tecnologias educacionais: aspectos …educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2013/7646_6015.pdf ·...

14
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS EM SALA DE AULA JARDIM, Lucas Augusto 1 - PUCPR CECÍLIO, Waléria. A. G. 2 – PUCPR Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Diante das novas metodologias educacionais a educação vem sofrendo grandes mudanças, tanto no perfil do aluno que adentra o espaço educacional atual como nas novas ferramentas que permeiam a educação. Dentre essas ferramentas auxiliadoras, as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs vêm como um meio de transformação do trabalho pedagógico do professor em sala de aula, auxiliando e ampliando novas competências e metodologias de ensino, sempre indicando que novos tempos exigem novas atitudes do meio docente frente às tecnologias aplicadas ao ensino. Com todo o advento das TICs na educação, a tecnologia, usada com sabedoria é ferramenta indispensável para o sucesso do ensino- aprendizagem. Contudo, quando usada de forma displicente não agrega valor aos conteúdos trabalhados. O presente artigo foi elaborado através de pesquisa bibliográfica de análise quantitativa, com o objetivo levantar os aspectos positivos e negativos das tecnologias educacionais inseridas no âmbito educacional a partir do viés do professor, evidenciando a absorção do conhecimento pelo aluno. A pesquisa demonstrou que as TICs em sala de aula trazem vários benefícios na aprendizagem do aluno, porém o professor que utiliza tal ferramenta deve se adequar, e se capacitar para utilização das tecnologias em sala de aula, pois uma aula com o auxílio das tecnologias sem um plano e um roteiro pode se tornar uma aula sem propósito tanto para o aluno como para o professor. Além disso, acreditamos que a pesquisa pode contribuir para que acadêmicos e docentes possam relacionar os efeitos das TICs e melhor utilizar tais métodos no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Tecnologias educacionais. TIC, Educação. Tecnologia. Introdução 1 Graduando do Curso de Licenciatura em Química pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Bolsita CAPES pelo Programa Institucional de bolsa de iniciação à docência (PIBID). E-Mail: [email protected] 2 Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná (2001) e Bacharel e Licenciada em Matemática pela Universidade Tuiuti do Paraná (1999). Professora assistente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná desde 2001. E-mail: [email protected]

Upload: trinhhanh

Post on 29-Sep-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS POSITIVOS E

NEGATIVOS EM SALA DE AULA

JARDIM, Lucas Augusto1 - PUCPR

CECÍLIO, Waléria. A. G.2 – PUCPR

Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia

Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Diante das novas metodologias educacionais a educação vem sofrendo grandes mudanças, tanto no perfil do aluno que adentra o espaço educacional atual como nas novas ferramentas que permeiam a educação. Dentre essas ferramentas auxiliadoras, as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs vêm como um meio de transformação do trabalho pedagógico do professor em sala de aula, auxiliando e ampliando novas competências e metodologias de ensino, sempre indicando que novos tempos exigem novas atitudes do meio docente frente às tecnologias aplicadas ao ensino. Com todo o advento das TICs na educação, a tecnologia, usada com sabedoria é ferramenta indispensável para o sucesso do ensino-aprendizagem. Contudo, quando usada de forma displicente não agrega valor aos conteúdos trabalhados. O presente artigo foi elaborado através de pesquisa bibliográfica de análise quantitativa, com o objetivo levantar os aspectos positivos e negativos das tecnologias educacionais inseridas no âmbito educacional a partir do viés do professor, evidenciando a absorção do conhecimento pelo aluno. A pesquisa demonstrou que as TICs em sala de aula trazem vários benefícios na aprendizagem do aluno, porém o professor que utiliza tal ferramenta deve se adequar, e se capacitar para utilização das tecnologias em sala de aula, pois uma aula com o auxílio das tecnologias sem um plano e um roteiro pode se tornar uma aula sem propósito tanto para o aluno como para o professor. Além disso, acreditamos que a pesquisa pode contribuir para que acadêmicos e docentes possam relacionar os efeitos das TICs e melhor utilizar tais métodos no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Tecnologias educacionais. TIC, Educação. Tecnologia.

Introdução

1 Graduando do Curso de Licenciatura em Química pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Bolsita CAPES pelo Programa Institucional de bolsa de iniciação à docência (PIBID). E-Mail: [email protected] 2 Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná (2001) e Bacharel e Licenciada em Matemática pela Universidade Tuiuti do Paraná (1999). Professora assistente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná desde 2001. E-mail: [email protected]

5140

A globalização é um fenômeno que possibilitou ao homem o desenvolvimento em

inúmeros aspectos, dentre estes, a evolução da tecnologia, que vem auxiliando-o, por

exemplo, na formação educacional. Os avanços tecnológicos que permeiam a educação vêm

transformar as formas de trabalho pedagógico, ampliando o surgimento de novas

competências e metodologias de ensino.

Neste contexto, é importante ressaltar que as tecnologias educacionais não substituem

o professor, mas o auxiliam em suas aulas, como o caso de materiais on-line, vídeos, jogos,

softwares, entre outros que promovem o compartilhamento de conhecimento e a autonomia

dos alunos.

Novos tempos exigem novas atitudes e reflexões frente às tecnologias aplicadas ao

ensino. Desta forma, destacam-se a necessidade de envolver o aluno na aprendizagem,

estabelecendo um sentido ao conteúdo estudado, oferecendo situações práticas de ensino-

aprendizagem que maximizam as oportunidades de reflexão. A incorporação de tecnologias

no ensino passa pela compreensão de suas potencialidades e limitações em relação às formas

de interação e construção de significados.

Partindo das concepções expostas, o presente artigo tem como objetivo apresentar

alguns aspectos positivos e negativos causados pelo uso das tecnologias em sala de aula, a fim

de contribuir para que acadêmicos e docentes possam relacionar os efeitos das TICs e melhor

utilizar tais métodos no processo de ensino-aprendizagem.

Tecnologia e Educação: Avanços na aprendizagem em sala de aula

O avanço tecnológico nas últimas décadas possibilitou o processo de criação e

inovação do conhecimento onde as TICs contribuíram de forma significativa para a ampliação

do saber da sociedade contemporânea, onde o processo do conhecimento possibilitado pelas

tecnologias contribuiu para a ampliação do saber humano - em todas as áreas científicas

(SILVA, 2010).

Diante desta realidade, cabe à escola e aos professores, buscarem novas práticas

pedagógicas, para tornar o ensino mais eficaz em sala de aula, como se refere Coutinho

(2011), onde “a escola e os seus agentes têm de mudar os métodos e técnicas de ensino e

pensar em formas eficientes e eficazes para preparar os estudantes para a sociedade do

conhecimento”.

5141

Atualmente, o paradigma do ensino está pautado na reprodução do conhecimento, na

cópia e na imitação, fazendo com que o processo pedagógico resulte em uma memorização do

conteúdo, aplicando-se tarefas que não trazem para o alunado sentido ou contextualização de

tal conteúdo.

A visão fragmentada levou os professores e os alunos a processos que se restringem à reprodução do conhecimento. As metodologias utilizadas pelos docentes têm estado assentadas na reprodução, na cópia e na imitação. A ênfase do processo pedagógico recai no produto, no resultado, na memorização do conteúdo, restringindo-se em cumprir tarefas repetitivas que, muitas vezes, não apresentam sentido ou significado para quem as realiza (BEHRENS, 2010, p.23).

Cabe aos educadores e a escola encontrar meios para auxiliar os docentes, no sentido

de construir referenciais que estruturem uma nova metodologia que venha a atender os

parâmetros exigidos pelo novo paradigma da sociedade do conhecimento (BEHRENS, 2010;

MORAN, 2009; VANDRESEN, 2011).

Segundo Moran (2009), um dos grandes desafios para o educador é ajudar a tomar a

informação significativa, a escolher os dados verdadeiramente importantes entre tantas

possibilidades, a compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda e as torná-las

parte do referencial. A utilização das tecnologias abre novas possibilidades para que

professores e alunos possam superar barreiras físicas, colocando o mundo mais acessível à

ponta dos dedos (SEABRA, 1995). Assim:

As tecnologias de comunicação não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. O professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar, a informação mais relevante. Num segundo momento, coordena o processo de apresentação dos resultados dos alunos. Depois, questiona alguns dos dados apresentados, contextualiza os resultados, os adapta à realidade dos alunos, questiona os dados apresentados. Transforma informação em conhecimento e conhecimento em saber, em vida, em sabedoria o conhecimento com ética. (MORAN, 2009, p.25).

A escola é o ponto principal para o uso das tecnologias em sala de aula, “a qual deve

estar preparada e disposta para modificar seu âmbito de aprendizagem” (PINTO, 2004, p.14),

percebendo que o alunado que está adentrando atualmente no ensino básico tem uma

“concepção de mundo mais abrangente e holística” (PINTO, 2004, p.14), assim a escola deve

se adequar para receber esses alunos de uma geração (geração essa intitulada F3) que possui

3Geração de crianças e jovens que crescem se relacionando através das redes sociais online.

5142

um grande volume de informação, pois se a sociedade sofre uma modificação intelectual, a

escola e os educadores devem estar direcionados estrategicamente para esta nova concepção,

de forma que alcance este público, fazendo com que as informações trazidas pelos alunos

transformem-se em conhecimento.

O que se tem hoje são alunos com mais acesso a tecnologia, e por isso, as escolas

devem estar preparadas para recebê-los com TICs que possam ampliar o ensejo dos mesmos

para o conhecimento. Neste âmbito, Vandresen (2011, p. 12658) esclarece que:

Crianças, adolescentes e jovens frequentam os bancos de nossas escolas e universidades. Fazem parte do sistema educacional e constituem a denominada geração multitarefa, ou seja, veem TV, ouvem música, usam notebook, teclam o celular, tudo ao mesmo tempo.

Contribuindo com esta visão, Pinto (2004, p. 14) esclarece que:

A escola deve estar predisposta a aceitar, sem dramas, os desafios de modernidade que continuamente se lhe deparam predisposição essa mais do que nunca necessária porquanto ‘é hoje universalmente aceite a ideia de que uma sociedade em mutação permanente só pode aceitar uma escola em mutação também permanente’.

Após o momento em que a escola está preparada para receber tais tecnologias e

trabalhar com ela, cabe aperfeiçoar a formação dos professores para tais mudanças em sala de

aula, pois os docentes começam a aceitar essas mudanças quando percebem o impacto delas

no âmbito escolar como sugere Querte (2004), em que a formação dos professores num

contexto geral vem se modificando ao longo dos anos. Neste cenário, as mudanças surgem no

momento em que as tecnologias em geral começam a fazer parte da sociedade e

principalmente da comunidade educacional.

Em termos tecnológicos, o computador trouxe mudanças para o cotidiano da

população, deixando-os conectados e com informações de vários assuntos chegando a todo

instante. De forma rápida e fácil, tais novidades, trazem grande comodidade e praticidade

facilitando a obtenção de informações para os alunos e os professores adeptos as tecnologias.

Porém, um grande número de educadores não utilizam as tecnologias como um recurso

didático para melhorar seus métodos de ensino, por exemplo, as tecnologias são utilizadas

como um fim, tendo em vista o foco na fala e leitura de texto. Porém as tecnologias não

devem ser utilizadas como um fim, mas sim como um meio de mudar a metodologia em sala

de aula e tornar a aula mais significativa para o aluno, pode-se também afirmar que o fato da

não utilização das tecnologias em sala de aula é devido à falta de preparo e motivação dos

professores.

5143

Por isso, o autor Vandresen (2011), enfatiza que “o professor [...] se aproprie de suas

funções e se disponha a usá-las, como aliadas de suas práxis”. É importante que o professor

tenha interesse em atualizar-se com a tecnologia para que ele perceba a mesma como um

auxílio metodológico para melhor o alcance dos resultados em sala de aula.

A realidade do âmbito educacional tem mostrado que a dificuldade da inserção das

“tecnologias na escola, além de infraestrutura, é por parte do corpo docente” (SANTOS,

2010, p.8), onde os mesmos não conseguem quebrar o modelo de que a tecnologia ajudará em

sala, e em outros casos, a barreira é a “dificuldade que o docente tem em manusear

equipamentos tecnológicos, fazendo com que continuem com tecnologias antigas, como o

quadro negro e retroprojetor” (SANTOS, 2010, p.8).

Em relação às dificuldades que o docente possui em lidar com ferramentas

tecnológicas no âmbito educacional, Santos (2010, p. 8) acredita que:

Efetivamente, a realidade tem mostrado que as dificuldades que as escolas enfrentam relativamente à introdução plena das novas tecnologias, aliadas às dificuldades dos docentes em lidar com estas, são inúmeras e, algumas, difíceis de ultrapassar. Todavia, e ainda que se possa contrapor que não há provas claras e inequívocas de que o uso sistemático das TIC tenha algum impacto no desempenho acadêmico dos alunos.

O ensino com recurso ao computador e às TIC, parece possuir benefícios tanto para

alunos quanto para professores, representando um aumento da motivação e da

responsabilização, a consistência na planificação e um feedback mais personalizado.

Nesse contexto, em que a comunicação e interação professor-aluno fluem mais

facilmente, o professor “deixa de ser o detentor do saber e transmissor de conteúdos, passando

a ser o facilitador, aquele que estimula nos alunos a cultura de produzir e debater ideias”.

(RIBEIRO, 2008, p.7)

As tecnologias educacionais tornam o colégio mais atrativo para os alunos, fazendo

com que as aulas não se tornem monótonas e cansativas, cria-se um ambiente de educação

facilitadora e inspiradora, onde o aluno está interligado com o professor através de uma aula

onde as informações, conhecimentos, saberes andam interligados e assim facilitando o ensino-

aprendizagem do alunado e por esses motivos devia se fazer forte a utilização dessas

tecnologias auxiliadoras na metodologia educacional do professor.

As TIC possibilitam a diversificação de atividades propostas, mudanças metodológicas e nos recursos selecionados, criam novos cenários que facilitam a

5144

aprendizagem, e ‘tornam a escola atrativa, atual e enquadrada nesta nova era da informação e da comunicação, a era da geração multimédia’ (SANTOS, 2008).

As TICs funcionam como interfaces, consolidando as inter-relações pessoais, as

interações, a interatividade e a construção de sentidos e significados, além dos recursos de

produção e comunicação (OKADA, 2009, p.10).

É de fato que as escolas não são o único local onde os alunos estão aprendendo, se

preparando para o mercado de trabalho e para a sociedade do conhecimento, mas é dela a

obrigação de motivar o aluno a muito desses objetivos, a escola deve inserir o aluno no

âmbito digital, facilitando a utilização das tecnologias por estes alunos, para que a partir do

momento que eles se desliguem do âmbito escolar consigam adquirir competências para

utilizar essas tecnologias no seu dia-a-dia. Corroborando, Flores & Escola (2008) esclarecem

que:

A inclusão digital não significa somente o acesso às novas tecnologias. É necessário que cada criança/cidadão seja capaz de pensar, de relacionar, de inovar e de criar novas formas de conhecimento. Há que ter capacidade educativa no uso da internet e capacidade de aprender a aprender, para aprender a ser.

Contribuindo com essa ideia, Moran (2009, p.35) afirma que:

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

As tecnologias educacionais podem trazer uma nova “cara” para a educação, pois

ajudam no ensino-aprendizagem do alunado e na motivação da construção do conhecimento

por parte desse aluno, além de dar sentido para tal conteúdo que está sendo abordado em

conjunto com as tecnologias.

Tecnologias em sala de aula

Segundo Querte (2004), a formação dos professores ao longo dos anos vem se

modificando e essas mudanças estão cada vez mais constantes na sociedade a partir do

momento em que as tecnologias começam a fazer parte do dia a dia da população e

principalmente na área educacional.

5145

Nesses aspectos de mudança, Querte (2004, p.179), colabora afirmando que:

Uma das tecnologias que ainda permanece no meio educacional é o giz, o na sequência, apresentam-se outras tecnologias como: o mimeógrafo, rádio, o toca-disco, a televisão, o microfone, o gravador, retroprojetor e o computador.

A partir dessas mudanças o homem vem desenvolvendo cada vez mais novas

tecnologias para auxilio do seu cotidiano. No quesito educacional é possível destacar vários

meios em que a tecnologia pode ser trabalhada em sala de aula pelo professor com o aluno.

Dentre estes destacam-se alguns como: Web com plataforma; Redes sociais; Blogs; Podcast;

Webquest; Ferramentas online; TV Pendrive; E-mail; Comunicadores; Produção audiovisual;

Fotolog; Processador de textos e Jogos.

Estas são algumas das ferramentas que podem ser utilizadas pelo professor com seus

alunos, para melhorar o processo metodológico em sala de aula com os alunos, fazendo com

que ocorra inclusive uma melhor interação dos mesmos, fazendo com que aumente o interesse

do aluno com as informações transmitidas em sala (SEABRA, 1995; MORAN, 2009).

A tecnologia na sala de aula é um dos aspectos que podem mudar a situação da

educação, fazendo com que o aluno se torne mais participativo, colaborador, construa

opiniões críticas e questione. Porém, a tecnologia não é a redentora da educação, ela necessita

do empenho do professor de querer mudar seus métodos de aula, necessita que o educador

saiba ensinar seus discentes a manipular a internet, verificar o que é confiável, indicar sites,

jogos, redes sociais que façam com que o aluno veja que o conteúdo que ele está aprendendo

em aula, se aplica na prática.

Neste sentido, Coscarelli afirma que:

É importante deixar claro que os bons resultados da nova tecnologia dependem do uso que se faz dela, de como e com que finalidade ela está sendo usada. Não se pode esperar que o computador faça tudo sozinho. Ele traz informações e recursos, cabe ao professor planejar a aplicação deles em sala de aula (1998, p.40).

De acordo com Brunner (1999) a tecnologia aliada em sala de aula “consiste na

condução de um aluno através de uma sequência de afirmações e reafirmações de um

problema ou corpo de conhecimentos que aumenta a sua capacidade de perceber, transformar

e transferir o que está a aprender”.

O trabalho se torna colaborativo com o uso das tecnologias, tanto por parte do aluno e

do professor, pois o aluno está interessado em pesquisar no âmbito online e o professor está

ao seu lado para sanar dúvidas e esclarecer erros do aluno. A partir dessa forma de ensino, o

5146

aluno não sairá do seu ensino básico apenas com teorias sem nexo, mas sim com teorias

contextualizadas no seu dia-a-dia com a ajuda das TICs e sem dispensar a ajuda do educador,

confirmando o que diz Jonassen (1996), “como as tecnologias podem ser usadas para aliciar e

apoiar o pensamento reflexivo, conversacional, contextual, complexo, intencional,

colaborativo, construtivo e ativo dos estudantes”.

Aspectos Positivos e Negativos das TICs

Para identificar os aspectos positivos e negativos das TICs no âmbito de utilização

pelo professor em sala de aula, teve-se como método o estudo descritivo, com base

bibliográfica e documental, de análise qualitativa.

Na Tabela 1, exemplificam-se os pontos positivos e negativos, do uso das tecnologias

de informação e comunicação, inseridas no âmbito educacional.

5147

Tabela 1 – Aspectos positivos e negativos das TICs no âmbito educacional

ASPECTOS POSIVOS ASPECTOS NEGATIVOS Permite que o professor mostre várias formas de captar e mostrar o mesmo objeto, representando-o sob ângulos e meios diferentes: pelos movimentos, cenários, sons, integrando o racional e o afetivo, o dedutivo e indutivo.

Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que está combinado deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal.

Facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa.

Necessita-se de uma forte dose de atenção do professor, pois diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação.

O professor consegue com que o aluno desenvolva a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados. A interação bem sucedida aumenta a aprendizagem.

Em alguns casos há uma competição excessiva, monopólio de determinados alunos sobre o grupo, fazendo se necessário uma maior atenção pelo professor para esses casos.

Emerge uma necessidade de formação continuada para os professores. Como forma de apoio aos professores, para que possam não apenas receber um novo recurso na escola, mas poder também conhecer suas potencialidades e utilizá-las para que o processo de ensino e aprendizagem.

O computador não é por si mesmo portado de inovação nem fonte de uma nova dinâmica do sistema educativo. Poderá servir e perpetuar com eficácia sistemas de ensino obsoletos. Poderá ser um instrumento vazio em termos pedagógicos que valoriza a forma obscurece o conteúdo e ignora processos.

Oferece meios de atualizar rapidamente o conhecimento, estender os espaços educacionais, ampliar oportunidades onde os recursos são escassos.

Alguns docentes apontam as tecnologias educacionais, como gerador de algum mal-estar, como o medo de sua substituição pela máquina.

Na desigual intimidade que os alunos e professores demonstram pelas TICs, pode se haver um efeito benéfico, pois a cada professor entusiasmado em aprender e fazer diferente podem associar-se alunos mais colaborativos e solidários.

Os docentes acham que têm pouco tempo para capacitação e atualização, para a utilização das tecnologias educacionais dentro de sala de aula.

A oportunidade de estar em contato, ainda que virtual, com comunidades de outros estados ou até mesmo país, pode facilitar os jovens a entender e aceitar realidades, culturas e modo de viver diferentes dos seus.

Alguns docentes acreditam que, utilizando as tecnologias nas suas aulas, eles podem perder o controle da situação, já que os estudantes podem ter acesso prévio ao material a ser estudado.

Mudar a ênfase de um currículo formal e impessoal para exploração viva e empolgada por parte dos estudantes.

A grande dificuldade do docente é a reconstrução da sua prática pedagógica, principalmente quando os pressupostos educacionais que orientam o uso do computador são diferentes da concepção de ensino e de aprendizagem do partilhado na escola.

Fonte: (Barreto, 2004; Moran 2007; Moran, 2009; Papert, 1994; Querte, 2004; Santos, 2004).

Com relação ao quadro 1, percebe-se que as tecnologias educacionais, facilitam o

ensino-aprendizagem do aluno, fazendo com que ele se motive mais facilmente a aprender,

pois o aluno já está inserido em um mundo tecnológico, fazendo com que uma aula com uma

metodologia educacional tecnológica seja um diferencial para a compreensão de certos

conteúdos por esse público jovem conectado.

Além da motivação o docente tem em mãos inúmeras possibilidades de apresentar seu

conteúdo programático, em outros ângulos e perspectivas, fazendo com que um conteúdo

abstrato se torne um conteúdo palpável e de fácil entendimento, além de poder inserir os

5148

alunos em realidades diferentes vividas por eles, facilitando a compreensão de outras culturas

ou modos de viver diferentes do seu cotidiano.

Percebe-se um meio de amplo conhecimento, onde o docente consegue ampliar o seu

espaço educacional, onde muitas vezes poderia ser de difícil obtenção do professor, pelo

motivo de suas oportunidades e recursos serem escassos.

O educador além de estar ensinando pode criar um efeito benéfico de troca com seus

discentes, pois muitas vezes o professor estará em constante aprendizado com seus alunos,

percebendo que as tecnologias além de facilitadoras do ensino, podem trazer um efeito de

aproximação dos alunos para com ele dentro de sala de aula, criando-se assim alunos mais

colaborativos em sala, fazendo com que um currículo formal e impessoal passe a ser um

currículo de exploração viva e de grande empolgação por parte dos alunos.

Porém os professores devem se capacitar para utilização dessas metodologias, pois

muitas vezes somente a tecnologia em sala de aula, não fará com que o aluno tenha o interesse

pelo aprender, então cabe ao professor querer adentrar a esse mundo tecnológico,

reconhecendo todos os pontos positivos dessas tecnologias, sabendo como utilizar essas

ferramentas dentro de sala de aula, pois ele está ali para intermediar a informação para o

conhecimento.

De acordo com Figueiredo (1998), num mundo inundado de informação, aquilo a que

prestamos atenção não são conteúdos, mas sim os contextos. Por esse motivo, os professores

que aceitam trabalhar com esse desafiador mundo tecnológico devem estar preparados para

não apenas repassar seus conteúdos, vídeos e pesquisas de internet, mas sim contextualizar

todo seu conteúdo no mundo, pois o aluno a partir do momento que adentrar no ciberespaço

irá querer cada vez mais pesquisar e saber o porquê de várias questões, consequentemente

fazendo com que o professor se qualifique no âmbito tecnológico e na sua área de

conhecimento.

Em análise dos pontos negativos, percebe-se que a maioria desses aspectos gira em

torno da não familiarização do docente com as tecnologias educacionais, percebendo-se assim

o quão é importante à capacitação desses professores para a utilização dessas tecnologias em

suas aulas.

Deve-se ter atenção que apenas as tecnologias em sala de aula, não irão trazer o

ensino-aprendizagem para o aluno, o professor deve estar sempre junto com seus alunos,

verificando o que está acontecendo, que informações eles estão coletando, se realmente eles

5149

estão fazendo pesquisas satisfatórias e depois disso traduzir todas essas informações coletadas

pelo seu alunado em conhecimento.

De acordo com a tabela 1, analisou-se a dificuldade de muitos docentes por parte de

mudar suas metodologias, de saírem de sua área de conforto e reconstruir sua prática

metodológica, pelo simples fato de muitas vezes terem medo de não conseguirem criar uma

metodologia satisfatória para ele e para seu alunado com uso de tais ferramentas, para isso

novamente se torna importante a capacitação desse profissional.

Segundo Gaspar (2003), “atualmente vivencia-se um novo paradigma que é ensinar e

aprender com a mediação de um computador” com esse apontamento um dos maiores

problemas é como o professor em sala de aula conseguirá efetivamente utilizar esse novo

paradigma, pois muitas vezes o docente faz a escolha de apenas ensinar com suas

metodologias antigas, porque não se sente seguro para trabalhar com tantas informações ao

mesmo tempo.

Em suma percebe-se que as tecnologias educacionais trazem um efeito benéfico para

sala de aula e para os alunos, se o docente estiver familiarizado com as tecnologias e estiver

capacitado para trabalhar com elas, fazendo com que seu alunado se torne cada vez mais

questionador, participativo e que tenha a vontade de aprender. Pois, o grande propósito de um

educador não é apenas usar novas metodologias em sala de aula, e sim um propósito muito

maior, que é aliar essas metodologias para seus alunos, para que essas metodologias se tornem

realmente significantes, fazendo com que todos os conteúdos trabalhados tenham uma

assimilação por parte dos alunos e que o alunado tenha assimilado esses conteúdos de forma

fácil e prazerosa.

Considerações Finais

A pesquisa demonstrou que as tecnologias inseridas no âmbito escolar são de grande

valia, pois proporcionam aproveitamento por parte dos alunos, tanto dentro e fora de sala de

aula.

Porém, ressalta-se que computador ou tecnologia nenhuma consegue substituir um

professor em sala de aula, pois os alunos necessitam de um orientador, ou se preferir de um

facilitador de ideias, que facilite, organize, esclareça, contextualize, todas essas informações

que o aluno está recebendo.

5150

Neste contexto, vale ressaltar que o professor deve estar capacitado para utilizar essas

metodologias em suas aulas, para que tenha o resultado esperado e que esse docente esteja

preparado para mudar suas práticas pedagógicas, pois ele deve seguir a geração que entra hoje

em sala de aula, que é uma geração conectada com o mundo.

A partir desses dados percebe-se a importância da mudança das metodologias

utilizadas nas escolas, pois uma metodologia auxiliada com tecnologia facilita muito mais a

transmissão de conhecimento do professor para seu aluno, sem deixar que sua aula fique

monótona e descontextualizada.

As tecnologias educacionais trazem uma nova visão para educação e com isso várias

possibilidades de criar um espaço social que possibilite grandes processos de aprendizagem

por parte dos alunos, facilitando sua compreensão no conteúdo da sala de aula.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologia e Educação: Trabalho e Formação Docente. Educação e Sociedade, Campinas, v. 25, n. 89, p.1181-1201, dez. 2004.

BEHRENS, M. A.. “O paradigma emergente e a prática pedagógica”. Editora Vozes, 4 edição, p. 22-26. Petrópolis - Rio de Janeiro, 2010. BRUNER, J. S. Para uma Teoria da Educação. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 1999. COSCARELLI, C. V. “O uso da informática como instrumento de ensino aprendizagem”. In Presença Pedagógica, mar./abr., 1998, p. 36-45. Belo Horizonte: Editora Dimensão. COUTINHO, clara; Lisboa, Eliana. “sociedade da informação, do conhecimento e da Aprendizagem: desafios para educação no século XXI”. Revista de Educação, Vol. XVIII, n.1, p 5-22, 2011. FIGUEIREDO, A. D. “Mitos e Desafios da Internet na Educação”. Apresentação na Internet World Portugal 1998. Lisboa. Consultado a 20 de Dezembro de 2012 em http://www.slideshare.net:80/adfigueiredoPT/mitos-e-desafios-da-internet-na -educao-presentation FLORES, P. A. Q. & Escola, J. J. “As novas tecnologias de informação e comunicação no desenvolvimento da língua materna”. In Actas do 7. Encontro Nacional (5.º Internacional) de Investigação em Leitura, Literatura Infantil e Ilustração. Braga: Universidade do Minho, 2008. GASPAR, M. I. “Duas Metodologias de Ensino em Educação a Distância Online”. In Discursos, Série Perspectivas em Educação, n.º 1, pp. 65-75, 2003.

5151

JONASSEN, David. O uso das novas tecnologias na educação a distância e a aprendizagem construtivista. Em Aberto, Brasília, v. 16, n. 70, p.70-88, jun. 1996.

MORAN, José Manuel. Desafios na Comunicação Pessoal. 3. ed. São Paulo: Paulinas, p.162-167, 2007.

MORAN, Manuel José; MASETTO, Marcos; BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 16. ed. Campinas: Papirus, 2009, p. 12-17.

OKADA, S. “A intermediação pedagógica múltipla no universo das TIC e Moodle”. In L. Alves, D. Barros & A. Okada (org.). Moodle: estratégias pedagógicas e estudos de caso. Salvador: EDUNEB, 2009.

PAPERT, Seymour. A máquina das Crianças: Repensando a escola na era da informática. Artes Médicas, Porto Alegre, p.4-11, 1994.

PINTO, M. L. S. Práticas educativas numa sociedade global. Porto: Edições ASA, 2004.

QUERTE, T. Conzi Mehlecke et al. Os Professores e a Integração das TIC nas Escolas: Um Panorama Brasileiro. Discursos, Porto Alegre, p.177-189, dez. 2004.

RIBEIRO, V. L. A Web 2.0 na educação. In: Informática na Educação. 2008. Disponível em: <http://verainfedu.wordpress.com/about/>. Acesso em: 20 mar. 2013.

SANTOS, A. “Programa de Língua Portuguesa: um diálogo necessário com as TIC”. In Jornal Via ESEN, 2008. Consultado em 20 de Dezembro de 2012 em http://www.esenviseu.net/Principal/Jornal/ Edicoes%5C1%5C1-4.pdf)

SANTOS, Andreia; Okada, Alexandra . The role of mentoring in facilitating the process of repurposing OER. Ed 2010: The Seventh Annual Open Education Conference, 24 Nov. 2004, Barcelona, Spain.

SANTOS, M., Pedro, N., Soares F. & Matos, J. F. Guia de Utilização de Plataformas de Aprendizagem em ambientes escolares - Orientações para a dinamização de áreas de trabalho entre professores. Centro de Competência RTE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2010.

SEABRA, Carlos. Usos da Telemática em Educação. Educação e Informática, São Paulo, v. 5, n. 10, p.4-11, jul. 1995.

SILVA, Alzira Karla Araújo da; CORREIA, Anna Elizabeth Galvão Coutinho; LIMA, Izabel França de. O conhecimento e as tecnologias na sociedade da informação. Revista Interamericana de Bibliotecología. Ene.-Jun. 2010, vol. 33, no. 1, p. 213-239.

TECNOLOGIA EDUCACIONAL: Novas Tecnologias e o re-encantamento do mundo. Rio de Janeiro: Abt, v. 23, n. 126, set. 1995, p 24-26.

5152

VANDRESEN, Ana Sueli Ribeiro. Web 2.0 e educação: Uso e Possibilidades. In: X congresso nacional de educação - educere, 2011, Curitiba. I Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação - SIRSSE. Curitiba: PUCPR, 2011. p. 12658 - 12667.