tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

36
Tendências de Mercado para o Setor de Eletroeletrônica – Manufatura Aditiva Outubro/2013 Relatório preparado pela Cysneiros Consultores Associados para a Secretaria

Upload: cictec

Post on 18-Nov-2014

1.177 views

Category:

Documents


13 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Tendências de Mercado para o Setor de Eletroeletrônica – Manufatura Aditiva

Outubro/2013

Relatório preparado pela Cysneiros Consultores Associados para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.

Pesquisador ResponsávelEletroeletrônica: Eduardo Peixoto

Page 2: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Sumário

1 Introdução........................................................................................................................4

2 Análise das Tendências de Mercado em Eletroeletrônica.............................................5

2.1 Panorama e Tendências do Setor de Eletroeletrônica........................................................6

2.2 Panorama do Mercado de Manufatura Aditiva..................................................................9

2.3 Análise do Mercado de Manufatura Aditiva.....................................................................162.3.1 A Manufatura Aditiva em Pernambuco...........................................................................................162.3.2 A Manufatura Aditiva no Brasil......................................................................................................162.3.3 A Manufatura Aditiva no Mundo....................................................................................................172.3.4 Análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) do setor pernamambucano.........19

2.4 Macrotendências do setor de Manufatura Aditiva...........................................................20

2.5 Recomendações às Empresas de Eletroeletrônica de Pernambuco.................................22

3 Conclusão.......................................................................................................................24

4 Referências.....................................................................................................................25

Page 3: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Índice de Figuras

Figura 1. Sea Change Index para despesas totais de p&d......................................................................................7

Figura 2. Principais tendências de eletroeletrônica (CES 2013)............................................................................8

Figura 3. As quatro tendências com potencial para revolucionar a manufatura..................................................10

Figura 4. Paralelismo de produção com o BotQueue...........................................................................................12

Figura 5. Vendas de impressoras 3D pessoais no EUA........................................................................................14

Figura 6. Setores que já se beneficiam da produção personalizada.....................................................................15

Figura 7. Mercado de impressoras 3D profissionais............................................................................................15

Figura 8. Crescimento de vendas de equipamentos de fabricação 3D..................................................................17

Figura 9. Forças e Fraquezas da indústria de PE.................................................................................................19

Figura 10. Oportunidades e ameaças para a indústria de PE..............................................................................19

Page 4: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

1 Introdução

Este relatório foi produzido no âmbito no projeto CICTEC - Centro de Inteligência

Competitiva para Parques Tecnológicos para estruturação de um Centro de Inteligência

Competitiva para os Parques Tecnológicos de Pernambuco (ParqTel e Porto Digital), reune as

análises para o setor de Eletroeletrônica.

O documento apresenta um panorama do setor com informações acerca do seu

tamanho de mercado, ritmo e vetores de crescimento, características competitivas e da

estrutura das respectivas indústrias, perfil dos trabalhadores e características de mercado,

emprego e renda. Os principais segmentos com tendência de crescimento são analisados em

maior detalhe, de modo a produzir indicações de oportunidades competitivas para as

empresas destacando a nova tecnologia de Manufatura Aditiva, sendo apresentado seu

mercado e as oportunidades e ameaças às empresas de Eletroeletrônica instaladas no ParqTel

em função dessas mudanças no mercado.

Page 5: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2 Análise das Tendências de Mercado em Eletroeletrônica

A indústria de eletroeletrônicos surgiu no século XX e tornou-se uma indústria global

de bilhões de dólares. A sociedade contemporânea usa todos os tipos e em diferentes formas

dispositivos eletrônicos, construídos em fábricas automatizadas ou semiautomatizadas e

operadas pela indústria também cada vez mais dependente da automação.

Com o advento da energia elétrica no século XIX deu-se a sequencia de inúmeros

inventos. Ao gramofone, seguiram-se os radiotransmissores, receptores e televisores, com

desenvolvimentos e aumento de capacidade que dobram a cada 18 meses1. Mais pra perto dos

tempos atuais, os computadores pessoais começaram a se tornar popular na década de 90 do

século XX, atingindo em na primeira década do século XXI volumes de venda que beiraram

1M de milhões de unidades dia em 2010 (Intel), de forma que uma grande parte da indústria

de eletroeletrônica hoje esta envolvida, de uma forma ou de outra, com tecnologia digital.

1 Cf. Lei de Moore, http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Moore

Page 6: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2.1 Panorama e Tendências do Setor de Eletroeletrônica

A indústria emprega hoje um grande número de engenheiros e técnicos no desenho,

desenvolvimento, teste e manufatura, instalação e manutenção de equipamentos elétricos e

eletrônicos, tais como equipamentos médicos, dispositivos de comunicação, dispositivos de

navegação, equipamentos de geração e transmissão de energia, entre outros.

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Eletroeletrônica (Abinee), o setor de

eletroeletrônica, de forma geral, é composto por empresas que fabricam de pen-drive,

geladeiras a torres e pórticos. A lista completa de produtos do setor, e seus respectivos

códigos Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), podem ser encontrados no site da

Abinee (Abinee, 2013).

Em virtude da grande diversidade de linhas de produtos, a Abinee distribui as

indústrias em dez áreas diferentes: Automação Industrial; Componentes Elétricos e

Eletrônicos; Equipamentos Industriais; Geração, Transmissão e Distribuição de Energia

Elétrica; Informática; Material Elétrico de Instalação; Serviço de Manufatura em Eletrônica;

Sistemas Eletroeletrônicos Prediais; Telecomunicações; Utilidades Domésticas.

A indústria, de uma forma geral, é fortemente dependente de pesquisa e

desenvolvimento (p&d). A dinâmica de mudanças, em alguns setores, é tão veloz e brusca

que empresas com mais de 50 anos de história e bem estabelecidas à 5 anos, como a

Motorola, hoje praticamente não existem mais. O Industrial Research Institute (IRI)

(Industrial Research Institute, 2012), o seu panorama de previsão de tendências, na análise

para investimentos em p&d 2013, sugere que os líderes de P&D tem uma expectativa de

crescimento fraco, porém estável, dos investimentos no setor 2013.

Page 7: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Figura 1. Sea Change Index para despesas totais de p&d2

No Brasil, a indústria de eletroeletrônica se caracteriza mais pela fabricação,

dependendo da propriedade intelectual e desenvolvimentos externos. Embora os laboratórios

estejam em sua grande maioria no exterior, a indústria, mesmo na fabricação, tem pouca

competitividade e encontra-se fortemente pressionada pelos importados. O resultado da

balança comercial do setor amargou um déficit de US$ 32 bilhões em 2012, praticamente o

mesmo resultado de 2011. É da China que importamos a grande maioria dos itens, cerca de

37,3%. E é para Argentina, que mais exportamos, cerca de 24,3% (Abinee - Decon, 2013).

O momento porém nos reserva uma oportunidade (que foge ao controle e competição

pelo custo) a se explorar. Chris Anderson em seu livro, Makers: The New Industrial

Revolution, argumenta que a Terceira Revolução Industrial será vista da combinação da

manufatura digital com a manufatura pessoal, ou seja, da personalização da manufatura, a era

da impressão 3D (Anderson, 2012). A talvez ainda periférica mudança que esta sendo

introduzida pelas impressoras 3D já começa ser sentida. Na Consumer Electronic Show3

2 Adaptado de (Industrial Research Institute, 2012)3 A CES atrai mais de 150 mil visitantes anualmente para Las Vegas e é considerada um termômetro

para a indústria de eletroeletrônica.

Page 8: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

(CES), analistas do GigaOM perguntaram a seus leitores como acreditam que a indústria irá

se modificar nos próximos anos, baseado no que viram na feira. O gráfico abaixo representa a

resposta a esta enquete. Impressão 3D aparece em 3º lugar, acima de mobilidade e tecnologia

de TV (GIGA OM Pro, 2013).

Figura 2. Principais tendências de eletroeletrônica (CES 2013)4

Neste relatório, iremos abordar esta tendência (manufatura aditiva), com foco em

mercado, por acreditarmos ser um elemento de transformação relevante para o contexto da

indústria de eletroeletrônica de Pernambuco e no Brasil.

2.2 Panorama do Mercado de Manufatura Aditiva

4 Adaptado de (GIGA OM Pro, 2012)

Page 9: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Os rápidos avanços em tecnologia de manufatura apontam para uma cultura de

fabricação mais descentralizada e centrada no consumidor (personalizada). A manufatura

aditiva, impulsionada pela impressão 3D, é reconhecidamente o carro-chefe desta mudança,

cuja difusão, espera-se, irá modificar de forma radical a o futuro da produção e

desenvolvimento de novos produtos. O potencial de mudança, entretanto, está associado a

quão sofisticada se torna em termos do que pode produzir e materiais que pode utilizar. O

sucesso da impressão 3D irá modificar a forma como a indústria é construída e a produção é

executada.

São quatro as tendências, aparentemente não relacionadas, que tem o potencial para

revolucionar o futuro da manufatura. Estas quatro tendências sugerem que o arranjo das redes

de produção baseadas em baixo custo e economia de escala deixará de dominar no futuro. Ao

invés, design e produção guiados por tecnologia de informação (TI) irá favorecer a

manufatura local e o empreendedorismo – ambientes de manufatura virtual irão substituir as

cadeias tradicionais de fornecimento para manufatura personalizada e localizada.

Equipamentos feitos sob medida, ou modificados para produção em massa, podem

estar com seus dias contados. Manufaturas equipadas com impressoras 3D poderão no futuro

serem montadas, a um custo muito menor, e ter a produção rapidamente redirecionada, na

medida e no momento requisitado pelo mercado. Além de permitirem uma confecção de

formas impossíveis de se conseguir com tecnologia (tradicional) subtrativa, a construção,

camadas, após camadas, reduz as sobras da produção. Segundo a The Economist, cenários

como este já ocorrem em Haidian, um distrito de Beijing, na China (The Economist, 2013).

Page 10: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Figura 3. As quatro tendências com potencial para revolucionar a manufatura5

O novo cenário da manufatura irá permitir:

Produção em baixo volume e baixo custo – democratização da manufatura

Maximização de flexibilidade e complexidade no design de produtos

Aumento da funcionalidade de partes

Redução do impacto ambiental (menores perdas)

Novo modelo de negócio e realinhamento da cadeia de produção

Muito embora a tecnologia não esteja pronta para o uso da produção em massa

(subtração é mais rápida que adoção), a impressão 3D já causa impactos em atividades que

demandam mais flexibilidade, como a construção de protótipos em laboratórios de p&d, ou

pequenos lotes de produção – na impressão basta a alteração do software para se produzir

novas formas.

Enquanto a tecnologia se difunde e presidentes como Barack Obama diz que a tecnologia

poderá reviver a indústria America, algumas questões sobre os impactos que a tecnologia

poderá trazer para o mercado continuam em aberto:

5 Adaptado de (Petrick, 2013)

Page 11: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Até que ponto a tecnologia 3D poderá causar um impacto e deslocamento da

produção da Ásia para outros países do ocidente?

Pequenas empresas serão capazes de competir com grandes companhias, uma vez que

os custos de p&d irão cair?

Como mudança para impressão 3D irá provocar uma recombinação da produção?

Iremos encontrar fábricas genéricas de produção 3D que recebem pedidos com os

desenhos (codificados) do que será produzido?

Para que a impressão 3D se torne uma tecnologia principal na produção, avanços

ainda serão necessários na complexidade de produtos acabados, no tipo de material possível

de ser utilizado, e no software que controla as impressoras 3D nas técnicas avançadas de

produção.

A empresa citada que opera em Beijing chama-se Automate Fabrication Systems

(AFS). Por enquanto, ela encontra-se no negócio de prototipação. Seus principais clientes são

empresa do setor aeroespacial e fabricantes de veículos, que precisam experimentar formas

antes de produzi-las em metal. Mas algumas máquinas já podem trabalhar direto com metal.

De fato, uma das máquinas do National Laboratory for Aeronautics at Beihang University

está sendo empregada para fazer partes complexas do programa chinês de aeronaves

comerciais que fará frente as Boeing e Airbus.

A flexibilidade introduzida na produção com a impressão 3D causará impactos em

vários setores e na própria indústria de fabricação. Mas, de forma geral, já é possível

considerar seriamente a tecnologia para a fabricação de brinquedos, acessórios para o

mercado de dispositivos móveis e partes de carros. Um exemplo recentemente foi dado pela

NOKIA, que em movimento inesperado pela indústria, liberou a especificação para

impressoras 3D da caixa do LUMIA 820 (Forbes, 2013). Os resultados deste movimento

ainda estão para ser observados, mas certamente proporcionarão uma maior personalização

de produtos, e/ou de mudanças na cadeia de produção, e/ou da criação de ecossistemas de

fabricação de hardware.

Alguns acontecimentos que estão possibilitando a aceleração de uso e aumento de

escala da impressão 3D na indústria e no mercado de consumo são:

Page 12: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

1. Software:

BotQueue, um programa de código aberto que coordena múltiplas impressoras 3D,

possibilitando o paralelismo (e aceleração da produção) na confecção de peças

complexas.

Figura 4. Paralelismo de produção com o BotQueue6

Websites como Thingiverse (http://www.thingiverse.com/) e Shapeways

(http://www.shapeways.com/), em combinação com a MakerBot

(http://www.makerbot.com/), fabricante de impressoras 3D de baixo custo, invertem a

lógica de Mercado existente ao vender não mais produtos, porém o design de

produtos, para serem (modificados e) reproduzidos. Fazendo um paralelo com a

música, é a mudança da venda de CDs, com as músicas impressas para serem

reproduzidas de forma definitiva em algum dispositivo, para a venda das cifras, que

podem ser alteradas e terão resultado (sonoridade) diferente em função de quem

produz.

2. Materiais

Avanços em técnicas de impressão 3D estão possibilitando o uso de metal, plástico e

gel na construção de produtos altamente resistentes, como o emprego do titânio em

partes de equipamentos na indústria aeronáutica.

6 Adapatado de (BotQueue, 2013)

Page 13: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Novos componentes químicos foram produzidos a partir de containers feitos com

tecnologia de impressão 3D.

3. Complexidade

A Stryer (http://www.stryker.com/en-us/index.htm) introduziu a tecnologia de

impressão 3D na fabricação de próteses para substituição de joelho e quadril

personalizada para o receptor. A prótese feita sob medida é complexa. Ela fabrica

juntas articuladas, cavidades para incentivar a formação de conexões com músculos e

sulcos para direcionar o crescimento de nervos e veias.

Em termos de mercado, as impressoras 3D podem ser classificadas em duas classes:

1. Pessoal.

Estas são as impressoras voltadas para os usuários não profissionais. Os alvos

neste mercado são os proprietários de casas, os DIY, pensadores, artistas, artesões e

jovens empreendedores.

Impressoras nesta classe estão na faixa de US$ 500 a US$ 4000. São fornecidas

como kits (montagem necessária), pacotes (alguma montagem necessária), e

equipamentos pré-montados. Pensadas para o uso casual, para produzirem algumas

poucas peças por mês, estas impressoras não estão preparadas para o trabalho contínuo,

para alta produtividade ou longos ciclos em operação.

A maioria dos projetos tem como base o projeto de código aberto RepRap7,

iniciado na Bath University, Londres, conhecido como fabricação de filamento fundido,

que tem origem em patentes da Stratasys de modelagem por deposição e fusão.

De acordo com o Wohlers Report 2013 (Wohlers Associates, 2013) as vendas de

2007 a 2011 no EUA deste tipo de impressora tiveram crescimento exponencial nos

últimos anos, como mostra a figura abaixo.

7 http://reprap.org/wiki/RepRap

Page 14: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Figura 5. Vendas de impressoras 3D pessoais no EUA8

Mantida as taxas de crescimento, estima-se que este é um mercado hoje que

representa cerca de 1 milhão de unidades ano, com o potencial de atingir tamanhos e

taxas de crescimento similares a indústria de PCs.

2. Profissionais.

São ferramentas para uso comercial em ambientes profissional. Em alguns setores,

como na aeronáutica e no automotivo, estas impressoras podem ser usadas para modelar e

experimentar protótipos. Na área de saúde, elas já vem sendo usadas para construir

próteses mais personalizadas e de melhor integração ao corpo humano.

Nesta classe, as impressoras 3D vão de US$ 7.000,00 a US$ 1.000.000,00 (alguns

modelos são únicos, não comercializados, podendo atingir custos maiores de fabricação).

A figura abaixo aponta vários setores que já se beneficiam da impressão 3D.

8 Adaptado de (Wohlers Associates, 2013)

Page 15: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Figura 6. Setores que já se beneficiam da produção personalizada9

No Cylon Investment Event, de janeiro de 2012, a Within em sua apresentação

intitulada “The next industrial revolution” apresentou estimativas para o mercado de

equipamentos de impressão 3D (aditiva) de acordo com a figura abaixo.

Figura 7. Mercado de impressoras 3D profissionais10

De acordo com o estudo apresentado, as receitas já excedem US$ 1.4 bilhões, com

mais de 3000 máquinas instaladas globalmente.

9 Adaptado de (EPSRC, 2013)10 Adaptado de (Within, 2012)

Page 16: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2.3 Análise do Mercado de Manufatura Aditiva

2.3.1 A Manufatura Aditiva em Pernambuco

A tecnologia de impressão 3D ainda esta chegando ao estado. A empresa FabK11, do

ParqTel, é até então a primeira a fazer parte de uma cadeia de produção flexível. Estabelecida

há 20 anos em desenvolvimento de projetos e produtos, a FabK oferece para os segmentos de

desenho industrial, área médica e construção civil serviços de prototipagem rápida utilizando

equipamentos de última geração.

Na Universidade Federal de Pernambuco, no departamento de Design, existe um

grupo de pesquisa e laboratório voltado as tecnologias de impressão 3D: LaCA2I, Laboratório

de Concepção e Análise de Artefatos Inteligentes. Fundado em 2009 e coordenado pelos

Professores Walter Correia e Fabio Campos, o LaCA2I tem entre suas linhas de atuação a

modelagem e prototipagem 3D. Nesta linha de pesquisa, o laboratório “visa estudar os vários

tipos de técnicas de modelagem e prototipagem rápida em 3D, por meio de pesquisas e testes

práticos, com o objetivo de fazer-se avaliação em artefatos novos ou pré-existentes”. O

laboratório conta com uma impressora 3D U-Print (Dimension) e Scanner 3D LPX 600, entre

outros equipamentos.

2.3.2 A Manufatura Aditiva no Brasil

Uma busca na web mostra que o advento da impressão 3D já começou

(discretamente) a reorganização do setor produtivo no Brasil. A Stratasys12, uma das

principais fornecedoras de impressoras e serviços 3D, já se encontra no país, ofertando

11 HTTP://www.fabk.com.br12http://web.stratasys.com/LATAMSearchLab_PPC_2013_PTB_3Dprinters_LP.html?

cid=70130000001t5UX&utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=SL_-_BR_|_GGL_|_Brand_Stratasys&utm_ad=Stratasys%3E%3EExact_J186&gclid=CPqCx_-e-7YCFQsy4AodBEcAYQ

Page 17: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

equipamentos das series ideia, design e produção (mercados pessoais, semiprofissionais e

profissionais).

Encontramos também empresas como a Fábrica de Imagens13 e a Imprima3D14

ofertando serviços de impressão 3D.

2.3.3 A Manufatura Aditiva no Mundo

Em 2010, as principais empresas do setor, 3D Systems e a Stratasys relataram no site

de informação MakePartsFast.com, que mais de 40 dos seus clientes já usam fabricação

digital para produzir não apenas protótipos, mas partes e produtos finais.

Figura 8. Crescimento de vendas de equipamentos de fabricação 3D15

No mercado de consumo, já são mais que hobistas e Do It Yourselfers (DIY) com

impressoras com capacidade de produção aditiva que estão envolvidos nesta transformação.

A Shapeways (www.shapeways.com), por exemplo, está transformando o jogo entre e

13 http://www.fabricaimagens.com.br/index.html14 http://www.imprima3d.com/15 Adaptado de (ARC Advisory Group, 2012)

Page 18: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

significado entre produtor e consumidor. Através de uma plataforma na web, o consumidor

carrega as especificações de um produto ou peça e a Shapeways com a impressão 3D produz

o que foi solicitado pelo consumidor, e envia o resultado pelo correio. Em 2011, a Shapeways

relatou o envio de 750.000 partes. O material a ser utilizado ainda pode ser selecionado pelo

consumidor, variando de plástico a aço, prata e cerâmica. A ZoomRP16 e a Sculpteo17

também oferecem serviços similares. Já as startups MboT18, MakerGear19 e MakerBot20 estão

no negócio de fabricação de impressoras 3D pessoais.

16 http://www.zoomrp.com/17 http://www.sculpteo.com/en/18 http://www.mbot3d.com/19 http://www.makergear.com/20 http://www.makerbot.com/

Page 19: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2.3.4 Análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) do setor

pernamambucano.

Figura 9. Forças e Fraquezas da indústria de PE

Figura 10. Oportunidades e ameaças para a indústria de PE

Page 20: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2.4 Macrotendências do setor de Manufatura Aditiva

A indústria de uma forma geral é protegida ou tem sua localização direcionada através

de barreiras e/ou benefícios fiscais. O foco de disputa atual entre os estados da federação é o

ICMS. O sudeste, notadamente São Paulo conseguiu anular, em parte, a vantagem do norte e

nordeste com outro beneficio estadual, que caiu recentemente (dez/12) por liminar impetrada

pelo estado do Amazonas e concedida pelo STF (IDG Now, 2012).

A questão vista de forma isolada trata da disputa com relação a acabar ou não com os

incentivos (pagos pelos outros estados, principalmente São Paulo, que tem o maior mercado

consumidor) ao desenvolvimento da industrialização em Manaus (e em menores proporções

do Polo de Ilhéus).

É certo que sem o arranjo atual do ICMS não existiriam indústrias para produção de

TICs em Manaus e Ilhéus. Outros setores da indústria de eletroeletrônico também sentiriam

reverse e a produção de qualquer coisa se concentraria mais e mais no sudeste: maior

mercado consumidor, menor custo de logística.

Vista de forma mais ampla, a diferença de tratativa não afeta apenas o setor produtivo,

mas também o ecossistema de pesquisa, desenvolvimento e inovação no país, que depende

hoje fortemente da lei de informática, dado que esta legislação também determina destino

específico para os recursos oriundos da fabricação no norte do país.

Em função disso, a Abinee está apoiando a emenda da Senadora Ana Amélia (RS), ao

Projeto de Resolução do Senado (PRS nº01/2013), que prevê que os bens de informática

oriundos da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, incluindo a Zona Franca de Manaus

(ZFM), produzidos em conformidade com os processos produtivos básicos (PPBs), terão

alíquota de ICMS reduzida de forma escalonada (11%, em 2014, caindo 1 ponto percentual

ao ano, até atingir o patamar de 7%, em 2018).

Para o estado de Pernambuco, pouco industrializado, ou com produção mais voltada

ao mercado local/regional, a princípio a discussão pouco faz diferença. No entanto,

prevalecendo a vontade de São Paulo, no longo prazo, ocorrerá o adensamento do setor

Page 21: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

produtivo naquele estado, inviabilizando o surgimento, na eletroeletrônica, um polo de

produção de equipamentos de consumo de massa na região.

Neste cenário, torna-se ainda mais importante a flexibilização da produção.

Preservado os gostos e a cultura da região, fabricantes locais, com suporte de um ecossistema

de manufatura flexível e personalizada, poderão atender a custo competitivo a produção

realizada externamente ao estado.

O mesmo desafio, quando observado sob a ótica comportamental é ainda maior.

Segundo o relatório da TrendWatching (Trendwatching, 2013), que deu a esta tendência o

nome de Tribe-Factoring, com tantos diferentes nichos de consumidores, sobreviverão as

marcas que souberem endereçar produções que atendam as necessidades estéticas, estilo de

vida e outras de um número cada vez maior, de cada vez menores, grupos de consumidores.

Alguns exemplos vão de computadores projetados para idosos, como o KIWI PC, tablets para

crianças, a câmeras fotográficas com cores e superfícies de textura diferenciadas, como as

LUMIX da Panasonic.

Page 22: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

2.5 Recomendações às Empresas de Eletroeletrônica de Pernambuco

As empresas do ParqTel atuam de forma diferente (modelos de negócios) e em elos

diferentes na cadeia de produção de eletroeletrônicos. Mas cada uma delas tem um pouco ou

muito a se beneficiar de uma produção flexível e personalizada, frente às tendências e

ameaças do setor.

A TRON, por exemplo, pode se beneficiar enormemente ao fabricar suas mesas

educacionais com maior qualidade e maior personalização. Os baixos volumes da mesa,

associados à especificidade do treinamento desejado, poderiam ser amplamente beneficiados

por uma produção customizada, feita quase que “artesanalmente”, mas ao mesmo tempo com

acabamento industrial, para cada encomenda a ser produzida. A impressão 3D ainda poderia

beneficiar esta linha de produto ao permitir:

1. Testar e ajustar modelos antes de uma fabricação final;

2. Reduzir desperdício de materiais e;

3. Permitir coautoria, como forma de inovar nos produtos.

Já a Elcoma pode personalizar seus equipamentos e escapar da forte concorrência,

permitindo que seus consumidores desenhem e produzam seus próprios gabinetes (ou

mouses). Os nascidos na era digital não mais aceitam produtos massificados. Em muitos

casos, exigem participar do projeto, desenho, os produtos que irão consumir. Um forte

exemplo nesta linha é Camiseteria21 e a própria ação da NOKIA (Forbes, 2013) ao publicar o

modelo 3D de um dos seus telefones.

A Serttel pode acelerar a prototipação e experimentação dos equipamentos que utiliza

para prestar os diversos serviços inovadores que trás para seus clientes. A impressão 3D

aceleraria os processos de teste, antes da fabricação final, dos seus modelos.

A FabK, junto com o LACA2I, podem funcionar dentro deste ecossistema como a

unidade de produção e laboratório de estudo respectivamente do ecossistema, elaborando e

produzindo os modelos que as demais empresas do ParqTel necessitam nos seus negócios.

21 www.camiseteria.com.br

Page 23: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

De uma forma geral, quem adotar a fabricação flexível, baseada em impressão 3D por

adição, deverá:

Desenvolver capacidades de modelagem 3D para desenhar partes ou produtos

digitalmente;

Fazer uso das capacidades instaladas ao seu redor: FabK e LaCA2I!

Estabelecer uma linha de produção mista (interna ou em parceria com empresas do

ecossistema), com partes ou produtos sendo produzidos em larga escala e parte ou

todos personalizados;

Fazer uso de inovação aberta com co-criação. Deixar que seus usuários participem do

desenho de partes seus produtos;

Estar alerta para o mau uso da nova tecnologia.

Page 24: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

3 Conclusão

A indústria de semicondutores – base dos setores eletroeletrônico e de TICs –

nascido há pouco mais de 50 anos, época em que só havia grandes computadores

(mainframes) para grandes empresas, hoje vive profundas transformações, dentre as quais o

massivo empoderamento computacional dos seus usuários finais que estão contribuindo para

a produção e disseminação de um dilúvio de dados e informações sem precedentes na história

da humanidade. Tais artefatos estão revolucionando a forma como vivemos e trabalhamos.

Os rápidos avanços em tecnologia de manufatura apontam para uma cultura de

fabricação mais descentralizada e centrada no consumidor (personalizada). A manufatura

aditiva, impulsionada pela impressão 3D, é reconhecidamente o carro-chefe desta mudança,

cuja difusão, espera-se, irá modificar de forma radical a o futuro da produção e

desenvolvimento de novos produtos. O potencial de mudança, entretanto, está associado a

quão sofisticada se torna em termos do que pode produzir e materiais que pode utilizar. O

sucesso da impressão 3D irá modificar a forma como a indústria é construída e a produção é

executada.

Em pernambuco a tecnologia de impressão 3D ainda esta chegando. Vimos que a

empresa FabK22, do ParqTel, é até então a primeira a fazer parte de uma cadeia de produção

flexível para impressora 3D e que que na Universidade Federal de Pernambuco, no

departamento de Design, existe um grupo de pesquisa e laboratório voltado as tecnologias de

impressão 3D: LaCA2I, Laboratório de Concepção e Análise de Artefatos Inteligentes, que irá

estudar os vários tipos de técnicas de modelagem e prototipagem rápida em 3D, por meio de

pesquisas, com o objetivo de fazer-se avaliação em artefatos novos ou pré-existentes.

22 HTTP://www.fabk.com.br

Page 25: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

4 Referências

Abinee - Decon. (Março de 2013). Desempenho Setorial. Acesso em 04 de Abril de

2013, disponível em Abinee - Decon: http://www.abinee.org.br/abinee/decon/decon15.htm

Abinee. (15 de Janeiro de 2013). Lista de Produtos do Setor Eletroeletronico. Acesso

em 28 de Abril de 2013, disponível em Abinee:

www.abinee.org.br/informac/arquivos/lprod.pdf

Anderson, C. (2012). Makers. Nova Iorque: Crown Business.

ARC Advisory Group. (2012). Additive Manufacturing Systems Global Market.

DEDHAM: arcweb.com.

BotQueue. (2013). BotQueue has arrived! Acesso em 30 de Maio de 2013, disponível

em BotQueue.com: https://www.botqueue.com/

EPSRC. (2013). The rise of 3D Printing as a Digital Fabrication approach. Centi:

The University of Nottingham.

Forbes. (19 de Janeiro de 2013). Nokia 3D Printing Innovation, Make Your Own

Phone Some Time Soon? Acesso em 05 de Maio de 2013, disponível em Forbes:

http://www.forbes.com/sites/haydnshaughnessy/2013/01/19/nokia-in-3d-printing-innovation-

make-your-own-phone-some-time-soon/

Forbes. (05 de Fevereiro de 2013). Woman Has Jaw Replaced With A 3-D Printed

Jaw. Acesso em 05 de Maio de 2013, disponível em Forbes:

http://www.forbes.com/sites/alexknapp/2012/02/05/woman-has-jaw-replaced-with-3-d-

printed-model/

GIGA OM Pro. (31 de Maio de 2012). A field guide to 3D printing. Acesso em 04 de

Maio de 2013, disponível em GIGA OM Pro: http://pro.gigaom.com/blog/a-field-guide-to-

3d-printing/

GIGA OM Pro. (22 de Janeiro de 2013). CES 2013 flash analysis: disruptions and

disappointments from consumer tech’s biggest show. Acesso em 05 de Maio de 2013,

Page 26: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

disponível em GIGA OM Pro: http://pro.gigaom.com/2013/01/ces-2013-flash-analysis-

disruptions-and-disappointments-from-consumer-techs-biggest-show/

IDG Now. (31 de Outubro de 2012). STF suspende isenção de ICMS para fabricação

de tablets em São Paulo. Acesso em 05 de Maio de 2013, disponível em IDG Now:

http://idgnow.uol.com.br/ti-corporativa/2012/10/31/stf-suspende-isencao-de-icms-para-

fabricacao-de-tablets-em-sao-paulo/

Industrial Research Institute. (Setembro de 2012). Weak Signal Report IRI2038.

Acesso em 01 de Maio de 2013, disponível em Industrial Research Institute:

http://www.iriweb.org/Public_Site/Navigation/Library/Public_Documents/

Member_Summit_2012/Weak_Signals_Report_IRI2038.aspx

Petrick, I. J. (Fevereiro de 2013). The Future of Manufacturing. Acesso em 05 de

Maio de 2013, disponível em Innovation Roadmapping: http://strategic-technology-

roadmapping.com/wp-content/uploads/2013/03/The-Future-of-Manufacturing-Working-

Paper.pdf

Strategy+Business. (23 de Agosto de 2011). A Strategist’s Guide to Digital

Fabrication. Acesso em 05 de Maio de 2013, disponível em Strategy+Business:

http://www.strategy-business.com/article/11307?pg=all

The Economist. (27 de Abril de 2013). 3D printing. A new brick in the Great Wall.

Additive manufacturing is growing apace in China. Acesso em 05 de Maio de 2013,

disponível em The Economist:

http://www.economist.com/news/science-and-technology/21576626-additive-manufacturing-

growing-apace-china-new-brick-great-wall?frsc=dg%7Ca

The Economist. (10 de Fevereiro de 2011). Technology. Print me a Stradivarius.

Acesso em 05 de Maio de 2013, disponível em The Economist:

http://www.economist.com/node/18114327

Trendwatching. (2013). Consumer Electronics. Acesso em 1 de Maio de 2013,

disponível em Trendwatching: www.trendwatchingpremium/industry-reports/

Within. (2012). The Next Industrial Revolution. WithinLab.

Page 27: Tendências de mercado para o setor de eletroeletrônica – manufatura aditiva

Wohlers Associates. (2013). Wohlers Report 2013. Acesso em 4 de Maio de 2013,

disponível em Wohlers Associates: http://wohlersassociates.com/2012report.htm