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2009 2. a edição Adriana Justin Cerveira Kampff NA EDUCAÇÃO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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20092.a edição

Adriana Justin Cerveira Kampff

NA EDUCAÇÃO

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

E COMUNICAÇÃO

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IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

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© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

K23t

Kampff, Adriana Justin Cerveira.Tecnologia da informação e comunicação na educação / Adriana Justin Cervei-

ra Kampff. - 2.ed. Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2009. 212 p.

Inclui bibliografiaISBN 978-85-387-0386-0

1. Tecnologia educacional. 2. Inovações educacionais. 3. Tecnologia da in-formação. 4. Comunicação e tecnologia. 5. Comunicação de massa e educação. I. Título.

09-2545 CDD: 371.3078CDU: 37.016:316.774

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Doutoranda em Informática na Educação (PGIE-UFRGS), Mestre em Ciência da Computação (PGCC-UFRGS) e Bacharel em Informática (PUCRS). Coordena proje-tos envolvendo tecnologias educacionais junto a escolas de Ensino Fundamental e Médio. Atua, também, como professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação na área de computação e licenciaturas, aprofundando o tema das tecnologias na educação, sobre o qual pesquisa e tem artigos publicados em eventos, nacionais e internacionais, e revistas científicas. Trabalha, ainda, na capa-citação e acompanhamento de professores para o Ensino a Distância.

Adriana Justin Cerveira Kampff

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Sumário

Tecnologias ................................................................................. 11

Tecnologias instrumentais ..................................................................................................... 12

Tecnologias intelectuais.......................................................................................................... 12

Tecnologias educacionais ...................................................................................................... 14

Tempos de mudanças ............................................................. 21

As ondas civilizatórias .............................................................................................................. 21

Espaços diferenciados de aprendizagem ........................ 31

As inteligências múltiplas ....................................................................................................... 31

Implicações educacionais ...................................................................................................... 35

Mídias na Educação: impressos e rádio ............................ 45

Livros .............................................................................................................................................. 45

Jornais e revistas ........................................................................................................................ 48

Rádio .............................................................................................................................................. 49

Mídias na Educação: audiovisuais ...................................... 57

Televisão ....................................................................................................................................... 57

Programas educacionais ......................................................................................................... 59

Uso dos recursos audiovisuais .............................................................................................. 60

Produção de recursos audiovisuais .................................................................................... 61

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Informática na Educação ....................................................... 67

Ensino e aprendizagem com a informática ..................................................................... 68

Ambientes virtuais para consulta multimídia ................................................................. 69

Softwares educacionais: aprendizagem envolvente .................................................... 79

Editores gráficos ........................................................................................................................ 79

Editores de texto ........................................................................................................................ 81

Jogos de computador.............................................................................................................. 82

Softwares educacionais: interatividade ........................... 91

Linguagem Logo ....................................................................................................................... 92

Geometria dinâmica: Cabri-Géomètre .............................................................................. 94

Visualização de gráficos e funções ...................................................................................... 97

Geometria espacial ................................................................................................................... 98

Simuladores variados ............................................................................................................... 99

Edição de texto .......................................................................107

Microsoft® Word .......................................................................................................................108

Apresentação multimídia ....................................................123

Microsoft® PowerPoint 2003 ...............................................................................................124

Internet: revolução digital ...................................................139

Surgimento da internet .........................................................................................................140

Considerações finais ...............................................................................................................144

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Internet: pesquisa...................................................................149

Acesso a sites ............................................................................................................................149

Ferramentas de busca ...........................................................................................................150

Bibliotecas virtuais ..................................................................................................................152

Enciclopédias virtuais ............................................................................................................155

Pesquisa em sala de aula ......................................................................................................156

Internet: comunicação .........................................................161

Correio eletrônico ...................................................................................................................162

Lista de discussões ..................................................................................................................164

Salas de bate-papo .................................................................................................................165

Fóruns de discussão ...............................................................................................................168

Videoconferência.....................................................................................................................168

Ferramentas de comunicação instantânea ....................................................................169

Outras formas de comunicar ...............................................................................................169

Inclusão digital ........................................................................177

Acessibilidade ...........................................................................................................................178

Software livre .............................................................................................................................179

Computadores nas escolas ..................................................................................................180

Venda de computadores com subsídios .........................................................................180

Reciclagem de equipamentos ............................................................................................181

Telecentros .................................................................................................................................182

Governo Eletrônico (e-gov) .................................................................................................182

Considerações finais ...............................................................................................................183

Gabarito .....................................................................................191

Referências ................................................................................207

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Apresentação

Neste livro, você encontra informações sobre diversas tecnologias, de im-pressos à computação, passando por rádio e televisão. Tenho certeza de que, em muitos momentos, você se identificará com os exemplos apresentados, pois, quem não tem uma história fantástica para contar mediada por algum artefato tecnológico?

Além de apresentar tecnologias e teorias que apoiam sua utilização na educa-ção, a nossa interação (sim, quem lê interage!) estará marcada pela discussão de possibilidades pedagógicas e exemplos para iniciar a caminhada na área.

A utilização de tecnologias na educação não deve ser apenas ilustrativa, pode ser transformadora: permite acessar um grande volume de informações, em di-ferentes formatos, e compartilhá-las; propicia interagir com pessoas distantes e acompanhar em tempo real os acontecimentos em diversos locais do planeta.

Assim, nos tempos atuais, precisamos formar cidadãos com novas competên-cias, capazes de gerenciar informações e trabalhar em grupo, começando por nós! Urge que estejamos capacitados para discutir e utilizar tecnologias em situações oportunas de aprendizagem. É preciso não apenas conhecê-las, mas vivenciá-las.

Adriana Justin Cerveira Kampff

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As pessoas recebem, processam e apresentam as informações de ma-neiras diferentes, de acordo com seus estilos próprios de aprendizagem. Ao organizar espaços de aprendizagem, no mundo atual, é necessário considerar os estilos cognitivos dos envolvidos e prover formas distintas de trabalho, com o intuito de motivar e envolver os sujeitos, de maneira participativa e responsável, em suas aprendizagens.

Nesse sentido, como é possível promover novos ambientes de ensino e aprendizagem que respeitem as diferenças individuais? Como oportu-nizar atividades em que o conhecimento seja construído coletivamente pelos sujeitos? As tecnologias da informação e da comunicação podem contribuir significativamente nesse contexto?

As inteligências múltiplasO que é inteligência? Para Gardner (1995, p. 14), a inteligência é a “capa-

cidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valoriza-dos em um ou mais ambientes culturais ou comunitários”.

A partir dessa definição, afasta a ideia de que a inteligência é única e pode ser medida de maneira absoluta, destacando seu caráter múltiplo. A teoria das múltiplas inteligências considera as diferenças, as singularidades, apre-sentando uma nova dimensão humana: os sujeitos apresentam diversas in-teligências, em diferentes graus, que interagem na resolução de problemas.

Na medida que seus estudos avançam, novas inteligências são incor-poradas à sua teoria. As primeiras sete inteligências definidas são apresen-tadas na sequência.

Inteligência linguísticaA inteligência linguística relaciona-se à expressão verbal, oral ou

escrita. Essa inteligência é exteriorizada na capacidade de escrever

Espaços diferenciados de aprendizagem

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e contar histórias, fazer rimas, contar piadas, representar, interpretar fatos, criar metáforas.

Destacam-se como expoentes grandes jornalistas, políticos eloquentes, escri-tores e poetas. Bons vendedores e professores também costumam ter uma boa inteligência linguística.

Dom

ínio

púb

lico.

Monteiro Lobato.

Inteligência lógico-matemáticaEssa inteligência vai além da resolução de cálculos matemáticos, abarcando

o pensamento científico, que permite identificar problemas, levantar hipóteses e empregar métodos que levem a comprovar ou refutar as hipóteses iniciais, enfim, empregar lógica para organizar o pensamento e resolver problemas.

Engenheiros, administradores, economistas, matemáticos e físicos, por exem-plo, costumam apresentar um bom nível de desenvolvimento desse tipo de inteligência.

Dom

ínio

púb

lico.

Albert Einstein – Prêmio Nobel de Física.

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Inteligência corporal-cinestésicaA inteligência corporal-cinestésica diz respeito aos movimentos corporais,

envolvendo saber expressar emoção, por meio da dança e linguagem corporal, e realizar movimentos precisos, como na prática de esportes.

Bailarinos e atletas de alto nível possuem uma boa inteligência corporal.

Rica

rdo

Stuc

kert

.

Maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima.

Inteligência espacialA inteligência espacial refere-se à visualização do espaço e à criação de imagens

mentais a partir dele, facilitando sua representação e a orientação no mesmo.

Arquitetos, escultores, desenhistas e cartógrafos representam bem o espaço; pilotos e navegadores localizam-se bem; bons jogadores de xadrez possuem a habilidade de visualizar os objetos a partir de múltiplas perspectivas e projetar novas configurações.

Valte

r Cam

pana

to/A

Br.

Oscar Niemeyer.

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Inteligência musicalA inteligência musical caracteriza-se pelo reconhecimento de padrões so-

noros, ritmos e batidas, e pelo manuseio de instrumentos musicais. Interpretar, distinguir, reproduzir e criar sons, com a voz ou instrumentos, estão entre as possibilidades que sugerem a inteligência musical, presente em compositores, cantores e músicos.

Dom

ínio

púb

lico.

Ludwig van Beethoven - compositor de Música Clás-sica pintado por Joseph Karl Stieler.

Inteligência interpessoalA inteligência interpessoal caracteriza-se pela capacidade de estabelecer

contato com os outros e criar empatia, sabendo colocar-se no lugar dos outros e interpretar suas reações. Expressa-se na organização de grupos, na capacidade de liderança e gerência, na negociação de soluções.

Embaixadores, religiosos, psicólogos, professores e apresentadores de pro-gramas televisivos costumam demonstrar um bom desenvolvimento dessa inteligência.

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Ever

t Ode

kerk

en.

Madre Teresa de Calcutá – Prêmio Nobel da Paz.

Inteligência intrapessoalA inteligência intrapessoal relaciona-se à capacidade de autoconhecimento

e automotivação, sabendo lidar com as frustrações e como superá-las. É a ca-pacidade de controlar a impulsividade, de encarar a vida com otimismo e de reagir positivamente em situações de insucesso, reorganizando-se para superar os obstáculos.

Implicações educacionaisA teoria das múltiplas inteligências tem implicações educacionais, cabendo à

escola reconhecer que:

cada sujeito é único; �

as inteligências manifestam-se de maneiras diferentes, em níveis de de- �senvolvimento diferentes;

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todas as inteligências são importantes para que uma pessoa seja compe- �tente e produtiva na sociedade;

é fundamental considerá-las e oportunizar que se desenvolvam de manei- �ra adequada.

Já que diferentes pessoas possuem as diversas inteligências em diferentes graus, torna-se necessário criar situações de aprendizagem tão diversificadas quanto são as inteligências. Todas as inteligências podem ser potencialmente desenvolvidas através de atividades diferenciadas.

Uma das formas preferenciais de trabalho com esse objetivo é propiciar si-tuações-problema ao sujeito, preferencialmente através de uma pedagogia de projetos, em grupos e em ambientes ricos em recursos. Para Gardner (1995, p. 104), os projetos “engajam os alunos [...], estimulando-os a planejar, revisar seu trabalho e refletir sobre ele”, exigindo a articulação de inteligências variadas.

Para que essa empreitada tenha êxito, o sujeito precisa ser motivado a envol-ver-se ativamente nesse processo, construindo o seu conhecimento a partir de múltiplas interações. E o professor deve projetar desafios que estimulem o ques-tionamento, a colocação de problemas e a busca de soluções. Os sujeitos não se tornam ativos aprendizes por acaso, mas por desafios projetados e estruturados, que visem à exploração e à investigação.

O desenvolvimento de projetos no espaço educacional traz consigo uma série de possibilidades pedagógicas relevantes:

considerar cada sujeito em sua singularidade – o ritmo, os interesses e as �habilidades dos envolvidos são contemplados em trabalhos dessa ordem. Cabe aos sujeitos negociarem, orientados por um professor mediador, os temas dos projetos e a forma de desenvolvê-los;

oportunizar vivências – em um ambiente de desenvolvimento de proje- �tos, é possível “criar” situações imaginárias, representativas de situações reais, permitindo a visualização de conceitos e a vivência de situações di-ferenciadas;

oferecer acesso a vasto material – é fundamental oportunizar acesso a �material em quantidade e qualidade, possibilitando pesquisa, aprofun-damento, análise, depuração de ideias e afirmação ou criação de novas hipóteses. Esses materiais devem permitir a manipulação em diferentes formas e proporcionar diferentes estímulos;

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motivar os sujeitos a se engajarem em suas aprendizagens – os sujei- �tos devem estar envolvidos em seu processo de aprendizagem, parti-cipando ativamente em todas as fases de aquisição de informações e construção do conhecimento;

mediar o processo – todas as questões anteriores devem ser apoiadas por �um professor inovador e orientador, permitindo aos sujeitos ganhos signi-ficativos de aprendizagem.

Diversas tecnologias, em especial as da informação e da comunicação, devem fazer parte do desenvolvimento dos projetos, oportunizando ampla pesquisa e múltiplos estímulos sensoriais, além de oferecer vários recursos para simulação, compartilhamento e representação do conhecimento, levando os sujeitos a par-ticiparem ativamente da construção de seu conhecimento.

Texto complementar

Os professores têm uma nova missão(THORNBURG, 1997)

[...]

ZH – Por que é tão importante que as escolas ofereçam acesso à tecnologia?

DT – Há duas importantes razões para que as crianças tenham acesso à tecnologia. A primeira é que a tecnologia pode ser usada para dar suporte ao aprendizado natural. Nos Estados Unidos, temos uma pesquisa que mostra que existem sete maneiras de se aprender. Em uma sala de aula comum, so-mente uma ou duas são aproveitadas: a inteligência linguística, quando se recomenda alguma leitura, e a matemática, quando se promovem compe-tições. Mas as crianças também aprendem pelo movimento, relacionamen-to, música, interação com os colegas e contemplação. Em um ambiente de aprendizado que possa suportar todas as maneiras de aprender, os estudan-tes vão ter melhor aproveitamento.

ZH – Mas isso é uma tarefa fácil?

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DT – Claro que não. Uma das dificuldades é imaginar que todos os pro-fessores vão ser bons em todos esses tipos de inteligências. Essa é uma ex-pectativa irreal. Já não se pode dizer o mesmo em relação às máquinas mul-timídia. Os computadores multimídia permitem aos estudantes criarem seus próprios projetos, expressarem o que sabem de uma maneira natural. Um estudante de artes tem condições de criar seus próprios filmes de animação e usar sua inteligência espacial. Isso não é possível quando se usa apenas papel e caneta. Ou seja, o computador abre novas oportunidades de expres-sar aquilo que a criança já sabe.

ZH – Qual seria a segunda razão?

DT – Nós vivemos em uma sociedade cada vez mais informatizada. Sendo assim, quem quiser se formar e conseguir empregos bem remunerados vai precisar ter suas habilidades tecnológicas bem desenvolvidas. Muitas crian-ças têm acesso à tecnologia em casa, outras não. Por isso é importante que a escola, pública ou privada, esteja bem aparelhada.

[...]

ZH – Quais são essas transformações?

DT – Quando eu era estudante, a maioria das escolas passava informações que seriam válidas por toda a vida. Hoje já não é assim. É claro que isso não se aplica à leitura, escrita e noções básicas de matemática e computação. Mas em termos de ciência e tecnologia ou tudo que diga respeito a habilidades, o que se aprende hoje não serve amanhã. A informação não é mais perene.

ZH – O que os professores podem fazer para usar o computador de uma maneira correta?

DT – A melhor maneira de usar adequadamente essa ferramenta é se manter informado. Na medida do possível, o professor deve participar de seminários e congressos que discutam o assunto e tomar conhecimento do exemplo de colegas que estão com experiências bem-sucedidas na área. É preciso se familiarizar com a tecnologia. A maioria dos adultos não se sente confortável diante de um computador, ao contrário das crianças.

ZH – Por que isso ocorre?

DT – Porque as crianças nasceram junto com a tecnologia. As máquinas são coisas comuns para eles, mas para muitos professores são coisas total-

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mente novas. Eles têm medo de estragar a máquina ou de tornar pública a sua falta de intimidade com os equipamentos. Por isso, é preciso criar muitas oportunidades para que os professores aprendam a usar essas novas ferra-mentas, para mudar os currículos e não apenas adaptar os currículos velhos. Inventar novos currículos é o mais importante.

ZH – Por quê?

DT – O mundo está mudando mais rapidamente do que nunca. E a educa-ção precisa acompanhar esse ritmo. Mas não é o que acontece. As mudanças na educação são muito lentas, e o mundo não vai esperar. Veja o caso do Brasil, por exemplo. Eu acredito que o Brasil pode se tornar uma potência econômica, como a China, mas a chave está na educação. Enquanto não se investir em educação, não haverá condições de se explorar todo o potencial da nação. Por isso é importante preparar as crianças para o século XXI. O que está acontecendo neste momento, em todo mundo, é que as pessoas que re-cebem educação recebem cada vez mais e as que recebem pouca, recebem cada vez menos. Desta forma, é cada vez mais profundo o fosso entre edu-cados e deseducados, inclusive em países desenvolvidos como os Estados Unidos. E esse processo precisa ser estancado porque não haverá bons em-pregos para pessoas sem habilidades e que não saibam usar a tecnologia.

[...]

ZH – Isto quer dizer que estamos preparando pessoas sem saber exata-mente para o quê?

DT – Exatamente. A mudança que precisa ser feita é a de não preparar pesso-as para trabalhos específicos, porque não se sabe que trabalhos serão esses. A saída, então, é desenvolver nas pessoas as habilidades que poderão ser usadas em qualquer tipo de trabalho que possa surgir. No passado era importante saber ler, conhecer os números, ser responsável, ético e pontual. Isto continua sendo importante, mas já não basta. Agora é preciso ser criativo. Saber tomar decisões com informações incompletas. Ser independente, ter iniciativa. Saber como trocar de profissão quantas vezes for necessário. Essas são habilidades importantes e muito diferentes do que se costumava aprender na escola.

ZH – O computador seria a ferramenta para mudar a escola?

DT – É uma ferramenta importante, mas não é a única. O computador deve ser utilizado para coisas novas, não para reproduzir o antigo. Para mim,

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a transformação mais urgente e mais importante é a mudança no pensa-mento dos professores.

ZH – Como se pode conciliar avanço tecnológico com pobreza crescente?

DT – Bem, temos que parar de pensar que ou se alimenta o povo ou se dá tecnologia. As duas coisas precisam ocorrer simultaneamente. Caso isso não ocorra, ficaremos sempre à margem. Sem tecnologia nenhum povo será autossuficiente. Por isso a educação, para se usar as novas ferramentas, é tão importante quanto o alimento. É difícil, porque os recursos são limitados, mas não tem outro jeito.

[...]

ZH – Qual a sua opinião sobre a internet?

DT – A rede mundial de computadores é uma ferramenta poderosa, porque reúne grande número de informações que não constam em livros ou que só vão ser publicadas daqui a alguns anos. Ao mesmo tempo, muitas in-formações são incorretas ou impróprias para crianças. Acho que a tarefa dos pais e dos professores é a de fazer a triagem destas informações e acolher o que é melhor para essa ou aquela idade.

É importante saber interpretar as informações, da mesma forma que se faz com material publicado por jornais ou revistas. Nos Estados Unidos, acre-dito que aqui ocorra o mesmo, muitos professores têm medo de perder o controle sobre o que os alunos estão aprendendo. Com o uso do livro em sala de aula, os professores sempre controlaram os conteúdos. Com a inter-net isto já não é possível e muitos professores se sentem ameaçados, pois o aluno pode entrar na rede e encontrar informações que o professor não tenha conhecimento. Por isso é que eu digo que o papel do professor está mudando. De agora em diante, ele precisa ajudar o aluno a selecionar infor-mações. Escolher entre o que não presta e o que é realmente importante.

ZH – O avanço tecnológico está acabando com muitas profissões. Será que a do professor está indo pelo mesmo caminho?

DT – Não. Eu acredito que a figura do professor vai existir para sempre. Faz parte da condição humana ensinar aos outros. A tecnologia é só uma ferra-menta, como um livro. Quando se iniciou a produção em massa dos livros, os

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professores também se sentiram ameaçados, exatamente como ocorre hoje com relação à internet. A história mostrou que não há razões para temores porque ainda precisamos de professores e vamos continuar precisando. A internet nos facilita o acesso à informação, mas sempre vamos precisar da sensibilidade humana para fazer uso desse material.

Dica de estudoGARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

Nesse livro, Howard Gardner apresenta o conceito de inteligência presente em sua teoria e seus desdobramentos, trazendo muitos exemplos e os resulta-dos de suas pesquisas.

Atividades1. Reflita sobre cada uma das inteligências apresentadas, listando suas carac-

terísticas e identificando pessoas conhecidas que apresentam um bom nível de desenvolvimento de tal inteligência.

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2. Faça um exercício de reflexão pessoal: quantas dessas inteligências você tem bem desenvolvidas?

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3. Reconhecer o caráter múltiplo da inteligência e que, portanto, diferentes sujeitos apresentam diferentes níveis de cada inteligência, traz importantes implicações pedagógicas. Cabe aos professores propiciarem oportunidades para que todos possam desenvolver suas diferentes inteligências. Como po-deriam ser os espaços de aprendizagem que respeitem e desenvolvam as inteligências múltiplas?

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