. 244)

O conceito de reserva mental definido no artigo 244/1

ARTIGO 244(Reserva mental)

1. H reserva mental, sempre que emitida uma declarao contrria vontade real com o intuito de enganar o declaratrio.

2. A reserva no prejudica a validade da declarao, excepto se for conhecida do declaratrio; neste caso, a reserva tem os efeitos da simulao.

Modalidades de reserva mental:

Reserva mental

A declarao negocial emitida pelo declarante, com a reserva, ocultada ao declaratrio, de no querer o que declara, no em princpio nula.

O negcio nulo se o declaratrio teve conhecimento da reserva.

O cdigo Civil estabelece sem excepo, que s o conhecimento efectivo da reserva motivo de nulidade.

A rigidez desta doutrina poder ser atenuada, nalguns casos, por aplicao da clusula geral do artigo 334 - abuso de direito

(art. 245) Conceito inferido do artigo 245

ARTIGO 245(Declaraes no srias)

1. A declarao no sria, feita na expectativa de que a falta de seriedade no seja desconhecida, carece de qualquer efeito.

2. Se, porm, a declarao for feita em circunstncias que induzam o declaratrio a aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo prejuzo que sofrer.Modalidades de declaraes no srias:

Declaraes jocosas, cnicas, didcticas, publicitrias.

Efeitos :

Em princpio a declarao no sria carece de qualquer efeito jurdico. Em certos casos, em que a declarao jocosa foi feita em circunstancias que induzem o declaratrio a aceitar justificadamente a sua seriedade, sanciona-se a declarao pela invalidade, imputando-se, porm, a responsabilidade do declarante pelo chamado interesse negativo ou da confiana (responsabilidade pr-contratual). VCIOS DA VONTADE

Vcios na formao da vontade

Vcios da vontadePreturbaes do processo formativo da vontade

Vcios

da

vontade

Erro-vcio (arts. 251 e 252) (erro nos motivos determinantes da vontade)

Traduz-se numa representao inexacta ou na ignorncia de uma qualquer circunstncia de facto ou de direito que foi determinante na deciso de efectuar o negcio

!!! ACHTUNG !!! ACHTUNG !!!!

ARTIGO 251(Erro sobre a pessoa ou sobre o objecto do negcio)

O erro que atinja os motivos determinantes da vontade, quando se refira pessoa do declaratrio ou ao objecto do negcio, torna este anulvel nos termos do artigo 247.

ARTIGO 252(Erro sobre os motivos)

1. O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se no refira pessoa do declaratrio nem ao objecto do negcio, s causa de anulao se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.

2. Se, porm, recair sobre as circunstncias que constituem a base do negcio, aplicvel ao erro do declarante o disposto sobre a resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias vigentes no momento em que o negcio foi concludo.

ARTIGO 247(Erro na declarao)

Quando, em virtude de erro, a vontade declarada no corresponda vontade real do autor, a declarao negocial anulvel, desde que o declaratrio conhecesse ou no devesse ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o erro.

Resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias

ARTIGO 437

(Condies de admissibilidade

Resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias

ARTIGO 437(Condies de admissibilidade)1. Se as circunstncias em que as partes fundaram a deciso de contratar tiverem sofrido uma alterao anormal, tem a parte lesada direito resoluo do contrato, ou modificao dele segundo juzos de equidade, desde que a exigncia das obrigaes por ela assumidas afecte gravemente os princpios da boa f e no esteja coberta pelos riscos prprios do contrato.

2. Requerida a resoluo, a parte contrria pode opor-se ao pedido, declarando aceitar a modificao do contrato nos termos do nmero anterior.

Modalidades de erro-vcioErro sobre a pessoa do declaratrio

Erro sobre a identidade e erro sobre as qualidades.

Exemplo :

A doa um prdio a B, porque julga, erradamente, que B filho de um seu velho amigo.

Erro sobre o objecto do negcioPode incidir sobre

O objecto mediato

Sobre a identidade ou sobre as qualidades

Exemplo :

A compra um terreno julgando erradamente que ele tem gua (erro sobre o objecto mediato do tipo erro sobre as qualidades)

O objecto imediato

Sobre a natureza do negcio

Exemplo :

A faz um contrato, julgando que ele tem os efeitos da locao, quando afinal tem a eficcia de uma venda a prestaes (erro sobre a natureza do negcio)Erro sobre os motivos (art. 252) (no referentes pessoa do declaratrio nem ao objecto do negcio)

ARTIGO 252(Erro sobre os motivos)

1. O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se no refira pessoa do declaratrio nem ao objecto do negcio, s causa de anulao se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.

2. Se, porm, recair sobre as circunstncias que constituem a base do negcio, aplicvel ao erro do declarante o disposto sobre a resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias vigentes no momento em que o negcio foi concludo. Erro-vcio como motivo de anulabilidade Requisitos gerais :

essencialidadeS relevante o erro essencial

Erro essencialAquele que levou o errante a concluir o negcio. O erro que sem ele, se no celebraria o negcio, ou se celebraria um negcio com outro objecto ou de outro tipo ou com outra pessoa.

Exemplo :

A, compra um objecto de prata por 1000 , porque julga erradamente ser o objecto de ouro e, se soubesse a verdade, no o teria comprado.

Erro incidentalAquele que influi apenas nos termos do negcio, e sem o qual o errante, embora noutros termos, sempre celebraria o mesmo negcio. (pode invocar-se um argumento de analogia, a partir do artigo 911 )Exemplo :

A, se soubesse a verdade teria comprado o objecto em prata, mas apenas por 200

ARTIGO 911(Reduo do preo)

1. Se as circunstncias mostrarem que, sem erro ou dolo, o comprador teria igualmente adquirido os bens, mas por preo inferior, apenas lhe caber o direito reduo do preo, em harmonia com a desvalorizao resultante dos nus ou limitaes, alm da indemnizao que no caso competir.

2. So ap licveis reduo do preo os preceitos anteriores, com as necessrias adaptaes.

ARTIGO 292(Reduo)

A nulidade ou anulao parcial no determina a invalidade de todo o negcio, salvo quando se mostre que este no teria sido concludo sem a parte viciada.

PropriedadeRequisito que circunscreve o campo de aplicao autnoma do erro-

-vcio, como motivo de INVALIDADE

Erro prprioQuando incide sobre uma circunstncia que no seja a verificao de qualquer elemento legal da validade do negcio.

Exemplo :

O desconhecimento da incapacidade do outro contraente ( a integrar na hiptese do artigo 251 quanto ao erro sobre as qualidades da pessoa do declaratrio)Erro imprprioQuando versa sobre os requisitos legais de forma negocial, a ilicitude do objecto mediato ou imediato, a capacidade do errante etc. (neste caso o fundamento de invalidade no ser o erro, mas o requisito legal cuja deficincia , ignorada pelo errante vicia o negcio.)Exemplo :

Quando o erro incide sobre a prpria incapacidade do errante.

Requisitos especiais :

(variam com as diversas modalidades do erro-vcio)

Erro sobre os motivos (erro residual)Erro de direito ou de facto acerca da causa (no se refere pessoa do declaratrio, nem ao objecto do negcio)

Exemplo:

O funcionrio que arrenda ou compra um aparrtamento numa cidade por crer, erradamente, ter sido transferido para l.

Quid juris?

Nos casos deste tipo o art. 252/ 1, permite a anulao, desde que haja uma clusula (expressa ou tcita) no sentido da validade do negcio ficar dependente da existncia da circunstncia sobre que versou o erro.(se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo

ARTIGO 252(Erro sobre os motivos)

1. O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se no refira pessoa do declaratrio nem ao objecto do negcio, s causa de anulao se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.

ARTIGO 2522. Se, porm, recair sobre as circunstncias que constituem a base do negcio, aplicvel ao erro do declarante o disposto sobre a resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias vigentes no momento em que o negcio foi concludo.

Se o erro incidir sobre a base negocial

O art. 252/ 2 estabelece um regime especial que conduz anulabilidade do contrato, remetendo para os arts. 437, 438 e 439.

Resoluo ou modificao do contrato por alterao das circunstncias

ARTIGO 437(Condies de admissibilidade)

1. Se as circunstncias em que as partes fundaram a deciso de contratar tiverem sofrido uma alterao anormal, tem a parte lesada direito resoluo do contrato, ou modificao dele segundo juzos de equidade, desde que a exigncia das obrigaes por ela assumidas afecte gravemente os princpios da boa f e no esteja coberta pelos riscos prprios do contrato.

2. Requerida a resoluo, a parte contrria pode opor-se ao pedido, declarando aceitar a modificao do contrato nos termos do nmero anterior.

ARTIGO 438(Mora da parte lesada)

A parte lesada no goza do direito de resoluo ou modificao do contrato, se estava em mora no momento em que a alterao das circunstncias se verificou.

ARTIGO 439(Regime)

Resolvido o contrato, so aplicveis resoluo as disposies da subseco anterior.

A ideia central do artigo 252/ 2, a de "um erro bilateral sobre condies patentemente fundamentais do negcio jurdico"

Erro sobre o objecto do negcio O negcio ser anulvel nos termos previstos no art. 251 Erro sobre a pessoa do declaratrioEst igualmente previsto no art. 251, cabendo-lhe o regime correspondente ao erro na declarao (art. 247) Dolo (art. 253)

ARTIGO 253

Dolo1. Entende-se por dolo qualquer sugesto ou artifcio que algum empregue com a inteno ou conscincia de induzir ou manter em erro o autor da declarao (1 parte), bem como a dissimulao, pelo declaratrio ou terceiro, do erro do declarante (2 parte).2. No constituem dolo ilcito as sugestes ou artifcios usuais, considerados legtimos segundo as concepes dominantes no comrcio jurdico, nem a dissimulao do erro, quando nenhum dever de elucidar o declarante resulte da lei, de estipulao negocial ou daquelas concepes.

DOLODolo positivo (1 parte do art. 253/ 1)Qualquer sugesto ou artifcio que algum empregue com a inteno ou conscincia de induzir ou manter em erro o autor da declarao.

Dolo negativo (2 parte do art. 253/ 1)Dissimulao, pelo declaratrio ou terceiro, do erro do declarante.

Dolo bonus As sugestes ou artifcios usuais, considerados legtimos, segundo as concepes dominantes no comrcio jurdico (art. 253/ 2)Dolo malusEm oposio ao dolo bonus.

S relevante, como fundamento de anulabilidade e de responsabilidade, o dolo malus

Dolo inocenteMero intuito enganatrio

Dolo fraudulentoIntuito ou conscincia de prejudicar

Dolo do declaratario e dolo de terceiroDistino com grande importncia, pois existir np apenas dolo de terceiro, mas tambm dolo do declaratrio, se este for cmplice daquele, conhecer ou dever conhecer a actuao de terceiros (art. 254/ 2).Dolo essencial ou determinante O enganado foi induzido pelo dolo a concluir o negcio em si mesmo e no apenas nos termos em que foi concludo; SEM DOLO NO SE TERIA CONCLUDO QUALQUER NEGCIO.

Dolo incidentalO enganado apenas foi influenciado quanto aos termos do negcio, pois sempre contrataria, embora noutras condies.

!!! DOLO INCIDENTAL no conduz, necessriamente, anulao. !!!

A obrigao de indemnizar um efeito do dolo (art. 227 e 253/ 2) Dolo como motivo de anulao Generalidades

Principal efeito do dolo,

A ANULABILIDADE do negcio (art.254/ 1)

ARTIGO 254Efeitos do dolo

1. O declarante cuja vontade tenha sido determinada por dolo pode anular a declarao; a anulabilidade no excluda pelo facto de o dolo ser bilateral.

2. Quando o dolo provier de terceiro, a declarao s anulvel se o destinatrio tinha ou devia ter conhecimento dele; mas, se algum tiver adquirido directamente algum direito por virtude da declarao, esta anulvel em relao ao beneficirio, se tiver sido ele o autor do dolo ou se o conhecia ou devia ter conhecido.

Responsabilidade pr-contratual

Sempre do autor do dolo, por ter dado origem invalidade (art. 227) No dolo no h responsabilidade do declarante, pois este vtima

Dolo do declaratrio como motivo de anulaoCondies :

1 - deve tratar-se dum dolo malus (art. 253/ 2)2 - deve ser essencial ou determinante (art. 254/ 1)3-inteno ou conscincia de induzir ou manter em erro(art.253/ 1)4- No necessrio que o dolo seja unilateral (art. 254/ 1, 2 parte)

Dolo de terceiro como motivo de anulao

(art. 254/ 2)

ARTIGO 254(Efeitos do dolo)

1. O declarante cuja vontade tenha sido determinada por dolo pode anular a declarao; a anulabilidade no excluda pelo facto de o dolo ser bilateral.

2. Quando o dolo provier de terceiro, a declarao s anulvel se o destinatrio tinha ou devia ter conhecimento dele; mas, se algum tiver adquirido directamente algum direito por virtude da declarao, esta anulvel em relao ao beneficirio, se tiver sido ele o autor do dolo ou se o conhecia ou devia ter conhecido.

Condies :

1 - devem verificar-se os requisitos anteriores e fazer-se as

seguintes distines :

Se o declaratrio conheceu ou lhe foi cognoscvel o dolo de terceiro Dolo negativo do prprio declaratrio - o negcio totalmente anulvel (invalidade total) Se o declaratrio no conheceu nem devia conhecer o dolo de terceiro - o negcio s ser anulavel se existir no contrato clusula a favor do terceiro deceptor e a anulao ser limitada a essa clusula (invalidade parcial)Exemplo :Doao de A a B com o encargo de uma prestao a favor de C, o doador poder invalidar o negcio na parte respeitante a C, no caso de ter havido dolo da parte deste, ou de ele conhecer, ou dever ter conhecido o dolo (art. 254/ 2, 2 parte)Ser totalmente anulvel o negcio, se o declaratrio B conheceu ou devia ter conhecido o dolo de terceiro.

Coaco (art. 255/ 1)ARTIGO 255(Coaco moral)

1. Diz-se feita sob coaco moral a declarao negocial determinada pelo receio de um mal de que o declarante foi ilicitamente ameaado com o fim de obter dele a declarao.

2. A ameaa tanto pode respeitar pessoa como honra ou fazenda do declarante ou de terceiro.

3. No constitui coaco a ameaa do exerccio normal de um direito nem o simples temor reverencial.

Coaco Receio de um mal de que o declarante foi ilcitamente ameaado com o fim de obter dele a declarao

S h vcio da vontade, quando a liberdade do coacto no foi totalmente excluda Que o receio provenha de uma ameaa ilcita Exige-se que a cominao do mal vise extorquir a declarao negocial Modalidades de coaco Coaco fsica, absoluta ou ablativaReduz o coagido situao de mero instrumento ou autnomo

!!! D lugar inexistncia do negcio !!! (art. 246)

ARTIGO 246(Falta de conscincia da declarao e coaco fsica)

A declarao no produz qualquer efeito, se o declarante no tiver a conscincia de fazer uma declarao negocial ou for coagido pela fora fsica a emiti-la; mas, se a falta de conscincia da declarao foi devida a culpa, fica o declarante obrigado a indemnizar o declaratrio.

Coaco moral, relativa ou compulsivaReduz a liberdade do coagido mas no a elimina.

!!! D lugar anulabilidade !! (art. 256) D lugar responsabilidade pr-negocial (art. 227)ARTIGO 256(Efeitos da coaco)

A declarao negocial extorquida por coaco anulvel, ainda que esta provenha de terceiro; neste caso, porm, necessrio que seja grave o mal e justificado o receio da sua consumao.

Coaco exercida pelo outro contraenteS produzir a anulabilidade, quando concorram os seguintes

Requisitos :

coaco essencial ou principal

inteno de extorquir a declarao

uma ameaa ilcita

meios ilegtimos

fim ilegtimo

Coaco exercida por terceiroA coaco exercida por terceiro provoca a anulabilidade do negcio e pe a cargo do coactor uma obrigao de indemnizar o declarante e o declaratrio (se este no for cmplice do terceiro)

O Cdigo equipara os efeitos da coaco de terceiro aos da coaco do declaratrio, mas exige para a coaco de terceiro doiis requisitos : (art. 256, 2 parte)

Gravidade do mal cominado

Justificado receio de consumao do mal

ARTIGO 256(Efeitos da coaco)

A declarao negocial extorquida por coaco anulvel, ainda que esta provenha de terceiro; neste caso, porm, necessrio que seja grave o mal e justificado o receio da sua consumao.

Usura (art. 282)ARTIGO 282(Negcios usurrios)

1. anulvel, por usura, o negcio jurdico, quando algum, explorando a situao de necessidade, inexperincia, ligeireza, dependncia, estado mental ou fraqueza de carcter de outrem, obtiver deste, para si ou para terceiro, a promessa ou a concesso de benefcios excessivos ou injustificados.

2. Fica ressalvado o regime especial estabelecido nos artigos 559-A e 1146.

Estado de necesidadeSituao de receio ou temor gerada por um grave perigo que determina o necessitado a celebrar um negcio para superar o perigo em que se encontra

Exemplo :O bombeiro que para salvar uma pessoa do fogo lhe exige dinheiro como condio

Quid juris?

Os negcios feitos nestas condies so tidos como nulos (art. 280)

Objecto negocial. Negcios usurrios

ARTIGO 280(Requisitos do objecto negocial)

1. nulo o negcio jurdico cujo objecto seja fsica ou legalmente impossvel, contrrio lei ou indeterminvel.

2. nulo o negcio contrrio ordem pblica, ou ofensivo dos bons costumes.

Valor dos negcios jurdicos realizados em estado de necessidadeNo Cdigo Civil a hiptese dos negcios em estado de necessidade deve subsumir-se na previso do art. 282

Devem verificar-se os

Requisitos objectivos

Benefcios excessivos ou injustificados

Requisitos subjectivos

Explorao de uma situao de necessidade, inexperincia, ligeireza, dependncia, estado mental ou fraqueza de carcter de outrem

!!! Ver tambm os arts. 283 e 284 !!!!

ARTIGO 283(Modificao dos negcios usurrios)

1. Em lugar da anulao, o lesado pode requerer a modificao do negcio segundos juzos de equidade.

2. Requerida a anulao, a parte contrria tem a faculdade de opor-se ao pedido, declarando aceitar a modificao do negcio nos termos do nmero anterior.ARTIGO 284(Usura criminosa)

Quando o negcio usurrio constituir crime, o prazo para o exerccio do direito de anulao ou modificao no termina enquanto o crime no prescrever; e, se a responsabilidade criminal se extinguir por causa diferente da prescrio ou no juzo penal for proferida sentena que transite em julgado, aquele prazo conta-se da data da extino da responsabilidade criminal ou daquela em que a sentena transitar em julgado, salvo se houver de contar-se a partir de momento posterior, por fora do disposto no n 1 do artigo 287. Incapacidade acidental (art. 257)ARTIGO 257Incapacidade acidental

1. A declarao negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela ou no tinha o livre exerccio da sua vontade anulvel, desde que o facto seja notrio ou conhecido do declaratrio.

2. O facto notrio, quando uma pessoa de normal diligncia o teria podido notar.

Prescreve-se a anulabilidade, desde que

Haja incapacidade acidental

Notoriedade ou o conhecimento da perturbao psquica A REPRESENTAO (art. 258)Princpios gerais

ARTIGO 258Efeitos da representao

O negcio jurdico realizado pelo representante em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe competem, produz os seus efeitos na esfera jurdica deste ltimo.

representaotraduz-se na prtica dum acto jurdico em nome doutrem, para na esfera desse outrem se produzirem os respectivos efeitos

Eficcia da representao

Torna-se necessrio que o representante actue "nos limites dos poderes que lhe competem" ou que o representado realize supervenientemente, uma ratificao.

Representao voluntriaQuando os poderes de representao so atribudos por um acto voluntrio (procurao - art. 262 )

Representao voluntria

ARTIGO 262(Procurao)

1. Diz-se procurao o acto pelo qual algum atribui a outrem, voluntariamente, poderes representativos.

2. Salvo disposio legal em contrrio, a procurao revestir a forma exigida para o negcio que o procurador deva realizar.

Procurao geralQuando a procurao abrange todos os actos patrimoniais, sendo legtima apenas para actos de administrao ordinria.Procurao especialQuando a procurao abrange apenas os actos nela referidos e os necessrios sua execuo

Representao orgnica ou estatutriaQuando os poderes de representao resultam dos estatutos de uma pessoa colectiva.

Representao legalQuando os poderes de representao, verificadas certas situaes, so concedidos por lei a representantes legais.

Representao prpriaQuando o negcio representativo produz efeitos na esfera do representado.

Representao imprpriaNo uma verdadeira representao (contrato de comisso, mandato sem representao) embora o agente actue no interesse ou por conta de outrem, age em nome prprio, adquirindo os direitos e obrigaes decorrentes dos actos que celebra e sendo obrigado a transferir para o mandante (no caso do mandato sem representao) os direitos adquiridos, sendo este obrigado a assumir as obrigaes contradas pelo mandatrio (arts. 1180, 1181 e 1182)

Mandato sem representao

ARTIGO 1180(Mandatrio que age em nome prprio)

O mandatrio, se agir em nome prprio, adquire os direitos e assume as obrigaes decorrentes dos actos que celebra, embora o mandato seja conhecido dos terceiros que participem nos actos ou sejam destinatrios destes.

ARTIGO 1181(Direitos adquiridos em execuo do mandato)

3. O mandatrio obrigado a transferir para o mandante os direitos adquiridos em execuo do mandato.

4. Relativamente aos crditos, o mandante pode substituir-se ao mandatrio no exerccio dos respectivos direitos.

ARTIGO 1182(Obrigaes contradas em execuo do mandato)

O mandante deve assumir, por qualquer das formas indicadas no n 1 do artigo 595, as obrigaes contradas pelo mandatrio em execuo do mandato; se no puder faz-lo, deve entregar ao mandatrio os meios necessrios para as cumprir ou reembols-lo do que este houver despendido nesse cumprimento.

Representao activaActuao em nome doutrem na emisso de declaraes negociais

Representao passivaTraduz-se em receber declaraes negociais em nome doutrem, para que se produzam os mesmos efeitos que se produziriam se tais declaraes fossem recebidas por esse outrem

Alguns tpicos relevantes :

No h contradio entre a representao e o princpio da autonomia privada (O ordenamento jurdico fornece um sucedneo - atravs do representante legal - da capacidade de exerccio de direitos, inexistente no caso dos menores, dos interditos e dos inabilitados).

Para existir a representao, basta que o negcio seja concludo em nome do representado e no necessriamente no interesse do representado. (ao contrrio da representao legal na qual tem sempre lugar o interesse do representado, na representao voluntria pode haver o caso em que os poderes representativos so conferidos no interesse do procurador).

No h coincidncia entre representao e mandato (art. 1157).MandatoDisposies gerais

ARTIGO 1157(Noo)

Mandato o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais actos jurdicos por conta da outra.

pode haver mandato sem haver representao. (art.1180)quando o mandatrio no recebeu poderes para agir em nome do mandante, agindo em nome prprio por conta do mandanteMandato sem representao

ARTIGO 1180(Mandatrio que age em nome prprio)

O mandatrio, se agir em nome prprio, adquire os direitos e assume as obrigaes decorrentes dos actos que celebra, embora o mandato seja conhecido dos terceiros que participem nos actos ou sejam destinatrios destes.

pode haver representao sem haver mandatoNo s na representao legal, mas tambm no que toca representao voluntria, que resulta de uma procurao (art. 262) que pode existir autonomamente ou coexistir com um contrato.

Abuso de representaoQuando o representante actuar dentro dos limites formais dos poderes conferidos, mas de modo substancialmente contrrio aos fins da representao

Representante e simples nncio Representante Simples nncio

nunca recebe um mandato absolutamente especificado e imperativo.

Emite uma declarao em nome de outrem.

O representante consuma

Recebe mandatos absolutamente especificados e imperativos

Transmite uma declarao de outrem

O nncio transmite o j consumado

Admissibilidade da representao A representao prpria regulada no Cdigo Civil nos arts 258 a 269

Representao legalA sua admissibilidade e o seu domnio de aplicao resultam das disposies que a consagram para o efeito de suprir a incapacidade dos menores (art. 124), a dos interditos (art. 139) e eventualmente a dos inabilitados (art. 154)ARTIGO 124(Suprimento da incapacidade dos menores)

A incapacidade dos menores suprida pelo poder paternal e, subsidiariamente, pela tutela, conforme se dispe nos lugares respectivos.

ARTIGO 139(Capacidade do interdito e regime da interdio)

Sem prejuzo do disposto nos artigos seguintes, o interdito equiparado ao menor, sendo-lhe aplicveis, com as necessrias adaptaes, as disposies que regulam a incapacidade por menoridade e fixam os meios de suprir o poder paternal.

ARTIGO 154(Administrao dos bens do inabilitado)

1. A administrao do patrimnio do inabilitado pode ser entregue pelo tribunal, no todo ou em parte, ao curador.

2. Neste caso, haver lugar constituio do conselho de famlia e designao do vogal que, como subcurador exera as funes que na tutela cabem ao protutor.

3. O curador deve prestar contas da sua administrao.

Representao voluntria admitida nos arts. 262 a 269. O mandato com representao (art. 1178), no qual est coenvolvida uma procurao, a fonte mais frequente da representao voluntria.

Representao voluntria

ARTIGO 262(Procurao)

1. Diz-se procurao o acto pelo qual algum atribui a outrem, voluntariamente, poderes representativos.

2. Salvo disposio legal em contrrio, a procurao revestir a forma exigida para o negcio que o procurador deva realizar.

ARTIGO 263(Capacidade do procurador)

O procurador no necessita de ter mais do que a capacidade de entender e querer exigida pela natureza do negcio que haja de efectuar.

ARTIGO 264(Substituio do procurador)

1. O procurador s pode fazer-se substituir por outrem se o representado o permitir ou se a faculdade de substituio resultar do contedo da procurao ou da relao jurdica que a determina.

2. A substituio no envolve excluso do procurador primitivo, salvo declarao em contrrio.

3. Sendo autorizada a substituio, o procurador s responsvel para com o representado se tiver agido com culpa na escolha do substituto ou nas instrues que lhe deu.

4. O procurador pode servir-se de auxiliares na execuo da procurao, se outra coisa no resultar do negcio ou da natureza do acto que haja de praticar.

ARTIGO 265(Extino da procurao)

1. A procurao extingue-se quando o procurador a ela renuncia, ou quando cessa a relao jurdica que lhe serve de base, excepto se outra for, neste caso, a vontade do representado.

2. A procurao livremente revogvel pelo representado, no obstante conveno em contrrio ou renncia ao direito de revogao.

3. Mas, se a procurao tiver sido conferida tambm no interesse do procurador ou de terceiro, no pode ser revogada sem acordo do interessado, salvo ocorrendo justa causa.

ARTIGO 266(Proteco de terceiros)

1. As modificaes e a revogao da procurao devem ser levadas ao conhecimento de terceiros por meios idneos, sob pena de lhes no serem oponveis seno quando se mostre que delas tinham conhecimento no momento da concluso do negcio.

2. As restantes causas extintivas da procurao no podem ser opostas a terceiro que sem culpa, as tenha ignorado.

ARTIGO 267(Restituio do documento da representao)

1. O representante deve restituir o documento de onde constem os seus poderes, logo que a procurao tiver caducado.

2. O representante no goza do direito de reteno do documento.

ARTIGO 268(Representao sem poderes)

1. O negcio que uma pessoa, sem poderes de representao, celebre em nome de outrem ineficaz em relao a este, se no for por ele ratificado.

2. A ratificao est sujeita forma exigida para a procurao e tem eficcia retroactiva, sem prejuzo dos direitos de terceiro.

3. Considera-se negada a ratificao, se no for feita dentro do prazo que a outra parte fixar para o efeito.

4. Enquanto o negcio no for ratificado, tem a outra parte a faculdade de o revogar ou rejeitar, salvo se, no momento da concluso, conhecia a falta de poderes do representante.

ARTIGO 269(Abuso da representao)

O disposto no artigo anterior aplicvel ao caso de o representante ter abusado dos seus poderes, se a outra parte conhecia ou devia conhecer o abuso.

Presupostos da representao Realizao do negcio em nome do representado

Declarao, em certa medida, de uma vontade prpria do representante.

O acto deve estar integrado nos limites dos poderes conferidos ao representante

O representante deve ter legitimao representativa ; originria, se existente ao tempo do negcio representativo, subsequente, se posteriormente , atravs de uma ratificao do negcio..

Os actos praticados por um representante sem poderes, isto , com falta total de poderes representativos ou com excedncia dos poderes que lhe foram atribudos, so ineficazes em relao ao representado, salvo se tiver lugar a ratificao

O negcio consigo mesmo, est ferido de anulabilidade (art. 261) mas no de ineficcia.

O objecto negocial (arts. 280 e ss)ARTIGO 280(Requisitos do objecto negocial)

1. nulo o negcio jurdico cujo objecto seja fsica ou legalmente impossvel, contrrio lei ou indeterminvel.

2. nulo o negcio contrrio ordem pblica, ou ofensivo dos bons costumes.

Objecto imediato Efeitos jurdicos a que o negcio tende.

Objecto mediatoConsiste no "quid" sobre que incidem os efeitos do negcio

Requisitos legais Condies de validade do objecto negocial:

A possibilidade fsica ou legal

A licitude

A determinabilidade

A no contrariedade ordem pblica

A conformidade com os bons costumes

ELEMENTOS ACIDENTAIS DOS NEGCIOS JURDICOS

CONDIO (art. 270)ARTIGO 270Noo de condioAs partes podem subordinar a um acontecimento futuro e incerto a produo dos efeitos do negcio jurdico ou a sua resoluo: no primeiro caso, diz-se suspensiva a condio; no segundo, resolutiva.

Condio suspensivaQuando as partes subordinam a um acontecimento futuro e incerto a produo dos efeitos do negcio jurdico.

Condio resolutivaQuando as partes subordinam a um acontecimento futuro e incerto a resoluo dos efeitos do negcio jurdico

Natureza da estipulao condicionalTrata-se duma vontade hipottica, embora actual e efectiva, exteriorizada numa declarao nica e incidvel Caractersticas da condio verdadeira e prpria1 - evento futuro, ao qual est subordinada a eficcia do negcio

2 - carcter incerto do evento

3 - subordinao resultante da vontade das partes e no directamente "ex lege"Condies imprprias

As condies que no reunem todas as qualidades que caracterizam a condio verdadeira e prpria.

Diversas figuras de condio imprpria Condies referidas ao passado ou ao presenteVisto que o evento condicionante no futuro, no existe incerteza objectiva

Condies necessriasPor exemplo, a condio de o declarante ou um terceiro morrerem; visto que o evento no incerto, trata-se de um termo

Condies impossveis (Fsica ou legalmente)Imprpria , pois a no verificao do evento , desde j, certa.

Condies legaisA condio legal da realizao do casamennto projectado dentro de um ano para a eficcia das doaes para casamento e das convenes antenupciais (art. 1760/ 1/ a), e art.1716);

Condio resolutiva tcita (ou resoluo por inadimplemento)Resulta quanto ao inadimplemento definitivo do art. 801/ 2 e quanto mora do art. 808/ 1, que permite a aplicao das normas sobre a falta de cumprimento.

Impossibilidade do cumprimento

ARTIGO 801(Impossibilidade culposa)

1. Tornando-se impossvel a prestao por causa imputvel ao devedor, este responsvel como se faltasse culposamente ao cumprimento da obrigao.

2. Tendo a obrigao por fonte um contrato bilateral, o credor, independentemente do direito indemnizao, pode resolver o contrato e, se j tiver realizado a sua prestao, exigir a restituio dela por inteiro.ARTIGO 808(Perda do interesse do credor ou recusa do cumprimento)

1. Se o credor, em consequncia da mora, perder o interesse que tinha na prestao, ou esta no for realizada dentro do prazo que razoavelmente for fixado pelo credor, considera-se para todos os efeitos no cumprida a obrigao.

2. A perda do interesse na prestao apreciada objectivamente. Regime especfico da condio resolutiva tcita1 - facultada pela lei e no convencionada pelas partes

2 - No opera "ipso jure" (automticamente), pois apenas d direito a que, em caso de inadimplemento de uma parte, a outra parte a invoque, no sendo necessrio intentar uma aco judicial, mas uma simples declarao outra parte.

3 - no tem efeitos retroactivos em relao a terceiros (art. 435), ao contrrio do que acontece com a condio resolutiva verdadeira e prpria (art. 274)ARTIGO 435(Efeitos em relao a terceiros)

1. A resoluo, ainda que expressamente convencionada, no prejudica os direitos adquiridos por terceiro.

2. Porm, o registo da aco de resoluo que respeite a bens imveis, ou a mveis sujeitos a registo, torna o direito de resoluo oponvel a terceiro que no tenha registado o seu direito antes do registo da aco.

ARTIGO 274(Pendncia da condio: actos dispositivos)

1. Os actos de disposio dos bens ou direitos que constituem objecto do negcio condicional, realizados na pendncia da condio, ficam sujeitos eficcia ou ineficcia do prprio negcio, salvo estipulao em contrrio.

2. Se houver lugar restituio do que tiver sido alienado, aplicvel, directamente ou por analogia, o disposto nos artigos 1269 e seguintes em relao ao possuidor de boa f.

Aponibilidade da condioPrincpio geral

A clusula condicional um elemento acidental, susceptvel de ser inseriddo na generalidade dos negcios, por fora do P. da liberdade negocial (art. 405)

ARTIGO 405(Liberdade contratual)

1. Dentro dos limites da lei, as partes tm a faculdade de fixar livremente o contedo dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste cdigo ou incluir nestes as clasulas que lhes aprouver.

2. As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou mais negcios, total ou parcialmente regulados na lei.

Negcios incondicionveisOs negcios unilaterais, resultantes do exerccio de um direito potestativo que atinge a esfera de outrem com uma eficcia no vantajosa, por exemplo:

A resoluo

a revogao,

o resgate

o despedimento

O Cdigo Civil expressamente, exclui a aponibilidade da condio nas seguintes disposies :

Declarao de compensao (art. 848) Casamento (art. 1618/ 2)

Perfilhao (art. 1852) Aceitao de herana (art. 2054/ 1) Repdio de herana (art. 2064) Aceitao testamentria (art.2323/ 2) Valor da condio aposta a um negcio incondicionvelEm conformidade com o P. da incindibilidade do negcio condicional, a consequncia da aposio duma condio a um negcio incondicionvel a nulidade do negcio.

Esta soluo, na falta de disposio que expressamente a preceitue, resultar da aplicao analgica do art. 271 e at genricamente do art. 294Excepo regra - No casamento considera-se no escrita a clusula pela qual as partes queiram submeter o casamento a uma condio; vlido o negcio sendo nula apenas a condio estipulada (art. 1618/2)ARTIGO 271(Condies ilcitas ou impossveis)

1. nulo o negcio jurdico subordinado a uma condio contrria lei ou ordem pblica, ou ofensiva dos bons costumes.

2. igualmente nulo o negcio sujeito a uma condio suspensiva que seja fsica ou legalmente impossvel; se for resolutiva, tem-se a condio por no escrita.

ARTIGO 294(Negcios celebrados contra a lei)

Os negcios celebrados contra disposio legal de carcter imperativo so nulos, salvo nos casos em que outra soluo resulte da lei.

ARTIGO 1618(Aceitao dos efeitos do casamento)

1. A vontade de contrair casamento importa aceitao de todos os efeitos legais do matrimnio, sem prejuzo das legtimas estipulaes dos esposos em conveno antenupcial.

2. Consideram-se no escritas as clusulas pelas quais os nubentes, em conveno antenupcial, no momento da celebrao do casamento ou em outro acto, pretendam modificar os efeitos do casamento, ou submet-lo a condio, a termo ou preexistncia de algum facto.

Classificao das condiesCondio suspensivaSe a verificao da condio importa a produo dos efeitos do negcio, no tendo estes lugar de outro modo.

Condio resolutiva

Se a verificao da condio importa a destruo dos efeitos negociais.

Excepcionalmente a lei estabelece uma presuno:

ARTIGO 2234Condio de no dar ou no fazer

Se a herana ou legado for deixado sob condio de o herdeiro ou legatrio no dar certa coisa ou no praticar certo acto por tempo indeterminado, a disposio considera-se feita sob condio resolutiva, a no ser que o contrrio resulte do testamento.

Condiao potestativaQuando o elemento condicionante procede da vontade de uma das partes

Exemplo :

A faz uma doao a B, se este o visitar no Brasil ou se B escrever um livro.

Condio potestativa arbitrria

Se o evento condicionante um puro querer ou um facto completamente insignificante ou frvolo

Exemplo :

Dou-te x se levantares a mo

Condio potestativa no arbitrria

Se o evento condicionante, no um puro querer, mas um facto de certa seriedade ou gravidadee em face dos interesses em causa.

Exemplo :

se fores ao Brasil

Condio casualQuando o elemento condicionante consiste num acontecimento natural ou de terceiro.

Exemplo :

se no chover, se o donatrio falecer sem herdeirros, se se verificar um certo resultado eleitoral, se um terceiro for ao Brasil, etc

Condio mistaCondio que apresenta um carcter misto, relativamente s condies potestativas e s condies casuais.

Exemplo :

se B casar (visto que casar no depende s da sua vontade) Condies possveis e impossveisCondies restritivas da liberdade

Prevista nos arts. 2232 e 2233ARTIGO 2232(Condies contrrias lei)

Consideram-se contrrias lei a condio de residir ou no residir em certo prdio ou local, de conviver ou no conviver com certa pessoa, de no fazer testamento, de no transmitir a determinada pessoa os bens deixados ou de os no partilhar ou dividir, de no requerer inventrio, de tomar ou deixar de tomar o estado eclesistico ou determinada profisso e as clusulas semelhantes.

ARTIGO 2233(Condio de casar ou no casar)

1. tambm contrria lei a condio de que o herdeiro ou legatrio celebre ou deixe de celebrar casamento.

2. , todavia, vlida a deixa de usufruto, uso, habitao, penso ou outra prestao contnua ou peridica para produzir efeito enquanto durar o estado de solteiro ou vivo do legatrio.Quanto ao regime das condies impossveis e ilcitas, h que distinguir um regime geral e um regime especial para as liberalidades (testamento, doao)

O regime geral consta do art. 271

ARTIGO 271Condies ilcitas ou impossveis

1. nulo o negcio jurdico subordinado a uma condio contrria lei ou ordem pblica, ou ofensiva dos bons costumes.

2. igualmente nulo o negcio sujeito a uma condio suspensiva que seja fsica ou legalmente impossvel; se for resolutiva, tem-se a condio por no escrita.

O regime especial para as liberalidades

Para os testamentos est formulado directamente no art. 2230, mas aplicvel igualmente s doaes, em virtude da expressa remisso feita pelo art. 967ARTIGO 2230Condies impossveis, contrrias lei ou ordem pblica ou ofensivas dos bons costumes

1. A condio fsica ou legalmente impossvel considera-se no escrita e no prejudica o herdeiro ou legatrio, salvo declarao do testador em contrrio.

2. A condio contrria lei ou ordem pblica, ou ofensiva dos bons costumes, tem-se igualmente por no escrita, ainda que o testador haja declarado o contrrio, salvo o disposto no artigo 2186.

ARTIGO 967(Condies ou encargos impossveis ou ilcitos)

As condies ou encargos fsica ou legalmente impossveis, contrrios lei ou ordem pblica, ou ofensivos dos bons costumes ficam sujeitos s regras estabelecidas em matria testamentria.

Efeitos da condio suspensivaNa pendncia da condioOs efeitos do negcio sob condio suspensiva esto em suspenso, no tendo existncia actual. O negcio produz, todavia, dados efeitos provisrios e preparatrios, na expectativa da produo dos efeitos definitivos ; trata-se sobretudo de efeitos cautelares que tm em vista garantir a integridade dos efeitos finais.

Verificada a condioOs efeitos do negcio que estavam suspensos tornam-se efectivos "ipso jure" (automticamente) e desde a data de concluso do negcio, sem mais requisitos. O princpio da retroactividade da condio afirmado no art. 276ARTIGO 276(Retroactividade da condio)

Os efeitos do preenchimento da condio retrotraem-se data da concluso do negcio, a no ser que, pela vontade das partes ou pela natureza do acto, hajam de ser reportados a outro momento.

ARTIGO 796(Risco)

1. Nos contratos que importem a transferncia do domnio sobre certa coisa ou que constituam ou transfiram um direito real sobre ela, o perecimento ou deteriorao da coisa por causa no imputvel ao alienante corre por conta do adquirente.

2. Se, porm, a coisa tiver continuado em poder do alienante em consequncia de termo constitudo a seu favor, o risco s se transfere com o vencimento do termo ou a entrega da coisa, sem prejuzo do disposto no artigo 807.

3. Quando o contrato estiver dependente de condio resolutiva, o risco do perecimento durante a pendncia da condio corre por conta do adquirente, se a coisa lhe tiver sido entregue; quando for suspensiva a condio, o risco corre por conta do alienante durante a pendncia da condio.

Excepes ao efeito retroactivo da condio suspensiva (art. 277) :

ARTIGO 277No retroactividade

1. Sendo a condio resolutiva aposta a um contrato de execuo continuada ou peridica, aplicvel o disposto no n 2 do art. 434.

2. O preenchimento da condio no prejudica a validade dos actos de administrao ordinria realizados, enquanto a condio estiver pendente, pela parte a quem incumbir o exerccio do direito.

3. aquisio de frutos pela parte a que se refere o nmero anterior so aplicveis as disposies relativas aquisio de frutos pelo possuidor de boa f.

ARTIGO 434Retroactividade

1. A resoluo tem efeito retroactivo, salvo se a retroactividade contrariar a vontade das partes ou a finalidade da resoluo.

2. Nos contratos de execuo continuada ou peridica, a resoluo no abrange as prestaes j efectuadas, excepto se entre estas e a causa de resoluo existir um vnculo que legitime a resoluo de todas elas.

No verificada a condioNeste caso no se produzem os efeitos definitivos a que o negcio tendia e desaparecem os prprios efeitos provisrios ou preparatrios que entretanto tiveram lugar.

Efeitos da condio resolutivaNa pendncia da condioO negcio produz os seus efeitos normais, mas est suspensa sobre a sua eficcia a possibilidade de verificao do evento condicionante.

O devedor ou alienante condicional pode praticar actos conservatrios (art. 273) e pode at praticar actos de disposio, cuja eficcia fica sujeita verificao da condio resolutiva. O credor condicional deve proceder segundo a boa f (art. 272)

ARTIGO 273Pendncia da condio: actos conservatrios

Na pendncia da condio suspensiva, o adquirente do direito pode praticar actos conservatrios, e igualmente os pode realizar, na pendncia da condio resolutiva, o devedor ou o alienante condicional.

ARTIGO 272Pendncia da condio

Aquele que contrair uma obrigao ou alienar um direito sob condio suspensiva, ou adquirir um direito sob condio resolutiva, deve agir, na pendncia da condio, segundo os ditames da boa f, por forma que no comprometa a integridade do direito da outra parte.

Verificada a condioO preenchimento da condio importa a destruo automtica e retroactiva dos efeitos do negcio o que far perder a eficcia aos actos dispositivos do credor condicional.

Excepes ao princpio supletivo da retroactividade :

Art. 277/ 2/ 3

Art. 434/ 2 por fora do 277/ 1

ARTIGO 277(No retroactividade)

1. Sendo a condio resolutiva aposta a um contrato de execuo continuada ou peridica, aplicvel o disposto no n 2 do art. 434.

2. O preenchimento da condio no prejudica a validade dos actos de administrao ordinria realizados, enquanto a condio estiver pendente, pela parte a quem incumbir o exerccio do direito.

3. aquisio de frutos pela parte a que se refere o nmero anterior so aplicveis as disposies relativas aquisio de frutos pelo possuidor de boa f.

ARTIGO 434(Retroactividade)

1. A resoluo tem efeito retroactivo, salvo se a retroactividade contrariar a vontade das partes ou a finalidade da resoluo.

2. Nos contratos de execuo continuada ou peridica, a resoluo no abrange as prestaes j efectuadas, excepto se entre estas e a causa de resoluo existir um vnculo que legitime a resoluo de todas elas.

No verificada a condioOs efeitos do negcio consolidam-se, radicando-se, definitivamente, a posio do credor "sub-conditione"

TERMO

Termo

Clusula acessria pela qual, a existncia ou a exercitabilidade dos efeitos de um negcio so postos na dependncia de um acontecimento futuro , mas certo.Termo suspensivo (inicial ou dilatrio)Quando os efeitos s comeam ou se tornam exercitveis a partir de certo momento.

Termo resolutivo (final ou peremptrio)Quando os efeitos do negcio comeam desde logo, mas cessam a partir de certo momento

Efeitos do termo no se verifica qualquer retroactividade (Sendo o acontecimento de que dependem os efeitos do negcio, certo) Obrigao de proceder segundo a boa f (a cargo de uma das partes, afim de no comprometer a integridade do direito da outra) Aponibilidade do termo Segundo o princpio da liberdade contratual, as partes gozam da faculdade de inserir esta clusula na generalidade dos negcios.

Como excepo a este princpio, temos os negcios inaprazveis, os quais concidem, geralmente, com os negcios incondicionveis.

A aposio dum termo a um negcio inaprazvel, sancionada por lei pela nulidade do negcio (art. 848) ou apenas pela nulidade do termo, mantendo-se vlido o negcio (arts. 1618/ 2, e 2243) Modalidades Termo suspensivo (inicial ou dilatrio) Termo resolutivo (final ou peremptrio) Termo certo

Termo incerto

Termo expresso (ou prprio) Termo tcito (ou imprprio) Termo essencial

Termo no essencial

Termo suspensivo (inicial ou dilatrio)Quando os efeitos s comeam ou se tornam exercitveis a partir de certo momento.

Termo resolutivo (final ou peremptrio)Quando os efeitos do negcio comeam desde logo, mas cessam a partir de certo momento

Termo certoQuando se sabe antecipadamente o momento em que se verificar

Termo incertoQuando se desconhece o momento em que se verificar ( ex: a morte de algum certa, mas a sua hora incerta)

Termo expresso (ou prprio)Quando por vontade das partes, estas decidem sobre a aponibilidade de termo nos negcios que efectuam.

Termo tcito (ou imprprio)Quando o termo existe por imposio da lei (termo legal)Termo essencialQuando a prestao deve ser efectuada at data estipulada pelas partes (termo prprio) ou at um certo momento, tendo-se em conta a natureza do negcio e/ou a lei (termo imprprio) O no cumprimento equiparado impossibilidade definitiva da prestao (arts 801 e segs)Termo no essencialAquele que depois de ultrapassado no acarreta logo a impossibilidade da prestao, apenas gerando uma situao de mora do devedor. (art 804 e segs)

PrazoChama-se prazo ao perodo de tempo que decorre entre a realizao do negcio e a ocorrncia do termo.

Regras supletivas para o cmputo do termoEstas regras constam do artigo 279

ARTIGO 279(Cmputo do termo)

fixao do termo so aplicveis, em caso de dvida, as seguintes regras:

a) Se o termo se referir ao princpio, meio ou fim do ms, entende-se como tal, respectivamente, o primeiro dia, o dia 15 e o ltimo dia do ms; se for fixado no princpio, meio ou fim do ano, entende-se, respectivamente, o primeiro dia do ano, o dia 30 de Junho e o dia 31 de Dezembro;

b) Na contagem de qualquer prazo no se inclui o dia, nem a hora, se o prazo for de horas, em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo comea a correr;

c) O prazo fixado em semanas, meses ou anos, a contar de certa data, termina s 24 horas do dia que corresponda, dentro da ltima semana, ms ou ano, a essa data; mas, se no ltimo ms no existir dia correspondente, o prazo finda no ltimo dia desse ms;

d) havido, respectivamente, como prazo de uma ou duas semanas o designado por oito ou quinze dias, sendo havido como prazo de um ou dois dias o designado por 24 ou 48 horas;

e) O prazo que termine em domingo ou dia feriado transfere-se para o primeiro dia til; aos domingos e dias feriados so equiparadas as frias judiciais, se o acto sujeito a prazo tiver de ser praticado em juzo.

Enganosas

No enganosas

(art. 246)

Doutrina primitiva e formalista

Doutrina da confiaa

Doutina da aparncia eficaz (adoptada pelo C.C)

Supresso de um sujeito real

Interposio fictcia de pessoas

Quanto natureza do negcio

De valor

Subjectiva

Objectiva

Inocente

Fraudulenta

Conhecida

Desconhecida

Absoluta

Relativa

Unilateral

bilateral

Erro-vcio

Dolo

Coaco moral

Incapacidade acidental

Usura

Sobre a pessoa do declaratrio

Sobre o objecto do negcio

Sobre os motivos (residual)

Mediato(qualidade do objecto)

Imediato (sobre a natureza do negcio)

Do declaratrio

De terceiro

Bnus

Malus

Inocente

Fraudulento

Essencial

Incidental

Positivo

Negativo (omissivo)

O erro vcio um erro na formao da vontade !!!!

O erro obstculo ou erro na declarao um erro na formulao da vontade !! A Sandra percebeu ? E a Andreia ? Muito bem !!!

Exemplo :

Se A compra um prdio determinado, porque julga que esse prdio tem 15 apartamentos e que afinal ele s tem 10, estamos perante um erro-vcio.

Neste exemplo, no h divergncia entre a vontade real do declarante (comprar aquele prdio) e a declarao negocial. Simplesmente no se teria querido o que se quis, se se conhecesse a realidade ; Foi decisiva para a formao da vontade de comprar, a representao inexacta de que o prdio tinha 15 apartamentos.

A divergncia existente entre a vontade real (coincidente com a declarao) e uma certa "vontade hipottica" (a vontade que se teria tido, se no fosse a representao inexacta.

Do declaratrio

De terceiro

Bnus

Malus

Inocente

Fraudulento

Essencial

Incidental

Positivo

Negativo (omissivo)

Ol maralhal !!

a matria que se segue trata dos vcios; presumo que no devem ter qualquer espcie de dificuldade em assimil-la. Ah ! ah ! ah! ah ! ah ! (hi ! hi ! hi ! hi !)

Dolo positivo

Dolo negativo

Dolo bnus

PAGE 1 www.cogitoergosun2.no.sapo.pt