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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

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Tema – Mercado de Derivativos

Projeto Pós-graduação

Curso MBA em Administração e Finanças

Disciplina Mercado Financeiro Nacional e Internacional

Tema Mercado de Derivativos

Professor Marcos Antonio Koteski

Introdução

Olá! Você está prestes a iniciar o estudo do tema “Mercado de

Derivativos”. Porém, antes de começar a leitura, acompanhe o vídeo de

introdução com o professor Marcos Antonio, em que ele apresenta os

conteúdos a serem abordados, bem como seus objetivos. Bons estudos!

(Vídeo disponível no material on-line)

Problematização

A empresa Agrijoão, de propriedade do Sr. João das Couves, está

iniciando seus negócios no mundo globalizado e resolveu alçar voos mais

ambiciosos no mundo das commodities. Seu João sempre contou com a

ajuda de pessoas “estudadas” para auxiliar nos seus negócios, embora a última

palavra sempre seja dele.

Para “mergulhar mais a fundo”, João contratou um especialista do

mercado de agronegócios para lhe orientar quanto à aquisição de “contratos

futuros”. Isso porque nos últimos anos, por conta das intempéries da natureza e

da péssima logística da região (transporte e armazéns para guarda dos

produtos), os lucros auferidos foram “minguados” e “deu apenas pra pagá o

fumo”, como se usa dizer no meio rural.

O especialista em mercados futuros e agronegócios orientou João das

Couves a adquirir contratos futuros de compra de produtos, vencíveis em 6

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meses, e assim garantir o recebimento do produto, independente das

intempéries e custos de logística. Assim ele poderia dar continuidade aos seus

negócios. Seu João foi convencido...

Ocorre que os contratos que seu João irá adquirir, só podem ser

liquidados no momento do vencimento e no mundo globalizado de negócios

futuros e commodities, todo o valor transacionado está ligado ao dólar. Ou seja,

está exposto às oscilações da moeda americana.

Aí que “o bicho pegou”! Seu João, embora pessoa de poucos estudos,

logo percebeu que poderia estar entrando em uma “canoa furada”, pois seus

negócios são atrelados ao real e sua empresa estaria adquirindo dívidas

futuras em dólar.

Hummmm... E se o dólar disparar? Se ele adquire hoje, por exemplo,

contratos para pagamento no futuro no valor de U$ 100.000,00 com o dólar

valendo R$ 2,00, sua dívida hoje seria de R$ 200.000,00. Se o dólar passar a

valer R$ 3,00, sua dívida irá para R$ 300.000,00, mas se o dólar, ao contrário,

cair para R$ 1,00, sua dívida será de R 100.000,00?

O que fazer?

a. Se a empresa Agrijoão estiver capitalizada e com recursos sobrando

para quitar a dívida, aplicar no mercado financeiro em títulos do Governo

Federal (lembre que a dívida só poderá ser paga em 6 meses).

b. Comprar moeda americana em espécie e “guardar na empresa”.

c. Fazer uma operação de hedge e outra de swap.

Origens e definições

(Vídeo disponível no material on-line)

O processo de internacionalização e globalização dos mercados

financeiros teve início com o crescimento do próprio comércio e do

investimento externo direto. Essa internacionalização dos mercados introduziu

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novos riscos aos aplicadores e, com o intuito de minimizá-los, houve a

proliferação dos chamados “derivativos”. Tal processo inovador gerou grande

crescimento no fluxo internacional de capitais, na proporção do volume de

transações internacionais com títulos e nas ações em relação ao PIB nos EUA,

que passou de 4% em 1975 para perto de 95% em 1995 (VASCONCELLOS et

al.,1999, p. 345).

No Brasil, e em especial nas atividades agropecuárias, os mercados de

derivativos tiveram início a partir da década de 90, com a criação dos fundos de

commodities, na busca de alternativas e novas formas de financiamento.

Commodities, em inglês, significa mercadoria (alguns autores dizem

também que o termo provém de algo “comum”), sendo um termo utilizado para

produtos em estado bruto, in-natura ou matéria-prima, que apresentam grau

mínimo de industrialização. São exemplos de commodities os produtos

agrícolas (café, trigo e soja), produtos minerais (ouro e petróleo), recursos

energéticos (energia elétrica) e produtos financeiros (dólar, euro e real).

Porém sua abrangência no mercado de derivativos excede em muito a

agropecuária. A partir da década de 1970, o Brasil recebeu um montante

elevado de capital e de investimentos externos. A busca de mercados

emergentes por parte dos capitais multinacionais exigiu que se criassem, por

parte dos envolvidos, formas mais eficientes de financiamentos e,

principalmente, de proteção contra alterações nas paridades das moedas

envolvidas.

O mundo financeiro tornou-se um campo propício para novos produtos

com as respectivas soluções. O capital passou a fluir de forma rápida e

eficiente, procurando o melhor retorno e o menor risco (KOTESKI, 2001).

Nesse contexto, presenciou-se o desenvolvimento de diferentes

engenharias financeiras; surgiram, também, os primeiros instrumentos de

derivativos.

É difícil definir derivativos. A experiência indica-nos que, sempre que

encontramos várias definições de um mesmo termo, é porque nenhuma delas é

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eficiente ou não atende ao objetivo de se compreender a ideia por trás desse

termo. Procurando dar abrangência a seu sentido e colocando-o de forma

clara, podemos dizer que os derivativos são contratos firmados entre as

partes, com o objetivo de trocar o valor, e somente o valor, de ativos, índices

ou até mesmo commodities (SILVA NETO, 1999, p. 17).

O Global Derivatives Study Group – GDSG – em seu trabalho intitulado

Derivatives: 10 practices and principles, publicado em 2003, ressalta que:

“apesar da concepção sob a qual os derivativos se baseiam serem simples, eles são flexíveis e poderosos: uma contraparte exposta a um risco indesejado pode transferir este a outra contraparte, assumindo assim um risco diferente do original, ou pagando para se livrar daquele risco. Por exemplo, em um swap em que as partes têm riscos recíprocos, eles podem ser reduzidos ou até eliminados pela simples troca de fluxo financeiro das operações originais. Um tomador de recursos pode, de fato, trocar o pagamento de dívidas em franco suíço por uma obrigação em dólares americanos. Um investidor pode trocar o retorno de uma cesta de ações norte-americanas por uma de ações alemãs. Um comprador de petróleo pode fixar o preço futuro deste produto em ienes japoneses ou marcos alemães, ou em qualquer outra moeda.”

O GDSG, conclui que:

“derivativo em termos gerais é um contrato bilateral ou um acordo de troca de pagamentos cujo valor deriva, como seu nome indica (derivativos), do valor de um ativo ou objeto referenciado (commodities, por exemplo) em uma taxa ou índice. Nos dias atuais, uma transação com derivativos cobre vasta gama de ativos objetos – taxas de juros, câmbio, valor de mercadorias e outros índices” (KOTESKI, 2001).

Ou seja, o derivativo presta-se para a troca de um resultado financeiro

entre preços futuros e preços presentes (SILVA NETO, 1999).

Vasconcellos et al. (1999, p. 346) cita que o mercado de derivativos é o

mercado no qual a formação de seus preços deriva dos preços do mercado à

vista. Incluem-se nos derivativos os mercados de swaps, os mercados futuros e

o mercado de opções.

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Hedge e swap

(Vídeo disponível no material on-line)

Mercado de derivativos – Swaps

Um dos primeiros derivativos oriundos de engenharias financeiras foram

os swaps. Swap é uma operação que consiste na troca dos resultados

financeiros decorrentes da aplicação de taxas ou índices sobre ativos ou

passivos, utilizados como referenciais (ANDREZO, 1999, p. 233). Ou, ainda,

são contratos de derivativos por meio dos quais as partes trocam o fluxo

financeiro de uma operação sem trocar o principal (SILVA NETO, 1999, p. 72).

Há de se considerar também, que nessas trocas surge um elemento de

vital importância: o risco. O risco de um mercado está relacionado ao risco do

negócio envolvido (preço e valor de bens, serviços, índices, commodities etc.) e

o risco é também negociado em bolsas. Ele está diretamente ligado à forma

pela qual o preço de um bem ou derivativo se comporta no dia a dia. É o que

podemos ganhar ou perder quando compramos um determinado contrato,

derivativo, ativo, pela simples mudança em seu preço e valor (KOTESKI, 2001).

Portanto, a chave para avaliar esse risco é compreender o

comportamento do mercado e sua interação com o ambiente, analisar

mudanças, identificar os componentes do mercado e como eles interagem.

Mercado de Derivativos – Hedge

Hedge, termo em inglês que significa cobertura ou proteção.

As operações de headging são, na verdade, estratégias, dentro de uma

engenharia financeira, de administração de riscos de ativos, commodities,

aplicações financeiras ou quaisquer outros produtos possuídos no presente ou

no futuro e que, por precaução, o detentor queira evitar oscilações abruptas de

preço no futuro.

Uma posição adotada de headging permite realizar um determinado

negócio com o propósito de reduzir ou eliminar o risco de outro negócio. As

operações de hedge são características dos mercados de derivativos, em

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especial os swaps, os mercados futuros e mercado de opções.

O hedge pode ser feito tanto na compra quanto na venda de um

derivativo, ou uma commodity. Tomemos como exemplo uma empresa de

torrefação de café. Ela pode “hedgear” sua posição tanto comprando o produto

in-natura, quanto vendendo contratos futuros (compromisso de entrega futura)

do produto.

Se seu estoque está pequeno, ela irá comprar contratos, para entrega

futura por parte do produtor/fornecedor, garantindo assim, no momento

presente, o preço que poderá subir no futuro. Caso ela esteja com seu estoque

completo, ela poderá vender, em momento presente, café para entrega futura,

protegendo-se (“headgeando”) de possíveis quedas do preço no futuro.

É evidente que quando se busca operações de hedge a expectativa é

sempre de ganhos. Se a empresa do exemplo acima tiver convicção de que os

preços no futuro estarão acima dos preços atuais, ela não executará a

operação de venda no presente, com preço atual, para entrega no futuro e

aceitará correr os riscos dessa oscilação. Por isso, como havia sido falado

anteriormente, a chave para avaliar o risco é entender todas as variáveis do

mercado.

Participantes

(Vídeo disponível no material on-line)

Quando uma pessoa ou empresa utiliza o mercado para se proteger de

eventuais mudanças no preço de um produto, ou para negociar o bem, é

chamado de hedger. Podemos defini-lo como detentor de contratos e o faz

para se garantir de quaisquer oscilações no preço do ativo objeto do contrato

(SILVA NETO, 1999).

O mercado de derivativos, em especial a negociação de bens no

presente para entrega futura (Mercado Futuro que veremos adiante), atraiu

agentes que começaram a formar expectativas quanto aos preços futuros.

Baseados em estudos, informações do mercado e quantidades ofertadas,

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compravam e vendiam um bem, na maioria das vezes detinham apenas o

contrato do negócio, não o possuindo fisicamente, na esperança de obter

ganhos.

A esses agentes deu-se o nome de especulador. O papel

desempenhado pelo especulador é tido por muitos como nocivo ao mercado.

Ao contrário, os especuladores contribuem para maior estabilidade de preços já

que procuram seus interesses, comprando quando os preços estão baixos e

vendendo quando estão altos (BESSADA, 1999).

Outo papel fundamental desempenhado pelo especulador é sua efetiva

contribuição para a liquidez do mercado. As atividades dos especuladores

movimentam muito as transações nos mercados de derivativos, aumentando

assim a liquidez desses mercados.

A maior liquidez oferece melhores condições a quem deseja cobrir-se

(os hedgers) para comprar ou vender rapidamente em um mercado altamente

competitivo. Outra função, também muito importante, dos especuladores é a

projeção de preços. Para obter lucros, os especuladores produzem, com a

maior precisão possível, as oscilações futuras dos preços e das taxas de juros.

Outro elemento participante do mercado de derivativos é o arbitrador. É

o elemento que assume muito pouco risco e opera em vários mercados

simultaneamente para se valer de preços distorcidos. Estabelecem preços

futuros e procuram manter a relação que há entre os preços atuais e os preços

projetados no futuro.

Normalmente, os arbitradores são grandes bancos que possuem uma

fonte de recursos baratos e grandes corporações e empresas multinacionais

que têm a facilidade de trabalhar com o produto no mercado de derivativos e

de negociá-los no mercado à vista.

Nos dias de hoje, existe ainda outra categoria significativa de

participantes desse mercado. São os market makers ou especialistas. São

normalmente bancos ou corretoras que operam sempre em determinado

mercado, investindo seu próprio capital e se especializando em determinados

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produtos e contratos.

Seus custos operacionais são reduzidos em consequência da

especialização e, geralmente, possuem a preferência em qualquer negócio. A

atuação dos market makers garante boa liquidez ao produto operado e auxilia

muito a formação do seu preço.

O mercado de derivativos explodiu na década de 80. Diariamente mais e

mais investidores utilizam-se dele para garantir preços, especular e proteger-se

da volatilidade dos mercados. Os valores e as quantidades que circulavam em

bolsas, até então o ambiente qualificado para tais operações, atingiram

patamares que a qualquer momento poderiam comprometer a confiança no

sistema.

Para resolver essa situação, decidiu-se criar uma instituição,

reconhecida pelo mercado, com o propósito de controlar e garantir as

operações feitas em bolsa.

A Câmara de Compensação, mais conhecida como Clearing House,

surgiu para compensar e liquidar os diversos contratos e posições assumidas

nas bolsas por seus participantes. Atualmente uma corretora é a garantidora

final dos seus clientes perante os outros membros do mercado, evitando assim

que contratos não sejam honrados.

Mercados futuros

(Vídeo disponível no material on-line)

Com a interação do mercado agropecuário (agribusines) com o mercado

financeiro, o mercado de derivativos e, em especial, o mercado de formação de

preços futuros, bastante incipientes na década de 1990 no setor agropecuário

brasileiro, criou-se a faculdade de transferência de risco do negócio entre os

agentes econômicos.

Isso ocorreu ao mesmo tempo em que, pelas expectativas criadas e

graças à lei da oferta e da procura, passou a influir diretamente na formação

futura dos preços nos negócios e ativos financeiros desses mercados

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(KOTESKI, 2001). Surgiram então os primeiros contratos para liquidação

futura, porém com o emitente recebendo a quantia no presente, chamado de

Mercado Futuro.

Mercados Futuros são mercados organizados de derivativos, onde

podem ser assumidos compromissos padronizados de compra ou venda de

uma determinada mercadoria, ativo financeiro ou índice econômico, para

liquidação em data futura pré-estabelecida (BESSADA, 1998).

Considera-se que as principais funções dos Mercados de Futuros são:

disseminar a administração do risco, provendo facilidades para a

geração de proteção contra as variações de preços;

facilitar a estocagem de bens, por meio do uso da diferença entre os

preços futuros e os preços à vista (base);

atuar como centro de coleta e disseminação de informações.

À medida que essas informações são plenamente refletidas em preços

correntes, esses mercados são ditos eficientes para desempenhar a função de

estabelecer preços antecipados, sendo os preços futuros interpretados como

antecipação de mercado a preços à vista nas datas de vencimento dos

contratos (KOTESKI, 2001).

Um contrato futuro permite, ainda, a realização de operações de

financiamento quando os preços futuros superam a composição dos preços à

vista com os custos de carregamento da operação, ou seja, a taxa embutida na

operação futura supera as taxas de empréstimos no mercado financeiro.

Nesse caso toma-se um empréstimo, compra-se à vista e vende-se a

futuro, ganhando a diferença de taxa de operação sobre a de empréstimo.

Situação inversa ocorre quando o preço futuro é inferior às taxas de aplicação

no mercado financeiro: nesse caso vende-se à vista, aplica-se no mercado

financeiro e compra-se futuro para recompor a posição.

Porém o conceito mais importante da formação de preços nos mercados

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futuros é o conceito de base, que é a diferença entre o preço futuro de uma

mercadoria para um determinado vencimento e o preço à vista dessa mesma

mercadoria, ativo financeiro ou índice qualquer atrelado a um bem.

A base corresponde, em valor, ao custo de se ter a posse física da

mercadoria até a data de vencimento do contrato futuro em situação normal de

mercado.

Para um contrato futuro é fundamental saber se o preço estipulado é

justo. Existem duas teorias que tentam explicar a formação do preço futuro: a

primeira é a lei da oferta e da procura e a segunda a da arbitragem. A

primeira pressupõe um mercado perfeito (equilibrado) e a segunda se vale de

preços desequilibrados, sobre os quais os arbitradores atuarão para

reestabelecer o equilíbrio.

Prático

(Vídeo disponível no material on-line)

Tomemos como exemplo uma situação muito simples que ocorre no dia

a dia para ilustrar a modelagem:

Uma empresa A de agronegócios comercializa soja industrializada e

adquire 10.000 sacas da commodity in-natura ao preço de R$ 60,00 a saca.

Querendo montar uma engenharia financeira, toma emprestado o recurso

pagando taxa de 1% a.m. O valor total a ser pago ao final de um mês será de

R$ 606.000,00.

Ao mesmo tempo contata um especulador e obtém informações de que

o produto não terá grandes oscilações de preços, porém a logística poderá

afetar o mercado. Como a empresa possui capacidade de armazenamento,

transporte e entrega, negocia junto a um market maker e a uma clearing

house a emissão de um contrato futuro com vencimento na mesma data do

seu empréstimo ao preço de R$ 610.000,00.

No mesmo dia o contrato foi adquirido por uma empresa B de óleo

vegetal (cuja matéria-prima é a soja industrializada) que optou em não correr

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riscos de paralisação do seu processo produtivo em função de outros fatores

(logística e transporte) eminentes.

Na data aprazada, a empresa de óleo vegetal B paga o contrato de R$

610.000,00 e a empresa A liquida seu empréstimo de R$ 606.000,00, tendo um

lucro de R$ 4.000,00 com a operação de mercado futuro.

Perceba que, embora bastante corriqueira, essa operação é uma

operação de derivativos: o valor do contrato derivou de uma operação de

compra e venda de uma commodity. Nesse caso a empresa B adquiriu o

contrato com a finalidade de receber o produto, em muitos casos, porém, o

contrato é liquidado sem a entrega física da mercadoria e o adquirente o

repassa para outro interessado.

Suponhamos, ainda, que a empresa A irá pagar ao produtor rural –

aquele que vendeu as sacas de soja – 5 dias após a negociação em dólar, ao

preço do dia. Na data em que realizou o empréstimo de R$ 600.000,00 a

cotação era de U$ 1 equivalente a R$ 2. Portanto a dívida da empresa era de

U$ 300.000,00.

Mas, para evitar sobressaltos da moeda americana, o financeiro da

empresa optou em fazer um hedge de forma a manter a paridade. A forma

mais simples encontrada foi adquirir a moeda americana em espécie no dia da

liberação do empréstimo e pagar o produtor rural em dólares. Perceba que

mesmo a moeda americana subindo, a empresa A continuou a dever U$

300.000,00.

Outra operação poderia ser realizada junto ao Banco onde constava a

troca da moeda brasileira pela americana, ou vice e versa, realizando assim

uma operação de swap.

Revendo a problematização

Depois de conhecer o Mercado de Derivados, suas operações mais

comuns e seus agentes, veja agora o feedback para a problematização:

a. aplicar em títulos do Governo é uma opção quando as dívidas não forem

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em outra moeda, mas quando você possui dívidas em dólar, o mais

prudente é fazer aplicações em fundos atrelados ao dólar;

b. comprar moeda americana em espécie não deixa de ser uma opção,

pois, quando vencer, a dívida liquida com esses recursos. No entanto,

não é o mais prudente: primeiro é altamente arriscado manter moedas

em espécie sob sua custódia e, segundo, se o dólar desvalorizar você

estará perdendo a chance de ganhar com a desvalorização já que você

tem em mãos uma moeda que se depreciou.

c. para esse tipo de transação, o mais prudente e indicado é realizar um

contrato de hedge (proteção) e outro de swap (troca). Senão vejamos:

ao realizar uma operação de hedge, seu João estará adquirindo outro

contrato que fará a proteção contra as oscilações da moeda, ou seja,

independente do que vier a acontecer ele estará “hedgeado” quanto

às oscilações financeiras e ainda terá a garantia do recebimento da

commodity, fruto do outro contrato;

ao realizar um terceiro contrato, de swap, seu João tem a faculdade

de fazer troca entre os índices constantes. Por exemplo, ele aplica em

CDB e faz “swap” em dólar. Se a moeda americana se desvalorizar

ele recebe o rendimento do CDB e vice e versa.

Síntese

(Vídeo disponível no material on-line)

Vimos nesse tema assuntos correlatos ao Mercado de Derivativos.

Embora bastante difundido junto às bolsas de mercadorias especializadas,

esse segmento do Mercado Financeiro ainda desperta curiosidade,

principalmente por se tratar de operações contratadas no presente, porém

mirando um horizonte futuro de preços, valores diferenciados, proteções e

trocas.

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Estudamos como tais contratos simbolizam muito bem uma proteção e

uma troca e são conhecidos como hedges e swaps. Esses dois produtos

foram discutidos nesse tema como mecanismos diferenciados para negociar as

commmodities.

Tivemos oportunidade, ainda, de discorrer sobre os “players” desse

mercado, personagens importantes para a consecução dos negócios, e, por

fim, ilustramos esse tema com um caso prático para desenvolver uma noção

mais exata do exposto.

Referências

ANDREZO, A. F. LIMA, I. S. Mercado financeiro: aspectos históricos e

conceituais. São Paulo: ed. Pioneira, 1999.

BESSADA, O. O mercado futuro e de opções. 4’ ed. Rio de Janeiro: Record,

1998.

KOTESKI, M. A. A cédula de produtor rural com liquidação financeira

(CPRF) como alternativa de financiamento para agropecuária e para

aplicação de investido. Brasília, 2001. Dissertação de Mestrado em

Economia. Universidade de Brasília – UNB.

SILVA NETO, L. Derivativos. Definições, emprego e risco. 3. ed. São Paulo:

Atlas, 1999.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GREMAUD, A. P.; TONETO JR., R. Economia

brasileira contemporânea. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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Atividades

No Mercado de Derivativos encontramos dois tipos de operações, muito 1.

comuns, denominadas Swap e Hedge. Quanto a esses dois tipos de

operações podemos afirmar:

a. Enquanto a primeira significa proteção, a segunda quer dizer troca.

b. Hedge é proteção e Swap é a operação que se troca índices ou ativos.

c. Swap significa vende lote grande de ações e Hedge proteção.

d. Enquanto o primeiro significa troca, o segundo equivale à venda de

commodities no mercado secundário.

Especulador é o elemento do Mercado de Derivativos que: 2.

a. Detém os contratos e o faz para se proteger das oscilações do mercado.

b. Contribui para maior estabilidade de preços já que procura seus

interesses comprando quando os preços estão baixos e vendendo

quando estão altos.

c. Assumem muito pouco risco e opera em vários mercados

simultaneamente para se valer de preços distorcidos. Estabelecem

preços futuros e procuram manter a relação que há entre os preços

atuais e os preços projetados no futuro.

d. São especialistas em operações de mercado de derivativos e via de

regra agem como banqueiros.

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A um tipo de operação, bastante característico do Mercado de 3.

derivativos, e que mira um horizonte futuro baseado em negócios

presentes, denomina-se Mercado Futuro. Quanto a esses mercados

podemos dizer que:

a. Mercados organizados onde podem ser assumidos compromissos

padronizados de compra ou venda de uma determinada mercadoria.

b. Mercado onde o participante paga um prêmio para ter a opção de

comprar ou vender determinado produto.

c. Mercado chamado de secundário, pois os produtos negociados nesse

ambiente já foram pré-negociados em bolsa.

d. Também conhecido como Mercado Internacional já que os produtos

negociados são taxados em moeda estrangeira.

Em relação ao Mercado de Derivativos podemos afirmar: 4.

1) No Brasil tiveram início com a atividade agropecuária e com a criação

dos fundos de commodities.

2) Em termos gerais é um acordo de troca de pagamentos cujo valor deriva

como seu nome indica do valor de um ativo ou objeto referenciado.

3) É o mercado no qual a formação de seus preços deriva dos preços do

mercado à vista.

a. As três alternativas estão corretas

b. As alternativas 1 e 2 estão erradas

c. As alternativas 1 e 3 estão corretas

d. As alternativas 2 e 3 estão corretas

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Market Makers e Clearing House: 5.

a. Enquanto o primeiro representa uma câmara de compensação no

mercado de derivativos, o segundo é o elemento que assume muito

pouco risco e opera em vários mercados ao mesmo tempo.

b. Enquanto o segundo estabelece preços futuros, o primeiro age para dar

maior estabilidade aos preços, pois agem em seus próprios interesses.

c. O primeiro representa os especialistas do mercado de derivativos e o

segundo representa a câmara de compensação.

d. Enquanto o primeiro é o player do mercado, o segundo representa a

câmara de compensação.