tempo livre dezembro 2011

84
TempoLivre N.º 232 Dezembro 2011 Mensal 2,00 www.inatel.pt Desporto Inatel 1.º de Maio todos os dias Entrevista Irene Rodrigues Diáspora Hawai Memória Artur Agostinho Destacável 12 págs. Hotelaria Inatel 2012

Upload: fundacao-inatel

Post on 12-Mar-2016

285 views

Category:

Documents


20 download

DESCRIPTION

Tempo Livre Dezembro 2011

TRANSCRIPT

Page 1: Tempo Livre Dezembro 2011

TempoLivreN.º 232Dezembro 2011Mensal2,00 €

www.inatel.pt

Desporto Inatel

1.º de Maiotodos os diasEntrevista Irene Rodrigues Diáspora Hawai Memória Artur AgostinhoDestacável 12 págs. Hotelaria Inatel 2012

01_Capa_232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 10:55 Page 1

Page 2: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 3: Tempo Livre Dezembro 2011

Sumário

Revista Mensal e-mail: [email protected] | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: CarlosMamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Costa Santos, António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Humberto Lopes, JoaquimDiabinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, MariaMesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, BaptistaBastos, Fernando Dacosta, Joaquim Letria, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA,Telef. 210027000 Publicidade: Direcção de Marketing (DMRI) Telef. 210027189; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - RuaConsiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade naD.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 148.693 exemplares

Na capaFoto: José Frade

22DESPORTO INATEL

Parque Desportivo1.º de MaioNuma zona verde da cidadede Lisboa, no bairro deAlvalade, o Parque de Jogos1º de Maio da Inatel éfrequentado, diariamente,por cerca de mil pessoas,que ali desenvolvemactividades físicas e delazer. Recentes melhorias eum novo pavilhão abremjanelas a mais desporto enovas ofertas.

Hotelaria Inatel 2012DESTACÁVEL DE 12 PÁGINAS

5 EDITORIAL

6 CARTAS E COLUNA

DO PROVEDOR

8 NOTÍCIAS

12 CONCURSO

DE FOTOGRAFIA

37 COMUNIDADES

Livraria Orfeu,em Bruxelas - Um pólocultural lusitano

40 MEMÓRIA

Artur Agostinho

42 OLHO VIVO

44 A CASA NA ÁRVORE

67 O TEMPO E AS PALAVRAS

Maria Alice Vila Fabião

68 OS CONTOS

DO ZAMBUJAL

70 CRÓNICA

Álvaro Belo Marques

47 BOA VIDA

62 CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos, Novos livros e Cartaz

14ENTREVISTA

Irene Rodrigues e O Segredo daChinaCom trabalho de campo realizadoquer na China quer em Lisboa, aantropóloga Irene Rodrigues fala-nosdo invulgar crescimento económicodaquele país e da avidez dos chinesesmais abastados pelos produtos deluxo, de marca europeia e norte-americana. E recomenda investimentona qualidade das nossas produçõespara a China como parte da superaçãoda crise portuguesa.

26DESPORTO

Seniores: o golfe como terapiaOs médicos recomendam actividadefísica regular a todas as pessoas, massobretudo aos que ultrapassaram já abarreira dos 50 anos. O número depraticantes cresce…

30DIÁSPORA

Emigrantes alentejanos no HavaiNo início do século XX, as colheitasno concelho de Serpa foram ruinosase o desemprego atingiu cifraselevadíssimas. Andavam nessa alturapelo concelho de Serpa unsengajadores de emigrantes para umasilhas americanas que, diziam, eramum verdadeiro paraíso (…) Seduzidaspor esta ilusão, cerca de mil pessoasdisponibilizaram-se a embarcar paraas ilhas Sandwich, actual arquipélagodo Havai…

03_Sumario:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 10:56 Page 3

Page 4: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 5: Tempo Livre Dezembro 2011

Editorial

Vítor Ramalho

Acreditar

Opresente número desta revista é divul-gado na época da quadra festiva deNatal e do Ano Novo, período que é defraternidade, de crença no ser humano

e de esperança no futuro.Num tempo histórico de perda de valores e

princípios, e em que parece valer tudo, é útil ligar-mo-nos ainda mais a este período.

Por isso mesmo não poderíamos deixar depublicitar as festas de Natal e de Fim-de-Ano quea Inatel promove, quer para os seus trabalhadoresquer para os seus beneficiários, incluindo a tradi-cional Gala do Turismo Sénior.

Nesta edição da TL ressalta, ainda, o destacávelsobre as unidades hoteleiras, com condições deacesso resultantes de um estudo de mercado queteve em conta a crescente valorização dos equipa-mentos, a qualidade dos serviços prestados e anatureza da nossa instituição, inserida na econo-mia social.

O propósito do reforço da qualidade dos ser-viços, que é uma preocupação permanente do pro-fissionalismo de todos quantos prestam serviço naInatel, está também patente na reportagem doParque de Jogos 1.º de Maio. Os campos têm todoshoje relva sintética, incluindo o principal, partedos balneários foram requalificados e há um novoequipamento multiusos entre muitas outras me -lhorias, sem esquecer as novas modalidades des-portivas, individuais e colectivas que são pratica-das com muita procura.

Falar da Inatel é falar de Portugal e dos portu-gueses, também da nossa diáspora ou dos encon-tros seculares de cultura de que fomos e somosprotagonistas. Daí a oportuna reportagem sobre acomunidade alentejana no Havai. Não é por acasoque a Inatel irá patrocinar junto da UNESCO emparceria com a Câmara Municipal de Serpa, a

defesa do canto alentejano como património ima-terial da humanidade. Os encontros seculares dacultura reflectem-se, ainda, na oportuna entrevistacom Irene Rodrigues, uma prestigiada antropólogaque nos fala da China, um poderoso país emer-gente, e da já vasta comunidade chinesa residenteem Portugal, cuja mostra esteve patente com gran-de interesse no equipamento da Inatel naMouraria.

Oprestígio internacional da Inatel estátambém presente neste número noseminário co-organizado com acomissão europeia sobre o Programa

Calypso, que teve lugar no Casino Estoril, com apresença o Presidente do Instituto do Turismo,Luis Patrão, um representante da ComissãoEuropeia, Alain Valle, e responsáveis do turismode dezoito países europeus.

Como é sabido, os beneficiários são a razão deser da Inatel e é para eles que devotamos as nossasenergias numa lógica, também, aumentar de formacrescente as vantagens de ser beneficiário e nãoapenas pelos serviços que prestamos. Em 2012,haverá, neste domínio, grandes e agradáveis sur-presas. É por isso que apelamos a que, todos osque puderem, procedam no futuro ao desconto dassuas quotizações através de mecanismos do débi-to directo em conta. Para incentivar à opção poresta modalidade agora possível mercê das moder-nizações do sector administrativo, serão atribuídosprémios nos termos da informação que se encon-tra também no presente número. Não duvidamosque a resposta será muito encorajadora.

Aproveito a oportunidade para desejar a todosos beneficiários e respectivas famílias, bem comoaos trabalhadores da Inatel, votos de Boas Festas,com reiterada esperança no futuro.n

DEZ 2011 | TempoLivre 5

05_Editorial_232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 10:57 Page 5

Page 6: Tempo Livre Dezembro 2011

6 TempoLivre | DEZ 2011

Cartas

Coluna do Provedor

Tertúlias CCD's/Inatel

Caro Carlos Mendes, permita-me que o trateassim, como disponho de poucos caracteresvou directo ao assunto. Dias depois da sua pre-sença recente na tertúlia organizada pela Inatelna Sociedade Musical de Caneças, formou-seum pequeno grupo coral que conta com muitavontade e poucos conhecimentos. Estreamosno passado dia 12 de Novembro. Dessa estreia,envio-lhe, para seu conhecimento, parte de umvídeo. Muito gostaríamos, no futuro, de contarcom uma ou duas horas da sua presença paranos dar os ensinamentos básicos de que todosnecessitamos. Obrigado.

Paulo Alexandre Costa

"Promoções"

Relativamente à carta (TL Novembro 2011) doassociado Manuel Ribeiro Rebelo sobre umapromoção para a Foz do Arelho, o DirectorRegional - Área Hoteleira do Sul da Inatel,Adélio Duarte, enviou-nos uma nota ondeassume a falha ocorrida nos serviços daFundação e informa ter solicitado aoProvedor, Kalidás Barreto, que apresente asdevidas desculpas ao associado, acrescentan-do que lhe seria processado o respectivoreembolso.

50 anos na INATEL

Completaram, este mês, 50 anos de ligação àFundação Inatel os associados: Mª AliceFerreira, Jaime Zozimo e Joaquim Pinheiro(Lisboa); Mª Graça Santos (Oeiras).

ESTAMOS ÀS PORTAS de um novo ano e,apesar dos ares carregados de tempestade, te -nhamos a certeza que, após esta, vem abonança e que não há inverno a que não suce-da uma primavera. É por isso que a despeito detoda a brutalidade da guerra, da fome, daopressão, dos ditadores espalhados nos quatrocantos do mundo, penso que devemos acredi-tar que as guerras acabarão quando acabaremos que fabricam armas, que a fome terminaráquando se impuser a justiça social e distributi-va, que os ditadores, quaisquer que sejam,hão-de tombar perante a abertura dos povos auma vida com direitos; enfim, quando sem

hipocrisia, se anularem as causas e nãosomente se procurarem suavizar os efeitos.

Utopia? Talvez não! Há-de impor-se, globa-lizando princípios, valores, solidariedade; semnações escravas, com homens livres!

Não nos abatamos ante os noticiários dacatástrofe, do mal, do terror e não os esque-cendo, sejamos, apesar de tudo, gente comesperança! Porque afinal vale a pena construí-la. É que a esperança não é ilusão; constrói-seconnosco. Sem braços cruzados! É que semjustiça social não haverá paz social! Porqueacima dos números está o ser humano quesofre! n

A correspondênciapara estas secções

deve ser enviadapara a Redacção de

“Tempo Livre”,Calçada de Sant’Ana,

nº. 180, 1169-062Lisboa, ou por e-mail:

[email protected]

Kalidá[email protected]

06_Cartas:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 10:58 Page 6

Page 7: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 8: Tempo Livre Dezembro 2011

Notícias

l Inspirado no êxito dos programasseniores desenvolvidos pela FundaçãoInatel e na experiência de intercâmbio,desde 1997, com a congénereespanhola (Imserso/Segittur), aComissão Europeia pretende arrancarem 2013 com a iniciativa Calypso queirá abraçar vários programas deturismo social transfronteiriço paracidadãos de fracos recursos - jovensadultos entre os 18 aos 30 anos,famílias carenciadas, pessoas demobilidade reduzida e seniores a partirdos 65 anos. Objectivo: fomentar aseconomias locais e possibilitar oacesso a espaços europeus menosconhecidos.Para encontrar o modelo adequado aos21 Estados-Membros que já aderiram

ao Calypso, a Comissão Europeiaorganizou, no Estoril, com o apoio daInatel, o seminário " Horizontes deExpansão do Turismo Social naEuropa", que registou a participaçãode mais de uma centena deespecialistas, nacionais e estrangeiros,da área do turismo."O Calypso - sublinhou Alan Valle,responsável pela área de Turismo daComissão Europeia, num dos painéisdo seminário - permite combater asazonalidade que afecta o turismodurante a época baixa, ajuda arevitalizar a economia, cria empregose melhora a qualidade de vida doscidadãos europeus ao permitir quepessoas que não podem viajar pormotivos económicos o possam fazerpara diferentes destinos europeus".E, lembrando as experiências já emcurso na Europa, o mesmoresponsável frisou a importância deuma ampla "cooperação entre Estados-Membros para que o Calypso possaser implementado com sucessonoutros países". João Soares, director do hotel DomJosé (Quarteira) confirmou, por sua

vez, a importância económica dosprogramas de turismo sénior aoassinalar que, apesar dos valoresreduzidos pagos pelos participantes,eles "permitem manter empregos e ohotel em funcionamento durante todoo ano". Domingos Silva, do Casino daFigueira, salientou, igualmente, o factode o programa manter a "casa cheiacom opções extra jogo" queevidenciam outras potencialidadesturísticas do seu espaço.Embora a forma de conceber eentender o Turismo social seja distintaem países como Espanha, França,Bélgica, Dinamarca, Itália, Hungria,Finlândia, Republica Checa, Polónia,Chipre, Malta e Portugal, persistiu noanimado debate, a troca deexperiências e o consenso quanto àsua importância económica e social. Rui Paulo Calarrão, responsável daárea social da Inatel vincou, na suaintervenção, que "estes programasaumentam a qualidade de vida daspessoas, tornam as pessoas maisfelizes e integradas na sociedade". Econsiderou, baseado na longa e bemsucedida experiência da Fundação, que

Calypso incentiva turismo social na Europa

Empenhada em desenvolver o turismo social a Comissão Europeia vai arrancar em 2013com o programa Calypso que inclui viagens mais económicas para jovens, seniores e pessoasde mobilidade reduzida

8 TempoLivre | DEZ 2011

Alan Valle

08a11:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:01 Page 8

Page 9: Tempo Livre Dezembro 2011

l Quando os Associados receberemos habituais avisos para pagamentoda quota terão uma novidade: apossibilidade da pagarem a quotaatravés da adesão ao sistema deDébitos Directos - a forma maiscómoda e segura de efectuar ospagamentos.Para tal, bastará dirigirem-se a umacaixa multibanco, seleccionar aopção "Débitos Diretos", inserir o"ID do Credor" e o "Nº deAutorização" (que vêm indicadosno aviso) e confirmar com a teclaverde. O débito será efectuadoapenas a partir de 16 de Janeiro de2012 para os Associados queactivarem o mesmo até 31 deDezembro de 2011.A Inatel tem 500 estadas* 1 noitepara 2 pessoas em quarto duplo

com pequeno-almoço para ofereceraos Associados que adiram a estesistema até dia 31 de Janeiro. No dia 6 de Fevereiro, realiza-se osorteio na sede da FundaçãoINATEL, após o qual serápublicada a lista dos premiados nosite em www.inatel.pt. Mais informações pelo t.210.072.396, [email protected] ou nasAgências INATEL. * Oferta de estadas de domingo asexta até 31 de Maio nas épocasmédia e baixa nas seguintesUnidades Hoteleiras INATEL:Albufeira, Caparica, Castelo deVide, Entre-os-Rios, Flores, Foz doArelho, Graciosa, Luso, Manteigas,Oeiras, Piodão, Porto Santo e SantaMaria da Feira.

Inatel - Quotas 2012

Oferta de 500 estadaspara adesão ao Débito Directo

DEZ 2011 | TempoLivre 9

os programas, embora vocacionadospara pessoas carenciadas, não devemfechar a porta a outros extractossociais. Cada participante - explicou -deverá pagar de acordo com as suaspossibilidades e rendimentos e, àsemelhança dos programas senioresem Portugal, ao incluir viagens comtransporte, animação cultural eactividades desportivas geram-sereceitas para os cofres do Estado edesenvolvem-se diferentes zonas dopaís.Também Luis Patrão, presidente doTurismo de Portugal, sublinhou naabertura do seminário, a importânciado turismo sénior para o país, por"garantir a sazonalidade da hotelaria emanter postos de trabalho durante asépocas média e baixa, dinamizando asactividades económicas e sociais".Por sua vez, Vítor Ramalho, presidenteda Inatel, historiou a experiencia daFundação na gestão e organizaçãodestes programas desde 1995, eilustrou a sua importância e impactoeconómico e social, referindo que oTurismo Sénior envolve, anualmente,35 mil pessoas, 600 hotéis e 800programas de lazer.O seminário incluiu uma componentelúdico-turística com visitas ao Palácioda Pena (Sintra), ao Oceanário, aoSolar do Vinho do Porto, além de umpasseio panorâmico por Lisboa e umespectáculo de Filipe Lá féria noCasino Estoril. GL

l Sete tocadores de viola participaram no curso "Iniciação à música escrita para

viola da terra (viola Micaelense)", ministrado pelo prof. Rafael Carvalho, que decorreu

no Conservatório Regional de Ponta Delgada em meados de Novembro.

Workshop de Viola

08a11:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:01 Page 9

Page 10: Tempo Livre Dezembro 2011

l Na Galeria Porto Oriental (RuaBarros Lima, 851, Porto) está patenteafinal de Dezembro uma exposição deIsabel de Sá, pintora neo-expressionista, cuja obra, iniciada nofinal dos anos 70 do século passado,integra "o drama e olirismo, o terror e abeleza." Além destaexposição, subordinada aotema "Elementos Naturaise Outros Figurantes" numaassemblage plena devivacidade, estará patente,

a partir do dia 9, no r/c da mesmagaleria, uma mostra colectiva depintura, fotografia e escultura, comtrabalhos dos artistas AntónioDomingos, Artur Durão, Carlos Reis,Diva Barrias, Henrique Pichel, Isabel

Mourão, João PedroRodrigues, GraçaMartins, Luís Gilmar,Luísa Gonçalves,Manuela Bacelar, ManuelMagalhães, Rui Sousa,Roberto Machado e SóniaBarrias.

Isabel de Sá na Galeria Porto Oriental

l As unidadeshoteleiras da Inatelem Linhares e nailha das Floresintegram o livro"Luxo e Charme naHotelaria emPortugal", daautoria de GabrielaBotelho.Apresentada numhotel de Gaia pelopresidente da CIP,António Saraiva, a cuidada e bemilustrada edição bilingue inclui vinteunidades de charme de vários

pontos do pais,casos, entre outros,do hotel TheYeatman, Quinta doVallado, Herdadeda MalhadinhaNova, HeritageJanelas Verdes,Heritage Britânia,Heritage Av.Liberdade, FarolDesign Hotel,Senhora da Guia,

Casas do Côro em Marialva, HotelPalácio do Estoril, Terra NostraGarden e Graciosa Resort.

Envelhecimentoe qualidade de vidal A aula magna da Universidade

dos Açores, em Ponta Delgada,

acolheu o IV Congresso

Internacional

"Envelhecimento(s)e Qualidade

de Vida" em Novembro último,

com a presença de especialistas

nacionais e internacionais que

reflectiram sobre a saúde e

bem-estar físico e psicológico

dos seniores. O painel

"Reforma, Mobilidade e Lazer"

ficou a cargo de Rui Calarrão,

director da área social da

Fundação Inatel.

Torre do Tomboevoca D. Dinisl A Direcção-Geral de Arquivos,

numa parceria com a Direcção

Regional de Cultura de Lisboa e

Vale do Tejo, apresenta, até final

de Dezembro, a exposição

Dionisivs Rex - Documentos De

D. Dinis Na Torre Do Tombo,

comemorativa dos 750 anos do

nascimento do rei D. Dinis,

"porventura - assinalam os

organizadores - uma das mais

luminosas figuras do

plurissecular itinerário dos

portugueses, numa hora em que

a comunidade que somos é

chamada a desenhar renovados

caminhos de futuro."

Nascido em Lisboa, no dia 9 de

Outubro de 1261, o rei 'poeta e

lavrador' protagonizou, ao longo

de mais de quarenta anos, um

governo "prestigiado pelas

opções realizadas, pela

coerência dos propósitos

perseguidos e pela prosperidade

que o reino conheceu sob a sua

égide, pesem todas as tensões

que o atravessaram e que

tocaram a própria família real."

Inatel em Hotelaria de Charme

l Apresentado em Novembro, noMuseu Soares dos Reis, o novo livrode Germano Silva, "Porto: nos Lugaresda História" (Porto Editora), guia oleitor por ruas, jardins e praças, abrea porta de casas e palácios, revelandopormenores e histórias que explicamo carácter de uma cidade que atrai

cada vez mais visitantes, portuguesese estrangeiros. Este segundo volumereúne os textos que o autor publicano Jornal de Notícias e tem prefáciode D. Manuel Clemente, bispo doPorto, que assinala a contribuição deGermano Silva para a "recuperação"da cidade por naturais e forasteiros".

“Porto: nos Lugares da História”

Notícias

10 TempoLivre | DEZ 2011

08a11:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:01 Page 10

Page 11: Tempo Livre Dezembro 2011

l A Fundação Oriente foi palco dolançamento de "As Quatro Estações -Memórias de um Portugal Maior", omais recente romance de José MariaRodrigues da Silva, antigo juísconselheiro do Supremo TribunalAdministrativo. A leitura de poemasde Pessoa, Sofia Melo Breyner e dopróprio autor por Maria Barroso euma análise da obra por João BigotteChorão, integraram a apresentação dolivro que o poeta brasileiro IvanJunqueira define, no prefácio, como"um grande romance dasolidariedade, moeda pouco correnteentre nós numa época dedespudorado hedonismo e furiosaglorificação egoística". Autor de umavasta obra ensaística e de ficção,Rodrigues da Silva, lembrou, na suaintervenção, o convívio inspirador, najuventude, em Portalegre, com JoséRégio, e lamentou o estado actual deuma país que marcou, há cincoséculos, a história da humanidade.

100 Anosde Turismoem Portugall Está patente, até Janeiro, na

Biblioteca Nacional, uma

mostra intitulada "Viagens pela

escrita: 100 Anos de Turismo em

Portugal". A exposição, de

entrada livre, é promovida pela

Comissão Nacional do

Centenário do Turismo em

Portugal, e inclui guias, roteiros,

monografias, ensaios, teses,

dicionários, revistas e literatura

de viagens, tipologias

complementadas pelos cartazes,

bilhetes-postais e mapas são

alguns dos objectos em

exposição.

“From Herto Eternity”l "From Her to Eternity", título

do 1º álbum de Nick Cave and

the Bad Seeds, é o título,

também, da exposição de

fotografia de Pauliana Valente

Pimentel, 36 anos, ex-geóloga e

uma das mais brilhantes e

promissoras fotógrafas

nacionais, patente na KGaleria,

Bairro Alto (Rua da Vinha, 43-A),

até Janeiro. Ao longo do ano

2011, Pauliana fotografou um

sem número de mulheres, entre

amigas e desconhecidas,

profissionais da noite e artistas.

Cada uma destas mulheres

revela uma história de vida.

Todas elas fazem parte do nosso

quotidiano. Mulheres de garra,

de força, mostrando o melhor

de si. Uma vida boémia onde

são mais as fotos nocturnas do

que diurnas, mas Pauliana

afirma que também é uma

mulher da luz do dia. Morada:

Rua da Vinha, 43-A, Bairro Alto,

Lisboa

“As Quatro Estações - Memóriasde um Portugal Maior”

l Está patente, até 15 de Janeiro, naGaleria de Arte do Casino Estoril, oXXV Salão de Outono, em queparticipam 50 destacados pintores eescultores nacionais, casos de NadirAfonso, Matilde Marçal, MaríliaViegas, Manuel Cargaleiro, JacintoLuís, Roberto Chichorro, HelenaLiz, Gustavo Fernandes, PauloOssião, além de um grupo deartistas mais jovens, que seevidenciaram nos Salões dePrimavera, como Ana Pais deOliveira, Mariana Sampaio eDamião Porto.

50 Pintores e Escultores no XXV Salão de Outono

DEZ 2011 | TempoLivre 11

08a11:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:01 Page 11

Page 12: Tempo Livre Dezembro 2011

XVI Concurso “Tempo Livre” Fotografia

12 TempoLivre | DEZ 2011

[ 1 ]

[ 1 ] Maria Pereira, Montemor-o-NovoSócio n.º 486828

[ 2 ] Manuel Prates,SabrosaSócio n.º 507214

[ 3 ] Dinis Subtil,Aldeia VelhaSócio n.º 509889 [ 3 ]

[ 2 ]

12e13_Conc_Fotog:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 12:50 Page 12

Page 13: Tempo Livre Dezembro 2011

[ a ] António Pronto, Tapada das MercêsSócio n.º 263310

[ b ] Sérgio Guerra, S. João do EstorilSócio n.º 204212

[ c ] José Pinto, CoimbraSócio n.º 494110

Menções honrosas

Regulamento

1. Concurso Nacional de Fotografia darevista Tempo Livre. Periodicidademensal. Podem participar todos osassociados da Fundação Inatel,excluindo os seus funcionários ecolaboradores da revista Tempo Livre.

2. Enviar as fotos para: Revista TempoLivre - Concurso de Fotografia, Calçadade Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa.

3. A data limite para a recepção dostrabalhos é o dia 10 de cada mês.

4. O tema é livre e cada concorrentepode enviar, mensalmente, um máximode 3 fotografias de formato mínimo de10x15 cm e máximo de 18x24 cm., empapel, cor ou preto e branco.

5. Não são aceites diapositivos e asfotos concorrentes não serãodevolvidas.

6. O concurso é limitado aosassociados da Inatel. Todas as fotosdevem ser assina ladas no verso com onome do autor, morada, telefone enúmero de associado da Inatel.

7. A «TL» publicará, em cada mês, asseis melhores fotos (três premia das etrês menções honrosas),seleccionadas entre as enviadas noprazo previsto.

8. Não serão seleccionadas, nomesmo ano, as fotos de umconcorrente premiado nesse ano

9. Prémios: cada uma das três fotosse lec cio nadas terá como prémio duasnoi tes para duas pessoas numa dasunidades hoteleiras da Inatel, durantea época baixa, em regime APA(alojamento e pequeno almoço). Oprémio tem a validade de um ano. Opre miado(a) deve contactar a redacçãoda «TL».

10. Grande Prémio Anual: umaviagem a esco lher na Brochura InatelTurismo Social até ao montante de1750 Euros.A este prémio, a publicar na «TL» deSetembro de 2012, concorrem todasas fotos premiadas e publicadas nosmeses em que decorre o concurso.

11. O júri será composto por doisresponsáveis da revista T. Livre e porum fotógrafo de reconhecido prestígio.

[ a ]

[ c ]

DEZ 2011 | TempoLivre 13

[ b ]

12e13_Conc_Fotog:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 12:51 Page 13

Page 14: Tempo Livre Dezembro 2011

Entrevista

No final das conferências, realizadas durante aSemana da Cultura Chinesa, alguém na audiên-cia levantou a hipótese de Portugal vir a ser anova Macau da China… Macau tem uma história tão particular que issonão seria possível. E se acontecesse, seríamostodos ricos, se calhar não seria assim tão mau...Em Macau vive-se extremamente bem, quase nãohá desemprego, obviamente existem imensoscasinos, o modo de vida deles é o jogo, mas nãosó. Antes de Portugal se tornar a Macau da China,a Europa tornar-se-ia a Macau da China (o conti-nente Euro-Asiático) tendo em conta a formacomo se está a lidar com a crise financeira, aentrar no jogo da alta finança e a não resolver asquestões com profundidade.

Quando se fala dos mitos urbanos sobre os chi-neses (entre nós, o mais aberrante é de que oschineses não morrem!) não nos estamos a dis-trair do essencial, a tomada de poder económicoque a China está protagonizar a nível mundial?O que está na base desses mitos urbanos sobre oschineses é o medo, assente na ascensão econó-mica e política da China. De outra forma, está denovo a regressar, o "Medo Amarelo" ("YellowPeril") que existiu no Ocidente, final do séculoXIX e início do século XX, quando se acreditavaque os chineses podiam dominar o mundo.Essa ascensão não é só económica e políticamas também militar... Pois, esse é também um dos grandes objectivosda Política de Reforma e Abertura, proposta por

“Os chineses sãomuito criativos…”

Irene RodriguesAntropóloga

Os chineses com poder económico estão ávidos dos produtos deluxo, de marca europeia e norte-americana. A solução para a crisepassará por investir na qualidade das nossas produções antes quea China consiga alcançá-la. São algumas das conclusões a quechegou a antropóloga Irene Rodrigues, docente no InstitutoSuperior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnicade Lisboa. A investigadora fez trabalho de campo em Wenzhou,na China, e na comunidade chinesa em Lisboa. Fomos conhecê-la, no Espaço Mouraria, da Fundação Inatel, por ocasião daSemana da Cultura Chinesa, que se realizou de 1 a 6 deNovembro.

14 TempoLivre | DEZ 2011

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 14

Page 15: Tempo Livre Dezembro 2011

DEZ 2011 | TempoLivre 15

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 15

Page 16: Tempo Livre Dezembro 2011

Entrevista

Deng Xiaoping, a partir de 1978. O objectivo eratornar a China numa potência mundial por voltado ano 2000, através das quatro modernizações:indústria, agricultura, ciência e tecnologia, edefesa. A grande estratégia foi começar por apos-tar numa indústria manufactureira exportadorapara gerar crescimento económico e financiaruma indústria mais assente no desenvolvimentocientífico e tecnológico, e claro também financiaro desenvolvimento da indústria militar. Isso estáestabelecido desde o início. Dada a história daChina, nomeadamente a mais recente, e apesarda globalização da China, acredito que esteinvestimento militar tem sobretudo objectivos dedefesa e de segurança nacional. No artigo "Comment la Chine redessine leMonde", de Pierre Delannoy, publicado pelarevista GEO, Novembro 2011, fala-se muito da

passagem de uma estratégica ati-tude "soft power" para umaposição de grande controle sobreas matérias-primas e infra-estru-turas dos vários países, com oacesso livre a todos os mares eportos, a construção de milharesde quilómetros de "pipelines"para transportar gás e petróleo... A China está muito interessadanas matérias-primas, isso tem-sevisto muito em África, onde a

China conseguiu aceder a fontes de matérias-pri-mas, nomeadamente petróleo e construir infra-estruturas porque os governos locais não têmcapacidade e, por isso, torna-se mais fácil nego-ciar. Na Europa é mais difícil. Eventualmente,esta crise é a grande oportunidade da Chinaentrar pela porta grande na Europa. Mas é inte-ressante recordar como a China tem uma longahistória de estabelecimento de relações diplomá-ticas através da oferta de presentes em regime detributo, esse terá sido um dos objectivos das via-gens de Zheng He que chegou à oriental africanaantes de Vasco da Gama chegar à Índia.

A China tem sido bem sucedida porque seesforça em distinguir as questões políticas dasquestões económicas. Eu considero que a estraté-gia da China vai continuar a ser a de "soft power",e isso vai funcionar enquanto a China conseguirmanter boas relações com estes países e se man-tiver relativamente à margem dos conflitos inter-

nacionais. Contudo, é de esperar que a Chinavenha cada vez mais a ser chamada a intervirdado o seu crescente poder internacional. Num futuro próximo veremos a substituição daslojas chinesas de produtos baratos por negóciosde outro nível?Esse tipo de negócios já existe, as lojas chinesasde produtos baratos são a fase mais visível dosnegócios chineses. Os chineses investem muitoem imobiliário, nomeadamente em áreas comer-ciais, e actualmente verifica-se também umatendência para apostar na exportação. Contudo,Portugal também é um país pequeno e a econo-mia étnica chinesa cresce à sua dimensão. EmPortugal não apareceu indústria manufactureirachinesa como em França e em Itália. A sua tese de mestrado ("No Feminino Singular:Identidades de Género de Mulheres ChinesasMigrantes em Lisboa") centra-se no estudo daschinesas em Lisboa. Tendo em conta a Políticado Filho Único, na China, em que medida avivência em Portugal levou estas mulheres amodificarem a sua percepção da China? Como éque elas vivem a passagem de uma cultura paraoutra cultura que tem um potencial de descober-ta e de liberdade maior? Sentiu que elas ques-tionavam muito a China, se revoltavam ou, pelocontrário, isso não acontecia? Isso não acontecia. Eu falei com algumas mulhe-res que me disseram "estou contente por estaraqui porque posso ter os filhos que eu quiser."Isso aconteceu, mas é uma atitude muito pragmá-tica, não se prende com questões ideológicas. Amaior parte destas pessoas tem apenas escolari-dade básica ou menos, e as que têm educaçãosuperior foram educadas para compreender eaceitar decisões e políticas governamentais comoa Política do Filho Único.

Por outro lado, chegou-se na China a umamentalidade de classe média em que é mais van-tajoso ter menos filhos e investir neles. Mesmo aspessoas que vivem em Portugal, a maior partedelas não tem mais do que dois filhos. As mulheres chinesas têm outro estilo de vidaem Portugal?Creio que a grande descoberta das mulheres chi-nesas, em Portugal, tem a ver com a maior liber-dade que elas observam nas mulheres portugue-sas para decidir sobre a sua vida e o seu própriofuturo, sem tanta interferência familiar. Embora a

16 TempoLivre | DEZ 2011

“A China tem sidobem sucedida porquese esforça emdistinguir as questõespolíticas das questõeseconómicas….”

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 16

Page 17: Tempo Livre Dezembro 2011

situação das mulheres chinesas tenha mudadomuito, desde 1949, a sua vida continua a sermuito condicionada pela família e para a família,embora haja sinais lentos de mudança. Muitasvezes, os chineses apontam essa como uma gran-de diferença entre chineses e estrangeiros (oci-dentais) - a grande ligação à família e à sua con-tinuidade. Aqui, as mulheres que migramtambém estão presas à família e ao negócio dafamília, não têm grandes possibilidades paraaproveitar outras oportunidades de trabalho ouexperimentar outros estilos de vida. É contraditório que as mulheres de educaçãosuperior sejam as mais conformistas, é como seo sistema formasse "robots" de alto nível… De facto há uma enorme capacidade do Partidoem agregar as pessoas à sua causa, através daeducação, não nos esqueçamos que a influênciadas escolas na vida das crianças e jovens chine-ses é enorme, eles passam meses, até anos, semverem a família. E depois se têm objectivos deascensão social sabem que isso passa por umaintegração no Partido. Mas penso que a vivêncianum outro país com outro estilo de vida abreespaço a esse questionamento. Isso é quase uma lavagem ao cérebro, é quasedestituir a pessoa da possibilidade de ser indi-víduo, ter ideias próprias. Hoje em dia, principalmente nas cidades, encon-tramos pessoas com ideias muito próprias. Oschineses não são incapazes de pensar, muito pelocontrário, mas a China tem uma história atroz doque pode acontecer quando se diz o que se pensa.

A estratégia de "zouchuqu", "sair das fron-teiras", definida pelo Partido Comunista em1999, traduziu-se por um aumento do poderglobal da China, um "redesenhar do mundo"mas também pode vir a transformar-se no fimdesse mesmo poder. Os chineses que saírampodem não mais querer voltar e virem a desal-inhar com essa ideologia única... Eu também encontrei, em Lisboa, algumas pesso-as com educação superior que me diziam "aque-le país não dá para viver, não há liberdade deexpressão". Mas se calhar diziam-me isto há 10anos, hoje o discurso delas é diferente, muitomais pró-China. Como a China está com poder,que não tinha e que não se tinha a certeza que iater há 10 anos, agora há mais vantagens naligação à China. No entanto, o chinês comum, o

"laobaixing", como eles lhe chamam, não pensana nação chinesa ou na comunidade chinesa, nasua vida quotidiana pensa na sua família. A ideiade que existe aqui uma comunidade chinesamuito ligada, muito fechada, impenetrável, ondenão há conflitos, não é real. São núcleos familia-res que têm determinado número de interesses ecooperam, mas também competem muito entreeles.Cada família será uma espécie de pequenina

China na medida em que a China também seorganiza exclusivamente em função dos seusinteresses económicos? Essa forma de organiza-ção, muitas vezes, alheia aos Direitos Humanose à defesa da Natureza atemoriza o Ocidente,que como sabemos, tem vindo a negar os val-ores que defende. Digamos que a orientação é diferente, digamosque a nossa orientação é muitopara o indivíduo, nós centramo-nos no indivíduo. Na China, oindivíduo existe na relação comos outros indivíduos, não por elepróprio, daí a importância dafamília, é nessas relações que apessoa faz sentido. Na China, sãomal vistas as pessoas que se iso-lam e não estabelecem relaçõescom os familiares, amigos e co -nhecidos ou que cortam essasrelações. Mas neste momento a nossa cultura, sobretudoem Portugal, também não é favorável às pessoasque se individualizam, daí o desinvestimento nacultura, na educação... Não se investe em pessoas, por razões diferentes.O que está subjacente entre o que a China repre-senta hoje e as mudanças a que estamos a assis-tir, não só em Portugal mas também na Europa,tem mais a ver com o modelo económico. O queé assustador é que o modelo económico que secriou na China parece estar a ganhar adeptospara se implantar noutros locais do mundo evamos ver como é que a Europa vai lidar comisso. A China tem níveis de crescimento econó-mico inimagináveis para a Europa mas sacrificououtras questões, as pessoas, por exemplo. E nós,na Europa, estamos a ver que o que se está asacrificar são também as pessoas. O modeloeconómico vai justificando isto e vai desafiando

“Na China, sãomal vistas as pessoasque se isolam e nãoestabelecem relaçõescom os familiares,amigos econhecidos….”

DEZ 2011 | TempoLivre 17

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 17

Page 18: Tempo Livre Dezembro 2011

Entrevista

essa centralidade da pessoa. No citado artigo da GEO, defende-se que os chi-neses estão a deixar de investir em produtos debaixa qualidade e preço, os salários mínimossubiram imenso, portanto, os seus produtos jánão vão ser tão competitivos como eram antes.Agora querem competir com produtos de luxo. Écomo se a Europa andasse ao contrário...É verdade… Eu fiz trabalho de campo aqui emLisboa e na cidade de Wenzhou (China). Essaregião é conhecida tanto pela emigração para aEuropa como pelo seu modelo de desenvolvi-mento, baseado na produção de produtos bara-tos, de fraca qualidade, através do uso intensivode mão-de-obra barata. No início da década de80, a mão-de-obra era fornecida pelos campone-ses locais, que logo depois também começaram asonhar em enriquecer e emigraram nomeada-

mente para a Europa em busca deoportunidades de mobilidadesocial ascendente. Esta indústriapassou então a usar migrantesinternos. Alguns empresários deWenzhou disseram-me que ogoverno tem vindo a pressionarpara aumentar os salários muitobaixos da indústria manufacturei-ra. Esta pressão pretende ir aoencontro dos objectivos de fadaxibu, i.e., de desenvolvimento das

regiões ocidentais pobres desde o ano 2000,através do dinheiro enviado ou levado pelosmigrantes de regresso às suas terras de origem.

Mas isto representa um problema para asobrevivência deste tipo de indústria porque ostrabalhadores fazem mais dinheiro em menostempo e a mão-de-obra é cada vez menos. Osempresários de Wenzhou começaram já háalguns anos a investir noutras áreas como noimobiliário, na bolsa, e actualmente em ouro.Algumas marcas de Wenzhou já evoluíram o sufi-ciente para se implantarem a nível nacional, masainda não há marcas de luxo, porém, esse é umdos caminhos. O facto, de a China ter comprado uma parte dadívida externa dos EUA e estar a comprarempresas de prestígio na Europa, como a Volvo,manifesta essa mudança de investimentos.A classe média chinesa é ávida de produtos deluxo, de grande qualidade. Desde o século XIX,

existe na China a ideia de que os produtos estran-geiros são melhores do que os produtos chineses,que os tentavam imitar. Os chineses estão muitís-simo interessados em tudo o que tem a marcaeuropeia ou norte-americana porque isso signifi-ca qualidade e modernidade, oferece-lhes algoque eles não encontram nos produtos chineses. Afraca qualidade dos produtos chineses é algo quenão os orgulha. Essa pode ainda ser a saída paraa crise europeia, estou a falar da crise económica,exportar produtos de luxo de grande qualidadepara a China, antes que a China comece tambéma produzi-los. Por isso, se começarmos a apostarem muitas horas de trabalho e em produtos debaixa qualidade vamos perder aquilo que nosresta, a capacidade de criar produtos singulares einovadores, de apostar na estética, na inovaçãotecnológica, e acabaremos com a especificidadedos produtos europeus.Acabaremos por negligenciar também a quali-dade dos nossos produtos alimentares, oazeite... Sim, a China está muito interessada em azeite eem vinho português, que já adquiriram famaentre os chineses como produtos de qualidade,no seio de uma classe média ávida para consumirprodutos de luxo, funcionando o consumo comouma marca de classe, de distinção. Em Lisboa,muitos chineses turistas e migrantes vão às lojasda Avenida da Liberdade comprar cintos e malasLouis Vuitton para levarem ou enviarem aos seusfamiliares e amigos porque lá são mais caros. Elesnão se importam de gastar milhares de euros emmalas, carteiras e roupas porque os entendemcomo valores seguros, mas também por aquiloque a sua posse significa em termos sociais. NaChina não há falta de "design" e já há marcas comqualidade, mas estas ainda não conseguem pro-porcionar aquilo que a posse de produtos estran-geiros também significa: cosmopolitismo, mesmosem nunca se ter saído da China. A classe média encontra-se representada nacomunidade chinesa em Portugal? Sim. Não sei se lhe podemos chamar classemédia... o que existe são famílias com diferentescapacidades económicas, devido ao seu sucessoempresarial. As famílias que chegaram no finaldos anos 80 e 90 têm muito mais sucesso do queaquelas que acabaram de chegar, pela dificuldadeem encontrarem um negócio tão lucrativo como

18 TempoLivre | DEZ 2011

“Os comercianteschineses em Portugalvendem aquilo que osclientes portuguesesprocuram.”

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 18

Page 19: Tempo Livre Dezembro 2011

aconteceu naquele período de expansão. Nestemomento, o mercado está saturado de lojas e res-taurantes chineses. Essas famílias conseguiramobter lucros, poupar e investir em novos negócioscomo o imobiliário, e adquirir casas e carros.Existe uma grande tradição de poupança naChina e os migrantes chineses vêm precisamentecom esse objectivo: zhuanqian - fazer dinheiro oujuntar dinheiro. O facto de Portugal ser parte, pri-meiro da Comunidade Económica Europeia emais tarde da zona Euro, constituiu um atractivopara este fluxo migratório. Aforrar em Euros étotalmente diferente de aforrar em escudos ou emYuan, e permite uma mobilidade de capital muitomaior para qualquer parte do mundo. Mesmo naChina muitas pessoas mantêm dinheiro em Euroscomo forma de poupança e investimento. Talcomo os portugueses, os chineses também son-ham com bens duradouros. Para além disso,investem muito na educação dos filhos preferin-do colégios prestigiados frequentados pela classemédia e média alta portuguesa. Há uma con-vergência de comportamentos. Portugal vai então ser sobretudo um ponto depassagem para outros países? Mas isso já acontecia, até aqui. Os chineses cir-culam muito na Europa, muitos chineses queestão em Portugal vieram de França, de Itália oude Espanha e apenas uma parte veio directamen-te da China. Acho que com a crise vai sair muitagente, já estão a sair, mas os chineses são muitocriativos e vão tentar outros negócios como jáestão a tentar, por exemplo, os supermercados. E que possibilidade existe para a implantaçãoem Portugal de lojas que vendam produtos rela-cionados com a cultura chinesa antiga? A"Janela de Pequim", situada perto doMonumental, em Lisboa, vendia produtos arte-sanais da China, oriundos de províncias longín-quas como Shanxi, papéis recortados, pinturasa guache originais, etc, mas não sobreviveumais do que dois anos... Se o público portuguêsfosse mais curioso, mais interessado em produ-tos genuínos, teríamos com certeza outro tipo delojas chinesas, não? Esses produtos hão de ter sempre um mercadopequeno. Mesmo na China, são muito poucas aslojas que os vendem, porque o chinês comumtambém não os valoriza. A Revolução Cultural, oMaoísmo deixou grandes marcas, valoriza-se o

que é moderno. A maior parte das pessoas queestão a atender nas lojas chinesas não têm inte-resse nem conhecimentos para montar uma lojacom essas características. O proprietário de a"Janela de Pequim" era uma pes-soa especial [refere-se a YaoqunZhu] até mesmo por ter investidonesse tipo de negócio.

Na verdade, os comercianteschineses em Portugal vendemaquilo que os clientes portugue-ses procuram. A implantação daslojas chinesas segue um determi-nado mercado, não singram emtodos os locais, mesmo os restau-rantes têm de se adaptar ao local; obviamenteque eles procuram uma clientela de classe médiaalta porque tem mais poder de compra. Na ver-dade, os principais clientes são pessoas que não

“Não conheçonenhum chinês queapesar de não tersingrado tenharegressado à China,desistindo do seusonho.”

DEZ 2011 | TempoLivre 19

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 19

Page 20: Tempo Livre Dezembro 2011

Entrevista

se importam com a fraca qualidade dos produtos,mas talvez não adquirissem tanta quantidade senão fosse por um preço tão baixo. As lojas chine-sas vieram dar mais poder de compra (em deter-

minados produtos) a muitas famí-lias de baixos rendimentos emPortugal. Na China, muitas pesso-as perguntavam-me se eu com-prava coisas nas lojas chinesas, oobjectivo era analisar o perfil docliente português. Normalmenteeles estudam muito bem o sítioonde vão abrir as lojas. Esse pensamento estratégico faz-me pensar num livro de referên-cia: "Ways of Warriors, Codes ofKings", de Thomas Cleary, ondese pode ler este princípio lapi-

dar: "Nunca critiques o inimigo para ele nãoevoluir" ou ainda a auspiciosa confiança de"que inimigo é aos milhares mas não é infinito".Ou seja, a vitória resulta da persistência. Essamentalidade persiste?Isso é muito chinês. Aqui encontramos essa men-talidade, os chineses são muitíssimo perseveran-tes, e isso explica a forma como lidam com as pri-vações porque passam, durante anos, para conse-guirem poupar e virem a ter um negócio. E mesmoquando esse negócio não dá certo fecham e voltama abrir outro. Não conheço nenhum chinês que

apesar de não ter singrado tenha regressado àChina, desistindo do seu sonho. Conheço pessoasque estão em Portugal há mais de 20 anos,começaram como empregados, já foram donos derestaurantes e lojas, e como as coisas não deramcerto voltaram a trabalhar para outros chineses,mas sempre com o objectivo de vir a fazer aquelenegócio que vai mudar as suas vidas. São, realmente, persistentes…Apesar da orientação materialista que a socieda-de chinesa pareceu tomar desde o início da déca-da de 1980, a família continua a ser preponde-rante na vida dos indivíduos, os chineses conti-nuam a ser pessoas muito respeitadoras da auto-ridade (sobretudo na família e na escola), a darmuita importância à educação, e cada vez maiscelebram os seus principais festivais. Isto faz-melembrar uma conversa que tive com um homemchinês, de cerca de 30 anos, numa viagem decomboio entre Xangai e Pequim, no ano passado.Depois de várias horas, sentado a meu lado, semfalar, ao ver-me a ler um livro sobre religiãopopular chinesa (em inglês), ele comentou, quasenum desabafo: "Sabe, isso é o problema da China.É que os chineses estão muito diferentes por fora,mas por dentro continuam iguais. Eu estudeimuito inglês e percebo, mas não consigo falarconsigo em inglês. Continuamos com os mesmosproblemas e a culpa é de Confúcio." n

Susana Neves (texto) José Frade (fotos)

20 TempoLivre | DEZ 2011

“Os chinesestambém sonham combens duradouros (…)e investem muito naeducação dos filhospreferindo colégiosprestigiadosfrequentados pelaclasse média e médiaalta portuguesa.”

14a20:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:03 Page 20

Page 21: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 22: Tempo Livre Dezembro 2011

Desporto Inatel

Mãe, hoje é dia de natação? - éa pergunta invariável emcasa de Sofia Nabais, desdeque este ano inscreveu osfilhos Madalena, António e

Constança, com idades entre os 5 e os 9 anos, nasaulas de natação do Parque de Jogos 1º de Maio.

Às Terças e Quintas, depois das cinco da tarde, évê-los mergulhar na mesma piscina, à mesmahora, mas em aulas diferenciadas. "Eles andavamnoutro ginásio e agora vêm para aqui com imen-sa vontade; noto nos mais velhos uma evoluçãona modalidade e a mais pequena está a começara aprender; estou muito satisfeita".

1º de Maiotodos os dias…Numa zona verde da cidade de Lisboa, no bairro de Alvalade, o Parque deJogos 1º de Maio tem um borbulhar de actividade constante. Por dia, estima-se que seja frequentado por cerca de mil pessoas, para ali desenvolveremactividades físicas e de lazer. Recentes melhorias e um novo pavilhão abremjanelas a mais desporto e novas ofertas.

22 TempoLivre | DEZ 2011

22a25:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:05 Page 22

Page 23: Tempo Livre Dezembro 2011

A escola de natação da Inatel é uma das maisantigas e estruturadas, desenvolvida apenas pelafundação. Com vários níveis de aprendizagem eum regulamento próprio, esta é a que tem maiorafluência de crianças na faixa etária dos 5-6 anos.Mas há mais escolas ali a funcionar e que con-templam várias modalidades, desde o futebol,passando pelo rugby, judo, taekwondo, badming-ton, taido e atletismo. E nestas foram estabeleci-das parcerias: "O parceiro fornece a componentetécnica e os materiais de apoio, nós fornecemos ainstalação; desta forma conseguimos melhorar oserviço aos nossos utentes e fazer face às res-trições orçamentais, que são fortes nesta altura",sublinha o administrador do Parque de Jogos 1ºde Maio, Pedro Marques.

Associação SalvadorMas há também parcerias com um caráctersocial, como a que há cerca de dois anos foi cele-brada com a Associação Salvador - e que deveráser renovada em Março próximo. Dentro do giná-sio de musculação foi criado um espaço de giná-

sio adaptado, frequentado semanalmente por 30utentes com mobilidade reduzida. "As pessoasvão, têm uma actividade física em espaço nãohospitalar e ao irem para o Estádio 1º de Maio,vão como se fossem ao ginásio; neste caso é inte-grado, há partilha entre pessoas com e sem defi-ciência. E isso tem sido o mais importante paradesmistificar a deficiência e as pessoas adoramsentir-se integradas", revela Salvador Mendes deAlmeida, o presidente da Associação Salvador.

Quem passa os portões da entrada do Parquede Jogos 1º de Maio, apercebe-se desde logo dofluido constante de utentes. "Só nas nossas acti-vidades, estão inscritas 3500 pessoas e há muitosespaços que são alugados para os utilizadoresdesenvolverem a sua actividade física". E a ocu-pação dos espaços por faixa etária é variável aolongo do dia, como nos explica Pedro Marques:"Ao início da manhã, é frequentado por trabalha-dores que vêm fazer a sua actividade desportivaantes de começarem a trabalhar. Durante amanhã, por um lado, temos uma população maissénior, que faz hidro-ginástica, a ginástica, faz a

DEZ 2011 | TempoLivre 23

22a25:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:05 Page 23

Page 24: Tempo Livre Dezembro 2011

Desporto Inatel

caminhada e a corrida no próprio parque deforma não orientada; por outro, temos tambémalgumas escolas que nos alugam o espaço para aprática da Educação Física, uma vez que não têminstalações próprias. À hora de almoço, voltamosa ter algumas pessoas que trabalham, frequentamfundamentalmente o ginásio e a piscina. À tarde,voltamos a ter alguns seniores e as escolas. Aofim da tarde, é a vez das crianças mais novas quefazem o futebol, a natação e o judo. Depois aidade vai aumentando até à noite, em que volta-mos a ter um público mais adulto, que faz a suaactividade desportiva em horário pós laboral".

Mas nem sempre foi assim. Que o digaAntónio Costa, responsável pelas piscinas e pelospavilhões. Já há 37 anos que ali trabalha e não selembra de mudança mais positiva do que a inau-guração das piscinas, em 1993. Desde então, aafluência teve um aumento de 100%, estima esteresponsável. "Provocou um aumento da procurados mais variados desportos, porque aqui não háapenas natação, há também musculação, taido,ioga, judo, ténis de mesa e tai ki do". Já quando opavilhão foi construído, recorda, "era apenasvocacionado para actividades colectivas como oandebol, o voleibol, o basquetebol e o ténis demesa. Mais tarde, as arrecadações existentes nacave foram ampliadas para surgirem dois giná-sios, porque não havia cá ginástica - e actual-mente tem muitos utentes".

Espaço multiusosTambém neste momento, decorre a reconversãodo relvado do campo de futebol, que vai passar aser de relva sintética. Mais do que reduzir os cus-tos de manutenção, especialmente do consumode água, o novo relvado vai permitir um uso maisintensivo por parte das escolas de futebol e derugby e também pelos CCDs que entram no qua-dro competitivo da Inatel no campeonato de fute-bol. Com estas melhorias, ambiciona o directortécnico do Parque de Jogos 1º de Maio, JoaquimCarvalho: "Espero ter, nos fins-de-semana e nashoras nobres, o estádio sempre cheio de atletas, oque acabará por chamar público". E não se cansade sublinhar as condições daquele espaço: "Abancada é espectacular; se chover, a pala abriga-nos e temos o piso sintético onde podemos fazerjogos atrás de jogos."

Em complemento à área desportiva, acaba de

24 TempoLivre | DEZ 2011

Salvador Mendes de Almeida, o presidente daAssociação Salvador, com Moreira Marques,administrador da Inatel

22a25:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:05 Page 24

Page 25: Tempo Livre Dezembro 2011

ser construído o espaço multiusos, vocacionadopara "responder à procura de actividades lúdicase educativas", refere Pedro Marques. "Durante asemana, queremos criar um pólo que traga ascrianças para o Parque de Jogos, onde elas pos-sam estudar e fazer os trabalhos de casa, teracompanhamento de professores e explicadores,se assim o entenderem". Mais, "queremos utilizarestas instalações para pequenos eventos e festasde aniversário por um lado e, por outro, activida-des de formação - sejam da fundação ou de par-ceiros".

Formação de árbitrosE foi precisamente neste espaço que decorreu, aolongo de dois fins-de-semana em Outubro e

Novembro, o curso intensivo de formação denovos agentes de arbitragem para os quadros docampeonato Inatel de futebol de 11. Para além deum rejuvenescimento da classe, este curso pre-tende igualmente "trazer novas ideias e sanguenovo para a arbitragem", refere António Rola, dadirecção do Desporto e responsável pela for-mação dos agentes desportivos. Com esta novaferramenta, as três dezenas de árbitros certifica-dos - no curso de Lisboa e num idêntico quedecorreu no Porto - "ficam a saber interpretar naprática a lei do futebol e estão preparados paraserem árbitros assistentes". Primeiro nos relvadosdos estádios Inatel, um dia, quem sabe, numqualquer estádio do mundo.n

Manuela Garcia (texto) e José Frade (fotos)

DEZ 2011 | TempoLivre 25

Em cima, pormenordo exterior das novasinstalações e, àdireita, aulas deatletismo e râguebi.Em baixo, AntónioRola, na formação deárbitros

22a25:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:05 Page 25

Page 26: Tempo Livre Dezembro 2011

Desporto

“Ogolfe é importante e um estí-mulo para contrariar a inér-cia e a imobilidade a quemuitas pessoas se deixamarrastar quando entram na

reforma ou não têm qualquer ocupação dos tem-pos livres", disse o médico Dr. Manuel FortunaMartins, Fisiatra e especialista em MedicinaDesportiva. "Há que evitar o Síndroma deImobilização, que se agudiza muito mais a partirdos 65/70 anos", acrescentou.

A prática regular de golfe tem cada vez maisadeptos entre os Seniores, tendo surgido nos últi-mos tempos vários clubes ou organizações emtodo o País, sobretudo no Porto e em Viseu, alémdas Associações (Nacional e Regionais) deSeniores, que movimentam semanalmente largasdezenas de jogadores em vários campos nacio-nais. Por exemplo a secção de Seniores do CG deViseu é uma das mais activas, e todas as semanastem um torneio (a custos simbólicos) que termi-na com o sempre animado e prolongado almoçode convívio.

Outro exemplo diário é o Clube de Campo daAroeira (Charneca da Caparica), com centenas deassociados e muitos deles já reformados, desta-cando-se um grande grupo com idades entre os 60e os 80 ou mais anos, que se encontram regular-mente durante a semana para jogar e depois pro-longarem o encontro com o almoço de convívio.

Muitos destes Seniores levantam-se cedo,mesmo sem terem nada combinado com os ami-gos, mas quando chegam à Aroeira encontramsempre alguém com quem jogar, conversar e

almoçar, mantendo uma actividade física e men-tal durante várias horas.

Na prática do golfe, um jogador percorre a pévários quilómetros envolvido na Natureza, osmovimentos exercitam várias partes do corpo e asua mente está em actividade constante para anali-sar distâncias, condições de jogo, ferros a usar, etc..

"O golfe é benéfico para os Seniores tendo ematenção sobretudo três situações: A Motivação (oidoso ao jogar golfe continua com um espíritocompetitivo, treino intelectual e exercício de con-centração), o Exercício Físico (inclui o andar bas-tante, mobilização dos vários segmentos docorpo, fortalecimento muscular e treino proprio-ceptivo ou seja, conjuga o treino físico com o trei-no intelectual) e finalmente o Treino deActividades da Vida Diária (ao estar envolvido nogolfe, o Sénior precisa de se levantar cedo, fazera sua higiene diária e estar socialmente envolvi-do na responsabilidade de se encontrar comoutras pessoas a determinadas horas para ojogo)", disse ainda o médico Fisiatra.

O Dr. Manuel Martins destaca ainda a neces-sidade imperiosa de os Seniores manterem umaactividade física regular, dando o exemplo dogolfe, alertando para a possibilidade de depoisdos 65 anos "começar a surgir uma lenta dimi-nuição das capacidades físicas, motoras e inte-lectuais, que na falta de actividade se vão degra-dando se não houver uma estimulação física".

O Coração…A prática regular de golfe é também uma medidaque pode evitar ou combater os problemas

Seniores: o golfecomo terapiaOs médicos recomendam actividade física regular a todas as pessoas, massobretudo aos que ultrapassaram já a barreira dos 50 anos, agora designadosde Seniores. E em vez de ficarem na cama até mais tarde, passarem horassentados no sofá a ver televisão, façam exercício ou dediquem-se ao golfe,modalidade apontada como uma "excelente terapia" para os mais idosos.

26 TempoLivre | DEZ 2011

26a28:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:06 Page 26

Page 27: Tempo Livre Dezembro 2011

cardíacos, ao exigir andar durante pelo menosquatro horas num ambiente saudável, exercitan-do todos os músculos do corpo. "Não há outrodesporto que leve as pessoas a fazerem o exercí-cio que proporciona o golfe", disse-nos o cardio-logista algarvio Dr. José Gago Leiria.

"O golfe é o desporto em que, de acordo comas capacidades e o estado de saúde de cada um,mais actividade física se desenvolve benéficapara o coração", acrescentou o médico.

Oficial de MarinhaO golfe é uma modalidade desportiva, ou activi-dade lúdica, para qualquer pessoa que atinjadeterminada idade, pois obriga-nos a andar, amovimentar o corpo, a pensar. Os velhotes ficamem casa no sofá e perdem anos de vida e a saúde,sublinha-nos o Comandante Rui Santos Silva, de72 anos, antigo oficial da Marinha, fundador e há22 anos presidente dos PINGS (Portugal IberlantNATO Golf Society).

"O golfe dá vida a quem passou por uma vidade trabalho e quer depois viver com mais saúde.Deveria até ser uma actividade obrigatória paraos Seniores. Hoje em dia o custo de jogar golfe jánão será um impedimento", acrescentou o antigooficial português na NATO, que joga pelo menostrês vezes por semana e treina nos outros dias e ésócio de cinco clubes.

Antigo 'quadro' bancário"Tenho muita pena de não me ter iniciado maiscedo no golfe. Sinto que desde que comecei ajogar golfe ganhei mais anos de vida. Agora quan-do vou à caça sinto-me mais 'jovem' e estou maisà vontade para acompanhar os mais novos nascaminhadas", disse Vitor Madureira, de 68 anos eque começou a jogar há 15 anos, sensibilizadopor alguns amigos bancários.

É também caçador desde muito jovem, masagora é mais golfe. É sócio de cinco clubes, jogaquatro vezes por semana no Inverno e todos osdias no Verão - "o golfe já me deu muitos anos devida", salienta o antigo 'quadro' bancário, quegraças ao golfe entrou mais tarde no processo dereforma.

"Deixei recentemente as funções que tinha,reformando-me além da idade normal de refor-ma, pois sentia-me muito bem tanto física comomentalmente e em condições perfeitas para con-

DEZ 2011 | TempoLivre 27

Manuel Martins

Rui Santos Paiva

Lucinda da Costa, Marieta Araújo e Maria José Marques

Manuel Alves Santos

26a28:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:06 Page 27

Page 28: Tempo Livre Dezembro 2011

Desporto

tinuar a trabalhar e atribuo isso ao golfe, que nosdá uma grande força anímica para novos desa-fios", acrescentou.

"Sempre que posso aconselho as pessoas demeia-idade a dedicarem-se ao golfe, porque sótrás vantagens", concluiu o veterano amador.

Ex-futebolistaDesde que jogo golfe sinto-me muito melhor e foipena não ter tido conhecimento desta modalida-de há mais tempo, disse o ribatejano ManuelAlves Santos, de 73 anos, natural de Coruche eque se iniciou há cinco anos em Santo Estevão.

"Do ponto de vista físico e psicológico, o golfeé muito importante para as pessoas de mais idadee importante para a estabilidade da nossa saúde",acrescentou Manuel dos Santos, que joga semprea pé, no mínimo três vezes por semana e tendomuitas vezes por parceiro Manuel Rodrigues, de81 anos.

Manuel dos Santos, antigo futebolista doCoruchense, diz que toma sete ou oito compri-midos por dia devido a ter "vários problemas desaúde", sendo a Doença de Paget, detectada hátrês anos, a mais preocupante.

"Disseram-me há anos que poderia perder oandar, sofrer com dores de cabeça. Mas felizmen-te nada disso aconteceu até agora, levo a minhavida normal e sempre que posso venho jogar golfea Santo Estevão. Sinto que o golfe contribuiumuito para a melhor qualidade de vida e sinto-memuito melhor", concluiu o septuagenário.

E também as mulheres…O escalão de Seniores (mais de 50 anos) tem cadavez mais senhoras, em todo o País. E além dasprovas regulares das associações e clubes no res-pectivo escalão etário, muitas jogam durante asemana com as amigas.

A Aroeira tem algumas destas jogadoras, quese juntam duas ou três vezes por semana para trei-

nos e depois jogam torneios ao fim de semana."O golfe ajuda a descontrair e é importante

para o meu equilíbrio emocional. Sou uma privi-legiada por poder jogar golfe com as minhas ami-gas. Já não tenho os filhos em casa, não trabalho eo golfe é uma forma de manter o equilíbrio", disse-nos Maria José Marques, que joga há 14 anos.

"O golfe permite tudo o que precisamos nestaidade - movimento, exercício num ambiente deNatureza, convívio e toda a envolvência", acres-centou.

"Para mim o golfe foi uma terapia. Após umavida intensa de trabalho, agora é o golfe que mecompensa, obrigando-me a andar, fazer exercícioe proporciona convívio e conhecer mais pessoas",referiu Maria Lucinda Costa, que durante a sema-na joga duas ou três vezes com as amigas e aosfins de semana com o marido, ainda em activida-de profissional. O seu carinho e a ligação ao golfelevou-a a criar um torneio anual, apenas para osamigos e sempre em Agosto no Sotavento algar-vio - o Open da Manta Rota - que proporcionasempre um dia inesquecível de bom convívio,desportivo e social.

"O golfe é o meu hobbie preferido e quandojogo sinto-me muito melhor fisicamente", dizMarieta Araújo, ex-professora no ensinosecundário e que joga há cerca de 20 anos.n

Valdemar Afonso (texto e fotos)

28 TempoLivre | DEZ 2011

A Inatel e o Clube de Campo da Aroeira têm

um protocolo de parceria. Se qualquer

associado do INATEL pretender fazer uma

iniciação ao golfe, a Aroeira oferece um

"baptismo" na modalidade. Basta contactar

qualquer das duas entidades.

Vitor Madureira

Gago Leiria

26a28:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:06 Page 28

Page 29: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 30: Tempo Livre Dezembro 2011

Diáspora

Era o caso do Alentejo, em especialda depauperada zona da margemesquerda do Guadiana, endemica-mente pobre, dependente dumaagricultura rotineira e primitiva

que não consentia grandes esperanças. Nesse início do século XX, as colheitas no

concelho de Serpa foram ruinosas e o desem-prego atingiu cifras elevadíssimas. Medidas dereestruturação da propriedade fundiária, comoa divisão em lotes do baldio da Serra Grande esua repartição por habitantes do concelho, fra-cassaram. As parcelas distribuídas ficavam emlocais pouco acessíveis, os solos eram áridos enão havia dinheiro para os fazer produzir.Muitos camponeses venderam os seus lotes aodesbarato, voltando à primitiva condição desem terra.

Andavam nessa altura pelo concelho deSerpa uns engajadores de emigrantes paraumas ilhas americanas que, diziam, eram umverdadeiro paraíso. As ilhas Sandwich, assimse chamavam elas, tinham um clima ameno,fartura de laranjais e vastas plantações de açú-car e cana-de-açúcar. Só faltavam braços para aagricultura. Não quereriam os camponeses deSerpa e arredores aproveitar a oportunidade deemigrar para aquelas terras de solos férteis eenriquecimento garantido?

Seduzidas por esta ilusão, cerca de mil pes-

soas disponibilizaram-se a embarcar para asilhas Sandwich, actual arquipélago do Havai,naquela que foi a maior vaga migratória até essadata registada no Alentejo. Gente tradicional-mente agarrada à terra como são os alentejanos,viu-se obrigada a partir para longe, acossadapelo espectro da miséria. Em finais de Fevereirode 1911, o contingente migratório partiu paraLisboa e dali embarcou para as Sandwich abordo do vapor Orteric.

A chegada dos emigrantes à capital foi segui-da pelas revistas "Ilustração Portuguesa" e"Brasil-Portugal", que se comoveram com ohumilhante espectáculo. "Homens, mulheres ecrianças alentejanas que emigram, quase ummilhar, num êxodo de misérias, passaram nacidade, do Tejo para os casebres onde as aloja-ram, deixando um rastro de condolências", lê-se na edição de 6 de Março de 1911 da"Ilustração Portuguesa", numa reportagem inti-tulada "Os que a fome escorraça". O texto é ilus-trado por uma vintena de clichés do célebrefotógrafo Joshua Benoliel, cujo dramatismoainda hoje nos toca.

O repórter da "Ilustração Portuguesa"impressiona-se com aquela "legião meia sonâm-bula, que passava sem uma palavra, carregadacom os sacos onde ia toda a sua fortuna", e cen-sura os engajadores, que disfarçavam "com ascores da mentira o fosco da realidade".

Emigrantes alentejanos partiramhá cem anos para o Havai

Memória da grandetravessiaCorria o ano de 1911. Portugal vivia os primeiros tempos da República,esperançosos e ardentes como o verde e o vermelho da nova bandeira.Lisboa e outros centros urbanos rejubilavam com os horizontes que apolítica republicana parecia abrir, mas o mesmo não acontecia em certasregiões do interior do país.

30 TempoLivre | DEZ 2011

30a34:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:07 Page 30

Page 31: Tempo Livre Dezembro 2011

Desconheciam os emigrantes que "muitos por-tugueses têm saído desse lugar apontado comomaravilhoso, não lhes disse do trabalho árduoque têm de fazer, debaixo da soalheira ardente,colhendo a cana do açúcar ou arrancando blo-cos nas pedreiras sob o olhar falso e vigilantedos índios que lisonjeiam os patrões e são osencarregados dos trabalhos."

Muitos dos engajadores de emigrantes nãopassavam de "contratadores de carne humana",escreve Joaquim Palminha da Silva, no seulivro "Portugueses no Havai - Da Imigração àAculturação". Estes, "viviam pela América,Havai, ou frequentavam os Açores e as nossasprovíncias do norte e outras localidades propí-cias ao desenvolvimento da 'espécie' denomina-da emigrantes. Normalmente comiam a doiscarrinhos. Primeiro: recebendo a capitação quelhes era abonada pelos governos interessadosem que lhes mandasse gente; Segundo: cobran-do uma percentagem às companhias de nave-gação, por cada cabeça que entregavam abordo."

A revista "Brasil-Portugal" considera inevitá-vel o aumento da emigração, "enquanto umafunda transformação da vida social não destruiras causas que a produzem." Tais causas resu-miam-se numa palavra: "Miséria, miséria, misé-ria. Do berço à cova. Olhos que secaram de cho-rar todos os prantos, bocas crestadas, ao nascer,pelo vento da adversidade, e que nunca flori-ram num sorriso feliz." Um dia, vindo "não sesabe bem donde", aparecia "um bom senhorbem-falante e cortês, com palavras doces naboca sorridente e cachuchos reluzentes nosdedos trigueiros", que lhes diz "coisas maravil-hosas dum país longínquo onde se chega a co -lher o oiro esgaravatando no solo."

O Orteric zarpou de Lisboa nas primeirassemanas de Março de 1911 e chegou àsSandwich a 13 de Abril. A viagem era penosapara quem, como os emigrantes, viajava no des-conforto dos porões. Uma carta dirigida aoMinistério dos Negócios Estrangeiros pelo côn-sul de Portugal no Pará, citada por JoaquimPalminha da Silva, informa-nos sobre o trata-

DEZ 2011 | TempoLivre 31

António ValenteCarrasco (o homemmais novo), a mulher,Ana do Carmo, e osseus filhos, queemigraram de Mourapara o Havai, em1912.

30a34:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:07 Page 31

Page 32: Tempo Livre Dezembro 2011

Diáspora

mento dado aos emigrantes: "As embarcaçõesque têm transportado imigrantes para este dis-trito dividem-nos em duas classes, ré e proa,segundo a importância maior ou menor da pas-sagem paga. Em geral são os da ré tratados mal,mas os da proa são-no sofrivelmente. São rarís-simas as embarcações em que os da ré são tra-tados sofrivelmente e os da proa apenas mal."

Com a sua carga de 1451 passageiros, entreos quais 547 homens, 373 mulheres e 531crianças, o Orteric chegou sem novidade aoporto de Honolulu, capital das Sandwich. Quala sorte destes emigrados? Cem anos decorridos,a memória esvaiu-se quase por completo. O jor-nalista Paulo Barriga, que tratou o tema da emi-gração dos alentejanos para o Havai na ediçãode 30 de Junho de 2000 do semanário "OIndependente", nota que "raros são os relatosque actualmente dão notícia da debandada, queem certas localidades foi quase total". No con-celho de Serpa, os mais idosos lembravam-seapenas de famílias que ficaram conhecidas por"Americanos", ou de mulheres a quem chama-

vam Maria da América. Mesmo assim, o jorna-lista conseguiu localizar Domingos LourençoTrindade, nascido nas ilhas Sandwich e resi-dente em Vale de Vargo. Filho de um casal queemigrou em 1911, Domingos Trindade explicouque os seus pais "trabalharam nas plantações decana-de-açúcar, sob o sol dos trópicos", durantesete anos. Contudo, o pai sofreu um acidente detrabalho, o que fez com que a família regressas-se a Portugal. Da sua infância em terras havaia-nas, Domingos Trindade guardava apenas arecordação dum objecto que para ele foi umacompleta novidade. "Não me lembro de maisnada a não ser das torneiras, só muito maistarde é que vi coisas daquelas aqui na terra."

A emigração de alentejanos para o Havaicontinuou no ano seguinte. Em 1912 verificou-se um novo surto migratório, como documentaa lista de passageiros do vapor Harpalien, quedeixou Lisboa em 25 de Fevereiro desse ano eaportou a Honolulu a 16 de Abril. Da lista cons-tam nomes como António Condeça, de Vale deVargo, Francisco José Estrela, de Serpa, Joaquim

32 TempoLivre | DEZ 2011

30a34:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:08 Page 32

Page 33: Tempo Livre Dezembro 2011

António Gregório, de Pias, e António ValenteCarrasco, de Moura.

Nascido em 1882, agricultor de profissão,António Valente Carrasco embarcou com amulher, Ana do Carmo, e três filhos, Maria,Antónia e Joaquim, de sete, três e dois anos.Ana do Carmo estava grávida. Em 2 de Abril de1912, a poucos dias do fim da viagem, nasceu-lhes mais um filho, José, a bordo do Harpalien.

"A família fixou-se em Kauai, uma das oitoilhas do arquipélago do Havai", conta o america-no Glen Valente, 61 anos, neto de AntónioValente Carrasco. "Trabalhavam na agricultura ena criação de gado, pois tinham uma pequena lei-taria." Entretanto, a prole aumentava. "Em 1916nasceu o meu pai, John Valente, em Makawao, eem 1919 o meu tio Anthony, em Kapaia."

Os emigrantes portugueses "dedicavam-seem especial à cultura da cana e à criação degado leiteiro", conta o investigador EduardoMayone Dias, na sua obra "A PresençaPortuguesa no Havai". Todavia, a partir dosanos 20 do século passado, muitos abandona-

ram "esta última actividade, devido à con-corrência das grandes companhias." Nessa fase,prossegue Mayone Dias, registou-se uma desci-da do nível dos salários das plantações, "provo-cada pela importação em massa de trabalhado-res orientais." Muitos portugueses saíram doHavai, entre eles os Valente, que em 1921 tro-caram a ilha de Kauai pela Califórnia.

A família estabeleceu-se inicialmente nacidade de Santa Clara, em pleno Silicon Valley,hoje mundialmente famoso pelas suas indús-trias electrónicas. Após a morte de uma das fi -lhas, em 1926, mudam-se para Isleton, nas ime-diações de Sacramento. Ali vem a falecer amãe, Ana do Carmo Valente, em 1933. O péri-plo termina na cidade de Lodi, no Vale de S.Joaquim, onde a família se instalou e em cujaárea até hoje permanece.

"O Vale de S. Joaquim é uma das mais impor-tantes regiões agrícolas dos EUA. Vivem aquiinúmeros portugueses, especialmente dosAçores e da Madeira, que muito contribuírampara o desenvolvimento da agricultura", salien-

DEZ 2011 | TempoLivre 33

30a34:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:08 Page 33

Page 34: Tempo Livre Dezembro 2011

Diáspora

ta Joe Valente, outro dos netos de AntónioCarrasco Valente. Melhor do que ninguém, estedescendente de alentejanos sabe do que fala.Joe Valente gere uma grande empresa agrícolade Lodi, a Kautz Farms, que explora uma áreade 5500 acres de vinha, o correspondente a2225 hectares. A cidade de Lodi é, aliás, conhe-cida pelos seus vinhos, em especial os tintos dacasta Zinfandel.

"O meu avô comprou uma propriedade pertode Lodi, a que chamou o Valente BrothersRanch", diz Glen Valente. "Começaram por criargado e produzir leite. Depois investiram naagricultura, especialmente na produção detomate." Dos seis irmãos Valente, apenas um,Joaquim, casou com uma portuguesa.Chamava-se Maria Selmes e, tal como o mari-do, era filha de alentejanos.

Com a morte de António Valente Carrasco,em 1958, e o envelhecimento dos seus filhos, a

família afastou-se das fainas agrícolas e mudou-se para a vizinha cidade de Stockton. O ValenteBrothers Ranch foi vendido, rodeado pelas vin-has e pomares do fértil Vale de S. Joaquim.Cidadãos americanos, Glen Valente e os seusirmãos John e Linnete, os primos Jack, Tom eMike, retêm apenas meia dúzia de palavras por-tuguesas que ouviam aos mais idosos. Nãoesqueceram também o gosto destes por umestranho peixe chamado bacalhau, que eles,mais novos, nunca consumiram.

A geração mais velha dos Valente não voltoua pisar solo português. O contacto com a famí-lia alentejana só foi reatado no Verão de 2009,quando Brian Valente, bisneto de AntónioValente Carrasco, visitou Portugal. Dois anosdepois, foi vez de Glen e a sua mulher Rosieconhecerem o país dos seus antepassados, umséculo depois da grande viagem. n

Alberto Franco

34 TempoLivre | DEZ 2011

30a34:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:08 Page 34

Page 35: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 36: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 37: Tempo Livre Dezembro 2011

HOTELARIAINATELINAINATEAATTELINAHOINA

TELARIAHOTEAAT

TELARIATEL

Tabela de Preços 2012 para Associados | www.inatel.pt

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:14 Page 1

Page 38: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril; Maio; OutubroÉpoca Alta Junho; Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongadosÉpoca Especial Julho; AgostoALL INCLUSIVE Junho a Setembro, inclui todos os serviços.

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL ALBUFEIRAAv. Infante D. Henrique, 8200-862 ALBUFEIRA | t. 289 599 300 /1 f. 289 599 340 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€50 €65 €88 €92 €205

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

SOLÁRIO

Baix

a

€44 €56 €84 €88 €201

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

SUPERIOR

Baix

a

€40 €51 €74 €80 €193

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

STANDARD

Baix

a

€34 €46 €64 €67 €180

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

TURÍSTICO

Baix

a

€31 €42 €58 €61 €174

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril; Maio; Junho; 16 a 30 Setembro; OutubroÉpoca Alta Julho a 15 Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL CAPARICAAv. Afonso de Albuquerque, S. João da Caparica, 2825-450 COSTA DA CAPARICA | t. 212 918 420 f. 212 902 343 | [email protected]

SUPERIOR

Baix

a

€39 €50 €73 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril; Maio; Junho; OutubroÉpoca Alta Julho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL OEIRASAlto da Barra – Est. Marginal, 2780-267 OEIRAS | t. 210 029 800 f. 214 427 331 | [email protected]

SUPERIOR

Baix

a

€44 €54 €78 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARDBa

ixa

€39 €50 €73 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

TURÍSTICO

Baix

a

€30 €41 €58 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril; Maio; 1 a 15 Junho; 16 a 30 Setembro; OutubroÉpoca Alta 16 a 30 de Junho; 1 a 15 de Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongadosÉpoca Especial Julho; AgostoALL INCLUSIVE Junho a Setembro, inclui todos os serviços.

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16 Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL FOZ DO ARELHORua Francisco de Almeida Grandela, 17, 2500-487 Foz do Arelho | t. 262 975 100 f. 262 979 392 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€50 €65 €85 €90 €183

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

SUPERIOR

Baix

a

€40 €51 €74 €76 €169

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

STANDARD

Baix

a

€33 €44 €64 €67 €160

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

TURÍSTICO

Baix

a

€30 €42 €58 €60 €153

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:14 Page 2

Page 39: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril; Maio; OutubroÉpoca Alta Junho; Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongadosÉpoca Especial Julho; AgostoALL INCLUSIVE Junho a Setembro, inclui todos os serviços.

Suplementos de Refeição Meia Pensão €12 Pensão Completa €21Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €8 | Almoço/Jantar Adulto €14 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL PORTO SANTO HOTEL ***Estrada Regional, 120 - Cabeço, 9400-242 PORTO SANTO | t. 291 980 300 f. 291 980 340 | [email protected]

Época Baixa Janeiro a Março; Abril; Maio; Outubro; Novembro e DezembroÉpoca Alta Junho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos Meia Pensão €13 Pensão Completa €25Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €8 | Almoço/Jantar Adulto €15 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €14 | Alta: €18

INATEL FLORES HOTEL ****Zona do Boqueirão, 9970-390 SANTA CRUZ DAS FLORES | t. 292 590 420 f. 292 590 421 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€80 - €90 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUPERIOR

Baix

a

€64 - €81 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARD

Baix

a

€58 - €76 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho, Setembro e OutubroÉpoca Alta Julho, Agosto; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €12 Pensão Completa €21Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €7 | Almoço/Jantar Adulto €14 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL VILA RUIVA HOTEL ****Fornos de Algodres, 6370-401 VILA RUIVA | t. 271 776 015 /16 f. 271 776 034 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€97 €97 €97 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUPERIOR

Baix

a

€48 €59 €77 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARDBa

ixa

€38 €44 €64 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho, Setembro e OutubroÉpoca Alta Julho, Agosto; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16 Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

Unidade Hoteleira unicamente em APA (Alojamento e Pequeno Almoço)Refeições Avulsas: Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL LINHARES DA BEIRALargo da Misericórdia, 6360-080 LINHARES DA BEIRA | t. 271 776 081 f. 271 776 082 | [email protected]

SUITE JÚNIOR

Baix

a

€89 €89 €89 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUITE

Baix

a

€106 €106 €106 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUPERIOR

Baix

a

€48 €59 €77 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUITE

Baix

a

€46 €55 €79 €86 €197

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

SUITE JÚNIOR

Baix

a

€42 €51 €71 €79 €190

Méd

ia

Alta

Espe

cial

All i

nclu

sive

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:14 Page 3

Page 40: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Época Baixa Maio e OutubroÉpoca Média Fevereiro a Abril; Junho; Setembro e NovembroÉpoca Alta Janeiro; Julho; Agosto e Dezembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €12 Pensão Completa €21Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €7 | Almoço/Jantar Adulto €14 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL PIÓDÃO HOTEL **** 6285-018 PIÓDÃO | t. 235 730 100 /101 f. 235 730 104 | [email protected]

SUPERIOR

Baix

a

€48 €59 €77 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho, Setembro e OutubroÉpoca Alta Julho e Agosto; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL SANTA MARIA FEIRA4520-306 SANTA MARIA DA FEIRA | t. 256 372 048 /49 f. 256 372 583 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€40 €50 €65 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUITE JÚNIOR

Baix

a

€36 €45 €63 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARD

Baix

a

€32 €42 €57 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho, Setembro e OutubroÉpoca Alta Julho e Agosto; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL CASTELO DE VIDER. Sequeira Sameiro, 6, 7320-138 CASTELO DE VIDE | t. 245 900 200 f. 245 900 240 | [email protected]

STANDARDBa

ixa

€41 €53 €75 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

TURÍSTICO

Baix

a

€35 €46 €66 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho; OutubroÉpoca Alta Julho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16 Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €12 Pensão Completa €21Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €7 | Almoço/Jantar Adulto €14 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL CERVEIRA HOTEL ****Lovelhe, 4920-236 VILA NOVA CERVEIRA | t. 251 708 360 /61 f. 251 795 050 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€100 €110 €120 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUPERIOR

Baix

a

€70 €85 €100 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:14 Page 4

Page 41: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho; OutubroÉpoca Alta Julho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL LUSORua Dr. Costa Simões, 3050-226 LUSO | t. 231 930 358 /68 /78 f. 231 930 038 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€36 €48 €68 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARD

Baix

a

€33 €44 €64 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho; OutubroÉpoca Alta Julho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL ENTRE-OS-RIOSTorre, 4575-416 PORTELA PNF | t. 255 616 059 f. 255 615 170 | [email protected]

STANDARDBa

ixa

€32 €43 €61 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Outubro e NovembroÉpoca Média Março a SetembroÉpoca Alta Janeiro, Fevereiro, Dezembro; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16 Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL MANTEIGASAprt. 17, 6260-012 MANTEIGAS | t. 275 980 300 f. 275 980 340 | [email protected]

STANDARD

Baix

a

€39 €50 €73 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

TURÍSTICO

Baix

a

€33 €44 €64 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho; OutubroÉpoca Alta Julho a Setembro; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

Suplementos de Refeição Meia Pensão €9,50 Pensão Completa €18Refeições Avulsas: Almoço/Jantar Criança €6 | Almoço/Jantar Adulto €13 | Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

INATEL PALACE SÃO PEDRO DO SUL HOTEL ****Termas S. Pedro do Sul, 3660-692 VÁRZEA SPS | t. 232 720 200 (geral) / 232 720 201 (reservas) f. 232 720 240 | [email protected]

SUITE

Baix

a

€45 €58 €82 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

SUPERIOR

Baix

a

€40 €51 €74 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARD

Baix

a

€33 €45 €64 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 5

Page 42: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Época Baixa Janeiro a Março; Novembro; DezembroÉpoca Média Abril a Junho; Setembro; OutubroÉpoca Alta Julho e Agosto; Fim Ano; Carnaval; Páscoa; Fins-de-semana e Fins-de-semana prolongados

INATEL ALAMALQuinta do Alamal, Aprt. 21, 6040-999 GAVIÃO | t. 245 900 243 f. 245 900 240 | [email protected]

Apart. T3

Baix

a

€96 €120 €136 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

STANDARD

Baix

a

€33 €45 €64 -

Méd

ia

Alta

Espe

cial

CONDIÇÕES GERAIS DE UTILIZAÇÃO 2012Unidades Hoteleiras e Turismo em Espaço Rural

1.PEDIDO DE RESERVA1.1. Os pedidos de reserva de alojamento poderãoser efectuados directamente para a unidade que sepretende utilizar através de telefone, fax, e-mail, viapostal, no sítio da Fundação INATEL na Internet(www.inatel.pt), pessoalmente ou através da redede Agências INATEL, sediadas um pouco por todoo país. Excepto para período compreendido entre 1de Julho e 31 de Agosto de 2011, na unidadeINATEL Albufeira (época especial).

1.2. Para o período de época especial, na unidadehoteleira de Albufeira, as reservas deverão ser efec-tuadas por fax, e-mail e via postal, utilizando o im-presso próprio publicado na revista Tempo Livre edisponível em todas as unidades INATEL, AgênciasINATEL e no sítio da Fundação INATEL na Internet,entre 25 de Fevereiro e 5 de Março.

1.3. As reservas para o INATEL Albufeira serão selec-cionadas tendo em conta, preferencialmente, os se-guintes critérios:

- Ser beneficiário da Fundação INATEL;- Ser trabalhador no activo;- Maior número de pessoas, maiores de 4 anos, autilizar o mesmo alojamento;- Não ter utilizado a unidade INATEL de Albufeira naépoca especial do ano anterior.

Nota: Só serão considerados os pedidos de reservacom datas de envio, compreendidos entre os dias 25de Fevereiro e 5 de Março.

1.4. Em qualquer pedido de reserva deverão cons-tar os seguintes dados:

-Nome e número de beneficiário;-Morada para envio de correspondência;-Número de telefone, fax e endereço electrónico(preferencialmente);-Número de pessoas a alojar e idades dos utiliza-dores;- Tipo de alojamento pretendido:-Tipo de Pensão (Alojamento e Pequeno-al-moço, Meia Pensão, com almoço ou jantar, ouPensão Completa);-Datas da reserva pretendida e eventuaisperíodos alternativos.

2. CONFIRMAÇÃO DA RESERVA / / PAGAMENTOS / GARANTIAS2.1. Após o conhecimento, por parte do beneficiárioassociado ou do beneficiário não associado, da acei-tação do seu pedido, a reserva terá que ser confir-mada de imediato de acordo com as capacidades daUnidade Hoteleira, tendo como prazo máximo de res-posta os 5 dias úteis seguintes à aceitação do pedido.

2.2. A reserva só se considera confirmada:-Depois de recepcionado, na unidade onde foiefectuada o sinal correspondente a no mínimo 1dia de estada em APA, podendo ser efectuado opagamento integral da mesma antecipadamente;-Para reservas efectuadas via Internet, a garantiade pagamento é de 1 dia de estada em APA.

2.3. O não cumprimento dos pontos 2.1 e 2.2. é en-tendido como desistência do pedido de reserva.

2.4. PagamentosOs pagamentos podem ser efectuados em dinheiro,cartão de débito, cartão de crédito, transferência ban-cária, cheque, ou voucher (mediante a apresentaçãodo mesmo ao balcão da unidade hoteleira). Quandoo pagamento for efectuado por transferência bancá-ria, o comprovante emitido pelo banco deverá ser en-viado para a U.H. Quando tal não for possível deveráser apresentado no acto do Check-In. O não cumprimento desta prova, torna o pagamentocorrespondente sem efeito.

3.UTILIZAÇÃO DO ALOJAMENTO E REGIME DE PENSÃO3.1. A utilização do alojamento compreende-sedesde as 16 horas do primeiro dia até às 12 horasdo último dia reservado.

3.2. A não entrega da chave do quarto por parte dobeneficiário associado ou não associado até às 12horas do dia de saída, implicará o pagamento de umdia adicional de estada.

3.3. Quando da operação de “Check-In” (entrada naunidade INATEL) o titular da reserva confirmará oregime de pensão a praticar durante a totalidade daestada, que será a mesma para todos os elementosconstantes na reserva.

3.4. A comparência após a data prevista da reserva

ou a saída antecipada, por parte do titular e/ou doselementos do agregado, não isenta do pagamentodo valor correspondente à totalidade da reserva apli-cando-se, para o efeito, a tabela reservada de aloja-mento e pequeno-almoço. A não comparência naunidade INATEL até às 20h00 do dia reservado dechegada, desde que não seja comunicado/infor-mado, leva à anulação da reserva.

4. DESCONTOS E BONIFICAÇÕESCRIANÇAS 4.1. As crianças até aos 4 anos de idade, inclusive,são atendidas gratuitamente em qualquer altura do ano.

4.2. As crianças dos 5 aos 12 anos, inclusive, com-partilhando um quarto com, pelo menos dois adultos,beneficiam dos seguintes descontos:Alimentação

a) Durante todo o ano – 50% do valor dos suple-mentos de pensão (almoço e/ou jantar);

Alojamentoa) Durante todo o ano – 50 % dos valores respei-tantes ao alojamento, desde que alojados noquarto com os pais (adultos);

4.3. As crianças com ou mais de 13 anos são con-sideradas adultos.

4.4. No caso de serviços especiais / Grupos / Or-ganização de eventos / Seminários / Reuniões e ou-tros, os descontos e bonificações para crianças, sãoos que constam do Manual de Menus da FundaçãoINATEL, que será fornecido a quem pretenda organizareste tipo de eventos.

ADULTOS4.5. Se o alojamento for ocupado por 3 ou mais pes-soas, o 3.º hóspede e seguintes, com ou mais de 13anos, pagarão o preço da cama suplementar.Nota: Os descontos referidos não são acumuláveisentre si nem com qualquer outra promoção da Funda-ção INATEL.

5. DOCUMENTAÇÃO5.1. Clientes NacionaisAquando da entrada na unidade, o titular da reservadeverá ser portador do Bilhete de Identidade / Cartãode Cidadão (Beneficiário Não Associado), Cartão deBeneficiário actualizado (Beneficiário Associado).

5.2. Clientes de outras nacionalidadesAquando da entrada na unidade, o titular da reservadeverá ser portador do Bilhete de Identidade / Cartãode Cidadão / Passaporte (Beneficiário Não Associado),Cartão de Beneficiário actualizado (Beneficiário Asso-ciado) e Bilhetes de Identidade ou documento identifi-cativo dos seus acompanhantes, para efeitos de SEF– Serviço Estrangeiros e Fronteiras.

5.3. Todas as reservas só poderão ser aceites nasunidades hoteleiras da Fundação INATEL, quando osseus titulares forem portadores dos respectivosdocumentos de identificação.

6. DESISTÊNCIA DEPOIS DA CONFIRMAÇÃO DA RESERVA6.1. Haverá lugar ao reembolso parcial do valor da con-firmação (sinal), quando a desistência for comunicadaà unidade nos termos seguintes:Até 30 dias antes do início da reserva: 90%;Entre 15 e 30 dias antes do inicio da reserva: 50%;Nos 15 dias anteriores ao dia de início da reservaperde o direito ao reembolso.

6.2. Nas épocas Alta e Especial, os cancelamen-tos efectuados depois do período de 30 diasantes do início da reserva não são reembolsáveis.

7. LISTA DE ESPERA7.1. Os pedidos de reserva efectuados de acordocom as presentes Condições Gerais de Utilização enão atendidos, devido à inexistência de vagas, serãoconsiderados em lista de espera.

8. PREÇOS E IVA8.1. Os preços indicados são em euros com IVA in-cluído à taxa legal em vigor.

9. OBSERVAÇÃO DAS NORMAS EM VIGOR9.1. A confirmação da reserva em qualquer unidadeda Fundação INATEL implica para o beneficiário as-sociado ou não associado e seus acompanhantes,a aceitação das Condições Gerais de Utilização e ocumprimento das normas regulamentares aplicáveis.

10. OMISSÕES10.1. Na eventualidade de surgirem situações nãoprevistas nestas Condições Gerais de Utilizaçãoserão as mesmas resolvidas pela Direcção da res-pectiva unidade.

Unidade Hoteleira unicamente em APA (Alojamento e Pequeno Almoço)Refeições Avulsas: Pq Almoço Criança €2 | Pq Almoço Adulto €4

CAMA EXTRA / Noite - Baixa: €12 | Média: €14 | Alta/Especial: €16Quarto com ocupação Single (SGL) menos €5 nos preços tabelados

Festa da Flor Festa da Flor: entre sexta-feira anterior e o Domingo do cortejo (reservas de uma semana aplicar-se-ão os preços de todo o ano).Fim de Ano Fim de Ano: de 29/12/2011 a 03/01/2012 (obrigatório: mínimo de 3 noites)

PESTANA VILLAGE APARTHOTEL ****Estrada monumental 194, 9000-098 Funchal | t. 291701600 f. 291765727 | [email protected]

SUITE

Todo

o a

no

Fest

a da

Flo

r

Fim

de

Ano

€82,40 €123,60 €164,80

SUITE JÚNIORTo

do o

ano

Fest

a da

Flo

r

Fim

de

Ano

€72,10 €108,15 €144,20

INDIVIDUAL

Todo

o a

no

Fest

a da

Flo

r

Fim

de

Ano

€44,29 €66,44 €88,58

DUPLO

Todo

o a

no

Fest

a da

Flo

r

Fim

de

Ano

€51,50 €77,25 €103,00

Suplementos Meia Pensão €15,45 Pensão Completa €20,60 Cama Extra €15,45

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 6

Page 43: Tempo Livre Dezembro 2011

MANTEIGAS Consulta Médica (Com direito a 3 Consultas) €32,50 Inscrição Termal a) €32,50 TRATAMENTOS Aerossol €3,70 Banho de Imersão Simples €5,25 Banho de Imersão c/ bolha de ar €5,25 Banho de Vapor à Coluna €6,35 Vapor aos membros €5,25 Duche de Agulheta €5,25 Duche Escocês €5,25 Duche (tipo Vichy) €12,50 Hidromassagem Computorizada €7,50 Hidromassagem Niagara €8,50 Inalação €3,70 Irrigação Nasal €3,70 Nebulização Colectiva €3,70 Nebulização Individual €3,70 Pulverização €3,70 FISIOTERAPIA Calor Húmido €3,70 Massagem Geral €13,50 Massagem Parcial €8,00 TENS €4,20 Pressoterapia €7,75 Ultra Sons €5,00 Tratamentos na Piscina e Corredor de Marcha b) Hidromassagem em Piscina Termal €6,50 Hidroterapia de Piscina Termal €6,50 Corredor de Marcha €5,00

Preços máximos de venda

Período de funcionamento 01 Março a 30.Novembro 2012 Época Alta Julho a Setembro

INATEL TERMAS DE MANTEIGASAprt. 17, 6260-012 MANTEIGAS | t. 275 980 300 f. 275 980 340 | [email protected]

Período de funcionamento 02 Maio a 31 Outubro 2012 Época Alta Julho e Agosto

ENTRE-OS-RIOS €32,50 Consulta Médica (com direito a 3 consultas) €32,50 Inscrição Termal a) TRATAMENTOS €3,75 Aerossol €5,00 Banho de Imersão Simples €5,00 Banho de Vapor à Coluna €4,50 Bertholet aos membros €4,50 Duche de Agulheta €12,00 Duche (tipo Vichy) €3,50 Gargarejo €7,10 Hidromassagem Computorizada Simples €7,10 Hidromassagem Computorizada Bolhas Ar €3,75 Inalação €3,75 Irrigação Nasal €3,75 Pulverização FISIOTERAPIA €3,00 Calor Húmido €3,50 Infra-vermelhos €12,50 Massagem Geral €7,00 Massagem Parcial €4,20 Ultra Sons

Preços respeitantes a 2012 e têm IVA incluído à taxa legal em vigora) Valor válido para todo o ano

DESCONTOS20% na época baixa

INATEL TERMAS DE ENTRE-OS-RIOSTorre, 4575-416 PORTELA PNF | t. 255 616 059 f. 255 615 170 | [email protected]

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 7

Page 44: Tempo Livre Dezembro 2011

U.A. C/ 2 cartões pessoais + viatura €95,00U.A. C/ 3 cartões pessoais + viatura €101,50U.A. C/ 4 cartões pessoais + viatura €108,65U.A. C/ 5 cartões pessoais + viatura €122,00U.A. C/ 6 cartões pessoais + viatura €135,60U.A. (pessoal e viatura) €27,00LUZ kw €0,19Água m3 €1,42Transmissão de alvéolo €176,00

Preços máximos de venda

NOTA: Termos, Condições e Tabelas de Preços de estadias com PERMANÊNCIA MÁXIMA DE 30 DIAS, deverão ser consultas em www.inatel.pt e/ou no PC S. Pedro de Moel.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE S. PEDRO DE MOELAv. do Farol, 2430-502 MARINHA GRANDE | t. 244 599 289 f. 244 599 550 | [email protected]

TABELA MENSAL DE TAXAS - EXCLUSIVA A ASSOCIADOS

Ligação inicial €573,40Ligação inicial+ cozinha €665,60

TABELA DE LIGAÇÕES DE ÁGUA,ELECTRI. E ESGOSTOS

Ligação residencial + cozinha €346,40Ligação de cozinha €272,10Ligação residencial €272,10

TABELA DE REINSTALAÇÃO

As taxas diárias de utilização têm redução de 20% no período de 01.10 a 31.05

Preços com IVA incluído à taxa de 6%

a)Para estadias em U.A.Fixas, no regime mensal e Inclui Associado - Titular, U.A. Car./Avançado/Coz.ou Tenda/Coz, com Energia. Taxa Anual c/ 4% de desc, não incluida.b) A pedido do titular da U.A e para associados com estadia minima por um Ano.c) Parqueamento de 2ª viatura em Parque interior para averbados com taxa mensal.d) Taxa diária aplicada por esquecimento do Cartão de Utente.k) Taxa a aplicar às U.A. referidas em a), g) e h) de Junho a Setembro.e) Material em depósito - Período de Outubro a Março.f ) U.A.-Equipadas/Titular/Viatura, anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho, não incluído.

g) U.A./Equipamento Campista/Viatura/Duas pessoas/T.Energia, anual com desconto de 3% em Janeiro eJunho, não incluído.h)ZONA VERDE Com Carav ou Tenda/Avançado/Cozinha/Viatura/Energia com duas pessoas de Junho aSetembro. Tendas s/energia com 5% desconto.i)Os portadores de deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto na Taxa Mensalde Averbado ou taxa diária. j) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 pessoas, terão direito aodesconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE CABEDELOAv. dos Trabalhadores, Cabedelo - 4900-056 DARQUE | t. 258 322 042 f. 258 331 502 | [email protected]

Maior 12 anos Maior 12 anos Tenda até 3m2 Tenda Caravana Viatura Ligeira Motos Autocarro Acampado Visita Cozinha Atrelado Autocaravana Reboque Motorizada Acompanhante Reboque Tenda Barco

€2,20 €2,10 €3,00 €5,65 €6,70 €1,30 €1,20 €30,25

€4,05 €3,55 €4,20 €6,25 €7,80 €2,20 €2,30 €35,30

€4,20 €4,05 €4,70 €6,80 €8,85 €3,00 €3,15 €40,35

Substituição Cartão Averbado Maior U.A./Caravana a) U.A./Tenda a) Extravio 2.ªvia U.A. Equipada f) Viatura c) Zona verde Zona verde Utente/Dia d) 12 anos (incl.) /mês Cartão Utente Caravana h) Tenda h)

€2,20 d) €6,30 b) €98,00/mês a) €82,50/mês a) €30,25/mês €125,00/mês €17,50 €215,00 €190,00/mês

DESIGNAÇÃO

Associados

Não associados c/ carta campista

Não associados s/ carta campista

Época Associados/Dia C/ LCN FCMP/Dia Noites 8 Noites 15

De 01/07 a 10/09 Até 4 Pax – €55,00 Até 4 Pax – €60,00 Desconto de 3% Desconto de 6% De 11/09 a 29/12 e 02/01 a 30/06 Até 4 Pax – €38,00 Até 4 Pax – €41,00 Desconto de 3% Desconto de 6% De 30/12 a 1/01 e FDS Páscoa/Carnaval Até 4 Pax – €55,00 Até 4 Pax – €60,00 Desconto de 3% Desconto de 6% Supl. Extra Pax €5,00 cada €5,50 cada ------------------- ------------------

BUNGALOWSP.C. CAPARICA

E P.C. CABEDELO

As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 30% no período de 01.10 a 31.05

Preços com IVA incluído à taxa de 6%

Preço inclui parqueamento duma viatura, toalha e roupa de cama.

TABELA DE TAXAS – EXCLUSIVA PARA ASSOCIADOS

TAXAS €75,00 b) €1195,00 a) €960,00€ a) M.D. e) €1500,00 f) VIATURA c) ANUAIS g) €1270,00 g) €1085,00€ g) €22,50 €1575,00 f) €175,00

TAXAS DE Levantamento de material €51,50 Vistoria eléctrica €8,25 SERVIÇO Depósito de material/mês €36,00 Util. tractor/hora €15,50

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 8

Page 45: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

a)Para estadias em U.A.Fixas, no regime mensal e Inclui Associado - Titular, U.A. Car./Avançado/Coz.ou Tenda/Coz, com Energia. Taxa Anual c/ 4% de desc, não incluida.b) A pedido do titular da U.A e para associados com estadia minima por um Ano.c) Parqueamento de 2ª viatura em Parque interior para averbados com taxa mensal.d) Taxa diária aplicada por esquecimento do Cartão de Utente.k) Taxa a aplicar às U.A. referidas em a), g) e h) de Junho a Setembro.e) Material em depósito - Preço mês.f ) U.A. -Equipadas/Titular, anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho, não incluídos.

g) U.A./Equipamento Campista/Duas pessoas/Anual com desconto de 4% em Janeiro e Junho.h)ZONA VERDE Com Carav. ou Tenda/Avançado/Cozinha com duas pessoas de Junho a Setembro. i)Os portadores de Deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto na Taxa Mensalde Averbado ou taxa diária de Acompanhante.j) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 pessoas, terão direito aodesconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DA CAPARICAAv. Afonso de Albuquerque, S. João de Caparica, 2825-450 COSTA DE CAPARICA |t. 211 155 495 /6 /7 /8 f. 212 911 553 | [email protected]

Maior 12 anos Maior 12 anos Tenda até 3m2 Tenda Caravana Viatura Ligeira Motos Autocarro Acampado Visita Cozinha Atrelado Autocaravana Reboque Motorizada Acompanhante Reboque Tenda Barco

€2,20 €2,10 €3,00 €5,65 €6,70 €2,30 €1,20 €30,25

€4,05 €3,55 €4,00 €6,25 €7,80 €3,25 €2,30 €35,30

€4,20 €4,05 €4,70 €6,80 €8,85 €4,20 €3,15 €40,35

TAXAS ANUAIS €75,00 b) €1915,00 a) €1700,00 a) M.D. e) €1980,00 f) VIATURA c) E MENSAIS g) €1990,00 g) €1775,00 g) €75,65/Mês €2.053,00 f) €275,00

TAXAS DE Levantamento de material €51,50 Vistoria eléctrica €8,25 SERVIÇO Depósito de material/mês €36,00 Util. tractor/hora €15,50

Substituição Cartão Averbado Maior U.A./Caravana a) U.A./Tenda a) Extravio 2.ªvia U.A. Equipada f) Viatura c) Zona verde Zona verde Utente/Dia d) 12 anos (incl.) /mês Cartão Utente Caravana h) Tenda h)

€2,20 d) €6,30 b) €158,00/mês a) €140,00/mês a) €30,25 €165,00/mês €30,00 €225,00/mês €195,00/mês

DESIGNAÇÃO

Associados

Não associados c/ carta campista

Não associados s/ carta campista

As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 15% no período de 01.10 a 31.05

Preços com IVA incluído à taxa de 6%

TABELA DE TAXAS – EXCLUSIVA PARA ASSOCIADOS

a) Material em depósitob) A taxa diária de qualquer instalação inclui uma pessoa.c)Os portadores de deficiência devidamente comprovada, têm direito a 50% de desconto, não acumulá-vel na taxa diária.d) Os Grupos Escolares ou outros devidamente credenciados, com mínimo de 15 Pessoas, terão direito aodesconto até 40% nas taxas diárias de utilização.

INATEL PARQUE DE CAMPISMO DE BRAGANÇAEstrada de Rabal - 5300-671 MEIXEDO | t. 273 001 090 f. 273 001 097 | [email protected]

Maior 12 anos Maior 12 anos Tenda até 3m2 Tenda Caravana Viatura Ligeira Motos Autocarro Acampado Visita Cozinha Atrelado Autocaravana Reboque Motorizada Acompanhante Reboque Tenda Barco

€2,20 €2,10 €3,00 €5,65 €6,70 €1,30 €1,20 €30,25

€4,05 €3,55 €4,20 €6,25 €7,80 €2,20 €2,30 €35,30

€4,20 €4,05 €4,70 €6,80 €8,85 €3,00 €3,15 €40,35

TAXAS DE Levantamento de material €51,50 Vistoria eléctrica €8,25 SERVIÇO Depósito de material/mês €36,00 Util. tractor/hora €15,50

DESIGNAÇÃO

Associados

Não associados c/ carta campista

Não associados s/ carta campista

As taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 30% no período de 01.10 a 31.05

Preços com IVA incluído à taxa de 6%

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 9

Page 46: Tempo Livre Dezembro 2011

Preços máximos de venda

Unidades Hoteleiras

PRAIA

MONTANHA

NATUREZA

BEM-ESTAR

RURAL

CAMPISMO

AÇORES

PortoSanto

Cabedelo

Bragança

Entre-os-Rios

Sta. Maria da Feira

Cerveira

S. Pedro do Sul

Fornos de AlgodresLinhares da Beira

Manteigas

PiódãoLuso

S. Pedro de Moel

Gavião

Castelo de VideFoz do Arelho

OeirasCaparica

Albufeira

FloresGraciosa

Funchal

MADEIRA

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 10

Page 47: Tempo Livre Dezembro 2011

Sabia que já podefazer a sua reservapara as Unidades

Hoteleiras nas Agências INATEL?

Mas as novidades não terminam aqui…agora também pode

fazer reservas em qualquer um dos

balcões da nossavasta rede hoteleira!

É simples, prático e sem custos adicionais! Aproveite e marque já!

INATEL Linhares da Beira

INATEL Albufeira

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 11

Page 48: Tempo Livre Dezembro 2011

www.inatel.pt

FUNDAÇÃO INATELCalçada de Sant’Ana, 180

1169-062 LISBOA

t. 210 027 000 DM

RI .

111

1

Project1_Layout 1 22-11-2011 19:15 Page 12

Page 49: Tempo Livre Dezembro 2011

Arua chama-se Taciturne. É uma ruabanal, sem nada que a distingaespecialmente de outras artérias deBruxelas. Na sobreloja do nº 43 hámuitos livros espalhados sobre

mesas transfiguradas em escaparates e apruma-dos em estantes. As duas salas contíguas queconstituem o espaço da Livraria Orfeu são ba -nhadas por uma luz clara e quente que contrasta

com o cinzento mortiço e frio da rua. Um bustode Camões, alguma pintura, uma serigrafia deJosé Rodrigues, escultura, porcelanas e músicaclássica perfazem o cenário. Uns sofás junto àsjanelas reforçam o ambiente acolhedor e são umconvite à cavaqueira.

A livraria está dois passos da Rue de la Loi ede algumas das instituições europeias mais co -nhecidas, como a Comissão, o Conselho ou oParlamento - à distância de uma breve caminha-da de dez ou quinze minutos. Numa vida ante-rior ficava num quarteirão mais distante, mas hádez anos mudou-se com armas, bagagens e livrospara a Rue du Taciturne, onde iniciou um novociclo de vida e onde comemorou, em Setembropassado, um quarto de século de existência.

A Orfeu tem praticamente os mesmos anosque tem a integração portuguesa na UniãoEuropeia. Nasceu em 1986, na sequência da che-gada a Bruxelas da primeira vaga de portuguesesque foram trabalhar para a Comissão Europeia. Ainiciativa da sua fundação deve-se, aliás, a doisdesses portugueses, Fernando Gandra e MariaManuela Gandra. Em 1999 passou para as mãosde Joaquim Pinto da Silva, também funcionárioda Comissão, que decidiu a mudança para asactuais instalações. Com o novo ciclo reforçaram-se as actividades habituais e foram acrescentadasoutras, como a editorial, que já soma cerca de trêsdezenas de títulos publicados.

Vocação cosmopolitaA Livraria Orfeu é, naturalmente, um ponto devenda de livros em edição portuguesa, desde li -vros escolares às mais recentes novidades edito-riais de uma boa parte das principais casas depublicação lusitanas. Mas é possível encontrar

DEZ 2011 | TempoLivre 37

Comunidades

Livraria Orfeu, em BruxelasUm pólo cultural lusitanoA única livraria portuguesa na região do Benelux tem sede em Bruxelas e completou umquarto de século. Espaço de tertúlia, de exposições e de animação cultural, a Livraria Orfeuconta igualmente com um sector de edição que já tem em carteira cerca de trinta títulos.

37a39:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:12 Page 49

Page 50: Tempo Livre Dezembro 2011

Comunidades

também, numa secção especial, edições em gale-go. "Porque são línguas muito próximas, commuito em comum, que partilham a mesma ori-gem", justifica Joaquim Pinto da Silva, o pro-prietário actual da Orfeu.

A livraria é mais do que um espaço de venda,por onde passam não apenas portugueses expa-triados, mas também belgas - ali podemos encon-trar, aliás, traduções para flamengo e francês deobras portuguesas. A livraria tem sido, na práti-ca, um importante pólo difusor da cultura portu-guesa, acolhendo debates, conferências e tertú-lias e apresentações públicas de livros. No âmbi-to deste tipo de eventos já passaram pelas salasda Livraria Orfeu o Nobel José Saramago (emduas ocasiões), o antigo Presidente da RepúblicaMário Soares, o realizador de cinema Manoel deOliveira, os escritores Urbano Tavares Rodrigues,Pedro Támen, Vasco Graça Moura, Mário Cláudioe António Rebordão Navarro, entre muitosoutros. "E poetas novos, também, muita gente,uns mais conhecidos e outros menos". Há, emmédia, uma actividade, ou mais, por semana.Algumas das iniciativas são levadas a cabo emcooperação com outras entidades, como asso-ciações culturais ou organismos oficiais. Têm

lugar, por vezes, noutros espaços de Bruxelas e,até, noutras urbes, como no Luxemburgo ou emAntuérpia, ou em cidades portuguesas.

Entre as entidades que se têm envolvido coma Livraria Orfeu em iniciativas conjuntas encon-tramos, além da representação diplomática por-tuguesa e do Governo da Flandres, associaçõesflamengas, galegas e de outras nacionalidades,assim como instituições autárquicas belgas e por-tuguesas (Silves, Barcelos, Matosinhos, Sabugal).A Orfeu também já incluiu nas suas actividadeso lançamento de edições das revistas "Latitudes -Cahiers Lusophanes" e "Septentrion", uma publi-cação francófona dedicada ao universo culturalflamengo. Outros exemplos deste tipo de coope-ração são "os acordos, importantes, estabelecidoscom as bibliotecas públicas de Bruxelas, querneerlandófonas, quer francófonas, a quem ofere-cemos livros… e que nos compram, também".

No campo das artes plásticas, não obstante oespaço não deter condições ideais para grandesexposições, a Orfeu já mostrou obras de artistasde vulto, como José de Guimarães e ManuelCasimiro. "Normalmente são artistas menos con-hecidos, mas temos tido aqui alguns bem conhe-cidos e temos organizado também conversas com

38 TempoLivre | DEZ 2011

JoaquimPinto da Silva

37a39:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:12 Page 50

Page 51: Tempo Livre Dezembro 2011

eles". Artistas belgas - e de outras nacionalidades- têm também passado pela livraria, como acon-teceu com os consagrados Paul de Gobert e RogerSomville, em iniciativas que sublinham umavocação cosmopolita da Orfeu. "Temos uma gran-de abertura, não somos uma casa fechada", rema-ta Pinto da Silva.

A actividade editorialA agenda destes dois últimos meses do ano éexemplar quanto à componente editorial daOrfeu. Em Novembro, foi publicado ovolume "Portugal e Antuérpia 1498-1648", de Anne Quataert e FrédéricWille, sobre os vestígios da presençaportuguesa em Antuérpia, uma ediçãotrilingue - em português, flamengo efrancês. Para este mês está previsto olançamento de "A Pátria e os OutrosPortugueses", da autoria de JoséCoelho, ex-conselheiro da Embaixadade Portugal em Bruxelas.

No catálogo de edições é possível identificarpreocupações com questões semelhantes (atravésda colecção Portugal-Bélgica), assim como com aabordagem de temas relacionados com a história

de Portugal. Mas o catálogo é bastante heterogé-neo em termos de temáticas e géneros, do ensaioà poesia. Entre os autores aí representados, e tra-duzidos para a língua francesa, estão nomescomo Eugénio de Andrade, Rui Knopfli, JoséRodrigues Miguéis, Leonardo Coimbra, JoséTolentino Mendonça e Hélder Moura Pereira.Guerra Junqueiro, Almeida Garrett, GuimarãesRosa, Fernando Pessoa e Mia Couto são outrosdos autores presentes no catálogo da Orfeu.

"E temos outra edição já feita, pronta para serlançada, na continuação do livrosobre as relações entre Portugal eAntuérpia. Parte da leitura de umastapeçarias e é praticamente a históriada presença portuguesa em quase todaa Flandres", revela Pinto da Silva.Uma colecção em estreia é a de"Estudos de Sociedade", com o livrode José Coelho. Mas há outras pers-pectivas de desenvolvimento do sec-

tor editorial da Orfeu: "Criámos uma nova linhade romance e crónicas e o primeiro é uma histó-ria que se passa na Idade Média árabe, na alturada presença árabe no Algarve, no século XI". n

Humberto Lopes (texto e fotos)

DEZ 2011 | TempoLivre 39

37a39:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:12 Page 51

Page 52: Tempo Livre Dezembro 2011

Memória

Fez rádio, cinema, televisão, trabalhouem publicidade, dirigiu jornais esempre disse que gostava de saberenvelhecer. E soube. Lisboeta deCampo de Ourique, amou a sua cida-

de mesmo nos tempos terríveis que lhe saltaramao caminho depois do 25 de Abril. Mas sobreisso e mesmo depois disso, Artur Agostinhonunca virou as costas a Lisboa e foi aqui queviveu e morreu depois de 90 anos em cheio. Um"homem da maratona"? Claro que sim.

O engano do TécnicoQuando acabou os sete anos do liceu, no

Camões, Artur matriculou-se no InstitutoSuperior Técnico. A meta era Engenharia deElectricidade e Máquinas mas o fito do alunoera outro: as instalações novinhas em folhaonde era possível fazer patinagem, basquetebol,râguebi, natação, etc. Artur Agostinho aindausou tudo o que lhe era permitido mas ao fimde dois anos, trocou o Técnico por uma Rádio,que acabara de se instalar em Campolide a doispassos de casa.

Por esse tempo, Fernando Pessa era o seu ídoloe, com 17 anos apenas, ei-lo como locutor daRádio Luso e mais tarde do Clube Radiofónico dePortugal. A rádio foi para Artur Agostinho umapaixão, a "sua menina" como ele disse um dia .Depois de um tempo no Rádio Clube Português,profissionalizou-se na Emissora Nacional ondetrabalhou ao lado de Natália Correia, Mary eFrancisco Mata. Programas como "Gostos não sediscutem", "O que quer ouvir?" ou "Serões paraTrabalhadores" são fenómenos de popularidadenuma época em que a Televisão ainda estavalonge. Mas o maior êxito de Artur Agostinhonessa época foi com certeza o "Programa da

Manhã" onde lançou o "BD MBD, as vitaminas daalegria" ou seja "Bom Dia, Muito Bom Dia, as vita-minas da alegria".

Um dia apareceu o futebolTinha que ser. O futebol veio ao seu encontronum dia em que faltou o locutor que faria o rela-to de um Benfica-Porto. Futebol e ArturAgostinho nunca mais se separaram. JogosOlímpicos, Taças e mais Taças, mas tambémVoltas a Portugal em bicicleta, e publicidade eapresentação de programas de variedades e,quando a RTP iniciou as suas emissões, lá estavatambém o nosso homem. Concursos eram comele. "Quem sabe, sabe", "Sim ou Não", "Toma lá dácá" e outros passatempos marcaram para semprea figura de Artur Agostinho. Ele era o amigo quenos entrava em casa e nos punha à vontade. Erao mesmo homem das vitaminas da alegria, com apiada pronta e um comentário terno quando ascoisas davam para o torto. Sportinguista convic-to mas não ferrenho ("não sou homem de exage-

Artur AgostinhoUma vida de filmeNasceu no dia de Natal de 1920 e morreu num dia de Primavera, em 22 de Março de 2011.Tinha 90 anos e, pode dizer-se, como Luís Paixão Martins em entrevista para a revista"Mais", foi um verdadeiro "homem da maratona".

40 TempoLivre | DEZ 2011

O actor de cinemano filme “Encontrocom a vida”

40e41:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:13 Page 52

Page 53: Tempo Livre Dezembro 2011

ros") gritava da mesma forma os golos do seuclube como os dos outros clubes.

"Ai, a loiça…"Quando Rosa (Laura Alves), no filme de ArthurDuarte, "O Leão da Estrela" gritava "ai, aloiça…", estava o caldo entornado e o namora-do, Miguel (Artur Agostinho),metia os pés pelas mãos para acal-mar a empregada da família deAnastácio (António Silva). O parRosa-Miguel era um espectáculodentro do espectáculo. Até aqui,no cinema, Artur Agostinho deuprovas do bom profissional queele era. Além do "Leão da Estrela",fez ainda "Capas Negras" ao ladode Amália Rodrigues, "Sonhar éFácil", "Dois dias no Paraíso","Encontro com a Vida" e o "Tarzando 5º Esquerdo", com RaulSolnado. Muito elogiada foitambém a sua interpretação na

peça "O Morgado de Fafe em Lisboa", transmiti-da, em directo, na RTP.

Ainda na RTP, Artur Agostinho ficou ligado adois bons programas: "Curto-Circuito" e "Notempo em que você nasceu". No primeiro colabo-raram, entre outros, Alexandre O'Neill, Luis VilasBoas, Fernando Lopes, Joaquim Letria e PedroOsório. Por lá passaram Paco Ibañez, Gal Costa,José Viana, Carlos Pinhão, Maria João Pires,Baptista-Bastos, Vitorino Nemésio.

Mágoas de Abril A mágoa com que Artur Agostinho falou, já depoisda prisão e da ida para o Brasil, ficou bem impres-sa nos livros que foi escrevendo, "Português semPortugal" ou "Até na prisão fui roubado". Sem nadaque fizesse prever a prisão deste homem, semnunca lhe terem dado provas de que teria sido um"perigoso fascista", enfiado numa teia que, logoapós a revolução, atingiria culpados e inocentes,Artur, já depois do seu regresso a Portugal esteveainda algum tempo sem trabalho mas, sem ressen-timentos e corajoso, em breve voltaria "ao batente"como ele gostava de dizer. E aí o tivemos a fazertelenovela (era o que faltava no seu currículo) esempre a mexer porque, como ele dizia, todas asformas de comunicação lhe interessavam, em tudose sentia "como peixe na água".

Artur Agostinho era casado com Maria Teresae tinha duas filhas. Em Dezembro de 2010, foiagraciado com a Comenda da Ordem Militar deSantiago da Espada. Levava uma vida semsobressaltos e, como disse um dia ao semanário"Sete", nunca fizera mal a ninguém e sentia-se deconsciência tranquila. n

Maria João Duarte

DEZ 2011 | TempoLivre 41

Em cima, ArturAgostinho, oapresentador. Embaixo, o relatordesportivo comPrimo, jogador doVitória de Setúbal

O actor numa série de televisão,“O senhor que se segue” comCarmen Mendes

40e41:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:13 Page 53

Page 54: Tempo Livre Dezembro 2011

Olho Vivo

Adeus, malária?

Metade das crianças que receberam experimentalmente a nova vacinacontra a malária, a RTSS, em estudo há mais de 25 anos, manifestaram-seprotegidas contra a doença que mata centenas de milhares nos continentesafricano e asiático. Os testes prolongar-se-ão até 2014, envolvendo 15 milbebés e crianças. A maioria das vacinas não é lançada antes de se conseguiruma taxa de 90% de imunizações, mas, no caso da malária, os laboratóriosnão esperarão por essa meta, porque mesmo uma eficácia de 50% jápermitirá salvar milhares de vidas.

Radioterapiaúnica

Uma máquina quase únicano mundo vai permitireliminar cancros com umasó sessão de radioterapia.O engenho chega este mêsà FundaçãoChampalimaud e é,segundo o oncologistaCarlo Greco, que está àespera dela, "o maisavançado equipamento domundo". Disponível paratratamento no final doprimeiro trimestre de2012.

Rostosautistas

Cientistas da Universidadedo Missouri acreditam terdistinguido diferençassubtis nos rostos decrianças autistas, síndromeque não se sabe se temcausas genéticas ouambientais. As criançasautistas terão o terçosuperior do rosto maior,com olhos mais afastados;uma zona central menor,com malares e nariz maispequenos; e uma bocamais larga, com uma regiãoentre o nariz e o lábio maiscomprida. Os cientistasdizem que a identificaçãodestas mudanças no rostodos pacientes pode dar aosterapeutas sinal de que asíndrome está adesenvolver-se.

Passou de raspão

O asteróide YU55 passou pela Terra no início de Novembro. É umpedregulho com 400 metros de diâmetro e os astrónomos só deram por eleem 2005. No ponto mais próximo, esteve a apenas 325 mil quilómetros donosso planeta. Se se pensar que da terra à Lua vão 384 mil quilómetros, écaso para dizer que passou quase de raspão

42 TempoLivre | DEZ 2011

42a45_OV_CA:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:15 Page 54

Page 55: Tempo Livre Dezembro 2011

António Costa Santos ( textos) André Letria ( i lustrações)

Amor para sempre

Arqueólogos italianosdescobriram na região de Modenaos restos mortais de um casal daera romana, sepultado há 1500anos. Os esqueletos demonstramque o par esteve de mãos dadaseste tempo todo. O homem e amulher foram enterrados aomesmo tempo, no séc. VI, com asmãos unidas, virados um para ooutro e em posição de se olharemnos olhos. Não quiseram que amorte os separasse. É bonito.

A velhice do nariz eterno

Cientistas que estudavam a diminuição doolfacto nos idosos descobriram que não éa capacidade de cheirar que decresce,passada a barreira dos 60 anos, mas sim aconfusão que aumenta. O nariz dos maisidosos continua capaz de captar os odorescom a mesma intensidade, mas o cérebrobaralha-os. Isto torna os idosos maisvulneráveis a acidentes com produtosquímicos e comida estragada. O estudo éda Faculdade de Medicina daUniversidade do Colorado.

Macacadasem grupo

Estudos recentesdemonstram que oschimpanzés têm muitosdos requisitos necessáriosao trabalho em colaboraçãoque caracteriza o serhumano desde criança.Mas cientistas de Leipzigdescobriram agora quetambém há uma questãode gosto no trabalho emequipa. Em circunstânciasiguais, as crias humanaspreferem resolverproblemas em cooperação,ao passo que oschimpanzés, na mesmaexperiência, optaram portrabalhar individualmentena solução.

Efeitos Colaterais

Imagens de satélites-espiões e fotografiasaéreas, usadas contraKadhaffi, acabaram porrevelar provas de umacivilização perdida nodeserto, no sudoeste daLíbia. A história pré-islâmica do país poderáter de ser reescrita, numefeito colateral da guerra.Uma equipa britânicadescobriu mais de 100quintas e aldeiasfortificadas, comestruturas semelhantes acastelos, e várias vilas oucidades, a maioria doinício da nossa era. Crê-seque pertençam a um povo,os garamantes, de que sesabe ainda muito pouco.

Se bebercoma morangos

Cientistas europeus, que fizeramexperiências em ratos, descobriramque comer morangos reduz os danoscausados pelo álcool nas paredes doestômago. O estudo, publicado narevista científica PLoS ONE, podecontribuir para a cura e prevenção decertas úlceras. E para o aumento doconsumo de morangos, claro.

DEZ 2011 | TempoLivre 43

42a45_OV_CA:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:15 Page 55

Page 56: Tempo Livre Dezembro 2011

Os vimieiros ("Salix Viminalis L.") játinham entrado para a História dasGrandes Batalhas na Antiguidade aoservirem na construção dos escudos,

usados pelas ferozes tropas de elite do ImpérioPersa, mas o grande desafio para estas árvoresque gostam de ter as raízes mergulhadas em águaera elevarem-se no ar.

Durante a II Guerra Mundial, esse desafio con-cretiza-se ao entrarem dentro dos aviões britâni-cos, na forma de grandes cestos de vime. Estescestos, cheios de comida e medicamentos, eramlançados com pára-quedas, aterrando no chão

A árvore da guerra e da paz

Um cabeçudo a quem não faltamboas ideias.

A Casa na árvore

Susana Neves

sem se partirem, devido à flexibilidade amortece-dora das suas fibras. A produção de cestos, desti-nados a levar novas provisões às tropas britâni-cas, chegou a atingir uma tal procura que naInglaterra se proibiu a produção para outros finse se encurtou o habitual "timing" de aprendiza-gem de cestaria que rondava os cinco anos.

Com o final da II Guerra Mundial e a pro-dução de embalagens de plástico, a experiênciado voo parecia ter chegado ao fim para esta"Salicaceae" (da família dos choupos), cuja ori-gem na Terra remonta ao Período Terciário, há 65milhões de anos. Até no sector dos correios, ondeuma vez mais, sob a forma de cesto, desempe -nhara com sucesso o papel de transportadora deprodutos e correspondência (actividade incre-mentada pela Revolução Industrial), as novasembalagens de cartão ou em plástico pareciamremeter o vimieiro para a sua paisagem de ori-gem, as zonas ribeirinhas ou as montanhas deterras calcárias e profundas. No entanto, o ree-mergir do Balonismo na década de 60, do séculoXX, e a necessidade de transportar os passageirosnuma "gôndola" (cesto) simultaneamente leve,resistente e flexível, recupera de novo a sua ines-perada vocação de voar.

Quem conhece a história desta espécie de sal-gueiro e se lembra que o profeta Moisés emcriança sobreviveu, às águas do Nilo, dentro deuma cesta de vime, ou recorda alguns dos veícu-los de duas rodas puxados a cavalos, na RomaAntiga, não estranha a versatilidade de uma árvo-re prestável até ao paradoxo de servir a guerra e apaz.

Junto aos rios, por necessidade e determi-nação de crescer, o vimieiro não se limita a garan-tir o equilíbrio dos solos através do seu complexosistema radicular, tolera com bonomia a proximi-dade de outras espécies de árvores, como oschoupos e os amieiros, até ao limite de lhe ocu-parem o território, e é ele também o anfitriãobenevolente de uma grande diversidade de ani-mais: os mochos apreciam os seus troncos ocos,cerca de 260 espécies de insectos, entre eles,várias borboletas e moscas alimentam as suas lar-vas e fazem-nas crescer provocando bizarras

44 TempoLivre | NOV 2011

42a45_OV_CA:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:15 Page 56

Page 57: Tempo Livre Dezembro 2011

Fotos: Susana Neves

mutações na fisionomia dos ramos (é o caso damosca "Rhabdophaga Rosaria" cuja larva criauma rosácea de folhas), alguns peixes aproveitamas suas raízes submersas na água para se escon-derem, as lontras reconhecem nelas um refúgio eos castores levantam intrincados diques com osseus ramos, inspirando o que actualmente veio adesignar-se por "engenharia verde".

Sobretudo na Inglaterra e em França, junto àsmargens dos rios, para controlar a erosão dossolos pela força da corrente, têm-se vindo a entre-laçar os ramos de vimieiro de forma a criar umavedação natural, o que evoca algumas memóriasbeligerantes desta árvore, cujos ramos entrelaça-dos e cheios de terra serviam à construção deuma estrutura ("gabiões") tipo fortificação, usadanas guerras do século XVII.

Em suma, o vimieiro tal como outras espéciesde salgueiro ("salix", termo latino que poderá pro-vir dos termos celtas "sal" + "lis"= próximo daágua) caracteriza-se por uma "grande determi-nação" em crescer, mesmo que o corte regular dosseus ramos seja rente ao tronco, mesmo que osterrenos sejam pobres (só a seca prolongada o des-

motiva e mata) ou ele o primeiro a instalar-se antes de qualquer outra árvore.

Quando o junco, o arame e o plásticoainda não tinham substituído as vimes dovimieiro ("viminalis" = "aquele a partir doqual fazemos os laços", segundo o investiga-dor Bernard Bertrand) elas serviam paraarmar a vinha em ramada. Hoje se passarmospelo Norte de Portugal, durante o Inverno,ainda vemos essas "árvores tronco" de longasvaras quase vermelhas, como se fossemcabeçudos ruivos ("Salix Purpurea L.") esque-cidos na paisagem. Ninguém se lembra já queda sua casca e folhas se faziam várias tintas vege-tais e se obtinham taninos necessários ao curtumede peles, ou que da casca do salgueiro branco("Salix Alba L."), em 1825, o farmacêutico italianoFontana extraiu, pela primeira vez, a salicina, daqual há de derivar um dos mais populares medica-mentos: a aspirina. Diríamos que os salgueiros (talcomo os vimieiros) podem não ultrapassar os 80anos mas parecem ser capazes de resolver todas asdores de cabeça. Quem sabe, é esse o resultado deviverem na embriaguez da água. n

DEZ 2011 | TempoLivre 45

42a45_OV_CA:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:15 Page 57

Page 58: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 59: Tempo Livre Dezembro 2011

l CONSUMO No próximo ano, a TDT chega a todos os lares portugueses.

Uma mudança que pode implicar alguns riscos por falta de informação.

Pág. 48 l LIVRO ABERTO Em foco: "Comissão das Lágrimas", de A. Lobo

Antunes, e "Marquesa de Alorna - Do Cativeiro de Chelas à Corte de

Viena", de Maria João Lopo de Carvalho. Pág. 50 l ARTES Não perca, caro

leitor, a exposição A Natureza-Morta na Europa, na Fundação Gulbenkian,

até 8 de Janeiro. Pág. 52 l MÚSICAS Reza a crónica dos novos álbuns de Jorge

Palma, de Márcia e do eterno Charles Aznavour. Pág. 54 l NO PALCO Temas

relacionados com a celebração natalícia vão estar em cena nos palcos do

São Luiz e do Trindade. Pág. 56 l CINEMA EM CASA

Quatro sugestões europeias de qualidade, como é o

caso de "Potiche - Minha Rica Mulherzinha", com

Catherine Deneuve e G. Depardieu. Pág. 58 l TEMPO

INFORMÁTICO Há, na Internet, vários projectos que ajudam os

utilizadores a navegar na WEB com segurança, caso do site

www.internetsegura.pt. Pág. 59 l SAÚDE A investigação sobre a síndroma

das pernas inquietas permite afirmar que, nalguns casos, se trata de uma

doença genética.Pág. 60 l PALAVRAS DA LEI Alguns estabelecimentos de

saúde privados têm cobrado valores prévios a um internamento. Trata-se

de uma prática ilegal. Pág. 61

BOAVIDA

54

DEZ 2011 | TempoLivre 47

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 59

Page 60: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Consumo

Carlos Barbosa de Oliveira

Como qualquer mudança, esta também podeimplicar alguns riscos para os consumidores,nomeadamente por falta de informação. Masnão há razões para sobressaltos, desde que este-

ja bem informado. No dia 26 de Abril de 2012 serão desligados os últimos

retransmissores de televisão analógica em PortugalContinental, mas o processo já se iniciou em Maio desteano, com o switch-off (desligamento) do retransmissor deAlenquer.

Embora a passagem do sistema de televisão analógicapara a TDT não implique grandes sobressaltos, a experiên-cia - piloto de Alenquer constitui um bom exemplo daforma como algumas pessoas com menos escrúpulospodem tentar aproveitar a falta de informação dos con-sumidores.

Com efeito, a ANACOM e a ASAE detectaram, duranteacções de fiscalização em Alenquer, a existência de algunsquiosques móveis de uma operadora de televisão por cabo,exibindo cartazes em que "avisavam" os consumidoresque, em virtude de ter sido desligado o sinal analógico,teriam de aderir a um serviço pré-pago para continuar apoder ver os canais de sinal aberto. Magnânima, a empre-sa oferecia tarifas especiais para Alenquer, com o seguinteanúncio:

"No dia 12 de Maio Alenquer vai ficar sem televisão.Ligue-se à (…) e continue a ver os 4 canais de sempre."

Embora a empresa tenha argumentado que não temresponsabilidades no sucedido, já que esses quiosques sãoconcessionários independentes, a ANACOM decidiu actu-ar, de modo a acautelar os interesses dos consumidores.

Em Junho foi desligado o transmissor do Cacém e emOutubro o da Nazaré, não havendo notícia de que se te -nham repetido situações idênticas às de Alenquer.

Em 2012 será desligado o sinal analógico em todo opaís, num processo que decorrerá em três fases. No dia 12de Janeiro serão desligados os emissores e retransmissoresque cobrem a faixa litoral, no dia 22 de Março, os daMadeira e dos Açores e finalmente, no dia 26 de Abril,serão desligados os restantes. É por isso, admissível, quesituações idênticas à de Alenquer, tentando atrair consu -midores para os serviços pagos, venham a ocorrer,nomeadamente em zonas do interior

Nessa perspectiva, várias entidades (ANACOM, autar-quias, IPSS, DECO, ANM, associações, Instituto deSegurança Social, Confederação Portuguesa dos Meios deComunicação Social e Direcção Geral do Consumidor,entre outras) estão a organizar acções de informação paraos consumidores, um pouco por todo o país.

A ANACOM está a distribuir profusamente um fo -lheto/desdobrável com tudo o que os consumidores pre-cisam saber. Desde as especificações técnicas até avisossobre os contratos, passando pela indicação das entidadesque devem ser contactadas em caso de dúvidas, encontraresposta para todas as questões que eventualmente se lhepossam colocar.

Vem aí aTelevisão DigitalTerrestre No próximo ano, a TDT chega a todos os laresportugueses. O que vai mudar quando foremdesligados os últimos retransmissores de televisãoanalógica?

48 TempoLivre | DEZ 2011 ANDRÉ LETRIA

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 60

Page 61: Tempo Livre Dezembro 2011

Importa ainda salientar que, para poderem continuar aver televisão depois de o sinal a analógico ter sido desliga-do, os consumidores não serão obrigados a suportar quais-quer encargos mensais com assinatura. Basta que tenhamum televisor compatível (a maioria dos televisores àvenda - pelo menos desde 2009 - já vêm preparados paraa TDT).

No caso de terem um televisor antigo, sem a especifi-cação adequada, deverão adquirir um descodificador, cujopreço é variável e requer algumas informações suple-mentares no momento da compra, para que a opção seja amais correcta (ver caixa)

Refira-se ainda que a mudança para a televisão digitalresulta numa melhoria da qualidade da imagem e som epermite a todos os consumidores - incluindo os que nãotêm televisão paga - acederem a novas funções como aparagem da imagem, guia de navegação, ou mesmogravação de programas, consoante o tipo de "box" queadquirir.

Finalmente, refira-se que os consumidores não sãoobrigados a aceder à televisão paga para receberem aTDT. n

DEZ 2011 | TempoLivre 49

O que precisa saber sobredescodificadores

Quem tem de adquirir um descodificador para ter acesso

à TDT?

Os consumidores que não possuam um televisor

compatível com a tecnologia DVB-T e com a norma

MPEG-4/H.264 (a maioria dos televisores adquiridos

depois de 2009 já tem essa compatibilidade). Se tiver um

serviço de televisão por cabo, também não precisa de

comprar o descodificador.

Preciso de comprar um descodificador para cada televisor

que tenho em casa?

Em princípio sim, mas existem já tecnologias avançadas

que permitem ao consumidor descodificar o sinal de TDT

e distribuí-lo por todas as secções da casa. Deverá

consultar uma loja PT ou um estabelecimento

especializado, para se informar.

Quanto custa um descodificador?

Os preços são muito variáveis, podendo ir de 29,99 até 179

euros.

Qual o descodificador ideal?

Como acontece com qualquer electrodoméstico, existe

uma vasta gama de descodificadores, com características

diversas e diferentes níveis de qualidade.

A DECO, em parceria com a ANACOM, tem vindo a fazer

regularmente testes comparativos a estes aparelhos. Pode

consultar os resultados desses testes em:

http://www.deco.proteste.pt/dvd-tv-som/televisores-e-tdt-

s619951.htm

Onde posso comprar um descodificador?

Em qualquer loja de electrodomésticos

Quem tem acesso a subsídio para a compra do

descodificador?

As condições de acesso ao subsídio estão regulamentadas

e contemplam essencialmente pessoas com necessidades

especiais, ou socialmente desfavorecidas, bem como

instituições com relevante papel social.. Para saber se está

incluído no grupo de beneficiários, bem como a forma de

requerer o subsídio, dirija-se a uma loja da PT ou visite o

sítio da empresa na Internet.

Para se manter actualizado sobre a TDT consulte o site da

ANACOM http://tdt.telecom.pt/noticias/

Leia a publicação TDT Notícias que está a ser distribuída

em todo o país e tem actualização permanente por via

electrónica.

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 61

Page 62: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Livro Aberto

Lobo Antunes, Marquesa deAlorna, Bocage e muito mais

ninguém sabe como irá evoluir a vida deste continente a ahistória mundial. Daí que todos os alertas sejam poucos.Saí que "A Última Testemunha de Auschwitz" (Clube doAutor), de Denis Avey com Rob Broomby, que relata fac-tos históricos inéditos de inquestionável importância,adquira uma importância documental que importa subli -nhar. Estamos em presença da história de um soldadobritânico que decidiu tomar o lugar de um prisioneirojudeu num campo de concentração. A narrativa é pujantee envolvente, prendendo o leitor do primeiro ao últimomomento. A não perder.

COM A PRESTIGIADA chancela do Centro de EstudosClássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra,três novos títulos com assinalável cuidado gráfico: "OTruculento", de Plauto, com tradução, introdução e notasde Adriano Milho Cordeiro, "O "De Excidio Verbis" eOutros Sermões sobre a Queda de Roma", de SantoAgostinho, com tradução, introdução e notas de CarlotaMiranda Urbano, e "Plutarco e as Artes", com textos deLuísa de Nazaré Ferreira, Paulo Simões Rodrigues e NunoSimões Rodrigues.

"A MENINA É FILHA DE QUEM?"(D. Quixote) é uma inspira-da e corajosa narrativa autobiográfica de Rita Ferro, querevisita com uma linguagem viva e pontuada por umafina ironia os anos da infância e da adolescência, noPortugal da ditadura, falando, neste conseguido exercíciode memória, de lugares, de pessoas conhecidas, de figurasda sua família como António Ferro e Fernanda de Castro,seu avós, ou António Quadros, seu pai. Um livro que per-mite ao leitor conhecer uma parte do que foi a realidadesocial dos anos cinquenta, sessenta e setenta.

AINDA NO DOMÍNIO da ficção narrativa de qualidade,destaque para "Os Profetas" (Caminho/Leya), ficção paraadultos de Alice Vieira, cuja acção decorre no século XVI,no reinado de D. João III, "Lusco-Fusco", "Lusco-Fusco", o

José Jorge Letria

“Comissão das Lágrimas” (D. Quixote), oseu mais recente romance elege, em ter-mos da estratégia narrativa, o conturba-do período que se seguiu à independên-

cia de Angola e designadamente da violenta repressão aoschamados fraccionistas, que se traduziu na execução, semjulgamento, de alguns dos principais protagonistas da lutade libertação. Construído de forma polifónica, "Comissãodas Lágrimas" traz-nos, uma vez mais, a voz poderosa deum escritor de excepção, com a sua linguagem única,inventiva e frequentemente tocada pelo mistério da poesia.Lobo Antunes, queiram alguns ou não queiram, umescritor português universal e para sempre.

COM QUASE 700 PÁGINAS, "Marquesa de Alorna - DoCativeiro de Chelas à Corte de Viena"(Oficina doLivro), de Maria João Lopo de Carvalho, é um pujanteromance histórico que nos traz, pela segunda vez numano (depois do excelente livro de Maria Teresa Hortasobre a mesma figura histórica e literária), a figurafascinante até agora insuficientemente conhecida e ce -lebrada da Marquesa de Alorna, escritora, pensadora,lutadora pelos valores da liberdade que pontificou noPortugal da segunda metade do século XVIII e emvárias cortes europeias onde o seu fulgor intelectual efirmeza de carácter foram celebrados. Apoiada extensadocumentação epistolar e não só, este novo romance deMaria João Lopo de Carvalho constitui-se como umamarco na ficção histórica recente e como abordagembiográfica incontornável desta personagem que honra acultura portuguesa e o papel da mulher na sociedadeportuguesa.

AINDA e sempre presente no imaginário colectivo daEuropa contemporânea, o Holocausto assume, neste tempode incerteza e crise, uma redobrada importância, já que

O tempo da Guerra Colonial com os seus dramas e histórias de sofrimento individual tem sido temarecorrente na obra de um grande escritor português chamado António Lobo Antunes, actualmente emfase de entusiástico reconhecimento em países como a França, onde se acentua o carácter universal eintemporal da sua escrita.

50 TempoLivre | DEZ 2011

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 62

Page 63: Tempo Livre Dezembro 2011

mais recente romance de Cristina Carvalho, a mais "OOuro dos Corcundas" (Casa das Letras), de PauloMoreiras,"A Livraria" (Clube do Autor), um livro fasci-nante sobre o mundo dos livros e das livrarias de referên-cia, de Penélope Fitzgerald, "Não Podemos Ver o Vento"(Clube do Autor), uma ficção vigorosa de Clara PintoCorreia sobre a Guerra Colonial.

NA COLECÇÃO "Citações e Pensamentos", da Casa dasLetras, um volume dedicado a Manuel Maria Barbosa duBocage, com organização a cargo, como é habitual, dePaulo Neves da Silva. Um pretexto para o reencontro como poeta através de uma inteligente e oportuna organizaçãotemática dos seus textos. Bocage actual e presente atravésda sua verve, que não se confunde com a do anedotárioque tanto o prejudicou no juízo dos séculos.

DO CINEASTA, arquitecto, dramaturgo, ficcionista e espe-cialista no estudo das vertentes iniciáticas e gnósticas docristianismo, é o extenso e inovador ensaio "CristianismoIniciático - O Que Nunca se Leu Sobre oCristianismo"(Esquilo), que põe em evidência o carácteresotérico e iniciático do pensamento cristão original e dopróprio texto bíblico. Este livro resulta da adaptação parao grande público da tese de doutoramento apresentada

por António de Macedo na Faculdade de CiênciasHumanas da Universidade Nova de Lisboa e distinguidacom a nota máxima.

Também de António de Macedo é a trilogia de textosde teatro "O Sangue e o Fogo" (Camões e Companhia), quenos traz outra faceta fundamental da obra desta figuraimportante da vida cultural portuguesa das últimasdécadas.

DESTAQUE ainda para a edição recente de três livros depoesia representativos de diferentes gerações e diferentesolhares sobre a vida, o mundo e o trabalho com a lin-guagem: "Ano Comum" (Litexa), que confirma a maturi-dade de Joaquim Pessoa, uma voz inconfundível da pro-dução lírica portuguesa desde meados dos anos setenta doséculo passado, "Aroma de Pitangas num País que NãoExiste"(Arcádia), de António Costa Silva e do director-adjunto do "Expresso" Nicolau Santos, com momentos degrande qualidade na evocação emotiva de um tempo e deum lugar que ficaram algures na memória do tempo, eainda "Lugano" (Artefacto), a revelação da voz poética deTatiana Faia, nascida em 1986 e já com uma apreciávelsolidez no seu discurso povoado de referências culturais.A poesia viva e pujante numa sociedade que parece dis-pensá-la, mas que precisa dela como nunca. n

DEZ 2011 | TempoLivre 51

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 63

Page 64: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Artes

Rodrigues Vaz

Dando continuidade àexposição apresentadaem 2010 sobre omesmo tema, esta parte

é dedicada à modernidade doséculo XIX e às alterações funda-mentais ocorridas na primeirametade do século XX.

A renovação do interesse pelanatureza-morta, como forma dereinventar a natureza, por parte dos artistas da vanguardafrancesa, é documentada através das obras dos Realistas etambém da nova linguagem do Impressionismo, assimcomo dos pintores Pós-Impressionistas como Cézanne,Van Gogh e Gauguin, que estão representados através deobras de referência.

Segundo o comissário, Neil Cox, esta exposiçãodemonstra à saciedade como a natureza-morta, enquantogénero pictórico, se transformou em veículo de umaexperimentação ainda mais radical com Picasso, Braque eMatisse, permitindo a alguns artistas um olhar reflexivosobre a sociedade contemporânea, enquanto outros seenvolveram nas novas realidades da experiência subjecti-va, como é o caso de Magritte e Dali.

A fragmentação e reinvenção da própria categoria denatureza-morta foram exploradas através da amostragemde peças escultóricas ou de objectos de uso corrente trans-formados em obras de arte, havendo ainda a assinalar apresença, neste conjunto, dos artistas portuguesesAmadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy eVieira da Silva, que o enriquecem sobremaneira, na medi-da em que também mostram saber reinventar a natureza.

PINTURA E ESCULTURA NA GALERIA VALBOM

Entretanto, David de Almeida e Paulo Neves, artistas plás-ticos de grande currículo, apresentam, até 29 de Janeiropróximo, as suas últimas criações de pintura e escultura,respectivamente, na Galeria Valbom, em Lisboa.

Com um percurso criativomuito peculiar, caracterizado poruma grande contenção de elemen-tos e um sentido estético aomesmo tempo minimalista de for-mas e exuberante na discrição dacor, David de Almeida faz jus aoque dele se espera como referênciafundamental na arte portuguesacontemporânea, havendo, entre-tanto, a assinalar o aparecimentode uma grande estridência na uti-

lização da cor como forma pessoal e única de sublimação.Paulo Neves, por seu lado, com um conjunto de escul-

turas sob o título Santas, opta por um hieratismo de for-mas muito peculiar, utilizando essencialmente figurasantropomórficas, por vezes erectas, recolhidas, de olhosfechados ou abertos, mas severas e distantes. São figurasde autoridade divina, em que se afirmam na assunçãoantropológica da relação com o lugar, com a cultura e coma família, de certo modo o prolongamento do seu estiloque usa de modo recorrente nas várias obras públicas quetem espalhadas pelas principais cidades portuguesas.

BOAVIDA AMARO NA AMADORA

Por último, há a assinalar o reaparecimento de BoavidaAmaro, após mais de uma década de paragem, com umcurioso conjunto dos seus últimos trabalhos que a GaleriaMunicipal Artur Bual, da Amadora, está apresentar até 8de Janeiro.

Utilizando o azul com uma predominância obsessiva,que Eduardo Nascimento liga "à proximidade do amor,num frenesim de contraste como a voz erguida para lá daaurora, para lá do despertar dos sonhos em que os corposse entrelaçam em símbolo erguido das verdades espan-tadas", Boavida Amaro evoca de uma maneira assaz pecu-liar os prenúncios poéticos enluarados e as esmeraldassuspensas nas longas invernias do seu Ladoeiro natal, "àsportas de Espanha, quando a névoa invade a planície comos resquícios da orvalhada". n

Reinventar a Naturezana Fundação Gulbenkian A segunda parte da exposição A Natureza-Morta na Europa, que está patente até 8 de Janeiro próximona Fundação Gulbenkian, é indubitavelmente o grande acontecimento cultural da temporada, marcadatambém pela crise que atravessamos.

Obra de Paul Gauguin

52 TempoLivre | DEZ 2011

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 64

Page 65: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 66: Tempo Livre Dezembro 2011

"Com todo o respeito", Jorge Palma acaba de lançar um novo álbum. Também Márcia nos "Dá" umanova edição do seu CD de estreia. Os apreciadores de Charles Aznavour deverão ouvir o mais recenteCD do cantor e compositor: "Toujours".

Vítor Ribeiro

Em "Com todo o respeito", o compositor eintérprete Jorge Palma oferece-nos 15 temas(13 mais duas faixas extra) quase todos dasua autoria e nos quais participam, entre ou -

tros, os Demitidos (banda constituída por AndréHollanda, Pedro Vidal e Miguel Ramos), Cristina Branco(dueto em "O Mundo e a Casa"), Flak (responsável pelaprodução e dueto em "Mais um Comboio"), GabrielGomes, Vicente Palma, Carlos Barreto, Carlos Bica eBruno Vasconcelos.

Salientam-se ainda as contribuições de Carlos Tê, autorda letra de "Uma Alma Caridosa" e de José Luís Peixoto,autor da letra de "Pensámos em Nada".

Cantor de culto, com público etária e socialmentediversificado, Jorge Palma, com mordacidade e até saudá -vel desfaçatez, interpela-nos e obriga-nos a pensar sobre ostempos de angústia colectiva por que passamos.

Mesmo quando canta o amor, tema recorrente da músi-ca em particular e da arte em geral, Palma faz-nos com-preender que o acto de amar é indissociável do mundoque nos rodeia. Eis-nos, pois, "Com todo o respeito" pe -rante mais um muito bom trabalho discográfico de JorgePalma.

O novo disco está disponível nas seguintes edições:"Edição Standard" - 13 temas; "Edição Especial Limitada"15 temas (ao alinhamento da edição standard juntam-seduas faixas extra) em digipack e "Edição Digital".

Boavida|Músicas

MÁRCIA "DÁ" DE NOVO

Considerada uma das mais recentes revelações da músicaportuguesa, Márcia acaba de surgir no mercado discográfi-co com uma nova edição do CD de estreia lançado hácerca de um ano, com o título genérico "Dá". O álbumagora publicado integra, no entanto, uma nova versão, emdueto com JP Simões, do tema que tornou Márcia co -nhecida dos melómanos: "A pele que há em mim(Quando o dia entardeceu)".

Detentora de uma voz suave e limpa, Márcia distingue-se sobretudo pela simplicidade e delicadeza com queinterpreta canções de afectos, de encantos e/ou desencan-tos, de encontros e/ou desencontros.

É muito bom ouvir este álbum que Márcia nos "Dá". Ea propósito: Márcia efectua um concerto dia 7 deDezembro, no Museu do Oriente, em Lisboa. A partir das21h00.

CHARLES AZNAVOUR "TOUJOURS"

Acaba de chegar ao mercado nacional o mais recente tra-balho discográfico de Charles Aznavour, com o títulogenérico "Toujours". Aos 86 anos de idade, o cantor ecompositor espanta-nos com a interpretação de 12 temas,que assumidamente, constituem um auto-retrato de umautor histórico da música popular francesa. Com a noçãodos limites que os muitos anos de trabalho lhe impõem,Aznavour brinda-nos com um trabalho de grande dig-nidade e incita-nos, com o seu exemplo, reflectir sobre osentido da vida. Aznavour "Toujours". Aznavour sempre.n

Jorge Palma “Com todo o respeito”

54 TempoLivre | DEZ 2011

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:17 Page 66

Page 67: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 68: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|No Palco

Maria Mesquita

Baseada nos poemas deRainer Maria Rilke como mesmo título, MiguelLoureiro, director artís-

tico e encenador, leva, durante omês de Dezembro ao palco doTeatro Municipal São Luiz, a peça"A Vida de Maria".

Foi a partir das imagens do livro"Manual de Pintura", elaborado apartir de uma mão cheia de autoresde frescos e iluminuras religiosas,que Rainer Maria Rilke obteve ainspiração necessária para re -escrever sob a forma de poesia avida de uma das mulheres maisimportantes da História, Maria,Mãe de Cristo, o Messias. Dessaescrita, contam-se todos os princi-pais episódios que antecederam onascimento de Jesus, até à sua 'res-surreição'. Alguns anos depois, o livro do Rilke foi musica-do, e daí surge uma obra inspiradora e inspirada, fazendovaler o aspecto tanto humano como místico das person-agens. Para ver até 22 de Dezembro no Jardim de Inverno.

FICHA TÉCNICA: Tradução: Maria Teresa Dias Furtado;

Direcção: Miguel Loureiro; Espaço, Guarda-Roupa e Fotografia:

João Rodrigues; Desenho de Luz: Daniel Worm; Imagem: Rui

Ribeiro; Música: Olivier Messiaen e Paul Hindemith;

Acompanhamento vocal: Luís Madureira; Produção executiva:

O Rumo do Fumo; Interpretação: Flávia Gusmão, Joana

Manuel, Miguel Loureiro, Nuno Casanovas; Co-produção: Cine-

Teatro São Pedro (Alcanena) e SLTM

"BARIONÁ"

Baseado na escrita de Jean Paul Sartre, "Barioná (ou o jogoda Dor e da Esperança) " envolve o nascimento do Messiase estará em cena no Trindade, de 8 a 23 de Dezembro.

A história parece ser simples. Há dois milénios, numaaldeia da Judeia ocupada pelos romanos, em resposta aoaumento impune dos impostos pelas autoridades, Barioná, o

chefe dos aldeãos, propõeripostarem de forma única:travar o nascimento de crianças.

Surge um problema: Sara, asua mulher, confessa-lhe estarà espera de um bebé, levandoBarioná a desejar que a criançanunca nasça. Informam-no,por outro lado, no mesmo dia,que na aldeia vizinha deBelém, nasceu "alguém" que,tendo a presença de magos efeiticeiros aos pés do seu leito,é considerado o Messias quetodos ansiavam.

O simples torna-se muitocomplicado, uma vez queBarioná terá de decidir rapida-mente se aceita abrigar ecuidar Maria, José e o seubebé, ou se, pelo contrário,acaba aliado dos Romanos quedesejam, por outros motivos, a

morte do recém-nascido. Ao escolher afastar de perigo os três fugitivos, Barioná

está a condenar-se à morte, mas começa a acreditar que oBem vencerá o Mal, quando pede a Sara, num momentode ternura e de despedida, para contar ao filho de ambosque o pai morreu "na alegria!"

FICHA TÉCNICA:De: Jean Paul-Sartre; Encenação e

dramaturgia: Júlio Martín da Fonseca; Figurinos: Sílvia

Perloiro; Elenco: (Barioná) José Nogueira Ramos, (Sara) Sara

Ideias, (Baltazar) José Simão, (Lelius) José Sebastião, (O

Publicano/Simão) Gonçalo Sarávia, (Caifás) Manuel Vieira,

(Caifás) Ricardo Abril, (Anjo) Ana Sofia Santos,

(Ancião/Jerevhá) Nuno Cortez, (Shalam) Manuel Vieira,

(Paulo) Nuno Torres e (Coro) Célia Santiago, Associados da

INATEL, Teatro da Universidade Técnica - TUT; Produção

executiva: Isabel Avillez - Sofia Sá Lima; Produção: Duc in

altum | Teatro do Ourives; Apoios: Associação Vale de Ácor;

Agradecimentos: Dr. Luís Oliveira Martins; Centro Desportivo

Católico de Portugal; Francisco Marques - Théâtre de L' Arc-

en-Ciel; Silvina Pereira - Teatro Maizum.

Histórias de NatalTemas relacionados com a celebração natalícia vão estar em cena no São Luiz e no Trindade.

56 TempoLivre | DEZ 2011

Miguel Loureiro

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:19 Page 68

Page 69: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 70: Tempo Livre Dezembro 2011

POTICHE - MINHA RICA

MULHERZINHA

Ano 1977. Suzanne é a mu -

lher dócil, dona de casa, aten-

ta aos filhos e submissa ao

marido, Robert

Pujol, um indus-

trial abastado e

autoritário, tira-

no na fábrica e

na família. Um

problema cardía-

co afasta Robert da liderança

da fábrica e Suzanne, contra

todas as expectativas, assume

a chefia e revela-se uma ópti-

ma líder que consegue travar

uma greve dos trabalhadores.

Quando Robert regressa, a

situação complica-se…

Baseado numa peça teatral

com o mesmo nome, o filme

de François Ozon presta ho -

menagem às mulheres e ao

seu papel social e político.

Com uma brilhante Catherine

Deneuve, "Potiche" é uma

divertida comédia de cos-

tumes e sátira social.

TÍTULO ORIGINAL: Potiche;

REALIZAÇÃO: François Ozon;

COM: Catherine Deneuve,

Gérard Depardieu, Fabrice

Luchini, Jérémie Renier;

França, 103m, Cor, 2010;

EDIÇÃO: Midas Filmes

COPACABANA

Babou, uma mulher de espíri-

to livre, vive com uma filha

que não entende as sucessi-

vas mudanças de trabalho e

de cidade, sempre com o

mesmo sonho: conhecer a

"cidade maravilhosa". Ao

descobrir que a filha não pre-

tende convidá-la para o seu

casamento, decide fazer algu-

mas mudanças e aceita um

novo emprego para cair nas

boas graças de Esmeralda.

Desta vez é numa estância

balnear na costa belga a

vender apartamentos em

time-sharing. Tudo parece

correr bem…Segunda longa-

metragem de

Marc Fitoussi,

"Copacabana"

é outra diverti-

da comédia,

ilustrada pela

mui versátil

Isabelle Hupert, desta vez na

pele de uma mulher livre e

alegre num mundo cada vez

mais uniformizado e cinzen-

to.

TÍTULO ORIGINAL: Copacabana;

REALIZADOR: Marc Fitoussi;

COM: Isabelle Hupert, Lolita

Chammah, Aure Atika;

França/Bélgica, 107m, Cor,

2010; EDIÇÃO: Clap Filmes

TOURNÉE - EM DIGRESSÃO

Joachim, um excêntrico pro-

dutor, deixou tudo para trás

em França - filhos, amigos,

inimigos, amores e desamores

- atraído pelo sonho ameri-

cano. Tempos depois, regressa

com um espectáculo de

cabaret e as artistas de New

Burlesque. De de cidade em

cidade, em terras de França,

as intérpretes sonham com

um espéctáculo em Paris, mas

o passado de Joachim não vai

facilitar a

Tournée. Este

novo rojecto do

actor Mathieu

Amalric, nasceu

da leitura de

uma crítica elogiosa a um

espectáculo num cabaret e do

seu fascínio pela figura do

produtor. Com autênticas

intérpretes deste género artís-

tico - New Burlesque - oriun-

do da tradição americana e

inglesa do music-hall, o filme

de Amalric é um retrato sur-

preendente das glórias e tris-

tezas da pequena companhia

e do seu produtor, de hotel

em hotel, em pequenas

cidades francesas.

TÍTULO ORIGINAL: Tournée;

REALIZAÇÃO: Mathieu Amalric;

COM: Mathieu Amalric,

Miranda Colclasure, Dirty

Martini, Julie Atlas Muz;

França, 112m, cor, 2010;

EDIÇÃO: Clap Filmes

MEL

Yusuf tem uma relação espe-

cial com o pai, que sustenta a

família com o mel que reco -

lhe nas florestas da Turquia

rural. É um jovem tímido,

cujo futuro traz a mãe preocu-

pada. Talvez siga os passos do

seu pai, ou talvez a escola lhe

proporcione melhores oportu-

nidades… Entretanto, a co -

lheita de mel não é famosa e

Yusuf tem dificuldades em

aprender a ler. Quando o pai

tarda a chegar do trabalho, a

inquietação aumenta …

Terceira parte da trilogia de

Yusuf, "Mel", do realizador

turco Semih

Kaplanoglu, re -

vela, numa abor-

dagem

comovente, a

dura realidade de

uma família turca pobre e

rural que vive de uma activi-

dade em vias de extinção. A

ausência de música ao longo

do filme, confere-lhe maior

dramatismo.

TÍTULO ORIGINAL: Bal;

REALIZAÇÃO: Semih

Kaplanoglu; COM: Bora Altas,

Erdal Besikçioglu, Tulin Ozen;

Turquia/ Alemanha/ França,

103m, cor, 2010; EDIÇÃO: Clap

Filmes

Quatro propostas de inegável valor artístico e humano, oriundas do continente europeu, com destaquepara a produção francesa, são as nossas sugestões para Dezembro. A saber: "Potiche - Minha RicaMulherzinha", com Catherine Deneuve e G. Depardieu; "Copacabana" - uma deliciosa interpretação deIsabelle Hupert: "Tournée - Em digressão"; e, do realizador turco Semih Kaplanoglu, em coproduçãofranco-turco-alemã, o excelente "Mel". Sérgio Alves

Qualidade europeia

Boavida|Cinema em Casa

58 TempoLivre | DEZ 2011

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:20 Page 70

Page 71: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Tempo Informático

Internet seguraCom este título existem na Internet vários projectos que ajudam os utilizadores a navegar na WEB comsegurança, nomeadamente o site www.internetsegura.pt, criado pela Fundação para a Divulgação dasTecnologias de Informação juntamente com outros organismos. Nele podem encontrar as melhoressoluções para a se protegerem dos ataques cibernéticos: comportamento em redes sociais, utilizaçãode jogos on line, protecção dos dados pessoais, etc.

Gil Montalverne [email protected]

Àmedida que o poder da Internet tem aumenta-do como fonte de conhecimentos quase ines-gotável e o meio mais rápido de contactarmosem tempo real entre os lugares mais distantes

do mundo, ela tornou-se infelizmente um meio ondeproliferam os mais insidiosos cibercriminosos que ten-tam, sob pretexto das mais variadas intenções, atingirquem por ela navega como elemento de trabalho, for-mação cultural ou simples lazer. Além dos cuidados quese devem ter no nosso comportamento na utilização daInternet, é absolutamente necessário possuir no com-putador um bom programa de protecção dos que já estãono mercado e aqui citados várias vezes, caso das novasversões de Antivírus e Internet Security 2012 daKaspersky e da Symantec (Norton). E, respondendo aoaumento do cibercrime, notámos que se tornam de anopara ano mais potentes. As actualizações do softwarenecessitam de ser constantes. Diariamente aparecemmilhares de variantes de malware.Os hackers atacam tudo. Não apenasas grandes empresas pois o uti-lizador comum é também atingido enecessita de se proteger. Mas agora,também os Smartphones com li -gação à Internet são o novo alvo.Para além das ameaças aos disposi-tivos móveis, aumentou o número de ameaças nas redessociais e a falta de protecção é, provavelmente, uma dasprincipais causas por detrás do crescente número devítimas de cibercrime. De acordo com um RelatórioNorton de 2011, mais de dois terços dos adultos onlinejá foram vítimas de cibercrime. A cada segundo 14 adul-tos são vítimas de cibercrime, o que resulta em mais deum milhão de vítimas de cibercrime todos os dias. Pelaprimeira vez a Norton calcula o custo global do ciber-crime: 114 mil milhões de dólares anualmente. Os ana -listas da Kaspersky afirmam por exemplo que os spam-mers aproveitam a crise financeira para enganar mais

vítimas e manter, assim, o seu elevado nível de receitas.As mensagens oferecem duvidosas fórmulas deenriquecimento. Também a Kaspersky tem intensificadoos seus estudos em relação ao problema dos smart-phones. O sistema operativo móvel Android volta a servítima de um ataque por malware, o que não é deestranhar, tendo em conta que, do total dos programasmaliciosos para smartphones detectados desde o dia 1de Agosto de 2010 até ao dia 31 de Agosto de 2011,85% foram desenhados para atacar plataformasAndroid. Tanto a Kaspersky como a Norton lançaramportanto os seus programas vocacionados para ostelemóveis. Proteja-se portanto e escolha o programa desegurança para o seu caso. Nos pacotes está indicado ograu de segurança conforme a utilização específica daInternet.

SUGESTÕES

Algumas sugestões para que não seja atacado na Net peloscibercriminosos:

1 - Instalação de um software de pro-tecção de acordo com a nossa activi-dade na Net. Para simples correio elec-trónico e acessos a sites de entidadesoficiais ou da nossa ComunicaçãoSocial (Jornais e Revistas) bastará umprograma de Antivírus que se actua -liza automaticamente.

2 - Não possuir no computador dados pessoais, semestarem correctamente encriptados. 3 - Nunca responder a um email enviado por alguém desco -nhecido e por vezes mesmo nem o abrir. Apagar de imediato4 - Os telemóveis com ligação à Internet estão a ser umalvo primordial dos hackers. Instale um software específi-co da Kaspersky ou Norton ( Mobile Software) que sãoretirados directamente para o sistema Android. 5 - Efectuar backups regulares, diários ou semanais con-forme a menos ou maior actividade. 6 - Não esquecer a vigilância da utilização da Internetpelas crianças. n

DEZ 2011 | TempoLivre 59

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:20 Page 71

Page 72: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Saúde

Síndroma das pernas inquietasSabe o que é a síndroma das pernas inquietas? Foi esta pergunta que fiz ao Sr. M., quando ele trouxe opai à minha consulta e contou o motivo desta. Obviamente que me respondeu negativamente. Explicouque acompanhava pai, porque este se recusava a vir à consulta, alegando que não estava doente.

M. Augusta Drago medicofamí[email protected]

Opai do Sr. M. tem 74 anos e continua a ser umapessoa saudável e activa. É viúvo e vive com ofilho. Este reparou, há já algum tempo, que opai parece agitado. Quando ao fim do dia

chega a casa e se senta um pouco na sala para descansar etambém para conversar com o pai, este levanta-se fre-quentemente da cadeira, sem motivo aparente, deambula,gesticula e volta a sentar-se, para um pouco mais tardevoltar a fazer o mesmo.

Quando perguntou ao pai porque se levantava semnecessidade, este respondeu que precisava de se mexer…Intrigado com esta situação, decidiu, e decidiu bem, trazero pai a uma consulta médica.

O pai do Sr. M. confirmou a descrição feita pelofilho e acrescentou que acordava frequentementedurante a noite com uma sensação a que chamou"comichão nos ossos", a qual lhe provocava umavontade imperiosa de movimentar as pernas.

Esta descrição é muito sugestiva da síndromadas pernas inquietas. Trata-se deuma doença que afecta cerca de10% da nossa população, pre-dominantemente idosos, cujaorigem ainda está a ser investi-gada e que se manifesta por umasensação incómoda, nãodolorosa, no interior das pernas,que provoca uma vontade irre-sistível de as movimentar. Podetambém, em situações excep-cionais, afectar os braços.

Esta actividade das pernas,durante a noite, interrompe osono, provocando des-pertares. Além da incomo-didade, no dia seguinte apessoa sente sonolência,maior susceptibilidade à irri-tação, maior dificuldade emlidar com o stress e a depressão,

mais dificuldades com a memória e a concentração.A investigação em curso sobre a síndroma das pernas

inquietas permite afirmar que, nalguns casos, se trata deuma doença genética, isto é, familiar. No entanto, sãoapontadas outras causas, tais com a presença de anemiapor falta de ferro e pode estar associada a outras doençasrenais ou neurológicas.

Para fazer o diagnóstico da síndroma das pernas inqui-etas, o médico baseia-se unicamente na história clínicaque o doente lhe transmite, pois não existem examesespecíficos que o possam ajudar. Como é uma doença queafecta o padrão do sono, mas que tem a ver o movimento,ainda hoje é discutido, na classe médica, se é uma doençado sono ou do movimento, mas nada disto afecta odoente, pois todos estão de acordo quanto à necessidade

de identificar e tratar as pessoas afectadas.Para além dos tratamentos que só

podem ser prescritos pelo médi-co, existem algumas medidas

que, nalguns doentes, pare-cem aliviar os sintomas.

Banho quente, massagens etécnicas de relaxamento, bem

como trabalhos manuais e ou -tras actividades que mantenham

a mente ocupada, têm tido bonsresultados. Outros doentes referem

que o exercício moderado imediata-mente antes de se deitarem tambémparece ajudar a controlar os sintomas.

Todos estão de acordo em que oconsumo de cafeína, álcool e chocolate

agrava os sintomas, pelo que deveser evitado.

A informação é oprimeiro passo para tratar

qualquer doença. O melhortratamento é aquele que for

mais eficaz a aliviar os sin-tomas e deve ser estabelecido

entre si e o seu médico, sem recurso,se possível, a medicamentos. n

60 TempoLivre | DEZ 2011 ANDRÉ LETRIA

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:20 Page 72

Page 73: Tempo Livre Dezembro 2011

Boavida|Palavras da Lei

? Dirigi-me a um Hospital privado, para me tratarem de

uma situação que padecia. Qual não foi o meu espanto,

antes de seguir para a consulta médica, cobraram-me uma

quantia a que chamaram de "depósito hospitalar", para o caso

de ter que ser internada de urgência.

O Hospital ficou com essa quantia. Isto é legal?

Sócia devidamente identificado – Lisboa

Pedro Baptista-Bastos

Ao que parece, certos estabelecimentos de saúdeprivados têm cobrado quantias, a título de"taxas", "depósitos", enfim, cobram valoresprévios a um internamento, ou a uma situação

hospitalar de urgência de um utente, antes de se determi-nar o diagnóstico do mesmo.

E, ao que parece, infelizmente estes actos têm ocorridoem certas situações.

Esta prática é totalmente ilegal.Com efeito, a Lei nº 3359 de 07/01/02, publicada no

Diário da República de 09 de Janeiro de 2002 - Lei sobre odepósito de valores em clínicas privadas - dispõe oseguinte, por demais elucidativo:

Art.1° - Fica proibida a exigência de depósito dequalquer natureza, para possibilitar internamento dedoentes em situação de urgência e emergência, em hospi-tais da rede privada.

Art 2° - Comprovada a exigência do depósito, ohospital será obrigado a devolver em dobro o valor deposi-tado, ao responsável pelo internamento.

Art 3° - Ficam os hospitais da rede privada obri-gados a dar possibilidade de acesso aos utentes e aafixarem em local visível a presente lei.

Logo, se esse estabelecimento não tinha esta normalegal afixada, e cobrou um valor à nossa leitora, cometeuuma ilegalidade a todos os títulos condenável.

Se se dirigir de novo a esse lugar, exija a devoluçãoimediata daquilo que pagou.

Espero que este género de comportamentos e actos nãose repitam de futuro e, se isto ocorrer com algum dosleitores, recusem firmemente o pagamento seja do que for.

A Lei está do vosso lado. n

Pagamento indevidode valores em hospitais

DEZ 2011 | TempoLivre 61

47a61_BV232:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:20 Page 73

Page 74: Tempo Livre Dezembro 2011

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 32Preencha a grelha com osalgarismos de 1 a 9 semque nenhum deles serepita em cada linha,coluna ou quadrado

(horizontais): 1-P; ESGROUVIADO; T. 2-EP; IRA; C; DIA; DO. 3-SER;USTULAR; CEM. 4-CLIMA; RUI; IROSA. 5-AIPO; CABRA; ELAR. 6-RN; SR; NAI; UM; FA. 7-TOTAIS; FENECI. 8-AR; RU; IVO; IT; VI. 9-TARA; ATIRA; ELES. 10-AGIRA; AUM; GRELO. 11-REU; SORVETE;RAL. 12-AM; CAL; A; ERA; RA. 13-S; ASSESSORIOS; R.

SOLUÇÕES

ClubeTempoLivre > Passatempos

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

N.º 32 SOLUÇÕES

Palavras Cruzadas | por José Lattas

HORIZONTAIS: 1-Arganaz. 2-Empresa pública (sigla);Agastamento; Claridade; Nota musical. 3-Consciência;Queimar ligeiramente; Numerosos. 4-Céu; Nome masculino;Colérica. 5-Salda-do-monte; Bebedeira; Prender com gavinhas.6-Rádon (s.q.); Estrôncio (s.q.); Instrumento de sopro, que usa-vam muito os Árabes; Cada; Nota musical. 7-Montantes;Acabei. 8-Disposição; Ruténio (s.q.); Nome de homem;Abreviatura de italiano; Achei. 9-Senão; Alude; Os. 10-Manobrara; Mula (invertido); Bolbo. 11-Transgressor; Gelado;Povoação do concelho de Sintra. 12-Antes do meio-dia (abre-viatura); Óxido de cálcio; Acontecia; Rádio (s.q.). 13-Relativo aassessores.

VERTICAIS: 1-Apanhar; Enlearas. 2-Qualidade ou acção depelintra. 3-Sigla usualmente gravada em lápides tumulares eque significa descanse em paz; Escarneceu. 4-Nota musical;Apresentar; Césio (s.q.). 5-Guindaste; Apelido de historiadoraportuguesa (1907-1973); Puxadores. 6-Título dado aos gover-nadores das províncias da Abissínia; Interjeição, que envolvesaudação. 7-Percorrer. 8-Árvore da família das Miristicáceas,que se encontra na Guiana e na Amazónia; Erva-pombinha. 9-Que tem forma de lira. 10-Jornada; Alcançar. 11-Espécie depalmeira do Brasil; Acasalei; Superintendi. 12-Joga; Dirigir;Composição da preposição a e do pronome demonstrativo o.13-Substância escura com que os Orientais esfregam assobrancelhas e as pálpebras; Dizer, em voz alta. 14-Desprenderda fivela. 15-Aceitara; Separar.

62 TempoLivre | DEZ 2011

62_PASSAT:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:21 Page 74

Page 75: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 76: Tempo Livre Dezembro 2011

BOOKSMILE

O DIÁRIO DE UM BANANA

5: A VERDADE NUA E CRUA

Jeff Kinney

Greg não pode contar com

Rowley, com quem se

zangou no verão. Por isso vai

ter de

enfrentar

sozinho as

borbulhas, as

paixonetas,

as reuniões

familiares e muitos outros

desafios da vida!

BERTRAND EDITORA

O TERCEIRO GÉMEO

Unidos pelo sangue,

separados pelo crime

Ken Follett

Recorrendo ao banco de

dados do FBI, a cientista

Jeannie descobre que dois

homens aparentemente

gémeos nasceram de mães

distintas, em

dias

diferentes e

hospitais

distantes. Um

deles, Steve,

é estudante de Direito,

enquanto Dennis é um

assassino condenado. Que

segredo terá ela

desvendado? Poderá confiar

no seu mentor, ou terá de

pôr a sua vida nas mãos de

Steve, o gémeo por quem se

apaixona?

ECOS DO PASSADO

Três gerações de mulheres

numa comovente história de

amor.

Danielle Steel

Em plena guerra mundial,

uma história

de amor e

guerra, de

gestos de

lealdade e de

traição de

mulheres cujos percursos de

sobrevivência e luto estão

ligados por uma indomável

devoção que atravessa o

tempo.

CLUBE DO AUTOR

LONGE É UM BOM LUGAR

(o resto são histórias)

Mário Zambujal

Pelo ritmo vivo da prosa em

que avultam surpresas,

humor e a reflexão sobre

comportamentos e

situações, o autor apresenta

um romance

que integra

pequenas

ficções,

originalmente

publicadas

na “Tempo Livre”.

TERRA ABENÇOADA

Pearl S. Buck

No reinado do

último

imperador da

China, uma

criada casa

com um

homem humilde. Juntos dão

início a uma família e

encetam uma viagem épica,

envolvente e inesquecível. A

obra do Nobel da literatura

de 1938 recebeu o prémio

Pulitzer.

EDIÇÕES COLIBRI

A NARRATIVA NO

MOVIMENTO NEO-REALISTA

As Vozes Sociais e os

Universos da Ficção

Vítor Viçoso

Este estudo é uma

problematização da função

estético-

ideológica do

Neo-

Realismo,

num contexto

sociocultural

e político específico. Um

importante contributo para a

história das décadas de 30 a

70 do século XX.

O HOMEM DAS VIOLETAS

ROXAS

Carmo Miranda Machado

Um romance que confronta

personagens

de alma

límpida mas

cuja vida foi

entupida pela

tristeza, entre

elas: um curador de almas,

uma mulher em busca da

sua identidade e uma velha

enlouquecida por segredos e

mistérios esquivos, próprios

das mulheres que não foram

amadas.

MANUEL TEIXEIRA GOMES

les morts vont vite (novela)

Graça Maia

Partindo da derradeira

entrevista ao antigo

presidente da República,

uma série de peripécias

decorrem num tempo-

espaço imaginário e figuras

saídas dos anais da oposição

à ditadura representam os

seus papéis no dia da morte

de Teixeira Gomes.

EDIÇÕES ECOPY

GERAÇÃO REJEITADA

Entre Angola e Portugal

1950/1980

António Serra Correia

Um romance que partilha as

vivências de uma família que

partiu para Luanda em 1950.

Baseado em acontecimentos

verídicos é um testemunho

relevante para a História de

Portugal do século XX.

EDIÇÕES MINERVA

PINTURA COM PALAVRAS

Delmar Domingos de

Carvalho

Poesia que

percorre com

musicalidade

sentimentos e

emoções do

autor em

vários contextos da vida.

EDITORIAL PRESENÇA

OS IMPERFECCIONISTAS

Tom Rachman

Em Roma, num jornal de

língua inglesa várias

personagens desfilam, mas à

medida que a era digital se

sobrepõe à

imprensa

tradicional a

história do

jornal é

revelada e as

ClubeTempoLivre > Novos livros

64 TempoLivre | DEZ 2011

64e65_NL:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:23 Page 76

Page 77: Tempo Livre Dezembro 2011

intenções do seu fundador

surpreendem!

BELOS E MALDITOS

F. Scott Fitzgerald,

Anthony Patch e Gloria

Gilbert vivem sob a

atmosfera frenética, luxuosa

e extravagante, mas o amor e

o casamento destes dois

jovens «deuses» vai-se

deteriorando lentamente até

à catástrofe final. A obra

publicado em 1922 retrata a

«idade do jazz».

DIVERTE-TE A COZINHAR

Fanny Letournel

cozinha para

crianças,

com receitas

deliciosas

fáceis de

preparar e

uma apresentação repleta de

cor.

A BELA ADORMECIDA

Louise Rowe

Baseado no conto

Dornröschen

dos Irmãos

Grimm, esta

versão nova

do conto

tradicional inclui Pop-Ups e

ilustrações que saltam à

vista.

VAMOS A UMA FESTA!

Jeanne Willis

Descobre no

livro o fato

de fantasia

que cada

animal está

a usar. No final há uma

grande surpresa…

EDIUM EDITORES

ANGOLA - YA MUXIMA

UAMIÉ: DO TEJO AO

KWANZA

José Carlos Moutinho

História de um criança que

parte sozinha ao encontro

dos irmãos em

Angola. Entre

aventuras e

desventuras

conquista a

maturidade e parte à

descoberta de recantos,

cheiros e sabores cujo brilho

nem o pôr-do-sol na Baía de

Luanda desvanece. Um

romance que realça a paixão

por Angola.

DG EDIÇÕES

A RETIRADA DE GUILEJE

22 Maio 1973 - A verdade dos

Factos

Alexandre Coutinho e Lima

A obra recorda o flagelo de

Guileje (Guiné) e o êxito da

retirada, em coluna apeada,

que valeu ao autor a prisão e

a instauração de um Auto de

Corpo de Delito,

amnistiado pela

Junta de

Salvação

Nacional.

EUROPA AMÉRICA

OS TRÊS MOSQUETEIROS

Alexandre Dumas

Personagens

reais e

imaginárias

são colocadas

no panteão

dos imortais.

A acção desenrola-se à volta

de Luís XIII, do temível

cardeal Richelieu, Ana de

Áustria e das aventuras de

D’ Artagnan, Athos, Porthos,

Aramis e Milady.

Uma trama do século XVII

que conquistou gerações de

leitores.

OFICINA DO LIVRO

MEMÓRIAS DA VIDA A DA

RÁDIO DOS AFECTOS

António Sala

Um livro de memórias de

quem soube

fazer da rádio

“uma rádio de

afectos”.

História de

uma vida que

extravasa para campos como

a televisão, os espectáculos

e as fantásticas aventuras e

viagens pelo mundo.

“UPS! JÁ FIZ ASNEIRA

OUTRA VEZ”

Nuno Amado

Uma equipa de

investigadores composta por

economistas, psicólogos,

biólogos e neurologistas

procura

entender

quais são os

nossos erros

mais comuns

e porque os

cometemos. Um livro que

ajuda a conhecer a nossa

natureza.

PAULUS EDITORA

A MINHA PARÓQUIA DE

PAPEL

José Carlos Nunes

Reflexões do Pe. José Carlos

intimamente

ligadas à sua

experiência de

fé, família,

Igreja e

sacerdócio. A

obra procura incorporar o

espírito da missão paulista e

ajudar o leitor a encontrar o

seu percurso de Paz.

LITURGIA - MYSTERIUM

SALUTIS

Guido Marini

Sobre o “espírito” da liturgia,

a obra explica

o significado

da adoração

eucarística e

de acções

reintroduzidas

por Bento XVI,

como a cruz no altar e a

comunhão de joelhos.

OS 7 MAIORES TESOUROS

Rita Vilela

De

forma

divertida

o livro

ajuda a

criança a reflectir sobre os

problemas do universo e a

sua relação com os outros.

Inclui ficha com questões

para promover a

comunicação.

Glória Lambelho

DEZ 2011 | TempoLivre 65

64e65_NL:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:23 Page 77

Page 78: Tempo Livre Dezembro 2011

ClubeTempoLivre > Cartaz

COIMBRA

Música:

Dia 7 às 21h30 – Concerto na

Igreja da Sé Nova, em

Coimbra; dia 10 às 15h -

Aniversário da Associação

Cultural e Recreativa de

Coimbra; dia 11 às 15h -

Encontro de Bandas em Vila

Nova de Poiares; dia 18 às

15h30 - Concerto de Natal da

Filarmónica Boa Vontade

Lorvanense na Igreja do

Mosteiro de Santa Maria de

Lorvão; dia 23 às 21h30 -

Concerto de Natal da

Filarmónica União Taveirense

em Taveiro.

ÉVORA

Concerto:

Dia 8 às 17h00 – Coral na

Praça do Giraldo e salão

Nobre da Fundação Inatel

VISEU

Musica:

Dia 7 às 20h30 - Serenata à

Padroeira Senhora da

Conceição pela Tuna Regional

Orgens em Monte Salvado;

dia 17 às 21h - Cantares de

Natal na Igreja da

Misericórdia de Mangualde;

dia 31 - Passagem do Ano

em Pindelo Silgueiros.

66_Cartaz:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:25 Page 78

Page 79: Tempo Livre Dezembro 2011

Para trás ficou finalmente a noite: ficou o negru-me de breu rasgado pelas descargas eléctricasdos castelos de nuvens entrechocando-se e peloribombar do trovão, pelo rolar dos ventos a la -

vrarem o mar e pelo uivo constante das sirenes em vãsmissões de socorro. Que silêncio não houve na noite,para além das fronteiras do meu cérebro insone, masparalisado, onde, inútil e engelhado, jazia o rol das com-pras do Mário Benedetti.

Ainda de uma obstinada lividez assustadora nas pri-meiras horas da manhã, a página em branco no monitorexerce sobre os meus olhos cansados o mesmo efeitomagnético de um gigantesco íman sobre um ínfimo grãode limalha de ferro. Seria, certamente, fácil cobri-la,signo a signo, de belas palavras, talvez em fonte gótica,colorida, que, ordeiramente, acabassem por constituirum texto, pois que, como outros mais sábios afirmam,“escrever é fácil. Tudo o que temos de fazer é ficarmossentados de olhos fixos numa folha de papel branco atése nos formarem gotas de sangue na testa”2. Ou então,“sentarmo-nos diante de uma máquina de escrever eabrirmos uma veia”3. Um pouco drástico, convenhamos,mas não devemos esquecer que “escrever é uma formasocialmente aceitável de esquizofrenia”, aceitação quepode conferir-nos consideráveis vantagens, eviden -temente.

Outro processo fácil de preencher a página em brancoseria aquele que normalmente designamos por PLÁGIO,mas a que o seu confesso praticante Uniek Swain insisteem considerar “reciclar palavras, como qualquer bomescritor ecologista consciente deve fazer” e que JeanGiraudoux Giraud4 diz ser “a base de todas as literaturas,excepto da primeira, que, de resto, é desconhecida”. Como sentido de acção do PLAGIÁRIO, roubo literário, cópia,imitação, do latim PLAGIARIUS, aquele que rouba osescravos de outrem, do grego PLAGIOS, oblíquo, velhaco,não é uma prática habitualmente premiada.

A minha opção pessoal para preencher páginas embranco sem o sofrimento inerente ao acto da criação seriauma forma de plágio legal, em cuja prática me inicieiquando ainda não sabia o que eram escritores, ou direi-tos de autor ou plágios: uma simples cópia de um textoda velha Literatura da minha mãe, considerado digno doesforço de um exercício de caligrafia sem borrões (quasesempre ultra-romântico ou conceptista) oferecido a umaou mais pessoas consideradas digna de partilhar comigodo prazer da sua leitura. Vantagem adicional seria osLeitores lerem sempre o texto que eu tivesse gostado dar-lhes a ler, e eu não exclamar frustrada, como agora, ao leragora a última linha que escrevi:

- Mas… Quem escreveu isto, se não era isto o que euqueria escrever! Onde está a notícia que iria ressuscitarnos Leitores a esperança de que ainda nem tudo está per-dido, porque ainda existe no mundo um país, o longín-quo Butão de paisagens paradisíacas e eterna tranquili-dade interior, cujo progresso se não mede pelo PIB, peloProduto Interno Bruto, mas sim pelo FIB, o Produto daFelicidade Interna Bruta?

Na verdade, é bem sabido de todos que o texto dapágina em branco se escreve, ou pelo menos se organiza,a si próprio. Não fora assim, nem o Mario Benedettipodia ter ido dormir confiadamente a sesta, como se esti-vesse no próprio Butão, na certeza de que, quando des-pertasse, teria um belo poema para assinar.

Feliz Natal 2011, Senhoras e Senhores Leitores. n

1 Poeta uruguaio (1920-2009)2 Gene Fowler (1890-1960)3 E. L.Doctorow poeta americano (1931- )4 Dramaturgo francês (1882-1944)

Da escrita, do plágio e do PFIBDesci ao mercado / e trouxe / tomates jornais aguaceiros / endívias e invídias / gambas garupas e améns / farinha

monossílabos xerez / instantâneos espirros arroz / alcachofras e gritos / raríssimos silêncios // página em branco / aquite deixo tudo / faz o que quiseres / despacha-te / ou pelo menos organiza-te // eu vou fazer uma sesta / oxalá me des-pertes / com algo de original / e sugestivo / para eu assinar // Mario Benedetti1, Página en Blanco

O Tempo e as palavras

Maria Alice Vila Fabião

DEZ 2011 | TempoLivre 67

67a70_231:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:27 Page 79

Page 80: Tempo Livre Dezembro 2011

Amanhece e dormito no carro. Dormitoe acordo sobressaltado, olho as horas,tão cedo ou tão tarde, conforme as cir-cunstâncias. Perdi as chaves de casa,

a do prédio e a do apartamento, falta-me coragempara despertar Matilde premindo o botão da cam-painha. Tanto mais que a nossa relação esfrioudesde que deixei de ter graça.

Nenhuma outra razão incitou Matilde a viver-mos em comum, apenas o meu aplaudido talen-to para produzir piadas. É do que vivo. Tornei-mefamoso com as crónicas satíricas na revista "Upa,Upa!" e, sobretudo, pelas séries cómicas que, anoapós ano, produzo para televisões. O meu nome,Guilherme Macário, tornou-se um símbolo doriso nacional.

Quando sugeri a Matilde a possibilidade dejuntarmos os trapos, ela pensou que era piada.Quase sufocou de riso. Só o ímpeto de a beijar naboca percebeu que era a sério, apesar da graçados meus lábios pintados com o baton dela.Juntámo-nos, então, a partilhar o apartamento darisonha Matilde e cedo lhe percebi a expectativade que os nossos dias e noites seriam uma pân-dega. Não tanto mas, de facto, eu era um fomen-tador de risadas, no domicilio e em todos oslugares que frequentava. Os gracejos saíam - mecom a naturalidade da própria respiração eMatilde amava-me exclusivamente por essa vir-tude. No bar os meus amigos rebolavam a rir-semal eu dizia boa noite e era só o começo.

Chegou o dia em que embatuquei diante docomputador, incapaz de parir um texto com ohumor que me deu fama. E quando entreguei umguião de comédia ao director da televisão, eleleu-o com expressão facial de velório e foi franco:"Que se passa consigo? Isto não tem graça ne -nhuma!"

A vida de um humorista profissional é maisdura do que se pensa e eu tinha a obrigaçãosuplementar de divertir Matilde. Ia tentando,mas com fracos ou nulos resultados. A custo lhearrancava um pálido sorriso.

Tombei na descrença de mim próprio mas nãofaltei ao compromisso de chalacear num curso decandidatos a pensadores engraçados. A entradana sala não podia ser mais encorajante mas, emsimultâneo, assustadora.

Com palmas e risos me saudaram os catorzepotenciais humoristas e optei pela defesa: "Nãovenho exibir-me. Estou aqui para que vocês mefaçam rir". A resposta foi um coro de gargalhadase uma morenaça de calções, pernas robustas, deseu nome Zénia, meteu a colherada: "Gostava desaber se o grande Guilherme Macário é casado".E eu, sincero: "Mais ou menos". Retrucou ela, deimediato: "Quando for menos avise-me".

Durante os cinquenta minutos, a mocetonasurpreendeu-me com chistes e histórias de enor-me comicidade. Animado portei-me à altura e, nofinal, felicitei-me por receber um bilhetinho como número de telefone dela. Retribui com o meucartão de visita - Guilherme Macário, humorista,morada, contactos. Nesse momento, assaltou-mea sensação estimulante de ter encontrado ali amusa inspiradora. Aquele humor impetuosopoderia espevitar o meu, ultimamente tão fugidio.

Ontem liguei:" Zénia, podemos conversar umpouco?" - "Um pouco acho pouco", disse ela e nãoperdeu tempo a ditar o endereço. Disse mais:"Prometa que não me fará rir muito. O riso exci-ta-me, perturba-me, impele-me a namorar.Também acontece contigo?" Encolhi os ombros erespondi em conformidade: "Nunca notei".

O que notei, nesse intrigante passo, foi umabrusca rouquidão sensual nas três palavras queela proferiu: "Mas vai notar".

Eram as quatro da madrugada quando saí dacasa de Zénia. Um serão animado. Tivemostempo para tudo, inclusive para rir.

A má surpresa foi quando cheguei à porta decasa onde Matilde dormia a sono solto ou, quemsabe, me esperava fula pela demora. Dei pelafalta das chaves. Remexi nos bolsos, pesquiseiem todos os recantos do carro. Nada. Afligiu-mea suspeita de me terem caído no quarto de Zénia

O humorista

68 TempoLivre | DEZ 2011 ANDRÉ LETRIA

Os contos do

67a70_231:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:27 Page 80

Page 81: Tempo Livre Dezembro 2011

quando me livrei das calças. "Tenho de lhe tele-fonar", pensei, mas demorei o impulso. Já estariaafundada num sono mais pesado pela exaustão.Três minutos depois sacudi a cerimónia e mar-quei o número. "Zénia?". A resposta foi um res-mungo sonolento e indecifrável. Avancei:"Desculpa, perdi as minhas chaves, suponho queas deixei aí. Importas-te de procurar?". Um poucomais desperta, respondeu agressiva: "Isso é umapiada?". Garanti a seriedade e a importância doproblema e ela disse, bocejando: "Espera."Demorou pouco até despachar-me: "Não vejonada. Mas estou morta de sono, não consigo darpasso. Amanhã vejo melhor". E desligou.

Continuo no carro, dormitando e acordando,desde as quatro e meia da madrugada. Esperopelas oito. É a hora a que Matilde sai para oemprego, dir-lhe-ei que acabou tarde um debatesobre a importância do riso nas sociedades emcrise, seguindo-se a aflição de não encontrar aschaves.

Estou meio adormecido quando alguém batecom as nós dos dedos no vidro do carro. ÉMatilde e levanto-me num salto. Preparo-me paracontar a história do debate e da horrível situaçãoque é perder as chaves de casa, mas ela corta-meo discurso:

- Estúpido! Deixaste as chaves dentro do fri-

gorífico, finalmente fizeste-me rir.Ela ia retirar as malditas chaves da mala mas

eu senti a urgência de um café e tomei-lhe obraço encaminhando-a para a pastelaria em fren-te. Vou recomeçar a trapaça do debate quandosinto duas mãos firmes pressionando-me osombros. Volto-me e encaro com Zénia. Risonha,agita um molho de chaves e diz:

- Aqui tens. Estavam debaixo da cama.A minha angústia saltita entre as duas mulhe-

res e ouço-me num protesto gemido- Que disparate! Já encontrei as que tinha per-

dido, essas sei lá de quem são! O olhar feroz de Matilde dizia quase tudo.

Disse o resto em palavras secas:- Tem graça. Agora é que perdeste definitiva-

mente as chaves da minha casa. Não voltes.

Dispara em retirada e o meu cérebro fervilhana procura de solução para o problema novo.Acho que encontrei:

- Boas notícias, Zénia. Hoje vou dormir a tuacasa.

Ela solta um risinho animador, como se eutivesse dito uma boa piada, mas rematou:

Impossível, Macário. O meu namorado regres-sa hoje da Nova Zelândia, Que bom, ele temimensa graça. n

DEZ 2011 | TempoLivre 69

67a70_231:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:27 Page 81

Page 82: Tempo Livre Dezembro 2011

Omeu piano veio de Pinhel para Lisboa - começoda sua carreira na família. Era da madrinha daminha mulher, uma professora da instruçãoprimária, a qual, segundo os indígenas locais,

não era séria pois tomava banho todos os dias. Ele vinhacom o nome na tampa (K.Bord - Paris), mas era um pianovertical e pobre pois tinha o cepo em madeira. Penso quedeveria ter sido adquirido nas últimas décadas de 1800, ouem França ou em Inglaterra, mas não tenho a certeza nemtal é importante.

De início liguei-lhe pouco, principalmente por falta detempo. Mas depois até me apaixonei e, sempre que podia,tocava, ou melhor, pouco tocava, mas carregava em muitasteclas e, ao longo de décadas, ia sempre parar aoSummertime.

A minha mulher (que hoje desconfio tinha ouvido quaseabsoluto, pois conseguia tocar num tom e cantar noutro,para nos afligir e divertir ao mesmo tampo) lastimava, comfrequência, que o K.Bord estivesse sempre meio-tom baixo.

Num chuvoso sábado de Inverno, decidi ser corajoso etrabalhador. Arranjei a língua de gato, as agulhas espetadasnuma rolha, a chave de afinação e a paciência guardada dosdias anteriores. Lá afinei as cordas, lá piquei os feltros dosmartelos, lá os limpei e mais aos amortecedores com a lín-gua de gato, tornando-os mais macios e diminuindo o somaguitarrado, Quando o jantar foi para a mesa, a tarefa esta-va completada e a minha mulher foi experimentar. Deuumas pianadas e ficou toda contente: o pobre aguentara aafinação, mas eu reparei que ele olhava de lado para a con-certista sem muita alegria.

O bom e o bonito foi nos dias seguintes: o K.Bord tinhabaixado meio-tom outra vez. Não valia a pena insistir. Comalma de madeira ninguém consegue fazer-se ouvir no tomcerto. É uma verdade sabida há muito. Infelizmente há

muita gente meio-tom baixo. E assim ficou para sempre. Era"afinado" mas meio-tom baixo. Uma condescendência quefazemos também a muita gente a quem ouvimos e com quesacrifício!

Então, o pobre piano vertical com alma de madeira,começou com alguns estudos, com o Czerny, commilhões de escalas, com sonatinas e, já na meia-idade,atacou o Concerto para piano e orquestra, em lá menor, deGrieg,

Pouco depois, começou o K.Bord a fazer a segunda recru-ta com a filha mais velha. Às vezes tinha a sensação que elejá sabia de cor o Czerny e os estudos de Bach. Mas estaquase certeza desvaneceu-se quando ele iniciou a terceirarecruta, quatro anos mais tarde, com a filha mais nova. Elesabia mesmo as lições, sem necessidade de intérprete nemda partitura.

Pois o nosso K.Bord vertical com alma de madeira,mudou três vezes de casa. E depois de passar por umazona de muito encanto e turismo, perto de Sintra (masnão muito amor), admitiu residir na zona da Alameda - enão explico melhor de que alameda se trata, pois nãodesejo que qualquer pessoa lá vá tocar sem ele previa-mente a conhecer, bem como a sua ligação e afinidadescom a família.

Há uns meses fui lá a casa vê-lo e conhecer as dificul-dades que houve em o colocar naquele 7.º andar. Estavamais velho, com mais rugas no verniz, o nome mais sumi-do e bem mais desafinado que habitualmente. Quandoabri a tampa, ele produziu uns pequenos estalos (talvezda humidade na madeira). Quando a minha filha saiu dasala, cumprimentei-o: "Então, rapaz, como te tens dadosem mim?!", referia-me evidentemente a nunca mais lheter mexido na afinação. Nem um estalinho da madeira,como resposta. Mas eu estava a ouvi-lo; estava a tocarpara mim o Concerto de Grieg, que era o que ele sabiamelhor. Estava a ser bem tocado, mas meio-tom baixo,para tristeza dos dois. Terminou. Depois de um pequenosilêncio, pedi-lhe para tocar aquele bourreé de Bach quenunca consegui levar capaz e decentemente até ao fim.Ficou silencioso. Isto queria dizer que estava velho, muitovelho e que por isso já não se lembrava. Senti, como nosprimeiros tempos, a sua alma, a qual, apesar de madeira,era tão digna e apta como qualquer outra…desde que esti-vesse meio-tom baixo.

Fiquei na sala sentado a olhar para ele… e ele por certopara mim. Recordei cenas em que ele participou activa-mente, como intérprete principal e senti saudades dessestempos e dessas pessoas. Duas meninas irromperam acorrer pela sala a rir e aos gritinhos, transformando-se, numrepente, em mulheres sérias e adultas. Ainda lhes disse:"Cumprimentem o piano", mas não me ouviram. n

A pianíssimaviagem

Crónica

Álvaro BeloMarques

70 TempoLivre | DEZ 2011

67a70_231:sumario 154_novo.qxd 23-11-2011 11:27 Page 82

Page 83: Tempo Livre Dezembro 2011
Page 84: Tempo Livre Dezembro 2011