tema 3 psicologia b - relações indivíduos grupos

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As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afectividade, estabelecendo entre si diferentes tipos de interacção. As relações podem ser marcadas pela atracção, agressão e intimidade, estereótipos, preconceitos e conflito/cooperação. Processo de Relação entre os indivíduos e os grupos

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Page 1: Tema 3 Psicologia B - Relações indivíduos grupos

As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afectividade, estabelecendo entre si diferentes tipos de interacção. As relações podem ser marcadas pela atracção, agressão e

intimidade, estereótipos, preconceitos e conflito/cooperação.

Processo de Relação entre os indivíduos e os grupos

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Factores de atracção interpessoal

Proximidade física A proximidade física favorece o contacto social, sem o qual ninguém atrairia ou seria atraído por ninguém. Quanto mais as pessoas se virem e conviverem, mais familiares se tornam e mais laços de simpatia e de amizade estabelecem. As estatísticas mostram que as pessoas tendem a casar-se com quem vive perto delas. Também pode ocorrer o inverso: o contacto amiudado pode gerar saturação, tédio e inimizade, pelo que, quanto mais as pessoas se encontrarem, mais desejam o afastamento. Desejo de afiliação Enquanto tendência a estabelecer relações positivas com os outros, a afiliação pode explicar-se de duas formas: uma, pelo gosto que advém das vivências conjuntas, das partilhas que se fazem, das amizades que se estabelecem, etc.; outra, pela necessidade daspessoas escaparem a sentimentos indesejáveis, como sejam o medo da solidão ou angústia da rejeição. De qualquer modo, o desejo de afiliação é um dos mais sólidos suportes do grupo, estando na base da coesão e fidelidade estabelecidas entre os seus elementos.

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Beleza Especialmente entre os jovens, o aspecto físico é determinante. A boa aparência exterior é um dos principais motivos de atracção física, tendendo, por isso, a aproximarmo-nos e a gostar mais das pessoas bonitas. Normalmente associam-se às pessoas bonitas traços de personalidade positivos, em virtude do estereótipo "o belo é uma forma de bem", o que significa que "o que é belo é bom”: Se bem que não seja rigoroso, o seu conteúdo tende a ser socialmente confirmado. Talvez o tratamento diferenciado para com os mais elegantes e bonitos lhes incremente a auto estima e, desse modo, contribua para o desenvolvimento de competências e atributos socialmente valorizados.

No início da atracção entre um homem e uma mulher, a aparência física é

determinante. Posteriormente, para que a atracção se mantenha, é necessário haver

afinidades de interesses e valores.

Similaridades interpessoais O grau de atracção entre as pessoas depende do grau de semelhança das atitudes que manifestam. De facto, a nossa experiência comprova que estabelecemos mais facilmente relações positivas com as pessoas que têm opiniões, crenças, valores e pontos de vista semelhantes aos nossos. Temos tendência a aproximar-nos daqueles que têm as mesmas preferências que nós em relação a ideologias políticas, crenças religiosas, manifestações artísticas e actividades desportivas.

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Reciprocidade Temos tendência a "gostar de quem gosta de nós". Parece que estamos predispostos a assentar as escolhas pessoais na reciprocidade, sendo reconfortante constatar que há retribuição positiva daqueles por quem nutrimos afeição.

Em relação com a teoria da reciprocidade, Lott desenvolveu a teoria da troca social para explicar a atracção. Segundo este psicólogo, os objectivos dos indivíduos em interacção consistem na maximização dos "ganhos" e na minimização das "perdas".

Isto significa que os seres humanos se sentem atraídos por outros quando os "benefícios" são superiores aos "custos" e tendem a afastar-se quando o saldo "investimento-lucro" é negativo.

O conceito de troca social explica que apreciemos as pessoas que julgamos susceptíveis de nos satisfazer necessidades: basta pensar que uma pessoa nos pode elogiar, ajudar, confortar, apreciar, enaltecer qualidades, concordar connosco, reduzir o nosso medo e ansiedade, em suma, contribuir para o aumento da nossa auto-estima, para nos sentirmos atraídos por ela.

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Agressão

Geralmente, distinguem-se dois tipos de agressão quanto à intenção do sujeito: agressão hostil e instrumental.

Agressão hostil – é um tipo de agressão emocional geralmente impulsiva. É um comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de qualquer vantagem que se possa obter.

Agressão instrumental – é um tipo de agressão que visa um objectivo, que tem por fim conseguir algo independentemente do dano que possa causar.

Na agressão quanto ao alvo podemos distinguir:

Agressão directa – o comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objecto que justifica a agressão.

Agressão deslocada – o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem.

Auto-agressão – o sujeito desloca a agressão para si próprio.

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Quanto ao alvo, distingue-se:

a agressão directa - dirige-se ao objecto que justifica a agressão;

a agressão deslocada - o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem;

a agressão inibida - o sujeito não manifesta agressão para com o outro, mas dirige-a contra si próprio.

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Teorias sobre a

agressividade

Para explicar a origem da agressão, há várias teorias que procuram identificar as causas dos comportamentos agressivos.

Segundo Freud, fundador da psicanálise, a agressão teria origem numa pulsão inata, a pulsão da morte. Os comportamentos agressivos seriam explicados por uma disposição instintiva e primitiva do ser humano.

Para Lorenz, a agressividade humana estava programada geneticamente, sendo desencadeada em determinadas situações. O ser humano não teria os mecanismos reguladores da agressividade como os animais, o que explicaria as guerras.

Segundo Dollard, a agressão seria provocada pela frustração. Quando o sujeito não conseguia atingir os objectivos pretendidos, recorria à agressão.

Para Bandura, o comportamento agressivo era aprendido por observação e imitação de modelos. A criança, no seu processo de socialização, imitaria o comportamento dos pais, dos professores e dos seus pares, incluindo os comportamentos agressivos (aprendizagem social).

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A agressão explica-se pela interacção complexa de um

conjunto de factores.

Factores biológicos – Sabe-se que há hormonas e outras substâncias que, circulando no sangue, afectam o sistema nervoso activando ou inibindo a expressão da agressividade

Ambiente físico – A temperatura muito elevada propicia mais comportamentos violentos.

Factores culturais – O psicólogo Oatley defendeu, na década de 90, que as culturas mais individualistas eram mais agressivas do que as colectivistas.

Factores relativos à experiência e à história de vida de cada um.

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Intimidade e Intimidade e amoramor

As pessoas falam de amor a propósito de sentimentos que nutrem em relação a alguém por quem se sentem fortemente atraídas.

Mas há vários tipos de amor, como, por exemplo, o materno e paterno, o filial e fraternal, o romântico e apaixonado, o amor entre amigos e o de companheirismo, o amor à humanidade, o amor à pátria e o amor a Deus. Que haverá de comum em todos estes casos? Amar será a mesma coisa que gostar?

O psicólogo Zick Rubin aplicou dois questionários – “ escala de amar” e “ escala de gostar” - a centenas de estudantes que "saíam juntos”; que teriam de se pronunciar sobre os parceiros, concordando ou discordando de afirmações constantes de uma imensa lista.

A análise das respostas permitiu concluir que se trata de coisas distintas. Enquanto "gostar" exige afeição e respeito “amar" apresenta como principais parâmetros a vinculação, a preocupação e a intimidade. Vinculação. Apego ao outro. Necessidade do outro, da sua presença física e apoio emocional. Preocupação. Atenção prestada ao outro. Cuidar dele, sentindo-se responsável pelo seu bem-estar. Intimidade. Desejo de comunicação profunda e confidencial.

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AmorEmoção caracterizada por uma intensa concentração no objecto amado a que se associa forte excitação fisiológica e um desejo constante da sua presença.

Vamos centrar-nos neste tipo de amor, sentimento que alimenta a convicção de que, por si só, é condição suficiente para manter uma relação. Modelos de amor Vários psicólogos se dedicaram ao estudo científico da intimidade e do amor.

Kelley distingue três modelos de amor: o passional, em que o núcleo forte é a necessidade do outro. o pragmático, cujo centro é constituído pela confiança e tolerância. o altruísta, de que fazem parte a preocupação e o cuidado.

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Sternberg propõe a teoria triangular do amor, segundo a qual este sentimento pode ser esquematizado como um triângulo cujos vértices são ocupados por cada um dos componentes: intimidade, paixão e decisão-compromisso.A combinação destes componentes permite uma taxonomia de modelos de amor que diferem conforme se apresentam mais ou menos carregados de emoções, motivações e cognições:

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Amizade

A amizade é uma das manifestações de intimidade que envolve relações em que estão presentes, entre outros, elementos como confiança, lealdade, cooperação, etc.

As amizades variam segundo um conjunto de factores: idade, género, contexto social e características pessoais.

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Estereótipos

São crenças ou modos de pensar – construções mentais – que generalizam ou atribuem a todos os indivíduos de um grupo, características que se podem encontrar somente em alguns. Representações esquemáticas e excessivamente simplificadas da realidade social, os estereótipos, embora não necessariamente negativos têm consequências, em grande parte, prejudiciais e nocivas no que respeita às relações interindividuais.

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Com efeito, em primeiro lugar, os estereótipos inibem ou impedem que consideremos os membros dos outros grupos enquanto indivíduos. Baseados num estereótipo tendemos a tratar cada elemento do grupo como se fosse a reprodução individual exacta das características do grupo, tenha ou não essas características.

Em segundo lugar, os estereótipos limitam excessivamente as nossas expectativas quanto às atitudes e comportamentos dos membros do grupo estereotipado. Assim, se por exemplo, julgamos que é próprio das mulheres serem meigas, sensíveis, compreensíveis, fracas e mais solidárias do que competitivas poderemos reagir ridicularizando, censurando ou considerando como fugindo à regra mulheres que manifestem capacidade competitiva, agressividade, força, ambição e contenção emocional.

Estereótipos

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Os preconceitos são atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais.

Nos preconceitos predominam a função socio-afectiva, assumindo, frequentemente, posições radicais contra grupos sociais.

Na sua expressão mais activa, podem conduzir a actos de discriminação.

A discriminação é o comportamento que decorre do preconceito (que é uma atitude e não um comportamento).

No limite, pode conduzir à eliminação física do objecto da discriminação.

Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta: racial, sexista, religioso, étnico, etc.

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Preconceito - é um conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou razoável. Em psicologia social, designa uma atitude que deriva de pré-julgamentos e que conduz os sujeitos a avaliarem, na maior parte das vezes de forma negativa, pessoas ou grupos sociais, comportamentos que conduzem à discriminação, à segregação.

No plano cognitivo, o preconceito está ligado a expectativas segundo as quais o grupo em causa agirá mal no trabalho ou adoptará comportamentos criminosos.

No plano afectivo, o preconceito está associado à evitação. à agressividade, à discriminação.

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O conflito é uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis.

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O conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes.

Actualmente, a psicologia encara o conflito numa perspectiva positiva, contrariando a perspectiva pessimista e negativa que dominava.

A vivência e a ultrapassagem dos conflitos correspondem a processos de desenvolvimento pessoal e grupal. Depois de ultrapassados, favorecem respostas mais adaptadas.

Sem omitir os aspectos negativos, actualmente considera-se o conflito como um factor de mudança e desenvolvimento social.

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Pode-se definir a cooperação como a acção conjunta que implica a colaboração dos envolvidos para se atingir um objectivo comum.

A cooperação, a mediação e a negociação são meios a que se recorre para se ultrapassarem conflitos.