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Amigos e amigas,

O mês de maio se inicia com a estreia de nosso novo regente assistente, Marcos Arakaki, na série de concertos no Palácio das Artes. Maestro Arakaki tem sido reconhecido como um dos jovens regentes mais promissores no cenário musical nacional e é com grande satisfação que o recebemos em Minas Gerais como mais um grande colaborador no contínuo processo de evolução da Filarmônica.

Em seu primeiro concerto ele irá executar uma das mais importantes Bachianas de Villa-Lobos, assim como uma das mais geniais obras de Mozart, sua Serenata “Posthorn”. Neste mesmo programa a solista será nossa Chefe de Naipe de Flauta, Cássia Lima, que executará o complexo e instigante Concerto de Carl Nielsen. Cássia vem demonstrar o talento excepcional de nossos músicos não só dentro da orquestra, mas também como solistas.

No segundo concerto do mês recebemos com carinho um dos mais importantes músicos argentinos, Daniel Binelli, que vem compartilhar conosco o singular som do bandoneón ao executar um concerto do grande Astor Piazzolla para esse instrumento.

A Filarmônica mostra todo o seu progresso interpretando duas das mais desafiadoras obras de todo o repertório sinfônico: o Don Juan e Till Eulenspiegel do alemão Richard Strauss.

É um prazer tê-los aqui e esperamos que a cada experiência no Grande Teatro seus laços com nossa grande orquestra se estreitem cada vez mais.

Bom concerto,

FABiO MEChETTi

A música sinfônica está em toda parte.

Ela é presente não só na vida dos apaixonados por essa arte, como também no dia a dia de quem ainda não se sente íntimo dela.

Você pode não ter percebido, mas a música sinfônica está no cinema antigo, no cinema contemporâneo, nas animações, nos comerciais de TV, nas discotecas dos anos 1970, em novelas, nas artes plásticas e até nos toques de aparelhos celulares do mundo todo.

Em 2011, os cadernos das séries Allegro e Vivace vão recordar esses momentos e lugares inesperados em que a música sinfônica se apresenta para todos, mesmo aqueles que não costumam frequentar as salas de concerto.

Assim, convidamos você a sempre voltar a esta sala, onde poderá sentir a força e a sutileza de obras criadas em períodos diferentes, conhecer compositores geniais e intérpretes que emocionam. São grandes as chances de você também se apaixonar.

Astor Piazzolla imortalizou o tango e o aproximou da música de concerto. Em sua intensa e variada produção, compôs para orquestra, grupos de câmara e trilhas sonoras. Compositor e instrumentista incansável, jamais se esqueceu do instrumento principal do tango, o bandoneón, tornando-o conhecido em todo o mundo.

Michelangelo 70 e Adiós Nonino, de Astor Piazzolla, fazem parte da trilha sonora do filme Toda Nudez será Castigada, dirigido por Arnaldo Jabour em 1973.

MAIO 2011

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Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville desde 1999. Foi também Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito. Desde 2008 é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, trabalho que lhe deu o Xii Prêmio Carlos Gomes na categoria Melhor Regente brasileiro em 2008.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere, com a qual voltará a realizar uma série de concertos em 2011.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

FAbIO MechettIDiretor Artístico e Regente Titular

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

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Marcos Arakaki regênciaCássia Lima flauta

PROGRAMA

W. A. MOZART Serenata nº 9 em Ré maior, k. 320, “Posthorn” (1779) [40 min]I. Adagio maestoso – Allegro con brioII. Menuetto: Allegro con brio III. Concertante: Andante grazioso IV. Rondo: Allegro ma non troppo V. Andantino VI. Menuetto VII. Finale: Presto

INTERVALO

Carl NIELSEN Concerto para flauta e orquestra, op.33 (1926) [19 min]I.Allegro moderatoII. Allegretto

Solista: Cássia Lima

Primeira audição em Belo Horizonte

Heitor VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 2 (1930) [21 min]I. Prelúdio: O canto do capadócio II. Ária: O canto da nossa terra III. Dança: Lembrança do sertãoIV. Toccata: O trenzinho do caipira

sÉRIe VIVAce3 De MAIO 20H30

GRANDe TeATRO DO PALÁCIO DAS ARTeS

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Marcos Arakaki venceu o i Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica (2001) e o i Prêmio Camargo Guarnieri promovido pelo Festival internacional de Campos do Jordão (2009). Já esteve à frente de importantes orquestras no Brasil e no exterior, dentre elas as sinfônicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte e Paraíba; Petrobras Sinfônica; sinfônicas de Campinas, Recife, da USP e da Unicamp; Orquestra de Câmara da Osesp, Experimental de Repertório; filarmônicas de Minas Gerais, Boshulav Martinu na República Tcheca, Kharkov na Ucrânia, de Buenos Aires, da Universidade Nacional do México e também a orquestra da American Academy of Conducting, em Aspen.

Foi bolsista de importantes festivais, como o Aspen Music Festival (2005), tendo aulas com Sir Neville Marriner, Leonard Slatkin e David Zinman, e o Festival internacional de inverno de Campos do Jordão. Também participou de importantes masterclasses, recebendo orientações de maestros como Kurt Masur, Charles Dutoit, Alain hazendilne, Lanfranco Marcelletti e outros.

Entre 2000 e 2002, foi o principal regente convidado da Camerata Fukuda e regente assistente da Orquestra Sinfônica de Santo André. Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010 trabalhou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro.

Formado pela UNESP em 1998, concluiu Mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com apoio da Fundação Vitae.

À frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, Marcos Arakaki gravou, em 2010, a trilha sonora para o filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.

Atualmente é o regente assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

MARcOs ARAKAKIRegência

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Natural de Extrema (MG), Cássia Lima iniciou seus estudos com o flautista João Dias Carrasqueira aos seis anos. Em São Paulo também foi aluna de Grace henderson, Marcos Keihl e Jean-Noel Saghaard. Este último foi seu professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde concluiu o curso de Bacharelado em Música em 1999. Foi integrante da Orquestra Experimental de Repertório por oito anos, onde foi duas vezes vencedora do concurso “Jovens Solistas”. Também participou dos principais festivais de música do país, como Festival de inverno de Campos do Jordão, Oficina de Música de Curitiba e Festival de Música Antiga de Juiz de Fora. Foi vencedora dos principais concursos de flauta do país, como o ii Concurso Nacional Jovens Flautistas no Rio de Janeiro (1997) e o XV Concurso Jovens instrumentistas em Piracicaba (2001).

Nesse mesmo ano, foi premiada com bolsa de estudo pela Fundação Vitae e da Mannes College of Music em Nova York, EUA, para o curso de Mestrado em Música, tendo Keith Underwood como professor. Em 2003, formou-se Mestre em Flauta e foi condecorada pela Mannes College com o prêmio Gregory Award por excelência em performance. Também na Mannes foi vencedora do Concerto Competition, atuando como solista da orquestra, e concluiu o curso Professional Studies Diploma em 2005. Através da Mannes, participou de várias masterclasses com flautistas como Michael Parloff, Jeffrey Khaner, William Bennett e Ranson Wilsom.

Ainda nos EUA, participou do Festival de Música de hidden Valley em 2004, onde foi convidada a ser assistente de Keith Underwood. Em 2005, foi integrante do Festival de Tanglewood, onde participou como primeira flauta/Piccolo da orquestra, que teve regentes como James Levine, Seiji Ozawa, Kurt Masur, Stefan Asbury e Rafael Frühbeck de Burgos. Também em 2005 foi convidada a integrar o corpo docente da Universidade de Minnesota, em Minneapolis. Lá também participou da Orquestra de Minnesota, onde tocou com os regentes Charles Dutoit e Marek Janowski, e foi solista da Orquestra da Universidade de Minnesota. Ainda em Minneapolis foi convidada para participar do concerto de aniversário de Elliot Cater.

De volta a São Paulo, Cássia integrou a Orquestra do Estado de São Paulo (Osesp) como primeira flauta e foi professora da Oficina de Música de Curitiba em 2008. Desde 2009 Cássia atua como primeira flauta da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Cássia Lima foi vencedora dos principais concursos de flauta do país, como o II Concurso Nacional Jovens Flautistas no Rio de Janeiro e o XV Concurso Jovens Instrumentistas em Piracicaba.

cássIA LIMAFLAuTA

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PARA OuVIR_CD Mozart – Posthorn-serenade KV 320, Serenata notturna KV 239 – Berliner Philharmoniker – Karl Böhm, regente – Deutsche Grammophon – 2010

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WOLFgAng AMAdeus MOZARt (Áustria, 1756 – 1791)

Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn”

É fato observável que, no início de novas “eras estilísticas”, por assim dizer, a imprecisão conceitual de certos gêneros permeie a produção artística e musical. No início do século XViii, por exemplo, denomina-ções aplicadas a determinadas obras instrumentais, sinfônicas ou de câmara podem ser enxergadas, formalmente, como o mesmo proce-dimento: analiticamente falando, divertimentos, “partitas” e serenatas são, aí, análogos tanto em sua estrutura formal quanto em sua função social: eram obras geralmente encomendadas para compor festivida-des e eventos sociais aristocráticos ou burgueses. Nesses gêneros, evita-se o uso da linguagem polifônica, e neles não é raro que se en-contrem citações de temas ou canções populares.

Mozart compôs, ao longo da vida, cerca de uma dúzia de serenatas. Encomendada para uma cerimônia da Universidade de Salzburg, a Serenata K. 320 foi composta e estreada em 1779, quando o compo-sitor ainda aí residia. Na sua instrumentação, que valoriza particular-mente determinados instrumentos de sopro, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé (como no terceiro e quarto movimen-tos) e inclui inusitadamente partes para o flautim, no primeiro trio do segundo minueto, e um solo para a “trompa de posta” (instrumento que anunciava, dentre outras coisas, a chegada e saída dos correios e que era distinto da “trompa de caça”, usada obviamente nas caçadas), no segundo trio do mesmo minueto, o que conferiu o subtítulo à obra.

Moacyr Laterza Filho Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.

Na instrumentação desta Serenata, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé e inclui inusitadamente partes para o flautim e um solo para a “trompa de posta”.

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Conhecida como o “jardim da Dinamarca”, Funen é a ilha onde nas-ceu Carl Nielsen e também sua principal referência criativa. Avesso às turbulências estéticas da música de seu tempo, segue o caminho traçado pelo Romantismo. Admirava Mozart, Brahms – e Wagner e seu conceito de “obra de arte total”, síntese de todas as artes poéti-cas, visuais, musicais e dramáticas.

O Concerto para flauta, estreado em 1926 em Paris, resulta de uma experiência estética. Comovido ao ouvir o Quinteto de Sopros de Co-penhagen executando Mozart, Nielsen compõe para ele uma obra em que, na última parte – Variações sobre um Tema – vai descreven-do as personalidades dos músicos. Promete um concerto para cada um, mas chega a compor apenas para flauta e clarinete.

Ao longo de sua vida, Nielsen produziu muito para teatro. Texto e ce-nário o forçavam a criar soluções que usava posteriormente em obras puramente sonoras. Tal forma de produção, aliada à sua admiração pelos compositores germânicos, faz do Concerto para flauta obra que alterna sonoridades escuras de Brahms e o lirismo melódico de Mozart, amparados por uma narrativa que quase nos conta uma estória repleta de imagens e sons de sua ilha natal.

Felipe Amorim Flautista, professor na Fundação de Educação Artística e na Escola de Música da UEMG.

cARL nIeLsen(Dinamarca, 1865 – 1931)

Concerto para flauta e orquestra, op. 33

O Concerto alterna sonoridades escuras de Brahms e o lirismo melódico de Mozart, amparados por uma narrativa que quase nos conta uma estória repleta de imagens e sons da ilha natal de Nielsen.

PARA LER_“Grieg e os músicos escandinavos” – Jean Massin e Brigitte

Massin – história da Música Ocidental – Rio de Janeiro – Nova Fronteira – 1997

PARA OuVIR_CD Carl Nielsen – Clarinet & Flute Concertos – Berliner

Philharmoniker – Simon Rattle, regente – Emmanuel Pahud, solista – Emi Classics – 2006

Um dos principais “nortes ideológicos”, por assim dizer, do Moder-nismo no Brasil foi a preocupação engajada em se construir uma identidade artística nacional. Nessa direção, a valorização de um imaginário autóctone e a incorporação de seus elementos funciona-ram como possibilidades reais de expressividade artística. No entan-to, a estética modernista não ignorou conquistas estéticas dos movi-mentos das vanguardas europeias, que poderiam ser usadas (como de fato foram), conforme fossem convenientes, num movimento que Oswald de Andrade batizou, com irônica propriedade, de “Antropo-fagia”. Se, por um lado, essa ideologia estética pode ter provocado excessos “verdeamarelistas”, por outro lado, porém, é fato e certo que a arte brasileira (tanto a Literatura, quanto as Artes Plásticas e a Música) saiu renovada do Modernismo e soube aproveitar bem a herança que ele deixou.

Ícone maior da Música Nacional Brasileira, heitor Villa-Lobos foi o grande representante, na música, da Semana de 1922 e sua fase produtiva, de rara prodigalidade, contempla, pelo menos, as duas primeiras fases do Modernismo Brasileiro. Não se nota, porém, em sua obra, uma linha evolutiva como a que comumente se traça para a arte no Brasil a partir da “Semana”, especialmente para a Litera-tura. isso demonstra um pouco da independência vigorosa de seu espírito criador, que não se deixa prender a rótulos ou a tendências impositivas, mas que deles faz uso, quando assim convém às suas necessidades expressivas. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que Villa-Lobos, transcendendo o próprio Modernismo, assume uma postura verdadeiramente “antropofágica”. Sua linguagem transita numa mediação de rara originalidade entre as conquistas (formais e sonoras) mais arrojadas das tendências europeias de então, en-tre elementos da música popular brasileira e entre os elementos de nosso folclore musical. Embora não seja rara a citação de temas

heItOR VILLA-LObOs(Brasil, 1887 – 1959)

Bachianas Brasileiras nº 2

Na segunda Bachiana é clara a mediação que Villa-Lobos faz entre a tradição musical do Ocidente, a música popular brasileira, o nosso folclore musical e as então novas tendências dos grandes polos culturais europeus.

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PARA LER_Para um apanhado crítico sobre o Modernismo no Brasil:

Alfredo Bosi – história Concisa da Literatura Brasileira – São Paulo – Cultrix – 1997

PARA OuVIR_LP Villa-Lobos – As nove Bachianas Brasileiras – Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa – Villa-Lobos, regente –

Angel – 1965

populares ou folclóricos em sua obra, a aderência de sua música ao elemento nacional não se limita nem de longe a isso: Villa-Lobos des-tila sua própria linguagem de todas essas fontes, criando um idio-ma original, pessoal e próprio, donde se depreende, dentre outras coisas, esse mesmo elemento nacional. Nesse sentido, ele não se sente constrangido, por exemplo, em se afastar da tonalidade nem, paradoxalmente, em revisitar, à sua maneira, a tradição musical do Ocidente. É esse último aspecto que se pode observar com clare-za nas nove Bachianas Brasileiras, compostas entre 1930 e 1945. Nessas obras (cujos nomes fazem referência direta a J. S. Bach, expoente máximo do Barroco Alemão e ícone da música barroca), Villa-Lobos não pretende recuperar as estruturas ou elementos for-mais e estéticos da obra bachiana. Ao contrário, deles se aproveita, para criar uma ponte entre a tradição musical do Ocidente e o seu próprio “destilado” linguístico, conscientemente pleno de elementos nacionais.

A segunda Bachiana data de 1930 e não deixa de ser curioso no-tar certa identidade entre alguns aspectos “descritivos”, por assim dizer, dessa obra, e as tendências literárias da ficção brasileira de então. Se nesse momento floresce o romance dito regionalista em nossa Literatura, é interessante notar os subtítulos que Villa-Lobos atribui a cada um dos movimentos da obra: “Canto do Capadócio”, “Canto da Nossa Terra”, “Lembrança do Sertão” e, sobretudo, “O Trenzinho do Caipira”. Mais interessante do que traçar os seus as-pectos pictóricos, porém, seria verificar, como, aí, se pode observar com clareza o trânsito mediador que Villa-Lobos estabelece entre a tradição musical do Ocidente, a música popular brasileira, o nosso folclore musical e as então novas tendências musicais dos grandes polos culturais europeus: Villa-Lobos se sente à vontade seja para explorar expressivamente o ruído, seja para expor sem receios um tema aos moldes da canção popular, seja para usar uma rítmica facilmente associada à estereotipia musical brasileira. independen-temente de rótulos ou tendências, Villa-Lobos e sua música falam por si só.

Moacyr Laterza Filho Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.

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Fabio Mechetti regênciaDaniel Binelli bandoneón

PROGRAMA

Robert SCHuMANN Manfredo: Abertura, op. 115 (1849) [12 min]

Astor PIAZZOLLA Aconcagua: Concerto para bandoneón e orquestra (1979) [20 min]I. Allegretto marcatoII. Moderato III. Presto

Primeira audição em Belo Horizonte

Solista: Daniel Binelli

INTERVALO

Richard STRAuSS Don Juan, op. 20 (1888) [17 min]

Richard STRAuSS As travessuras de Till Eulenspiegel, op. 28 (1895) [15 min]

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sÉRIe ALLegRO19 De MAIO 20H30

GRANDe TeATRO DO PALÁCIO DAS ARTeS

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Compositor e arranjador de renome internacional, um dos mestres argentinos do bandoneón, Daniel Binelli se apresenta regularmente em concertos e recitais. O bandoneón é um instrumento de sen-sualidade única, aspecto revelado na ampla gama de composições dedicadas ao instrumento, sendo a maioria delas com fortes raízes no tango argentino, onde Binelli é reconhecido como pesquisador dedicado e especialista da forma e possibilidades do estilo.

Binelli é aclamado como um dos principais expoentes e herdeiro da música de Astor Piazzolla. Em 1989 integrou o Piazzolla’s New Tango Sextet e participou de turnês internacionais com esse grupo.

Apresentou-se como solista com várias orquestras, entre elas a Orquestra da Filadélfia, sinfônicas de Atlanta, de Virginia, de Sydney, Orquestra de Tonhalle, em Zurique, Sinfônicas de Montreal, Ottawa e St. Petersburg.

Entre os regentes com quem Binelli se apresentou estão Charles Dutoit, Lalo Schifrin, Franz Paul Decker, Robert Spano, Jo Ann Falletta, Giselle Ben-Dor, isaiah Jackson, Michael Christie, Lior Shambadal e Daniel Schweitzer. O artista regeu a opereta de Piazzolla María de Buenos Aires, na itália, com participação da cantora Milva.

Outras colaborações de Binelli incluem performances com a pia-nista Polly Ferman e o violonista Eduardo isaac e a formação do Binelli-Ferman-isaac Trio. Também trabalhou como diretor musical do documentário Tango the Spirit of Argentina, produção da BBC que narra a vida de Piazzolla.

Compositor experiente em seus domínios, Binelli criou e arranjou músicas para instrumento solo, quinteto, orquestras de câmara e sinfônicas, além de danças e musicais. Músico versátil, transita por todos os estilos do tango. Compôs três concertos para orquestra: um para bandoneón, outro para piano e um terceiro para violão. Encomendada pela Universidade do Estado de Utah, a peça para piano, bandoneón e orquestra homenagem ao Tango foi premiada em 2008.

Várias orquestras internacionais, conjuntos, companhias de tango e solistas já solicitaram arranjos ou encomendas a Binelli, incluindo a Sinfônica de Zurique, Sinfônica de Edmonton, Filarmônica de Buffalo, Festival de Música de Colorado, Filarmônica de Montevi-deo, Sinfônica de Colômbia e Buglisi/Foreman Dance Company, de Nova York, assim como Osvaldo Pugliese Orquestra Típica, da Argentina, e Tango 7, da Suíça.

A habilidade de Binelli em extrair soluços e suspiros de seu agudo instrumento, aliada a uma sensibilidade excepcional das inspirações melódicas de Piazzolla, é, ao mesmo tempo, notável e estimulante.

dAnIeL bIneLLIBANDONeóN

The Australian, Sydney, setembro/2003

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RObeRt schuMAnn(Alemanha, 1810 – 1856)

Manfredo: Abertura, op. 115

Quando Byron publicou Manfredo (1817), a literatura romântica ale-mã já produzira algumas de suas obras decisivas. Assim como os Bandoleiros (1781) de Schiller, o Werther (1774) e o Fausto (1806) de Goethe, o herói byroniano, expressão de um romantismo sinis-tramente misterioso, marcou profundamente sua época. O pai de Schumann, editor e tradutor, introduziu na Alemanha os romances de Walter Scott e a poesia de Byron. Leitor incansável, o futuro com-positor descobriu assim os versos do poeta inglês, permeados de angústia e emoções intensas.

Schumann só se dedicou à orquestra na maturidade, depois de com-por um conjunto genial de peças para piano e Lieder de intenso sen-timento poético. Sua música sinfônica, embora pouco divulgada, é bastante inovadora e pessoal, pois o compositor não se conformou aos modelos tradicionais e nem aderiu à proposta dos poemas sinfô-nicos apresentada por seus contemporâneos Berlioz e Liszt.

Quanto à ópera, o sonho de Schumann de consolidar um grande ciclo alemão desfez-se diante da indiferença do público por Genoveva (1848). Ao abordar Manfredo, o compositor procurou uma forma alternati-va ao gênero operístico, pois o poema de Byron, embora dialogado, não se destinava à representação teatral. Liberto das perigosas exi-gências cênicas, procurou acentos mais espontâneos e poderosos na união da orquestra com as vozes, dispondo o poema em quinze Cenas dramáticas.

A afinidade do músico com Byron já se revelara em quatro Lieder exemplares – um canto hebraico do ciclo Myrten, op. 25 e os Drei Gesänge, op. 95. No caso de Manfredo, ele realizou um magnífico estudo de caráter que, por sua identificação com o personagem re-tratado, transfigura-se em dolorosa e comovente confissão. A Mú-sica de Cena foi terminada em 1848 e a Abertura, em 1851. Nesse

Na Abertura, o cromatismo exasperado, a inquietação dos ritmos sincopados, as bruscas mudanças dinâmicas disfarçam a rigidez formal, e a orquestração densa reflete a atmosfera angustiada do poema de Byron.

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PARA OuVIR_CD Schumann – Manfredo: Abertura, op.115 – Orquestra

Filarmônica de Los Angeles – Carlo Maria Giulini, regente – Deutsche Grammophon/Polygram – 1983

período, o compositor começou a sentir a progressiva alteração de sua saúde – a vergonha e as obscuras ameaças associadas à loucu-ra que, em 1854, o levariam a se jogar no Reno (como Manfredo no abismo). Conduzido ao asilo de Endernich, Schumann morreu dois anos depois.

Sobre a história do amor incestuoso de Manfredo (causa da morte de sua irmã Astarte) Byron tece, em versos vigorosos, reflexões am-bíguas sobre os sofrimentos amorosos, a angústia da culpa imper-doável e o destino inexorável. O herói, buscando ao mesmo tempo evocar e esquecer sua amada, recorre à magia, busca a paz na Na-tureza, invoca as ninfas dos Alpes e os espíritos que regem o Uni-verso. Mas nada consegue apaziguar seu tormento e Manfredo tenta jogar-se de alta montanha, fatalmente atraído pelo abismo. infeliz, desafia os espíritos infernais e recusa orgulhosamente o socorro do piedoso Abade que lhe propõe o arrependimento. Astarte reaparece, então, para lhe anunciar a morte inevitável.

Na Abertura, escrita em forma sonata rigorosamente organizada, os temas facilmente se diferenciam por seus elementos melódicos. O cromatismo exasperado, a inquietação dos ritmos sincopados, as bruscas mudanças dinâmicas disfarçam a rigidez formal, e a or-questração densa reflete a atmosfera angustiada do poema.

A Abertura foi apresentada pelo compositor, a 14 de março de 1852, em Leipzig. A estreia da obra integral aconteceu em junho do mes-mo ano, em Weimar, sob a direção de Liszt.

Paulo Sérgio Malheiros dos Santos Pianista, professor na Escola de Música da UEMG, autor do livro Músico, doce músico.

AstOR PIAZZOLLA(Argentina, 1921 – 1992)

Aconcagua: Concerto para bandoneón e orquestra

Piazzolla cresceu em Nova York, onde, influenciado por Carlos Gardel, interessou-se pelo tango. Em Buenos Aires compôs arranjos para a orquestra de tangos de Aníbal Troilo, na qual atuou; passou a estu-dar com Ginastera e, em Paris, com Nadia Boulanger, a quem deve o estímulo para a continuidade de sua carreira. Na década de 1950 cria sua própria orquestra, realiza turnês e compõe no estilo deno-minado nuevo tango, sob influência do jazz e da música clássica. imerso na renovação do tango, irá compor incessantemente até sua morte. Aproximou o tango da música erudita, com o reconhecimento de grandes artistas e crescente admiração do público e da crítica. O Concerto Aconcagua, de 1979, foi originalmente composto para bandoneón, cordas e percussão. A première mundial no formato atual se deu em 1981 no Kennedy Center de Washington, com o au-tor como solista. há, na obra, claras influências do concerto grosso barroco. Na primeira parte o tema do bandoneón passa à orquestra, terminando com uma demonstração de virtuosismo do solista. Na lenta e lírica melodia sem acompanhamento da segunda parte, sub-jaz a essência dramática do tango. O final passa da vivacidade inicial a um clima melancólico, tipicamente tanguero.

Embaixador Ramón Villagra Delgado Cônsul-geral da República Argentina.

Imerso na renovação do tango, Piazzolla irá compor incessante-mente até sua morte. Aproximou o tango da música erudita, com o reconhecimento de grandes artistas e crescente admiração do público e da crítica.

PARA OuVIR_CD Piazzolla – Sinfonía Buenos Aires, Bandoneón concerto ‘Aconcagua’, Las cuatro Estaciones Porteñas – Nashville Symphony Orchestra – Giancarlo Guerrero, regente – Daniel Binelli, Tianwa Yang, solistas – Naxos – 2010

PARA LER_Piazzolla: El Mal Entendido – Diego Fischerman e Abel Gilbert – Editora Edhasa – 2009

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RIchARd stRAuss(Alemanha, 1864 – 1949)

Don JuanTill eulenspiegel

A imagem estereotipada que geralmente se faz da música romântica – vinculada necessariamente à figura e à vida do artista e resulta-do de um transbordamento individual de sua alma, sublimado em obras confessionais, que lhe expressam os sentimentos e estados psicológicos pessoais – geralmente acaba por eclipsar as gran-des conquistas que a própria linguagem musical romântica logrou atingir. Sem mencionar o campo da harmonia, que já em Chopin desbrava caminhos insuspeitos, e que em Wagner abre as portas para grandes tendências musicais do século XX, relativizando a to-nalidade, também no campo dos gêneros e formas musicais o Ro-mantismo realizou pesquisas e experiências que, por um lado, lhe foram decisivas para a definição de suas maneiras mais genuínas de expressão e que, por outro, mais tarde foram fundamentais para os novos caminhos da música no Ocidente. Na grande complexidade que estrutura a teia ideológica romântica, essa necessidade impe-riosa do extravasamento dos sentimentos pessoais através da arte aparece, na música, como uma vigorosa reação ao racionalismo, so-bretudo formal, que a mentalidade iluminista do século XViii houvera imposto à expressão musical. De fato, o Classicismo (termo, que, na história da Música, refere-se ao período que sucedeu o Barroco e precedeu o Romantismo) encontrou na Forma Sonata seu máximo veículo de expressão, principalmente nos gêneros instrumentais. O Romantismo reage vigorosamente à imposição formal que a sonata clássica delimita e, com isso, busca outros caminhos possíveis de expressão musical.

Embora esses caminhos possam ser mais claramente notados à primeira vista na produção pianística romântica, na música sinfô-nica esse movimento de renovação formal parece se mostrar um pouco menos evidente, posto que presente: o sinfonismo romântico a muito custo conseguiu afrouxar os nós da “Sinfonia”, gênero cujo modelo fundamental é a própria Forma Sonata. Sem negar a inques-

Notável como compositor ope-rístico, foi bem antes de realizar seus trabalhos nesse campo e justamente com o Poema Sinfônico que Richard Strauss adquiriu renome internacional com obras do porte de Don Juan e Till Eulenspiegel.

tionável qualidade artística e estética da maior parte das sinfonias românticas, observadas como um todo, não é nelas, porém, que o Romantismo sinfônico encontra seu caminho formal mais legítimo de expressão. Outro gênero, entretanto, aparece mais vigorosamen-te como expressão real dessa ideologia de liberdade formal tão cara ao Romantismo: se não criado, ao menos legitimado e consolidado definitivamente por Liszt, o Poema Sinfônico talvez seja o gênero ro-mântico mais genuíno no campo da música sinfônica.

Tal como concebido por Liszt, o Poema Sinfônico baseia-se sempre em um enredo literário e dele conserva certo fundamento “narrati-vo”, por assim dizer. Esses elementos, porém, estão para muito além de meras “descrições” musicais, como frequentemente se acredita: eles têm aí a função de fio condutor e de fundamentador estrutural da obra, para garantir a livre expressão pessoal e criativa do compo-sitor. isso lhe garante, nesse gênero, a liberdade formal, e, com isso, o compositor pode ou não lançar mão de formas preestabelecidas, trabalhadas e modificadas conforme a sua conveniência expressiva. Por isso, a estabilidade e unidade da obra não dependem exatamen-te do enredo em que se baseia, mas da sua própria coesão interna.

Notável como compositor operístico, foi bem antes de realizar seus trabalhos nesse campo, porém, e justamente com o Poema Sinfôni-co que Richard Strauss adquiriu renome internacional. São de uma mesma safra obras do porte de Macbeth (terminado em 1888), Don Juan (que data do mesmo ano), Till Eulenspiegel (1894-1895), Don Quixote (1898) e Also Spracht Zarathustra (1896).

Não é exatamente relevante verificar se Till Eulenspiegel foi uma personagem histórica (que alguns estudiosos situam no século Xi), ou se foi no século XVi que se tornou figura literária. Mais signifi-cativo é verificar que sua figura está para o ideário popular alemão assim como Pedro Malasartes está para o ideário popular brasileiro. De fato, as aventuras picarescas de ambas as personagens em mui-to se assemelham e lançam um olhar irônico sobre uma estrutura social hipócrita e cristalizada, contra a qual a sua (de ambos) figura se opõe. Strauss optou formalmente pelo rondó para o poema sin-fônico que compôs embasado no enredo dessa personagem. De fato “As Alegres Travessuras de Till Eulespiegel” recebem um subtítulo, dado pelo compositor: “segundo a antiga lenda picaresca em forma de rondó”. Nele, dois temas representam a figura do protagonista: o primeiro, exposto pelas trompas e depois retomado pela orques-tra, é evocado frequentemente, no decorrer da obra, seja como re-frão, seja permeando a teia melódica, sempre retrabalhado, funcio-nando, assim, como fator de unidade e coesão. O segundo, exposto inicialmente pelo clarinete, sugere o riso irônico do próprio Till Eulenspiegel e também é sempre citado e evocado em todo o decor-rer da obra, cumprindo função estrutural semelhante ao primeiro.

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PARA OuVIR_CD Richard Strauss – Don Juan, Till Eulenspiegel,

Tod und Verklarung, Death and Transfiguration – London Simphony Orchestra – Claudio Abbado, regente –

Deutsche Grammophon – 1990

CD R. Strauss: Till Eulenspiegel, Ein heldenleben – Orquestra Sinfônica de Chicago – Daniel Barenboim, regente

– Warner Classic and Jazz – 2009

PARA ASSISTIR_DVD Strauss: Don Juan – Vienna Philharmonic Orchestra –

Karl Böhm, regente – EuroArts/Unitel Clássica – 2008

Plena de ironia, e dos contrastes que dela advêm, assim como seu enredo condutor (cujos episódios vão de uma cavalgada em que a personagem derruba as barracas de um mercado, passam por um sermão debochado que o personagem faz, fantasiado de padre, e chegam à captura de Till e sua execução – que, na obra de Strauss, podem ser “entreouvidas” claramente ao final) , essa obra é até hoje surpreendente por aspectos inumeráveis, que incluem tanto o tra-balho melódico e harmônico, quanto o trabalho formal, que a posi-cionam num limiar estreito entre um Romantismo tardio e os novos passos que a música daria no século XX.

Composto sete anos antes de Till Eulenspiegel, quando o composi-tor contava ainda com vinte e quatro anos de idade, Don Juan, por sua vez, marca um momento de descoberta definitiva dos cami-nhos formais de Strauss e de seu trabalho peculiar com o sistema tonal. Apesar de não trazer ainda a liberdade amadurecida de Till Eulenspiegel, e embora aí se possa notar a nítida presença de um modelo wagneriano, Don Juan se tornou, logo após sua estreia em 1889, grande sucesso acolhido pelo público e pela crítica. Baseada no poema homônimo de Nikolaus Lenau (pseudônimo de Nikolaus Franz Niembsch Von Strehlenau), essa obra de Strauss, apesar dos contrastes que contém, é imbuída de um lirismo algo melancólico, que perpassa a exposição de diversos temas melódicos, mas que também não é desprovido de certa ironia, uma vez que se funda-menta na figura problemática desse lendário conquistador, que não poderia ser fiel a uma só mulher, sob pena de ser infiel a todas as outras.

Moacyr Laterza Filho Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.

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CULTURA

Música clássica faz bem para o coração. Se faz bem para o coração,

o Instituto Unimed-BH apoia.

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais conta com o apoio do Instituto Unimed-BH. Com a captação de recursos de pessoas físicas, o Programa Cultural Unimed-BH promove a dança, o teatro, a música instrumental e erudita, oferecendo ao público mineiro uma intensa programação cultural, gratuita ou a preços acessíveis. Para a Unimed-BH, é uma emoção comemorar 40 anos levando mais arte e alegria para todos.

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PARA APRecIAR uM

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Silêncio Em uma sala de concerto, o silêncio é fundamental para que você possa ouvircada detalhe da música. Ruídos incomodam e dificultam a apreciação das obras e a concentração dos músicos.

PontualidadeAtraso e procura de lugares As portas do Grande Teatro são fechadas após o terceiro sinal. Depois do início da apresentação, a entrada só é permitida em momentos que não interrompam o concerto. Quando você puder entrar, escolha silenciosamente um lugar vago ao fundo da sala. Evite andar e trocar de poltrona durante a execução das músicas. Se tiver de sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Outras recomendaçõesCrianças Se você estiver com crianças muito novas, prefira os assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se a criança se sentir desconfortável.

Comidas e bebidas O consumo de comidas e bebidas não é permitido no interior da sala de concerto.

RegistrosFotos e gravações em áudio e vídeo não são permitidos. Aproveite o concerto ao vivo.

Programa A leitura do programa oferece uma oportunidade de conhecer um pouco maissobre a música, os compositores e os intérpretes que se apresentam. Ele será seu guia para a boa compreensão das obras executadas. Você também poderá consultá-lo no site antes de vir para o concerto.

Aparelhos eletrônicos O celular perturba o silêncio necessário à apreciação do concerto. Tenha certeza de que o seu está desligado.

TosseTosse chama a atenção. Como um apreciador da música, você não vai querer desviar os olhares para sua direção. Por isso, se estiver com tosse, experimente usar uma pastilha antes do concerto e aliviar alguma irritaçãona garganta antes de entrar na sala e durante os intervalos.

Aplausos O aplauso é o elogio da plateia. E, como todo elogio, faz toda a diferença usá-lo na hora certa. É tradição na música clássica aplaudir apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de duas, três ou mais partes. Quando uma dessas partes termina, não significa que a música chegou ao fim.Consulte o programa para saber o número de movimentos e o final de cada obra e fique de olho na atitude e gestos do regente e dos músicos.

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Allegro e VivaceSão séries realizadas em noites de terça (Vivace) e quinta-feira (Allegro), no Grande Teatro do Palácio das Artes. Ambas apresen-tam repertório que inclui sinfonias e outras músicas de diferentes períodos históricos, trazendo frequentemente obras pouco conhe-cidas e inéditas, com a presença de convidados de renome interna-cional.

Concertos para a JuventudeA iniciativa recupera a tradição de concertos sinfônicos nas manhãs de domingo, dedicados à família. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.

Clássicos no ParqueCom um repertório que abrange música sinfônica diversificada, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento a um público amplo e heterogêneo. Realizados aos domingos, nos par-ques da cidade.

Concertos DidáticosSão concertos de caráter didático, com entrada franca, para grupos de crianças e jovens da rede escolar pública e particular, institui-ções sociais e universidades. Além de apreciar a boa música, o público recebe informações sobre a orquestra, os instrumentos e as diversas formas musicais.

FestivaisSão eventos idealizados para oferecer ao público experiências mu-sicais específicas. O Festival Tinta Fresca procura identificar e pro-mover novos compositores mineiros ou residentes no estado. O Laboratório de Regência tem por finalidade dar oportunidade a jovens regentes brasileiros, de comprovada experiência, de desen-volver, na prática, a habilidade de lidar com uma orquestra profis-sional.

Turnês EstaduaisAs turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes regiões de Minas Gerais, possibilitando que novos públicos tenham o contato direto com música sinfônica de excelência.

Turnês NacionaisA Orquestra Filarmônica de Minas Gerais percorre importantes regiões e centros culturais do Brasil, a fim de divulgar a boa música e representar o estado no cenário nacional erudito.

sÉRIes e OutROs

cOnceRtOs

Qual a diferença entre Orquestra Sinfônica e Orquestra Filarmônica?

Não existe diferença entre uma orquestra e outra se a dúvida é sobre seu tamanho ou composições que cada uma pode tocar. Uma orquestra pode ser de câmara se tem um número pequeno de instrumentos, mas, se for completa, com todas as famílias de instrumentos, ela será sinfônica ou filarmônica. Esses prefixos serviram, durante muitos anos, para designar a natureza da orquestra, se “pública” ou “privada”. isso porque se convencionou chamar de filarmônica a orquestra mantida por uma sociedade de amigos admiradores da música, enquanto sinfônica era a orquestra mantida pelo Estado. hoje não se pode mais fazer essa distinção, seja no Brasil ou em outros países, já que ambas dependem do auxílio tanto da iniciativa privada como dos governos.

Originalmente, a palavra orquestra vem do grego para se referir a um grupo de instrumentistas tocando juntos. Sinfônico quer dizer “em harmonia” e filarmônico, “amigo da harmonia”. Uma orquestra filarmônica é, portanto, sinfônica, pois seus músicos devem tocar em harmonia e ser capazes de executar as composições sinfônicas criadas pelos compositores de todos os períodos da música clássica, especialmente as mais complexas, a partir do século XiX. Queremos que a nova orquestra de Minas seja de todos nós, amigos da harmonia, o que motivou a escolha do nome Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

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Série Allegro 2 de junho, quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regência Fabio Zanon, violão J. G. RiPPER / FRANCiS hiME / BEEThOVEN

Clássicos no Parque 5 de junho, domingo, 11h, Praça Milton Campos, Betim Marcos Arakaki, regência Renata Xavier, flauta CYRO PEREiRA / BEEThOVEN / ViVALDi / PiAZZOLLA / J. STRAUSS

Festival Tinta Fresca 10 de junho, sexta-feira, 20h30 Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna Marcos Arakaki, regência Programa a ser anunciado

Turnê Estadual 16 a 19 de junho Tiradentes, São João del-Rei, Ouro Preto e Mariana Marcos Arakaki, regência Elisa Freixo, cravo NUNES GARCiA / ALBiNONi / hAENDEL / BACh / MOZART

Concertos para a Juventude 26 de junho, domingo, local a ser anunciado Marcos Arakaki, regência Dominic Desautels, clarinete Catherine Carignan, fagote MOZART / R. STRAUSS / J. STRAUSS

Concerto Didático (fechado) 27 de junho, segunda-feira, local a ser anunciado Marcos Arakaki, regência Fausto Borém, contrabaixo/narrador GLiNKA / FAUSTO BORÉM / CARLOS GOMES / BiZET

PRÓXIMOs

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MAIO

JuNHO

Turnê Estadual 12 a 14 de maio ipatinga, Governador Valadares e Teófilo Otoni Marcos Arakaki, regência CYRO PEREiRA / J. STRAUSS / CARLOS GOMES / MASCAGNi / DVORÁK / BRAhMS / BORODiN

Série Allegro 19 de maio, quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regência Daniel Binelli, bandoneón SChUMANN / PiAZZOLLA / R. STRAUSS

Concertos de Câmara 26 e 27 de maio Bocaiúva, Janaúba e Pirapora

Turnê Estadual 28 de maio, sábado, Montes Claros Marcos Arakaki, regência CYRO PEREiRA / J. STRAUSS / CARLOS GOMES / MASCAGNi / DVORÁK / BRAhMS / BORODiN

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ORQuESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS | Maio | 2011DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITuLAR Fabio Mechetti REGENTE ASSISTENTE Marcos Arakaki

DIRETORIA ExECuTIVA

DiRETOR PRESiDENTE Diomar SilveiraDiRETOR ADMiNiSTRATiVO-FiNANCEiRO Tiago Cacique MoraesDiRETOR DE COMUNiCAçãO Fernando LaraDiRETOR DE MARKETiNG E

RELACiONAMENTO Thiago Nagib hinkelmann

DiRETOR DE PRODUçãO MUSiCAL Richard Santana

EQuIPE TéCNICA

GERENTE DE PRODUçãO MUSiCAL Claudia Guimarães GERENTE DE COMUNiCAçãO Merrina Godinho Delgado

INSTITuTO CuLTuRAL FILARMÔNICA

PRODUTORA Carolina DebrotAUXiLiAR DE PRODUçãO

Lucas BarbosaANALiSTA DE COMUNiCAçãO PLENO Andréa MendesMarcela DantésANALiSTA DE MARKETiNG DE RELACiONAMENTO PLENO Mônica MoreiraANALiSTA DE MARKETiNG E PROJETOS PLENO Mariana Theodorica ASSiSTENTE DE COMUNiCAçãO Pedro Leone ASSiSTENTE DE PROGRAMAçãO MUSiCAL Francisco César AraújoESTAGiÁRiO Marcos Sarieddine

EQuIPE ADMINISTRATIVA

ANALiSTA DE RECURSOS hUMANOS SêNiOR Quézia Macedo SilvaANALiSTA FiNANCEiRO SêNiOR Thais BoaventuraANALiSTA ADMiNiSTRATiVO SêNiOR Eliana SalazarSECRETÁRiA EXECUTiVA Flaviana MendesAUXiLiARES ADMiNiSTRATiVOS Vivian Figueiredo, Cristiane Reis e João Paulo de OliveiraAUXiLiAR DE SERViçOS GERAiS Lizonete Prates SiqueiraESTAGiÁRiO Alexandre Moreira

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PRIMEIROS VIOLINOS

Anthony Flint spalla

Eliseu Martins de Barros concertino

Rommel Fernandes assistente de spalla

Arthur Vieira TertoBojana PantovicLeonidas Cáceres CarreñoLuis Felipe DamianiMarcio CecconelloMartha de Moura PacíficoMateus FreirePatrick DesrosiersRodolfo Marques ToffoloRodrigo de OliveiraLuisa de Castro ****

SEGuNDOS VIOLINOS

Frank haemmer *Jovana Trifunovic **Eri Lou Miyake NogueiraGláucia de Andrade BorgesJosé Augusto de AlmeidaLeonardo OttoniLuka MilanovicMarija Mihajlovic Radmila BocevTiago EllwangerValentina Gostilovitch

VIOLAS

João Carlos Ferreira *Bruno Leandro da SilvaCleusa de Sana NébiasGlaúcia Martins de BarrosMarcelo NébiasNathan MedinaKatarzyna Druzd Vitaliya MartsinkevichWilliam Martins Sofia von Atzingen ****

VIOLONCELOS

Elise Pittenger ***Camila Pacífico

Lina Radovanovic Matthew Ryan-Kelzenberg Pedro Bielschowsky Camilla Santos ****Renato de Sá ****

CONTRABAIxOS

Colin Chatfield *Mark Wallace **Brian Fountain hector Manuel EspinosaMarcelo CunhaNilson Bellotto Valdir Claudino

FLAuTAS

Cássia Renata Lima*

Renata Xavier **

Alexandre Braga

OBOéS

Alexandre Barros *Ravi Shankar **

Moisés Pena

CLARINETES

Dominic Desautels *Marcus Julius Lander **

Ney Campos Franco

FAGOTES

Catherine Carignan * Laurence Messier **Raquel Carneiro Ariana PedrosaRomeu Rabelo ****

SAxOFONES

Douglas Braga ****Robson Saquett ****

TROMPAS

Evgueni Gerassimov *Ailton Ramez FerreiraGustavo Garcia Trindade **

José Francisco dos Santos

TROMPETES

Marlon humphreys *

Erico Oliveira Fonseca **

Daniel Leal

TROMBONES

Mark John Mulley *Wagner Mayer **

Renato Lisboa

TuBA

Eleilton Cruz *

TÍMPANOS

Ambjorn Lebech *

PERCuSSãO

Daniel Lemos **Werner SilveiraSérgio AluottoFabio Oliveira ****Fernando Rocha ****

HARPA

Mareike Burdinski *

TECLADOS

Ayumi Shigeta *islei Corrêa ****

GERENTE DA ORQuESTRA

Jussan Fernandes

INSPETORA DA ORQuESTRA

Karolina Cordeiro

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO DA ORQuESTRA

Débora Vieira

ARQuIVISTA

Vanderlei Miranda

ASSISTENTES DE ARQuIVISTA

Klênio CarvalhoSergio Almeida

SuPERVISOR DE MONTAGEM

Rodrigo Castro

MONTADORES

Carlos NatanaelFelix de SennaMatheus Luiz Ferreira

PATROCÍNIO

APOIO CuLTuRAL

DIVuLgAçãO

APOIO INSTITuCIONAL

REALIZAçãO

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www.filarmonica.art.br

R. Paraíba, 330 | 120 andar | Funcionários Tel. 31 3219 9000 | Fax 31 3219 9030 CEP 30130-917 | Belo Horizonte | MG [email protected]

MAIO 2011

REALIZAÇÃO