tecnologias assistivas - uma análise e propostas para as...

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140 Tecnologias assistivas - Uma análise e propostas para as soluções do mercado brasileiro Autora: Ana Carolina Traldi - Ciência da Computação Professor Orientador: Ms. Edgar Noda Faculdades de Valinhos Resumo Este trabalho apresenta uma análise da tecnologia disponível atualmente no mercado brasileiro voltada a permitir a inclusão digital de portadores de necessidades especiais. É apresentada uma classificação das possíveis deficiências assim como as soluções propostas para cada tipo de caso. Devido à dimensão do problema, a análise foi direcionada à tecnologia existente para os casos de deficiência visual. Além do levantamento bibliográfico, foram executados testes práticos com as ferramentas descritas neste trabalho, assim como uma análise do resultado de uma pesquisa feita junto a um grupo de portadores de deficiência visual. As principais deficiências são apresentadas assim como uma análise inicial de possíveis soluções. Palavras-chave: Tecnologias assistivas, acessibilidade, acessibilidade à internet. Introdução O avanço das representações gráficas, das animações e das informações dinâmicas através da internet (web) são, muitas vezes, fatores excludentes para um número cada vez mais significativo de usuários com necessidades especiais, sejam elas físicas motoras ou cognitivas. Além das dificuldades intrínsecas à própria deficiência, ainda existem agravantes como o design inadequado de páginas (web pages) e problemas de incompatibilidade entre as diferentes plataformas existentes e as dificuldades encontradas com o suporte à determinados softwares e hardwares disponíveis no mercado. Esse cenário tem contribuído para o aumento da complexidade da questão da acessibilidade à Web e estabelecido as condições para a estruturação de novos projetos sintonizados com os movimentos mundiais para acesso universal à internet. Dentre estes projetos, uma classe se destaca pela capacidade de promover a inclusão digital de pessoas com necessidades especiais que, sob certos aspectos, estão impossibilitadas de fazer uso adequado do computador. É o caso de um deficiente visual, por exemplo, que teria muita dificuldade ou mesmo não conseguiria enxergar e, portanto, não seria capaz de compreender o conteúdo de um texto publicado em uma página da internet. A essa classe dá-se o nome de grupo de tecnologias assistivas. Tecnologias assistivas constituem-se de um conjunto de dispositivos e programas que utilizam recursos áudio-visuais complementares às necessidades dos usuários para permitir que eles tenham uma maior

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Tecnologias assistivas - Uma análise epropostas para as soluções do mercadobrasileiro

Autora: Ana Carolina Traldi - Ciência da ComputaçãoProfessor Orientador: Ms. Edgar Noda

Faculdades de Valinhos

Resumo

Este trabalho apresenta uma análise da tecnologia disponível atualmente no mercado brasileiro voltada a permitira inclusão digital de portadores de necessidades especiais. É apresentada uma classificação das possíveis deficiênciasassim como as soluções propostas para cada tipo de caso. Devido à dimensão do problema, a análise foi direcionadaà tecnologia existente para os casos de deficiência visual. Além do levantamento bibliográfico, foram executadostestes práticos com as ferramentas descritas neste trabalho, assim como uma análise do resultado de uma pesquisafeita junto a um grupo de portadores de deficiência visual. As principais deficiências são apresentadas assim comouma análise inicial de possíveis soluções.

Palavras-chave: Tecnologias assistivas, acessibilidade, acessibilidade à internet.

Introdução

O avanço das representações gráficas, dasanimações e das informações dinâmicas através dainternet (web) são, muitas vezes, fatores excludentespara um número cada vez mais significativo de usuárioscom necessidades especiais, sejam elas físicas motorasou cognitivas.

Além das dificuldades intrínsecas à própriadeficiência, ainda existem agravantes como o designinadequado de páginas (web pages) e problemas deincompatibilidade entre as diferentes plataformasexistentes e as dificuldades encontradas com o suporteà determinados softwares e hardwares disponíveis nomercado.

Esse cenário tem contribuído para o aumento dacomplexidade da questão da acessibilidade à Web e

estabelecido as condições para a estruturação de novosprojetos sintonizados com os movimentos mundiais paraacesso universal à internet.

Dentre estes projetos, uma classe se destaca pelacapacidade de promover a inclusão digital de pessoascom necessidades especiais que, sob certos aspectos,estão impossibilitadas de fazer uso adequado docomputador. É o caso de um deficiente visual, porexemplo, que teria muita dificuldade ou mesmo nãoconseguiria enxergar e, portanto, não seria capaz decompreender o conteúdo de um texto publicado em umapágina da internet. A essa classe dá-se o nome de grupode tecnologias assistivas.

Tecnologias assistivas constituem-se de umconjunto de dispositivos e programas que utilizamrecursos áudio-visuais complementares às necessidadesdos usuários para permitir que eles tenham uma maior

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interação com a máquina e por conseqüência com omundo contemporâneo altamente informatizado, no qualtodos estão submetidos. No exemplo da pessoaportadora de deficiência visual, um programa seenquadra perfeitamente no conceito de tecnologiaassistiva que efetua a leitura dos textos na tela docomputador convertendo-os para um formato de áudiocompreensível para o usuário.

Neste trabalho, procurou-se fazer uma avaliaçãodas diversas tecnologias assistivas disponíveis e umaanálise da sua importância para cada um dos grupos deusuários com necessidades especiais: motora, visual,auditiva e cognitiva. Devido à dimensão das deficiênciaspossíveis, o foco da análise e pesquisa foi voltada aosprogramas que atendem portadores de deficiência visual.

Objetivos

Ao final do trabalho, possuir uma visão dasnecessidades e desafios encontrados por portadores denecessidades especiais na inclusão digital. Análise dastecnologias assistivas disponíveis no mercado brasileiro,seus pontos fortes e fracos. Análise inicial de propostaspara suprir os principais pontos fracos levantados.

Metodologia

A metodologia deste trabalho envolveu as seguintesetapas:

• Pesquisa bibliográfica.• Análise das tecnologias disponíveis.• Pesquisa de campo junto a portadores dedeficiência que utilizam as tecnologias atualmentedisponíveis.• Proposta e análise inicial de possíveis melhoriasnas tecnologias estudadas.

Desenvolvimento

A seguir são apresentados os principais conceitosque foram necessários para a devida compreensão doproblema. Uma classificação dos tipos de deficiênciaencontrados, as tecnologias assistivas disponíveisatualmente no mercado brasileiro e uma análise dapesquisa junto aos portadores de deficiência visual.

AcessibilidadeApesar do principal objetivo deste documento seja

a análise das tecnologias assistivas disponíveis, comoprimeira questão é importante definir o conceito deacessibilidade e seu impacto na visualização de conteúdo

digital. Acessibilidade é um termo, freqüentemente,utilizado para descrever o quão fácil é um procedimentopara que pessoas com deficiência (motora, cognitiva ousensorial) possam entender ou realizar determinadasatividades, ou seja, o quão acessível está umadeterminada atividade para os diferentes tipos denecessidades especiais (PRODAM, 2007).

O símbolo apresentado na Figura 1 éfreqüentemente utilizado para indicação deacessibilidade, seja qual for à necessidade especial alirepresentada. Como exemplos de provedores deacessibilidade podem-se citar: Braille, uma rampa elinguagem de sinais.

Braille é um sistema deescrita através de pontos emrelevo, criado em 1829 pelofrancês Louis Braille(QUEIROZ, 2001). Esserecurso provê ao deficientevisual (DV) acessibilidade naleitura e na escrita dedocumentos, por exemplo,textos, equações, partituras,etc.

Rampa de acesso é autilização do piso inclinado em construções imobiliáriasao invés dos degraus. Esse recurso provê ao deficientefísico acessibilidade na locomoção com cadeira de rodasaos diferentes níveis das edificações. Linguagem de sinaisé um sistema de comunicação pelo meio de gestos, comestrutura gramatical própria. Esse recurso provê aodeficiente auditivo acessibilidade na comunicaçãopessoal.

Também podem ser classificados comoprovedores de acessibilidade os diferentes dispositivostecnológicos que vêm sendo desenvolvidos com o intuitode permitir ou melhorar a acessibilidade em uma atividadequalquer. A constante evolução desses dispositivos tempossibilitado aos deficientes cada vez mais o acesso àinformação e, conseqüentemente, à inclusão social. Essesrecursos promovem maior independência às pessoas comnecessidades especiais, habilitando-as na realização detarefas que em condições normais não seriam possíveis.

No caso específico de portadores de deficiênciavisual, a utilização do computador em conjunto comsoftwares dotados de síntese de voz tem proporcionadoindependência na realização de atividades nunca antescogitadas. “O microcomputador amplia até então umlimite inimaginável as oportunidades do cego”(BORGES, 2006). Como simples exemplo dessaindependência, pode-se citar o acesso integral ao

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conteúdo de jornais diários ou livros em formato digital,que até então só era possível através da transcrição parao sistema Braille ou com o auxílio de um ledor (termotécnico utilizado para indicar pessoas com visão normalque se dispõe a ler para deficientes visuais).

Algumas das maiores empresas desenvolvedorasde programas na área de acessibilidade, periodicamentetêm apresentando novidades e lançamentos cada vez maissofisticados. Entretanto, paralelo ao alto nível alcançado,está também o alto preço praticado na comercializaçãodessas tecnologias. Com relação à disponibilização, essastecnologias (programas) e os sistemas operacionaisnecessários para utilização das mesmas, podem serclassificados como “proprietários” ou “livres”. Em geralprogramas baseados em software livre são gratuitos,ao passo que, os proprietários podem custar um valorbastante expressivo.

Acessibilidade à internetTrata-se da atividade de permitir o acesso à

informação, como também permitir a interação dosusuários que possuam algum tipo de necessidadeespecial. Nessa perspectiva, para garantir a acessibilidadeà internet, deve-se ter um meio de disponibilizar a cadausuário as interfaces que respeitem suas necessidades epreferências. A acessibilidade no que se refere ao mundodigital envolve diferentes áreas, conforme apresentadopor Zúnica (2001):

• 1. Acessibilidade ao computador: englobaprogramas de acesso, incluindo diferenciados tiposde ajuda técnica para uso genérico de acesso aoscomputadores e periféricos que podem serespecialmente programados para o acesso à Web;• 2. Acessibilidade ao navegador: podem sercomuns como o Microsoft Explorer e o NetscapeNavigator ou navegadores específicos queoferecem facilidade de acesso aos diferentesusuários para portadores de necessidadesespeciais;• 3. A acessibilidade ao planejamento de páginasWeb: que envolve várias dimensões comoconteúdo, estrutura e formato.Ainda hoje, o acesso à internet se dá de maneira

precária. Além da carência de navegadores apropriados,a forma como as páginas são desenvolvidas constitui-sede uma grande barreira. Muitas vezes, a falta de critériono desenvolvimento impossibilita a interação dodeficiente com as informações e serviços disponíveis nainternet. Boas práticas para o design de páginas deacordo com as recomendações da W3C (World WideWeb Consortium) podem ser encontradas em

Rolfe (2007).Visando melhorar as condições de acessibilidade,

principalmente no que diz respeito à acessibilidade àinternet, o governo federal publicou em 02 de dezembrode 2004 o Decreto lei 5296, também conhecido comoLei de Acessibilidade. Em seus artigos 47 e 48, essedecreto regulamenta a acessibilidade para sites e portais.

O mesmo decreto regulamenta ainda oatendimento às necessidades específicas de pessoasportadoras de deficiência no que conduz a projetos denatureza arquitetônica e urbanística, de comunicação einformação, de transporte coletivo, bem como àexecução de qualquer tipo de obra, quando tenhamdestinação pública ou coletiva.

Definições das principais dificuldades nautilização de sistemas computacionais

Nesta seção são discutidas as dificuldadesenfrentadas por pessoas com necessidades especiais nautilização de sistemas computacionais, principalmente noacesso a conteúdo on-line. As diferentes situações ecaracterísticas precisam ser levadas em conta peloscriadores de conteúdo do site durante a concepção desistemas e de conteúdo digital.

Pessoas com deficiência visual, estão incluídasnesse grupo as pessoas cegas, com baixa visão ou asque têm dificuldades em distinguir cores. A maiordificuldade para este grupo de pessoas é devido ànatureza gráfica das páginas da Web.

A pessoa com deficiência visual terá dificuldadecom: imagens, mapas, links, animações, uso de cores,tamanho de fontes e janelas que não rolam (scroll),navegação (frames, links, javascripts), tabelas dedados e preenchimento de formulários. Pessoas dessegrupo necessitam de um texto equivalente para todaimagem apresentada na página Web.

Os leitores de tela usam o texto equivalente paradescreverem a imagem. A pessoa com deficiência visual,na maior parte das vezes, utiliza o teclado ao invés domouse, portanto, o recurso da navegação através doteclado deve estar garantido.

Para quem tem baixa visão é necessário a utilizaçãode hardware ou software para ampliar o texto ou osrecursos do próprio browser. Pessoas com dificuldadede visualizar cores perdem as informações de textos queutilizam cores para dar destaque.

O mesmo acontece com pessoas de baixa visãose o destaque das letras for feito por meio de seu tamanho,contraste ou localização.

Pessoas com deficiência auditiva. Estão incluídasnesse grupo as pessoas com deficiência auditiva do tipo

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grau ponderada, moderada ou leve, necessitam derepresentação visual para toda informação sonoraapresentada no site. Recursos para esse público são,por exemplo, as legendas e mensagens de erro piscanteao invés de som.

Pessoas com deficiência motora. Esse público temdificuldade com dispositivos de entrada de dados comomouse ou teclado como, por exemplo: navegação, listasde links, eventos interativos com tempo de respostalimitado.

Pessoas com deficiência mental ou dificuldade deaprendizado e/ou atenção. Estão incluídas neste grupoas pessoas com dislexia de memória. Elas necessitamde uma linguagem simplificada. Uma alternativa pode sera utilização da sua habilidade auditiva e visual,simultaneamente. Por exemplo, fornecendo para ummesmo texto pode-se fornecer o seu correspondenteem áudio e suporte visual como uso de ilustrações.

Tecnologias AssistivasPessoas com deficiência podem precisar de

programas ou periféricos especiais, classificados sob otermo de tecnologias assistivas, para poderem usarpáginas Web. Existe todo um ambiente para aacessibilidade que envolve não só os sites, browsers,mas também outras tecnologias como os leitores de telapara deficientes visuais, teclados virtuais para portadoresde deficiência motora, mental, ou com dificuldades decoordenação motora, e sintetizadores de voz parapessoas com problemas de fala.

Tecnologias Assistivas são toda e qualquerferramenta, recurso, estratégia ou processo desenvolvidocom a finalidade de proporcionar uma maiorindependência e autonomia à pessoa com deficiência oumodalidade reduzida (BERSCH e TONOLLI, 2007).

A seguir serão apresentadas algumas soluções quevisam o auxílio ao acesso ao computador e à internetque podem ser utilizadas por pessoa portadora dedeficiência, ou seja, acesso ao ambiente desenvolvidopor meio de tecnologia assistiva.

DOSVOXSistema para microcomputadores da linha PC

(Personal Computer) que se comunica com o usuáriomediante síntese de voz, viabilizando, o uso decomputadores por deficientes visuais (Figura 2). Foioriginalmente desenvolvido no Núcleo de ComputaçãoEletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, sob a supervisão do prof. Antonio Borges, daDivisão de Assistência ao Usuário.

Da equipe de desenvolvimento participam também

programadores com deficiência visual, que fazem usodo sistema, sem necessitar da ajuda de pessoas queenxergam.

MONITVOXUtilitário do sistema DOSVOX destinado a ajudar

no acesso das pessoas com deficiência visual às janelasdo sistema Windows. Ele não pretende ser um leitor detelas com qualidade profissional como o Virtual Visionou similares. Entretanto, tem a habilidade de lerautomaticamente a maior parte das informações usuaisacessadas por deficientes visuais, e por meio de seusrecursos consegue acessar outras informações. Com oMONITVOX é um programa de código aberto, espera-se que a comunidade deficiente visual aproveite asinformações que contem para criar opções inovadorasde acessibilidade para programas específicos.

WEBVOXAplicativo do tipo browser (Figura 3) dentro do

sistema DOSVOX (BORGES, 2007), diferentementedos leitores e ampliadores de tela que realizam suasatividades dentro do próprio browser convencional.

O WEBVOX pode tanto carregar uma página dainternet, ou carregar uma página que já esteja disponívellocalmente, entre outras opções que foramimplementadas por outros autores. Entretanto, para queo WEBVOX possa fazer a leitura das informaçõescontidas em um site é necessário que seja acessível.

Sites com elementos gráficos em acesso, ou semtexto alternativo, texto com letras pequenas ou ilegíveis,disposição de links sem organização lógica e comnavegação confusa são alguns aspectos que inviabilizama utilização de leitores de telas e prejudicam a suautilização por pessoas de necessidades especiais.

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Este software consegue capturar toda a partetextual da página de internet e associar diversascaracterísticas operacionais das mesmas a efeitossonoros. Entretanto, algumas implementações ainda nãoforam feitas, por exemplo, o WEBVOX não conseguefazer a manipulação de páginas com proteção por SSL(Secure Sockts Layer ou Protocolos CriptográficosSegurança) em especial extratos bancários e televendas,e não faz a interpretação de Java e JavaScript .

JAWSO software JAWS ou Job Access With Speech

(FREEDOM SCIENTIFIC, 2007), é um dos leitoresmais utilizados entre os deficientes visuais, pois a grandequantidade de recursos disponíveis permite umainteração entre micro e o usuário com total independência.

Funciona como um leitor de telas que identifica einterpreta as informações que estão sendo exibidas natela do monitor e repassa esse contexto ao DV por meiode síntese de voz.

O JAWS é um software comercializado eimportado. Também foi traduzido e adaptado paracomercialização no Brasil pelo representante daAssociação Laramara de Assistência ao deficiente visual.Há versões demonstrativas de 40 minutos e que podemser baixados pela internet.

NVDAO software NVDA (Non Visual Desktop Access)

(NVDA, <www.nvda-project.org>, 2007) é um leitorde tela que se encontra sob a Licença Pública GeralGPL. A licença do software permite que o programaseja compartilhado e modificado, contanto que sempreseja distribuída a licença com o programa e oferecidotodo o código fonte do mesmo a quem desejar.

Essa licença se aplica ao original e às cópias doprograma, bem como a qualquer outro programa quefaça uso de código proveniente deste. Semelhante aosoftware JAWS, o usuário encontra o que está sendo

exibindo na tela. Perguntando ao sistema de exploraçãoe usando um sintetizador de discurso para saída dainformação.

TALKSSoftware de telefonia celular acessível,

desenvolvido pelo Symbian utilizado em séries 60 e 80,cujos são reconhecíveis pela numeração do modelo doaparelho celular e é o mais utilizado para deficiência visual(NUANCE, <http://www.nuance.com>, 2007).

Os leitores de telas utilizam ferramentas específicassintetizados para DV que acessa as informaçõesrecebidas internas no computador, aparelhos eletrônicos,como celular e outros. O programa de leitor de telainstalado em aparelho celular é transformado em palavrasao usuário todas as informações, da mais básica à maiscompleta , o que aparecer na tela, o que for digitada noteclado.

O TALKS permite que uma pessoa com DVpossa utilizar as funções da telefonia celular, de formatotalmente independente. Redigir ou ler mensagem SMS(Short Message Service ou Serviço de MensagensCurtas), redigir mensagem multimídia MMS (MultimediaMessaging Service ou Serviço de MensagensMultimídia).

O software permite acessar informações deligações recebidas efetuadas ou não atendidas e outros,redigir e ler e-mails, discar números a partir da agendade contatos, editar ou acrescentar novos contatos nabase de dados de contato, alterar os perfis de celular ouacrescentar outras configurações, utilizar o sistema deagenda do calendário, verificar o sistema de cobertura enível de bateria, redigir e ler apontamentos e outrosrecursos.

O gravador de conversas telefônicas de ambiente,que acompanha os celulares modernos é uma ferramentaimportante e totalmente acessível para DV que utiliza osoftware TALKS, pois possibilita inclusive cópia degravações entre celular e o microcomputador.

A funcionalidade de planilhas de cálculos agoraao alcance de sua mão, em qualquer lugar e a qualquerhora nos celulares da série 80.

VIRTUAL VISIONO software VIRTUAL VISION funciona como

um leitor de telas exatamente como o software JAWS.Também possui um sistema de mapeamento e adaptaçãoa aplicativos que não oferecem acessibilidade os leitoresde telas, utilizando sistemas de mapas de posicionamentoe até mesmo reconhecimento de gráficos, que podemser configurados pelo próprio usuário.

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O software foi desenvolvido no Brasil pelaempresa MICROPOWER (MICROPOWER,<www.micropower.com.br/dv/vvision5/index.asp>,2007), com a tecnologia que oferece acesso a Windowse à internet para facilitar a utilização de áudio e síntesede voz para o usuário.

Uma parceria do banco Bradesco e Banco Realfornecem o software gratuitamente aos correntistas, coma finalidade de acesso aos serviços de Internet Banking.

ZOOM TEXTO software ZOOMTEXT funciona como um leitor

de telas (BORGES, 2007), permitindo a ampliação daimagem da tela no monitor, melhorando a acessibilidadedas pessoas com visão subnormal (perda parcial davisão).

É basicamente controlado pelo mouse, que operacomo uma espécie de lupa eletrônica ampliando umadeterminada região sob o ponteiro. Possui recursos parainversão de cores e ajuste de contraste que podem serfacilmente acessados por intermédio de teclas de atalho,minimizando consideravelmente o esforço do resíduovisual de pessoas com visão subnormal.

TECLADO VIRTUALÉ um utilitário do Windows, que exibe um teclado

virtual (Figura 4) na tela e permite que usuários portadoresde deficiências motoras digitem dados usando umdispositivo apontador ou um joystick.

A finalidade do Teclado Virtual é proporcionar umnível mínimo de funcionalidade aos usuários comdeficiências motoras. Ele também é útil para os usuáriosque não sabem como digitar. Um dos recursos que estádisponível nas “Opções de Acessibilidade” do Windows,seguindo Iniciar - Configurações - Painel de Controle -Opções de Acessibilidade.

PERIFÉRICO ESPECIALHá recursos de acessibilidade que utilizam como

adaptações físicas que são todos os aparelhos ouadaptações fixadas e utilizadas no corpo do usuário eque facilitam a sua interação com o computador.Adaptações de hardware são todos os aparelhos ou

adaptações presentes nos componentes físicos docomputador ou próprios periféricos em suas concepçõese construção são especiais e adaptados. As figuras 5 a13 apresentam alguns exemplos de periféricos especiaisutilizados por pessoas portadoras de deficiências.

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Análise das tecnologias disponíveis paradeficientes visuais no mercado brasileiro

A análise e pesquisa de campo foram realizadascom o foco na acessibilidade para deficientes visuais.Devido aos objetivos e limitações e tempo deste trabalhoproposto, foi necessário limitar o estudo a apenas umtipo de deficiência, no caso a visual.

Esta parte do estudo pode ser sub-dividida emduas outras partes: análise das características dassoluções disponíveis no mercado brasileiro e análise deuma pesquisa de opinião com usuários destas tecnologias.

Avaliações das principais característicasDOSVOXO produto foi comercializado a um preço baixo

(70 dólares) e parte do lucro obtido foi revertida para odesenvolvimento do próprio do sistema, permitindo hojeque o sistema seja distribuído gratuitamente pela internete seu desenvolvimento custeado principalmente comrecursos internos do Núcleo de Computação Eletrônicada UFRJ. O programa é distribuído em versões paraWindows e Linux e é um software desenvolvidosegundo a filosofia Open Source.

Preço: Gratuito. Pela empresa: NCE/ UFRJ

JAWSTrabalha com a maioria dos aplicativos existentes

para o ambiente Windows, como Office, Inter95, 98,ME, NT, XP e 2000. Após sua instalação, que tambémé digitalizada, possibilita o uso de internet Explorer, E-mail, Chat, Instant Messaging, entre outros, semqualquer dificuldade. Suas principais características doJAWS para Windows são importantes são:

• facilidade na instalação e apoio por voz duranteo processo;• roda aplicações MS-DOS;• atualizado por volta de duas vezes ao ano;• possui sintetizador de software próprio e podetambém usar outros sintetizadores de software ou

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externos;• possui síntese de voz em vários idiomas,incluindo o português do Brasil (a partir da versão3.7), permitindo a alteração deste durante suautilização;• faz indicação das janelas ativadas, do tipo decontrole e suas características; processa a leituraintegral dos menus, com indicação da existênciade submenus;• digitaliza as letras, palavras digitadas e estáadaptado ao teclado português; a leitura pode serfeita por letra, palavra, linha, parágrafo ou atotalidade do texto;• possibilita a leitura dos textos em qualquer áreade texto editável;• fornece indicação da fonte, tipo, estilo e tamanhoda letra;• permite trabalhar com Correio Eletrônico enavegar na internet, como se estivesse em umprocessador de texto;• permite o controle do mouse, para as operaçõesque não o dispensem, bem como seu rastreamento,lendo o que está por baixo dele;• possui uma ajuda de teclado, que digitaliza asfunções de cada tecla; em qualquer ponto de umaaplicação é possível obter ajuda (sobre asseqüências de teclas, sua aplicação e do próprioJAWS);• possibilita a etiquetagem de gráficos; possuidicionários, geral ou específico, que permitemcontrolar a maneira como as palavras, ouexpressões, são pronunciadas;• definições de configuração podem ser ajustadaspara a generalidade das aplicações, ou apenas paraaplicações específicas.• uma das grandes vantagens do JAWS, de acordocom alguns usuários, é o fato dele simular o mouseatravés do teclado. O botão esquerdo é acionadoatravés da tecla “barra” (“/”) e o botão direito,através do “asterisco” (“*”), ambos do tecladonumérico, possibilitando o acesso à programas queanteriormente eram dificultados ou mesmoimpossíveis com outros leitores de tela. Assim, ousuário pode configurar o sistema de acordo como tipo de programa que está utilizando, por meiode três tipos de cursores: cursor JAWS: movimenta o cursor (mouse)

através das setas de direção do teclado. Paraativá-lo, utiliza-se a tecla “-” (menos) do tecladonumérico;

cursor PC: apresenta função semelhante a doVirtual Vision. É o modo normal de trabalho,também chamado de cursor do micro. Lê oconteúdo nele posicionado. Para ativá-lo, utiliza-se a tecla “+” (mais) do teclado numérico; cursor Invisível: apresenta uma capacidade

de leitura superior aos anteriores, lendo inclusiveo que se encontra por traz das janelas (oconteúdo que não aparece na tela). Consegueler praticamente todos os botões, seus detalhese os frames das páginas da Internet. Para ativá-lo deve ser pressionada duas vezes a tecla “-”(menos) do teclado numérico.

Preço: a versão de demonstração de 40 minutospode ser obtida do site do fabricante gratuitamente; aversão demo de 60 dias está disponível por baixo preço;a versão para Windows 95/98 e a versão completa paraWindows NT ou 2000 são mais onerosas. As licençaspara empresa estão disponíveis em múltiplos de cinco,com descontos variando de 30 a 40%, dependendo donúmero de usuários. Programa custa cerca de US$ 1700.Empresa: norte-americana Henter-Joyce, pertencenteao grupo Freedom Scientific.

TALKSApresenta-se uma listagem de aparelhos que

funcionam com o TALKS, a qual deve-se considerarque os desenvolvedores desse software constantementeagregam mais aparelhos celulares à lista, conforme aatualização e evolução do software.

Fazendo uso do TALKS, o deficiente tem apossibilidade de utilizar recursos de seu aparelho detelefonia móvel (celular), como funções avançadas peloSMS, MMS e conversação.

Listagem de aparelhos: marca Nokia: 3230, 3600,3620, 3650, 3660, 6260, 6600, 6620, 6630, 6670,6680, 6681, 6682, 7610, 7650, N70, N90, 9210,9210i, 9290, 9300, 9500; marca Samsung: SGH-D720,SGH-D730; marca Siemens: SX1.

Preço: R$ 1500,00 em média variável conformeo modelo do aparelho, pois é vendido juntamente como aparelho, porém, somente em lojas especializadas ousob encomenda. Empresa: Fabricado pela NUANCE.

VIRTUAL VISIONA primeira versão foi lançada em janeiro de 1998

e em setembro de 1999 a versão 2.0. Sua última versãoé a 4.0. Pode ser adaptado em qualquer programa doWindows. Dentre suas principais características,destacam-se:

• funciona em programas para Windows (nas

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versões 95, 98, XP, NT e 2000), seus aplicativosOffice, programas para acesso à Internet (como Internet Explorer), programas de e-mail,programas de OCR (reconhecimento óptico decaracteres) entre outros;• pronuncia as palavras digitadas letra por letra,palavra por palavra, linha por linha, parágrafo porparágrafo ou todo o texto. O próprio usuário podedeterminar suas preferências. Ao teclar a barrade espaço, o software lê a palavra inteira digitada;• utilizando o Sistema Operacional Windows épossível ouvir músicas de um CD ou de um arquivoMP3, desde que o Virtual Vision seja emudecido,pois esse utiliza o áudio da placa de som;• permite o rastreamento do mouse ou, em outraspalavras, digitaliza o que está em baixo do cursordo mouse em movimento (pode-se ligar e desligaresta opção);• pronuncia detalhes sobre os controles doWindows, tais como: tipo de controle, estado, etc(pode-se ligar e desligar esta opção);• seu sintetizador de voz é muito bom, além de serem português.• possui um módulo de treinamento “falado” e umpanorama do ambiente Windows 95;• permite a fácil localização do cursor na telaatravés de teclas de atalho;• auto-instalável permitindo a operação do sistema/aplicativos via teclado ou mouse;• pronuncia detalhes sobre a fonte de texto (nome,tamanho, cor, estilo, etc.), bem como as mensagensemitidas pelos aplicativos;• não requer nenhum outro equipamento adicional(dispensa o sintetizador externo);• através de uma impressora Braille e um softwarecomo o Braille Creator o usuário pode imprimirqualquer página da internet, de documentos, dee-mail entre outros;• através do Virtual Vision, é possível digitalizarum texto para posterior impressão em Braille,desde que o scanner utilizado possua o programaOCR;• através de parcerias com o Banco Bradesco eBrasil Telecom, os portadores de deficiênciasvisuais podem utilizar os serviços disponíveis,acessando os sites dessas empresas;• permite a leitura de páginas da internet citando,inclusive, os links para outras páginas, embora nãoseja tão eficiente em sites com frames e tabelas.• maior facilidade de navegação na Web;• integração total com o Office 2000/XP;

• multi-idiomas: português e inglês, além de permitira expansão para outros idiomas;• leitura automática de textos em janelas deassistentes;• permite a configuração de diferentes variaçõesde voz para a identificação da formatação ecapitalização de textos.Esta tecnologia oferece acesso Windows e acesso

à internet para facilitar a utilização de áudio e síntese devoz pelo usuário.

Preço: No que tange ao preço do Virtual Vision,a versão atual é comercializada, sendo gratuita paracorrentistas do Brasdesco e Banco Real. As versões paraWindows XP, NT e 2000 são mais caras (R$ 1800,00).Programas similares importados têm preços superiores.

Empresa: Desenvolvido pela MICROPOWER(empresa de Ribeirão Preto - SP)

ZOOM TEXTTrata-se de um leitor e ampliador. O ZOOMTEXT

versão 9.1 permite instalar em Windows Vista, WindowsXP e Windows 2000 Preço: R$ 1.200,00 Empresa:Desenvolvido pela AISQUARED (empresa americana).

NVDA é um leitor da tela de fonte livre e abertapara o sistema de exploração de Microsoft Windows.Preço: Gratuito Empresa: NVDA (NVDA, <http://www.nvda-project.org >, 2007)

TECLADO VIRTUALO Teclado Virtual é um recurso padrão do

Microsoft Windows, desde a versão Windows 95, emantido até as versões atuais do Windows (XP, Vista,Started Edition, entre outros).

O Teclado Virtual foi produzido originalmentepara a Microsoft pela Mandentec Limited, em 1998. Éum software que permite entrada de texto em programasde computador de maneira alternativa ao tecladoconvencional, baseando-se em receber cliques dodispositivo apontador (mouse) sobre uma imagem deteclado. A imagem clicada é convertida para um caracterede texto, que é escrito na tela do editor.

Preço: Incluso no pacote de Aplicativos eRecursos padrões do Microsoft Windows. Empresa:Microsoft, sob licença e projeto original da Mandentec.<http://www.microsoft.com/enable/at/matvplist.aspx> e<http://www.madentec.com>

Resultados da pesquisa de campoFoi aplicada uma pesquisa fechada com 10

usuários com pessoas portadoras de deficiências visuais,sobre o uso de recursos que permitem acesso a

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computadores. O resumo dos resultados obtidos podeser observado nas tabelas 1, 2 e 3. A tabela 1 sumarizaa formação dos entrevistados assim como o local queutilizam para ter acesso a internet. A tabela 2 enfoca osinteresses dos entrevistados ao acessar a web assim comoas principais dificuldades encontradas. A tabela 3 porsua vez, sumariza a experiência dos usuários com osprogramas assistivos.

Análise das principais deficiências verificadas

Com base nas dificuldades expostas pelos usuáriosquanto ao uso dos recursos de acesso, foram observadosalguns pontos que necessitam de melhoria. Analisando-os, sugere-se as seguintes propostas:

• Falta de Interação dos Aplicativos: muitas vezeso aplicativo não interage corretamente com outrosaplicativos, consulta de arquivos, páginas web,resultando em traduções de fala incorretas. Também háproblema com a conversão por não reconhecer termosconsultados ou até mesmo comandos de voz recebidos.

Sugestão: expandir o banco de dados e de

palavras reconhecidas ou comando de voz, padronizaçãonas bases de dados.

Factibilidade: média a difícil, a sugestão pode serlevada aos desenvolvedores do software, para aceitaçãoe implementação da idéia. O próprio grupo nacional doW3C ou o Governo Federal, através de seus projetos,poderiam promover e extender um padrão de banco dedados nacional.

Quanto aos projetos do Governo Federal, existeum portal dedicado especificamente às TecnologiasAssistivas (ASSISTIVA, <http://www.assistiva.org.br>, 2007), e trata da Normalização de padrões erecursos a serem disponibilizados para o Acesso eInclusão dos Portadores de Necessidades Especiais.As normas já existentes são:

ABNT NBR 15250: acessibilidade em caixa deauto-atendimento bancário;

ABNT NBR 15290: acessibilidade emComunicação na Televisão; (ASSISTIVAS, http://www.ass is t iva .org .br / ta .php?mdl=texto&arq=texto&l=normasace, 2007)

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• Configuração extensa e complexa: asconfigurações de todos os softwares assistivosapresentam uma grande quantidade de opções ecomandos extensos. Dessa forma, torna-se difícilmemorizar e mesmo aplicá-los em seguida.

Sugestão: os softwares poderiam acompanharmanuais impressos adaptados para auxílio (Braille, letrasgrandes, contraste, ou manual em áudio) e adoção deassistentes mais amigáveis (adaptados a cada tipo dedeficiência) para o auxílio destas tarefas.

Factibilidade: média a fácil, sugestão a ser levadaaos desenvolvedores do software, para aceitação eimplementação da idéia. Em relação à factibilidadetécnica, a proposta é simples, restando, uma análise docusto de implementação destas idéias.

• Sites fora de padrão, ou confusos, nãoadequados corretamente: atualmente muitos sites sãoformulados sem atender a maior parte das normasdefinidas pela W3C, e até os que atendem as normas,normalmente são carentes de usabilidade (ou seja, ossites não têm seu conteúdo ordenado de forma a elencaras informações mais importantes no topo da página, parafacilitar a leitura através dos softwares assistivos).

Sugestão: conscientizar a comunidade para odesenvolvimento nos padrões / layouts de páginas,segundo a norma da W3C. Além disso, Governo poderiater um papel mais ativo, se adotasse uma postura maisexigente no cumprimento destas normas.

Factibilidade: média a difícil. O padrão poderiaser divulgado aos desenvolvedores de sites, e tambémdisponibilizado às instituições envolvidas com a causa,para que auxiliem na divulgação e conscientização doswebmasters / webdesigners. A idéia ainda poderia serlevada ao governo, para uma divulgação em massa demaiores proporções, considerando também que a idéiapoderia fazer parte dos programas de inclusão digital jáexistente.

Criação de normas de aceitação de sitesinstitucionais, ou seja, caso ele não obedeça a W3C, osite seria recusado pelo governo.

• Falta de legendas: nem todos os vídeos,interações com imagens, dispõem de legendas ou umareferência escrita. O recurso é útil não só para osportadores de deficiência auditiva, como também paraos deficientes visuais que saberia qual recurso gráficoacessou no momento em que o software fizer a leiturada legenda / título / observação / nota.

Sugestão: incluir opção de legenda em vídeos /filmes / recursos gráficos no site, e sugerir como layoutpadrão aos desenvolvedores, ou seja, poderia existir umanorma que determinasse a obrigatoriedade de legendas

/ referências de texto a todos os recursos gráficos.Factibilidade: Média. A sugestão pode ser levada aosdesenvolvedores do software, para aceitação eimplementação da idéia, e também divulgação aosdesenvolvedores da mídia / sites, para que adotem umpadrão com legendas e referências de texto,possibilitando dessa forma, que o software faça a leiturae a interpretação. Novamente é necessário umaconscientização da comunidade, assim como uma açãomais efetiva, a nível institucional, do governo.

• Falta dos softwares apropriados em locaispúblicos / empresas / instituições: Grande parte dosestabelecimentos, inclusive órgãos públicos egovernamentais, não dispõem de softwares apropriadospara uso dos portadores de necessidades especiais, bemcomo sinalização, equipamentos e outros recursosnecessários para atendimento a esse público.

Sugestão: Passar o conhecimento do aplicativo desoftware, capacitar funcionários que irão lidar com opúblico deficiente. A causa também poderia ser recebidapelo Governo, de modo a definir normas e fiscalizaçãoentre os estabelecimentos para atender as necessidadesdos portadores de deficiências. Factibilidade: Anecessidade de acesso aos portadores de necessidadesespeciais poderia ser divulgada entre as instituições,órgãos ou empresas carentes desses recursos assistivos,delatando-os às instituições envolvidas com a causa, paraque auxiliem na divulgação e conscientização dosempresários, empreendedores e responsáveis. A idéiaainda poderia ser levada ao governo, para umadivulgação em massa de maiores proporções, e queincluísse a idéia nos programas de inclusão já existentes,criando padrões, normas e meios para fiscalização, demodo a tornar obrigatória a viabilização de acesso a todoe qualquer cidadão, independente de apresentar algumanecessidade especial ou não. Por todos estes fatos, afactibilidade é considerada média.

• Softwares JAWS e TALKS - Método deconfiguração: atualmente esses softwares permitemconfiguração utilizando apenas o teclado e/ou mouse, opróprio processo de instalação já deveria utilizar osconceitos de acessibilidade.

Sugestão: poderia ser alterado para utilizar umainterface baseada na voz (auxiliando principalmentedeficientes visuais). Este modo já estaria disponível noprocesso de instalação. Factibilidade: Alta, a sugestãopode ser levada aos desenvolvedores do software, paraaceitação e implementação da idéia.

• Software VIRTUAL VISION - Falhas naconversão de informações visuais em som: muitas vezes,o software não reconhece palavras específicas, ou não

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consegue “ler” a descrição / comentário de uma imageme outros recursos gráficos.

Sugestão: aprimoramento do sistema de conversãodo software, ampliação do banco de dados e depalavras. Factibilidade: considerada alta, a sugestão podeser levada aos desenvolvedores do software, paraaceitação e implementação da idéia. O próprio processoevolutivo do software deve contribuir para a minimizaçãodos erros de conversão e aumento da base de dados.Utilização de técnicas de desenvolvimento colaborativo,de forma a possibilitar que os próprios usuárioscontribuam com o aumento desta base.

• TALKS (telefonia móvel acessível) - O valordefinido para esse recurso atualmente, é muito alto,considerando-se a média do poder aquisitivo do públicoque necessita do software.

Sugestão: busca de patrocínio e pedido de auxílioa entidades do segmento. Expandir a divulgação dorecurso visando a redução de seu custo ao consumidorfinal, que normalmente, deixa de utilizar a ferramenta porter valor alto, apesar de necessitar do recurso.Normalmente o público que necessita de recursos comotodos os abordados neste trabalho, são pessoas de baixopoder aquisitivo. Factibilidade: média, ação junto àsinstituições envolvidas com a causa, para que auxiliemna divulgação, conscientização e busca de novospatrocinadores. A idéia ainda poderia ser levada aogoverno, que poderia incluí-la nos programas de InclusãoDigital já existentes, buscando ainda uma possibilidadede subsídio do governo a esses recursos de maior custo,para que o acesso às tecnologias assistivas seja viávelpara todos.

• TALKS - Leitura de SMS e outros textos:Atualmente, no recurso de leitura, ao interrompê-la, aleitura retorna ao início do texto.

Sugestão: adicionar a opção de pausa da leitura,ou seja, ao parar a leitura o usuário reinicia a leitura deonde parou. Factibilidade: a sugestão pode ser levadaaos desenvolvedores do software, para aceitação eimplementação da idéia. Pode ser considerada alta, poisa dificuldade técnica é baixa e poderia ser incluída emuma nova versão ou mesmo em atualizações do software.

• Falta de software JAWS em bancos: muitoscaixas automáticos não dispõe de recursos assistivoscompletos. Normalmente as teclas têm impressão emBraille, e poucos têm a opção de áudio, acessível comum fone de ouvido. A grande maioria não dispõe desoftware para obedecer comandos de voz.

Sugestão: inclusão do software em bancos, muitosutilizam caixa eletrônico e seria útil adquirir extrato emBraille, usando comando voz, além de agilizar as consultas

em geral Factibilidade: A necessidade de acesso aosportadores de necessidades especiais poderia serdivulgada entre as instituições, órgãos ou empresascarentes desses recursos assistivos, delatando-os àsinstituições envolvidas com a causa, para que auxiliemna divulgação e conscientização dos empresários,empreendedores e responsáveis. A idéia ainda poderiaser levada ao governo, para uma divulgação em massade maiores proporções, e que também poderia incluir aidéia nos programas de inclusão já existentes, criandopadrões, normas e meios para fiscalização, de modo atornar obrigatória a viabilização de acesso a todo equalquer cidadão, independente de apresentar algumanecessidade especial ou não. Devido ao alto potencialdestes recursos serem utilizados como propaganda pelasinstituições, pode-se considerar de média a altafactibilidade.

• VIRTUAL VISION - Freeware apenas paraaos correntistas do Banco Bradesco e Banco Real: Assimcomo o observado com o software TALKS, o valordefinido para esse recurso, atualmente é muito alto,considerando-se a média do poder aquisitivo do públicoque necessita do software.

Sugestão: pedido de mais patrocinadores aoSoftware e Apoio do Governo, pois atualmente osoftware fabricado pela MICROPOWER, é doadosomente aos correntistas dos bancos Bradesco e Real,caso contrário, o valor é de R$ 1.800,00. Factibilidade:ação junto às instituições envolvidas com a causa, paraque auxiliem na divulgação, conscientização e busca denovos patrocinadores. A idéia ainda poderia ser levadaao governo, que poderia incluí-la nos programas deInclusão Digital já existentes, buscando aindapossibilidade de subsídio do governo a esses recursosde maior custo, para que o acesso às tecnologiasassistivas seja viável para todos. Média a alta, devido aoutras instituições já terem conseguido viabilizar osoftware para seus clientes sendo um bom indício desua factibilidade.

Considerações finais

Existem no Brasil diversos recursos de TecnologiasAssistivas, que auxiliam grandemente na inclusão digitalde pessoas portadoras de necessidades especiais (visual,auditiva, motora e mental). Entretanto, por meio dasobservações, pesquisas e entrevistas realizadas para odesenvolvimento deste trabalho, pôde-se constatar doisgrandes agravantes:

1. O público que necessita de TecnologiasAssistivas para fazer o uso de informática, em geral,

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é de baixo poder aquisitivo.2. As Tecnologias Assistivas contam com poucospatrocinadores, de iniciativa privada e,praticamente não recebem apoio do Governo.Existem leis e normas que visam definir direitos

aos recursos de tecnologias assistivas aos portadoresde necessidades especiais, entretanto, não viabilizam etampouco estabelecem obrigatoriedade no direito deacesso aos mesmos. Os recursos de TecnologiasAssistivas necessitam de diversas melhorias, algumasinclusive simples, conforme colocada pelos usuários,como por exemplo, que o software fosse acompanhadode manuais e explicativos em Braille ou outros recursosque possam auxiliar o usuário no uso e configuração detais tecnologias.

Infelizmente, garantir os direitos e promover asmelhorias necessárias não depende apenas de umainiciativa particular e isolada. É necessário levar aoconhecimento de todos e garantir junto aos governantesdo país igualdade no acesso à informática, IgualdadeDigital.

Isto significa que o acesso tem-se aos recursosdigitais, deve ser o mesmo para todos os que têm algumanecessidade especial, ainda que para isso, necessitemde algum recurso especial, mas que garanta seu direito àinclusão digital, garanta seu direito aos mesmos recursosque pessoas sem necessidades especiais têm acesso.

Portanto, a evolução e melhoria das TecnologiasAssistivas poderia ser acelerada significativamente a partirdo momento em que o Governo passasse a definir astecnologias assistivas, não apenas como uma alternativapara obter melhores condições de uso e acesso àinformação digital, mas que passasse a definir a própriaInclusão Digital e Tecnologias Assistivas.

Assim como um direito do portador denecessidades especiais e um dever obrigatório doGoverno em fazê-lo cumprir, gerando vias às instituições,patrocínios aos desenvolvedores de TecnologiasAssistivas, e todos os recursos necessários para que defato deixe de ser uma “opção”. Para isso, passe a serum direito assegurado a todos, e garantindo gratuitamentea aquisição destes softwares aos que não dispõem depoder aquisitivo.

Como trabalhos futuros propõe-se a utilização dosdados obtidos neste trabalho de forma a criar propostasmais definidas e completas para cada caso observado.

Criação de uma proposta de framework dedesenvolvimento para facilitar a integração entrediferentes aplicativos e validação das normas deacessibilidade específicas para cada tipo de deficiência(extendendo a idéia apresentada no software Da Silva

para páginas web, para aplicativos).

Referências Bibliográficas

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