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Teologia

Romanos: parte 1 Autor: Pr. Edilson J. P. Araujo

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Objetivo

O curso livre de Teologia do Instituto Pedra Viva visa a formação integral do estudante,

especializando alunos para exercerem ministérios em suas igrejas locais, incentivando

o aperfeiçoamento do aluno na área acadêmica, estimulando o diálogo entre a igreja e a

sociedade.

Metodologia

O Instituto Pedra viva trabalha com a metodologia do Ensino à distância, EAD, que é

uma alternativa de estudo para os irmãos, vocacionados ou que queiram aprimorar seu

conhecimento Bíblico para um ministério eclesiástico especifico (pastoral, missionário,

educador cristão, entre outros), que não têm possibilidade de assistir aulas no modelo

convencional (presencial), seja por falta de tempo, seja pela distância das instituições de

ensino ou por qualquer outro motivo.

A Educação a Distância do Instituto Pedra Viva oferece ao aluno a possibilidade de ser o

principal responsável pelo seu desenvolvimento. Essa automotivação, garantida pela

flexibilidade nos horários das aulas e a possibilidade em tirar dúvidas através de e-mails e

comunicação on-line faz do aprendizado uma experiência única. O curso de Teologia EAD

do Instituto Pedra Viva vem para facilitar o estudo do aluno mantendo sempre a qualidade de

ensino.

Processo de Ensino

O curso de Teologia oferecido pelo Instituto Pedra Viva é mediado por tecnologias em

que alunos e professores não precisam frequentar o mesmo ambiente para que sejam feitas as

aulas. Mais que uma ferramenta de ensino/aprendizado, a metodologia EAD desenvolve o

senso de autonomia do aluno, proporcionando uma experiência de automotivação e conforto

fundamentais para os dias de hoje, o que exige disciplina e dedicação do Aluno (a) no processo

de aprendizagem.

O processo de ensino se dá por meio de vídeo aulas que poderão ser assistidas pelo aluno em

qualquer lugar e a qualquer hora. O material didático e matérias extras serão disponibilizados

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on-line, através do Portal do Aluno. Neste espaço os estudantes terão acesso a todas as aulas

de seu módulo, materiais e avaliações, além disso o aluno terá a oportunidade de participar

de fóruns virtuais interagindo com os outros alunos e com os professores/tutores. Para tirar

dúvidas os alunos podem enviar suas perguntas por e-mail ou conversar através de uma caixa

de diálogo.

Os materiais de estudo disponibilizados incluem:

Material de Leitura: Neste material, o aluno encontra os fundamentos teóricos

que lhe darão suporte para a compreensão dos conceitos inerentes à disciplina em

estudo.

Aulas Conceituais: São aulas produzidas e gravadas pelos professores autores

do material de leitura.

Processo de Avaliação

As avaliações serão de critério de cada professor. A matéria terá pelo menos duas

avaliações com datas estipuladas previamente tendo um prazo entre três a cinco dias para

serem entregues os trabalhos e/ou serem respondidas as questões da avaliação. As avaliações

serão postadas ás 00:00 da data inicial e serão retiradas do ar ás 23:59 do dia final, em caso

de atraso da postagem, esse horário poderá ser prorrogado. Se por algum motivo a avaliação

do aluno for entregue duas vezes, apenas o primeiro envio será considerado. As participações

dos debates semanais (Fórum) será a base para a terceira nota parcial. A média final para a

aprovação do aluno na matéria é igual a 7.

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Romanos Autor: Pr. Edilson Araujo

OBJETIVO

Ter uma visão geral, panorâmica e ampla da carta de Paulo aos Romanos. Entender seu assunto

principal, autoria, lugar e circunstância em que se encontrava o Apóstolo Paulo quando a escreveu.

Conhecer os motivos principais da carta, as características da igreja em Roma, e observar a influência

da carta na vida dos crentes de Roma e da Igreja em toda a sua história.

EMENTA

A epístola de Paulo aos Romanos é uma apresentação teológica da doutrina da salvação, a qual

é dada por Deus aso crentes por meio da fé em Jesus Cristo. Sua importância é grandiosa para o

entendimento da obra redentora de Cristo. Ela mostra que Deus não faz acepção de pessoas, salvando

assim todo aquele que Crer em Jesus, independentemente de sua raça ou nacionalidade (2.11; 3.19).

Mostra que todos, sem distinção estão debaixo de juízo (3.28) mas mostra a compaixão de Deus em

salvar o pecador por sua graça. Mostra que esta ação redentora independe do homem é ato soberano

de Deus. A carta apresenta-se da seguinte forma: Todos os homens são culpados diante do Deus Santo

(1.18 – 3.20). A justificação de todos é mediante a fé em Cristo (3.21 – 5.21). Os justificados são

chamados a viverem uma vida de santidade pera o Deus Santo (6 -8). A explicação sobre a dureza do

coração do povo Judeu e a graça que alcançou os gentios (9 – 11). Os crentes devem glorificar a Deus

com suas vidas (12.1 – 15.13). O amor experimentado na prática (15.14 – 16.27) Sua mensagem não

é de que “o homem nasceu livre, mas em todo e qualquer lugar se encontra encarcerado”. Todos

nasceram no pecado e na escravidão do pecado, mas também afirma que Jesus Cristo veio para libertá-

los.

1 INTRODUÇÃO

I. A IGREJA CRISTÃ EM ROMA

a) Como a Igreja surgiu

Não é possível afirmar por quem, como e nem quando a Igreja de Roma veio a existir. Paulo

declara que ele não foi o fundador desta Igreja (Rm 1.10-15; Rm 15.20-22). É aceitável a afirmação

de que a igreja de Roma se originou do testemunho e dos trabalhos dos cristãos de cidadania romana,

que estavam em constante transito na cidade de Roma e para outras localidades. Também há quem

afirme que a igreja é fruto da dispersão que se deu no período descrito em atos. Não é improvável

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que a obra de evangelização tivesse sido começada pelos "forasteiros romanos, tanto judeus como

prosélitos" (At 2.10). Essas testemunhas do Pentecostes teriam sido ajudadas posteriormente por

cristãos de Antioquia da Síria, Éfeso e Corinto.

b) Suas características

Da igreja de Roma eram membros tanto de judeus, como gentios. Possivelmente os primeiros

crentes da Igreja de Roma foram os judeus oriundos da palestina que ao frequentarem as sinagogas

da cidade (o que era costumes deles), começaram a conquistar para Cristo seus irmãos judeus. A estes

judeus, Paulo escreve de maneira direta e clara, mostrando a estes a graça de Deus que era para todos

sem distinção (há cerca de sessenta citações diretas), mas também deixa claro seu desejo que os

cristãos gentios, que eram maioria, tomassem conhecimento de seus ensinos. É a eles que se dirige

no começo da carta (Rm 1.1-15; 15.14-16; 11.13). Também não deixa de ser significativo que a maior

parte dos nomes citados no cap. 16 é de origem grega ou romana. Vê-se, pois, que a igreja cristã de

Roma se compunha de judeus e gentios, sendo estes mais numerosos, e, possivelmente, em grande

parte, aceitaram o Cristianismo por via de uma prévia conversão ao Judaísmo. Isso justifica as

citações que o apóstolo faz do Velho Testamento e a referência ao problema da raça judaica.

II. LOCAL E DATA

Paulo escreveu esta carta em sua terceira viagem missionária, ele estava em Corinto os

aguardando os irmãos que levavam as ofertas que haviam sido coletadas para os judeus cristãos

pobres de Jerusalém (At 20.2-3; 1Co 16.1-4; 2Co 8,). Conforme Lucas em Atos 20.3, Paulo

permaneceu em Corinto par três meses. Tempo que usou para escrever a carta. Isto fica evidente no

cap. 15, onde o apóstolo revela que está prestes a viajar à Palestina, levando "a coleta para os pobres",

quando então espera estar desimpedido para visitar Roma e, depois, a Espanha. Isto se refere ao fim

da terceira viagem missionária e à última visita a Jerusalém. É datado a escrita da epistola entre os

anos 56 e 59 A. D.

Paulo escreve para os crentes que moravam em Roma. Mas ele, Paulo, nunca visitou esta igreja

antes de escrever esta carta (1.10,11,15). Paulo só os encontrou em sua 4ª Viagem Missionária, quando

foi levado preso para Roma (Atos 28.15).

Esta epístola trata do assunto da justificação pela fé. Ela revela, principalmente, nos três primeiros

capítulos, que todos pecaram, sem distinção, inclusive os judeus. Também revela que, se alguém é salvo

(justificado de suas más obras, pecados) só pode ser por meio da Graça de Deus, e esta é demonstrada

por meio do sacrifício Cristo Jesus.

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O livro aborda também a justificação de Abraão e a rejeição dos judeus, no entanto expõe o plano

de Deus para a nação de Israel e, termina com várias exortações de como deve funcionar o Corpo de

Cristo, a Igreja. O livro de Romanos é o tratado teológico mais completo do N.T., ele fala de forma

expositiva as verdades centrais do Cristianismo, enquanto outras epístolas dão a base mais completa

de como deve funcionar uma igreja. Com base nestes escritos entendemos que a Salvação é muito mais

do que "mudar de endereço: do inferno para o céu" ou ter os pecados perdoados, mas vai além disso

sob o tema da Santificação, da Mortificação da carne e da Transformação do crente segundo a imagem

de Cristo.

A carta aos Romanos deixa bem clara em suas linhas algumas características que lhe são

peculiares, assuntos que são de importante valor para o estudante desta epístola. A primeira é a unidade

da Igreja universal de Cristo que no seu início era apenas de judeus, mas agora também é composta de

gentios que se convertem a Cristo, tendo-o como seu salvador pessoal (Rm2.1; 10.12; 11.18). Paulo faz

tal afirmação em sua carta por que o Senhor Deus não apenas escolhera uma nação, mas a fé em Jesus é

o que faz da Igreja seu corpo. A igreja é formada de Judeus e gentios que professam sua fé no Filho de

Deus. Ela também afirma que o pecado é universal por que todos pecaram, não há que fique fora desta

condição de pecador nem gentio, nem judeu (Rm3.1-23; 1.18-32) toda a raça humana está condenada

por este mal (3.9-20). Toda essa situação da condição do homem é resolvida pela morte vicária de Cristo.

O sacrifício de Cristo na A cruz, satisfez o coração de Deus, dando ao home a graça da justificação. Em

Cristo ele é declarado justo, Jesus pagou o preço do pecado que condenava o homem ao inferno, e o ato

pessoal de recebe-lo como salvador elimina a dívida que era contra ele. Agora depois deste ato, o homem

agora salvo, pode viver uma nova vida em Cristo, para a qual ele foi regenerado (Rm.6.1-seg) o que é

figurado pelo batismo. Uma nova vida de santidade é possível para todo aquele que nasce de novo. Este

novo nascimento é a certeza de uma vida de vitórias sobre os rudimentos da carne, do pecado que antes

o condenava. Agora o novo homem não é mais dominado pelo pecado, mas guiado e controlado pelo

Espirito Santo (Rm.8.1seg). Esta mesma carta nos exorta a vivermos uma vida como filhos de Deus,

como família, pois o próprio Deus deseja que haja um bom relacionamento entre os santos, e por isso

Paulo nos leva a entender a boa convivência entre os salvos (Rm.14.1seg).

III. QUESTÕES DO TEXTO PAULINO

Muitos questionam se foi o apóstolo Paulo que escreveu toda a casta, ou outra pessoa que

escreveu tempos depois. Questiona-se que a carta terminaria no capítulo 14 e não teria 16 capítulos

como conhecemos. Estes questionamentos surgem por haver aparentemente várias conclusões: "E o

Deus de paz seja com todos vós. Amém" (Rm 15.33). "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja

com todos vós. Amém" (Rm 16.24). "Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio, de Jesus

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Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém" (Rm 16.27). E em alguns manuscritos a mesma forma de

conclusão de escritos aparece no capitulo 14, e ao mesmo tempo questiona-se que os capítulos 15 e

16 não possuem o mesmo estilo literário de Paulo.

Apesar destas objeções, a integridade da epístola se mantém. A solução do problema textual

encontra-se na crença de que o herege Marcion, deliberadamente cortou os dois últimos capítulos,

porque o 15 atribuía ao Judaísmo o papel de preparação para a propaganda do evangelho. Veja-se,

por exemplo, o vers. 4: "Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim

de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança". Demais disto, o cap.

15 apresenta cinco citações do Velho Testamento. De certo e verdadeiro é que em Romanos temos

uma carta completa, totalmente escrita pelo apóstolo Paulo em Corinto, transmitida até nós hoje em

toda a sua integridade. Todas as teorias de fragmentação textual caem por terra em face da unidade

da mensagem.

A INFLUÊNCIA DA CARTA AOS ROMANOS

Muitos líderes da igreja influentes, em diferentes séculos, dão testemunho do impacto

produzido pela Epístola aos Romanos em suas vidas, tendo sido ela, em diversos casos, o instrumento

para sua conversão.

1. Aurélio Agostinho, durante sua turbulenta juventude ele, ao mesmo tempo, escravo de suas

paixões sexuais e objeto das orações de sua mãe, Mônica. Na qualidade de professor de literatura e

retórica, mudou-se sucessivamente para Cartago, Roma e depois, Milão, onde acabou sendo atraído

pela mágica das pregações do Bispo Ambrósio. Foi ali, durante o verão de 386, aos trinta e dois anos

de idade, que ele se retirou para o jardim da hospedaria onde morava, em busca de solidão. “Para aí

foi levado pelo tumulto do coração”, ele escreveria posteriormente em suas Confissões, “onde

ninguém poderia interferir na luta violenta que travava comigo mesmo... Deixei-me, não sem como,

cair debaixo de uma figueira e dei livre curso às lágrimas. ” – Eis que, de repente, ouço uma voz vinda

da casa vizinha. Parecia de um menino ou de uma menina repetindo continuamente uma canção:

“toma e Lê; toma e lê”. A única interpretação possível, para mim, era a de uma ordem divina para

abrir o livro e ler as primeiras palavras que encontrasse. Apressado, voltei ao lugar onde Alípio ficara

sentado, pois, ao levantar-me havia deixado aí o livro do apóstolo. Peguei-o, abri e li em silêncio o

primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar: “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em

orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes”; mas revesti-vos

do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências. ” 13.13s.

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Não quis ler mais, nem era necessário. Mal terminara a leitura dessa frase, dissiparam-se em mim

todas as trevas da dúvida, como se penetrasse no meu coração uma luz de certeza.

2. Martinho Lutero, em 1515; Martinho Lutero fora criado temendo a Deus, a morte, o juízo

e o inferno. Já que, segundo se pensava, o caminho mais certo para chegar ao céu era tornando-se um

monge. Então entrou em um convento onde muito orava e jejuava, se privava ao máximo de tudo

para vencer seu conflito interno. Mas nada apaziguava seu tormento. Passou a ensinar Salmos e

Romanos na Universidade de Wittenberg e diz: “Eu ansiava intensamente compreender a carta de

Paulo aos Romanos, e a única coisa que não saía do meu caminho era aquela expressão, “a justiça

de Deus”, pois no meu entender ela significava a justiça segundo a qual Deus é justo e age com

justiça ao punir o injusto... Noite e dia eu ficava ponderando, até que...Eu compreendi a verdade:

que “a justiça de “ é a justiça pela qual, através da graça e pura misericórdia, ele nos justifica pela

fé. Depois disso foi como se eu tivesse renascido e adentrado as portas escancaradas do paraíso.

Toda a Escritura adquiriu um novo significado, e enquanto que antes “a justiça de Deus” me deixava

cheio de ódio, agora ela se tornou para mim uma expressão de amor grandioso e de doçura

inexprimível. Esta passagem de Paulo tornou-se para mim uma passagem para o céu”.

3. John Wesley, em 1738 em Londres, ao ouvir a leitura do prefácio ao comentário de

Romanos, de Lutero. Está registrado em seu diário: “Cerca de quinze para as nove, enquanto ele

descrevia a mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, eu senti um estranho calor

aquecer meu coração. Vi então que eu de fato cria em Cristo, somente em Cristo, para dar-me a

salvação; e me veio uma certeza de que ele havia tirado os meus pecados, até mesmo os meus, e que

ele me salvara da lei do pecado e da morte”.

4. Dumitru Cornilescu, clérico ortodoxo, por volta de 1920, ao traduzir a Bíblia para o romeno

e estudar Romanos, chegou à conclusão: “Que Deus através de Cristo fez tudo que era necessário

para nossa salvação”. Dessa forma suas convicções e vida mudaram, de forma que foi exilado pelo

Patriarca Ortodoxo em 1923, morrendo alguns anos mais tarde na Suíça.

5. Karl Barth, clérico protestante, por volta de 1920, teve uma grande mudança em suas

convicções ao estudar Romanos. Era um teólogo liberal que achava que o socialismo era uma maneira

de mudar a sociedade. A mensagem de Romanos acabou com essa ilusão. Descobriu que o reino de

Deus não era uma marca religiosa de socialismo, algo que se consiga como uma proeza humana, mas

sim um novo começo, radicalmente novo, iniciado por Deus.

Um breve panorama de Romanos segundo Jonh Stott (Stott, Jonh, A mensagem de Romanos,

mensagem para hoje, abn, p 115-21)

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Os dois temas principais de Paulo — a integridade do evangelho que lhe foi confiado e a

solidariedade dos judeus e gentios na comunidade messiânica —já ficam evidentes na primeira parte

do primeiro capítulo da carta. Paulo chama a boa nova de "o evangelho de Deus" (1) por ser Deus o

seu autor, e de "o evangelho de seu Filho" (9) por ser Jesus a sua essência. Nos versículos 1 a 5 ele

enfoca a pessoa de Jesus Cristo, filho de Davi por descendência e poderosamente declarado Filho de

Deus por meio da ressurreição. No versículo 16 ele concentra-se na obra desse Jesus, uma vez que o

evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, "primeiro do judeu, depois do

grego".

Entre estas sucintas declarações acerca do evangelho, Paulo tenta estabelecer uma relação

pessoal com os seus leitores. Ele escreve para "todos que em Roma são amados de Deus e chamados

para serem santos" (7), independente da etnia, embora saiba que a maioria deles é constituída de

gentios (13). Agradece a Deus por todos eles, ora por eles constantemente, anseia vê-los, já tentou

visitá-los muitas vezes (até aqui, sem sucesso) (8-13). Sente-se na obrigação de anunciar o evangelho

na capital do mundo da época. De fato, está ansioso por fazê-lo, uma vez que no evangelho está

revelada a maneira como Deus, em sua justiça, "justifica" o injusto (14-17).

A IRA DE DEUS (1.18—3.20)

A revelação da justiça de Deus no evangelho é necessária em virtude da revelação de sua ira

contra toda injustiça (18). A ira de Deus, seu puro e perfeito antagonismo com o mal, volta-se contra

todos aqueles que deliberadamente suprimem aquilo que sabem ser a verdade e o certo, a fim de

seguirem os seus próprios caminhos. Pois todo mundo tem algum conhecimento de Deus e de sua

bondade, seja por meio das coisas criadas (19s.), ou através da consciência (32), ou porque as

exigências da lei estão gravadas no coração humano (2.12ss.), ou através da lei de Moisés que foi

confiada aos judeus (2.17ss.).

Assim o apóstolo divide a raça humana em três grupos distintos: a sociedade gentílica

depravada (1.18-32), os críticos moralistas, sejam judeus ou gentios (2.1-16), e os judeus instruídos

e autoconfiantes (2.17—3.8). E então conclui acusando toda a raça humana (3.9-20). Em cada caso o

seu argumento é o mesmo: que ninguém vive à altura do conhecimento que tem. Nem mesmo os

privilégios especiais dos judeus os isentam do juízo divino. Não! "Tanto judeus quanto gentios estão

debaixo do pecado" (3.9), "Pois em Deus não há parcialidade" (2.11). Todos os seres humanos são

pecadores, culpados e indesculpáveis diante de Deus. O quadro que ele apresenta é de completa

escuridão.

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A GRAÇA DE DEUS (3.21—8.39)

O "Mas agora" de 3.21 é um dos maiores adversativos encontrados na Bíblia, pois denota que

em meio à treva universal do pecado e da culpabilidade humana brilhou a luz do evangelho. Uma vez

mais Paulo a chama de "a justiça de [ou, que provém de] Deus" (como em 1.17), ou seja, sua justa

justificação do injusto. Isso só é possível por meio da cruz, na qual Deus demonstrou sua justiça

(3.25s.), como também seu amor (5.8), e que está à disposição de "todos os que creem" (3.22), sejam

eles judeus ou gentios. Ao explanar sobre a cruz, Paulo recorre a palavras-chaves como "propiciação",

"redenção" e "justificação". E então, em resposta às objeções dos judeus (3.27-31), ele argumenta

que, já que a justificação só é possível através da fé, ninguém pode se vangloriar diante de Deus; de

igual forma, não pode haver qualquer discriminação entre judeus e gentios e a lei não pode ser

negligenciada.

Romanos 4 é um brilhante ensaio no qual Paulo prova que o próprio Abraão, o pai fundador de

Israel, foi justificado, não por suas obras (4-8), nem pela sua circuncisão (9-12), nem pela lei (13-15),

mas pela fé. Em consequência, Abraão é agora "o pai de todos os que creem", sejam eles judeus ou

gentios (11, 16-25). A imparcialidade divina é evidente. Depois de mostrar que até os ímpios Deus

justifica pela fé (4.5), Paulo afirma as grandes bênçãos desfrutadas pelos que são justificados (5.1-

11). Tendo sido, pois, justificados pela fé, começa ele, nós temos paz com Deus, estamos firmes em

sua graça e nos regozijamos na perspectiva de ver e compartilhar da sua glória. Nem o sofrimento

pode abalar a nossa confiança, por causa do amor de Deus que ele derramou em nossos corações

através de seu Espírito (5) e que foi provado na cruz por intermédio de seu Filho (8). Em virtude do

que Deus já fez por nós, ousamos dizer que "seremos salvos" no dia do juízo final (9-10).

Duas comunidades humanas são retratadas aqui, uma caracterizada pelo pecado e pela culpa e

a outra pela graça e pela fé. O cabeça da velha comunidade é Adão e o cabeça da nova comunidade é

Cristo. E assim, com uma precisão quase matemática, Paulo compara e contrasta as duas (5.12-21).

A comparação é simples. Em ambos os casos, o que um único homem fez afetou um enorme número

de pessoas. O contraste, no entanto, é muito mais significativo. Enquanto a desobediência de Adão

trouxe condenação e morte, a obediência de Cristo trouxe justificação e vida. Na verdade, a obra

salvadora de Cristo acabará sendo muito mais bem-sucedida do que a obra destruidora de Adão.

No meio dessa antítese entre Adão e Cristo, Paulo introduz Moisés: "A lei foi introduzida para

que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça" (20). Ambas

as declarações devem ter tido o efeito de uma bomba nos ouvidos dos judeus, pois para eles elas

devem ter soado como uma antinomia. A primeira parecia lançar a culpa na lei; já a segunda minimiza

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o pecado ao magnificar a graça. Será que o evangelho de Paulo menosprezava a lei e, ao mesmo

tempo, estimulava o pecado? Paulo responde a segunda acusação em Romanos 6 e a primeira em

Romanos 7.

Duas vezes em Romanos 6 (versículos 1 e 15) ouvimos os críticos de Paulo insinuando que ele

estaria dizendo que nós podemos continuar pecando para que a graça de Deus continue perdoando.

Ambas as vezes Paulo responde com um furioso "De maneira nenhuma!". Se um cristão chega ao

ponto de fazer tal pergunta, é porque nunca entendeu o significado do seu batismo (1-14), nem o da

sua conversão (15-23). Será que eles não sabiam que o seu batismo significou união com Cristo em

sua morte e que a morte de Cristo foi uma "morte para o pecado" (ir ao encontro de suas demandas,

pagando a sua penalidade) e que eles haviam participado também em sua ressurreição? Pela união

com Cristo eles mesmos estavam "mortos para o pecado e vivos para Deus". Como, então, podiam

continuar vivendo naquilo para o qual já haviam morrido? Com a conversão ocorria a mesma coisa.

Eles já não haviam tomado o passo decisivo de oferecer-se a Deus como seus escravos? Então, como

podiam sequer considerar a possibilidade de voltarem a sujeitar-se ao pecado? Tanto nosso batismo

como nossa conversão fecharam a porta para a velha vida e abriram caminho para uma vida nova.

Não que nos seja impossível voltar; só que isto seria inconcebível. A graça, longe de incentivar o

pecado, proíbe a sua prática.

Outra preocupação dos críticos de Paulo era quanto ao que ele ensinava com referência à lei. E

é isso que ele esclarece no capítulo 7 de Romanos, apresentando três argumentos. Primeiro (1-6), os

cristãos "morreram para a lei" em Cristo, da mesma forma que "morreram para o pecado".

Consequentemente, foram "libertados" da lei, isto é, da sua condenação, e agora estão livres — não

para pecar, mas para servir no "novo modo do Espírito" (7-13). Segundo, escrevendo (creio eu) a

partir de seu próprio passado (7-13), Paulo argumenta que, embora a lei revele, provoque e condene

o pecado, ela não é responsável pelo pecado ou pela morte. Pelo contrário, a lei é santa. Paulo exonera

a lei.

Em terceiro lugar (14-25) o apóstolo descreve em termos muito vividos uma penosa e constante

luta moral interior. Se o "miserável homem" que clama por libertação é um cristão regenerado ou um

não-regenerado (minha posição é uma terceira), e se trata do próprio Paulo ou de alguém que ele está

personificando, isso não importa; o seu propósito nesta passagem é demonstrar a fragilidade da lei.

Sua derrota deve-se, não à lei (que é santa), nem mesmo ao seu próprio eu, mas sim ao "pecado que

habita em mim" (17, 20); e isto a lei não tem poder algum de controlar. Mas agora (8.1-4) Deus fez

através do seu Filho e do Espírito aquilo que a lei, enfraquecida pela nossa natureza pecaminosa, fora

incapaz de fazer. E a solução para o pecado que habita em nós é o Espírito vir habitar em nós (8.9);

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esse Espírito não tinha sido mencionado no capítulo 7, à exceção do versículo 6. Assim, para

alcançarmos tanto a justificação como a santificação, nós "não estamos sob o domínio da lei, mas

debaixo da graça".

Assim como a lei perpassa todo o capítulo 7 de Romanos, o capítulo 8 está cheio de referências

ao Espírito. Durante a primeira parte do capítulo Paulo descreve alguns dos diversos ministérios do

Espírito Santo — livrar-nos, habitar em nós, dar-nos vida, proporcionar-nos domínio próprio,

testemunhar com o nosso espírito que nós somos filhos de Deus, e interceder por nós. O fato de nós

sermos filhos de Deus leva Paulo a lembrar que somos, em consequência, também herdeiros de Deus,

e que o sofrimento é o único caminho para a glória. Então ele traça um paralelo entre os sofrimentos

e a glória da criação de Deus e os sofrimentos e a glória dos filhos de Deus. Até aqui a criação tem

sido submetida à frustração e à futilidade, escreve. Mas um dia ela será libertada dessa escravidão.

Entrementes, a criação geme como se tivesse dores de parto, e nós gememos com ela. Nós, da mesma

forma, aguardamos com ansiedade, mas também com paciente expectativa, a redenção final do

universo, inclusive dos nossos corpos.

Nos últimos doze versículos de Romanos 8 o apóstolo atinge as sublimes alturas da confiança

cristã. Ele expressa cinco convicções acerca de como Deus age para o nosso bem, isto é, para a nossa

salvação final (28). Esboça cinco estágios do propósito de Deus, desde uma eternidade passada até

uma eternidade futura (29-30). E lança, em forma de desafio, cinco perguntas para as quais não existe

resposta. E assim nos fortalece com quinze certezas referentes ao inabalável amor de Deus, do qual

nada jamais conseguirá nos separar.

O PLANO DE DEUS (9-11)

Durante a primeira parte de sua carta Paulo não esqueceu, nem a mistura étnica da igreja

romana, nem as tensões que sempre vinham à tona entre a minoria, composta de cristãos judeus, e a

maioria, composta de gentios. Agora chegou a hora de ele encarar de frente o problema teológico que

subjaz a questão. (Como é que o povo judeu, como um todo, havia rejeitado o seu Messias? Como

conciliar a incredulidade deles com a aliança e as promessas de Deus? O impressionante é que cada

um destes três capítulos começa com uma emocionante declaração de amor de Paulo por Israel —

sua angústia por causa da alienação deles (9.lss.), seu anseio por sua salvação (10.1) e o fato de ele

mesmo continuar sendo judeu (11.1).

No capítulo 9 Paulo defende a fidelidade da aliança de Deus. Ele fundamenta sua defesa dizendo

que as promessas de Deus não se destinavam a todos os descendentes de Jacó, mas sim a "um Israel

dentro de Israel", um remanescente, uma vez que ele sempre agiu de conformidade com o seu

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"propósito conforme a eleição" (11). Isto se pode ver não apenas no fato de Deus haver escolhido

Isaque ao invés de Ismael, e Jacó em vez de Esaú, mas também no fato de ele ter tido misericórdia de

Moisés e, ao mesmo tempo, endurecido o coração de Faraó (14-18) — se bem que isso foi um castigo

decorrente do endurecimento propositado de seu próprio coração. Se essa questão da eleição ainda

nos traz problemas, é bom lembrarmos que o ser humano nunca deveria questionar a Deus (19-21),

que a Deus cabe o direito de ser Deus em sua decisão de tornar conhecido seu poder e misericórdia

(22-23) e que a própria Escritura profetizou o chamado, tanto dos gentios como dos judeus, para

serem povo de Deus (24-29). Desde o final do capítulo 9 e no decorrer do capítulo 10, porém, ficou

evidente que a incredulidade de Israel não pode ser explicada simplesmente pelo propósito de Deus

conforme a eleição. Pois Paulo passa a afirmar que Israel "tropeçou na pedra de tropeço", a saber,

Cristo e sua cruz. Com isso ele está acusando Israel de recusar orgulhosamente submeter-se ao

caminho de salvação proposto por Deus, bem como de um zelo religioso que não era baseado no

conhecimento (9.30—10.4). Paulo passa a contrastar "a justiça que é pela lei" com "a justiça que é

pela fé", e enfatiza, valendo-se com muita habilidade de Deuteronômio 30, o acesso imediato a Cristo

que temos por meio da fé. Ninguém precisa sair por aí à procura de Cristo, uma vez que eleja veio,

morreu e ressurgiu e está perto de qualquer vim que invoque o seu nome (5-11). Além disso, neste

particular não há qualquer diferença entre judeus e gentios, já que o mesmo Senhor é o Senhor de

todos e abençoa ricamente todos aqueles que o invocam (12-13). Para isso, no entanto, é necessário

evangelizar (14-15). Mas então, por que Israel não aceitou a boa nova? Não foi por não ter ouvido ou

entendido. Mas então, por quê? É que Deus ficou o tempo todo de mãos estendidas para recebê-los,

mas eles foram "desobedientes e obstinados" (16-21). Portanto, a incredulidade de Israel, que em

Romanos 9 se atribui ao propósito de Deus conforme a eleição, em Romanos 10 é atribuída ao orgulho

de Israel, bem como a sua ignorância e obstinação. A tensão entre a soberania divina e a

responsabilidade humana constitui-se em uma antinomia que a mente finita não consegue

compreender.

A partir do capítulo 11 Paulo volta-se para o futuro. Ele declara que o fracasso de Israel não é

total (já que existe um remanescente fiel, 1-10) nem final (uma vez que Deus não rejeitou o seu povo

e este há de se recobrar, v. 11). Se por meio da transgressão de Israel veio a salvação para os gentios,

agora, através da salvação dos gentios, Israel será movido pelo ciúme (12). Na verdade, o ministério

de evangelização de Paulo consiste em despertar ciúmes em seu próprio povo, a fim de salvar alguns

deles (13-14). E então a "plenitude" de Israel haverá de trazer "riquezas muito maiores" para o mundo.

Paulo prossegue apresentando a sua alegoria da oliveira, a partir da qual ensina duas lições. A primeira

é uma advertência para que os gentios (o ramo de oliveira brava que foi enxertado na oliveira) não se

tornem presunçosos ou arrogantes (17-22). E a segunda é uma promessa a Israel (os ramos naturais)

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de que, se eles não persistirem na incredulidade, serão novamente enxertados na oliveira (23-24). A

visão de Paulo para o futuro, que ele chama de "mistério" ou "revelação", é que quando vier a

plenitude dos gentios, também "todo o Israel será salvo" (25-27). E o que Fundamenta essa certeza é

o fato de que "os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis" (29). Assim nós podemos aguardar

com toda confiança que venha a "plenitude", tanto para os judeus como para os gentios (12, 25). Com

efeito, Deus terá "misericórdia para com todos" (32), o que significa, não todo mundo sem exceção,

mas sim judeus e gentios sem distinção. Não é de estranhar, portanto, que essa expectativa leve Paulo

a corromper numa doxologia em que ele exalta a Deus pela profundidade das suas riquezas e da sua

sabedoria (33-36).

A vontade de Deus (12.1—15.13)

Chamando os cristãos de Roma de "irmãos" (uma vez que as antigas distinções étnicas já foram

abolidas), agora Paulo lhes dirige um eloquente apelo, baseado nas "misericórdias de Deus" que ele

vem expondo. Depois convoca-os à consagração dos seus corpos e à renovação de suas mentes. Ele

coloca diante deles uma dura alternativa, com a qual o povo de Deus se confronta em todo tempo e

em todo lugar: ou eles se amoldam aos padrões deste mundo, ou se deixam transformar por mentes

renovadas que saibam discernir a "boa, perfeita e agradável vontade de Deus". É uma escolha entre

os padrões do mundo e a vontade de Deus.

Nos capítulos seguintes o autor deixa claro que a boa vontade de Deus tem implicações em

nossos relacionamentos, que são radicalmente transformados pelo evangelho. Paulo aborda oito deles:

a nossa relação com Deus, com nós mesmos, uns com os outros, com os inimigos, com o Estado, com

a lei, com o dia do juízo final e cora os "fracos". Além disso, nossa mente renovada, que agora busca

a vontade de Deus (1-2), leva-nos a um novo padrão de avaliação; nosso conceito de nós mesmos e

dos nossos dons trará a marca da moderação, do equilíbrio, não alimentando sobre a nossa pessoa

uma opinião elevada demais, nem inferior ao que ela de fato é (3-8). Nossa relação uns com os outros

será uma consequência natural do exercício dos ministérios mútuos que os nossos dons possibilitam.

O amor que une os membros da família cristã há de incluir sinceridade, afeição, honra, paciência,

hospitalidade, simpatia, harmonia e humildade (9-16). A seguir vem o nosso relacionamento com os

nossos inimigos ou com os malfeitores (17-21). Fazendo eco aos ensinos de Jesus, Paulo escreve que

nós não devemos retaliar ou vingar-nos; já que punir o mal é prerrogativa de Deus, deixemos que ele

o faça; entrementes, devemos procurar a paz, servir aos nossos inimigos e vencer o mal com o bem.

É possível que a questão da nossa relação com as autoridades governamentais (13.1-7) tenha vindo à

mente de Paulo por causa de sua referência à ira de Deus (12.19). Se a punição do mal é uma

prerrogativa de Deus, uma das maneiras pelas quais ele o faz é através da administração da justiça

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pelo Estado, já que o magistrado é "ministro" de Deus para punir o malfeitor. O Estado tem também

um papel positivo de promover e recompensar o bem na comunidade. Entretanto, nossa submissão às

autoridades certamente não é incondicional. Se o Estado fizer mau uso da autoridade que lhe é

conferida por Deus, para ordenar aquilo que Deus proíbe ou para proibir aquilo que Deus ordena,

nosso dever de cristãos é claramente desobedecer-lhe a fim de obedecer a Deus. Os versículos 8-10

voltam-se para o amor e ensinam que amar o nosso próximo é, ao mesmo tempo, uma dívida não

paga e o cumprimento da lei. Pois, embora não estejamos "debaixo da lei", no sentido de que

dependemos de Cristo para sermos justificados e do Espírito Santo para sermos santificados, ainda

assim somos chamados a "cumprir a lei", obedecendo dia a dia aos mandamentos de Deus. Neste

sentido não podemos contrapor o Espírito e a lei, uma vez que é o Espírito Santo que escreve a lei em

nossos corações. E esta primazia do amor torna-se ainda mais urgente na medida em que se aproxima

o dia da volta de Cristo. Nós temos de acordar, levantar-nos, vestir-nos e viver como quem faz parte

desse dia (11-14).

Nosso relacionamento com os "fracos" é a parte que mais atenção recebe da parte de Paulo

(14.1—15.13). Estes são, evidentemente, fracos na fé ou na convicção, e não fracos de vontade ou de

caráter. O mais provável é que se trate de cristãos judeus que acreditavam que ainda tinham de

continuar observando as leis, tanto as referências à comida (o que é puro, o que é impuro) como as

festas e jejuns que faziam parte do calendário judaico. O próprio Paulo identifica-se como um dos

"fortes". Sua consciência educada lhe diz que alimentos e dias são coisas secundárias. Recusa-se,

porém, a atropelar a consciência sensível daquele que é fraco. Sua exortação para a igreja em geral é

que os irmãos "aceitem" os fracos assim como Deus os aceitou (14.1, 3) e que "aceitem-se uns aos

outros" assim como Cristo o fez (15.7). Se eles aceitarem os fracos em seus corações e em sua

comunhão, não irão desprezá-los nem os prejudicar, forçando-os a irem de encontro a suas

consciências. A característica mais marcante dessas instruções práticas é que Paulo as fundamenta

em sua cristologia, e em particular na morte, ressurreição e volta de Jesus. Os fracos são irmãos e

irmãs por quem Cristo morreu. Cristo ressuscitou para ser seu Senhor e nós não temos o mínimo

direito de interferir na vida dos servos de Jesus. De semelhante modo, ele virá para nos julgar;

portanto, não devemos arvorar-nos juízes dos outros. Além do mais, temos de seguir o exemplo de

Cristo, que não agradou a si mesmo mas tornou-se servo — e que, aliás, serviu tanto a judeus como

a gentios. Assim Paulo deixa aos seus leitores essa belíssima visão quanto aos fracos e os fortes,

quanto a crentes judeus e crentes gentios, que estão unidos uns aos outros por um "espírito de unidade"

tão forte que "com um só coração e uma só boca" podem glorificar a Deus juntos (15.5-6). Para

concluir, Paulo descreve o seu ministério de "apóstolo dos gentios", juntamente com sua política de

pregar o evangelho apenas onde Cristo ainda não for conhecido (15.14-22); compartilha com eles os

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seus planos de viagem, que incluem visitá-los quando de passagem para a Espanha, mas só depois de

ter levado para Jerusalém a coleta como símbolo da solidariedade entre judeus e gentios (15.23-29);

e solicita as orações deles (15.30-33). E então recomenda-lhes Febe, que é presumivelmente a

portadora da carta que ele envia a Roma (16.1-2); envia saudações a vinte e seis pessoas, citando-as

uma por uma pelo nome (16.3-16) — homens e mulheres, escravos e livres, judeus e gentios, o que

nos dá uma ideia da extraordinária "unidade na diversidade" desfrutada pela igreja de Roma; adverte-

os contra os falsos mestres (16.17-20); envia recados de oito pessoas que se encontram com ele em

Corinto (16.21-24); e depois expressa a sua doxologia final. Embora a sintaxe da doxologia seja um

pouco complexa, seu conteúdo é maravilhoso. Ele capacita o apóstolo a terminar lá onde começou

(1.1-5), uma vez que tanto a introdução da carta como a sua conclusão fazem referência ao evangelho

de Cristo, à vocação de Deus, ao alcance de todas as nações e à convocação à obediência pela fé.

Conteúdo da Epístola aos Romanos

CAPÍTULO 1

No verso 1, Paulo logo se apresenta como Servo de Jesus Cristo, ele não se voluntariou para ser

apóstolo e servir a Deus, mas foi chamado para ser o apóstolo dos gentios (Gl 1.1,16) ele foi chamado

com uma missão: a missão do evangelho, separado para o evangelho (Gl.15-16)

“... como João Batista, Jacó, Sansão, Samuel e

Jeremias, são declaradas como separadas antes mesmo

de seu nascimento... A vontade humana, em todos esses

casos, naturalmente, cooperou com a vontade divina...

ainda que não saibamos explicar como isso pode

suceder. ” (v.1) (Champlin, vol. III, pg.565)

Ele mesmo diz que é um "como que nascido fora de tempo". Paulo assume sua posição: "servo"

(doulos = escravo). “Havia aproximadamente 6 milhões de escravos no Império Romano...” (Wiersbe,

pg.8). Por esta razão é possível afirmar que todos sabiam com exatidão o que era ser um escravo.

O evangelho é a base da epístola: v.2-5

v.2 Paulo apresenta o evangelho prometido por Deus nas Escrituras, no AT. Na verdade, o

Evangelho não era nada “novo”, pois já havia sido apresentado no AT, ele não era entendido, mas

estava sendo revelado. Este evangelho de Cristo, pregado por Paulo, tinha como base as profecias

bíblicas das sagradas escrituras. Não era uma invenção humana, mas plano de Deus (v.1b). v.3 Jesus

Cristo é o centro do Evangelho, e para confirmar que Ele era o messias, Paulo afirma que Jesus nasceu

da descendente de Davi, ou seja, o Filho de Deus que se fez homem para pagar o preço do pecado e

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resgatar o homem pecador para Deus. V.4 o Evangelho é perfeito. Jesus pelo Espírito é declarado

Filho de Deus (Mt 3.17), sua ressurreição foi a prova de sua divindade, de modo que foi feito Senhor

de todas as coisas (Fp 2.6-11). A Eficácia do Evangelho está na Ressurreição do Messias (v.4). Jesus

nunca deixou de ser o Filho de Deus, mas Sua vida terrena entre os homens e sofrendo o peso do pecado

(não sendo, contudo pecador), "obscureceu" para a humanidade sua divindade, mas com a Ressurreição,

o "véu" caiu dos olhos de todos os que creem.

A palavra grega para "designado ou declarado" é

horizo, que significa "medido e bem definido", como

um terreno bem delineado, do qual "não se abre mão de

seus termos". “... Assim como o ‘horizonte’ marca

[define] a distinção entre a terra e o céu, assim Cristo

foi delineado, ou apresentado para ser, o Filho de

Deus...” (Vine, pg.9)

V.5 Jesus é a fonte da graça Deus (Jo 1.16), e o chamado pelo evangelho é para todas as nações

através de Jesus, pois até Cristo, o chamado estava restrito a nação de Israel. Agora há um chamado

universal à obediência pela fé, ou seja, de muitos povos Deus formaria apenas um, unificados pela fé

em Jesus Cristo. A fé é o ponto de unidade entre os povos.

Paulo dependeu da graça de Cristo para ser salvo,

para ser designado apóstolo e para ganhar outros para

Ele. "Apóstolo" significa "enviado"; o termo

equivalente é "missionário". O Evangelho não é restrito

para os "civilizados", mas é para as nações (etnias, um

povo caracterizado por uma língua, costumes, origem,

religião, etc.). ”... Embora... [Paulo use a] primeira

pessoa do plural, não estão envolvidos todos os outros

apóstolos de Cristo, pois neste ponto temos o chamado

"nós" editorial, um plural usado em lugar do singular,

equivalente a ‘vim receber’. ” (Champlin, vol. III,

pg.568)

V.6 Os romanos também eram chamados para essa promessa, assim como todos os povos, o

evangelho e a salvação é para todos (Rm. 1.16).

Os crentes em Roma, como em qualquer outro

lugar, não são apenas "chamados para serem santos",

aliás não é esta a tradução, mas são "chamados

santos” (kletois agiois). O crente, assim que é salvo,

já adquire a posição de santo, também. “A palavra

‘santo’ não descreve uma condição, mas uma

posição. ” (v.7) (Gilder, pg.16)

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3. Saudações, v.7. O crente é chamado de santo, e esta palavra se refere a alguém que foi

separado por Deus para seu serviço, é propriedade Dele. A santidade do Crente é posicional pois a

tem em Cristo Jesus (Hb.13.12). Paulo agora depois de se apresentar dirige-se aos seus leitores que

estão em Roma (a comunidade dos santos) a declaração é que são amados por Deus, o seu amor nos

trouxe sua graça (Jo 3.16) e chamados para serem santos. Ser amado de Deus, um privilégio da Igreja

Este chamado para ser santo é o chamado para uma nova vida separada e consagrada ao Senhor.

Graça e paz, saudação comum do autor (Fp 1.2, Cl 1.2, 1Ts 1.1, 2Ts 1.2, Tt 1.4, Fl 1.3), é o desejo do

bem-estar de Deus sobre seus filhos. Graça é misericórdia, e paz e a reconciliação dos povos, judeus e

gentios, com o Deus todo poderoso.

"Graça e paz" é uma saudação bastante usada por

Paulo; não há paz de Deus, sem ter sido primeiro

alcançado com a graça de Cristo Jesus. "Graça e paz",

“... uma bênção, em que se combinam... uma ideia

grega e outra hebraica. ” (v.7) (NCB, vol. III, pg.1155)

As palavras graça e paz representam uma

fórmula cristã de saudação em cartas (veja Rm 1.7, 1

Co 1.3, 2 Co 1.2, Gl 1.3, Ef 1.2, Cl 1.2, 1 Ts 1.1, 2 Ts

1.2, Tt 1.4, Fm 3, 1 Pe 1.2, 2 Pe 1.2, 1 Tm 1.2, 2 Tm

1.2, 2 Jo 3). Graça (Káris) foi usada aqui em lugar de

uma expressão grega comum, Karein, que significa

“saudações”. Paz tem um paralelo hebraico e aramaico,

shalom, que tem a complexa ideia de prosperidade, boa

saúde e sucesso. ” (v.7) (Moody, vol. 5, pg.8)

v.8. Onde quer que a igreja chegasse, chegava também a notícia de que havia cristãos na grande

Roma. E, embora Paulo e nenhum outro apóstolo fosse responsável pelo evangelho ter sido anunciado

ali, isso não o impedia de dar graças porque Roma havia sido evangelizada. Esta fé dos crentes em

Roma foi conhecida por muitos em todo o mundo conhecido da época. A Igreja é a responsável pela

proclamação do evangelho no mundo, pois cada crente é um embaixador de Cristo na terra. Todo império

sabia que em Roma havia uma igreja cristã. Uma oração sincera e verdadeira e assim, evoca o nome do

filho de Deus como testemunha. Expressa o seu desejo de conhecer pessoalmente a Igreja (v.10) e nesta

visita tinha algumas intenções: 1- compartilhar algum dom espiritual. "Algum dom" ("Karisma" =

dádiva) é algum conhecimento bíblico que dará capacidades aos crentes para o amadurecimento. Não se

trata de dons espirituais, dos quais somente Deus pode conferir. "Confirmar" = "sterizo" que significa

estabelecer (v.11). 2- Paulo se põem na posição de reciprocidade de fé. Não se coloca apenas como o

que sabe tudo, mas pronto para aprender com irmãos. Mesmo o "incansável Paulo" precisava de consolo,

portanto, nenhum crente está em posição de recusar a comunhão fraternal (v.12). . Paulo estava ocupado

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com o trabalho na Grécia e na Ásia Menor, por isso, não poderia visitar os crentes em Roma no momento.

E estando em Éfeso (aliás nem parou ali na 3ª Viagem) apressou-se para Jerusalém, talvez para alcançar

alguma festa judaica. “Não quero que ignoreis" - com isso Paulo está enfatizando que, embora tenha

viajado pelo mundo todo, ainda não foi em Roma não porque faltou vontade, mas oportunidade (v.13).

Ele desejava estar com aquela igreja, mas havia sido impedido, sua vontade era de colher frutos, ou seja,

ganhar almas a Cristo entre os Romanos que era de maioria gentílica. Sentia-se responsável em levar

todos a Cristo, judeus, e não judeus, gregos e bárbaros. (v.14). A ideia da dívida aqui é que lhe foi

confiado tamanha responsabilidade, e ele a assumiu com sua vida. E estava disposta a ir a Roma e pagar

o preço de evangelizar na capital do império. (v.15)

”Paulo anelava por ver... ‘não a cidade de

Roma...em sua glória; e nem queria ver o seu

imperador, ou o seu senado, ou os seus muitíssimos

habitantes, os seus excelentes edifícios, as suas

riquezas e a sua grandiosidade; mas queria ver os santos

pobres dali, que eram os mais excelentes homens que

havia na terra...’” (Champlin, vol. III, pg.571, citando

de John Gill)

Paulo anunciou o evangelho em Roma primeiro para os judeus, chamando-os em sua casa (prisão

domiciliar) e pelo fato de recusarem, procurou os gentios. Embora os judeus de Roma eram muito mais

acessíveis do que os da Palestina (v.15).

Paulo sabia que em Roma o Evangelho era ridicularizado, por isso, ele afirma que não se

envergonha do Evangelho. Segundo Wiersbe, dois aspectos do Evangelho não atraiam de modo nenhum

os romanos (v.16):

1º) ”... O evangelho era identificado com um pobre

judeu carpinteiro que foi crucificado. Os romanos não

tinham nenhuma apreciação especial pelos judeus e a

crucificação foi a forma mais vil de execução dada a

um criminoso. Por que colocar sua fé em um judeu

que foi crucificado? ”

2º) ”Roma era uma cidade orgulhosa, e o

Evangelho veio de Jerusalém, a capital de uma das

menores nações que Roma conquistara. Os cristãos

naqueles dias não estavam entre a elite da sociedade;

eram pessoas comuns e até mesmo escravos. Roma

tinha conhecido muitos grandes filósofos e filosofias;

por que dar atenção a uma fábula de um judeu que

levantou dos mortos? ...” (Wiersbe, pg.14)

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Paulo sempre via a sua responsabilidade de pregar o Evangelho como um grande privilégio e não

uma desonra ou vergonha. Ele sábia que o evangelho era poder de Deus. A mensagem pregada por

Paulo e outros, no primeiro século, não foi invenção do homem. Veio de Deus como o meio escolhido

para salvar pecadores. – Para a salvação dos que creem. Embora o evangelho inclua mandamentos

para serem obedecidos (2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17), ele não é um sistema de justificação

por obras de lei é graça. A salvação vem pela fé.- Para judeus e gentios. Deus trabalhou por meio

da nação judaica para cumprir suas promessas, e a pregação do evangelho começou entre os

descendentes de Abraão. Mas, o evangelho e a salvação que ele oferece são accessíveis a todos –

judeus e gregos. No versículo 17 Paulo dá mais uma razão porque ele não se envergonha do Evangelho,

ou seja, porque através dele a justiça de Deus é conhecida. "De fé em fé" - ganhando mais luz na vida

cristã e crescendo (v.17, A referência é de Habacuque 2.4). Justiça de Deus e o estado de ser justo aos

olhos de Deus através de Cristo Jesus. Deus declara o pecador justo. Vamos entender alguns pontos

importantes a seguir:

a. A justiça de Deus

A expressão dikaiosyné theou ("justiça de — ou procedente de — Deus") Primeiro é preciso

entender que "a justiça de Deus" é um atributo divino. "Justiça" descreve o caráter de Deus, e suas

ações. No Evangelho esta justiça fica explicita na cruz de Cristo. Quando Deus "o apresentou como

sacrifício para propiciação dos pecados", ele o fez "para demonstrar sua justiça" {dikaiosyne}, (Rm.

3.25; 3.26) e também Ele próprio é "justo" e o "justificador daquele que tem fé em Jesus" (3.26b).

Tudo o que Deus faz está de acordo com sua justiça, que é perfeita. É possível afirmar como alguns

que a justiça de Deus, é a ação salvadora em seu povo. A justiça que Deus requer de nós exige nossa

santidade, se quisermos comparecer diante dele, que ele dá a todos através do sacrifício expiatório de

Cristo na Cruz, que é revelada no evangelho, e ele nos dá gratuitamente, a nós, que confiamos em

Jesus Cristo. É esta a expressão que Paulo aplica a expressão "a justiça de Deus". Ele contrasta essa

justiça de Deus com a nossa justiça, a qual somos tentados a estabelecer ao invés de submeter-nos à

justiça de Deus (10.3). A justiça de Deus é presente (5.17) que nos é ofertada mediante a fé (3.22) e

que nós podemos ter ou desfrutar. Em 2 Coríntios 5.21, Paulo escreve que em Cristo de fato "fomos

feitos justiça de Deus"; em Romanos 4 ele afirma que a justiça nos foi "creditada" ("computada" ou

"imputada"), assim como o foi a Abraão (versículos 3, 24); e em 1 Coríntios 1.30 é o próprio Cristo

que "se tornou ... justiça ... para nós". Ao considerarmos, portanto, "a justiça de Deus", podemos

fazê-lo como um atributo divino, uma ação divina ou uma aquisição divina (ele nos concede o status

de justos). Os três conceitos são verdadeiros.

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Portanto, podemos afirmar que "a justiça de Deus" é a iniciativa justa tomada pelo próprio Deus

ao justificar os pecadores consigo mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence. "A

justiça de Deus" é a justificação justa do pecador injusto, sua maneira justa de declarar justo o injusto,

através da qual ele demonstra sua justiça e, ao mesmo tempo, nos confere justiça. Ele o fez através

de Cristo, o justo, que morreu pelos injustos. E ele o faz pela fé quando confiamos nele, clamando a

ele por misericórdia.

b. "De fé em fé"

Tem a ver com a fidelidade de Deus em oferecer um meio confiável, certo seguro e único para

a salvação do pecador. Este pecador aceita esta fé, e crê em seu coração, ela é dom de Deus, e a

recebe. Também Paulo pode estar fazendo sua aplicação ao crescimento da fé, o amadurecimento da

mesma "há um nível de fé mais auto" (2 Co 3.18).

c. A citação de Habacuque

O apóstolo Paulo faz menção das Escrituras e cita Habacuque 2.4: O justo viverá pela fé. O

profeta fala com Deus, que ele Deus, pretendia trazer babilônios a fim de castigar Israel. Como podia

Deus usar o perverso para julgar o perverso? Foi-lhe prometido, que os babilônios cairiam, mas os

justos israelitas viveriam pela fé, isto é, pela sua humilde e firme confiança em Deus. Quem é

justificado pela fé, só viverá pela fé. Nunca abandonará esta fé genuína. F. F. Bruce afirma: "Os

termos do oráculo de Habacuque são suficientemente generalizados para dar lugar à aplicação que

Paulo faz deles — uma aplicação que, longe de violentar a permanente intenção do profeta, expressa

a constante validade dessa mensagem.

A. A depravação de toda a humanidade (gentílica)

v.18-20 – Todos são indesculpáveis diante de Deus, mesmo que nunca tenha ouvido falar de Cristo

ou não tenha conhecido a Bíblia. Vai prestar contas ao Senhor todo poderoso.

v.18 – Deus revela sua ira contra o pecado. Contra toda impiedade, injustiça do homem e a

aceitação da verdade como injustiça (v.18). O que é esta "verdade" a resposta está nos versos 19-20:

trata-se daquele conhecimento de Deus que nos é acessível através da ordem natural. E, no entanto,

o que de Deus se pode conhecer é manifesto, ou aberto, a nós. E a razão pela qual isso é manifesto é

que Deus tomou a iniciativa e nos manifestou. Vejamos o versículo 20: Em outras palavras, o Deus

se fez visível, dando-se a conhecer através de suas obras da criação. A criação é uma manifestação

visível do Deus invisível.

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A ira de Deus Não é raiva, e nem semelhante a indignação humana que explode e faz o que é

errado. Mas é uma repulsa santa e justa diante do pecado do homem que o afronta. A ira do homem é

uma emoção irracional e incontrolável, com uma boa dose de vaidade, hostilidade, malícia e desejo

de vingança. Já a ira de Deus, é totalmente livre de qualquer um desses ingredientes venenosos. Deus

tem a capacidade de amar e de irar-se contra o pecado. Esta ira não está limitada aos tempos do fim

(1Ts1.10 e Ap.19.15:20) mas a condição de Deus ter entregado o homem aos seus próprios pecados.

v.19 - Veja Sl 19. A natureza testemunha que existe Um Ser Pessoal a quem o homem deve prestar

adoração. A própria criação prova a existência de Deus. Por isso não há desculpa. Os homens podem

perceber o invisível por meio das coisas visíveis (v.19-20). Vendo a poderosa Criação, a primeira

impressão que vem a qualquer ser humano é que existe um Criador onipotente e sobrenatural. Há uma

manifestação para eles (através das coisas visíveis) e uma manifestação neles (através da capacidade de

perceber as coisas visíveis e relacioná-las com o Criador). Embora a revelação da Criação torna-os

indesculpáveis, não quer dizer que possam ser salvos apenas admirando a natureza. (v.21). Tornaram-se

nulos em seus próprios raciocínios. Colocaram em suas próprias cabeças que são sábios, no entanto, são

loucos. Não se trata de insanidade mental, e sim, que usaram a inteligência dada por Deus para se

afastarem dEle. (v.21-22).

“Os bárbaros adoravam ao sol e à luz, os eruditos

egípcios adoravam a um boi e a uma cebola; os gregos,

que se destacavam por sua sabedoria, adoravam as

enfermidades e as paixões humanas; os romanos, que

foram os mais sábios de todos, adoravam as fúrias; e

até esta data (1750...) os indígenas norte-americanos

adoram ao trovão; ao passo que os engenhosos chineses

adoram ao diabo. Assim pois, o mundo, pela sua

sabedoria, não conheceu a Deus. ” (Champlin, vol. III,

pg.581, citando Matthew Henry)

O homem reconhece que existe Deus, mas este mesmo homem o rejeita, decide despreza-lo não

quer adorá-Lo, e substitui o Senhor todo Poderoso por imagens feitas por eles mesmos, dando a estas

imagens formato de criaturas que eles conhecem, imaginam e desejam (v.23). O que Paulo descreve

aqui é o que escreve C. H. Dodd, que a filosofia grega " trazia facilmente as formas mais grosseiras

de superstição e imoralidade. Criaram deuses de todos os gostos e formas para agradar a si mesmo.

Ficavam com suas filosofias e religiosidades, alimentando assim suas paixões e sensualidades. Hoje

a idolatria cultural ocidental não é nada melhor. Trocar a adoração ao Deus vivo pelas obsessões

modernas por dinheiro, fama e poder. São tolos. Assim o homem traz de volta a adoração babilônica,

adorando a Criação no lugar do Criador. O nativo adora o Sol, a Lua, a pedra e o pau, não porque não

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sabe que tais coisas são criação, mas porque mudou a glória do Criador, isto é, resumiu Deus a um

simples objeto. O homem é essencialmente constituído para ser um adorador. Se ele abandona a

adoração a Deus, algum outro objeto tomará o lugar do Criador (v.23).

AS CONSEQUÊNCIAS DA DEPRAVAÇÃO (v.24-32)

Deus os entregou: A palavra grega é “paredoken”, que significa “entregar”. Deus os deixou à

vontade para pecar, um ato de castigo, o pecado obteve seu crescimento natural na vida do homem (v.24).

A punição de Deus ao povo pela idolatria foi entregar cada um à impureza sexual, segundo os desejos

pecaminosos dos seus próprios corações. A idolatria sempre leva a imoralidade. Uma falsa imagem

de Deus leva a um falso conceito quanto ao sexo. O sexo fora do casamento destrói o homem ele

torna-se irracional, e comete torpeza agravantes diante de Deus; mas o sexo no casamento, segundo

o propósito de Deus, enobrece a nossa condição de humanos. Paulo explica que eles desonraram seus

corpos entre si: a infidelidade e o homossexualismo. A razão de Deus ter entregue o home a esta

depravação também é explicada no v.25; mudaram a verdade de Deus em mentira, (o que Deus falou

não serve e nem vale nada) e honraram e serviram mais a criatura que o criador, (os Césares os reis e

muitos outros homens assumiram a posição de Deus, o os homes os honravam como tal e desprezaram

a Deus.)

Dessa vez Deus os entregou a paixões vergonhosas, o que Paulo especifica como sendo práticas

de lesbianismo (26) e relações de homossexualismo masculino (27). (Lv.18.22) Nos dois casos ele

descreve as pessoas envolvidas como culpadas de uma terceira "troca": Até suas mulheres trocaram

suas relações sexuais naturais por outras contrárias à natureza (26), enquanto os homens também

abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros

(27a). Condena aqui, a pratica do sexo anal, por isso a expressão “relações sexuais natural”. Não se

aplica necessariamente as esposas, mas a mulheres que se prostituíam. Duas vezes ele usa o

adjetivophysikos ("natural") e uma vez a expressão para physin ("contrário à natureza" ou "não

natural"). Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o

castigo merecido pela sua perversão (27b). Paulo não especifica qual é essa punição, mas só que eles

a receberam "em si mesmos". Por causa dessa auto deificação (consideraram-se donos de si mesmos,

deuses), Deus permitiu que praticassem seus pecados e colhessem eles mesmos as consequências,

recebendo em si mesmos a condenação. ” Uma impressionante afirmação moderna deste princípio de

retribuição divina é-nos oferecida por C.S.Lewis... os perdidos, diz ele, ‘gozam para sempre da

horrível liberdade que sempre pediram, e, portanto, estão escravizados por si mesmos". (F.F.Bruce,

pg.70) (v.27).

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”A isto se segue a nota do juízo. Recebendo em

si mesmos a merecida punição do seu erro. Paulo

não penetra nos detalhes sobre qual seria exatamente

a natureza do juízo, as consequências psicológicas e

físicas. Mas a natureza da penalidade diz-se que

corresponde à enormidade do pecado. ” (Moody, vol.

5, pg.12)

Desprezaram o conhecimento de Deus, (disposição mental reprovável, por decisão própria

desprezaram a Deus). Por estas razões Deus os entregou a seus pecados não só sexuais, mas agora de

caráter e de relacionamento (v.28-30). A afirmação de Paulo no início do verso 28 inclui, agora, um

jogo de palavras entre ouk edokimasan ("eles acharam que não valia a pena") eadokimon noun ("uma

mente depravada"). Poder-se-ia dizer que "já que eles achavam que não valia a pena permanecer com

a sabedoria de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável". E, dessa vez, a sua mente

depravada os conduziu, não à imoralidade, mas a. praticarem o que não deviam (28), evidenciado

em uma inúmera variedade de práticas antissociais, as quais, juntas, descrevem a derrocada da

comunidade humana, na medida em que os padrões desaparecem e a sociedade se desintegra. Traíram

a própria consciência e praticaram o que é errado para a sua própria condenação (v.28-31).

Deliberadamente pecam, afrontando a Deus em tudo. São obstinados e rebeldes. Não só fazem como

aprovam e apoiam os que fazem tais coisas (v.32)

O JUIZO DE DEUS (CAPÍTULO 2)

Neste capitulo é possível compreender que o moralismo e o legalismo de judeus ou de gentios

não satisfazem a Deus, por que traz à tona a ideia de que o homem pode justificar a si mesmo, e não

precisa da justificação divina. Tanto gentios como judeus são culpados perante Deus, por não viverem

segundo os princípios estabelecidos por Ele. Neste capitulo, concordam a maioria dos estudiosos da

Bíblia que se referem aos judeus que julgavam os gentios por causa dos pecados que eles cometiam,

no entanto, faziam o mesmo. Julgavam as pessoas, e por si só essa posição de crítico e juiz, constitui-

se um erro. Somente Deus conhece suficientemente as profundezas do homem para julgá-lo de

maneira justa. (V1.).

v.1 um julgamento injusto - Está aqui em foco uma pessoa moralista, que condena o erro de

outros, mas que pratica as mesmas coisas. O julgamento em si mesmo é algo perigoso, porque muitos

se sentem justificados, ou superiores ao tratarem dos erros alheios. (Lc 18.11), (Jo 7:24). Não somos

melhores que os demais homes, pelo contrário, sou tão pecador quanto eles. Os pecados apenas

dizem que lhes faltam a graça de Deus. É fácil julgar os outros, os religiosos, intelectuais e os moralistas

não estão isentos de culpa. (v.1-4). ). Durante o seu ministério na terra, Jesus batalhava contra a

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arrogância e autojustiça de seitas como os fariseus (Mateus 23:27-28). Paulo, um ex-fariseu, agora

luta contra o mesmo orgulho religioso de seus compatriotas.

v.2. – Deus é justo, e julgará segundo a verdade, a sua verdade. Todos vão que prestar contas

igualmente a Deus por seus pecados. “Alguém disse: ‘Nós odiamos nossas próprias faltas quando as

vemos em outros’. Paulo apresenta como ocorrerá o juízo justo de Deus aos homens, independentemente

de sua situação pessoal e posição: De acordo com a verdade (v.2); segundo sua própria conduta (v.6); de

acordo com as leis naturais da Criação (v.11-15); Pelo evangelho, que revela toda intenção do coração.

Não podemos afirmar que Paulo está falando diretamente ao judeu nestes versículos (1-16), pois isto ele

fará a partir do v.17. O home não consegue de maneira nenhuma escapar do justo juiz. Acusar alguém

não justifica o homem, por mais religioso que seja (v.3). Muitas vezes, na tentativa irracional de escapar

do juízo de Deus, nos refugiamos em algum argumento teológico: Deus é bom. Apelamos para o

caráter de Deus, especialmente para as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência (4a). Alguns

dizem: Ele jamais punirá o homem, principalmente seus filhos que são “bons”, portanto, podemos

pecar e permanecer impunes. No entanto esse tipo de pensamento, é de quem quer manipular a Deus,

é uma atitude que mostra desprezo por Deus, e não honra por ele. Isso não é fé, é presunção. Porque

a bondade e o amor de Deus é que nos conduz ao arrependimento e não uma vida de pecado

deliberado (4b). A graça de Deus nos levar ao arrependimento e não nos dar uma desculpa para

pecarmos.

O juízo de Deus é justo (5-11)

Um coração endurecido e obstinado só trará condenação para si. A permissividade e não a

penitência, é um evidente sinal de teimosia e de um coração que não se arrepende (5a). Este terá a

terrível experiência da ira divina para o dia da ira de Deus, quando este revelar o seu justo julgamento

(5). Deus "retribuirá a cada um conforme os seus atos" (6). A citação vem, provavelmente, do Salmo

62.12, e Provérbios 24.12. Paulo afirma que, embora a justificação seja de fato pela fé, o julgamento

será de acordo com as obras. O dia da ira de Deus será também o tempo em que se revelará o seu

justo julgamento. A presença ou ausência da fé salvadora em nossos corações evidencia-se pela

presença ou ausência de boas obras de amor em nossas vidas. Tanto Paulo como Tiago ensinam a

mesma verdade, que a fé autêntica e salvadora os leva as boas obras, e que, se não é assim ela é morta.

"Eu, com as minhas obras te mostrarei a minha fé", escreveu Tiago, ao que Paulo ecoa: "a fé ... atua

pelo amor". É importante observa os versos 7-10 que confirmam este justo julgamento apresentando

o destino de todos: A vida eterna (v.7) aos que procuram glória, honra e incorrupção; ou a ira e

indignação (v.8) aos que são contenciosos, desobedientes a verdade e obedientes a iniquidade. Nos

versículos 9-10 Paulo reafirma as mesmas alternativas. Apresenta dois tipos de pessoas, 1- todo ser

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humano que pratica o mal (9) e 2- todo o que pratica o bem (10). Depois Paulo apresenta os dois

destinos. Para os primeiros, haverá tributação e angústia (9), enfatizando a situação de desespero; e,

para os outros, haverá glória, honra e paz (10a). "Glória" e a "honra" que, no versículo 7, descrevem

parte do objetivo dos que creem, e acrescentando "paz", palavra que abrange os relacionamentos

reconstruídos com Deus e com os outros. Depois o apóstolo afirma que a salvação é primeiro para o

judeu, depois para o grego (9-10), afirmando a prioridade do judeu, tanto no juízo quanto na salvação,

e depois declarando a absoluta imparcialidade de Deus: Pois em Deus não há parcialidade (11).

A IMPARCIALIDADE DIVINA (12-16)

No v.12, Cada um será julgado segundo à própria luz que recebeu. Isto refere-se à culpabilidade.

Por enquanto, o assunto não é como alguém pode ser justificado, mas o porquê alguém será condenado.

"No dia do Juízo não haverá com Deus acepção de pessoas. Aqui e agora parece que há. Ele escolheu a

Abraão e não outro idólatra. Ele escolheu a Jacó antes de seu nascimento, em lugar do seu irmão Esaú.

Um homem nasce hoje em lar cristão com oportunidades de conhecer o Evangelho, outro nasce e morre

no paganismo. Mas quando um homem entra no juízo de Deus não se pergunta de quem ele é filho nem

onde nasceu, e sim quantos pecados cometeu, quanta culpa tem, com o fim de determinar o grau do seu

castigo, quantos açoites deve receber". (Henderlite) (v.12). O judeu tem a Lei de Moisés, mas este não

tem o direito de achar que Deus o aceitará somente por isso, pois a Lei não oferece privilégios, mas exige

responsabilidade (obediência) (v.13). O gentio não tem a Lei de Moisés, mas da mesma forma não tem

o direito de achar que Deus o aceitará somente por isso, pois embora não possuindo a Lei de Moisés,

possui a lei da consciência, que é a capacidade de perceber o certo e o errado (em certa medida, é

evidente) e a natureza que é o instrumento (ou o objeto de percepção) pelo qual a consciência julgará o

certo e o errado, isto é, reconhecer a existência de Deus e não adorar a natureza (v.14).

O juízo de Deus é imparcial (12-16)

Deus será justo em seu julgamento. (De acordo com o que fizemos, 6-8) e imparcial (entre

judeus e gentios, 9-11) esta imparcialidade é desenvolvido por Paulo em relação com a lei mosaica.

A diferença entre eles é: judeus ouvem a lei (13), possuindo-a e ouvindo a sua leitura na sinagoga

todo sábado, os gentios não têm a lei (14). Para Deus não há diferença. O versículo 12 coloca judeus

e gentios na mesma categoria de pecado e morte. Paulo afirma todo aquele que pecar. A forma correta

de tradução seria "todos os que pecaram" (hênarton). O que Paulo está afirmando? Que todos os

que pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente de serem judeus ou gentios. Todos os

que pecaram sem lei (gentios), sem lei também perecerão (12a). Eles não serão julgados por um

padrão que não conheceram. Do mesmo modo, todo aquele que pecar sob a lei (os judeus), pela lei

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será julgado (12b). Todos serão julgados de maneira justa, sabem por que são julgados. Não haverá

dois pesos e duas medidas. Porque não são os que ouvem a lei que são justos aos olhos de Deus; mas

os que obedecem à lei, estes serão declarados justos (13). Ninguém consegue cumpri a lei na sua

totalidade (3.20). Portanto não existe nenhuma possibilidade de salvação por esse caminho. Paulo diz

sobre gentios que não têm a lei e que, no entanto, praticam naturalmente, instintivamente, o que a lei

ordena (14b). A lei natural do certo, do correto, de alguma forma Deus deixou a sua lei gravada no

coração da humanidade. Todo home tem o censo de honestidade, verdade, correto e justo, não faz as

vezes por que não quer fazer, por isso é que eles se tornam lei para si mesmos, não que fazem suas

leis, mas porque eles demonstram, pelo seu comportamento, que as exigências da lei estão gravadas

em seus corações (15a). O fato de Deus ter gravado a sua lei em nossos corações na criação afirma

que a conhecemos. Quando o conhecemos, nos tornamos novas criaturas e somos levados a obedece-

la e nos dá uma consciência completa da vontade de Deus, disto dão testemunho também as suas

consciências, ora acusando-os, ora defendendo-os (15b), como em um julgamento onde há defesa e

acusação. O juízo de Deus irá realizar-se mediante Jesus Cristo. (v.16). Deus julgará os segredos dos

homens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho (16). Se este texto for mal

interpretado pode entrar numa perigosa contradição com o argumento anterior (1.18-32, a culpabilidade

dos pagãos). Já vimos que o pagão (nativo, animista, índio, ou qualquer outro que nunca ouviu nada do

Evangelho) será julgado por causa de seu mau procedimento, (veja 2.2) no entanto, a impressão que dá

segundo este versículo é que o homem será julgado com base no Evangelho. Ora, se ele nunca ouviu

nada do Evangelho por que será julgado com base naquilo de que não conhecia? (v.16). A resposta é que

"de conformidade com o meu evangelho" refere-se à Pessoa do Juiz, que é Jesus Cristo, Aquele que é a

essência do Evangelho, que ressuscitou e Profeticamente estará naquele dia de julgamento (At 17.31).

Faz parte do bojo da doutrina do Evangelho tanto a salvação como o juízo, por isso, pode-se dizer que o

pecador será condenado por seus próprios pecados, ainda que não tenha conhecido a pregação do

evangelho de Jesus Cristo. Um criminoso não precisa saber que o juiz representa o sistema judiciário de

tal cidade e nem precisa conhecer como funciona o sistema judiciário e muito menos precisa ser um

advogado. O criminoso só precisa reconhecer o seu crime e saber que sua condenação é responsabilidade

própria e não do sistema judiciário. Para o governo ele é condenado segundo as leis do sistema (v.16).

“Acreditamos que é errônea a interpretação que

nos quer levar a acreditar que Deus julgará os segredos

dos homens... de conformidade com o evangelho. Nos

versículos anteriores, entretanto, Paulo havia

apresentado os princípios pelos quais os homens serão

julgados. Nem todos têm o evangelho; por conseguinte,

o evangelho não pode ser padrão universal de

julgamento. A frase: ‘... de conformidade com o meu

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evangelho’, se refere ao fato que Deus julgará os

segredos dos homens ‘por meio de Cristo Jesus’. O

evangelho inclui a ressurreição de Cristo, e é por este

fato que Deus tem dado certeza que o dia de julgamento

já foi estabelecido ou marcado; pois o Juiz está vivo...”

(Gilder, pg.33)

Paulo sabia que um dia Deus julgará o perdido e o Juiz será Jesus Cristo e isto (o fato do

julgamento) faz parte do Evangelho, ou seja, o Evangelho traz em Sua mensagem Boas Novas de

Salvação, mas também de perdição, pois se há salvos é porque existem perdidos (não importando se

estes conhecem ou não o Evangelho, conforme 2 Ts 1.8-9). Portanto, o Evangelho é a garantia (a certeza)

desse dia de julgamento (v.16).

Depois de mais de 1.500 anos de suposta superioridade espiritual, não foi fácil aceitar as

palavras de Paulo. Eles eram iguais aos gentios? Igualmente culpados diante de Deus? O próprio

termo "judeu" (louvor) já denota comunhão com Deus. Não há nada de errado gloriar-se, desde que seja

na Pessoa certa (1 Co 1.29-31). O privilégio do judeu é muito grande, pois mais do que qualquer outro

povo conheceu a vontade de Deus, através da instrução que recebeu da Lei (v.17-18).

Os Judeus Não Têm Desculpa

Mesmo tendo a lei especial que Deus lhes deu, se mostram desobedientes. Paulo descreve a

autojustiça dos judeus, certamente a mesma confiança que ele tinha anteriormente quando era fariseu:

● Tem por sobrenome judeu (17)

● Repousa na lei (17)

● Gloria-se em Deus (17)

● Conhece a vontade de Deus (18)

● Aprova as coisas excelentes (18; compare 2:3 e 1:32)

● É instruído na lei (18)

● Considera-se guia dos cegos (19)

● Luz aos que estão nas trevas (19)

● Instrutor de ignorantes (20)

● Mestre de crianças (20)

● Tem a sabedoria e a verdade na lei (20)

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Os judeus receberam e até ensinaram os princípios da lei. O problema foi de não praticar o que

pregavam (21). Será que cometemos o mesmo erro? Ensinamos os outros que devem respeitar a

palavra de Deus, mas somos, de fato, obedientes? Paulo mostrou a culpa dos judeus que pregavam

que não se deve furtar, mas furtavam (21); condenavam o adultério, mas o praticavam (22);

abominavam os ídolos, mas roubavam os templos deles (22) Paulo acusa os judeus de hipócritas; Jesus

também fez este tipo de acusação (Mt 23.3). Através de seu sistema cambial injusto, os judeus roubavam

dos peregrinos que precisavam de animais para o sacrifício (v.21, leia Mt 23.14).

”De conformidade com Josefo... eram culpados

de furto, traição, adultério, sacrilégio, rapina e

assassínio. E diz ainda que novas formas de impiedade

eram criadas por eles...” (Champlin, vol. III, pg.600) A

fama do judeu se espalhou entre os pagãos (At 19.37).

”Os judeus faziam isso assaltando literalmente os

templos, furtando seus ídolos ou outros objetos

valiosos, pensando eles que assim prestavam a Deus

um serviço, pilhando os templos pagãos... prejudicando

os cultos pagãos. ” (Champlin, vol. III, pg.601).

2. A circuncisão (25-29)

Leia Jr 9.25 e Dt 10.16. Ser judeu é muito mais do que guardar as ordenanças, mas é ter um coração

obediente a Deus. A circuncisão foi instituída 430 anos antes da Lei de Moisés (Gn 17.14). Foi exigência

de Deus para que o povo de Israel fosse selado. Mas a questão levantada por Paulo é a seguinte: Este

selo (marca de obediência a Deus) só tem valor se a vida condiz com o contrato. O judeu que é

circuncidado está afirmando que é obediente a Deus, portanto, na prática sua vida deve demonstrar essa

obediência (v.25-26). O incircunciso por natureza é o gentio que não fez esta cirurgia, no entanto,

conheceu a Lei e obedeceu. É evidente que é uma hipótese, pois ninguém obedeceu a Lei, mas se fosse

o caso, este embora não sendo circuncidado seria justificado, colocando o judeu sob julgamento. Em

outras palavras, "um gentio que cumpre a Lei vale mais do que um judeu que lhe desobedece" (v.27-29).

É verdade que a circuncisão era um sinal dado por Deus para selar a sua aliança com eles. Não era

um substituto para a obediência; constituía, antes, um compromisso com a obediência. Os judeus, no

entanto, tinham uma confiança quase supersticiosa no poder salvador de sua circuncisão. Epigramas

rabínicos — como, por exemplo: "O homem circuncidado não vai para o inferno" e "A circuncisão

livrará Israel do inferno”. Paulo faz tal afirmação, A circuncisão tem valor se você obedecer à lei

(25a). Sem negar a ordem divina, diz que quem é circuncidado "está obrigado a cumprir toda a lei".

E continua a dizer, se você que é circuncidado desobedecer à lei, a sua circuncisão se tornou

incircuncisão (25b). Pelo outro lado, se aqueles que não são circuncidados obedecem aos preceitos

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da lei, não serão considerados circuncidados? (26). Ou seja, circuncisão menos obediência é igual a

incircuncisão, enquanto que incircuncisão mais obediência é igual a circuncisão. Há uma inversão

nos papeis, e aquele que não é circuncidado fisicamente, mas obedece à lei, condenará a você (judeu)

que, tendo a lei escrita e a circuncisão, é transgressor da lei (27). A marca do Crente é a obediência.

Tanto judeus como gentios serão julgados por Deus. Não se trata de salvação pela obediência, mas

de obediência como evidência da salvação. Paulo passa a falar primeiro dizendo o que um judeu não

é (28), para em seguida definir em termos positivos aquilo que um verdadeiro judeu é (29): Não é

judeu quem o é apenas exteriormente (en tõ phanerõ, "no aberto" ou "visivelmente"), nem é

circuncisão a que é meramente exterior {en tõ phanerõ, repetindo) e física (en sarki, "na carne") (28).

Não! Judeu é quem o é interiormente (en tõ kryptõ, "em segredo"), e circuncisão é a operada no

coração (29a). Paulo aplica aqui algo novo para eles. A circuncisão não é física, mas espiritual. Ele

fala de "uma circuncisão do coração que substitua completamente o ritual físico, e não que meramente

o complemente". Além disso, e isto ocorre pelo poder do Espírito Santo, no coração do homem, e

não pela lei escrita (29b). Fica assim provada a culpabilidade do PAGÃO ANIMISTA (1.18-32), do

GENTIO INTELECTUAL (2.1-16) e do JUDEU (2.17-29).

O PRIVILÉGIO E A RESPONSABILIDADE DO JUDEU. A JUSTIÇA SEM A LEI

(CAPÍTULO3)

Perguntas e Respostas, v.3.1-8

1 . Há vantagem em ser judeu?

v.1 Segundo o capítulo anterior mostra que os judeus falharam, v.24 e a circuncisão sem a

obediência nada vale, v.25. – A seguir objeções dos judeus.

Primeira pergunta: Então que vantagem há em ser judeu e circuncidado? São perguntas que

o escritor passa a responder. V.2 Mesmo igualando o judeu na mesma situação do gentio no que diz

respeito ao pecado, Paulo revela vantagens em ser judeu. Qual a vantagem. – A resposta é que há

muitas vantagens, principalmente que aos judeus foram confiadas as palavras de Deus. Não só através

de Moisés, mas a preservação da Palavra de Deus deu-se pelo trabalho dos escribas e o ensino por causa

dos sacerdotes rabinos, fariseus no Templo e sinagogas (Sl 147.19-20) Vemos aqui um privilégio

conferido ao povo da aliança. Deus se revelou a eles por meio de sua palavra para que vivessem e se

tornassem exemplos para todos os povos, 2.18-24, mas falharam em sua missão. Vantagem não

significa superioridade, mas aumenta a condenação quando não há obediência (v.1-2).

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v.3 Segunda Pergunta: O que importa se eles foram infiéis, essa infidelidade anulará a

fidelidade de Deus? – Todo privilégio traz mais responsabilidades e o povo judeu foi infiel, mas isto

não anulou a fidelidade de Deus, se o homem erra, Deus jamais errará. Deus não depende do homem

para estabelecer seus desígnios, ele depende apenas de si mesmo. Ele por amor concede ao homem

participar de sua graça. Nenhum dos atributos de Deus será aniquilado por causa dos atos maus dos

homens, pois dentre esses atributos Ele é imutável. Portanto, Deus é Fiel e nenhum de seus Plano serão

frustrados porque alguns dos judeus foram infiéis na transmissão da Sua Palavra (Paulo foi muito

caridoso ao falar "alguns"). A citação do v.4 é do Salmo 51.4. Isto mostra que a confissão do pecado

do homem glorifica a Deus e realça a santidade e a justiça dele (compare Josué 7:19-20). No dia do

Juízo Deus terá toda a razão e jamais o homem terá algum argumento favorável a si mesmo. Vejamos

que todas as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó continuam firmes. Deus cumprirá sua promessa a

Israel (v.3-4).

v.5-7 Terceira Pergunta: Se nossa injustiça ressalta a justiça de Deus o que podemos dizer?

Então ele é injusto por aplicar sua ira? Claro que não, Deus não é injusto. Deus é justo em castigar os

judeus (5-8). Foi fácil para os israelitas enxergar a injustiça dos gentios e concluir que aqueles

pecadores merecessem o castigo. Reconhecer o seu próprio pecado foi muito mais difícil. Se Deus

não aplicar a sua lei com justiça aos judeus, ele não teria direito de castigar os gentios (5-6).

Entendendo que a santidade de Deus fica mais evidente quando comparada à injustiça do homem,

alguém poderia tentar justificar o pecado para dar mais glória a Deus. Paulo rejeita tal raciocínio,

dizendo que pessoas que pensam assim merecem o castigo (7-8). O homem é devedor e culpado, é

pecador. Deus julga o mundo baseado na sua própria justiça, ele tem o direito soberano de Criador.

V.8 “Então se a minha injustiça faz aumentar a justiça de Deus, vamos pecar para que nos venha o

bem? ” Muitos atribuíam a Paulo a autoria dessa pregação, e de fato isso era uma calúnia. Alguns

caluniadores acusavam Paulo de ensinar que o homem deveria pecar para que a justiça de Deus vida,

como forma de agradar a Deus, ter "feito um favor a Deus". O homem é culpado de seus pecados (v.8).

TODOS SÃO CULPADOS, PECADORES (3:9-20)

Anterior mente Paulo exibiu a escandalosa depravação de grande parte do mundo gentílico da

época (1.18-32), a justiça hipócrita dos moralistas (2.1-16) e a arrogância do povo judeu, marcada em

gabar-se da lei de Deus e ao mesmo tempo quebrá-la (2.17—3.8). E agora ele traz a condenação a

toda humanidade. Ele inicia com a seguinte pergunta, ser judeu adianta alguma coisa? E responde:

Não! Qual é o benefício ou "vantagem" que ele tem em mente. Se se trata de privilégio e

responsabilidade, então os judeus têm muito, pois Deus lhes confiou a sua palavra. Se, porém, ele

está se referindo a favoritismo, então nada há de vantagem ou benefício para os judeus, pois Deus

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não os isenta do julgamento (1.18—2.29) tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado (9),

ou "debaixo do poder do pecado" (Gl 3.22). Para esclarecer suas afirmações O apóstolo apresenta

sete citações do Antigo Testamento: Uma de Eclesiastes, cinco dos Salmos e a última de Isaías. (Ec

7.20), (SI 14.1-3 = SI 53.1-3), (SI 5.9), (SI 140.3), (SI 10.7), (Is 59.7s; cf. Pv 1.16), (SI 36.1). Sl 14.1-

3, 53.1-3, 5.9, 10.7, 36.1, 140.2-3, Is 52.15. A própria Lei condena o judeu. São mencionados seis

pecados do caráter (v.10-12): 1) falta de justiça (v.10). 2) ignorância (v.11a) 3) falta de buscar a Deus

(v.11b, Jr 30:21). 4) desvio de Deus (v.12a). 5) inutilidade (v.12b, a palavra era usada para carne

estragada). 6) falta de boas obras (v.12c). E também aqui são mencionados sete pecados da conduta,

sendo que os quatro primeiros se referem ao pecado no falar e os outros três referem-se à maneira de agir

(v.13-18): 1) garganta sepulcral (v.13a). 2) língua enganosa (v.13b). 3) lábios peçonhentos (v.13c). 4)

boca maldizente e amargurada (v.14). 5) pés que correm para matar (v.15, Is 59.7, Ap 6.3-4). 6)

caminhos destrutivos e miseráveis (v.16). 7) caminhos faltosos de paz (v.17, Is 59.8). O último pecado

mencionado está no v.18, que é a falta de temor a Deus, é daqui que deriva toda essa lista de 14 pecados.

Partes importantes a se apresentar: A primeira delas é a ausência de Deus na vida que é marcada

pelo pecado. Não há ... ninguém que busque a Deus (11), não há temor de Deus diante de seus olhos

(18). O homem não somente se esquece de Deus mas vive deliberadamente em pecado. É uma

declaração de que as Escrituras identificam a essência do pecado como sendo a impiedade (cf. 1.18).

O homem não o "busca", visando glorifica-lo, não existe lugar para ele em nossos pensamentos e em

nossos corações, e que não o amamos com todo o nosso ser. O pecado é a decisão de revoltar-se

contra o Deus altíssimo. Mostra natureza destruidora do pecado, a capacidade que ele tem de infestar

a nossa vida, pois ele afeta todas as partes da constituição humana, todas as nossas faculdades e

funções, inclusive as nossas mentes, emoções, sexualidade, consciência e vontade (v.13-17), isto

mostra a depravação total da humanidade, sua universalidade. (v.10-12).

Afinal de contas, ser "justo" é viver em

conformidade com a lei de Deus, e "o melhor dos

homens, o mais nobre, o mais instruído, o mais

filantrópico, o maior idealista, o maior pensador, ou o

que quer que seja — nunca houve uma pessoa que

pudesse resistir ao teste da lei. Utilize o seu prumo e

verá que falta alguma coisa". STOTT, Jonh, análise

de romanos, p. 57)

(v.19) Este verso tem como propósito deixar claro, que toda boca se cale e todo o mundo esteja

sob o juízo de Deus (19b). É possível afirmar isso porque Paulo elucida aos judeus o que tanto eles

como o apóstolo sabem: sabemos que tudo o que a lei diz (lei, aqui, significando o Antigo Testamento

em geral), o diz àqueles que estão debaixo dela (19a, literalmente, "dentro da lei") — ou seja, todos

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os judeus; todos são considerados culpados perante Deus. Podemos analisar assim: Os idolatras e

imorais gentios são "indesculpáveis" (1.20). De igual forma os moralistas, seja judeu ou gentio, é

igualmente "indesculpável" (2.1). Toda a humanidade (3.19), sem exceção, é indesculpável

(hypodikos) perante Deus. Paulo conclui, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na

obediência à lei (20a), literalmente "por obras da lei". Mas o que ele quer dizer com "obras da lei"?

Paulo está falando sobre o que identifica os judeus, como por exemplo sábado, a circuncisão e as

normas alimentares, está longe de ser comprovada as "obras" que ele se refere são apenas cerimônias

culturais e não morais. Em Romanos 3.20 Paulo conclui o longo argumento de que todos os seres

humanos são moralmente pecaminosos e culpados, inclusive os judeus, cujas transgressões incluem

o roubo e o adultério (2.21), também define que a função da lei é a de revelar o pecado; no verso 20,

Paulo argumenta não somente contra a presunção judaica, mas contra a auto salvação. Diz também,

é mediante a lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado (20b). O que a lei traz é o

conhecimento do pecado, não o esquecimento dele. Diante de Deus não somos nada, a nossa situação

é de condenados, e não temos como contestar isso. (v. 21) este texto muda tudo, “mas agora”. Com

esta expressão Paulo começa explica como Deus mudou nossa condição através da morte de Cristo

na cruz e nos salvou.

A JUSTIFICAÇÃO POR MEIO DA FÉ. 3.21-31

1 . Uma esperança, v.21, diante desse quadro sombrio, de incapacidade e de condenação,

manifestou-se a justiça de Deus (um modo de salvação) independente da Lei. Um modo que colocaria

em pé de igualdade toda a humanidade, se todos estão debaixo da mesma condenação, o modo de

salvação também será apenas um. V.22 Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, ou seja, Deus

passa a salvar o homem através da fé na pessoa de Jesus Cristo, o nosso substituto, aquele que cumpriu

toda a lei, e que pagou a nossa dívida. Essa graça é indistintamente para judeu e gentio. Se só os

judeus possuíam a lei, agora a graça é para todos.

2 . Uma Sentença, v.23 Todos pecaram, o pecado é universal, atingiu todos os seres humanos

indistintamente, é a herança espiritual de Adão (1Co 15.22). Todos estão encerrados nessa mesma

sentença. E destituídos estão da glória de Deus, estão separados da glória de Deus. O homem foi

criado para a glória de Deus (Is 43.7), O pecado tirou o homem do propósito de Deus.

3. A justificação pela Graça, v.24 Ser justificado é ser declarado justo, aceitável diante de

Deus, é ser restaurado para o seu propósito, para a sua glória. O meio dessa justificação é a redenção

que há em Cristo. Redenção é a libertação efetuada por Cristo mediante o pagamento de um resgate.

O pecado nos prendia e fazia-nos escravos, 6.17, 20. Fomos então libertados desse poder degradante

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e que nos separa da presença de Deus, e o preço pago nesse resgate foi a própria vida do Primogênito

de Deus. Tudo isso é uma expressão da graça de Deus, o homem recebe esse benefício totalmente de

graça e realmente não há como se pagar uma dívida tão grande. 22

4. Jesus a nossa propiciação, v.25 Jesus foi a expiação do nosso pecado, ele tornou propício a

nossa entrada na presença de Deus, aplacando assim a sua ira através do seu sangue. É certo que

esteja aqui em foco o sacrifício do Antigo Testamento, no dia da expiação o sumo-sacerdote aspergia

o sangue do sacrifício no Propiciatório, que era a tampa da arca da aliança que estava no Santo dos

Santos. Quando esse sangue era aspergido os pecados do povo israelita eram perdoados (Lv 16.15).

Então em Cristo está a nossa reconciliação com Deus. Pelo sangue de Cristo Deus fez a propiciação.

A fé nos une a esse plano eterno de salvação. Mediante a fé esse plano eterno atinge todos os povos

em todos os tempos. Deus certamente sempre foi tolerante com o pecador e até que Cristo não pagasse

o preço do pecado para reconciliar o homem, Deus foi paciente. V.26 Se no passado Deus foi

tolerante, hoje ele demonstra sua justiça, hoje sim, ele pode compartilhar com o homem, pois existe

um meio de restabelecimento da comunhão. E a maneira é a fé na pessoa de Jesus Cristo.

5. De quem é a glória? v.27-31 Não devemos nos gloriar em nós mesmos, pois a salvação não

provém de obra alguma e nem das obras da lei. É uma dádiva que a recebemos no exercício da fé. A

justificação é totalmente independente da obediência à lei. Dessa forma o pecado que era

generalizado, atingindo judeus e gentios; agora a salvação também toma um caráter universal: para

judeus e gentios. Deus é um e uniu os povos através da fé na pessoa de Cristo.

A lei não é anulada, ela é incapaz de gerar a salvação.

A glória é toda de Deus que proveu um plano eterno de salvação para reconciliar o homem

consigo mesmo – tudo isso é graça – Somos alvos do seu amor incondicional, não éramos dignos

aprouve a Deus nos salvar segundo sua vontade.

Esta expressão, "Mas agora”, afirma a intervenção de Deus. "Mas agora se manifestou uma

justiça que provém de Deus, independente da lei..." (21a). Paulo revela algo novo, onde o sacrifício

de Cristo é o centro de tudo. Desta revelação "testemunham a Lei e os Profetas" (21b). Fica claro que

a ira de Deus vem sobre quem pratica o mal (1.18; 2.5; 3.5) e fala da graça de Deus, salva o pecador,

dando-lhe a posição de justo. Paulo lança os alicerces para o evangelho da justificação (3.21-26). Em

seguida defende o seu evangelho contra as críticas dos judeus (3.27-31). E, finalmente, ilustra-o

através da vida de Abraão, que foi, ele mesmo, justificado pela fé, tornando-se assim o pai espiritual

de todos os que creem (4.1-25).

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1. A justiça de Deus se revela na cruz de Cristo (3.21-26)

Os versículos 21-26 forma um único texto. A sua expressão-chave é "a justiça de Deus", Aqui,

em 3.21, refere-se a uma justiça que provém de Deus, Deus nos declara justos em sua presença. Ela

é manifestada aos homens por meio da fé, independente de lei. A justiça de Deus se manifestou, uma

referência à morte de Cristo na cruz e a salvação dos que creem. No vesso 22 Paulo diz que a justiça

de Deus vem mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Porque todos têm necessidade

dela, tanto judeus como gentios. Por que todos pecaram (henarton — o passado cumulativo) e estão

destituídos (um presente contínuo) da glória de Deus (23). Essa "glória" {doxa) perderam a referência

à imagem ou glória de Deus, segundo fomos criados mas perdemos por causa do pecado. Pela

primeira vez é apresentada aos homens, "uma justiça que provém de Deus" e é identificada com a

justificação: sendo justificados gratuitamente por sua graça (24a).

Segundo Stott: A justiça de (ou que provém de) Deus é uma combinação entre três elementos:

o caráter justo de Deus, a sua iniciativa salvadora e a sua dádiva, que consiste em conferir ao pecador

a condição de justo perante ele. Trata-se de sua justificação justa do injusto, a maneira justa como ele

"justifica o injusto".

Justificação é um termo legal ou jurídico, extraído da linguagem forense. O contrário de

justificação é condenação. Os dois são pronunciamentos de um juiz. Dentro do contexto cristão eles

são os vereditos escatológicos alternativos que Deus, como juiz, poderá anunciar no dia do juízo.

Portanto, quando Deus justifica os pecadores hoje, está antecipando o seu próprio julgamento final,

trazendo até o presente o que de fato faz parte dos "últimos dias"... Justificar é considerar ou declarar

justa uma pessoa, e não torná-la justa.... Em outras palavras: a justificação (um novo status) e a

regeneração (um novo coração), embora não sejam idênticas, são simultâneas. Todo crente justificado

foi também regenerado pelo Espírito Santo e, dessa forma, destinado à santificação constante....

Portanto, quando Deus diz a alguém: "Você é justo", diz ele, "o pecador é justo, de fato e de verdade,

exterior e interiormente, integral e plenamente ... Em resumo, a declaração de justiça de Deus é ... ao

mesmo tempo e no mesmo ato ... tornar justo. " Desta maneira, a justificação é "o ato único que,

simultaneamente, declara justo e torna justo. ” Nos versículos 24-26, Paulo ensina verdades básicas

sobre a justificação:

a. A graça é a fonte de nossa justificação: Nós somos justificados gratuitamente por sua graça

(24). A iniciativa de justificar o homem provém de Deus somente. Nós, éramos pecadores, culpados

e condenados, sem esperança. Quem deu o primeiro passo, portanto, foi Deus o Pai, e a nossa

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justificação nos veio gratuitamente (dõrean, "como um presente") por sua graça, por seu favor por

seu amor.

b.: Cristo e sua cruz é base de nossa justificação: Sem a cruz, não haveria justificação. A única

razão pela qual Deus "justifica o ímpio" (4.5) é que "Cristo morreu pelos ímpios" (5.6). O justo

morreu pelo injusto, e pagou a dívida. Vejamos como isso ocorreu: Primeiro, diz que Deus nos

justifica por meio da redenção que há em Cristo Jesus (24b). Segundo, Deus o apresentou como

sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue (25a). Terceiro, Ele fez isto para

demonstrar sua justiça ... (25b), isso para demonstrar sua justiça no presente, a fim de ser justo e

justificador daquele que tem fé em Jesus (26). Os termos usados são:

Redenção (apolytrõsis). E um termo comercial. No Antigo Testamento ela era usada para

escravos que eram comprados para serem postos em liberdade. Foram remidos. Igualmente nós,

éramos escravos de nosso pecado e da culpa e incapazes de nos libertar. Mas Cristo nos "redimiu",

nos comprou e nos libertou, derramando, como preço, o seu próprio sangue. Somos propriedade de

Cristo Agora.

Propiciação (hilasterion). É o ato de aplacar a ira divina, ou de tornar Deus propício. Há duas

maneiras de entender o seu significado. A primeira é traduzir a palavra como "propiciatório",

referindo-se à tampa de ouro da arca da aliança que ficava no Santo dos Santos, no templo. Ou seja,

no Dia da Expiação, o sangue do sacrifício era salpicado sobre a tampa da arca, o chamado

"propiciatório". Jesus então seria o "propiciatório" onde Deus e os pecadores são reconciliados. Uma

segunda possibilidade de tradução para hilastèrion é "uma expiação". No grego secular o verbo

hilaskomai significa "aplacar" na Septuaginta o objeto desse verbo não é Deus, mas o pecado.

Portanto, o seu significado não seria "propiciar" Deus, mas sim "expiar" o pecado, isto é, anular o

pecado ou acabar com a profanação. Nós não podemos aplacar a ira de Deus, mas Deus, por amor

sem que o merecêssemos, fez por nós.

O professor Cranfield fala sobre "A Morte e

Ressurreição de Jesus Cristo". Conforme o seu

argumento, o propósito de Deus ao fazer da morte de

Jesus Cristo um sacrifício de propiciação foi para

"que ele pudesse justificar os pecadores justamente,

isto é, de uma maneira tal que fosse inteiramente

digna do seu caráter de Deus verdadeiramente

amoroso e eterno". Pois, caso ele se limitasse a

meramente perdoar os pecados deles, estaria com isso

"comprometido com a mentira de que a maldade

moral não importa e, dessa forma, estaria violando a

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sua própria verdade e zombando dos homens,

proporcionando-lhes uma certeza vazia e mentirosa

que eles, na sua total humanidade, acabariam

descobrindo ser uma miserável fraude." STOTT,

John, p.65

Demonstração (endeixis). Afinal a cruz foi uma demonstração ou revelação pública, assim

como uma conquista. Ele fez isto para demonstrar sua justiça ... (25b); ... isso para demonstrar sua

justiça ... (26a). O apóstolo Paulo estabelece as diferenças entre o pecado e a graça de Deus... os

pecados anteriormente cometidos, os quais em sua tolerância, havia deixado impunes (25b), e o

tempo presente, no qual Deus agiu a fim de ser justo e justificador (26a). Ou seja, Deus em sua

misericórdia permitiu que as nações seguissem os seus próprios caminhos de pecado, com a intenção

de, na plenitude dos tempos, dar a esses pecados o devido preço por meio da morte de Jesus Cristo.

Assim ele podia, ao mesmo tempo, ser justo, demonstrar a sua justiça e ser justificador daquele que

tem fé em Jesus (26b). A justificação seria impossível sem a cruz. Através da morte de Cristo, Deus

aplacou a sua ira. A cruz deveria ser o bastante para quebrantar o mais duro e derreter o mais

insensível dos corações. Isso nos leva a pergunta, por meio de quê somos justificados? Por meio da

fé: mediante a fé em Jesus Cristo para os que creem (22); mediante a fé pelo seu sangue (25) A

justificação é somente pela fé, somente em Cristo, somente através da fé.

Dizer que a salvação é "por fé, e não por obras", não é colocar mérito pessoal, pois até a fé vem

de Deus. Dizer que a "justificação é somente pela fé" é dizer que a "justificação é somente por Cristo".

A justificação que vem de Deus pela fé, é graça de Deus, é a base do evangelho que só o cristianismo

oferece. Nenhum outro sistema, ideologia ou religião proclama um perdão gratuito e uma nova vida

para aqueles que nada fizeram para merecê-los. O evangelho é a boa nova da graça de Deus porque

seu Filho morreu em nosso lugar e tirou nossa condenação que era certa. Recebemos a graça por fé e

isso não vem de nós é dom de Deus.

ABRAÃO, JUSTIFICADO PELA FÉ (CAPÍTULO 4)

O Patriarca Abraão é tomado como exemplo da justificação pela fé, certamente que não poderia

haver exemplo maior. O capítulo três termina com a exposição da justiça pela fé, dar-se a entender

que os cristãos judeus têm dificuldades de compreensão. Paulo então explica que a justificação

sempre foi pela fé. Não há contradição entre o texto de Romanos e Tiago 2.21-23, Romanos 4, diz:

“Abraão foi justificado pela Fé e não pelas obras”; Tiago diz: “Abraão foi justificado pelas obras”. O

assunto tratado por Paulo em Romanos é a justificação pela fé, e o assunto de Tiago é a fé que gera

obras, as obras é resultado da fé. A pessoa olhada pelos dois escritores era a mesma, mas o evento era

distinto. Em Romanos 4, Paulo fala da promessa de uma grande descendência quando Abrão ainda

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não tinha filho, e da aliança firmada. Tiago se refere ao evento em que Deus pede Isaque em sacrifício

e Abraão o dá, mas sem ser consumado, pois Deus aceitou a fé de Abraão.

Obras ou Fé, 4.1-8

(V.1) O apóstolo usa muito "perguntas e respostas", formuladas por ele e respondidas por ele

mesmo. Essas perguntas, 2. Abraão é o progenitor do Messias e é apresentado como pai dos judeus. Nos

dias de Jesus os judeus enalteciam a Abrão como exemplo de justificação pelas obras, mas Paulo afirma

que a ele, Abraão, também foi dada a justificação pela fé (Gl. 3.6-9). Se o que Abraão fez foi com o

esforço próprio, ele tem todo o direito de gloriar-se em si mesmo e não em Deus e, portanto, a referência

3.27 não serve para ele. Mas não foi assim, Abraão creu em Deus e está fé (que é um tipo de obra) foi o

instrumento de sua justificação (v.1). 1 . Se for pelas obras, não teria motivo de se gloriar diante

de Deus, v.2 Porque não pelas obras? “Para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). O pecador separado de

Deus não tem condições de buscar ou produzir a sua própria justificação. Não há nada que o homem

possa fazer para receber a justificação de Deus. Abraão creu em Deus, v.3 “Abraão creu em Deus e

isto lhe foi creditado como justiça” (Gn15.6), é uma citação do Antigo Testamento. Este era o

momento em que Deus lhe promete um filho e uma descendência e faz com ele uma aliança, Abraão

creu na promessa de Deus. (Gn 15.1-21). Abraão estava sem lei para observar, nada do que tinha eito

lhe creditava justiça perante Deus, ele tinha apenas a fé mediante a promessa de Deus. Nos versículos

4-5, a palavra usada é "creditar" — ou, mais especificamente, "é creditado" (logizomai) — ele repete

isso por cinco vezes nos versículos (3-8). Quando creditar é usado num contexto financeiro ou

comercial, significa colocar alguma coisa na conta de alguém, um exemplo é descrito no texto sobre

Onésimo a Filemom: "Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta,

há duas maneiras de adquirir crédito: 1- como salário (recompensa pelo que fiz) 2- como presente

(recebo sem ter feito nada para isso) Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como

favor, mas como dívida (v.4). Pelo contrário, ao homem que não trabalha, mas confia em Deus que

justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça (v.5). Entre estes dois versos 4 e 5, o "creditar a

fé como justiça" é uma dádiva gratuita, sem merecimento, e não um pagamento pelo qual se trabalhou,

este credito de Fé que justifica é dado a pessoa que confia e não a que fez algo para merecer. A fé não

é uma alternativa para a justiça, mas sim o meio pelo qual nós somos declarados justos. Note o termo

"imputar" (logidzomai). Se alguém trabalha com seus próprios esforços, a recompensa não é graça, mas

é dívida por parte daquele que recompensa. Portanto, se Deus tem que justificar o pecador por ter este se

esforçado em fazer o bem, Deus não é gracioso, apenas está pagando uma dívida. Do contrário, aquele

que reconheceu que nada poderia fazer, mas creu no modo de justificação oferecido por Deus, esta fé é

atribuída por Deus como justiça (v.2-5). Nos versículos 6, 7, 8 A imputação da justiça, a absolvição

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dos pecados é uma graça, uma bem-aventurança doada por Deus ao pecador, nem é buscada e nem é

merecida, é dada por Deus. Paulo muda de Abraão para Davi. Faz menção de Salmo 32.1-2.

Creditando de forma direta a justiça de Deus (v.6). Deus é o agente da graça; no entanto não apresenta

a "fé como justiça", mas a própria "justiça”. Nossas transgressões são perdoadas, nossos pecados

são cobertos e nosso pecado o Senhor jamais leva em conta (7-8). Ele não leva em conta os nossos

pecados, mas, Deus os perdoa e cobre. Este texto refere-se ao arrependimento de Davi após o adultério

com Bateseba (Sl 32.1-2). O crente que peca precisa do perdão dos pecados para ter comunhão com

Deus (1 Jo 1.5-7), mas isto não é o mesmo que justificação, que não acumula nenhum tipo de registro de

pecados, pois estes foram resolvidos de uma vez por todas (passado, presente e futuro). Na justificação

há o lado positivo, em que a justiça é atribuída independente das obras; e há o lado negativo, em que os

pecados não são colocados na conta, no débito do pecador (Fp 3.9) (v.6-8). Deus justificou Davi sem

qualquer exigência que ele pudesse cumprir, pois o ato já havia sido consumado e Urias já tinha sido

morto, sendo que Davi não tinha nem sequer maneira de ressarcir o dano moral. Deus considerou Davi

como justo, embora a "espada nunca se apartou de sua casa".

A CIRCUNCISÃO NÃO JUSTIFICOU ABRAÃO (9-12)

Paulo pergunta i incialmente se Abraão foi justificado pelas obras ou pela fé (1-3). Depois se a

bem-aventurança da justificação se destina somente aos circuncisos (os judeus) ou também aos

incircuncisos? (v.9a). E faz outra pergunta; Ele foi justificado antes ou depois de ter sido

circuncidado (10a)? Paulo responde em seguida: Não foi depois, mas antes! (v.10b). Está registrada

sua justificação em Gênesis 15 e sua circuncisão em Gênesis 17, e pelo menos quatorze anos há entre

os dois momentos. Abraão recebeu a circuncisão como sinal, selo da justiça que ele tinha pela fé,

quando ainda não fora circuncidado. Deus chamou de "sinal da aliança" por ele estabelecida com

Abraão. Assim a circuncisão era um sinal que separava a nação judaica dos gentios, em uma perfeita

aliança com Deus. Era um selo que iria autenticá-los como povo justificado de Deus. Primeiro ele

recebeu a justificação pela fé, enquanto ainda era incircunciso. Depois recebeu a circuncisão como

um sinal visível e como selo da justificação que já tinha. Abraão é o pai de todos os crentes, quer

judeu, quer gentio independentemente de serem ou não circuncidados. A fé uni o que a circuncisão

havia separado.

Abraão não foi justificado pela lei (13-17)

Abraão além de ser justificado antes da circuncisão, foi justificado antes da Lei, também. Abraão

foi justificado crendo na PROMESSA de Deus e não em obediência à Lei de Deus. A Lei foi dada não

para salvar os homens, mas para mostrar aos homens que estes necessitam de serem salvos. Se Abraão

alcançou a promessa pela Lei, então a fé e a promessa são anuladas. Se a justificação fosse baseada na

Lei, todos estariam perdidos, pois a lei somente acentua o pecado, pois sendo que há Lei, o infrator é

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culpado (v.13-15). A justificação não é pelas obras, nem pela circuncisão, nem pela lei. Como a

promessa de Deus chegou a Abraão e a sua descendência? Resposta: Não foi mediante a lei ..., mas

mediante a justiça que vem da fé (v.13). Neste verso, Paulo apresenta a promessa de Deus de maneira

que Abraão seria o herdeiro do mundo (v.13). A herança prometida era a de Canaã e não o mundo.

É porque Deus prometeu que "todas as nações da terra" seriam abençoadas em Abraão e isto o correu

em Cristo Jesus cumprindo a promessa herda pela fé e não pela lei. Abraão recebeu a promessa de

Deus, de ter um filho, de ter uma grande descendência e de uma terra, mas essa promessa não foi

baseada ou recebida pela lei e sim pela fé. A fé é o meio, o modo de tomar posse da herança. É óbvio

que está implícito a promessa de um filho, Isaque, o filho da promessa, com quem Deus iria desenrolar

todo o seu plano, e não com o filho da escrava: Ismael, que fora adquirido pela própria vontade e a

partir dos recursos naturais (Gl 4.21). A fé que legitima a promessa e nos torna herdeiros da promessa

de Deus. V. 15. A lei produz a ira, é que a lei faz ressaltar o pecado e o pecado atrai a ira de Deus,

1.18. Sem a lei não há transgressão. V.16 Deus estendeu o modo da fé para estender sua promessa

aos homens, e o próprio Deus chamou esse modo de Graça, não levando em consideração o que

homem faz, mas observando a fé apenas e mais nada. Essa graça é para toda a descendência de

Abraão: Os que estavam debaixo da lei e aqueles que exercem a fé a exemplo de Abraão, pois todos

são filhos de Abraão. V.17 Deus o constituiu pai de muitas nações (Gn 17.5), essa promessa extrapola

uma descendência natural, mas já apontava para uma descendência espiritual. Nessa promessa Deus

estava dando existência a Israel o povo do Antigo Pacto e a Igreja. A Nova Aliança, a Graça, existia

apenas no plano eterno de Deus, mas agora em Abraão estava sendo chamada à existência.

A fé de Abraão na promessa de Deus, v.18-22 Abraão contra toda a esperança creu. A

promessa era a de uma grande descendência. Mas Abraão não tinha filho e sua esposa Sara era estéril

e também ele já tinha avançada idade. Aos olhos humanos era impossível, mas ele acreditou. V.19

Não se enfraqueceu na fé, não duvidou. A dúvida é o contrário de fé que é certeza (Mc 11.23). Ele

estava ciente de todas as impossibilidades: esterilidade de Sara, sua idade de quase cem anos. E assim

Abraão não duvidou com incredulidade, em relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua

fé e deu glória a Deus (20). Contrastantes:

Incredulidade (apistia) e fé (ipistis). Se Abraão tivesse cedido à incredulidade, ele teria

"enfraquecido" ou entrado "em conflito" (diakrinõ). Não se enfraqueceu mas fortaleceu-se

através de sua fé. E assim ele glorificou a Deus, deixando que Deus fosse Deus e confiando que Deus

não iria faltar com a sua promessa (V.20) Abraão não duvidou da promessa de Deus, fé é confiança

em Deus independente de quaisquer outras coisas. Essa é a fé que glorifica a Deus, aquela que é

direcionada a Ele mesmo. V.22 Ele entendeu pela fé a capacidade de Deus para concretizar sua

promessa, em resposta a essa atitude de inteira fé, Deus credita justiça a ele (Gn 15.6), a atitude de fé

agrada a Deus (Hb 11.6), fé é um reconhecimento do nosso ser que Deus é soberano e é um ato de

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submissão e entrega de nossa alma aos seus cuidados. Paulo conclui este capítulo aplicando a todos

os crentes as lições de fé de Abraão. Vejamos: “lhe foi creditado" não foram escritas apenas para

ele, mas também para nós (23-24a) hoje. Assim o mesmo Deus que creditou fé a Abraão como justiça

creditará justiça também para nós, que cremos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso

Senhor (24). Tanto Abraão como nós fomos justificados pela fé. Todos os creram em todos os tempos.

O Deus que salva não é só de Abraão, Isaque e Jacó; ele é também o nosso Deus e Pai de nosso

Senhor Jesus Cristo, o qual foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa

justificação (25).

A PAZ COM DEUS. ADÃO E CRISTO (CAPÍTULO 5)

A.A Paz Com Deus Mediante A Fé No Senhor Jesus Cristo Fortalece O Crente - 1-2a

Paulo já forneceu toda a teologia da justificação. A partir de agora, mostra como esta justificação

se aplica na vida do crente, qual efeito tem esta justificação. A justificação mediante a fé nos

proporciona a paz com Deus. Éramos inimigos de Deus (Tg 4.4) e filhos da ira (Ef 2.3), agora fomos

aproximados através de Jesus Cristo. Essa paz com Deus exprime o novo tipo de relacionamento, em

que a ira de Deus é apaziguada já que fomos justificados. Todos os pecados são perdoados. Não há

mais nada na vida do crente que faça Deus ficar irado. Não há mais nenhum acerto a fazer quanto aos

pecados. Agora o crente está em paz com Deus, acabou a "guerra" que havia. O crente agora está

reconciliado com Deus. Antes Deus não poderia aceitá-lo, mas agora o crente tem acesso a Deus (Jr

30:21). (v.1). O crente está fortalecido neste acordo de paz. Não foi o crente quem pediu este acordo de

paz, mas o próprio Deus, ofendido, justificou o pecador e o acordo não foi feito com o pecador

diretamente, mas com o próprio Filho Jesus Cristo. Esta paz é duradoura e não é apenas uma trégua. A

glória de uma pessoa está sempre no motivo pelo qual dedica sua vida. A nossa glória está no motivo de

nossa vida como salvos: a esperança em Cristo Jesus. Gloriar-se na esperança que há em Cristo Jesus é

gloriar-se no alvo certo, pois fora dessa esperança não há glória, sendo que todas as glórias deste mundo

são passageiras. Não há como se gloriar em Cristo e ao mesmo tempo ensoberbecer-se, pois para gloriar-

se na esperança é necessário passar por um processo (v.2).

C.A Bênção Da Tribulação - 3-5

5.A esperança não é obtida no coração de alguém de modo muito simples. Há uma sequência:

Tribulações, Paciência por causa das tribulações, a paciência produz o caráter ideal para o crente (isto é

experiência), e finalmente, o resultado, a esperança colocada no coração. Diferente do que as demais

experiências, a esperança não confunde e não envergonha, pois é alicerçada no amor de Deus (Is 28.16).

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Vemos que a experiência não é simplesmente a soma dos anos de existência, mas é a paciência

produzida durante e após as tribulações. Também, vemos que a esperança não é "fabricada" ou recebida

gratuitamente, mas é o resultado de batalhas na vida cristã, para então ficar gravado no coração, caso

haja vitórias nessas batalhas. As lutas trabalham PARA o crente e não CONTRA o crente. Os caminhos

normais da vida cristã são tribulações, a falta destas é anormal para a vida cristã (At 14.22, 1 Ts 3.3). AS

tribulações — ou "sofrimentos" mencionadas aqui não são experiências, provações e tribulações" de

nossa vida terrena, ou seja, nossas dores e penas, temores e frustrações, privações e desapontamentos.

No grego é thlipseis ("pressões") e refere-se a oposição e perseguição por parte de um mundo. Jesus

preveniu seus discípulos de que "neste mundo" eles teriam "aflições” (thlipsis), e Paulo, advertiu os

crentes dizendo: "é necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de

Deus". As tribulações não têm em si virtudes para aperfeiçoar ninguém, mas com a ação do Espírito

Santo no coração, é possível desenvolver caráter cristão em meio às provações. Prova de que as

tribulações são neutras em si mesmas, é o fato de alguém glorificar a Deus em meio ao sofrimento,

enquanto outro murmura contra Deus e as situações (v.5). O sofrimento conduz à glória, ele leva à

maturidade. O sofrimento pode ser produtivo, se a ele reagirmos de forma positiva. A Esperança nos

da certeza de nosso destino futuro, e tem como base o amor que Deus derramou em nossos corações

através do Espirito Santo, e este amor continua habitando em nós. (v.5)

Paulo nos descreve é que nós ainda éramos fracos (v.6a); éramos incapazes de resgatar a nós

mesmos. "Pecadores", "ímpios", "inimigos" e "fracos” ele acrescenta: Dificilmente haverá alguém

que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer (7). Mas Deus

demonstra seu amor por nós (um amor bem distinto de qualquer outro amor, um amor que é peculiar

ao próprio Deus) pelo fato de Cristo ter morrido em nosso favor quando ainda éramos pecadores

(nem bons, nem justos, mas ímpios, inimigos e fracos) (8). Foi somente a graça de Deus sermos

alcançados, pois éramos completamente fracos, inabilitados para sair daquele estado e Cristo morreu por

nós, tirando-nos do estado de perdição. O que Cristo fez, alguém poderia imitar, mas de modo muito

ineficiente, devido ao propósito (de nada serviria) e devido à motivação (somente se fosse por um justo).

Paulo não está incentivando ninguém morrer, ainda que por um justo; e também não está condenando

alguém por não morrer por um injusto, simplesmente está ilustrando e, todos devem saber que ilustrações

são fracas se levadas muito enfaticamente. Cristo morreu "a seu tempo", ou seja, no tempo devido. Isto

concorda com Gl 4.4-5, 1 Tm 2.6 e Rm 3.26 (v.6-8).

O amor incondicional, (v.8). Esse versículo revela aquilo que há de mais maravilhoso no

universo: O Amor de Deus. Deus deu provas desse seu amor, e a prova foi a doação de Cristo o seu

até então Unigênito, e a submissão do Cristo a essa missão salvadora, pois ele seria a oferta redentora.

Podemos afirmar certamente que toda a obra redentora inicia-se no amor de Deus que o motivou a

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colocar em prática todo o plano eterno de salvação. Quando éramos pecadores, não havia nada de

bom em nós para que o motivasse a agir em nosso favor. Os motivos todos estavam em Deus. Se

Abraão foi justificado antes da circuncisão, Deus deu o seu Filho para nos justificar quando éramos

pecadores. (V.9) Agora depois de justificados pelo seu sangue, seremos livres da ira. A ira é a justa

retribuição do pecado, já que fomos perdoados dos nossos pecados, não há mais lugar para a ira de

Deus em nossas vidas e sim para o seu amor e graça. Sendo justificados (tempo presente) …seremos

salvos da ira (futuro) o mais provável que Paulo esteja se referindo a ira futura de Deus que é a

condenação eterna. Se antes fomos alvo do amor de Deus, sendo injustos, muito mais agora,

considerados como justos, somos atenção especial de Deus, salvos de Sua ira. É importante ter em mente

que ninguém é reconciliado com Deus, salvo da Sua ira com orações e mudança de comportamento, mas

somente baseados na Morte de Cristo. ”Esta é a primeira menção do verbo salvar, na epístola. Aqui

salvação é o objeto da esperança. (v.9). (V.10) Quando éramos inimigos fomos reconciliados, essa

reconciliação foi gerada pelo próprio Deus e não por nós. Foi através da morte de Cristo. E no presente

momento já reconciliados, já gozando da vida diante de Deus, seremos salvos pela sua vida. Se o

texto anterior se refere a um livramento da ira futura, então seremos salvos pela vida de Cristo. Jesus

é quem garante nossa salvação: nos salva, nos sustenta e conclui em nós a sua obra, (Fp 1.6). v.11

Nossa glória, nossa alegria está em Deus, por causa de Jesus, o meio da reconciliação. Jesus que é

homem e Deus, reconciliou o homem com Deus. Ele realmente é o motivo da nossa glória. Adão

prefigurava Jesus (1Co 15.45-49). Nós recebemos a reconciliação e não Deus. Deus que nos reconciliou

consigo mesmo. Portanto, Ele planejou e Ele mesmo executou Seu plano, nós fomos agraciados e

reconciliados. Estes versículos provam a nossa segurança e é o motivo da paciência do crente em meio

às tribulações, pois ele sabe que está guardado pelo Senhor, pelo Seu amor. Reconciliação não é a

Salvação propriamente dita, nem mesmo a Justificação em si, mas é o resultado da Justificação. A

Justificação proporcionou a oportunidade única para o pecador de ser considerado justo por Deus e

tornar-se Seu amigo (v.10-11).

Em Adão o pecado entra no mundo, v.12. Quando lemos o VT nada percebemos sobre o

pecado e a morte transferidos de Adão para toda a humanidade. Este princípio se aprende apenas no NT

e este é o texto mais claro sobre o assunto. Os comentaristas nem sempre estão de acordo entre si sobre

este princípio difícil de explicar. Alguns acham que o "pecado original" nada mais é do que os pecados

particulares vistos de modo coletivo, outros afirmam que Adão pecou e todos se tornaram também

pecadores, pois todos estavam "em Adão”. Adão o primeiro homem foi a porta de entrada do pecado

no mundo. A desobediência a uma lei de Deus gerou o pecado e a consequência direta do pecado foi

a morte que atingiu todos os homens. O pecado e a morte se tornaram uma herança a partir de Adão

e todos os homens nascem nessa condição de pecadores e separados de Deus. A morte é sem dúvidas

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a separação de Deus (Ef 2.1), a destituição da glória, é a queda da vida proposta por Deus. O estado

de pecado é o estado de morte, separado de Deus. Sendo que todas as pessoas no mundo morrem deve

haver uma razão para isso. O verso afirma que o pecado é a razão da morte no mundo. Até agora Paulo

estava tratando da CULPABILIDADE pessoal e a questão dos pecados; a partir de 5.12, Paulo lida com

a questão do pecado e ao estado espiritual da raça de Adão. A questão que se segue não é o que

acontecerá ao homem se não se arrepender de seus pecados pessoais, mas o estado presente do homem,

isto é, a condição da raça humana, independente dos pecados de cada um. Não “pois todos pecaram” ou

“porque todos pecaram”, mas “por isso todos pecaram” (v.12).

”... como sabemos que estamos unidos a Adão

em uma mesma raça? A resposta está em Rm 5.12-14

e o argumento é este: Sabemos que todos os homens

morrem. Mas a morte [não] é o resultado da

desobediência à Lei. Não havia Lei de Adão até

Moisés, mesmo assim, os homens morriam. Quando

Adão pecou, ele morreu. Os descendentes de Adão

morreram (Gn 5), ainda que a Lei não tivesse sido dada.

Eles morreram por causa do pecado de Adão. ‘Por isso

que todos pecaram’ (v.12) significa ‘todos pecaram no

pecado de Adão’. Os homens não morrem por causa de

seus próprios pecados; pois se assim fosse bebês não

deveriam morrer (Rm 9.11). Os homens morrem

porque estão unidos numa mesma raça com Adão, e

"em Adão todos os homens morrem" (1 Co 15.22). ”

(Wiersbe, pg.54-55) (v.13-14).

Adão e Cristo comparados (12-14)

A melhor tradução do versículo 12 seria: Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no

mundo por um homem, e pelo pecado a morte, e desta forma (kai houtos) a morte sobreveio a todos

os homens, porque todos pecaram. O assunto do versículo 12 é o pecado e a morte, e é mostrado das

seguintes maneiras: 1- O pecado entrou no mundo por um homem, isto é, por meio de sua

desobediência. 2- A morte entrou no mundo pelo pecado. Refere-se a Gênesis 2.17 e 3.19, onde se

diz que a morte (tanto física como espiritual) foi a penalidade dada para a desobediência (cf. 1.32;

6.23). 3- Assim também a morte sobreveio a todos os homens, porque todos pecaram (12). Afetou

toda a raça humana, a morte sobreveio a todos os homens, porque todos pecaram? Em que sentido

todos pecaram, de forma que todos morrem? Todos pecaram em e com Adão. O versículo 15 decide

a questão: muitos morreram por causa da transgressão de um só. Ou seja, a morte universal é

atribuída a um só e único pecado. (v.13). Até a lei havia pecado, mas não era levado em conta. Na

verdade, a lei não gera o pecado, ela estabelece o que é e o que não é pecado. A partir do momento

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que é estabelecido o que é pecado, a lei faz evidenciar um pecado existente. v.14 A morte reinou de

Adão a Moisés, ou seja, desde a queda até a instituição da lei mosaica. O pecado ficou “camuflado”,

pois, não havia lei para mostrá-lo. O pecado existia mesmo sem a lei, mas ele não era ressaltado. Não

havia um parâmetro que mostrasse o que era e o que não era pecado. Era como uma doença sem

diagnóstico, que continua corrompendo sem ser medicada.

Paulo encerra este parágrafo (vv. 12-14), no qual ele se concentrou no pecado de Adão e em

sua morte, com a mais breve alusão possível à figura correspondente de Cristo. Adão, era tipo daquele

que haveria de vir (14b), o Esperado, o Messias. Chama Adão de o tipo de Cristo, a quem ele

"prefigurava". Observe o final do v.14 onde diz que os homens morrem desde Adão até Moisés, "mesmo

sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão". Adão é uma figura daquele que

viria, Jesus Cristo. Adão é um tipo de Cristo no que se refere à representatividade da raça humana.

Em Jesus Cristo entra a graça no mundo, v.15 - 19. Não há comparação entre o pecado e a

graça, a graça é algo sublime que redime o homem. Se através de um entra o pecado e a morte, através

de Cristo a graça e a vida. Um único pecado atingiu todos os homens levando-os à morte, mas a graça

se manifestou muito mais abundante de forma que perdoa muitos pecados justificando o pecador. Um

único pecado foi capaz de atingir e gerar morte em todos, mas a graça é poderosa para justificar não

apenas esse pecado de Adão, mas também todos os pecados cometidos por uma pessoa. Se por um

pecado reinou a morte, muito mais os que receberam a abundância da graça e o dom da justiça,

reinarão em vida através de Jesus Cristo. A abundância da graça é maior que o pecado; o dom da

justiça é maior que a condenação, então, reinarão em vida por meio de Jesus Cristo. Por uma só ofensa

veio o juízo de Deus sobre o homem condenando-os. Através de um ato de justiça e graça veio a

justificação que garante a nossa paz com Deus, e a vida eterna. Através de um homem todos se

tornaram pecadores, através de Cristo muitos são feitos justos. Alguém que nasce, está "em Adão",

portanto é um pecador; quando passa a pecar, está confirmando seu estado de pecador "em Adão" e se

torna um "pecador". Por causa da desobediência de Adão muitos morreram; por causa da obediência de

Cristo a graça de Deus abundou sobre a vida de muitos. Embora a tradução esteja correta, devemos

entender que "muitos" refere-se a "todos" do v.12. O contraste que há entre o dom gratuito e a ofensa (o

pecado de Adão) é que enquanto o pecado de Adão trouxe a morte aos homens, o dom gratuito de Deus

traz não só a vida física, mas a vida espiritual em abundância (v.15-17). O versículo 18, fala dos

resultados da obra de Adão e de Cristo, ou seja, a condenação e a justificação. Analise: da mesma

forma que o resultado de uma transgressão foi a condenação para todos os homens, assim também

o resultado de um ato de justiça foi a justificação que traz vida para todos os homens.

v.20, 21 A lei foi dada para que a ofensa abundasse, para que aparecesse e assim aconteceu: o

pecado abundou, mas a graça foi muito maior porque é capaz de justificar a quem Deus quiser. A

finalidade de tudo isso é para que o pecado que condena desse lugar a graça que traz a justiça de Deus

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por meio de Jesus Cristo. O propósito de Deus é que assim como o pecado reinou na morte, também

a graça reine pela justiça para conceder vida eterna (21).

O estar em Cristo é bem apresentado por Paulo quando diz: "o reino da graça". Porque ela, a

graça de Deus em Cristo, perdoa os pecados por intermédio da cruz, nos concedendo justificação e

vida eterna. A graça santifica os pecadores, moldando-os segundo a imagem de Cristo. E um dia a

graça irá destruir a morte e consumar o reino. Assim, quando estivermos convencidos de que "a graça

reina", vamos lembrar que na presença de Deus está um "trono de graça" e por ela receberemos

misericórdia por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. ”. Nossa justificação é o resultado de uma viva

união com Cristo. E esta união deve resultar em um novo tipo de vida, uma vida justa de obediência a

Deus. Nossa união com Adão faz-nos pecadores; nossa união com Cristo capacita-nos a ‘reinar em vida’.

” (Wiersbe, pg. 57)

MORTOS PARA O PECADO (CAPÍTULO 6)

Do Pecado à Santificação

Assunto: Esse é de fato um capítulo importantíssimo, pois, nos revela implicações entre o

crente e o pecado. É aqui que veremos que sobre o justificado o pecado não tem mais poder, porque

o ser escravo do pecado morre quando justificado, e morrendo se liberta do poder que o prendia. E

vive agora para pertencer a outro, a saber: Cristo. Se Cristo morreu por nosso resgate, nós também

morremos e nos identificamos com ele, para também nos identificarmos com sua vida. A crucificação

do crente com Cristo

Poder Libertador da Graça de Deus

Objeções respondidas, 6.1-3 Paulo faz algumas objeções que porventura poderia passar na

mente daqueles que o questionavam a respeito de sua mensagem:

O Pecado e a Graça: Vamos pecar para que a graça aumente? Já que afirmara que onde

abundou o pecado superabundou a graça. Então a permanência no pecado iria gerar mais graça.

Obviamente que essa é uma afirmativa contrária ao plano de Deus. A resposta é não, pois morremos

para o pecado. O ser escravo do pecado, condenado e separado de Deus morreu, agora vive um novo

ser em Cristo (2Co 5.17).

Paulo começa rejeitando a ideia de que a graça de Deus nos dá licença para pecar. Que diremos

então? Continuaremos pecando para que a graça aumente? (v.1) de maneira nenhuma! (2a). Por que

fala assim? Existia uma ideia de que quanto mais pecamos, mais oportunidade Deus tem de manifestar

sua graça. Veja como Paulo defende seu pensamento:

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1- Nós morremos para o pecado. É este o fato fundamental da tese de Paulo. Como

podemos viver naquilo para o qual já morremos (2)?

2- Como foi que morremos para o pecado? Foi através do nosso batismo, que nos uniu a

Cristo em sua morte (3).

3- Já que nós participamos na morte de Cristo, Deus quer que compartilhemos também

da sua vida de ressurreição (4-5).

4- Nosso velho eu foi crucificado com Cristo a fim de que pudéssemos ser libertados da

escravidão do pecado (6-7).

5- A morte e a ressurreição de Jesus foram, tanto uma como a outra, eventos decisivos:

ele morreu de uma vez por todas para o pecado, mas vive continuamente para Deus (8-10).

6- Nós precisamos nos dar conta de que agora somos aquilo que Cristo é, ou seja, estamos

"mortos para o pecado, mas vivos para Deus" (11).

7- Já que fomos vivificados da morte, devemos oferecer os nossos corpos a Deus como

instrumentos de justiça (12-13).

8- O pecado não pode nos dominar, pois a nossa situação mudou radicalmente: já não

estamos "debaixo da lei", mas "debaixo da graça". A graça não encoraja a prática do pecado,

pelo contrário, ela o baniu (14). (STTOT, Jonh, Análise de Romanos, p.99)

Paulo fala que morremos para o pecado. Como já sabemos a morte implica em: cortar relações,

separar-se, libertar-se do poderio, obter vitória sobre, colocar um ponto final, não ser mais dominado,

etc. (v.1-2). Esta morte para o pecado resulta numa transformação da mente e também, há uma

transformação na vida prática, ou seja, na ética do crente. A vida moral melhora visivelmente. Mas neste

ponto levantamos uma questão: Paulo está apresentando o IDEAL para a vida cristã ou uma

REALIDADE para todo crente? Podemos responder que é um ideal, sim, e também é uma realidade que

ocorre na vida de todo o crente. Morremos para o pecado por meio da crucificação com Cristo Jesus.

Esta morte com Ele é um batismo espiritual.

O Batismo: Nós fomos batizados na morte de Cristo (3) Ou vocês não sabem que todos nós,

que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? (3). Os que querem pecar

livremente, estão ignorantes ao significado do batismo. Para o apóstolo, batismo significa batismo

nas águas, o Novo Testamento fala de outros tipos de batismo, por exemplo, o batismo "com fogo” e

o batismo "com o Espírito". Muitos não aceitam que Romanos 6 fale do batismo nas águas, por que

temem não querem dar a entender que Paulo estaria ensinando a "salvação pelo batismo", Paulo nunca

ensinou isso, nem acreditava assim. O batismo significa a nossa união com Cristo, ele nos une com

Cristo. Daí o uso da preposição eis (que significa algum movimento "para dentro de"). Ser batizado

em Cristo significa entrar em um profundo relacionamento com ele, tanto quanto os israelitas, " em

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Moisés", foram "batizados na nuvem e no mar". Muitos ignoram que fomos batizados em Cristo, em

sua morte? 6.3. Logo pós a conversão de alguém, era professada a fé, e batizado. O batismo é um ato

público em que declaramos a nossa fé, a nossa submissão e sujeição a Deus. Paulo associa o ato de

imergir com o sepultamento. Se Cristo morreu pelos nossos pecados, nós também morremos e somos

sepultados para o pecado que nos dominava. Dessa forma nos identificamos com Cristo em sua morte.

E se Cristo ressuscitou para nossa justificação 4.25, nós também vivemos agora uma nova vida. No

batismo, então, nos identificamos com Cristo, pois é uma ordenança sua, (Mc 16.16). v.5 Há uma

identificação com Cristo na morte pelo batismo e haverá também na ressurreição. Jesus ressuscitou

dentre os mortos, e a grande promessa para os salvos é a ressurreição, à semelhança de Cristo (Co

15.20). v. 6, 7 Foi com ele crucificado o velho homem. A velha natureza, a carnal, aquela caída

marcada e dominada pelo pecado morreu, e é isso que o batismo transmite. Está crucificada com

Cristo (Gl 2.19; 6.14). Essa é a mensagem da cruz: de morte. No centro do evangelho está a morte, o

nosso senhor passou por ela em nosso favor, portanto, de nós é “exigido” a morte. Não haverá

salvação sem morte. A morte para nós é um meio de libertação do pecado que nos prendia. Um

escravo morto não tem mais senhor. Lembrando que não é a morte física que nos proporciona essa

libertação e sim a morte da natureza pecaminosa que ocorre no ato da justificação. Morte pelo batismo

é um ato de fé, obediência e submissão, que nos faz identificar com Cristo como um resultado de sua

graça sobre nós. V.8-11 Se morremos com ele, ressuscitaremos com ele, a identificação não será só

na morte, mas também na ressurreição, não em parte, mas completa. A ressurreição de nosso corpo

será de fato a concretização futura da salvação: a Glorificação que é o alvo de Deus. A morte não tem

mais poder sobre o Cristo ressuscitado, vive para sempre. E nós também morremos para o pecado e

ressuscitamos para a nova vida, portanto, a morte e o pecado não têm mais poder sobre nós. Vivemos

para Deus. Consideremos, portanto, mortos para o pecado e vivos para Deus. A morte de Cristo é

historicamente provada, a nossa morte com Ele não é fato histórico que pode ser provado, mas é princípio

de fé para ser crido. Os v.9-10 reafirmam este princípio do domínio total, pois Cristo morreu só uma vez

e viveu para Deus. A nossa crucificação com Cristo aconteceu uma só vez, também. O que é repetido na

experiência diária é o "considerar-se", ou seja, a cada dia devemos considerar-nos mortos para o pecado

("morrer a cada dia").

Esta é a consideração fundamental da vida cristã.

Primeiro: Cristo morreu na história. Segundo: Cristo

ressuscitou na história. Terceiro: morremos com Cristo na

história, quando O aceitamos como nosso Salvador.

Quarto: ressuscitaremos na história, quando Ele vier de

novo. Quinto: devemos viver pela fé agora como se

estivéssemos mortos, como se já tivéssemos morrido. E

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sexto: devemos viver agora pela fé como se já tivéssemos

ressuscitado dos mortos. ” (Schaeffer, pg.53) (v.11).

Os v.12 e 13 advertem para o bom observador que NÃO existe a ideia de não precisar fazer NADA

no desenvolvimento espiritual. Ninguém consegue a maturidade espiritual por "acidente", mas por

esforço inteligente motivado pelo Espírito Santo. Se fosse desnecessário o esforço nosso para fugir do

pecado também seria desnecessário o imperativo "Não reine o pecado em vosso corpo mortal". Também,

nestes versículos, aprendemos que mesmo sendo redimido e justificado dos pecados, é lamentavelmente

possível viver em pecado e correndo atrás dos próprios prazeres carnais (v.12-13). Se fomos

anteriormente escravos do pecado, agora fomos feitos servos de Deus. v.12 “Não reine” Nosso corpo

não pode ser mais dominado pelo pecado. O pecado constitui-se numa força poderosa que nem o

homem e nem a lei pode vencê-lo, a não ser pelo poder de Cristo. O pecado escraviza a alma sem

Cristo, e o escravo não goza de escolhas, liberdade, está absolutamente a mercê do seu senhor. v.13

“Não ofereçais” Nosso corpo estava à serviço do pecado e da iniquidade, agora, libertos, podemos

nos oferecer à Deus como instrumento de justiça. Esse texto nos revela o grande milagre de Deus na

vida do justificado: de instrumento do pecado para instrumento de justiça – de vaso de desonra para

vaso de honra. É o resultado da transformação em nós efetuado por Deus, de forma que a nossa

utilidade também se transforma. O fato de sermos salvos pela graça, não nos dá permissão para

vivermos pecando, pelo contrário, exatamente por sermos salvos pela graça temos um bom motivo para

obedecermos, mostrando gratidão a Deus por Sua graça e testemunhando em nossa própria vida que a

graça é poderosa para transformação de caráter (v.14-15). V.14 O pecado não terá mais domínio; ele já

foi identificado, além de identificado, foi perdoado, além de perdoado, foi lavado. Esse é o poder

maravilho da graça divina. Podemos ver claramente que o pecado não pode mais subjugar aqueles a

quem se tornou alvo da graça de Deus. Certamente que o desejo de Deus era proporcionar ao homem

uma condição de vencer o pecado, pois, Ele não compartilha com o pecado, que é o fator degenerativo

no homem, que não tinha as mínimas condições de se libertar desse poder maldito, mas a graça nos

proporcionou isso. A lei foi incapaz de dar vitória sobre o pecado, ela apenas mostrava o pecado

constantemente.

De Escravos do Pecado, para Servo Deus 6.15-23

Nestes versículos Paulo usa a figura do senhor e do escravo para ilustrar a disposição ao pecado e

a disposição à justiça. Novamente Paulo usa a expressão "falo como homem" (v.19), isto porque ele está

usando uma linguagem que todos em Roma conhecem: escravatura. "Pela fraqueza de vossa carne"(v.16-

20). Antes de sermos salvos éramos escravos do pecado. Pertencendo a Cristo estamos livres da velha

escravatura, porém, não deixamos de ser escravos, apenas mudamos de senhor. Devemos servir este

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novo Senhor com o mesmo entusiasmo que servíamos aquele velho senhor (ver Mt 6.24). Vemos aqui

que a conversão implica em uma mudança de servidão. Antes servos do pecado, agora, servos de

Deus. O homem sempre estará debaixo da influência de um ou de outro absolutamente. (v.15)

Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei? De forma alguma. A lei não pode nos justificar,

não possui o poder remidor, mas é boa e provém de Deus, e afinal de contas cumpre o seu papel. A

graça sim, é justificadora. V.16 Para quem nos oferecemos como escravos para obedecer, desse

seremos escravos: do pecado que tem como o fim a morte, ou à obediência a Deus que tem como

resultado a sua justiça. O poder do pecado certamente é muito forte de forma que domina a pessoa e

a leva sempre para mais distante de Deus e o fim é a morte. Mas percebemos também a graça poderosa

que também domina o homem o levando a uma nova vida. V.17 Outrora éreis escravos do pecado,

agora passaram a obedecer de coração o ensino transmitido. Expressa uma transformação que decorre

da obediência à palavra de Deus. A palavra de Deus é seu instrumento transformador e regenerador.

E essa obediência à palavra de Deus faz de nós escravos. V.18 Fomos libertados, a libertação do

pecado seria impossível a nós se não fosse o resgate de Jesus, e essa libertação tem um motivo: para

que pudéssemos ser apresentados a Deus como servos da justiça, ou para fazermos sua vontade. V.19

Assim como o homem ofereceu seu corpo, sua vida ao pecado, à impureza para servir ao mal, agora,

libertos desse poder, precisamos nos dedicar a Deus, como servos da justiça: é a santificação. A

santificação é o processo presente no qual todo o justificado vive: separação para consagração. Nos

separamos do mundo e do pecado para nos consagrarmos a Deus. v.20 Quando éramos escravos do

pecado, estávamos livres da justiça, estávamos longe de Deus e vivíamos de acordo com o pecado

que operava em nós. Um escravo em Roma deixava de ser escravo de seu senhor, se outro senhor o

comprasse, porém, continuava a ser escravo, só que de outro. Havia, porém, maneira de ser liberto de

qualquer senhor, se tivesse condições de depositar no templo de algum deus uma quantia em dinheiro

para a sua alforria. Este dinheiro voltava às mãos daquele senhor... Também, algum libertador poderia

comprar, entregando o dinheiro ao sacerdote, assim o dono do escravo não poderia recusar, pois aquele

escravo pertenceria ao deus, a que foi consagrado. Outra maneira de se libertar da escravidão era

morrendo, evidentemente. Voltando ao princípio bíblico, vimos no v.6 que já morremos para a

escravidão do pecado. Podemos usar também a ilustração da compra, pois Cristo Jesus, nosso novo

Senhor comprou-nos do antigo senhor, o pecado. V.21 Os resultados de uma vida separada de Deus

certamente não poderão ser bons de forma alguma. O pecador está longe de Deus e condicionado a

viver no pecado, com uma vida inferior, que desagrada ao Senhor. É um estilo de vida que tem no

fim da carreira a morte. Para todo o serviço há um tipo de salário. Como toda a ilustração tem suas

fraquezas inerentes, não precisamos forçar o texto, tentando provar que os escravos romanos tinham

salário, além da sobrevivência. Aliás, Paulo usa de ironia, visto que todos sabiam que um escravo não

tinha direito a salário. O salário que ganhávamos, enquanto escravos do pecado, temos vergonha hoje,

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até de mencionar (v.21), não só porque não tínhamos lucro nenhum, mas também porque produzia frutos

malditos. Mas com o novo Senhor a quem servimos o fruto é santificação e vida eterna (v.21-22). v.22

Agora, libertados do pecado e transformados em servos de Deus. Toda ação libertadora é de Deus

que nos proporciona essa transformação, passamos de um estilo de existência para outro. Do pecado

para a justiça, da morte para a vida, esse é o modo de vida que agrada a Deus. A libertação nos leva

à santificação e tem como resultado a vida eterna. Se o pecado gera a morte, a santificação leva à vida

eterna. V.23 O salário do pecado é a morte. O preço do pecado é a morte, foi por isso que o único

meio de resgate foi a morte: o sangue de Jesus foi o resgate de nossas vidas. Quando ele morreu,

estava nos substituindo, para que o poder da morte não recaísse sobre os justificados. O dom gratuito

de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor; todo esse benefício de libertação, santificação

e vida eterna é um dom. Uma dádiva que não tem preço para o homem, em tudo isso vemos o seu

amor incondicional pelo homem a quem criou para sua própria glória. O v.23 conclui o capítulo

comparando as duas escravaturas e seus respectivos salários. Para enriquecer este princípio fazemos bem

em lembrar, a partir de Gênesis, exemplos de pessoas que serviram o pecado e quais foram os frutos e,

por outro lado, os que serviram a justiça e quais foram os frutos. Embora, frequentemente, usa-se o v.23

para apelar aos incrédulos, este é um apelo veemente de Paulo AOS CRENTES para que vivam em

santidade.

“É um nobre apelo! Mas não é, note-se bem, um

apelo aos pecadores, como, por vezes, se pensa desta

passagem, mas sim um apelo aos que estão já libertos.

” (Darby, pg.159) (v.23).

AS DEFINIÇÕES DE RELACIONAMENTO QUE PRECISAM SER COMPREENDIDAS

ROMANOS 7.1-6

O Homem Sob a Velha Forma da Lei

Parece-nos que esse capítulo trata do homem carnal: aquele que ainda não experimentou o poder

libertador da graça de Deus. Portanto ainda escravo do pecado. Não há outro meio, tem que morrer

para aquele que o possuía para se libertar e pertencer a outro: Morrer para o pecado e viver para

Cristo.

Livres da lei: uma metáfora do casamento (1-6)

Paulo neste capitulo, questiona se os irmãos conhecem os limites da jurisdição da lei. Aqui o

assunto dominante é a "libertação da lei", uma vez que ele usa esta expressão três vezes (2, 3 e 6).

Ele apresenta; O princípio legal (1), a lei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele vive (1).

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Ou: "a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida". A palavra usada para "ter domínio" ou "ter

autoridade sobre" é kyrieuõ, que expressa a autoridade de maneira imperativa sobre aqueles que lhe

estão sujeitos e é limitada pela morte. A morte anula todas as obrigações. A lei só é válida para quem

está vivo: a morte anula-a. Paulo usa o casamento como comparativo para sua explicação (2-3). A

morte desobriga o que morre como que fica vivo. Ele cita o exemplo, pela lei a mulher casada está

ligada a seu marido enquanto ele estiver vivo (ou, "até que a morte os separe"); mas, se o marido

morrer, ela estará livre

("desobrigada") da lei do casamento (2) — literalmente, "da lei do marido”. A lei a prende ao

marido, mas a morte a liberta. O verbo usado é (katargeõ) pode significar "anular" ou "destruir". A

mulher deixa de ser esposa." (Se é mulher casada) casar-se com outro homem enquanto seu marido

ainda estiver vivo, será considerada adúltera. Mas se o marido morrer e caso ela venha a casar com

outro homem, não será adúltera, porque ficou livre daquela lei (3) que antes a prendia. O estado da

mulher (igreja) é com base na morte do marido (Cristo). O segundo casamento é moralmente legítimo

porque a morte pôs fim ao primeiro. Somente a morte garante liberdade para casar-se de novo. Antes

éramos casados com a lei e o pecado, e, por isso estávamos sub julgados por ela. Mas a morte dá fim

ao contrato de casamento, “vocês também morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo. Cristo

morreu na cruz por nós e nós morremos para o pecado e o mundo e por isso ele pode se unir a nós e

nós a ele. Pela nossa união pessoal com Cristo nós participamos de sua morte, podemos dizer que

morremos "por meio do seu corpo". E morremos para a lei e o pecado (6.2), também morremos para

a lei (7.4), morremos para a lei por meio do corpo de Cristo (7.4), fomos libertados da lei (7.6),

pertencemos àquele que ressuscitou dentre os mortos (7.4). Servimos em novidade de Espírito (7.6),

produzimos fruto para Deus (7.4). Imediatamente passamos a pertencer a outro, ou seja, aquele que

morreu e que ressuscitou dos mortos (v.4b). Na comparação o marido morre e a esposa casa-se

novamente; mas é a esposa (que antes era casada com a lei) quem morre e se casa de novo. Se o

propósito imediato de nossa morte com Cristo para a lei é que passemos a pertencer a Cristo, o

propósito final é a fim de que venhamos a dar fruto para Deus (4c), "fruto da santidade", o fruto do

Espírito. "Mas agora nós estamos casados com Aquele que tem a força, a virilidade e a potência para

gerar filhos, uma vida que é vivida "para a glória de Deus e para o louvor de Deus. ” O resultado de

ser libertado da lei e de unir-se a Cristo é uma vida santificada e não a licenciosidade. Ser cristão

implica uma mudança radical de lealdade.

Paulo contrasta a velha e a nova vida (Quando vocês eram ... quando éramos controlados pela

carne, as paixões pecaminosas despertadas pela lei (v. 8-12) atuavam em nossos corpos, de forma

que dávamos fruto para a morte (5). Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, isto

é, a lei, fomos libertados da lei, para que, em consequência disso, longe de sermos livres para pecar,

sejamos livres para servir (como escravos). E nossa escravidão a Cristo reside no novo modo do

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Espírito, e não segundo a velha forma da lei escrita (6). Não na caducidade da letra" (6). Em nossa

antiga vida éramos dominados pela carne, lei, pecado e a morte (5). Agora libertados, Em nossa nova

vida, somos agora escravos de Deus pelo poder do Espírito Santos (6). Vivíamos "na carne", mas

agora vivemos "no Espírito". Éramos controlados pela lei, mas agora estamos livres dela.

Produzíamos fruto para a morte (5), mas agora produzimos fruto para Deus (4). O que nos levou a

isso foi que morremos para a lei por meio da morte de Cristo (4a); agora pertencemos a Cristo, porque

ressuscitamos dos mortos juntamente com ele (4b). Nós servimos conforme o novo modo de viver no

Espírito (6). Pois Cristo habitar em nós e temos uma nova vida em Cristo.

Para nossa justificação, portanto, não estamos mais "debaixo da lei, mas debaixo da graça"

(6.14s.); e para nossa santificação nós servimos "em novidade de espírito, e não na caducidade da

letra" (6). Continuamos sendo escravos, mas de Cristo, não da lei.

A Analogia do Casamento, 7.1-6

A palavra "porventura" indica que é uma continuação do assunto anterior. Após ter usado a

ilustração da escravatura, Paulo utiliza-se de algo comum para a sociedade romana e, esta lei é facilmente

entendida por nós por ser, pelo menos no aspecto que ele usa, idêntica à lei da nossa sociedade. É

importante lembrarmos que Paulo não está ensinando sobre casamento, viuvez, divórcio ou sobre a

indissolubilidade do casamento, estas coisas só são ilustrações, o assunto básico é a desobrigatoriedade

do crente em relação à lei por causa do princípio da morte com Cristo Jesus (v.1-3). Na sessão anterior

vimos claramente uma transformação da pessoa alcançada pela graça divina: De servos do pecado

para servos da justiça. Da morte para o pecado para pertencer a outro, a saber: Cristo. Agora estamos

diante de uma analogia, o casamento e a lei. Primeiro analisemos sobre o matrimônio:

Alei do casamento, segundo os costumes judaicos, no relacionamento matrimonial, o homem

era o senhor da mulher. De forma que ela estaria ligada a ele enquanto ele vivesse. Devemos levar

em contar também que ao homem era dado o direito de se divorciar de sua mulher, ou até mesmo em

muitos casos possuir mais de uma mulher. A mulher era uma espécie de possessão do homem.

Portanto, se a mulher se unisse a outro homem enquanto vivia seu marido, ela seria considerada

adúltera, ela estaria livre para novas núpcias apenas a partir da morte de seu marido.

A libertação pela morte, o v.2 diz que a lei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele

vive, isso é óbvio, não há lei que tenha autoridade sobre alguém que tenha morrido. Em 6.11 diz:

“Considerem-se mortos para o pecado”, a morte para o pecado seria a libertação do pecado. Nesse

ponto de vista outra morte nos trouxe libertação, a morte de Cristo. Ele nos substitui, sobre si levou

os nossos pecados e morreu para que tivéssemos essa libertação. Com a explicação prévia do princípio

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da morte com Cristo, esta ilustração fica muito simples de entender. O casamento no regime da lei e que

realçava os nossos pecados, acabou. Agora somos "casados" com outro, o qual é Cristo Jesus e não

estamos mais sujeitos às obrigações do antigo casamento e, portanto, vivemos em novidade de espírito,

uma nova vida de santificação. (v.3)

Livre para pertencer a outro, se dessa forma só através da morte do esposo a mulher poderia

pertencer a outro, da mesma forma, a nossa morte para o pecado nos faz pertencer a outro, a Cristo.

Neste ponto Paulo afirma que a lei é caduca em relação ao princípio de santificação. Morremos com

Cristo e ressuscitamos com Ele e, por isso, livres da lei por causa da nossa morte, casamos com Cristo

que também morreu mas ressuscitou. É um casamento espiritual e celestial, singular em todas as formas

(v.4) dessa mesma forma o cristão morreu para a lei por meio do corpo de Cristo, para pertencer

aquele que ressuscitou dos mortos. Ele não pode morrer de novo, 6.9 de forma que nossa relação com

ele é para a eternidade.

4. Quando éramos controlados pela carne, v.5 antes da justificação, éramos dominados pela

lei que despertava as paixões pecaminosas atuantes no corpo. Esse é o fruto da vida carnal: o pecado.

Mas agora em Cristo o fruto é para Deus, v.4, pois em Cristo fomos libertos da lei.

5. O novo modo do Espírito, v.6, Mas agora, no tempo presente há um novo modo de atuação

de Deus: É o novo modo do Espírito, essa é a nova forma de Deus agir na vida do homem, essa forma

foi inaugurada em Cristo. É a atuação presente e pessoal do Espírito Santo na vida do homem

justificado. Aquilo que fora impossível ao homem agora Deus realiza em nós, 5.5; 8.9 - 16, 26.

Os problemas enfrentados pelo crente em sua nova posição - Romanos 7.7-25

A Luta Contra o Pecado, 7.7-25

.1. A lei é pecado? V.7, 8 A lei não é pecado, a lei dá consciência do pecado, ela é boa, santa,

7.12, 14. Mas a lei acabou por despertar o pecado e deixou o homem sem condições de vencê-lo.

"Mediante a lei... nos tornamos plenamente conscientes do pecado" (3.20). Agora diz: De fato, eu

não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei (7a). O pecado da cobiça é pecado com ou sem

Lei, porém, só se reconheceu a cobiça como pecado através da Lei. É lógico que qualquer pessoa, mesmo

sem conhecer a Lei pode reconhecer o que é pecado, mas não plenamente como aquele que tem um

código de conduta bem estabelecido por Deus. A Lei diz: "fazes e viverás", mas a Lei sabe que ninguém

obedecerá e, por isso, aumenta a angústia do pecador. Desta forma, a Lei coloca uma profundidade

quanto ao pecado, que é impossível quem não tem Lei sentir tão seriamente (v.7). Observe que Paulo

não começou mencionando aspectos externos da Lei como assassinato, adultério, furto. Mas Paulo fala

de algo do interior do coração: a cobiça, porque o pecado provém do mais interior do ser de uma pessoa.

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Não devemos interpretar as palavras de Paulo como sendo culpa da Lei o fato dele cobiçar, ou seja: A

Lei diz "não cobiçarás". O pecador cobiça, mas não porque a Lei acendeu nele um desejo de cobiçar.

Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do mal para Adão ver, mas NUNCA podemos dizer

que Adão pecou porque "tudo o que é proibido é melhor", pois sendo assim, Deus seria o culpado pela

queda de Adão! Longe de nós só pensar nisto! Sem a Lei o pecado estava morto, não porque Paulo não

pecava, mas porque o seu pecado não lhe causava aborrecimento na consciência. Mesmo sem

mandamento, mais cedo ou mais tarde o pecador chegará ao caminho da cobiça e outros pecados.

Contudo, é verdade que a Lei apressa o caminho do sentimento de culpa, mas não é a lei a responsável

por ele pecar. O ser humano sempre cobiça, mas quando a Lei diz: "não cobiçarás", logo a sua

consciência, mesmo corrompida é reacendida (v.8).

A lei provoca o pecado. Paulo escreve: Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo

mandamento, produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a lei, o pecado está morto

(8). A phormê ("oportunidade") era usado para uma base militar, "o ponto de partida da base”. Sempre

fomos seduzidos pelo proibido, pelo pecado. Queremos sempre desobedecer. O culpado não é a lei,

mas o pecado, que é hostil à lei de Deus (8.7). O pecado distorce a função da lei, como se esta, ao

invés de revelar, expor e condenar o pecado, o incentivasse e até provocasse. Não se pode culpar a

lei por proclamar a vontade de Deus.

2. Antes eu vivia sem a lei, v. 9 o capítulo 7 é o que mais aparece o pronome “Eu” por 7 vezes.

Uma das dificuldades de interpretação desse capítulo está na identificação desse “Eu”. Alguns

entendem que essa porção do capítulo é autobiográfica, o apóstolo fala de si mesmo. Outros entendem

que o “Eu” desse capítulo tem um significado mais amplo: Seria Adão (a humanidade), ou Israel.

Uma posição diz que o “Eu” não seria o apóstolo por causa de algumas implicações. A primeira seria

que dessa forma haveria uma contradição desse capítulo com o anterior no seguinte aspecto: No

capítulo anterior vimos de uma forma muito clara que ao ser justificado, a velha criatura, a natureza

pecaminosa morreu, deixando de ser escravo do pecado para pertencer a Cristo, 6.6-14, e ainda diz:

vocês eram no passado escravos do pecado 6.17. Mas a afirmativa do capítulo 7 é que esse “Eu” ainda

no presente é escravo do pecado, “vendido como escravo do pecado” 7.14. Em segundo lugar é o fato

da expressão “antes eu vivia sem a lei”, podemos fazer a seguinte pergunta: Quando é que Paulo

viveu sem a lei? Ele era fariseu e muito provavelmente de nascimento, era certamente ligado a lei

desde o nascimento. Agora esse termo se aplica a Israel como um todo. A outra diz que Paulo sempre

viveu debaixo do regime da Lei por ter nascido judeu, porém, não tinha compreensão total da Lei até um

certo momento de sua vida. Alguns afirmam que Paulo se refere ao "Bar Mitzva", ocasião quando a Lei

era ensinada profundamente ao jovem, e este tornava-se "filho do mandamento", onde assumia a

responsabilidade pessoal de guardar a Lei, mas há registros que esta cerimônia tenha sido estabelecida

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depois. O certo é que Paulo quando reconheceu o seu pecado, descobriu que estava morto para com

Deus, longe de atingir Seu padrão de Santidade (v.9).

A lei condena o pecado (9-11).

No versículo 9 é questionado se as fases que Paulo apresenta (Eu vivia sem a lei, o mandamento

veio, o pecado reviveu e eu morri) seria descrever Paulo, Adão ou Israel. Podemos dizer que o texto

se refere primordialmente a Paulo, tendo relação solidaria com a raça humana e também com a raça

judaica. Ele descobre que o a lei que deveria produzir vida, na realidade produziu morte (10). Em

outras palavras, a lei o condenou. Para explicar mais isso, primeiro Paulo repete a frase do versículo

8 que diz: o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento (a expressão "o

mandamento” aparece seis vezes); aí ele afirma que o pecado primeiro me enganou e depois por meio

do mandamento me matou. Todos os três versículos (9, 10 e 11) relacionam o mandamento a morte;

e no versículo 13, Paulo esclarece que o que o matou não foi a lei, mas sim o pecado, que explorou a

lei.

O que alie faz com o pecado? Ela manifesta, aflora e condena o pecado. Pois "a Força do pecado

é a lei". A lei não produz o pecado, nem é responsável pelo pecado, é o pecado existente em nossa

natureza pecaminosa, que se aproveita d alei e nos faz pecar e como consequência vamos a morte. A

pergunta do verso 7 é: A lei é pecado? A vem no verso 12, que é: Portanto, a lei é santa, e o

mandamento é santo, justo e bom.

3. A Lei, v.10-14. A lei, portanto fez aparecer o pecado, que sem a lei ficara oculto. O

mandamento é bom, mas produziu morte pelo fato de ressaltar o pecado. O problema não estava na

lei, mas em nós. Vejamos as qualificações da lei: ela é santa, justa, boa, espiritual, mas o homem não

era nada disso de forma que criava-se uma dificuldade, o homem imperfeito diante daquilo que é

perfeito. Conclusão: o homem não tinha a mínima possibilidade de agradar a Deus através da guarda

da lei porque lhe era impossível. Mas a lei colocou diante dos olhos do homem a sua pecaminosidade,

a sua distância da vontade de Deus. A Lei prometia vida aos obedientes (Lv 18.5). Paulo teve a ousadia

(para não dizer "atrevimento") de ir mais profundamente no conceito de vida em obediência à Lei que o

próprio Moisés nunca revelou ao povo, ou seja, a promessa da Lei sempre foi vã. A Lei sempre prometeu

vida aos obedientes, mas nunca mostrou alguém que tenha obedecido satisfatoriamente. Paulo chegou a

afirmar que a Lei foi um ministério de morte (2 Co 3.7-9) (v.10). O pecado, aproveitando-se do conflito

que há entre o mandamento correto, porém, de altíssimo padrão (inatingível) e a natureza pecaminosa,

que SEMPRE tende ao mal, enganou Paulo e, por fim, o matou, deixando-o sem chance alguma diante

de Deus (v.11). Enquanto incrédulo a Lei não pode JUSTIFICAR; enquanto crente a Lei não pode

SANTIFICAR, mas ainda assim, a Lei continua sendo santa e justa e o homem continua sendo carnal,

vendido sob o pecado. Mesmo o crente tem desejos íntimos pecaminosos e dessa forma é carnal,

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dominado pelos desejos do velho homem. "Vendido sob pecado" tem o sentido de vendido à escravidão

do pecado. Se cremos que Paulo está falando de sua vida como crente, devemos sustentar isto em todo

este capítulo. Portanto, embora nem todos concordem, é possível mesmo como crente vez por outra ser

"vendido à escravidão do pecado", ou seja, há momentos de retrocesso na vida espiritual de todos nós,

quando resolvemos servir ao pecado novamente, mas felizmente o nosso "novo Senhor" busca-nos para

servi-Lo novamente (v.14).

4. O Escravo do pecado, v.14-20. Aqui vemos um quadro sombrio, obscuro: Alguém vendido

como escravo em um mercado, como na antiguidade em que havia os mercados de escravos, aqueles

que desejassem, os examinava, se agradasse, pagava e levava como se fosse uma mercadoria. Aqui o

escravo é vendido ao pecado. V.15 vemos aqui uma luta muito desigual que não nos parece uma luta

da carne contra o espírito (Gl 5.17), o quadro aqui é de alguém entregue ao pecado, sem resistência,

muito diferente do capítulo anterior. v.16, 17 A lei é boa, mesmo quando se é rebelde e desobediente

o Espirito Santo nos revela a essência da bondade da lei. O que odeio faço, mas não sou eu quem o

faz...mas o pecado que habita em mim. Essa situação não é de alguém que peca, mas é de uma pessoa

que sucumbiu diante do pecado, pois há consciência do pecado, mas não existe força para vencê-lo.

Resta-nos perguntar sobre a obra de Cristo, sobre a morte da velha natureza, sobre a obra do Espírito

Santo na vida do salvo, será que diante de tudo isso, ainda o pecado permanece a dominar aquele a

quem Jesus justificou? V.18-20, O conflito desigual – desejo o que é bom, mas faço o que odeio. Há

uma consciência do pecado, obviamente gerado pela lei, pelo conhecimento, mas esse conhecimento

de Deus sempre é sucumbido pela força da carne. v.18. Vemos aqui consciência, desejo e ação para

o mal, não vemos aqui nessa porção nenhuma referência a obra de Deus nessa pessoa. Parece de fato

alguém que vive baseado na lei e sente sua miséria e fraqueza na impossibilidade de vitória sobre os

maus desejos. Assim é o pecado, uma força que para o homem é impossível superar. V.21-25 A lei

que atua em mim: No interior prazer na lei de Deus, no corpo a lei do pecado. Vemos que em todo o

momento o “Eu” é aquele que se gloria na lei de Deus, que se baseia na lei de Deus, a vida de Israel

desde o momento que recebeu a Lei mosaica viveu dessa forma, se orgulhando na lei, e tentando se

justificar por meio dela, mas de fato dessa forma ninguém alcançou essa justificação. Nesse “Eu” há

em todo o momento uma duplicidade: mente e corpo, cada qual servindo a senhores diferentes. A

mente que serve a lei e o corpo ao pecado (Mt 6.24).

A lei e a "carne" (14-20)

Paulo começa reconhecendo a natureza fraca do pecado que é inata, ele diz: nós sabemos (14)

e eu sei (18). Reconhece que não é espiritual, mas sim carnal e é oprimido por essa natureza distorcida

e egocêntrica. Ai se descrever como vendido como escravo ao pecado (v. 14) A melhor forma de ler

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seria "vendido debaixo do pecado”. No versículo 18 a expressão: Sei que nada de bom habita e mim,

isto é, em minha carne. Não pé que o homem é totalmente mal em essência, pois foi feito a semelhança

de Deus. Ele até deseja fazer o bem, mas é incapaz de pôr seu desejo em ação. Paulo confessa que

simplesmente não consegue entender o que faz, não faço o que desejo e faço o que odeio (15). E

depois, o que faço não é o bem que desejo. Pelo contrário, o mal que não quero fazer, esse eu continuo

fazendo (19). Ele entende que seu "eu" está dividido: existe um "eu" que quer fazer o bem e detesta

o mal e existe um "eu" que é pervertido e que faz o que ele odeia e não quer fazer. O conflito está

entre o desejo e a realização: o desejo existe, mas a capacidade de fazê-lo, não. É assim que fica uma

pessoa regenerada que tenta cumprir a lei, descobre que é impossível. Quer ser santo, mas a lei não

pode ajudá-lo. Somente a graça de Deus do Espírito Santo habitando nele pode mudar isso. O texto

afirma que o pecado que habita em nós é o responsável pelos fracassos e derrotas da pessoa que

querem viver debaixo da lei, (16 e 20). Concluímos que, a lei não é a responsável pelo nosso pecar,

nem é capaz de nos salvar. Ela foi enfraquecida pelo pecado. A vitória sobre o pecado é nossa com

certeza, mesmo reconhecendo que no caminhar vamos perder algumas batalhas. A razão disso é que não

somos mais escravos do pecado. Apesar de vez por outra o crente “tropeçar” no pecado, isto é passageiro,

pois não faz parte mais de sua de sua natureza em Cristo.

O conflito de Paulo chega ao ponto dele próprio não entender o que acontece com ele. Aqui está

Paulo, novamente "vendido à escravidão do pecado", não porque quer, mas por causa de seu velho senhor

que não o quer deixá-lo livre. Este conflito é real, embora alguns tentam ignorá-lo, escapando para a

"racionalização de pecados", isto é, não chamando de pecado aquilo que é pecado. O melhor que o crente

faz é admitir este conflito e esperar o livramento. Este conflito nos faz refletir o seguinte: "O crente é

diferente do incrédulo até mesmo quando peca". Não porque peca com mais "diplomacia", mas porque

odeia quando peca e fica muito triste por não fazer aquilo que ama. Este conflito fica mais intenso à

medida que há maior santificação (v.15). Paulo neste versículo está exaltando a Lei em seu íntimo, pois

se há conflito, é porque ele concorda que a Lei está perfeitamente certa em chamar de pecado aquilo que

ele também está chamando, e até se martirizando por praticar (v.16). Ele descobre que o pecado ainda

tem presença na vida dele, tanto é que ele diz que "não sou mais eu que faço, mas o pecado que habita

em mim" (v.17 e 20). A carne, e não a Lei, arrasta o homem para longe da obediência (v.18-19).

Paulo apresenta e descreve a realidade do crente de quatro maneiras (21-25):

1. Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está

junto a mim (21). A luta do ego entre o "eu" que quer fazer o bem e o "eu" que pende para o

mal. No grego original há uma repetição de emoi, que significa "em mim" ou "por mim". A

nova e a velha natureza que lutam, o bem e o mal que está dentro do homem mesmo

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convertido. É a situação normal da vida humana, para o crente não deve ser surpresa: toda a vez

que tentar agradar a Deus, esbarrará na autoglorificação

2. Pois, no íntimo do meu ser (regenerado) tenho prazer na lei de Deus (22). A

lei que é tratada como princípio. Um prazer na lei de Deus chamado de a lei da minha mente

(23), um novo princípio de Deus que me transforma e luta contra lei do pecado que está em

meu corpo (16). Mas vejo, além dessa, outra lei, que está atuando nos membros do meu corpo.

A lei do pecado (23) que está guerreando contra a lei da minha mente e tornando-me

prisioneiro do pecado (23) O homem esclarecido pela Lei, deseja o bem. "Homem interior" é o

termo teológico usado para o interior do homem regenerado (Ef 3.16, 1 Pe 3.4, 2 Co 4.16)

3. Miserável homem que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?

(24) Um grito de aflição de quem está aprisionado e clama por libertação (24). Paulo usa a

palavra "talaiporos" (desventurado, aflito, miserável). Esta palavra descrevia bem um atleta

derrotado nos jogos olímpicos: totalmente exausto, desesperado e frustrado. É o grito de

desespero de todo o crente consciente desse conflito. "Corpo desta morte" é uma referência ao

"corpo do pecado" (Rm 6.6), que é o corpo, onde é travada esta batalha, ainda que seja na mente,

pois esta faz parte do corpo físico (v.24). Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor! (25a).

Uma exclamação de confiança de que há uma saída. A resposta, a saída é Jesus.

4. De modo que, com a mente, eu próprio (regenerado) sou escravo da lei de

Deus; mas, com a carne (meu ego caído, sem o domínio do Espírito Santo), sou escravo da

lei do pecado (25b). Um conflito de minha nova mente com minha carne. Em Cristo vivo para

Deus, segundo sua palavra e não mais para os pecados que a carne, minha velha natureza,

quer que eu pratique. O que está em Cristo é nova criatura (II Cor. 5.17). Poderemos até pecar,

mas ser "por acidente", mas serviremos a Deus conscientemente! (v.25).