teores foliares de macro e micronutrientes na sob diferentes doses de adubação com nitrogênio e...

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TEORES FOLIARES DE MACRO E MICRONUTRIENTES NA SOB DIFERENTES 1 DOSES DE ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO 2 RAFAEL CARLOS DOS SANTOS 1 ; SÉRGIO YOSHIMITSU MOTOIKE 2 ; FRANCISCO DE 3 ASSIS LOPES 3 ; FABIANA SILVA DE SOUZA 4 ; LEONARDO DUARTE PIMENTEL 5 4 INTRODUÇÃO 5 Atualmente, a macaúba tem se destacado no cenário das culturas oleaginosas de potencial 6 bioenergético devido a alguns fatores como a elevada produtividade e elevado teor e qualidade do 7 óleo produzido. Somam-se ainda, o fato de a cultura apresentar um elevado valor agregado dos 8 coprodutos e uma ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrada em praticamente todas as 9 regiões brasileiras, indicando boa aptidão agrícola para as regiões de clima tropical (MOTOIKE et 10 al., 2013). 11 Todavia, apesar das vantagens eminentes, a exploração da cultura ainda ocorre de forma 12 extrativista, não sendo encontradas informações consistentes que subsidiem o cultivo em escala 13 comercial. Contudo, atualmente diversos estudos vêm sendo desenvolvidos buscando desvendar os 14 diferentes aspectos do cultivo da macaúba. Dentre estes aspectos, os relacionados à nutrição mineral 15 da cultura são ainda pouco conhecidos, sobretudo a resposta da planta e a recomendação de 16 adubação nos diferentes estágios do ciclo produtivo. 17 Desta forma este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da adubação com N e K sobre 18 os teores foliares de nutrientes de três genótipos de macaúba. 19 MATERIAL E MÉTODOS 20 O trabalho está sendo conduzido na Estação Experimental de Araponga, MG, pertencente à 21 Universidade Federal de Viçosa, em um Latossolo Vermelho-Amarelo – LVA, situado no terço 22 superior de morro, com declividade aproximada de 25 %. O uso anterior da área era pastagem 23 espontânea, com fertilidade natural baixa. 24 O experimento foi conduzido em blocos casualizados, fatorial 5 x 3, sendo: 5 doses de N + 25 K, 3 genótipos de macaúba, com 3 repetições (blocos) e três plantas por parcela. Os tratamentos 26 principais foram: 1= sem adubação de cobertura com N e K (testemunha); 2 = 240 g planta -1 ; 3 = 27 480 g planta -1 ; 4= 720 g planta -1 ; 5 = 960 g planta -1 de ureia e KCl na proporção 0,5:0,5. Os 28 tratamentos secundários (genótipos) foram plantas originárias de 3 regiões de Minas Gerais: Piranga 29 (23), Betim (SP) e Barroso (26), representando 3 populações divergentes de macaúba. As mudas 30 utilizadas são provenientes de sementes pré-germinadas, sendo estas obtidas a partir de frutos 31 coletados em uma única planta de cada genótipo. O plantio foi feito no fim da estação chuvosa 32 (mar/2008), com 8 meses de idade, aplicando-se a seguinte adubação: 400 g Super Fosfato Simples, 33 1, 2, 3, 4, 5 Universidade Federal de Viçosa – 1 [email protected], 2 [email protected], 3 [email protected], 4 [email protected], 5 [email protected] 1

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Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.

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Page 1: Teores foliares de macro e micronutrientes na sob diferentes doses de adubação com nitrogênio e potássio  rafael santos

TEORES FOLIARES DE MACRO E MICRONUTRIENTES NA SOB DIFERENTES 1

DOSES DE ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO 2

RAFAEL CARLOS DOS SANTOS1; SÉRGIO YOSHIMITSU MOTOIKE2; FRANCISCO DE 3

ASSIS LOPES3; FABIANA SILVA DE SOUZA4; LEONARDO DUARTE PIMENTEL5 4

INTRODUÇÃO 5

Atualmente, a macaúba tem se destacado no cenário das culturas oleaginosas de potencial 6

bioenergético devido a alguns fatores como a elevada produtividade e elevado teor e qualidade do 7

óleo produzido. Somam-se ainda, o fato de a cultura apresentar um elevado valor agregado dos 8

coprodutos e uma ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrada em praticamente todas as 9

regiões brasileiras, indicando boa aptidão agrícola para as regiões de clima tropical (MOTOIKE et 10

al., 2013). 11

Todavia, apesar das vantagens eminentes, a exploração da cultura ainda ocorre de forma 12

extrativista, não sendo encontradas informações consistentes que subsidiem o cultivo em escala 13

comercial. Contudo, atualmente diversos estudos vêm sendo desenvolvidos buscando desvendar os 14

diferentes aspectos do cultivo da macaúba. Dentre estes aspectos, os relacionados à nutrição mineral 15

da cultura são ainda pouco conhecidos, sobretudo a resposta da planta e a recomendação de 16

adubação nos diferentes estágios do ciclo produtivo. 17

Desta forma este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da adubação com N e K sobre 18

os teores foliares de nutrientes de três genótipos de macaúba. 19

MATERIAL E MÉTODOS 20

O trabalho está sendo conduzido na Estação Experimental de Araponga, MG, pertencente à 21

Universidade Federal de Viçosa, em um Latossolo Vermelho-Amarelo – LVA, situado no terço 22

superior de morro, com declividade aproximada de 25 %. O uso anterior da área era pastagem 23

espontânea, com fertilidade natural baixa. 24

O experimento foi conduzido em blocos casualizados, fatorial 5 x 3, sendo: 5 doses de N + 25

K, 3 genótipos de macaúba, com 3 repetições (blocos) e três plantas por parcela. Os tratamentos 26

principais foram: 1= sem adubação de cobertura com N e K (testemunha); 2 = 240 g planta-1; 3 = 27

480 g planta-1; 4= 720 g planta-1; 5 = 960 g planta-1 de ureia e KCl na proporção 0,5:0,5. Os 28

tratamentos secundários (genótipos) foram plantas originárias de 3 regiões de Minas Gerais: Piranga 29

(23), Betim (SP) e Barroso (26), representando 3 populações divergentes de macaúba. As mudas 30

utilizadas são provenientes de sementes pré-germinadas, sendo estas obtidas a partir de frutos 31

coletados em uma única planta de cada genótipo. O plantio foi feito no fim da estação chuvosa 32

(mar/2008), com 8 meses de idade, aplicando-se a seguinte adubação: 400 g Super Fosfato Simples, 33 1, 2, 3, 4, 5Universidade Federal de Viçosa – [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

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200 g Calcário dolomítico, 40 g ureia, 40 g KCl e 25 g Bórax na cova. Os tratamentos referentes às 34

doses de N e K foram introduzidos no início da estação chuvosa subsequente, em cobertura. 35

Para determinação dos teores foliares foi coletada uma amostra composta em cada parcela, 36

formada de três amostras simples, sendo considerada a terceira folha como folha índice para coleta 37

das amostras. Após a colheita o material foi seco em estufa a 72º C por 72 h, homogeneizado e 38

moído. A quantificação dos teores de macro e micronutrientes foi realizada por extração ácida 39

(ácido nítrico com ácido perclórico). Para o N, utilizou-se o método de Kjeldhal e para o B extração 40

em mufla. 41

Os dados foram submetidos à análise de variância entre os tratamentos pelo teste F e 42

comparação de médias pelo teste Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade. Para os dados 43

quantitativos procedeu-se à análise de regressão linear, com o teste e escolha dos modelos de 44

melhor ajuste. 45

RESULTADOS E DISCUSSÃO 46

Pelos dados apresentados na Tabela 1 é possível observar que para o fator dose de N + K 47

foi constatado efeito significativo somente K, Mg e Zn, enquanto que para genótipo somente o Cu 48

foi significativo, não sendo significativa a interação entre dose de N + K e genótipo. 49

Com relação ao efeito de dose de N + K sobre o teor foliar de K (Fig. 1A) é possível 50

observar que os dados ajustaram-se ao modelo quadrático, havendo um aumento do teor deste 51

elemento, estabilização e ligeiro decréscimo nos teores. O teor foliar máximo estimado de K foi de 52

1,09 dag kg-1, obtido com a dose de 187,5 g planta-1 de N + K. Estes resultados indicam que acima 53

deste valor não há acréscimo no teor foliar de K, não justificando, portanto, aplicação de doses 54

superiores nesta etapa do cultivo. 55

Para os teores de Mg (Fig. 1B) é possível observar redução deste, com o aumento das 56

doses de N + K, tendo os dados ajustado-se ao modelo quadrático, havendo um decréscimo com 57

posterior estabilização e ligeiro aumento. O teor foliar mínimo estimado de Mg foi de 0,11 dag kg-1 58

com a dose de 225 g planta-1 de N + K. Efeito semelhante ao Mg também é observado para o Zn 59

onde também há uma redução nos teores foliares com o aumento da dose de N + K, sendo o teor 60

foliar mínimo estimado de Zn foi de 12,15 mg kg-1 com a dose de 237 g planta-1 de N+ K. 61

O resultado observado para Mg e Zn deve-se ao efeito de diluição que ocorre por causa do 62

maior crescimento das plantas que receberam maiores doses de N + K. Todavia outro fator que 63

deve ser considerado é que devido ao fato de as plantas apresentarem limitação na seletividade das 64

membranas, pode acorrer efeito antagônico na absorção de nutrientes com características físico-65

químicas similares (MARSCHNER, 1995). No caso de teores elevados de K+ na solução do solo, 66

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pode haver competição na absorção de outros cátions (ERNANI et al., 2007), o que explica o efeito 67

acentuado de diluição observado para Mg e Zn. 68

Os teores foliares máximos estimados para K (1,09 dag kg-1) estão acima dos apresentados 69

por Viégas (1993) para a cultura do dendê no quinto ano de cultivo (1,00 dag kg-1) na folha 17 e dos 70

apresentados por Magat (1991) para o coqueiro gigante (0,8 dag kg-1) na folha 14. Para o Mg foi 71

encontrado na cultura do dendê teor de 0,26 dag kg-1 e para o coqueiro 0,24 dag kg-1 nas mesmas 72

condições anteriormente citadas. Estes valores são da ordem de mais de duas vezes o teor 73

encontrado para a macaúba. Já para o Zn os valores de 13 e 15 mg kg-1 para as mesmas culturas e 74

nas mesmas condições são ligeiramente superiores aos encontrados para a macaúba (12,15 mg kg-1). 75

Com relação ao Cu somente foi observada diferença significativa entre os três genótipos 76

avaliados, sendo que o genótipo 26 proveniente do município de Barroso diferiu significativamente 77

do genótipo SP do município Betim, apresentando maiores teores deste elemento. Já o genótipo 23 78

proveniente de Piranga não diferiu dos demais. Estes resultados demostram que plantas de 79

diferentes regiões podem apresentar diferenças quanto aos teores foliares de determinado nutriente, 80

neste caso o Cu. 81

CONCLUSÕES 82

A adubação com N + K aumenta os teores foliares de K e reduz os teores de Mg e Zn não 83

afetando os demais nutrientes. 84

Os genótipos de macaúba utilizados apresentaram diferença nos teores foliares de Cu 85

independente da dose de N + K utilizada. 86

REFERÊNCIAS 87

ERNANI, P. K.; ALMEIDA, J. A.; SANTOS, F. C. dos. Potássio. In: NOVAIS, R. F.; ALVARES 88 V, V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. F. L.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. Fertilidade 89 do solo. Viçosa, MG; Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. 1017p. 90

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2nd ed. London: Academic Press, 1995. 889p. 91

MAGAT, S. S. Fertilazer recommendations for coconut based on soil and leaf analyses. Phillippine 92 Journal of Coconut Studies, v. 16, n. 2, p. 25-29, 1991. 93

MOTOIKE, S. Y.; CARVALHO, M.; PIMENTEL, L. D.; KUKI, K. N.; PAES, J. M. V.; DIAS, H. 94 C. T.; SATO, A. Y. A cultura da macaúba. Viçosa, MG; UFV. 2013. 61p. 95

VIÉGAS, I. J. M. Crescimento do dendezeiro (Elaeis guineensis), concentração, conteúdo e 96 exportação de nutrientes nas diferentes partes de plantas com 2 a 8 anos de idade, cultivadas em 97 Latossolo Amarelo distrófico Tailândia, Pará. Tese (Agricultura) – Esalq, Piracicaba, SP., 217 p. 98 1993. 99

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Tabela 1- Resumo da Análise de variância para os teores foliares de macro e micronutrientes na 101 Macaúba (Acrocomia aculeata) 102

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FV GL N P K Ca Mg S

.....................................Quadrado médio.....................................

Blocos 2 0,09 0,0005* 0,016 0,191* 0,005 0,008

Doses (D) 4 0,04 0,0003 0,127* 0,058 0,010** 0,005

Genótipo (G) 2 0,15 0,0004 0,011 0,006 0,002 0,003

Interação (D x G) 8 0,05 0,0003 0,006 0,009 0,001 0,003

Resíduo 28 0,0001 0,040 0,026 0,002 0,004 Média 2,43 0,15 1,00 0,52 0,16 0,29 CV(%) 9,58 7,12 19,85 31,45 29,03 20,17 103 104 continuação 105

FV GL Zn Fe Mn Cu B Cl

..........................................Quadrado médio...............................

Blocos 2 3,76 39518,84** 100,07 1,91 182,66 0,004

Doses (D) 4 16,14* 4702,81 179,58 1,89 106,10 0,001

Genótipo (G) 2 52,36 1698,74 62,07 3,11* 135,05 0,0001

Interação (D x G) 8 3,24 704,32 216,84 1,91 85,26 0,001

Resíduo 28 5,23 1607,15 265,64 0,69 90,76 0,001 Média 13,29 189,05 54,20 3,79 26,52 0,11 CV(%) 17,21 21,21 30,07 21,94 35,93 31,58 *, ** significativo a 5 e 1 % de probabilidade pelo teste F. 106 Valores de média para N, P, K, Ca, Mg e S expressos em dag kg-1 e para Zn, Fe, Mn, Cu, B e Cl expressos em mg kg-1 107

108

109

Figura 1 – Teores foliares de K (A), Mg (B) e Zn (C) em função de diferentes doses de nitrogênio e 110 potássio na macaúba 111

C

A B

Tabela 2 – Teores foliares de Cu em função das diferentes doses de adubação com N + K

Atributo Genótipo

23 SP 26

Cu (mg kg-1) 3,87 ab 3,3b 4,2a

4