técnicas reabilitação alvenarias

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    TCNICAS DE REABILITAO DE ALVENARIAS

    (Verso Preliminar)

    1. PATOLOGIAS EM PAREDES DE ALVENARIA

    Torna-se necessrio efectuar a distino entre patologias inerentes ao comportamento estrutural

    (aspectos relacionados com a concepo) e inerentes ao comportamento material (dependente das

    caractersticas dos materiais utilizados, das tcnicas construtivas, da tipologia da seco, etc.)

    Na prtica difcil estabelecer a fronteira entre este tipo de patologias, dado que muitas vezes as

    manifestaes das patologias podem ter diversas origens.

    1.1Patologias em paredes de alvenaria de pedra natural

    Destacam-se como anomalias mais frequentes em paredes de alvenaria de edifcios antigos:

    Fendilhao Desagregao (anomalia muito generalizada) Esmagamento (anomalia com carcter local)

    As causas das anomalias so de natureza muito diversa, podem estar relacionadas com razes de

    natureza estrutural ou presena de gua e aco dos agentes climatricos.O Quadro I sintetiza as principais anomalias em paredes de alvenaria de edifcios antigos.

    QUADRO I Anomalias em paredes de alvenaria de edifcios antigos

    ANOMALIA LOCALIZAO PREFERENCIAL DA ANOMALIA CAUSAS

    Zona corrente das paredes

    Zonas onde se localizam aberturaspara portas e janelas

    Movimentos de assentamento das fundaes,particularmente assentamentos diferenciais

    Falta de resistncia adequada dos lintissuperiores ou de arcos de descarga pode

    conduzir a esforos de flexo excessivos e

    fissuras verticais

    Aco dos sismos (esforos de cortes)FENDILHAO

    Coberturas em terrao, fendashorizontais na ligao

    parede/cobertura

    Deficiente isolamento trmico, tendo comoconsequncia variaes dimensionais

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    Paredes de suporte das coberturas Impulsos horizontais devidos ao abatimento

    de arcos, ou produzidos por

    disfuncionamentos estruturais de asnas de

    cobertura

    Paredes resistentes Por erros de construo, principalmente nas

    paredes de pedra irregular, quando no foram

    colocados perpianhos

    DESAGREGAO

    Nvel do rs-do-cho dos edifciosdevido a:

    - intervenes humanas de vandalismo

    - efeito de choques de veculos

    Aco dos agentes climatricos, alternnciade calor e frio, com contraces e expanses

    sucessivas, vento transportando poeiras e

    areias

    Aco da gua, especialmente guasinfiltradas, quer guas da chuva, quer guas

    provenientes de infiltraes de origens

    diversas ou de humidade do terreno

    ascendendo por capilaridade

    Aco metericas, associadas ou no aefeitos de poluio

    Pontos de aplicao de cargasconcentradas excessivas

    Zonas de contacto lateral entre vigasde madeira e a alvenaria

    Descargas de das vigas em paredes, sem asdevidas precaues

    Cargas aplicadas excedem em muito asprevistas

    ESMAGAMENTO

    Edifcios adjacentes a construesnovas, se estas possurem caves e os

    respectivos muros de suporte forem

    ancorados

    Presso de injeco das ancoragensexcessiva, poder criar presses ascendentes

    no solo, que se transmitem s fundaes, e

    destas s paredes, provocando-lhes

    esmagamentos ao nvel do primeiro piso.

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    1.1.1 Patologias em paredes de alvenaria de pedra natural com elementos de madeira

    Existem anomalias particulares e especficas em paredes resistentes com elementos de madeira.

    No Quadro II, apresentam-se as principais anomalias encontradas nestes elementos.

    QUADRO II Anomalias em paredes resistentes com elementos de madeira

    ANOMALIA LOCALIZAO PREFERENCIAL DA ANOMALIA CAUSAS

    Elementos de madeira em paredesexteriores, especialmente em

    edifcios com andar de ressalto

    Presena sazonal de humidade econsequentemente aparecimento de fungos

    de podrido

    Ataques de insectos, trmitas e carunchos

    Elementos de madeira em paredespertencentes a edifcios diferentes

    Infiltrao da gua da chuva atravs dachuva entre os dois edifcios, se no for

    convenientemente vedadaAPODRECIMENTO

    DA MADEIRA

    Elementos de madeira nas paredesatravessadas por redes de guas e

    esgotos

    Elementos de madeira em paredesatravessadas por tubos de queda em

    grs

    Como as tubagens so muito rgidas, o seucomportamento no compatvel com a

    elasticidade das paredes com os elementosde madeira, o que provoca frequentes roturas

    e derrames de gua ou de esgotos

    domsticos

    1.2Patologias em paredes de alvenaria de tijolo macio

    Em alvenarias de tijolo cermico, para alm das patologias comuns s paredes de pedra natural, dos

    mecanismos associados s patologias mais frequentes, destacam-se os seguintes fenmenos:

    microfisurao, macrofissurao e separao dos paramentos.

    No Quadro III, esquematizam-se as principais anomalias em paredes de tijolo macio.

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    QUADRO III Anomalias emparedes de alvenaria de tijolo macio

    ANOMALIALOCALIZAO PREFERENCIAL DA

    ANOMALIACAUSAS

    MACRO FISSURAO Fissurao que atravessa toda a

    seco da parede

    Aces estticas ou dinmicas correntes:- concentrao de esforos nas zonas dos cantos;

    - assentamentos das fundaes;

    - acrscimo rpido das cargas permanentes; - sismos.

    MICROFISSURAO

    Juntas de argamassa (fina edifusa malha de

    microfissurao, com

    andamento vertical ou quase

    vertical)

    Blocos

    Elevadas cargas permanentes e osfenmenos de fluncia associados.

    Elevados esforos de compresso emovimentos internos da seco da

    parede

    Aco cclica dos fenmenosambientais (vento, variaes trmicas

    e higrscopicas)

    SEPARAO DE

    PARAMENTOS Paredes compostas Fraca ligao transversal

    1.3Patologias em acabamentos (rebocos) de paredes de edifcios antigos

    Faz-se referncia s anomalias em acabamentos, particularmente em reboco de paredes de edifcios

    antigos, uma vez que as intervenes de reabilitao podem estar relacionadas com anomalias desta

    natureza. No Quadro IV apresentam-se essas anomalias.

    QUADRO IV Anomalias em rebocos de paredes de edifcios antigos

    ANOMALIA LOCALIZAO PREFERENCIAL DAANOMALIA

    CAUSAS

    FENDILHAO Paredes rebocadas Fendilhao do prprio suporte

    Retraco das argamassas constituintes

    DESAGREGAO Rebocos fracos, com baixa

    resistncia mecnica (rebocos de

    argamassas de cal), principalmente

    Efeito da humidade no percurso que faz nointerior da parede transportando sais, que

    depois de dissolvidos, cristalizam com a

    evaporao da gua, atingindo a superfcie

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    2. TNICAS DE CONSOLIDAO E REFORO EM PAREDES DE ALVENARIA DEPEDRA NATURAL OU DE TIJOLO MACIO

    Aps a anlise das diversas anomalias e das suas causas necessrio proceder interveno mais

    adequada recorrendo para tal a tcnicas de consolidao com o objectivo de repor a capacidade

    resistente inicial, ou proceder a tcnicas de reforo cuja funo a de aumentar a capacidade de carga

    ou a limitao da deformao da estrutura.

    A humidade uma das grandes preocupaes nos edifcios antigos, estando associada ao aparecimento

    de muitas das anomalias e evoluo destas para situaes bastante gravosas para a estrutura. Deste

    modo as medidas de proteco contra a humidade tornam-se indispensveis quando se pretende

    prevenir a manifestao das anomalias.

    Neste trabalho descrevem-se as seguintes tcnicas de consolidao e reforo de alvenarias:

    Tcnicas de consolidao de alvenarias

    Consolidao de alvenaria por injeco

    Substituio do material degradado

    Tcnicas de reforo de alvenarias

    Refechamento de juntas

    Refechamento de juntas com armadura

    Refechamento de juntas com camada de resina orgnica e armadura

    Reboco armado

    Encamisamento Jacketing

    Reforo com materiais compsitos FRP (Fiber Reinforced Polymer)

    Pregagens generalizadas (Reticolo cementato)

    Pregagens transversais

    Pr-esforo

    Tcnicas de proteco contra a humidade

    Barreiras qumicas contra a humidade ascensional (por injeco)

    Barreiras qumicas contra a humidade ascensional (por transfuso)

    Tratamento hidrofugante

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    2.1. Tcnica deconsolidao de alvenaria por injeco

    A tcnica de consolidao de alvenarias por injeco consiste na introduo de caldas, atravs de furos

    previamente realizados nos paramentos exteriores das alvenaria, para preenchimento de vazios

    interiores e/ou selagem de fissuras, alterando as caractersticas fsicas e mecnicas do material da

    alvenaria.

    Os tipos de caldas utilizadas so: caldas de cimento estabilizadas por bentonite ou cal, caldas de

    cimento especiais, caldas de silicato de potssio ou de sdio, resinas epoxdicas e resinas de polister

    (usadas sobretudo quando no se colocam exigncias especiais de resistncia mecnica).

    A injeco pode ser efectuada por gravidade ou a baixa presso (0.1 a 0.2 MPa) de modo a no

    provocar efeitos negativos na alvenaria existente.

    Esta tcnica deve-se aplicar em caso de fracturas, desagregaes e falta de integridade das paredes.

    A execuo desta tcnica compreende as seguintes fases:

    - remoo do reboco ou dos revestimentos existentes (no se dever efectuar esta operao no

    caso de se tratarem de revestimentos com valor artstico) para verificar o estado da alvenaria;

    - limpeza da parede com gua de forma a eliminar eventuais substncias solveis (gesso), ou

    outras substncias insolveis. A lavagem pode ser efectuada com jacto de gua, de baixa ou alta

    presso (com as devidas precaues) ou com jacto de vapor de gua com temperaturas de 150C a

    200C e presso de 5 a 10 atm;

    Em alternativa lavagem, especialmente nos casos em que se utilizam resinas orgnicas (polimricas),

    pode efectuar-se limpeza mecnica com escovas mecnicas, ar comprimido com jacto de areia e

    lavagem qumica (no caso de presena de substncias especiais).

    - refechamento de juntas e selagem das fissuras com um selante ou calda compatvel com a

    posterior aplicada na injeco.

    O processo de injeco compreende as seguintes fases:

    - posicionamento e execuo dos furos de injeco, normalmente so utilizados berbequinsmecnicos de rotao (devem evitar-se os dispositivos de percusso);

    - realizao dos furos nas juntas de argamassa com uma profundidade adequada, entre 2/3 e

    da espessura e ligeira inclinao para baixo. Devem executar-se 2 a 3 furos por metro quadrado

    (Circolare 30 Luglio 1981), com uma distncia entre furos de 25 cm. Em paredes de grande

    espessura (70 a 80 cm), deve considerar-se a possibilidade de interveno de ambos os lados.

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    Figura 1 - Afastamento e disposio correcta dos furos

    - colocao dos tubos de injeco nos respectivos furos e proceder sua fixao com ligantes de

    presa rpida, para evitar a fuga da calda durante a operao de injeco. Os tubos devem ser de

    plstico ou de alumnio com dimetros da ordem dos 15 a 20 mm. A profundidade dos tubos , em

    geral, de 15 a 20 cm (depende da finalidade da interveno) e o comprimento exterior ao

    paramento, deve ser de pelo menos 10 cm (para que no final da operao se possa dar alguma

    sobrepresso em alguns furos e controlar nos tubos adjacentes o processo de injeco).

    - lavar ou molhar o interior dos vazios introduzindo gua pelos tubos de aduo.

    - injectar a calda com presses baixas entre os 0.15 a 0.3 MPa, na fase final de injeco.

    Quando parecer que a parede no aceita mais calda, a presso poder ser aumentada at valores de 4

    atm (Legge Regionale Friuli del 1977), com o objectivo de promover a drenagem da gua existente

    a) b) c) d)

    Figura 2 Tcnica de consolidao por injeco

    a)- Execuo dos furos de injeco b)- Disposio dos furos para selagem de fendas c)- Colocao dos tubos

    de injeco d)- Selagem das fissuras e insero dos tubos dos tubos de injeco

    Quando se realiza uma injeco de consolidao em extenses importantes da estrutura, com

    operaes prolongadas no tempo, deve-se evitar:

    - a presa demasiado rpida de algumas zonas injectadas em relao a outras ainda no

    consolidadas (exemplo: injeco com resinas de epxido ou com cimento de rpido desenvolvimento

    de resistncias mecnicas);

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    - barreira passagem do vapor de gua com desequilbrios relativos normal transpirao da

    alvenaria (exemplo: injeces com resinas de epxido);

    - tenses na estrutura de alvenaria, devidas ao desenvolvimento excessivo de calor durante a

    presa e o endurecimento da mistura ligante (exemplo: Cimento Portland com elevado mdulo de

    finura).

    - incompatibilidade qumica com os materiais constituintes da alvenaria (exemplo: possvel

    reaco, com formao de cristais expansivos, como a etringite ou taumasite, com os sulfatos

    provavelmente presentes na estrutura de alvenaria) tijolos, argamassas, rochas, exsudao de gua por

    capilaridade e Cimento Portland com elevados teores de aluminato de clcio.

    aconselhvel utilizar:

    - misturas de injeco com desenvolvimento das resistncias mecnicas lento e gradual e que

    aps o endurecimento completo possuam mdulos de elasticidade baixos.

    - misturas de injeco compatveis com os materiais constituintes da estrutura de alvenaria a

    injectar sem desenvolvimento de reaces de cristalizao expansivas ou outras formas de rejeio;

    - misturas de injeco com elevada capacidade de penetrao atravs de fissuras ou poros de

    dimenses reduzidas de forma a garantir um reequilbrio estrutural bem distribudo.

    A graduao da presso de injeco definida em funo:

    - dos resultados de ensaios prvios que permitam caracterizar a resistncia e a permeabilidade

    da alvenaria.

    - das tentativas durante a execuo, comeando por presses muito baixas, avaliando os

    resultados obtidos (ou seja, a efectiva capacidade de colmatao de vazios) e corrigindo

    iterativamente.

    2.2. Tcnica de consolidao de alvenaria por substituio do material degradado

    A tcnica de substituio do material degradado consiste na remoo do material constituinte da

    parede, na zona degradada, e na reconstituio posterior dessa zona, usando uma alvenaria semelhante

    existente, eventualmente aproveitando os elementos removidos, ou recorrendo a materiais diferentes

    dos existentes. A substituio pode ser realizada recorrendo a argamassas com baixa ou mesmo nula

    retraco.

    uma tcnica aplicada na reparao de degradao localizada, por exemplo superfcie adjacente a

    uma fenda.

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    Para executar esta tcnica deve-se:

    - proceder sempre a escoramento que suporte, temporariamente, a zona envolvente ao elemento

    em reconstruo, at que este possa entrar novamente em carga;

    - numerar as peas para posterior colocao no mesmo lugar.

    As alvenarias de pedra s, em geral, s necessitam da colocao de pequenas pedras e do

    refechamento das juntas. Nas alvenarias de fraca qualidade, pode justificar-se o desmonte e

    reconstruo com elementos de melhor qualidade

    Figura 3 - Substituio do material degradado em alvenaria de pedra s

    Figura 4 - Substituio do material degradado por outro de melhor qualidade em alvenaria de fraca qualidade

    Figura 5 - Zona reconstruda com os mesmos materiais Figura 6 - Zona reconstruda com outros materiais

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    3. Tcnicas de reforo de alvenarias de pedra natural ou de tijolo macio

    3.1. Refechamento de juntas com argamassa

    A tcnica de refechamento de juntas com argamassa consiste na remoo parcial e substituio da

    argamassa degradada por outra de melhores propriedades mecnicas e de maior durabilidade. Aplica-

    se em caso de degradao das juntas de argamassa.

    Na execuo desta tcnica deve-se proceder:

    - remoo parcial da argamassa das juntas.

    Esta interveno pode ser programada num s lado da parede - extraco e limpeza da argamassa

    existente nas juntas, numa profundidade de 5 a 7 cm; ou ser uma interveno programada em ambos

    os lados da parede extraco deve ser de cerca de 1/3 da espessura total.

    Para no prejudicar a estabilidade da parede, as juntas com argamassa removida devem ser

    preenchidas antes de se dar incio remoo na face oposta.

    - lavagem das juntas abertas com gua, a baixa presso, com o objectivo de limpar as ranhuras

    abertas e limitar a absoro pelo suporte da argamassa;

    - reposio das juntas

    O preenchimento deve ser cuidado, realizado com vrias camadas de argamassa, desde a zona mais

    profunda das ranhuras abertas.

    - compactao eficiente das camadas de argamassa para o preenchimento.

    A escolha da argamassa de refechamento funo da finalidade da interveno e das condies de

    compatibilidade com o material existente.

    Se a parede apresentar um aparelho com cunhas ou calos deve proceder-se sua reposio, de modo

    a restaurar as caractersticas tipolgicas da parede.

    a) b)

    Figura 6 Refechamento de juntas com argamassa

    a) Exemplo de uma parede intervencionada apenas de um lado b) Exemplo de uma parede intervencionada de

    ambos os lados

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    3.2. Refechamento de juntas com armadura

    A tcnica de refechamento das juntas com armaduras consiste na remoo parcial da argamassa das

    juntas e na colocao de armaduras de reforo, nomeadamente ao laminado ou laminados ou barras

    FRP, antes de proceder ao seu refechamento com argamassas de cal hidrulica, argamassa hidrulica

    aditivada ou, eventualmente resinas orgnicas (epxi, acrlicas ou de polister)

    Aplica-se em caso de degradao das juntas de alvenaria, em particular para alvenarias de tijolos

    cermicos de junta regular, para controlo da dilatao transversal, associada a elevadas tenses de

    compresso, e aos seus efeitos e em estruturas com fissurao superficial difusa, devido a fenmenos

    de deformao ou a amplitudes trmicas ou higromtricas.

    Em paredes compostas, especialmente com possibilidade de instabilizao dos paramentos, combina-

    se esta tcnica com pregagens transversais.

    Para execuo desta tcnica devem seguir-se os seguintes procedimentos:

    - inspeco prvia para verificao das condies da alvenaria para justificao, ou no, da

    remoo do reboco superficial, para deteco da presena de vazios na parede que necessitem ser

    previamente injectados ou para avaliar a necessidade de substituio de algum elemento.

    - abertura de ranhuras na argamassa das juntas horizontais com berbequim elctrico comum ou

    de serras circulares.

    As juntas devero permitir fcil introduo do material de reforo, manter a estabilidade assegurada

    pela seco transversal residual da junta, ter uma profundidade de 50 a 70 mm (valores mdios) e

    altura mnima 10 mm (valores mdios).

    - remoo de elementos soltos com ferramentas manuais, por exemplo esptulas;

    - eliminao de ps e partculas soltas, com ar comprimido ou gua, consoante o tipo de

    material de refechamento a utilizar.

    - aplicao da primeira camada de enchimento, sobre a qual se instalam os elementos de

    reforo.

    - colocao do material de reforoDever proceder-se limpeza prvia das barras ou lminas de ao, a jacto de areia e utilizar elementos

    de reforo rugosos.

    mais aconselhvel a utilizao de duas barras de reforo de pequeno dimetro, que uma s de maior

    dimetro e tambm a utilizao de posicionadores dos elementos de reforo de modo a facilitar um

    bom envolvimento da argamassa de refechamento.

    - aplicao do material de recobrimento de reforo;

    - selagem final das juntas, colocao do material de recobrimento nos 15 a 20 mm

    remanescentes.Exemplos da aplicao de refechamento de juntas, combinado com pregagens transversais

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    a) b)

    Figura 7 Refechamento de juntas com armadura

    a) - Parede de paramento simples b) - Parede composta com paramentos exteriores resistentes

    c) - Parede composta com paramento exterior resistente Figura 8 - Pormenor do refechamento de

    juntas com ancoragens expansivas

    Na selagem das juntas podem ser utilizadas argamassas aditivadas para o cumprimento dedeterminados requisitos:

    estticos argamassa pigmentada; funcionais selagem de proteco

    Figura 9 Selagem de juntas

    a) - Pormenor do refechamento de juntas com armadura e aplicao de argamassa hidrulica (valores em mm)

    b) - Pormenor do refechamento de juntas com armadura e aplicao de uma camada de argamassa sinttica com

    selagem exterior (valores em mm)

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    3.3. Refechamento de juntas com camada de resina orgnica e armadura

    A tcnica de refechamento das juntas com camada de resina orgnica e armaduras consiste na remoo

    parcial da argamassa das juntas, colocao de uma primeira camada de resina orgnica, posterior

    colocao de armaduras de reforo, nomeadamente ao laminado ou laminados ou barras FRP, nova

    camada de resina orgnica, efectuando finalmente o refechamento da junta com argamassas de cal

    hidrulica, argamassa hidrulica aditivada ou, eventualmente resinas orgnicas (epxy, acrlicas ou de

    polister)

    Aplica-se esta tcnica quando h degradao das juntas de alvenaria, em particular em alvenarias de

    tijolos cermicos de junta regular, para controlo da dilatao transversal, associada a elevadas tenses

    de compresso, e aos seus efeitos, em estruturas com fissurao superficial difusa, devido a fenmenos

    de deformao ou a amplitudes trmicas ou higromtricas.

    Em paredes compostas, com possibilidade de instabilizao dos paramentos, em especial, se

    combinada com pregagens transversais.

    a) b) c) d)

    Figura 10 Refechamento de juntas com resina orgnica e armadura

    a)- Junta fissurada b)- Execuo de uma ranhura com serra de diamante, profundidade de 50% da espessura da

    parede c)- 1 Camada de enchimento com resina orgnica e colocao do varo d)- 2 Camada de enchimento

    com resina orgnica e acabamento com argamassa hidrulica compatvel com a resina.

    Figura 11 - Esquema da fissurao e respectiva interveno de reforo [8]

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    3.4. Reboco armado

    A tcnica de reboco armado consiste na colocao de uma armadura de reforo, nomeadamente malha

    electrossoldada, rede de fibra de vidro, rede de metal distendido, etc., fixada parede, por pequenas

    pregagens, e sobre a qual projectada ou aplicada manualmente uma argamassa de revestimento

    base de ligantes areos e hidrulicos. Pode ser aplicada de um ou de ambos os lados da parede, com a

    armadura ligada, ou no, transversalmente.

    Aplica-se em caso de dano (por exemplo fissuras) das paredes por aces correntes: variaes

    uniformes de temperatura; sismos de fraca intensidade; acentuada degradao superficial.

    Na execuo desta tcnica deve proceder-se:

    - ao saneamento completo dos rebocos velhos, efectuar a remoo de reboco at s juntas de

    argamassa, de modo a libertar a parede de pedaos soltos de argamassa, ou de pequenas pedras soltas,

    que impediriam uma boa ligao do novo reboco parede;

    - lavagem da superfcie com gua sob baixa presso;

    - colocao das redes de reforo, prender a aresta da nervura contra o suporte;

    - encaixar e fixar as nervuras de rebordo a distncias de 150 mm;

    - deixar extremidades com um mnimo de 50 mm, nervuras alinhadas e fixas em cada nervura;

    - fixar as extremidades da folha em cada nervura

    Nmero de fixaes necessrias: aproximadamente 20 por metro.

    Figura 12 - Afastamento de uma rede metlica nervurada

    Figura 13 - Afastamentos de uma rede de metal expandido

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    Recomendaes para os dispositivos de fixao:

    - assegurar que so escolhidas as fixaes adequadas para o suporte em questo;

    - os dispositivos de fixao devem ser tipo parafuso regulador, fixo atravs da nervura. Em

    alternativa podem ser usados dispositivos de fixao de cabea grande com haste posicionada sob a

    nervura e suportando esta.

    - os dispositivos de fixao que necessitam de furo com um dimetro superior a 6 mm devem

    ser fixos adjacentes nervura, para a cabea prender a nervura com segurana contra o suporte.

    Pode ser utilizado papel isolante para isolar a rede e reboco de sulfatos e suportes friveis.

    - instalar as juntas de dilatao a distncias mximas de 5 metros para acabamentos de reboco

    exterior (vertical e horizontalmente).

    - aplicar o reboco manualmente ou projectado com equipamento recomendado pelo fabricante.

    Admitindo a aplicao de um reboco tradicional deve proceder-se do seguinte modo: aplicao da 1

    camada ou encasque, constituda por argamassa rica em cimento e areia ou argamassa bastarda mais

    rica em cimento 1:0.5:5m, com incluso de pequenos elementos de pedra ou tijolo. Aplicao de uma

    2 camada ou salpicado, de modo a preencher todos os vazios superficiais e grandes irregularidades da

    parede, no entanto devem evitar-se grandes enchimentos com esta argamassa.

    Aplicao da 3 camada de argamassa de reboco, em duas demos, com uma espessura final total de

    cerca de 20 a 25 mm, devendo a primeira demo ser ligeiramente mais rica e grosseira do que a

    segunda. Esta 3 camada de argamassa de reboco constitui a base para a aplicao do acabamento.

    - efectuar o acabamento.

    Este procedimento pode ser efectuado numa s camada usando produtos pr-doseados, adequados para

    a execuo de rebocos em edifcios antigos.

    Recomendaes de aplicao para as redes metlicasAo utilizar materiais galvanizados o perodo de secagem do reboco deve ser mantido no mnimo para

    evitar a possibilidade de corroso do ao.

    Assegurar que o ambiente da aplicao e os materiais de acabamento so compatveis com os

    materiais do perfil e da rede metlica.Certificar que todos os componentes metlicos utilizados numa dada instalao so de material do

    mesmo tipo.

    Figura 14 - Exemplo da reparao de uma fenda com a tcnica de reboco armado

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    3.5. Encamisamento Jacketing

    A tcnica de encamisamento Jacketing consiste na aplicao de uma camada de recobrimento, em

    beto armado, reforado com malha de ao, fixada parede atravs de pregagens, num ou em ambos

    os lados da parede existente, num processo semelhante ao dos rebocos armados. Obtm-se um

    revestimento de maior espessura que um reboco convencional e com caractersticas mecnicas

    superiores, s que se verificam nos rebocos armados, sobretudo ao corte.

    Esta tcnica aplica-se no reforo de alvenarias pobres, muito irregulares, com mistura de diferentes

    materiais ou restos de materiais, argamassas muito deterioradas e fraca ligao dos materiais.

    aplicvel em alvenarias de pedra e alvenarias de tijolo macio. No que se refere s alvenarias de

    pedra a sua aplicao condicionada pela execuo das ligaes transversais, uma vez que a

    irregularidade morfolgica no garante a existncia de juntas que atravessem toda a seco.

    Na execuo desta tcnica deve-se:

    - proceder ao saneamento completo dos rebocos velhos, efectuar a remoo de reboco at s

    juntas de argamassa, de modo a libertar a parede de pedaos soltos de argamassa, ou de pequenas

    pedras soltas, que impediriam uma boa ligao do novo reboco parede;

    - selar fissuras e vazios com injeces de caldas de cimento ou resinas;

    - efectuar 9 furos por m2 (em quincncio), com dimenses adequadas para fixao das

    pregagens;

    - lavar a superfcie com gua sob baixa presso;

    a) b) c)

    Figura 15 Aplicao da tcnica de encamisamento

    a)- Corte esquemtico de uma rede de alvenaria de pedra antes da interveno b)- Remoo do reboco

    c)- Corte esquemtico da parede aps a interveno

    - colocar a malha de reforo, de dimenses adequadas, devidamente fixada;

    - aplicar o beto, ou por projeco ou moldado (neste caso necessrio a colocao de

    cofragens), numa espessura varivel entre os 5 e os 10 cm.

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    Paredes de alvenaria de pedra com espessura elevadaA conexo entre a parede antiga e a lmina de beto executada com conectores em armadura/beto.

    Deste modo so removidas algumas pedras da paredes formando uma cavidade regular com 0.15 m.

    Nesta cavidade posteriormente inserida uma armadura de reforo que ser devidamente emendada

    (sobreposio com a malha de reforo em cerca de 0.4 m).

    Figura 16 - Pormenor da conexo da parede de alvenaria de pedra com a lmina de beto

    Exemplo de uma malha electrossoldada e da disposio das fixaes

    Para lminas de beto com espessura de cerca de 50 mm necessrio efectuar uma cofragem e

    posteriormente executar a betonagem da lmina.

    Para lminas de beto inferiores a 80 mm Aplicao do beto por projeco em duas camadas. Aps

    a aplicao da primeira camada, colocada a malha de reforo, sendo depois aplicada a segunda

    camada de beto.

    Figura 17 - Interveno em ambos os lados da parede. Pregagens transversais afastadas 0.25 m

    Aspectos a considerar para que o encamisamento no se revele ineficaz, contribuindo para o

    agravamento de problemas estruturais:

    - as camadas exteriores de beto devem ser ligadas ao suporte com adequada distribuio e

    ancoragem das pregagens transversais;

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    - as malhas de reforo devem cobrir as zonas dos cunhais, as zonas envolventes das aberturas e

    as zonas fendilhadas;

    - as malhas de ao devem ser protegidas contra a corroso com aplicao de uma camada de

    beto de recobrimento.

    3.6. Reforo com materiais compsitos FRP (Fiber Reinforced Polymer)

    A tcnica de reforo com materiais compsitos FRP consiste na aplicao de materiais polmeros

    reforados com fibras de carbono CFRP Carbon Fiber Reinforced Polymer), fibras de vidro (GFRP

    Glass Fiber Reinforced Polymer) ou de aramida (AFRP Aramid Fiber Reinforced Polymer), colados

    ao suporte com resinas de elevado desempenho. A aplicabilidade a paredes de alvenaria de pedra

    condicionada pela irregularidade superficial que dificulta a aderncia. Esta tcnica pode ser combinada

    com sistemas de pregagens das cintas s paredes transversais.

    Aplicao de cintas de laminados, disposta horizontal e verticalmente destina-se a confinar as

    paredes e contrariar os esforos de flexo associados a aces horizontais perpendiculares ao seu

    plano, por exemplo aces ssmicas.

    Aplicao de mantas generalizadas ou localizadas no plano das paredes contribui para a melhoria

    da resistncia ao corte, evitando mecanismo de rotura da argamassa, com deslizamento ao longo da

    junta ou por traco diagonal

    Na execuo desta tcnica deve-se:

    - remover o reboco (caso os elementos sejam rebocados).

    - remover materiais desagregados aparentes e efectuar a substituio destes elementos.

    - arredondar as arestas das paredes de alvenaria (raio de curvatura aproximadamente de 3 cm),

    de modo a evitar a concentrao de tenses e, consequentemente, uma rotura prematura da manta.- limpar superficialmente a alvenaria com recurso, por exemplo, ao jacto de areia.

    - aplicar uma resina epoxdica (primrio), para assegurar uma superfcie regular que promova

    uma boa adeso.

    - espalhar na superfcie uma cola epoxdica, aps a secagem do primrio.

    - colocar a manta de FRP sobre a superfcie colada

    - impregnar a superfcie da manta com uma nova camada de cola epoxdica, de modo a garantir

    a total impregnao da manta.

    - aplicar uma ltima camada de resina que poder ser polvilhada com areia de quartzo,melhorando as caractersticas de aderncia de eventuais revestimentos ou rebocos.

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    3.7. Pregagens generalizadas (Reticolo cementato)

    A tcnica de pregagens generalizadas consiste na colocao de barras de ao inoxidvel em furos de

    pequeno dimetro, previamente abertos, que atravessam os elementos a reforar. Aps o

    posicionamento dos reforos, os furos so selados com caldas de injeco apropriadas.

    Aplica-se no reforo de paredes em alvenaria de blocos cermicos, no reforo de arcos, cunhais e

    lintis, no reforo de paredes de alvenaria de pedra natural com espessuras de 0.50 m a 2.0 m.

    Figura 18 - Reforo de paredes-mestras Figura 19 - Reforo de arcos

    No recomendvel em:

    - paredes de alvenaria de pedra vista dado que a parede ficaria crivada de numerosos pontos

    com colorao prpria;

    - paredes em alvenaria de pedra com espessura inferior a 0.50 m.

    Para executar esta tcnica deve proceder-se:

    - remoo do reboco ou dos revestimentos existentes (no efectuar esta operao no caso de se

    tratarem de revestimento com valor artstico) para verificar o estado da alvenaria;

    - limpeza da parede com gua de forma a eliminar eventuais substncias solveis (gesso), ou

    outras substncias insolveis. A lavagem pode ser efectuada com jacto de gua, de baixa ou alta

    presso (com as devidas precaues) ou com jacto de vapor de gua com temperaturas de 150C. a

    200C. e presso de 5 a 10 atm);

    - ao refechamento de juntas e selagem das fissuras com selante ou calda compatvel com a

    posteriormente aplicada na injeco;

    - ao posicionamento e execuo dos furos de injeco, normalmente so utilizados berbequins

    mecnicos de rotao (devem evitar-se os dispositivos de percusso).

    - execuo dos furos nas juntas de argamassa de modo a atravessar toda a espessura da parede

    com inclinao de aproximadamente 45; interveno em ambos os lados da parede de formadesencontrada

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    - insero dos vares de reforo.

    - injeco da calda de cimento.

    Figura 20 - Corte esquemtico do reforo com reticolo cementato

    3.8. Pregagens transversais

    A tcnica de pregagens transversais consiste na distribuio de barras de ao, com tratamento anti-

    corroso e dotadas de dispositivos nas extremidades que permitam a sua amarrao nas faces

    exteriores dos paramentos, transversais parede (tirantes transversais). O efeito de confinamento

    transversal depende da eficcia da ligao ou ancoragem dos tirantes. A ancoragem/fixao das

    pregagens pode fazer-se:

    - por via qumica, com a selagem dos furos com argamassas adequadas;

    - por via mecnica, com adopo de dispositivos de ancoragem exterior, ou com solues

    mistas.

    Esta tcnica utilizada em paredes compostas para confinar a seco, na fixao de armaduras ao

    suporte, no caso de rebocos armados e como elementos complementares na execuo de

    encamisamentos.

    Figura 21 - Exemplo de tirantes clssicos Tecnocrete

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    Para executar esta tcnica necessrio:

    - proceder execuo dos furos com um berbequim. Os furos devem localizar-se (tanto quanto

    possvel) sobre juntas de argamassa que atravessem toda a seco, ser transversais com dimetros

    variveis entre 4 e 10 mm e distribuio em quicncio;

    - proceder insero dos sistemas de fixao.

    Os sistemas de fixao podem ser barras roscadas, com sistema de ancoragem de anilha e porca de

    aperto na(s) extremidade(s) ou gatos metlicos.

    O processo de execuo distinto para cada caso.

    Barras roscadas, com sistema de ancoragem de anilha e porca de aperto na(s) extremidade(s)

    Aplicam-se sempre sobre as pedras (no sobre as juntas) de modo a possibilitar um confinamento

    activo da parede atravs da aplicao de pr-tenso nas barras. Caso a furao saia prximo de uma

    junta possvel incorporar este sistema de ancoragem (porca anilha) numa ranhura previamente

    escavada na pedra e posteriormente recoberta com argamassa.

    Gatos metlicos

    Os tirantes devem ser posicionados em furos transversais; deve-se selar as ranhuras antes de proceder

    dobragem dos tirantes para garantir a aderncia. Dobrar uma das extremidades sobre a ranhura

    superficial aberta na face da parede, dobrar a extremidade oposta, in situ com o tirante j posicionado

    na parede.

    Os furos podem ou no ser injectados, esta opo est relacionada com o facto de se pretender

    mobilizar o atrito por aderncia.

    a) b) c)

    Figura 22 Aplicao de pregagens transversais

    a)- Distribuio localizada de pregagens transversais b)- Sistema de ancoragem com porca e anilha

    c)- Esquema de um edifcio aps a interveno com pregagens

    Nas paredes de alvenaria de pedra a execuo dos furos e a ancoragem das pregagens apresenta alguns

    problemas relacionados com a dificuldade de encontrar correspondncia de juntas, em faces opostas da

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    parede, diminuindo, deste modo, a eficcia da soluo. Pode, no entanto, aplicar-se um mtodo

    alternativo para contornar este inconveniente executando uma nova junta de argamassa, em

    correspondncia com a dobra do gato metlico:

    - remover as pedras situadas na trajectria do tirante;

    - dobrar a extremidade dos gatos, aproximadamente 15 cm, horizontal ou verticalmente;

    - reposicionar a pedra, agora dividida em duas ou mais partes (ou colocao de outras pedras

    mais pequenas).

    Figura 23 - Alvenaria de pedra natural

    Figura 24 - Subdiviso de uma pedra para ancoragem de um gato metlico numa pregagem transversal

    3.9. Pr-esforo

    A tcnica de pr-esforo consiste na colocao de cabos de ao de alta resistncia, efectuando o seu

    esticamento, de forma a introduzir na estrutura um novo sistema de foras. A aplicao do pr-esforo

    pode fazer-se tanto pelo interior como pelo exterior.A aplicao do pr-esforo permite melhorar o comportamento das paredes, sob aces no seu prprio

    plano e sob aces exteriores e melhorar o comportamento em servio, ao nvel do controle de

    deformao e fendilhao.

    Para aplicao de tirantes internos necessrio executar os furos com recurso a coroa diamantada

    arrefecida a gua, coroa diamantada a seco ou a rotao por percusso.

    Os furos devem ter o dobro do dimetro dos elementos de reforo e ser ajustado para diminuir a tenso

    de aderncia no permetro da calda. Devem ser aumentados em funo do comprimento da ancoragem.

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    Posteriormente deve-se inserir o sistema de cabos de ao, pelo extradorso das cpulas, efectuar a

    injeco e aplicar o pr-esforo, aps a cura da calda de injeco.

    Para aplicao de tirantes externos, deve-se executar a furaco ao nvel do arranque dos arcos de

    modo a atravessarem o vo entre apoios e a poder-se a aplicar os tirantes perpendicularmente parede.

    Aplicar tirantes pares, com instalao simtrica em relao ao eixo da parede.

    No caso de paredes de alvenaria de pedra rebocadas, deve remover-se 50 mm no permetro do local de

    furao.

    Deve executar-se um reforo com as dimenses da placa de ancoragem, reforado com malha de ao,

    executado em argamassa de cimento.

    Devem tambm ser adoptadas medidas de recobrimento e proteco como caixas de alvenaria

    envolventes ou pinturas intumescentes.

    Figura 25 Pormenores da aplicao de tirantes de ao

    Figura 26 - Aco do pr-esforo interno na compensao de arcos e seus efeitos sobre as paredes

    Figura 27 - Tirantes exteriores pr-esforados que contrariam os impulsos do arco sobre as paredes de suporte

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    Figura 28 - Esquema de reforo tipo de um edifcio existente com solues de pr-esforo

    1 Tirantes com efeito de compresso axial nas paredes com melhorias para a flexo global;

    2 Pregagem entre paredes ortogonais com efeito de confinamento ao nvel dos pavimentos

    3 Pregagens de vo entre paredes opostas com efeito de confinamento ao nvel dos pavimentos

    4. Tcnicas de proteco contra a humidade

    4.1. Barreiras qumicas contra a humidade ascensional (por injeco)

    A tcnica de execuo de barreiras qumicas contra a humidade ascensional consiste na injeco, sob

    presso, de uma calda de um produto qumico repelente de gua (hidrfobo), criando-se, a um nvel

    conveniente, uma faixa de alvenaria modificada, que constitui uma barreira passagem de gua. Os

    produtos mais comuns na aplicao deste tratamento so base de resinas de silicones e de estearato

    de alumnio.

    Figura 29 - Corte esquemtico da formao da barreira qumica

    Figura 30 - Esquema da interveno

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    Segundo Appleton 1

    Na execuo desta tcnica deve-se comear por seleccionar a zona da parede onde se pretende criar a

    membrana prova de humidade.

    Expor a face exterior da parede, pelo menos at 0.15 m abaixo dessa zona, para o que poder ser

    realizada uma vala, aproveitamento, por exemplo, para posterior execuo de camada drenante.

    Sanear os elementos de construo afectados pela humidade, nomeadamente os elementos de madeira,

    incluindo os rebocos da parede at cerca de 0.5 m acima dos ltimos sinais de penetrao de humidade

    (esta deteco pode ser feita, por exemplo, registando manchas de humidade, eflorescncias, etc.).

    Executar furos para injeco do material de proteco contra a humidade ascensional, que devero ser

    executados segundo o eixo horizontal e terem um dimetro de aproximadamente 10 a 12 mm;

    Em paredes de alvenaria de pedraos furos de injeco devem estar espaados de 0.12 a 0.15 m. A

    profundidade dos furos, cerca de 2/3 da espessura das paredes. Ligam-se as bombas de injeco,

    colocam-se os injectores e faz-se a sua alimentao, selando a boca de cada furo, de modo a evitar o

    refluimento e fuga de material.

    Iniciar a injeco, aplicando a presso prevista, at que a parede esteja saturada, o que poder ser

    constatado quando na face oposta de injeco comear a refluir a calda injectada

    Emparedes de alvenaria de pedra solta (ou paredes muito espessas, compostas por dois panos de

    alvenaria argamassada com interior preenchido com pedra seca, arrumada mo), deve considerar-se a

    possibilidade de se atingirem consumos excessivos de fluido hidrfobo. Ento, pode fazer-se uma

    preparao prvia da zona de pedra seca, atravs de injeces especficas que criaro a base para a

    injeco com aqueles produtos.

    4.2. Barreiras qumicas contra a humidade ascensional (por transfuso)

    A tcnica de execuo de barreiras qumicas contra a humidade ascensional (por transfuso) consiste

    na eliminao da humidade ascendente em paredes de alvenarias macias, atravs de uma modificao

    durvel das caractersticas de capilaridade dos materiais que as constituem. Procede-se criao de

    uma faixa, em que as propriedades capilares do material (designadamente o ngulo de contacto entre a

    gua e a superfcie interior dos poros) so modificadas. Neste caso os produtos aplicados por

    transfuso so base de micro-emulses de silicone com estrutura espacial s quais se associam

    molculas orgnicas com elevada capacidade de impregnao, podendo ser aplicados por gravidade.

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    Para a execuo de barreiras horizontaiscomea-se porseleccionar a zona da parede onde se pretende

    criar a membrana prova de humidade.

    Executam-se os furos de impregnao, segundo linhas horizontais, perpendiculares ao plano da

    parede, de um dos lados da parede, quando a espessura da parede for inferior a 0.5 m, ou de ambos os

    lados da parede quando a espessura da parede for superior a 0.5 m

    No caso da execuo de furos dos dois lados da parede, os eixos destes devero ficar contidos num

    plano perpendicular superfcie da parede e ao plano mdio da barreira, sendo o comprimento do

    empalme igual, no mnimo 0.10 m e o espaamento entre furos de cerca de 0.15 m. A distncia do

    eixo dos furos dever ser igual a cerca de 0.15 m da soleira exterior da parede.

    O dimetro dos furos dever ser apropriado ao dimetro das hastes a introduzir na parede para a

    impregnao.

    Sero removidos os revestimentos das paredes, at uma linha paralela da barreira, situada a 0.30 m

    para alm desta, no sentido do fluxo da humidade, para facilitar a secagem da parede.

    Instalar as unidades de impregnao, executadas pela seguinte sequncia:

    - introduo das borrachas exteriores, devidamente limpas, nas hastes acoplveis;

    - acoplagem das hastes at que se atinja um comprimento compatvel com a espessura dos

    elementos de alvenaria a tratar

    - acoplagem das hastes curva de ligao;

    - obturao da haste terminal com obturador apropriado;

    - introduo da unidade de impregnao assim obtida no furo; ligao do depsito de

    impregnao.

    Encher os depsitos com o produto repelente gua, igual em todos os depsitos para assegurar uma

    distribuio homognea do produto. Salvo indicao em contrrio, esta altura corresponder a uma

    quantidade de lquido numa proporo de cerca de 75 cm3 por cada cm de espessura da parede,

    incluindo revestimentos, para paredes com teores de humidade at 10%. O processo de enchimento

    dever ser feito lentamente, para evitar o aprisionamento de ar nas tubagens.

    Garantir que o revestimento poroso das hastes permite um fluxo adequado do lquido, impedindo o seuescorrimento pela boca dos furos. Pretende-se que o lquido v impregnado, por gravidade e

    lentamente, os materiais que constituem a parede, a partir de vrios furos, para que as respectivas reas

    de influncia vo coalescendo, e toda a espessura da parede seja abrangida, sem o que a eficcia do

    mtodo ser reduzida.

    Aps a concluso do tratamento e secagem da parede, deve efectuar-se a obturao dos furos, com

    argamassas adequadas e no retrcteis. No caso de alvenarias de pedra os furos devero ser obturados

    com pedra ou argamassa que reproduzam o aspecto original da construo.

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    A metodologia deexecuo de barreiras verticais semelhante execuo de barreiras horizontais,

    sendo o furo inferior executado a cerca de 0.15 m da soleira exterior da parede e os demais furos

    executados acima deste, ao longo de uma linha vertical passando pelo seu eixo, e com afastamentos

    entre si de cerca de 0.15 m.

    Os furos nunca devem ser executados em locais em que as barreiras fiquem em contacto com o solo.

    As caractersticas da furao dependem das caractersticas da parede (constituio e espessura).

    As barreiras devero tornar-se activas ao fim de um ms, possibilitando a evaporao da humidade

    existente na parede.

    Os trabalhos de reparao de revestimentos s devero ser executados quando os teores mdios de

    humidade dos paramentos das paredes sejam iguais ou inferiores a 5%.

    Figura 31 - Equipamento de transfuso Figura 32 -Corte esquemtico da execuo da

    barreira de corte hdrico

    4.3. Tratamento hidrofugante

    A tcnica de tratamento hidrofugante consiste na aplicao de produtos hidrfugos, (por exemplo,

    siliconatos, silicones, organometlicos) sobre a superfcie das paredes, de modo a que esta se torne

    impermevel gua lquida, permitindo contudo a passagem do vapor de gua. Os produtos

    hidrfugos no modificam sensivelmente o aspecto da superfcie dos materiais tratados.

    Aplica-se este tratamento para impedir a penetrao da gua no interior da construo, na renovao

    ou manuteno de fachadas e na proteco das paredes exteriores aps a aplicao dum isolamento

    trmico.

    Antes de proceder ao tratamento deve-se limpar a superfcie com um mtodo adequado ao tipo e s

    condies do substrato (mediante escovagem, com jacto de areia fina ou grossa, jacto de gua, etc.) at

    obter um substrato compacto, isento de resduos de cimento, poeiras, pinturas, eflorescncias,incrustaes e depsitos estranhos.

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    Deve evitar-se o uso de solventes orgnicos, cidos e lcalis fortes e gua rica em sais.

    desaconselhvel aplicar produtos em tempo frio (temperatura inferior a 5C).

    desaconselhvel aplicar produtos em fachadas que se encontrem expostas incidncia dos raios

    solares em tempo quente temperatura> 40C.

    No caso de limpeza com gua s deve proceder-se aplicao do produto aps o perodo de tempo

    necessrio secagem da superfcie.

    Selar fissuras e cavidades e aplicar os produtos com pincel (ou com rolo) ou com pulverizador.

    Aplicar o produto em excesso, de maneira a provocar um escorrimento sobre a totalidade das

    superfcies a tratar. Ter especial ateno zona das juntas para evitar a existncia de zonas no

    tratadas

    A aplicao com pulverizador particularmente indicada para fachadas com poucas ou nenhumas

    janelas (manchagem dos vidros pelos produtos). H quegarantir que sada da agulheta se obtm um

    jacto dividido (de preferncia a uma nvoa).

    Figura 33 - Diferena entre a mesma superfcie tratada/no tratada com hidrfugo

    Para alm dos produtos hidrfugos para tratamento superficial incolor, existem argamassas pr-

    doseadas para execuo de reboco que tambm apresentam caractersticas hidrofugantes.

    Bibliografia

    [1] APPLETON, Joo A.S; Reabilitao de Edifcios Antigos Patologias e Tecnologias de

    Interveno. Edies Orion, 1 Edio, Setembro de 2003.

    [2] Roque, J.A., Reabilitao Estrutural de Paredes Antigas de Alvenaria. Tese de mestrado,

    Universidade do Minho. Setembro 2002.

    [3] Pinho, Fernando F. S., Principais Patologias em Paredes de edifcios Antigos.

    [4] 3. ENCORE, Encontro sobre Conservao e Reabilitao de Edifcios, LNEC, Lisboa, Maio 2003.