temporada 2013 | maio

33
M A I O 2 0 1 3 FILARMÔNICA E VOCÊ unidos pela música

Upload: orquestra-filarmonica-de-minas-gerais

Post on 06-Apr-2016

230 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

M A i o 2 0 1 3

Filarmônica e vocêunidos pela música

Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

foto de capa rafael mottailustrações mariana SimõeS

S U M Á R I Opág. 7

Revueltas SensemayáGinastera Concerto para

violoncelo nº 1, op. 36Copland Sinfonia nº 3

SÉRIE allEgRo09 de maiomaximiano ValdéS, regente convidadomark koSower, violoncelo

pág. 21Soro Tres aires chilenos*

Binelli Suíte para harpa e orquestra

Messiaen les offrandes oubliéesDebussy la mer

SÉRIE VIVaCE14 de maiomaximiano ValdéS, regente convidadoGiSelle BoeTerS, harpa

pág. 35Wagner os mestres cantores

de nuremberg: Prelúdio

Schumann Sinfonia nº 1 em Si bemol maior, op. 38, “Primavera”

Brahms Concerto para piano nº 1 em ré menor, op. 15

SÉRIE allEgRo23 de maiomarCoS arakaki, regenteriCardo CaSTro, piano

*Primeira audição em Belo Horizonte.

Caros amigos e amigas,Os dois primeiros programas do mês de maio serão primordialmente dedicados à música das Américas, celebrando a diversidade, originalidade e talento de compositores latino-americanos consagrados mundialmente. Por duas semanas estaremos dando boas-vindas ao regente convidado Maximiano Valdés, que retorna a Belo Horizonte dirigindo nossa orquestra em concertos de grande variedade.

O primeiro deles terá obras do mexicano Silvestre Revueltas, do argentino Alberto Ginastera – com a participação especial do violoncelista Mark Kosower – e do norte-americano Aaron Copland, com uma das sinfonias mais importantes compostas no século XX. Já no segundo concerto apresentaremos a estreia mundial da Suíte para harpa e orquestra de Daniel Binelli, encomendada pela Filarmônica e executada pela primeira vez por nossa harpista Giselle Boeters. O apelo do tango e a mágica sonoridade da harpa unem-se aqui, numa obra que certamente irá agradar a todos os nossos ouvintes. Ainda nesse programa apresentamos, também pela primeira vez em Belo Horizonte, uma obra de Enrique Soro, importante compositor chileno e conterrâneo do maestro Valdés.

Já no terceiro programa do mês iniciamos as celebrações dos 200 anos de Richard Wagner (exatamente no dia de seu aniversário, 23 de maio), com a abertura de uma de suas mais importantes óperas, Os mestres cantores de Nuremberg. Esse programa, conduzido pelo nosso Regente Associado Marcos Arakaki, ainda se completa com a bela Sinfonia Primavera de Schumann e o magnífico Concerto para piano nº 1 de Brahms, executado aqui pelo exímio pianista brasileiro Ricardo Castro.

Ainda em maio, continuamos nossa série de Concertos para a Juventude, realizados no Sesc Palladium, com a presença de nosso primeiro clarinetista, Marcus Julius Lander. Outro de nossos músicos, o Assistente de Chefe de Segundos Violinos, Leonidas Cáceres, será o solista de nosso próximo concerto em parques, desta vez na Praça Duque de Caxias.

Assim, a Filarmônica continua suas atividades, dentro e fora do Palácio das Artes, trazendo música de excelência à população de nossa cidade.

Tenham todos um excelente concerto.

Fabio Mechettidiretor artístico e regente Titular

orquestra Filarmônica de minas Geraisfoto

ale

xan

dr

e r

ezen

de

3

fabioMechettid i r e T o r a r T í S T i C o e r e G e n T e T i T u l a r

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere. Em 2013, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

5

foto

ra

fael

mo

tta

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

programa

Silvestre RevueltaS

Sensemayá [7 min]

alberto GinaSteRa

Concerto para violoncelo nº 1, op. 36 (versão de 1968) [28 min]Adagio molto appasionatoPresto sfumatoAssai mosso ed esaltato – largo amoroso

mark koSower solista

intervalo

aaron CoplanD Sinfonia nº 3 [43 min]Molto moderatoAllegro moltoAndantino quasi allegrettoMolto deliberato

maximiano ValdéS, regente convidadomark koSower, violoncelo

foto

an

dr

é f

oSS

ati

SÉRIE allEgRo

q u i n t af e i r a

09m a i

foto

ma

nu

el V

elez

maximianovaldés

Em 2008, o maestro chileno Maximiano Valdés foi apontado Diretor Musical e Maestro principal da Sinfônica de Porto Rico. Recentemente, concluiu um mandato de dezesseis anos como Diretor Musical da Orquestra Sinfônica do Principado de Astúrias, Espanha, e foi nomeado maestro laureado daquela orquestra. Foi também regente da Filarmônica de Buffalo e maestro no Teatro Municipal em Santiago, para onde retorna anualmente. Em 2010, Maximiano tornou-se Diretor Artístico do festival Casals, em San Juan.

Nascido em Santiago, começou seus estudos em piano e violino no Conservatório de Música de sua cidade e continuou na Accademia de Santa Cecilia, Roma, onde estudou composição e regência. Estudou regência com Franco Ferrara em Bolonha, Siena e Veneza e trabalhou com Sergiu Celibidache em Stuttgart e em Paris. Foi maestro assistente no Teatro la Fenice, Veneza, e maestro associado em Tanglewood, onde trabalhou com Leonard Bernstein e Seiji Ozawa. Maximiano foi primeiro lugar nas competições Nicolai Malko, Copenhagen, e Vittorio Gui, Florença. Na competição da Rupert Foundation, Londres, obteve o segundo lugar.

Maximiano estreou em solo americano em 1987 com a Filarmônica de Buffalo, tornando-se seu Diretor Musical por quase dez anos. Na América do Norte, foi maestro convidado das sinfônicas Nacional, de Saint Louis, Montreal, Baltimore, Seattle, Houston, Dallas, Filadélfia e New World, além da Filarmônica de Calgary. Também participou de festivais de verão como o Mann Music Center, Caramoor, Interlochen, Grand Teton, Eastern Music Festival, Chautauqua, Music Academy of the West e Grant Park.

Compromissos recentes incluem apresentações com as sinfônicas de Indianapolis, Vancouver, Phoenix, Edmonton, Syracuse e San Diego, com as filarmônicas de Buffalo e de Louisiana. Fora dos EUA, com a Orquestra National Arts Centre, Sinfônica do Estado Russo, filarmônicas de Lisboa, Varsóvia, Cracóvia, Dresden, Katowice e da Malásia, Orquestra de Ópera de Nice, todas as grandes orquestras espanholas, Sinfônica de São Paulo e Filarmônica da Cidade do México. Em 2011, com a Orquestra Sinfônica do Principado de Astúrias, realizou um concerto para o Papa no Vaticano.

Maximiano Valdés liderou produções de ópera nos EUA e em Nice, Paris, Lausanne, Roma, Berlim, Londres, Barcelona, Oslo, Copenhagen, Bonn, Astúrias, Oviedo, San Juan e Santiago.

Maximiano gravou com a Royal Philharmonic, com as filarmônicas de Monte Carlo e de Nice e com a Orquestra Simón Bolívar. Possui acordo exclusivo com o selo Naxos para gravar compositores latino-americanos e espanhóis com a Orquestra de Astúrias.

9Série alleGro, 09 de maio

Natural do Chile, Valdés provou ser um maestro de bom gosto e artisticamente

contido em músicas que poderiam facilmente se tornar bombásticas e enjoativas

www.latimesblogs.latimes.com, estados Unidos

foto

Hyu

n K

an

g

markKosower

Um dos grandes violoncelistas de sua geração, Mark Kosower ganhou reputação internacional entre músicos e críticos por seu extraordinário domínio instrumental, integridade musical e performances bastante expressivas.

Como ativo defensor da música dos séculos XX e XXI, ele tem atraído a atenção do público internacional para trabalhos menos conhecidos. Sua gravação (Naxos) dos dois concertos para violoncelo de Alberto Ginastera, com Lothar Zagrosek e a Orquestra Sinfônica de Bamberg, foi extremamente elogiada pelos críticos. Considerando-se o seu disco anterior, com obras completas para piano e violoncelo de Ginastera, Mark tornou-se o primeiro violoncelista a registrar o catálogo completo de obras para violoncelo do compositor. Gravou obras inéditas de Miklós Rózsa, Cristóbal Halffter, Yuri Falik e Marco Stroppa. Outras gravações incluem Walton, Richard Strauss, Max Reger e Eberhard Klemmstein.

Como solista, Mark Kosower fez aparições com as sinfônicas de Detroit, Flórida, Grand Rapids, Houston, Indianápolis, Milwaukee, Minnesota, Carolina do Norte, Oregon, Phoenix, Santa Barbara, Seattle, Syracuse, Toledo e Cleveland; com as filarmônicas de Buffalo e Erie, Ravinia Festival Orchestra e Orquestra de Câmara de St. Paul. Apresentações internacionais incluem a Filarmônica de Hong Kong, Sinfônica Nacional da China, Sinfônica Nacional de Taiwan, Filarmônica de Kansai, Orquestra de Paris, Kwa-Zulu Natal Philharmonic e Orquestra Sinfônica Brasileira. Trabalhou com maestros como James DePriest, Christoph Eschenbach, Joanne Falletta, Erich Kunzel, Nicholas McGegan, Anton Nanut, Stefan Sanderling, Gunther Schuller, Gerard Schwarz, Joseph Silverstein, Hugh Wolff e Lothar Zagrosek.

Realizou recitais no Lincoln Center, no Kennedy Center for the Performing Arts, Festival de Música de Aspen, Sociedade de Música de Câmara da Filadélfia e National Gallery of Art. E também no Théâtre du Châtelet, Alte Oper, Komische Oper, de Doelen, Hong Kong Cultural Centre; Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Avery Fisher Hall. Em apresentações de câmara e festivais realizou performances com Robert Mann, Leon Fleisher e Janos Starker.

Mark Kosower recebeu bolsa Avery Fisher para desenvolvimento de sua carreira e patrocínio especial Sony. Nas competições internacionais de violoncelo Rostropovich e Pablo Casals obteve o primeiro lugar e um prêmio especial de interpretação. Foi o grande vencedor da Competição Internacional de Cordas Irving Klein e da Competição WAMSO da Orquestra de Minnesota.

Mark começou estudos de violoncelo com o pai com apenas um ano e meio de idade. Mais tarde, estudou com Janos Starker na Universidade de Indiana e Joel Krosnick na Juilliard School.

Mark expõe virtuosidade e refinamento tonal de maneira delicada [...] o violoncelista defende esses

trabalhos com beleza ímpar, trazendo sentimento e expressão à ansiedade desinquietante e aos solos,

e infundindo uma obscura eloquência e um tom lustroso a passagens meditativas.

tHe classical ReView, cRítica ao cd Ginastera Cello ConCertos nos 1 e 2

11Série alleGro, 09 de maio

reVueLtaS

Silvestre Revueltas é hoje considerado, com Carlos Chávez (1899-1978), um dos mais importantes compositores mexicanos do século XX. Porém, nem sempre foi assim. Sua música, praticamente esquecida após sua morte, começou a ser recuperada apenas nos últimos vinte anos, quando seu talento passou a ser amplamente reconhecido. Estudou música desde criança e, aos treze anos, ingressou no Conservatório Nacional de Música, na Cidade do México, onde cursou violino e composição. Aos dezesseis anos, transferindo-se com o irmão, o pintor Fermín Revueltas, para Austin, no Texas, estudou no St.Edward's College e em seguida cursou o Chicago Musical College, onde, em 1919, diplomou-se em violino, harmonia e composição.

De volta ao México, só veio a conhecer o compositor Carlos Chávez em 1924. Com ele planejou inúmeras ações para reestruturar as condições musicais de seu país. Chávez fora nomeado diretor do Conservatório Nacional de Música e regente da recém-criada Orquestra Sinfônica Mexicana; a seu convite, Revueltas passou a lecionar violino no Conservatório e se tornou assistente de Chávez na Orquestra.

Revueltas começou a compor seriamente a partir de 1929. Sua obra abarca os seus últimos dez anos de vida, de 1930 a 1940. No entanto, esses últimos dez anos foram extremamente prolíficos. Numa explosão frenética de criatividade escreveu mais de trinta peças, incluindo música

de concerto, música de filme e peças de câmara. Revueltas e Chávez tinham visões divergentes quanto à verdadeira musicalidade mexicana. Chávez tentava recriar uma espécie de passado mexicano idealizado, ao compor uma música que, embora tivesse seus ritmos e melodias derivados do folclore, buscava sua estrutura no classicismo europeu. Revueltas, ao contrário, ia fundo na essência da música mexicana, respeitando suas imperfeições, sua espontaneidade e suas contradições. A Revueltas interessava a musicalidade tradicional do homem comum, não a música culta europeizada. Em 1935, a amizade entre eles chegou ao fim; Revueltas pediu demissão da Orquestra e do Conservatório.

Os últimos quatro anos de sua vida foram uma viagem ao inferno. Sem emprego, afundou-se no alcoolismo e passou a viver nos bairros mais pobres da capital. Oscilava constantemente entre períodos de euforia criativa e momentos de profunda depressão. Suas composições tornaram-se mais intensas e tristes que anteriormente. Morreu de pneumonia, complicada pelo alcoolismo e pela miséria, aos quarenta anos de idade.

O poema sinfônico Sensemayá faz parte dessa última fase da vida de Revueltas. Em maio de 1937 ele compôs a primeira versão da obra, para grupo de câmara, e em 1938 finalizava a versão para orquestra. A obra é intimamente inspirada no poema Sensemayá, canto para matar una culebra (Sensemayá, canto para matar uma cobra), do poeta cubano Nicolás Guillén (1902-1989). Com o acúmulo progressivo de material temático e um ritmo cada vez mais obsessivo, Revueltas recria fielmente o caráter hipnótico do poema. Segundo o compositor, “Há em mim uma compreensão muito peculiar da natureza: tudo é ritmo. Meus ritmos são crescentes, dinâmicos, táteis e visuais. Eu penso em imagens melódicas que se movem dinamicamente". Sensemayá é uma obra vigorosa, forte como a evocação de um ritual primitivo, extraordinariamente seca e sem rodeios.

Revueltas ia fundo na essência da música mexicana, respeitando suas imperfeições, sua espontaneidade e suas contradições. a ele interessava a musicalidade tradicional do homem comum, não a música culta europeizada.

méxiCo, 1899 – 1940

silvestre

Para ouvir

Cd Copland: danzón Cubano; Grofé: Grand Canyon Suite; Fernandez: Batuque; Guarnieri: dansa Brasileira; Villa-lobos: Bachiana Brasileira no 5; revueltas: Sensemayá – new York Philharmonic – leonard Bernstein, regente – Sony Classical – 1993

Para LEr

Silvestre revueltas por él mismo – ediciones era – 1998

sensemayá(1938)

instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, requinta, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

13Série alleGro, 09 de maio

GuilherMe NasciMeNtoCompositor, doutor em música pela unicamp, professor da uemG e da Fea, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor

concerto para violoncelo nº 1, op. 36(1968)

instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 4 trombones, tímpanos, percussão, celesta, harpa, cordas.

Para ouvir

Cd alberto Ginastera: Cello Concertos (gravados em 1992/93) – orquestra Sinfônica de Castilla e león – max Bragado-darman, regente – aurora nátola-Ginastera, violoncelo – Pierian – 2008

Para LEr

deborah Schwartz-kates – alberto Ginastera: a research and information Guide – routledge – 2010

“Sempre que cruzo os Pampas, meu espírito fica inundado por sensações contrastantes, ora alegria, ora melancolia, produzidas por aquela imensidão sem limites e pela transformação que ocorre no campo ao longo do dia.” alberto ginastera

Considerado o maior compositor argentino e um dos mais importantes da América Latina e de seu tempo, Aberto Ginastera conseguiu combinar em sua música a rudeza do gaúcho pampeano e a reflexão íntima de quem contempla a vastidão das pastagens argentinas.

Nascido em Buenos Aires, Alberto Evaristo Ginastera iniciou cedo os estudos musicais. Filho de imigrantes – o pai era catalão e a mãe, italiana –, frequentou o Conservatório Nacional de Música, no qual assumiria a cátedra de composição após graduar-se em 1938. Sob os auspícios da Fundação Guggenheim, visitou os Estados Unidos entre 1945 e 1947, quando, em Tanglewood (Massachusetts), estudou sob a orientação de Aaron Copland. De volta a Buenos Aires em 1948, passou a lecionar composição em diversas universidades, contribuindo para a formação de novos compositores, entre eles Astor Piazzolla e Marlos Nobre.

A obra de Ginastera abrange todos os gêneros musicais – óperas, balés, obras orquestrais, concertos, cantatas, obras para piano e música de câmara, além de música para teatro e cinema – e pode ser considerada, segundo ele, em três períodos: “nacionalismo objetivo”, “nacionalismo subjetivo” e “neoexpressionismo”. O Concerto para violoncelo nº 1 pertence a esse último período, que abarca obras escritas entre 1958 e 1983. Nas obras do “neoexpressionismo”, como explica o próprio autor, “não existem células melódicas ou rítmicas populares e nem

qualquer simbolismo. Há, no entanto, constantes elementos argentinos, como ritmos fortes e obsessivos, e adagios meditativos, sugerindo a tranquilidade dos Pampas”. Sem a intenção de ser um compositor nacionalista, Ginastera, ainda que renunciasse ao rico material folclórico argentino, sempre buscou refletir em seus trabalhos os estados de alma trazidos pela natureza de seu país: “sempre que cruzo os Pampas, meu espírito fica inundado por sensações contrastantes, ora alegria, ora melancolia, produzidas por aquela imensidão sem limites e pela transformação que ocorre no campo ao longo do dia.”

O Concerto para violoncelo nº 1 é notável por suas melodias provocativas, cores intensas, ritmos de dança latinos e virtuosismo da parte solo. É uma das mais belas obras de Ginastera, marcada também pela percussão abundante no acompanhamento orquestral. No entanto, surgiu em um conturbado momento de sua vida pessoal: a separação de sua primeira esposa, duas demissões e a censura de sua ópera, Bomarzo, aplicada pelo regime ditatorial de Juan Carlos Onganía, ato que resultou em um colapso criativo do compositor e em sua saída da Argentina. Por outro lado, foi nesse período que iniciou seu romance com Aurora Nátola, violoncelista de renome internacional com quem viria a se casar em 1971. Discípula e amiga de Pablo Casals, ela nasceu em Buenos Aires e atuou como divulgadora da obra de Ginastera mesmo antes de se casarem. Tornou-se colaboradora do marido e estreou todas as obras a ela dedicadas, a citar, a Sonata para Violoncelo e Piano e o Segundo Concerto para Violoncelo, escrito para celebrar o décimo aniversário do casal. Não se pode afirmar o quanto Aurora teria inspirado Ginastera a compor seu Concerto para violoncelo nº 1, mas ela, certamente, o auxiliou na revisão substancial da obra e realizou a estreia de sua versão definitiva, em 1978, junto à Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, sob a regência do célebre violoncelista Mstislav Rostropovich.

15Série alleGro, 09 de maio

ginaSteraarGenTina, 1916 – Suíça, 1983

alberto

Marcelo corrêaPianista, mestre em Piano pela universidade Federal de minas Gerais e professor na universidade do estado de minas Gerais

CopLanD

Entre 1929 e o fim da Segunda Grande Guerra, o processo de recuperação econômica dos Estados Unidos pós-depressão favoreceu a revalorização das tradições folclóricas do país. Aaron Copland, de forma oportuna e quase utilitarista, contribuiu para reacender o orgulho nacional americano ao criar música num estilo acessível, capaz de se conectar facilmente com o grande público. Em suas obras mais famosas – Billy The Kid (1938), Rodeo (1942), Appalachian Spring (1944) e Old American Songs (1952) –, Copland captou cenas do oeste americano, aumentando o apelo popular de seu trabalho, e o fez de forma brilhante, alcançando inigualável equilíbrio entre a música de vanguarda e o estilo folk-song norte-americano, o que lhe proporcionou grande prestígio.

Uma das principais características das obras de Copland, além do nacionalismo, é a versatilidade: escreveu para salas de concerto, teatro, balé e cinema. Seu reconhecido talento rendeu-lhe bolsas de estudo Fulbright e Guggenheim, e a qualidade de sua obra foi reconhecida com os mais altos galardões internacionais: Prix de Paris, Prêmio Pulitzer, Grammy, Emmy e um Oscar de melhor trilha sonora para o filme americano The Heiress, de 1949.

Professor, crítico musical, escritor e maestro, Aaron Copland nasceu no Brooklyn, em Nova York. Seus pais eram imigrantes judeus russos, cujo sobrenome, Kaplan, fora erradamente

registrado como Coplan, provavelmente pelas autoridades de Glasgow, na Escócia, onde viveram antes de seguirem para a América.

Aaron iniciou os estudos de teoria musical e composição aos dezessete anos, com Rubin Goldmark, prosseguindo-os com a célebre Nadia Boulanger, em Paris. Foi Nadia quem abriu as portas do circuito internacional da música erudita ao jovem compositor nova-iorquino de vinte e três anos, encomendando-lhe uma obra que ela mesma executaria em sua estreia americana, como organista. O resultado foi a Sinfonia para Órgão e Orquestra (1924), que, ao passar pelas mãos do maestro russo Koussevitzky, viria a garantir a Copland o comissionamento e realização de novas obras. Serge Koussevitzky, um dos principais apoiadores do compositor, foi diretor da Orquestra Sinfônica de Boston por 25 anos e, durante esse período áureo para a música norte-americana, fez florescer em torno de si um bem-sucedido grupo de novos compositores, uma excelente orquestra, um magnífico festival anual de música clássica e uma prestigiosa escola de música. Foi ele o responsável pela estreia da Sinfonia nº 3 de Copland, em outubro de 1948. Escrita entre 1944 e 1946, foi encomendada pela Fundação de Música Koussevitzky e dedicada à memória de sua fundadora, Nathalie Koussevitzky, segunda esposa de Serge, falecida em 1942.

Ao se dedicar, em meados do século XX, a compor uma sinfonia, uma das formas fundamentais da música ocidental, Copland conhecia exatamente os riscos que correria: a sinfonia era uma forma em declínio, gasta e abandonada pelos autores modernos. Copland foi um dos compositores da nova geração a se responsabilizar pelo reerguimento da sinfonia, libertando-a da forma sonata e reestruturando-a internamente em cada movimento. Para que isso ocorresse, observou que os materiais musicais precisariam ser introduzidos de maneira menos tensa, que as divisões em grupos temáticos deveriam esfumar-se e que não poderia haver uma generalização quanto à natureza do desenvolvimento e da recapitulação dos elementos da exposição. “Eis porque a sinfonia moderna, para nós, é mais difícil de ouvir do que a antiga, cujos contornos básicos já

ao se dedicar, em meados do século XX, a compor uma sinfonia, uma das formas fundamentais da música ocidental, Copland conhecia exatamente os riscos que correria: a sinfonia era uma forma em declínio, gasta e abandonada pelos autores modernos.

eSTadoS unidoS, 1900 – 1990

aaron

Para ouvir

Cd aaron Copland – Symphony no. 3 – orquestra Filarmônica de nova York – leonard Bernstein, regente – deutsche Grammophon – 1990

Para LEr

aaron Copland – Como ouvir e entender música – editora artenova – 1974

sinfonia nº 3(1946)

instrumentação: Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, requinta, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, celesta, piano, cordas.

17Série alleGro, 09 de maio

Marcelo corrêaPianista, mestre em Piano pela universidade Federal de minas Gerais e professor na

universidade do estado de minas Gerais foto

ra

fael

mo

tta

estavam substancialmente digeridos pela nossa consciência musical”, reconheceu o compositor.

Na Sinfonia nº 3, sua obra orquestral mais imponente e última do gênero, Copland esquivou-se da habitual estrutura dos tradicionais primeiros movimentos sinfônicos para criar um movimento de contorno único, a partir de três temas interligados e semelhantes entre si. O primeiro é uma melodia em largos intervalos cantados em uníssono; o segundo, mais fluente ritmicamente, conduz ao clímax no qual os trombones apresentam o terceiro tema. As melodias longas, sustentadas por notas pedais graves, mostram que Copland concebera a orquestra como um imenso órgão de tubos de timbres exuberantes. A ascensão espiritual do movimento inicial, o caráter jubiloso do segundo e os momentos meditativos do terceiro irão preparar o ouvinte para o extasiante último movimento, no qual desponta a Fanfare for the Common Man (1942), tão familiar aos norte-americanos, e cuja versão expandida explica a gênese de toda a obra. Leonard Bernstein reconheceu a gama de emoções que a Sinfonia nº 3 de Aaron Copland transmite aos ouvintes: “otimismo, simplicidade, sentimentalismo e nobreza”. Na verdade, Copland superou a corrente romântico-nacionalista ao tocar fundo o espírito norte-americano, hasteando o coração de seu povo junto às “Estrelas e Faixas” (bandeira dos Estados Unidos), com um estilo musical novo, único e marcante: patriota.

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

programa

enrique SoRo Tres aires chilenos [14 min]Allegro ma non troppoModerato – allegro – moderatoAllegro moderatoPrimeira audição em Belo Horizonte.

Daniel Binelli Suíte para harpa e orquestra [14 min]Tango InmortalArpa NocturnaMilonga Porteñaestreia mundial. oBra encomendada Pela orquestra Filarmônica de minas Gerais.

GiSelle BoeTerS solista

intervalo

olivier MeSSiaen les offrandes oubliées [11 min]

Claude DeBuSSy la mer [23 min]De l’aube à midi sur la merJeux des vaguesDialogue du vent et de la mer

maximiano ValdéS, regente convidadoGiSelle BoeTerS, harpa

foto

ra

fael

mo

tta

14m a i

SÉRIE VIVaCE

t e r ç af e i r a

foto

oli

Ver

elS

ner

giselleBoeters

Giselle começou sua carreira na música muito cedo. Ela tinha aulas de piano com o seu pai, Gerard Boeters, e só depois passou para a harpa. A artista estudou no Conservatório de Amsterdã sob orientação de Erika Waardenburg e na Hochschule für Musik Hanns Eisler, em Berlim, sob orientação da professora Maria Graf. Lá, formou-se com as maiores distinções e honrarias.

Desde muito jovem, Giselle ganhou prêmios em várias competições nacionais e internacionais. Essa lista inclui o concurso Princesa Cristina, o Concurso de Harpa da Holanda e competições internacionais em Lausanne, Bruxelas e Vresse-sur-Semois. Ela também ganhou prêmios especiais no Concurso de Harpa da Holanda por melhor interpretação das novas peças Quase uma Fantasia, de Daan Manneke, e Secret Garden, de Peter van Onna.

Giselle Boeters frequentou masterclasses de harpistas renomados como Isabelle Moretti, Susann McDonald, Catherine Michel, Edward Witsenburg e Emilia Moskvitina, assim como do harpista e músico de jazz Park Stickney e do harpista e compositor sul-americano Alfredo Rolando Ortiz. Ela estudou repertório orquestral com Sarah O’Brien, harpista da Münchner Philharmoniker, e Petra van der Heide, harpista da Koninklijk Concertgebouworkest.

Como solista convidada, Giselle se apresentou com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Amsterdã, Nederlands Jeugd Strijkorkest, Orquestra Sinfônica de Brandenburgo e Orquestra Sinfônica de Taipei. Também foi convidada para se apresentar no Simpósio Europeu de Harpa, em 2001, e nas edições de 2002 e de 2008 do Congresso Mundial de Harpa.

Antes de 2007, Giselle fez aparições com a Brabants Orkest, Radio Kamerorkest, Radio Filharmonisch Orkest, Residentie Orchestra e na Royal Concertgebouw Orchestra. Já em 2007, recebeu bolsa de estudos de dois anos para a orquestra acadêmica Staatskapelle e Staatsoper, em Berlim. Isso permitiu que a artista ganhasse experiência como harpista de orquestra executando várias óperas, balés e concertos sinfônicos tanto em Berlim quanto em turnê pela Inglaterra, França, Brasil e Argentina. Nesse período, Giselle trabalhou com renomados maestros como Michael Gielen, Andris Nelsons, Philippe Jordan, Dan Ettinger e Daniel Barenboim. De 2009 a 2012, atuou regularmente como harpista convidada em várias orquestras profissionais na Alemanha, como NDR Radiophilharmonie, Hamburger Symphoniker, Deutsche Oper Berlin e Deutsche Staatsoper Berlin.

Em 2012, Giselle foi escolhida como a principal harpista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Brasil.

23Série ViVaCe, 14 de maio

os ouvintes experimentaram uma harpa de ritmo enérgico e espirituoso com uma clareza que dificilmente

teriam esperado deste instrumento. Ágil e com uma larga paleta de timbres, giselle Boeters dominou

soberana a variada complexidade da composição.maeRkiscHeallgemeine.de, alemanHa

Soro

Embora figure entre as mais aclamadas e bem recebidas obras da música orquestral chilena da primeira metade do século XX, Tres aires chilenos não é ouvida como obra representativa do repertório de Enrique Soro. Devido, talvez, ao potencial e à abrangência de um repertório que se divide, segundo Silva Cruz, em cinco gêneros ou ciclos: o descritivo, o clássico, o psicológico, o lírico e o popular. O uso do folclore – principalmente certos ritmos e melodias – está restrito às poucas obras que fazem alusão direta à cultura regional, da qual Aires chilenos é a mais ilustrativa. Soro não via no folclore a matriz de um estilo novo, ao gosto do nacionalismo que se espalhava pela América. Mas, ao contrário dos defensores de uma estética nacional, Soro entendia o folclore como fonte de material musical autêntico de onde se poderiam extrair ideias para obras de maior envergadura. Esse tratamento dispensado ao material folclórico nada mais é que o reflexo de um princípio composicional característico de Soro, pelo qual ele determina uma estrutura formal que é a seguir preenchida com elementos musicais.

Enrique Soro estudou na Itália, licenciando-se em 1904 no Conservatório Real Giuseppe Verdi, em Milão, mesma escola de seu pai, também músico. Nesse mesmo ano conquistou na instituição o Grande Prêmio de Alta Composição. Sua formação sólida, clássica e tradicional acirrou suas tendências de homem metódico, ordenado, conhecido pela clareza de ideias e ações, do que sua música é um reflexo. Tornou-se compositor reconhecido

pelas formas estruturadas regularmente, dentro de quadraturas rigorosas. Apropriou-se das harmonias clássico-românticas e destacou-se por suas melodias líricas e fluentes, capazes de captar toda a atenção do ouvinte. Mas, acima disso, foi sua linguagem orquestral, o seu sinfonismo, que o colocou definitivamente em visibilidade no cenário musical de seu país. Como primeiro compositor chileno a escrever uma sinfonia, recebeu aclamação imediata quando da estreia da Sinfonía Romántica, em 1921. Foi o primeiro passo na consolidação do gênero sinfônico num país que se encontrava completamente mergulhado no lirismo das óperas italianas. Além disso, tendo sido radiodifundida nas principais capitais europeias, em Nova York e no Japão, a obra fez de Enrique Soro o mais notável dos compositores chilenos.

Composta em 1942, Tres aires chilenos marca, com a Suite en Estilo Antiguo, de 1943, o fim da vida composicional de Soro. Estreada no mesmo ano de sua composição, pela Orquestra Sinfónica de Chile, regida por Soro, a obra inspira-se na famosa cueca – conjunto de danças e estilos musicais da região dos Andes – Ciento veinticinco pesos. Mantendo a métrica característica, importa padrões rítmicos e melódicos dessa dança. A clareza musical deixa transparecer o material folclórico, e cada aire traça um ambiente independente. O primeiro, allegro ma non troppo, mescla o sentimental com certa alegria cadenciada. O segundo, moderato-allegro, apresenta doces recitativos preparatórios de uma euforia subsequente. O último, allegro-moderato, retrata a vivacidade da dança chilena.

Enrique Soro esteve presente em todos os cenários musicais chilenos, excetuando-se o operístico. Destacado professor por mais de duas décadas no Conservatório Nacional de Música do Chile – e diretor entre 1919 e 1928 –, formou toda uma geração de músicos. Produtor de concertos e promotor da música de seu país, foi grande pianista e principal intérprete de sua obra. Acima de tudo, era um compositor obcecado pela lógica e pela técnica, sem perder, contudo, lembra-nos Leng, as “qualidades permanentes da espontaneidade e musicalidade.”

Soro apropriou-se das harmonias clássico-românticas e destacou-se por suas melodias líricas e fluentes, capazes de captar toda a atenção do ouvinte. Mas foi sua linguagem orquestral que o colocou em visibilidade no cenário musical de seu país.

tres aires chilenos(1942)

instrumentação: Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tímpanos, percussão, 2 harpas, cordas.

Chile, 1884 – 1954

enrique

Para ouvir

Cd Bicentenario de la música sinfónica chilena, vol. 1 – enrique Soro; domingo Santa Cruz; alfonso leng – orquestra Sinfónica de Chile – david del Pino klinge, regente – SVr Producciones limitadas, academia Chilena de Bellas artes – 2003

Para LEr

raquel Bustos Valderrama – enrique Soro – revista musical Chilena, n. 135-136 – outubro-dezembro de 1976

25Série ViVaCe, 14 de maio

iGor reyNerPianista, mestre em música pela universidade Federal de minas Gerais

BineLLi

Optando por timbres mais sombrios, um discurso introspectivo, sem abrir mão das harmonias modernas ou dos arroubos rítmicos, Astor Piazzolla retratou sua crise pessoal e seu desejo de transgressão na música de seu último grupo, o Sexteto Nuevo Tango. Reunido em 1989, o grupo contava com um violoncelo, uma guitarra elétrica, um contrabaixo, um piano, além de dois bandoneóns sob responsabilidade de Piazzolla e Daniel Binelli. Piazzolla falece em 1992 e Binelli torna-se, de certa forma, seu herdeiro, menos por direito do que por mérito. Antes da experiência no Sexteto, Binelli tinha sido arranjador e bandoneonista da orquestra de Osvaldo Pugliese. Don Osvaldo, el Nono, foi um emblemático músico de tango, e sua orquestra reunia os mais respeitados intérpretes do ramo.

Devido às turnês nacionais e internacionais da orquestra de Pugliese, além do contato direto com músicos tradicionais, Binelli absorvera o tango clássico sem restrições. Seu repertório revela um compositor que caminha por todos os estilos de tango, dos antigos aos modernos. No entanto, é segundo os princípios do nuevo tango que Binelli se expressa plenamente. Gênero criado por Piazzolla em 1955, o nuevo tango representava para o público argentino uma síntese musical, capaz tanto de conquistar a juventude embevecida pelo rock quanto de enfrentar a mesmice do tango, imutável por décadas. Assim, da síntese de gêneros musicais, Piazzolla fez surgir uma música pautada por um discurso mais livre, mais ousado, que

explorasse a tensão entre as seções e o virtuosismo dos instrumentistas. O tango tradicional encontrava na canção o seu elemento condutor. O nuevo tango transfere para o instrumento a primazia da voz, fazendo os instrumentistas dialogarem através de passagens difíceis, desafiadoras e necessariamente envolventes.

Binelli, um dos principais responsáveis pela divulgação e continuação da obra de Piazzolla, é a escolha acertada da História: afinal, somente um grande virtuose, detentor de sólida formação estilística, poderia assumir um gênero musical tão diversificado. Considerado um dos maiores bandoneonistas do mundo, Binelli solou com as maiores orquestras da Europa e das Américas. Versátil, compôs para instrumento solo, música de câmara e orquestra, além de trilhas sonoras para filmes e espetáculos de dança. Gravou mais de cinquenta CDs, é diretor musical do inovador espetáculo Tango Metropolis e, em 1995, recebeu o Konex Prize como melhor instrumentista de tango.

A Suíte para harpa e orquestra foi comissionada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Confesso admirador da sonoridade da harpa, Binelli buscou inspiração, para o tratamento solista desse instrumento, em Ravel e Ginastera, incorporando-os à linguagem do tango. Compôs o Concerto em três movimentos, segundo a tradição do gênero. O primeiro movimento, Tango Inmortal, surge a partir de um tema bastante romântico. A orquestra, restrita às cordas, flauta e clarinete, é pensada para acomodá-los: tema e solista. No centro do movimento apresenta-se uma cadência aos moldes do nuevo tango e da forma clássica de concerto. O segundo movimento, Arpa Nocturna, mais livre, é um passeio pelo folclore argentino. O terceiro movimento, Milonga Porteña, abre-se com uma cadência, a orquestra expande-se e apresenta um ritmo característico de milonga que logo envolve o solista.

Binelli absorvera o tango clássico sem restrições. Seu repertório revela um compositor que caminha por todos os estilos de tango, dos antigos aos modernos. No entanto, é segundo os princípios do nuevo tango que ele se expressa plenamente.

suíte para harpa e orquestra(2012)

instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, cordas.

arGenTina, 1946

daniel

Para ouvir

Cd new Tango Vision – Binelli; Ferman; isaac Trio – Sadaic-aadi-Capif-Biem – 2006

Cd Piazzolla: Tangazo – orchestre Symphonique de montréal – Charles dutoit, regente – daniel Binelli, bandoneóns – eduardo isaac, violão – decca – 2001

Cd Tango de Buenos aires – daniel Binelli, bandoneón – linda lee Thomas, piano – musica Viva – 2002

27Série ViVaCe, 14 de maio

iGor reyNerPianista, mestre em música pela universidade Federal de minas Gerais

meSSiaen

O ambiente familiar foi bastante favorável à precoce vocação musical de Messiaen. Seu pai era um aclamado tradutor de literatura inglesa e a mãe, Cécile Sauvage, poetisa de grande sensibilidade. Aos onze anos, Olivier ingressou no Conservatório de Paris para estudar piano, composição e órgão, tendo como principais mestres Maurice Emmanuel, Paul Dukas e Marcel Dupré (órgão). Obteve cinco primeiros prêmios.

Com vinte e dois anos, Messiaen foi nomeado organista titular da igreja da Santíssima Trindade e, em 1936, participa do grupo Jeune France, com Jolivet, Lesur e Baudrier, propondo a restauração dos “valores humanistas e do espiritualismo na música”. O catolicismo fervoroso de Messiaen se ajustava a esses ideais, e o dedicado organista se vangloriava de pertencer à linhagem de eminentes músicos franceses que, desde Pérotin, no século XII, trabalharam a serviço das igrejas parisienses.

Messiaen só abandonou o cargo entre 1940 e 1941, para trabalhar como enfermeiro durante a Segunda Guerra. Capturado, foi transferido para um campo de prisioneiros. Entre seus companheiros de cativeiro contavam-se um violinista, um violoncelista e um clarinetista. Para esse conjunto, acrescido de um velho piano, Messiaen escreveu o célebre Quarteto para o fim do tempo, cuja estreia se deu perante cinco mil prisioneiros, num gelado janeiro de 1942. Além da esperada religiosidade, o

compositor aqui incorpora, pela primeira vez em sua música, o canto das aves, recurso permanente em suas obras posteriores.

Fé religiosa e fascínio pela Natureza, atributos Jeune France, poderiam ter isolado o compositor de seus pares, representantes de um século eminentemente laico e tecnicista. Entretanto, Messiaen se impôs como personalidade autenticamente revolucionária – a grande liberdade poética e a concepção ideológica de sua música tornam-se convincentes pelo rigor científico de seu suporte teórico. Estudou de perto os problemas mais complexos da rítmica grega, indiana, de Bali, do Japão e da América Andina. Inspirou-se em Debussy, no serialismo, na atonalidade, e cultivou de forma personalíssima as ressonâncias e os acordes de timbres. Conseguiu integrar o canto dos pássaros em sua linguagem, graças a um sistema de transposição dotado de lógica e engenhosidade espantosas.

Em 1942, Messiaen tornou-se professor no Conservatório de Paris e, desde então, sua influência sobre a nova geração virá a ser enorme, embora sempre controversa. Seus cursos foram frequentados por compositores como Pierre Boulez, Xenakis, Stockhausen e o brasileiro Almeida Prado.

Quando publicou As oferendas esquecidas, Messiaen tinha 22 anos. A obra traz o subtítulo de Meditação Sinfônica e um breve poema-prece do compositor – “A Cruz e a Eucaristia são as oferendas divinas. Doce Jesus, vós nos amais e nós Vos esquecemos”. Apresenta três partes encadeadas. A primeira seção (A cruz) constitui uma Abertura “quase lenta, dolorosa e profundamente triste”. Confiada principalmente às cordas, evoca o sacrifício do Cristo. A seção central (O pecado) é a única que mobiliza toda a orquestra, com grande turbulência rítmica e sonora. A seção final (A eucaristia) traz a indicação “lento, com grande piedade e grande amor”. Os primeiros violinos desenham uma delicada melodia sobre os acordes das violas e dos segundos violinos – "como um vitral vermelho, dourado e azul".

Fé religiosa e fascínio pela Natureza poderiam ter isolado o compositor de seus pares, representantes de um século eminentemente laico e tecnicista. Entretanto, Messiaen se impôs como personalidade autenticamente revolucionária.

França 1908 – 1992

olivier

Para ouvir

Cd messiaen: les offrandes oubliées, Poèmes pour mi; un sourire – orchestre national de lyon – Jun märkl, regente – naxos – 2009

Para LEr

alain Périer – messiaen – éditions du Seuil – Solfèges – 1979

Paulo sérGio Malheiros dos saNtosPianista, doutor em letras pela PuC minas, professor na universidade do estado de minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico

les offrandes oubliées (1930)

instrumentação: 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

29Série ViVaCe, 14 de maio

DeBuSSY

É sempre tentador associar a música de Debussy a elementos descritivos. De fato, muitos dos títulos de suas obras podem perigosamente induzir o ouvinte e o estudioso a sucumbirem a esse caminho, fácil, mas equivocado, que tenta traçar uma relação entre sua música e esse grande movimento pictórico que foi o Impressionismo: Prélude à L’Après-Midi d’un Faune, Clair de Lune, Voiles, Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir, dentre tantos outros, sempre tão poéticos. Há quem possa, nessa temerosa associação, procurar enxergar elementos musicais descritivos apenas sugeridos, trabalhados e estilizados em grau exponencial até que o som, em seu estado puro (se é que isso seja possível) – e sobrepujando a própria representação imagética – se torne tão essencial quanto a cor e a luz se tornaram nas mãos de um Cézanne ou de um Monet. Trata-se, insistimos, de um caminho ao mesmo tempo fácil e, em muitos aspectos, equivocado, porque para o ouvinte habituado à causalidade do sistema tonal, com suas estruturas formais preconcebidas, urge encontrar referências que possam atribuir sentido ao novo e ao inesperado.

Este é sempre o caminho de Debussy. Em sua música, o ouvinte é privado de suas referências habituais e sua acuidade auditiva não é mais guiada por uma convergência causal objetiva. O ouvinte de Debussy (e este é um dos fatores que tornam sua música, até hoje, surpreendentemente atual) acaba por se ver

necessariamente atrelado ao som, ou antes, às sonoridades que o levam a percursos que não são reconhecíveis de pronto, o que causa uma sensação de perplexidade extática, de déplacement que nunca deixa de ser fascinante, posto que a alguns possa causar insegurança.

O caminho das sugestões imagéticas em Debussy é, portanto, muito mais complexo do que a mera descrição. Ele rompe desde, pelo menos, os Noturnos (1899), com a perspectiva clássica de desenvolvimento e opta por uma espécie de justaposição de ideias (musicais) entre as quais se estabelecem outros tipos de relação que não a de causa e efeito. Formalmente, suas obras não são atreladas nem redutíveis a categorias preconcebidas e a sua matéria sonora é atomizada, o que gera uma espécie de fracionamento do som em potencialidades timbrísticas que passam a ter valor em si mesmas. Assim, o material temático tem a liberdade de se dispersar, e a harmonia, livre de sua origem contrapontística, liga-se muito mais ao timbre que à funcionalidade causal (na qual a dissonância é necessariamente resolvida). O ritmo adquire uma aparência fluida, em que raramente se reconhecem as referências métricas.

Na linguagem de Debussy, portanto, a imagem não tem lugar para se constituir como descrição... Nem sequer como sugestão descritiva! Se pode haver alguma relação entre sua música e qualquer elemento figurativo ou pictórico, esta se dá muito mais no plano de sua “intuição criadora”(nas palavras de Jacques Maritain), que no da constituição da obra propriamente dita.

Entre 1904 e 1905 Debussy elabora ou conclui algumas de suas obras mais importantes: para piano, ele compõe L’isle joyeuse, Masques e o primeiro caderno das Images; para voz e piano, a segunda série das Fêtes Galantes e, para orquestra, La Mer. No plano pessoal, porém, ele passa por um momento turbulento: em junho de 1904 abandona sua esposa Lily, com quem estava casado havia cinco anos, e passa a viver com a cantora Emma Bardac. Em razão disso, Lily tenta o suicídio em outubro. Foi um escândalo social. A despeito disso, Debussy e Emma Bardac continuam

a Debussy não interessa mais a dureza da linguagem tonal ou dos preconceitos sonoros e musicais. Interessa-lhe a fluidez cambiante que ele observa no mar e que transpõe para o plano sonoro, reinventando com aguda personalidade a Música e a linguagem musical.

França, 1862 – 1918

claude

Para ouvir

Cd debussy: la mer – orquestra Sinfônica de montréal – Charles dutoit, regente – decca – 1999

Para LEr

roland de Candé – história universal da música – eduardo Brandão, tradução – Vol. 2 – martins Fontes – 1994

leon Vallas – Claude debussy, his life and works – maire e Grace o’Brien, tradução inglesa – oxford university Press – 2008

la Mer(1903/1905)

instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 5 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, cordas.

31Série ViVaCe, 14 de maio

juntos, obtêm os respectivos divórcios e passam a habitar uma bela mansão na antiga Avenida Bois de Boulogne, em Paris. No outono de 1905 nasce a única filha do casal, Claude-Emma, a quem Debussy chamava carinhosamente Chouchou. Nesse mesmo outono é estreada La Mer, cuja composição fora iniciada dois anos antes. A obra não foi bem recebida – nem tampouco as outras da mesma safra – talvez muito em função do escândalo de seu rompimento com Lily e de sua união com Emma Bardac.

No entanto, trata-se de obra fundamental na linguagem debussyana, e uma das mais significativas da música de nosso tempo. Estruturada em três seções (Desde a Aurora ao Meio-Dia sobre o Mar, Jogo de Ondas e Diálogo entre o Vento e o Mar), nela se percebem com clareza as propostas estéticas revolucionárias de Debussy, a começar pelo trabalho com a estrutura formal, que escapa a quaisquer referências preestabelecidas. Ademais, nota-se, principalmente na segunda seção, esse trabalho de atomização do material sonoro que leva à valoração do timbre, permitindo a dispersão dos elementos temáticos em detrimento de um trabalho causal de desenvolvimento. Daí, talvez, o subtítulo dado por Debussy à obra: “Trois Esquisses Symphoniques pour Orchestre” (Três Esboços Sinfônicos para Orquestra). A Debussy não interessa mais a dureza da linguagem tonal ou dos preconceitos sonoros e musicais. Interessa-lhe muito mais a fluidez sempre cambiante que ele observa no mar e que ele transpõe para o plano sonoro, reinventando com aguda personalidade a Música e a linguagem musical. Se, para Pierre Boulez, o século XX se abre com o Prélude à L’Aprés-Midi d’un Faune, ousamos acrescer que ele se instala monumentalmente com La Mer.

Moacyr laterza FilhoPianista e cravista, doutor em literaturas de língua Portuguesa, professor na universidade

do estado de minas Gerais e na Fundação de educação artística foto

eu

gên

io S

áVi

o

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

foto

ra

fael

mo

tta

programa

Richard WaGneR os mestres cantores de nuremberg: Prelúdio [9 min]Bicentenário de nascimento de WaGner.

Robert SChuMann Sinfonia nº 1 em Si bemol maior, op. 38, “Primavera” [30 min]Andante un poco maestoso – Allegro molto vivaceLarghettoScherzo: Molto vivace Allegro animato e grazioso

intervalo

Johannes BRahMS Concerto para piano nº 1 em ré menor, op. 15 [44 min]MaestosoAdagioRondo: Allegro

riCardo CaSTro solista

marCoS arakaki, regenteriCardo CaSTro, piano

SÉRIE allEgRo

q u i n t af e i r a

23m a i

marcosaraKaKi

37Série alleGro, 23 de maio

foto

an

dr

é fo

SSat

i

De Marcos arakaki, viu-se uma regência de fácil assimilação e comunicação com os músicos. a clareza com que transmite suas

ideias impressiona – e como tinha as cordas nas mãos nos mais belos fraseados!

leonaRdo steffano, moVimento.com, bRasil

Marcos Arakaki é natural de São Paulo. Bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp, 1998), concluiu seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com apoio da Fundação Vitae.

Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001, e I Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do Jordão, em 2009.

Arakaki vem dirigindo importantes orquestras brasileiras, como as sinfônicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte e Paraíba, a Petrobras Sinfônica, as sinfônicas de Campinas, da USP, a Orquestra de Câmara da Osesp e a Orquestra Experimental de Repertório. No Exterior, dirigiu orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, Ucrânia e República Tcheca.

Realizou turnês nacionais e regionais com a Camerata Fukuda, com a Orquestra Sinfônica Brasileira e com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. À frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, gravou em 2010 a trilha sonora para o filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.

Entre 2000 e 2002, Marcos Arakaki foi o principal regente convidado da Camerata Fukuda e regente assistente da Orquestra Sinfônica de Santo André. Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre os anos 2008 e 2010, obtendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro.

Marcos Arakaki vem colaborando com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2011 e hoje é seu Regente Associado. Nas próximas temporadas, continuará desempenhando suas funções junto à Filarmônica nos concertos das séries Allegro e Vivace, bem como nas demais apresentações, como Concertos para a Juventude, Clássicos no Parque, Concertos Didáticos, turnês estaduais e no Festival Tinta Fresca.

ricardocastro

Em 1993, Ricardo Castro conquistou o primeiro lugar no prestigioso Leeds International Piano Competition, na Inglaterra, sendo então o primeiro vencedor latino-americano do prêmio.

Radicado na Suíça desde 1984, foi solista em concertos da City of Birmingham Symphony, Tokyo Philharmonic, Orchestre de la Suisse Romande, Mozarteum de Salzburg, BBC Philharmonic, English Chamber e Academy of St. Martin in the Fields. Já colaborou com Sir Simon Rattle, Yakov Kreizberg, John Neschling, Kazimierz Kord, Gilbert Varga, Alexander Lazarev e Michioshi Inoue. Suas apresentações e gravações são aclamadas pela crítica internacional.

Nascido em Vitória da Conquista, Bahia, começou a tocar piano aos três anos de idade. Com cinco anos foi admitido em caráter excepcional nos Seminários de Música de Salvador, famosa escola que hoje faz parte da UFBa. Brilhante aluno de Esther Cardoso, aos oito anos deu seu primeiro recital e aos dez foi solista com a Orquestra da UFBa.

Em 1984, foi estudar na Europa com recursos próprios. Entrou no Conservatório Superior de Música de Genebra na classe de virtuosidade de Maria Tipo e na classe de regência de Arpad Gerecz. Primeiro lugar dos concursos Rahn (Zurique, 1985) e Pembaur (Berna, 1986), recebeu do Conservatório de Genebra o Premier Prix de Virtuosité avec Distinction et Félicitations du Jury (1987). Nesse mesmo ano foi vencedor (ex-aequo) do Concurso Internacional da ARD de Munique, dando o primeiro impulso na sua carreira internacional. Pouco depois completou estudos de piano em Paris com Dominique Merlet.

Em 2003 iniciou uma colaboração com a pianista Maria João Pires. Juntos, fizeram recitais nas mais importantes salas de concerto da Europa, dentre elas Konzerthaus em Viena, Palau de la Música em Barcelona, Alte Oper de Frankfurt, Auditório Nacional de Madrid, Théâtre des Champs Elysées, Concertgebouw de Amsterdam e Tonhalle de Zurich. Em 2005 foi lançado o primeiro CD do duo pelo selo Deutsche Grammophon com obras de Franz Schubert.

Ricardo Castro gravou vários discos para o selo Arte Nova-BMG com obras de Mozart, De Falla, Liszt e um box de cinco CDs Master Pieces em homenagem a Chopin nos 150 anos de sua morte.

Atividades pedagógicas e sociais têm sido uma constante na sua vida. É professor de um exclusivo grupo de jovens pianistas profissionais na Haute École de Musique de Lausanne, Suíça, e, desde 2007, Diretor Fundador do NEOJIBA – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia, programa pioneiro no Brasil inspirado no famoso El Sistema da Venezuela.

39Série alleGro, 23 de maio

foto

ra

fael

mo

tta

Ricardo Castro é um mestre em arquitetura com uma paleta incomum de sonoridades.

Ele já toca na corte de gigantes... um pianista para ser seguido de perto.

le monde de la mUsiqUe, fRança

GuilherMe NasciMeNtoCompositor, doutor em música pela unicamp, professor da uemG e da Fea, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor

Como a maioria dos compositores, Wagner necessitava de muita paz e silêncio para compor. Mas estes eram artigos de luxo para um homem frequentemente atormentado por dívidas e casos amorosos. Assim, embora não conseguisse compor por longos períodos diários, Wagner se esforçava para escrever ao menos algumas notas todos os dias. Nos últimos anos de vida, famoso internacionalmente, as inúmeras negociações com teatros e o excesso de correspondência diminuíram consideravelmente sua produção musical. Não apenas as incessantes solicitações roubavam seu precioso tempo, como o compositor, agora idoso, necessitava de muito mais esforço para realizar o que antes fazia com grande facilidade. O último Wagner era um homem por demais cansado.

Os mestres cantores de Nuremberg é uma de suas últimas óperas e a única ópera cômica que Wagner compôs. Os Mestres Cantores constituíam associações de poetas e músicos amadores que floresceram nas cidades alemãs nos séculos XIV a XVI. Provenientes da classe média, os Mestres Cantores promoviam festivais de canções e transmitiam seu conhecimento de geração a geração. O poeta-sapateiro Hans Sachs, um dos personagens principais da ópera, é um Mestre Cantor que realmente existiu no século XVI e uma das figuras mais amadas da literatura alemã. A ação da ópera se passa no século XVI. Eva, filha do rico Veit Pogner, é prometida em casamento ao vencedor do concurso de canções. Eva e Walther von Stolzing

estão apaixonados, mas ele ignora a arte dos Mestres Cantores. O frio e calculista Beckmesser, que também deseja casar-se com Eva, não mede esforços para destruir seu rival. Hans Sachs surge para ajudar Walther que, no final, vence o concurso e conquista a mão de sua amada.

Embora os primeiros esboços da ópera sejam de 1845, Wagner só iniciou a confecção do libreto em 1861. No ano seguinte deu início à composição da música, que só seria finalizada em 1867, quando o compositor contava 54 anos de idade. A primeira apresentação da ópera completa deu-se no Teatro Nacional de Munique, em 1868, sob a regência de Hans von Bülow.

No século XIX, a abertura de uma ópera era, geralmente, a última parte a ser composta. Isso se dava, principalmente, porque as aberturas eram constituídas de uma coletânea dos temas principais; o compositor precisava ter a obra pronta para escolher os trechos que utilizaria na abertura. Obviamente, a prioridade era dada aos temas que representassem momentos importantes da trama. Mas, no caso de Os mestres cantores de Nuremberg, o Prelúdio foi a primeira parte a ser escrita por Wagner, já no início de 1862, tão logo terminou o libreto. Embora a música ainda não estivesse composta, ele já tinha ao menos vários esboços. O que o autor não previu, no entanto, foi que os tempos seguintes seriam alguns dos mais tumultuados de sua vida, o que retardaria a finalização da ópera em muitos anos. Em 1867, ao terminar finalmente a composição, Wagner havia acrescentado novos temas que, embora importantíssimos para a trama, não foram incluídos no Prelúdio. O Prelúdio já havia sido estreado em Leipzig, no dia 31 de outubro de 1862, sob a direção do compositor.

os mestres cantores de nuremberg: Prelúdio(1862/1867)

instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

alemanha, 1813 – iTália, 1883

Para ouvirCd wagner: die meistersinger von nürnberg – Chicago Symphony orchestra – Georg Solti, regente – decca – 1997 (Ópera completa)Cd wagner: orchestral music – Berliner Philharmoniker – herbert von karajan, regente – emi Classics – 2004 (Prelúdio) (original recording remastered)

Para LErBarry millington (org.) – wagner: um compêndio – Jorge Zahar editor – 1995Charles Baudelaire – richard wagner e Tannhäuser em Paris (com cartas e textos sobre richard wagner) – eliane marta Teixeira lopes, tradução e organização – autêntica editora (edição bilíngue)

Para assistirdVd wagner: die meistersinger von nürnberg – The metropolitan opera orchestra and Chorus – James levine, regente – deutsche Grammophon – 2005 (Ópera completa)

No século XIX, a abertura de uma ópera era, geralmente, a última parte a ser composta [...] porque as aberturas eram uma coletânea dos temas principais. No caso de os mestres cantores de nuremberg, o Prelúdio foi a primeira parte a ser escrita por Wagner.

41Série alleGro, 23 de maio

Wagnerrichard

SCHumann

No dia 12 de setembro de 1840, Robert Schumann casava-se com a filha de seu ex-professor, a pianista Clara Wieck. Sustentar uma família era tarefa árdua para um compositor desconhecido, tão árdua que Clara precisou lecionar e dar inúmeros concertos para ajudar a família, enquanto Robert perseguia a carreira de compositor. Embora suas primeiras composições tenham sido bem recebidas, ele logo percebeu que, para tornar-se um compositor de prestígio, era necessário ser bem-sucedido na composição de obras de grande porte, tais como a ópera ou a sinfonia.

Schumann tinha apenas trinta anos e essa era uma das fases mais felizes de sua vida: acabava de se casar com aquela a quem já amava desde muito jovem e experimentava uma explosão de criatividade sem precedentes. Compôs sua Primeira Sinfonia em apenas quatro dias, no mês de janeiro de 1841. Schumann trabalhava de noite e raramente conseguia algumas horas de sono. Pronta a orquestração no final de fevereiro, em 6 de março ele decidiu levar a partitura para Felix Mendelssohn, então diretor musical da Orquestra Gewandhaus de Leipzig. Mendelssohn, a maior autoridade musical da cidade na época, ficou tão encantado com a sinfonia que decidiu logo programá-la. A estreia se deu no dia 31 de março. Em dois meses a sinfonia havia sido composta, orquestrada e estreada com sucesso.

Esse concerto foi, segundo Schumann, um dos eventos mais importantes de sua vida. Até

aquele momento, ele não se experimentara fora da composição para piano e do Lied. Com a Primeira Sinfonia, Schumann, beethoveniano convicto, tentava dar vida às suas ideias sobre a música. Para ele, era imperativo que os compositores do presente não apenas buscassem apoio na música do passado, mas que revelassem novas belezas artísticas. Entretanto, para toda aquela geração de compositores, incluindo o próprio Schumann, colocava-se a questão de como ser capaz de compor sinfonias após as grandiosas conquistas de Beethoven. A proposta de Schumann foi aliar o ritmo obstinado, presente em algumas sinfonias de Beethoven, ao lirismo contemplativo de Schubert. Criou um estilo novo para si e pavimentou o caminho para suas próximas conquistas.

A inspiração para a composição da Sinfonia no 1 partiu da poesia de Adoph Böttger, poeta de Leipzig e amigo do compositor. No início, além do título de “Primavera”, a Sinfonia continha subtítulos para cada movimento, mas Schumann decidiu removê-los antes da publicação, para evitar que eles norteassem as futuras interpretações. No entanto, rever os subtítulos nos ajuda a compreender muito da obra. O primeiro movimento (Andante, un poco maestoso – Allegro molto vivace) era intitulado “Despertar da primavera”. Inicia-se com uma lenta introdução, que acelera até desembocar em um Allegro exuberante e cheio de vivacidade. O segundo movimento (Larghetto), originalmente intitulado “Noite”, é uma criação tipicamente schumanniana, com sua atmosfera de sonho, serena e repleta de doçura. Sem pausa, somos levados ao terceiro movimento (Molto vivace), um Scherzo de construção complexa, com seus dois Trios e, ao final, o retorno da primeira seção. Seu caráter festivo se assemelha muito ao título original: “Alegres companheiros”. O quarto movimento (Allegro animato e grazioso), que recebera o título de “Em plena primavera”, é irresistivelmente alegre, vivaz, com uma conclusão radiante. Certamente, uma das obras mais espontâneas de Schumann.

Mendelssohn, a maior autoridade musical da cidade na época, ficou tão encantado com a sinfonia que decidiu logo programá-la. Em dois meses a sinfonia havia sido composta, orquestrada e estreada com sucesso.

sinfonia nº 1 em si bemol maior, op. 38,“Primavera”(1841)

instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.

alemanha, 1810 – 1856

robert

Para ouvir

Cd Schumann: The four symphonies – The Philadelphia orchestra – James levine, regente – rCa red Seal – 1978

Para LEr

michael Steinberg – The symphony: a listener’s guide – oxford university Press – 1995

martin Geck – robert Schumann: the life and work of a romantic composer – university of Chicago Press – 2012

robert Schumann & Clara Schumann – Journal intime – Buchet Chastel – 2009

43Série alleGro, 23 de maio

GuilherMe NasciMeNtoCompositor, doutor em música pela unicamp, professor da uemG e da Fea, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor

“No momento, faço uma cópia definitiva do primeiro movimento do Concerto. Estou também pintando um terno retrato teu, que será o Adagio”. Com tais palavras Johannes Brahms se dirige a Clara Schumann, em uma carta datada de dezembro de 1856. O concerto a que ele se refere é exatamente o Concerto para Piano em ré menor, op. 15, que foi estreado em janeiro de 1859, primeiro em Hannover e, cinco dias depois, em Leipzig, tendo o compositor como solista.

É muito comum, por indícios como esse, se fazerem dois tipos de associação: em primeiro lugar, a tentativa recorrente de explicar a gênese de determinadas obras do Período Romântico a partir de fatos biográficos dos compositores. Disso advêm pré-conceitos, infelizmente já assimilados pelo senso comum, que se traduzem em expressões como “a melancolia de Chopin”, “a impetuosidade de Liszt” ou “o arrebatamento apaixonado de Schumann”. É certo que não se podem desvincular determinados traços biográficos das linguagens particulares de cada um desses compositores, como também é fato que esses traços não bastam para sustentar, com a devida coerência, a importância que o Romantismo teve na História da Música e das Artes. Em segundo lugar, por extensão, é comum associarem-se certas particularidades da linguagem de Brahms a um suposto amor platônico que ele nutria pela esposa de Robert Schumann. Nessa associação, é frequente

enxergar-se muito da obra de Brahms (especialmente a obra para piano) como a sublimação de um amor não consumado. A hipótese é provável, verossímil e possível, mas insuficiente para dar conta da solidez da linguagem desse compositor, cuja obra foi determinante para as gerações que o sucederam, talvez bem mais que ícones como Schumann, Chopin ou Mendelssohn.

Por outro lado, é real a forte ligação de amizade que uniu Brahms ao casal Schumann, desde que ele o conheceu, aos vinte e dois anos de idade. Robert Schumann acolheu o jovem compositor – e a sua música – com entusiasmo, e graças a isso Brahms pôde publicar algumas de suas obras. A amizade que desde então se estabeleceu foi, da parte de Brahms, profunda e devotada, por toda a sua vida. Quando, portanto, em 1854 Schumann tentou o suicídio, esse acontecimento não deve ter sido nada ameno para o então relativamente jovem Brahms.

Não nos importa, porém, se foi tal fato que desencadeou uma onda criativa na mente do compositor. Importa-nos tão-somente que, a partir de então, há notícia do início da laboriosa composição de uma sonata para dois pianos. Brahms, porém, cedo descobriu que o teclado, só, não seria suficientemente expressivo para a dramaticidade com que concebia a obra. Cogitou, assim, transformar a sonata em sua primeira sinfonia. No entanto, não se sentindo ainda maduro o suficiente para dedicar-se a esse gênero icônico da música orquestral (de fato, sua primeira sinfonia data de 1876, ou seja, quase vinte anos depois), e talvez com receio de ser medido pelo exemplo de Beethoven, Brahms parece ter fundido ambas as ideias e encontrado, no concerto para piano e orquestra, além de um gênero mais abordável, um caminho possível que contemplasse, de certo modo, ambas as alternativas.

É precisamente esse caminho que torna o Concerto op. 15 uma obra tão singular. E talvez tenha sido exatamente tal singularidade que lhe valeu uma acolhida tão glacial quando de sua estreia. A virtuosidade convencional do solista, como esperada em um concerto para piano, não aparece nesse Concerto. Não há sequer a cadência, como concebida

Embora a estrutura do Concerto tenha seus moldes no Classicismo, o autor inova em uma de suas raras transgressões às formas e procedimentos clássicos, trazendo o piano e o contexto orquestral para planos igualmente importantes e significativos.

concerto para piano nº 1 em ré menor, op. 15(1858)

instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

Para ouvir

Cd Johannes Brahms – Piano Concertos nos. 1 & 2; Variations on a theme by haendel, op. 24; waltzes op. 39 – orquestra de Cleveland – George Szell, regente – leon Fleisher, piano – Sony – 1997

Para LEr

Styra avnis (org.) – Johannes Brahms, life and letters – Josef eisinger e Styra avnis, tradução inglesa – oxford university Press – 2001

BraHmSalemanha, 1833 – áuSTria, 1897

johannes

45Série alleGro, 23 de maio

foto

eu

gên

io S

áVi

o

Moacyr laterza FilhoPianista e cravista, Professor da escola de música da uemG e da Fundação de educação artística

aos moldes do concerto clássico, em que habitualmente o solista costuma mostrar-se como músico e instrumentista distinto da massa orquestral (procedimento abraçado pelo Romantismo, talvez como forma de representar, simbolicamente, no plano da estrutura musical, o próprio mito do gênio romântico).

Embora a estrutura do Concerto em ré menor tenha seus moldes no Classicismo (como é habitual na obra de Brahms) – o primeiro movimento em forma sonata, o segundo, na forma tripartida do Lied e o terceiro constituindo um rondó –, o autor inova, aqui, em uma de suas raras transgressões às formas e procedimentos clássicos, trazendo o piano e o contexto orquestral para planos igualmente importantes e significativos. O Concerto op. 15 não é, portanto, uma obra em que se colocam em relevo os dotes particulares do solista. A dificuldade de determinadas passagens (que exigem real bravura do solista) não tem em absoluto esse propósito, mas tão-somente representa o caminho encontrado pelo compositor para o desenvolvimento de suas ideias musicais e do material temático. Nisso se pode notar, mais do que a inicial concepção sinfônica da obra, uma alternativa inovadora (e ainda hoje atual) para um procedimento que constituiu uma das expressões mais importantes no seio do Classicismo, e que o Romantismo, no gênio criador de Brahms, logrou expandir sem, no entanto, negar ou destruir. Integrando o piano à textura orquestral, Brahms antecipou-se ao seu tempo.

Olá, assinantenão perca a hora! Após o fechamento das portas do Grande Teatro, só é possível entrar nos intervalos entre uma obra e outra. Assim, você sempre perde alguma música.

Programe-se para chegar mais cedo, entrar com calma e ler o programa de concerto. Com certeza seu prazer será maior.

Fique de olho no horário:

19h30 – Abertura da portaria19h45 – Abertura do Grande Teatro20h30 – Fechamento da portaria e início do concerto

Saiba tudo sobre a sua

Fil

arm

ônica

Com alegria, envio ao Ingresso Solidário aqueles ingressos que meu marido e eu não iremos utilizar. Sei que serão

encaminhados para pessoas interessadas, evitando que os lugares fiquem vagos. Esses concertos são oportunidades

raras de reflexão, de encontro da pessoa consigo mesma, de recarregar as energias para seguir caminhando. Chances

assim não podem ser desperdiçadas, pois esse tipo de música é alimento da alma. E assim eu me sinto presente, mesmo

estando ausente

SONIA CHÉBEL MERCADO SPARTIaSSinanTe deSde 2009

SoroCaBa, SP

Para falar com a Assessoria de Relacionamento da Filarmônica:– [email protected]– (31) 3219-9009 (de segunda a sexta, de 9 a 18h)

BM001613-AD Filarmônica 15x25cm.indd 1 11/03/13 15:21

foto

ad

ria

no

Ba

Sto

S

mark john MULLEYTromBoneIpswich, Inglaterra

música pra mim é uma chance para criar algo que não existia antes, mostrando qualquer emoção ou história que eu esteja sentindo naquela hora.Comecei a estudar piano aos cinco anos de idade. aos nove, vi uma banda de metais e passei a ter aulas de trombone com um professor. Sempre toquei em bandas, grupos, jazz e orquestras. naturalmente, a minha vida continua com a música.

wagner MAYERTromBoneBelo Horizonte, Brasil

música é a degustação das mais belas emoções e sentimentos já emanados pela alma humana. Faço parte da quarta geração de músicos de minha família e soube que seria esta a minha carreira quando, espontaneamente, deixava de brincar para ver e ouvir meu pai estudar o seu trombone.

renato LISBOATromBonePaula Cândido, Brasil

emoção, comprometimento, doação. Palavras que definem parte do que a música representa para mim. Trabalhar profissionalmente em uma orquestra, respirar e viver música é algo fascinante que nem em meus melhores sonhos eu havia vislumbrado. Serei eternamente grato ao papel fundamental da Corporação musical monsenhor lisboa, de minha terra natal, que despertou em mim essa paixão.

eleiltonCRUZTuBaAracaju, Brasil

música é um elemento que possibilita flutuar pelo imaginário e aguça a sensibilidade. Sinto prazer por saber manipular com consciência este fator físico chamado som. nasci e cresci ouvindo meu pai tocar na Banda da Polícia militar de Sergipe. Às vezes até sonhava que estava tocando um instrumento. meu bisavô era ligado à música folclórica. Todos esses fatores contribuíram para minha formação, e assim cresci, em grande parte autodidata.

foto

ra

fael

mo

tta

erico FONSECATromPeTeNova Friburgo, Brasil

a música possui diversas facetas que não poderiam ser enumeradas em poucas linhas. Para mim, é a mais bela das artes, pois sintetiza a essência das demais, completando-as e sendo completada. meu pai e meu avô são músicos amadores e sempre me incentivaram. Comecei a estudar aos onze anos e aos dezessete recebi uma bolsa de estudos na Suíça; foi lá que me profissionalizei, até o dia em que decidi regressar ao país para integrar a Filarmônica.

marlon HUMPHREYSTromPeTeSão Paulo, Brasil

música faz parte da natureza humana, não existe quem não goste de pelo menos um estilo. música transcende tempo e cultura, é capaz de transformar e transmitir tanto sentimentos quanto ideias. é uma das mais poderosas formas de expressão. aprendi música com meu pai para tocar na igreja. mas, com o passar do tempo, ficou clara a minha facilidade para tocar trompete, o que possibilitaria uma carreira promissora. Foi a melhor decisão que já tomei.

daniel LEALTromPeTeRio de Janeiro, Brasil

música é o que me inspira a viver e proporciona sentimentos abstratos e concretos, tanto nas pessoas que a executam, quanto nas que a admiram. em minha família paterna, a música sempre foi um hobbie, exceto para meu avô, que era trompetista profissional. mas foi o louvor das igrejas o principal motivo para que eu aprendesse música. Sou muito grato a deus por ter alcançado meu objetivo de atuar em uma grande orquestra de nível e nome tal qual a Filarmônica.

foto

ra

fael

mo

tta

foto

ale

xan

dr

e r

ezen

de

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

FaBio MecHetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos arakaki

PRIMEIROS VIOLINOS

anThonY FlinT spallarommel FernandeS concertinoana Zivkovicarthur Vieira TertoBojana Pantoviceliseu martins de Barroshyu-kyung JungJovana Trifunovic marcio Cecconellomateus Freirerodrigo Bustamanterodrigo monteirorodrigo de oliveiraSimone martins ****

SEGUNDOS VIOLINOS

Frank haemmer *leonidas Cáceres **Gláucia de andrade BorgesJosé augusto de almeidaleonardo ottoniluka milanovicmarija mihajlovicmartha de moura Pacífico radmila Bocevrodolfo ToffoloTiago ellwangerValentina Gostilovitch

VIOLAS

João Carlos Ferreira *roberto Papi **Cleusa de Sana nébiasFlávia mottaGerry VaronaGilberto Paganini marcelo nébiasnathan medinakatarzyna druzd william martins

VIOLONCELOS

elise Pittenger ***Camila PacíficoCamilla ribeiroeduardo Swertslina radovanovic matthew ryan-kelzenberg robson Fonseca Francisca Garcia ****

CONTRABAIXOS

Colin Chatfield *nilson Bellotto ** Brian Fountain hector manuel espinosamarcelo CunhaPablo Guiñez Valdir Claudinowilliam Brichetto

FLAUTAS

Cássia lima*renata xavier **alexandre Bragaelena Suchkova

OBOÉS

alexandre Barros *ravi Shankar **israel Silas munizmoisés Pena

CLARINETES

marcus Julius lander *Jonatas Fernandes ** ney Campos Francoalexandre Silva

FAGOTES

Catherine Carignan * andrew huntrissCláudio de Freitasluis Felipe destéfano ****

TROMPAS

alma maria liebrecht *evgueni Gerassimov **Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santoslucas Filho Fabio ogata

TROMPETES

marlon humphreys *erico oliveira Fonseca **daniel lealdanilo oliveira ****wellington Gonçalves ****

TROMBONES

mark John mulley *wagner mayer **renato lisboamarcos Flávio ****

TUBA

eleilton Cruz *

TÍMPANOS

Patricio hernández Pradenas*

PERCUSSãO

rafael alberto *daniel lemos **werner SilveiraSérgio aluottoFelipe kneipp ****rafael matos ****

HARPAS

Giselle Boeters *marcelo Penido ****arícia Ferigato ****

TECLADOS

ayumi Shigeta *Thelma lander ****

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORA

karolina lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

débora Vieira

ARQUIVISTA

Sergio almeida

ASSISTENTES

ana lúcia kobayashiClaudio StarlinoJônatas reis

SUPERVISOR DE MONTAGEM

rodrigo Castro

MONTADORES

igor araujoJussan meirelesrisbleiz aguiar

CONSELHO ADMINISTRATIVO PreSidenTe emériTo

Jacques Schwartzman PreSidenTe

roberto mário Soares ConSelheiroS

Berenice menegale, Bruno Volpini, Celina Szrvinsk, Fernando de almeida, ítalo Gaetani,

marco antônio drumond, marco antônio Pepino, marcus Vinícius Salum, mauricio Freire, octávio

elísio, Paulo Paiva, Paulo Brant, Sérgio PenaDIRETORIA EXECUTIVA

direTor PreSidenTediomar Silveira

direTor adminiSTraTiVo-FinanCeiroTiago Cacique moraesdireTora de ComuniCação

Jacqueline Guimarães FerreiradireTor de markeTinG e ProJeToS

Gustavo Gomide direTor de Produção muSiCal

marcos Souza EQUIPE TÉCNICA

GerenTe de ComuniCaçãomerrina Godinho delgadoGerenTe de Produção muSiCal

Claudia da Silva Guimarães aSSeSSora de ProGramação muSiCal

Carolina debrot ProduToreS

Felipe renault, luis otávio amorim, narren Felipe

analiSTaS de ComuniCaçãoandréa mendes / Imprensa

marciana Toledo / Publicidademariana Garcia / Multimídia

renata romeiro / Design gráfico analiSTa de markeTinG de relaCionamenTo

mônica moreiraanaliSTa de markeTinG e ProJeToS

mariana TheodoricaaSSiSTenTe de ComuniCação

renata Gibsonauxiliar de Produção

lucas PaivaEQUIPE ADMINISTRATIVA

analiSTa adminiSTraTiVo eliana Salazar

analiSTa ConTáBilGraziela Coelho

analiSTa FinanCeiro Thais Boaventura

analiSTa de reCurSoS humanoSQuézia macedo Silva

SeCreTária exeCuTiVa Flaviana mendes

auxiliareS adminiSTraTiVoS Cristiane reis, João Paulo de oliveira,

Vivian FigueiredoreCePCioniSTa

lizonete Prates SiqueiraauxiliareS de SerViçoS GeraiS

ailda Conceição, Claudia Cristina SanchesmenSaGeiro

Jeferson Silvamenor aPrendiZ

Pedro almeida CONSULTORA DE PROGRAMA

Berenice menegale

* CheFe de naiPe ** aSSiSTenTe de CheFe de naiPe *** CheFe/aSSiSTenTe SuBSTiTuTo **** múSiCo ConVidado

F i C h a T é C n i C a

inStituto CuLturaL fiLarmôniCa

orqueStra fiLarmôniCaDe minaS geraiS maio 2013

ConCErtos Para a JuvEntudERealizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.Local: Teatro Sesc Palladium Horário: 11 h Datas: 14 de abril / 26 de maio 11 de agosto / 15 de setembro 27 de outubro / 17 de novembro

CLássiCos no ParquERealizados em parques e praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.21 de abril, domingo, 11h, Praça da Liberdade19 de maio, domingo, 11h, Praça Duque de Caxias9 de junho, domingo, 11h, Praça Floriano Peixoto18 de agosto, domingo, 11h, Inhotim, Brumadinho7 de setembro, sábado, 19h, Praça do Papa

ConCErtos didátiCosConcertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, pública e particular, bem como a instituições sociais mediante processo de inscrição junto ao Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado. Com um formato que busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica, os concertos são realizados no grande teatro do Sesc Palladium.Datas: 28 e 29 de outubro

FEstivaL tinta FrEsCaCriado para fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura

musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.Local: Teatro BradescoHorário: 20h30Data: 13 de junho

Laboratório dE rEgênCiaAtividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, 15 maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.Local: Teatro Sesc PalladiumHorário: 20h30Data: 26 de outubro

ConCErtos dE CâmaraRealizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.Local: Auditório do Memorial Minas Gerais ValeHorários: 19h e 20h30Datas: 06 de junho / 18 de julho 08 de agosto / 12 de setembro

turnês EstaduaisAs turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha o contato direto com música sinfônica de excelência. Dez municípios serão contemplados em 2013.

turnês naCionais E intErnaCionaisCom essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2013, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão (06 de julho) e na Sala São Paulo (17 a 19 de outubro).

ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM

OUTROS CONCERTOS

aParelHos celularesConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

cuide do seu PrograMa de concertos Solicitamos a todos que evitem o desperdício, pegando apenas um programa por mês.

Se você vier a mais de um concerto no mês, traga o seu programa ou, se o esqueceu em casa, use o programa entregue pelas recepcionistas e devolva-o, depositando-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro.

o programa mensal impresso é elaborado com a participação de diversos especialistas e objetiva oferecer uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. ele também está disponível em nosso site: www.filarmonica.art.br. desfrute da leitura e estudo.

tossePerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

aPlausosaplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos do regente.

Pontualidadeuma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

criançasCaso esteja acompanhado por crianças, escolha assentos próximos aos corredores. assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Fotos e gravações eM áudio e vídeonão são permitidas na sala de concertos.

coMidas e BeBidasSeu consumo não é permitido no interior da sala de concerto.

Para aPreciar o concertoPróximos

concertos

maio

dia 14Série Vivaceterça-feira, 20h30 Palácio das Artesmaximiano ValdéS, regente convidadoGiSelle BoeTerS, harpa

E. SORO | BINELLI MESSIAEN | DEBUSSY

dia 19Clássicos no Parquedomingo, 11h Praça Duque de CaxiasmarCoS arakaki, regenteleonidaS CáCereS, violino

RIMSKY-KORSAKOV SARASATE | MASSENET GOMES | J. WILLIAMS

dia 23Série allegroquinta-feira, 20h30 Palácio das ArtesmarCoS arakaki, regenteriCardo CaSTro, piano

WAGNER | SCHUMANN BRAHMS

dia 26Concertos para a Juventudedomingo, 11h Sesc PalladiummarCoS arakaki, regentemarCuS JuliuS lander, clarineteRIPPER | DEBUSSY SMETANA | J. STRAUSS JR.

junHo

dia 4Série Vivaceterça-feira, 20h30 Palácio das ArtesFaBio meCheTTi, regente raY Chen, violino

MOZART | PROKOFIEFF LUTOSLAWSKI

dia 6Concertos de Câmaraquinta-feira, 19h e 20h30 Memorial Minas Gerais ValeQuinTeTo de meTaiS

HANDEL | FARNABY GABRIELI | BACH MENDELSSOHN | CHEETHAM PIAZZOLLA | FRACKENPOHL

dia 9Clássicos no Parquedomingo, 11h Praça Floriano PeixotomarCoS arakaki, regentemark John mulleY, trombone

DVORÁK | SUPPÉ | DAVID GUARNIERI | BIZET

dia 13Festival Tinta Frescaquinta-feira, 20h30 Teatro BradescomarCoS arakaki, regente

FERRO | MEINE MARGUTTI PINT0 | VITTA

d i V u lG a ç ã o

www. incon f i denc i a . com.b r

a P o i o i n S T i T u C i o n a l

R. Paraíba, 330 | 120 andar | funcionários belo Horizonte | mg | ceP 30130-917

tel. 31 3219 9000 | fax 31 3219 9030 | [email protected]

www.filarmonica.art.br

PaT r o C í n i o

r e a l i Z a ç ã o