tectónica na nossa região

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Escola Secundária do Forte da Casa 2011/2012 Trabalho realizado por: -Luís Samouco -Miguel Moutinho -Sérgio Simões

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Page 1: Tectónica   na nossa região

Escola Secundária do Forte da Casa2011/2012

Trabalho realizado por:

-Luís Samouco-Miguel Moutinho-Sérgio Simões

Page 2: Tectónica   na nossa região

A região abrangida por esta folha da Carta Geológica de Portugal insere-se maioritariamente na Bacia do Baixo Tejo, testemunhada por afloramentos de sedimentos cenozoicos entre o Paleogénico (65,5 M.a) e o Holocénico (época atual).

Excetua-se uma reduzida área da parte Noroeste da folha, onde afloram sedimentos de idade cretácica, que se integram na Bacia Lusitânica. Verifica-se a ocorrência de rochas ígneas do CVL, de idade provável Fini-cretácica, intercaladas entre os sedimentos mesozoicos (cretácicos) e cenozoicos.

Page 3: Tectónica   na nossa região

Os principais traços dessa evolução compreendem o desenvolvimento da Bacia Lusitânica em regime extensivo associado à abertura do Atlântico Norte, durante o Mesozoico, a que se seguem os eventos magmáticos de instalação do maciço intrusivo de Sintra e do CVL no final do Cretácico, ocorrendo finalmente inversão tectónica em regime compressivo associado à convergência Ibéria-África, principalmente durante o Neogénico.

Sintetizando, a Bacia Lusitânica corresponde a uma estrutura subsidente complexa, alongada na direção N-S, gerada por extensão litosférica associada à abertura do Atlântico Norte durante o Mesozoico. Desenvolveu-se em três episódios principais de rifting, essencialmente por uma tectónica de blocos limitados por falhas, definindo grabens e demigrabens.

A geologia da área reflete a evolução geodinâmica da Bacia do Baixo tejo e da Bacia Lusitânica.

Page 4: Tectónica   na nossa região

Os episódios principais de rifting foram intervalados por períodos em que ocorreu subsidência regional, ou pelo contrário, levantamento generalizado,

destacando-se uma inconformidade regional separando as formações do Caloviano médio dos sedimentos do Oxfordiano superior. No Jurássico

Superior-Cretácico Inferior deu-se um 4º episódio de rifting, após o que terá cessado a tectónica distensiva na Bacia Lusitânica.

A transição do Cretácico Inferior ao superior é marcada por uma transgressão de origem eustática, a que se sobrepõe subsidência regional.

Nesta área e na região envolvente, os calcários com rudistas do Cenomaniano superior encontram-se limitados no topo por uma

inconformidade correspondente a uma superfície erosiva subaérea. Esta superfície de inconformidade está coberta por rochas basálticas e piroclastos

do CVL.

Page 5: Tectónica   na nossa região

Posteriormente à instalação do CVL depositaram-se os sedimentos detríticos fluviais da formação de Benfica, atribuídos ao Eocénico e Oligocénico que, consoante os locais, assentam em inconformidade sobre o substrato Mesozoico ígneo ou sedimentar. Estes sedimentos foram depositados por uma drenagem pouco organizada, em leques aluviais, numa vasta área subsidente que ultrapassava os limites atuais da bacia do baixo Tejo.

A instalação das rochas ígneas alcalinas do CVL ocorreu no período inicial da tectónica Alpina na Península Ibérica, marcada por uma convergência N-S entre a Ibéria, África e a

Eurásia.

Contudo, a individualização da bacia do Tejo – Sado, onde se integra a bacia do baixo Tejo, tem sido considerada uma manifestação principal da tectónica regional paleogénica, resultando de abatimento

entre falhas por efeito de uma tração secundaria desenvolvida na dependência de uma compressão máxima orientada NE – SW, que

terá atuado no eocénico superior e oligocénico.

Page 6: Tectónica   na nossa região

Embora a bacia do baixo Tejo tenha eventualmente começado a individualizar-se no paleogénico, a escassez de evidências de tectónica desta idade, a espessura

relativamente reduzida dos sedimentos detríticos, indicam que o desenvolvimento da bacia tectónica ocorreu predominantemente depois.

A bacia do baixo Tejo corresponde, assim, a uma zona de pressão tectónica alongada grosso modo na direção NE – SW, que sofreu subsidência principalmente no decurso do miocénio. No seu interior, o conjunto sedimentar cenozoico encontra-se geralmente sub-horizontal e ligeiramente inclinado, embora se apresente perturbado junto a alguns acidentes tectónicos principais, que delimitam depocentros e introduzem complexidade na estrutura geral. É interpretada como uma bacia de ante-país gerada na dependência de um regime compressivo que desencadeou inversão tectónica da bacia Lusitânica, situada a W, em resultado da convergência do continente africano relativamente ao bloco continental ibérico.

Page 7: Tectónica   na nossa região

A zona de falha de V.F.X. está representada a NNE de lisboa, na margem direita do Tejo, por um sistema de falhas de direcção NNE – SSW afectando formações jurássicas desde Alverca ao Carregado. Corresponde a uma importante estrutura regional que se deslocou com movimentação normal no mesozoico, estabelecendo o bordo da bacia Lusitânica nesta área, delimitando, a E, o demigraben da sub- bacia de arruda. Sofreu inversão tectónica no terciário, passando a comportar-se como uma zona de falha inversa, conforme está testemunhado a N de Alhandra, onde coloca, por cavamento, calcários jurássicos, a W, sobre sedimentos miocénicos de idade serravalino a tortoriano, a E.

Prolongamento meridional da zona de falha de V.F.X.Prolongamento meridional da zona de falha de V.F.X.

Contudo, a disposição dos sedimentos terciários em monoclinal para E, que se observa de Alverca até à área oriental de Lisboa, evidência ima flexuração possivelmente na dependência de uma falha localizada em profundidade, que corresponderá ao prolongamento meridional da zona de falha V.F.X..

Page 8: Tectónica   na nossa região

As evidências do prolongamento da falha de V.F.X. para S resumem-se a dados de sondagens geotécnicas efetuadas em diversos empreendimentos realizados na área oriental

de Lisboa, onde se detetaram, junto à margem do rio Tejo, a leste do Beato e entre Cabo Ruivo - Sacavém, algumas falhas de orientação próxima de N – S, muito inclinadas, deslocando formações miocénicas com separações verticais da ordem da dezena de metros, apresentando

subida relativa do bloco este.

Page 9: Tectónica   na nossa região

O sismo do Ribatejo, em 23 de Abril de 1909, foi sentido com uma intensidade máxima de grau IX a X

nas povoações de Benavente, Samora Correia e Santo Estevão. A reduzida extensão da área macrossísmica

permite localizar a zona epicentral na margem esquerda do rio Tejo, provavelmente entre aquelas

localidades calcularam o mecanismo focal deste sismo, indicando que o evento foi gerado por uma falha

inversa orientada NE – SW.

A área correspondente à falha de Lisboa insere-se numa região com atividade sísmica importante, testemunhada pela ocorrência de alguns sismos históricos de magnitude

entre 6 e 7.

A sismicidade regional testemunha a presença de falhas ativas sismogénicas cuja localização e características são ainda mal conhecidas, particularmente na Bacia do Baixo Tejo, onde se

encontram ocultas pela cobertura sedimentar recente.

Page 10: Tectónica   na nossa região

A sismicidade instrumental mostra uma distribuição de epicentros acentuadamente difusa, observando-se, contudo, uma tenência para os sismos se localizarem a W do vale do Tejo, na região correspondente à bacia Lusitânica. Embora se desconheça a profundidade focal da maioria dos sismos ocorridos na região, os dados referentes a alguns deles indicam que está sismicidade é gerada principalmente a profundidades focais superiores a 5 Km, ou seja, em estruturas sismogénicas localizadas no soco varisco subjacente aos sedimentos mesozóicos e cenozóico aflorantes na região. Esta situação justifica, em parte, a dificuldade em correlacionar a distribuição da atividade sísmica no vale inferior ao do Tejo e na bacia Lusitânica adjacente com falhas reconhecidas à superfície, bem como o «desvio» da generalidade dos epicentros para oeste da bacia do baixo Tejo, refletindo o mergulho das principais estruturas sismogénicas nesse sentido.